hakim bey - guerra da informação

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    Hakim BeyS O B R E A A N A R Q U I AG U E R R A D A I N F O R M A OF M I D I T I C A D E F I M D E S C U L OATAQUE OCULTO S INSTITUIES

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    Este livro no possui copyright. Pode e deveser reproduzido para fins no comerciais notodo ou em parte, alm de ser liberada suadistribuio, preservando o nome do autor.

    Capa e editorao : Paulo CapraTraduo: Coletivo Protopia S.A

    Reviso: Anna Claudia Fernandes

    Bey, Hakim,

    Guerra da Informao e outros textos /

    Hakim Bey; Traduo Coletivo Protopia

    S. A Porto Alegre; Deriva, 2008.

    ISBN: 978-85-62628-14-6

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    Indce

    10. SO BR E A AN A RQ U IA

    27. F MIDITICADE FIM DE SCULO

    43. GUERRA DA INFORMAO

    69. ATAQUE OCULTOS INSTITUIES

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    ProtopiaO Futuro no mais como era antigamente

    Blocos de guerreiros vestidos de negroenfrentando o aparato repressivo do estado,rizomas de rdios livres e comunitrias se

    contrapondo a mdia corporativa, levantescamponeses e indgenas se insurgindo contramultinacionais, redes de okupas questionan-do a especulao imobiliria. Ao contrrio doque a mdia de massas quer nos mostrar, omundo est explodindo em mudanas rpidas

    e promissoras e cada um destes elementos tambm uma pea no mosaico deste tempoem movimento.

    O futuro realmente no mais como eraantigamente, e esta frase nos lembra o quonegro o futuro nos pareceria se no fossenossa prpria capacidade de intervirmos po-sitivamente no que est por vir. Protopia anossa proposta de interveno neste estadode coisas, num mundo que depende da nossaao congregada para existir. A proposta de

    transformao que chamamos de Protopia

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    simples, mas ao mesmo tempo subversi-vamente complexa para um bom entendi-

    mento a dividiremos em 10 passos.

    1 Desista de esperar pela revoluo po-pular, pelo messianismo comunista e portodos os milagres que prometem as pro-postas reformistas dos sociais-democratas

    (isso nunca vai dar certo e as experinciashistricas mostram bem isso).

    2 Fuja de todas as formas de ao espetacu-lares, quando no so pr-sistemicas, provavel-mente se constituem em escapismos. Abandonetambm todas as aes que no levam a lugaralgum como revolta gratuita, arte-pela-arte,loucura isoladora, etc.

    3 Parta secretamente em busca do Y, da

    conjuno de vontades, projetos e proje-es, busque o encontro e se desloque paralonge dos centros de poder. Busque outraspessoas de mpeto livre, constitua formasde ao coletiva at o ponto de fazer brotar(e crescer) uma comunidade intencional.

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    4 No pague mais impostos, busque inves-tir seus recursos e seu tempo na busca cole-

    tiva por autonomia energtica, habitacionale alimentcia. Estabelea relaes de trocade bens e servios com grupos camponeses,organizaes populares e aldeias indgenas.

    5 Opte por tecnologias limpas e renovveis,

    tcnicas em equilbrio com o meio como apermacultura e o earthship. Quando se

    vizinho da sociedade do desperdcio, a macro--reciclagem pode ser algo muito interessante(Afinal um poste de concreto no s umposte de concreto, mas um monte de coisasem potencial).

    6 Promova a comunicalidade ao isolamen-to, se desloque sazonalmente, se inicialmen-te no for possvel viver fora da Mquina em

    tempo integral, divida seu tempo entre seuvelho cotidiano e a criao dessa nova formade sociabilidade.

    7 Aja pelo crescimento deste rizoma de zonasautnomas, estimule e auxilie outros grupos

    no surgimento de novas comunidades. Mutu-

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    alidade, unio e troca no tm preo em ummundo onde o sistema vence pela hostilidade,

    pela competitividade e pela diviso, prepare--se para assistir ao surgimento dos enclaveslibertrios.

    8 Constitua um imaginrio local compar-tilhado, pontos de encontro, grupos de estu-

    dos, espaos de vivncia, e principalmente,circuitos de festas e dias de celebrao. Cadapessoa livre do mundo-co, e cada pedaode terra libertada, so por si s motivos ase festejar.

    9 Prepare-se secretamente para a reaodo estado e do capital. Assim que a tticafor descoberta, pode ter certeza que elesmanejaro seus aparatos de difamao erepresso contra voc. Esteja sempre ar-

    ticulado com a rede. No d motivos paraconflitos (antes do tempo), a cada operaode opresso bem sucedida quem marcaponto so eles e no voc.

    10 Lance sorrateiramente atravs da Web

    propagandas de libertao e popularizao

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    do pensamento libertrio; manuais de comoabandonar o caos capitalista e construir (ou

    fazer parte de) comunidades autnoma forado mapa na qual viver possa valer a pena.

    Enquanto projeto o protopia est empermanente reconstituio atravs de um

    wiki: aberto a todos que queiram efeti-

    vamente participar, e todos que possam seidentificar com este projeto e que queiramtomar parte nele so bem-vindos. Estamosno incio de tudo e qualquer um pode con-tribuir com as suas prprias idias ou aes,ou como bem entender.

    Coletivo Protopiaprotopia.at

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    Sobre a Anarquia:Perguntas e Respostas

    O QUE UM ANARQUISTA?O profeta Maom disse que qualquer

    um que te deseje Paz! pode ser conside-

    rado um Mulumano. Igualmente, poder-amos considerar todos que se denominemanarquistas como anarquistas (a no serque sejam espies da polcia) isso , sim-plesmente aqueles que desejam a abolio

    do Estado.Para os Sufi, a questo, O que umMulumano? no desperta qualquer in-teresse. Ao invs disso eles se perguntam,Quem esse Mulumano? Um dogmticoignorante? Um acintoso1? Um hipcrita?

    Ou ser ele algum que, pelo contrrio, se

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    empenha por experienciar o conhecimentoe o amor, est disposto a buscar ser pleno

    e harmonioso?O que um anarquista? no a verda-deira pergunta. A pergunta correta : Quem esse anarquista?, um dogmtico ignorante,acintoso, hipcrita? Algum que brada teresmagado todos os dolos, e que ao mesmo

    tempo ergue novos altares mentais paracultuar fantasmas e abstraes? Ser elealgum que tenta viver no esprito da Anar-quia, do no-ser-governado/no-governar,ou ser algum que meramente usa aretrica da rebelio como uma desculpapara sua inconseqncia, ressentimento eauto-palperizao?

    As picuinhas teolgicas insignificantesaumentaram indesculpvel e tediosamenteentre os sectos anarquistas. Ao invs de exi-

    gir definies (ideologias), pergunte O quevoc sabe? Quais so seus verdadeirosdesejos? O que voc vai fazer agora? ecomo Diaguilev2 disse para o jovem Cocte-au3 Me impressione!

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    O QUE GOVERNO?O Governo talvez tenha surgido como

    uma forma de relao estruturada entreos humanos no momento em que o poderpassou a ser desigualmente distribudo, emque a vida criativa de alguns foi reduzidapelo engrandecimento de outros. Por isso ogoverno opera em todas as relaes em que

    os membros no so realmente considera-dos como parceiros em uma estrutura demutualidade e simetria. O governo pode serobservado em unidades sociais to pequenascomo a famlia nuclear ou to informaiscomo um encontro casual entre alguns vi-zinhos na rua por outro lado, onde querque o governo no possa sequer tocar, certa-mente surgiro organizaes muito maiorescomo uma mobilizao de amotinados oumultides de entusiastas do comparti-

    lhamento, encontros Quakers ou SovietesLivres, Banquetes Yomango ou sociedadesbenevolentes.

    Um certo tipo de relaes humanasque surgiu como parcerias legtimas, pro-

    vavelmente atravs do processo de institu-

    cionalizao, declinaram em direo a formas

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    de Governo nesse sentido uma relaoamorosa tenha talvez se transformado na

    instituio casamento, uma micro-tirniade avareza amorosa, ou algo como uma co-munidade intencional fundada livrementepara tornar possvel certas formas de viver,desejadas por todos os seus membros, aca-bou dominando e subjulgando suas crianas

    com regras morais insignificantes, cascasvazias daquilo que uma vez foram ideaisgloriosos.

    A meta da Anarquia nunca existir pormais que um curto perodo. Em todo lugare todas as relaes humanas sempre podemser reduzidas a instituies que por sua vezpodem se degenerar em governos. Talvez al-gum possa argumentar que isso natural?...Mas e da?! O oposto tambm natural.E se no for, ento continuarei escolhendo o

    no-natural, o impossvel.Ns bem sabemos que relaes livres(no-governadas) so perfeitamente poss-

    veis, pois as vivenciamos de forma relativa-mente freqente e mais ainda quando nosesforamos por cultiv-las. O anarquista

    opta ter por meta (tambm a arte, a vivaci-

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    dade4) a maximizao das condies sociaispara a emergncia de tais relaes. Porque

    isso que desejamos e isso o que fazemos.

    E QUANTO AO CRIME?As consideraes mais elevadas podem

    implicar em uma forma de tica, umadefinio mutvel e funcional de justia emcada contexto e em cada situao existente.

    Anarquistas provavelmente poderiam con-siderar apenas como criminoso aquelesque deliberadamente agissem contra arealizao de relaes libertrias. Em umasociedade hipottica onde o sistema prisio-nal tenha sido abolido, apenas aqueles queno tenham sido dissuadidos deste tipo deatitude poderiam ser alvo da justia do

    povo, ou mesmo da vingana.Por hora, no entanto, seria suficienteperceber que nossa determinao de criaragora mesmo estas relaes, mesmo quede um modo imperfeito e no-utpico, vaiinevitavelmente nos colocar numa posio

    de criminalidade batendo de frente com

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    o Estado, o sistema legal, e provavelmentetambm com as leis no-escritas do pre-

    conceito popular. Martrio Revolucionrioest fora de moda h muito tempo, o obje-tivo atual criar tanta liberdade quanto forpossvel sem ser pego.

    COMO UMA SOCIEDADEANARQUISTA FUNCIONA?Uma sociedade anarquista funciona,

    sempre que duas ou mais pessoas mutu-amente direcionam seus esforos na orga-nizao de uma parceria legtima, com oobjetivo de alcanar desejos compartilhados(ou complementares). Nenhum governo preciso para estruturar um encontro oculto,um jantar festivo, um mercado negro, uma

    tong (ou sociedade secreta de ajuda mtua),uma rede de correspondncias ou umaBBS5, uma relao amorosa, um movimentosocial espontneo (como eco-sabotagemou ativismo contra a AIDS), um coletivoartstico, uma comuna, um encontro pago,

    uma vizinhana associada para a proteo

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    mtua, um clube de entusiastas, uma praiade nudismo, uma Zona Autnoma Tempo-

    rria. A chave, como Fourier teria dito a paixo ou, para usar uma palavra quepossa soar mais moderna, o desejo.

    O QUE PODEMOS FAZERPARA ALCAN-LA?Em outras palavras, como ns maxi-

    mizamos o potencial para que tais relaesespontneas possam surgir e superar opeso morto de uma sociedade sufocadapor todas as variedades de governana?Como podemos dar a paixo ao reino livre,recriando o mundo de cada dia na liberdade

    verossmil de esprito livre e o grupo dedesejos compartilhados? Esta a questo

    de 64 dlares que realmente no nadademais, j que a resposta apenas pode serencontrada na fico cientfica.

    Muito bem, meu senso de estratgiaest inclinado a rejeitar todas as tticasremanescentes da velha Nova Esquerda

    como manifestaes, performances miditi-

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    cas, protestos, peties, resistncia pacfica6e terrorismo aventureiro. Todo este comple-

    xo estratgico foi a muito tempo assimiladoe produtificado pelo Espetculo (se voc mepermite o uso deste jargo situacionista), ecertamente no possui qualquer valor, nemmesmo enquanto ttica de Detournement7.

    Outras duas reas estratgicas bem di-

    ferentes parecem muito mais interessantese promissoras. Uma o complexo evocadopor John Zerzan8 em seu Elementos deRejeio9 que a rejeio de toda expan-so de mecanismos de controle em grandeescala, supostamente apolticos, inerentesa instituies como o trabalho, educao,consumismo, poltica eleitoral, valoresfamiliares, etc. Os anarquista poderiamquerer voltar suas atenes no sentido deintensificar e dar um outro rumo a esses

    elementos. Tais aes provavelmente cai-riam na tradicional categoria de agitprop10,mas poderiam descambar para a tendnciaesquerdista de institucionalizar ou feti-chizar tais programas nos termos definidospor uma elite revolucionria auto-instituda

    ou vanguarda.

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    A ao na rea de Elementos de Refu-tao algo negativo, at mesmo niilista,

    enquanto a segunda rea se preocupa coma emergncia de organizaes espontne-as capazes de prover alternativas reais sinstituies de Controle. Assim as aesinsurgentes de refutao so comple-mentadas e aprimoradas pela proliferao

    e concatenao de relaes simtricas deparceria. Em certo sentido esta uma ver-so melhorada da velha estratgia Oscilantede agitao em pr de uma Greve Geralenquanto simultaneamente se constriuma nova sociedade dentro da casca da

    velha organizao. A diferena, proposta, que a greve deve ser ampliada para almdo problema do trabalho incluindo todoo escopo da vida cotidiana (num sentidoDebordiano).

    Busquei apresentar propostas bem maisespecficas no ensaio chamado de ZonaAutnoma Temporria; ento aqui melimitarei a alegao de que o objetivo detais aes no pode propriamente ser de-signado pela palavra Revoluo como

    uma Greve Geral, por exemplo, jamais foi

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    uma ttica Revolucionria e sim, maisparticularmente, uma forma de violncia

    social (como explicado por Sorel). ARevoluo traiu a si mesma como s maisuma mercadoria, cataclisma sangrento,mais um giro na manivela do controle istono o que desejamos, mas sim uma opor-tunidade para a anarquia brilhar.

    A ANARQUIA O FIM DA HISTRIA?Se a vinda da anarquia nunca se efe-

    tivar a resposta No exeto no casoespecial da Histria auto-definida e pri-

    vilegiada como uma auto-valorizao deinstituies e governos. Mas a histrianesse sentido provavelmente j est mor-ta, j desapareceu dentro do Espetculo,ou da obcenidade da Simulao. A talponto que a anarquia envolve um tipo de

    paleolitismo psquico, est saudosamentesituada em status ps-histrico que poderiase espelhar no pr-histrico. Se os tericosfranceses esto corretos, j comeamos aentrar em tal status. A histria como estria

    vai continuar, j que os humanos podem

    tambm ser definidos como animais que

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    fazem estrias, mas Histria como umaestria oficial em pr do Controle perdeu

    seu monoplio no discurso. Presumo queisto poder nos trazer alguma vantagem.

    COMO A ANARQUIA SE

    RELACIONA A TECNOLOGIA?Se anarquia um tipo de paleolitismo,

    isso no significa que temos que nos ejetarde volta a Era da Pedra lascada. Estamosinteressados no retorno do Paleoltico, e noem um retorno a ele. Nesse ponto, acreditoque discordo de ambos Zerzan e o FifthEstate14, e tambm dos tecno-futuro-liber-trios da Califrnia. Ou, de certa forma,concordo com todos eles, eu sou ambos, umludita e um cyberpunk, portanto inaceitvel

    para ambas as partes.Minha crena (no conhecimento) que a sociedade que comea a se aproximarda anarquia geral vai ter que lidar com tec-nologia no fundamento da paixo, isto ,desejo e prazer. A tecnologia da alienao

    falharia em sobreviver em tais condies,

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    enquanto a tecnologia do encantamentoiria provavelmente persistir. A selvageria

    no entanto, seria tambm necessariamenteatuante em uma parte cada vez maior domundo, uma vez que selvageria prazer.Uma sociedade baseada no prazer nuncanos permitiria tecnicizar ou interferir emsua diverso naturalizada.

    Se verdade que toda tcnica umaforma de meditao, ento tudo cultura.No aceitamos objetificar a meditao por sis (depois de tudo, nossos sentidos so umamediao entre o mundo e o crebro),mas principalmente com relao a distorotrgica da meditao em alienao. Se a lin-guagem por si s uma forma de meditaoento ns podemos purificar a linguagemda tribo; no a poesia que ns odiamos,mas sim linguagem enquanto Controle15.

    POR QUE A ANARQUIANUNCA FUNCIONOU ANTES?O que voc quer dizer com Por que a

    Anarquia nunca funcionou antes?! Ela

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    funcionou centenas, de milhes de vezes.Funcionou entre 90% da existncia hu-

    mana, na Pr-histria. E funciona entreas tribos caadoras e coletoras at os diasde hoje. Funciona em todos os grupos derelaes livres listados acima, dos en-contros ocultos s tongs. Funciona toda

    vez que voc convida alguns amigos para

    um piquenique. Funcionou mesmo nasinsurreies que no tiveram xito comonos sovietes de Munich e de Shanghai, naBaixa Califrnia em, 1911, Fiume, 1919,Krondstadt, 1921, Paris, 1968. Funcionounas comunas, nos enclaves Maroon e nasutopias piratas. Funcionou na antiga RhodeIsland, na Pennsylvania, em Paris, 1870, naUcrnia, na Catalunha e em Arago.

    O chamado futuro da Anarquia umjulgamento feito precisamente pelo tipo de

    Histria que acreditamos estar moribunda. verdade que poucos desses experimentos(exceto o pr-histrico e o tribal) durammuito tempo mas isso no diz nadasobre o valor e a natureza da experincia,de indivduos e grupos, que vivenciaram

    tais perodos de liberdade. Talvez voc possa

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    recordar de algum caso amoroso, um quemesmo agora traga certo sentido a toda a

    sua vida, antes e depois uma experinciade pico. A Histria cega a esta poro doespectro, o mundo da vida cotidiana podeser eventualmente espao de uma irrupodo Maravilhoso. Sempre que isso acontece um triunfo para anarquia. Imagine ento

    (e isso o tipo de histria que a gente gosta)a aventura das principais Zonas Autno-mas Temporrias durando seis semanas,ou mesmo dois anos, o comunal senso deiluminao, camaradagem, satisfao oindivisivo sentimento de poder, de destino,de criatividade. Ningum que j tenha expe-renciado qualquer coisa como essa pode ad-mitir por apenas um segundo que o perigodas falhas e dos riscos possam pesar sobrea glria absoluta destes breves momentos

    de levante. To logo se a sacralidade destecaso de amor seja posta em dvida, mesmoque termine em dor e sofrimento!

    Ao superar o mito da derrota, sentire-mos definitivamente a certeza interior dosucesso, como a fria brisa que sopra a chuva

    no deserto. Saber, desejar, agir no sentido de

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    que no podemos desejar o que ainda noconhecemos. Mas h muito conhecemos o

    sucesso da anarquia por um longo tempoagora em fragmentos, talvez, em flashes mas real, real como as mones, to realcomo a paixo. Se no fosse assim, comopode riamos ousar desej-la, muito menosagir para concretizar sua vitria?

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    Hakim Bey - Volume 1

    Editora Deriva

    Voc pode adquirir esse livrocompleto no site:

    www.deriva.com.br

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    Apoio MtuoPiotr Kropotkin

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