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ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA The Brazilian Association for Horticultural Science IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28, 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/President Paulo César Tavares de Melo USP-ESALQ - Piracicaba Vice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes UFRPE - Recife 1º Secretário / 1 st Secretary Valéria Aparecida Modolo IAC - Campinas 2º Secretário / 2 nd Secretary Eunice Oliveira Calvete UPF-FAMV - Passo Fundo 1º Tesoureiro / 1 st Treasurer Sebastião Wilson Tivelli IAC - Campinas 2º Tesoureiro / 2 nd Treasurer João Bosco Carvalho da Silva Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190, 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9049 / 3385 9000 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores Associados / Associated Editors Alice Maria Quezado Duval Embrapa Hortaliças Antônio T. Amaral Júnior UENF - Campo dos Goytacazes Arminda Moreira de Carvalho Embrapa Cerrados Gilmar Paulo Henz Embrapa Hortaliças Marie Yamamoto Reghin UEPG - Ponta Grossa Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Paulo E. Trani IAC - Campinas Sebastião Wilson Tivelli IAC - APTA - São Roque Editores Científicos / Scientific editors Ana Cristina PP de Carvalho Embrapa Agroindústria Tropical Ana Maria Montragio Pires de Camargo IEA - São Paulo André Luiz Lourenção IAC - Campinas Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR - Curitiba Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Daniel J.Cantliffe University of Florida Derly José Henriques da Silva UFV - Viçosa Francisco Antônio Passos IAC - Campinas Francisco Bezerra Neto UFERSA - Mossoró Francisco Murilo Zerbini Junior UFV - Viçosa José Fernando Durigan UNESP - Jaboticabal José Magno Q. Luz UFU - Uberlândia José Orestes M. Carvalho Embrapa Rondônia Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Maria de Fátima A. Blank UFS - Itabaiana Maria do Carmo Vieira UFGD - Dourados Mônica Sartori de Camargo IAC - APTA - Piracicaba Paulo César T. de Melo USP-ESALQ Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge USP-ESALQ Roberval D. Vieira UNESP - Jaboticabal Rogério L. Vieites UNESP - Botucatu Ronessa B. de Souza Embrapa Hortaliças Rosana Fernandes Otto UEPG - Ponta Grossa Rovilson José de Souza UFLA - Lavras Vagner Augusto Benedito Samuel Roberts Noble Foundation - USA Valter Rodrigues Oliveira Embrapa Hortaliças Waldemar Pires de Camargo Filho IEA - São Paulo

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ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURAThe Brazilian Association for Horticultural ScienceIAC - Centro de HorticulturaC. Postal 28, 13012-970 Campinas – SPTel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374E-mail: [email protected]: www.abhorticultura.com.brPresidente/PresidentPaulo César Tavares de Melo

USP-ESALQ - PiracicabaVice-Presidente/Vice-PresidentDimas Menezes

UFRPE - Recife1º Secretário / 1st SecretaryValéria Aparecida Modolo

IAC - Campinas2º Secretário / 2nd SecretaryEunice Oliveira Calvete

UPF-FAMV - Passo Fundo1º Tesoureiro / 1st TreasurerSebastião Wilson Tivelli

IAC - Campinas2º Tesoureiro / 2nd TreasurerJoão Bosco Carvalho da Silva

Embrapa HortaliçasCOMISSÃO EDITORIAL DAHORTICULTURA BRASILEIRAEditorial CommitteeC. Postal 190, 70359-970 Brasília – DFTel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9049 / 3385 9000Fax: (0xx61) 3556 5744E-mail: [email protected] / PresidentPaulo Eduardo de Melo

Embrapa HortaliçasCoordenação Executiva e Editorial / Executive andEditorial CoordinationSieglinde Brune

Embrapa HortaliçasEditores Associados / Associated EditorsAlice Maria Quezado Duval

Embrapa HortaliçasAntônio T. Amaral Júnior

UENF - Campo dos GoytacazesArminda Moreira de Carvalho

Embrapa CerradosGilmar Paulo Henz

Embrapa HortaliçasMarie Yamamoto Reghin

UEPG - Ponta GrossaPaulo Eduardo de Melo

Embrapa HortaliçasPaulo E. Trani

IAC - CampinasSebastião Wilson Tivelli

IAC - APTA - São RoqueEditores Científicos / Scientific editorsAna Cristina PP de Carvalho

Embrapa Agroindústria Tropical

Ana Maria Montragio Pires de CamargoIEA - São Paulo

André Luiz LourençãoIAC - Campinas

Antônio Evaldo KlarUNESP - Botucatu

Arthur Bernardes Cecilio FilhoUNESP - Jaboticabal

Braulio SantosUFPR - Curitiba

Carlos Alberto LopesEmbrapa Hortaliças

Daniel J.CantliffeUniversity of Florida

Derly José Henriques da SilvaUFV - Viçosa

Francisco Antônio PassosIAC - Campinas

Francisco Bezerra NetoUFERSA - Mossoró

Francisco Murilo Zerbini JuniorUFV - Viçosa

José Fernando DuriganUNESP - Jaboticabal

José Magno Q. LuzUFU - Uberlândia

José Orestes M. CarvalhoEmbrapa Rondônia

Luiz Henrique BassoiEmbrapa Semi-Árido

Maria de Fátima A. BlankUFS - Itabaiana

Maria do Carmo VieiraUFGD - Dourados

Mônica Sartori de CamargoIAC - APTA - Piracicaba

Paulo César T. de MeloUSP-ESALQ

Renato Fernando AmabileEmbrapa Cerrados

Ricardo Alfredo KlugeUSP-ESALQ

Roberval D. VieiraUNESP - Jaboticabal

Rogério L. VieitesUNESP - Botucatu

Ronessa B. de SouzaEmbrapa Hortaliças

Rosana Fernandes OttoUEPG - Ponta Grossa

Rovilson José de SouzaUFLA - Lavras

Vagner Augusto BeneditoSamuel Roberts Noble Foundation - USA

Valter Rodrigues OliveiraEmbrapa Hortaliças

Waldemar Pires de Camargo FilhoIEA - São Paulo

418 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo AGRIS/FAO,AGROBASE, CAB, JOURNAL CITATION REPORTS, SciSearch® eTROPAG

Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hbwww.abhorticultura.com.br

Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983

Trimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1998: Semestralde 1999 a 2001: Quadrimestrala partir de 2002: TrimestralISSN 0102-0536

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira deHorticultura.

CDD 635.05

Editoração e arte/CompositionLuciano Mancuso da Cunha

Revisão de inglês/English revisionPatrick Kevin Redmond

Revisão de espanhol/Spanish revisionMarcio de Lima e Moura

Tiragem/printing copies1.000 exemplares

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

SUMÁRIO/CONTENT* Artigos em inglês com resumo em português

Articles in English with an abstract in Portuguese

CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER5; 137; 305; 426

ARTIGO CONVIDADO / INVITED ARTICLE

*Produção e marketing de hortaliças para os mercados étnicos nos Estados Unidos*Production and marketing of vegetables for the ethnic markets in the United StatesFX Mangan; RU Mendonça; M Moreira; SV Nunes; FL Finger; ZJ Barros; H Galvão; GC Almeida; RAN Silva; MD Anderson 6

Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão históricaThe Portuguese contribution to the production and consumption of vegetables in Brazil: an historical reviewNR Madeira; FJB Reifschneider; LB Giordano 428

CARTA AO EDITOR / LETTER TO EDITOR

IHC 2010: Lisboa vai ter um grande congresso de horticulturaA Monteiro; VG Saúco 306

PESQUISA / RESEARCH

Adubação orgânica, manejo de irrigação e fertilização na produção de melão amareloOrganic fertilization, irrigation management and chemical fertilization on yellow melon productionJO Souza; JF Medeiros; MCC Silva; AHB Almeida 15

Germinação e vigor de sementes de urucuAnnatto seeds germination at different maturation stadiaJC Lopes; RV Lima; CMP Macedo 19

Produção e composição química da macela em função da época de colheitaProduction and chemical composition of macela as a result of the harvesting datesAME Bezerra; S Medeiros Filho; LDM Oliveira; ER Silveira 26

*Biologia reprodutiva de cultivares monóicas e ginóicas de pepino em função do uso de AIB*Reproductive biology in monoecious and gynoecious cucumber cultivars as a result of IBA applicationV Diola; AI Orth; MP Guerra 30

*Índice de heterogeneidade da produção de abobrinha italiana em ambiente protegido e planejamento experimental*Heterogeneity index of zucchini yield on a protected environment and experimental planningS Feijó; L Storck; ADC Lúcio; SJ Lopes; DC Garcia; RH Carpes 35

Desenvolvimento da espinheira-santa sob diferentes intensidades luminosas e níveis de podaDevelopment of holy-thorn under different light intensities and pruning levelsJRP Souza; JN Rocha; H Morais; PH Caramori; LAPS Johansson; LV Miranda 40

Micropropagação do abacaxizeiro ornamentalProtocol for in vitro micropropagation of ornamental pineappleM Pasqual; FC Santos; MA Figueiredo; KP Junqueira; JC Rezende; EA Ferreira 45

Crescimento e acúmulo de macronutrientes em chicória coberta e não coberta com polipropilenoGrowth and accumulation of macronutrients on chicory, covered or not with polypropyleneAL Feltrim; AB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa 50

Processamento mínimo do melão Cantaloupe com uso de doses de cloreto de cálcio e quelato aminocálcicoFresh-cut of Cantaloupe melon using doses of calcium chloride and calcium amino acid chelateFLC Machado; RE Alves; EO Silva 56

Solução nutritiva para produção de menta em hidroponiaNutrient solution for mint production in hydroponic solutionD Paulus; SLP Medeiros; OS Santos; E Paulus 61

Macronutrientes em cultivares de gérbera sob dois níveis de fertirrigaçãoMacronutrients in gerbera cultivars under two fertigation levelsF Ludwig; DM Fernandes; PRD Mota; RL Villas Bôas 68

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricasLeaf area and aboveground biomass estimates in peach palm using allometric relationshipsA Ramos; MLA Bovi; MV Folegatti; AV Diotto 138Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento aceleradoPhysiological potential of Brassica seeds with emphasis to the accelerated aging testCJ Costa; MB Trzeciak; FA Villela 144Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produçãoPerformance of organically grown taro in relation to poultry litter dosesFL Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; EE Silva; VV Silva; JAA Espindola 149*Fenologia e rendimento do inhame em função do período de repouso fisiológico dos rizomas-semente*Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomesAP Oliveira; MF Moura; EU Alves; AU Alves; ANP Oliveira; FAP Leonardo; IS Cruz 154Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocasInteraction between lettuce and tomato plants, in intercropping cultivation, established at different times, under protected cultivationAB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa; AL Feltrim; GS Silva; LC Grangeiro 158Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campoHydropriming seed treatment and plant field performanceJ Marcos Filho; ALP Kikuti 165Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmesPostharvest conservation of bell pepper fruits under different storage conditions and filmsCMA Morgado; JF Durigan; J Sanches; VC Galati; FO Ogassavara 170Efeito da adubação foliar com KNO

3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro

Effect of foliar KNO3 fertilization in the acclimatization of bromeliads grown in vitro

AR Tavares; P Giampaoli; S Kanashiro; FFA Aguiar; EP Chu 175Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-pragaInfluence of the training systems of tomato plants on the incidence of diseases and insect-pestsAF Wamser; WF Becker; JP Santos; S Mueller 180Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizanteQuality of lettuce seedlings depending on substrates with and without biofertilizer additionDC Medeiros; KCS Freitas; FS Veras; RSB Anjos; RD Borges; JG Cavalcante Neto; GHS Nunes; HA Ferreira 186Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em ambiente protegidoNitrogen and potassium fertilization of Aster ericoides cultivated in greenhouseMS Camargo; SC Mello; QAC Carmello 190*Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas*Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback mothD Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva 194Desempenho de cultivares de melão rendilhado em função do sistema de cultivoPerformance of net melon cultivars depending on the cultivation systemPF Vargas; R Castoldi; HCO Charlo; LT Braz 197Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratosCopper availability determination in substratesAL Padua Junior; CA Abreu; PR Furlani; MF Abreu 202Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por plantaYield and quality of muskmelon fruits varying fruit and leaf numbers per plantRCF Queiroga; M Puiatti; PCR Fontes; PR Cecon 209Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânicoEvaluation of mulches on organically grown lettuceFF Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; JAA Espindola; MSF Ricci; MB Ceddia 216

*Resistência de genótipos de batata (Solanum spp.) a Bemisia tabaci biótipo B*Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype BMS Silva; AL Lourenção; JAC Souza-Dias; HS Miranda Filho; VJ Ramos; EA Schammass 221

*Produção e acúmulo de nitrato em alface em função do fornecimento de nitrogênio e da adubação orgânica*Nitrate production and accumulation in lettuce as affected by mineral nitrogen supply and organic fertilizationML Pôrto; JC Alves; AP Souza; RC Araújo; JA Arruda 227

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Identificação dos citoplasmas “S”, “T” e “N” via PCR em populações de cebola no Vale do São FranciscoIdentification of “S”, “T” and “N” cytoplasm via PCR in onion populations in the Sao Francisco river Valley, BrazilCAF Santos; DL Leite; ND Costa; VR Oliveira; ICN Santos; MA Rodrigues 308

Produtividade da biomassa de melissa em função de intervalo de cortes e doses de nitrogênioBiomass production of Lemon balm as a function of cutting interval and nitrogen levelsA May; OA Bovi; LV Sacconi; AG Samra; MQ Pinheiro 312

Viabilidade produtiva e econômica do consórcio entre chicória e rúcula em função da época de plantioYield and economic feasibility of the endive and rocket intercropping, in function of the planting timeAB Cecílio Filho; CC Costa; BLA Rezende; R van Leeuwen 316

*Resíduos de deltametrina, aplicada em diferentes formulações em pepino tutorado e ação do inseticida no controle da broca-das-cucurbitáceas*Deltamethrin residues applied at different formulations in staked cucumber and the actions of insecticides on pickleworm controlGC Baptista; LRP Trevizan; AA Franco; RA Silva 321

Seleção para caracteres componentes de aparência e rendimento de tubérculo em plântulas de batataSelection for components of tuber appearance and yield in potato seedlingsGO Silva; AS Pereira; VQ Souza; FIF Carvalho; R Fritsche Neto 325

Produtividade e pseudoperfilhamento do alho influenciados pelo nitrogênio, potássio e cobertura mortaYield and lateral shoot growing of garlic influenced by nitrogen, potassium and mulchingPE Trani; MS Camargo; DE Foltran; R Hiroce; FB Arruda; HE Sawazaki 330

Variância e média da massa de frutos de abobrinha-italiana em múltiplas colheitasVariance and means of zucchini fruit mass in multiple harvestA Dal’Col Lúcio; RH Carpes; L Storck; SJ Lopes; LH Lorentz; AL Paludo 335

Crescimento de frutos do meloeiro sob diferentes relações fonte:drenoFruit growth of melon plants submitted to different source:sink ratiosTS Duarte; RMN Peil; EM Montezano 342

Efeito da carga de frutos e concentrações salinas no crescimento do meloeiro cultivado em substratoEffect of fruit load and saline concentrations on the growth of melon cultivated under protected environmentTS Duarte; RMN Peil; S Bacchis; AS Strassburguer 348

Variabilidade genética para características agronômicas em progênies de alface tolerantes ao calorGenetic variability for agronomic characteristics in lettuce progenies with heat toleranceMCM Souza; LV Resende; DMenezes; V Loges; TA Souto; VF Santos 354

Produção de mudas de alface em substrato alternativo com adubaçãoProduction of lettuce seedlings using alternative substrates and fertilizerLAA Gomes; AC Rodrigues; LS Collier; SS Feitosa 359

Divergência genética em tomate estimada por marcadores RAPD em comparação com descritores multicategóricosGenetic divergence among tomato accessions using RAPD markers and its comparison with multicategoric descriptorsLSA Gonçalves; R Rodrigues; CP Sudré; CS Bento; MM Moulin; ML Araújo; RF Daher; TNS Pereira; MG Pereira 364

*Análise sensorial e caracterização química de frutos de morango*Sensory analysis and chemical characterization of strawberry fruitsJTV Resende; LKP Camargo; EJS Argandoña; A Marchese; CK Camargo 371

Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliçasEnergetic balance and sustainability analysis in the organic production of vegetable cropsJL Souza; VWD Casali; RHS Santos; PR Cecon 433

Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo HorizonteProfile of minimally processed vegetable consumers in Belo Horizonte, BrazilR Perez; AM Ramos; ML Binoti; PHM Sousa; GM Machado; IB Cruz 441

*Desempenho do melão rendilhado em função da profundidade de gotejo e utilização de mulching*Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulchingROC Monteiro; RD Coelho; PCT Melo; P Ferraz; SWP Chaves; FH Shirahige; E Beltrame Neto; SMS Piedade 447

Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salinaGrowth and N, P and K accumulation by melon irrigated with saline waterJF Medeiros; SR Duarte; PD Fernandes; NS Dias; H Raj Gheyi 452

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processadoEffect of chemical treatments on respiratory process and physical parameters of melon minimally processedACA Miguel; GF Begiato; JRP Stein Dias; S Albertini; MHF Spoto 458

Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificadaPostharvest conservation of charentais melons treated with 1-MCP and stored under refrigeration and modified atmospherePA Souza; FL Finger; RE Alves; M Puiatti; PR Cecon; JB Menezes 464

Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétricoNon-destructive quantification of chlorophylls in leaves by means of a colorimetric methodCVT Amarante; DA Bisognin; CA Steffens; OZ Zanardi; EO Alves 471

Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São FranciscoEvaluation of onion cultivars under organic cultivation in two soil types in the São Francisco Valley, BrazilND Costa; JF Araújo; CAF Santos; GM Resende; MAC Lima 476

Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrenteGenotypic and phenotypic parameters for economically important traits of carrotGO Silva; JV Vieira 481

Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negraCharacterization of strains of Xanthomonas campestris pv campestris from organic farming systems and reaction of brassicas to black rotLA Santos; DA Bandeira; JP Silva; EB da Silveira; AMA Gomes; RLR Mariano 486

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMMUNICATIONInterferência do excesso de água no solo e componentes de produção em beterrabaEffect of excess of water on sugarbeet yield componentsRNT Costa; JP Vasconcelos; LA Silva; RLL Ness 74

Qualidade fisiológica de sementes de cebola em função do estádio de maturação das umbelasOnion physiological seed quality in response to umbel maturationWM Nascimento; RA Freitas 78

Estimativa da área da folha da batateira utilizando medidas linearesEvaluation of the potato plant leaf area using linear measuresMCC Silva; PCR Fontes; RG Viana 83

Adaptabilidade e estabilidade fenotípica de cultivares de cenouraAdaptability and phenotypic stability of carrot cultivarsCD Oliveira; LT Braz; DA Banzatto 88

Composição da matriz de encapsulamento na formação e conversão de sementes sintéticas de pimenta-longaComposition of the encapsulation matrix on the formation and conversion of synthetic seeds of long pepperJES Pereira; RS Guedes; FHS Costa; GCB Schmitz 93

Avaliação de genótipos de cebola no Semi-Árido NordestinoYield of onion genotypes in the semi arid region of Northeastern BrazilJO Souza; LC Grangeiro; GM Santos; ND Costa; CAF Santos; GHS Nunes 97

Nutrição mineral do mangarito num Latossolo Vermelho AmareloMineral nutrition of Xanthosoma mafaffa under cerrado soilCA Costa; SJ Ramos; DS Alves; LA Fernandes; RA Sampaio; ER Martins 102

Interferência de plantas daninhas no cultivo da melanciaWeeds interference periods in watermelon cropCDG Maciel; JP Poletine; ED Velini; DRS Belisário; FM Martins; LS Alves 107

*Effect of extrusion-cooking in total carotenoids content in cream and orange flesh sweet potato cultivars*Effect of extrusion-cooking in total carotenoids content in cream and orange flesh sweet potato cultivarsMJO Fonseca; AG Soares; M Freire Junior; DL Almeida; JLR Ascheri 112

Produção de mini-tubérculos de batata-semente em função de doses de nitrogênio aplicados ao substratoMinituber potato seeds yield as a result of nitrogen rates applied in the substratePCR Fontes; JD Sampaio Júnior; MA Moreira; MA Guimarães; M Puiatti; ERG Lani 116

Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheitaTomato quality in different postharvest phasesMD Ferreira; ATO Franco; ACO Ferraz; GGT Carmargo; M Tavares 231

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Volume 26 número 3julho-setembro 2008

Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantioFruit yield and quality of Piel de Sapo melon in two planting densitiesGHS Nunes; EWL Pereira; R Sales Júnior; F Bezerra Neto; KC Oliveira; LX Mesquita 236Indução de resistência à mosca minadora em crisântemo usando composto silicatadoSilicate compost used as resistance inductor against the leafminer on chrysanthemumRA Polanczyk; D Pratissoli; HS Paye; VA Pereira; FLS Barros; RGS Oliveira; RR Passos; S Martins Filho 240

Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em RondôniaUse of medicinal plants by the population of Ariquemes, in Rondônia State, BrazilMRA Santos; MR Lima; MGR Ferreira 244

*Produção do feijão-fava e retorno econômico em função da adubação organomineral*Lima beans production and economic revenue as function of organic and mineral fertilizationAU Alves; AP Oliveira; AU Alves; CSM Dornelas; EU Alves; EA Cardoso; ANP Oliveira; IS Cruz 251

*Estabelecimento de segmentos nodais de alecrim-pimenta in vitro*In vitro establishment of pepper-rosmarin nodal segmentsAF Blank; AS Costa; MF Arrigoni-Blank; AB Mendonça; AS Ledo 255

*Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas*Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback mothD Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva 259

Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico-sistema NFTEffects of the concentration of nutrient solution on lettuce growth in hydroponics-NFT systemNN Cometti; GCS Matias; E Zonta; W Mary; MS Fernandes 262

Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidasRust control in the garlic culture with a new mixture of fungicidesMDalla Pria; J Zagonel, EC Fernandes 268Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melãoSoil cationic ratios and its correlation with melon fruit qualityNO Miranda; JF Medeiros; SLA Levien 271

Análise de crescimento de fáfia em função do tipo de propagaçãoGrowth analysis of fafia in relation to the propagation method usedA May; OA Bovi; NB Maia; ARA Moraes; MQ Pinheiro 375

Influência do intervalo entre cortes sobre a produção de biomassa de duas espécies de capim limãoInfluence of the interval between cuts on biomass yield of two lemon grass speciesA May; OA Bovi; NB Maia; ARA Moraes; MQ Pinheiro; M Mario 379

Características fotossintéticas de batata cv. Baronesa e seu genótipo transformado geneticamente para resistência ao PVYPhotosynthetic characteristics of potato plants, cv. Baronesa and its genetically transformed genotype for PVY resistanceMA Bacarin; DD Schmitz; AR Falqueto; D Cassol; AC Torres; JA Peters; EJB Braga 383

Produtividade e qualidade pós-colheita de cebola adubada com doses crescentes de nitrogênio e potássioYield and post-harvest quality of onion fertilized with increasing levels of nitrogen and potassiumGM Resende; ND Costa; JM Pinto 388

Sazonalidade na produção de raízes e teor de β-ecdisona em acessos de fáfiaSeasonal variation in root production and β-ecdisone content in pfaffia accessionsC Corrêa Júnior; LC Ming; DAG Cortez 393

Reação de cultivares de alface a Thielaviopsis basicolaLettuce reaction to black root rot caused by Thielaviospsis basicolaFC Sala; CP Costa; LD Teixeira; EG Fabri; SF Blat 398

*Reação de genótipos de melão a Rhizoctonia solani*Reaction of melon genotypes to Rhizoctonia solaniSJ Michereff; DEGT Andrade; R Sales Júnior 401

Jussara palm seed germination under different shade levelsGerminação de sementes de palmiteiro jussara sob diferentes níveis de sombreamentoAR Tavares; DP Ramos; FFA Aguiar; S Kanashiro 492

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Volume 26 número 3julho-setembro 2008

Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cerejaInheritance of fruit shape in cherry tomato groupGM Maciel; EC Silva 495

Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e pó de rochaTomato seedlings production using substrates with coconut fiber and rock wasteRA Sampaio; SJ Ramos; DO Guilherme; CA Costa; LA Fernandes 499

Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliçasMini Irrigas® sensor in determining the curve of water retention in substrates for vegetablesRS Liz; AG Calbo; OA Carrijo; CAS Oliveira 504

Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americanaInfluence of planting times and zinc doses on crisphead lettuceGM Resende; JE Yuri; RJ Souza 510

Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegidoNutrients exportation and quality of rose cultivars in field and in a protected environmentRL Villas Bôas; LJG Godoy; C Backes; CP Lima; DM Fernandes 515

*Atividade respiratória e metabolismo dos pigmentos de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico*Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acidRA Kluge; MCD Vitti; FF Sasaki; AP Jacomino; CL Moretti 520

PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGECaracterização do modelo de cultivo protegido em Manaus com ênfase na produção de pimentãoCharacterization of the protected cultivation model in Manaus with emphasis on sweet pepper productionAS Gama; HN Lima; MTG Lopes; WG Teixeira 121

Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânicaPlanting density of carrot cultivars for industrialization under organic and chemical fertilizationJMQ Luz; IP Calábria; JV Vieira; B Melo; DG Santana; MAD Silva 276

Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegidoIdentification and quantification of tomato yield loss components in unheated greenhouseRA Loos; DJH Silva; PCR Fontes; MC Picanço 281

*Produção e renda bruta de mandioquinha-salsa em cultivo solteiro e consorciado com cebolinha e salsa*Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping with the Japanese bunching onion and parsleyNAH Zárate; MC Vieira; J Rech; A Quast; BCA Pontim; RP Gassi 287

Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omisão de nutrientesEffect of macronutrient omission on growth and nutritional status on table beetAU Alves; RM Prado; ARO Gondim; IM Fonseca; AB Cecílio Filho 292

Comportamento agronômico e qualidade culinária de feijão-caupi no Vale do São FranciscoAgronomic and cooking quality of cowpea evaluated in the São Francisco valley, BrazilCAF Santos; GAA Barros; ICCN Santos; MGS Ferraz 404

Desempenho de cultivares de alface na região de ManausPerformance of lettuce cultivars in Manaus regionIN Rodrigues; MTG Lopes; R Lopes; AS Gama; CP Milagres 524

Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade de roseiras cultivadas em vasoPlanting density and number of drains influencing the productivity of rose plants cultivated in potsTVA Viana; AM Alves; VF Sousa; BM Azevedo; RA Furlan 528

Rendimento do maxixeiro adubado com doses de nitrogênioYield of the gherkin plant fertilized with nitrogen dosesAP Oliveira; ANP Oliveira; AU Alves; EU Alves; DF Silva; RR Santos; FAP Leonardo 533

Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RNYield and morphology of cowpea accessions in Mossoró, Rio Grande do Norte State, BrazilSB Torres; FN Oliveira; RC Oliveira; JB Fernandes 537

Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto”Efficiency of Cucurbita maxima accessions as pollinators in the commercial production of pumpkin (‘Tetsukabuto’ type)WM Nascimento; KG Coimbra; RA Freitas; LS Boiteux 540

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

NOVA CULTIVAR / NEW CULTIVAR

‘GLORIOSA’: Cultivar de alface americana tropicalizada‘GLORIOSA’: Crisphead tropicalized cultivarFernando C. Sala; Cyro P. da Costa 409

ÍNDICE ANALITICO / ANALYTICAL INDEX543

AGRADECIMENTOS AOS REVISORES / THANKS TO REVIEWERS546

INDICE DOS AUTORES / INDEX OF AUTHORS548

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS126; 296; 411; 551

ESPECIAL / SPECIAL

Não mais faltarão hortaliças, e uma boa prosa, aos anjos do céu!PE Melo 131

426 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

carta do editor

Prezados,Com esse número, encerramos mais um volume de Horticultura Brasileira, homenageando desta vez a contribuição lusi-

tana à nossa mesa.

Gostaria de rapidamente rememorar alguns avanços importantes que tivemos em 2008:

1. Ampliamos e renovamos a Comissão Editorial, já pensando em nos habilitar para a submissão eletrônica de artigos apartir de 2009. Aqui cabe o nosso agradecimento aos editores que nos deixaram, pelo trabalho realizado, e aos editores quepermanecem e que recém-chegaram, por sua vontade de colaborar;

2. Conseguimos a nossa indexação internacional plena, que, além de ser um grande reconhecimento da excelência darevista, permitirá elevar a classificação da Horticultura Brasileira no sistema Qualis. Esta é uma conquista de todos, desde osautores, que nos tem brindado com seus melhores artigos, ao incansável trabalho dos assessores ad hoc e editores, de hoje e deoutrora, que com sua dedicação ao longo de 26 anos, permitiram que a revista alcançasse essa posição de destaque. A indexaçãointernacional coroa de êxito a opção inequívoca de Horticultura Brasileira pela qualidade e rigor científico. Infelizmente, paraatingir esse objetivo, algum desconforto é sempre gerado, seja pela rejeição de alguns artigos, seja pelo tempo adicional àsvezes necessário para completar a revisão de outros;

3. Aumentamos o número de trabalhos publicados em inglês. Aqui cabe o nosso agradecimento aos autores que permitiramà Horticultura Brasileira avançar neste quesito. Porém, precisamos aumentar ainda mais esse número, em especial se almeja-mos um fator de impacto condizente com a qualidade dos trabalhos que publicamos. E, de novo, alertamos a todos os autores:mesmo que seu trabalho tenha tramitado em outro idioma, é possível publicá-lo em inglês. Consulte o subitem “Idioma dePublicação”, ao final das Normas para Preparação e Submissão de Trabalhos.

Nossos desafios para 2009 são, além de publicar os quatro números de Horticultura Brasileira (em si, já um grandedesafio!), inaugurar o sistema de submissão eletrônica e reduzir o tempo médio de tramitação dos trabalhos. Contamos com aajuda de todos para atingir tais metas!

Até o próximo número, até 2009,

Comissão Editorial

427

Editor's Letter

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Dearest,

This issue closes another volume of Horticultura Brasileira. This turn, we took the opportunity to recognize the Lusitaniancontribution to our daily meals.

I would like to briefly recall some important steps ahead we made in 2008:

1. We broadened and renewed the Editorial Board, with an eye at becoming able to trigger the electronic submissionsystem. Here, we thank the editors who left, for the competent work they have done, and also who remains or is just arriving,for their will to contribute;

2. We achieved full international indexing, which in addition to be an important recognition of Horticultura Brasileiraexcellence, will allow us to ascend in the Qualis system. This is a collective triumph, from authors who have been sending ustheir best papers; to the tireless work of today and yesterday ad hoc reviewers and editors, whose dedication along 26 yearsmade it possible to Horticultura Brasileira to reach this outstanding position. International indexing crowns with merit ourunequivocal option for quality and scientific rigor. Unluckily, to reach this target we unavoidably cause some distress in theway, either when rejecting a paper or when additional time is here and there needed to complete the reviewing process;

3. We raised the number of papers published in English. Here we thank the authors who allowed us to advance in thisrespect. Nevertheless, we need to go much further if we long for an impact factor consonant with the quality of the papers wepublish. We would like to remind authors, once again, that even when a paper is submitted and reviewed in another idiom, itis possible to have it published in English. For further information on that, please refer to “The Publishing Idiom”, in the endof the Guidelines for Preparation and Submission of Papers.

Our challenges for 2009 are, in addition to publish the four issues of Horticultura Brasileira (quite a challenge in itself!),to launch the electronic submission system and to shorten the average time of the reviewing process. We count on everybodyto reach these goals!

See you in the next issue, see you in 2009

The Editorial Board

428

artigo convidado / Invited Article

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

O Brasil foi achado, segundo termoempregado pelo jornalista e histo-

riador Bueno (2000), pelos portuguesesa 22 de abril de 1500, referindo-se aodescobrimento do Brasil como uma

MADEIRA NR; REIFSCHNEIDER FJB; GIORDANO LB. 2008. Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisãohistórica. Horticultura Brasileira 26: 428-432.

Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Bra-sil: uma revisão histórica“Este Brasil é já outro Portugal, e não falando no clima que é muito mais temperado e sadio, sem calmas grandes, nem frios, e donde os homens vivem muitoem poucas doenças, como de cólica, fígado, cabeça, peitos, sarna, nem outras enfermidades de Portugal; nem falando do mar que tem muito pescado, e sadio;nem das cousas da terra que Deus cá deu a esta nação...” Fernão Cardim, 1625.

Nuno R Madeira1; Francisco JB Reifschneider1; Leonardo de B Giordano²1Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; ² Pesquisador aposentado, Embrapa Hortaliças; [email protected]

mera formalização da posse de territó-rios já anteriormente visitados por ou-tros navegadores que, entretanto, nãoestavam autorizados a reivindicar a pos-se destes territórios em nome de suas

respectivas coroas. E todos os bons emaus hábitos portugueses, como ressaltaAntonil1 foram transportados da matrizpara sua nova colônia (André JoãoAntonil, 1711). A partir de 1500, os co-

RESUMOApós a descoberta do Brasil em 1500 e o início da colonização

sistemática em 1530, os portugueses foram paulatinamente se esta-belecendo ao longo do litoral brasileiro. Ocorreu então, promovidopelos colonos, navegadores e jesuítas portugueses um amplo pro-cesso de troca de plantas, dentre elas as hortaliças, entre Portugal,Brasil e as outras possessões portuguesas na África e na Ásia. Alémde diversificar a alimentação, estas introduções serviram de mate-rial básico para o melhoramento genético, muitas vezes realizado deforma empírica, na adaptação destas espécies às condiçõesedafoclimáticas brasileiras. A partir do século XVIII, intensificou-se a imigração portuguesa para o Brasil em função da descoberta deouro nas Minas Gerais, verificando-se também um forte surto urba-no. Também, em meados do século XVIII, ocorreu a imigração sis-tematizada de açorianos para o Sul do Brasil. Com eles, muitas vari-edades de hortaliças, especialmente de cebola e cenoura. Em cebo-la, a maioria das variedades brasileiras são originárias deste mate-rial. A partir de seleção dentro da cultivar portuguesa Garrafal, ori-ginou-se a cultivar de cebola Baia-Periforme, cultivar mais plantadano Sudeste até o advento dos híbridos. Também as cebolas do tipoCrioula, até hoje as mais plantadas no Sul do Brasil, são origináriasde material vindo dos Açores. Em cenoura, o chamado germoplasmatropical, também seleção de materiais trazidos pelos açorianos, foibase para o melhoramento genético de cenoura tropical, culminan-do com o lançamento da cultivar Brasília em 1981 até hoje o mate-rial mais plantado no verão. Os portugueses deixaram profundasheranças para a cultura brasileira, determinando alguns de nossoshábitos, entre eles os alimentares. No ano em que se completam 200anos da vinda da família real portuguesa ao Brasil, aproveitamos aoportunidade para falar sobre as contribuições lusas na introdução,na produção e no consumo de hortaliças no Brasil.

Palavras-chave: Imigração, introdução de variedades, intercâmbiode germoplasma.

ABSTRACTThe Portuguese contribution to the production and

consumption of vegetables in Brazil: an historical review

After the discovery of Brazil in 1500 and the beginning of itssystematic colonization in 1530, the Portuguese have gradually settledalong the Brazilian coast. An extensive exchange of plants, includingvegetables, took place among Portugal, Brazil and other possessionsin Africa and Asia by the Portuguese colonizers, sailors and Jesuits.In addition to diversifying the food, these introductions served asbasic materials for breeding, often carried out empirically, searchingthe adaptation of these species to Brazilian soils and climate. Afterthe eighteenth century, with the discovery of gold in Minas Gerais,Portuguese immigration to Brazil was intensified, with a strong urbandevelopment. Also, in the middle of the eighteenth century, therewas a strong and systematized immigration from Açores to the Southof Brazil. With it, many varieties of vegetables, specially onion andcarrot, were brought to Brazil. Most of the Brazilian varietiesoriginated from this material. Cultivar Baia-Periforme, thepredominant onion variety in the Brazilian Southeast until the adventof hybrids, originated from selection within the portuguese cultivarGarrafal. The Creole onions, still today the most planted in SouthernBrazil, were originated from germplasm brought by the Azoreans.In carrots, the so-called tropical germplasm, formed by selection ofmaterials brought by the Azoreans, was the basis for the geneticimprovement of tropical carrot, culminating with the release ofcultivar Brasilia, in 1981, the most planted cultivar in summer. ThePortuguese have left a profound legacy for Brazilian culture, presentin some of our habits, including food habits. In the year we arecompleting 200 years of the arrival of the Portuguese royal familyto Brazil, it is our opportunity to mention the Portuguese contributionsto the production and consumption of vegetables in Brazil.

Keywords: Immigration, introduction of varieties, germplasmexchange.

(Recebido para publicação em 15 de agosto de 2008; aceito em 31 de outubro de 2008)(Received in August 15, 2008; accepted in October 31, 2008)

1 “Se os senhores de engenhos, e os lavradores do assucar e do tabaco, são os que mais promovem hum lucro tão estimável, parece que merecem mais que os outros serpreferidos no favor, e achar, em todos os tribunaes, aquella prompta expedição que atalha as dilações dos requerimentos, e o enfado, e os gastos de prolongadas demandas”

429Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

lonos passaram a se estabelecer na novapossessão. De início, aqui foram deixa-dos degredados, isto é, pessoas indese-jáveis em Portugal como ladrões e trai-dores que tinham como pena o degredono Brasil. Os primeiros colonos foramabandonados à própria sorte e acabaramsendo respeitados, temidos e acolhidosou eliminados e até mesmo comidospelos grupos indígenas que viviam nolitoral.

Nas primeiras décadas do séculoXVI, a imigração portuguesa para oBrasil foi pouco significativa, pois aCoroa Portuguesa adotou por estratégiainvestir na expansão comercial nos con-tinentes asiático e africano, deixandosuas possessões nas Américas para ummomento posterior. Era gigantesco odesafio para a pequena população por-tuguesa pela enormidade do territóriosob seu controle, praticamente todo olitoral africano e grandes porções naÁsia, em especial na Índia e nas Molucas(parte da atual Indonésia). Entretanto,alguns anos após o descobrimento, pi-ratas franceses e de outras nacionalida-des começaram a rondar o território bra-sileiro, traficando principalmente pau-brasil em terras sob domínio luso, o queobrigou a Coroa Portuguesa a começarefetivamente a colonização do Brasil. Acoroa então dividiu a colônia em capi-tanias hereditárias em 1530 e repassousesmarias a colonos que tinham um pra-zo para desenvolvê-las.

Assim, segundo Bueno (2006), averdadeira colonização do Brasil me-diante a imigração sistemática, teve seuinício em 1530 após a famosa expedi-ção de Martin Affonso de Souza e a fun-dação da primeira vila brasileira, SãoVicente, na Baixada Santista. Mais queuma simples Feitoria, a Vila de SãoVicente desenvolveu-se, tornando-sesede de próspera capitania. A partir deentão, numerosos portugueses forampaulatinamente se estabelecendo ao lon-go do litoral brasileiro, desde a foz doAmazonas até o estuário do Rio da Pra-ta. Eram atraídos pela exuberância desua natureza e prodigiosidade de seusolo adequado ao cultivo agrícola e aopastoreio e, posteriormente, pelos tesou-ros em seu subsolo. A isso se aliava arelativa facilidade de obtenção do bra-ço indígena trabalhador, pois osbrasilíndios litorâneos eram pouco hos-tis aos primeiros desbravadores.

Vieram nesse período portuguesesde todos os tipos: ricos fazendeiros,aventureiros, mulheres órfãs, degreda-dos, empresários falidos e membros doclero. O foco da imigração foi o Nor-deste brasileiro onde as plantações decana-de-açúcar estavam em pleno de-senvolvimento. Esta imigração ficoumarcada pela masculinidade da popu-lação, em função da imagem do Brasilcomo uma terra selvagem e perigosa,difícil para as mulheres portuguesas,havendo inclusive o envio pela Coroade mulheres órfãs para suprir a falta demulheres portuguesas. Ainda assim, asmulheres indígenas e africanas, oriun-das do florescente e terrível tráfico deescravos, acabaram por substituir a fal-ta de portuguesas, acarretando amplamiscigenação (GNU FDL, 2008). Issoinfluenciou nossa cultura e,consequentemente, nossos hábitos ali-mentares, caracterizados pela mescla desabores entre a grande diversidade deespécies exóticas introduzidas peloscolonizadores e de espécies nativas, efe-tivamente já utilizadas pela populaçãoindígena que habitava o Brasil.

Em 1711, o famoso livro-marco dahistória do desenvolvimento brasileiro,o Cultura e Opulência do Brazil porsuas Drogas e Minas escrito por Antonil,registrava com detalhes a produção decana-de-açúcar e fumo e ressaltava avastidão da pecuária em todo o territó-rio. Dava uma idéia detalhada dos pro-cessos sociais da agricultura e particu-larmente das relações entre o senhor doengenho e todos os outros que com eleinteragiam e destacava a preponderân-cia da agricultura sobre as minas. Éinteressantemente mudo com relação àshortaliças, já amplamente cultivadas nopaís. Possivelmente, a decisão estraté-gica de Portugal de reservar ao Brasil aposição de grande produtor de açúcar efumo e concentrar as especiarias (entreelas olerícolas como o gengibre) no Ori-ente, apesar de ter inicialmente feito asintroduções destas no Brasil, em Ango-la e em São Tomé já no início do séculoXVI. E Dom Manuel mandou-as des-truir e proibiu o seu cultivo. É sabido,todavia, que a força das ordens reaisperdia-se sempre na distância...

Após a restauração, nome dado àreconquista da independência de Portu-gal em 1640, isto é, o regresso à sua in-dependência plena em relação à Castela,em que por questões de herança as co-

roas de Portugal e Castela couberam si-multaneamente a Felipe II, III e IV deCastela em um regime de monarquiadualista que durou 60 anos, dá-se o re-conhecimento de que Portugal perderao comércio das especiarias orientais,levando o Rei de Portugal, D. Pedro II,a tentar estabelecer um novo pólo deespeciarias no Brasil. Desde 1677, pelomenos, foram enviadas várias remessasde plantas vivas e sementes pelos bar-cos que aportavam no Brasil a caminhode Lisboa para as deixarem em várioslocais do próprio Brasil e nas colôniasda África (Ferrão, 1993).

A introdução de hortaliçasA colonização do Brasil pelos por-

tugueses provocou, sem dúvida, um dosmais amplos processos de troca de plan-tas entre a Europa, as novas terras des-cobertas e as outras possessões na Áfri-ca e na Ásia. Do reino e das ilhas, oscolonos e os navegadores portuguesestrouxeram, além da cana-de-açúcar e davideira, outras fruteiras (limoeiros, la-ranjeiras, cidreiras, figueiras, romãzei-ras) e as hortaliças (alfaces, couves, re-polhos, nabos, cenouras, pepinos, espi-nafres, cebolas, alhos, mostardas, toma-tes, gengibres, inhames). Os Padres daCompanhia de Jesus, que chegaram aoBrasil a partir de 1549, possivelmenteforam ativos também na introdução dehortaliças no Brasil. As contribuiçõesdos Jesuítas na introdução de algumasespécies, como a canela, é bem conhe-cida e documentada (Ferrão, 1993). Aos21 de julho de 1773, o Papa ClementeXIV assinou o Breve “Dominus adRedemptor” que suprimiu a Companhiade Jesus. É incalculável a contribuiçãodos jesuítas com relação à difusão docultivo e do consumo de hortaliças du-rante os mais de duzentos anos de suapermanência no Brasil.

Os legumes europeus foram intro-duzidos desde os primeiros anos de co-lonização. O padre jesuíta FernãoCardim, que chegou ao Brasil em 1583,relata: “Melões não faltam em muitascapitanias, e são bons e finos; muitasabóboras que fazem conserva, muitasalfaces, de que também a fazem couves,pepinos, rabões, nabos, mostarda, hor-telã, coentros, endros, funchos, ervilhas,gergelim, cebolas, alhos, borragens, eoutros legumes que do Reino se trouxe-ram, que se dão bem na terra.” (FernãoCardim; Ana Maria de Azevedo [ed lit],

Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica

430 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

1997). Os textos do padre FernãoCardim foram escritos entre 1583 e 1601e mantiveram-se inéditos durante sécu-los, só vindo a ser parcialmente divul-gados em língua portuguesa em 1847.Na relação das hortaliças apresentadaspelo padre Cardim nota-se a ausênciado tomateiro que, entretanto, encontra-se presente na relação das hortaliçascultivadas no Brasil em trabalho publi-cado em 1730 e citado por Ferrão(2005). Portanto, pode-se depreenderque, possivelmente, a introdução do to-mateiro como cultura hortícola no Bra-sil ocorreu após 1601, época em que jáhavia sido introduzido na Espanha, Itá-lia e Inglaterra.

A introdução de várias espécies evariedades de hortaliças, além de diver-sificar a alimentação dos primeiros co-lonizadores, serviu de material básicopara o melhoramento genético, na bus-ca por uma melhor adaptação destas es-pécies às diferentes condiçõesedafoclimáticas encontradas no Brasil.Outras introduções tornaram-se indis-pensáveis à culinária regional em algu-mas regiões brasileiras. Neste particu-lar, destaca-se a tradicional “couve mi-neira”, herança de um dos produtos maisrepresentativos da culinária portuguesa,que criou raízes profundas no solo mi-neiro devido à forte presença lusa naprovíncia das Minas Gerais durante ociclo do ouro. Entretanto, deve-se res-saltar que em terras lusas as variedadesde couve mais usadas são do tipotronchuda, enquanto que no Brasil ascouves do tipo manteiga “pé alto” adap-taram-se melhor.

Outra contribuição, esta indireta ebem menos honrosa para os portugueses,mas que ocorreu de fato e que hoje re-sultou no enriquecimento ainda maior domiscigenado povo brasileiro, foi, em de-corrência do tráfico de escravos promo-vido pelos portugueses, o fluxo de mate-riais africanos, como os inhames, o quia-bo, o jiló e o maxixe, entre outros.

A introdução dos “inhames” africa-nos e asiáticos no Brasil deve ter sidorealizada nos primeiros anos da coloni-zação portuguesa, pois serviam, nos na-vios, de alimento da tripulação e dos es-

cravos durante as longas viagens marí-timas dos portugueses (Ferrão, 2005).Os “inhames” eram alimentos estraté-gicos para a armada portuguesa, à se-melhança dos repolhos para a armadaHolandesa, pois reduziam o apareci-mento de escorbuto durante o períododas grandes navegações. O inhame daespécie Dioscorea alata foi introduzi-do da Ásia e as espécies D. bulbifera,D. cayanensis, D. dumentorum e D.rotundata são originárias da África Oci-dental (Ferrão, 1992), todas cultivadasnas regiões Norte/Nordeste do Brasil(Pedralli et al., 2002). O taro (Calocasiaesculenta), comumente chamado deinhame no Sudeste e Sul do Brasil, cujaorigem é o Sudeste Asiático e Oceania,foi outra cultura introduzida pelos por-tugueses na nossa dieta.

Incentivo ao consumo e à produ-ção de hortaliças

A partir do século XVIII, intensifi-ca-se a imigração portuguesa para oBrasil em função da descoberta de ouronas Minas Gerais e do aprimoramentodos meios de transporte. No início doséculo XVIII, a cultura da cana-de-açú-car e as minas de ouro tornaram-se osprincipais motores da economia da co-lônia e o desenvolvimento e riqueza tra-zidos pelo ouro atraiu um grande con-tingente de colonos portugueses. O sur-to urbano que se deu na colônia graçasà mineração fez crescer as ofertas deemprego para os portugueses, antes qua-se que exclusivamente rurais e, agora,profissionais do comércio. A maior par-te desses imigrantes vieram do Minho,província ao Norte de Portugal, fixan-do-se principalmente na região Centro-Oeste e no estado de Minas Gerais. Pelavinda em larga escala de colonos, a lín-gua portuguesa tornou-se dominante noBrasil em meados do século XVIII, emsubstituição ao tupi-guarani ou línguageral (GNU FDL, 2008).

Particularmente, momento crucial eque este ano completa dois séculos, foia vinda da família real e sua comitivaem 1808 (mais de oito mil pessoas), aelite da sociedade portuguesa. Por unsé vista como uma fuga covarde e poroutros como uma estratégia de guerra.

Fato é que esta medida poupou Portu-gal do inevitável massacre frente às tro-pas napoleônicas. E o gosto dos portu-gueses pelas terras d’além mar foi tantoque o Rei D.João VI ficou por aqui por13 anos, regressando à Portugal somen-te em virtude de percalços políticos queo obrigavam a isso. Chegando ao Riode Janeiro, em 08 de março de 1808, einstalando-se abusivamente nas casasdos senhores mais abastados, ao assu-mir a rotina diária, os portugueses sen-tiram falta de seus alimentos e passa-ram a promover sua produção e consu-mo em maior escala. Consigo traziamnovas cultivares de couve, cenoura, ce-bola, batata, alface, entre outras horta-liças. Esta demanda e a resultante abun-dância de hortaliças no Brasil imperialde 1853 é detalhadamente descrita porCustódio de Oliveira Lima no “A Guiado Jardineiro – Horticultor e LavradorBrazileiro ou Tratado Resumido e Cla-ro Ácerca da Cultura das Flores, Horta-liças, Legumes, Fructos e Cereaes; daCriação e Tratamento das Abelhas, Bi-cho da seda, Animaes e Aves Domésti-cas”. Seu terceiro capítulo (Das hortas, edas Searas), aborda diversos aspectos, ci-tando que a horticultura ou arte do horte-lão demanda mais cuidados que a agri-cultura propriamente dita, exigindo dohorticultor dedicação diária, e que ahorticultura não se pode aplicar a grandesterrenos. Já fala de algumas sugestões derotação de culturas como o plantio de ce-bola após couves. São discutidas mais de50 hortaliças, incluindo: abóbora, acelga,aipo, chicória, almeirão, alface (250 vari-edades, com três raças principais:repolhuda, crespa, romana ou orelha demula), alcachofra, alho, anil, azedinha,batata (brancas, amarelas, cinzentas,violáceas, compridas, redondas), batatadoce, berinjela, beterraba, borragem, car-dos, cebola, cenouras (branca longa, bran-ca redonda, amarela longa, amarela redon-da, roxa de Hespanha, curva de Holandae vermelha da Alemanha), chalotas, chi-córias, coentro, couves, repolho, couve flore brocos, chus-chus ou caiota da Ilha daMadeira, espargos, espinafres, favas, grãode bico, hervilha, inhame ou girassolbatateiro, lentilha, melancia, melão, mo-rangueiro, mostarda, nabo, nabo da Sué-

NR Madeira et al.

431Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

cia, ortelãa, ouregões, pastel, pepino, pi-mentão, pimpinella, rabãos, rabanetes,ruiva, salsa, tomates e túbara da terra.

A contribuição específica dos Aço-rianos

O fluxo de imigrantes açorianos con-tribuiu marcadamente para o desenvol-vimento da agricultura brasileira. A imi-gração dos Açores para o Brasil foi es-porádica até 1617, quando se estabele-ceu um contrato para o transporte de1000 açorianos, sendo os mesmos ins-talados no Maranhão. Entretanto, foidurante o reinado de D. João V que seefetivou a vinda de maiores levas deaçorianos, quer seja para o Norte/Nor-deste (Pará, Maranhão) e principalmentepara a Região Sul (Silva, 1994). No Sul,a colonização açoriana instalou-se prin-cipalmente em Santa Catarina e RioGrande do Sul por decisão regulamen-tada pelo Conselho Ultramarino, demodo a ocupar uma região que vinhasendo ameaçada pela expansão espanho-la proveniente do Prata. O primeirotransporte de açorianos chegou ao Suldo Brasil em 1748, após três meses deviagem em pequenos navios mercantes(Wiederspahn, 1979). Nos Açores, oexcesso demográfico atingia níveis in-toleráveis e a miséria grassava, resulta-do da baixa produção agrícola. Assim,o recrutamento de colonos ilhéus foi asolução para os açorianos e para o go-verno português que precisava povoarefetivamente o Sul do Brasil. A Coroaoferecia vantagens aos colonos: passa-gem gratuita, um pequeno lote de terra,ferramentas agrícolas, sementes, duasvacas, uma égua e farinha suficientepara um ano. Único foco de coloniza-ção de povoamento no Brasil colônia,buscavam uma vida melhor e não so-mente enriquecimento. Santa Catarinarecebeu 4.612 colonos em 1748, 1.666em 1749, 860 em 1750 e 679 em 1753,duplicando a escassa população da ca-pitania. Outros tantos rumaram para oRio Grande do Sul, fixando-se ao longodo litoral. No final do século XVIII,quase todo o Sul estava incorporado aodomínio português, predominando nolitoral as pequenas propriedades agríco-las e no interior as grandes estâncias. Osaçorianos reforçaram a presença lusa de

Santa Catarina ao Prata e o predomínioda língua portuguesa, enquanto núcleosde resistência à expansão espanhola(GNU FDL, 2008). Introduziram seuscostumes e hábitos, inclusive alimenta-res, trazendo consigo variedadeshortícolas que, após seleção empíricapelos agricultores, formou o que hojechamamos de germoplasma nacional,base do melhoramento genético em al-gumas hortaliças para as condiçõesedafoclimáticas brasileiras.

Particularmente no caso da cebola,as cultivares introduzidas sofreram umprocesso de seleção pelos produtores,dando origem a diversas populaçõesmais adaptadas às novas condições decultivo, mais resistentes a doenças e commelhor conservação pós-colheita (Meloet al., 1998). A cultivar Garrafal, oriun-da de Portugal, após vários ciclos deseleção, muitas vezes empírica, deu ori-gem à cultivar Baia-Periforme (Lisbão,1993). Até o advento dos híbridos im-portados na década de 1990, a cultivarBaia-Periforme foi a cultivar de cebolamais plantada no Sudeste. Também ascultivares do tipo Crioula são originári-as de material trazido pelos açorianos(Bendjouya, 1980), provavelmente deorigem egípcia, sendo até hoje planta-das no Sul do Brasil.

Em cenoura, o germoplasma nacio-nal ou tropical foi coletado por pesqui-sadores da Embrapa Hortaliças (entãoUEPAE de Brasília) em 1976 no Muni-cípio de Rio Grande, sul do Rio Grandedo Sul (Vieira et al., 1983), aonde vinhasendo cultivado por descendentes de imi-grantes açorianos, constituindo-se embase genética para o melhoramento decenoura visando adaptação às condiçõesclimáticas tropicais. Este esforço de pes-quisa culminou com o lançamento dacultivar Brasília, em 1981, e que até osdias atuais é o material mais plantadodurante o verão. Tendo a cultivar Brasíliacomo material básico, foramselecionadas novas populações de plan-tas pelas empresas privadas de semen-tes, gerando algo como uma dezena denovas cultivares para verão. Foi estematerial genético que permitiu a produ-ção de cenoura em praticamente todo ter-ritório nacional, assim como a produção

ao longo do ano em muitas regiões.

Os portugueses deixaram profundasheranças para a cultura brasileira e tam-bém para a etnicidade do povo brasilei-ro. Hoje, a maioria dos brasileiros têmalguma ancestralidade portuguesa. Cer-tamente, a influência da colonizaçãoportuguesa em terras d’além mar foifundamental em muitos fatores do nos-so dia-a-dia, determinando muitos doshábitos que temos hoje, entre eles osalimentares.

Portanto, neste ano em que se com-pletam 200 anos da chegada da famíliareal portuguesa ao Brasil, momento his-tórico marcante para o desenvolvimentodo nosso país, como integrantes da Asso-ciação Brasileira de Horticultura, agrade-cemos o convite e a oportunidade de falarum pouco sobre as contribuições lusas (oucomo dizemos carinhosamente “daterrinha”) na introdução, na produção eno consumo de hortaliças no Brasil.

Finalmente, a título de reflexão, éimportante lembrarmos do passadocomo forma de entender o presente emuito do que somos hoje e como basepara planejar nosso futuro enquanto in-divíduos, sociedade e nação.

REFERÊNCIAS

AMARAL L. 1958. História Geral da AgriculturaBrasileira no tríplice aspecto político-social-econômico. Volume II. 2a. ed., São Paulo:Companhia Editora Nacional. 385 p.

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433

pesquisa / research

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Visando garantir alimentação, pro-teção, transporte, saúde, diversão e

outras funções e bens de consumo do serhumano, muita energia é gasta, indepen-dente da forma e da fonte energética. Nosagroecossistemas, a energia está na for-ma de radiação solar que alimenta afotossíntese, gerando biomassa; na formade trabalho humano, animal ou mecâni-co; ou ainda contida em combustíveis,adubos, ferramentas, sementes e demaisinsumos da agricultura (Mello, 1989).

SOUZA JL; CASALI VWD; SANTOS RHS; CECON PR. 2008. Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças.Horticultura Brasileira 26: 433-440.

Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânicade hortaliçasJacimar Luiz de Souza1; Vicente Wagner D Casali2; Ricardo HS Santos2; Paulo R Cecon2

1INCAPER–Centro Regional Centro-Serrano, 29375-000 Venda Nova do Imigrante-ES; 2UFV, 36570-000 Viçosa-MG;[email protected]

Nas últimas décadas, a agriculturatem priorizado a alocação de quantida-des cada vez maiores de energia nos sis-temas produtivos, visando aumentar osrendimentos físicos. No modelo de pro-dução mais usual atualmente, a quanti-dade de energia investida na produçãode alimentos, muitas vezes tem sidomaior do que o retorno conseguido emvalor energético dos produtos, propor-cionando baixa eficiência e balanço ne-gativo (Pimentel et al., 1990;

Gliessman, 2000). Segundo MAFF(2000), citado por Ozkan (2004), siste-mas orgânicos de produção, quepriorizam o uso de insumos de menorescustos energéticos que aqueles industria-lizados, tendem ao gasto energéticomenor e eficiência maior que sistemasconvencionais.

O Brasil gasta 2,6 kcal ao produzir1,0 kcal de alimentos (balançoenergético = 0,38). Os países desenvol-vidos já estão gastando mais de 5,0 kcal;

RESUMOOs insumos e serviços utilizados na produção vegetal represen-

tam custo energético. Dependendo desses fatores e das produtivida-des obtidas, a conversão da produção em energia determinará a efi-ciência energética do sistema. A agricultura orgânica somente atin-girá a missão de preservação ambiental se tiver comprovadasustentabilidade energética. Neste trabalho, objetivou-se caracteri-zar os balanços energéticos dos cultivos orgânicos e analisar suasustentabilidade, em comparação aos sistemas convencionais.Monitoraram-se campos de produção de dez culturas, de 1991 a 2000em Domingos Martins-ES. Os dados do sistema convencional fo-ram obtidos pelas médias dos coeficientes técnicos da região.Quantificaram-se os coeficientes técnicos, convertendo suas gran-dezas físicas em equivalentes energéticos, expressos em kcal. O sis-tema orgânico gastou 4.571.159 kcal ha-1 e apresentou 12.696.712kcal ha-1 de energia inserida na colheita, mostrando balanço médiode 2,78. Esse valor foi similar ao obtido no sistema convencional(1,93). As participações dos componentes nos gastos do sistema or-gânico foram embalagem (35,8%), composto orgânico (17,2%), ir-rigação (12,6%), sementes/mudas (12,4%) e mão-de-obra (11,0%),serviços mecânicos (5,0%) e frete (4,5%). Se os custos com embala-gens fossem eliminados, os gastos do sistema orgânico seriam redu-zidos para 2.930.113 kcal ha-1, aumentando sua eficiência. A maio-ria dos cultivos orgânicos pode ser considerada sustentável em trans-formação de energia, com balanços superiores a 1,00 e produçãomédia diária de 80.421 kcal ha-1 por dia, superior à necessidade mí-nima de 58.064 kcal ha-1.

Palavras-chave: Agricultura orgânica; produtividade; sistemas decultivo; balanço energético.

ABSTRACTEnergetic balance and sustainability analysis in the organic

production of vegetable crops

The inputs used in crop production represent an energetic cost.Depending on the inputs and on the achieved yields, the conversion ofthe harvest into energy will determine the energetic efficiency of thesystem. Organic agriculture will fully meet the goal of environmentalconservation only if its energetic sustainability is accomplished. Theobjectives of this study were to characterize the energetic balance oforganic vegetable production and to analyze its energetic sustainability,compared to conventional vegetable crop production systems. Fielddata were collected from ten vegetable crop fields, from 1991 to 2000in Domingos Martins, Espírito Santo State, Brazil. Data from theconventional system were obtained in the region. The technicalcoefficients of the systems were quantified and converted to an energyequivalent (kcal). The general average of the organic system was aninput of 4,571,159 kcal ha-1 and an output of 12,696,712 kcal ha-1 atharvest, presenting an energetic balance of 2.78. This balance wassimilar to the conventional system (1,93). The components of theenergetic inputs in the organic system were packaging (35,8%), organiccompost (17,2%), irrigation (12,6%), seeds/seedlings (12,4%) andlabor (11,0%), machinery (5,0%) and transport (4,5%). If packagecosts were removed, the energetic inputs on the organic system wouldbe reduced to 2,930,113 kcal ha-1, greatly improving its energeticefficiency. Most of the crops could be considered sustainable regardingenergy conversion, presenting balances higher than 1.00. The dailyaverage energy yield in the organic system was 80,421 kcal ha-1 day-1

and was considered sustainable, higher than the minimum estimatedcalories need (58.064 kcal ha-1).

Keywords: Organic agriculture; yield; crop systems; energetic ba-lance.

(Recebido para publicação em 5 de novembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008)(Received in November 5, 2007; accepted in October 17, 2008)

434 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

os EUA gastam 9,0 kcal e o Japão 12,0kcal. É interessante notar que nos diver-sos países, à medida que a demandaenergética aumenta na agricultura, tam-bém aumentam as necessidades defosfato e do emprego de agrotóxicos, evice-versa (Almeida, 2005).

Os sistemas de monocultura do mo-delo convencional de produção, basea-do na agroquímica, causam redução naeficiência energética, devido à pequenacobertura do solo (que induz perdas porevaporação e por erosão), associado àgrande dependência de insumos exter-nos (adubos minerais e agrotóxicos,ambos de alto custo energético). Nessesentido, o emprego de práticas que re-duzam os problemas delineados pode sera alternativa para o aumento da eficiên-cia dos sistemas produtivos, especial-mente pelo emprego de rotações de cul-tura e manejo de espécies próprias paraadubação verde, para cobertura do soloe fixação de carbono e nitrogênio (Uriet al., 1998; Santos et al., 2000; Li etal., 2002).

Ferraro Júnior (1999) argumenta quea transição para a sustentabilidade, pres-supõe a identificação de sistemas efi-cientes em longo prazo, e que avalia-ções meramente financeiras de sistemastêm horizonte demasiadamente curtopois estão sujeitas a distorções impos-tas pelas flutuações do mercado, o quenão é o caso das avaliações em tornodos fluxos de energia. Por isto, as análi-ses energéticas têm proporcionadomaior segurança nos estudos de longoprazo, assim como na comparação en-tre culturas, sistemas e atividadesagropecuárias, desenvolvidas em diver-sos locais, que possuem característicaspróprias de cada região e país.

A definição de sustentabilidade émuito variável, englobando conceitosque abordam simples ajustes no atualpadrão produtivo, até aqueles que abor-dam conceitos de longo prazo. Porém,análises de sustentabilidade devem to-mar por base a eficiência energética dossistemas. Portanto, sistemas orgânicosde produção, que sejam tecnicamenteeficazes, ecologicamente corretos, eco-nomicamente viáveis e socialmente jus-tos, tornam-se insustentáveis se não fo-rem energeticamente eficientes. Por estemotivo, o presente trabalho teve por

objetivos caracterizar os balançosenergéticos e analisar a sustentabilidadeenergética dessa produção, ao longo dedez anos, comparadas ao sistema con-vencional, na região serrana do estadodo Espírito Santo.

MATERIAL E MÉTODOS

A área experimental de agriculturaorgânica do Centro Regional de Desen-volvimento Rural do INCAPER, abran-ge 3 ha e localiza-se na região serranado Espírito Santo, na altitude de 950 m,no município de Domingos Martins.Nesta região, a temperatura média dasmáximas nos meses mais quentes estáentre 26,7 e 27,8°C e a média das míni-mas nos meses mais frios entre 8,5 e9,4°C. Os 16 talhões dessa área foramcaracterizados individualmente desde oinício do projeto e os plantios das cul-turas em rotação nestes talhões foramutilizados como repetições temporaispara medir o desempenho produtivo dasdiversas espécies olerícolas no sistemaorgânico.

Os métodos de produção, além deseguirem os princípios da Agroecologia(Souza & Resende, 2003), foram apli-cados conforme as determinações dalegislação brasileira (Lei nº 10.831, doMinistério da Agricultura, de 23/12/03).Entre os métodos empregados, desta-cam-se: compostagem orgânica; aduba-ção verde; manejo de ervas espontâneas;cobertura viva e morta; rotação e suces-são de culturas, controle alternativo depragas e doenças.

A mensuração energética deste tra-balho consistiu na transformação de to-dos os coeficientes técnicos (materiais,insumos e serviços) em unidades deenergia ou unidades calóricas equivalen-tes. Por não encontrar padronização de-finida na bibliografia nacional e inter-nacional consultada, a unidade de me-dida de energia foi a Quilocaloria (1 kcal= 1.000 cal), por ser unidade básica defácil compreensão. O limite de contabi-lidade energética de cada cultura com-preendeu as fases desde o preparo dosolo até a entrega do produto no merca-do, englobando os gastos com embala-gem e frete. Os coeficientes técnicos (in-dicadores físicos) foram propostos porSouza (2005), no acompanhamento e

monitoramento do sistema orgânico deprodução de 10 culturas olerícolas, naárea experimental de agricultura orgâ-nica do INCAPER. As produções orgâ-nicas, extrapoladas para 1 ha de cadahortaliça, foram obtidas de 1991 a 2000.

Foram comparadas as quantidadesde energia embutidas apenas nos pro-dutos comerciais (produtividade comer-cial, após a seleção e classificação), re-lacionando-se com o total de energiainvestida na produção (embutida nosinsumos, serviços, equipamentos e fre-te), obtendo-se assim o balançoenergético de cada plantio de cada cul-tura. Os números de plantios, que origi-naram as médias apresentadas neste tra-balho foram: abóbora (12), alho (14),batata (8), batata-baroa (9), batata-doce(13), cenoura (17), couve-flor (12), re-polho (15), taro (6) e tomate (9). Os va-lores obtidos para o balanço energéticopodem ser menores que 1,0 (indicandobalanço negativo, pois a energia geradana forma de produtos foi menor do queaquela consumida no processo produti-vo; iguais a 1,0 (indicando balanço nulo,pois a energia gerada na forma de pro-dutos foi igual àquela consumida no pro-cesso produtivo; ou maiores que 1,0 (in-dicando balanço positivo, pois a ener-gia gerada na forma de produtos foimaior do que aquela consumida no pro-cesso produtivo.

Como referenciais comparativos fo-ram utilizados os coeficientes técnicosmédios dos sistemas convencionais deprodução das mesmas espécies de hor-taliças e a produtividade média usual-mente alcançada na região (Souza,2005). Estes componentes foram trans-formados em valores calóricos, de for-ma análoga à metodologia aplicada nosistema orgânico de produção. Estesdados energéticos do sistema conven-cional constituíram a referênciapopulacional, com a qual foram anali-sados comparativamente os desempe-nhos dos cultivos orgânicos.

Os valores calóricos adotados parainsumos, materiais, produtos e serviçosestão detalhados em Souza (2006) eapresentados resumidamente a seguir:Insumos orgânicos - adotou-se o valorde 15 kcal kg-1 para resíduos vegetais eesterco de gado e o valor de 30 kcal kg-1

para outras fontes de esterco. Para o

JL Souza et al.

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composto orgânico e o biofertilizanteenriquecido, realizaram-se cálculos doprocesso de produção local. O compos-to totalizou 25.700 kcal kg-1 a 50% deumidade final (forma utilizada nas adu-bações das culturas). O biofertilizantelíquido somou 13 kcal L-1; Sementes emudas - Para sementes botânicas epropágulos vegetativos multiplicadas nopróprio sistema orgânico, foram feitoscálculos dos gastos envolvidos nos pro-cessos, inserindo gastos com mão-de-obra na seleção, armazenamento e pre-paro das sementes e propágulos. Ba-seou-se nos valores de 2400 kcal dia-1

para a mão-de-obra, 0 kcal kg-1 para res-tos culturais, sugerido por Ferraro Júnior(1999) e nos conteúdos calóricos dosprodutos sugeridos por Franco (1999).Quanto às sementes adquiridas no mer-cado (abóbora, cenoura, couve-flor erepolho), optou-se pelo método que ava-lia os custos energéticos pelos custosfinanceiros da matriz energética brasi-leira, segundo Mello (1989). A obten-ção do valor energético da moeda se deupela razão entre o consumo de energiaprimária (kcal) e o PIB (Produto Inter-no Bruto, em Reais), no ano de 2004,ou seja, 1.008,4 kcal Real-1; Adubosminerais e corretivos - nitrogênio(14.930 kcal kg-1 (Felipe Júnior et al.,1984, citados por Ferraro Júnior, 1999));fósforo e potássio (3.000 kcal e 1.600kcal kg-1 de P

2O

5 e de K

2O, respectiva-

mente (Lockeretz1980)); micronutrien-tes (1.291 kcal kg-1, estimado pela ma-triz energética brasileira de1.008,4 kcalR$-1); calcário dolomítico (132.822 kcalt-1 (Macedônio & Picchioni, 1985)); calvirgem (2.408 kcal kg-1 (Mello, 1989));sulfato de cobre (400 kcal kg-1, valorsimilar ao sulfato de potássio emagnésio, relatados por Ferraro Júnior,1999); Calda bordalesa - 18,6 kcal L-1

(cálculo baseado nos componentes eserviços); Óleo diesel - 8.484 kcal L-1

(MME, 2005); Agrotóxicos - herbicidas(83.572 kcal L-1); inseticidas (60.393kcal L-1); fungicidas (50.083 kcal kg-1);outros pesticidas: acaricidas,espalhantes (64.683 kcal por kg ou L(Pimentel, 1980)); Energia elétrica -860 kcal kwh-1, publicado no BoletimEnergético Nacional de 2004, pelo Mi-nistério das Minas e Energia (MME,2005); Serviços mecânicos - aração(136.010 kcal ha-1), gradagem (47.976

kcal ha-1) e destorroamento com rotativade micro-trator (10.035 kcal ha-1

(Ferraro Júnior, 1999)); Serviços ma-nuais - os gastos calóricos das diversasatividades executadas foram obtidos porestimativa, proporcionalmente ao esfor-ço necessário na realização de cada ati-vidade, balizados no valor médio de2.400 kcal dia-1 (300 kcal hora-1

(Gliessman, 2000; Ferraro Júnior,1999)); Irrigação - os valores calóricosforam estimados para cada cultura, ba-seando-se nos dados médios do consu-mo de água na irrigação e nos valoresmédios de 0,131 kwh por m3 de água e860 kcal por kwh (Lima et al., 2005);Embalagens plásticas - baseou-se nopeso das embalagens e no valorenergético dos plásticos (inclusiveisopor/poliestireno), 9.000 kcal kg-1, se-gundo Sakurai (2004) e IPT (2005);Caixas e engradados de madeira -valor calculado em 75 kcal por unida-de, para cada utilização (considerou-sea re-utilização em 30 vezes). Baseou-senos gastos para cada unidade, na basede 3 kg de madeira processada (597 kcalkg-1), 0,25 hora de serviço (500 kcalhora-1) e 30 gramas de pregos (11.090kcal kg-1); Frete - 880 kcal por t km-1,obtido pela razão entre o custoenergético total do setor, relatados noBEN 2005 (MME, 2005) e o volume decarga transportada (ANTT, 2005); Va-lor calórico dos produtos - utilizaram-se os valores médios descritos por Fran-co (1999), tendo por base a massa fres-ca das hortaliças.

A análise de sustentabilidadeenergética foi baseada no atendimentodos índices mínimos em dois aspectos:1) No sistema de produção deve haversaldo de energia, isto é, o conteúdo deenergia nos produtos colhidos (saídas)deve ser igual ou superior aos seus pró-prios gastos (entradas), com balançoenergético igual ou superior a 1,00. 2)A produção de energia por unidade deárea deve ser igual ou superior a 58.064kcal ha-1 por dia. Este índice baseia-sena necessidade per capita de 3.000 kcaldia-1, na demanda mínima de energiapara atender à subsistência de 6 bilhõesde pessoas (18 x 1012 kcal dia-1) e na áreacultivada no mundo (0,31 x 109 ha), con-forme Ferraro Júnior (1999).

As variáveis analisadas foram: pro-dutividade, saída de energia, entrada de

energia, balanço energético e participa-ção dos componentes nos gastos totais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Produtividades e Saídas de ener-gia - As produtividades e os respectivosconteúdos de energia de cada hortaliçanos sistemas orgânico e convencionalforam semelhantes. Não houve diferen-ça estatística na maioria das espécies,exceto para o repolho que produziu maisbiomassa e energia no cultivo orgânicoe para o tomate, que produziu mais bio-massa e energia no cultivo convencio-nal. Verificou-se média de 12.696.712kcal ha-1 exportada (saída) do sistemaorgânico, estatisticamente igual à expor-tação do sistema convencional, que foide 13.025.950 kcal ha-1 (Tabela 1).

Entradas de energia - Os gastos deenergia (entradas) foram significativa-mente menores no cultivo orgânico deabóbora, alho, batata, couve-flor, repo-lho e tomate, enquanto os cultivos or-gânicos de batata-baroa, batata-doce,cenoura e taro apresentaram gastos si-milares ao convencional (Tabela 1). Nacomparação média entre os sistemas, ogasto de energia foi considerado esta-tisticamente igual (orgânico = 4.571.159kcal ha-1 e convencional = 6.766.464kcal ha-1).

O menor gasto energético foi verifi-cado para o cultivo orgânico da abóbo-ra (1.598.512 kcal ha-1) e o maior foiverificado no cultivo convencional detomate (16.641.459 kcal ha-1) nos plan-tios a campo. O total dos gastosenergéticos para cultivo convencional detomate em ambiente protegido, relata-do por Ozkan et al. (2004), foi de30.431.381 kcal ha-1, comprovando queo uso de insumos industriais eleva o dis-pêndio energético para a produção dealimentos.

Verificou-se que o maior aporte deenergia, não necessariamente se relaci-ona com balanço energético menos fa-vorável. Contrariamente, dentro dos li-mites avaliados, verificou-se que maio-res entradas de energia na produção detodas as culturas relacionaram-se dire-tamente com maiores balançosenergéticos. Isto se deve ao fato do au-mento na produtividade das hortaliçaspromover aumento nas entradas de ener-

Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças

436 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

gia, pelo aumento no gasto de mão-de-obra na colheita e maiores gastos comembalagens e com frete. Porém, o au-mento demandado nas entradas é me-nor que o aumento observado nas saí-das de energia, favorecendo então o ba-lanço energético.

Balanço energético - Na Tabela 1estão os balanços energéticos de cadaespécie, na comparação entre os doissistemas de produção. Foi comprovadamaior eficiência energética em favor docultivo orgânico para abóbora, alho, re-polho e tomate. Apenas o cultivo con-vencional de cenoura apresentou-semais eficiente que o cultivo orgânico.Nas demais culturas, os sistemas seequivaleram em eficiência.

O balanço energético médio do sis-tema orgânico foi 2,78, contra 1,93 dosistema convencional, não diferencian-do-se estatísticamente pelo teste ‘t’, aonível de 5 % de probabilidade. Isto pos-sivelmente foi devido ao pequeno nú-mero de amostras e à alta variabilidadenos dados e está coerente com os resul-tados relatados por MAFF (2000), cita-do por Ozkan et al. (2004), que relatouíndice de balanço energético de 5,31para cultivos orgânicos de hortaliças.Este índice se assemelha aos observa-dos neste trabalho para o cultivo orgâ-nico de repolho (4,07), de batata-baroa(4,38) e de batata-doce (6,58).

Ressalta-se que as embalagens plás-ticas, por representarem alto dispêndioenergético (exceto para a cultura da abó-bora), foram as principais responsáveispela limitação da eficiência nos culti-vos orgânicos, e que a redução ou eli-minação destes custos favoreceriamgrandemente o balanço energético (Fi-gura 1).

Pimentel & Burgess (1980) tambémcomprovaram que o aporte de insumosindustrializados e mecanização, aumen-taram sobremaneira o aporte de energiana cultura do milho, reduzindo o balan-ço energético. Estes resultados são si-milares àqueles relatados por Mello(1989), quando avaliou a eficiênciaenergética de quatro sistemas de produ-ção de milho em Santa Catarina. Foiverificado que a produção de milho comadubo orgânico e colheita manual tevebalanço energético de 6,61 calorias porunidade. No sistema com adubo mine-

ral e colheita mecânica, os gastos deenergia foram maiores, fazendo com queo balanço energético fosse reduzido para4,55 calorias por unidade.

Participação dos componentes - Asparticipações detalhadas dos componen-tes nos custos calóricos de cada culturano sistema orgânico e no sistema con-vencional estão apresentadas nas Tabe-las 2 e 3, respectivamente. As médias departicipações nos sistemas orgânico econvencional estão ilustradas na Figura1. A embalagem foi o componente demaior custo energético no sistema orgâ-nico, com média de 35,8%. No sistemaconvencional, as embalagens represen-taram apenas 4,0% e os adubos mineraisforam os mais onerosos, somando 45,8%do total, concordando com Gândara(1998) quando verificaram que os adu-bos minerais foram os componentes quemais oneraram energeticamente o culti-vo convencional de alface e beterraba.

A participação da adubação orgâni-ca com composto variou de 9,2% notomate até 24,1% na abóbora, encerran-do uma média de 17,2% no sistema or-gânico, com o desvio padrão de 5,58.Gândara (1998), estudando balançosenergéticos no sistema orgânico de pro-dução de alface e beterraba, no DistritoFederal, verificou que o composto or-gânico representou 78% e 76% dos cus-tos energéticos da produção de 1 ha des-sas culturas, respectivamente. Estes ín-dices são extremamente altos quandocomparados aos obtidos neste estudo, oque é plenamente justificável, pois notrabalho de Gândara (1998) observou-se diferença metodológica em três as-pectos: 1) a contabilização energética foirealizada apenas na fase de campo, nãose considerando a fase de colheita, em-balagem e frete, como no presente caso;2) a dosagem de composto contabilizadana alface e na beterraba foi 134,0 t ha-1,

1Médias marcadas com a mesma letra, nas colunas dentro de cada cultura e dentro da média, nãodiferem entre si pelo teste ‘t’, ao nível de 5% de probabilidade (means followed by the sameletter, in the columns for each crop and means, did not differ from each other, ‘t’ test, 5%).

Tabela 1. Médias do desempenho produtivo e energético de dez culturas olerícolas em siste-mas de produção orgânico e convencional de 1991 a 2000 (productive and energy actingaverages comparison of ten vegetable crops cultivated under organic and conventionalproduction systems, from 1991 to 2000). Domingos Martins, INCAPER, 20061.

JL Souza et al.

437Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Tabela 2. Participação porcentual dos componentes nos custos energéticos totais de dez culturas olerícolas em sistema orgânico (percentual participationof the components in the total energy costs of ten vegetable crops in organic production system). Domingos Martins, INCAPER, 2006.1

1Os valores, para cada cultura, são médias de vários cultivos no período de 1991 a 2000 (values, for each vegetable crop are averages of thefields, from 1991 to 2000).

Figura 1. Média da participação relativa dos componentes nos custos calóricos da produção de hortaliças, em dois sistemas de cultivo(relative average participation of the components in the caloric costs of the vegetables production in two cultivation systems): (A) orgânicocom embalagem e frete (organic with packaging and freight); (B) orgânico sem embalagem e frete (organic without packaging and freight);(C) convencional com embalagem e frete (conventional with packaging and freight); (D) convencional sem embalagem e frete (conventionalwithout packaging and freight). Domingos Martins, INCAPER, 2006.

Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças

438 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

ao passo que nas espécies aqui avalia-das, empregou-se 15 a 30 t ha-1; 3) ovalor calórico por t do composto foi52.940 kcal, contra um valor de 25.700kcal adotado neste trabalho.

Os componentes destinados à fertili-zação participaram de forma bastante di-ferenciada nos custos energéticos dos doissistemas. No sistema orgânico somaram17,2%, com emprego apenas de compos-to orgânico (Figura 1A), ao passo que nosistema convencional somaram 49,3%,com uso de esterco de galinha (3,5%) eadubos minerais (45,8%) (Figura 1C).

As participações dos componentes,considerando apenas a fase de campo(sem contabilizar embalagem e frete),estão apresentadas nas Figuras 1B (sis-tema orgânico) e 1D (sistema conven-cional). Verifica-se que o total de cus-tos no sistema orgânico é reduzido de4.571.159 kcal ha-1 a 2.724.411 kcal ha-1,ou seja, diminuição de 40,4%. No siste-ma convencional, pelo fato de já pos-suir gasto calórico pequeno com emba-lagens, esta redução seria menos inten-sa, em torno de 7,2% (de 6.766.464 kcalha-1 para 6.279.278 kcal ha-1).

No sistema orgânico, a grande redu-ção dos gastos, principalmente ocasio-nado pela ausência das embalagens,elevaria a eficiência energética, aumentan-do o balanço de 2,78 até 4,66 kcal kcal-1. Aparticipação dos principais componen-

Tabela 3. Participação porcentual dos componentes nos custos energéticos totais de dez culturas olerícolas em sistema convencional (percentualparticipation of the components in the total energy costs of ten vegetable crops in conventional production system). Domingos Martins,INCAPER, 2006.1

1 Os valores, para cada cultura, são médias do sistema convencional da região, no ano 2000 (values, for each vegetable crops are averages ofthe conventional system of the region, in 2000).

tes ficaria assim: composto orgânico(28,8%), irrigação (21,1%), sementes emudas (20,7%) e serviços manuais(18,5%).

Destaca-se que, na avaliação em quese inseriu o custo energético de emba-lagem e frete, a mão-de-obra situou-sena 5ª posição em termos de dispêndiode energia, e na avaliação sem inserirembalagem e frete, situou-se na 4ª po-sição, portanto não sendo consideradocomponente limitante energeticamenteem cultivo orgânico de hortaliças.

Os elevados custos energéticos dasembalagens nos cultivos orgânicos in-duzem a três reflexões importantes: 1)a cadeia de alimentos orgânicos de-monstra que a produção tem caráteragroecológico e orgânico, mas o mer-cado mantém toda estrutura convencio-nal, não priorizando redução de custosenergéticos; 2) reforça a importância depriorizar vias de comercialização demaior aproximação do produtor com oconsumidor, sem emprego de embala-gens plásticas, através de feiras livres eentregas por cestas; 3) confirma a ne-cessidade de desenvolvimento de alter-nativas de embalagens ecológicas, pararedução da poluição ambiental eminimização de custos energéticos naprodução orgânica.

Análise de sustentabilidade - Noaspecto referente ao saldo de energia

gerado pelo balanço energético, obser-varam-se dados bastante variáveis, tan-to entre as culturas como entre os siste-mas (Tabela 4). No sistema orgânico,verificaram-se valores de 0,97 da cul-tura do tomate até 6,58 da cultura dabatata-doce. No sistema convencional,verificaram-se valores de 0,83 da cul-tura do tomate até 6,45 da cultura dabatata-doce. A maioria dos cultivos foisustentável em transformação de ener-gia, à exceção dos cultivos de abóborano sistema convencional e de tomate emambos os sistemas.

No sistema orgânico, constatou-seque as produtividades necessárias paraque os balanços energéticos sejamiguais a 1,00 foram relativamente bai-xas, tais como 12.722 kg ha-1 para acenoura e 13.592 kg ha-1 para o repo-lho. No sistema convencional necessi-tam-se rendimentos maiores para sealcançar esta sustentabilidade, devidoaos níveis elevados de aportes de ener-gia, pelo emprego de insumos indus-trializados.

Quanto ao aspecto referente à quan-tidade de energia produzida por unida-de de área (Tabela 5), a média do siste-ma orgânico foi 80.421 kcal ha-1 por dia,considerada sustentável em nível de sub-sistência. As produções calóricas indi-viduais de todas as culturas também

JL Souza et al.

439Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Tabela 4. Produtividades, balanços energéticos e produtividades mínimas para balançosiguais a 1,00 (yield, energy balance and minimum yield for balance similar to 1,00). Domin-gos Martins, INCAPER, 2006.

Tabela 5. Produção total e diária de energia no cultivo orgânico de dez culturas olerícolas(total and daily energy production in organic production system of ten vegetable crops).Domingos Martins, INCAPER, 20061.

1Ciclo médio de cada cultura no sistema orgânico, no período de 1991 a 2000 (Mediumcycle of each crop in the organic system, from 1991 to 2000) (SOUZA, 2005).

podem ser consideradas sustentáveis,pois foram similares ou superiores a58.064 kcal por ha dia-1, exceto a cultu-ra da abóbora, que produziu apenas26.639 kcal. A cultura mais eficiente foi

a da batata, com produção de 157.414kcal ha-1 por dia. Os cultivos orgânicosde batata-doce, repolho e cenoura tam-bém se destacaram com bom nível deprodução de energia por área.

AGRADECIMENTOS

Ao INCAPER e à UFV, instituiçõespromotoras deste trabalho. Ao CNPq,pelo apoio financeiro.

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441Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

As hortaliças minimamente proces-sadas (HMP) surgiram como uma

interessante alternativa para o consumi-dor que não possui tempo de prepararsua refeição ou mesmo não gosta defazê-la. Em vários países verifica-se queesses produtos estão sendo oferecidosnos formatos mais variados, sempre vi-sando a agregação de valor e comodi-dade do consumidor (Candel, 2001;Moretti, 2004). Alguns estudos têmmostrado que a necessidade dos consu-midores por conveniência écorrelacionada com a escolha dos ali-mentos (Verbeke, 2001; Verlegh &Candel, 1999). Normalmente na seçãode frutas, legumes e verduras (FLV) dos

PEREZ R; RAMOS AM; BINOTI ML; SOUSA PHM; MACHADO GM; CRUZ IB. 2008. Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadasde Belo Horizonte. Horticultura Brasileira 26: 441-446.

Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de BeloHorizonteRonaldo Perez; Afonso Mota Ramos; Mirella Lima Binoti; Paulo Henrique Machado de Sousa; Gisela deMagalhães Machado; Iara Borges CruzUFV-Depto. Tecnol. de Alimentos, 36570-000 Viçosa-MG; [email protected]; [email protected]; [email protected]

supermercados, esses produtos podemestar embalados em bandejas cobertascom filme plástico ou em pacotes. A at-mosfera interna das embalagens podeser modificada para aumentar o tempode validade dos produtos.

De acordo com o “InternationalFresh-Cut Produce Association” (IFPA,2001), produtos minimamente proces-sados são frutas ou hortaliças que sãomodificadas fisicamente, mas que man-têm o seu estado fresco. Assim, é umproduto fresco, tornado conveniente,com qualidade e segurança.

As etapas através das quais as hor-taliças são minimamente transformadassão basicamente: pré-seleção, classifi-

cação, lavagem, corte, sanitização, en-xágüe, centrifugação, embalagem earmazenamento refrigerado (Silva &Fernandes, 2003).

São diversas as vantagens que ashortaliças minimamente processadastrazem para o produtor e também parao consumidor. A atividade normalmen-te mal remunerada de produção e vendade produtos hortícolas ao natural ganhaespecial incremento com a agregação devalor que o processamento mínimo pro-porciona ao produto. O consumidor ga-nha comodidade e praticidade devido aembalagens convenientes e um produtopronto para o preparo ou até mesmo parao consumo.

RESUMOO consumidor vem apresentando cada vez maior consciência na

escolha de sua alimentação, porém com menor tempo disponívelpara preparar refeições saudáveis. Diante disso, o mercado de horta-liças minimamente processadas tem aumentado rapidamente, pro-porcionando o surgimento de produtos convenientes, ou seja, pro-dutos frescos que podem ser preparados e consumidos em poucotempo. Assim, neste trabalho estudou-se o comportamento de com-pra e o perfil dos consumidores de hortaliças minimamente proces-sadas em supermercados de Belo Horizonte. Foram aplicados ques-tionários aos consumidores de cinco estabelecimentos que vendiamhortaliças minimamente processadas (HMP) e os entrevistados fo-ram escolhidos aleatoriamente no momento das compras, durante omês de novembro de 2004. Foram entrevistadas 246 pessoas, dasquais apenas 23% consumiam HMP. Os principais motivos para con-sumir foram comodidade e praticidade (46%), pouco tempo para opreparo (21%) das refeições e higiene (11%) dos produtos, e paranão consumir foram preço elevado (31,9%), gosta de preparar e/ouescolher (23%) e desconfiança (17,8%) dos produtos ofertados. Osmaiores consumidores são as pessoas com maior escolaridade e ní-vel de renda mais elevado. A sobrevalorização dos HMP em relaçãoaos produtos comuns variou de 2,4 vezes (batata) até 39,5 vezes(cenoura), sendo a média de sobrevalorização encontrada no merca-do para as onze HMP de 10 vezes.

Palavras-chave: processamento mínimo, consumidor, pesquisa demercado.

ABSTRACTProfile of minimally processed vegetable consumers in Belo

Horizonte, Brazil

Consumer’s food consciousness has increased, however, timefor preparing healthy food has decreased. Therefore, the market ofminimally processed vegetable has increased rapidly, giving rise tothe appearance of fresh products that can be prepared and consumedfaster than conventional foods. Thus, the objective of this work wasto establish the behavior and profile of minimally processed vegetableconsumers in supermarkets of Belo Horizonte, Minas Gerais State,Brazil. Based on the answers to a survey, the consumers profile wastraced, highlighting preferences, habits, complaints and demands.The survey was conducted with consumers of five supermarketswhich sell minimally processed vegetables (MPV). Consumers werechosen randomly when they were buying in November 2004. Oftwo hundred and forty six interviewed persons, 23% were consumersof MPV. The main reasons for consumption were: easiness andfeasibility (46%); short preparation time (21%) of meals and hygiene(11%) of the products; and the main reasons against consumptionwere: the high price of the precuts (31,9%); easy to prepare and/orto choose (23%) and distrusting (17,8%) the offered products. Themajor consumers were those with a better education. Comparing theoverrating of MPV with other vegetables, a variation of 2,4 (potato)to 39,5 times (carrots) was found. On average the overrating foundin markets for eleven MPV was of 10 times.

Keywords: minimally processing, consumer, market research.

(Recebido para publicação em 22 de novembro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2008)(Received in November 22, 2007; accepted in October 30, 2008)

442 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

O conhecimento do perfil dos con-sumidores é fundamental para que o pro-dutor e sua associação ou cooperativapossam adequar sua oferta às necessi-dades específicas do público a ser aten-dido, quer por faixa de renda ou etária,por região geográfica ou por número depessoas na família (FrutiFatos, 2003a).Diante do exposto, neste trabalhoobjetivou-se estabelecer o perfil de con-sumo de hortaliças minimamente pro-cessadas em Belo Horizonte (MG), bemcomo avaliar a qualidade e segurançaatravés da análise da forma dearmazenamento desses produtos.

MATERIAL E MÉTODOS

A população pesquisada consistiu deconsumidores que compravam hortaliçasminimamente processadas em cinco es-tabelecimentos comerciais (supermerca-dos), situados em diferentes áreas da ci-dade de Belo Horizonte, durante o mêsde novembro de 2004. Esses estabeleci-mentos foram selecionados por vende-rem hortaliças minimamente processadasnas mais diferentes formas. Os consumi-dores foram selecionados aleatoriamen-te no momento das compras, durante os

dias da semana e finais de semana, nosperíodos da manhã, tarde e noite.

A pesquisa foi realizada seguindometodologia específica da modalidadeexploratória, que inclui aplicação dequestionários e entrevistas aos agentesinteressados. Andreuccetti et al. (2005)e Wilkins et al. (2002) utilizaram ques-tionários e entrevistas como meio decoletar informações junto aos consumi-dores, justificando que esta é umametodologia fácil e rápida para obten-ção de dados.

Os questionários foram elaboradospara caracterizar o consumidor; suaspreferências, e o consumo em relaçãoao produto estudado. Também foramaplicados questionários aos responsá-veis pela seção de FLV dos supermer-cados pesquisados para analisar opercentual de venda dos HMP e quaiseram as hortaliças mais vendidas. Onúmero de consumidores entrevistadosfoi calculado considerando-se o tama-nho da população, a homogeneidade dopúblico alvo e a quantidade de erroamostral admitida. Foi considerado umerro amostral de ±5% e um público alvo

homogêneo em relação ao padrão deconsumo. Como a cidade de Belo Hori-zonte tem 2.350.564 habitantes (IBGE,2004) foi necessário aplicar 246 questio-nários aos consumidores nos estabele-cimentos selecionados (SEBRAE/EMBRAPA, 2003).

A forma de armazenamento das hor-taliças minimamente processadas foiavaliada considerando-se o local e tem-peratura de armazenamento, forma deexposição, rotulagem e selo de qualida-de. O armazenamento é relevante dadasua maior importância em relação à qua-lidade e segurança dos alimentos mini-mamente processados (Jacxsens et al.,2002a, 2002b; Piga et al., 2000).

Os dados obtidos nas entrevistas fo-ram analisados utilizando o programaestatístico SPSS® para Windows, pelaanálise de agrupamentos e realizadaanálise gráfica dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em Minas Gerais, um total de 83 e80% das pessoas pesquisadas consomelegumes e verduras, respectivamente,

R Perez et al.

Figura 1. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas com relação à faixa etária dos entrevistados(). Viçosa, UFV, 2004.

Figura 2. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação ao estado civil. Viçosa, UFV, 2004.

443Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

todos os dias da semana. Já no Rio deJaneiro, quase metade da população,57% em média, tem o hábito de consu-mir os hortifrútis diariamente, e 10% ofazem três ou quatro vezes por semana(FrutiFatos, 2003b). Os legumes sãoconsumidos diariamente por cerca de60% da população e as verduras por57%. Comparado aos mineiros, a pes-quisa indicou que os cariocas dão me-nos importância ao consumo de frutas ehortaliças e apenas 46% os julgam ali-mentos saudáveis contra 60% dos mi-neiros (FrutiFatos, 2003b).

No presente trabalho todos os entre-vistados (246) disseram que consomemhortaliças, sendo que 218 (89%) conso-mem diariamente, 20 (8%) consomemde 3 a 5 vezes por semana e 8 (3%) con-somem de 1 a 2 vezes por semana.Quanto às hortaliças minimamente pro-cessadas, dos entrevistados, 190 (77%)não as consomem, e 56 (23%) conso-mem estes produtos. A maior parte dosentrevistados (74%) era do sexo femi-nino, indicando que a mulher é respon-sável pelas compras da casa, númeroinferior ao observado em Brasília, onde

67,8% dos clientes avaliados eram mu-lheres, representando 56,4% dos consu-midores de HMP (Junqueira et al.,2003).

A totalidade das pessoas abordadasdizia consumir hortaliças diariamente,porém o consumo de HMP é de apenas23%. Disso pode-se concluir que o con-sumo de hortaliças não processadas ébastante alto, o que caracteriza um mer-cado promissor para as hortaliças pro-cessadas, desde que sejam feitos ajus-tes para aumentar sua fatia de mercado,como redução nos preços e orientaçãoquanto às suas vantagens em relação aoproduto não processado.

Com relação ao consumo de hortali-ças minimamente processadas, há umapequena diferença entre as mulheres e oshomens entrevistados. Entre os homens,o consumo de HMP é 25% um poucomaior que entre as mulheres (22%). En-tre os que consomem HMP, a maioria doshomens e mulheres consome raramente.Dos 246 entrevistados, apenas 56 conso-mem HMP, sendo este total representa-do por 71% de mulheres e 29% de ho-mens. O consumo diário ocorre em 7%;

algumas vezes por semana (1 a 5 vezes)em 27%; uma vez a cada 15 dias em 23%e 1 vez ao mês em 43%. Com relação aeste consumo, entre os homens (44%) oconsumo diário ou algumas vezes porsemana é maior que entre mulheres(30%), o que pode ser devido ao fato deque homens tradicionalmente cozinhammenos que mulheres

Os entrevistados apresentavam-se nafaixa etária de 16 a mais de 70 anos.Desses, 70% possuem entre 36 e 70anos, sendo que a maioria dos entrevis-tados (40%) apresentava entre 36 e 50anos (Figura 1A). Podemos observarque o consumo é maior no grupo de ido-sos com mais de 70 anos em que 44%consomem HMP. Do total dos entrevis-tados que consomem HMP, 7% são ido-sos com mais de 70 anos, e no grupoque não consome apenas 3%. Apesar daspessoas com mais de 70 anos apresen-tarem um consumo de HMP significati-vo, esse consumo é esporádico. O con-sumo entre as pessoas mais novas é maisconstante no tempo (Figura 1B).Junqueira et al. (2003) observaram noDistrito Federal um grupo constituído

Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte

Figura 3. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação à escolaridade dos entrevistados.Viçosa, UFV, 2004.

Figura 4 Consumo (A) e freqüência do consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação ao número de moradores. Viçosa, UFV, 2004.

444 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

por pessoas na faixa etária de 21 a 30anos (32,0%), seguido pelos que estãona faixa de 41 a 50 anos (28,1%).

A maior parte dos entrevistados(66,6%) é casada. O padrão de consu-mo de HMP entre solteiros, viúvos ecasados está em torno dos 20%, enquan-to que entre os divorciados (4,1% dosentrevistados) essa porcentagem é ain-da menor (10%) (Figura 2A). Espera-va-se que solteiros consumissem HMPcom mais intensidade, devido àpraticidade e economia de tempo queesses produtos proporcionam. No entan-to, praticamente não houve diferença deconsumo entre esse grupo e os outros.

As pessoas viúvas consomem horta-liças processadas com menor freqüênciaque os outros grupos discutidos. Os ca-sados e os solteiros consomem mais ve-zes, porém o consumo esporádico (1 vezpor mês) entre os casados (44%) é maiorque entre os solteiros (30%). Dentro dogrupo de pessoas casadas a maior fre-qüência de consumo de HMP é 1 vez aomês, o que não acontece entre os soltei-ros, em que as freqüências são bem dis-tribuídas, em torno de 30% (Figura 2B).

Com relação à escolaridade, 42%dos entrevistados têm curso superior. Oconsumo de HMP entre as pessoas comdiferentes graus de escolaridade não di-fere muito, estando em torno de 25%.Entre as pessoas que possuem apenas o1º grau, menos de 5% consomem HMP,porém este fato também pode estar maisrelacionado à renda familiar, uma vezque 57% dessas pessoas ganham até 3salários mínimos (Figura 3A). Este fatomostra que os maiores consumidores dehortaliças minimamente processadaspossuem níveis de escolaridade e renda

mais altos, estando de acordo com da-dos observados por Ragaert et al. (2004)e Leather (1995), onde grupos de maisalta renda consomem hortaliças maiscaras e mais convenientes e que, quan-to maior a escolaridade, maior a fre-qüência de consumo de HMP.

Apesar da expectativa inicial de queas pessoas que moram sozinhas consu-missem mais HMP que as famílias maio-res, o que pôde ser observado é que onúmero de pessoas por domicílio foiindiferente quanto ao consumo do pro-duto pesquisado (Figura 4A). Essa ob-servação pode ser devida ao fato que aspessoas que moram sozinhas e não têmtempo para cozinhar, preferencialmen-te comem em estabelecimentos comer-cias. Porém, entre as pessoas que con-somem HMP e moram sozinhas, o con-sumo frequente é maior que nos outrosgrupos, alcançando aproximadamente70% (Figura 4B).

Como as hortaliças minimamenteprocessadas são vendidas a preços rela-tivos elevados, a renda do consumidorfaz diferença em relação à aquisiçãodesses produtos. A maioria das pessoasabordadas (64%) ganha mais de 10 sa-lários mínimos, sendo que 39% do totalde entrevistados possue renda familiaracima de 20 salários. Esses supermer-cados atendem a uma fatia de mercadoque exige produtos diferenciados e comqualidade; portanto, sua clientela pos-sui maior poder aquisitivo. Ainda,, esseconsumo é mais amiúde nessa cliente-la, chegando a 14% o número de entre-vistados que consomem diariamente(Figuras 5A e 5B). Entre as pessoas comrenda familiar maior que 20 saláriosmínimos existe a preocupação com o

preço, pois essas pessoas muitas vezespodem ter cozinheiras para prepará-los,não precisando adquirir os produtosprontos. O hábito e o gosto de escolhere preparar verduras aparece como a se-gunda principal causa de repúdio aHMP, mesmo que essas pessoas possampagar pela comodidade que esses pro-dutos trazem. Conforme esperado, opreço elevado das hortaliças minima-mente processadas é o principal motivoque leva a maior parte das pessoas(31,9%) a não consumir o produto. Essemesmo problema foi visto por Junqueiraet al. (2003) e Ramos et al. (2005), queobservaram que consumidores levamem consideração, no momento da com-pra, o preço e a qualidade das hortaliçasminimamente processadas. Outro fatorque afeta o consumo é o tamanho ina-dequado do produto, fato também ob-servado por Junqueira et al. (2003). Afalta de confiança é um motivo de pesoe merece atenção (Tabela 1).

Entre os entrevistados na pesquisa,59% (145 pessoas) são sempre respon-sáveis pelas compras da casa, 15%freqüentemente, 20% às vezes e 6% ra-ramente responsáveis. Das 145 pessoassempre responsáveis pelas compras, 112(77%) não consomem HMP. Para estegrupo de entrevistados que consomemHMP, a maioria (52%) tem seu consumomensal. Já entre as pessoas que não sãoresponsáveis pelas compras (às vezes eraramente), o consumo semanal ocorreapenas em 12% dos casos. Este fato podeestar ligado à facilidade de se comprarhortaliças embaladas e prontas, uma vezque as pessoas que não têm o hábito defazer as compras do lar também não têmo hábito de escolher verduras.

Figura 5. Consumo (A) e freqüência do consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação entre renda familiar. Viçosa, UFV, 2004.

R Perez et al.

445Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

A maior parte dos entrevistados(75%) considera importante que hajainformações nos rótulos das hortaliçasprocessadas. Destes, 52% acham que asinformações fornecidas atualmente sãoinsuficientes, sendo que apenas 23%consideram estas informações suficien-tes. Este grupo ressaltou que as infor-mações nutricionais e tempo de consu-mo depois de aberto devem ser semprefornecidas pelo produtor:

Os principais motivos que levaramos consumidores a adquirir HMP foramcomodidade e praticidade, pouco tem-po para o preparo das refeições e higie-ne dos produtos. Juntos, esses motivosperfazem 78% das respostas entre osconsumidores de HMP (Tabela 1), es-tando de acordo com o observado porRagaert et al. (2004).

Nesse sentido é preciso que hajamais propaganda e informação sobrehortaliças minimamente processadaspara esclarecer as pessoas sobre a segu-rança e a qualidade desses produtos quesão novos no mercado. Alguns dos fa-tores que levam as pessoas a não con-sumir os produtos são a não confiança(17,9%), o desconhecimento (7,8%)(Tabela 1).

Em todos os estabelecimentospesquisados, os fornecedores estão cien-tes das reclamações. Nos casos em quehá medidas corretivas, essas passampela negociação com os fornecedores eexigências acerca de novos cortes eembalagens. Em alguns casos não exis-tem medidas corretivas.

Os questionários aplicados aos res-ponsáveis pela seção de FLV dos super-mercados pesquisados demonstraramque a venda de hortaliças minimamenteprocessadas ainda é pequena, perfazen-do apenas 1% do total de vendas do es-tabelecimento na maioria dos casos,enquanto a venda de hortaliças em ge-ral está entre 4 e 24%. As HMP maisvendidas são “mix” de salada (20%),cenoura (16%), brócolis (15%), alface(14%) e couve (12%), com 77% das ven-das. Outros produtos são couve-flor(9%), rúcula (5%), mandioca (4%),abobora (2%) e espinafre (2%). A exem-plo do que verificaram Ramos et al.(2005), não há uma preferência absolutapor um determinado grupo de hortaliças.

O perfil de embalagem selecionado

Tabela 1. Motivos que levam ao consumo de hortaliças minimamente processadas entre osentrevistadores na cidade de Belo Horizonte (MG). Viçosa, UFV, 2004.

Tabela 2. Preços médios de produtos comuns e minimamente processados na cidade deBelo Horizonte. Viçosa, UFV, 2004.

pelos consumidores é pacote ou bande-ja, contendo apenas um tipo de hortaliça(53,3%) e mais de uma porção por em-balagem (59,6%). Porém, isso não querdizer que as outras opções não são acei-tas pelos consumidores. Provavelmen-te o tamanho da porção está diretamen-te ligado ao número de pessoas que re-sidem no domicílio, sendo que pessoasque moram sozinhas preferem embala-gens com porção individual. Nota-se queas saladas minimamente processadassão também bem aceitas pelos consu-midores, pois a diferença entre esta op-ção e a outra (apenas um tipo dehortaliça) é pequena (6,6%). Enquantono Brasil ainda é tímida a existência desaladas mistas, nos Estados Unidosatualmente é oferecida grande varieda-de de saladas folhosas com “kits” com-binados com tomate cereja, torradas(“croutons”) e molhos variados(Moretti, 2004).

Verificou-se ainda que o relaciona-mento entre os estabelecimentos e osfornecedores de hortaliças minimamen-

te processadas é bom ou ótimo. O for-necedor é escolhido considerando-se oscritérios de qualidade, pontualidade naentrega, preço e prazo de pagamento.Não há fidelidade de marcas, pois o pro-duto é relativamente novo no mercado.Apenas sete empresas abastecem a gran-de maioria do mercado com esse tipode produto em Belo Horizonte. Umadessas empresas é uma cooperativa deagricultores orgânicos do interior de SãoPaulo. A maioria das outras são locali-zadas em Minas Gerais e são de menorporte.

Todos os produtos são expostos embalcão refrigerado com temperatura in-ferior a 10ºC. Não havia diferenciaçãoaparente entre os produtos nas gôndolas,uma vez que um produto muitas vezesera encontrado em mais de uma prate-leira em todos os estabelecimentos. Asprincipais informações encontradas nasembalagens dos produtos minimamen-te processados eram: validade, data defabricação, inscrições: “pronto para con-

Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte

446 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

R Perez et al.

sumo”, “lavado e higienizado”, peso,recomendação para estoque refrigeradoe ingredientes. Alguns fabricantes apre-sentavam informações nutricionais eselo de qualidade do InstitutoBiodinâmico (IBD) para produtos orgâ-nicos.

O preço relativo das HMP é muitoelevado, chegando em alguns casos aquase 40 vezes em relação ao produtoao natural, como as cenouras (Tabela 2).Segundo cotação realizada durante umapesquisa em supermercados de MinasGerais, os preços destes produtos são,em média, cerca de 180% superiores aosdas hortaliças vendidas a granel, che-gando a alcançar valores de até 400%,o que pode ser considerado um fatorlimitante no aumento do consumo dospré-processados (FrutiFatos, 1999).

Pelo baixo consumo de hortaliçasminimamente processadas, pode-se per-ceber que o mercado ainda não está con-solidado em Belo Horizonte. As vanta-gens que este tipo de produto ofereceainda não são suficientes paraincrementar as compras, e o principalmotivo é o seu preço elevado.

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447Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

The mounting demand for water indifferent activities, mainly in

association with the incorporation ofnew irrigated areas into production, bothin Brazil and elsewhere in the world,places into the spot the need for anincreasingly rational water management(Bucks, 1995). Due to shortage, eitherin quantity or in quality, water is nolonger a free good, but it turned out tohave an economic value. According toONU/OMS information, as presented byGarcia (2004), there are countriesalready importing potable water,draining it from glaciers or even tradingwater by petrol. In this framework, theefficiency in water use became aneveryday requirement to all users.

Among the irrigation methods,surface drip irrigation was the one thatexperienced the fastest development inthe last decades due to the rational and

MONTEIRO ROC; COELHO RD; MELO PCT; FERRAZ P; CHAVES SWP; SHIRAHIGE FH; BELTRAME NETO E; PIEDADE SMS. 2008. Net melonperformance as affected by the drip irrigation depth and mulching. Horticultura Brasileira 26: 447-451.

Net melon performance as affected by the drip irrigation depth andmulchingRodrigo OC Monteiro1; Rubens D Coelho1; Paulo CT de Melo2; Priscylla Ferraz1; Sérgio WP Chaves1;Fernando H Shirahige2; Eugênio Beltrame Neto1; Sônia Maria de S Piedade1

USP–ESALQ, 1Depto. Engenharia Agrícola; 2Depto. Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; [email protected]

economically efficient water use itprovides. Several studies show that dripirrigation is effective in applying bothwater and fertilizers, especially inmelon, that does not cope well withhumidity in its aboveground part (Sousaet al., 1999; Pinto et al., 1999). Aninteresting alternative in this context isthe subsurface drip irrigation. Inaddition to the regular advantages of thedrip irrigation, supplying water insubsurface reduces losses due toevaporation, reaches directly to therooting zone, avoids mechanicaldamages to the pipes due to cultivatingprocedures and rodents, contributes toa larger root development, reduceshumidity in the soil surface, andmitigates disease incidence (Camp,1998; Silva et al., 1999). Vásquez(2003), when studying surface andsubsurface drip fertirrigation in net

melon, hybrid Bônus nº II, underprotected cultivation at Piracicaba, SP,observed commercial and total yieldrespectively 45 and 63% higher forsubsurface (0,20 m depth) in relation tosurface drip irrigation. The position ofthe pipe emitters influenced both K+

concentration and distribution in themelon rooting zone.

The use of plastic films to coversoils, called mulching, is gainingimportance in hampering water lossesdue to evaporation. Mulching may save5 to 30% in the amount of water requiredby plants (Allen et al., 1998). The useof plastic to cover the soil avoids fruitdirect contact with ground, positivelyinfluencing quality and appearance, andtherefore contributing to raise fruitmarketable yield and net income. Inaddition, mulching decreasesevaporation at soil surface and play a

ABSTRACTThe modern techniques of water supply through irrigation can

substantially reduce water waste, which contributes to attend theenlarging water demand. The objective of this work was to study theinfluence of subsurface drip irrigation and mulching over melon yieldand quality characteristics, in a sandy soil (Typic Hapludox). Theexperimental design was blocks at random, with four replications.Treatments were displayed in a 2 x 3 factorial (with and withoutmulching x surface and 0.20 and 0.40 depth subsurface dripirrigation). Mulching using double-sided silver/black film increasedfruit average mass, plant production, yield, daily growth rate forplant height and crown diameter, fruit distal diameter, and pulpthickness. The subsurface drip irrigation at 0.20 m depth resulted inlarger fruit average mass, plant production, and yield than surfaceand 0.40 m depth drip irrigation.

Keywords: Cucumis melo, drip irrigation system, production,postharvest.

RESUMODesempenho do melão rendilhado em função da

profundidade de gotejo e utilização de mulching

As atuais técnicas de aplicação de água pelos sistemas de irriga-ção podem reduzir substancialmente os desperdícios de água, o quecontribui para atender a crescente demanda por esse recurso natural.O objetivo deste trabalho foi estudar aspectos produtivos e de quali-dade de frutos de melão rendilhado em sistema de gotejo subterrâ-neo e cobertura plástica (mulching), em solo arenoso (LatossoloVermelho-Amarelo). O delineamento adotado foi em blocoscasualizados, com quatro blocos, com o arranjo dos tratamentos emfatorial 2 x 3 (com e sem mulching x gotejo superficial esubsuperficial, a 0,20 e 0,40 m de profundidade). O mulching utili-zando filme dupla-face prateado/preto incrementou a massa médiade fruto, a produção por planta, a produtividade, a taxa de cresci-mento diário da altura de planta e do diâmetro do colo da planta, odiâmetro longitudinal do fruto e a espessura de polpa. A profundida-de de gotejo a 0,20 m resultou em maior massa média de fruto, pro-dução por planta e produtividade quando comparado ao gotejo su-perficial ou em subsuperfície, a 0,40 m.

Palavras-chave: Cucumis melo, irrigação localizada, produção, pós-colheita.

(Recebido para publicação em 10 de setembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008)(Received in September 10, 2007; accepted in October 17, 2008)

448 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

significant role in reducing cropevapotranspiration (Silva, 2002),especially in the initial stages of plantdevelopment. Thus, mulching consistsin an important option for scaling-downwater use in agriculture.

The use of such practices, namelysubsurface drip irrigation and mulching,concurs to improve crop quality,especially in melon, which respondswell to irrigation. Considering that, theobjective in this work was studying yieldand quality aspects of melon producedusing drip irrigation and mulching, in asandy soil.

MATERIAL AND METHODS

The work was carried out at theRural Engineering Department of theAgriculture College Luiz de Queiroz(ESALQ), São Paulo State University(USP), in Piracicaba, São Paulo State.The experiment was installed in a 20 x14 m greenhouse, with 2.5 m height.

Ground from a Typic Hapludox wasused to fill in 1.07 long x 0.97 m widthx 0.65 m height boxes. The soil had, inaverage, 75% sand, 4% silt, and 21%clay (loam sandy textural class), for thelayer from 0 to a 0.40 m deep, and thefollowing physic-chemicalcharacteristics for the layers from 0 to0.20 m and from 0.20 to 0.40 m,respectively: P = 7.0 and 5.0 mg dm-3; S= 57.0 and 44.0 mg dm-3; pH = 5.4 and5.0; Organic matter = 14 and 13 g dm-3;K = 1.0 and 0.9 mmol

c dm-3; Ca = 21.0

and 19.0 mmolc dm-3; Mg = 10.0 and

9.0 mmolc dm-3; H+Al = 13.0 and 18.0

mmolc dm-3; SB = 32.0 and 28.9 mmol

c

dm-3; CTC = 45.0 and 46.9 mg dm-3; soilglobal density = 1.58 and 1.43 g cm-3;humidity at field capacity = 21.6 and27.7%, and humidity at the permanentwilting point = 12.1 and 18.8%.

Treatments were sorted in a 2 x 3factorial, in complete blocks at random,with four replications and 2-plant plots.Treatments corresponded to presence orabsence of plastic film (PP and AP) overthe soil and dripping depth (0, 0.20, and0.40 m), being named as follows: T1 =AP and 0.0 cm depth; T2 = AP and 0.20m depth; T3 = AP and 0.40 m depth; T4= PP and 0.0 cm depth; T5 = PP and 0.20depth; and T6 = PP and 0.20 m depth.

The crop used was the net melon(Cucumis melo, L.), hybrid Bônus nº II.Sowing took place in 128-cellStyrofoam trays. Plantlets weretransplanted to boxes placed in thegreenhouse 21 days later, in November04, 2005, when presenting twopermanent leaves. Each box containeda sole plant, irrigated using an emitterthat, according to the specific treatment,could be at the soil level or subsurface(Figure 1). Double-sided mulching(black/silver) 25 micra thick and withlight reflection higher than 25% wasused.

Six boxes were picked to installtensiometers in radial distances from theemitter (0.10, 0.20, 0.30, and 0.40 m,for the later only in boxes with plasticfilm), 0.15, 0.30, and 0.50 m deep(Figure 1). Therefore, nine tensiometerswere placed in the boxes with uncoveredsoil and 12 in boxes with mulching.

The results of the soil chemicalanalyses were interpreted as indicatedby Raij et al. (1997) and Ribeiro et al.(1999), aiming at recommending limingand fertilization for protectedcultivation. Fertilization was suppliedweekly through the irrigation water, assuggested by Medeiros & Maia (2001),according to the crop uptaking rate andsoil chemical analysis. Fertilization wascalculated to reach yields of 30 to 40Mg ha-1, in an 88-day cycle. N sourceswere ammonium sulphate (20% N) andurea (45% N) ,while P and K sourceswere respectively phosphoric acid (55% P

2O

5) and potassium chloride (60 %

K). Phosphoric acid was supplied alonedue to the incompatibility with the otherfertilizers, which might have causedprecipitation and led to a furtherblocking of the emitters. Fertilizers wereapplied using direct suction from a 500-L container with constant stirring, wherethe mixtures were prepared.

Frequent hand-weeding was carriedout, keeping the boxes free of competingplants. Agrochemicals, according to thetechnical recommendation for bothproducts and dosage, were used inpreventive control of pests and diseases,against the white-fly, leaf-miner,mildew, and the pickleworm. Toguarantee the pollination, as soon asblossoming started and for the following

two weeks, a beehive was kept in thecenter of the structure.

Two harvests were carried out: thefirst in January 23, 2006 and, the second,three days later, summing up a totalcycle of 84 days after transplanting. Allharvested fruits were considered foryield assessments, while the aspectsrelated to fruit quality were evaluatedover samples. The yield characteristicswere: fruit average mass (FM), in g fruit-1,obtained dividing the total fruit mass bythe number of fruits in eachexperimental plot; plant production(PP), in g plant-1, obtained by thedivision of the total fruit mass by thenumber of plants in the plot (two plants);yield itself (Y), in Mg ha-1, obtained bythe multiplication of PP by the estimateof the number of plants in a hectare; fruitdistal (DD) and transversal diameter(TD), obtained by measuring fruitdiameter in both directions using aconventional flexible tape-measure;fruit shape (FS) (non-dimensional),corresponding to the ratio between fruitdistal and transversal diameters; andfruit skin (ST) and pulp thickness (PT)(mm), assessed using a digitalpaquimeter.

The characteristics related to fruitquality were content of soluble solids(SS, oBrix), determined using dropsfrom the pulp, after homogenizing in ahome blender, and assessed in an AutoAbbe rephratometer, model 10500/10501 Leica (A.O.A.C., 1992); fruit pH(non dimensional), measured in liquidsamples using a potenciometer Tecnal,according to methodology suggested byA.O.A.C. (1992); fruit titratable acidity(TA), assessed in an 10-g pulp groundaliquot, mixed with 50 mL of distilledwater, titrated with standardized NaOH0,01 M, using phenol-phthalein 1% asindicator, and expressed in g of citricacid in 100 g of pulp (INSTITUTOADOLFO LUTZ, 1986); and pulptexture (PT), assessed with the aid of atexturemeter Texture Test System,model TP-1, coupled to an automaticregister of strength variation, which wascontrolled from a standard shearcompression cell CS-1, with 10 1/8"thick blades in a 90° angle. Sampleswere weighted and placed in the shearcompression standard cell, in such a way

ROC Monteiro et al.

449Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

that blades would act in parallel to thesamples. The results given in pounds inthe device were converted to Newton(N), 1 N = 4.45 Pd.

The morphological evaluation wascarried out in all plants, in five datesduring the first phase of the plant cycle,namely 6, 23, 29, 38 and 43 days aftertransplanting (DAT). The followingcharacteristics were assessed: (1) dailygrowth rate for plant height (PH) (cmday-1), obtained by dividing plant heightat the evaluation date by the number ofgrowing days. Plant height was assessedfrom the crown to the main stem apex,using a tape-measure; (2) daily growthrate for crown diameter (CD) (mm day-1),obtained dividing the crown diameter atthe evaluation date by the number ofgrowing days. The crown diameter wasmeasured using a digital paquimeter, 1cm over soil level.

The statistical analysis of data wasperformed using the analysis of varianceand the F test, applied in agreement withthe experimental design. Consideringthat this experiment dealt withqualitative factors (dripping depth andsoil plastic mulching), the Tukey test,at 5% probability, was used to comparetreatment means.

RESULTS AND DISCUSSION

There was no significant interactionbetween the studied factors for none ofthe characteristics evaluated. Therefore,results for each factor are presented anddiscussed individually.

Mulching significantly influencedfruit average mass (FM), plantproduction (PP), yield (Y), daily growthrate for plant height (PH) 23, 29, and 38days after transplanting (DAT), dailygrowth rate for crown diameter (CD) inall evaluation dates, fruit distal diameter,and pulp thickness (Table 1). Accordingto some researchers (Sganzerla, 1997;Hochmuth et al., 2001; Sanders, 2001),carrot, cucumber, eggplant, garlic andonion, lettuce, melon and watermelon,pepper and sweet pepper, okra, squashand pumpkin, strawberry, tomato, andwater-cress are vegetables that benefitfrom the use of plastic films as soilmulching.

Mulching increased FM in 150 g inaverage (Table 1) when compared toresults obtained in uncovered soil. Theincrement is considerable, once itrepresents an estimate of additional 3Mg ha-1 in crop yield, when the usefularea for each plant and the adopted cropsystem are taken into account. Similarvalues were found by Costa (2003),using a silver polyethylene plastic coverin a soil with loam clayey texture.Andrade (2001), Miranda et al. (2003),Araújo et al. (2000), and Ferreira et al.(2001a), who worked with blackpolyethylene plastic, also foundsignificant differences in FM betweenmulching and uncovered soils.

The average values for PP and Y(Table 1) indicate that mulching inducedan increment of approximately 10%over the results observed for theuncovered soil. Negreiros et al. (2003),

when comparing uncovered and coveredsoil, using black, silver, yellow, andbrown plastic films as mulching, forCantaloupe melon grown in Mossoró,Rio Grande do Norte State, noticed thatthe highest yields for both total andmarketable fruits came from thetreatments where mulching wasemployed.

The daily growth rate for plantheight (PH) was determined upon thevariation of average plant height in timeduring the first half of the plant cycle(vegetative phase). At the evaluationperformed 16 DAT, there was nosignificant influence of mulching overPH, probably because plants were stilltoo small to any effect to be noticed. Theaverage values show that mulchingraised PH in at least 77% whencompared to uncovered soil. Mulchingeffects are likely to be related to thehigher soil temperature and to silverplastic capacity to reflect solar radiation,which might have allowed bottom andinner leaves to benefit from the reflectedradiation. Consequently, thephotosynthetic active area in the plantwas enlarged and more photosynthesisproducts were available for plantdevelopment, as postulated by Tsekleevet al. (1993). Andrade (2001) also foundsignificantly higher PH valuesassociated to the use of mulching incomparison to uncovered soil.

The average values of CD (Table 1)show that the smallest differencebetween plants grown with and withoutmulching, in average 7%, for both soil

Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulching

Table 1. Yield characteristics and fruit quality attributes for net melon grown with and without mulching (características de rendimento eatributos de qualidade de frutos de melão rendilhado cultivado com e sem mulching). Piracicaba, USP-ESALQ, 2006.

Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test, p<0.05* or p<0.01** (médias seguidas de mesmaletra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05* ou p<0,01**); 1FM = Fruit mass (massa do fruto); PP =plant production (produção por planta); Y = yield (produtividade); PH = daily growth rate for plant height (taxa de crescimento diário daaltura das plantas); CD = daily growth rate for plant crown diameter (taxa de crescimento diário do diâmetro do colo das plantas); DD andTD = fruit distal and transversal diameter (diâmetros longitudinal e transversal do fruto); FS = fruit shape (formato do fruto); RT and PT =fruit rind and pulp thickness (espessuras da casca e da polpa do fruto); CSS = content of soluble solids (teor de sólidos solúveis); TA =titrable acidity (acidez titulável); FT = fruit texture (textura do fruto); 2LSD = Least significant difference (diferença mínima significativa;3CV = coefficient of variation (coeficiente de variação).

450 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

categories, was found 16 DAT. Just asmentioned above for PH, it is likely thatthis evaluation was too early to observethe mulching influence in comparisonto uncovered soil. In the remainingevaluation dates (23, 29, 38, and 43DAT), an average difference of 17.4%was observed in favor of plants grownwith mulching in comparison to thosegrow in uncovered soil.

Mulching resulted in a 4% increasein fruit distal diameter (DD). Andrade(2001) did not find significant effectsof covering the soil over DD and fruittransversal diameter (TD). In the presentwork, values for fruit shape (FS) ranged,in average, from 1.04 to 1.06, which

corresponds to a spherical shape. Therewas no mulching influence over FS.

Mulching significantly influencedpulp thickness (PT), producing anincrease of 2.5 mm. Andrade (2001)however did not find significant effectsof mulching over PT. Costa (2003)observed that, although fruits producedout of treatments with mulching usingblack, silver, and brow polyethylene hadstatistically similar PT when comparedto each other, they all exceeded theresults observed for fruits producedwithout mulching. Gondim et al. (2003)reported that PT was larger in fruitsproduced using mulching than in fruitsgrown on bare soil.

When considered individually,mulching and dripping depth did notsignificantly influence any of the fruitquality characteristics studied herein.Araújo et al. (2000) and Ferreira et al.(2001a,b) did not find significantdifferences among treatments for fruitquality traits (total soluble solids andpulp firmness) in yellow melon, cultivarGold Mine, when the soil was leftuncovered or covered with either blackor silver polyethylene film or groundwax-palm straw. On the other hand,Brandenberg & Wiedenfeld (1997)observed an increment of 0.6% in thecontent of soluble solids for treatmentswith film in comparison to uncovered

Figure 1. Layout of the superficial and subsuperficial (0.20 and 0.40 m) placing of the drip emitters and tensiometers in the boxes(posicionamento superficial e subsuperficial (0,20 e 0,40 m) do gotejador e disposição dos tensiômetros nas caixas). Piracicaba, USP-ESALQ, 2006.

ROC Monteiro et al.

Table 2. Yield characteristics and fruit quality attributes for net melon grown in surface and 0.20 and 0.40 subsurface drip irrigation(característica de rendimento e atributos de qualidade de frutos de melão rendilhado cultivado com gotejamento superficial e subsuperficial,a 0,20 e 0,40 m). Piracicaba, USP-ESALQ, 2006.

Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test, p<0.05* or p<0.01** (médias seguidas de mesmaletra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05* ou p<0,01**); 1FM = Fruit mass (massa do fruto); PP =plant production (produção por planta); Y = yield (produtividade); PH = daily growth rate for plant height (taxa de crescimento diário daaltura das plantas); CD = daily growth rate for plant crown diameter (taxa de crescimento diário do diâmetro do colo das plantas); DD andTD = fruit distal and transversal diameter (diâmetros longitudinal e transversal do fruto); FS = fruit shape (formato do fruto); RT and PT =fruit rind and pulp thickness (espessuras da casca e da polpa do fruto); CSS = content of soluble solids (teor de sólidos solúveis); TA =titrable acidity (acidez titulável); FT = fruit texture (textura do fruto); 2LSD = Least significant difference (diferença mínima significativa;3 CV = coefficient of variation (coeficiente de variação).

451Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulching

soil. Maiero et al. (1987), upon studyingseveral Cantaloupe melon genotypesgrown with soil mulching in Maryland(USA), found that, regarding solublesolids, the influence of transparent andblack plastic films did not significantlydiffer from each other, yielding anaverage content of 9.2 and 9.0ºBrix,respectively, although both treatmentsexceeded in 10% the content of solublesolids in fruits grown in uncovered soil.

Dripping depth significantlyinfluenced fruit average mass (FM),plant production (PP), and yield (Y)(Table 2). The largest FM was achievedwhen water was dripped at 0.20 m depth.Vásquez (2003) found similar resultswith pipe emitters placed at thesubsurface (0.20 m), which inducedlarger FM values than surface dripping.PP and Y increased approximately 13%when water was applied throughdripping at 0.20 m depth in relation tosurface dripping. Vásquez (2003) alsofound higher PP and Y values (45 %)for pipe emitters placed in subsurface(0,20 m) than for surface dripping.

The use of double-sided silver/blackplastic film as soil mulching increasedfruit average mass, plant production andyield, daily growth rate for plant heightand crown diameter, fruit distaldiameter, and pulp thickness. Drippingwater at 0.20 m depth raised fruitaverage mass, plant production, andyield, when compared to surfacedripping and 0.40 m depth.

ACKNOWLEGMENTS

To the National Council forScientific and TechnologicalDevelopment (CNPq), for funding thiswork.

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452 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

No semi-árido nordestino são gran-des as potencialidades para a fruti-

cultura irrigada, pelas peculiaridadescomo elevadas temperatura eluminosidade durante praticamente oano inteiro. Dentre os cultivos destaca-se o de melão (Cucumis melo, L.), queadquiriu importância comercial a partirda década de 80, com a introdução nopaís da cultivar Valenciano AmareloCAC (Pedrosa & Almeida, 1991). Atual-mente, o melão é considerado o segun-do produto hortícola de expressão na-cional, sendo superado apenas pelo sucode laranja.

Apesar do crescente interesse pelacultura do meloeiro no semi-árido nor-destino, são poucos as investigaçõesenfocando aspectos de sua nutrição mi-neral. É imprescindível o conhecimen-to das exigências nutricionais da cultu-ra, durante os seus estádios de desen-volvimento do seu ciclo, como referên-

MEDEIROS JF; DUARTE SR; FERNANDES PD; DIAS NS; GHEYI HR. 2008. Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina.Horticultura Brasileira 26: 452-457.

Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salinaJosé Francismar de Medeiros1; Severino R Duarte1; Pedro Dantas Fernandes2; Nildo da Silva Dias1; HansRaj Gheyi2

1UFERSA, C. Postal 136, 59625-900 Mossosó-RN; 2UFCG, C. Postal 10.078, 58109-970 Campina Grande-PB; [email protected];[email protected]

cia para estabelecimento de programasde fertirrigação, possibilitando o forne-cimento dos nutrientes em épocas e do-ses adequadas ao bom desenvolvimen-to vegetal (Prata, 1999). Juntamentecom o conhecimento da absorção denutrientes, faz-se necessário investigaros efeitos da salinidade sobre a nutriçãodas plantas, considerando-se a predomi-nância de água com alto valor decondutividade elétrica nas áreas produ-toras de melão no semi-árido.

A exigência por água de boa qualida-de, principalmente para consumo huma-no, está forçando à utilização das fontescom teores mais altos de sais para a agri-cultura irrigada (Santos & Hernandez,1997), requerendo por sua vez, o desen-volvimento de práticas de manejo queviabilizem o uso dessa água na produçãoagrícola, tendo em vista alcançar e ga-rantir a qualidade de vida, o desenvolvi-mento socioeconômico e ambiental.

Várias práticas de manejo têm sidoutilizadas para se produzir economica-mente, quando se dispõem de água, comalto risco de salinização, dentre as quaisse destaca o uso de plantas tolerantes àsalinidade e a sodicidade, sendo impor-tantes os estudos que visem avaliar asensibilidade das espécies ao estressesalino. Evidentemente, que a definiçãoda espécie a ser cultivada depende domercado. Entretanto, para se tornar viá-vel o uso de água salina na agricultura,dever-se-á, preferencialmente, escolheras culturas tolerantes e de ciclo curto;assim os efeitos prejudiciais dasalinidade à produção seriam menores.A cultura do melão, além de ser classi-ficada como moderadamente toleranteà salinidade (Ayers & Westcot, 1999),tem-se constituído em ótimo negóciopara o Nordeste brasileiro, destacando-se no cenário internacional (Costa &Pinto, 1977), sendo considerada como

RESUMOO uso de água salina na irrigação é muito comum em cultivos de

melão em regiões semi-áridas, o que pode resultar na salinização dosolo e redução de rendimento se o manejo da irrigação não for ade-quado. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimen-to e o acúmulo de N, P e K em plantas de melão (Cucumis melo, L.)irrigadas com água salina. Os tratamentos estudados resultaram dacombinação de dois fatores: salinidade da água de irrigação (1,1;2,5 e 4,5 dS m-1) e materiais de melão (híbrido Trusty e cultivarOrange Flesh). O delineamento estatístico adotado foi de blocos in-teiramente casualizados com quatro repetições, com tratamentosarranjados em esquema fatorial 3 x 2. A época de coleta de plantasfoi analisado como outro fator e os resultados interpretados por aná-lise multivariada. As plantas amostradas foram fracionadas em fo-lhas + ramos e frutos, determinaram-se as produções de matériassecas e os conteúdos de N, P e K nestes materiais. Os acúmulos dosnutrientes nos frutos e de fitomassa seca na planta diminuíram como incremento da salinidade da água de irrigação. Os frutos exporta-ram, em média, 57,1%, 67,1% e 70,0% dos totais de N, P, K, absor-vidos pela planta e alocados na parte aérea, mostrando, portanto,que foram o principal dreno para estes nutrientes na planta.

Palavras-chave: matéria seca, absorção de N, P e K, Cucumis melo L.

ABSTRACTGrowth and N, P and K accumulation by melon irrigated

with saline water

The use of saline water for irrigation is very common incultivation of melon in semiarid zones, which can result in the soilsalinization if irrigation management is not appropriate. The growthand accumulation of N, P and K by melon (Cucumis melo, L.)irrigated with saline water was evaluated. Treatments resulted fromthe combination of the factors irrigation water salinity levels (1.1;2.5 and 4.5 dS m-1) and melon materials (hybrid Trusty and cultivarOrange Flesh). Treatments were arranged following a completelyrandomized block design with four replications, arranged in 3 x 2factorial. Another factor analyzed was time of sampling and resultswere interpreted by multivariate analysis. Plants were divided intotwo portions after sampling (leaves plus stems and fruit), and drymatter, N, P and K contents were determined. Nutrient accumulationin fruits and plant growth decreased with increasing water salinity.On average, 57.1%, 67.1% and 70.0% of N, P and K absorbed byplant were allocated in fruits, showing that fruits are the main drainfor these nutrients in melon.

Keywords: dry matter, N, P and K uptake, Cucumis melo L.

(Recebido para publicação em 26 de junho de 2007; aceito em 19 de setembro de 2008)(Received in June 26, 2007; accepted in September 9, 2008)

453Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

cultura de ciclo relativamente curto,entre 60 a 65 dias após a semeadura.

Diante da carência de resultados depesquisa com esse fim, objetivou-secom este trabalho avaliar os efeitos dautilização de água com níveis crescen-tes de salinidade sobre o crescimento eas absorções de N, P e K em melão irri-gado por gotejamento.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na Fazen-da São João, em Mossoró-RN, em soloArgissolo Vermelho Amarelo Eutróficolatossólico, segundo classificação daEMBRAPA (1999) e apresenta texturafranco-argilo-arenosa e relevo plano.

Foram estudados os efeitos combi-nados de três níveis de salinidade daágua (S

1=1,1; S

2=2,5 e S

3=4,5 dS m-1),

aplicados em uma cultivar (OrangeFlesh (OF), do grupo Honey Dew) e emum híbrido (Trusty (T), do grupoCantaloupe ), arranjados em fatorial 3 x2, dispostos em blocos casualizados,com quatro repetições. A época de co-leta de plantas foi analisada como outrofator e os resultados interpretados poranálise multivariada de dados repetidosno tempo. Cada parcela experimental foiconstituída por três fileiras de plantasde 6,0 m de comprimento, espaçadas de2,0 m com 0,30 m entre plantas,totalizando 20 plantas por fileira e 60plantas na parcela.

A água de menor salinidade (S1) foi

obtida com a mistura de 70% da águaproveniente de um poço artesiano pro-fundo (CE - 0,6 dS m-1) e 30% de umpoço aberto no aqüífero calcário (CE -2,5 dS m-1); a água de salinidade inter-mediária (S

2) foi proveniente da água do

aqüífero calcário, enquanto que a águade maior salinidade (S

3) foi obtida acres-

centando-se, na água S2, 1 kg de NaCl

por m-3.Realizou-se o plantio em 15/09/00,

utilizando a semeadura direta,correspondendo a uma população de16.667 plantas ha-1. As adubações foramrealizadas diariamente desde o sétimodia após o plantio (DAP) até o enchi-mento dos frutos, seguindo ocronograma da Fazenda São João e deacordo com a marcha de absorção dacultura adaptada a partir de Bar-Yosef

(1991). Os totais de fertilizantes aplica-dos durante o ciclo foram: N = 173 kgha-1 nas formas de nitrato de amônio,ácido nítrico e uréia; P

2O

5 = 214 kg ha-1

na forma de ácido fosfórico; K2O = 387

kg ha-1 nas formas de sulfato e nitratode potássio.

A cultura foi irrigada porgotejamento, com emissores do tipoautocompensante e vazão nominal de3,75 L h-1, previamente avaliados nocampo, sob condições normais de ope-ração, apresentando um coeficiente devariação de vazão de 6,33% e vazãomédia de 4,12 L h-1. A lâmina de irriga-ção aplicada diariamente foi estimadapara condições não salinas adotando-seo cálculo da evapotranspiração da cul-tura proposta pela FAO (Allen et al.,1998), usando o coeficiente de culturadual e a evapotranspiração de referên-cia (ETo) estimada pelo método dePenman-Monteith, acrescida de 10%.Ao longo do ciclo da cultura, para to-dos os tratamentos estudados foram fei-tos ajustes nas lâminas de irrigação apli-cadas com base no monitoramento daumidade do solo com o uso detensiômetros instalados nas profundida-des de 0,15; 0,30 e 0,45 m num raio de0,15 m da planta e do gotejador, na re-gião central de cada parcela experimen-tal em dois blocos, diminuindo ou au-mentando por aproximação a lâminapreviamente estimada caso as leiturasmédias daquele tratamento tendessem adiminuir ou subir respectivamente emrelação ao dia anterior.

Para as análises de crescimento e deabsorção de nutrientes, as plantas foramcoletadas aos 22; 29; 36; 47 e 61 diasapós o plantio (DAP), tomando-se, apóssorteio, duas plantas por parcela nasduas fileiras externas. Nas 4a e 5a cole-tas, os pesos das matérias secas de fo-lhas, caules e frutos, foram estimadospor meio de amostras tomadas dos res-pectivos materiais frescos, as quais fo-ram secas em estufa de circulação for-çada de ar à temperatura de 65ºC (±5ºC)até peso constante. Foram analisadas asproduções de fitomassa seca dos órgãosvegetativos (caule + folha, denominadoFSFC), frutos (denominado FSF) e tam-bém da parte aérea completa (caule +folhas + fruto, denominado FST). Nosmateriais secos foram determinados osteores de N, P e K, conforme

metodologias citadas por Tedesco et al.(1995).

Foi realizada análise multivariadapara dados repetidos no tempo, ou seja,para 5 épocas de coleta, utilizando oprograma SAS (Statistical AnalysisSystem). Nos casos em que os fatoresem estudo (salinidade e cultivar) mos-traram-se interativos com o tempo, rea-lizou-se análise univariada para cadaépoca de amostragem. Procedeu-se àanálise de regressão para os dados denatureza quantitativa; enquanto que asmédias dos dados qualitativos foramcomparadas pelo teste de Tukey a 5%de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise multivariada dos dados defitomassa seca de folhas e caule (FSFC),repetidos no tempo, identificouinteração tempo x salinidade, significa-tiva a 5% de probabilidade. Para afitomassa seca da parte aérea (FSPA)houve efeito significativo apenas paraépoca de coleta.

Pode-se verificar que, as curvas deacumulação de FSFC (Figura 1A) nãoforam paralelas entre os vários níveis desalinidade, sendo que o nível desalinidade S

3 foi o mais limitante para o

crescimento durante todo o ciclo; en-quanto que a salinidade S

2 apresentou

maior acúmulo de fitomassa na fase ini-cial de crescimento, sendo superada pelasalinidade S

1 após os 47 DAP.

O acúmulo máximo de fitomassaseca total da parte aérea (g planta-1) ocor-reu aos 61 DAP para o melão do grupoCantaloupe, híbrido T e o grupo HoneyDew, Cultivar OF (Figura 1B) e para assalinidades S

1, S

2, e S

3 (Figura 1C).

Para FST média houve efeito signi-ficativo a 5% de probabilidade tantopara cultivar como para salinidade, sen-do que a interação cultivar x salinidadenão foi significativa. Os valores de pro-duções de fitomassa seca total (FST),de fitomassa seca dos órgões vegetativos(FSFC) e de fitomassa seca dos frutos(FSF) para as cultivares e a salinidadeda água são apresentados na Tabela 1.Observou-se que, enquanto a porcenta-gem de FSFC aumentou, a porcentagemde FSF decresceu proporcionalmentecom o aumento dos níveis de salinidade

Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina

454 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

da água de irrigação. Esta constatação com-prova que a tolerância relativa das plantasvaria em função do estádio de desenvolvi-mento da cultura e, no caso das plantas demeloeiro, os efeitos da salinidade forammais severos na frutificação do que duran-te a fase vegetativa. Os valores de FST fo-ram superiores aos obtidos por Prata (1999)trabalhando com os híbridos Shipper,Durango e Mahmi, os quais produziram,respectivamente, 217,1; 184,6 e 143,0 gplanta-1 e próximos aos reportados porBelfort et al. (1986) com a cv. ValencianoAmarelo (271,8 g planta-1 aos 75 dias apóso plantio).

Ainda em relação à Tabela 1, as fo-lhas e caules perfizeram 32,9% da ma-téria seca produzida pela parte aérea dohíbrido T, enquanto que na cultivar OFfoi de 45,6% e para as salinidades S

1, S

2

e S3 com 33,93; 41,28 e 42,58%, res-

pectivamente aos 61 DAP. Os frutoscontribuíram com 67,14 e 54,45% parao híbrido T e a cultivar OF e com 66,07;58,72 e 57,42% para os níveis desalinidades S

1, S

2 e S

3, respectivamen-

te. Prata (1999), estudando os híbridosMahmi, Gold Pride, Gália, Durango eShipper, verificou que os mesmos apre-sentaram a distribuição de fitomassaseca de 41 a 55% na parte aérea e de 27a 50% para os frutos. Lima (2001), tra-balhando com oito híbridos de melãomostrou que as plantas alocaram 25 a40% de fitomassa seca na parte aérea ede 60 a 70% nos frutos. Com base nes-ses valores, os dados obtidos para FSFCe FSF do hibrido T, estariam dentro destafaixa, enquanto que para a FSF da culti-var OF estariam abaixo destes valores.

O comportamento da fitomassa secatotal da parte aérea (FST) para as culti-vares, mostrado na Figura 1B, indica quea produção de FST do híbrido T tende aser superior à cultivar OF durante todoo ciclo. Na Tabela 1, observa-se que aFSF do híbrido T foi 60% maior que dacultivar OF.

O comportamento do acúmulo defitomassa seca total da parte aérea (FST)para os diferentes níveis de salinidadesda água de irrigação (Figura 1C), tem omesmo comportamento do acúmulo defitomassa seca da parte aérea da planta,sem considerar os frutos (Figura 1A),ou seja, as plantas irrigadas com águade salinidade S

2 tiveram um maior cres-

JF Medeiros et al.

Tabela 1. Produções de fitomassa seca total da parte aérea (FST), de folha + caule (FSFC),dos frutos (FSF) e respectivas composições percentuais em relação ao total da parte aérea,em cada nível de salinidade e cultivar OF e o híbrido T, aos 61 DAP. (production of drymatter of aerial parts - FSPA, leaf + stem – FSFC and fruits – FSF and respective percentagesin relation to total aerial part, at each level of salinity and cultivar Orange Flash and hybridTrusty, 61 days after planting). Mossoró, UFERSA, 2001.

Figura 1. Produção de fitomassa seca ao longo do ciclo: de folhas e caule para os níveis desalinidade da água de irrigação – FSFC (A); total da parte aérea do híbrido T e a cultivar OF(B) e para os níveis de salinidade da água de irrigação – FST (C). (production of dry matterduring the crop cycle: leaves and stem as function of salinity of irrigation water – A; aerialpart of hybrid Trusty and cultivar Orange Flesh – B and as function of salinity levels ofirrigation water - C). Mossoró, UFERSA, 2001.

455Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

cimento até os 47 DAP sendo superadopelas plantas irrigadas com salinidadeS

1 apenas a partir dos 47 DAP. A

salinidade S3 proporcionou menores

valores de fitomassa seca total durantetodo o ciclo. Nas Figuras 1A, 1B e 1Cverifica-se que o maior acúmulo defitomassa ocorreu após 37 DAP comincrementos crescentes até os 61 DAP,comportamento semelhante ao verifica-do por Lima (2001) para as cultivaresdo tipo Cantaloupe e Orange Flesh.

A análise multivariada de dados re-petidos no tempo mostra que as curvasde absorção de N são diferentes (nãoparalelas) entre as cultivares e entre osníveis salinos são paralelas e não coin-cidentes. Para o P, apenas houve dife-rença entre as cultivares, que foram pa-ralelas, embora não coincidentes.

O conteúdo máximo de N acumula-do na fitomassa seca total aos 61 DAPpara as salinidades (S

1, S

2 e S

3) e culti-

var OF e o híbrido T, foram respectiva-mente: 11,41, 8,91 e 6,84 e 9,71 e 6,84g planta-1 (Tabela 2), ficando na faixade absorção obtida por Lima (2001), quetrabalhando com oito híbridos, chegoua um intervalo de 82,69 a 126,2 kg ha-1

de N com 10.000 planta ha-1. A cultivarT e a salinidade S

1 foram superiores aos

resultados obtidos por Lima (2001).Tanto para as cultivares como parasalinidades, os resultados foram supe-riores aos obtidos por Prata (1999), quetrabalhando com os híbridos Durango,Shipper, Mah-Mi e Gália chegou àsquantidades de N de: 69,32; 53,30;37,34 e 29,73 kg ha-1, para 12.500planta.ha-1, respectivamente. O N foiinferior aos resultados obtidos para umrendimento de 67 e 55 t ha-1, por Anstettet al. (1965) e Rincón et al. (1998), ondeobtiveram para essa produtividade, res-pectivamente 283 e 205 kg ha-1 de N.

O híbrido T apresentou acúmulo deN nos frutos quase três vezes superiorao acumulado em folhas e caule, en-quanto que a cultivar OF acumulou duasvezes mais N nos frutos, em relação aoacumulado em folhas e caules. Para assalinidades S

1 e S

3, os frutos contribuí-

ram com quase 60% da absorção totalda planta, enquanto que os frutos dasplantas submetidas à salinidade da águaS

2 contribuíram com 45% da absorção

total (Tabela 2).

Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina

Figura 2. Acúmulo total de N na parte aérea para o híbrido T e da cultivar OF (A) e oacúmulo total de N (B) and P (C) nas plantas para os níveis de salinidade da água de irriga-ção durante o ciclo de cultivo. (accumulation of N in aerial part to hybrid Trusty and cultivarOrange Flesh – A and accumulation of N – B e P – C in plants to the level of irrigation watersalinity during the crop cycle). Mossoró, UFERSA, 2001.

Tabela 2. Conteúdos de N, P e K total na parte aérea e nos frutos ao final do ciclo da culturapara o híbrido T e cultivar OF em diferentes níveis salinos da água de irrigação. (contents ofN, P and K in aerial parts and fruits at the end of crop cycle for hybrid Trusty and cultivarOrange Flash and in different salinity levels of irrigation water). Mossoró, UFERSA, 2001.

456 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

do melão obtida foi de 67 t ha-1, comacúmulo total 59,83 kg ha-1 de P, valo-res inferiores aos obtido neste trabalho.Já no estudo de Rincón et al. (1998), omeloeiro produziu 55 t ha-1 de melão,com acúmulo total de 34,93 kg ha-1 deP, valores inferiores aos obtidos com ohíbrido T, média dos níveis de salinidade(38,3 kg ha-1) e para a salinidade S

1,

média das cultivares (48,9 kg ha-1). Es-tes maiores valores podem está associa-dos à absorção de luxo, como tambémocorreu com o N, devido ao fato das al-tas doses desses nutrientes aplicadas.

O conteúdo máximo de K acumula-do na fitomassa seca total, aos 61 DAPpara as salinidades (S

1, S

2 e S

3) foram,

respectivamente 16,42, 9,81 e 9,36; paraa cultivar OF e hibrido T foram 13,70 e10,03 g planta-1, respectivamente (Ta-bela 2), tais valores superiores aos obti-dos por Lima (2001), que estudou 8 hí-bridos de melão e obteve valores de ab-sorção de K de 12,3; 11,1; 8,9; 7,8; 7,5;6,5; 5,7 e 4,7 g planta-1. Tyler & Lorenz(1964) observaram alto conteúdo de Kna fitomassa seca total na cv. Persians,cerca de 177,09 kg ha-1 aos 64 DAP, sen-do esse valor inferior às das plantasirrigadas com salinidade S

1 e a média

da cultivar T e superior as demaissalinidades e a cultivar OF, obtido nes-te trabalho. Já Prata (1999), trabalhan-do com 5 cultivares obteve 75,93 e101,42 kg ha-1 de K para as cultivaresMAH-MI e Durango, respectivamente,ficando muito inferior aos obtidos pe-las salinidades e cultivares deste traba-lho. Anstett et al. (1965) e Rincón et al.(1998), para produzirem 67 e 55 t ha-1

de melão, respectivamente, encontraramuma absorção total de 419,17 e 416,67kg ha-1 de K, sendo superiores às obti-das pelas salinidades e cultivares destetrabalho.

Cerca de 70% do total de K absorvi-do foram alocados nos frutos do híbri-do T e da cultivar OF. Para assalinidades, a contribuição da absorçãodo fruto em relação à absorção total daplanta ficou em torno de 60 a 70%. Ob-serva-se na Figura 3A que não houvediferença no acúmulo de K absorvidoentre a cultivar OF e o híbrido T até aos29 DAP e, após esse período o híbridoT foi superior, aumentando a diferençaaté o final do cultivo. Esse comporta-

O híbrido T foi superior à cultivarOF, na absorção de nitrogênio, durantetodo ciclo de cultivo, porém a partir dos47 DAP a absorção tornou-se mais pro-nunciada (Figura 2A). Observa-se naFigura 2 que as plantas irrigadas comágua S

2 absorveram mais nitrogênio nos

primeiros dias de cultivo, sendo supe-rada pela salinidade S

1 a partir de 47

DAP; as plantas irrigadas com água S3

absorveram menos nitrogênio em todoo ciclo de cultivo.

A cultivar OF e o híbrido T apresen-taram acúmulo de P nos frutos quaseduas vezes superior ao acumulado emfolhas e caule. Para as salinidades, osfrutos contribuíram com quase 70% daabsorção total da planta (Tabela 2). Ve-rifica-se ainda que em plantas irrigadascom salinidade S

2, a absorção de P foi

superior até os 47 DAP, sendo superadapelas plantas cultivada sob irrigaçãocom água de salinidade S

1 até o final do

ciclo de cultivo (Figura 2C). As plantas

irrigadas com água S3 apresentaram um

comportamento inferior às demaissalinidade desde o início até o final dociclo da cultura.

O conteúdo máximo de P acumula-do na fitomassa seca total, aos 61 DAPpara as salinidades (S

1, S

2 e S

3) foram,

respectivamente 2,93, 1,77 e 1,47 gplanta-1 e para a cultivar OF e o híbridoT foram 2,30 e 1,82 g planta-1, respecti-vamente (Tabela 2). Estes resultadoscorroboram com os de Lima (2001),exceto para a salinidade S

3 que foi infe-

rior aos híbridos Hy Mark e Gold Mineque absorveram, respectivamente: 27,50e 25,49 kg ha-1. Prata (1999), trabalhan-do com os híbridos Shipper, Durango,MAH-MI, Gold Pride e Gália, observouum acúmulo de: 10,1, 9,6, 5,7, 4,5 e 4,0kg ha-1 de P para 12.500 planta ha-1, sen-do inferiores aos observado neste tra-balho.

Em estudos conduzidos por Anstettet al. (1965), a produtividade da cultura

Figura 3. Acúmulo total de K durante o ciclo de cultivo: para híbrido T e da cultivar OF (A)e para níveis de salinidade da água de irrigação (B). (accumulation of K during the cropcycle: for hybrid Trusty and cultivar Orange Flesh - A and as a function of levels of irrigationwater salinity – B). Mossoró, UFERSA, 2001.

JF Medeiros et al.

457Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina

mento é semelhante ao obtido com oacúmulo de nitrogênio e de matéria secatotal, com o acúmulo maior no fruto pro-porcionando essa diferença.

Analisando-se a Figura 3B, verifi-ca-se que as plantas irrigadas com asalinidade S

2 absorveram maior quanti-

dade de K até os 47 DAP, sendo supera-da em seguida pela salinidade S

1 até o

final do ciclo de cultivo. Para salinidadeS

3, o acúmulo de K tendeu a ser inferior

até o final do ciclo em relação aos ou-tros níveis de salinidades. Comporta-mento semelhante foi verificado para oacúmulo de matéria seca total e absor-ção de N e P.

Os acúmulos dos nutrientes nos fru-tos e de fitomassa seca na planta dimi-nuíram com o incremento da salinidadeda água de irrigação. Os frutos exporta-ram, em média, 57,1; 67,1 e 70,0% dostotais de N, P, K, absorvidos pela plantae alocados na parte aérea, mostrando,portanto, que foram o principal drenopara estes nutrientes na planta.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos auxílio financeiro dopresente projeto de pesquisa, financia-do com recursos do Programa AvançaBrasil Convênio EMBRAPA/ESAM.

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458 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

O consumo de produtos minimamen-te processados tem aumentado em

todo o mundo. Nos Estados Unidos, acomercialização deste tipo de produto éresponsável pelo preparo de cerca de10% do volume comercializado de fru-tas e hortaliças frescas e deverá aumen-tar para cerca de 20% nos próximos 10anos. No Brasil, o consumo deste tipode produto ainda é pequeno, porém tem-se observado um rápido crescimento dosetor nos grandes e médios centros ur-banos, com tendência de expansão(Durigan, 2004).

Apesar do aumento da demandamundial por vegetais frescos minima-mente processados, uma maior expan-são neste segmento, tanto para o mer-cado interno quanto para o externo, temsido dificultada dada à curta vida útildos mesmos (Gomes et al., 2005).

A redução da vida útil deste tipo deproduto se deve, principalmente, àsmudanças fisiológicas indesejáveis, oca-sionadas pelas operações envolvidas no

MIGUEL ACA; BEGIATO GF; DIAS JRPS; ALBERTINI S; SPOTO MHF. 2008. Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos demelão ‘Amarelo’ minimamente processado. Horticultura Brasileira 26:458-463.

Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos demelão ‘Amarelo’ minimamente processadoAna Carolina A Miguel2; Gabriela F Begiato1; João Ricardo P Stein Dias1; Silvana Albertini1; Marta Helena F Spoto1

1USP-ESALQ, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; 2Bolsista CNPq; [email protected]

processamento, que induzem a perda daintegridade celular da superfície corta-da, a ocorrência de reações deescurecimento e a formação demetabólitos secundários indesejáveis,além de promover a descoloração, per-da da textura e de causar prejuízos aosabor e ao aroma (Lima, 2000).

Dentre todas as possíveis modifica-ções indesejáveis que este conjunto deprocessos pode acarretar, oescurecimento oxidativo e a perda acen-tuada de água é um dos fatores limitantesna conservação de produtos minimamen-te processados, constituindo uma dasprincipais causas de perda da qualidadevisual. Logo, tem-se buscado a utiliza-ção de métodos que controlem ou inibamo desencadeamento desses processospara a obtenção de um produto semelhan-te ao fresco, com vida útil prolongada ede boa qualidade (Lima, 2005).

Procurando controlar estes proble-mas, tem-se testado o emprego de

aditivos químicos como ácido ascórbico,ácido cítrico, cloreto de cálcio (Carva-lho, 2000), películas comestíveis (Pilon,2007), a adição de antimicrobianos(Sapers et al., 2001) e o uso do 1-MCP(Yamashita et al., 2006).

O ácido ascórbico é um agenteantioxidante natural que reduz oescurecimento dos tecidos causado pelaenzima polifenoloxidase, formando umabarreira que impede a difusão do oxigê-nio para o interior do produto, reduzin-do as quinonas geradas, antes que se-jam formados pigmentos escuros. En-tretanto, o ácido é consumido no pro-cesso, conferindo uma proteção de ca-ráter temporário contra a descoloraçãoe o escurecimento. Além disso, evitaperdas de aroma e sabor, bem como asmudanças na textura e a redução da qua-lidade nutricional (Chitarra, 2000).

A eficiência do cloreto de cálcio temsido comprovada por diversos estudos,realizados com produtos minimamente

RESUMONeste trabalho avaliou-se o efeito da aplicação de tratamentos

químicos na atividade respiratória e no impacto sobre os parâmetrosfísicos de melões ‘Amarelo’ minimamente processados. Frutos se-lecionados, lavados e sanificados foram minimamente processadosem forma de cubos, divididos em quatro lotes que constaram detestemunha, cubos tratados com soluções de cloreto de cálcio (1%),ácido ascórbico (1%) e revestidos com alginato de sódio (1%); osquais foram acondicionados em bandejas com tampa, de tereftalatode polietileno (PET) e armazenados a 5±1°C e 73±5% UR, por 12dias. Os produtos foram avaliados quanto à taxa respiratória, produ-ção de etileno, perda de massa fresca, coloração, textura e teor deumidade. Verificou-se que, durante o período de armazenamento,independente do tratamento, houve redução da respiração e não sedetectou produção de etileno pelos frutos. A perda de massa, a tex-tura e o teor de umidade não foram influenciados pelos tratamentosquímicos, porém o uso de película à base de alginato de sódio resul-tou em melões de coloração mais escura da polpa, em decorrênciada cor da solução filmogênica.

Palavras-chave: Cucumis melo L., processamento mínimo, respi-ração, parâmetros físicos.

ABSTRACTEffect of chemical treatments on respiratory process and

physical parameters of melon minimally processed

The effect of the application of chemical treatments wasevaluated on the respiratory activity and the impact on the physicalparameters of fresh cut melons. Selected fruits were washed andsanitized and minimally processed in cubes, divided in four lots whichconsisted of: control, treated with calcium chloride (1%), withascorbic acid (1%) and coated with sodium alginate (1%). The cubeswere packed in trays with cover of polyethylene terephtalate (PET)and stored at 5±1°C and 73±5% HR, during 12 days. The cubes wereevaluated on their respiratory rate, ethylene production, loss of freshmass, coloration, texture and humidity content. During the period ofstorage, independent of the treatment, a reduction of the respiratoryrate occurred; ethylene production was not detected in fruits. Chemicaltreatments had no influence on loss of fresh mass, texture and humiditycontent; however the film of sodium alginate resulted in darkercoloration of melon pulp due to the film solution color.

Keywords: Cucumis melo L., minimally processed, respiration,physical parameters.

(Recebido para publicação em 19 de outubro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)(Received in October 19, 2007; accepted in October 31, 2008)

459Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

processados, relacionados à manutençãoda estrutura da parede celular. Groppo(2007) verificou em laranjas ‘Pêra’ mi-nimamente processadas, tratadas comcloreto de cálcio 1%, uma vida útil de12 dias, comprovando os efeitos dese-jáveis da aplicação deste sal no retarda-mento da maturação, senescência e namanutenção da firmeza.

Além disso, o uso de películas debaixa permeabilidade a gases, como asde polissacarídeos, a exemplo das dealginato de sódio, reduzem as taxas deescurecimento enzimático (Chitarra &Chitarra, 2005). De fato, alguns autoresobtiveram redução nas taxas deescurecimento enzimático em frutas,como resultado da adição de coberturasà base de polissacarídeos (Zhang &Quantick, 1997; Jiang & Li, 2001).Além da redução das taxas deescurecimento enzimático, outros efei-tos importantes são obtidos na aparên-cia de frutas processadas. O brilho emelhor integridade estrutural, conferi-dos pelas películas comestíveis, tornamos produtos mais atraentes para o con-sumidor (Oliveira et al., 2007).

Este trabalho teve por objetivo ava-liar a eficiência do uso de cloreto decálcio (1%), ácido ascórbico (1%) e depelícula à base de alginato de sódio, naatividade respiratória e no impacto so-bre os parâmetros físicos de melões‘Amarelo’ minimamente processados.

MATERIAL E MÉTODOS

Melões ‘Amarelo’ obtidos junto aosprodutores da região de Mossoró (RN),foram colhidos de acordo com o padrãode maturação utilizado pelos produto-res, acondicionados em caixa de pape-lão e transportados para a Companhiade Entrepostos e Armazéns Gerais deSão Paulo (CEAGESP) em caminhãocom carroceria coberta com lona. DaCEAGESP os frutos foram encaminha-dos à Planta de Processamento de Fru-tas e Hortaliças, do Departamento deAgroindústria, Alimentos e Nutrição daUSP-ESALQ, onde foram selecionadosquanto ao grau de maturação e ausênciade danos mecânicos ou podridões, la-vados com detergente e em água cor-rente, para a retirada da sujeira grossei-ra. Em seguida, os melões sofreram uma

desinfecção inicial com imersão em so-lução contendo 200 ppm de cloro ativo.Após a etapa de desinfecção, os melõesforam mantidos sob refrigeração a10±1°C, por 12 horas, até oprocessamento.

O processamento foi realizado emambiente a 15°C, utilizando-se roupasapropriadas (luvas, máscaras, toucas eaventais descartáveis) como parte dascondições mínimas de assepsia. A pri-meira etapa do processamento consis-tiu em corte ao meio, utilizando-se facade aço inoxidável afiada; remoção dassementes (com auxílio de colher). Emseguida, cada metade foi cortada em 4fatias e a casca eliminada. As fatias fo-ram divididas em pedaços menores comaproximadamente 3 cm de aresta e es-tes foram imersos em solução dedicloroisocianurato de sódio dihidratadoa 100 ppm por 3 segundos, com o obje-tivo de reduzir os riscos de contamina-ção. Os pedaços de melões foram dre-nados por aproximadamente 3 minutosem escorredor doméstico, devidamentehigienizado e divididos em quatro lo-tes: L1= testemunha; L2= imersos emsolução de cloreto de cálcio a 1% por 3minutos e drenados por 3 minutos; L3=imersos em solução de ácido ascórbicoa 1% por 3 minutos e drenados por 3minutos; L4= revestidos com película àbase de alginato de sódio. Este tratamen-to constou primeiramente na imersãodos cubos em solução de cloreto de cál-cio a 0,6%, por um minuto para promo-ver a geleificação do alginato de sódioa 1%, o qual foi aplicado na seqüênciapor imersão durante 2 minutos. Asolubilização do alginato de sódio emágua mineral foi conseguida pelo aque-cimento da suspensão até 70°C e poste-rior resfriamento até 15°C. Os melõesassim tratados foram deixados por 10minutos em ambiente refrigerado a 15°Cpara a secagem da película. Os cubosforam pesados (250 g) e acondiciona-dos em bandeja Galvanniâ G-92 detereftalato de polietileno (PET) munidade tampa, com 700 mL de capacidade.

As embalagens foram armazenadasa 5±1°C e 73±5% UR. O período dearmazenamento foi de 12 dias, sendoque as avaliações fisiológicas foram rea-lizadas em dias alternados e as avalia-ções físicas foram realizadas no 1°, 3°,

5°, 8°, 10° e 12° dia de armazenamento.Foram avaliados: Taxa respiratória -250 g de cubos de melão foram coloca-dos em frascos de vidro herméticos comcapacidade de 600 mL. Os frascos fo-ram fechados hermeticamente (1h a5°C), com tampas metálicas contendoum septo de silicone, por onde foramcoletadas alíquotas de 1 mL, com auxí-lio de seringa de vidro. As amostrascoletadas foram injetadas emcromatógrafo a gás (ThermoffiniganTrace 2000/GC), dotado de detector deionização de chama, de coluna PorapackN, de 2 m de comprimento. As tempe-raturas mantidas no aparelho foram100°C na coluna, 100°C no injetor,250°C no detector e 350°C nometanador, para medição de CO

2; os

resultados foram expressos emµLCO

2 kg-1 h-1; Produção de etileno -

foi utilizado o mesmo procedimento daanálise da taxa respiratória, modifican-do-se a temperatura do detector para100°C. Os frascos permaneceram fecha-dos durante 2 horas. Os resultados fo-ram expressos em mLC

2H

4 kg-1 h-1; Per-

da de massa - através da pesagem dire-ta; Cor - determinada em colorímetroMinolta CR 400/410, onde foram deter-minados os valores de luminosidade (L),a* e b*. Esses resultados permitiramcalcular o ângulo Hue (cor) e a satura-ção (Chroma) desta cor, conforme re-comendado por Minolta (1994); Textu-ra - determinada com o auxílio detexturômetro “Texture Test System”,modelo TP-1 acoplado a um registradorautomático de variação de força, ope-rando em célula padrão de compressãode cisalhamento CS-1, com 10 lâminasde 1/8 polegadas de espessura e ângulode 90°. As amostras foram previamentepesadas e colocadas na célula teste decisalhamento e compressão, de tal for-ma que as lâminas das células tivessemação paralela às amostras. Foi utilizadosensor em 300 lbf (libras-força) e velo-cidade de descida do pistão de 20 cmmin-1. Foram feitas medições em doispedaços de cada embalagem, sendo osresultados expressos em Newton (N);Umidade - determinada em balançadeterminadora de umidade Tecnal mo-delo B-Top-Ray, por radiaçãoinfravermelha, a qual permitiu expres-sar os resultados em porcentagem (%).

Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processado

460 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

O delineamento experimental utili-zado foi inteiramente casualizado comesquema fatorial 4x6 (4 tratamentos e 6épocas de amostragem) para as análisesfísicas, 4x7 (4 tratamentos e 7 épocasde amostragem), para as análises fisio-lógicas e 3 repetições, tendo como uni-dade experimental uma embalagem doproduto.

Os resultados das análises fisiológicasforam submetidos à análise do erro pa-drão; enquanto que os das análises físicasforam submetidos à análise de variânciapelo Teste F e a comparação das médiaspelo Teste de Tukey (5%), de acordo como proposto por Gomes (2002).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se, independente do trata-mento, produção elevada de CO

2 ime-

diatamente após o corte (0 dia) e decrés-cimo em sua evolução durante o perío-do de armazenamento (Figura 1), con-cordando com o relatado por Arruda(2002), que também detectou maior ati-vidade respiratória, em melõesrendilhados, logo após o processamento.O aumento da atividade respiratória,observado após o processamento, podeser atribuído ao estresse ocasionado pe-las operações de descascamento e cor-

te. Esse estresse provocadescompartimentação celular e, comisto, os substratos do metabolismo res-piratório entram em contato com oscomplexos enzimáticos, resultado numaumento da atividade respiratória(Purvis, 1997).

O tratamento com ácido ascórbicoapresentou a maior taxa respiratória atéo 2° dia de armazenamento, assumindoem seguida valores semelhantes àque-les verificados nos demais tratamentos,indicando que o ácido foi sendo consu-mido ao longo do tempo, por ser utili-zado como substrato para a respiraçãodo vegetal. A aplicação de solução decloreto de cálcio e de película à base dealginato de sódio não colaborou para aredução da atividade respiratória, poisos melões que receberam tais tratamen-tos apresentaram valores semelhantes àtestemunha nos primeiros dois dias dearmazenamento e não diferiram entre siaté o final do período experimental.Andrade (2006) e Fontes (2005) obser-varam que o uso do cloreto de cálcio(1%) em mamões minimamente proces-sados e de alginato de sódio em maçãsminimamente processadas, respectiva-mente, mostrou-se eficaz na redução daatividade respiratória, diferindo dos re-sultados encontrados neste trabalho.

Em todos os tratamentos e duranteo período de armazenamento foi detec-tada produção de etileno (Figura 2),porém em níveis muito baixos, inferio-res a 0,1 mL C

2H

4.kg-1 h-1, sem interesse

do ponto de vista de fisiologia etecnologia pós-colheita, uma vez queeste regulador de amadurecimento co-meça a ser fisiologicamente ativo a par-tir do nível citado (Reid, 1992). Os da-dos verificados neste trabalho, estão deacordo com os relatados por Almeida etal. (2001) que também não detectaramprodução de etileno em melão ‘Amare-lo’. Segundo Saltveit (2000), apesar dabiossíntese do etileno ser ativada pelaocorrência de danos físicos, nem todosos tecidos vegetais, como o observadoem melão ‘Amarelo’, respondem a esteestresse com aumentos significativos naprodução deste hormônio, ou esta é tãobaixa que não é capaz de ser detectada.

Ocorreu uma gradativa perda demassa ao longo do período dearmazenamento (Tabela 1). Este aumen-

Figura 2. Produção de etileno de melão ‘Amarelo’ minimamente processado armazenado a 5°C,em função dos tratamentos aplicados (CaCl

2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico; AS =

alginato de sódio) (CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate). (ethylene

production of fresh-cut melon at 5°C, in function of treatments). Piracicaba, USP, 2007.

ACA Miguel et al.

Figura 1. Taxa respiratória de melão ‘Amarelo’ minimamente processado armazenado a5°C, em função dos tratamentos aplicados (CaCl

2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico;

AS = alginato de sódio) (CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate).

(respiratory tax of fresh-cut melon storage at 5°C, in function of treatments). Piracicaba,USP, 2007.

461Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

to pode ser atribuído à perda de umida-de e de material de reserva pelatranspiração e respiração, respectiva-mente. Entretanto, ao longo dos 12 diasde armazenamento esta perda foi peque-na, podendo ser devido à proteção ofe-recida ao produto pela embalagem,como proposto por Sarantópoulos(1997) e Durigan (2000). Estes resulta-dos são importantes, haja vista que aperda de massa do melão pode repre-sentar sério prejuízo econômico, poisnormalmente o fruto é vendido por uni-dade de massa (Peroni, 2002).

Em relação ao efeito dos tratamen-tos (Tabela 1), os cubos tratados comcloreto de cálcio (1%) apresentaram amaior perda de massa, indicando que aaplicação do sal clorado foi pouco efi-caz na redução da perda de peso. Peroni(2002), estudando o efeito de diferentesconcentrações de CaCl

2 em melão

‘Amarelo’ minimamente processado,verificou uma perda média de 0,11%,valor inferior ao encontrado neste tra-balho. Os melões testemunha, os trata-dos com ácido ascórbico e os revesti-dos com película não apresentaram di-ferenças quanto à perda de massa. Es-tes resultados vão ao encontro do ob-servado por Lima (2005) em melões‘Orange Flesh’ minimamente processados,tratados com ácido ascórbico, que consta-tou comportamento semelhante entre a tes-temunha e os frutos imersos em ácido. Apelícula de alginato de sódio não apresen-tou efeito significativo na redução da per-da de massa. Em relação aos tratamentos,os resultados encontrados ficaram abaixodos valores críticos de perda de massa in-dicados por Finger & Vieira (1997), queafirmam que a perda de massa máxima,sem aparecimento de murchamento ouenrugamento da superfície oscila entre 5 e10% e que a perda de massa aceitável paraos produtos hortícolas varia de em funçãoda espécie e do nível de exigência dos con-sumidores.

A coloração do produto é um dosprincipais parâmetros para a caracteri-zação da qualidade, pois os consumido-res mantêm uma relação positiva entreesses dois fatores (Chitarra & Alves,2001). Os valores de luminosidade (L),obtidos nesse trabalho, de maneira ge-ral, decresceram durante oarmazenamento, indicando que houve

escurecimento da polpa do melão como avanço dos dias (Tabela 1). Arruda(2002) e Pinto (2002) também observa-ram diminuição nos valores deluminosidade em melões rendilhados eem melões ‘Orange Flesh’ minimamenteprocessados, respectivamente.

Os melões tratados com alginato desódio apresentaram o menor valor mé-dio de luminosidade, o que pode ser atri-buído à coloração da solução de alginatode sódio, que é levemente marrom, fatotambém constatado por Fontes (2005)em maçãs minimamente processadas

Tabela 1. Perda de massa fresca, Luminosidade (L), cromaticidade (C) e umidade em me-lões ‘Amarelo’ minimamente processados, em função dos tratamentos e do tempo dearmazenamento (fresh mass lose, luminosity (L), cromaticity (C) and humidity in fresh-cutmelons, in function of treatments and storage). Piracicaba, USP, 2007.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%de probabilidade) (Average values followed from the same letter in the column did not differthrough the Tukey test, 5% probability); T = testemunha; CaCl

2 = cloreto de cálcio; AA =

ácido ascórbico; AS = alginato de sódio (T = control; CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic

acid; AS = sodium alginate).

Tabela 2. Valores médios de ângulo de cor (h°) e de textura de melões ‘Amarelo’ minima-mente processados, em função dos tratamentos e do tempo de armazenamento (averagevalues of color angle and texture of fresh-cut melons, depending on treatments and storage).Piracicaba, USP, 2007.

Médias seguidas da mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferementre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (means followed by the same small letter inthe columns and capital letter in the rows did not differ from each other through the Tukey test,5%). T = testemunha; CaCl

2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico; AS = alginato de sódio

(T = control; CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate).

Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processado

462 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

revestidas com este tipo de película. Osmelões testemunha e os tratados comcloreto de cálcio (1%) mostraram-semais claros e com valores de L seme-lhantes, indicando que o uso deste salnão influenciou significativamente nataxa de escurecimento dos frutos. Peroni(2002), estudando o efeito do CaCl

2 em

melões, constatou diminuição no valorde L ao longo do período dearmazenamento e no último dia (10° dia)verificou translucidez no produto, sina-lizando senescência.

Em relação à cromaticidade, os trata-mentos químicos e o período dearmazenamento não influenciaram na pig-mentação amarelada da polpa dos melõesminimamente processados (Tabela 1).

Houve interação significativa entreos tratamentos e o período dearmazenamento com relação ao ângulode cor (Tabela 2). O ângulo hue ou decor se manteve praticamente inalteradoao longo do período de armazenamentoem todos os tratamentos, exceto em re-lação à testemunha, a qual tendeu a setornar mais amarelada, passando de105,19° para 103,85°, indicando queestes melões estavam em estádio maisavançado de maturação. Em relação aostratamentos, os melões apenas diferiramentre si quanto ao ângulo de cor no 8°dia de armazenamento, sendo que osfrutos tratados com alginato de sódioapresentaram o menor valor médio parao ângulo de cor, denotando coloraçãomais amarelada. Os resultados são con-cordantes com os obtidos por Fontes(2005), que também constatou menoresvalores do ângulo de cor em maçãs mi-nimamente processadas revestidas compelícula comestível.

Com base nos resultados acima ci-tados, pode se afirmar que os tratamen-tos químicos não modificaram a colo-ração natural dos melões minimamenteprocessados, ou seja, colaboraram paraa preservação da coloração. Este é umdado importante, uma vez que osparâmetros que definem a coloraçãotambém podem ser indicativos da per-da de qualidade, pois quando o produtomuda suas características originais, es-curecendo e/ou adquirindo outra tona-lidade, entende-se que sua aparênciacaracterística é perdida e sua aceitaçãoé menor (Chitarra, 1994).

ACA Miguel et al.

Os teores de umidade dos melõesminimamente processados não variaramsignificativamente entre os tratamentos,não influenciando na umidade das amos-tras (Tabela 1). Os melões minimamen-te processados não apresentaram perdassignificativas de umidade com o decor-rer do tempo. Estes resultados refletemo efeito conjugado da pequena perda demassa (transpiração) e da atividade me-tabólica reduzida observada ao longo doperíodo de armazenamento.

A textura foi significativamente afe-tada pelos tratamentos e pelo período dearmazenamento (Tabela 2). Embora te-nha havido oscilações ao longo dos diasde avaliação, no 12° dia, em todos ostratamentos os melões apresentaramvalores de textura semelhantes aos doprimeiro dia, não havendo amaciamentoda polpa, evento comumente observa-do em frutas e hortaliças e que tem sidoatribuído à modificação na composiçãoda parede celular pela ação de enzimas(Chitarra, 2000).

Para os tratamentos, houve diferen-ças significativas somente no 3°, 8° e10° dias, tendo a testemunha apresenta-do os menores valores, os tratados comácido ascórbico textura mais macia e ostratados com cloreto de cálcio texturamais rígida. Contudo, pode-se dizer queos tratamentos químicos não contribuí-ram para maior efeito na textura dosmelões, o que pode ser resultado dasperdas de massa terem sido mínimas.

Pode-se concluir que todos os trata-mentos químicos testados demonstra-ram tendência de decréscimo na ativi-dade respiratória durante oarmazenamento refrigerado, indicandoque esta não contribui para a reduçãoda vida útil dos melões ‘Amarelo’ mi-nimamente processados e que os mes-mos, não influenciaram na perda demassa, textura e umidade, porém o usode película à base de alginato de sódioresultou em melões de coloração maisescura da polpa, em decorrência da corda solução filmogênica.

AGRADECIMENTOS

Ao Cnpq pela bolsa de mestradoconcedida à primeira autora.

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A região Nordeste, em função daadoção de tecnologias de irrigação

eficientes, utilização de híbridos adap-tados à região e das condições climáti-cas favoráveis existentes passou a ser amaior produtora de melão do Brasil,com cerca de 93,6% do total, seguidapela região Sul responsável por 4,8%(Agrianual, 2004). O estado do RioGrande do Norte, com a maior parte desua produção localizada no AgropóloMossoró Açu, é o maior produtor da re-gião Nordeste, com 55% (IBGE, 2006),destacando-se também os estados doCeará, Pernambuco e Bahia. Com isso,o Brasil passou de importador para ex-portador de melão, produzindo em 2004cerca de 264.000 frutos de melão ao ano

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Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP earmazenado sob refrigeração e atmosfera modificadaPahlevi A de Souza1; Fernando Luiz Finger2; Ricardo Elesbão Alves3; Mário Puiatti2; Paulo R Cecon2;Josivan B Menezes1

1UFERSA-Depto. Ciências Ambientais, 59625-900 Mossoró-RN; 2UFV, 36570-000 Viçosa-MG; 3Embrapa Agroindústria Tropical, R.Dra. Sara Mesquita, 2270, Planalto Pici, 60511-110 Fortaleza-CE; [email protected]

em uma área de 14.000 ha. Segundo aSecretaria de Comércio Exterior do Mi-nistério do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior (SEDEC/MIX), asexportações nacionais de melão tiveramacréscimo de 116% nos últimos sete anos,passando de 47,5 mil toneladas em 1997para 98,74 mil toneladas em 2004, comvalor de US$ 37,8 milhões. Boa partedesta produção é destinada ao mercadoexterno, com cerca de 90% à União Eu-ropéia, onde o Reino Unido é o principalimportador, seguido da Holanda, Finlân-dia, Bélgica, Alemanha e Espanha(Moretti & Araújo, 2003).

No pólo Rio Grande do Norte/Cea-rá, 70% da produção de melão é embala-

da e o restante vendida a granel, sendoque metade do que é embalado é desti-nado à exportação: 90% para UniãoEuropéia, e os 10% restantes para osEUA e Mercosul. Da outra metade em-balada, cerca de 97% é destinada aosmercados localizados no centro sul dopaís, e os 3% restantes são consumidosem nichos de mercados das regiões Nor-te e Nordeste (Araújo & Vilela, 2003).As cultivares do grupo Inodorus, repre-sentadas pelo tipo Amarelo, Pele deSapo e Orange Flesh, são os preferidospelos produtores do pólo Rio Grande doNorte/Ceará, totalizando mais de 50%da área plantada, preferência essajustificada pelos 30 a 35 dias de vidaútil pós-colheita em condições ambien-

RESUMOObjetivando avaliar a vida útil pós-colheita de melão tipo

Charentais (Cucumis melo L.) sob refrigeração, tratados com 1-MCPe associado ou não a atmosfera modificada (AM), foram conduzi-dos dois experimentos em laboratório da Embrapa Agroindústria Tro-pical, Fortaleza-CE. Os frutos foram provenientes da AgroindústriaNolem Comercial Importadora e Exportadora Ltda, localizada noAgropólo Mossoró Açu-RN. Os frutos foram tratados com 300 e600 ppb de 1-MCP, em seguida, metade desses frutos foram emba-lados em filmes plásticos, mantendo-se frutos embalados sem apli-cação de 1-MCP nas mesmas condições de armazenamento dos de-mais. Os melões foram armazenados por 21 dias sendo 14 dias (9±1ºCe 87±5% UR) + 7 dias (22±2ºC e 70±5% UR). Em função da apa-rência externa, a vida útil pós-colheita dos frutos armazenados sobatmosfera modificada, com ou sem tratamento inicial de 1-MCP foide 21 dias, enquanto que dos frutos tratados inicialmente apenascom 1-MCP foi de 19 dias. A aplicação do 1-MCP proporcionouredução na atividade respiratória e na produção de etileno, e maiorretenção da firmeza da polpa, menor perda de massa e melhor apa-rência externa quando associado a atmosfera modificada. A atmos-fera modificada, isoladamente, foi eficiente em reduzir a perda demassa e manter melhor aparência externa.

Palavras-chave: Cucumis melo L., armazenamento, etileno, filmeplástico.

ABSTRACTPostharvest conservation of charentais melons treated with

1-MCP and stored under refrigeration and modified atmosphere

Aiming to evaluate the postharvest shelf life of Charentais melon(Cucumis melo L.) stored under refrigeration, the fruits were treatedwith 1-MCP, associated or not with modified atmosphere (MAP).Two experiments were carried out at the laboratory of EmbrapaAgroindústria Tropical in Fortaleza, Brazil, analyzing the chemicaland physic quality characteristics. The fruits were obtained at theAgroindústria Nolem Comercial Importadora e Exportadora Ltda,located in Mossoró Açu, Brazil. The fruits were treated with 300and 600 nL L-1 of 1-MCP, half of those were wrapped in plasticfilms, which were wrapped without the use of 1-MCP in the sameconditions of storage. The melons were stored during 21 days, being14 days (9±1ºC and 87±5% UR) + 7 days (22±2ºC and 70±5% UR).Based on external appearance, postharvest shelf life of the fruitsstored under modified atmosphere, with or without initial treatmentof 1-MCP was 21 days, while in fruits treated initially only with 1-MCP, it was 19 days. The application of the 1-MCP providedreduction in the respiratory activity and ethylene production, andhigher flesh firmness retention, smaller weight loss and better externalappearance, when associated the modified atmosphere. The modifiedatmosphere, separately, was efficient to reduce the weight loss andto maintain better external appearance.

Keywords: Cucumis melo L., storage, ethylene, plastic film.

(Recebido para publicação em 12 de novembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008)(Received in November 12, 2007; accepted in October 17, 2008)

465Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

te. Apesar disto, observa-se tendência decrescimento da área cultivada com me-lões Cantaloupensis como osCantaloupes, Galias e Charentais, quesão mais saborosos, mais adocicados epossuem maior valor nutritivo.

Entre os melões Cantaloupensis, otipo Charentais vem ganhando destaquedevido a sua aceitação por parte dosconsumidores da principal região impor-tadora, a União Européia. Os melõesCharentais são bastante aromáticos, deorigem francesa, que podem apresentartanto casca lisa como reticulada, apre-sentando suturas ou costelas, com colo-ração variando de verde-escuro a cinzae formato variando de redondo a acha-tado. Apesar de se tratar de um produtocom excelente qualidade, a vida útil des-ses melões, sob temperatura ambiente,é bastante limitada. Segundo Rodov etal. (2002), o tipo Charentais tem umpronunciado comportamentoclimatérico, sendo que em poucos diasapós a colheita o fruto torna-se rapida-mente maduro com amolecimento ex-cessivo da polpa, presença de coloraçãoamarelo-alaranjado da casca, deteriora-ção do “flavor”, declínio do conteúdode açúcares e aumento nasuscetibilidade a patógenos.

O controle de qualidade pré e pós-colheita do melão produzido no Nordes-te se faz necessário devido à distânciados principais mercados, pois para sertransportado via terrestre, sem refrige-ração até São Paulo, o melão leva emtorno de 5 dias e para ser transportadoaté o porto de Roterdam na Holanda, portransporte marítimo sob refrigeração,gasta-se de 11 a 12 dias, e de 10 a 14dias o tempo necessário de transportemarítimo até o porto da Filadélfia no les-te dos EUA.

O armazenamento sob baixas tem-peraturas constitui o meio mais efetivona extensão da vida útil pós-colheita defrutos e hortaliças e como complemen-to da refrigeração, a modificação oucontrole da atmosfera vem sendo utili-zado com sucesso. A atmosfera modifi-cada (AM) pode ser definida como oarmazenamento realizado sob condiçõesde composição da atmosfera diferentedaquela presente na atmosfera do arnormal (Lana & Finger, 2000). Níveisbaixos de O

2 (<8%) e altos de CO

2

(>1%) na atmosfera em torno do produ-to reduzem a taxa respiratória e conse-qüentemente a perda de água, síntese eação de etileno, mudanças nos ácidos enos açúcares, mudanças na cor e textu-ra, incidência de injúria pelo frio e de-sordens fisiológicas, incidências demicroorganismos, decorrentes do retar-damento do amadurecimento esenescência, prolongando a vida útilpós-colheita do produto (Hulbert &Bhowmik, 1987; Nakhasi et al., 1991).

Novas técnicas têm sido utilizadaspara aumentar a vida-útil pós-colheita defrutos e hortaliças. Uma delas é a utiliza-ção de inibidores da ação do etileno,como o 1-metilciclopropeno (1-MCP). O1-MCP é um composto gasoso que blo-queia a ação do etileno, através de com-petição pelos sítios de ligação com osreceptores nas membranas celulares, re-duzindo os efeitos do etileno procedentede fontes internas e externas(Blankenship & Dole, 2003). Watkins(2006), em sua revisão sobre o uso do 1-MCP em frutos e hortaliças, encontrouefeitos desse composto sobre a atividaderespiratória, produção de etileno, pig-mentos e metabolismo da parede celu-lar, entre outros. Segundo Blankenship& Dole (2003), o 1-MCP possui diferen-tes efeitos sobre o amadurecimento equalidade de frutos e hortaliças de com-portamento climatérico ou não, váriosfatores como a concentração do gás 1-MCP necessário para saturar os recepto-res e competir com o etileno, tempo deaplicação, temperatura ideal para que otratamento seja efetivo e grau dematuração do produto, pois o 1-MCP nãoé efetivo em maturação avançada, podeminfluenciar os tratamentos (Chitarra &Chitarra, 2005). Dessa forma, o tratamen-to do melão Charentais com 1-MCP podefavorecer a exploração de mercados maisdistantes e permitir maior elasticidadepara oferta do produto.

O objetivo do presente trabalho foi ava-liar a conservação pós-colheita de melãoCharentais tratado com 1-metilciclopropeno (1-MCP) e armazenadosob refrigeração e atmosfera modificada.

MATERIAL E MÉTODOS

Melões Charentais ‘Aura Prince’provenientes de plantio comercial da

Empresa Nolem Com. Imp. E Exporta-ção Ltda., localizado em Mossoró-RN,foram colhidos com coloração verde-acinzentada e com a região em torno dopedúnculo sem sinais de abertura (pré-climatérico). Após a colheita os frutosforam tratados pelo pincelamento aoredor do pedúnculo com solução con-tendo o fungicida Imazalil na concen-tração de 2 mL L-1, e transportados parao laboratório da Embrapa AgroindústriaTropical.

Após a seleção dos frutos, procedeu-se os tratamentos com1-MCP(SmartFresh® , 3,3% i.a.), nas concen-trações 300 e 600 ppb, em câmaras her-méticas com capacidade para 0,186 m3,utilizando-se 40 frutos para cada con-centração. Os frutos foram expostos ao1-MCP por 12 horas a temperatura deaproximadamente 25ºC. Após esse pe-ríodo, 20 frutos tratados com cada con-centração de 1-MCP foram embaladosem sacos plásticos de polietilenomicroperfurados XtendÒ da empresaStepac L. A., Ltd., Israel, colocando-se4 frutos por saco. Segundo Rodov et al.(2002), o material apresenta espessuranominal de 20 mm com passagem devapor de água de 25,0 x 10-10 mol m-2 s-1

Pa e permeabilidade a O2 de 23,5 x 10-14

mol m-2 s-1 Pa a 23ºC e 50% de UR. Orestante dos frutos tratados com 1-MCPfoi deixado sem a embalagem plástica.Para efeito de comparação foram man-tidos frutos embalados com X-tend

sem aplicação de 1-MCP nas mesmascondições de armazenamento dos de-mais. Após a aplicação dos tratamentosos frutos foram armazenados por 21 diassendo 14 dias (9±1ºC e 87±5% UR), si-mulando-se o transporte marítimo paraa Europa, + 7 dias (22±2ºC e 70±5%UR), simulando-se o período decomercialização, e avaliados nos se-guintes tempos: 0; 7; 14; 14+3; 14+5 e14+7 dias. Após a saída da câmara fria(14 dias) todos os filmes plásticos fo-ram abertos.

O delineamento experimental foiinteiramente casualizado, em esquemafatorial 5 x 6, onde o primeiro fator cons-tou dos tratamentos (atmosfera modifi-cada (AM) isolada, 300 ppb de 1-MCP+AM, 600 ppb+AM, 300 ppb e 600ppb isolados) e o segundo dos temposde armazenamento (0; 7; 14; 17; 19 e

Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada

466 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

21 dias), com 4 repetições constituídade um fruto cada uma.

Para a avaliação da atividade respi-ratória (mg CO

2 kg-1 h-1) e a produção

de etileno (µL C2H

4 kg-1 h-1), os frutos

sob atmosfera modificada foram retira-dos dos sacos 2 horas antes das análisescromatográficas. Quatro frutos inteirosforam pesados e colocados em recipien-tes plásticos herméticos por 30 min, sen-do cada fruto considerado como umarepetição. Uma amostra de 5 mL de ardo interior dos recipientes foi retiradacom uma seringa através do septo e in-jetada em cromatógrafo a gás CG mo-delo DANI 86.10 equipado com detectorde condutividade térmica de 150ºC(CO

2) e 200ºC (C

2H

4), em coluna

PORAPAK-N (4 m x 3 mm). Avaliou-se a firmeza da polpa (N) (resistênciada polpa à penetração, utilizando-sepenetrômetro manual modelo FT 327,com sonda de 8 mm de diâmetro sendorealizadas 4 leituras por fruto no centroda polpa na região equatorial do fruto);perda de massa (%) (considerou-se adiferença entre a massa inicial do frutoe aquela obtida em cada intervalo daamostragem, com balança semi-analíti-ca; aparência externa (nota de 5-1 onde5= ausência de depressões, murcha ouataque de microrganismos; 4= traços dedepressões e/ou murcha; 3= leve depres-sões e/ou murcha; 2= depressões e/oumurcha com média intensidade e leveataque de microrganismos e 1= depres-sões e murcha com intensidade severa eataque fúngico)); aparência interna (notade 5-1 onde 5= ausência de colapso napolpa, nem sementes soltas e/ou líqui-do na cavidade; 4= traços de colapso napolpa, de sementes soltas e/ou líquidona cavidade; 3= leve colapso na polpa,de sementes soltas e/ou líquido na cavi-dade; 2= colapso na polpa, sementessoltas e/ou líquido na cavidade, em in-tensidade média e 1= colapso na polpa,sementes soltas e/ou líquido na cavida-de, em intensidade severa).

Os sólidos solúveis totais (SST,ºBrix) foram determinados emrefratômetro digital ATAGO PR 101,escala de 0 a 45º, com compensaçãoautomática de temperatura; açúcaressolúveis totais (AST, %): extraídos emágua e determinados com reagenteAntrona, conforme Yemm & Willis

(1954); vitamina C (mg·100g-1): portitulação com solução de Tillman (2,6diclorofenol indofenol, DFI), conformeStrohecker & Henning (1967); colora-ção da casca: por reflectometria, utili-zando-se de um colorímetro MinoltaCroma Meter CR-200b, calibrado emsuperfície de porcelana branca sob con-dições de iluminação ambiente e expres-sa no módulo L a* b*, posteriormentecalculando-se o Ângulo hue (arco tan-gente (b*/a*), realizando-se duas leitu-ras (região equatorial e próximo aopedúnculo); etanol: segundometodologia proposta por Kato Noguchi& Watada (1997), em cromatógrafo agás (CG/DANI 86.10) equipado comcoluna Porapak-N (4 m x 3 mm) e ativi-dade da enzima poligalacturonase, se-gundo metodologia proposta por Vilas-Boas et al. (2000), com modificações.

A atividade respiratória e a produ-ção de etileno não apresentaramhomocedasticidade das variáveis, con-forme teste de Bartlett, não sendo, por-tanto, submetidas a analise de variância,optando-se, em ambos os casos, porapresentar as médias das concentraçõesdos tratamentos em cada tempo.

Os dados foram submetidos à análi-se de variância e regressão utilizando-se o Sistema de Análises Estatísticas eGenéticas da UFV (SAEG, UFV). Uti-lizou-se o teste de Tukey adotando onível de 5% de probabilidade para aavaliação das médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De maneira geral, o armazenamentorefrigerado reduziu a atividade respira-tória até o 15º dia (Figura 1A), ou seja,até um dia após a retirada da câmara fria,sendo esta mais intensa nos frutos trata-dos com 600 ppb de 1-MCP tanto napresença como na ausência da atmosfe-ra modificada (AM). A partir de então,verificou-se aumento da atividade res-piratória até o 19º dia dearmazenamento, com picos respiratóri-os isolados para os tratamentos 300 nLL-1 de 1-MCP e 300 nL L-1 de 1-MCP+AM aos 16 e aos 19 dias, respec-tivamente. Foi observado, também, queo uso isolado da atmosfera modificadalevou a redução da taxa respiratória po-dendo ser explicado pelo aumento da

concentração de CO2 e redução do O

2

no interior desta.

A produção de etileno foi baixa du-rante o armazenamento refrigerado paratodos os tratamentos estudados (Figura1B). Após a retirada dos frutos da câ-mara fria observou-se alta produção deetileno com picos para todos os trata-mentos ao 16º dia. A partir desse pontohouve menor produção de etileno paraos frutos tratados com 1-MCP. Essesvalores estão acima dos encontrados porAlmeida et al. (2001 a) em melõescantaloupe, que obtiveram taxas inferio-res a 50 µL kg-1 h-1. Os mesmos autorestambém verificaram menor produção deetileno durante o armazenamento refri-gerado. Estudando a supressão do ama-durecimento e do amolecimento emmelões Gália verdosos ou maduros tra-tados com 1-MCP e armazenados a20ºC, Ergun et al., (2005) verificaramque o tratamento utilizando 1,5 µL L-1

de 1-MCP por 24 h antes doarmazenamento atrasou o pico de pro-dução de etileno dos frutos verdosos por6 dias, porém observaram que o trata-mento adotado suprimiu o desenvolvi-mento de cor na casca desses melões.

Houve aumento da perda de massaao longo do armazenamento (Figura1C), com menor perda para os tratamen-tos associados à atmosfera modificada(Tabela 1), não tendo efeito do 1-MCP,concordando com Lima et al. (2004),trabalhando com melão Galia. Aos 21dias após a colheita o valor médio re-gistrado foi de 3,32% o que representa33,2 kg t-1 de massa total perdida, veri-ficando-se leve sinal de murcha para ostratamentos sem filme plástico. A perdade massa é uma das principais causasda deterioração no armazenamento, re-sultando, não apenas na perda quantita-tiva, o que ocasiona sérios prejuízos eco-nômicos, pois normalmente os frutossão vendidos por unidade de massa, mastambém perda qualitativa peloenrugamento e amolecimento, dentreoutros. No interior das embalagens X-tend® ocorre maior acúmulo de vapord‘água, porém não ocorre condensaçãode água na superfície das mesmas, re-presentando uma inovação tecnológicaem relação a outras embalagens conven-cionais (Cocozza, 2003). Almeida(2002), avaliando a conservação de

PA Souza et a.

467Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

melão Cantaloupe ‘Hy-Mark’ tratadoscom 1-MCP (300 ppb) e armazenados a5ºC, observou, aos 30 dias dearmazenamento, perda de massa de5,4% para os frutos armazenados sobatmosfera modificada com filmes plás-ticos X-tendâ e de 8,4% para os frutostratados apenas com 1-MCP.

A firmeza da polpa sofreu efeito dainteração entre os fatores estudados,observando-se redução para todos ostratamentos durante o armazenamento(Figura 1D). Os frutos mantidos sob at-mosfera modificada isolada ficarammais firmes até o 19º dia dearmazenamento, sendo então superadospelos frutos tratados com 1-MCP. Paraos frutos tratados com 1-MCP, obser-vou-se, ao longo do armazenamento,que os frutos tratados com a maior con-centração (600 nL L-1), na presença ouausência da atmosfera modificada, es-tavam mais firmes. O efeito do 1-MCP

relacionado ao retardo da evolução doamaciamento foi também verificado emmelões Galia (Lima et al., 2004; Ergunet al., 2005). Em melões Charentais, Ayubet al. (1996) citam que o amaciamentoestá intimamente ligado à presença doetileno. Os maiores valores de firmezada polpa para os tratamentos com atmos-fera modificada podem ser devido, pos-sivelmente, à maior concentração de CO

2

no interior das embalagens (dados nãomostrados) e também à menor perda deumidade durante o armazenamento, vis-to que a água ajuda a estabilidade estru-tural da parede celular. Watkins (2006)cita que os efeitos do 1-MCP relaciona-dos ao metabolismo da parede celular emfrutos e hortaliças estão associados à re-dução da atividade das enzimaspoligalacturonase, pectinametilesterase eendo-β-1,4-glucanase.

Houve efeito isolado dos fatores es-tudados para a aparência externa (Figu-

ra 2A), havendo redução dessa caracte-rística ao longo do armazenamento, sen-do que os frutos mantidos sob atmosfe-ra modificada apresentaram melhor apa-rência final (Quadro 1). Os frutos man-tidos sob atmosfera ambiente tiveramganho de cor amarela mais cedo e apre-sentaram, ao final do armazenamento,leve presença de fungo na inserção dopedúnculo e aspecto de murcha comdepressões escuras na casca e nasnervuras, concordando com os resulta-dos obtidos para a perda de massa, apre-sentando, índices médios inferiores a3,0, o que representou vida útil de ape-nas 19 dias.

A aparência interna teve leve perdada qualidade ao longo doarmazenamento (Figura 2B). Os frutostratados com 300 nL L-1 de 1-MCP, as-sociado ou não à atmosfera modificada,apresentaram maior incidência de se-mentes soltas que, segundo Lima et al

Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada

Figura 1. Atividade respiratória (A), produção de etileno (B), estimativa da perda de massa (C) e da firmeza da polpa (D) em melõesCharentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura refrigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5%U.R.) (respiratory rate (A), ethylene production (B), weight loss (C) and flesh firmness (D) estimation of Charentais melons, ‘AuraPrince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) + 7 days (22+2 oC and 70+5% U.R.) Fortaleza, EmbrapaAgroindústria Tropical, 2006.

468 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

(2004) é decorrente do acúmulo de águalivre em volta das sementes. A reduçãonos índices de aparência interna foiverificada, principalmente, após a trans-ferência dos frutos para a temperaturaambiente (após o 14º dia dearmazenamento). Em pesquisas realiza-das com 1-MCP não se verificou efeitosobre a aparência interna de melões.

Houve ligeiro decréscimo dos teo-res de sólidos solúveis totais (SST) aolongo do armazenamento (Figura 2C),também verificado por outros autoresem melões do grupo Cantaloupensis(Almeida, 2002; Rodov et al., 2002 eLima et al., 2004). O teor médio iniciale aos 21 dias foi de 11,3 e 9,4ºBrix, res-pectivamente. Essa pequena reduçãonos teores de sólidos solúveis totais du-rante o armazenamento pode ser devidaao consumo de açúcares pelo processorespiratório dos frutos. Tendo em vistaque o melão não armazena amido, faz-se necessário colher os frutos com teor

de sólidos solúveis adequado a fim dese obter um produto aceitável para acomercialização.

O teor médio inicial dos açúcaressolúveis totais (AST) foi de 8,4%, comdecréscimo ao longo do armazenamento(Figura 2D), mostrando efeito apenas dofator tempo, concordando com o resul-tado encontrado para os sólidos solúveistotais. O resultado encontrado no pre-sente trabalho também foi verificado porLima et al. (2004) em melão Galia. Osmesmos autores não encontraram efei-to do 1-MCP sobre os SST e os AST.Em melão, a qualidade é principalmen-te determinada pela quantidade de açú-cares que representam os principaiscomponentes da fração solúvel, compre-endendo mais de 97%. Os principaisaçúcares presentes em melão são aglicose e a frutose, que contribuem comquase 100% do teor de açúcares solú-veis totais na fase inicial de desenvolvi-mento do fruto, e a sacarose que pode

chegar até 50% dos açúcares solúveisna fase final de maturação, com propor-ção aproximada de 25% para glicose e25% para frutose (Kultur et al., 2001).

Houve efeito apenas do fator tempopara o conteúdo de vitamina C total (Fi-gura 3A), com redução acentuada até o14º dia de armazenamento. O teor mé-dio inicial de vitamina C foi de 18,52mg 100 g-1MF, chegando a 2,83 mg 100g-1MF aos 21 dias de armazenamento, oque representou redução de 84,7%. Emgoiabas tratadas com 900 nL L-1 de 1-MCP também não foi verificado efeitosobre a concentração de ácido ascórbico(Bassetto et al., 2005).

Houve efeito isolado do fator tempode armazenamento para o ângulo Hue(Figura 3B). Durante o armazenamentorefrigerado, e logo em seguida sob con-dições ambiente, observou-se diminui-ção do ângulo Hue de 104,63 a 90,66°da região verde da casca, indicando queo amadurecimento ocorreu, em função

PA Souza et a.

Figura 2. Estimativa da aparência externa (A), aparência interna (B), sólidos solúveis totais (C) e açúcares solúveis totais (D) em melõesCharentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura refrigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5%U.R.) (estimation of the external appearance (A), internal appearance (B), total soluble solids (C) and total soluble sugars (D) of Charentaismelons, ‘Aura Prince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) + 7 days (22+2oC and 70+5% U.R.).Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006.

469Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

da coloração da casca ter evoluído doverde acinzentado para o predominanteamarelo com poucas tonalidades verdes.O tratamento com o filme X-tend®, at-mosfera modificada, reduziu a evoluçãoda coloração da casca principalmentequando aplicado de forma isolada (Ta-bela 1). O uso da atmosfera modificadadurante a refrigeração, além de ter pro-piciado menor perda de massa, atrasouo ganho de coloração alaranjada. Porém,essa diferença foi perceptível apenas nocolorímetro, pois a casca dos melões, aofinal do experimento, apresentava-sepredominantemente amarela para todosos tratamentos estudados, sendo estauma característica bastante desejáveldurante a comercialização.

Não se verificou efeito dos tratamen-tos no acúmulo de etanol, encontrando-se valor médio de 39,3 µL 100g-1 MFde polpa. Em melão, a formação dessecomposto não é tão elevada e ocorredurante a maturação e principalmenteapós, em estádios mais avançados deamadurecimento (Tamura et al., 1973).Avaliando a formação de substânciasalcoólicas em melão Cantaloupe,Motomura (1994) observou que os fru-tos que apresentavam concentrações desubstâncias alcoólicas superiores a 100µL 100 mL-1 de suco estavam com“flavor” desagradável e eram de baixaqualidade.

Observou-se efeito do fator tempopara a atividade da enzimapoligalacturonase na matéria fresca dapolpa (Figura 3C), não verificando-seefeito da atividade da enzimapectinametilesterase. Durante os primei-ros sete dias de armazenamento verifi-cou-se redução na atividade dapoligalacturonase, com maior atividadeapós a retirada dos frutos da câmara fria,coincidindo com maior perda de firnezada polpa, seguindo-se novamente de re-dução da atividade ao final doarmazenamento. Em melão, substan-ciais despolimerização e solubilizaçãode pectina ocorrem durante o amadure-cimento (Rose et al., 1998). Porém, de-vido à ausência de aumento de ativida-de das principais enzimas relacionadasà degradação e solubilização depolímeros pécticos, poligalacturonase epectinametilesterase, em alguns tipos demelões (McCollum et al., 1989), acha-

Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada

Médias seguidas da mesma letras nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo testede Tukey a 5% de probabilidade (means followed by the same letters in the line did notdiffer from each other, Tukey test, 5%).

Tabela 1. Valores médios da perda de massa (%), aparência externa (escala de 5 -1) e ânguloHue da casca de melões “tipo Charentais” cv. Aura Prince, sob atmosfera modificada (AM) esubmetidos a aplicação de 1-MCP.(mean values of weight loss (%), external appearance (scale1-5) and Hue angle of Charentais melons skin, ‘Aura Prince’, under modified atmosphere(AM) and submitted to 1-MCP application). Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006.

Figura 3. Estimativa da vitamina C (A), ângulo Hue da casca (B) e atividade da enzimapoligalacturonase (C) em melões Charentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura re-frigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5% U.R.)(estimation ofvitamin C (A), Hue angle of skin (B) and activity of poligalacturonase enzyme (C) of Charentaismelons ‘Aura Prince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) +7 days (22+2oC and 70+5% U.R.). Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006.

470 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

PA Souza et a.

va-se que, possivelmente, a modifica-ção de polímeros pécticos e componen-tes hemicelulósicos era causada pelapresença de outras enzimas, como as β-galactosidases (Ranwala et al., 1992).Todavia, Hadfield et al. (1998), estudan-do a expressão gênica dapoligalacturonase durante o amadureci-mento de melões Charentais ‘F1 Alpha’verificaram aumento na atividade deenzimas que degradam a pectina e oaparecimento de três mRNAs dapoligalacturonase em estádios maisavançados de amadurecimento. De ma-neira geral, esses resultados sugeremque a degradação da pectina mediadapela poligalacturonase ocorre após osestádios iniciais de amolecimento dofruto e provavelmente contribui signi-ficativamente para os estádios de ama-durecimento excessivo incluindo amo-lecimento e deterioração (Hadfield &Bennett, 1998).

A aplicação do 1-MCP na concen-tração de 600 nL L-1 reduziu a atividaderespiratória e a produção de etileno,principalmente quando os frutos foramarmazenados sob refrigeração. A asso-ciação do 1-MCP com a atmosfera mo-dificada (X-tend®), produziu melhoresresultados para a firmeza da polpa, per-da de massa, aparência externa. A atmos-fera modificada, isoladamente, foi efi-ciente em reduzir a perda de massa,manter melhor aparência externa emaior ângulo Hue da casca, porém nãofoi suficiente para retardar oamarelecimento dos frutos. Com basena aparência externa, a vida útil pós-colheita dos frutos armazenados sob at-mosfera modificada isolada e dos fru-tos tratados com 1-MCP e armazenadossob atmosfera modificada foi de 21 dias(14 dias sob refrigeração e 7 dias am-biente), enquanto que dos frutos trata-dos apenas com 1-MCP foi de 19 dias(14 dias sob refrigeração e 5 dias am-biente).

AGRADECIMENTOS

A CAPES pelo auxílio financeiro.

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471Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

O conteúdo de clorofilas nas folhasé influenciado por diversos fatores

bióticos e abióticos, estando diretamenterelacionado com o potencial de ativida-de fotossintética das plantas (Taiz &Zeiger, 2002). Portanto, a suaquantificação é relevante no estudo depráticas culturais e de manejo visandoaumentar o potencial fotossintético e derendimento em espécies vegetais.

O método padrão de determinaçãode clorofilas em laboratório (Arnon,1949), ainda que fácil, apresenta desvan-tagens, já que resulta na coleta destrutivado material vegetal, e é relativamentedemorado (requer tempo necessário paraa extração, via maceração com acetonaou outro solvente, e posterior leitura emespectrofotômetro). Com o advento demedidores portáteis, que utilizam prin-

AMARANTE CVT; BISOGNIN DA; STEFFENS CA; ZANARDI OZ; ALVES EO. 2008. Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através demétodo colorimétrico. Horticultura Brasileira 26: 471-475.

Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de métodocolorimétricoCassandro VT do Amarante1,3; Dilson Antônio Bisognin2,3; Cristiano André Steffens1; Odimar ZZanardi1,3; Erlani de O Alves1,4

1UDESC-CAV, C. Postal 281, 88520-000 Lages-SC; 2UFSM-Depto. Fitotecnia, Av. Roraima s/nº, Camobi, 97105-900 Santa Maria-RS;3Bolsista CNPq; 4Bolsista CAPES; [email protected]

cípios óticos não destrutivos, baseadosna absorbância e/ou refletância da luzpelas folhas, a determinação de clorofi-las tornou-se fácil e rápida, podendo serrealizada diretamente a campo(Richardson et al., 2002).

O equipamento Minolta SPAD-502tem sido utilizado na quantificação declorofilas, caracterizando-se pela rapi-dez, simplicidade e, principalmente, porpossibilitar uma avaliação nãodestrutiva do tecido foliar. Para aquantificação de clorofilas, a folha épresa entre uma haste flexível e outrarígida (pressionando-se a haste flexível)no momento da medição. A haste flexí-vel emite luz, que atravessa o tecido fo-liar e atinge um receptor (fotodiodo desilicone) na haste rígida, que converte aluz transmitida em sinais elétricos

analógicos. Por meio do conversor A/D, esses sinais são amplificados e con-vertidos em sinais digitais, sendo usa-dos por um microprocessador para cal-cular a leitura SPAD (“Soil PlantAnalytical Division Value”). A intensi-dade de cor verde na folha é detectadano aparelho através da quantidade de luzabsorvida pela folha, nos comprimentode onda (λ) de 650 nm (vermelho) e 940nm (vermelho distante próximo). A luzabsorvida no λ de 650 nm (pelas cloro-filas, sem a interferência ocasionadapelos carotenóides) indica a quantidadede clorofilas, enquanto a quantidadeabsorvida próximo do λ de 940 nm ser-ve como referência interna na compen-sação da espessura e conteúdo de águada folha (Swiader & Moore, 2002). Apequena área do sensor do equipamen-

RESUMOAvaliou-se a viabilidade de utilização de um colorímetro, como

alternativa à utilização de medidor de clorofila, para a quantificaçãonão destrutiva de clorofilas em folhas. Folhas de couve ‘Manteiga’ ebatata ‘Ágata’, com tonalidades variando de verde amarelado(clorótica) a verde escuro, foram avaliadas individualmente com ummedidor de clorofila (Minolta SPAD-502) e um colorímetro (MinoltaCR-400, no espaço de cores L, C e ho), seguido de quantificaçõesdestrutivas de clorofilas a, b e totais. Os valores de leitura do medi-dor de clorofila e da relação ho/(LxC) do colorímetro aumentaramcom o incremento nos teores de clorofilas nas folhas em couve ebatata. Os modelos ajustados entre teores de clorofilas e as leiturasdo medidor de clorofila e da relação ho/(LxC) do colorímetro apre-sentaram valores similares de R2, em ambas as espécies. Os resulta-dos obtidos demonstram que o colorímetro é uma alternativa viávelna avaliação não destrutiva do teor de clorofilas (µg cm-2 de folha),especialmente de clorofilas a e totais. Para tanto, os valores da rela-ção ho/(LxC) do colorímetro devem ser calibrados com a extraçãode clorofilas nas folhas da espécie e genótipo de interesse.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. acephala, Solanumtuberosum L., cor da folha, propriedades óticas da folha, absorbância,refletância.

ABSTRACTNon-destructive quantification of chlorophylls in leaves by

means of a colorimetric method

This work was carried out to evaluate the viability of the use of achroma meter as an alternative to the leaf chlorophyll meter for non-destructive quantification of chlorophylls in the leaves. Leaves of kale(‘Manteiga’) and potato (‘Ágata’) plants, with colors ranging fromyellow-green (chlorotic) to dark green, were individually assessed withthe chlorophyll meter (SPAD-502) and the chroma meter (MinoltaCR-400, at the L, C, and ho color space), and, thereafter, destructivelyassessed for total chlorophyll and chlorophylls a and b. The chlorophyllmeter reading and the ho/(LxC) ratio for the chroma meter increasedwith the increment of chlorophylls content in the leaves of kale andpotato. The adjusted models between chlorophylls content versuschlorophyll meter readings and the ho/(LxC) ratio for the chroma meterhad similar R2 in both species. The chroma meter is a viable alternativefor non-destructive assessment of chlorophylls (µg cm-2) in leaves,especially of chlorophyll a and total chlorophyll. Nevertheless, thisrequires the calibration between the ho/(LxC) ratio of the chroma meterand the chlorophylls extracted from leaves of concerned specie andgenotype.

Keywords: Brassica oleracea var. acephala, Solanum tuberosumL., leaf color, leaf optical properties, absorbance, reflectance.

(Recebido para publicação em 3 de dezembro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)(Received in December 3, 2007; accepted in October 31, 2008)

472 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

to (2 x 3 mm) permite a sua utilizaçãopara a quantificação de clorofilas atémesmo em folhas de pequeno tamanho.Este equipamento tem sido utilizadocom sucesso para diagnosticar o estadonutricional de diversas espécieshortícolas, como batata (Gil et al., 2002;Gianquinto et al., 2003; Uddling et al.,2007), tomate (Guimarães et al., 1999),pimentão (Godoy et al., 2003; Madeiraet al., 2003), abóbora (Swiader &Moore, 2002), melão (Azia & Stewart,2001), entre outras. Todavia, como oequipamento fornece uma leitura emunidades arbitrárias (leitura SPAD deconteúdo de clorofila, na faixa de 0 a99,9), recomenda-se que o mesmo sejacalibrado com as extrações de clorofi-las da cultura de interesse (Markwell etal., 1995; Azia & Stewart, 2001).

O colorímetro Minolta CR (séries100, 200 300 e 400) também pode serutilizado para a avaliação não destrutivada coloração de tecidos vegetais, comoocorre em frutos (Amarante et al.,2007). Este equipamento tem sensibili-dade similar a do olho humano, com avantagem de produzir a mesma leitura,independente da condição de ilumina-ção do ambiente, já que utiliza uma fonteinterna de luz e um sistema de compen-sação de leitura, constituído de doissensores internos, um que mede a luzrefletida da superfície do tecido vegetale outro sensor que mede a luz da fontede iluminação. A fonte de luz do equi-pamento gera radiação difusa (com di-ferentes ângulos de incidência), e osensor interno recebe a luz refletida ver-ticalmente pela superfície do tecido noespaço de cores L, C e ho (McGuire,1992). Este sistema usa o mesmo dia-grama do espaço de cores L, a e b, po-rém com coordenadas cilíndricas ao in-vés de coordenadas retangulares. Os ter-mos L, C e ho indicam brilho(‘lightness’), cromaticidade e ângulohue, respectivamente. Os valores de ho

apresentam as seguintes correspondên-cias quanto às cores da superfície dotecido vegetal: 0°/vermelho, 90°/ama-relo, 180°/verde e 270°/azul. Portanto,o valor de ho do equipamento permitequantificar o teor de clorofilas em fo-lhas (folha verde intensa, com elevadoteor de clorofila, apresentando ho próxi-mo de 180º, e folha clorótica, com bai-

xo teor de clorofila, apresentando ho pró-ximos de 90º). Em adição ao ho, os va-lores de L permitem detectar tonalida-des de verde (valores baixoscorrespondem a coloração verde escurae valores altos a coloração verde clara),enquanto os valores de C identificam apureza da cor (valores altos indicammaior desvio a partir do ponto corres-pondente ao cinza, de menor C). Toda-via, este equipamento nunca foi avalia-do quanto à viabilidade de utilização naquantificação não destrutiva de clorofi-las em folhas, através da medição dosatributos de cor L, C e ho.

Este trabalho foi conduzido visandoavaliar a viabilidade de utilização de umcolorímetro, como alternativa à utiliza-ção do medidor de clorofila, para aquantificação não destrutiva dos teoresde clorofilas em folhas de couve e bata-ta.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas 20 folhas de couve‘Manteiga’ (Brassica oleracea L. var.acephala) e 16 folhas de batata ‘Ágata’(Solanum tuberosum L.), cujas tonali-dades variavam de verde amarelado (fo-lha clorótica) a verde escuro. Em ambasespécies, as folhas foram coletadas cer-ca de 70 dias após o plantio (em 09/04/07 e 10/05/07 para couve e batata, res-pectivamente), em horta comercial lo-calizada no município de Lages-SC.Foram utilizadas folhas totalmente ex-pandidas, removidas do terço médio dasplantas, no período entre 8-10 h da ma-nhã (com temperatura de 15-18oC eumidade relativa de 75-85%), transpor-tando-as para o laboratório com opecíolo imerso em água destilada paraevitar a desidratação.

Em seis pontos de cada folha, emambas as espécies, foram feitas leiturasutilizando o medidor portátil de cloro-fila SPAD-502 e o colorímetro CR-400(ambos da Konica Minolta, Japão),procedendo-se o cálculo da média dasleituras por folha. O colorímetro CR-400foi utilizado com ponteira de vidro côn-cava CR-A33f (abertura de 8 mm) paraa quantificação da cor no espaço de co-res L, C e ho (McGuire, 1992), sendo asfolhas colocadas sobre superfície bran-ca (folha de papel branco) para evitar

qualquer interferência da cor desta su-perfície nas leituras de refletância dafolha.

Em cada folha, nos mesmos pontosonde foram feitas as leituras de cor como SPAD-502 e o colorímetro CR-400,com o auxílio de um furador de rolha,foram removidos discos (∅=1,6 cm),nos quais foram determinados a massafresca (com uma balança analítica, comprecisão de 0,0001 g) e a área total (comum integrador de área foliar LI-CORmodelo LI-3050A). Os discos de cadafolha (seis) foram imediatamentemacerado em acetona a 80%, na presen-ça de CaCO

3, em ambiente com fonte

de iluminação artificial verde de baixaintensidade. Os extratos obtidos foramfiltrados através de papel-filtro rápido ecoletados em balões volumétricos de 25mL, completando-se o volume ao finalda filtragem. A densidade ótica dos fil-trados foi lida em espectrofotômetro(Carl Zeiss, UV-Vis Spekol, Alema-nha) nos λ de 645 e 663 nm, utilizandocubetas de quartzo. A partir dessas lei-turas, determinou-se a concentração (mgcm-3) de clorofilas a, b e totais nas solu-ções de leitura, por meio de fórmulaspropostas por Arnon (1949):Clorofila a = 12,7 * A

663nm – 2,69 * A

645nm

Clorofila b = 22,9 * A645nm

– 4,68 * A663nm

Clorofilas totais = 20,2 * A645nm

+ 8,02 * A663nm

Estes valores foram transformadospara teores de clorofilas a, b e totais nasfolhas, expressos em unidades de área(µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), se-gundo sugestão de Richardson et al.(2002).

Foram feitas análises de regressãolinear e não-linear entre as leituras ob-tidas com o auxílio dos dois equipamen-tos e os teores de clorofilas a, b e totaisquantificados nas folhas, através da uti-lização do programa SAS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de leitura do medidor declorofila SPAD-502 apresentaram au-mento linear em couve (Figura 1) equadrático em batata (Figura 2), com oincremento nos teores de clorofilas a, be totais nas folhas.

Houve uma forte relação entre valo-res de ho, L e C quantificados com o

CVT Amarante et al.

473Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

colorímetro CR-400 e os teores de clo-rofilas a, b e totais, expressos em uni-dades de área (µg cm-2 de folha) e demassa fresca (µg g-1), em folhas de cou-ve ‘manteiga’ e batata ‘Ágata’ (dadosnão apresentados). Houve aumento doho com o incremento nos teores de clo-rofilas a, b e totais nas folhas de couvee batata, segundo um modeloexponencial, indicando uma mudançade coloração de amarelo (folhaclorótica) para verde intenso. Os valo-res de L e C reduziram com o aumentonos teores de clorofilas a, b e totais nasfolhas de couve e batata, indicando umaredução no brilho e na cromaticidade.Com o incremento na coloração verdehouve redução exponencial de L e re-dução linear de C.

A utilização da relação ho/(LxC) re-sultou em melhor ajuste de modelos comos teores de clorofilas a, b e totais nasfolhas em couve (Figura 1) e batata (Fi-gura 2), do que a utilização individualdestes atributos de cor (dados não apre-sentados). Com o incremento nos teo-res de clorofilas a, b e totais nas folhas

em couve (Figura 1) e batata (Figura 2),houve um aumento assintótico da rela-ção ho/(LxC).

Apenas em folhas de couve, para osteores de clorofilas a e b expressos emunidades de área, os modelos linearesajustados para os valores da leitura domedidor de clorofila SPAD-502 apre-sentaram maior R2 do que os modelosassintóticos ajustados para a relação ho/(LxC) do colorímetro CR-400 (Figura1). Nos demais casos, para os teores declorofilas a, b e totais em unidades deárea e de massa fresca foliar, os mode-los ajustados para a leitura do medidorde clorofila SPAD-502 apresentarammenores valores de R2 comparativamen-te aos modelos ajustados para a relaçãoho/(LxC) do colorímetro CR-400, em fo-lhas de couve (Figura 1) e batata (Figu-ra 2).

Os modelos ajustados para teores declorofilas em unidades de área apresen-taram maiores valores de R2 do queaqueles ajustados para teores de cloro-filas em unidades de massa fresca, refe-rente às clorofilas a, b e totais, para a

leitura do SPAD-502 e a relação ho/(LxC) do colorímetro CR-400, tanto emcouve (Figura 1) como em batata (Fi-gura 2). Portanto, variação que ocorrena área foliar específica (cm2 g-1 de mas-sa fresca), influenciada por diferençasentre folhas na espessura do mesófilo econteúdo de água, resulta em maior va-riabilidade nos valores expressos emunidades de massa fresca foliar (µg g-1).Portanto, a expressão dos teores de clo-rofilas em unidades de área (µg cm-2)deve ser preferida, quando estimadaatravés da utilização do medidor de clo-rofila SPAD-502 e do colorímetro CR-400, já que resulta em menor erro.

Os modelos ajustados de leitura domedidor de clorofila SPAD-502 e darelação ho/(LxC) do colorímetro CR-400apresentaram maior R2 para a estimati-va dos teores de clorofilas a e totais doque para a clorofila b, tanto em couve(Figura 1) como em batata (Figura 2).Resultados similares foram reportadospor Richardson et al. (2002), trabalhan-do com o SPAD-502 e índices derefletância espectral em folhas de bétula

Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico

Figura 1. Relação entre valores de leitura do medidor de clorofila SPAD-502 (A e B) e ho/(L*C) do colorímetro CR-400 (C e D) versus teores declorofilas a, b e totais, em unidades de área (µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), em folhas de couve ‘manteiga’ (relationship between thechlorophyll meter readings of SPAD-502 (A and B) and the ho/(LxC) ratio of the chroma meter CR-400 (C and D) versus contents of chlorophyllsa and b and total chlorophyll, expressed in units of area (µg cm-2) and flesh matter (µg g-1), in kale leaves, cv. Manteiga). CAV/UDESC, Lages,SC, 2007.

474 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

(Betula papyrifera Marsh.), demons-trando que a utilização de métodos nãodestrutivos óticos são melhores para aestimativa dos teores de clorofilas a etotais do que de clorofila b.

Neves et al. (2005), trabalhando como SPAD-502 em algodoeiro, também ob-servaram maior correlação das leituras doequipamento com os teores de clorofila acomparativamente a clorofila b. Segundoestes autores, isto ocorre tendo em vistaque o pico de absorção na faixa vermelhado espectro pela clorofila a (663 nm), alémde ser maior que o da clorofila b, estámuito próximo do comprimento de ondaemitido pelo SPAD-502 (650 nm). Comisso, a maior parte da luz vermelha, emi-tida pelo aparelho, é absorvida pela clo-rofila a. Portanto, em estudos que visam àcalibração desse aparelho, para se obtermedidas indiretas de clorofila, devem-seevitar leituras em folhas sombreadas, pois,nelas, o teor de clorofila b é proporcional-mente maior do que o de clorofila a, quan-do comparadas com as folhas em plenosol (Taiz & Zeiger, 2002).

Tanto para a leitura do medidor declorofila SPAD-502 como para a rela-ção ho/(LxC) do colorímetro CR-400,houve aumento na dispersão dos dados,em relação aos modelos ajustados, como incremento nos valores de teores declorofilas a, b e totais, em couve e bata-ta (Figuras 1 e 2). Esta dispersão foimaior para os valores de teores expres-sos em unidades de massa fresca foliar,especialmente de clorofilas a e totais.Portanto, a expressão quantitativa declorofilas em unidades de massa frescanão só apresenta maior erro em relaçãoa unidades de área, mas esse erro au-menta com o incremento nos teores declorofilas nas folhas em couve e batata.

Como a função das clorofilas é ab-sorver quantas de luz incidente, poder-se-ia supor que a medição da quantida-de de radiação absorvida pela folha como SPAD-502 resultaria em uma melhorestimativa de clorofilas do que a medi-ção da luz refletida pela superfície dafolha, obtida com o colorímetro CR-400.Todavia, os resultados obtidos mostram

CVT Amarante et al.

que o colorímetro CR-400 é tão ou maiseficiente do que o medidor de clorofilaSPAD-502, para a quantificação de clo-rofilas em folhas de couve e batata.

O SPAD-502, mesmo com sistemade compensação (luz absorvida no λ de940 nm) para alterações na espessura econteúdo de água da folha, apresentagrandes variações de leitura entre espé-cies de plantas (Richardson et al., 2002)e entre genótipos de uma mesma espé-cie (Bullock & Anderson, 1998) culti-vados em uma mesma condição de am-biente, devido a diferenças na estruturae anatomia foliar. Mesmo um genótipopode apresentar grandes variações noíndice SPAD, ocasionadas por diferen-ças nas condições edafoclimáticas(Paliwal & Karunaichamy, 1995), noconteúdo de água (Martínez & Guiamet,2004), estádio fenológico (Paliwal &Karunaichamy, 1995) e posição/idade dafolha na planta (Hoel & Solhaug, 1998;Gil et al., 2002). Até mesmo o nível deradiação no momento da medição inter-fere na leitura do SPAD-502. Os

Figura 2. Relação entre valores de leitura do medidor de clorofila SPAD-502 (A e B) e ho/(L*C) do colorímetro CR-400 (C e D) versus teores declorofilas a, b e totais, em unidades de área (µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), em folhas de batata ‘Ágata’ (relationship between the chlorophyllmeter readings of SPAD-502 (A and B) and the ho/(LxC) ratio of the chroma meter CR-400 (C and D) versus contents of chlorophylls a and b andtotal chlorophyll, expressed in units of area (µg cm-2) and flesh matter (µg g-1), in potato leaves, cv. Ágata). CAV/UDESC, Lages, SC, 2007.

475Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico

cloroplastos mudam sua orientação nascélulas em resposta ao nível de radia-ção incidente. Em baixa radiação oscloroplastos orientam-se ao longo dasparedes celulares superiores e inferio-res, perpendicular ao sentido de incidên-cia da luz, enquanto em alta radiaçãoeles estão orientados principalmente aolongo das paredes verticais das células,paralelamente ao sentido de incidênciada luz (Taiz & Zeiger, 2002). Como con-seqüência disso, as leituras do SPAD-502 são maiores quando medidas emcondições de baixa luminosidade, comopor exemplo no início da manhã ou aofim da tarde, ou em folhas sombreadasda planta (Hoel & Solhaug, 1998;Martínez & Guiamet, 2004).

Os resultados obtidos demonstramque o colorímetro CR-400 apresenta via-bilidade técnica na avaliação quantitati-va não destrutiva dos teores de clorofilasa, b e totais em folhas de couve e batata,em substituição ao SPAD-502, através docálculo da relação ho/(LxC). Todavia,deve-se ressaltar que, à semelhança doque ocorre com o SPAD-502, devem sertomados cuidados quanto à idade/posi-ção da folha, estádio fenológico e condi-ções no ambiente de desenvolvimento daplanta a ser utilizada, procedendo-se acalibração do colorímetro com as extra-ções de clorofilas da espécie e genótipode interesse. Destaca-se ainda que ocolorímetro apresenta maiorconfiabilidade quando utilizado para aquantificação do teor de clorofilas emunidades de área (µg cm-2), especialmen-te de clorofilas a e totais.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq, àFINEP e à CAPES pelo apoio financei-ro a este projeto.

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476 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

No Brasil, a cebola ocupa o terceirolugar em importância econômica

(Souza & Resende, 2002). Em 2006, aprodutividade média nacional, de acor-do com o IBGE (2006), foi de 20,4 t ha-1,sendo que nos estados de Pernambucoe Bahia, maiores produtores do Nordes-te, a produtividade média foi de 18,9 e24,8 t ha-1, respectivamente.

A agricultura orgânica é definidacomo um sistema de produção que evi-ta ou exclui amplamente o uso de ferti-lizantes minerais, pesticidas, regulado-res de crescimento e aditivos para a pro-dução vegetal e alimentação animal ecompostos sintéticos (Ehers, 1996).Recentemente a preocupação com oambiente e a qualidade de vida tem di-fundido amplamente as correntes deagricultura alternativa, dentre elas, a

COSTA ND; ARAUJO JF; SANTOS CAF; RESENDE GM; LIMA MAC. 2008. Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo noVale do São Francisco. Horticultura Brasileira 26: 476-480.

Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solono Vale do São FranciscoNivaldo D Costa1; Jairton F Araújo2; Carlos Antonio F Santos1; Geraldo M de Resende1; MariaAuxiliadora C de Lima1

1Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56302-970 Petrolina-PE; 2UNEB/DTCS; [email protected]

agricultura orgânica. Esse sistema deprodução tem crescido continuamente,em função de uma demanda cada vezmaior por produtos ecologicamente cor-retos. O Brasil ocupa a 13ª posição mun-dial quanto à área destinada à agricultu-ra orgânica certificada, com mais de 275mil hectares. Dentre os alimentos pro-duzidos, destacam-se as oleráceas des-tinadas ao mercado interno (Trivellato& Freitas, 2003).

O sistema orgânico para o cultivo decebola ainda não é uma realidade(Vidigal et al., 2002), mas pode serfactível desde que se disponha de mate-rial orgânico suficiente para fornecertodos os nutrientes necessários para ocrescimento das plantas, e sobretudocultivares que melhor se adaptem a estesistema de cultivo.

A viabilidade de produção das culti-vares Beta Cristal e Diamante em siste-ma orgânico, para produção debulbinhos adequados ao processamentona forma de conservas, é relatado porZabaleta et al. (2007). Assim comoPaula et al. (2003) salientam que a pro-dução de cebola orgânica mostra-se viá-vel na Baixada Fluminense, sobretudousando cultivares de verão como IACSolaris, Roxa Franciscana IPA-10, AlfaTropical e Vale Ouro IPA-11.

O sistema convencional de produ-ção de cebola proporcionou menor mé-dia geral e maior instabilidade da pro-dutividade, ou seja, propiciou condiçõesmais instáveis para as cultivares. A mé-dia das melhores cultivares no sistemaconvencional (50,99 t/ha) foi maior quea média das melhores cultivares no sis-

RESUMOCom o objetivo de avaliar a produtividade de cultivares de ce-

bola em cultivo orgânico no Vale do São Francisco, conduziram-sedois experimentos, de maio a outubro de 2005, nos Campos Experi-mentais de Bebedouro, Petrolina-PE, e Mandacaru, Juazeiro-BA,em ARGISSOLO e VERTISSOLO respectivamente. O delineamentoexperimental utilizado foi em blocos ao acaso, utilizando-se dezoitoe quatorze cultivares de cebola, respectivamente e quatro repetições.Em ARGISSOLO a produtividade total de bulbos variou de 13,52 a39,52 t/ha. A produtividade comercial oscilou de 7,45 a 38,32 t/ha,sobressaindo-se como mais produtivas as cultivares Brisa IPA-12(38,32 t/ha) e São Paulo (35,86 t/ha) que não evidenciaram diferen-ças significativas entre si, assim como as cultivares Botucatu-150(26,41 t/ha) e Pira Ouro (26,37 t/ha), e menos produtivas as cultiva-res Conquista (7,45 t/ha) e Crioula Alto Vale (7,81 t/ha). EmVERTISSOLO a produtividade total de bulbos variou de 6,87 a 24,68t/ha. Sobressairam-se com produtividade comercial as cultivaresTexas Grano PRR (21,56 t/ha) e IPA-10 (17,50 t/ha), que não diferi-ram entre si. As cultivares Crioula Alto Vale, CNPH-6348, CNPH-6436 e CNPH-6206 não tiveram produção comercial de bulbos.

Palavras-chave: Allium cepa, adaptação, competição, sistema decultivo, rendimento.

ABSTRACTEvaluation of onion cultivars under organic cultivation in

two soil types in the São Francisco Valley, Brazil

In this research were evaluated the yield of onion cultivars underorganic growth in the São Francisco Valley. Two field trials wereevaluated, one at the Experimental Farm Station of Embrapa TropicalSemi-Arid, in Petrolina, in an ultisol type and the other at theExperimental Farm Station of Mandacaru, in Juazeiro, in a vertisoltype, from February to October of 2005. The experimental design wasof randomized complete blocks, with 18 and 14 cultivars, respectively,and four replications. In the ultisol, the total yield of bulbs rangedfrom 13.52 to 39.52 t/ha. The commercial yield ranged from 7.45 to38.32 t/ha where the cultivars Brisa (38.32 t/ha) and São Paulo (35.86t/ha) showed the highest yield without statistical difference; CultivarsBotucatu-150 (26.41 t/ha) and Pira Ouro (26.37 t/ha) also stood outwith high yield without statistical difference. The cultivars Conquista(7.45 t/ha) and Crioula Alto Vale (7.81 t/ha) presented the worstperformance. In the vertisol the total yield of bulbs ranged from 6.87to 24.68 t/ha. The cultivars Texas Grano PRR (21.56 t/ha) and IPA-10(17.50 t/ha) presented the highest yield, without statistical differences.The cultivars Crioula Alto Vale, CNPH-6348, CNPH-6436 and CNPH-6206 presented no commercial yield.

Keywords: Allium cepa, adaptation, competition, planting system, yield.

(Recebido para publicação em 5 de dezembro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)(Received in December 5, 2007; accepted in October 1, 2008)

477Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

tema orgânico (44,23 t/ha). No entanto,para todas as características a média dasmelhores cultivares do sistema conven-cional foi maior do que as melhores cul-tivares no sistema orgânico (Rodrigueset al., 2006).

Dentre os principais problemas dedegradação ambiental, comprovados pordiversos profissionais da área agronô-mica, têm-se verificado que no meiorural o declínio da produtividade estáassociado à degradação do solo, erosãoe perda de matéria orgânica, degrada-ção do ambiente pela poluição de águase do ar por agrotóxicos altamente noci-vos à saúde, contaminação de alimen-tos e queda da qualidade nutricional dosmesmos (Souza, 1998). No Vale do SãoFrancisco, por ser uma região semi-ári-da, a deficiência de matéria orgânica éuma característica inerente a seus solos,que limita a produtividade das culturas.Com a exploração intensiva pelos culti-vos contínuos e uso da irrigação, a utili-zação de fertilizantes orgânicos torna-se uma prática indispensável para evi-tar a degradação dos solos a médio elongo prazo, o que promoverá maiorsustentabilidade ambiental da produçãoe, sobretudo, alimentos saudáveis comqualidade e ecologicamente corretos.

O presente trabalho teve como ob-jetivo avaliar o comportamento produ-tivo de cultivares de cebola em dois ti-pos de solos em sistema orgânico decultivo.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos dois experimen-tos distintos, de maio a outubro de 2005.O experimento realizado no CampoExperimental de Bebedouro, Petrolina-PE foi instalado no solo classificado(Embrapa, 1999) como: ARGISSOLOVERMELHO-AMARELO EutróficoPlantíco A moderado textura Arenosafase Caatinga Híperxerófila relevo pla-no, com horizonte A: 830 g/kg de areia,100 g/kg de silte, 70 g/kg de argila, apre-sentando os resultados da sua análisequímica: pH (H

2O) = 6,2; Ca = 2,2 cmol

c

dm-3; Mg = 0,9 cmolc dm-3; Na = 0,18

cmolc dm-3; K = 0,55 cmol

c dm-3; Al =

0,05 cmolc dm-3; P(Mehlich) = 9,0 mg

dm-3 e M.O. = 8,68 g kg-1. O outro expe-rimento foi realizado no Campo Expe-

rimental de Mandacaru, Juazeiro-BA,em VERTISSOLO HÁPLICO Órticotípico com horizonte A: 373 g/kg deareia, 149 g/kg de silte, 478 g/kg de ar-gila, apresentando os resultados da suaanálise química: pH (H

2O) = 7,6; Ca =

18,8 cmolc dm-3; Mg = 3,1 cmol

c dm-3;

Na = 0,10 cmolc dm-3; K = 0,60 cmol

c

dm-3; Al = 0,00 cmolc dm-3; P(Mehlich)

= 7,0 mg dm-3 e M.O. = 20,27 g kg-1. Odelineamento experimental utilizado foiem blocos ao acaso com 18 cultivaresde cebola em Petrolina e 14 em Juazeiro,respectivamente, com quatro repetições.Em Petrolina, as cultivares foram: IPA-4, IPA-10, IPA-11, Brisa, Alfa São Fran-cisco, Alfa Tropical, Crioula Alto Vale,São Paulo, Conquista, Régia, Pira Ouro,Serrana, Botucatu-150, Superprecoce(EPAGRI-363), CNPH-6436, CNPH-6348, CNPH-6206 e Texas Grano-502PRR; em Juazeiro foram: IPA-10, IPA-11, Brisa, Alfa Tropical, Crioula AltoVale, Conquista, Régia, Pira Ouro,Botucatu-150, EPAGRI-363, CNPH-6436, CNPH-6348, CNPH-6206 e TexasGrano-502 PRR. O trabalho teve inicioem 23/02/05, com a produção de 200 Lde biofertilizante foliar “supermagroadaptado” com a composição: estercocaprino fresco (100 kg), fosfatobicálcico (500 g), molibdato de sódio(100 g), enxofre ventilado (300g), sul-fato de zinco (2,0 kg), sulfato demagnésio (1,0 kg), sulfato de cobalto (50g), sulfato de ferro (300 g), sulfato demanganês (300 g), sulfato de cobre (300g), cloreto de cálcio (2,0 kg), acidobórico (1,0 kg), fosfato natural (2,4 kg),cinza (1,2 kg), leite de vaca (26 L), açú-car mascavo (13 kg) e água não clorada(200 L), o qual foi deixado por um pe-ríodo de 60 dias para fermentação antesde iniciar sua aplicação. A semeaduradas cultivares foi realizada em 23/05/05, em canteiros, utilizando 10 g de se-mentes de cada genótipo por m², espa-çadas em linhas transversais de 0,10 m,sendo a adubação composta por 60 g/m2 de torta de mamona, incorporado aosolo antes da semeadura, e em cobertu-ra aos 15 dias após, além de 60 g/m2 detorta de mamona.

No ARGISSOLO o preparo do solo(virgem) teve inicio em 28/03/05, como plantio de um coquetel de leguminosas(mucuna preta, guandu e CrotalariaJuncea), sendo as mesmas ceifadas no

início da floração em 27/05/05, e em 27/06/05, procedeu-se uma aração a 30 cmde profundidade para incorporação dasleguminosas ao solo, seguida degradagem. A produção de massa verdeincorporada foi estimada em 4,8 kg/m2,sendo que em massa seca obteve-se 1,55kg/m2. No VERTISSOLO o preparo dosolo com quatro anos em pousio, teveinicio em maio de 2005, com uma araçãoa 30 cm de profundidade, seguida degradagem.

No ARGISSOLO, a adubação deplantio constou de 45 kg/ha de N, usan-do como fonte a torta de mamona + es-terco de curral curtido, 90 kg/ha de P

2O

5,

empregando como fonte o fosfato natu-ral, e 45 kg/ha de K

2O usando como fon-

te o Sul-Po-Mag. No VERTISSOLO, aadubação de plantio constou de 45 kg/ha de N, tendo como fonte a torta demamona, 45 kg/ha de P

2O

5 tendo como

fonte o fosfato natural, 45 kg/ha de K2O,

tendo como fonte o Sul-Po-Mag. Emcoberturas foram aplicados 90 kg/ha deN tendo como fonte a torta de mamona,sendo o biofertilizante foliar aplicado nadose de 25 ml/L semanalmente até 30dias antes da colheita.

O transplantio das mudas foi reali-zado em 06/07/05 aos 42 dias após asemeadura (23/05/2005), sendo que opreparo do solo constou de umagradagem, seguida de levantamento doscanteiros a 0,10 m de altura. Utilizou-se o espaçamento de 0,20 entre fileirase 0,15 m entre plantas com parcelas de4,8 m2 (4,0 x 1,2 m), com 6 fileiras porcanteiro. As irrigações foram feitas atra-vés de microaspersão e os tratosfitossanitários realizados com produtosorgânicos foram aplicados semanalmen-te até vinte dias antes da colheita comVetor 1.000 (aminoácidos de peixe) (1ml/L); calda bordaleza (3 ml/L), caldasulfocálcica (10 ml/L) alternadas, EM-4 no solo (25 ml/L) por ocasião dotransplantio, sendo as doses de acordocom a recomendação dos fabricantes eurina de vaca (10 ml/L) (PESAGRO,2001), e volume de calda por hectare emtorno de 300 L/ha.

A colheita foi realizada aos 97 diasapós o transplantio e os bulbos perma-neceram no campo por um período decura de quatro dias ao sol. Após a curaprocedeu-se a avaliação da produtivida-

Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São Francisco

478 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

de total, comercial e refugo (bulbos comdiâmetro inferior a 35 mm) de bulbos.Os dados coletados foram submetidos àanálise de variância e as médias com-paradas pelo teste de Tukey ao nível de5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas condições de ARGISSOLO aprodutividade total de bulbos (Tabela 1)variou de 13,52 a 39,52 t/ha destacando-se as cultivares São Paulo (39,52 t/ha) eBrisa IPA-12 (39,43 t/ha), que não mos-traram diferenças entre si. O pior desem-penho foi observado para as cultivaresConquista (13,52 t/ha), Crioula Alto Vale(13,84 t/ha), CNPH-6206 (1876 t/ha),EPAGRI-363 (17,01 t/ha), IPA-4 (2126t/ha) e CNPH-6436 (21,84 t/ha).

Em VERTISSOLO a produtividadetotal de bulbos variou de 6,87 a 24,68 t/ha destacando-se as cultivares TexasGrano PRR (24,68 t/ha) e Régia (20,33),que não mostraram diferenças entre si.O pior desempenho foi para as cultiva-res Crioula Alto Vale (6,87 t/ha), CNPH-6348 (7,18 t/ha), CNPH-6436 (7,50 t/ha), CNPH-6206 (8,12 t/ha), EPAGRI-363 (9,97 t/ha) e Conquista (9,58 t/ha)(Tabela 2). Pereira et al. (2002) avalian-do a cultivar CNPH-6400, observaramprodutividade total de 22,1 t/ha, utili-zando 20 t/ha de esterco de curral emtrabalho conduzido em Inconfidentes-MG, de junho a outubro de 2001. JáRodrigues et al. (2006), em Viçosa- MG,com plantio no período de abril a de-zembro de 2003, obtiveram produtivi-dades oscilando 6,03 a 50,52 t/ha emcultivo orgânico.

A produtividade comercial (Tabela 1)oscilou entre 7,45 e 38,32 t/ha, sobres-saindo-se as cultivares Brisa IPA-12(38,32 t/ha) e São Paulo (35,86 t/ha), quenão mostraram diferenças significativasentre si, essa última não diferindo dascultivares Botucatu-150 (26,41 t/ha) ePira Ouro (26,37 t/ha). As cultivaresConquista (7,45 t/ha) e Crioula Alto Vale(7,81 t/ha) apresentaram-se como asmenos produtivas. Paula et al. (2003)obtiveram produtividades comerciaisem cultivo orgânico variando de 0,0 a65,5 t/ha, de acordo com a época deplantio e cultivar, enquanto Gonçalveset al. (2004), avaliando substâncias al-

ND Costa et al.

Tabela 1. Produtividade total, comercial e refugo de cultivares de cebola em sistema orgâni-co de produção, em ARGISSOLO. Campo Experimental de Bebedouro (total, commercialyield and refuse of onion cvs. cultivated in an organic system, in a ultisol). Petrolina, EmbrapaSemi-Árido, 2005.

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% deprobabilidade; Refugo: bulbos com diâmetro inferior a 35 mm (means followed by the sameletter did not differ from each other in the Tukey test, 5%; Refuse: bulbs with a diameterminor than 35 mm).

Tabela 2. Produtividade total, comercial e refugo de cultivares de cebola em sistema orgâni-co em VERTISSOLO (total, commercial yield and refuse of onion cvs. cultivated in anorganic system, in a vertisol). Juazeiro, Embrapa Semi-Árido, 2005.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% deprobabilidade; Refugo: bulbos com diâmetro inferior a 35 mm (means followed by the sameletter did not differ from each other in the Tukey test, 5%; Refuse: bulbs with a diameterminor than 35 mm).

479Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

ternativas no manejo de tripes (Thripstabaci Lind.), em cebola, Cv. Crioula,no sistema orgânico obtiveram produti-vidades variando de 7,1 a 22,4 t/ha.

A produtividade comercial noVERTISSOLO (Tabela 2) oscilou de0,00 a 21,56 t/ha, sobressaindo-se ascultivares Texas Grano PRR (21,56 t/ha) e IPA-10 (17,50 t/ha) que não evi-denciaram diferenças significativas en-tre si, essa última não diferindo das cul-tivares Régia (16,66 t/ha), Botucatu-150(15,41 t/ha) e Brisa (14,16 t/ha). As cul-tivares Crioula Alto Vale, CNPH-6348,CNPH-6436, e CNPH-6206 não apre-sentaram produtividade comercial. In-feriu-se destes resultados que a ausên-cia e/ou o pequeno índice de bulbos co-merciais obtidos por essas cultivaresdevem-se provavelmente à menor adap-tação dessas às condiçõesedafoclimáticas regionais. SegundoMelo et al. (1988) e Mascarenhas(1980), quando as condições climáticasnão satisfazem as exigências da culti-var, especialmente o comprimento dodia (fotoperíodo) poderá ocorrer a nãoformação de bulbos, proporcionando umelevado índice de plantas improdutivas(charutos); emissão de pendão floral eformação de bulbos pequenos(Galmarini, 1997), o que se observa pelamaior produtividade de refugo apresen-tado por essas cultivares. Outro fato re-levante é que a cebola se desenvolvemelhor em solos de textura média, comboa produção também em solos areno-sos, leves (ARGISSOLO) que favore-çam o desenvolvimento do bulbo. So-los argilosos, pesados (VERTISSOLO),são desvantajosos (Filgueira, 2008), di-ficultam a formação de bulbos, além dedeformá-los, aumentando o número de“charutos” (Fontes, 1980).

Estes resultados de forma geral sãoaté surpreendentes em termos de boaprodutividade obtida, mesmo sob con-dições experimentais, sobretudo para oARGISSOLO, levando-se em conside-ração que a produtividade média da ce-bola nordestina cultivada convencional-mente nos Estados de Pernambuco eBahia situam-se em 18,9 e 24,8 t/ha,respectivamente (IBGE, 2006).

Com relação à produção de refugoas cultivares IPA-10 (8,21 t/ha), CNPH-6206 (7,85 t/ha), CNPH-6436 (6,96 t/

ha), Alfa Tropical (6,49 t/ha), Conquis-ta (6,07 t/ha) e Crioula Alto Vale (6,07t/ha) apresentaram as maiores produti-vidades de bulbos refugados noARGISSOLO (Tabela 1). Já emVERTISSOLO as cultivares Alfa Tro-pical (6,56 t/ha), Crioula Alto Vale (6,87t/ha), CNPH-6348 (7,18 t/ha), CNPH-6436 (7,50 t/ha) e CNPH-6206 (8,12 t/ha) apresentaram as maiores produtivi-dades de bulbos refugados.

Apesar de se obter boas produtivi-dades, cabe salientar a elevada ocorrên-cia de tripes ou piolho (Thrips tabaciLind.) verificada nos ensaios, como oprincipal problema a ser enfrentado paraa produção orgânica da cultura no Valedo São Francisco. Esta importância éexplicitada em trabalho de Loges et al.(2004a) que relatam a surpreendenteprodutividade apresentada pelas progê-nies da cultivar ValeOuro IPA-11, poisnão se esperava que na região doSubmédio São Francisco, devido à ele-vada população de tripes, fosse possí-vel cultivar cebola sem a aplicação dedefensivos. As progênies de ValeOuroIPA-11 que apresentaram produção aci-ma da média, apesar das altasinfestações de tripes, indicaram que ní-vel de tolerância pode estar ocorrendo,porém sem descartar outros mecanismoscomo não-preferência observada emoutras cultivares de cebola informadapor Loges et al. (2004b). Nesse sentidopode-se inferir pela ocorrência genera-lizada de tripes durante a condução dosensaios que algumas cultivares devamapresentar algum tipo de tolerância aesta praga, uma vez que os produtosculturais e fitossanitários utilizados vi-savam obter um equilíbrio nutricional econtrole de doenças, com nenhuma açãoconhecida sobre a praga. Outro detalheé com relação à época de plantio (maio,período seco) quando o aumentogradativo da temperatura deve ter pro-porcionado à praga condições ideais dedisseminação e reprodução, tendo emvista serem favoráveis ao rápido desen-volvimento da praga (Lorini & Dezordi,1990) e que, segundo Leite et al. (2004),observaram aumento populacional detripes em todas as cultivares a partir dejulho, possivelmente em função das re-lações entre umidade relativa (UR) e datemperatura (T) do ar observadas nosmeses de cultivo.

Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São Francisco

As cultivares Brisa IPA-12, São Pau-lo, Botucatu-150 e Pira Ouro, com pro-dutividade comercial acima de 26,0 t/ha em ARGISSOLO e as cultivaresTexas Grano PRR e IPA-10 emVERTISSOLO, com produtividade aci-ma de 17 t/ha, mostraram-se potencial-mente promissoras para cultivo orgâni-co nas condições do Vale do São Fran-cisco.

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481Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Dentre as estratégias de melhora-mento genético empregadas na

cultura da cenoura visando ao desen-volvimento de novas cultivares, destaca-se o método de seleção recorrente basea-do no desempenho de populações demeios-irmãos. Assim, um aumento na efi-ciência do processo de melhoramento ge-nético depende sobremaneira da obtençãode estimativas confiáveis dos componen-tes genéticos relacionados aos caracteresde interesse. O emprego do método demelhoramento de seleção recorrente, combase no desempenho de famílias de meios-irmãos, tem propiciado avanços signifi-

SILVA GO; VIEIRA JV. 2008. Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleçãorecorrente. Horticultura Brasileira 26: 481-485.

Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importânciaagronômica em população de cenoura sob seleção recorrenteGiovani Olegário da Silva; Jairo Vidal VieiraEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]

cativos na constituição de novas popula-ções de cenoura, adaptadas às condiçõesedafoclimáticas brasileiras. Entretanto,pouca informação tem sido registrada so-bre os detalhes metodológicos aplicadosdurante o processo de desenvolvimentodessas cultivares.

Neste aspecto, o conhecimento damagnitude das estimativas deherdabilidade e correlações entre os di-versos caracteres sob seleção é essen-cial para permitir o estabelecimento deum conjunto de estratégias e métodosde melhoramento genético mais efeti-vos (Alves et al. 2004).

A existência de correlação entrecaracteres indica que a seleção pratica-da em determinado caráter, pode ocasio-nar alterações em outros, cujo sentidopode ou não ser de interesse para o me-lhoramento. A partir desse conhecimen-to pode-se construir uma estratégia deseleção visando determinado caráter deinteresse, com base em outros caracteresaltamente correlacionados ao primeiro,desde que apresentem maioresherdabilidades e sejam de mais fácilmedição ou identificação (Cruz et al.2004; Silva et al. 2006). A herdabilidadeé uma medida do grau em que o fenótipo

RESUMOO objetivo deste trabalho foi estimar os componentes genéticos

e fenotípicos para caracteres em populações de cenoura, no intentode orientar estratégias de seleção. Os experimentos foram conduzi-dos em Lapão (BA) e Embrapa Hortaliças Brasília (DF) no verão de2004. Foram avaliadas nove populações híbridas de cenoura, utili-zando-se delineamento em blocos ao acaso com quatro repetiçõesde cada tratamento de 2 m2. Aos 90 dias após o plantio, 15 plantascompetitivas por parcela foram colhidas e avaliadas individualmen-te para os caracteres rendimento de raiz, comprimento de raiz, com-primento do ombro verde, tipo de ponta, tipo de ombro, diâmetro daraiz, diâmetro do xilema da raiz, relação diâmetro do xilema/diâme-tro da raiz, e cor a* (cor de cor determinado por colorimetria, va-riando de verde a vermelho) para o xilema e floema. Os dados fo-ram submetidos à análise de variância e foram estimadas aherdabilidade no sentido amplo na média das parcelas pelo quadra-do médio e a correlação entre os caracteres. De acordo com as esti-mativas de herdabilidade, para os caracteres diâmetro de xilema (0,92e 0,87), cor a* do xilema (0,96 e 0,95) e relação entre diâmetro dexilema e diâmetro de raiz (0,87 e 0,91), pode-se aplicar forte pres-são de seleção nos dois locais de avaliação. O maior rendimento deraiz foi associado a maiores diâmetros de raiz e de xilema, bem comopor maiores valores da relação entre diâmetro de xilema e de raiz.Raízes mais grossas são associadas a menor a* (quantidade deβ-caroteno), principalmente em relação à parte da raiz que é consti-tuída pelo xilema. Pelos valores de correlação, há indicação de quea seleção para maior teor de carotenóides não pode ser efetuada semconsiderar os caracteres de diâmetro de raiz, que são importantescomponentes do rendimento.

Palavras-chave: Daucus carota L., herdabilidade, β-caroteno.

ABSTRACTGenotypic and phenotypic parameters for economically

important traits of carrot

The objective of this work was to estimate the genotypic andphenotypic parameters for traits of carrot populations amongcharacters in carrot populations, in order to guide the choice ofselection strategies. The experiments were performed at two locations(Lapão, Bahia State and Brasília, Brazil) in the summer of 2004.Nine carrot hybrid populations were evaluated in randomizedcomplete block design with 4 replications and 2 m2 treatments. 90days after sowing, 15 competitive plants per plot were harvestedand evaluated individually for the characters yield, root length, greenshoulder length, tip type, shoulder type, root diameter, xylem rootdiameter, relationship among xylem diameter/root diameter, and bothxylem and phloem a* color (color parameter determined bycolorimetry, varying from green to red). The data were submitted tovariance analyses and the heritability in the wide sense of plot averagewas estimated by medium square and the correlation among thecharacters. According to the heritability values, for the charactersxylem diameter (0.92 and 0.87), color of a* xylem (0.96 and 0.95)and ratio among xylem diameter and root diameter (0.87 and 0.91),strong selection pressure can be applied in the two evaluation places.Larger root yield was associated with larger root diameter and largerxylem diameter, as well as by larger values of the ratio among xylemdiameter and root diameter. Thicker roots are associated with smallera* (content of β-carotene), mainly in relation to the part constitutedby the xylem. Therefore, through the correlation values, there existan indication that selection for larger carotene content cannot becarried out without considering the characters of root diameter, whichare important yield components.

Keywords: Daucus carota L., heritability, β-carotene.

(Recebido para publicação em 12 de março de 2008; aceito em 1 de outubro de 2008)(Received in March 12, 2008; accepted in October 31, 2008)

482 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

é influenciado geneticamente e, portanto,o grau em que ele pode ser modificado porseleção fenotípica (Carvalho et al., 2001).Assim, maiores coeficientes deherdabilidade proporcionam maiores pro-gressos genéticos com a seleção (Eberhart,1970).

Vários são os caracteres avaliados nosprogramas de melhoramento de cenourapara o desenvolvimento de novas cultiva-res. Dentre estes aqueles relacionados como rendimento e aparência das raízes sãomuito importantes. Além disso, grandeatenção é dada ao teor de β-caroteno, devi-do à sua influência na saúde humana, porser precursor da vitamina A. Michalik etal. (1985) mostraram a associação entre apigmentação mais intensa das raízes, espe-cialmente de sua parte interna, com maiorconteúdo de caroteno. Da mesma forma,estudos recentes realizados por Pereira &Nascimento (2002) demonstraram que ouso de medidas de cor do sistema Huntere do sistema CIELAB podem substituiros métodos laboratoriaisespectrofotométricos e cromatográficos,que são utilizados para a determinação decarotenóides em cenoura.

O objetivo deste trabalho foi estimar aherdabilidade e a correlação entre caracteresem populações de cenoura, de modo a orien-tar a escolha de estratégias de seleção.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidosem dois locais Lapão (BA), com latitu-

de de 11° 23' 00'’, longitude de 41° 49'55'’, altitude de 775 m; e Embrapa Hor-taliças, Brasília (DF), com latitude de15° 46' 47'’, longitude de 47° 55' 47'’, ealtitude de 1171 m. Foram avaliadasnove populações híbridas de cenouraobtidas por seleção recorrente entre edentro de famílias de meios-irmãos, emcultivos anteriores de populações depolinização aberta, selecionadas desde1981, a partir da cultivar Brasília. Asprogênies foram cultivadas no verão de2004, utilizando-se delineamento emblocos ao acaso com quatro repetições(blocos), sendo cada parcela constituí-da por 2 m2, com 6 fileiras. Os tratosculturais foram os usuais para a cultura.

Por ocasião da colheita, 15 plantascompetitivas, por parcela, foramcoletadas aleatoriamente e avaliadas in-dividualmente para os caracteres rendi-mento de raiz (g), comprimento de raiz(mm), comprimento do ombro verde(mm), tipo de ponta (notas: 1= arredon-dada, 2= levemente afilada, 3= afilada),tipo de ombro (notas: 1= cônico, 2= ar-redondado, 3= plano, 4= côncavo), diâ-metro da raiz (mm), diâmetro do xilemada raiz (mm), relação diâmetro doxilema/diâmetro da raiz; e variável cora* para o xilema e floema, variáveis queem cenoura são utilizados na estimaçãoda quantidade de β-caroteno presentenas raízes (Pereira, 2002). A variável a*(cor de cor que varia de verde a verme-lho) foi determinada por colorimetria,

utilizando-se colorímetro Minolta CR200b com sistema CIE L* a* b*.

Os dados foram submetidos à análi-se de homogeneidade de variância (tes-te de Bartllet, e de normalidade deLilliefors). Os caracteres tipo de ombroe tipo de ponta foram transformados por

para atender a pressuposiçãode normalidade. Posteriormente foi rea-lizada análise de variância conjunta edevido à presença de interação popula-ções e local, realizou-se análise devariância para cada local. Foram esti-madas, ainda, a herdabilidade no senti-do amplo com base na média de parce-las pelo quadrado médio (Cruz et al.,2004) e as correlações fenotípica, gené-tica e ambiental entre os caracteres.

Foram estimados os limites inferio-res (LI) e superiores (LS) dos interva-los de confiança para a herdabilidade deacordo com Knapp et al. (1985). Comos graus de liberdade associados aocomponente da variância genética esti-mado, dados por Satterthwaite (Barbin,1993) a 5% de probabilidade.

Todas as operações estatísticas fo-ram realizadas utilizando-se o aplicativocomputacional Genes (Cruz, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise conjunta de variância paraos dois ambientes de cultivo indicou quetodos os caracteres avaliados foram sig-

Tabela 1. Análise de variância para caracteres de cenoura em nove populações, cultivadas em Lapão, BA. (variance analysis for carrotcharacters in nine populations, cultivated in Lapão). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007.

*Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. LS: limite superior por intervalo de confiança; LI: limite inferior por intervalo deconfiança. (*significant to 5% of error probability by F test. LS: Upper limit for confidence interval; LI: Lower limit for confidenceinterval); REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO:tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR:relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type,TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/DR: relation among xylem diameter and root diameter).

GO Silva & JV Vieira

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nificativos em diferenciar as populaçõesestudadas. A interação de populações eambientes também foi significativa paratodos os caracteres, indicando que osambientes não influenciaram da mesmaforma a expressão dos caracteres; porisso, as inferências foram efetuadas paracada local. A existência de interaçãogenótipos e locais confirma a importân-cia de realizar atividades de pesquisajuntamente às regiões produtoras e nãoapenas no local onde o programa demelhoramento está instalado.

De acordo com a análise de variânciapara Lapão (Tabela 1), todos os caracteresapresentaram-se significativos em dife-renciar as populações avaliadas. Os coe-ficientes de variação experimental (CVe),em geral, foram reduzidos, com exceçãopara comprimento do ombro verde(30,74%), indicando boa precisão expe-rimental para os demais caracteres. Asestimativas de herdabilidade revelaramvalores elevados (acima de 80%) para oscaracteres rendimento, comprimento doombro verde, diâmetro de raiz, diâmetrodo xilema, cor de cor a* do xilema e paraa relação entre diâmetro do xilema e dofloema; foram medianos para oscaracteres comprimento de raiz e tipo deponta e de ombro; e foi reduzido para ocor de cor a* do floema. Herdabilidadealta, no sentido amplo, para rendimentotambém foi verificada por Brar & Sukbija(1980) com valor de 0,88.

Pela análise de variância paraBrasília (Tabela 2), pode-se verificar que

os caracteres, rendimento, comprimen-to do ombro verde e diâmetro de raiznão foram significativos para possibili-tar a diferenciação entre as famílias ava-liadas. Comparativamente aos resulta-dos obtidos para Lapão, BA, verifica-se que os coeficientes de variação ex-perimental foram superiores; também asmédias favorecendo os caracteres foraminferiores e as estimativas deherdabilidade foram mais reduzidas, oque indica que para Brasília, o ambien-te teve maior efeito na redução das ex-pressões de alguns caracteres e na pre-cisão dessas estimativas. Um fato queparece claro é que o ambiente e a quali-dade desse ambiente não permitiu boadiscriminação dos genótipos, para boaparte dos caracteres, o que sugere queas condições do primeiro são mais pro-pícias à seleção. Ainda assim, valormuito elevado do coeficiente de varia-ção experimental foi verificado apenaspara o caráter comprimento de ombroverde, que não teve seu quadrado mé-dio de tratamento significativo prova-velmente pelo elevado valor desteparâmetro.

Dos sete caracteres que foram sig-nificativos em diferenciar as populaçõespara Gama, DF, quatro revelaram esti-mativas de herdabilidade superiores aosobtidos para Lapão, quais sejam, com-primento de raiz, tipo de ombro, cor a*do floema e relação entre diâmetro doxilema e da raiz. Para os demaiscaracteres tipo de ponta, diâmetro do

xilema e cor a* do xilema, as estimati-vas obtidas para Brasília foram meno-res do que aquelas obtidas para Lapão.No entanto, apenas três dos seiscaracteres expressaram herdabilidadeelevada (acima de 80%) para os doislocais, a saber: diâmetro do xilema, cora* do xilema e relação diâmetro doxilema e da raiz, sendo mais umindicativo que a variação experimentalfoi maior no segundo local de cultivo.

Para rendimento de raiz, que foi sig-nificativo na diferenciação das popula-ções, apenas para Lapão as estimativasde herdabilidade foram de: 0,31 e 0,81para Brasília e Lapão, respectivamente.Valores dentro do intervalo de confian-ça calculado, também foram verificadospor Korla et al. (1980) e Alves et al.(2004), com estimativas na ordem de0,64 e 0,57, respectivamente. Da mes-ma forma, Vieira (1988) observou va-lor de 0,48 para herdabilidade e grandeinfluência do ambiente na expressãodeste caráter.

Para os caracteres comprimento deraiz, diâmetro de raiz e diâmetro dexilema, as estimativas de herdabilidadeverificados por Alves et al. (2004) fo-ram de 0,42, 0,29, e 0,57, respectiva-mente. Da mesma forma, McCollum(1971) considerou estes caracteres comotendo reduzidas estimativas deherdabilidade, indicando que maioresganhos com a seleção para estescaracteres podem ser obtidos para oslocais e população estudadas no presente

Tabela 2. Resumo da análise de variância para caracteres de cenoura em nove populações, cultivadas em Brasília. (variance analysis forcarrot characters in nine populations, cultivated in Brasília). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007.

*Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. LS: limite superior por intervalo de confiança; LI: limite superior por intervalo deconfiança. (*significant to 5% of error probability by F test. LS: Upper limit for confidence interval; LI: Lower limit for confidenceinterval); REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO:tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR:relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type,TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/DR: relation among xylem diameter and root diameter).

Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente

484 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

trabalho, em comparação com os auto-res citados.

No presente trabalho, as estimativasde herdabilidade para cor a* doxilema, que é correlacionado ao teorde β-caroteno, foram elevadas (0,95 e0,96), demonstrando que a seleção podetrazer bons ganhos genéticos. Já para cora* do floema as estimativas foram maisreduzidas, com valores de 0,49 e 0,66;desta forma, menores ganhos seriamobtidos em â-caroteno por meio da se-leção neste caráter para essa parte daraiz.

A afirmação de que a coloração deraízes possui herdabilidade alta concor-da com Laferriere & Gabelman (1968)e com Buishand & Gabelman (1979).No entanto, estimativas pouco mais re-duzidas para teor de β-caroteno foramobtidas por Santos & Simon (2006),com índices de 0,28 e 0,42; e por Vieira(1988), para cor de raízes, que registrouvalores de 0,21 e 0,35. Já Traka-Mavrona (1996) verificou também, paracor de raízes, valores de herdabilidadeum pouco superiores (0,49 e 0,86).

Para os caracteres comprimento deraiz, tipo de ponta, tipo de ombro e cora* de floema, as estimativas baixas deherdabilidade mostram que o ambienteteve grande influência na expressão doscaracteres, em comparação com a cor-respondente contribuição de ordem

genética. Dessa forma, a aplicação deforte pressão de seleção seria inviável.Já para diâmetro de xilema, cor a* doxilema e relação entre diâmetro dexilema e diâmetro de raiz, em amboslocais, as herdabilidades foram altas,podendo-se aplicar maior pressão deseleção.

As correlações genotípicas efenotípicas foram semelhantes e asambientais mais reduzidas, principal-mente para as associações mais fortes,o que indica que as correlaçõesfenotípicas foram pouco influenciadaspor efeito ambiental, e que, portanto,revelam efeitos de associação de ordemgenética. Na diagonal inferior da Tabe-la 3 estão discriminadas as correlaçõesfenotípicas para o local Lapão, e nadiagonal superior as correlaçõesfenotípicas para o local Brasilia. Corre-lações altas, iguais ou acima de 0,90,para Lapão, indicam que maior rendi-mento de raiz é associado com maioresdiâmetros de raiz e de xilema, bem comopor valores maiores da relação entre diâ-metro de xilema e de raiz. A indicaçãode que maior diâmetro de raiz é asso-ciado com maior rendimento, concordacom Natarajam & Arumagan, (1980) ecom McCollum (1971), que estimaramcorrelações de 0,87, bem como comAlves et al. (2004), que citaram valorde 0,54.

Tabela 3. Correlações fenotípicas entre caracteres de cenoura medidos em Lapão, BA (diagonal inferior)1, e Gama, DF (diagonal superior)2.(phenotipic correlations among measured carrot characters in Lapão (inferior diagonal)1, and Brasília (superior diagonal)2. Brasília, EmbrapaHortaliças, 2007.

*Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste t de Student, para caracteres com QMT significativos pelo teste F da análise devariância. (*significant to 5% of error probability for the Student t test, for characters with significant QMT for the F test in the varianceanalysis). REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO:tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR:relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type,TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/DR: relation among xylem diameter and root diameter).

GO Silva & JV Vieira

Neste local, diâmetros do xilema eda raiz também correlacionaram entresi e, consequentemente, com a relaçãoentre diâmetro de xilema e diâmetro daraiz. Isso indica que, quanto maior odiâmetro do xilema, maior é o diâmetroda raiz. Correlações entre rendimentocom diâmetro de xilema (0,51) e entrediâmetro de xilema e floema (0,35), fo-ram verificadas também por (Alves etal. 2004). Além disso, correlações de0,54 obtidas por Alves et al. (2004),concordam com as estimativas de cor-relação do presente trabalho, entre com-primento de raiz e rendimento, com va-lores de 0,40 e 0,60.

A cor a* do xilema teve correlaçãode -0,51 com o diâmetro do xilema parao local Brasília, e também significativae com sinal negativo para o primeirolocal (Lapão). Isso ocorreu também paraa* do floema com diâmetro do xilemapara os dois locais, porém com magni-tude um pouco mais reduzida, o que in-dica que raízes mais grossas são asso-ciadas com menor quantidade de β-caroteno, principalmente em relação àparte da raiz que é constituída peloxilema. Isto pode ter ocorrido devido aoscarotenóides serem produzidos até cer-ta fase de desenvolvimento das raízes,enquanto a matéria seca continua sendoacumulada, no período em que as folhasproduzem fotossíntese, e a acumulação

485Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

de massa e volume total serem maioresnas raízes mais grossas, de forma queos carotenóides estariam diluídos portoda a raiz (Pereira, 2002). Estes resul-tados denotam que a seleção para maiorteor de carotenóides não pode ser efe-tuada em separado dos caracteres de diâ-metro de raiz, que são importantes com-ponentes do rendimento.

As estimativas de correlação ressal-tam a importância desse tipo de análisenos programas de melhoramento, deforma a indicar estratégias de seleçãopara caracteres que são associados. Omesmo ocorre para as estimativas deherdabilidade, as quais indicam paracada caráter em uma condição específi-ca de ambiente, a predominância de va-riação de ordem genética ou experimen-tal, informando sobre a pressão de sele-ção que pode ser aplicada.

Dessa forma, pôde-se verificar quede acordo com as estimativas deherdabilidade, para os caracteres diâme-tro de xilema, a* do xilema e relaçãoentre diâmetro de xilema e diâmetro deraiz, pode-se aplicar forte pressão deseleção para os dois locais de avaliação.Maior rendimento de raiz demonstrouser associado a maiores diâmetros deraiz e de xilema, bem como por estima-tivas maiores da relação entre diâmetrode xilema e de raiz. Ademais, raízesmais grossas são associadas a menorintensidade da cor a* (quantidade de β-caroteno), principalmente em relação àparte da raiz que é constituída peloxilema, de forma que a seleção para

maior teor de carotenóides não pode serefetuada em separado dos caracteres dediâmetro de raiz, que são importantescomponentes do rendimento.

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Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente

486 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

O sistema de produção orgânico tem-se destacado como uma das ativida-

des que mais se desenvolve em todo omundo, ocupando o Brasil a segunda po-sição na América Latina, com estimativade 800.000 ha de área manejada organi-camente (Willer & Yusefi, 2005). EmPernambuco, na Zona da Mata, organiza-ções não governamentais como SERTA(Serviço de Tecnologia Alternativa) e Cen-tro Sabiá dão suporte ao desenvolvimen-to da agricultura familiar, incluindo a pro-dução de hortaliças orgânicas.

Dentre as doenças bacterianas queafetam as brássicas nesse sistema de pro-dução destaca-se a podridão-negra, cau-sada por Xanthomonas campestris pv.

SANTOS LA; BANDEIRA DA; SILVA JP; SILVEIRA EB; GOMES AMA; MARIANO RLR. 2008. Caracterização de isolados de Xanthomonas campestrispv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra. Horticultura Brasileira 26: 486-491.

Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris desistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negraLiliana Andréa dos Santos1; Diedja de A Bandeira1; Juliana P da Silva2; Elineide B da Silveira1; AndréaMaria A Gomes1; Rosa de LR Mariano2

1UFRPE-Depto. Biologia/Microbiologia, 52171-030 Recife-PE; 2UFRPE-Depto. Agronomia/Fitossanidade; [email protected]

campestris (Pammel) Dowson (Xcc). Ossintomas dessa doença podem ser obser-vados em qualquer estádio de desenvol-vimento da planta. Geralmente, as folhasapresentam lesões amarelas em forma de“V”, com o vértice voltado para o cen-tro, que progridem para a nervura prin-cipal, tornando-se necrosadas (RodriguesNeto & Malavolta Junior, 1995).

Em 2001, levantamentos em plantiosorgânicos de brócolos (Brassica oleraceavar. italica L.), couve-chinesa (Brassicapekinnensis L.), couve-flor (Brassicaoleracea var. botrytis L.) e couve-man-teiga (Brassica oleracea L. var. acephalaDC.) no estado de Pernambuco, registra-ram elevadas prevalências da podridão-

negra, sendo de até 88,9% em couve-flor.Isto indica a importância da podridão-negra para as culturas de brássicas emPernambuco e destaca a adaptabilidadedo patógeno aos ambientes e aos hospe-deiros (Peruch et al., 2006).

Apesar do cultivo orgânico de hor-taliças estar em franca expansão no Bra-sil, existe pouco conhecimento sobreesse sistema, incluindo os aspectos re-lacionados às doenças de plantas (vanBruggen, 2001). A expansão da produ-ção orgânica de brássicas não foi acom-panhada de estudos sobre a populaçãode fitopatógenos e da reação de cultiva-res com resistência a doenças e adapta-dos a esse sistema.

RESUMONoventa isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris

(Xcc) de brássicas oriundas de sistemas de produção orgânico dasZonas da Mata e Agreste de Pernambuco foram caracterizados combase na sensibilidade a antibióticos e sulfato de cobre e atividade deesterase. A maioria apresentou alta sensibilidade à tetraciclina(76,6%), eritromicina (63,3%) e estreptomicina (63,3%), resistên-cia à amoxicilina (70%), gentamicina (40,0%) e norfloxacin (45,5%)e média sensibilidade (44,4%) ou resistência (44,4%) à neomicina.Cinqüenta e cinco isolados de Xcc foram resistentes ao sulfato decobre na concentração de 50 mg/mL e todos foram sensíveis ao pro-duto na concentração de 200 mg/mL. Atividade de esterase foi apre-sentada por 92,22% dos isolados. A análise Euclidiana por ligaçãosimples evidenciou variabilidade entre os isolados separando-os emsete grupos de similaridade. Foi estudada também a reação de 14cultivares de brássicas à podridão-negra, utilizando o isolado ‘B21’de Xcc. As cultivares diferiram significativamente entre si em rela-ção ao período de incubação, incidência e severidade final da doen-ça. Os maiores valores de severidade final da doença foram verifi-cados em brócolos ‘Ramoso’, couve-flor ‘Bola de Neve’ e ‘Piracicabade Verão’, e repolho ‘Chato de Quintal’. Os híbridos de couve-chi-nesa ‘AF 70’, ‘AF 72’, ‘AF 69’ e ‘AF 66’ mostraram-se altamenteresistentes à doença, enquanto que brócolos ‘Ramoso’ e ‘PrecocePiracicaba’, couve-flor ‘Piracicaba de Verão’ e ‘Híbrido Cindy’ erepolho ‘60 Dias’ foram medianamente resistentes.

Palavras-chave: Bactéria, variabilidade, resistência varietal, anti-bióticos, cobre.

ABSTRACTCharacterization of strains of Xanthomonas campestris pv

campestris from organic farming systems and reaction of brassicasto black rot

Ninety strains of Xanthomonas campestris pv. campestris (Xcc)from brassicas grown under organic farming systems in the ‘Mata’and ‘Agreste’ regions of Pernambuco, Brazil, were characterizedbased upon sensitivity to antibiotics and copper sulfate, and esteraseactivity. Most of the strains showed high sensitivity to tetracycline(76.6%), erythromycin (63.3%) and streptomycin (63.3%), resistanceto amoxicilin (70%), gentamicin (40.0%) and norfloxacin (45.5%)and medium sensitivity (44.4%) or resistance (44.4%) to neomycin.Fifty-five strains of Xcc were resistant to copper sulfate at 50 mgmL-1 and all of them to 200 mg mL-1; 92.22% of the strains showedesterase activity. Strains were grouped in seven similarity groups bythe Euclidean analysis–single linkage. The reaction of 14 genotypesof brassicas to strain ‘B21’ of Xcc was also studied. The genotypessignificantly differed among them in relation to incubation period,incidence and disease severity. The highest disease severity wasrecorded on broccoli ‘Ramoso’, cauliflower ‘Bola de Neve’ and‘Piracicaba de Verão’, and cabbage ‘Chato de Quintal’, classified ashighly susceptible to black rot. The Chinese cabbage hybrids ‘AF70’, ‘AF 72’, ‘AF 69’ and ‘AF 66’ were highly resistant to black-rot,while broccolis ‘Ramoso’ and ‘Piracicaba Precoce’, cauliflower‘Piracicaba de Verão’ and ‘Híbrido Cindy’ and cabbage ‘60 Dias’showed intermediate resistance.

Keywords: bacteria, variability, genetic resistance, antibiotics,copper.

(Recebido para publicação em 12 de março de 2008; aceito em 17 de outubro de 2008)(Received in March 12, 2008; accepted in October 17, 2008)

487Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

A variabilidade de populações depatógenos pode estar relacionada àadaptação a diferentes genótipos do hos-pedeiro, resposta a fungicidas e antibió-ticos, habilidade para tolerar substânciastóxicas, utilizar substâncias para o cres-cimento e mudar a virulência em rela-ção às plantas hospedeiras (Casela &Guimarães, 1996). Alguns estudos têmconstatado variabilidade de isolados deX. campestris em relação a antibióticose produção de esterases (Adhikari &Basnyat, 1999; Costa et al., 2001;Quezado-Duval et al., 2003).

A utilização de cultivares resisten-tes a doenças é uma das alternativastecnológicas com maiorsustentabilidade e possibilidade de ado-ção pelos agricultores orgânicos(Rodrigues et al., 2004). No Brasil, pro-gramas de melhoramento em brássicasvisam a obtenção de híbridos e cultiva-res com maior resistência à podridão-negra, entre outras características (Henzet al., 1987). No entanto, as pesquisasestão voltadas principalmente para o sis-tema de produção convencional.

Os objetivos deste trabalho foramcaracterizar isolados de Xcc de brássicasem sistema de produção orgânico nasZonas da Mata e Agreste dePernambuco, com base na sensibilida-de a antibióticos e cobre e atividade deesterase, e avaliar a reação de cultiva-res à podridão-negra.

MATERIAL E MÉTODOS

Obtenção de isolados deXanthomonas campestris pv.campestris - Os isolados de Xcc foramobtidos a partir de folhas de brássicas(brócolos, couve, couve-chinesa, couve-flor e repolho) com sintomas de podri-dão-negra, coletadas em 15 áreas deplantio em sistema de produção orgâni-co nas Zonas da Mata (município deGlória de Goitá) e Agreste dePernambuco (municípios de Gravatá,Chã Grande, Garanhuns). Das 15 áreas,13 (86,7%) caracterizavam-se comoáreas de cultivo familiar com pouca di-versidade de hortaliças e produção des-tinada a cooperativas, e apenas duas ti-nham mais de 2 ha, com produção vin-culada a grandes supermercados. Amaior parte das propriedades (80%) si-

tuava-se no Agreste de Pernambuco. Oscultivos orgânicos atendiam às exigên-cias da Instrução Normativa nº 007, de19/05/1999, do Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento(MAPA), que dispõe sobre a produçãode produtos orgânicos vegetais e ani-mais.

Para confirmar a identidade dos iso-lados foram realizados os seguintes tes-tes diagnósticos: reação dehipersensibilidade em folhas de fumo,reação de Gram, crescimentoanaeróbico, produção de pigmento fluo-rescente em meio King B (KMB), colô-nias amarelas e mucóides em meio ex-trato de levedura-dextrose-carbonato decálcio (YDC), produção de urease, cres-cimento a 33ºC em YDC, hidrólise doamido, produção de ácido a partir dearabinose e teste de patogenicidade emplantas de repolho (Schaad et al., 2001).

Sensibilidade de isolados deXanthomonas campestris pv.campestris a antibióticos - A sensibili-dade de 90 isolados de Xcc a antibióti-cos foi determinada por antibiogramapelo método de difusão em ágar (Ro-meiro, 2001). Foram utilizados os anti-bióticos amoxicilina (AX) 10 µg;eritromicina (EI) 15 µg; estreptomicina(ET) 10 µg; gentamicina (GN) 10 µg;neomicina (NO) 30 µg; norfloxacin(NOR) 10 µg e tetraciclina (TT) 30 µg.As placas foram mantidas em incuba-dora tipo BOD a 28oC por 24h, e avalia-das pela medição do halo de inibição dascolônias, quando presente, em dois sen-tidos diametralmente opostos. O deli-neamento experimental foi inteiramen-te casualizado, com quatro repetições,sendo a unidade experimental constitu-ída por um disco de antibiótico.

Adicionalmente, os isolados foramclassificados em três grupos, de acordocom as reações de resistência(halo≤14mm), média sensibilidade(14mm<halo<20mm) e alta sensibilida-de (halo≥20mm), estabelecidas confor-me valores médios dos halos de inibi-ção referentes a cada antibiótico (Acar& Goldstein, 1986).

Sensibilidade de isolados deXanthomonas campestris pv.campestris ao cobre – Alíquotas de 5µl das suspensões (108 UFC mL-1) fo-ram depositadas sobre o meio AN

suplementado com sulfato de cobre(CuSO

4.5H

2O), nas concentrações de

200 µg/ml-1 e de 50 µg/ml-1, sendo o saldiluído em água destilada por agitaçãodurante 20 minutos e adicionado aomeio antes de sua autoclavagem(Quezado-Duval et al., 2003). A viabi-lidade dos isolados foiconcomitantemente avaliada em meioAN não-suplementado com o agentequímico. Todas as placas foram incuba-das em BOD por 96 h a 28ºC. Na ava-liação, foram considerados como resis-tentes isolados que apresentaram cres-cimento confluente. O percentual daspopulações referente a isolados resisten-tes foi calculado para cada concentra-ção. O delineamento experimental foiinteiramente casualizado com 91 trata-mentos e quatro repetições, sendo a uni-dade experimental constituída pelo pon-to de crescimento da colônia.

Atividade de esterase de isoladosde Xanthomonas campestris pv.campestris - Os isolados foram cultiva-dos em meio 523 de Kado durante 36 he repicados para quatro pontoseqüidistantes de uma placa de Petri con-tendo meio ágar-Tween 80 (Mariano etal., 2005). As placas foram mantidas emcâmara de crescimento a 28ºC por 48 h,e avaliadas pela medição do halo dedegradação do Tween 80, quando pre-sente, em dois sentidos diametralmenteopostos. O delineamento experimentalfoi inteiramente casualizado, com trêsrepetições, sendo a unidade experimen-tal constituída por uma placa com qua-tro colônias bacterianas.

Reação de cultivares de brássicasà podridão-negra - Quatorze cultiva-res comerciais de brássicas (Tabela 1),sendo três de brócolos, um de couve-manteiga, quatro de couve-chinesa, qua-tro de couve-flor e dois de repolho, fo-ram avaliados em relação ao isolado‘B21’ de Xcc. Esse isolado foi obtidode planta de brócolos em sistema de pro-dução orgânico, sendo selecionado combase na análise preliminar da variabili-dade da população do patógeno (repre-sentante do grupo de similaridade commaior número de isolados) e maior se-veridade a plantas de repolho no testede patogenicidade.

Plantas de brássicas com 30 dias, culti-vadas em copos de plástico de 500 mL con-

Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra

488 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

tendo mistura de solo/substrato (1:1 v/v),em condições de casa de vegetação, foraminoculadas por pulverização com suspen-sões de Xcc contendo 1x108 UFC mL-1. Asplantas foram mantidas em câmara úmida

por 24 horas antes e após a inoculação. Odelineamento experimental foi inteiramentecasualizado, com seis repetições, sendo aunidade experimental constituída por duasfolhas da planta.

As plantas foram avaliadas diaria-mente, até 10 dias após a inoculação,determinando-se os componentesepidemiológicos: período de incubação(PI) (número de dias entre a inoculaçãoe o surgimento dos sintomas); incidên-cia (INC) (porcentagem de plantas comsintomas da doença em relação ao totalde plantas avaliadas); e severidade final(SEVF) (estimadas com o auxílio de es-cala diagramática com níveis de severi-dade de 1; 2; 4; 8; 16 e 32% de área fo-liar infectada (adaptado de Azevedo etal., 2000)). O valor da SEVF foi utiliza-do para agrupar as cultivares em quatroclasses: 0,1-2,0%= altamente resistente(AR); 2,1-8,0%= medianamente resisten-te (MR); 8,1-16,0%= suscetível (SU);>16,1%= altamente suscetível (AS).

Os dados de sensibilidade a antibió-ticos e ao cobre e da atividade de esteraseforam submetidos à análise de correla-ção de Pearson (p=0,05) e os isolados deXcc agrupados pela análise da distânciaEuclidiana por ligações simples.

Os dados de PI, INC e SEVF tam-bém foram submetidos à análise de cor-relação de Pearson (p=0,05) e análisede variância, sendo as médias compara-das pelo teste de Duncan (p=0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram obtidos 90 isoladosbacterianos, sendo 34 de couve (C), 26de brócolos (B), 17 de repolho (R), 12de couve-flor (CF) e 1 de couve-chine-sa (CC), identificados como Xcc(Schaad et al., 2001). Constatou-se gran-de variabilidade na sensibilidade dosisolados aos antibióticos. Com base naclassificação de Acar & Goldstein(1986), 20 isolados (B1, B2, B11, B18,B19, B26, B27, B32, C2, C8, C20, C26,C27, C35, C39, C40, C42, CF10, CF11e R13) foram resistentes a todos os an-tibióticos, apenas dois isolados (C31 eCF1) apresentaram alta sensibilidade atodos os antibióticos, enquanto cincoisolados (CC1, CF2, CF4, CF6 e CF13)só não apresentaram alta sensibilidadeà amoxicilina. Variabilidade na reaçãoa esses antibióticos também foiverificada em relação a 25 isolados deXcc de sistema convencional debrássicas no estado de Pernambuco,

Figura 1. Reação de 90 isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris a antibióticos:AX= amoxicilina; EI= eritromicina; ET= estreptomicina; GN= gentamicina; NO= neomicina;NOR= norfloxacina, TT= tetraciclina (reaction of 90 isolates from Xanthomonas campestrispv. campestris to the antibiotics: AX= amoxicilin; EI= eritromicin; ET= estreptomicin; GN=gentamicin; NO= neomicin; NOR= norfloxacin and TT= tetraciclin). Recife, UFRPE, 2007.

LA Santos et al.

Tabela 1. Reação de cultivares de brássicas à podridão-negra, inoculados com o isolado‘B21’ de Xanthomonas campestris pv. campestris em condições de casa de vegetação eavaliados 10 dias após a inoculação (reaction of brassica cvs. to the black rot, innoculatedwith the ‘B21" isolate of Xanthomonas campestris pv. Campestris under greenhouseconditions, evaluated 10 days after innoculation). Recife, UFRPE, 2007.

Período de incubação= número de dias entre a inoculação e o surgimento dos sintomas dadoença; 2incidência= porcentagem de plantas com sintomas da doença em relação ao total deplantas avaliadas; 3severidade final da doença= estimada com o auxílio de escala diagramáticacom níveis de severidade de 1, 2, 4, 8, 16 e 32% de área foliar infectada (adaptado de Azevedoet al., 2000); 4Reação das cultivares= baseada no valor da severidade (0,1-2,0%= altamenteresistente (AR); 2,1-8,0%= medianamente resistente (MR); 8,1-16,0%= suscetível (SU);>16,1%= altamente suscetível (AS); 5Médias de seis repetições (médias transformadas log (x+ 1)) (incubação) ou arcseno (x+1) (severidade); Médias seguidas pela mesma letra na verti-cal, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade;

489Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

onde apenas um isolado foi resistente atodos os antibióticos (Costa et al., 2001).

A maioria dos isolados apresentoualta sensibilidade à tetraciclina (76,6%),eritromicina (63,3%) e estreptomicina(63,3%); resistência à amoxicilina(70%), gentamicina (40,0%) enorfloxacin (45,5%); e média sensibili-dade (44,4%) ou resistência (44,4%) àneomicina (Figura 1). Em sistema con-vencional, estudando 25 isolados de XccCosta et al. (2001) verificaram que amaioria apresentou resistência àneomicina, resistência ou média sensi-bilidade à estreptomicina e alta sensibi-lidade à tetraciclina. Adhikari & Basnyat(1999), também em sistema de cultivoconvencional, detectaram variabilidadedessa bactéria a antibióticos, onde amaioria apresentou sensibilidade àtetraciclina e resistência à gentamicinae eritromicina. A alta sensibilidade aosantibióticos tetraciclina, estreptomicinae eritromicina apresentada pela maioriados isolados, deve-se provavelmente aofato de nenhum desses antibióticos serutilizado no sistema de produção orgâ-nico. Isto foi devidamente demonstra-do por Costa et al. (2001) com relação àestreptomicina em sistema convencio-nal, no qual os isolados apresentaramresistência ou média suscetibilidade aesse antibiótico. No entanto, mesmo sema utilização de antibióticos nesse siste-ma, alguns isolados apresentaram resis-tência, como no caso da amoxicilina, oque pode ser explicado pela ocorrênciade resistência natural em bactérias (Ro-meiro, 2005).

Cinqüenta e cinco isolados foramresistentes ao sulfato de cobre na con-centração de 50 mg/mL, mas todos fo-ram sensíveis ao produto na concentra-ção de 200 mg/mL. Resistência a teoresbaixos de cobre, como a detectada nopresente trabalho, foi verificada tambémem isolados de Xanthomonas spp. asso-ciadas à mancha-bacteriana do tomate(Quezado-Duval et al., 2003) e pimen-tão (Aguiar et al., 2000), em sistemas deprodução convencional. A presença deisolados de Xcc com resistência ao sul-fato de cobre foi inesperada, pois esseproduto não é utilizado pelos agriculto-res no controle da podridão-negra em sis-tema de produção orgânico, sugerindoque esses isolados podem ter sua origem

em brássicas produzidas no sistema deprodução convencional. Na maioria dasáreas estudadas, o sistema convencionalprecedeu o orgânico, que apresenta plan-tios sucessivos de brássicas, cujas mu-das são produzidas em canteiros.

Dos 90 isolados analisados, 92,22%apresentaram atividade de esterase, in-dicando, no entanto, baixa variabilida-de. Resultado similar foi obtido porCosta et al. (2001) em relação a 20 iso-lados dessa bactéria oriundos de siste-ma de produção convencional, onde to-dos apresentaram atividade esterásica.

A ausência de correlação significa-tiva entre as variáveis analisadas no es-

tudo de variabilidade pode indicar queas características são determinadas pordiferentes grupos de genes e a popula-ção seja espontaneamente recombinada.Embora as informações sobre opatossistema Xcc-brássicas em sistemade manejo orgânico ainda sejam escas-sas, há existência de diversidade gené-tica na população em estudo. Os doistipos de diversidade genética que con-tribuem para a estrutura genética são asdiversidades gênica e genotípica. A di-versidade genotípica está relacionadacom o número e a freqüência dosgenótipos multilocus ou indivíduos ge-neticamente distintos em uma popula-

Figura 2. Agrupamento de 90 isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris de dife-rentes tipos de brássicas, baseado na análise Euclidiana por ligação simples, considerandosensibilidade a antibióticos e atividade de esterase (Grouping of 90 isolates of Xanthomonascampestris pv. campestris to brassica species, based on the Euclidian analysis, consideringthe sensibility to antibiotics and activity of the

Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra

490 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

ção, enquanto que a diversidade gênicase refere ao número e freqüência dealelos em locos individuais numa popu-lação. Nos patógenos com reproduçãoassexual, como no caso em estudo, me-didas de diversidade genotípicas sãomais significantes do que medidas dediversidade gênica, porque a maioria dadiversidade genética é distribuída entrelinhagens clonais (McDonald & Linde,2002).

A análise Euclidiana por ligaçãosimples, utilizando os dados de sensibi-lidade a antibióticos e cobre e atividadede esterase, permitiu a distinção de setegrupos de similaridade de Xcc conside-rando a distância de ligação 20 (Figura2). Os isolados B19, C3, R10, B9 e R8constituíram cinco grupos de similari-dade distintos. Os isolados B1, B18, B8,C39, C42, C40, C11, C2, C26, B27, C6,C35, R13, B32, B26, C27, B2, CF10,C20 e B11 formaram outro grupo de si-milaridade e os demais isolados (59)formaram um únicogrupo, confirman-do a existência de alta variabilidade en-tre os isolados oriundos de sistema deprodução orgânico. Verificou-se dentrode um mesmo grupo de similaridade iso-lados de hospedeiros diferentes, indican-do não ser o tipo de hospedeiro de ori-gem o fator que influencia na variabili-dade. A causa da variabilidade entre osisolados de Xcc pode estar associada àadaptação da bactéria às diferentes es-pécies de brássicas e/ou cultivares deuma mesma espécie que são plantadasnuma mesma área pelos agricultores dasZonas da Mata e Agreste dePernambuco. A procedência das semen-tes, que podem carrear a bactéria, utili-zadas na região também pode ser umpossível fator envolvido na variabilida-de, tendo em vista que são utilizadassementes produzidas por várias empre-sas. Outra hipótese a ser considerada éa ocorrência de eventos derecombinação genética entre populaçõesfilogeneticamente relacionadas.

Na análise da reação das 14 cultiva-res de brássicas ao isolado ‘B21’ de Xccforam detectadas correlações significa-tivas (P=0,05) entre todas as variáveisanalisadas. As correlações negativasentre o PI e INC e SEVF indicam que aquantidade de podridão-negra está in-versamente relacionada ao tempo de

início dos sintomas, enquanto que ascorrelações positivas entre INC e SEVFindicam a dependência dessas variáveisno desenvolvimento da doença.

As cultivares diferiram significati-vamente entre si em relação a todas asvariáveis analisadas. Foram formadosquatro, dois e cinco grupos distintos res-pectivamente para as variáveis PI, INCe SEVF

(Tabela 1). Dentro de um mes-

mo grupo foram encontrados diferentescultivares de brássicas.

Os maiores valores de SEVF foramverificados em brócolos Ramoso, cou-ve-flor Bola de Neve e Piracicaba deVerão e repolho Chato de Quintal, clas-sificados como altamente suscetíveis àpodridão-negra. Os híbridos de couve-chinesa AF 70, AF 72, AF 69 e AF 66mostraram-se altamente resistentes àdoença, enquanto que brócolos Ramosoe Precoce Piracicaba, couve-flor Preco-ce de Piracicaba e Híbrido Cindy e re-polho 60 Dias foram medianamente re-sistentes (Tabela 1). Em levantamentoda intensidade da podridão-negra emcultivos de brássicas no sistema de pro-dução orgânico realizado em 2001, aseveridade da doença foi significativa-mente maior em couve-chinesa do quebrócolos, couve-flor e couve-manteiga(Peruch et al., 2006). No catálogo deprodutos da empresa de sementes, oshíbridos de couve-chinesa mencionadosacima não são citados como portadoresde resistência/tolerância à podridão-ne-gra (Sakata, 2007).

Para o controle da podridão-negrasão indicados comercialmente, visandoo sistema de produção convencional,com algum nível de resistência ou tole-rância à doença as cvs. de repolhos.Máster, Máster AG-325, Chumbinho,Louquinho e os híbridos ESALQ-84,Mogiano, Saikô, Caribe, HG 18, YR-Rampo, YR-Ranshu, Nozomi,Matsukase, Kenzan, Fuyutoyo, BlueVantage, Dynamo, Red Ball, GreenValley e Itiro; as cvs. de couve-florVerona AG-184, Verona AG-284, Flóridae Santa Elisa-2 e os híbridos Ikuta,Jaraguá, Miayai, Shiromaru I, II e III,Sharon, Sarah e Júlia; as cvs. de brócolosCondor, Precoce Piracicaba Verão,Ramoso Santana, Flórida e Baron; e ohíbrido de couve-manteiga F1 Top Bunch(Maringoni, 1997; Sakata, 2007;

LA Santos et al.

Syngenta, 2007). No entanto, já foramrelatadas diversas raças do patógeno(Vicente et al., 2001; Kamoun et al.,1992) indicando que a variabilidadepatogênica existente na população de Xccpoderá ocasionar reações diferentes des-sas cultivares à podridão-negra.

A falta de cultivares adaptadas aossistemas de produção orgânica tem sidodestacada como uma das sérias limita-ções para o manejo de doenças em hor-taliças e outras culturas (Bueren, 2002).Evidenciou-se nessa pesquisa que osagricultores dispõem no mercado decultivares de couve-chinesa, brócolos,couve-flor e repolho com resistência oumoderada resistência à podridão-negra,cujo cultivo poderá reduzir as perdas deprodução causadas pela doença. Não sedeve esquecer a possibilidade de que-bra da resistência, pela ocorrência devariabilidade patogênica na populaçãode Xcc.

AGRADECIMENTOS

À Sakata pelo fornecimento de se-mentes.

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comunicação científica / scientific communication

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

The jussara palm (Euterpe edulisMartius), also known as heart palm

or simply jussara, is native from Braziland belongs to the Arecaceae family. Ithas a characteristic straight, slender, andsingle stipe, without tillers, superficialadventitious roots, and pinnate andcurved dark green or olive leaves(Henderson, 2000). The vegetative knobis formed by the leaf sheath, which canbe green, nut-brown or reddish (Reitz,1973). The plant reaches up to 15 mheight, with 15-cm stem diameter(Aguiar, 1986). It is present almostexclusively at the Atlantic rainy forest,ranging from South Bahia to North RioGrande do Sul. Abundant on the past,nowadays jussara palm populations arefragmented and concentrate in natural

TAVARES AR; RAMOS DP; AGUIAR FFA; KANASHIRO S. 2008. Jussara palm seed germination under different shade levels. Horticultura Brasileira26: 492-494.

Jussara palm seed germination under different shade levelsArmando R Tavares; Danilo P Ramos; Francismar Francisco A Aguiar; Shoey KanashiroIBt–Seção de Ornamentais, C. Postal 4005, 01061-970 São Paulo-SP; [email protected]

reserves with difficult access, located inareas of irregular landscape, unsuitablefor agriculture (Reis et al., 2000).

Jussara palm raises large economicand ecological interests due respectivelyto the extraction of the palm heart andto its potential as a biological indicator,consequence of its ombrophylousbehavior: once jussara palm demandsshadow to grow, its absence mightindicate the need to restore the originalvegetal cover (Reis et al., 2000).Although the heart of palm is the focusof economic exploitation, Aguiar (1986)and Reitz (1973) mention the use of thestipe as laths and rafters in constructionand corrals, manufacture ofagglomerates, and even as fuel forbrickkilns. Leaves are used as house

roof, while leaflets are employed inbraiding. Due to its nice appearance andelegance, jussara palm is used also ingardening as an ornamental plant(Aguiar et al., 2005). In addition, Reitz(1973) cites the jussara palm fruit juiceas a rich nutrient source, comparable tochocolate, and the young stem juice, asuseful for healing wounds.

Jussara palm has immature fruits allyear round, while ripen fruits are foundfrom May to November. Fruits, whenripen, are spherical and nearly black orbright black-wine (Reitz, 1973).Considering that they are wellappreciated by the native fauna, someanimals play an active role in seedtransportation and, therefore, on thespecies dispersal. This behavior confers

ABSTRACTJussara palm (Euterpe edulis) is a native plant of the Atlantic rainy

forest, with large economic interest. The species is shade-tolerant andcurrently it is restricted to certain areas of difficult access. The mosteffective way to reintroduce it into the environment or increase thepopulation density for conservation and commercial exploitation ispromoting seed propagation. Considering that the jussara palm is anombrophylous species, this experiment aimed to simulate forestconditions, with different shade levels, to analyze its influence on seedgermination. After processing the seeds (depulping), 500 seeds weresown in containers (20 x 30 x 8 cm) filled with forest ground andgrown in five shade levels (0, 20, 40,60, and 80%, simulated usingblack shadenet). The experimental design was blocks at random, withfour 25-seed replications. We evaluated the percentage of seedgermination and the Emergence Speed Index (ESI). Seed germinationstarted 103 days after sowing. Although the percentage of germinatedseeds in the different treatments varied between 53 (0% shade) and72% (60% shade), there was no significant shade influence overpercentage of seed germination and ESI.

Keywords: Euterpe edulis, Arecaceae, emergence speed index,germination percentage.

RESUMOGerminação de sementes de palmiteiro jussara sob diferentes

níveis de sombreamento

O palmiteiro jussara (Euterpe edulis), planta nativa da Mata Atlân-tica, apresenta grande importância econômica. Atualmente, sua ocor-rência é restrita a algumas áreas de difícil acesso. A forma mais eficazde reintroduzi-lo no ambiente ou de adensar suas populações com finsde conservação e exploração comercial é através das sementes. Sendoo palmiteiro uma espécie esciófila, este experimento visou simularcondições de mata com diferentes níveis de sombreamento e analisarsua influência na germinação das sementes. Após o beneficiamento(despolpamento), 500 sementes foram postas para germinar em terravegetal contida em caixas (20 x 30 x 8 cm) e distribuídas em cinconíveis de sombreamento (0, 20, 40, 60 e 80% de sombra, simuladocom sombrite preto). O delineamento experimental adotado foi blo-cos casualizados, com quatro repetições de 25 sementes. Avaliaram-se a porcentagem de germinação e o Índice de Velocidade de Emer-gência (IVE). As sementes iniciaram sua germinação 103 dias após asemeadura. Apesar da porcentagem de sementes germinadas nos di-ferentes tratamentos ter variado entre 53 (0% de sombra) e 72% (60%de sombreamento), não houve efeito significativo do sombreamentosobre o percentual de germinação e tampouco sobre o índice de velo-cidade de emergência.

Palavras-chave: Euterpe edulis, Arecaceae, índice de velocidadede emergência, porcentagem de germinação.

(Recebido para publicação em 17 de março de 2008; aceito em 30 de outubro de 2008)(Received in January 9, 2007; accepted in September 30, 2008)

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to jussara palm a relevant ecological andeconomic potential to restore and enrichflora in secondary forests (Reis &Kageyama, 2000).

Queiroz (2000) states that fruits andseeds are the only effective way toassure both reintroduction and increaseon plant density, aiming at conservationand exploitation. However, seedgermination is affected for severalfactors, which jeopardizes the successof reintroduction. Jussara palm seeds aresensitive to water losses (recalcitrants)and, therefore, germinate only inenvironments with a minimal humiditylevel, between 15 and 30% (Andrade &Pereira, 1997). Bovi (1978) affirms that13% humidity is already low enough tohamper germination. It is likely thatshade also has some influence overgermination. Chazdon (1986, apudPaulilo, 2000) says that variations in theamount of photosynthetic activeradiation that reaches the soil due tomovements in the sun and canopy, andthe fall of branches and trees, might havean relevant influence on plantphotosynthesis, growth, andregeneration. Nevertheless, species ofinitial successive phases seem to bemore resistant to these variations thanspecies that appear only on later phases(Bazzaz, 1979, apud Paulilo, 2000).

Considering that jussara palm(Euterpe edulis) is ombrophyla, we triedto find out in this experiment if thepercentage of seed germination andplantlet emergence speed index aresusceptible to different shade levels.

MATERIAL AND METHODS

The experiment was carried out atthe Botanic Institute of São Paulo State,in São Paulo. The climate is temperate,with wet summers and dry winters. Theaverage temperature is 19.1oC; theaverage annual air humidity is 81.1%;and the average annual rainfall is1,539.9 mm (climatologic normal from1976 e 2000) (Marques & Funari, 2002).The experiment started at May 20 andseed germination lasted from September09 to November 10, 2003.

We collected 500 visually uniformripen fruits in jussara palms grown atthe Agriculture Secretary of São Paulo

State. Upon harvest, fruits wereimmersed in water for 96 hours,renewing water every day. After, fruitswere depulped in running water, byscraping them against a steelnet sieve.Seeds were dried in the shadow for 24hours and then (40% of water content)sown (2 cm deep) in containers (20 x30 x 8 cm) with forest ground andsprinkling irrigation, for germination.

Seeds were sown with 0, 20, 40, 60,and 80% shade, in a screenhouse underblack shadenet. We assessed thepercentage of germination according tothe standard established by Borghetti &Ferreira (2004), who considered asgermination the uprising of the firstvigorous plantlet; and the plantletemergence speed index (ESI), assessedaccording to Maguire (1962), whoestimated the daily average number ofemerged plantlets.

The experimental design was blocksat random, with four 25-seedreplications, adding up 100 seeds pertreatment. We performed analysis ofvariance, using the F Test at p<0.05 andthe Tukey test, also at p<0.05, tocompare treatment means.

RESULTS AND DISCUSSION

Germination started 103 days aftersowing. Lorenzi (1992) first postulateda 30 to 70-day period and, later (Lorenzi,1996), from three to six months forjussara palm seeds to start germinating.Matthes & Castro (1987), also workingwith jussara palm, reported an intervalbetween 14 and 88 days for seed

germination. In greenhouse conditions,Aguiar (1990) observed germination ofjussara palm seeds already 29 days aftersowing.

Although the percentage of seedgermination ranged from 53% (noshade) to 72 (60% shade) in the differenttreatments, there was no significanteffect of shade nor over percentage ofgermination, neither over the emergencespeed index (ESI) (Table 1). Thecoefficients of variation of the presentdata are relatively high. Nevertheless,the values are similar to those observedby Martins et al. (2007) when workingwith the red palm heart (Euterpeespiritosantensis Fernandes) and, later(Martins et al., 2003), with king palm(Archontophoenix alexandrae Wendl. &Drude). It should be stressed that jussarapalm is a native non-domesticatedspecies and therefore possess a largergenetic variability than usually found inhorticultural plants. The lowestgermination level (53%) observed in thisexperiment, carried out under variableclimatic conditions, was similar to andhigher than what was reported by Aguiar(1990), respectively in a seedgerminator, with 12-hour photoperiodand 25ºC, and in greenhouse (10%germination).

Shade influence over seedgermination is very characteristic toeach species. Klein (1989) noticed thatthe germination of stored seeds of fourout of five weeds of cotton fields weresignificantly affected by shade.Tasselflower (Emilia sonchifolia) andpeppergrass (Lepidium virginicum) had

Jussara palm seed germination under different shade levels

Table 1. Percentage of seed germination and plantlet emergency speed index of jussarapalm under different shades levels (germinação e índice de velocidade de emergência desementes de palmiteiro submetidas a diferentes níveis de sombreamento). São Paulo, Insti-tuto de Botânica, 2003.

Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other,Tukey´s test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significati-vamente entre si, teste de Tukey, p<0,05).

494 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

significant variation both at thepercentage of germinated seeds and inthe emergence speed index (ESI), whilesmall-flower galinsoga (Galinsogaparviflora) and the Mascarene Islandleaf-flower (Phyllantus corcovadensis)showed variation only at the ESI. Theremaining fifth species, hyssop-leafsandmat (Euphorbia brasiliensis) didnot experience significant variations inseed germination due to shade, similarlyto the observations in jussara palm inthe current work. Among palm trees,shade influence over germination is alsovariable. Aguiar et al. (2003), whenstudying lady palm seeds (Raphisexcelsa) observed that the percentage ofgermination increased with shade level,reaching the highest values, 60.5%, with80% shade, whilst the lowest percentage(2%), resulted from plain sun. Instead,Bulbovas (2000), in a report aboutpollution influence over the germinationof jussara palm seeds in CubatãoCounty, noted 75% of seed germinationin the control treatment in both gladesand untouched forest areas, whichmatches with the results currentlyreported.

In opposition to seed germination,survival of jussara palm plantlets issignificantly influenced by luminosity.According to Paulilo (2000), jussara palmplantlets undergo morphological andphysiological alterations in response tolight intensity, tolerating from 20 to 70%of indirect insolation, but being extremelysensitive to direct sun beam. TsukamotoFilho et al. (2001) presented data froman intercropping using jussara palm andNicaraguan pine (Pinus caribaea Moreletvar. hondurensis Barr. et Golf.), in whichthe low relative luminosity, associated togood humidity levels, favored jussarapalm development. In coconut (Cocosnucifera), plantlets developed out ofseeds germinated under 50% shade weretaller and heavier (Faria, 2002),apparently reacting to light just likejussara palm plantlets. Nakazono et al.(2001) state that jussara palm plantletsexposed to either strong insolation orshade are less competitive, althoughintermediate insolation levels, equivalentto a 400 m2 glade in the canopy, have beenadvantageous to plant growth.

Results presently reported point tono significant interference of shade withpercentage of seed germination andplantlet emergence speed index injussara palm.

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AR Tavares et al.

495Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Para efeito de identificação, o toma-teiro (Lycopersicon esculentum

Mill) foi classificado em grupos, sendoatualmente considerados seis grupos:Santa Cruz, Industrial, Salada,Saladinha, Saladete e Cereja(Alvarenga, 2000).

Segundo Azevedo Filho & Melo(2001), o tomateiro do tipo cereja foiintroduzido no Brasil através das fezesde pássaros migratórios e pelos imigran-tes italianos que chegaram ao país nofinal do século XIX. As plantas são decrescimento indeterminado com núme-ro de frutos/penca variando de 15 a 50,de forma redonda ou comprida, pesan-do entre 10 e 30 gramas, de coloraçãovermelho-brilhante (Diez Niclos, 1995;Filgueira, 2000; Postali et al, 2004). Estetipo de tomate tem mercado diferencia-do e melhores preços e, ultimamente,

MACIEL GM; SILVA EC. 2008. Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cereja. Horticultura Brasileira 26: 495-498.

Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cerejaGabriel Mascarenhas Maciel; Ernani Clarete da SilvaUNIFENAS, Setor de Olericultura e Experimentação, C. Postal 23, 37130-000 Alfenas-MG, [email protected]

tem sido usado para ornamentação depratos e “couvert” (Alvarenga, 2000).O tomateiro do grupo cereja, caracteri-zado pela produção de frutos pequenos,difere completamente dos objetivos daprodução dos demais grupos onde sepreconiza frutos graúdos como caracte-rística desejável (Silva et al., 1997).

Tomateiros silvestres do tipo cerejaapresentam crescimento espontâneo emqualquer tipo de solo e condições cli-máticas e têm as sementes dissemina-das via fezes de pássaros (Azevedo Fi-lho & Melo, 2001). Provavelmente, de-vido a esta espontaneidade e ao não usode agrotóxicos, as plantas sofreram aolongo dos anos uma pressão de seleçãonatural para rusticidade e tolerância àsprincipais pragas e doenças. Tais carac-terísticas têm sido aproveitadas por pro-dutores orgânicos no plantio comercial

desta espécie (Azevedo Filho & Melo,2001). As plantas são vigorosas, de ve-getação abundante, agressiva e apresen-tam frutos de coloração vermelha-inten-sa, com formas bem definidas econtrastantes, redondo ou comprido(Postali et al., 2004).

O estudo da herança de característi-cas de importância agronômica em ve-getais é uma atividade de grande impor-tância, cujos resultados são amplamen-te utilizados pelos fitomelhoristas. Oconhecimento do número de genes en-volvidos em determinado caráter, a sualocalização no cromossomo, bem comoa sua maneira de interagir, permitemconstruir mapas cromossômicos, deter-minar o critério e a intensidade da sele-ção, método de condução de populaçãosegregante, assim como determinarideótipos de plantas com características

RESUMOO formato dos frutos do tomateiro é resultado da ação de diver-

sos loci gênicos que podem atuar de diversas formas: isoladamente,com efeitos pleiotrópicos ou interagindo entre si ou com genes res-ponsáveis pelo peso do fruto. Em função disto, o estudo da herançadesta característica, importante para o melhoramento da espécie,torna-se complexa e de difícil execução. Este trabalho foi desenvol-vido no Setor de Olericultura e Experimentação da UniversidadeJosé do Rosário Vellano (UNIFENAS), de Julho/2003 a Março/2005com o objetivo de determinar a herança da forma do fruto em toma-teiro do grupo cereja. Foram utilizados dois genótipos selvagens econtrastantes quanto à forma do fruto: fruto comprido (FC) e frutoredondo (FR). Cruzamentos recíprocos e retrocruzamentos foramefetuados sendo a forma do fruto, avaliada nas gerações oriundasdesses cruzamentos. Todas as plantas da geração F

1 produziram fru-

tos redondos. Em F2, 111 plantas produziram frutos redondos e 47

plantas produziram frutos compridos. No retrocruzamento (F1 x FC)

47 plantas produziram frutos redondos e 42 plantas produziram fru-tos compridos. Estes resultados, analisados pelo teste de x2 confir-maram segregação mendeliana 3:1 e 1:1 respectivamente. Concluiu-se que o formato dos frutos estudados tem herança monogênica. Oalelo que condiciona a forma redonda do fruto tem dominância com-pleta sobre o alelo que confere a forma alongada com possível atua-ção do locus sun.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, melhoramento,genética.

ABSTRACTInheritance of fruit shape in cherry tomato group

The tomato fruit shape is a result of action of various gene locithat can act in several ways: alone, with pleiotropic effects orinteracting with each other or with genes responsible for the fruitweight. According to this, the study of the inheritance of thischaracteristic, very important for the improvement of the species, iscomplex and difficult to implement. This work was carried out atthe Horticultural and Experimentation Section of José do RosárioVellano University, during the period of July 2003 through March,2005 with the objective to determine the fruit shape of the cherrytomato plant. Two wild genotype contrasting tomato plants wereutilised with the fruit shape: long fruit shape (LF) and round fruitshape (RF). Reciprocal crosses and backcross were realised and thefruit shape was evaluated in the generations origininated from thesecrosses. All plants of the F

1 generation produced round shape fruit.

In the F2 generation, 111 plants produced round fruit shape and 47

plants produced long fruit shape. On the backcross generation (F1 x

LF) 47 plants produced round fruit shape and 42 plants producedlong fruit shape. These results when analysed by chi square,confirmed Mendelian segregation 3:1 and 1:1 respectively. It wasconcluded that the studied fruit shape has monogenic inheritance.The allele that determines fruit round shape has complete dominanceover the allele that determines elongated shape fruit with possibleaction of the sun locus.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, breeding, genetics.

(Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 30 de setembro de 2008)(Received in August 15, 2008; accepted in October 31, 2008)

496 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

desejáveis (Allard, 1971; Ramalho et al.,2000; Bueno et al., 2001). Embora pou-cas características de interesse econô-mico sigam a herança clássica oumendeliana, o seu uso como ferramentapara a consecução de objetivos de me-lhoramento vegetal ainda é comum epode ser significativamente mais efi-ciente quando associada às modernastécnicas de marcadores moleculares(Ferreira & Grattapaglia, 1995), princi-palmente quando o melhoramento é as-sistido por estes marcadores.

Ramalho et al. (2000) relatam emlivro, resultados de estudos da herançada forma do fruto em tomateiro ondeforam obtidos resultados de herançamonogênica com dominância completada forma redonda sobre a formaalongada.

Segundo Tanksley (2004), os frutosoriginários de espécies domesticadasmuitas vezes têm o seu tamanho expres-sivamente aumentado em relação aonormalmente encontrado nas espéciesselvagens progenitoras. O autor aindacita como exemplo o possível ancestralselvagem do tomate cultivado,Lycopersicon esculentum cvCerasiforme, com dois lóculos e pesan-do apenas algumas gramas, em contras-te a um simples fruto de tomate das va-riedades modernas que pode contermuitos lóculos e pesar até 1000 g. Poroutro lado a domesticação de espéciesvegetais com conseqüente aumento notamanho dos frutos, tem provocado ex-pressiva variação na sua forma uma vezque, frutos de tomateiros selvagens esemi-selvagens são quase invariavel-mente redondos enquanto que tomatescultivados vêm de uma ampla varieda-de de formas: redondo, oblongo,piriforme e em forma de torpedo(Tanksley, 2004). Os genomas de toma-teiros cultivados contem menos de 5%da variação genética de seus congêneresselvagens (Miller & Tanksley, 1990).Em outras palavras, segundo Tanksley(2004), os tomateiros cultivados variamexpressivamente em forma e tamanhodos frutos, mas têm pouca variação ge-nética em qualquer outra parte de seugenoma sendo o contrário nas espéciesselvagens. A explicação do aumento navariação da forma dos frutos do toma-teiro é problemática e pode haver diver-

sas explicações. Uma das explicaçõesdiz que a seleção para aumento no ta-manho do fruto, pode ter levado à mu-danças no seu formato atribuído a fenô-menos de pleiotropia (Tanksley, 2004).Existem robustas evidências que apóiamesta hipótese no que diz respeito àsmutações as quais têm provocado au-mento no tamanho dos frutos por meiodo aumento do número de carpelos /lóculos (Lippman & Tanksley, 2001).Estes mesmos autores afirmam que, si-milarmente, mutações que afetam a for-ma do fruto podem ter grande efeitofenotípico em background de frutos pe-quenos versus frutos grandes. Correla-ção altamente significativa foi encontra-da entre o tamanho do fruto e a formado fruto sendo que, frutos maiores, mos-traram formas mais extremas do queseus homólogos de frutos pequenos.Observa-se que o formato dos frutos dotomateiro é resultado da ação de diver-sos loci gênicos que podem atuar de di-versas formas. Em função disto, o es-tudo da herança desta característica,importante para o melhoramento da es-pécie, torna-se complexa e de difícilexecução. Por outro lado, estudos deherança da forma de frutos específicospara tomateiros silvestres do grupo ce-reja não foram encontrados na literatu-ra. Assim, objetivo deste trabalho foiestudar a herança da forma redonda ecomprida de frutos de tomateiro do gru-po cereja em genótipos silvestres da es-pécie.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no muni-cípio de Alfenas, sul de Minas Gerais,nas dependências da Universidade Josédo Rosário Vellano – UNIFENAS, Se-tor de Olericultura e Experimentação(21o14’ S; 45o00’ W, 910 m de altitude)no período de janeiro de 2003 a feverei-ro de 2005.

Foram utilizadas duas linhagens sil-vestres de tomateiro do grupo cereja(Figura 1), cujas sementes foramcoletadas nos municípios de Lavras(MG) e Alfenas (MG). Estes genótipostêm sido conservados pelo setor deOlericultura e Experimentação daUNIFENAS e apresentam característi-cas bem definidas e contrastantes quan-

to ao comprimento e ao diâmetro dosfrutos. A linhagem coletada em Lavras(MG) tem frutos compridos, de colora-ção vermelha-intensa e ombros verdes.As plantas são vigorosas e agressivas,com brotações axilares e florais. As se-mentes da linhagem coletada emAlfenas (MG) produzem plantas vigo-rosas, cujos frutos são redondos e decoloração vermelha-intensa, sem ombroverde e com tamanho menor que os fru-tos compridos. Também produzem comabundância brotações nas axilas das fo-lhas e nos ramos florais. Ambas as cul-tivares são de crescimentoindeterminado.

A metodologia utilizada constou decruzamentos biparentais recíprocos eretrocruzamentos da geração F

1 para o

genitor de fruto comprido e foi divididaem etapas distintas. Na primeira etapafoi avaliada a homozigose dos genitorese foram efetuados os cruzamentosbiparentais. Sementes de ambos osgenitores foram semeadas em casa-de-vegetação para a produção de mudas.Foram utilizadas bandejas de isopor de128 células e substrato comercial mis-turado com palha de arroz carbonizadana proporção de 1:1 e 800 gramas deadubo formulado 4-14-8 para cada 40litros da mistura (Frujuelle et al, 2003).Quando as mudas atingiram quatro fo-lhas definitivas, foram transplantadaspara a casa-de-vegetação. As plantasforam conduzidas com apenas uma hastee tutoradas verticalmente. Todos os tra-tos culturais e fitossanitários foram rea-lizados de acordo com o preconizadopara a cultura.

Para esta primeira etapa foramconduzidas 50 plantas de cada genitor,dispostas em espaçamento 1,5 x 0,80 m.Quando as plantas começaram a emitiros ramos florais foram selecionadas astrês plantas mais sadias e vigorosas decada genitor. O estado da planta é umbom indicativo de seu estado nutricio-nal, o que, segundo Howlet (1936), teminfluência na produção de pólen. Nosramos florais (cacho) das plantasselecionadas, foram escolhidas antes daantese as três primeiras flores para aemasculação (Barrons & Lucas, 1942).As flores não emasculadas foram todaseliminadas para evitar possívelautofecundação e formação dos frutos.

GM Maciel & EC Silva

497Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Esta operação foi realizada em ambosos genitores de maneira a permitir oscruzamentos recíprocos. Utilizando umvibrador manual, retirou-se pólen de flo-res completamente abertas em plantasde ambas as linhagens. Os grãos-de-pó-len foram colocados em cápsulas desílica-gel devidamente identificadas eutilizados para polinização de floresemasculadas no mesmo dia (Dempsey& Boynton, 1962). As floresemasculadas que sofreram hibridizaçãoforam marcadas com lã vermelha. Assementes foram colhidas nos frutosmaduros das flores marcadas. Ahomozigose dos genitores quanto à for-ma dos frutos foi avaliada observando-se o formato dos frutos nas 50 plantasrespectivas a cada genótipo parental.Todas as avaliações de formato dos fru-tos foram feitas visualmente consideran-do o diâmetro transversal e longitudi-nal dos frutos (Figura 1).

A segunda etapa consistiu na colhei-ta e plantio das sementes F

1 dos cruza-

mentos recíprocos. O plantio foi reali-zado, assim como na primeira etapa,também em casa-de-vegetação, junta-mente com os genitores. Após obtençãode uma população com 100 plantas F

1

(50 plantas de cada cruzamento) e 30

plantas de cada parental, o formato dofruto foi avaliado na população F

1, ao

mesmo tempo em que retrocruzamentosde F

1 para o parental de fruto comprido

foram realizados. Todos os cuidados decondução da cultura e cruzamentos ob-servados na etapa anterior foram obser-vados também nesta etapa. Sementes F

2

oriundas de autofecundação de F1 e se-

mentes dos retrocruzamentos foram co-lhidas, constituindo assim material paraa terceira etapa do trabalho.

Na terceira etapa, as sementes pro-duzidas na etapa anterior foram utiliza-das na produção de mudas, observan-do-se os mesmos procedimentos das eta-pas anteriores. Em duas casas-de-vege-tação foram constituídas uma populaçãode 158 plantas da geração F

2

(segregante) e 89 plantas oriundas desementes do retrocruzamento. Nas po-pulações F

2 e de retrocruzamentos, as

plantas foram contadas e separadas deacordo com o formato do fruto que pro-duziram. Em seguida os dados foramsubmetidos ao teste de c2 de acordo com

a freqüência esperada e observada defrutos compridos e frutos redondos, ten-do como hipótese uma segregaçãomendeliana 3:1, obtida para herançamonogênica com dominância completa(Falconer, 1987; Ramalho et al, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os genitores utilizados no cruza-mento foram fenotipicamentehomozigotos para a característica for-mato do fruto, uma vez que não foi ob-servada segregação após asautofecundações (Tabela 1). Todos osfrutos produzidos pela linhagem cole-tada em Lavras foram compridos, en-quanto todos os frutos produzidos pelalinhagem coletada em Alfenas foramredondos. Observou-se tambémdominância completa do fenótipo frutoredondo sobre fruto comprido, já que nageração F

1 todas as plantas produziram

frutos redondos, independente da dire-ção do cruzamento (Tabela 1). Na gera-ção F

2, os valores absolutos indicaram

uma segregação cuja proporção se apro-ximou de 3:1, uma vez que ocorreram118 plantas com frutos redondos e 47plantas com frutos compridos (Tabela 1).De modo semelhante, no cruzamento-teste realizado entre plantas F

1 e o

genitor de frutos compridos 42 plantasproduziram frutos compridos e 47 plan-tas produziram frutos redondos, umaproporção próxima de 1:1. Quando apli-cado o teste de x2

, os desvios entres as

freqüências observadas e esperadas nãoforam significativos (p < 0,05), consi-derando a hipótese de segregação 3:1 ouseja, três frutos redondos para cada fru-to comprido na geração F

2.

Segundo Tanksley (2004) não exis-te uma completa separação entre loci

que controlam o tamanho dos frutos eaqueles que controlam a forma dos mes-mos. Entretanto, os loci fasciated(cromossomo 11) e locule-number(cromossomo 2), responsáveis pelo ta-manho dos frutos, afetam também a for-ma, embora outros loci maiores (fw1.1,fw2.2, fw3.1 e fw4.1) com a mesma fun-ção, exercem largamente seus efeitos nodesenvolvimento dos frutos resultandoem pequena mudança no seu formato.Da mesma forma, existem três locimaiores que modulam a forma dos fru-tos: ovate (cromossomo 2), sun(cromossomo 7) e fs8 (cromossomo 8)(Tanksley, 2004). Segregação de umlocus gênico condicionando forma depêra nos frutos foi relatada por pesqui-sadores na década de 1900 (Hendrick& Boot, 1907; Price & Drinkard, 1908).Durante este mesmo período outros pes-quisadores relataram locus gênico simi-lar causando forma oval nos frutos e quemais tarde foi demonstrado que estesgenes provavelmente eram alélicos sen-do este locus referenciado como ovate(Lindstrom 1928,1929). Bem mais tar-de Ku et al. (1999) demonstraram queapenas este locus (ovate) poderiacondicionar tanto a forma de pêra quantoa forma alongada do fruto indexandocomprimento e diâmetro.

Análise de QTL de um cruzamentoentre uma variedade de tomate YellowPear de frutos pequenos e de formatopêra e uma espécie selvagem, de frutosredondos (S. pimpinellifolium, LA 1589)revelou que frutos de formato pêra é lar-gamente determinada por um outro QTLmaior no cromossomo 2 (Ku et al,1999). Tanksley & Fulton (2007) obser-varam que este QTL aparentementecorresponde ao locus gênico ovate. Naformação dos frutos foram também ob-servados, efeitos de alongamento da for-

Tabela 1. Número de plantas de tomate-cereja que apresentaram frutos de formato compri-do ou redondo (number of cherry-tomato plants that showed tomato-fruit-shaped long orround). Alfenas, UNIFENAS, 2005.

Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cereja

498 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

ma que não se relacionava com umamutação de ovate. Estudos revelaram apresença de um segundo locus maior nocromossomo 7 envolvido com a formade frutos de tomate que foi denominadosun (Van der knaap & Tanksley, 2001).Entretanto, estes dois loci diferem en-tre si em aspectos de importância gené-tica, morfológica e de desenvolvimen-to. Uma destas diferenças é que sun cau-sa o alongamento do fruto nas duas di-reções longitudinais mantendo uma si-metria bilateral dos frutos enquanto queovate resulta em um alongamentoassimétrico do fruto onde o ápice do fru-to é mais exagerado que a parte basal(Van der Knaap et al., 2002). Também,segundo estes mesmos autores, a formade pêra dos frutos nunca foi relaciona-da com o gene sun.

Segundo Liu et al (2002) a mutaçãoassociada com uma mudança da formado fruto de redondo para alongado oupêra criou uma parada prematura nocódon do segundo exon. Essa possívelperda de função é consistente com ocomportamento recessivo do alelo quecondiciona fruto de formato alongadoou de formato pêra.

Portanto, é possível concluir que oformato dos frutos estudados tem heran-ça monogênica. O alelo que condicionaa forma redonda do fruto temdominância completa sobre o alelo que

confere a forma alongada com possívelatuação do locus sun.

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GM Maciel & EC Silva

Tabela 2. Teste de x2 da hipótese para herança monogênica da característica formato defruto em tomate-cereja (chi square test the hypothesis for monogenic inheritance of thecharacteristic shape of fruit in cherry tomato). Alfenas, UNIFENAS, 2005.

1/FO = freqüência observada (frequency observed); 2/ FE = freqüência esperada (freuency expected)

499Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Na tentativa de se encontrar soluçõespara minimizar o impacto ambiental

causado pelo descarte de resíduos urba-nos e industriais, como casca de arroz,bagaço de cana, casca de pinus, lixo eresíduo da produção de papel, vários seg-mentos da sociedade têm se empenhadono desenvolvimento de pesquisas quevisam o aproveitamento econômico des-ses materiais, os quais muitas vezes apre-sentam potencial para o aproveitamentoagrícola, principalmente como substratosna produção de mudas (Chong, 1999;Backes & Kämpf, 1991; Flynn et al.,1995; Souza, 2001; Sainju et al., 2001).

A utilização de resíduos daagroindústria local como componentes parasubstratos pode propiciar a redução doscustos na produção de mudas, assim comoauxiliar na minimização de impactosambientais negativos (Fermino, 1996;Silveira et al., 2002). Porém, é importante

SAMPAIO RA; RAMOS SJ; GUILHERME DO; COSTA CA; FERNANDES LA. 2008. Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra decoco e pó de rocha. Horticultura Brasileira 26: 499-503.

Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco epó de rochaRegynaldo A Sampaio; Sílvio J Ramos; Denílson O Guilherme; Cândido A da Costa; Luiz ArnaldoFernandesUFMG-ICA, Av. Universitária, s/no, Bairro Universitário, C. Postal 135, 39404-006 Montes Claros-MG; [email protected]

lembrar que os substratos devem apresen-tar boa capacidade de troca catiônica, esta-bilidade física e esterilidade biológica e ade-quados pH, condutividade elétrica, teor denutrientes, relação C/N, relação água/ar,porosidade total, capacidade de retenção deágua e drenagem (Lemaire, 1995; Sassaki,1997; Borne, 1999; Konduru et al., 1999;Booman, 2000; Carrijo et al., 2004).

Com a restrição da utilização do xaxime da turfa, uma alternativa é a utilizaçãode matérias primas regionais, como a fi-bra de coco e o pó de rocha de granito,que são de fácil obtenção (Theodoro,2000; Rosa et al., 2001b; Arenas et al.,2002). Segundo Carrijo et al. (2002), asboas propriedades físicas da fibra de coco,a sua não reação com os nutrientes da adu-bação e longa durabilidade sem alteraçãode suas características físicas, assim comoa abundância da matéria prima que érenovável e o baixo custo para o produtor,

fazem da fibra de coco verde um substratodificilmente superável por outro tipo desubstrato, mineral ou orgânico no cultivosem solo de hortaliças e flores. Também,Rosa et al. (2001a) destacam que o pó decoco verde é um meio de cultivo 100%natural e pode ser indicado para germina-ção de sementes, propagação de plantasem viveiros e no cultivo de flores e horta-liças.

Diante do exposto, o objetivo destetrabalho foi avaliar a potencialidade dautilização hortícola do pó de rocha ori-ginado da serragem de granito, junta-mente com a fibra de coco, na produçãode mudas de tomate.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emcasa de vegetação na UFMG-ICA, emMontes Claros-MG, utilizando-se a cul-

RESUMOCom o objetivo de avaliar proporções dos resíduos fibra de coco

(FC) e pó de rocha de granito (RG) como substratos na produção demudas de tomateiro, cultivar Kada Gigante, realizou-se um experi-mento em casa de vegetação na UFMG-ICA. Foi utilizado o deli-neamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições.Os tratamentos foram constituídos por uma testemunha e seis pro-porções de fibra de coco (FC) e pó de rocha de granito (RG): T

1 -

Substrato comercial Hortimix®; T2 - 0% FC + 100% RG; T

3 - 20%

FC + 80% RG; T4 - 40% FC + 60% RG; T

5 - 60% FC + 40% RG; T

6

- 80% FC + 20% RG; T7 - 100% FC + 0% RG. O cultivo foi feito em

bandeja de poliestireno expandido com células de 3,5 x 3,5 x 5,0cm. Foram avaliados o diâmetro do coleto, a altura da planta, o índi-ce de velocidade de emergência, a percentagem de emergência e amassa fresca e seca da parte aérea e da raiz. Em praticamente todasas características avaliadas o substrato comercial foi superior aossubstratos contendo fibra de coco e pó de rocha. Considerando-seapenas os substratos contendo fibra de coco e pó de rocha, as mudascom melhores características foram obtidas com a mistura de apro-ximadamente 70% em volume de fibra de coco.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, resíduo de marmoraria,reciclagem.

ABSTRACTTomato seedlings production using substrates with coconut

fiber and rock waste

A greenhouse experiment was carried out to evaluate the ratioof coconut fiber and rock waste, in the tomato seedling production(cultivar Kada Gigante), in Montes Claros, Brazil. The experimentaldesign was of randomized complete blocks with four replicates. Thetreatments were composed of a control and six ratios of coconutfiber (FC) and rock waste (RG): T

1 - Commercial Substrate

Hortimix®; T2 - 0% FC + 100% RG; T

3 - 20% FC + 80% RG; T

4 -

40% FC + 60% RG; T5 - 60% FC + 40% RG; T

6 - 80% FC + 20%

RG; T7 - 100% FC + 0% RG. The cultivation was done in polystyrene

trays with cells of 3.5 x 3.5 x 5,0 cm. Stem diameter, seedling height,emergency speed index, emergency percentage, root and aerial partof fresh and dry matter were evaluated. In almost all the evaluatedcharacteristics the commercial substrate was better than the substratescontaining coconut fiber and rock waste. Among the substratescontaining coconut fiber and rock waste, the seedlings with bettercharacteristics were obtained with a mixture of approximately 70%of the volume of coconut fiber.

Keywords: Lycopersicum esculentum, marble residues, recycling.

(Recebido para publicação em 16 de abril de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)(Received in April 16, 2008; accepted in October 31, 2008)

500 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

tivar de tomate, Kada Gigante, de 15/01 a 14/02/05.

Os tratamentos foram constituídos poruma testemunha e seis proporções, combase no volume, de fibra de coco verde (FC)e pó de rocha de granito (RG): T

1 - Substrato

comercial Hortimix®; T2 - 0% FC + 100%

RG; T3 - 20% FC + 80% RG; T

4 - 40% FC

+ 60% RG; T5 - 60% FC + 40% RG; T

6 -

80% FC + 20% RG; T7 - 100% FC + 0%

RG. As características químicas e físicas dosmateriais usados na produção dossubstratos encontram-se na Tabela 1.

A fibra de coco verde foi seca aoar durante uma semana e processadaem desintegrador da marca Cremasco®

linha DPCT.4 com peneira de 10 mm.A quantidade de fibra adicionada aos

tratamentos foi calculada com base novolume.

O semeio manual foi feito colocan-do-se uma semente no centro de cadauma das 128 células da bandeja depoliestireno expandido de 3,5 x 3,5 x5,0 cm. O delineamento experimentalfoi o de blocos casualizados, com qua-tro repetições. A unidade experimentalfoi constituída por 16 plantas, sendoavaliados o diâmetro do coleto (D), aaltura da planta (A), o índice de veloci-dade de emergência (IVE), a percenta-gem de emergência (E), a massa frescada parte aérea (MFPA) e da raiz(MFSR), e, a massa seca da parte aérea(MSPA) e da raiz (MSSR). A emergên-cia foi avaliada 20 dias após a semea-dura, considerando-se emergidas as se-mentes que emitiram o caulículo. A al-tura da planta, medida do coleto até oápice da muda, e o diâmetro do coleto,foram avaliados aos 28 dias após a se-meadura. O índice de velocidade deemergência foi quantificado, utilizando-se o método de Maguire (1962), de acor-do com a fórmula IVE. = Σ (Pi/Di), emque: IVE = índice de velocidade deemergência; Pi = número de plântulasemergidas no i-ésimo dia de contagem;Di = número de dias que as plântulaslevaram para emergir no i-ésimo dia decontagem.

Os dados obtidos foram submetidosà análise de variância e as médias dasproporções de fibra de coco e de pó derocha de granito foram comparadas com

Tabela 1. Características químicas dos materiais utilizados na produção dos substratos para aprodução de mudas de tomateiro (chemical characteristics of the materials used in the productionof substrates for the production of tomato seedlings). Montes Claros, UFMG, 2005.

1Método da perda por irrigação (Kiehl, 1985) (method for the loss irrigation (Kiehl, 1985));2Método Micro-Kjeldahl (Kiehl, 1985) (2Micro-Kjeldahl method (Kiehl, 1985)); 3ExtratorMehlich-1 (Defelipo & Ribeiro, 1981) (Mehlich-1 extractor (Defelipo & Ribeiro, 1981));4Extrator KCL 1 mol/L (Defelipo & Ribeiro, 1981) (4KCl 1 mol/L extractor (Defelipo &Ribeiro, 1981)); 5Extrator HNO

3/HClO

4 (Tedesco et al., 1995) (HNO

3/HClO

4 extractor

(Tedesco et al., 1995)); 6Extrato de saturação na relação 1:5 (Tedesco et al., 1995) (saturationextract in a relation 1:5 (Tedesco et al., 1995)).

RA Sampaio et sl.

Tabela 2. Valores médios obtidos de percentagem de emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE), diâmetro do coleto (D),altura da planta (A), massa fresca sistema radicular (MFSR), massa seca sistema radicular (MSSR), massa fresca parte aérea (MFPA) emassa seca parte aérea (MSPA), em plântulas de tomate, cultivar Kada Gigante, produzidas em diferentes substratos. (average values ofpercentage of emergency (E), emergency speed Index (IVE), collect diameter (D), height of the plant (A), fresh matter of roots (MFSR), drymatter of roots (MSSR), fresh shoots (MFPA) and shoot dry matter (MSPA) in seedlings of tomato, cultivar Kada Gigante, produced ondifferent substrates). Montes Claros, UFMG, 2005.

nsNão significativo (no significant; *Difere estatisticamente do substrato comercial pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade (statisticallydiffers from commercial substrate by Dunnett test at 5% probability); FC = Fibra de coco (FC = coconut fiber); RG = Pó de rocha de granito(RG = Rock waste).

501Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

as do substrato comercial até 5% de pro-babilidade pelo teste de Dunnett. As mé-dias referentes às proporções de fibra decoco e de pó de rocha de granito foramajustadas a modelos de regressão até

10% de probabilidade pelo teste t.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O substrato comercial apresentou

maiores valores de índice de velocida-de de emergência, diâmetro do coleto,altura da planta, massa fresca e seca daraiz e massa fresca e seca da parte aé-rea, em relação aos substratos contendofibra de coco e/ou pó de rocha de grani-to (Tabela 2). Tal fato pode ser atribuí-do à menor densidade e maiores teoresde nitrogênio e fósforo do substrato co-mercial (Tabela 1), favorecendo aaeração e respiração das raízes, e maiornutrição, vigor e crescimento das plan-tas. Rodrigues (1994) afirma que mu-das de tomateiro para processamentoindustrial têm melhor desempenho emsubstratos que apresentam boas condi-ções de aeração e de armazenamento deágua. Silveira et al. (2002), Oliveira etal. (2004) e Costa et al. (2007), estu-dando o desenvolvimento de tomate emsubstratos comerciais e alternativos,destacam melhor desempenho dossubstratos comerciais em razão de suasmelhores características de retenção deágua, aeração e teores de nutrientes.Também, Arenas et al., (2002) consta-taram que mudas de tomate crescidas emsubstratos contendo mais de 50% de póde coco não se desenvolveram tãovigorosamente quanto aquelas desen-volvidas em turfa, mesmo quando ferti-lizadas duas vezes semanalmente com50 mg/L de nitrogênio. Os autores atri-buem tal fato à imobilização do nitro-gênio disponível pelos microrganismos,em razão da elevada relação C/N desteresíduo.

Por outro lado, o substrato comer-cial apresentou a mesma percentagemde emergência dos substratos contendo40% ou mais de fibra de coco (Tabela2). Neste caso, o aumento na quantida-de de fibra de coco em relação ao pó derocha pode ter proporcionado maioraumento na retenção de umidade dosubstrato (Tabela 1), favorecendo dire-tamente a emergência das sementes. Anecessidade de uma adequada retençãode umidade do substrato em relação àemergência de sementes e crescimentodas plantas tem sido apontada porLemaire (1995) e Fernández-Bravo etal. (2006), principalmente para volumede substrato inferior a 2 L. Arenas et al.(2002), estudando o uso de perlita emcomparação a turfa, fibra de coco evermiculita como substratos para a pro-dução de mudas de tomateiro, verifica-

Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e pó de rocha

Figura 1. Índice de velocidade de emergência (A), percentagem de emergência (B), alturada planta (C), diâmetro do coleto (D), massa fresca (E) e seca (F) da raiz e massa fresca (G)e seca (H) da parte aérea de mudas de tomateiro em função da proporção de fibra de coco epó de rocha no substrato. (index speed emergency (A), percentage of emergency (B), plantheight (C), diameter of collect (D), weight (E) and dry (F) and the root weight (G) and dry(H) of shoot of tomato seedlings according to the proportion of coconut fiber and powder ofrock from the substrate). Montes Claros, UFMG, 2005.*,**,***Significativos a 5; 1 e 0,1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t. significantat 5; 1 and 0.1% probability, respectively, by the t test).

502 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

ram que a perlita atrasou a germinaçãodas sementes em razão da sua menorretenção de água. Não obstante, Silveiraet al. (2002) observaram que a fibra decoco proporcionou maior percentagemde emergência de plântulas de tomatei-ro (90,63%) do que o substrato comer-cial (67,18%), porém, as mudas neleproduzidas foram menos vigorosas doque no substrato comercial, sendo esseproblema corrigido somente quando opó de coco foi misturado ao húmus deminhoca.

Houve influência das diferentesproporções de fibra de coco e de pó derocha sobre as características das mu-das. O índice de velocidade de emergên-cia apresentou ajuste quadrático em re-lação à mistura de fibra de coco e pó derocha, com destaque para o maior índi-ce com 66,25% de fibra de coco na mis-tura (Figura 1A). A percentagem deemergência das sementes apresentoutambém comportamento quadrático.Constatou-se, com a relação de 69,32%de fibra de coco em relação ao pó derocha de granito, um percentual máxi-mo de emergência das sementes de92,22% (Figura 1B). Valores maiores depó de rocha em relação à fibra de cocona composição dos substratos propor-cionaram baixos índices de velocidadede emergência, além de menor desen-volvimento das mudas. Tal fato podeestar relacionado à redução da aeraçãodo substrato proporcionado pelo aumen-to da proporção do pó de rocha, confor-me discutido por Lemaire (1995), o qualaponta que as partículas finas podempreencher os espaços vazios e alterar ageometria do espaço poroso, afetando acirculação de ar e de água no substrato.Também, Minami (1995) cita que osubstrato é o componente mais sensívele complexo do sistema de produção demudas, sendo que qualquer variação nasua composição altera o processo finalde produção de mudas, desde a não ger-minação de sementes até o desenvolvi-mento irregular das plantas.

A altura das mudas de tomateiro emrelação à mistura da fibra de coco compó de rocha foi quadrática (Figura 1C),obtendo-se altura máxima de 2,54 cmcom 56,5% de fibra de coco na mistura.Essa foi a melhor relação entre fibra decoco e o pó de rocha de granito, possi-

RA Sampaio et sl.

velmente por ter proporcionado melho-res condições de retenção de água e su-primento de nutrientes para as plantas.O efeito positivo do uso de substratoscontendo fibra de coco na produção demudas de tomate, possivelmente associa-do a uma maior capacidade de disponi-bilidade de nutrientes e água, também foiobservado por Carrijo et al. (2004).

O diâmetro do coleto apresentou umcomportamento quadrático com o au-mento da fibra de coco na mistura compó de rocha, observando-se tendência dediâmetro mínimo de 0,76 mm na rela-ção de 33,75% de fibra coco. Valoresacima de 33,75% de fibra de coco pro-moveram aumento deste diâmetro (Fi-gura 1D). Esta superioridade da fibra decoco em relação ao desenvolvimento dasmudas pode ser explicada pela maior re-tenção de umidade e maiores teores denitrogênio total e fósforo disponível nestematerial, conforme verificado na Tabela1. Além disso, a elevada salinidade dopó de rocha, caracterizada pela suacondutividade elétrica, pode ter contri-buído para baixar o potencial de água nosubstrato nas maiores doses, afetando aabsorção de água pelas plantas. Também,o pH em torno de 7,5, pode ter reduzidoa disponibilidade dos micronutrientespara as plantas (Lemaire, 1995).

As massas fresca e seca do sistemaradicular apresentaram ajuste quadráticoem relação às diferentes proporções defibra de coco e pó de rocha. Os maioresvalores destas variáveis foram, respec-tivamente, 0,026 e 0,0022 g, obtidoscom 40 e 100% de fibra de coco em re-lação ao pó de rocha (Figuras 1E e 1F).Ficou evidente, portanto, o aumento damassa seca da raiz com o incrementoda proporção de fibra de coco em rela-ção ao pó de rocha. Tal fato pode estarassociado ao aumento da retenção deumidade do substrato, conforme já dis-cutido. De acordo com Sturion (1981) osubstrato exerce uma influênciamarcante sobre o sistema radicular, atri-buído principalmente à quantidade e ta-manho das partículas que definem aaeração e a retenção de água necessá-rios ao crescimento das raízes.

Com relação às massas fresca e secada parte aérea, os resultados expressa-ram resposta quadrática. Verificou-seque os maiores valores obtidos para es-

tas variáveis foram, respectivamente,0,45 e 0,0053 g, nas proporções 70 e75% de fibra de coco, respectivamente(Figuras 1G e 1H). Constatou-se umaumento do crescimento e, conseqüen-temente, das massas fresca e seca daparte aérea, onde a proporção de fibrade coco foi maior que a do pó de rochana constituição do substrato. Tal fatopode ser atribuído à maior capacidadede retenção de água deste resíduo, comoverificada por Pragana (1998), propor-cionando uma condição favorável parao crescimento de mudas de tomateiro.

Neste estudo, verificou-se que osubstrato comercial proporcionou con-dições adequadas ao crescimento dasplântulas de tomateiro, haja vista amaior produção de massa fresca e secada parte aérea e do sistema radicular dasmesmas. Por outro lado, ficou evidenteque o pó de rocha de granito ou a fibrade coco, quando usados puros, não sãosubstratos ideais para a produção demudas de tomateiro, já que as plântulasse desenvolveram melhor com a mistu-ra dos dois em proporções contendo emtorno de 70% de fibra de coco. Segun-do Silveira et al. (2002) o pó de cocopuro não revelou ser um bom substratopara a produção de mudas, uma vez queas plântulas não apresentaram bom de-senvolvimento. Para ser eficiente comosubstrato esse material deverá ser em-pregado em mistura com outros mate-riais mais ricos em nutrientes.

Diante do exposto, os resultados su-gerem que a fibra de coco pode ser umcomponente fundamental na mistura desubstratos recomendados para a produ-ção de mudas de tomateiro.

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504 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Sabe-se que, entre outras variáveis fí-sicas e químicas, a divisão arbitrá-

ria, indicativa de quanta água, em cadafaixa de tensão, é retida por um substratoutilizado na produção de hortaliças au-xilia na adequação do mesmo. Basean-do-se em conceitos empregados a partirde trabalhos de diversos autores, entreeles De Boodt & Verdonck (1972); Grolli(1991); Drzal et al. (1999); Gruszynsk(2002) e Fermino (2002), a determina-ção da curva de retenção de água é ummétodo que fornece informações relaci-onadas a essa divisão arbitrária que, emalguns casos, vem sendo definida pelasvariáveis porosidade total (PT), espaço

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Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água emsubstratos para hortaliçasRonaldo S de Liz1; Adonai G Calbo2; Osmar A Carrijo1; Carlos Alberto da S Oliveira3

1Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Instrumentação Agropecuária, C. Postal 741, 13560-970 SãoCarlos-SP; 3UnB, Campus Darci Ribeiro, Asa Norte, 79919-970 Brasília-DF; [email protected]; [email protected];[email protected]; [email protected];

de aeração (EA), água facilmente dispo-nível (AFD), água disponível (AD), águatamponante (AT) e água remanescente(AR). Ou seja, a curva de retenção de águapode fornecer informações indicativassobre o teor volumétrico e/ougravimétrico de água e sobre a força comque a água em diferentes tensões é retidapela matriz de um substrato utilizado nocultivo de hortaliças.

Neste contexto deve-se considerarque, para componentes porosos, comoé o caso de substratos utilizados no cul-tivo de hortaliças, a variável porosidadetotal (PT) não deve ser associada à cur-

va de retenção de água e nem conside-rada como equivalente ao teorvolumétrico e/ou gravimétrico de águana tensão de zero kPa porque, mesmoconsiderando-se que o substrato, nestatensão, esteja “saturado”, sabe-se queconsiderável quantidade de ar permane-ce nos poros, juntamente com a águacontida na amostra do substrato (Liz,2006). Assim, em análise física desubstratos, o quê, em alguns casos, vemsendo definido como “saturação” é ape-nas a hidratação do substrato. Por isso,a correta determinação da porosidadetotal deve ser feita com base na densi-dade de partículas do substrato

RESUMO

No Brasil, ainda não existe um método padrão, confiável, para adeterminação da curva de retenção de água em todos os tipos desubstratos existentes para o cultivo de hortaliças, principalmente parasubstratos à base de fibras longas e curtas, como é o caso do substratode coco verde. Assim, neste trabalho, o objetivo foi obter a curva deretenção de água em substratos para o cultivo de hortaliças, utilizan-do-se um mini sensor Irrigas®. Foram utilizados os substratos de cocoverde, sem compostagem, compostado durante 45; 90; 135 e 180 diase o substrato Plantmax®, utilizado como controle. O delineamentoexperimental foi de blocos ao acaso no esquema fatorial 6 x 11(substrato x tensão) com três repetições. Para o substrato S0; S45;S90; S135 e S180 as médias obtidas foram porosidade total: 85%;espaço de aeração: 72%; água facilmente disponível: 4%; água dispo-nível: 9%; água tamponante: 5% e, água remanescente: 4%. O espaçode aeração (72%), foi indicativo de que é conveniente melhorar a dis-tribuição do tamanho de partículas desse substrato, de modo a reduziro espaço de aeração e aumentar a capacidade de retenção de água. Oaumento da tensão de água foi obtido de forma natural, pela evapora-ção da água das amostras. A utilização do sensor Irrigas® permitiurapidez na obtenção dos resultados e possibilitou a medição da tensãoda água, de maneira contínua e paralela, entre tensões de 0 e 11 kPa,simultaneamente, em três amostras de substrato. Estes resultados tor-naram evidente a possibilidade de uso do mini sensor Irrigas® na de-terminação de curvas de retenção de água em substratos para hortali-ças, gerando inclusive perspectivas para a realização de estudos futu-ros de comparação com outros métodos.

Palavras-chave: cultivo sem solo, mudas, porosidade, teor de água,fibra de coco verde.

ABSTRACT

Mini Irrigas® sensor in determining the curve of waterretention in substrates for vegetables

In Brazil, no reliable standard method exists to determine thewater retention curve in all available types of substrates for thecultivation of vegetables, mainly for substrates with long and shortfibers, such as those of green coconut shell. In this work, the objectivewas to obtain the substrate water retention curve for the cultivationof vegetables, using a mini Irrigas® sensor. Green coconut substratewas used without composting and with composting during 45; 90;135 and 180 days while the Plantmax® substrate was used as controlin a complete block experimental design with 6 substrates, 11 watertension levels and three replications. For the substrates S0, S45, S90,S135 and S180 the obtained average were: total porosity; 85%;aeration space: 72%; easily available water: 4%; available water:9%; buffering water: 5% and remaining water: 4%. The aerationspace (72%) was indicative that it is convenient to improve theparticle size distribution of this substrate, in order to reduce theaeration space to gain water retention capacity. Water tension in thesamples was slowly increased by evaporation as the substrate airinterface and mini Irrigas® sensors enabled the required water tensionmeasurements, continuously, in three parallel substrate samples forwater tensions ranging from zero to 11 kPa. These results makeevident the possibility of using the mini Irrigas® sensor for thedetermination of water retention curves in substrates for growingvegetables, and also opens the possibility of future studies, aimingat comparative tests for other methods.

Keywords: soilless cultivation, transplant, porosity, moisture content,green coconut fiber.

(Recebido para publicação em 22 de outubro de 2007; aceito em 29 de setembro de 2008)(Received in October 22, 2007; accepted in September 29, 2008)

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desgaseificado, isto é, sem ar entre aspartículas. Na curva de retenção de águao teor obtido na tensão de zero kPa é,na realidade, menor que a porosidadetotal e, para que raízes de hortaliças te-nham adequada provisão de oxigênio,nas tensões entre 0 e 1 kPa a quantidadede ar retido entre a água e as partículasdo substrato deve garantir suficienteaeração sem diminuir a capacidade de osubstrato reter água.

No Brasil, a determinação da curvade retenção de água em substratos agrí-colas ainda não é padronizada e os mé-todos mais utilizados demandam muitotempo, são tediosos e necessitam deequipamentos caros. Por estas razões éimportante a busca por métodos alter-nativos confiáveis e atraentes para a uti-lização profissional na análise física emsubstratos para plantas.

Assim, com este trabalho, o objetivofoi obter a curva de retenção de água emsubstratos para o cultivo de hortaliças,utilizando-se a técnica de remoção deágua por evaporação e medição contínuada tensão da água, por tensiometria a gás,por meio de um mini sensor Irrigas®.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naEmbrapa Hortaliças, de janeiro de 2005a setembro de 2006. Curvas de reten-ção de água em substrato de coco ver-de, preparado na Embrapa Hortaliçaspara a produção de mudas (Carrijo etal., 2002), sem compostagem ecompostado durante 45; 90; 135 e 180dias, respectivamente denominados S0,S45, S90, S135, S180 e em substratoPlantmax® foram determinadas utilizan-do-se um sensor Irrigas® (Calbo & Sil-va, 2005) com cápsula porosa mini (Fi-gura 1A).

Inicialmente, sem compactar a amos-tra e adaptando a metodologia descrita naNorma Européia EN 13040 (Associación,1999), determinou-se a densidade dosubstrato seco ao ar (Dsa), a densidade dosubstrato seco em estufa (Dse) a 70oC e oteor de água (Ta) base massa da amostrade substrato seco em estufa a 70oC, du-rante aproximadamente 27 horas (Liz etal., 2006). A densidade do substratodesgaseificado (Dsd) foi obtida com a uti-lização de um picnômetro de 500 ml.

Para conter as amostras de substratoforam utilizados três cilindrosvolumétricos de PVC, de 58,9 cm3. Nocentro da parede de cada cilindro foiperfurado um orifício de 3 mm de diâ-metro, para a passagem do tubo dosensor Irrigas® (Figura 1B).

Para possibilitar a contenção e ahidratação (“saturação”) da amostra desubstrato dentro do cilindro de PVC fo-ram utilizados um anel de borracha euma cerâmica porosa (Figura 1C). Oenchimento dos cilindros de PVC coma amostra de substrato foi padronizado,utilizando-se a densidade do substratoseco ao ar (Dsa) e o volume do cilindro,58,9 cm3.

Depois de preenchidos com osubstrato os cilindros de PVC, indivi-dualmente, foram cobertos com umatampa (Figura 1 D) e colocados dentrode recipientes, para a hidratação daamostra com água destilada, adiciona-da no recipiente aos poucos, até atingiro nível da borda superior dos cilindrosde PVC.

Após a hidratação, quando a amos-tra estava com superfície brilhosa, a tam-pa do cilindro foi retirada para facilitara evaporação da água da amostra (Figu-ra 1D) e o tubo do mini sensor Irrigas®

foi conectado a um compressor de ar ea um manômetro de mercúrio (Figura2) utilizando-se mangueiras de 4 mm dediâmetro interno, restrições de fluxo dear e distribuidores de gás de duas e trêssaídas (Figura 1E). O compressor de ar,de membrana, modelo A 240, que operacom pressão de saída de aproximada-mente 25 kPa, a fluxo zero, normalmen-te é utilizado para oxigenar aquários e omanômetro de mercúrio de 80 cm dealtura foi construído em forma de “U”com mangueiras transparentes de 4 mmde diâmetro interno (Figura 2). O dis-tribuidor de gás de três saídas possibili-tou a medição da tensão da água simul-taneamente em três amostras desubstrato (Figura 1 F). Nesse distribui-dor de gás de três saídas foramconectadas as restrições de fluxo de ar,utilizadas para introduzir em cada sensorIrrigas® um fluxo de ar de aproximada-mente 0,5 mL min-1. A restrição de flu-xo de ar utilizada foi um segmento defio de cobre flexível (multifilamento),de 1 mm de diâmetro externo e compri-

mento de 14 cm, que proporcionou ofluxo de ar especificado (Figura 1E).Detalhes técnicos referentes às proprie-dades desta fonte de ar de fluxo quaseconstante e sobre a aferição necessáriapara obter restrições com fluxo de aradequado estão descritos em Calbo &Silva (2005).

Quando o movimento da coluna demercúrio se estabilizou, a amostra desubstrato, previamente hidratada, foi con-siderada “saturada”. A pressão assimestabelecida é a tensão crítica deumedecimento (Ts) do sensor Irrigas®

(Calbo & Silva, 2006). Nesse momento,sem desconectar as mangueiras, foramdeterminadas, juntamente, a massa doconjunto (Mc) e a massa da amostrasaturada (Mas), isto é: (Mc + Mas). Esseprocedimento foi repetido ao se alcançarcada tensão desejada (1; 2; 3; 4; 5; 6; 7;8; 9; 10 e 11 kPa). A partir da tensão de 1kPa, a massa da amostra passou a serconsiderada massa do substrato úmido(Msu), obtida por meio da equação:

Msu = (Mc + Msu) – (Mc).

A tensão (T) da água na amostra foicalculada com a equação T = (Ts – P),na qual P representou a pressão lida nomanômetro (Calbo & Silva, 2006).

Os valores de T, multiplicados por13,6, razão entre as densidades do mer-cúrio e da água, representaram, aproxi-madamente, a tensão em centímetros decoluna de água; e os valores de tensãoem centímetros de coluna de água, di-vididos por dez, indicaram os valoresde tensão em kPa.

A porosidade total (PT) foi determi-nada por meio da equação:

PT = 100 x ((Vc) – (Mse / Dsd)) / (Vc)

na qual Vc foi o volume, em cm3, docilindro utilizado para conter a amos-tra; Mse, a massa, em gramas, da amos-tra de substrato seco em estufa a 70oC eDsd, a densidade, em g cm-3, dosubstrato desgaseificado, determinada apartir de resultados obtidos com o usodo picnômetro. A equação utilizada paradeterminar a densidade do substratodesgaseificado foi:

Dsd = Da x (Mps – Mp) /(Mps – Mp) – (Mpsa - Mpa)

onde: Dsd, a densidade do substratodesgaseificado; Da, a densidade daágua; Mps, a massa do picnômetro con-

Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças

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tendo o substrato; Mp, a massa dopicnômetro vazio; Mpsa, a massa dopicnômetro contendo substrato e água eMpa, a massa do picnômetro contendoágua.

O percentual de espaço de aeração(EA), equivalente ao teor volumétricode água nas tensões entre 0 e 1 kPa, foideterminado por meio da equação:

EA = 100 x [(Vc) – (Mse / Dsd) –(Ma

_1kPa / Da)] / (Vc)

na qual: Ma_1kPa

foi a massa de águana tensão de 1 kPa e Da

foi a densidade

da água, considerada como sendo iguala 1 g cm-3.

O percentual de teor de água facil-mente disponível (AFD), equivalente aoteor volumétrico de água nas tensões

entre 1 e 5 kPa, foi representado por:AFD = 100 x (Ma

_1kPa – Ma

_5kPa) /

(Vc x Da).

O percentual de água disponível(AD), equivalente ao teor volumétricode água nas tensões entre 1 e 10 kPa,foi definido com base na equação:

AD = 100 x (Ma_1kPa

– Ma_10kPa

) /(Vc x Da).

O percentual de água tamponante(AT), equivalente ao teor volumétrico deágua nas tensões entre 5 e 10 kPa, foiestabelecido por meio da equação:

AT = 100 x (Ma_5kPa

– Ma_10kPa

) / (Vc x Da)

e o percentual de água remanescen-te (AR), equivalente ao teor volumétricode água nas tensões de 10 kPa, pelaequação:

AR = 100 x (Ma_10kPa

) / (Vc x Da).

O delineamento utilizado foi de blo-cos ao acaso com três repetições, dis-postos no esquema fatorial 6 x 11, refe-rente a seis composições de substrato:S0, S45, S90, S135, S180, Plantmax® e,a onze tensões: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9;10 e 11 kPa. Os dados da Tabela 1 fo-ram submetidos à análise de variância ecomparação de médias pelo teste deTukey a 5% de probabilidade. Os dadosda Tabela 2 foram obtidos por meio dasequações apresentadas acima. Os pon-tos obtidos (Figura 3) foram ajustados eplotados por meio do aplicativo SoilWater Retention Curve – SWRC (Dou-rado Neto et al., 1990), optando-se pelomodelo de van Genuchten, representa-do pela equação:Θ = Θr + (Θs – Θr) / [1+ (h . á) n ] m .

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito significativo para asvariáveis: substrato, tensão e interaçãosubstrato versus tensão. O coeficientede variação de 5,41% refletiu boa pre-cisão experimental (Ferreira, 1996). Noentanto, entende-se que é desnecessáriaa discussão dos resultados da análiseestatística, visto que as diferenças eramesperadas, pois foram utilizadas tensõese, consequentemente, teores de águadiferentes. Vale lembrar que o objetivonão foi comparar estatisticamente ospontos das curvas de retenção de águanos substratos, mas, sim, conseguirdeterminá-los com o uso do Irrigas®.

Figura 1. A = mini sensor Irrigas®; B = cilindro de PVC e posição do mini sensor Irrigas; C= cilindro de PVC, anel de borracha e cerâmica porosa; D = cilindro com substrato e comtampa; E = compressor de ar e detalhe das conexões e das restrições e F = vista geral dosistema. (A = mini Irrigas® sensor; B = cylinder of PVC and the mini Irrigas® sensor position;C = PVC cylinder, rubber ring and the porous ceramic; D = cylinder with substrate andcover; E = air compressor and detail of the connections and the restrictions and F = generalsystem view). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.

Figura 2. Esquema de montagem do sistema com mini sensor Irrigas® para a determinaçãode curvas de retenção de água em substratos para crescimento de hortaliças (project ofassembly of the system with mini Irrigas® sensor for the determination of water retentioncurves in substrates for growing vegetables). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.

RS Liz et al.

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A metodologia com o mini sensorIrrigas® possibilitou a obtenção de pon-tos da curva de retenção de água em seistratamentos, na faixa entre 0 e 11 kPade tensão de água, em cerca de cincodias.

Durante as pesagens o sistema minisensor Irrigas® não precisou ser desli-gado, possibilitando obter todos os pon-tos em uma mesma amostra desubstrato. Na câmara de Richard, porexemplo, é necessário desligar o siste-ma de pressão para a pesagem de amos-tras. Segundo Vieira & Castro (1987),determinar o ponto de equilíbrio entre apressão aplicada e a água retida é umdos maiores problemas na obtenção decurva de retenção de água. Assim, estefator, equilíbrio de tensão, foi outra ca-racterística positiva do método utilizan-do o mini sensor Irrigas® pois, quandoo movimento da coluna de mercúrio seestabilizou no manômetro, isso foi umindicativo direto de equilíbrio de tensãode água entre a cápsula porosa e a amos-tra de substrato.

Na comparação das curvas da Figu-ra 3 percebe-se certa variação, a qualestá associada ao efeito do condiciona-mento do substrato de coco verde (0; 45;90; 135 e 180 dias de compostagem); àdiferença no teor inicial de água nasamostras e, ainda, à diferença de teorde água retida em cada amostra no mo-mento das determinações, em função doprocesso de hidratação da amostra.

Aparentemente a mini cápsula po-rosa do sensor Irrigas® possibilitou umbom contato com os substratos. Ao fi-nal da análise foi necessário reumedecera amostra de substrato de coco verdepara desgrudá-la da mini cápsula poro-sa do sensor Irrigas®. Adicionalmente,com a utilização do sistema sensor Ir-rigas® foi possível dispensar o uso deestufa para a secagem do substrato aofinal da análise, resultando em econo-mia de energia elétrica e antecipaçãona obtenção de resultados. Outra justi-ficativa para utilizar a massa desubstrato seco ao ar nas determinaçõesfísicas em substratos, principalmenteem substratos à base de coco verde, é acaracterística de expansão desse tipo dematerial que, quando seco em estufa a70ºC pode sofrer significativa contra-ção de partículas.

A densidade do substrato seco ao ar,S0; S45; S90; S135 e S180, determina-da nas amostras com um teor médio emtorno de 10% de água, ficou dentro dafaixa de 0,10 a 0,30 g cm-3, consideradaideal para a densidade de substratos uti-lizados na produção de mudas de horta-liças (Kämpf, 2000; Fermino, 2002). Adensidade de partículas desse mesmosubstrato desgaseificado foi, em média,de 1,30 g cm-3 (Tabela 1), valor compa-

rável ao de 1,22 g cm-3 obtido por Carrijoet al. (2003) em um substrato de cocoverde com pré-lavagem das fibras e pró-ximo ao de 1,47 g cm-3 obtido porLacerda et al., (2006) em um substratodenominado pó de coco. Martínez (2002)relata que para substratos orgânicos adensidade de partículas deve ser por vol-ta de 1,45 g cm-3. Além da diferença deteor de água nas amostras, a diferença dedistribuição do tamanho de partículas

Figura 3. Curvas de retenção de água em substratos, determinadas com o uso de mini sensoresIrrigas® (water retention curves in substrates, determinated using mini Irrigas® sensors).Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.

Tabela 1. Médias de densidades e do teor de água nos substratos utilizados. (density andmoisture content means of the assayed substrates). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.

Médias seguidas da mesma letra nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade; 1Densidade de partículas, determinada pelo método do picnômetro; 2Valo-res de referência conforme Kämpf (2000); Fermino (2002) e Martínez (2002) (means followedby the same letter, in the column, did not differ by the Tukey test at 5% of probability;1Particle density determined by the pycnometric method; 2Reference values according toKämpf (2000); Fermino (2002) and Martínez (2002) ).

Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças

508 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

pode ter influenciado o valor de densi-dade determinado em cada tratamento,principalmente no S45 (Tabela 1).

De acordo com as recomendações deDe Boodt & Verdonck (1972), aporosidade total (PT) média de 85%,determinada nos tratamentos S0; S45;S90; S135 e S180 pode ser consideradaideal para substratos utilizados no cul-tivo de plantas (Tabela 2).

A porosidade desses mesmos trata-mentos, equivalente ao teor volumétricode água na tensão de zero kPa (Figura3), foi, em média, 13%, valor bem me-nor do que os recomendados por DeBoodt & Verdonk (1972) e do que os deporosidade total (PT) determinada combase na densidade das partículas dosubstrato. Neste contexto, ainda é im-portante considerar que o teorvolumétrico de água na tensão de zerokPa possui pouco valor prático, tendo-se em vista que o valor nesta condiçãotransiente pode sofrer alterações em fun-ção de diferentes fatores, tais como: dis-tribuição do tamanho de partículas;quantidade de substrato utilizado parao enchimento dos cilindros, calculada apartir da densidade do material ou, ain-da, em função da diferença de teor ini-cial de água na massa de substrato secoao ar ou seco em estufa a 70oC.

A porosidade total (PT) do substratoPlantmax® ficou abaixo da recomenda-da por De Boodt & Verdonk (1972),

possivelmente em função da amostra tersido seca ao ar antes das determinaçõespromovendo maior acomodação de par-tículas e, consequentemente, aumentoda densidade nesse tratamento (Tabela2). Segundo Skrebsky et al. (2006) osubstrato Plantmax® apresenta umaporosidade total por volta dos 90%.Conforme Gruszynski (2002) o aumen-to de densidade em substratos agrícolasreduz a porosidade total e,consequentemente, o espaço de aeração.Por ser o substrato Plantmax® ampla-mente usado com sucesso na produçãode mudas de hortaliças, sugere-se que aamostra a ser utilizada para determina-ção das densidades seja coletada com oteor de água em que se encontra dentroda embalagem original. As curvas deretenção de água (Figura 3) indicam queo substrato Plantmax®, nas condiçõesdeste experimento, reteve, aproximada-mente, o dobro de água que o substratode coco verde reteve.

A média do espaço de aeração (EA)determinada nos tratamentos à base decoco verde (72%) ficou acima dospercentuais situados entre 10 e 40% su-geridos como referência por De Boodt& Verdonck (1972); Penningsfeld(1983); Carrijo et al. (2002) e Fermino(2003) (Tabela 2). Esse espaço deaeração pode ter favorecido a baixa re-tenção de água nestes tratamentos.

Para os tratamentos S0; S45; S90;S135 e S180 (Tabela 2), o valor médio

Tabela 2. Porosidade total (PT), espaço de aeração (EA), água facilmente disponível (AFD),água disponível (AD), água tamponante (AT) e água remanescente (AR) nos substratos utiliza-dos. (total porosity (PT), aeration space (AE), easily available water (AFD), available water(AD), buffering water (AT) and remainder water (AR)). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.

1Valores conforme De Boodt & Verdonck (1972); De Boodt et al. (1974); Penningsfeld(1983); Carrijo et al. (2002); Fermino (2002); Fermino (2003) e Grassi Filho & Santos(2004). (1reference values according to De Boodt & Verdonck (1972); De Boodt et al. (1974);Penningsfeld (1983); Carrijo et al. (2002); Fermino (2002); Fermino (2003) and GrassiFilho & Santos (2004)).

RS Liz et al.

de 4% de água facilmente disponível(AFD) ficou abaixo dos 20 a 30% reco-mendados por Carrijo et al. (2002);Fermino (2003) e Grassi Filho & San-tos (2004). Isso indicou que é necessá-ria a realização de mais estudos relacio-nados à distribuição do tamanho de par-tículas e ao percentual de macroporos,visando tornar esse substrato de cocoverde, adequado à produção de mudas.O percentual médio de água disponível(AD) nos tratamentos à base de cocoverde (Tabela 2), foi de 9%, situando-se abaixo dos 50% sugeridos por DeBoodt et al. (1974). Isso pode ter sidodecorrência da relação entre o volumedo cilindro utilizado para conter a amos-tra de substrato e a massa de substratoutilizada para encher o cilindro.

Para a variável água tamponante(AT) o valor médio determinado nessesmesmos tratamentos (Tabela 2), foi de5%, ficando entre 4% e 10% sugeridospor Fermino (2003). O valor médio deágua remanescente (AR) nos tratamen-tos à base de coco verde foi de 4% (Ta-bela 2). Esse valor, obtido na tensão de10 kPa, pode ser um agravante para aprodução de mudas de hortaliças, prin-cipalmente se ocorrerem erros no ma-nejo da irrigação. A fibra de coco ver-de, após atingir um reduzido teor deágua, pode necessitar de alto volume deágua para iniciar o processo dereidratação.

Na comparação e/ou apresentação deresultados de análises físicas desubstratos agrícolas é importante defi-nir que porosidade total (PT) não é equi-valente ao teor volumétrico de água natensão de zero kPa, como arbitrariamen-te, em alguns casos, vem sendo defini-da. A porosidade influencia significati-vamente nos cálculos das outras variá-veis alicerçadas na curva de retenção deágua, principalmente no cálculo do es-paço de aeração. Para evidenciar dife-renças e possibilitar uma comparaçãocom os valores na Tabela 2, a seguir, sãoapresentados os valores das variáveisporosidade total (PT) considerada equi-valente ao teor volumétrico de água natensão de zero kPa e os valores de espa-ço de aeração (EA) considerados equi-valente ao teor volumétrico de água nastensões entre zero e 1 kPa, obtidos paraos mesmos tratamentos avaliados: PT

509Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

(%) em S0 (13,94); S45 (11,70); S90(11,50); S135 (15,60) e S180 (12,30) eEA (%) em S0 (0,24); S45 (0,54); S90(0,36); S135 (0.50) e S180 (0,38).

A metodologia utilizada neste traba-lho, além de acelerar a obtenção de re-sultados pode proporcionar maiorconfiabilidade quando o objetivo fordeterminar a porosidade total (PT), oespaço de aeração (EA) e as variáveisalicerçadas na curva de retenção de águaem substratos para plantas.

Os resultados obtidos constituíram-se em indicativos da possibilidade deuso do mini sensor Irrigas® na determi-nação de curvas de retenção de água emsubstratos destinados à produção demudas e ao cultivo de hortaliças;alertaram para a necessidade de adequa-ção do tamanho de partículas dessesubstrato de coco verde, visando redu-ção do espaço de aeração e aumento doteor de água retida, principalmente nastensões entre 1 e 5 kPa e, geraram pers-pectivas para a realização de outros es-tudos futuros, visando comparar resul-tados deste com os de outros métodos.

O tempo necessário para obtençãode resultados; a possibilidade de rom-pimento da coluna de água quando seutiliza o método dos funis e a dificulda-de de determinação de equilíbrio entrea pressão aplicada e a água retida naamostra de substrato, quando se utili-zam equipamentos de alta pressão, comoa câmara de Richards, são exemplos decaracterísticas importantes para compa-rações futuras com o uso do mini sensorIrrigas®, quando o objetivo for determi-nar a curva de retenção de água emsubstratos para plantas.

AGRADECIMENTO

Aos laboratoristas Pedro Maria Ba-sílio do Amaral e João Batista Gomes.

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510 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

A alface americana vem adquirindoimportância crescente no país. O

plantio deste tipo de alface visa atenderas redes fast food e, atualmente, tem-seconstatado o aumento no consumo des-ta hortaliça também na forma de sala-da. É a hortaliça folhosa de maior valorcomercial no Brasil (Santos et al. 2001).

A época de plantio é um fator fun-damental no cultivo da alface tipo ame-ricana, por se tratar de uma planta bas-tante influenciada por condiçõesambientais uma vez que se adapta me-lhor às regiões de clima ameno (Moreiraet al., 2001). Por outro lado, o cultivoem ambiente protegido por coberturaplástica tem viabilizado a produção dealface durante todo o ano nas regiõestropicais e subtropicais. A cobertura pro-tege as plantas contra danos provoca-dos por chuvas, ventos fortes e incidên-cia direta da radiação solar e geada, emregiões de inverno muito frio(Castellane & Araújo, 1995).

A temperatura é o fator ambientalque mais influencia na formação da ca-beça pois está relacionada com oflorescimento (Whitaker & Ryder,1974). De acordo com Sanders (1999),

RESENDE GM; YURI JE; SOUZA RJ. 2008. Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana. Horticultura Brasileira 26: 510-514.

Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americanaGeraldo M de Resende1; Jony E Yuri2; Rovilson J de Souza3

2Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56302-970 Petrolina-PE; 2UNINCOR, Av. Castelo Branco, 82; Chácara das Rosas, 37410-000 TrêsCorações-MG; 3UFLA-Depto Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; [email protected]

a alface americana se adaptada às con-dições de temperatura amena, tendocomo ótima a faixa entre 15,5 e 18,3ºC.Entre 21,1 e 26,6ºC, a planta floresce eproduz sementes. No entanto, pode to-lerar alguns dias com temperaturas de26,6 a 29,4ºC, desde que as temperatu-ras noturnas sejam baixas.

Outro fator que pode afetar o desen-volvimento da planta é o fotoperíodo, oqual, segundo Conti (1994), não é pro-blema para o cultivo de verão no Brasilpois as cultivares européias importadasjá estão adaptadas a dias mais longosdo que os que ocorrem no país. A ex-pansão da cultura está ocorrendo emáreas de latitudes menores, conseqüen-temente, o fotoperíodo não é obstáculo.Entretanto, em regiões ou localidades demenores latitudes, normalmente háocorrência de temperaturas mais altas.Nestas situações, há a necessidade dese escolher áreas de maiores altitudes,pois estas influenciam diretamente atemperatura local. Verifica-se que nasregiões serranas do Rio de Janeiro e nocinturão verde de São Paulo, em altitu-des superiores a 800 m é possível culti-var a alface tipo americana ao longo do

ano. Já em localidades com altitude in-ferior a 400 m (temperaturas altas), des-de que se utilize cultivares adaptadas,pode-se cultivar a alface na maioria dosmeses (Filgueira, 2000).

Em plantio de inverno, Bueno(1998) obteve para a cultivar Lorca,massa fresca total e comercial de 801,2e 461,2 g/planta, respectivamente; en-quanto Mota (1999) obteve 1000,0 e695,0 g/planta, respectivamente. JáAlvarenga (1999), usando a cultivarRaider, obteve massa fresca total e co-mercial de 1011,0 e 676,8 g/planta, res-pectivamente. Por outro lado, Yuri et al.(2002) obtiveram maiores produtivida-des de massa fresca total, comercial ecircunferência da cabeça com o uso devárias cultivares em plantio de outonoem comparação com o cultivo de verão.Também no outono, Yuri et al. (2005)encontraram resultados semelhantes.

O processo produtivo brasileiro pas-sa por uma fase em que a produtivida-de, a eficiência, a lucratividade e asustentabilidade são aspectos que reque-rem maior atenção. Neste contexto, osmicronutrientes, cuja importância é co-nhecida há várias décadas, apenas re-

RESUMOCom o objetivo de avaliar a influência de épocas de plantio e

doses de zinco sobre o rendimento da alface tipo americana (Lactucasativa L.), realizou-se um experimento no município de Três Pon-tas-MG, sob delineamento de blocos ao acaso, em parcelas subdivi-didas, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas pelasépocas de plantio (outono e inverno) e as subparcelas pelas doses dezinco (0,00; 0,18; 0,36; 0,54 e 0,72 kg/ha), sendo utilizada a cultivarRaider. A maior massa fresca total, comercial e circunferência dacabeça foram observadas no plantio de inverno e o maior compri-mento do caule pelo plantio de outono. Os maiores rendimentos demassa fresca total e comercial e máxima circunferência da cabeçaforam obtidos com as doses 0,45; 0,49 e 0,44 kg/ha de zinco. Ocomprimento do caule não foi influenciado pelas doses de zinco.

Palavras-chave: Lactuca sativa, massa fresca total e comercial, mi-cronutrientes.

ABSTRACTInfluence of planting times and zinc doses on crisphead

lettuce

An experiment was carried out in Três Pontas County, Minas GeraisState, Brazil to evaluate the influence of planting times and zinc doseson yield of crisphead lettuce (Lactuca sativa L.), cv. Raider. The trialwas a split-plot arranged as randomized complete block design withfour replications. The main plots (winter and autumn season)constituted the growing season and, the zinc doses (0.0; 0.18; 0.36;0.54 and 0.72 kg/ha) were the subplot factors. The highest values oftotal and commercial fresh mass and, head circumference wereobtained in the winter season and, of stem length in the autumn season.The highest yields of total and commercial fresh mass and, of maximumhead circumference were verified using zinc doses of 0.45; 0.49 and0.44 kg/ha. The zinc doses did not influence the stem length.

Keywords: Lactuca sativa, fresh mass, total and commercial yield,micronutrient.

(Aceito para publicação em 11 de abril de 2007; aceito em 8 de setembro de 2008)(Received in April 11, 2007; accepted in September 8, 2008)

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centemente passaram a ser utilizados demodo rotineiro nas adubações. Em es-pecial tem-se o zinco, cuja importânciaé indiscutível em razão das freqüentessituações de deficiência em culturas emgeral (Abreu et al., 2001).

Os solos brasileiros, de maneira ge-ral, são pobres em zinco devido ao ma-terial de origem, uma vez que este ele-mento nutriente tem como fonte primá-ria os minerais ferro-magnesianos(Chesworth, 1991), que estão relaciona-dos com rochas básicas, e a maioria dossolos do Brasil, são formados a partirde rochas ácidas e, ou, sedimentares. Aprodução em áreas de cerrado, normal-mente pobres em micronutrientes, prin-cipalmente zinco e boro, torna a práticada adubação com esses nutrientes degrande importância para a cultura. Se-gundo Moreira et al. (2001), em alface,na ausência de Zn, as raízes permane-ceram escuras, e as folhas apresentavamtextura coriacéa com necrose nos bor-dos, menor área foliar, e menor númerode folhas. Os sintomas de carência dezinco ocorrem, especialmente em bai-xadas esgotadas pelo cultivo intensivo,podendo ser corrigidos pela adubaçãofoliar (Filgueira, 2000).

O efeito positivo do fornecimento dezinco solução nutritiva em alface é re-latado por Moreira et al. (2001) queobservaram com relação à matéria secada planta inteira, no nível baixo de P,não haver efeito da adição de Zn na so-lução nutritiva; sendo que no nível nor-mal de P, a adição de Zn proporcionoumaior produção de matéria seca, e nonível alto de P, as doses normal e alta deZn proporcionaram maiores incremen-tos na produção de matéria seca. Fonteset al. (1982) em estudo conduzido pordois anos, observaram que na ausênciado Zn ocorreram decréscimos médios25,5; 31,1 e 17,4%, respectivamente, naprodução total e comercial e na massafresca da cabeça de alface. Por outrolado, Iorio et al. (1996), não encontra-ram efeitos do Zn e do P sobre área fo-liar e a produção de matéria seca da parteaérea e da raiz de alface, em meiohidropônico.

As informações relativas à aplicaçãode zinco na produção de alface, aindasão restritas e não conclusivas. Por essarazão, os produtores realizam pulveri-

zações foliares semanais com produtoscontendo zinco, sem a garantia de queeste procedimento seja adequado, geran-do preocupação quanto à sua eficiênciae aproveitamento pela cultura.

Em razão do exposto, realizou-se umtrabalho com o objetivo de avaliar dife-rentes épocas de plantio e doses de zin-co via foliar no cultivo de alface tipoamericana, nas condições do Sul deMinas Gerais.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no mu-nicípio de Três Pontas, Sul de MinasGerais, a uma altitude de 870 m, situa-da a 21º22’00’’ de longitude sul e45º30’45'’ de longitude oeste (IBGE,2004). O solo da área experimental foiclassificado como Latossolo VermelhoDistroférrico, textura argilosa(EMBRAPA, 1999), apresentando ascaracterísticas químicas: K: 99,2 mg dm-3;P: 44,0 mg dm-3; Ca: 4,3 cmol

c dm-3; Mg:

0,8 cmolc dm-3; Al: 0,0 cmol

c dm-3; H +

Al: 2,0 cmolc dm-3; Zn: 1,1 mg dm-3; Fe:

29,9 mg dm-3; Mn: 12,2 mg dm-3; Cu:1,0 mg dm-3; B: 0,6 mg dm-3; pH em H

20

(1:2,5): 5,8 e matéria orgânica: 21 g kg-1.Utilizou-se o delineamento experi-

mental de blocos ao acaso, com quatrorepetições, em parcelas subdivididas,sendo as parcelas constituídas pelas épo-cas de plantio (outono, com semeaduraem 04/02/02 e inverno com semeadura08/04/02 ) e as subparcelas pelas cincodoses de zinco (0,00; 0,18; 0,36; 0,54 e0,72 kg/ha), sendo utilizada a cultivarRaider. Como fonte de zinco utilizou-se o sulfato de zinco (20% de Zn) sendoa aplicação realizada via pulverizaçãofoliar aos 21 dias após o transplantio.Utilizou-se um pulverizador manualcom 4 L de capacidade, em máximapressão, calibrado para gastar 300 L decalda por hectare, não sendo usado qual-quer tipo de adesivo.

As parcelas experimentais consti-tuíram-se de canteiros com quatro li-nhas de 2,1 m de comprimento, comespaçamento entre linhas de 0,30 m eentre plantas de 0,35 m. As linhas cen-trais formaram a área útil, desprezan-do-se as duas plantas de cada extremi-dade. Os canteiros em número de doisforam cobertos por estruturas de pro-

teção (túnel alto com 2,0 m de altura,constituído por tubos de ferro galvani-zados, cobertos com filme plásticotransparente de baixa densidade,aditivado com anti-UV, de 100micrômetros de espessura) e revestidoscom filme plástico preto “mulching”,de 4 m de largura e 35 micrômetros deespessura.

Na adubação de plantio utilizou-se68 kg/ha de N, 418 kg/ha de P

2O

5 e 136

kg/ha de K2O, incorporados ao solo com

enxada rotativa na camada de 0,0-0,20m. As adubações de cobertura foramrealizadas por meio de fertirrigaçõesdiárias durante todo o ciclo da cultura,totalizando 40 kg/ha de N e 85 kg/ha deK

2O, utilizando como fontes uréia e

cloreto de potássio.

O transplante das mudas, formadasem bandejas multicelulares de 288 cé-lulas cada uma, preenchidas comsubstrato artificial (Plantmax), foi rea-lizado após 30 dias da semeadura. Asirrigações foram diárias e os demaistratos culturais foram os comuns à cul-tura.

A colheita foi realizada aos 74 diasapós a semeadura no outono e aos 92dias no inverno, sendo avaliadas a mas-sa fresca total e comercial (g/planta);circunferência da cabeça comercial (cm)e comprimento do caule (cm). Os da-dos foram submetidos à análise devariância, e quando necessário, as mé-dias foram comparadas pelo teste Tukeya 5%, ou ajustados a equações de regres-são polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeitos significativos inde-pendentes para a época de plantio e do-ses de zinco para todas as característi-cas avaliadas, à exceção do comprimen-to de caule, que não apresentou efeitopara doses, não se observando efeitosda interação entre os fatores.

O rendimento de massa fresca totalno cultivo de inverno (942,2 g/planta)foi significativamente superior ao deoutono (748,8 g/planta) (Tabela 1). Mota(1999) e Alvarenga (1999) em cultivode inverno obtiveram massa fresca to-tal por planta pouco superior com 1000e 1011 g/planta (cvs. Lorca e Raider,respectivamente). Já Yuri et al. (2004a)

Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana

512 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

em condições de outono, obtiveram va-riações entre 594 a 1075 g/planta paradiversas cultivares.

Para massa fresca comercial os re-sultados do cultivo de inverno (564,9 g/planta) foram significativamente supe-riores aos de outono (467,0 g/planta)(Tabela 1). Estes resultados são inferio-res aos obtidos por Alvarenga (1999)que encontrou em plantio de invernouma massa comercial de 677 g/planta.Por outro lado, Yuri et al. (2004 a), emcultivo de outono, encontraram varia-ções entre 427 a 739 g/planta entre di-ferentes cultivares avaliadas. Os melho-res resultados obtidos no inverno podemser explicados pela origem mediterrâ-nea da alface, que se adapta melhor acondições de clima mais frio, já quenesta região as temperaturas médiasvariam de 10 a 20ºC (Lindquivist, 1960;Cásseres, 1980).

Quanto à massa fresca total por plan-ta em função das doses de Zn, ajustou-se um modelo quadrático. A dose 0,45kg/ha proporcionou maior massa (Figu-ra 1). Resende et al. (2005a) obtiverammaior massa fresca total com a dose de0,36 kg/ha de zinco no outono, enquan-to Bebé et al. (2004) observaram umaumento linear com a aplicação de sul-fato de zinco nas doses de 0,0 a 0,6%,utilizando a cultivar Grand Rapids, noverão.

Assim como para a produção demassa fresca total, o melhor ajuste paraos dados de produção de massa frescacomercial, em função das doses de zin-co, foi obtido com modelo quadrático.A máxima produção (548,9 g/planta) foiobtida com a dose de 0,49 kg/ha de zin-co (Figura 1). Pode-se considerar queeste resultado está de acordo com o quefoi apresentado por Yuri et al. (2003),

que obtiveram maior massa fresca co-mercial com a dose de 0,41 kg/ha dezinco em condições de inverno, com amesma cultivar. Fontes et al. (1982)observaram um decréscimo médio de25,5 e 31,1%, na produção total e co-mercial, em dois anos de estudo, na au-sência da adubação com zinco em dife-rentes cultivares. Já Moreira et al.(2001) relataram efeito positivo da adi-ção de zinco associado ao fósforo, naárea foliar e na produção de massa secada alface cultivada em solução nutriti-va em casa de vegetação. O efeito sig-nificativo da aplicação de zinco, comconseqüente incremento na produtivida-de, deve-se provavelmente, à sua prin-cipal função como ativador enzimático,estando diretamente envolvido no me-tabolismo do nitrogênio (Faquin, 1997),sendo ainda importante para o cresci-mento (Grewal et al., 1997) e paramanutenção da integridade da membra-na plasmática da raiz (Welch & Norvell,1996).

Para comprimento do caule (Tabela1) o cultivo de inverno (3,7 cm) foi sig-nificativamente inferior ao de outono(5,7 cm), sendo este efeito observadoapenas para épocas. Yuri et al. (2004a)observaram variações no comprimentodo caule de diferentes cultivares no ou-tono oscilando entre 2,9 e 4,9 cm.Salienta-se que a melhor performanceobservada do cultivo no período de tem-peraturas mais baixas (inverno), nosmeses de maio a julho, evidenciandomenor comprimento do caule, é plena-mente justificado pela melhor adapta-ção da cultura, pois, segundo Whitaker& Ryder (1974), a temperatura é o fatorambiental que mais influencia na for-mação de cabeça, uma vez que está re-lacionada com o florescimento, que porsua vez acelera-se com maior tempera-tura. Resende et al. (2005a), salientamque há uma tendência da alface ameri-cana em condições de cultivo de verão(temperatura mais altas) apresentarmaiores comprimentos de caule compa-rativamente ao cultivo de inverno ondeesta se mostra perfeitamente adaptada.Neste contexto, mesmo em condiçõesde temperaturas intermediárias (outono)este fato ficou evidenciado.

Não se observou efeito significati-vo para doses de zinco no comprimento

Tabela 1. Massa fresca total e comercial, circunferência da cabeça e comprimento do cauleda alface tipo americana em função da época de plantio (total and commercial fresh mass,head circunference and stem lenght of crisphead lettuce, depending on the planting season).Três Pontas-MG, Embrapa Semi-Árido, 2002.

1Médias seguidas pela mesma letra nas linhas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey aonível de 5% de probabilidade (means followed by the same letter in the line did not differfrom each other, Tukey, 5%); **Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste deF (**significant at the level of 1% probability, F test); *Significativo ao nível de 5% deprobabilidade, pelo teste de F ((*significant at the level of 5% probability, F test).

GM Resende et al.

Figura 1. Massa fresca total e comercial de alface tipo americana em função de doses dezinco (total and commercial fresh mass of crisphead lettuce as a result of zinc doses). TrêsPontas-MG, Embrapa Semi-Árido, 2002.

513Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

do caule que variou de 4,5 a 4,8 cm.Resultados corroborados por aquelesobtidos por Resende et al. (2005b) quetambém não verificaram efeito da apli-cação de zinco no comprimento do cau-le. Menores comprimentos de caule sãodesejáveis para este tipo de alface (ame-ricana), principalmente quando destina-da à indústria de beneficiamento (ondeas cabeças são fatiadas e embaladas),minimizando as perdas durante oprocessamento. Quando excessivamentecomprido, acarreta menor compacidadeda cabeça e dificulta o beneficiamento,afetando a qualidade final do produto(Yuri et al., 2002). Na prática, caules deaté 6,0 cm seriam mais adequados, sen-do aceitáveis até 9,0 cm; Acima destevalor não seria indicado paraprocessamento industrial (Resende,2004). Neste contexto, os valores decomprimento de caule, independente deépocas e doses de zinco ficaram abaixode 6,0 cm, estando dentro da faixa con-siderada adequada, não afetando a qua-lidade do produto final.

A circunferência da cabeça comer-cial foi influenciada significativamentetanto pela época de plantio (Tabela 1)quanto pelas doses de zinco (Figura 2).O plantio de inverno apresentou maiorcircunferência (44,1 cm) e menor valorfoi observado para o cultivo de outono,quanto a circunferência da cabeça co-mercial atingiu 39,2 cm. Yuri et al.(2004a) obtiveram variações no plantiode outono entre 39,2 e 49,2 cm, enquan-to em condições de inverno, verifica-ram-se oscilações entre 35,6 e 49,2 cm(Yuri et al., 2004b). O efeito do zincosobre o crescimento da alface é relata-do por Zinc (1966), que obteve maiornúmero de folhas e massa fresca da ca-beça comercial. Fontes et al. (1982)observaram decréscimo de 17,4% notamanho médio da cabeça de alface emestudo conduzido por dois anos. Salien-taram a grande importância do zinco nodesenvolvimento e produção da alface.A circunferência da cabeça está direta-mente relacionada com a massa frescada parte comercial, importante para oprodutor, pois a remuneração, nestecaso, ocorre de acordo com a massa fres-ca da cabeça da alface. Quanto maior acabeça, normalmente maior é a massafresca da planta. Esta é, também, uma

característica importante para a indús-tria, pois afeta sobremaneira o rendi-mento no beneficiamento, no qual ca-beças muito pequenas, diminuem o ren-dimento dos operadores.

No que se refere às doses, a circun-ferência da cabeça, ajustou-se a ummodelo quadrático (Y = 39,6360 +7,3005X - 8,2396*X2 R2 = 0,93), sendoque a dose 0,44 kg/ha de zinco propor-cionou maior circunferência. Yuri et al.(2003) obtiveram maior circunferênciada cabeça comercial com a dose de 0,52kg/ha de zinco em condições de inver-no, assim como Fontes et al. (1982),concluíram ser o zinco de grande im-portância para o desenvolvimento e pro-dução da alface. Maior circunferênciada cabeça em função da aplicação dezinco está diretamente relacionada aoseu comportamento no metabolismo daplanta, como já indicado anteriormente(Faquin, 1997; Grewal et al., 1997).

Em função dos resultados obtidos nopresente trabalho, pode-se concluir queo cultivo da alface tipo americana, cv.Raider, é viável nas duas épocas de cul-tivo testadas, sendo o plantio sob condi-ções de clima mais ameno (inverno) omais adequado para a cultura. Recomen-da-se a dose de 0,49 kg/ha de zinco paramaximizar a produtividade comercial.

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515Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Dentre os produtos mais importan-tes da floricultura mundial, as ro-

sas têm se destacado, movimentandovalores da ordem de dez bilhões de dó-lares anualmente (Guterman, 2002).Embora existam flutuações no rankingmundial das flores de corte mais vendi-das, a rosa sempre se posiciona entre astrês mais procuradas (Daudt, 2002).

A floricultura brasileira vem conquis-tando o mercado externo, com aumentode 30% no valor da exportação de seusprodutos em 2003, tendo o estado de SãoPaulo contribuído com 75% do valor daexportação total de US$20 milhões (San-tos & Kiyuna, 2004). O Brasil é um gran-de produtor de rosas de corte, atendendotanto o mercado externo como o interno,com grande potencial para aumento naprodução (Novaro, 2005).

A rosa apresenta boa facilidade decruzamentos, possibilitando gerar híbri-dos. O primeiro híbrido de rosa foi in-troduzido em 1867 e desde então mais

VILLAS BÔAS RL; GODOY LJG; BACKES C; LIMA CP; FERNANDES DM. 2008. Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campoe em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 26: 515-519.

Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo eem ambiente protegidoRoberto L Villas Bôas1; Leandro José G de Godoy2; Clarice Backes3; Claudinei Paulo de Lima3; Dirceu MFernandes1

1UNESP-FCA, Depto. Recursos Naturais, Ciência do Solo, C. Postal 237, 18610-907 Botucatu-SP (autor para correspondência);2UNESP-Unidade Diferenciada de Registro, R. Tamekishi Takano, 195, 11900-000 Registro-SP; 3Doutorandos UNESP-FCA;[email protected]

de 10.000 variedades têm sido obtidas.Atualmente no Centre for VarietyResearch, Holanda, cerca de 2.800 hí-bridos têm sido submetidos ao registrode proteção de cultivares e esse númerotem aumentado, em média, 80 varieda-des por ano (Esselink et al. 2003).

Os países que mais investem em pes-quisas para obtenção de novas variedadessão Holanda, Alemanha, Estados Unidose Colômbia, patrocinadas geralmente porempresas privadas (Casarini et al., 2004).Segundo estes mesmos autores, atualmen-te, as variedades de rosas são distinguidasprincipalmente pela coloração das péta-las, forma do botão, tamanho das hastes,produtividade (hastes m-2) e resistência àsdoenças. O comprimento da haste é umacaracterística especial na comercializaçãode rosas de corte devido ao aumento doseu valor comercial de acordo com seucomprimento (Casarini, 2004).

Os consumidores e principalmenteo mercado estrangeiro exigem quanti-

dade e qualidade das rosas produzidas.Desse modo é necessário conhecer osaspectos mais importantes da produção,sendo que no Brasil existem poucos da-dos científicos sobre técnicas de produ-ção de flores (Folegatti et al., 2001).

Dentre os tratos culturais envolvidos naprodução de rosas, a nutrição das plantasassume um papel muito importante. O es-tudo de necessidade de nutrientes em rosastem recebido atenção, pois é fundamentalpara conhecer as exigências em fertilizan-tes, que não provoquem aumento excessi-vo da condutividade elétrica do solo ou dosubstrato, promovendo equilíbrio adequa-do entre os nutrientes. Entretanto, para ela-borar uma solução contendo nutrientes emquantidades ideais é necessário conhecer aabsorção de cada elemento químico pelaplanta, relacionando-as com os fatoresambientais, substratos e características daespécie (Eymar et al., 1998).

Vale ressaltar que pode ocorrer umadiferença dentro da própria espécie, sen-

RESUMOForam avaliadas a exportação de nutrientes por cultivares de

rosas e as características que refletem qualidade em campo e am-biente protegido. O delineamento experimental foi inteiramentecasualizado, sendo os tratamentos constituídos por 15 e 12 cvs. emambiente protegido e em campo, respectivamente, com três repeti-ções. Cada unidade experimental foi constituída por duas plantas,sendo coletada uma haste por planta. Foram determinados o diâ-metro da haste e do botão floral, comprimento da haste, fitomassaseca e acúmulo de macro e micronutrientes pelas hastes colhidas.Plantas que apresentaram hastes com maior comprimento e diâme-tro apresentaram também maiores quantidades de nutrientes extra-ídos. Os nutrientes extraídos em maiores quantidades foram o N eo K. Com base na quantidade de nutrientes extraídos é possível quese faça o agrupamento de cvs. para estabelecer uma recomendaçãode fertilizantes para as cvs. com exigência nutricional semelhante.

Palavras-chave: Rosa sp., nutrientes, extração, flores.

ABSTRACTNutrients exportation and quality of rose cultivars in field

and in a protected environment

The nutrient exportation from rose cultivars and characteristicsthat reflect quality in the field and in a protected environment wereevaluated in this research. A completely randomized design wasadopted, and in the protected environment the treatment wasconstituted of 15 cvs. and in the field of 12, with three repetitions.Each experimental unit consisted of two plants, being collected onebranch per plant. Branches and flower bud diameter, branch length,dry matter and the macro and micronutrients contents in the brancheswere determined. Plants with greater length and diameter of branchesalso showed larger quantity of extracted nutrients. The nutrients takenin larger quantities were N and K. Based on the amount of extractednutrients, it is possible to establish groups of cvs. with similarnutritional requirement for the recommendation of fertilizers.

Keywords: Rosa sp., nutrients, extraction, flowers.

(Recebido para publicação em 8 de agosto de 2007; aceito em 24 de setembro de 2008)(Received in January 3, 2007; accepted in July 9, 2008)

516 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

do que cada variedade apresenta umanecessidade nutricional diferenciada.

Na prática, a adubação feita em rosatanto no campo como em cultivo prote-gido, segue um padrão, não havendoadubação específica para as cultivares,exceto quando ocorrerem deficiênciasobservadas visualmente na planta. Noentanto, observa-se que cultivares derosa, além de gerarem hastes de tama-nho diferenciado, também variam quan-to ao número de hastes por m2.

O objetivo deste trabalho foi avaliara exportação de nutrientes por cultiva-

res de rosas e características que refle-tem qualidade em campo e ambienteprotegido.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo consistiu da instalação dedois experimentos, em campo e em con-dições de ambiente protegido realizadosem Holambra II, distrito deParanapanema-SP.

No experimento em ambiente pro-tegido utilizou-se uma estufa geminadado tipo Arco com cobertura de

polietileno de baixa densidade (PEBD)transparente, com espessura de 0,15mm, aditivada contra raios ultravioletae difusor de luz.

O delineamento experimental utili-zado nos experimentos foi inteiramentecasualizado, sendo os tratamentos cons-tituídos por 15 cvs. de rosa em ambien-te protegido e 12 em campo, com trêsrepetições. Cada unidade experimentalfoi constituída por duas plantas, sendocoletada uma haste por planta.

As cultivares utilizados em ambien-te protegido foram Adventure, Água,Avalanche, Bugnat, Carola, El toro,Leônidas, Lipstique 1, Lipstique 2,Marlicie, Movistar, Osiana, Vegas,Virgínia e Wow. Em campo: Ambience,Carola, Dallas, Dolores, Lipstique,Miracle, Osiana, Racol, Texas, Tiresk,Vegas e Virgínia.

O sistema de plantio, tanto em estu-fa como em campo, foi em canteiros de0,15 m de altura, sendo as plantas espa-çadas de 0,10 m e 1,0 m entre linhas.

Essas cultivares foram fertilizadosatravés da fertirrigação, não havendodiferença na quantidade de fertilizanteaplicado em função de cada variedade.A fertirrigação constituiu de duas fór-mulas de fertilizantes específicas paraduas fases de cultivo, uma de formaçãoe outra de produção. Na fase vegetativaas quantidades de nutrientes aplicadasem g planta-1 ano-1 foram: 10 g de N,2,70 g de P, 10 g de K

2O, 2,70 g de Ca,

0,90 g de Mg, 1,30 g de S, 0,05 g de Zn,0,013 g de Cu, 0,2 g de Fe, 0,06 g deMn e 0,04 g de B. Na fase reprodutivaaplicou-se 20; 5,50; 20 e 5,40 g planta-1

ano-1 de N, P, K2O e Ca, respectivamen-

te, sendo que para os demais nutrientesutilizou-se a mesma quantidade da fasevegetativa. O manejo da irrigação foirealizado fixando a freqüência de irri-gação em dois dias.

No início do período de produção,os ramos basais foram podados para abrotação das hastes comerciais. No pon-to de corte, momento em que as floresestão fechadas, não cerradas, mas ape-nas começando a abrir, realizou-se ocorte de cada haste a partir do ponto debrotamento da mesma.

O comprimento da haste foi medidoentre o ponto de corte até a base do bo-tão utilizando uma régua graduada em

RL Vilas Bôas et al.

Tabela 1. Comprimento da haste, diâmetro do caule e botão e matéria seca das diferentescultivares de roseiras em cultivo protegido e em campo (branch length, stem and bud diameterand dry matter of different rose cultivars in field and protected environment). Botucatu,UNESP-FCA, 2007.

Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade(same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability).

517Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

centímetros; o diâmetro foi avaliado naparte média da haste e o botão na partebasal, ambos através de um paquímetrodigital graduado em milímetros.

Após realização dessas medidas, ashastes foram lavadas para a eliminaçãode resíduos de agrotóxicos e poeira,acondicionadas em sacos de papel e se-cas em estufa de circulação de ar força-da por 72 horas na temperatura de 65°C.Em seguida, o material foi pesado, de-terminada a fitomassa seca, moído eenviado para o laboratório da FCA paradeterminação da concentração de nu-trientes, de acordo com a metodologiamodificada de Malavolta et al. (1997).A quantidade de nutrientes extraídos porhaste foi calculada pelo produto dafitomassa seca e da concentração dosmesmos.

Os resultados foram submetidos àanálise de variância em cada experimen-to separadamente (ambiente protegidoe campo) e as médias comparadas utili-zando-se teste de Scott-Knott a 5% uti-lizando o programa Sisvar versão 4.6(Ferreira, 2003). As correlações foramfeitas pelo método de Pearson.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve diferença entre o comprimen-to da haste das cultivares avaliadas, sen-do que esses valores variaram de 45,7 a74,8 cm quando cultivadas em ambien-te protegido e de 50,9 a 70,8 cm quandocultivadas em campo (Tabela 1). Emambiente protegido, as cultivares queapresentaram maior comprimento dahaste foram Vegas, Movistar, Leonidas,Osiana, Marlice, Carola e Vírginia e emcultivo a campo: Dallas, Dolores, Vegas,Ambiance, Miracle e Osiana. Verificam-se em ambos os experimentos, que ascultivares com maior comprimento dahaste apresentam tamanho ideal ou pró-ximo ao ideal exigido pelo mercado (70cm) (Sebrae, 2006).

Casarini (2004) estudando a aplica-ção de N e K via fertirrigação em rosa,cultivar Versilha, observou que em to-dos os tratamentos os valores médios decomprimento de haste foram abaixo de50 cm, o que diminui o valor comercialda produção. Para a floricultura são ne-cessários produtividade e qualidade doproduto ofertado, sendo características

importantes no cultivo de rosas, o tama-nho e cor do botão, a durabilidade, alémdo diâmetro e comprimento da haste(Aguirre, 2002).

Observou-se que houve diferençaentre as cvs. quanto ao diâmetro da has-te nas duas situações de cultivo (Tabela1). Em ambiente protegido os maioresvalores foram encontrados em Leonidas,Adventure, Movistar, Osiana, Vegas,Virgínia, Bugnat e Lipistique 1. No cul-tivo em campo as cultivares Ambiencee Dallas apresentaram maiores diâme-tros da haste (9 mm). Para Aguirre

(2002) a nutrição de roseira deve serdiferenciada para cada cultivar, poiscultivares com haste de maior diâmetrorequerem maior quantidade de nutrien-tes. Este mesmo autor ressalta ainda aimportância das hastes de maior diâme-tro para aumento da durabilidade da florapós a colheita.

Houve correlação entre o diâmetroda haste e a quantidade demacronutrientes extraídos pela planta,demonstrando que cultivares com maiordiâmetro necessitam de maiores quan-tidades de nutrientes conforme observa-

Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido

Tabela 2. Extração de macronutrientes pelos diferentes cultivares de roseiras em cultivoprotegido e em campo (macronutrients extraction by different roses cultivars in a protectedenvironment and in the field). Botucatu, UNESP-FCA, 2007.

Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade(same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability).

518 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

ções de Aguirre (2002). Todas as corre-lações foram significativas a 1%, sendoque os valores de R2 para o cultivo pro-tegido foram de 0,77; 0,74; 0,77; 0,72;0,72 e 0,66 para N, P, K, Ca, Mg e S,respectivamente. Para o cultivo em cam-po foram observados os valores de R2:N = 0,92; P = 0,87; K = 0,84; Ca = 0,88;Mg = 0,87 e S = 0,95.

Para o cultivo em campo a cultivarCarola apresentou maior diâmetro de bo-tão (37,6 mm), quando comparada às de-mais, sendo que para essa mesma cultivarem ambiente protegido o diâmetro do bo-

Verifica-se que houve diferença en-tre as cultivares em relação às quanti-dades de macro e micronutrientes nashaste nos dois experimentos (Tabelas 2e 3). Em ambiente protegido a cultivarLeonidas apresentou maior acúmulo denitrogênio. Para os demaismacronutrientes, outras cultivares igua-laram-se estatisticamente.

Cabrera (2002) avaliando a cultivarBridal Wite sobre quatro porta-enxer-tos (R. manetti, R. x odorata, R. x Na-tal Briar e R. x Dr. Huey) verificou di-ferença entre as mesmas nos teores deP, K, Mg, Mn, Fe, B e Zn podendo des-sa forma influenciar na quantidade denutrientes extraídos pelas plantas, res-saltando a necessidade nutricional di-ferenciada, mesmo dentro da mesmaespécie.

No cultivo em campo, em geral, ascultivares Ambience e Dallas extraírammaiores quantidades dos nutrientes,correspondendo também às cultivaresque produziram maior fitomassa seca.

A extração média dosmacronutrientes (mg haste-1) pelas cul-tivares em ambiente protegido e emcampo foi: N (234) > K (177) > Ca (100)> P (26) > Mg (24) = S (24) e N (249) >K (205) > Ca (108) > P (27) > Mg (24)> S (22), respectivamente. Para os mi-cronutrientes a média em µg haste-1 nocultivo protegido foi: Mn (2,50) > Fe(1,70) > Zn (1,54) > B (0,40) > Cu(0,19). Em campo: Zn (1,22) > Fe (1,11)> Mn (0,99) > Cu (0,71) > B (0,41).

Os nutrientes mais exportados pelasplantas foram o N e K, que segundoCasarini et al. (2004) são os nutrientesexigidos em maiores quantidades pelasrosas, pois apresentam funções importan-tes e distintas no desenvolvimento daroseira. O nitrogênio é absorvido emmaior quantidade na fase de crescimen-to vegetativo quando a planta desenvol-ve mais massa foliar e reservas decarboidratos que posteriormente serãousados na formação de ramos basais, for-mando assim o esqueleto da roseira; já opotássio é absorvido em maior quantida-de na fase de desenvolvimento do botãofloral conferindo tamanho e coloração àspétalas (qualidade da floração).

A variação na quantidade de nutrien-tes absorvidos sugere que as cultivares

tão foi de 28,7 mm, resultado inferior aosvalores obtidos para Avalanche, Bugnat eLipstique 2 (Tabela 1). Casarini (2004)obteve valor médio de diâmetro de botãode 25,53 mm ao estudar a cultivar Versilha.

Verifica-se que ocorreu diferençaentre as cultivares para fitomassa secanos dois experimentos (Tabela 1). Ascultivares Leonidas, Movistar, Osiana,Vegas e Virgínia obtiveram maiorfitomassa seca quando comparadas àsdemais. Para o cultivo em campo as cul-tivares Ambience e Dallas apresentarammaiores valores de matéria seca.

RL Vilas Bôas et al.

Tabela 3. Extração de micronutrientes pelos diferentes cultivares de roseiras em cultivoprotegido e em campo (micronutrients extraction by different roses cultivars in a protectedenvironment and in the field). Botucatu, UNESP-FCA, 2007.

Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.(same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability).

519Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

devam receber adubações específicas.Se for dividido o maior valor de extra-ção pelo menor tem-se para cada nu-triente a variação máxima obtida entrecultivares foi de: N 2,6, P 3,0, K 2,9, Ca3,5, Mg 3,6 e S 2,9 vezes. Apesar dosvalores de extração serem maiores paraN e K, para Mg, nutriente em relaçãoao qual é muito comum de se observardeficiência em roseiras, as diferençassão maiores e uma complementação fo-liar com esse nutriente parece ser umaalternativa para as culturas.

Segundo Padilha (1999) a extraçãode nutrientes depende do tamanho daplanta (grande, médio e pequeno), ondeas maiores extraem as seguintes quanti-dades de N, P e K: 19,2; 5,5 e 20,9 gplanta-1 ano-1, respectivamente. Comuma produção de 54 hastes planta-1 ano-1,essas quantidades correspondem a 354mg haste-1 de N, 102 mg haste-1 de K e386 mg haste-1 de K. Verifica-se na Ta-bela 2 que a quantidade de N extraídapela cultivar Dallas em campo (343 mghaste-1) é semelhante à encontrado porPadilha (1999); entretanto as cultivaresLeonidas em ambiente protegido eAmbience em campo apresentaram va-lores maiores de N exportados, 392 e406 mg haste-1, respectivamente. Veri-fica-se também que as quantidades de Pe K extraídas pelas hastes foram infe-riores aos dados observados por Padilha(1999).

Em relação aos demais nutrientes, osníveis requeridos pela planta por ano são5,41; 1,71 e 1,30 0,04; 0,013; 0,194 e0,06 g planta-1 para Ca, Mg, S, B, Cu,Fe e Mn, respectivamente.

Considerando apenas a haste colhi-da e uma produção média de 100 hastespor m2 por ano, tem-se que a necessida-de mínima de fertilizante a ser aplicadaseria de 406 kg ha-1 de N, 105 kg ha-1 deP

2O

5, 413 kg ha-1 de K

2O, 180 kg ha-1 de

Ca, 44 kg ha-1 de Mg e 38 kg ha-1 de S.Tamimi & Matsuyama (1999) utilizan-

do a cultivar Odorata no Havaii verifi-caram uma remoção de 256,2 kg ha-1 deN, 30,0 kg ha-1 de P, 187,5 kg ha-1 de K,116,3 kg ha-1 de Ca, 26,0 kg ha-1 de Mge 21,1 kg ha-1 de S com uma densidadede 10 plantas por m2 gerando uma po-pulação de 61.775 plantas por hectare eprodução média de 30 hastes por plantapor ano.

Como não é possível estabeleceruma recomendação de fertilizantes paracada cultivar, uma solução seria o agru-pamento das cultivares em exigênciasdiferenciadas.

Com base na extração de nutrientespelas diferentes cultivares, as mesmaspoderiam ser agrupadas em quatro ca-tegorias de acordo com exigência nutri-cional: muito alta, alta, média e baixa.Em ambiente protegido: muito alta:Leonidas, Movistar e Vegas; alta: Caro-la e Virgínia; média: Adventure,Avalanche, Bugnat, Lipstique 1,Lipstique 2, Marlicie e Osiana; baixa:Água, El toro e Wow. Em campo: mui-to alto: Ambience e Dallas; alto:Lipstique, Osiana e Vegas; médio: Ca-rola, Dolores, Texas Tirex; baixo:Miracle, Racol e Virgínia.

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Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido

520 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

During the past few years fresh-cutproducts have grown rapidly both

in the foodservice sector and at the retaillevel. Focusing consumer convenience,they are prepared and handled aiming atoffer a fresh and healthy product (Moretti& Sargent, 2002). The obtaining of fresh-cut products involves many steps suchas cleaning, washing, trimming, coring,slicing, shredding, and other relatedoperations (Cantwell, 2000).

KLUGE RA; VITTI MCD; SASAKI FF; JACOMINO AP; MORETTI CL. 2008. Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treatedwith citric acid. Horticultura Brasileira 26: 520-523.

Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet rootstreated with citric acidRicardo A Kluge1; Maria Carolina D Vitti1; Fabiana F Sasaki1; Angelo P Jacomino2; Celso L Moretti3

1USP-ESALQ, Depto. Ciências Biológicas, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; 2USP-ESALQ, Depto. Produção Vegetal; 3 EmbrapaHortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]; [email protected]; [email protected];[email protected]; [email protected]

Fresh-cut business is an activityshowing exponential increase in manycountries, especially in largemetropolitan areas, such as São Paulo,one of the biggest cities in Brazil, wheresupermarkets sell around US$ 4 millionof fresh-cut products monthly,considering both fruits (54%) andvegetables (46%) (Rojo & Saabor, 2002).

In general, fresh-cut products have ashort shelf life, which is mainly due to the

mechanical stresses. In the cut surface,cells and membranes are damaged leadingto alterations in the whole tissuemetabolism. Many authors have observedincreasing in carbon dioxide and ethyleneevolution (Brecht, 1995; Moretti et al.,2000, 2002a), water loss (Moretti &Sargent, 2000), alterations in flavor andaroma (Moretti et al., 2002b), decline inlevels of nutrients such as ascorbate (Gilet al., 2006), development of off-odors

ABSTRACTBeet roots cv. Early Wonder were graded for firmness, color and

size, and were peeled inside a cold room (10°C). Roots were thenshredded (2 mm thick), sanitized for 6 minutes (NaClO/200 mg L-1),rinsed and centrifuged. Fresh-cut beet roots were then treated for 5minutes with citric acid in the following concentrations: 0 (control),500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1. The material was centrifugedagain, placed in trays, wrapped with PVC plastic film, and stored at5°C and 85-90% HR for 10 days. Every two days, treatments wereanalyzed for respiratory activity and betacyanin and betaxanthincontents. The application of citric acid caused the reduction ofrespiratory rate in the fresh-cut tissue. In the second day of storage,control showed the highest respiratory activity among treatments,reaching around 77 mL CO

2 kg-1 h-1. Citric acid solution dips in a

concentration higher than 500 mg L-1 contributed to a decrease inrespiratory activity and no peak in CO

2 evolution was observed. There

were significant differences among all treatments during the storageperiod for the contents of betacyanin, which were around 40; 45; 48;51 and 55 mg 100 g-1 for the fresh-cut material treated with 0; 500;1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric acid, respectively. Also, levelsof betaxanthin were around 25; 29; 33; 35 and 39 mg 100 g-1 for thematerial treated with 0; 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citricacid, respectively. The application of citric acid after minimalprocessing apparently have the ability to reduce respiratory rate andthe degradation of pigments, which contributes to extend the shelflife of the fresh-cut product.

Keywords: Beta vulgaris L., respiration, betacyanin, betaxanthin,minimal processing.

RESUMOAtividade respiratória e metabolismo dos pigmentos de

beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico

Beterrabas ‘Early Wonder’ foram selecionadas quanto à firme-za, cor e tamanho e descascadas em câmara fria (10ºC). As raízesforam cortadas (2 mm de espessura), sanitizadas, enxaguadas ecentrifugadas. As beterrabas foram tratadas com ácido cítrico nasconcentrações: 0 (controle), 500; 1000; 1500 e 2000 mg L-1. O pro-duto foi novamente centrifugado, colocado em bandejas envoltascom filme de PVC e armazenado a 5ºC e 85-90% de umidade relati-va durante 10 dias. A cada dois dias, foram avaliados a atividaderespiratória e os teores de betacianina e betaxantina nos tratamen-tos. A aplicação de ácido cítrico nas diferentes concentrações redu-ziu a taxa respiratória nos tecidos minimamente processados. Nosegundo dia de armazenamento, o tratamento controle apresentou amaior atividade respiratória alcançando valores próximos a 77 mLCO

2 kg-1 h-1. A aplicação de ácido cítrico igual ou maior a 500 mg L-1

contribuiu para o decréscimo da atividade respiratória e o pico naevolução de CO

2 não foi observado. Foi verificada diferença signi-

ficativa entre os tratamentos durante todo o armazenamento para osteores de betacianina, tendo sido observados valores ao redor de 40;45; 48; 52 e 55 mg 100 g-1 para os produtos tratados com 0; 500;1.000; 1.500 e 2.000 mg L-1, respectivamente. Os níveis debetaxantina para beterrabas minimamente processadas foram ao re-dor de 25; 29; 33; 35 e 39 mg 100 g-1 para os tratamentos de 0; 500;1.000; 1.500 e 2.000 mg L-1, respectivamente. A aplicação de ácidocítrico é sugerida durante o processamento mínimo como forma dereduzir a taxa respiratória e a degradação de pigmentos, contribuin-do assim para o aumento da vida de prateleira de produtos minima-mente processados.

Palavras-chave: Beta vulgaris L., betalaína, betacianina,betaxantina, processamento mínimo.

(Recebido para publicação em 27 de março de 2008; aceito em 31 de outubro de 2008)(Received in March 27, 2008; accepted in October 31, 2008)

521Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

(Beaulieu, 2006), and increase in theactivity of enzymes related to enzymaticbrowning, e.g., phenylalanine-ammonia-lyase (PAL), polyphenol oxidase (PPO) andperoxidase (POD) (Degl’Innocenti et al.,2005). Kato-Noguchi & Watada (1997)observed that respiratory activity of fresh-cut carrots was drastic reduced by theaddition of citric acid, which is related tothe inhibition of phosphofrutokinase, whichcatalyzes the phosphorilation of fructose 6-phosphate into fructose 1,6-bisphosphate,in the glycolitic pathway of the respiratorymetabolism.

Among many fruit and vegetablecrops that are being processed in Brazil,beet roots are increasing in importance.They are pink-reddish in color due tothe presence of a group of pigmentsnamed betalain, which wasmisdesignated as anthocyanin due to thepresence of nitrogen in their molecule.These pigments were soluble in waterand are divided in two groups:betacyanin (related with the red color)and betaxanthin (related with the yellowcolor). These two groups of pigmentsare present in beet roots and are involvedwith the characteristic color of thisvegetable crop (Fenema, 1995).

One of the main technologicalproblems found by processors dealingwith fresh-cut beet roots is thesignificant discoloration anddehydration of the minimally processedmaterial. Washing and rinsingoperations carried out after slicing havefavored the loss of betacyanin andbetaxanthin, since these pigments aresoluble in water (Nilson, 1970).

The factors mentioned above, theeconomical importance of this vegetablecrop, as well as the lack of informationin the consulted literature regarding thestudy of fresh-cut beet roots focusingpigments degradation, the present workwas carried out aiming to study theeffects of citric acid in the respiratoryactivity and in the content of betalain infresh-cut beet roots.

MATERIAL AND METHODS

Beet roots cv. Early Wonder wereobtained from a local grower inPiracicaba, São Paulo State, Brazil, andtaken to the postharvest laboratory.

Roots were graded for firmness, colorand size.

Roots were peeled inside a coldchamber (10±1°C) and immersed incold water (5±0,5°C) for 2 minutes toreduce the abrasion stress. Roots werethen shredded (2 mm thick), sanitizedfor 6 minutes (NaClO/200 mg L-1) inorder to reduce the risks ofmicrobiological contamination, andrinsed for 1 minute (3 mg L-1 freechlorine) to remove chlorine in excess.The fresh-cut material was centrifugedat 2,200 rpm for 1 minute to remove thewater excess.

Fresh-cut beet roots were then treatedfor 5 minutes with citric acid in thefollowing concentrations: 0 (control,immersion in water), 500; 1,000; 1,500 and2,000 mg L-1. The material was centrifugedagain in the same conditions mentionedabove. Minimally processed beet rootswere placed in trays and wrapped with PVCplastic film, 14 mm thick, and stored at 5°Cand 85-90% RH for 10 days.

Every two days, the treatments wereanalyzed for respiratory activity andbetacyanin and betaxanthin contents.For the respiratory activity analysis, 180g of fresh-cut beet roots were placed ina hermetic sealed jar (0,6 L), which wastightly closed and stored at 5C for 1 hour.Air samples were taken from the glassjars using a syringe and the respiratoryactivity was analyzed in a CO

2 analyzer.

Betacyanin and betaxanthin weredetermined according to Kluge et al.

(2006). Two grams of the previous frozensamples were grinded with 5 mL ofdistilled water. The homogenate wasplaced in tublets and centrifuged (15,000rpm) at 4°C for 40 minutes. One mL ofthe supernatant was added to 24 mL ofdistilled water in test tubes. The solutionwas then homogenized in a Vortex andabsorbance was read at 476, 538 and 600nm.

Calculations were carried outaccording to the following equations: x= 1,095 (a-c); y = b-z-x/3.1; and z = a-x, where: a = absorbance at 538 nm; b =absorbance at 476 nm; c = absorbanceat 600 nm; x = absorbance ofbetacyanin; y = absorbance ofbetaxanthin; and z = absorbance ofimpurities.

Analyses were performed using acompletely randomized design, with 30treatments arranged in a factorialscheme (five concentrations of citricacid and 6 sampling times), with 5replications. Data were subjected toanalysis of variance and the leastsignificance difference (Fisher L.S.D.)procedure was carried out. Differencesbetween any two treatments larger thanthe sum of two standard deviations werealways significant (pd<0.05).

RESULTS AND DISCUSSION

The application of citric acid indifferent concentrations caused thereduction of CO

2 evolution in the fresh-

Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acid

Figure 1. Respiratory activity of fresh-cut beet roots treated with citric acid and stored at5°C for 10 days. Vertical bars represent ±SD. (atividade respiratória de beterrabas minima-mente processadas tratadas com ácido cítrico e armazenadas a 5°C por 10 dias. Barras ver-ticais representam o desvio padrão da média). Piracicaba, ESALQ, 2007.

522 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

cut tissue (Figure 1). In the second dayof storage, control showed the highestrespiratory activity among treatments,reaching around 77 mL CO

2 kg-1 h-1.

After the fourth day of storage, carbondioxide evolution of the untreated tissuestabilized around 30 mL CO

2 kg-1 h-1,

but remained continuously higher thanbeet root treated with 1,000 to 2,000 mgL-1 of citric acid (Figure 1).

A citric acid application higher than500 mg L-1 contributed to a decrease inrespiratory activity and no peak in CO

2

evolution was observed (Figure 1). Afterthe second day of storage, carbondioxide evolution stabilized at 25; 18;10 and 3.5 mL CO

2 kg-1 h-1 for 500,

1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citricacid treatment, respectively.

Results are similar to the findings ofKato-Noguchi & Watada (1997) whoobserved that the respiratory activity offresh-cut carrots was reduced whencitric acid concentration was increased.The peak in CO

2 evolution verified in

the untreated material was probablyrelated to the stress occurred by the timeof processing, which caused a disruptionin cell tissues, allowing respiratorysubstrates reaction with their respectiveenzymes. This kind of result in minimallyprocessed beet root no treated with citricacid was also observed by Vitti et al.(2003). In treated beet roots the stress wasreduced as the concentration of citric acidincreased. On the other hand, immersionin citric acid solutions caused probably areduction in the activity ofphosphofrutokinase, with subsequentreduction in the synthesis of pyruvic acidin the glycolysis pathway (Kato-Noguchi& Watada, 1997). The subsequentreduction in the respiratory activityobserved in the untreated material afterthe fourth day was probably related tothe self-regulation of the respiratoryactivity due to the high production of ATP(Purvis,1997).

There were significant differencesamong treatments during the storage

period for the contents of betacyanin,which were around 40; 45; 48; 51 and55 mg 100 g-1 for the fresh-cut materialtreated with 0; 500; 1,000; 1,500 and2,000 mg L-1 of citric acid, respectively(Figure 2A). On the other hand, thelevels of betaxanthin in fresh-cut beetroots were around 25; 29; 33; 35 and 39mg 100 g-1 for the material treated with0; 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1

of citric acid, respectively (Figure 2B).

Nilson (1973) observed the contentof betacyanin and betaxanthin is cultivardependent, and the levels of thesepigments are around 45 to 210 and 20to 140 mg 100 g-1, respectively. Thus,due to the processes of sanitation andrinsing, there is a significant loss of colorin the fresh-cut material. The immersionin citric acid solutions or otherantioxidant appears to protect the tissueagainst pigment degradation. As theconcentration of the citric acid solutionincreased, the pigment loss decreased(Figure 2). Salgado (1997) verified thattreatments with an antioxidant, such asascorbic acid, increased the stability ofbetalain in beet roots. The authorsuggested that 400 mg L-1 was the bestconcentration to prevent pigmentdegradation. The combination of citricand ascorbic acids had no synergisticeffect in preventing pigmentdegradation when compared to theapplication of one antioxidant alone(Attoe & Elbe, 1985).

According to our results, it issuggested that the application of citricacid after minimal processing have theability of reducing carbon dioxideevolution and minimizing thedegradation of pigments, whichcontributes to extend the shelf life of thefresh-cut product.

ACKNOWLEDGEMENTS

The authors thank to FAPESP(Fundação de Amparo à Pesquisa doestado de São Paulo) for providingfinancial resource for the execution thisexperiment (proc. no 01/00750-2).

REFERENCES

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Figure 2. Betacyanin (A) and betaxanthin (B) content of fresh-cut beet roots treated withcitric acid and stored at 5°C for 10 days. Vertical bars represent ±SD. (conteúdo de betacianina(A) e betaxantina (B) de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico earmazenadas a 5°C por 10 dias. Barras verticais representam o desvio padrão da média).Piracicaba, ESALQ, 2007.

RA Kluge et al.

523Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

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524

página do horticultor / grower's page

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

A alface (Lactuca sativa L.) destaca-se por ser a principal hortaliça

folhosa comercializada no Brasil, maiorprodutor da América do Sul, com umaárea cultivada de aproximadamente 30mil ha e uma produção de 311 mil tone-ladas. Estima-se que o agronegócio daalface atinja aproximadamente R$ 2,1bilhões/ano (Sakate et al., 2002; Sala,2004). Os estados de São Paulo e Mi-nas Gerais são os responsáveis pelamaior parte da produção (IBGE, 2004).

A necessidade de se produzir horta-liças de alta qualidade, com planejamen-to da produção agrícola e redução doscustos por unidade de produção, temlevado a um aumento do uso do cultivoprotegido para a produção de oleráceas.A decisão da implantação em cultivoconvencional (sem cobertura plástica)ou protegido depende da análise dasvantagens e desvantagens de cada sis-tema.

RODRIGUES IN; LOPES MTG; LOPES R; GAMA AS; MILAGRES CP. 2008. Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus. HorticulturaBrasileira 26: 524-527.

Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus1

Isac N Rodrigues2; Maria Teresa G Lopes2; Ricardo Lopes3; Aildo da S Gama4; Christiano P Milagres2

2UFAM-FCA, Mini Campus, Av. Gal Rodrigo Otávio, 3000, 69077-000, Manaus-AM; 3Embrapa Amazônia Ocidental, C. Postal 319,69011-970 Manaus-AM 4Escola Agrotécnica Federal de Manaus, Av. Alameda Cosme Ferreira, 8045, 69083-000 Manaus-AM;[email protected]

Na região amazônica as condiçõesclimáticas causam consideráveis perdaspara os agricultores. As chuvas torren-ciais em certos meses do ano danificamas plantas e a alta umidade relativa doar e do solo proporcionam um ambientefavorável à proliferação de fungos ebactérias, o que provoca uma reduçãosignificativa na produção e na qualida-de das hortaliças. O cultivo protegido éa alternativa tecnológica que vem dimi-nuindo a lacuna na produção de hortali-ças no estado do Amazonas. Este tipode cultivo pode aumentar o período decolheita e a produtividade, garantir aprodução em praticamente qualquerépoca e fornecer produtos com qualida-de para atender à demanda do mercadolocal, promovendo o desenvolvimentoagrícola e a geração de renda na região(Sganzerla, 1995).

A alface é uma planta de climasubtropical e, em temperaturas entre 12

e 22ºC produz folhas de melhor quali-dade. Temperaturas acima de 20ºC fa-vorecem a emissão do pendão floral coma interrupção da fase vegetativa. O pro-duto torna-se impróprio para consumoe comercialização, devido à ocorrênciade sabor amargo das folhas, em funçãodo acúmulo de látex (Filgueira, 2003).Temperaturas elevadas associadas agrande pluviosidade, favorecem a inci-dência de doenças (Radin et al., 2004;Jackson et al., 2005; Sanders, 2005).Existe escassez de cultivares melhora-das especificamente para ambientes comtemperatura elevada dificultando a di-fusão dos plantios de alface (Silva et al.1999). Para a maioria das cultivares, astemperaturas mínima e máxima tolerá-veis situam-se entre 6 e 300C (Mota etal., 2003; Radin et al., 2004).

Em cultivo protegido, a alface apre-senta alta produtividade e o produtopossui qualidade e boa aceitação no

RESUMONa avaliação de cultivares de hortaliças, os rendimentos médios

mais elevados nos ensaios de competição, associados a fatores dequalidade, são utilizados como critérios de recomendação para plan-tio. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as cultivares dealface Frisella, Deisy, Tender Green, Lollo Bionda, Itapuã 401,Marisa, Verônica, Banchu New Red Fire e Hortência nas condiçõesclimáticas da região de Manaus, sob cultivo protegido e a campo.Foram avaliadas as características: massa fresca total, massa frescacomercial, diâmetro da cabeça e altura. As cultivares de alface Marisa,Itapuã 401 e Hortência são opções mais adequadas para o cultivoprotegido e a campo na região, incluindo-se para o cultivo a campoa cultivar Verônica, a qual apresentou a melhor produção na avalia-ção realizada neste ambiente.

Palavras-chave: Lactuca sativa, cultivo protegido, Amazônia.

ABSTRACTPerformance of lettuce cultivars in Manaus region

In the evaluation of vegetable cultivars, the high average yieldin the competition assays associated to quality factors are utilized ascriteria to recommend cultivars. In the present work we evaluatedthe lettuce cultivars Frisella, Deisy, Tender Green, Lollo Bionda,Itapuã 401, Marisa, Verônica, Banchu New Red Fire and Hortênciaunder the climatic conditions of the region of Manaus, under protectedand conventional cultivation. The evaluated characteristics were: totaland commercial weight, plant diameter and height. The lettucecultivars Marisa, Itapuã 401 and Hortência presented higherproduction in both environments adding Verônica with bestproduction under conventional cultivation.

Keywords: Lactuca sativa L., protected-cultivation, Amazon.

(Recebido para publicação em 3 de janeiro de 2007; aceito em 9 de julho de 2008)(Received in January 3, 2007; accepted in July 9, 2008)

1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Agronomia Tropical (FCA-UFAM), financiado pela FAPEAM.

525Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

mercado. Vários trabalhos apresentamresultados superiores de produção e qua-lidade em cultivo protegido comparadocom a produção em cultivo sem prote-ção, ou seja, a campo (Nunes, 1986;Cardoso & Lourenço, 1990; Dantas &Escobedo, 1998; Radin et al., 2004).

No município de Iranduba-AM, opimentão é cultivado continuadamente namesma área, ocasionando sérios proble-mas em relação ao ataque de pragas edoenças (Gama, 2004). A alface pode seruma alternativa interessante para os pro-dutores de pimentão na rotação de cultu-ras em ambiente protegido, podendo di-minuir a incidência de doenças e pragas.

As cultivares de alface devem seravaliadas nas condições específicas nasquais serão plantadas em larga escala.Uma boa cultivar deve apresentar, emdiferentes condições de ambiente, altaprodutividade e qualidade. Partindo des-se pressuposto, o presente trabalhoobjetivou caracterizar, sob condiçõesclimáticas da região de Manaus, culti-vares de alface desenvolvidas em outrasregiões para identificar as que apresen-tam potencial para cultivo local.

MATERIAL E MÉTODOS

Cultivares de alface foram avaliadasa campo e em cultivo protegido tipocapela, com 6 m de largura por 30 m decomprimento, com altura do pé direitode 2,8 m, abertas nas laterais e cobertacom polietileno transparente de 100 mmde espessura.

O experimento sob cultivo protegi-do foi conduzido em área de produtor,na Fazenda Amazônia, município deIranduba-AM, de novembro a dezem-bro de 2004. As temperaturas médiasmínima e máxima próximas às plantasvariaram de 24,5 a 32ºC. A amostra dosolo apresentou o pH (H

2O) de 5,05;

256,84 g kg-1 de matéria orgânica; 179mg dm-3 de P; 497 mg dm-3 de K; 87 mgdm-3 de Na; 2,10 cmol

c dm-3 Ca e 1,10

cmolc dm-3 Mg; 5,44 cmol

c dm-3 acidez

potencial; 9,91 cmolc dm-3 capacidade de

troca de cátions; saturação por bases45,1%. Com base na análise química desolo, efetuou-se a calagem, dois mesesantes do plantio, para elevar a satura-ção por bases a 70%. Foram instaladasmangueiras de irrigação por aspersão

para acelerar a solubilização do calcárioe, posteriormente, construídos canteirosde 1,20 m de largura, 0,30 m de altura.Na adubação de base foi usado 1,0 kgm-2 de esterco de galinha curtido. Fo-ram realizadas adubações de cobertura,aos 10 e aos 20 dias após transplantiodas mudas, com uréia 0,1% em aduba-ção foliar na água de irrigação.

O experimento a campo foi condu-zido em área de produtor, no Sítio SãoMiguel Arcanjo, em Manaus-AM, deagosto a setembro de 2004. As tempe-raturas médias máxima e mínima pró-ximas às plantas variaram de 24 a 31ºC. A amostra do solo apresentou as se-guintes características químicas: pH(H

2O) de 4,9; 33,10 g kg-1 de matéria

orgânica; 144 mg dm-3 de P; 60 mg dm-3

de K; 18 mg dm-3 de Na; 2,14 cmolc dm-

3 Ca e 0,15 cmolc dm-3 Mg; 6,04 cmol

c

dm-3 acidez potencial; capacidade de tro-ca de cátions 8,48 cmol

c dm-3; saturação

por bases 28,7%. Com base na análisequímica de solo, efetuou-se a calagem,dois meses antes do plantio, para elevara saturação por bases a 70%. Como adu-bação de base utilizou-se 23,80 g m-2 decloreto de potássio, 63,50 g m-2 desuperfosfato simples e 2,0 kg m-2 de es-terco de galinha curtido. Os canteirosforam construídos com 1,20 m de lar-gura, 0,30 m de altura. Para adubaçãode cobertura aplicou-se a mesma do cul-tivo protegido (uréia 0,1% em aduba-ção foliar na água de irrigação).

Foi empregado o delineamento esta-tístico de blocos casualizados com trêsrepetições e parcelas compostas de trêsfileiras com 7 plantas cada emespaçamento de 30 x 30 cm, sendo as li-nhas externas consideradas comobordadura. As mensurações foram reali-zadas apenas na fileira central (parcelaútil). Foram avaliadas nove cultivares dealface crespa: Frisella, Tender Green,Lollo Bionda, Itapuã 401, Marisa,Verônica, Banchu New Red Fire,Hortência e Deisy. A cultivar Deisy nãofoi avaliada no experimento a campo.

As mudas foram produzidas em vi-veiro com tela antiafídeo utilizando ban-dejas de 128 células e substrato comer-cial Plantmax HT®. O transplantio demudas foi realizado aos vinte dias após osemeio, quando as mudas apresentavampelo menos quatro folhas definitivas.

O controle fitosanitário nos dois sis-temas de cultivo foi realizado por meiode pulverizações preventivas comoxicloreto de cobre (50 g 20 L-1 água),imidacloprid (6 g/20 L de água),thiacloprid (4 mL/20 L de água). Foirealizada uma aplicação de imidaclopridlogo após o transplantio e uma comthiacloprid 15 dias após a aplicação deimidacloprid. Foram realizadas duasaplicações com oxicloreto de cobre aos8 e 16 dias após o tansplantio. Na irri-gação dos dois experimentos, utilizou-se o sistema por gotejamento com fitagotejadora auto compensado com emis-sores espaçados de 0,30 m, vazão de 1,6L h-1, com dois emissores por planta eágua obtida de poço artesiano. O mane-jo da irrigação foi realizado diariamen-te a fim de elevar a umidade do solo àcapacidade de campo, permitindo-se avariação da tensão dentro da faixa deumidade facilmente disponível, ou seja,aproximadamente 5 kPA. Quando atin-gia de 10 a 20 kPa reiniciava nova irri-gação, conforme descrito por Trani &Carrijo (2004).

A colheita foi realizada aos 49 e 58dias após a semeadura em cultivo pro-tegido e a campo, respectivamente,quando as plantas apresentaram o má-ximo de desenvolvimento vegetativo naformação da roseta, exceto para LolloBionda e Frisella que apresentaramavançada fase reprodutiva em ambos osexperimentos. O período da colheita foideterminado visualmente a partir daexperiência dos agricultores locais queconsideram as exigências do mercado,plantas com máximo de crescimentovegetativo e que apresentam sabor agra-dável (não amargo).

Foram avaliados a massa fresca mé-dia total; (massa fresca média da plantacompleta (caule, raiz e folhas), em gplanta-1 (MT)); massa fresca comercial(massa fresca da planta após retirada daparte não comercializável (região do sis-tema radicular e das folhas externascontendo manchas e injúrias), em g plan-ta-1 (MC)); diâmetro da planta (maiordistância entre extremidades da planta,em cm planta-1 (DP)) e altura da planta(distância do solo até a parte mais altada planta, em cm planta-1 (AP)).

Foram realizadas análises devariância individual dos experimentos e

Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus

526 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

as médias comparadas pelo teste deTukey, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na colheita, 100% das plantas dascultivares Lollo Bionda e Frisella, tan-to no cultivo protegido como a campo,apresentaram avançado estágio da fasereprodutiva. No experimento em culti-vo protegido (Iranduba-AM), aos 31dias após o semeio, e no campo(Manaus-AM), aos 36 dias após o se-meio, observou-se alongamento da hastee paralisação do desenvolvimento dasfolhas ponteiras (indícios de

pendoamento precoce). Portanto, estascultivares podem ser considerados nãoadaptadas às condições de cultivo utili-zadas.

No cultivo protegido (Iranduba-AM), todas as plantas das parcelas dacultivar Tender Green apresentaramqueima nos bordos das folhas. Tempe-raturas muito elevadas podem provocar,em cultivares de alface mais sensíveis,uma desordem fisiológica conhecidacomo “tipburn”, sensibilidade que com-promete a absorção de cálcio pela plan-ta causando sintoma de queima nos bor-dos das folhas (Beninni et al., 2003). Nocultivo protegido não se verificou plan-

tas com a ocorrência de pragas ou doen-ças que comprometesse a qualidade co-mercial, em virtude dos pequenos da-nos se localizarem em folhas externas.Com exceção das cultivares TenderGreen, Lollo Bionda e Frisella, todas asdemais apresentaram ausência dependoamento, queima nos bordos dasfolhas e de injúrias ocasionadas por ata-que de insetos e doenças.

Na colheita a campo (Manaus-AM),folhas de algumas plantas isoladas con-tendo lesões foram analisadas no labo-ratório de Fitopatologia da UFAM. De-tectou-se a presença de cercosporiose(Cercospora longissima), doença queocorre geralmente no final do ciclo dacultura. Porém, não houve considerávelperda na qualidade e no rendimento dasplantas que comprometesse a qualida-de comercial. Com exceção das culti-vares Lollo Bionda e Frisella, todas asdemais apresentaram ausência de injú-rias consideráveis ocasionadas por ata-que de insetos e doenças e dependoamento.

No cultivo protegido o efeito dascultivares foi significativo para todas ascaracterísticas. As cultivares mais pro-dutivas, considerando massa fresca to-tal (MT) e massa fresca comercial (MC),foram Marisa (318,3 g e 278,9 g), Itapuã401 (305,5 g e 269,7 g), Hortência(292,4 g e 259,0 g) e Tender Green(277,1 g e 256,1 g), com valores supe-riores a cultivar Verônica (232,8 g e201,1g), a mais cultivada pelos produ-tores locais (Tabela 1). Contudo, no casodo MT, as diferenças entre as médias dascultivares mais produtivas e Verônicanão foram estatisticamente significati-vas. A MC das cultivares Marisa eVerônica foram superiores aos relatadospor Faria Junior et al. (2000), em culti-vo protegido, no estado de São Paulo,142,7 g e 130,2 g, respectivamente, in-dicando que algumas cultivares de alfa-ce desenvolvidas em outras regiões po-dem apresentar boa adaptação às con-dições da região de Manaus. A cultivarMarisa apresentou maior média (20,9cm) para altura de planta (AP), porémestatisticamente diferente apenas da cul-tivar Banchu New Red Fire (14,85 cm),que apresentou a menor AP. O maiordiâmetro de planta (DP) foi a cultivarItapuã (39,4 cm), diferente estatistica-

Tabela 1. Massa fresca comercial (MC), Massa fresca total (MT), altura (AP) e diâmetro(DP) de nove cultivares de alface crespa cultivados em cultivo protegido (commercial weight(MC), total weight (MT), plant height (AP) and diameter (DP) of nine lettuce cultivarsunder protected cultivation). Manaus, UFAM, 2004.

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05(means followed by same letter in the column did not differ from each other by the Tukeytest, p<0,05).

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05(means followed by same letter in the column did not differ from each other by the Tukeytest, p<0,05); *Dados transformados para log x (data transformed in log x).

Tabela 2. Massa fresca comercial (PC), Massa fresca total (PT), altura (AP) e diâmetro(DP) de oito cultivares de alface crespa cultivados a campo (commercial weight (MC), totalweight (MT), height (AP) and diameter (DP) of eight lettuce cultivars, cultivated in thefield). Manaus, UFAM, 2004.

IN Rodrigues et al.

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mente apenas das cultivares BanchuNew Red Fire (30,1 cm), Frisella (26,9cm) e Lollo Bionda (19,8 cm).

No experimento a campo o efeito dascultivares foi significativo apenas paraa variável DP. Os coeficientes de varia-ção variaram de 11,83% (DP) a 41,17%(MT) (Tabela 2). Devido à baixa preci-são experimental verificada na avalia-ção a campo (alto CV), o teste de mé-dias não foi eficiente nesse ambiente,sendo diferenciadas estatisticamenteapenas as médias da característica DP(Tabela 2). Para essa variável a maiormédia foi da cultivar Itapuã 401 (27,73cm), contudo, diferindo estatisticamen-te apenas das médias das cultivaresFrisella (17,11 cm) e Lollo Bionda(13,60 cm). A cultivar Verônica apresen-tou MT (104,6 g), PC (96,7 g) e AP (17,1cm) associados a alto DP (26,2 cm).

Os resultados demonstram que de-vido ao pendoamento precoce, as culti-vares Lollo Bionda e Frisella não seadaptam às condições climáticas predo-minantes na região de Manaus e as cul-tivares Marisa, Itapuã 401 e Hortênciasão boas opções para o cultivo na re-gião, tanto para cultivo protegido noperíodo seco como a campo no períodochuvoso. Além de ser tradicionalmenteplantado pelos horticultores locais, acultivar Verônica revelou maior rustici-dade e adaptação a períodos de intensaprecipitação. Assim, ainda se apresentacomo melhor opção para cultivo con-vencional, pois possui também grandeaceitação no mercado local.

Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus

Em geral, as cultivares que se adap-tam ao clima da região de Manaus, tor-nam-se impróprias para o consumo de-pois de 48 a 50 dias após a semeaduraem cultivo protegido nos meses de agos-to, setembro e outubro, e depois de 57 a60 dias no cultivo a campo nos mesesde novembro, dezembro e janeiro, en-quanto as cultivares não adaptadas têmo período total correspondente à fasevegetativa muito curto, aproximada-mente de 20 a 25 dias a menos. Compa-rativamente, na avaliação de desempe-nho das cultivares adaptadas, conside-ra-se como superiores aquelas que atin-gem em menor tempo o maior peso co-mercial, mantendo sabor agradável.

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528 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

A roseira (Rosa sp) pertencente à fa-mília Rosácea é cultivada desde os

tempos remotos. Seu hábito de crescimen-to pode ser ereto, trepador ou reptante; asfolhas são dispostas de forma alternada eas flores podem ocorrer de forma solitáriaou em cacho, sendo o fruto do tipo aquênio(Folegatti et al., 2001; Barbosa, 2003).

A roseira sempre desempenhou papelde destaque entre as plantas ornamentais,sendo hoje uma das floríferas mais apre-ciadas no mundo (Folegatti et al, 2001;Seagri, 2002; Salagnac, 2003). O merca-do mundial de flores e plantas ornamen-tais está em plena expansão e tem comoprincipal exportador a Holanda, seguidapela Colômbia e pela Itália. O Brasil temparticipação pouco expressiva no merca-do mundial, mas esta participação vem seexpandindo ao longo dos anos(Matsunaga, 1995; Rego et al., 2004).

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Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividadede roseiras cultivadas em vasoThales VA Viana1; Alexandre M Alves2; Valdemício F de Sousa3; Benito M de Azevedo4; Raquel AparecidaFurlan5

1UFC-Depto. Eng. Agrícola, C. Postal 12168, 60455-970 Fortaleza-CE; 3Embrapa Meio Norte, C. Postal 01, 64006-220 Teresina-PI;4UFC-DENA; 2Mestrando UFC; 5bolsista CNPq; [email protected]; [email protected]; [email protected]

No Ceará, a floricultura vem se des-tacando nos últimos anos, principalmen-te nas regiões serranas que proporcio-nam um clima favorável ao desenvolvi-mento de diversas culturas, dentre elasa roseira. O Estado começou a desper-tar para a produção comercial de rosasprincipalmente na região da serra daIbiapaba, onde empresas de grande porteestão sendo instaladas, proporcionandoum crescimento significativo desta ati-vidade (Seagri, 2002).

O número de plantas por recipienteinfluencia a disponibilidade de água enutrientes para as plantas. Normalmente,nos recipientes com menor densidade deplantas observa-se melhor arquitetura dosistema radicular (Parviainen, 1981),maior volume de raízes, melhor absorçãode nutrientes e obtenção de plantas vigo-rosas com melhor qualidade. Entretanto,

menores densidades de planta implicamem maiores custos para os produtores e,normalmente, em menores produtividadespor área (Bezerra, 2003).

O maior número de plantas por vasoresulta em menor crescimento e vigor,por restringir o desenvolvimento do sis-tema radicular (Bezerra, 2003). Nesmith& Duval (1998) relatam que a restriçãodas raízes afeta o crescimento, afotossíntese, o teor de clorofila nas fo-lhas, a absorção de água e nutrientes, arespiração, o florescimento e até a pro-dução. Além disso, a maior quantidadede raízes em recipiente com pequenacapacidade volumétrica, contribui paraa redução do espaço poroso.

Segundo Costa et al. (2005), a dre-nagem consiste na retirada do excessode água do solo a uma taxa que permitauma exploração econômica das cultu-

RESUMOO cultivo de flores no estado do Ceará vem se ampliando nos

últimos anos, principalmente nas regiões serranas que proporcio-nam clima favorável ao desenvolvimento de diversas culturas. En-tretanto, poucos são os trabalhos desenvolvidos nessa área, fazendocom que os produtores se utilizem do empirismo no desenvolvi-mento dos cultivos. Por conseguinte, esse trabalho teve como obje-tivo avaliar os efeitos do número de plantas (2, 3 e 4) e da quantida-de de drenos (1 e 8) por vaso no número de hastes por vaso da rosei-ra, em ambiente protegido. O experimento foi conduzido na Empre-sa Reijers, no município de São Benedito-CE, sendo o delineamen-to experimental em blocos casualizados em arranjo fatorial 3 x 2,com quatro repetições. Avaliou-se o número de hastes com 35, 40,50 e 60 cm e, o número total de hastes por vasos de 12,0 L. Asmaiores quantidades de plantas por vaso proporcionaram um maiornúmero de hastes por área, mas com predomínio de hastes de menorvalor comercial. A utilização de um menor número de plantas porvaso resultou em um menor número de hastes por área, mas emmaior número de hastes com maior valor comercial. A utilização devasos com maior número de drenos reduziu o número total de hastespor vaso.

Palavras-chave: Rosa sp., floricultura, ambiente protegido.

ABSTRACTPlanting density and number of drains influencing the

productivity of rose plants cultivated in pots

The cultivation of flowers in Ceará State has expanded duringthe last years, especially in highland areas with a favorable climatefor several crops. However, there exist only limited research in thisarea, so that producers work empirically with those crops.Consequently, this research aimed to evaluate the effects of thenumber of plants (2, 3 and 4) and the amount of drains (1 and 8) perpot on the number of stems per pot, in a protected environment. Theexperiment was carried out in São Benedito, Ceará State, Brazil,following a 3 x 2 factorial randomized block design with fourrepetitions. The number of stems with 35, 40, 50, 60 cm and, thetotal number of stems per pots of 12.0 L were evaluated. The highestnumber of plants per pot provided the greatest number of stems perpot, but with a predominance of lower commercial value. On theother hand, the least number of plants per pot resulted in few stemsper area which were better evaluated commercially. The use of potshaving more drains reduced the total number of stems per pot.

Keywords: Rosa sp., floriculture, protected environment.

(Recebido para publicação em 18 de outubro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2008)(Received in October 18, 2007; accepted in October 30, 2008)

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ras e uma utilização por longo tempoda área. O teor de umidade disponívelno solo, dentro de uma faixa ótima emque não há excesso ou déficit hídrico,constitui um dos parâmetros imprescin-díveis para o desenvolvimento das cul-turas, facilitando o transporte de nutrien-tes através das raízes. Por outro lado, ascondições de umidade excessiva na zonaradicular são adversas para a maioria dasculturas, devido à deficiência no teor deoxigênio no solo, comprometendo otransporte de nutrientes através do sis-tema radicular e tornando as plantasmais suscetíveis às doenças e à deficiên-cia nutricional. Kanwar et al. (1988)ressaltam que a difusão do oxigênio atra-vés de poros cheios de ar é aproxima-damente 10.000 vezes mais rápida queatravés de poros cheios de água; conse-qüentemente, a taxa de difusão de oxi-gênio através da água é freqüentementeo fator limitante da respiração das raízes.

Segundo Gervásio (2003), ao con-trário dos cultivos em solo, o manejo dairrigação em recipientes pequenos comoem vasos, apresenta algumas particula-ridades como maior freqüência de irri-gação, em virtude do reduzido volumede substrato disponível para a planta.Essas particularidades implicam emmaiores riscos de excesso hídrico, osquais devem ser prevenidos com ummaior controle da irrigação. Além dis-so, a forma e o tamanho do recipienteinfluenciam a dinâmica da movimenta-ção da água. De acordo com Fermino(2002), quanto menor a altura do reci-piente, menos elevado será o fluxo deágua em seu interior. Dessa forma, areduzida altura de determinados reci-pientes costuma dificultar a drenagem,elevar a capacidade de retenção de águae, com isso, promover o encharcamentodo substrato.

O excesso hídrico ocasiona a dimi-nuição da pressão de oxigênio (hipoxia)ou a falta total ou parcial do mesmo(anoxia), dificultando a respiração dasplantas e conseqüentemente, diminuin-do a produção de energia necessária paraa síntese e translocação dos compostosorgânicos e a absorção ativa dos mes-mos. A falta de oxigênio nas raízes tam-bém provoca a redução na fotossíntesee prejudica a conversão da matéria or-gânica, pelos microorganismos, em for-

mas solúveis que a planta podereutilizar. Ocorrendo, portanto, menorcrescimento das plantas (Rego et al.,2004).

Basicamente, a falta de aeraçãoconstitui o principal agente de injúriasàs plantas. Algumas evidências dispo-níveis indicam que efeitos deletérios sãotambém produzidos pela atividade mi-crobiológica em condições anaeróbicas.A extensão de danos causados às cultu-ras, por tais condições adversas, variacom a espécie vegetal, a duração dainundação, o estádio de desenvolvimen-to, além da temperatura prevalecente àépoca da inundação (Costa et al., 1994).

Esse estudo teve como objetivo, ava-liar os efeitos do número de plantas eda quantidade de drenos por vaso nonúmero de hastes da roseira por vaso,em ambiente protegido.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado de novem-bro de 2004 a fevereiro de 2005 na unida-de de produção da agroempresa Reijers,localizada no sítio Lagoa, no município deSão Benedito, CE (04° 03’S, 40° 53’W;883m). O clima foi classificado, segundo ametodologia de Köppen, como Am, climatropical chuvoso característico de áreas ele-vadas. O ambiente protegido utilizado noexperimento apresentava 197 m de com-primento, 66 m de largura, totalizando 1,3ha. A estrutura de sustentação era metálicaem formato de arco, com pé-direito de 4,0m, abertura para saída de ar tipo lanternime coberta por polietileno de baixa densida-de (PEBD).

O experimento foi constituído poruma linha de vasos em fileira dupla, ten-do cada uma 87 vasos, num total de 174.As plantas de roseiras utilizadas foramda cultivar akito; flor de coloração bran-ca e botão pequeno, com ótima aceita-ção no mercado europeu. As mudas fo-ram feitas em bandejas com fibras demesocarpos de casca de coco queimadoa partir de estacas com cerca de 5 cm detamanho, que foram imersas por cincosegundos no hormônio AIB (ácido in-dolbutírico) a uma concentração de 2000ppm, tendo sido transplantadas para osvasos aos 25 dias após o plantio.

Durante o desenvolvimento da cul-tura foram realizados tratos culturais

como a desponta, que consistiu na reti-rada das primeiras folhas da muda paraquebrar a dominância apical. Com o de-senvolvimento da cultura realizou-se oagóbio, que consistiu no rebaixamentolateral da planta sem a danificação docaule, para a formação de uma massafoliar capaz de gerar hastes de qualida-de. Realizaram-se também limpezas dosvasos, onde todo material vegetal depo-sitado sobre o substrato foi retirado paraevitar a decomposição e a incidência dedoenças. Realizaram-se ainda desbrotas,onde se retiravam os brotos secundáriosevitando a deformação da haste, assimcomo a fixação de apenas um botão.Durante o ciclo foram realizadas aplica-ções preventivas de defensivos químicospara o controle de pragas e doenças.

As principais pragas e doençasidentificadas que atuavam sobre a cul-tura na região foram o ácaro que é a pra-ga mais comum sendo facilmente encon-trada no interior das estufas, o tripes,pulgão, oídio, míldio e botrytis. Para ocontrole dessas pragas e doenças foramutilizados, principalmente, os defensi-vos malationa, oxicloreto de cobre,endosulfan, abamectin e dimethoate.

As plantas foram irrigadas porgotejamento, constituído porgotejadores com vazão de 1,0 L h-1, comum emissor por vaso. A irrigação foirealizada diariamente e era dividida empulsos, onde cada pulso compreendiaquinze minutos, totalizando uma apli-cação diária de 4,0 mm da solução aquo-sa. Os vasos (volume de 12 L) possuíamorifícios na parte inferior, com diâme-tro de 1,0 cm para a drenagem do ex-cesso de água, que era reaproveitada.

A adubação foi realizada diariamen-te via fertirrigação. As quantidades apli-cadas foram definidas por meio de aná-lises químicas e de fertilidade dosubstrato e das folhas.

O delineamento experimental foi emblocos casualizados, em arranjo fatorial3 x 2, onde cada tratamento apresentavaquatro parcelas constituídas de seis va-sos, totalizando vinte e quatro. Foramavaliados três quantidade de plantas porvaso (2, 3 e 4) sob duas quantidades dedreno (1 e 8). As bordaduras entre as par-celas constituíram-se de quatro vasos,deixando-se ainda cinco vasos comobordaduras no final e no início da linha.

Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade de roseiras cultivadas em vaso

530 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Os tratamentos foram nomeados em con-formidade com a quantidade de plantase o número de drenos por vaso, ou seja,o tratamento 3P1D correspondia a trêsplantas e um dreno por vaso, o 3P8Dcorrespondia a três plantas e oito drenospor vaso e, assim, sucessivamente.

A colheita das rosas foi realizada dos52 aos 59 dias após o transplantio(DAT), em conformidade com o padrãopara exportação das hastes (quando as4 primeiras pétalas desprendiam-se dobotão floral). Foram avaliados os núme-ros de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e onúmero total de hastes por vaso.

Os dados foram submetidos à análi-se de variância (ANOVA) e quando sig-nificativo pelo teste F usou-se o testede Tukey a 5% de probabilidade. Asanálises foram realizadas por meio doprograma estatístico SAEG.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 são apresentados osnúmeros de hastes de 35, 40, 50 e 60

cm e total/vaso/ciclo nas densidades 2,3 e 4 plantas/vaso. O teste de Tukey(5%), mostra diferenças significativasentre os tratamentos para as variáveisanalisadas, exceto para o número dehastes de 60 cm/vaso/ciclo.

Com relação ao número de hastes de35 cm por vaso, os maiores valores fo-ram obtidos com a utilização de 3 e 4plantas/vaso, que diferiram estatistica-mente em relação ao tratamento em quese utilizou 2 plantas/vaso. Resultado se-melhante ocorreu com a variável núme-ro de hastes de 40 cm por vaso. Entre-tanto, para o número de hastes de 50 cmpor vaso, o melhor resultado obtido foicom a utilização de 2 plantas/vaso e osmenores com 3 e 4 plantas/vaso. Omaior número total de hastes por vasoocorreu quando se utilizou 3 plantas/vaso, valor este que não diferiu do obti-do com a utilização de 4 plantas/vaso(Tabela 1). Apesar de muitos autores re-latarem que a menor quantidade de plan-

tas por vaso aumenta o desenvolvimen-to das mesmas (Parviainen, 1981;Nesmith & Duval, 1998), muitos ressal-tam uma redução na produção por área(Nesmith & Duval, 1998; Bezerra,2003), nesse caso no número de hastespor vaso. Por conseguinte, nos vasoscom mais plantas, e conseqüentementemenos substrato por planta, a maiorcompetição por nutrientes resultou emhastes menores mas, como o número deplantas era maior, a produtividade totaltambém foi maior.

A produção total foi menor nos va-sos com menos plantas, mas a produ-ção de hastes de maior valor de merca-do (50 e 60 cm) foi maior (Tabela 1).Provavelmente, a maior quantidade desubstrato disponível por planta permi-tiu o deslocamento de maior quantida-de de nutrientes, possibilitando o desen-volvimento de hastes de maior compri-mento. Relato semelhante fizeram Luzet al. (2000).

Em síntese, com relação às densida-des de plantas/vaso, pode-se afirmar quemaiores densidades implicaram emmaior número de hastes por área, mascom predomínio de hastes de menorvalor comercial. Já a utilização de me-nos plantas por vaso resultou em menornúmero de hastes por área, mas emmaior quantidade de hastes de maiorvalor comercial.

Na Tabela 2 são apresentados os va-lores observados para o número de has-tes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo sob 1 e 8 drenos por vaso. Houvediferença significativa entre os trata-mentos somente para o número de has-tes de 40 cm por vaso e o número totalde hastes por vaso.

Com relação ao número de hastes de40 cm por vaso, o melhor resultado foiencontrado no tratamento com um dre-no. Resultado semelhante foi obtidotambém com a variável número total dehastes por vaso (Tabela 2). Esses resul-tados demonstram que provavelmentea utilização de um dreno mantém dis-ponível por maior tempo uma maiorquantidade de água e nutrientes para asplantas, em relação à utilização de oitodrenos, possibilitando a melhor nutrição

Tabela 1. Números de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo sob as densidades de 2,3 e 4 plantas/vaso (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle underdensities of 2, 3, and 4 plants/pot). São Benedito, UFC, 2005.

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%(means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’stest, p≤0,05).

Tabela 2. Número de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo sob 1 e 8 drenos porvaso (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle under 1 and 8 drains perpot). São Benedito, UFC, 2005.

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%(means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’stest, p≤0,05).

TVA Viana et al.

531Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

das plantas. Isso provavelmente acon-tece porque o substrato não apresentauma estruturação significativa visto queo mesmo é substituído no início doscultivos. Essa explicação corrobora comos comentários feitos por Fermino(2002) e Gervásio (2003).

Os resultados da análise de variânciacom relação à interação número de plan-tas versus número de drenos por vasoestão apresentados na Tabela 3. Todasas variáveis apresentaram diferençassignificativas.

A maior produção de hastes de 35cm por vaso ocorreu com os tratamen-tos 4P8D (quatro plantas e oito drenospor vaso) e 3P1D. Já a produção de has-tes de 40 cm foi mais evidenciada so-mente em 3P1D. Para as hastes de 50cm,o melhor desempenho ocorreu com otratamento 2P1D, que não diferiu esta-tisticamente dos tratamentos 2P8D,4P1D e 3P8D. Com relação às hastesde 60 cm de comprimento, as de maiorvalor de mercado, a menor produção foiobservada com o tratamento 4P8D. Emcomplemento, o número total de hastepor vaso apresentou o maior valor notratamento 3P1D (Tabela 3).

De modo geral, o tratamento 3P1Dproduziu o maior número de hastes porvaso, mas com supremacia nas hastesde menor tamanho. Caso ao produtorseja mais interessante a quantidade e nãoa qualidade, o mesmo deve optar poreste tratamento. Caso ele deseje hastesmaiores (50 e 60 cm), o produtor podeoptar por 2 plantas/vaso. Resultado se-melhante quanto à densidade de plantasfoi obtido por Folegatti et al. (2001).

Em síntese, a utilização de 3 plantase 1 dreno por vaso permite a maior pro-dução total por hastes. Nessa condição,há maior competição por nutrientes, emcomparação com a condição 2 plantas/vaso, implicando em hastes menores, masem maior número, devido ao maior nú-mero de plantas por vaso. Redução nocrescimento das plantas em função da re-dução da disponibilidade de nutrientestambém foi relatada por Carneiro (1983),Backes & Kãmpf (1991), Mascarenhas(1993), Nesmith & Duval (1998) e Be-zerra (2003). Por outro lado, a utilizaçãode um só dreno em vasos deve aumentar

o período em que a solução fertirrigantefica disponível às raízes das plantas au-mentando a absorção dos nutrientes e,conseqüentemente, dos diferentes pro-cessos fisiológicos dependentes dosmacro e micronutrientes contidos na so-lução fertirrigante. Redução da intensi-dade de drenagem em função de um me-nor número de drenos, também foi rela-tada por Costa et al. (2005).

Pode-se concluir que as maiores den-sidades de plantas por vaso proporcio-naram maior número de hastes por área,mas com predomínio de hastes de me-nor valor comercial. A utilização de me-nores densidades de plantas por vaso re-sultou em menor número de hastes porárea, mas em maior número de hastescom maior valor comercial. A utilizaçãode vasos com maior número de drenosreduziu o número total de hastes por vaso.

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Tabela 3. Número de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo nos diferentes tratamen-tos (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle in different treatments).São Benedito, UFC, 2005.

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%(means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’stest, p£0,05).

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TVA Viana et al.

533Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

O maxixe, pertencente à família dascucurbitáceas, tem seus frutos ri-

cos em cálcio e outros minerais, comofósforo, ferro, sódio e magnésio, alémde vitaminas A, C e do complexo B. Foiintroduzido da África pelos escravos,disseminando-se pelas Américas e pelomundo. No Brasil, é muito consumidonas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sendo comercializado diariamen-te nos mercados e feiras livres; enquan-to que na região Sul e parte da regiãoSudeste, sua comercialização é intermi-tente e, em geral, regionalizada. Em cen-tros consumidores, como São Paulo,onde a população nordestina é grande,encontra-se maxixe com mais facilida-de do que nas cidades do interior. É uti-lizado na forma de fruto imaturo, po-dendo ser consumido in natura (salada),em conserva (picles) ou cozido (refo-gados, sopas, etc.). Na Região Nordes-te, é empregado para o preparo de umprato denominado de maxixada. Demodo geral, é uma hortaliça subutilizada

OLIVEIRA AP; OLIVEIRA ANP; ALVES AU; ALVES EU; SILVA DF; SANTOS RR; LEONARDO FAP. 2008. Rendimento de maxixe adubado com dosesde nitrogênio. Horticultura Brasileira 26: 533-536.

Rendimento do maxixeiro adubado com doses de nitrogênioAdemar P de Oliveira1,4; Arnaldo Nonato P de Oliveira2,4,5; Anarlete U Alves3; Edna U Alves1; Damiana Fda Silva2; Rodolfo R Santos2; Francisco de Assis P Leonardo2

1UFPB-CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; 2Graduando em Agronomia, UFPB; 3Pós-graduando em Agronomia, UFPB; 4BolsistaCNPq; 5Bolsista PIBIC; [email protected]

como alimento tanto no Brasil como noresto do mundo (Bates et al., 1999;Robinson & Decker-Walters, 1997).

O maxixe adapta-se melhor a solosarenosos, leves e soltos. Quanto à suafertilização, muitos produtores não rea-lizam adubações, pois ele se beneficia deresíduos de nutrientes aplicados anterior-mente. Não obstante, em solos pobres érecomendado o fornecimento de matériaorgânica, nitrogênio, fósforo e potássio(Pimentel, 1985; Filgueira, 2000).

As exigências de nitrogênio pelasplantas variam dependendo do estádiode desenvolvimento e, em algumas cul-turas, o excesso desse nutriente podecausar desenvolvimento vegetativo emdetrimento da produção. Em outras es-pécies, pode proporcionar folhas maissuculentas e suscetíveis a doenças oureduzir a produção. Portanto, seu for-necimento em doses adequadas favore-ce o crescimento vegetativo, expande aárea foliar e eleva o potencial produtivodas culturas (Raij, 1991).

Em algumas hortaliças produtoras defrutos comercializáveis, o nitrogêniodesempenha papel fundamental. Nomorangueiro, o fornecimento de N pro-porcionou a mais elevada produção defrutos por planta (Bonini et al., 2000).No pimentão, o N na forma amoniacalelevou a produção comercial de frutos(Silva et al., 2000). No tomateiro, apli-cado via fertirrigação promoveu eleva-ção na produção de frutos comerciais(Kano et al., 2000). Em feijão-vagemproporcionou incremento na produçãode vagens (Oliveira et al., 2003a). Noquiabeiro o aumento na produtividadede frutos pode ser obtido pelo uso deadubação nitrogenada em cobertura(Oliveira et al., 2003b).

No maxixeiro, são poucas as infor-mações sobre o emprego do nitrogêniona sua fertilização. Para solos pobresPimentel (1985) recomenda aplicar ape-nas 30 g de uréia em cobertura eFilgueira (2000) recomenda o forneci-mento 30 kg ha-1 de nitrogênio na se-

RESUMOCom o objetivo de avaliar o efeito de doses crescentes de nitro-

gênio sobre o rendimento do maxixeiro, cv. Nordestino, realizou umtrabalho na UFPB, em Areia-PB, entre maio e setembro de 2006, emdelineamento experimental de blocos casualizados, com seis trata-mentos (0; 50; 100; 150, 200 e 250 kg ha-1 de N), e quatro repeti-ções. Foram utilizadas parcelas de 20 plantas, espaçadas de 2 x 1 m.Foram avaliados a massa média de frutos, o número e a produção defrutos por planta e a produção de frutos. A massa média de frutosatingiu valor máximo de 21 g na dose de 155 kg ha-1 de N. O númeromáximo (21 frutos) e a produção máxima de frutos por planta demaxixe (469 g) foram alcançados com 153 e 187 kg ha-1 de N, res-pectivamente. A dose de 188 kg ha-1 de N foi responsável pela pro-dução máxima de 12,7 t ha-1 de frutos. A dose de máxima eficiênciaeconômica foi a de 183 kg ha-1de N, cuja aplicação proporcionouprodução de 12,7 t ha-1 de frutos comerciais, significando incremen-to de 9,4 t ha-1 na produção de frutos, em relação à ausência do N.

Palavras-chave: Cucumis anguria L., adubação mineral, produção.

ABSTRACTYield of the gherkin plant fertilized with nitrogen doses

The effect of increasing nitrogen doses was evaluated on thegherkin yield, cv. Nordestino. This study was carried out on the periodfrom May to September 2006, at the Universidade Federal da Paraíba,in Areia, Paraiba State, Brazil, in an experimental design ofrandomized blocks with six treatments (0; 50; 100; 150, 200 and250 kg ha-1 N) and four replications. Twenty plants per plot wereused, on a spacing of 2 x 1 m. Fruit average mass, number and fruitsproduction per plant, and yield of fruits were evaluated. Fruits averagemass reached the maximum value of 21 g using the dose of 155 kgha-1 of N. The maximum number (21 fruits) and the maximum fruitsproduction per plant of gherkins (469 g) were reached with 153 and187 kg ha-1 of N, respectively. The dose of 188 kg ha-1 of N wasresponsible for the maximum yield of 12.7 t ha-1 of fruits. For thehighest maximum economic efficiency the dose of 183 kg ha-1 of Nwas responsible for the yield of 12.7 t ha-1 of commercial fruits,meaning a development of 9.4 t ha-1 in the fruits productivity, relativeto N absence.

Keywords: Cucumis anguria L., mineral fertilization, yield.

(Recebido para publicação em 15 de outubro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)(Received in October 15, 2007; accepted in October 31, 2008)

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meadura e 40 kg ha-1 em adubação decobertura. Portanto, diante da escassezde informações para adubaçãonitrogenada nessa cultura, conduziu-seeste trabalho com o objetivo de avaliara produção do maxixeiro em função dedoses crescentes de nitrogênio.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido em áreaexperimental da Universidade Federalda Paraíba, em Areia, entre maio e se-tembro de 2006 em solo NeossoloRegolítico Psamítico Típico (Embrapa,1999), textura areia franca, com as ca-racterísticas química e física: pH = 6,9;P = 11,24 mg dm-3; K = 54,12 mg dm-3;Al+3 = 0,00 cmol

c dm-3; Ca2+ = 3,35 cmol

c

dm-3; Mg2 + = 0,65 cmolc dm-3; Na+ = 0,07

cmolc dm-3; H + Al = 2,56 cmol

c dm-3;

SB = 4,21 cmolc dm-3; CTC = 6,77 cmol

c

dm-3 e matéria orgânica = 14,93 g kg-1

(Embrapa, 1997); areia = 841,50 g kg-1;silte = 88,00 g kg-1; argila = 70,50 g kg-1;densidade global = 1,37 g cm-3; densi-dade de partículas = 2,61 g dm-3; eporosidade total = 0,47 m3 m-3. O pre-paro do solo constou de roçagem, capi-nas e abertura de covas de plantio.

Utilizou-se o delineamento experi-mental de blocos casualizados com seistratamentos (0, 50, 100, 150, 200 e 250kg ha-1 de N), e quatro repetições. As par-celas continham 20 plantas espaçadas de2,0 m entre fileiras e 1,0 m entre plantas.A instalação da cultura foi realizada pormeio de semeadura direta, colocando-sequatro sementes por cova da cultivarNordestino, produzida e comercializada

pela Hortivale, realizando-se desbastequinze dias após, para duas plantas.

A adubação seguiu as recomendaçõesdo Laboratório de Química e Fertilidadede Solo da UFPB e consistiu da aplica-ção de 10 t ha-1 de esterco bovino, 80 kgha-1 de P

2O

5 e 20 kg ha-1 de K

2O no plan-

tio e do fornecimento das doses de Ndescritas no delineamento experimentalassociadas a 50 kg ha-1 de K

2O, parcela-

das em quantidade iguais, aos 30 e 60dias após a semeadura. Foram utilizadascomo fontes de P

2O

5, N e K

2O,

superfostato triplo, uréia e cloreto de po-tássio, respectivamente. Realizaram-se ostratos culturais normais para a cultura,incluindo irrigação por aspersão, comturno de rega de três vezes por semana,nos períodos de ausência de precipitaçãoe capinas com auxílio de enxadas.

As colheitas, em número de 12, fo-ram efetuadas a cada três dias, entre 60 e120 dias após a semeadura, quando osfrutos se encontravam imaturos e comcoloração verde intensa. Os frutos colhi-dos foram transportados para o galpão,para avaliação das características: mas-sa média, número e produção de frutospor planta e produtividade de frutos.

Os resultados obtidos foram subme-tidos a análises de variância e de regres-são polinomial, utilizando o teste F paracomparação dos quadrados médios. Naanálise de regressão, foram testados osmodelo linear, quadrático e cúbico, sen-do selecionado aquele capaz de melhorexpressar cada característica, empregan-do-se o SAEG (2000).

A dose de máxima eficiência eco-nômica de N foi calculada igualando-se

a derivada primeira da equação de re-gressão à relação entre preços do insumo(R$/kg de N e do produto (R$/kg de fru-tos) (Raij, 1991; Natale et al., 1996),sendo os vigentes em Areia-PB em de-zembro de 2006, de R$ 2,5/kg de N eR$ 1,0/kg de frutos, ressaltando-se, po-rém, que o preço do quilograma de fru-tos correspondeu ao utilizado pelo pro-dutor, podendo variar a cada ano, con-forme a demanda e oferta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância e de regres-são revelaram efeitos significativos dasdoses de N (p<0,05) sobre a massa mé-dia de frutos, número e produção de fru-tos por planta e produtividade de fru-tos, onde as médias se ajustaram a mo-delos quadráticos de regressão.

A massa média de frutos atingiu va-lor máximo de 21 g na dose de 155 kgha-1 de N (Figura 1), superior àqueleverificado por Leal et al. (2000) de 19,6g para a cv. Maxixe do Norte, no siste-ma convencional de produção, mas foiinferior ao obtido por Modolo & Costa(2000) que determinaram massa médiade fruto de 37,4 g, também para umacesso de maxixe do tipo comum. Onúmero máximo (21 frutos) e a produ-ção máxima de frutos por planta demaxixe (469 g) foram alcançados com153 e 187 kg ha-1 de N, respectivamen-te (Figuras 2 e 3). Esses valores forammenores do que aqueles verificados porAzevedo Filho & Melo (2003) que ob-tiveram médias de 41 frutos por plantae produção média de 1,47 kg de frutospor planta. A superioridade dos resul-tados obtidos por Modolo & Costa(2000), para a massa média de frutos epor Azevedo Filho & Melo (2003), parao número e produção de frutos porplanta, possivelmente se deva à varia-bilidade genética entre maxixes do tipocomum, bem como às condições con-troladas dos experimentos desses au-tores, que envolveram fertirrigação porgotejamento.

Foi calculada a dose de 188 kg ha-1

de N como aquela responsável pela pro-dução máxima de 12,7 t ha-1 de frutos(Figura 4). A fórmula obtida para deter-minação da dose de máxima eficiênciaeconômica de N foi:

Figura 1. Massa média de frutos de maxixeiro em função de doses crescentes de N. (averageweight of the gherkin fruits depending on increasing N levels.). Areia, UFPB, 2006.

AP Oliveira et al.

535Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

99,715 – Y,Dose de N = —————

2. (0,2646)

onde Y é a relação entre os preçosdo insumo e do produto. Dessa forma adose mais econômica de N foi de 183kg ha-1, para Y = 2,5, com produção de

Figura 2. Número de frutos por planta em maxixeiro adubado com doses crescentes de N.(number of fruits on gherkin plants fertilized with increasing N levels). Areia, UFPB, 2006.

Figura 3. Produção de frutos por planta em maxixeiro adubado com doses crescentes de N.(yield of fruits on gherkin plants fertilized with increasing N doses). Areia, UFPB, 2006.

Figura 4. Produtividade de frutos do maxixeiro em função de doses crescentes de N (yieldof fruits on gherkin plant depending on increasing N doses). Areia, UFPB, 2006

12,7 t ha-1 de frutos comerciais, o querepresenta incremento de 9,4 t ha-1 defrutos, em relação à ausência do insumo.

A dose de máxima eficiência eco-nômica de N foi próxima daquela res-ponsável pela produção máxima de fru-tos. Sob o ponto de vista do rendimen-to, o resultado obtido em função da dosede N responsável pela produção máxi-ma de frutos, superou a produtividadede 4,0 a 5,0 t ha-1 relatada por Filgueira(2000) como adequada para a espécie,e as produtividades médias do estado doMaranhão de 8,0 t ha-1 (Martins, 1986)e a do estado de São Paulo, de 12 t ha-1

(Melo & Trani, 1998), indicando os be-nefícios do seu emprego na produção defrutos no maxixeiro. O nitrogênio, for-necido em quantidade adequada, desdeo início do desenvolvimento nas cultu-ras, em geral, estimula o desenvolvi-mento da parte aérea e incrementa a suaprodução (Filgueira, 2000). No melão(Faria et al., 2003) e na melancia (Garcia& Souza, 2002), obtiveram incremen-tos de mais de 40% na produtividade defrutos pelo uso de nitrogênio.

Embora o nitrogênio seja exigido namaioria das hortaliças (Pereira & Fon-tes, 2005), alguns autores verificaramqueda no rendimento em hortaliças fru-tos em função de doses elevadas de ni-trogênio (Bonini et al. 2000; Oliveira etal., 2003b; Oliveira et al., 2003c). Parao maxixeiro, doses acima de 188 kg ha-1

de N, proporcionaram queda na produ-ção de frutos, o que pode indicar queesta hortaliça é sensível a doses exces-sivas desse elemento.

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AP Oliveira et al.

537Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

O caupi [Vigna unguiculata (L.)Walp.], conhecido no Nordeste bra-

sileiro por feijão-macassar ou feijão-de-corda, é uma cultura de grande impor-tância para o desenvolvimento agrícolada região Nordeste, tanto no aspecto eco-nômico quanto no nutricional, pois é oalimento básico na dieta das populaçõesmais carentes, exercendo função socialno suprimento das necessidadesnutricionais dessa camada da população.

No Brasil, o caupi é cultivado pre-dominantemente no sertão semi-árido daregião Nordeste e em pequenas áreas naAmazônia (Maia, 1986). Ainda segun-do este autor, é uma das leguminosasmais adaptadas, versáteis e nutritivas(23-25% de proteína) entre as espéciescultivadas. A cultura ocupa cerca de 11milhões de hectares, distribuídas nasregiões tropicais e subtropicais da Áfri-ca, Ásia e América (Singh et al., 2002).

A caracterização morfológica forne-ce uma série de informações a respeitoda variabilidade genética de cada mate-rial estudado. Esses dados auxiliam nacaracterização de germoplasma, possi-bilitando avanços na descrição da diver-

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Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RNSalvador B Torres1; Fabrícia N de Oliveira2; Regina C de Oliveira3; João B Fernandes4

1EMPARN/UFERSA-Depto Ciências Vegetais, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 3UFERSA-Depto Ciências Vegetais; 4EMPARN/Embrapa, C. Postal 188, 59062-900 Natal-RN; 2Estudante; bolsista CNPq; [email protected]

gência genética entre linhagens (Singh,2001).

Os trabalhos de melhoramento decaupi no Brasil ainda são escassos e ascultivares disponíveis estão sendo utili-zadas sem se considerar as suas possí-veis diferenças de comportamento nasdiversas regiões de cultivo. Portanto, acaracterização morfológica de linhagensde caupi é importante porque possibili-ta o registro e identificação, facilitandoo acesso a esse material em busca deplantas com boa resposta em termos deprodutividade e comportamento em di-ferentes condições ambientais.

O objetivo deste trabalho foi avaliara produtividade e caracterizar amorfologia de dez acessos de caupi nascondições edafoclimáticas do municípiode Mossoró, RN.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado emcampo da UFERSA, em Mossoró, cujascoordenadas geográficas são 5º11’ delatitude sul e 37º20’ de longitude oeste.O clima da região, segundo a classifi-

cação de Koppen, é seco e muito quen-te, com duas estações climáticas: umaseca que vai geralmente de junho a ja-neiro e outra chuvosa, de fevereiro amaio, apresentando temperatura médiaanual de 27ºC, precipitaçãopluviométrica anual irregular com mé-dia de 673 mm, umidade relativa do arde 68% e luminosidade de 241,7 h mês-1

(Amaro Filho, 1991). A análise de soloindicou: pH em água = 6,8; P disponí-vel = 149,00 mg dm-3; K = 93,00 mgdm-3; Al trocável = 0,0 cmol dm-3; Ca+2

+ Mg = 3,75 cmol dm-3 e matéria orgâ-nica = 14,2 g dm-3.

O delineamento experimental utili-zado foi blocos casualizados com deztratamentos e quatro repetições. As par-celas experimentais foram constituídaspor 30 plantas (três fileiras de dez plan-tas), sendo as avaliações realizadas nafileira central. Os tratamentos compu-seram-se dos acessos de caupi: Amapá,BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda,Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira,Pingo-de-ouro, Rabo-de-peba e Sempre-verde, que foram obtidas junto a peque-nos produtores e feiras livres de diver-

RESUMOO objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade e caracteri-

zar a morfologia de dez acessos de caupi [Vigna unguiculata (L.)Walp.], nas condições edafoclimáticas do município de Mossoró,RN. Dez acessos (Amapá, BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda,Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira, Pingo-de-ouro, Rabo-de-pebae Sempre-verde) foram avaliados em experimento de campo, de agos-to/2006 a junho/2007, em Mossoró. Verificou-se que todos osgenótipos de caupi apresentaram hábito de crescimentoindeterminado e semi-enramador volúvel, exceto o ‘BRS Potiguar’que revelou comportamento semi-enramador. O número de semen-tes variou de 12 a 16 por vagem. Para a região de Mossoró, pode serindicado como melhor alternativa ao produtor, o acesso Amapá, porser mais precoce, possuir maior número de vagens por planta e maiorprodutividade, seguido de BRS Potiguar e Casca-de-seda.

Palavras-chave: Vigna unguiculata, morfologia vegetal, rendimento.

ABSTRACTYield and morphology of cowpea accessions in Mossoró, Rio

Grande do Norte State, Brazil

The objective of this work was to evaluate the productivity and todescribe the morphology of ten cowpea [Vigna unguiculata (L.) Walp.]accessions in the edaphoclimatic conditions of Mossoró, Brazil. Theaccessions Amapá, BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda, Coruja,Costela-de-vaca, João-vieira, Pingo-de-ouro, Rabo-de-peba andSempre-verde were evaluated in a field experiment from August 2006to June 2007. The majority of accessions was of indeterminate andsemi-branched voluble growth habit; only BRS Potiguar was semi-branched. The number of seeds per pod varied from 12 to 16. For theMossoró region, the accession Amapá is considered be the bestalternative for small farmers. This accession is earlier maturing,presents a high number of pods per plant and high yield. Otherpromising genotypes are BRS Potiguar and Casca-de-seda.

Keywords: Vigna unguiculata, plant morphology, yield.

(Recebido para publicação em 17 de outubro de 2007; aceito em 1 de outubro de 2008)(Received in October 17, 2007; accepted in October 1, 2008)

538 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

sos municípios do estado do Rio Gran-de do Norte.

Antes da semeadura, realizou-se opreparo do solo, seguido de gradagem ecoveamento com enxadão. No momentoda semeadura, aplicou-se por cova umlitro de esterco bovino curtido e seco. Oespaçamento adotado foi de 1,00 x 0,50m, sendo semeadas em cada cova trêssementes. Após a germinação, foi reali-zado o desbaste, deixando-se uma plan-ta por cova. O controle de plantas inva-soras foi realizado por meio de duas ca-pinas manuais no período anterior aoflorescimento. Durante a condução dacultura foram realizadas pulverizações àbase de deltametrina 2,5E, para comba-ter a cigarrinha do feijoeiro (Empoascakrameari). Foram realizadas irrigaçõespor gotejamento, de forma a suplemen-tar as necessidades da cultura, próximoao final do período chuvoso.

Durante o experimento foram ano-tados o período para emergência dasplântulas, hábito de crescimento, perío-do médio para início do florescimento,porte da planta, comprimento médio davagem, número médio de vagens porplanta, número médio de sementes porvagem, peso de 100 sementes e produ-tividade. Os dados de produção e demedições de vagens foram submetidosà análise de variância e a comparação

de médias foi feita pelo teste Tukey, a5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificaram-se diferenças estatísti-cas significativas entre os genótipos paratodas as características analisadas (Ta-bela 1). O período de emergência va-riou de quatro a seis dias, sendo osgenótipos Casca-de-seda e Canapu omais precoce e tardio, respectivamente,embora não tenham diferido significa-tivamente dos demais genótipos. Todosos acessos expressaram hábito de cres-cimento indeterminado e porte da plan-ta semi-enramador volúvel, exceto BRSPotiguar, que se revelou semi-enramador.

Houve diferenças de até 36 dias en-tre acessos para que, pelo menos 50%das plantas estivessem em floração. Osacessos Amapá e BRS Potiguar detive-ram 50% das plantas em floração aos55 e 56 dias, respectivamente, após asemeadura, enquanto o acesso Pingo-de-ouro foi o mais tardio, atingindo esteíndice aos 91 dias.

O comprimento médio da vagemvariou de 14 a 25 cm, para Pingo-de-ouro e Costela-de-vaca, respectivamen-te. Nesse sentido, observa-se que osacessos Canapu, Rabo-de-peba e Pingo-

de-ouro obtiveram tamanhos de vagensabaixo dos padrões comerciais, que, se-gundo Pereira et al. (1992), Silva &Oliveira (1993) e Miranda et al. (1996)é acima de 20 cm de comprimento.Comprimentos de vagens superiores a20 cm foram verificados nos acessosAmapá, BRS Potiguar, Casca-de-seda,Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira eSempre-verde.

Com relação ao número de vagenspor planta, destacou-se o acesso Amapá,com 11 vagens. Por outro lado, Canapue Pingo-de-ouro contiveram os meno-res números de vagens por planta, se-guidos por João-vieira e Rabo-de-peba.

Coruja e Sempre-verde expressaramo maior número de sementes por vagem,16 e 15, respectivamente; enquanto paraos demais a variação foi de 12 a 13, nãohavendo diferença estatística significa-tiva. Observa-se ainda que o peso mé-dio de 100 sementes variou de 15,86 g(Pingo-de-ouro) a 23,47 g (Costela-de-vaca).

O acesso mais produtivo foi Amapá,com 1,60 t ha-1, tendo produzido o maiornúmero e vagens por planta; seguido porBRS Potiguar (1,51 t ha-1) e Casca-de-seda (1,39 t ha-1). Por sua vez, os aces-sos menos produtivos, em ordem decres-cente, foram Rabo-de-peba (0,49 t ha-1),Canapu (0,46 t ha-1) e Pingo-de-ouro

SB Torres et al.

Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; *,**significativo aos níveis de 5%e 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente (means followed by the same letters in the column did not differ from each other,Tukey test, 5%; *,**significant at 5% and 1% probability through F test, respectively).

Tabela 1. Análise de variância e médias dos caracteres número de dias para emergência (NDE), hábito de crescimento (HC), período médiopara início do florescimento (PMIF), porte da planta (PP), comprimento da vagem (CV), número de vagens por planta (NVP), número desementes por vagem (NSV), peso 100 sementes (PCS) e produtividade (P) de dez acessos de feijão-vigna [Vigna unguiculata (L.)Walp.](variance analysis and average values of the characteristics number of days to emergence (NDE), growth habit (HC), averageperiod to emit flowers (PMIF), plant stature (PP), pod length (CV), number of pods per plant (NVP), number of seeds per pod (NSV),weight of 100 seeds (PCS) and yield (P) of 10 cowpea accessions). Mossoró, UFERSA, 2007.

539Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

(0,34 t ha-1), que produziram, também,o menor número de vagens por planta.

Considerando que o caupi é uma sig-nificativa fonte de proteína e de rendapara a população menos favorecida daregião Nordeste, os resultados desta pes-quisa fornecem subsídios para progra-mas de melhoramento, visando a sele-ção de materiais adaptados às condiçõesedafoclimáticas da região.

Face aos resultados obtidos, para aregião de Mossoró, pode ser indicadocomo alternativa de cultivo experimen-tal ao produtor, o acesso Amapá, por sermais precoce, possuir maior número devagens por planta e maior produtivida-de. BRS Potiguar e Casca-de-seda po-derão também atender a esse propósito

por apresentarem produtividade e com-primento de vagens superiores além deserem precoces.

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Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RN

540 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

A abóbora híbrida “Tetsukabuto”,também denominada abóbora japone-

sa ou cabotiá, é resultante do cruzamentoentre linhagens selecionadas de moranga(Cucurbita maxima Duch.) – empregadascomo genitores femininos – e linhagens deabóbora (C. moschata Duch. et Poir.), em-pregadas como genitores masculinos(Amarante et al., 1994; Bisognin, 2002).

Híbridos pertencentes a este grupovarietal, originário de programas de me-lhoramento genético implementados noJapão (Robinson & Decker-Walters, 1997),revelaram excelente adaptação ao cultivono Brasil (Pereira, 1999). Atualmente, asabóboras do tipo “Tetsukatuto” ocupam osétimo lugar dentre as hortaliças em culti-vadas no Brasil (Pereira, 1999).

NASCIMENTO WM; COIMBRA KG; FREITAS RA; BOITEUX LS. 2008. Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóborahíbrida do tipo “Tetsukabuto”. Horticultura Brasileira 26: 540-542.

Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbo-ra híbrida do tipo “Tetsukabuto”Warley Marcos Nascimento; Karuliny G Coimbra; Raquel A Freitas; Leonardo S BoiteuxEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]

As formas híbridas “Tetsukabuto”possuem elevada importância sócio-eco-nômica em diferentes regiões do país,com expressiva área plantada, devido auma série de características positivas, taiscomo rusticidade, precocidade, uniformi-dade, elevado potencial produtivo, qua-lidade organoléptica (incluindo textura,sabor e reduzido tempo de cozimento) eprolongada conservação pós-colheitaquando comparada com cultivares locaisde polinização aberta (Tavares, 1999).

Os híbridos interespecíficos do tipo“Tetsukabuto” possuem flores masculi-nas estéreis, necessitando, para suafrutificação adequada, de técnicasindutoras de partenocarpia via aplicaçãode reguladores de crescimento (Pereira,

1999; Pasqualetto et al., 2001) ou doplantio simultâneo de plantaspolinizadoras (Pedrosa et al., 1982).Várias são as cultivares polinizadorasutilizadas na produção comercial de fru-tos de abóbora híbrida, as quais podemocupar até 20% da área cultivada. Estu-dos realizados na região do Distrito Fe-deral revelaram maior eficiência da cul-tivar de moranga ‘Exposição’ na forma-ção e na produção dos frutos da abóbo-ra híbrida “Tetsukabuto”. A maior efi-ciência da moranga ‘Exposição’ estádiretamente relacionada com a sua gran-de produção de pólen, que aumenta aschances de fecundação dos frutos dasplantas femininas pelos insetospolinizadores e resulta em maior fre-qüência no número de frutos comerciais

RESUMOA abóbora tipo “Tetsukabuto” é um híbrido interespecífico, ma-

cho estéril, resultante do cruzamento entre Cucurbita maxima e C.moschata. Uma das estratégias utilizadas para produção comercialde frutos de “Tetsukabuto” tem sido o plantio adjacente econcomitante de acessos de C. maxima ou C. moschata comopolinizadores. Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência dediferentes acessos de C. maxima como fontes de pólen para produ-ção comercial de abóbora tipo “Tetsukabuto”. A cultivar de moranga‘Exposição’ e o acesso ‘Nirvana’ foram utilizados como polinizadorespara produção de frutos de dois híbridos do tipo varietal“Tetsukabuto” (‘Jabras’ e ‘Kyoto’). Foram avaliados os tratamentos(cruzamentos) Jabras x Exposição, Jabras x Nirvana, Tetsukabuto xExposição, Tetsukabuto x Nirvana, em quatro repetições. Foram de-terminados os parâmetros massa dos frutos, diâmetro dos frutos,espessura da polpa, número e massa de sementes. O acesso ‘Nirvana’(cultivar em fase de validação) pode ser utilizado na produção co-mercial como polinizador de abóboras deste grupo varietal sem ne-nhum prejuízo quando comparado com a moranga ‘Exposição’.

Palavras-chave: Curcubita maxima, Curcubita moschata, produ-ção de híbridos, qualidade de sementes.

ABSTRACTEfficiency of Cucurbita maxima accessions as pollinators in

the commercial production of pumpkin (‘Tetsukabuto’ type)

‘Tetsukabuto’ pumpkins are interspecific hybrids betweenCucurbita maxima x C. moschata accessions. Such hybrids, however,are often male-sterile due to the impaired ability of the staminateflowers to produce functional pollen. The use of intervening rows ofstaminate (pollen-donor) plants is one strategy employed in order tohave commercial fruit production. In the present work, two C.maxima accessions [‘Exposição’ (E) and ‘Nirvana’ (N)] wereemployed as pollen-donors (staminate parents) and their efficiencywas compared considering fruit and seed yield parameters. Twopistillate Tetsukabuto hybrids [‘Jabras’ (J) and ‘Kyoto Tetsukabuto’(KT)] were employed in four possible unidirectional crosses (J x E,J x N, KT x E and KT x N). Fruits were produced using standardmanual pollination techniques done on a daily basis (during themorning). After harvesting, the following traits were evaluated: fruitweight, fruit diameter, fruit flesh depth, number of seeds per fruitand total seed weight. The results indicated that both staminate parentsare equivalent for all traits. The accession ‘Nirvana’ (a cultivar in apre-release stage) could be considered a commercial alternative to‘Exposição’ (the traditional staminate parent under Brazilianconditions) due to its improved fruit quality attributes, which couldprovide an additional source of revenues for the ‘Tetsukabuto’growers.

Keywords: Curcubita maxima, Curcubita moschata, hybridproduction, seed quality.

(Recebido para publicação em 18 de junho de 2008; aceito em 15 de setembro de 2008)(Received in June 18, 2008; accepted in September 15, 2008)

541Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

em condições de campo (Pereira, 1999).A cultivar ‘Exposição’, entretanto, pos-sui baixo valor de mercado dos seus fru-tos, sendo, em alguns casos, destinadosà alimentação animal.

Estudos comparativos de variedadespolinizadoras de híbridos “Tetsukabuto”são escassos na literatura. Neste contex-to, alguns novos genótipos estão sendodesenvolvidos pelo programa de melho-ramento da Embrapa Hortaliças visan-do agregar valor à produção de frutosdas cultivares polinizadoras de híbridos“Tetsukabuto”. Um acesso de C.maxima, denominado ‘Nirvana’, foiconsiderado promissor, em decorrênciade suas características de coloração ex-tremamente atrativas da casca e polpados frutos, contendo teores mais eleva-dos de alfa e beta-caroteno e boas ca-racterísticas organolépticas (textura esabor). Este tipo de moranga poderia serutilizado como uma polinizadora alter-nativa, agregando, desta forma, maiorvalor às plantações de “Tetsukabuto”.

Este trabalho teve como objetivocomparar a eficiência de dois acessosde C. maxima como fontes de pólen paraprodução comercial de abóbora híbridatipo “Tetsukabuto”.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi implementado, na Embrapa Hor-taliças, um ensaio em telado, de setem-bro a dezembro de 2005, visando ava-liar a eficiência relativa de polinizaçãona produção comercial de abóbora tipo‘Tetsukabuto’ de dois acessos demoranga: ‘Nirvana’ (Embrapa Hortali-ças) e ‘Exposição’ (Horticeres). O ex-perimento foi instalado em delineamen-to inteiramente casualizado com quatrorepetições. Foram utilizados comogenitores femininos dois híbridos“Tetsukabuto”: ‘Jabras’ (Embrapa Hor-taliças) e ‘Tetsukabuto’ (Kyoto). A dis-posição no telado foi de 1:2, ou seja, umalinha de cada um dos polinizadores paraduas linhas de ‘Jabras’ e duas linhas de‘Tetsukabuto’ (Kyoto), sendo estas dis-postas de maneira alternada. Desta for-ma, o ensaio foi composto pelos trata-mentos (cruzamentos) ‘Jabras’ x ‘Expo-sição’; ‘Jabras’ x ‘Nirvana’;‘Tetsukabuto Kyoto’ x ‘Exposição’,‘Tetsukabuto Kyoto’ x ‘Nirvana’, em

quatro repetições.

A semeadura dos acessospolinizadores foi realizada 15 dias an-tes da semeadura dos híbridos, visandoassegurar a sincronia com o período deflorescimento destes materiais genéticos(Pessoa, 1998). Os tratos culturais rea-lizados seguiram as mesmas exigênciasdo cultivo da cultura da abóbora, sendoos ramos principais tutorados e os se-cundários desbrotados. O florescimentoiniciou aproximadamente 35 dias apósa semeadura. A polinização manual foirealizada diariamente no período damanhã. Foi utilizada a proporção de flo-res de 1:1, ou seja, uma flor dopolinizador para cada flor a serpolinizada, fornecendo assim, condiçõesde igualdade de polinização. Este pro-cesso teve duração de aproximadamen-te 60 dias, quando se procedeu a colhei-ta dos frutos. Após a colheita, os frutosforam avaliados quanto à qualidade e àeficiência de polinização. Foram anali-sadas as características massa dos fru-tos (kg), diâmetro dos frutos (cm), es-pessura da polpa (cm), número de se-mentes por fruto e massa de sementessecas por fruto (g). Os dados obtidosforam submetidos à análise de variânciae as médias dos tratamentos compara-das pelo teste Tukey em 5% de probabi-lidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os tratamentos (duas cultivares demorangas utilizadas como polinizadorespara produção comercial de abóborastipo ‘Tetsukabuto’) não diferiram esta-

tisticamente entre si em nenhuma dasvariáveis avaliadas (Tabela 1). A massade frutos variou de 1,19 a 1,35 kg, comfrutos variando de 14,27 a 16,06 cm dediâmetro. Estes valores se encontramdentro da média de 1 a 2 kg dos frutoscomerciais de abóbora do tipo‘Tetsukabuto’ (Silva et al., 1999). O diâ-metro e a espessura da polpa dos frutostambém não diferiram quanto aospolinizadores (Tabela 1).

É interessante notar que, embora nãosignificativo, o híbrido ‘Jabras’ produ-ziu maior massa e quantidade de semen-tes do que o híbrido ‘TetsukabutoKyoto’, independente do polinizadorutilizado. Os resultados sugerem que oacesso ‘Nirvana’ pode ser utilizadocomo polinizadora de abóboras do tipo‘Tetsukabuto’. Este acesso não diferiuda moranga ‘Exposição’ para nenhumadas características avaliadas. A moranga‘Exposição’ é a cultivar mais utilizadapara esta finalidade no Brasil. Por suavez, ‘Nirvana’ (uma cultivar em fase devalidação) é promissora devido a suascaracterísticas de coloração laranja in-tensa tanto da casca quanto da polpa dosfrutos, contendo teores mais elevados dospigmentos carotenóides com ação de pró-vitamina A (alfa e beta-caroteno).‘Nirvana’ apresenta também um conjun-to de boas características organolépticas(textura, sabor e coloração da polpa). Oacesso ‘Nirvana’ apresenta-se, desta for-ma, como uma nova e promissora alter-nativa aos produtores comerciais de abó-boras híbridas, que além de utilizarem essacultivar como polinizadora, poderão tam-bém comercializar seus frutos com pre-ços potencialmente mais elevados.

Tabela 1. Características dos frutos de dois híbridos de abóbora tipo “Tetsukabuto” (‘Jabras’e ‘Tetsukabuto Kyoto - TK’) polinizados por dois acessos (‘Exposição’ e ‘Nirvana’) demoranga (Cucurbita maxima). (fruit characteristics of ‘Tetsukabuto’ type pumpkin hybrids(‘Jabras’ and ‘Tetsukabuto Kyoto-TK’) pollinated by two squash (Cucurbita maxima)accessions (‘Exposição’ and ‘Nirvana’). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005.

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% deprobabilidade. (means followed by the same letter within a column are not significantlydifferent according to Tukey’s test at p<0.05).

Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto”

542 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

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indice analitico / analytical index

543Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Abóbora (Cucurbita moschata) (Cucurbita maxima)Produção e marketing .......................................................... 6Cucurbita maxima como polinizador, Tetsukabuto, qualida-de de semente ................................................................... 540Abobrinha italiana (Cucurbita pepo)Heterogeneidade, precisão experimental, tamanho de parce-la, frequencia de colheita ................................................... 35Tamanho de parcela, ambiente protegido, massa de frutos ....335Alface (Lactuca sativa)Sistema de cultivo, consórcio, Lycopersicon esculentum ... 158Mudas, fertilizante orgânico, substrato ........................... 186Cobertura do solo, ervas espontâneas, ndívia, leguminosa,ndíviaio, manejo orgânico ............................................... 216Esterco bovino, uréia, produtividade, acúmulo de nitrato, adu-bação orgânica .................................................................. 227Condutividade elétrica, taxa de crescimento, força iônica,solução nutritiva ............................................................... 262Pendoamento precoce, herdabilidade, tolerante ao calor 354Condutividade, casca de arroz carbonizada, ndív de minho-ca, mudas .......................................................................... 359Chalara elegans, Thielaviopsis basicola, podridão-negrade raíz ............................................................................... 398Thielaviopsis basicola, Chalara elegans, resistência ge-nética ................................................................................ 409Herança, formato de fruto, grupo cereja ......................... 495Mudas, substratos, fibra de coco, pó de rocha, reciclagem ....499Época de plantio, dose de zinco, alface tipo americana, mas-sa fresca ............................................................................ 510Cultivo protegido, Amazonia, cultivares ......................... 524Alho (Allium sativum)Puccinia porri, tebuconazole, trifloxistrobin, ferrugem . 268Pseudoperfilhamento, nutrição, ndíviaio, potássio, coberturamorta ................................................................................. 330Batata (Solanum tuberosum)Área foliar, medida linear, modelo estatístico .................. 83Ambiente protegido, mini-tubérculo, adubação nitrogenada . 116Insecta, Aleyrodidae, mosca-branca, resistência, Bemisiatabaci ................................................................................ 221Ganho por seleção, herdabilidade, aparência, rendimento .....325Fluorescência de clorofila, transformação genética, resistên-cia a PVY ......................................................................... 383Batata doce (Ipomoea batatas)Cultivo orgânico, carotenóide, b-caroteno, extrusão ...... 112Beterraba (Beta vulgaris)Estresse por excesso de água ............................................. 74Deficiência nutricional, crescimento ............................... 292Atividade respiratória, metabolismo,processamento mínimo,ácido cítrico, betalaína, betacianina, betaxantina ........... 520Cebola (Allium cepa)Germinação, vigor, plântula, fisiologia de sementes,maturação de umbela ......................................................... 78

Rendimento de bulbo, adaptação, genótipos, semi-árido ..... 97Macho-esterilidade, PCR, híbrido, citoplasma “S”, “T”e “N” ................................................................................ 308Cultivo orgânico, tipo de solo, adaptação, competição, rendi-mento, sistema de cultivo ................................................ 476Cebolinha (Allium fistulosum)Petroselinum crispum, Arracacia xanthorriza Bancroft, ra-zão de área equivalente, consórcio .................................. 287Cenoura (Daucus carota)Interação genótipo x ambiente, estabilidade fenotípica, den-sidade de plantio ................................................................ 88População de planta, minicenoura, rendimento, adubaçãoquímica e orgânica ........................................................... 276Componente fenotípico, caracteres agronômicos, seleção re-corrente, herdabiliade, â-caroteno ................................... 481Chicória (Cichorium endivia)Análise de crescimento, agrotêxtil, macronutrientes ........ 50Eruca sativa, consórcio, rentabilidade, época de plantio 316Couve-chinesa (Brassica rapa var. chinensis)Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgâni-ca, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibi-ótico, cobre ....................................................................... 486Couve de folhas (Brassica oleracea var. acephala)Vigor, solução salina, potencial fisiológico de sementes, en-velhecimento de sementes ............................................... 144Quantificação não destrutiva de clorofila, método colorimétrico,Solanum tuberosum, absorbância, reflectância .................. 471Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgâni-ca, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibi-ótico, cobre ....................................................................... 486Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis)Hidrocondicionamento, germinação, vigor, produção ... 165Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgâni-ca, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibi-ótico, cobre ....................................................................... 486Feijão-caupi (Vigna unguiculata)Genótipo x ambiente, qualidade culinária ...................... 404Produtividade, morfologia vegetal, caupi, rendimento ......... 537Feijão-fava (Phaseolus lunatus)Adubação orgânica e mineral, produtividade, retornoeconomico ........................................................................ 251HortaliçasProdução e marketing .......................................................... 6Plutella xylostella, controle biológico, parasitóide de ovos,razão sexual ...................................................................... 194Extrator, micronutriente, fibra de coco, casca de pinus, turfa,disponibilidade de cobre .................................................. 202Plutella xylostella, controle biológico, parasitismo, ovos, ra-zão sexual, agressividade, traça-das-crucíferas .............. 259

Imigração, introdução de variedades, intercâmbio degermoplasma .................................................................... 428

544 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Mini sensor Irrigas, curva de retenção de água, substrato, cul-tivo sem solo, mudas, porosidade, fibra de coco ............ 504Sustentabilidade energética, produção orgânica, produtivida-de, sistema de cultivo ....................................................... 433Perfil do consumidor, processamento mínimo, pesquisa demercado ............................................................................ 441Inhame (Dioscorea cayennensis)Pós-colheita, dormência, emergência, altura de plantas,rizoma-semente ................................................................ 154Jiló (Solanum gilo)Produção e marketing .......................................................... 6Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) .....Allium fistulosum, Petroselinum crispum, razão de área equi-valente, consórcio ............................................................ 287Mangarito (Xanthosoma mafaffa)Nutrição mineral, latossolo vermelho amarelo ............... 102Maxixe (Cucumis anguria)Produção e marketing .......................................................... 6Dose de nitrogênio, produtividade, adubação mineral ......... 533Melancia (Citrullus lanatus)Maytenus ilicifoli,, análise de crescimento, microclima, ma-nejo, poda, intensidade luminosa, Espinheira santa ......... 40Plantas daninhas, interferência, produtividade ............... 107Melão (Cucumis melo)Adubação orgânica, irrigação, fertilização, qualidade ..... 15Processamento mínimo, cloreto de cálcio, quelatoaminocálcico, vida útil ....................................................... 56Cultivo protegido, fibra da casca de coco, produção ...... 197Manejo da planta, poda, raleio, produtividade, qualidade defruto, número de frutos, número de folhas ...................... 209Competição, híbrido, manejo, densidade de plantio, melãopele de sapo ...................................................................... 236Firmeza de polpa, sólidos solúveis, cátions trocáveis, quali-dade de fruto ..................................................................... 271Matéria seca, cultivo sem solo, densidade de plantio, cargade frutos, relação fonte:dreno .......................................... 342Condutividade elétrica, matéria fresca, carga de frutos, con-centração salina ................................................................ 348Rizoctoniose, resistência genética ................................... 401Crescimento, acúmulo de N, P e K, água salina, matériaseca ................................................................................... 452Processamento mínimo, tratamento químico, respiração,parâmetro físico ............................................................... 458Conservação pós-colheita, melão Charentais, 1-MCP, refrigera-ção, atmosfera modificada, etileno, filme plástico ............... 464Melão rendilhado, profundidade de gotejo, cobertura morta,produtividade, conservação pós-colheita ........................ 447Morango (Fragaria x ananassa)Sólidos solúveis, acidez titulável, sabor, caracterização quí-mica .................................................................................. 371PALMITOJussara (Euterpes edulis)Porcentagem de germinação,sombreamento, índice de velo-cidade de emergência ....................................................... 492

Pupunha (Bactris gasipaes)Altura, fitomassa, relação fitométrica, área foliar .......... 138Pepino (Cucumis sativus)Monóico, ginóico, biologia reprodutiva, florescimento, via-bilidade de pólen, fecundação, hormonio ......................... 30Diaphania nitidalis, resíduo de agrotóxico, deltametrina, bro-ca-das-cucurbitáceas ........................................................ 321Pimenta longa (Piper hispidinervum)Micropropagação, semente artificial, unidade encapsulável,alginato de sódio, carvão ativado ...................................... 93Pimentão (Capsicum annuum)Manejo, ambiente protegido, modelo de cultivo em Manaus 121Cera, filme de PVC, refrigeração, pós-colheita .............. 170Plantas medicinaisEgletes viscosa, macela, óleo essencial, extrato etanólico,extrato clorofórmico, época de colheita ............................ 26Mentha arvensis, menta, nutrientes, hidroponia, solução nu-tritiva .................................................................................. 61Etnobotânica, fitoterapia, Amazônia ............................... 244Lippia sidoides, alecrim-pimenta, micropropagação, reguladorde crescimento, propagação in vitro, segmento nodal ........ 255Melissa officinalis, melissa, manejo, adubação nitrogenada,biomassa, altura de corte ................................................. 312Pfaffia glomerata, fáfia, ginseng brasileiro, propagação, cres-cimento ............................................................................. 375Cymbopogon citratus, capim-limão, Cymbopogon flexuosus,manejo, intervalo de corte, capim limão ......................... 379Pfaffia glomerata, fáfia, biomassa, b-ecdisona, sazonalidadede produção ...................................................................... 393Plantas ornamentaisAnanas comosus var. erectifolius, abacaxi ornamental, cultu-ra de tecidos, enraizamento, multiplicação ....................... 45Aechmea blanchetiana, bromélia, adubação foliar, nitrato depotássio, aclimatização, cultivo in vitro .......................... 175Aster ericoides, aster, latossolo, nutrição mineral, estufa, adu-bação nitrogenada e potássica ......................................... 190Dendrathema grandiflorum, crisântemo, Liriomyza spp, ma-nejo de inseto, composto silicatado ................................. 240Rosa sp., rosa, exportação de nutrientes, ambiente protegidoCC1763Rosa sp., rosa, densidade de plantio, número de drenos emvaso, produtividade, ambiente protegido ........................ 528Repolho (Brassica oleracea var. capitata)Vigor, solução salina, potencial fisiológico de sementes, en-velhecimento de sementes ............................................... 144Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgâni-ca, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibi-ótico, cobre ....................................................................... 486

Rúcula (Eruca sativa)Chicorium ndívia, consórcio, rentabilidade, época de plantio .. 316

Salsa (Petroselinum crispum)Allium fistulosum, Arracacia xanthorriza Bancroft, razão deárea equivalente, consórcio ............................................. 287

545Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Urucu (Bixa orellana)

Germinação, vigor de sementes, dormência, envelhecimentoacelerado, maturação de sementes .................................... 19

Taioba (Xanthosoma sagittifolium)

Produção e marketing .......................................................... 6

Taro (Colocasia esculenta)

Avena strigosa, plantio direto, cama de aviário, produção or-gânica ............................................................................... 149

Tomate (Lycopersicon esculentum)Sistema de cultivo, consórcio, Lactuca sativa ................ 158Tutoramento, severidade de doença, danos por insetos, siste-ma de condução................................................................ 180Caixa K, dano pós-colheita, dano físico, tomate de mesa231Tabela de vida da cultura, podridão apical, manejo de pragas,ambiente protegido .......................................................... 281Marcador RAPD, descritor morfológico, descritormulticatogórico ................................................................ 364

agradecimentos aos revisores / thanks to reviewers

546 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Ademar Pereira de Oliveira ................................... UFPB-PBAdriana Ramos...................................................... Ilheus-BAAdriano Bandelli .............................................. VORTEX-RSAdriano do Nascimento Simões ............................. UFV-MGAgostinho Dirceu Didonet ....... Embrapa Arroz e Feijão-GOAlessandra Mayumi Tokura .................................. UNIDERPAlice Maria Quezado Duval ........... Embrapa Hortaliças-DFAlice Nagata .................................... Embrapa Hortaliças-DFAlineaurea Florentino Silva ................ Embrapa Semi-ÁridoÁlvaro Vilela de Resende ................. Embrapa Cerrados-DFAmauri Alves de Alvarenga ................................. UFLA-MGAmauri Bogo ....................................................... UDESC-SCAna Christina Brasileiro Vidal .............................. UFPE-PEAna Maria Resende Junqueira ................................. UnB-DFAncélio Ricardo de Oliveira Gondim .................UNESP-SPAnderson Fernando Wamser ............................. EPAGRI-SCAngela Maria Ladeira .................... Instituto de Botânica-SPAngela Maria Soares ............................................ UFLA-MGAntonia dos Reis Figueira ................................... UFLA-MGAntonio Carlos Maringoni ...................................UNESP-SPAntônio Ismael Inácio Cardoso ...........................UNESP-SPAntonio Nolla ........................................................ Toledo-PRArie Fitzgerald Blank ............................................... UFS-SEArione da Silva Pereira ....... Embrapa Clima Temperado-RSArmando Reis Tavares ................... Instituto de Botânica-SPAtelene Normann Kämpf Consultoria Normann Kämpf-RSAuri Brackmann .................................................... UFSM-RSCandido Athayde Sobrinho ............. Embrapa Meio Norte-PICarlos Alberto Aragão ......................................... UNEB-BACarlos Alberto Simões do Carmo ................... INCAPER-ESCarlos Eduardo Ferreira de Castro ........................... IAC-SPCarlos R F Grosso ................................................UNESP-SPCarlos Roberto Bueno........................................... INPA-AMCaroline Jacome Costa ..................... Embrapa Cerrados-DFCesar Augusto Brasil Pereira Pinto ..................... UFLA-MGCesar Bauer Gomes ............ Embrapa Clima Temperado-RSCharles Martins de Oliveira .............. Embrapa Cerrados-DFCláudia Pombo Sudré ............................................ UENF-RJClaudio Sanzonowicz ....................... Embrapa Cerrados-DFCristiaini Kano .......................................................... IAC-SPCristina Duda de Oliveira ....................................UNESP-SPCynthia Torres de Toledo Machado . Embrapa Cerrados-DFDaniela Lopes Leite ............ Embrapa Clima Temperado-RSDerly J. H. da Silva ................................................. UFV-MGDiego Resende de Queirós Pôrto ........................UNESP-SPDilermando Perecin .............................................UNESP-SPDirceu Pratissoli ..................................................... UFES-ESEder Pereira Gomes ................................................ UEM-PR

Edison Ryoiti Sujii ........................... Embrapa Cenargen-DFEdmilson José Ambrosano ....................................... IAC-SPEdson Hiydu Mizobutsi .........................................................Eduardo Dal´Ava Mariano............................. UNICAMP-SPEgídio Bezerra Neto ............................................UFRPE-PEEliana Paula Fernandes Brasil ................................ UFG-GOElizanilda Ramalho de Rego ................................. UFPB-PBEloisa Aparecida Belleza Ferreira ......... Embrapa Cerrados-DFErnani Clarete da Silva ........................................ UFLA-MGEvander Alves Ferreira ....................................... UEMC-MGFernando Campos Mendonça ..... Embrapa Pecuária Sudeste-SPFernando Luiz Finger ............................................. UFV-MGFlávia Cristina dos Santos ................ Embrapa Cerrados-DFFlavia França Teixeira ............ Embrapa Milho e Sorgo-MGFrancisco C. Maia Chaves ...Embrapa Amazonia Ocidental-AMFrancisco L. A. Câmara .......................................UNESP-SPFrancisco Vilela Resende ................ Embrapa Hortaliças-DFGabriel Belfort Rodrigues ................................... UFLA-MGGeorgea Rita Burck Duarte ................................. Pelotas-RSGeovani Bernardo Amaro ............... Embrapa Hortaliças-DFGeraldo Milanez de Resende .............. Embrapa Semi-ÁridoGermani Concenço ................................................. UFV-MGGermano Leão Demolin Leite ............................ UFMG-MGGil Rodrigues dos Santos ........................................ UFT-TOGiovani Olegário Silva ................... Embrapa Hortaliças-DFGisele Rodrigues Moreira ...................................... Vitória-esGlauber Henrique de Souza Nunes ................. UFERSA-RNHaydée Siqueira Santos .......................................UNESP-SPHélcio Costa .................................................... INCAPER-ESHelio Grassi Filho ................................................UNESP-SPHelvécio De-Polli ....................... Embrapa Agrobiologia-RJIgnácio Aspiazú ....................................................... UFV-MGÍtalo Ludke ...................................... Embrapa Hortaliças-DFItamar Rosa Teixeira ............................................... UEG-GOIzabel Cristina do Santos ................................ EPAMIG-MGJacimar Luis de Souza .................................... INCAPER-ESJackson Kawakami ............................................... UEPG-PRJadir Borges Pinheiro ...................... Embrapa Hortaliças-DFJeandson Silva Viana ............................................. UFPB-PBJesus G. Töfoli .................................... Instituto Biológico-SPJoao Batista Duarte ................................................. UFG-GOJoao Batista Vida ..................................................... UEM-PRJoão Ito Bergonci ................................................ UFRGS-RSJoaquim Gonçalves de Pádua ......................... EPAMIG-MGJonny Everson Scherwinski ............. Embrapa Cenargen-DFJony Eishi Yuri ............................................. UNINCOR-MGJosé Alberto Caram de Souza Dias .......................... IAC-SPJosé Carlos Lopes .................................................. UFES-ES

547Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

José de Barros de França Neto ................. Embrapa Soja-PRJosé Guilherme Marinho Guerra ...... Embrapa Agrobiologia-RJJosé Hortêncio Mota ............................................ UFGD-MSJosé Lindorico Mendonça ............... Embrapa Hortaliças-DFJosé Maria Pinto ............................ Embrapa Semi-Árido-PEJosé Ricardo Peixoto ................................................ UnB-DFJuan Saavedra del Aguila .................................... ESALQ-SPJuliano Tadeu Vilela de Resende ............. UNICENTRO-PRJurandi Gonçalves de Oliveira .............................. UENF-RJJuscelino Antonio Azevedo .............. Embrapa Cerrados-DFJuvenil Cares ............................................................ UnB-DFLeandro Borges Lemos ........................................UNESP-SPLeilson Costa Grangeiro .................................. UFERSA-RNLeonora Mansur Mattos .................. Embrapa Hortaliças-DFLindamir Hernandez Pastorini .................................. URI-RSLuciana M. de Carvalho . Embrapa Tabuleiros Costeiros-SELuciane Vilela Resende ....................................... UFLA-MGLuciano Esteves Peluzio ......................................... UFV-MGLuiz Alexandre Peternelli ....................................... UFV-MGLuiz Antonio Augusto Gomes ............................. UFLA-MGLuiz Antonio Biasi ................................................. UFPR-PRLuiz Carlos Prezotti ........................................ INCAPER-ESLuiz Carlos S. Caetano ........................................ Pesagro-RJLuiz Vitor Egas Villela Junior ................................ FAEF-SPMarcelo Tavares ..................................................... UFU-MGMarcia de Nazare O Ribeiro ................................ UFLA-MGMarciel João Stadnik ............................................. UFSC-SCMarcos Aurelio Carolino de Sá ........ Embrapa Cerrados-DFMarcos David Ferreira ................................... UNICAMP-SPMaria Aico Watanabe .............. Embrapa Meio Ambiente-SPMaria Aparecida Nogueira Sediyama .................... UFV-MGMaria Cristina Rocha Cordeiro ........ Embrapa Cerrados-DFMaria de Fátima Guimarães .................................... UEL-PRMaria Esmeralda Soares Payão Demattê ............UNESP-SPMaria José Granate ................................................. UFV-MGMaria Nilda Lofego Otoboni ...............................UNESP-SPMaria Zuleide de Negreiros ............................. UFERSA-RNMarina Castelo Branco ................... Embrapa Hortaliças-DFMarinalva Woods Pedrosa .................................. Viçosa-MGMarinice Oliveira Cardoso ..Embrapa Amazonia Ocidental-AMMario Puiatti ........................................................... UFV-MGMarisa Toniolo Pozzobon ................ Embrapa Cenargen-DFMarta Simone Mendonça Freitas .......................... UENF-RJMaryzélia Furtado de Farias ............................ São Luis-MAMauricio Jose Fornazier ................................. INCAPER-ESMaurício Ursi Ventura ............................................. UEL-PRMax José de A. Faria Júnior ................................UNESP-SPMiguel Michereff Filho ................... Embrapa Cenargen-DFMilza Moreira Lana ........................ Embrapa Hortaliças-DFMírian Josefina Baptista ................. Embrapa Hortaliças-DFMirtes Freitas Lima ......................... Embrapa Hortaliças-DFMonalisa Alves Diniz da Silva .................... Uberlandia-MG

Monica Ferreira de Abreu ......................................... IAC-SPMônica Sartori de Camargo ...................................... IAC-SPNand Kumar Fageria ................ Embrapa Arroz e Feijão-GONatan Fontoura da Silva ......................................... UFG-GONei Peixoto .............................................................. UEG-GONestor Antonio Heredia Zarate............................ UFMS-MSNilson Borlina Maia ................................................. IAC-SPNilton Rocha Leal .................................................. UENF-RJNorberto da Silva .................................................UNESP-SPNuno Rodrigo Madeira ................... Embrapa Hortaliças-DFObertal da S. Almeida ........................................... UESB-BAOlinda Maria Martins ...................... Embrapa Cenargen-DFOnkar Dev Dhingra ................................................. UFV-MGOscar José Smiderle ........................... Embrapa Roraima-RROsmar Rodrigues Brito ............................................ UEL-PRPablo Forlan Vargas ............................................ UFMG-MGPaulo Antônio de Souza Gonçalves .................. EPAGRI-SCPaulo Roberto R. Chagas .... Centro de Pesq.Mokiti Okada-SPPaulo Sérgio Lima e Silva ............................... UFERSA-RNPedro Dantas Fernandes ....................................... UFCG-PBRaquel R. B. Negrelle ............................................ UFPR-PRRegina Maria Monteiro de Castilho ....................UNESP-SPRenata da Silva Brant ............................ UNIMONTES-MGRenato Amabile ................................. Embrapa Cerrados-DFRicardo Antonio Ayub .......................................... UEPG-PRRicardo Monteiro Corrêa ..................................... UFLA-MGRita de Cássia Mirella Resende ........................... UFLA-MGRoberta Marins Nogueira Peil .............................UFPEL-RSRonaldo Setti de Liz ....................... Embrapa Hortaliças-DFRosana Fernandes Otto ......................................... UEPG-PRRubens Duarte Coelho .............................................. USP-SPRui Sales Júnior ............................................... UFERSA-RNSally Ferreira Blat ..................................................... IAC-SPSami J. Michereff .................................................UFRPE-PESebastião Elviro de Araújo Neto ....... Univ.Fed.do Acre-ACSebastião Wilson Tivelli ........................................... IAC-SPSemíramis Rabelo R. Ramos .... Embrapa Clima Temperado-RSShizuo Seno..........................................................UNESP-SPSiegfried Mueller ............................................... EPAGRI-SCSilvaldo Felipe da Silveira ..................................... UENF-RJSilvio Tavares ............................................................ IAC-SPSimone Costa Mello ........................................... ESALQ-SPSissi Kawai Marcos .................................................. FEB-SPTânia Beatriz G.A. Morselli .................................UFPEL-RSTatiana da Silva Duarte ......................................... UFSM-RSThales Vinicius de Araujo ........................................ UFC-CEThiago Leandro Factor ............................................. IAC-SPValéria Aparecida Modolo ........................................ IAC-SPWagner Bettiol ........................ Embrapa Meio Ambiente-SPWaldir Marouelli ............................. Embrapa Hortaliças-DFWaldo Alejandro Ruben Lara Cabezas ..................... IAC-SP

548 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

indice dos autores / index of authors

Abreu CA ....................................... 202

Abreu MF ....................................... 202

Aguiar FFA ........................... 175; 492Albertini S ...................................... 458

Almeida AHB................................... 15

Almeida DL................... 112; 149; 216Almeida GC ....................................... 6

Alves AM ....................................... 528Alves AU ............... 154; 251; 292; 533Alves DS ........................................ 102

Alves EO ........................................ 471

Alves EU ....................... 154; 251; 533Alves JC ......................................... 227

Alves LS ......................................... 107

Alves RE ................................. 56; 464Amarante CVT ...............................471Anderson MD..................................... 6

Andrade DEGT .............................. 401Anjos RSB...................................... 186

Araújo JF ........................................ 476

Araújo ML...................................... 364Araújo RC ...................................... 227

Argandoña EJS ............................... 371

Arrigoni-Blank MF ........................ 255Arruda FB ...................................... 330

Arruda JA ....................................... 227

Ascheri JLR.................................... 112Azevedo BM .................................. 528

Bacarin MA ....................................383Bacchis S ........................................ 348Backes C ......................................... 515

Bandeira DA .................................. 486

Banzatto DA ..................................... 88Baptista GC ....................................321Barbosa JC .............................. 50; 158

Barros FLS ..................................... 240Barros GAA ................................... 404

Barros ZJ ............................................ 6

Becker WF ..................................... 180Begiato GF ..................................... 458

Belisário DRS ................................ 107

Beltrame Neto E ............................. 447Bento CS ........................................ 364

Bezerra AME ................................... 26Bezerra Neto F ............................... 236Binoti ML ....................................... 441

Bisognin DA .................................. 471

Blank AF ........................................ 255Blat SF ............................................ 398Boiteux LS ..................................... 540

Borges RD ...................................... 186

Bovi MLA ...................................... 138Bovi OA ........................ 312; 375; 379

Braga EJB....................................... 383

Braz LT .................................... 88; 197Calábria IP ...................................... 276

Calbo AG ........................................ 504

Camargo CK .................................. 371Camargo GGT ................................ 231

Camargo LKP ................................ 371

Camargo MS ......................... 190; 330Caramori PH .................................... 40

Cardoso EA .................................... 251

Carmello QAC ............................... 190Carpes RH ............................... 35; 335

Carrijo OA...................................... 504

Carvalho FIF .................................. 325Casali VWD ................................... 433

Cassol D ......................................... 383

Castoldi R ....................................... 197Cavalcante Neto JG ....................... 186

Cecilio Filho AB ..... 50; 158; 292; 316Cecon PR ....................... 216; 433; 464Ceddia MB ..................................... 216

Charlo HCO ................................... 197

Chaves SWP ................................... 447Chu EP ........................................... 175

Coelho RD ...................................... 447

Coimbra KG ................................... 540Collier LS ....................................... 359

Cometti NN ....................................262Corrêa Júnior C .............................. 393Cortez DAG ................................... 393

Costa AS ......................................... 255

Costa CA ............................... 102; 499Costa CC ........................................ 316

Costa CJ .........................................144Costa CP ................................ 398; 409Costa FHS ........................................ 93

Costa ND ................. 97; 308; 388; 476Costa RNT ........................................ 74Cruz IB ........................................... 441

Cruz IS .................................. 154; 251

Daher RF ........................................ 364

Dalvi LP ......................................... 194Dias JRPS ....................................... 458

Dias NS .......................................... 452

Diola V ............................................. 30Diotto AV ....................................... 138

Dornelas CSM ................................ 251

Duarte SR ....................................... 452Duarte TS .............................. 342; 348Duda CD........................................... 88Durigan JF ...................................... 170Espindola JAA ...................... 149; 216

Fabri EG ......................................... 398

Falqueto AR ................................... 383Feijó S .............................................. 35Feitosa SS ....................................... 359

Feltrim AL ............................... 50; 158Fernandes DM ......................... 68; 515

Fernandes EC ................................. 268

Fernandes JB .................................. 537Fernandes LA ........................ 102; 499

Fernandes MS ................................ 262

Fernandes PD ................................. 452Ferraz ACO .................................... 231

Ferraz MGS .................................... 404

Ferraz P .......................................... 447Ferreira EA ....................................... 45

Ferreira HA .................................... 186

Ferreira MD ...................................231Ferreira MGR ................................. 244

Figueiredo MA ................................. 45

Finger FL ................................... 6; 464Folegatti MV .................................. 138

Foltran DE ...................................... 330

Fonseca IM ..................................... 292Fonseca MJO ................................. 112Fontes PCR ............. 83; 116; 209; 281

Franco AA ...................................... 321Franco ATO .................................... 231

Freire Junior M .............................. 112

Freitas KCS .................................... 186Freitas RA ............................... 78; 540

Fritsche Neto R .............................. 325

Furlan RA ....................................... 528Furlani PR ...................................... 202

549Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Galati VG ....................................... 170Galvão H ............................................ 6Gama AS ............................... 121; 524Garcia DC ........................................ 35Gassi RP ......................................... 287Gheyi HR ....................................... 452Giampaoli P ................................... 175Giordano LB .................................. 428Godim ARO ................................... 292Godoy LJG ..................................... 515Gomes AMA .................................. 486Gomes LAA ...................................359Gonçalves LSA .............................. 364Grangeiro LC .......................... 97; 158Guedes RS ........................................ 93Guerra JGM........................... 149; 216Guerra MP ........................................ 30Guilherme DO ................................ 499Guimarães MA ............................... 116Heredia Zárate NA ......................... 287Hiroce R ......................................... 330Holtz AM ........................................ 194Jacomino AP .................................. 520Johansson LAPS .............................. 40Junqueira KP .................................... 45Kanashiro S ........................... 175; 492Kikuti ALP ..................................... 165Kluge RA ....................................... 520Lani ERG ....................................... 116Ledo AS .......................................... 255Leeuwen R ..................................... 316Leite DL ......................................... 308Leonardo FAP ....................... 154; 533Levien SLA .................................... 271Lima CP ......................................... 515Lima HN......................................... 121Lima MAC ..................................... 476Lima MR ........................................ 244Lima RV ........................................... 19Liz RS ............................................. 504Loges V .......................................... 354Loos RA ......................................... 281Lopes JC ........................................... 19Lopes MTG ........................... 121; 524Lopes R .......................................... 524Lopes SJ .................................. 35; 335Lorentz LH ..................................... 335Lourenção AL ................................ 221Lucio AC .......................................... 35Lúcio AD ........................................335

Ludwig F .......................................... 68Luz JMQ......................................... 276Macedo CMP ................................... 19Machado FLCM ............................... 56Machado GM ................................. 441Maciel CDG ...................................107Maciel GM ..................................... 495Madeira NR .................................... 428Maia NB ................................ 375; 379Mangan FX ........................................ 6Marchese A .................................... 371Marcos Filho J ................................ 165Mariano RLR ................................. 486Mario M ......................................... 379Martins ER ..................................... 102Martins Filho S .............................. 240Martins FM .................................... 107Mary W .......................................... 262Matias GCS .................................... 262May A ............................ 312; 375; 186Medeiros DC .................................. 186Medeiros Filho S .............................. 26Medeiros JF ..................... 15; 271; 452Medeiros SLP ................................... 61Mello SC ........................................ 190Melo B ............................................ 276Melo PCT ....................................... 447Mendonça AB ................................ 255Mendonça RU .................................... 6Menezes JB .................................... 464Mesquita LX .................................. 236Michereff S .................................... 401Miguel ACA ...................................458Milagres CP.................................... 524Ming LC ......................................... 393Miranda Filho HS .......................... 221Miranda LV ...................................... 40Miranda NO ...................................271Monteiro ROC ............................... 447Montezano EM............................... 342Moraes ARA ......................... 375; 379Morais H........................................... 40Moreira M .......................................... 6Moreira MA ................................... 116Moretti CL...................................... 520Morgado CMA ............................... 170Mota PRD ........................................ 68Moulin MM .................................... 364Moura MF ...................................... 154Mueller S ........................................ 180

Nascimento WM ..................... 78; 540Ness RLL ......................................... 74Nunes GHS .................... 97; 186; 236;Nunes SV ........................................... 6Ogassavara FO ............................... 170Oliveira ANP ................. 154; 251; 533Oliveira AP .................... 154; 251; 533Oliveira CAS .................................. 504Oliveira FF ..................................... 216Oliveira FL ..................................... 149Oliveira FN .................................... 537Oliveira KC .................................... 236Oliveira LDM................................... 26Oliveira RC .................................... 537Oliveira RGS .................................. 240Oliveira VR .................................... 308Orth AI ............................................. 30Padua Junior AL .............................202Paludo AL ...................................... 335Pasqual M ......................................... 45Passos RR ....................................... 240Paulus D ........................................... 61Paulus E ............................................ 61Paye HS .......................................... 240Peil RMN .............................. 342; 348Pereira AS ...................................... 325Pereira EWL ................................... 236Pereira JES ....................................... 93Pereira MG ..................................... 364Pereira TNS .................................... 364Pereira VA ...................................... 240Perez R ...........................................441Peters JA ........................................ 383Picanço MC .................................... 281Piedade SMS .................................. 447Pinheiro MQ.................. 312; 375; 379Pinto JM ......................................... 388Polanczyk RA ....................... 194; 240Poletine JP ...................................... 107Pontim BCÁ ................................... 287Pôrto ML ........................................227Prado RM ....................................... 292Pratissoli D ............................ 194; 240Pria MD .......................................... 268Puiatti M ........................ 116; 209; 464Quast A ........................................... 287Queiroga RCF ................................ 209Ramos A .........................................138Ramos AM ..................................... 441Ramos DP ...................................... 492

550 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

Ramos SJ ............................... 102; 499

Ramos VJ ....................................... 221

Rech J ............................................. 287Reifschneider FJB .......................... 428

Resende GM .................. 388; 510; 476

Resende JTV .................................. 371Resende LV .................................... 354

Rezende BLA .................. 50; 158; 316

Rezende JC ....................................... 45Ribeiro RLD .......................... 149; 216

Ricci MSF ...................................... 216

Rocha JN .......................................... 40Rodrigues AC ................................. 359

Rodrigues IN .................................. 524Rodrigues MA ................................ 308Rodrigues R .................................... 364

Sacconi LV ..................................... 312

Sala FC .................................. 398; 409Sales Júnior R ....................... 236; 401

Sampaio Júnior JD ......................... 116

Sampaio RA .......................... 102; 499Samra AG ....................................... 312

Sanches J ........................................ 170

Santana DG .................................... 276Santos CAF ............. 97; 308; 404; 476

Santos FC ......................................... 45

Santos GM........................................ 97Santos ICCN .................................. 404

Santos ICN ..................................... 308

Santos JP ........................................ 180Santos LA ....................................... 486Santos MRA ...................................244Santos RHS .................................... 433Santos RR ....................................... 533

Santos VF ....................................... 354

Sasaki FF ........................................ 520

Sawasaki HE .................................. 330Schammass EA .............................. 221

Schmitz DD .................................... 383

Schmitz GCB ................................... 93Shirahige FH .................................. 447

Silva AF .......................................... 194

Silva DF ......................................... 533Silva DJH ....................................... 281

Silva EC ......................................... 495

Silva EE .......................................... 149Silva EO ........................................... 56

Silva GO ................................ 325; 481Silva GS ......................................... 158Silva JP ........................................... 486

Silva LA ........................................... 74

Silva LN ......................................... 194Silva MAD ..................................... 276

Silva MCC................................. 15; 83Silva MS .........................................221Silva RA ......................................... 321

Silva RAN .......................................... 6

Silva VV ......................................... 149Silveira EB ..................................... 486

Silveira ER ....................................... 26

Soares AG ...................................... 112Sousa PHM .................................... 441

Sousa VF ........................................ 528

Souto TA ........................................ 354Souza AP ........................................ 227

Souza JL ......................................... 433Souza JO.................................... 15; 97Souza JRP ........................................ 40

Souza MCM ...................................354Souza PA ........................................ 464Souza RJ ......................................... 510Souza VQ ....................................... 325Souza-Dias JAC ............................. 221Spoto MHF ..................................... 458Steffens CA .................................... 471Storck L ................................... 35; 335Strassburger AS .............................. 348Sudré CP......................................... 364Tavares AR ............................ 175; 492Tavares M ....................................... 231Teixeira LD .................................... 398Teixeira WG ................................... 121Torres AC ....................................... 383Torres SB ........................................ 537Trani PE .......................................... 330Trevizan LRP ................................. 321Trzeciak MB ................................... 144Vargas PF ....................................... 197Vasconcelos JP ................................. 74Velini ED ........................................ 107Veras FS ......................................... 186Viana RG .......................................... 83Viana TVA ...................................... 528Vieira JV................................ 276; 481Vieira MC ....................................... 287Villala FA ....................................... 144Villas Bôas RL......................... 68; 515Vitti MCD ...................................... 520Wamser AF ..................................... 180Yuri JE ............................................ 510Zagonel J ........................................ 268Zanardi OZ ..................................... 471Zonta E ........................................... 262

551

normas para publicação / instructions to authors

Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

NORMAS PARA PREPARAÇÃO E SUBMISSÃODE TRABALHOS

O periódico Horticultura Brasileira é a revista oficial da As-sociação Brasileira de Horticultura. Horticultura Brasileira des-tina-se à publicação de artigos técnico-científicos que envolvamhortaliças, plantas medicinais, condimentares e ornamentais eque contribuam significativamente para o desenvolvimento des-ses setores. O periódico Horticultura Brasileira é publicado acada três meses. Os artigos podem ser enviados e/ou publicadosem português, inglês ou espanhol. Para publicar em HorticulturaBrasileira é necessário que o primeiro autor do trabalho sejamembro da Associação Brasileira de Horticultura (ABH) ou dasAssociações Nacionais com que a ABH mantenha Acordo deReciprocidade, e esteja em dia com o pagamento da anuidade.Trabalhos em que o primeiro autor não cumpra os requisitosacima também poderão ser submetidos. Neste caso, é necessárioque seja recolhida a taxa de tramitação ampliada, tão logo o tra-balho seja aceito para revisão.

Os trabalhos enviados para Horticultura Brasileira devemser originais, ainda não relatados ou submetidos à publicaçãoem outro periódico ou veículo de divulgação. Está tambémimplícito que os aspectos éticos e o atendimento à legislaçãovigente do copyright tenham sido observados durante o de-senvolvimento do trabalho. Após a submissão à HorticulturaBrasileira e até o final de sua tramitação, é vedada a submis-são do trabalho, em todo ou em parte, a qualquer outro perió-dico ou veículo de divulgação. Caso o trabalho seja aceitopara publicação, Horticultura Brasileira adquire o direito ex-clusivo de copyright para todas as línguas e países. Não épermitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos publi-cados sem autorização por escrito da Comissão Editorial.

O periódico Horticultura Brasileira é composto das se-guintes seções:

1. Artigo convidado: tópico de interesse atual, a convi-te da Comissão Editorial;

2. Carta ao Editor: assunto de interesse geral. Serápublicada a critério da Comissão Editorial que poderá, ainda,submetê-la ao processo de revisão;

3. Pesquisa: artigo relatando informações provenientesde resultados originais de pesquisa obtidos por meio de apli-cação rigorosa de metodologia científica, cujareproducibilidade é claramente demonstrada;

4. Comunicação Científica: comunicação ou nota cien-tífica relatando informações originais resultantes de observa-ções de campo ou provenientes de experimentos menos com-plexos, realizados com aplicação rigorosa de metodologiacientífica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada;

5. Página do Horticultor: trabalho original referente aresultados de utilização imediata pelo setor produtivo como,por exemplo, ensaios originais com agrotóxicos, fertilizantesou competição de cultivares, realizados com aplicação rigo-rosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é cla-ramente demonstrada;

GUIDELINES FOR PREPARATION ANDSUBMISSION OF PAPERS

Horticultura Brasileira is the official journal of theBrazilian Association for Horticultural Science. HorticulturaBrasileira publishes papers on vegetable crops, medicinal andcondimental herbs, and ornamental plants. Papers that give asignificant contribution to the scientific and technologicaldevelopment of horticultural crops are highly appreciated.Horticultura Brasileira is published quarterly and accepts and/or publishes papers in English, Portuguese, and Spanish. Forthe paper to be eligible for publication, first author must bemember of the Brazilian Association for Horticultural Science(ABH) or of a National Horticultural Association with whichABH possesses a Reciprocity Agreement, in both cases withthe annual fee paid. In case first author does not fall into theprevious categories, papers may be still submitted, regardingthat the broad processing fee is paid as soon as the manuscriptis considered accepted for reviewing.

Horticultura Brasileira publishes original papers, whichhave not been submitted to publication elsewhere. It is implicitthat ethical aspects and fully compliance with the copyrightlaws were observed during the development of the work. Fromsubmission up to the end of the reviewing process, partial ortotal submission elsewhere is forbidden. With the acceptancefor publication, publishers acquire full and exclusive copyrightfor all languages and countries. Unless the publishers grantspecial permission, no photographic reproductions,microform, and other reproduction of a similar nature may bemade of the journal, of individual contributions containedtherein or of extracts therefrom.

Horticultura Brasileira has the following sections:

1. Invited paper: papers dealing with topics that arouseinterest, invited by the Editorial Board;

2. Letter to the Editor: deals with a subject of generalinterest. The Editorial Board makes a preliminary evaluationand can accept or reject it, as well as submit it to the reviewingprocess;

3. Research: paper describing an original study, carriedout under strict scientific methods. The reproducibility ofstudies should be clearly demonstrated;

4. Scientific Communication: communication orscientific note, reporting field observations or results of lesscomplex original studies, carried out under strict scientificmethods. The reproducibility of studies should be clearlydemonstrated;

5. Grower’s page: original communication or short notedescribing information readily usable by farmers, as forexample, results from studies regarding the evaluation ofpesticides or fertilizers, or cultivar comparative performance.Such studies must have been carried out under strict scientificmethods and their reproducibility should be clearlydemonstrated;

552 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

6. Nova Cultivar: relato de novas cultivares egermoplasma, contendo origem, descrição e disponibilidade,com dados comparativos.

Submissão dos trabalhosO texto deve ser composto em programa Word 6.0 ou ver-

são superior, em espaço 1,5, fonte Times New Roman, tama-nho doze. Páginas e linhas devem ser numeradas. Adicione aofinal do texto todos os demais componentes do trabalho (figu-ras, tabelas e gráficos). Formate o arquivo para página A

4 e

toda as margens para 3 cm, imprima e envie uma cópia. Incluatambém um CD contendo o arquivo do trabalho. Imagens debaixa resolução não serão aceitas. Os trabalhos deverão ter nomáximo 16 laudas (36.000 caracteres, excluindo os espaços).Se forem necessárias orientações quaisquer que não estejamrelacionadas aqui, entre em contato com a Comissão Editorialou consulte os últimos números de Horticultura Brasileira.

Os trabalhos submetidos entrarão em tramitação somente se:1. estiverem acompanhados da anuência de todos os autores,

que devem assinar a carta de encaminhamento ou a primeira pági-na do trabalho. Caso um ou mais autores não possa(m) assinar, arazão deve ser mencionada na carta de encaminhamento. Nestecaso, o autor correspondente deverá se responsabilizar pela(s)anuência(s) faltante(s). Mensagens eletrônicas da anuência oucópias gráficas destas serão aceitas, desde que indubitavelmenteenviadas da conta eletrônica de quem as concedeu;

2. estiverem em total acordo com estas normas;3. forem considerados aptos para tramitação pelo Editor

Associado.Quando aceito para tramitação, o autor correspondente

receberá uma mensagem eletrônica e será solicitado o reco-lhimento da taxa de tramitação, no valor de R$ 55,00, quandoo primeiro autor for associado à ABH e estiver com a anuida-de em dia; ou da taxa de tramitação ampliada, no valor de R$295,00, quando o primeiro autor não é associado da ABH.Trabalhos rejeitados não serão devolvidos.

A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro:1. Título: limitado a 15 palavras ou 90 caracteres, ex-

cluindo os espaços. Utilize nomes científicos somente quan-do as espécies em questão não possuírem nomes comuns noidioma utilizado no trabalho;

2. Nome dos autores: nome(s) próprio(s) completo(s) do(s)autor(es). Abrevie somente o(s) sobrenome(s) intermediário(s).Por exemplo, José Maria Fontana Cardoso, deve aparecer comoJosé Maria F Cardoso. Utilize números super-escritos para rela-cionar autor(es) e endereço(s). Observe o padrão nos númerosmais recentes de Horticultura Brasileira;

3. Endereço dos autores: nome da instituição e departamen-to, instituto, faculdade ou similar, quando for o caso, com endere-ço completo para correspondência, de todos os autores. Inclua oendereço de correio eletrônico de todos os autores. Utilize núme-ros super-escritos para relacionar autor(es) e endereço(s). Obser-ve o padrão nos números mais recentes de Horticultura Brasileira;

4. Resumo e palavras-chave: limitado a 1.700 caracteres,excluídos os espaços. Selecione até seis palavras-chave ou termospara indexação, iniciando sempre pelo nome(s) científico (s) da(s)espécie(s) em questão. Não repita palavras que já estejam no título;

6. New Cultivar: communications or scientific notesreporting recent cultivar and germplasm release. It mustinclude information on origin, description, seed availability,and comparative data.

Manuscript submissionPrepare your text in Word® 6.0 or superior, in 1,5 space, font

Times New Roman 12 points, with pages and lines numbered.Add images, figures, tables, and charts to the end of your textand compile all files (text, figures, tables, and charts) in a singledocument. Format the document for A

4 page, 3-cm margins. Print

and submit. Send along a CD-ROM containing a copy of thefile. Low-resolution images are not adequate for publication. Thefile must not exceed 16 pages (36,000 characters, excludingspaces). If further information is needed, please contact the Edi-torial Board or refer to recently released issues.

A paper will be eligible for the reviewing process if:1. accompanied by a signed agreement-on-publishing from

all authors. A signature on the first page of the original paper or onthe submission letter is accepted. In case one or more authors cannot sign it, the reason(s) must be stated in the submission letter. Inthis case, the corresponding author takes the responsibility.Electronic messages or their hardcopies with the agreement-on-publishing are accepted when sent from an electronic accountunequivocally managed by the agreeing author;

2. in full compliance to these guidelines;3. the Associate Editor considered it adequate for peer

reviewing.When accepted for reviewing, the corresponding author will

receive an e-mail alert with instructions for paying the processingfee (US $ 30.00; E $ 20.00, when first author is affiliated to ABHand has no debts with it) or the broad processing fee (US $ 150.00;E $ 100.00) when first author is not affiliated. Rejected paperswill not be returned to the author(s).

Papers published in Horticultura Brasileira have thefollowing format:

1. Title: limited to 15 words or 90 characters, excludingspaces. Use scientific names for the species the paper is dealingwith only when there is no common name in the idiom usedin the paper;

2. Name of authors: Author(s) name(s) in full.Abbreviate only middle family names. Do not abbreviateChristian names. For example, Anne Marie Sullivan Radfordshould appear as Anne Marie S Radford. Use superscriptnumbers to relate authors to addresses. Please refer the mostrecent issues of Horticultura Brasileira for formatting;

3. Addresses: Name of the Institution and Department,if applicable, with full corresponding post address for allauthors. Include authors´ e-mail addresses. Use superscriptnumbers to relate addresses to authors. Please refer the mostrecent issues of Horticultura Brasileira for formatting;

4. Abstract and keywords: abstract limited to 1,700characters (excluding spaces). Select up to six keywords or indexingterms, starting with the scientific name(s) of the organism(s) thestudy deals with. Do not repeat words that are already in the title;

553Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

5. Title, abstract, and keywords: o título em inglês, oabstract e as keywords devem ser versões adequadas de seussimilares em inglês. Não utilize tradutores eletrônicos de texto;

6. Introdução

7. Material e Métodos

8. Resultados e Discussão

9. Agradecimentos, quando for o caso;

10. Referências: não exceda o limite de 30 referênciasbibliográficas. Assegure-se de que no mínimo a metade dasreferências foi publicada recentemente (no máximo, há dezanos). Casos excepcionais serão considerados. Para tanto, so-licita-se que os autores apresentem suas razões na carta desubmissão. Evite citar resumos e trabalhos apresentados e pu-blicados em congressos e similares;

11. Figuras, quadros e tabelas: o limite para figuras, qua-dros e tabelas é três para cada categoria, com limite total decinco. Casos excepcionais serão considerados. Para tanto, soli-cita-se que os autores apresentem suas razões na carta de sub-missão. Assegure-se de que figuras, quadros e tabelas não sãoredundantes. Enunciados e notas de rodapé devem ser bilíngües.Os enunciados devem terminar sempre indicando, nesta ordem,o local, instituição responsável e o ano de realização do trabalho.

Este roteiro deverá ser utilizado para trabalhos destinadosàs seções Pesquisa e Comunicação Científica. Para as demaisseções veja padrão de apresentação nos artigos publicadosnos últimos números de Horticultura Brasileira. Para maiordetalhamento consulte os números mais recentes deHorticultura Brasileira, disponíveis também nos sítios eletrô-nicos www.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista.

Prefira a citação bibliográfica no texto entre parênteses, comosegue: (Resende & Costa, 2005). Quando houver mais de doisautores, utilize a expressão latina et alli abreviada, em itálico,como segue: (Melo Filho et al., 2005). Quando houver mais deum artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, diferencie-os por uma letra minúscula, logo após a data de publicação dotrabalho, como segue: 2005a, 2005b, no texto e nas referências.Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), emanos diferentes, separe os anos por vírgula, como segue: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004). Quando vários trabalhos forem cita-dos em série, utilize a ordem cronológica de publicação.

Na seção Referências, organize os trabalhos em ordem alfa-bética pelo sobrenome do primeiro autor. Quando houver maisde um trabalho citado cujos autores sejam exatamente os mes-mos, utilize a ordem cronológica de publicação. Utilize o padrãointernacional na seção Referências, conforme os exemplos:

a) Periódico

MADEIRA NR; TEIXEIRA JB; ARIMURA CT;JUNQUEIRA CS. 2005. Influência da concentração deBAP e AG

3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-

salsa. Horticultura Brasileira 23: 982-985.

b) Livro

FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura. Vi-çosa: UFV. 402p.

5. Abstract, title, and keywords in Portuguese orSpanish: abstract, title, and keywords in Portuguese orSpanish must be adequate versions of their similar in English.Horticultura Brasileira will provide Portuguese versions fornon-Portuguese speaking authors;

6. Introduction;

7. Material and Methods;

8. Results and Discussion;

9. Acknowledgements, when applicable;

10. References: authors are asked to not exceed 30bibliographic references. Make sure that at least half of thereferences were published recently (up to 10 years).Exceptional cases will be considered, regarding that authorsstate their reasons at the submission letter. Avoid citingconference abstracts;

11. Figures and tables: the limit for tables, figures, andcharts is three for each, with a total limit of five. Exceptionalcases will be considered, regarding that authors state theirreasons at the submission letter. Please, make sure that tables,figures, and charts are not redundant. Titles and footnotes mustbe bilingual. Titles should always be finished by presenting,in this sequence, place, responsible institution, and year(s) ofdata gathering.

This structure will be used for manuscripts of the sectionsResearch and Scientific Communication. For other sections,please refer to the most recent issues of Horticultura Brasilei-ra, available also at www.scielo.br/hb ewww.abhorticultura.com.br/Revista.

Bibliographic references within the text should becited as (Resende & Costa, 2005). When there are morethan two authors, abbreviate the Latin expression et alli,in italics, as follows: (Melo Filho et al., 2005). Referencesto studies done by the same authors in the same yearshould be distinguished in the text and in the list ofReferences by the letters a, b, etc., as for example: 1997a,1997b. In citations involving more than one paper fromthe same author(s) published in different years, separateyears with commas: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004).When citing papers in tandem in the text, sort themchronologically.

In the section References, order citations alphabetically,according to first author’s family name, without numbering.When there is more than one paper from exactly the sameauthors, list them chronologically. References should appearaccordingly to the international format, as follows:

a) Journal

GARCIA-GARRIDO JM; OCAMPO JA. 2002. Regulationof the plant defense response in arbuscular mycorrhizalsymbiosis. Journal of Experimental Botany 53: 1377-1386.

b) Book

BREWSTER JL. 1994. Onions and other vegetable alliums.Wallingford: CAB International. 236p.

554 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

c) Capítulo de livroFONTES EG; MELO PE de. 1999. Avaliação de riscos na

introdução no ambiente de plantas transgênicas. In: TOR-RES AC; CALDAS LS; BUSO JA (eds). Cultura de teci-dos e transformação genética de plantas. Brasília:Embrapa Informação Tecnológica/Embrapa Hortaliças. p.815-843.

d) TeseSILVA C. 1992. Herança da resistência à murcha de

Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: USP– ESALQ. 72p (Tese mestrado).

e) Trabalhos completos apresentados em congressos(quando não incluídos em periódicos. Mantenha a citação detrabalhos apresentados em congresso ao mínimo possível).

AnaisHIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC; FURLANI

PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR. 1977.Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4.Anais... Salvador: SBF. p. 357-364.

CD-ROMAQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF.

2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e qua-lidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB(CD-ROM).f) Trabalhos apresentados em meio eletrônico:Periódico

KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not justonline journalism. APS News Online. Disponível em http://www.hps.org/hpsnews/19065.html. Acessado em 25 denovembro de 1998.Trabalhos completos apresentados em congresso (man-

tenha a citação de trabalhos apresentados em congressos aomínimo possível)

SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos doparadigma de qualidade total na educação. In: CONGRES-SO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais ele-trônicos... Recife: UFPe. Disponível em: http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Acessado em21 de janeiro de 1997.

Sítios eletrônicosUSDA - United States Department of Agriculture. 2004, 15

de novembro. World asparagus situation & outlook. Dis-ponível em http://www.fas.usda.gov/

Em caso de dúvidas, entre em contato com a ComissãoEditorial ou consulte os números mais recentes de HorticulturaBrasileira.

Processo de tramitaçãoOs artigos serão submetidos à Comissão Editorial, que

fará uma avaliação preliminar (escopo do trabalho, atendi-mento às normas de publicação, qualidade técnica e qualida-de do texto). A decisão da Comissão Editorial (adequado paratramitação, ou não adequado) será comunicada ao autor de

c) Book chapter

ATKINSON D. 2000. Root characteristics: why and what tomeasure? In: SMIT AL; BENGOUGH AG; ENGELS C;van NORDWIJK M; PELLERIN S; van de GEIJN SC(eds). Root methods: a handbook. Berlin: Springer-Verlag.p. 1-32.

d) ThesisDORLAND E. 2004. Ecological restoration of heaths and

matgrass swards: bottlenecks and solutions. Utrecht:Utrecht University. 86p (Ph.D. thesis).

e) Full papers presented in conferences (when notincluded in referred journals. Avoid as much as possible citingpapers presented in conferences)

Proceedings

VANJOST M; CLARCK CK; BENSON W. 2007. Lettucegrowth in high soil nitrate levels. In: INTERNATIONALCONFERENCE ON NITROGEN USE INHORTICULTURE, 4. Annals... Utrecht: ISHS p. 122-123.

CD-ROM

LÉMANGE PA; DEBRET L. 2004. Rhizoctonia resistancein green asparagus lines In: EUROPEAN SYMPOSIUMOF VEGETABLE BREEDING, 17. Proceedings... Lyon:Eucarpia (CD-ROM).

f) Papers published in electronic media

Journal

KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not justonline journalism. APS News Online. Available in http://www.hps.org/hpsnews/19065.html. Accessed inNovember 25, 1998.

Full papers presented in conferences (Avoid as muchas possible citing papers presented in conferences)

DONOVAN WR; JONHSON L. 2007. Limits to the progressof natural resources exploration. In: International congressof plant genetic resources, 12. Annals... Adelaide: ASGR.Available in http://www.asgr.au/annals/conference/aus012.htm. Accessed in January 21, 2008.

Electronic Sites

USDA - United States Department of Agriculture. 2004,November 15. World asparagus situation & outlook.Available in http://www.fas.usda.gov/

For further orientation, please contact the EditorialBoard or refer to the most recent issues of HorticulturaBrasileira.

The reviewing processManuscripts are submitted to the Editorial Board for a

preliminary evaluation (scope, adherence to the publicationguidelines, technical quality, and command of language).The Editorial Board decision (adequate for reviewing, notadequate) will be e-mailed to the correspondence author.If modifications are needed, the author may submit a newversion. If the manuscript is adequate for reviewing, theEditorial Board forwards it to at least two ad hoc reviewers

555Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

correspondência por via eletrônica. Caso sejam necessáriasmodificações, os autores poderão submeter uma nova versãopara avaliação. Caso a tramitação seja aprovada, a ComissãoEditorial encaminhará o trabalho a pelo menos dois assesso-res ad hoc, especialistas na área em questão. Tão logo hajadois pareceres, o trabalho é enviado a um dos Editores Cien-tíficos da área, que emitirá seu parecer: (1) recomendado parapublicação, (2) necessidade de alterações ou (3) não reco-mendado para publicação. Nas situações 1 e 3, o trabalho éencaminhado ao Editor Associado. Na situação 2, o trabalhoé encaminhado aos autores, que devem elaborar uma novaversão. Esta é enviada à Comissão Editorial, que a remeteráao Editor Científico para avaliação. O Editor Científico po-derá recomendar ou não a nova versão. Em ambos os casos, otrabalho é remetido para o Editor Associado, que emitirá oparecer final. A Comissão Editorial encaminhará o parecerpara os autores.

Nenhuma alteração é incorporada ao trabalho sem aaprovação dos autores. Após o aceite em definitivo do tra-balho, o autor de correspondência receberá uma cópia ele-trônica da prova tipográfica, que deverá ser devolvida àComissão Editorial em 48 horas. Nesta fase não serão acei-tas modificações de conteúdo ou estilo. Alterações, adi-ções, deleções e edições implicarão em novo exame do tra-balho pela Comissão Editorial. Erros e omissões presentesno texto da prova tipográfica corrigida e devolvida à Co-missão Editorial são de inteira responsabilidade dos auto-res. Horticultura Brasileira não adota a política de distri-buição de separatas.

Idioma de publicação

Em qualquer ponto do processo de tramitação, os autorespodem manifestar seu desejo de publicar o trabalho em umidioma distinto daquele em que foi escrito, desde que o idio-ma escolhido seja um dos três aceitos em Horticultura Brasi-leira, a saber, Espanhol, Inglês e Português. Neste caso, osautores tanto podem providenciar a tradução versão final apro-vada para o idioma desejado, quanto autorizar a ComissãoEditorial a providenciá-la. Quando a versão traduzidafornecida pelos autores não atingir o padrão idiomático re-querido para publicação, a Comissão Editorial encaminharáo texto para revisão por um especialista. Todos os custos de-correntes de tradução e revisão idiomática serão cobertos pelosautores.

Cobrança por página publicada

Não é cobrada nenhuma taxa por página até a quinta pági-na publicada. A partir da sexta página, inclusive, cobra-se umataxa por página no valor de R$ 150,00.

Os originais devem ser enviados para:

Horticultura Brasileira

Caixa Postal 190

70.359-970 Brasília – DF

Tel.: (0xx61) 3385-9088/9049

Fax: (0xx61) 3556-5744

of the specific research area. As soon as they evaluate themanuscript, it is sent to a related Scientific Editor. TheScientific Editor analyzes the manuscript and forwards itback to the Editorial Board, (1) recommending forpublication, (2) suggesting modifications or (3) do notrecommending for publication. In situations 1 and 3, themanuscript is reviewed by the Associate Editor, who holdsthe responsibility for the final decision. In situation 2, themanuscript is returned to the author(s), who, based on thesuggestions, produces a new version, which is forwardedto the Editorial Board. Following, the Scientific Editorchecks the new version and recommend or not forpublication. In both cases, it is sent to the Associate Edi-tor, for the final decision. The Editorial Board informsauthors about the final decision.

No modifications are incorporated to the manuscriptwithout the approval of the author(s). Once the paper isaccepted, an electronic copy of the galley proof is sent tothe correspondence author who should make any necessarycorrections and send it back within 48 hours. Extensivetext corrections, whose format and content have alreadybeen approved for publication, will not be accepted.Alterations, additions, deletions, and editing imply that anew examination of the manuscript will be made by theEditorial Board. Authors are held responsible for any errorsand omissions present in the text of the corrected galleyproof that has been returned to the Editorial Board. Nooffprint is supplied.

The publishing idiom

In any point of the reviewing process, authors can indicatetheir will on publishing in a language other than the oneoriginally used to write the paper, considering that the choicefalls into one of the three accepted idioms, namely English,Portuguese, and Spanish. In this case, authors can eitherproduce a translated version of the approved paper, orauthorize the Editorial Board to forward it to translating. Ifthe translated version provided by authors is below theidiomatic standard required for publication, the Editorial boardwill redirect the text for a specialized reviewing. All costsrelated to translating and idiomatic reviewing are charged toauthors.

Page charge

Authors are not charged by page up to the 5th printed page.From the 6th page ahead, page charge is US $ 75.00, E $ 50.00per page.

Manuscripts should be addressed to:

Horticultura Brasileira

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556 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008

E-mail: [email protected]

Assuntos relacionados a mudanças de endereço, filiaçãoà Associação Brasileira de Horticultura (ABH), pagamentode anuidade, devem ser encaminhados à Diretoria da ABH,no seguinte endereço:

Associação Brasileira de Horticultura

IAC - Centro de Horticultura

Caixa Postal 2813.012-970 Campinas – SP

Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374

E-mail: [email protected]

E-mail: [email protected]

Change in address, membership in the BrazilianAssociation for Horticultural Science (ABH), and paymentof fees related to the ABH should be addressed to:

Associação Brasileira de Horticultura

IAC - Centro de Horticultura

Caixa Postal 28

13.012-970 Campinas – SPBrazil

Tel./Fax: 00 55 (19) 3241-5188 extension 374

E-mail: [email protected]

Comemoração dos 200 anosda vinda da Família Real ao

Rio de Janeiro

É chegado a Portugal O tempode padecer, Se te oprime a cruelFrança Sorte melhor hás de ter(versos populares compostos nanova sede do Reino, o Rio de Ja-neiro, após a saída precipitada daCorte de Lisboa para o Brasil)

Neste ano em curso, todos os qua-tro números da nossa HorticulturaBrasileira contêm em suas capasilustrações alusivas a eventos co-memorativos. Assim, na capa darevista 26(1) está representado oano internacional da batata. Narevista 26(2), em comemoraçãoaos 100 anos da imigração japo-nesa, a capa apresenta diversospersonagens, japoneses ou des-cendentes destes, que, de formadireta ou indireta, tiveram impor-tante contribuição no desenvolvi-mento da olericultura do Brasil.O número 26(3) tem em sua capahortaliças exóticas cultivadas noBrasil, introduzidas por imigran-tes de diversas etnias, represen-tando nossa cultura multirracial,com forte influência em nossoshábitos alimentares. Finalizando,o último número de 2008, a re-vista 26(4), é dedicada à contri-buição portuguesa à olericulturado Brasil e à comemoração dos200 anos da vinda da Família Realportuguesa a Salvador, em 22 de

janeiro de 1808 e, Rio de Janei-ro, em 7 de março de 1808.Em 29 de novembro de 1807, oPríncipe Regente de Portugal, queainda não usava o título DomJoão VI, acompanhado por todasua família, inclusive o futuro her-deiro do trono, Pedro, com ape-nas oito anos de idade, embarcarumo ao Brasil. O motivo destafuga baseia-se no avanço deNapoleão Bonaparte e suas tro-pas sobre terras pertencentes adiversos países europeus, alteran-do consideravelmente as frontei-ras da Europa.Se, por um lado, Portugal tornou-se “órfão”, o Rio de Janeiro ga-nhava proporções de capital umreinado europeu. A emigração daFamília Real de Portugal trouxeconsigo profundas alterações co-merciais e culturais, importantespara o futuro do Brasil. Desta-cam-se aqui a fundação do JardimBotânico no Rio de Janeiro e acriação do Banco do Brasil, am-bos existentes até hoje.

A colonização do Brasil pelosportugueses trouxe repercussãoprofunda na nossa agricultura,pelo intercâmbio de material ve-getal entre o Brasil, Portugal e ascolônias portuguesas. Quero dardestaque aqui às hortaliças. Paramaiores detalhes convido os lei-tores a se deleitarem com o arti-go convidado, publicado nestenúmero.Finalmente, a capa desta revis-ta, traz azulejos portuguesesestilizados, representando ashortaliças hoje populares noBrasil, resultado do intercâmbioentre Portugal, suas colônias eo nosso país.

(Sieglinde Brune, coordenado-ra executiva e editorial daHorticultura Brasileira;[email protected])

Arte da capa de Cecília Reifchneider;www.tipovivo.com