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Ano VII - Edição Nº 119 Campo Grande, MS - Maio de 2009 Escolas enfrentam desafio de alimentar com R$ 0,22 Adaptação - Merendeiras da Escola Estadual do município de Fugueirão servem alimento nutritivo graças à horta criada no local Vida - Hemosul faz campanha para conscientizar a população Em 2008 as Escolas Es- taduais de Mato Grosso do Sul terão R$ 13 milhões para a merenda escolar. Parece muito, no entanto, fazendo as contas, os diretores das unidades escolares vão ter que “fazer magia” para ali- mentar seus 295,3 mil estu- dantes com qualidade. É que por dia este montante signi- fica apenas R$ 0,22 para cada aluno. Com tão pouco di- nheiro repassado pelo Go- verno Federal, os responsá- veis pela merenda nas esco- las usam da criatividade para incrementar o cardá- pio que acompanhado de perto por uma nutricionis- ta da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul. Pág. 16 Banco de medula a procura de doadores Em Mato Grosso do Sul o número de doadores cadas- trados no Registro Nacional de Doadores de Medula Ós- sea (Redome) chega em tor- no de 47 mil. Apesar de pa- recer um número alto, pou- cos são compatíveis com quem aguarda a doação. Para aumentar a quantidade de doações, o Hemosul tem fei- to campanhas de conscienti- zação por meio de folhetos em empresas, igrejas, entre outros. A coordenadora do setor de medula óssea conta que o público alvo é o de pes- soas que estão aguardando para doar sangue. Pág.07 Foto: Laziney Martins Foto: Viviane de Oliveira PANTANAL Trem gera empregos e movimenta R$ 2 mi Percurso - Trem vai de Campo Grande a Miranda Os vagões do Trem do Pantanal que começaram a circular em Mato Gros- so do Sul no último dia 8 de maio levam, além de passageiros, a expectati- va de crescimento no mercado de trabalho em Mato Grosso do Sul e na movimentação econômi- ca do setor comercial das localidades por onde pas- sa. Só na reforma das es- tações foram investidos cerca de R$ 2 milhões e a circulação do trem entre as cidades de Campo Grande e Miranda já sig- nificou a criação de 230 postos de empregos dire- tos. Pág. 05 Artistas com espaço reservado A casa do Artesão que fica na esquina da Afon- so Pena com a Calógeras no centro de Campo Grande é o mais famoso acervo de artistas de Mato Grosso do Sul. Lá é pos- sível encontrar peças de artesanatos de 40 muni- cípios do Estado, e ainda se deslumbrar com a be- leza do local. Inaugurada em 1º de setembro de 1975, a Casa do Artesão, hoje com 31 anos de existência, rece- be turistas do mundo in- teiro e situa-se em um prédio construído em 1918 para uso tanto residencial quanto comer- cial. No período de 1924 a 1938, o imóvel foi ocupa- do como sede do Banco do Brasil. Pág.09 Exposição - Artesãos de todo o Estado divulgam trabalho no local Foto: Otávio Cavalcante História de verdade Uma lei que entrou em vigor no início do ano passado pode significar um futuro com igualdade racial ou pelo menos com menor preconceito aos povos negros e indíge- nas. As escolas públicas e particulares de Mato Grosso do Sul estão se adaptando à obrigação de ÍNDICE CADERNO A Opinião Entrevista Política Economia Geral Cultura Esporte Universidade Futuridade Instantes Resenha Nosso Foco CADERNO ZOOM 11 12 13 14 15 16 02 03 04 05 06 09 ensinar aos seus estu- dantes do Ensino Funda- mental e Médio a verda- deira relevância de ne- gros e índios na História do Brasil. O conteúdo até então apenas exaltava a participação Européia na construção da sociedade brasileira. Pág. 13 Legislação - Conteúdo escolar obrigado a falar de negros e índios Foto: Laura Peres Ginástica rítmica visa Olimpíadas Professora de Ginástica Rít- mica, Justina Pereira Gimenez pede a participação da comuni- dade em geral no Projeto Centro de Excelência Jovem Promessa da Ginástica, pois apenas 60% das 140 vagas disponíveis estão sendo utilizadas. A iniciativa ocorre no Sesc Camillo Boni, com aulas de segunda a sexta- feira no período matutino e ves- pertino, atendendo meninas na faixa etária de 5 aos 9 anos. A Caixa Econômica Federal está financiando o projeto que tem como objetivo principal de- tectar jovens com forte potenci- al no esporte, visando o aper- feiçoamento da modalidade para se formar atletas com alto nível para representar o Brasil nas Olimpíadas. Pág.11 Promessas - Meninas treinam em projeto de ginástica rítmica Crianças com HIV pedem ajuda Foto: Edemir Rodrigues As 28 crianças que vivem com AIDS ou com o vírus da doença e são assistidas no Lar administrado pela Associação Franciscana Angelinas (Afrangel) na Ca- pital precisam da ajuda dos campo-grandenses. A enti- dade sobrevive das doações da comunidade e do traba- lho solidário de voluntári- os. Os meninos e meninas atendidos no local são de fa- mílias carentes. Pág.08 Foto: Valeska Medeiros

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Ano VII - Edição Nº 119Campo Grande, MS -Maio de 2009

Escolas enfrentam desafio

de alimentar com R$ 0,22

Foto: Matheus Cabral

A d a p t a ç ã o - Merendeiras da Escola Estadual do município de Fugueirão servem alimento nutritivo graças à horta criada no local V i d a - Hemosul faz campanha para conscientizar a população

Em 2008 as Escolas Es-taduais de Mato Grosso doSul terão R$ 13 milhões paraa merenda escolar. Parecemuito, no entanto, fazendoas contas, os diretores das

unidades escolares vão terque “fazer magia” para ali-mentar seus 295,3 mil estu-dantes com qualidade. É quepor dia este montante signi-fica apenas R$ 0,22 para cada

aluno. Com tão pouco di-nheiro repassado pelo Go-verno Federal, os responsá-veis pela merenda nas esco-las usam da criatividadepara incrementar o cardá-

pio que acompanhado deperto por uma nutricionis-ta da Secretaria de Estado deEducação de Mato Grossodo Sul.

Pág. 16

Banco de medula a

procura de doadoresEm Mato Grosso do Sul o

número de doadores cadas-trados no Registro Nacionalde Doadores de Medula Ós-sea (Redome) chega em tor-no de 47 mil. Apesar de pa-recer um número alto, pou-cos são compatíveis comquem aguarda a doação. Paraaumentar a quantidade de

doações, o Hemosul tem fei-to campanhas de conscienti-zação por meio de folhetosem empresas, igrejas, entreoutros. A coordenadora dosetor de medula óssea contaque o público alvo é o de pes-soas que estão aguardandopara doar sangue.

Pág.07

Foto: Laziney Martins

Foto: Viviane de Oliveira

PANTANAL

Trem gera empregos

e movimenta R$ 2 mi

Percurso - Trem vai de Campo Grande a Miranda

Os vagões do Trem doPantanal que começarama circular em Mato Gros-so do Sul no último dia8 de maio levam, além depassageiros, a expectati-va de crescimento nomercado de trabalho emMato Grosso do Sul e namovimentação econômi-ca do setor comercial das

localidades por onde pas-sa. Só na reforma das es-tações foram investidoscerca de R$ 2 milhões e acirculação do trem entreas cidades de CampoGrande e Miranda já sig-nificou a criação de 230postos de empregos dire-tos.

Pág. 05

Artistas com espaço reservado A casa do Artesão que

fica na esquina da Afon-so Pena com a Calógerasno centro de CampoGrande é o mais famosoacervo de artistas de MatoGrosso do Sul. Lá é pos-sível encontrar peças deartesanatos de 40 muni-cípios do Estado, e aindase deslumbrar com a be-leza do local.

Inaugurada em 1º desetembro de 1975, a Casado Artesão, hoje com 31anos de existência, rece-be turistas do mundo in-teiro e situa-se em um

prédio construído em1918 para uso tantoresidencial quanto comer-cial. No período de 1924 a

1938, o imóvel foi ocupa-do como sede do Bancodo Brasil.

Pág.09

E x p o s i ç ã o - Artesãos de todo o Estado divulgam trabalho no local

Foto: Otávio Cavalcante

História de verdadeUma lei que entrou em

vigor no início do anopassado pode significarum futuro com igualdaderacial ou pelo menos commenor preconceito aospovos negros e indíge-nas. As escolas públicase particulares de MatoGrosso do Sul estão seadaptando à obrigação de

Í N D I C E

CADERNO A

Opinião

Entrevista

Política

Economia

Geral

Cultura

Esporte

Universidade

Futuridade

Instantes

Resenha

Nosso Foco

CADERNO ZOOM

11

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ensinar aos seus estu-dantes do Ensino Funda-mental e Médio a verda-deira relevância de ne-gros e índios na Históriado Brasil. O conteúdo atéentão apenas exaltava aparticipação Européia naconstrução da sociedadebrasileira.

Pág. 13

L e g i s l a ç ã o - Conteúdo escolar obrigado a falar de negros e índios

Foto: Laura Peres

Ginástica rítmica visa OlimpíadasProfessora de Ginástica Rít-

mica, Justina Pereira Gimenezpede a participação da comuni-dade em geral no Projeto Centrode Excelência Jovem Promessada Ginástica, pois apenas 60%das 140 vagas disponíveis estãosendo utilizadas. A iniciativaocorre no Sesc Camillo Boni,com aulas de segunda a sexta-feira no período matutino e ves-pertino, atendendo meninas nafaixa etária de 5 aos 9 anos.

A Caixa Econômica Federalestá financiando o projeto quetem como objetivo principal de-tectar jovens com forte potenci-

al no esporte, visando o aper-feiçoamento da modalidade parase formar atletas com alto nível

para representar o Brasil nasOlimpíadas.

Pág.11

P r o m e s s a s - Meninas treinam em projeto de ginástica rítmica

Crianças

com HIV

pedem ajuda

Foto: Edemir Rodrigues

As 28 crianças que vivemcom AIDS ou com o vírusda doença e são assistidasno Lar administrado pelaAssociação FranciscanaAngelinas (Afrangel) na Ca-pital precisam da ajuda doscampo-grandenses. A enti-dade sobrevive das doaçõesda comunidade e do traba-lho solidário de voluntári-os. Os meninos e meninasatendidos no local são de fa-mílias carentes.

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Foto: Valeska Medeiros

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02OPINIÃO

EditorialOs desacertos humanos

Em Foco – Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Univer-sidade Católica Dom Bosco (UCDB)

Ano VIII - nº 119 – Maio de 2009 - Tiragem 3.000

Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicaçãonão representam o pensamento da Instituição e são de respon-sabilidade de seus autores.

Chanceler: Pe. Lauro Takaki ShinoharaReitor: Pe. José MarinoniPró-reitoria de Ensino e Desenvolvimento: ConceiçãoAparecida ButeraPró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação: Hemerson PistoriPró-reitoria Extensão e Assuntos Comunitários: Luciane Pinhode AlmeidaPró-reitoria de Pastoral: Pe. Pedro Pereira BorgesPró-reitoria de Administração: Ir. Raffaele Lochi.

Coordenador do curso de Jornalismo: Jacir Alfonso Zanatta

Jornalistas responsáveis: Jacir Alfonso Zanatta DRT-MS 108,

Cristina Ramos DRT-MS 158 e Inara Silva DRT-MS 83

Revisão: Cristina Ramos, Oswaldo Ribeiro e Inara Silva.

Edição: Cristina Ramos, Inara Silva e Jacir Alfonso Zanatta

Repórteres: Caroline Maldonado, Edeusa Centurião,Jackeline Oliveira, Laura Peres Santi, Laziney Martins,Leonardo Amorim, Mirian de Araújo, Nilda Fernandes,Otávio Cavalcante, Paula Maciulevicius, Paula Vitorino,Rogério Valdez, Tatiane Guimarães, Tatyane Santinoni,Teresa de Barros, Valeska Medeiros, Viviane de Oliveira,

Capa: Edição de títulos e legendas: Leonardo Amorim

Projeto Gráfico, tratamento de imagens e diagramação: Designer- Maria Helena Benites

Impressão: Jornal A Crítica

Em Foco - Av. Tamandaré, 6000 B. Jardim Seminário, CampoGrande – MS. Cep: 79117900 – Caixa Postal: 100 - Tel:(067)3312-3735

Em Foco on-line:www.jornalemfoco.com.br

Home Page universidade:www.ucdb.br

E-mail:[email protected]@yahoo.com.br

Edição de título elegendas:

- Jackeline Oliveira- Felipe Couto

Sem diploma, onde

fica a qualidade?Jackeline Oliveira

O diploma de graduaçãodo ensino superior é umaconquista em qualquer área,qualquer profissão. Com oJornalismo não é diferente, ejá são 60 anos de regulamen-tação profissional. Um diplo-ma seja ele da profissão quefor garante conhecimentosespecíficos da área, o diplo-ma atesta a capacidade, a qua-lificação do profissional, aca-bar com a obrigatoriedade dodiploma em qualquer área,seria antes de qualquer coi-sa, uma arbitrariedade.

Qual a segurança uma

pessoa teria ao se consultarcom um médico que não pos-sui diploma, ser operado porum cirurgião que não fre-qüentou uma faculdade, quegarantia teria o cliente de umadvogado sem diploma?

Informação é assunto sé-rio, a profissão de Jornalistaexige e merece respeito. Aca-bar com o diploma de Jorna-lismo fere uma das principaisconquistas da categoria, a re-gulamentação da profissão, edesrespeita a identidade daárea e, principalmente deixaa sociedade à mercê do di-reito de ter uma informaçãoapurada por profissionais

habilitados com qualidadesadquiridas durante a gradu-ação.

O diploma de Jornalismosurgiu com a necessidade deorganização da categoria dosjornalistas, da valorização daprofissão. Antes da regula-mentação do diploma, era odono do veículo de comuni-cação que julgava quem eracapaz, ou seja, ele ditava asregras, ele escolhia a pessoaque seria jornalista.

O fazer jornalístico requerconhecimento específico, éti-ca, técnicas e outras habili-dades que só possuem aque-les que fizeram o curso su-

perior de Jornalismo, garan-tindo uma informação de qua-lidade à população.

A manutenção do diplo-ma garante condições míni-mas de trabalho para uma ca-tegoria explorada diariamen-te. Acabar com a obrigatorie-dade do diploma hoje leva-ria à uma situação ainda piorpara a categoria.

Tatiane Guimarães

Na atualidade, um fenôme-no vem permeando o jornalis-mo, a instantaneidade. Noperíodo que antecedeu a cria-ção da internet, uma notícialevava dias ou até mesmo me-ses para ser difundida, atual-mente basta que uma informa-ção seja colocada em um sitede uma grande agência paraque imediatamente vários ou-tros sites a publiquem.

Segundo Rezende (2008),“o ícone do jornalismo nainternet é a instantaneidadee o imediatismo de como asreportagens se apresentam. Ainformação, por melhor queseja, agora se espalha rápidofeito qualquer notícia ruim.Tudo chega no tempo de umpiscar de olhos para leitoresamigos, inimigos, interessa-dos e desinteressados emqualquer parte do mundo.”

Essa peculiaridade dainternet possui o benefício deinformar um maior númerode pessoas utilizando-se demenos tempo, porém isto nãotraz somente vantagens, umerro de apuração cometido emuma matéria, rapidamenteserá difundido também.

Esse imediatismo provo-cado pela busca da instanta-neidade acaba por vezes pre-judicando o internauta, deacordo com Rezende (2008),

A era da instantaneidade

aliada à interatividade

“Primeiro, vemos as fotos,cinco segundos depois, umafrase sobre o assunto e, à me-dida em que clicamos em‘atualizar’ na parte superiorda página, vão surgindo osesboços, os parágrafos e, porfim, a matéria. Não é de seadmirar que sejam encontra-dos tantos erros de gramáti-ca, ortografia, concordânciae, principalmente, conteúdo.É o webdesespero em ação.”

Mas, ainda assim, a ins-tantaneidade vale a pena,apesar do imediatismo queleva a publicação de inúme-ros erros, a internet ofereceoutra possibilidade, a de cor-reção, tanto por parte dequem escreveu a matériaquanto por quem leu e per-cebeu o erro. Só não é possí-vel saber quantas pessoas ti-veram acesso ao texto antesde ser corrigido.

Nem só de erros é feita ainstantaneidade na Internet,é claro que existem váriossites que possuem credibili-dade e fazem as devidas apu-rações das matérias antes depublicar.

Ser um jornal on-line, se-gundo Luciana Milnizuck,implica em, “fluxo de infor-mação contínuo e quase ins-tantâneo”. Porém, instanta-neidade não deve ser con-fundida com imediatismo,enquanto que instantâneo

significa, segundo o dicioná-rio Aurélio, “com rapidez”,instantâneo significa “semrodeios”, ou seja, no caso dejornalismo é o mesmo quedispensar a apuração.

Um dos fatos que marcoua história do jornalismo re-lacionada à instantaneidadefoi o ataque as torres gêmeasem 11 de setembro de 2001,nesse caso, por intermédiode correspondentes interna-cionais, em várias partes doglobo foi possível ver a se-gunda torre ser atingida.

A instantaneidade nãoanda sozinha, ela é acompa-nhada pela interatividade,devido ao desenvolvimentodas tecnologias várias pesso-as puderam registrar comseus celulares o atentado eposteriormente venderam oucederam as imagens paraagências de notícias.

Segundo Mielniczuk(2000) “Potencializada pelodesenvolvimento tecnológico,que também possibilitou osurgimento da Internet e con-sequentemente de outros usose produtos de comunicação,a interatividade não pode servista meramente como umacontecimento técnico”.

A interatividade está pre-sente no hipertexto, nos e-mails espaço para comentá-rios, chats, fóruns, enquetese etc. Junto com a instanta-

neidade, estão sendo muitoutilizadas no jornalismo on-line, por exemplo, um jorna-lista que possui blog, postaseu artigo, minutos depoisum internauta já pode co-mentar, e não para por aí,pois alguém pode comentaro comentário.

Nem só através de compu-tadores a internet contribuipara o acesso a informações,veículos como televisão e rá-dio também estão aderindo ainstantaneidade proporcio-nada por ela, por exemplo,os correspondentes estran-geiros que usam seusnotebooks para fazer trans-missão ao vivo.

Sendo assim, é possívelperceber que o desenvolvi-mento tecnológico tem con-tribuído muito para o amploacesso as informações, e quepossibilita também uma mai-or integração entre quem faza matéria e quem lê, o queera praticamente impossívelantes da popularização dainternet, que ocorreu no Bra-sil, por volta de 1995.

Porém, ante essa moder-nização, é necessário estaratento a o conteúdo veicula-do, porque muitos veículosainda confundem instanta-neidade com imediatismo,causando prejuízo à credibi-lidade e a paciência do in-ternauta.

Protesto

Em protesto as in-

formações encontradas

no jornal “Em Foco” –

publicado pela UCDB

(Universidade Católica

Dom Bosco) na página

08 – torno público e es-

clareço que algumas in-

formações que ali se en-

contram não são verda-

deiras, tão pouco as ima-

gens referentes à Escola

Estadual Guia Lopes fo-

ram fotografadas (página

01 e 08) com a permissão

da Direção Colegiada Es-

colar e/ou de algum fun-

cionário da escola acima

mencionada.

Na página 08, consta

que “na escola, inclusi-

ve, não há se quer armá-

rios para guardar os livros

que seriam entregue para

os alunos. O material está

encostado em cima de ‘fo-

gões velhos’ e carteiras es-

colares, recebendo umi-

dade e ...” . Eu, prof. Fran-

cisco Borges, diretor da

Escola Estadual Guia

Lopes, afirmo que tal in-

formação não se procede,

pois a escola possui um

número até excessivo de

armários para guardar oslivros que aqui se encon-

tram. Afirmo, ainda, que

os livros, que aparecem nafoto deste Jornal, são re-vistas e livros doados por

integrantes da comuni-

dade escolar, para fins derecorte, pois os livros di-dáticos são distribuídos

aos alunos no início do

ano letivo. Os livros aci-ma mencionados esta-vam sobre ‘um fogão ve-

lho’ (apenas um fogãousado), temporariamen-te enquanto, naquele dia,uma funcionária os orga-

nizava dentro de um ar-

mário de aço, e o fogãousado está temporaria-mente no corredor cen-

tral da escola aguardan-

do transporte para serconduzido ao almoxari-fado da SED.

A título de esclareci-

OPINIÃO DO LEITOR

mento, realço que em nenhum

momento alguém pediu permis-

são para fotografar a escola, até

porque, compareceu à escola um

senhor pedindo informação acer-

ca das vagas escolares, ainda, exis-

tentes na escola. A princípio da

conversa, o referido senhor não

se apresentou como jornalista,

apenas manifestou interesse pe-

las vagas ainda existentes. Ao ser

indagado pelo diretor para quem e

qual a série seria a pretensa vaga

escolar, o jovem senhor afirmou

que “não seria para ele e/ou filhos,

pois era acadêmico de Comunica-

ção Social Jornalismo e estava pro-

curando escolas que estivessem

em reforma para fazer uma maté-

ria.”

Em seguida, o professor Fran-

cisco Borges declarou ao suposto

candidato à vaga escolar que ele

estava, lamentavelmente, em es-

cola errada.

Então, o diretor, novamente

o indagou: “você não está filman-

do a escola sem permissão com

uma câmera escondida?, o mes-

mo afirmou que era acadêmico do

curso de Comunicação Social Jor-

nalismo da UCDB e que fazia par-

te do jornal impresso e não

televisível, pois jamais filmaria ou

fotografaria sem prévia permissão.

O diretor o acompanhou até o

portão e gentilmente se despediu

do jovem senhor.Entretanto, foi surpresa para

o diretor da E. E. Guia Lopes ao ler

tais informações e ver as fotogra-fias da parte interna e externa daescola no jornal “Em foco”.

A primeira providência, por

parte da Direção Colegiada foientrar e contato, via telefone,com os responsáveis do Jornal

para manifestar seu repúdio e

indignação acerca de tal maté-ria, proveniente da prática de máfé de um jovem acadêmico da

preciosa UCDB.

Após contato via telefonecom a profa. Cristina Ramos,uma das responsáveis pela edi-

ção do jornal “Em Foco”, fui es-

clarecido de que minha indigna-ção e repúdio, advinda de inver-dades, uma vez grafada, se tor-

naria pública pelo jornal citado

ao longo desse desabafo.

Professor Francisco Borges

Caríssimo leitor, vocêtem em mãos uma expe-riência. Sim, mesmo semtubos de ensaio e elemen-tos químicos, o Em Focoé um experimento, porisso o chamamos de Jor-nal Laboratório.

É que para exercer ojornalismo com respon-sabilidade, ética e perfei-ção técnica nossos estu-dantes precisam antes deentrar no mercado de tra-balho experimentar, colo-car em prática as teorias,não só do jeito que os te-óricos já executaram e es-tudaram, mas tambémem novas formas, prati-cando o experimental.

Mas, como todo pro-cesso em formação háo risco do erro.

Em uma experiên-cia química, os testesou ensaios, podemcausar uma explosão.Nos experimentoshumanos, que é ocaso do jornal labora-tório há também esteperigo.

Porém, fique tran-quilo caro leitor. Paraevitar danos só vãoàs ruas aqueles alu-nos que passaram pe-los ensinamentos éti-cos e da técnica deredação jornalística.Todo o processo de

busca de informação produzidopor nossos estudantes é acom-panhado pelos professores, des-de o momento das idéias, cha-mado de pauta, passando pelaa apuração dos dados nas entre-vistas, até a redação e edição dotexto. Aluno e professor-jorna-lista lado a lado, sempre.

Mesmo assim, as tentativasde nossos alunos podem darerrado, e isso é natural para oprocesso de desenvolvimentode nossos estudantes e pode-mos dizer até importante. Apartir do momento que é detec-tado o erro ele é corrigido e ana-lisado, não só pelo estudanteque o cometeu, que vai arcarcom a carga de responsabilida-de do ato, mas também peloscolegas que com maturidadeentendem e aprendem com aincorreção do procedimentoexecutado. É assim no jornallaboratório, é assim, na vida.Errando e aprendendo para nãomais desacertar.

Mas você leitor pode ter cer-teza que o erro de nossos estu-dantes nasce apenas da falta deprática no jornalismo, ou dematuridade nos contextos hu-manos, mas nunca por má-fé ouvontade de prejudicar esta ouaquela pessoa. Pois como já dis-semos aqui, o Jornalismo Labo-ratorial é o momento em que sefaz comunicação sem as amar-ras de interesses institucionais,patronais ou de qualquer ordempolítico-financeira.

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ENTREVISTA

Edição de título elegendas:

- Nilda Fernandes

Foto: Edemir Rodrigues

“O usuário precisa

ser constrangido a

se tratar”

O Conselho antidrogas tem o objetivo de prevenção e não de repressão

Prevenção

E n t r e v i s t a - Rogério Harfouche, Promotor de Justiça e voluntário no Conselho Estadual Antidrogas (Cead), onde ocupa o cargo de Presidente

Promotor de Justiça, Sérgio Harfouche atua também como voluntáriono Conselho Estadual Anti-Drogas (Cead), onde ocupa o cargo de pre-

sidente, além de ser membro do Conselho Nacional.Harfouche, dentro do Cead, defende que a nova lei anti-drogas, quecompletou dois anos em agosto, precisa ser revista por causa de bre-

chas que acabaram favorecendoa atuação dos traficantes na sociedade.

Rogério Valdez

Em Foco: O senhor acaba deser escolhido (Outubro 2008)para ficar mais dois anos napresidência do Cead. Fale umpouco do trabalho do Conse-lho e de como é feita a escolhado presidente.Harfouche: É um processo elei-toral pelos próprios conselhei-ros. Até agora o presidente tema oportunidade de ser recondu-zido indefinidamente. E eu en-tendo que para que haja até opor-tunidade para novos conselhei-ros participem e como presiden-te inclusive eu propus que euaceitaria ser reconduzido, masseria para uma recondução só.E os dois próximos presidentestambém, ainda que fossemreeleitos, seria por uma vez maise uma recondução, sendo que omandato é de dois anos, entãoisso daria a oportunidade de umexercício de até quatro anos. Estemeu mandato vai até outubro de2010, em que eu tenho a opor-tunidade de dar continuidade àeste trabalho na presidência.

Em Foco: O trabalho do Ceadaqui no Estado, explica para agente como é feito.Harfouche: Os Conselhos Esta-duais Anti-Drogas, são o link doConselho Nacional, que têm aorientação nacional das políticaspúblicas sobre drogas. Entãoaquilo que é decidido em âmbi-to federal, desce para os Esta-dos pelos conselhos estaduais,que por sua vez, têm a missãode capilarizar, levar a cada mu-nicípio através dos seus conse-lhos municipais as políticaspúblicas sobre drogas. No nos-so Estado nós temos apenas 20municípios com Conselhos

Municipais e pretendemos, atéo final do ano, pelo menos do-brar este número e alcançar mais20 municípios e fazer isso a cadasemestre até que completemos atotalidade dos nossos quase 80municípios.

Em Foco: O Conselho traba-lha no combate às drogas. Éimportante então atuar ali naárea de fronteira, nesses nos-sos municípios da divisa comoutros Estados e outros paí-ses, onde existem muitos ca-sos de tráfico?Harfouche: O trabalho primei-ro dos conselhos é dentro da áreada prevenção. O trabalho de re-pressão é típico das polícias.Não obstante, nós temos repre-

sentantes da polícia Federal, dapolícia Civil, da polícia Militar,do Corpo de Bombeiros, que tra-balham com a repressão, masque também precisam do traba-lho de prevenção que é executa-do por essas nossas políticaspúblicas. Então o trabalho doConselho visa orientar, dentrodo âmbito do Estado, a políticapública estadual e, dentro domunicípio, a política públicamunicipal. Apesar dos municí-pios pouco se envolverem coma questão, o consumo de dro-gas, o envolvimento de jovenscom drogas, ocorre é no muni-cípio. O Estado é um ente abs-trato para essa atividade. É lá nomunicípio que as coisas aconte-cem, que a vida do jovem se

desenvolve, e isso inclui, inclu-sive, Campo Grande, já que onosso Conselho Estadual ésediado aqui. Mas em CampoGrande como cidade e não comoCapital do Estado que isso sedá. Para isso nós temos um tra-balho imperado com o nossoComad (Conselho MunicipalAnti-Drogas). Então o ConselhoEstadual, como órgão, como ins-tituição, ele tem que se diluir noEstado, e é muito importanteessa nossa interação com oComad, com o Conselho Muni-cipal, porque eles têm tarefaspróprias, típicas para o Conse-lho Municipal e que deve ter oapoio do Conselho Estadual. En-tão o nosso desafio é levar a cadamunicípio do Estado a criação

de leis, a criação de seus conse-lhos municipais através de leis.É preciso que nos municípiostodos saibam da importância dese votar essa lei, criar o conse-lho municipal e permitir que asociedade local construa esseconselho com a participação dosseus integrantes, como conse-lheiros municipais.

Em Foco: Como o senhor ava-lia o trabalho de combate e pre-venção ao uso de drogas aquino Estado?Harfouche: Com a nova lei aprevenção se tornou mais rele-vante. Considerando que o an-tigo criminoso pelo uso de dro-gas se tornou um paciente. Hoje,apesar de ser crime consumirdrogas ilícitas, esse consumovem apoiado com a nova lei -11.363, de 2006 – ela trouxeuma projeção muito maior parao campo da prevenção, no quediz respeito ao consumo, porémo Estado, o município, a união,não está aparelhada para a re-cepção dessa nova condição.Existe um investimento muitomodesto nas comunidades tera-pêuticas, nos hospitais, nas clí-nicas de acolhimento. Além doque, existe aí um grande desa-fio, a lei, a meu ver, precisa serreformada, mas ela colocou to-talmente a escolha do dependen-te químico, a escolha de ser tra-tado ou não. Na minha opinião,é preciso que haja uma discipli-na do consumo e do uso. Atéconstrangendo o usuário a se tra-tar, fazer com que ele queira setratar. Porque uma coisa é euconstrangê-lo a querer se tratar,e outra coisa é eu deixar total-mente à disponibilidade delequerer se tratar. Ele não vai fa-zer. Desta forma, o usuário deveser obrigado a se tratar, porqueele faz parte do problema. Se nósnão tivéssemos o consumidor dedrogas, nós não teríamos o tráfi-co de drogas, só tem traficanteporque tem quem compre. E essapessoa pode comprar a droga,pode destruir a vida dela, a fa-mília dela, a sociedade e ele nãotem nenhuma contraprestação?Isso, na minha opinião, está er-rado. Eu não sou favorável a tra-tar o usuário como um crimino-so, como era antigamente, masele precisa ser constrangido a setratar. As autoridades hoje têmpouco a fazer, porque infeliz-mente não vai dar nada, só umaadvertência. Se o juiz obrigar elea tratar, o usuário trata se qui-ser, é claro que depois ele poderesponder pelo crime de deso-bediência, ele pode, caso venhaa usar novamente, ser enquadra-do como reincidente. Então eupenso que deve ser deixado delado essa hipocrisia de direitoshumanos para o usuário de dro-gas, enquanto eu estou afundan-do ele cada vez mais. Eu me pre-ocupo com o cidadão, eu souum cidadão, eu me preocupocom os direitos humanos, por-que isso também me afeta. Eucomo cidadão preciso ter osmeus direitos garantidos comopessoa, mas no caso do depen-dente químico, ele precisa que-rer se tratar. Este é o grande pro-blema que deve ser combatido.E o Estado deve ser compelidoa criar leis para tratamento efi-caz, para tratamento dedesintoxicação, para tratamentoinclusive de ressociabilização dousuário, para que nós tenhamosutilidades nesta lei, senão elaperde o seu valor, porque en-quanto eu dou ao usuário a opor-tunidade de tratamento comoum paciente eu não obrigo o Es-tado a se equipar, então na ver-dade eu estou promovendo ouso de drogas. Isso só favoreceuma classe da sociedade, que éo traficante.

Em Foco: Então o que precisaser mudado na lei para que elaseja eficaz?Harfouche: Com pesquisas ostécnicos do nosso conselho che-garam a conclusão de que o trá-fico de drogas aumentou 30%,favorecido pela nova lei anti-dro-gas que completou, em agosto,dois anos de existência. O nú-mero de apreensões de usuári-os praticamente desapareceu,não é porque não existe o uso, éporque a polícia não prendemais, não vai acontecer nada, nomáximo o usuário vai assinaruma advertência. Na minha opi-nião, nós devemos devolver aoCongresso Nacional a urgenteoportunidade de rever a lei paraque o juiz possa obrigar o de-

pendente químico a setratar. Quem for pegousando droga, é crime,antes de tudo, mas eleprecisa ter uma penarestritiva de direito,combinada com o trata-mento compulsório. Acomunidade terapêuti-ca abomina essa idéiade tratar quem não quei-ra se tratar, mas ele estánuma situação pior por-que a lei endereça o usu-ário ao tratamento, masninguém compele aotratamento. Então o queestá acontecendo agoraé que o profissional sóatende o usuário que vailá quando ele quiser, eisso não tem efeito ne-nhum. Isso foi umamaldade com a saúdemental porque transfe-riu a responsabilidadede tratar o dependentequímico, que antes erada justiça, porque ele fi-cava na cadeia e ficavapior, com tudo isso, ti-rou da justiça e colocouno colo do profissionalda saúde mental. Isso éum despropósito por-que a saúde mental nãotem respaldo para cui-dar. Quando eu digoque a legislação devecompelir ao usuário,por força de lei, é quepelo processo, ele deveresponder pelo crimeenquanto não se tratar.Então a oportunidadeque ele vai ter de se li-vrar da condição de cri-minoso é ele se permi-tir tratar. E nisso ele vaiescolher entre ser crimi-noso e ser paciente. Odependente químico éum câncer na socieda-de, não ele a pessoa hu-mana, mas o hábitodele, o hábito de com-prar droga é o que fa-vorece o tráfico, o se-qüestro. O crime orga-nizado se fortalece porcausa do tráfico de dro-gas, inclusive dentrodas penitenciárias. Pa-rece que nós estamosenfrentando um proble-ma ideológico que vemde um grupo que querver liberado o uso dedrogas aqui no Brasil.

Em Foco: O senhor re-aliza no Cead um tra-balho voluntário,como aconteceu essasua mobilização nestaquestão de prevençãoao uso de drogas?Harfouche: Começouquando eu era promo-tor em Ponta Porã e mevi sozinho, alguns co-legas foram transferi-dos, outro se aposentoue eu fiquei sozinho comquatro promotorias dejustiça. Então enquan-to lidava com infânciae adolescência, o júri, otráfico, lidava com oscrimes residuais queenvolviam tráfico, eunão vi apoio em ne-nhum seguimento, nãovia nada a quem pudes-se recorrer, nem mesmopara atendimento aosusuários. Tinha meni-nos de dez anos de ida-de viciados em cheirarcola, em fumar pedra decrack, mesmo assimnós desenvolvemos umbom trabalho ali comprofessores, mas eu nãotinha como tratar. Quan-do eu fui para Doura-dos eu, efetivamente meenvolvi com o Conse-lho Municipal de lá,apoiando toda a inicia-tiva e coordenando umfórum de políticas sobredrogas que aconteceuna cidade, tanto que eusou um dos primeirosa serem membros. Eusou membro do Conse-lho Nacional. É a pri-meira vez que MS é cha-mado para compor oConselho Nacional.

E t a p a s -O presidente do conselho explica que as polícias realizam o trabalho de repressão às drogas

Foto: http:deolhonacidade.zip.net

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ECONOM

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Turismo

Comboio de boas oportunidades é a designação do governo do Estado para o Trem do Pantanal

A Volta do Velho Trem de MS

E c o n o m i a - Com a volta do Trem do Pantanal, os campo-grandenses têm a oportunidade de reviver, aproveitar e incentivar o turismo e a economia do Estado de Mato Grosso do Sul

Foto: Divulgação

Caroline Maldonado

“Um comboio de boasoportunidades” é a designaçãodo Governo para o projetoproposto pelo deputado esta-dual Antonio Carlos Arroyo,que tem a finalidade de am-pliar o turismo em Mato Gros-so do Sul e possibilitar o cres-cimento econômico do Estadocom a criação do Trem do Pan-tanal, inaugurado no iníciodeste mês. A expectativa, é deque além dos empregos dire-tos sejam criadas vagas no co-mércio e serviços das locali-dades por onde o trem passa.

Segundo o gerente deoperações da América LatinaLogística, concessionária decargas, Gerson Fabiano Al-meida, o Trem do Pantanaljá gerou 230 empregos dire-tos e quatro mil vagas indi-retas no comércio regional.“A circulação do trem abran-ge e beneficia 25 setores daeconomia, entre prestadoresde serviços turísticos, vendade artesanatos; em especial oindígena, a comercializaçãode produtos da agriculturafamiliar; dos atrativos natu-rais; histórico-culturais e co-mércio, em geral”, disse Ger-son. Segundo o diretor co-mercial da Serra VerdeExpress, empresa que geren-ciou o projeto de instalação dotrem, Adonai Aires Filho, aprioridade é empregar os mo-radores da região. “Estamoscapacitando os moradores

para ocupar as vagas de em-prego”, sustentou.

Para o trem voltar a circu-lar foram empregados cerca deR$ 2 milhões na reforma dasestações, conforme informa-ções da diretora presidente daFundação de Turismo de MatoGrosso do Sul, Nilde Brun. “Ogoverno do Estado, o Institu-to do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional (Iphan) e oMinistério do Turismo inves-tiram para reformar as esta-ções”, contou. As melhorias emanutenção nos trilhos fica-ram por conta da concessio-nária de cargas América Lati-na Logística S. A. (ALL). Aempresa investiu R$ 12 mi-lhões no trecho de 220 quilô-metros de ferrovia, entre o Dis-trito Industrial em CampoGrande e Miranda.

R o t e i r oO sul-mato-grossense que

tem pelo menos 19 anos, cer-tamente se lembra do antigotrem de passageiros que cir-culava por MS. Esta lembran-ça agora está associada ao Tremdo Pantanal, inaugurado peloGoverno do Estado em oito demaio, que trafega com cincovagões. No entanto, o novotrem, diferente daquele da dé-cada de 30, realiza apenas pas-seios turísticos.

Todos os fins de semana otrem leva mais de 200 turistaspara conhecer parte do Panta-nal sul-mato-grossense, a par-tir de um roteiro, no qual sai

de Campo Grande, na manhãde sábado e faz parada no dis-trito de Piraputanga para em-barque e desembarque. Emseguida, para em Aquidauanapara o almoço e depois de che-gar ao município de Miranda,no qual os turistas podem vi-sitar as aldeias dos índiosKadiwéu e comprar artesana-to. Passa também pelos distri-tos de Palmeiras, Camisão,Taunay e Duque Estrada.

Segundo Adonai, durantequase dois anos foram estu-dadas as possibilidades do ro-teiro turístico. “Muitos queri-am que a saída do trem fosseem Corumbá, porém nós pen-samos na estrutura que a ci-dade deve oferecer, já que,logo mais, com a frota comple-ta de vagões o trem terá capa-cidade para 476 pessoas. Osvôos só chegam aos aeropor-tos do Estado na noite de sex-ta-feira e essas pessoas têm quedormir na cidade até a manhãde sábado, quando sai o trem,por isso é que optamos pelasaída do trem em Campo Gran-de”, explicou.

As passagens do trem po-dem ser compradas na agên-cia BWT, que fica na RuaJeribá, nº 485, no bairro Chá-cara Cachoeira. A passagemda categoria econômica (semserviço de bordo) custa R$39;00 na categoria turística(serviço de bordo com lanche,refrigerante e comissário) saípor R$ 77,00 e na categoriaexecutiva e camarote (serviço

de bordo com lanche, refrige-rante, cerveja e comissãobilíngue), por R$ 126,00 .

O trem tem também umrestaurante, que serve todosa bordo e a previsão da Ser-ra Verde Express é de queserão incorporados ao tremmais quatro vagões que ain-da estão em reforma. Em Au-diência Pública, no dia 16de abril, Adonai contou ain-da, que o compromisso daempresa com o Governo doEstado é estender a rota tu-rística até Corumbá. Nainauguração do trem, o Go-vernador André Puccinelliconfirmou. “O trem irá atéCorumbá, ainda no primei-ro semestre de 2010”.

H i s t ó r i aO antigo trem deixou de cir-

cular pelo centro de CampoGrande, quando o então pre-feito André Puccinelli con-cluiu o contorno ferroviário.Na época, a Prefeitura de Cam-po Grande fez permuta, fican-do de posse de terreno epatrimônio predial da antigaRede Ferroviária Federal Soci-edade Anônima (RFFSA) e, emtroca, construiu o terminal detransbordo no Indubrasil.

A estação ferroviária doIndubrasil substitui a antiga,localizada no centro de Cam-po Grande, que foi inaugura-da em 1936, sob responsabi-lidade da empresa Noroestedo Brasil (NOB). Após aprivatização, no início da dé-

cada de 90, o transporte depassageiros foi suspenso. Adistância entre a nova estaçãoe o centro da cidade preocu-pou alguns “amantes da fer-rovia” de Campo Grande. Afim de solucionar o problemaa BWT informou, antes do fe-chamento deste jornal, quenegociava para oferecer um ser-viço de transporte do centroda Capital até a estação.

Ao que parece o projeto sódeixou descontentes algunsmoradores dos distritos, nosquais o trem não vai fazer pa-rada. “Eu pensei que o tremfosse parar aqui também. Ia sermuito bom, ia trazer o cresci-mento econômico, mas fiqueidesapontado ao saber que elesó vai passar por aqui”, la-mentou o morador do distritode Palmeiras, Domingos DiasMarques.

Um dia após a inauguraçãodo Trem do Pantanal, AlbertoAntonio de Oliveira, de 73anos, saiu do bairro SantoAmaro, onde mora apenaspara ver o trem na Estação Fer-roviária de Indubrasil. Para sur-presa dele o trem não estavalá, havia partido para Aqui-dauana e, segundo o seguran-ça da estação, voltaria por vol-ta das 12h. A espera o fez lem-brar os tempos em que circu-lava o antigo trem. “Sou dotempo da Maria Fumaça. Via-jei muito de trem, sempre en-contrava conhecidos e faziaamigos durante a viagem. Nãotem nada como viajar de trem”,

lembrou saudoso sen-tado no chão da esta-ção após 1h de espe-ra.

Criado na fazenda,ele revelou não conhe-cer as divisas do Es-tado, mas garantiuque boa parte da his-tória de Campo Gran-de e das outras cida-des mais antigas estásobre os trilhos. “Oveterano que viu eusou o trem contamelhor do que os li-vros a história”, asse-gurou. Alberto e Do-mingos são algunsdos tantos que vêm nainauguração do Tremdo Pantanal um reco-meço das alegrias queo antigo trem trouxe àMato Grosso do Sul.No entanto, têm espe-ranças de que o Go-verno do Estado dei-xe este trem mais pa-recido com o antigo,permitindo a paradaem todas as cidades edistritos pelos quaispassar. “Se for preci-so faremos um abaixoassinado e tenho cer-teza que o trem serácomo antes”, afirmouconfiante.

Edição de títulos,legendas e fios:

- Thierre Monaco- Viviane Oliveira

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Edição de títulos,legendas e fios:

- Haryon Caetano

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Esforço

Pela estabilidade profissional acadêmicos encaram a dupla jornada

Jovens enfrentam

desafios do dia-a-dia

A d a p t a ç ã o - Psicóloga explica que a fase mais difícil é o início onde o aluno se adequa ao rítmo

Mirian de Araujo

Trabalho e estudo,conciliar essas duas ati-vidades é muito difícil,mas na esperança deconquistar o tão sonha-do diploma, jovens de-cidem enfrentar essa jor-nada dupla.

Muitas vezes, essestrabalhadores ingressamno mercado de trabalhopara custear os própri-os estudos, já que a di-ficuldade em ingressarem uma universidadepública leva muitos es-tudantes às faculdadesparticulares, é o caso daacadêmica de Adminis-tração Ana Rocha, de 17anos, atendente decallcenter. “Trabalhopara pagar meus estu-dos, além disso, é mui-to difícil não ter tempopara estudar. Os finaisde semana que erampara descansar, tive quesubstituir por estudo,senão não dou conta”,relata.

O estudante de Ciên-cias Sociais, Bruno deOliveira, de 21 anos,trabalha de terça a do-

mingo como garçom em umachopperia e ainda encontratempo para freqüentar as au-las no período vespertino. “Amaior dificuldade em traba-lhar e estudar é o horário quesaio do serviço, que é sempreem torno de 2 horas da ma-

nhã nos dias de semana e, àsvezes, às 4 horas no final desemana. Não tenho tempopara estudar, porque de ma-nhã eu tenho que descansar,acordo na hora do almoçopara ir para a faculdade”.

A estudante do Educação

de Jovens e Adultos (EJA)Cristina de Souza, de 40 anos,trabalha como auxiliar de ser-viços gerais, de segunda a se-gunda. “Não tenho tempopara estudar, trago o materialda escola para estudar no tra-balho, na hora do almoço,

mas a maior dificuldade nãoé essa, é chegar à sala de aulaà noite e ter que estudar,quando o corpo não agüentamais. O cansaço é enorme,ainda mais, quando lembroque tenho que acordar às 5horas da manhã do outro dia,”recorda.

R o t i n aA psicóloga Sonia Cotrin

diz que a maior dificuldade des-sas pessoas é adaptação. “Tudono inicio é difícil, durante a faseadaptação, o rendimento cai,tanto no trabalho quanto na es-cola, ocorre um cansaço físicoe mental, o aluno ou funcioná-rio vai se desgastando, mas como tempo o corpo se adapta àessa nova rotina”, finaliza.

A especialistas esclarece que“o aluno começa sentir indíci-os de stress, cansaço, não con-segue se concentrar nas aulas.É necessário um esforço muitogrande para continuar, muitosdesiste, porque não suportam”,conclui.

E s f o r ç oBruno de Oliveira relata

também que o desgaste émuito grande e isso o impe-de de estudar nas poucashoras vagas que sobram, sen-do que já deixou de fazervários trabalhos por não so-brar tempo. “Antes estuda-va no ônibus, agora não dámais por que vou trabalharde moto, caso contrário, nãochego no horário, isso levan-do em consideração que saioantes do fim da aula”, rela-ta.

Mas além desse cansaço,o estudante, que enfrenta du-pla jornada, adquire maturi-dade muito cedo, segundo aauxiliar de serviços geraisCristina. “Eu me cobro mais,por que ao contrário dos ou-tros colegas de sala, eu nãotenho tempo para estudarcomo eles”. A estudante ex-plica que em muitos domin-gos da folga, saiu de casa paraestudar na biblioteca doHorto Florestal.

E m p e n h o - Estudante atende no trabalho após encarar a sala de aula

Foto: Mirian de Araujo

Foto: Mirian de Araujo

Tatyane Santinoni

As palavras seguran-ça, vida, preservação,lei, convivência e har-monia são as priorida-des de quem trabalha emfunção do bem-estar dasociedade: a Polícia Mi-litar e suas Companhi-as. Segundo o coman-dante geral da PolíciaMetropolitana, CoronelOscar Rodrigues, o tra-balho é desempenhadopor 1,2 mil policiais emCampo Grande e região.“Conforme a demanda,vamos determinando otipo de operação e o se-tor responsável por ela,e assim intensificando opoliciamento em deter-minada área”, afirma oCoronel.

Embora parte da po-pulação desconheça, aatuação da PM é dividi-da em especificações. EmCampo Grande, a unida-de responsável pelo pa-trulhamento de seguran-ça pública é o ComandoGeral, que engloba trêsbatalhões – Primeiro,Nono e Décimo, a Com-panhia de Trânsito, aCompanhia de Guarda eEscolta – que atua em sis-tema carcerário, e a Com-panhia de Operações Es-peciais (CIGCOE).

Entre as principaisoperações desenvolvidaspela PM, estão a Ciclo-ne, a qual se utiliza dedez motos e uma viatu-ra, e cada batalhão pos-sui a sua. Este tipo deoperação é específica paramonitorar a segurança dapopulação em locais queestejam fora do padrão.Há também as operaçõesde policiamento de trân-sito, que servem para de-tectar irregularidades nosveículos e motoristas quecirculam no centro da ci-dade, e responsável ain-da, pela aplicação da LeiSeca, multando e apreen-dendo o veículo do con-dutor que estiver alcoo-

PM: dividindo para acrescentar

lizado e não passar no teste dobafômetro – que ao todo já sãooito na Capital.

O p e r a ç õ e s E s p e c i a i sExiste há cinco anos em

Campo Grande o setor respon-sável pelas operações especi-ais, a Companhia Independen-te de Gerenciamento de Crisese Operações Especiais (CIG-COE). Segundo o sub-coman-dante da companhia, MajorSilva Neto, a corporação operaem casos de situações mais es-pecíficas e momentos de crise,como rebeliões prisionais, as-saltos com reféns, seqüestros,entre outros.

O responsável pela Inteli-gência e relações públicas, ca-pitão Franco Allan Amorim,informou que a unidade aten-de ocorrências críticas, comatuação de grupos especializa-dos. “Para o complemento dasoperações temos quatro sub-unidades e já foram quinzeoperações só este ano, tem ain-da um grupo de negociadores,que existe há três anos e ageem casos de suicídio ou assal-to com reféns”.

Participam do grupo 100homens e cinco mulheres.“São poucas as mulheres,pois a maioria das provas éde resistência e há raríssimasexceções em que elas vencemestas provas e conseguempassar”, afirma Franco Allan.

Para o auxílio de algumasoperações existem os 25 cãesadestrados que ficam no ca-nil da CIGCOE à espera de umchamado para uma missão es-pecial. Entre eles estão as ra-ças Pastor Alemão, Labradore Rotweller. O trabalho delesé de policiamento, farejo deentorpecentes e de explosi-vos. “É preciso mais de umano de treinamento para saí-rem bem preparados”, diz asoldada Anna Paula, que tra-balha há um ano com o trei-namento dos cães.

As quatro sub-unidadesque compõe o CIGCOE são aRonda Ostensiva Tática daCapital (Rotac), que tem comomissão efetuar o patrulha-mento tático nos locais demaior incidência de crimina-

lidade; Ronda Ostensiva comCães Adestrados (Roca), coma missão de atuar em estabe-lecimentos prisionais, nabusca de entorpecentes e namanifestação de caráter vio-lento; age também em mis-sões que envolvem drogas eforagidos. Outro grupo é oChoque, Grupo de Controlede Distúrbios Civis, atua emgrandes eventos, reintegraçãode posse, manifestação vio-

lenta (greves, brigas em jogos,rebeliões na cidade) e, porfim, o Grupo de Ações Táti-cas Especiais (Gate), que agenas ocorrências de alta com-plexidade, principalmente asque envolvem reféns localiza-dos ou artefatos explosivos.

Tr e i n a m e n t o - Cada esquadrão recebe formação específica

TRIBOS URBANAS

Diversidades

culturais em CGEdeusa Centurião

Emos, roqueiros, caipi-ras, entre outras, essas sãoas tribos do momento. To-dos são jovens e o que que-rem é se destacar entre asoutras pessoas, pelo seumodo de ser, falar e agir. Porisso, eles se encaixam emum grupo só deles e quasesempre enfrentam precon-ceito de quem não entendeo porquê desses comporta-mentos.

Roupas quadriculadas,olhos pintados de preto, ca-belos coloridos e, por serembem emotivos, optam pelaaparência triste e vivem sem-pre rodeados de seus ami-gos. Assim se identifica umjovem emo.

O jeito de falar tambémé diferente, falam como sefossem crianças. “As pesso-as dizem que nós escreve-mos tudo errado, por umaparte eu até concordo, masé só um novo jeito de es-crever na internet”, explicaa estudante Gabriela Rezen-de, de 14 anos.

Em alguns casos os paisdesses jovens não fazemidéia do que é essa tribo,como é o caso de Gabriela.“Minha mãe nem sabe o queé Emo e meu irmão não ligade eu ser assim”, explica aestudante.

As pessoas que têm pre-conceito, não escondem e àsvezes falam coisas que ofen-dem. “Se não gosta da gentepelo menos respeitem, afinalpreconceito é crime”, con-clui a adolescente.

Sempre falando em vozalta, usando botina, camisaxadrez, calça apertada, as-sim se caracterizam os cai-piras. Existem pessoas quese sentem incomodadascom essa tribo, como é ocaso da universitária Gisele,19 anos, que vai ter o nomepreservado em função de

suas declarações. “Eles se-guem uma moda que nemeles conhecem direito,quando moram em fazendasim podem agir dessa for-ma, mas moram na cidade”,diz a jovem.

No entanto, alguns jo-vens dessa tribo não se abor-recem com esses comentári-os, como o estudante deAgronomia Raul Ruffo, de16 anos. “Eles dizem quesomos caipiras, que tô indopra um rodeio, mas achonormal isso, levo na espor-tiva”, afirma o acadêmico.

Quando se diz a palavraroqueiro, já da pra imagi-nar um jovem todo de pre-to, com cabelos compridos,coturno, mas na realidadenão é sempre assim. Exis-tem jovens dessa tribo quese vestem com roupas lar-gas e nem sempre estão depreto, entre eles o univer-sitário Rudney Ramos, de19 anos. “Eu ando todo lar-gado desse jeito, me cha-mam de até de mendigo,mas levo tudo na esporti-va”, afirma.

Eles chamam a atençãopor estarem sempre em gru-pos de muitos jovens e têmum vocabulário que às vezessó eles mesmos entendem.

Gírias usadas:Emos:Trocam “s” por “x”Esse, essa, isso: Exe/exa, ixoVocê: voxêSua, seu, nosso: xua, xeu,noxo/ noxos ou noxoz

Caipira:Aôôô Tchetchênia: grito defelicidadeFervo: festaProsiá: conversarVazá: ir emboraPelúcia – menina bonita

Roqueiros:Broth: irmãoSacou: Entendeu

Foto: Tatyane Santinoni

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GERAL

Banco de medula pede doações

Saúde Pública

Apesar de possuir 47 mil doadores de medula no Registro Nacional é difícil encontrar pessoas compatíveis

D o a ç ã o - Para entrar no cadastro nacional de medula óssea é necessária a coleta de apenas 5 milímetros de sangue

Foto: images.quebarato.com.br

Viviane de Oliveira

Internado há mais de 40dias na Santa Casa de CampoGrande, o policial rodoviáriofederal Anderson Sidrack, de42 anos, contou com a solida-riedade de desconhecidos parase recuperar. Ele recebeu qua-tro bolsas de sangue quandochegou ao hospital, após sofrerum acidente. Solidariedadeque pulsa em suas veias há 22anos. Tempo que ele é doadorde sangue. Ele foi mais alémquando doou, por duas vezes,a medula óssea. “Ajudar nãocusta nada e a possibilidade deservir é mais confortante e gra-tificante do que a de receber”,argumentou.

E você, já pensou em fa-zer parte do Cadastro Nacio-nal de Doadores de MedulaÓssea? Em Mato Grosso doSul o número de doadores ca-dastrados no Registro Nacio-nal de Doadores de MedulaÓssea (Redome) chega em tor-no de 47 mil. Apesar de pa-recer um número alto, pou-cos são compatíveis comquem aguarda a doação.

É muito improvável queum portador de leucemia en-contre mais de um doadorcompatível. “Eu costumo di-zer que cada um de nós é com-patível com alguém, só nãosabemos se esse alguém já estáesperando no banco de dadosou se ele é saudável hoje e iráprecisar de você amanhã. Oideal é cadastrar-se. Se nin-

guém te liga, é sinal de queessa pessoa que você é com-patível está saudável”, afir-mou a responsável pelo setorde doação de medula óssea doHemosul de Campo Grande,

Lucéia Maria Fernandes.

R e d eSão necessários mais cadas-

trados para aumentar a proba-bilidade de se encontrar al-

guém compatível. Não existembancos de dados estaduais. To-dos os Estados que realizam ocadastro são inseridos no mes-mo banco nacional de dados,que é gerenciado pelo Institu-

to Nacional do Câncer (Inca).Como as informações são

únicas, pode acontecer de umdoador ser daqui e o receptorser de outro município dopaís. Neste caso todas as des-

pesas são pagas peloSistema Único de Saú-de (SUS), desde os exa-mes até a viagem comum acompanhante pararealizar a cirurgia.

O doador só tem queconcordar e estar dispo-nível. “Eu já era doadorde sangue há sete anos.Depois de nove mesesque fiz o cadastro noRedome, fui informadoque era compatível comalguém. Não penseiduas vezes em fazer adoação, o importante ésalvar uma vida”, con-tou Edmar Macedo, de31 anos, que viajou aSão Paulo para fazer adoação.

Vo l u n t á r i o sPara aumentar o

número de doadoresno Estado, o Hemosulfaz campanhas deconscientização, pormeio de folhetos, depalestras em empre-sas, igrejas, entre ou-tros. “Nosso públicoalvo aqui no banco sãoas pessoas que estãonos corredores paradoar sangue. Enquan-to ele está ali esperan-do, nós passamos e osconvidamos. Entrega-mos folheto informati-vo e explicamos comofunciona a doação”,disse Lucéia.

Anderson Sidracké um dos colaborado-res das campanhas,contando sobre suaexperiência com adoação. “Semprequando posso acom-panho a equipe doHemosul , eu vireiuma espécie de garotopropaganda”, contou.

A oficial penitenci-aria aposentada, JaneMoura da Rosa Lima, 45anos, recebeu o trans-plante de medula ósseaem agosto de 2004, airmã foi compatível.Mas ela fala da impor-tância das pessoas secadastrarem no Redo-me. “Tem que doar, aju-dar, eu peço que as pes-soas doem, porque nãodói nada e é a única for-ma de salvar alguém”,desabafou.

Viviane de Oliveira

Muitas pessoasconfundem medulaóssea e medula espi-nhal. Devido a issocriou-se um mito deque a retirada da me-dula pode deixar a pes-soa sem o movimentodos braços e das per-nas. “É muito impor-tante que a populaçãoentenda que a medulaóssea são as célulasque produzem os com-

Doação de medula não

traz riscos à saúde

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S o l i d a r i e d a d e - Sidrack já doou medula óssea duas vezes

ponentes sanguíneos, que seencontram dentro do nossoosso, enquanto a medula es-pinhal está na coluna que éresponsável pelos impulsosnervosos, ou seja, ela liganosso cérebro ao restante docorpo. Então uma é distintada outra”, explicou Lucéia.

I n g r e s s a rA doação não apresenta ris-

cos à saúde do doador. A ida-de mínima é de 18 e a máximade 55 anos. Retira-se menosde 10% da medula óssea que,

em poucas semanas, estarátotalmente reconstruída.

A doação pode ser feita deduas formas, a de punção emcentro cirúrgico sob anestesiageral, na qual é feita a extra-ção com uma agulha direto doosso da bacia. A outra formaé a de infiltração, na qual odoador toma uma medicaçãoque enviará as células para acorrente sanguínea. Em se-guida um aparelho separa omaterial da medula e devol-ve o sangue ao doador. Omédico é que irá determinar

o melhor método para o pa-ciente. Os interessados em secadastrar podem procurar o

Hemosul, na Avenida Fer-nando Corrêa da Costa,1304, em Campo Grande.

Jackeline Oliveira

Infecção hospitalar é qual-quer tipo de infecção adquiri-da após a entrada do pacienteem um hospital ou após a suaalta quando essa infecção es-tiver diretamente relacionadacom a internação ou procedi-mento hospitalar, como, porexemplo, uma cirurgia.

“Eu sofri um acidente demoto e tive que ficar interna-da no H.U, quebrei o fêmur elevei muitos pontos, deveriasair do hospital em três sema-nas, fiquei quase dois meseslá, devido a uma infecção hos-pitalar”, conta a dona de casaMaria de Fátima Soares, de 27anos.

Para a enfermeira executo-ra da Comissão de Controle deInfecção Hospitalar (CCIH) doHospital Universitário (HU)em Campo Grande, Cleudi-néia Mello, de 46 anos, a in-fecção é esperada devido aoambiente do hospital, ondemuitas pessoas circulam, háo manuseio de vários materi-ais, mas que a infecção não é

Falta de higiene causa

infecção hospitalar

normal e nem aceitável.“A população vê como téc-

nica mal feita ou como culpado profissional da saúde”,desabafa Cleudinéia. O nomeinfecção hospitalar não é maisusado, e sim a sigla IRAS (In-fecção Relacionada a Assistên-cia a Saúde), que deixa claroque a infecção não está relaci-onada a uma técnica mal feita.

Conforme a responsávelpela Comissão de Controle doHU, variáveis como idade, ali-mentação e tempo de apariçãodos sintomas, são alguns fa-tores que levam à infecçãohospitalar, assim como o tipode patologia também éinfluenciador para a apariçãodo problema. “O HospitalUniversitário adota medidasimprescindíveis no combate àinfecção hospitalar, tais comohigienização das mãos sempreque atender ao telefone, tro-car de luvas a cada pacienteatendido, trocar de jaleco to-dos os dias, usar roupa hos-pitalar dentro do hospital, eprincipalmente o uso racionalde medicamentos e saber exa-

tamente o antibiótico paracombater a bactéria”, explicaCleudinéia.

Maria de Fátima afirma quefoi comunicada prontamenteassim que identificaram o casode infecção hospitalar. “A en-fermeira veio e me contou quea febre que eu estava tendo eraum sintoma de infecção e porisso eu iria ficar mais tempono hospital”.

A enfermeira Cleudinéiaexplica que quando acontecede um paciente ter infecção, oHospital comunica a famíliaou o paciente. “Ele mesmopercebe que tem algo de erra-do, pois na maioria das vezessente febre e fica mais tempodo que o necessário no hospi-tal, aí nós trocamos o medica-mento, temos que analisar ocaso pois cada paciente é di-ferente do outro”, explicaCleudinéia.

F i s c a l i z a ç ã oA Vigilância Sanitária liga

para o setor de controle deinfecção do hospital e comu-nica a visita, no dia marcado

o agente da Agência Nacionalde Vigilância Sanitária(Anvisa) fiscaliza lavatórios demãos, matérias descartáveis,entre outros. Tudo que nãoestá de acordo o hospital temum prazo para se adaptar, aí

P r e c a r i e d a d e - Paciente fora do leito corre mais risco de contrair infecção hospitalar

o agente volta e caso o hospi-tal não se adaptou não recebeo alvará de licença sanitáriapara o funcionamento.

Para finalizar, Cleudinéiaafirma que 80% dos casos deinfecção hospitalar poderiam

Edição de títulos,legendas e fios:

- Edeusa Centurião

- Valeska Medeiros

Foto: Viviane de Oliveira

Foto: Viviane de Oliveira

Foto: Jackeline Oliveira

ser evitados com a higi-enização das mãos.

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Vo l u n t a r i a d o - Sem cobrar nada há seis anos, o músico Francisco Batista, ensina um instrumento para as crianças, todas as quintas-feiras

Ajuda aserviçoda vida

Solidariedade

Lar atende crianças soropositivas

Paula Vitorino

Doação e muito amorfazem parte da rotina noLar das Crianças com

HIV e Aids, adminis-trado pela AssociaçãoFranciscana Angelinas(Afrangel) desde 1996,quando por iniciativada Irmã Valeriana eautorização da Diocesea congregação assumiuo Lar.

Hoje, com 28 cri-anças sob os cuidadosde três Irmãs, oito fun-cionários e a ajuda devoluntários e colabo-radores, a entidadeluta contra as dificul-dades financeiraspara se manter, sendo

que vive exclusivamente de do-ações. Mas isso não impede queo trabalho continue e que essascrianças recebam todo apoio eassistência que precisam.

As crianças assistidas peloLar são carentes e na maioria dasvezes não têm uma estrutura fa-miliar. “As que têm boa condi-ção financeira sabem onde pro-curar o tratamento necessário.Nós procuramos atender as ca-rentes. Mas em alguns casosvemos até crianças que teriamcondições financeiras, mas quenão têm pais, uma família paracuidar desses filhos, que acabamficando quase que abandona-dos”, diz a atual responsávelpela Instituição, Irmã MadalenaAparecida.

Acompanhamento, assistên-cia médica e odontológica, psi-

cóloga, aulas de capoeira, músi-ca, informática, reforço escolarsão alguns dos benefícios que oLar oferece a essas crianças. “Elasfazem tudo aqui”, conta a IrmãMadalena.

Às 5h e 30 min a van passapara pegá-las e às 18 horas é ahora de voltarem para suas ca-sas. O carro leva para a escola,busca para o almoço e para asdemais atividades ao longo datarde. As crianças que não mo-

ram em Campo Grande dormemno local e nos fins de semanavão para suas cidades.

A m i g o s d o L a rO Lar conta com muitos

amigos que ajudam a garantirque todas as necessidades dascrianças sejam atendidas. Sãopessoas que dedicam uma tar-de para brincar, dar um pou-co de mimo aos que aindaprecisam de colo, ensinar al-

guma arte, atividade. Pode serum motorista para as horasde apuro (como levar ao mé-dico) ou profissionais quededicam algumas horas comodentistas, médicos e músicos.Francisco Batista, voluntáriohá seis anos, dedica algumashoras na quinta-feira para en-sinar as crianças e as irmãs easpirantes a tocar algum ins-trumento.

Doações são sempre bem-

vindas. O casal de aposenta-dos José Santa Bárbara, de 54anos e Elizabete Santa Bárba-ra, de 52 anos conheceu o Larquando foram fazer um reti-ro do Encontro de Casaiscom Cristo (ECC) no antigoseminário (que fica na frente)e as irmãs cederam o estacio-namento para os casais, en-tão conheceram a IrmãSilvania, que até o fim do anoera a responsável pelo local,e o trabalho feito por elas. Umdos grupos do encontro de-cidiu ajudar a instituição e apedido da Irmã Silvania,compraram chinelos para to-das as crianças e brinquedospara doar. “É maravilhoso otrabalho feito aqui. Elas pre-cisam muito de ajuda”, dizElizabete depois de conhecerpela primeira vez as crianças.

S . O . SO Lar precisa urgentemen-

te de uma fonoaudióloga e umtrabalho de fisioterapia. “Nos-so sonho é uma sala de fisio-terapia aqui para as crianças”,pede a Irmã.

A irmã Madalena fala queas doações de que eles maisprecisam são alimentos, vestu-ário e a ajuda em dinheiro paracobrir as despesas mensais.“Temos os funcionários parapagar, as contas da casa e osremédios que são caros”.

Qualquer pessoa que quei-ra ser um amigo do Lar, umvoluntário, fazer qualquertipo de doação, é só ir até arua do Seminário, 2. 170, Jar-dim Seminário ou ligar parao telefone: 33650590. As do-ações em dinheiro podem serfeitas na agência: 2959-9, con-ta: 2205198-8 do Banco doBrasil.

“Elas não têm culpa de nascerem com o vírus”

DIFICULDADE

Foto: Paula Vitorino

Paula Vitorino

As criançasque possuem ovírus da Aidscontraem desuas mães soropositivo peloparto normalou pela ama-mentação. Es-sas formas sãoconsideradasas de maior ris-co de contami-nação. Masmesmo as quenão tiveram ne-nhum dessescontatos sãotidas como pro-pensas ao ví-rus, tendo deser acompanha-das e recebercuidados comalimentação emedicamentospara prevençãoe negativaçãodo HIV.

No Lar,das Criançascom HIV ape-nas os meni-nos e meninasmaiores sabemque são porta-

dores do vírus e que vão to-mar remédios para a vidatoda. Alguns reagem de ma-neira tranquila, outros commais dificuldade. As famíliasdas crianças do Lar são ori-entadas e preparadas paracontar a eles sobre o vírus. “Éimportante que as crianças fi-quem sabendo pela família,porque é sempre pior vindode alguém de fora. Eles come-çam a crescer, ir para a escolae acabam se perguntando oporquê dos remédios. Se nin-guém conta, alguém de foravai acabar falando alguma coi-sa, aí é pior. Muitos não têmnem uma família construídaou os pais não querem con-tar, aí então com a psicóloga,nós conversamos com eles eexplicamos”, orienta a IrmãMadalena.

Entre as crianças do Lar,a mais nova é uma menini-nha de sete meses que che-gou ao local com apenasdois. “Já foram feitos doisexames para ver se ela ésoro-positivo, os dois deramnegativos, mas ainda falta fa-zer mais um exame quandoela tiver com um aninho emeio, se nesse o vírus nãoaparecer como positivo, amenina pode levar sua vidanormal fora do Lar. É por

isso que é importante esseacompanhamento aqui, por-que recebe os cuidados coma alimentação e os medica-mentos necessários”, contaa Irmã Madalena.

Os pequenos que fre-qüentam o local recebem cui-dados especiais, com ali-mentação balanceada. Pro-dutos industrializados nãoentram no cardápio. “As cri-anças têm de se privar demuitas coisas que gostam:bolacha recheada, chocolate,cachorro-quente, tudo quecriança gosta elas não podemcomer. Às vezes, principal-mente nas comemorações, agente acaba liberando praeles comerem alguma coisa,mas todas sabem que faz mal,depois ficam com dor debarriga e têm de tomar remé-dio. Mas na hora de comernem pensam na dor de bar-riga depois”, esclarece aIrmã.

Muitas crianças têm difi-culdades para ler, escrever,falar. O vírus ataca princi-palmente os olhos, os ouvi-dos e as pernas, explica aIrmã. “Elas precisam de fo-noaudióloga para ajudar nasdificuldades de comunica-ção e também de exercíciose fisioterapia para não com-

prometer as funçõesmotoras”, complementa.

A Irmã diz que os remé-dios que existem no Brasilsão com fórmulas para osadultos, por isso elas têm delevar os remédios para se-rem manipulados na dose

certa para as crianças. “Emgeral o governo se preocu-pa com os adultos, mas eas crianças, onde ficam?Elas são as que mais preci-sam de amparo, não têm cul-pa de terem nascido comesse vírus”, alerta a Irmã.

F é - As crianças do Lar recebem apoio psicológico e espiritual

Edição de títulos,legendas e fios:

- Leonardo Amorim

- Teresa de Barros

Foto: Paula Vitorino