governanÇa de tecnologia da informaÇÃo: adoÇÃo de...

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UNIVERSIDADE POSITIVO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ORGANIZAÇÕES, EMPREENDEDORISMO E INTERNACIONALIZAÇÃO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: ADOÇÃO DE MODELOS DE MELHORES PRÁTICAS EM EMPRESAS BRASILEIRAS HIURY HAKIM TAROUCO CURITIBA 2008

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UNIVERSIDADE POSITIVO

PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ORGANIZAÇÕES,

EMPREENDEDORISMO E INTERNACIONALIZAÇÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: ADOÇÃO DE MODELOS DE MELHORES PRÁTICAS EM EMPRESAS BRASILEIRAS

HIURY HAKIM TAROUCO

CURITIBA

2008

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<FOLHA DE APROVAÇÃO>

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HIURY HAKIM TAROUCO

GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: ADOÇÃO DE MODELOS DE MELHORES PRÁTICAS EM EMPRESAS BRASILEIRAS

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração, Curso de Mestrado em Administração, Programa de Mestrado e Doutorado em Administração, Universidade Positivo.

Orientação: Prof. Dr. Alexandre Reis Graeml

CURITIBA

2008

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Dados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba – PR

T191 Tarouco, Hiury Hakim. Governança de tecnologia da informação: adoção de modelos

de melhores práticas em empresas brasileiras / Hiury Hakim Tarouco. Curitiba : Universidade Positivo, 2008.

126 p. Dissertação (mestrado) – Universidade Positivo, 2008. Orientador : Prof. Dr. Alexandre Reis Graeml 1. Governança corporativa. 2. Tecnologia da informação. I. Título. CDU 65.012.4

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v

Aos meus pais e amigos. Para minha sobrinha

Dharlla que, com seu sorriso sincero e seu abraço

verdadeiro de criança, me levantou em muitos momentos

difíceis, mesmo sem ter consciência disso. Para o grande

irmão, Cícero Kwitschal pela amizade única e de extrema

importância na realização dos meus projetos pessoais e

profissionais. Para as pessoas que sempre estiveram por

perto até mesmo quando eu não estava disposto. Para as

pessoas que fizeram diferença em minha vida, que me

aconselharam quando me senti sozinho e me deram força

quando eu não estava muito animado. Dedico esse

projeto para as pessoas que amei, que abracei e àquelas

que, nos momentos de dúvida, trouxeram certeza pro meu

coração.

A todos que acreditaram no meu trabalho e me

incentivaram desde o início dessa importante fase da

minha vida.

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vi

Agradecimentos

Em especial ao professor Alexandre Reis Graeml

pelos papéis fundamentais desempenhados ao longo

desses anos, não apenas no cumprimento deste trabalho,

mas como grande profissional e amigo, sempre me

ajudando com muita paciência, acreditando no meu

trabalho, incentivando e contribuindo de forma inigualável

para o aprimoramento do meu senso crítico, além do meu

crescimento profissional e pessoal.

Aos professores do curso de mestrado em

Administração da Universidade Positivo, por todo o

conhecimento compartilhado ao longo desses anos e pelo

suporte vital para a conclusão deste trabalho.

Às colegas Magali Maróstica e Patrícia Rossafa

por terem se empenhado junto comigo na realização de

vários trabalhos e artigos ao longo do curso.

Aos colegas e coordenadores da TIM Celular pelo

companheirismo, amizade e suporte nos momentos mais

difíceis, principalmente naqueles em que precisei me

ausentar do trabalho para realizar atividades relacionadas

ao mestrado.

Ao colega e amigo Hercílio Bittencourt pelo papel

fundamental no desenvolvimento do instrumento de coleta

utilizado nessa pesquisa.

À Andréa Sachet por revisar meu trabalho e com

seu refinado senso crítico e delicadeza singular, reclamar

da minha falta de respeito pelas regras da ABNT.

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vii

Você não pode provar uma definição. O que você

pode fazer é provar que ela faz sentido.

Albert Einstein

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viii

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo principal a compreensão e caracterização da adoção de modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação por empresas brasileiras usuárias de TI, a partir da visão dos seus executivos de TI. O estudo quantitativo de natureza descritivo-exploratória foi realizado por meio de uma survey eletrônica para a qual foram convidadas cem empresas brasileiras de destaque na área de TI. Os resultados obtidos com a amostra de 51 empresas indicaram que as empresas tendem a relacionar diretamente a adoção de modelos de melhores práticas de tecnologia da informação ao aumento da visibilidade dos executivos sobre o retorno de investimentos em TI e ao aumento do controle e qualidade dos serviços prestados pela TI, ou seja, a aplicação de governança leva a empresa, na visão dos respondentes, a atingir tais objetivos com sucesso. As empresas demonstraram também que os fatores determinantes para adoção de modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação estão relacionados à crescente demanda por monitoramento e controle organizacional; à exigência de transparência pelos acionistas e pelo mercado; ao aumento da complexidade da tecnologia; e ao fato de as áreas de negócio estarem cada vez mais dependentes da TI. Os modelos de melhores práticas de governança de TI, identificados como mais freqüentemente utilizados nas empresas foram o Itil, Cobit, Pmbok e os códigos para gerenciamento de segurança da informação BS 7799, ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 17799. Os resultados obtidos na pesquisa sugerem ainda que o conceito de governança de TI está ligado diretamente às iniciativas relacionadas ao aumento do controle e qualidade dos serviços prestados pela TI para a empresa.

Palavras-chave: governança de TI, tecnologia da informação, survey.

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Abstract

The major purpose of this thesis was to understand and characterize the adoption of IT government best practices by Brazilian IT user organizations, based on the perceptions of their executives. The quantitative study had an exploratory and descriptive nature and involved an electronic survey that was sent to one hundred organizations that had distinguished performance in the IT area. The results that were obtained from a sample of 51 respondents show that organizations tend to relate the adoption of best practice models in IT to the increase of the visibility executives have about the return on the investment in IT and the increase in the control and quality of the service provided by IT, i.e. IT governance leads to the achievement of such objectives in a successful way, according to the respondents’ perception. Companies have also shown that the determining factors for the adoption of IT governance best practice models relate to the increasing demand for organizational monitoring and control; the stake-holders’ demand for transparency; the increase in technology complexity;; and the fact that business areas are each time more dependent on IT. The IT governance best practice models that were more often identified in the organizations were Itil, Cobit, Pmbok and the regulations for information safety BS 7799, ISO/IEC 27001 and ISO/IEC 17799. The results that were obtained also suggest that the IT governance concept is directly related to initiatives that intend to increase the control and the quality of services that are provided by the IT area to the business areas in the organization.

Key-words: IT governance, information technology, survey.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................17

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA...............................................................19

1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA.........................................20 1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................20 1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................20

1.3 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA..................................................21

2 QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA....................................................23

2.1 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE OS NEGÓCIOS E A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ............................................................23

2.2 GOVERNANÇA CORPORATIVA...............................................................32

2.3 GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ............................38 2.3.1 Regulamentações de conformidade...........................................................41 2.3.1.1 Sarbanes-Oxley Act (SOA) ................................................................................... 41 2.3.1.2 Acordo da Basiléia II ............................................................................................. 45 2.3.2 Modelos de melhores práticas ...................................................................48 2.3.2.1 Itil .......................................................................................................................... 48 2.3.2.2 Cobit...................................................................................................................... 56 2.3.2.3 Modelo de maturidade de governança de TI (IT Governance Maturity Model)..... 64 2.3.2.4 IT BSC .................................................................................................................. 66 2.3.2.5 PMBok .................................................................................................................. 68 2.3.2.6 BS 7799, ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 17799.......................................................... 71 2.3.2.7 Prince2.................................................................................................................. 74 2.3.2.8 Seis Sigma............................................................................................................ 75 2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O REFERENCIAL TEÓRICO...........77

3 METODOLOGIA........................................................................................78

3.1 APRESENTAÇÃO DAS VARIÁVEIS DA PESQUISA ................................78 3.1.1 Definição constitutiva e operacional das variáveis da pesquisa.................78 3.1.2 Definição de outros termos relevantes.......................................................79

3.2 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA................................................80 3.2.1 Delineamento da pesquisa.........................................................................80 3.2.2 População e amostragem ..........................................................................81 3.2.3 Elaboração do instrumento de coleta de dados (questionário) ..................82

3.3 RESUMO DOS PRINCIPAIS ASPECTOS DA METODOLOGIA EMPREGADA ............................................................................................87

3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO......................................................................................................88

3.4.1 Pré-teste do instrumento de coleta de dados.............................................88 3.4.2 Contato inicial com os respondentes em potencial ....................................88 3.4.3 Tentativa de melhorar a taxa de retorno do questionário...........................89 3.4.4 Coleta de dados .........................................................................................91

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3.4.5 Considerações sobre a representatividade da amostra .............................92 3.4.6 Tratamento dos dados ...............................................................................92

3.5 CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A PESQUISA DE CAMPO......................................................................................................93

3.5.1 Vantagens do uso de survey eletrônica .....................................................93 3.5.2 Dificuldades encontradas na pesquisa.......................................................94

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...............................95

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS E DOS RESPONDENTES .....................................................................................95

4.2 OPINIÃO DOS EXECUTIVOS DE TI COM RELAÇÃO À INFLUÊNCIA DO USO DE MODELOS DE MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA DE TI PELAS EMPRESAS ........................................97

4.3 FATORES DE INFLUÊNCIA NA ADOÇÃO DE MODELOS DE MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA DE TI..................................99

4.4 MODELOS DE MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA DE TI ADOTADOS PELAS EMPRESAS PESQUISADAS.................................106

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................111

REFERÊNCIAS.......................................................................................................115

APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA...................................................125

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Lista de ilustrações

Figura 1 Fatores para o desenvolvimento de organizações eficazes.................25

Figura 2 A cadeia de valor .................................................................................27

Figura 3 As cinco forças competitivas ................................................................28

Figura 4 Matriz de intensidade de informação....................................................30

Figura 5 Raízes de conflitos de agência: as decorrentes reações por boas práticas de governança corporativa.............................................35

Figura 6 Disciplinas do Itil ..................................................................................49

Figura 7 Suporte aos serviços............................................................................51

Figura 8 Entrega de serviços..............................................................................52

Figura 9 Desenvolvimento do gerenciamento da ICT ........................................54

Figura 10 Domínios do Cobit no framework .........................................................59

Figura 11 Cubo Cobit ...........................................................................................63

Figura 12 BSC para TI .........................................................................................68

Figura 13 Áreas de conhecimento do PMBok ......................................................71

Figura 14 Metodologia seis sigma........................................................................76

Figura 15 Variáveis relacionadas à adoção da governança de TI e seus reflexos sobre os negócios...................................................................78

Figura 16 Questões objetivas (escala Likert) da primeira parte do questionário, com menu drop-down – para determinação do grau de concordância...........................................................................84

Figura 17 Check boxes para indicação da utilização (ou não) de modelos de melhores práticas pela organização................................................84

Figura 18 Questões objetivas (escala Likert) da segunda parte do questionário, com menu drop-down – para medir o grau de concordância........................................................................................85

Figura 19 Questões objetivas da segunda parte do questionário, com menu drop-down – para medir o grau de utilização de modelos de melhores práticas............................................................................85

Figura 20 Campos opcionais para identificação do respondente e da empresa ...............................................................................................86

Figura 21 Página de agradecimento ao final do questionário ..............................86

Figura 22 Logotipo da Universidade Positivo no cabeçalho da pesquisa.............87

Figura 23 E-mail customizado enviado para apresentar a pesquisa aos participantes.........................................................................................89

Figura 24 Barra de rolagem lateral curta para facilitar a visualização do conteúdo total da página ......................................................................90

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Figura 25 Conteúdo do banco de dados Microsoft Access® com os dados de alguns respondentes .......................................................................92

Figura 26 Registros dos dados de alguns respondentes já no Microsoft Excel®..................................................................................................93

Figura 27 Setores econômicos contemplados na pesquisa (população) .............96

Figura 28 Utilização de algum modelo de melhores práticas de governança de tecnologia da informação.............................................96

Figura 29 Opinião dos respondentes sobre as conseqüências da utilização de modelos de melhores práticas de governança de TI ..........................................................................................................97

Figura 30 Fatores de influência na adoção de modelos de melhores práticas de governança de TI.............................................................101

Figura 31 Campo texto permitindo a indicação de outro fator não abordado pela pesquisa .....................................................................104

Figura 32 Modelos de melhores práticas de governança de TI adotados pelas empresas pesquisadas.............................................................107

Figura 33 Campo texto permitindo a indicação de outro modelo não apresentado nas questões da pesquisa.............................................110

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Lista de quadros

Quadro 1 Razões fundamentais do despertar da governança corporativa ..........36

Quadro 2 Principais modelos de melhores práticas de governança de TI ...........40

Quadro 3 Implicações do Sarbanes-Oxley Act para a área de TI ........................45

Quadro 4 Questões e processos dos domínios do Cobit .....................................57

Quadro 5 Forma de apresentação dos resultados da pesquisa realizada pela revista Information Week Brasil ....................................................81

Quadro 6 Metodologia empregada no trabalho....................................................87

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xv

ABREVIATURAS

Sigla Significado

ABNT

ASP

BIS

BS

BSC

Associação Brasileira de Normas Técnicas

Active Server Pages

Bank for International Settlements

British Standard

Balanced Score Card

CCSC

CCTA

CEO

CFO

CIO

Commercial Computer Security Center

Central Computer and Telecommunications Agency

Chief Executive Officer

Chief Financial Officer

Chief Information Officer

CMM

CMMI

Capability Maturity Model

Capability Maturity Model Integration

CMN

Cobit

Conselho Monetário Nacional

Control Objectives for Information and Related Technology

Coso Committee of Sponsoring Organizations of the Tradeway Commission

CSBB

CVM

DSS

Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia

Comissão de Valores Mobiliários

Decision Support System

FCS

GAAP

IBGC

Fatores Críticos de Sucesso

Generally Accepted Acounting Principles

Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

ICT

IEC

Isaca

Information and Comunication Technology

International Electrotechnical Comission

Information Systems Audit and Control Association

Isacf

ISMS

ISO

Information Systems Audit and Control Foundation

Information Security Management System

International Organization for Standardization

ITGI IT Governance Institute (Instituto de Governança de TI)

Itil Information Technology Infrastructure Library

ITSM

KGI

KPI

MIS

IT Service Management

Key Goal Indicators

Key Performance Indicator

Management Information System

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xvi

Sigla Significado

MIT

NBR

OGC

Massachusetts Institute of Technology

Norma Brasileira

Office of Government Commerce

PCAOB

PEE

Peti

PMBoK

Public Company Accounting Oversight Board

Planejamento Estratégico Empresarial

Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação

Project Management Body of Knowledge

PMI

PMO

Prince

Project Management Institute

Project Management Office

Projects in a Controlled Environment

Prompt

SEC

SEI

SLA

SOA

SW

TCO

TI

TIC

Project Resource Organisation Management and Planning Techniques

Stock Exchange Commission

Software Engineering Institute

Service Level Agreement

Sarbanes-Oxley Act

Software

Total Cost of Ownership

Tecnologia da Informação

Tecnologia da Informação e Comunicação

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1 INTRODUÇÃO

A competição no mercado globalizado é de amplitude mundial e, desta

forma, os fatos que ocorrem em um ponto do planeta podem ter repercussão no

resto do mundo. Além disso, as relações entre empresas podem envolver agentes

muito distantes fisicamente, em um ambiente que exige respostas cada vez mais

rápidas e agilidade crescente. As equipes de gerência devem garantir que a

tecnologia da informação (TI) não seja um obstáculo para a organização, mas sim

habilitadora da necessária integração intra e inter-empresarial, bem como da criação

de novas estratégias de negócio, de novas estruturas organizacionais e de novas

formas de relacionamento entre as empresas, seus fornecedores, seus clientes e os

consumidores dos seus produtos.

As organizações administram muitos ativos, como pessoas, dinheiro,

instalações e o relacionamento com o cliente, mas a informação e as tecnologias

que coletam, armazenam e disseminam informações são ativos que apresentam

grandes desafios para a administração, em função da necessidade de grandes

investimentos, imediatos e constantes, em busca de resultados difíceis de prever e

de avaliar com precisão.

Algumas organizações conseguiram prosperar a despeito de suas práticas

deficientes na administração de tecnologia da informação, porém a informação, e

conseqüentemente as tecnologias que a disseminam, tem se apresentado como um

elemento cada vez mais importante dos produtos e serviços organizacionais e da

base dos processos empresariais, o que demanda uma preocupação maior com a

eficácia das práticas adotadas. Extrair maior valor da tecnologia da informação é

uma competência organizacional de importância crescente para o sucesso no

mercado.

Para Weill e Ross (2006), o termo tecnologia da informação deve ser

entendido de maneira ampla, abrangendo todas as formas como uma empresa

investe para gerar valor de negócio, a partir de recursos tecnológicos, seja cortando

despesas, automatizando ou suportando processos de negócio, ganhando

vantagens competitivas, atendendo a normas e regulamentos e utilizando a

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18

informação para administrar, vender, contabilizar, controlar, compartilhar

informações com clientes, fornecedores e consumidores, embutir em produtos e

assim por diante.

Barton (1995) afirma que em todos os setores, a informação e a tecnologia

que a fornece tornaram-se ativos estratégicos para as empresas comerciais e seus

administradores. A evolução do papel da tecnologia da informação nas organizações

é notória e perceptível em todos os níveis hierárquicos e setores (REZENDE, 2007).

Sua disseminação nos setores das organizações gerou uma dependência

significativa do negócio em relação aos serviços prestados. Essa dependência cria

exigências como disponibilidade, garantia de continuidade, segurança, eficiência,

qualidade na entrega e no suporte, controles, conformidade e consistência. Aliado a

isso, atualmente o cenário regulatório requer a utilização de estruturas de

gerenciamento cada vez mais complexas (HARRIS, 2005).

Se, por um lado, as exigências se tornam cada vez maiores, por outro lado,

os investimentos em tecnologia da informação passam a condicionar-se a

demonstrações de viabilidade econômica e de retornos sobre o investimento cada

vez mais expressivos, principalmente depois de toda a discussão sobre a existência

de um eventual “paradoxo de produtividade”, que prosperou nas décadas de 1980 e

1990 (BRYNJOLFSSON, 1993; DEWAN e KRAEMER, 1998). A obtenção de

vantagens competitivas por meio do uso da tecnologia da informação pressupõe o

desenvolvimento de estratégias de negócios como ponto de partida para as

estratégias de utilização da tecnologia da informação.

Henderson e Venkatraman (1999) consideram que a falta de habilidade das

empresas em obter retornos consideráveis sobre os investimentos em tecnologia da

informação se deve, em parte, à ausência de coordenação e alinhamento com as

estratégias de negócios. Como os negócios e a tecnologia da informação se

tornaram mais interligados, o alinhamento estratégico entre eles emergiu como um

dos mais importantes assuntos empresariais e acadêmicos (BRODBECK e

HOPPEN, 2002; CHAN et al., 1997; LUFTMAN et al. 1993).

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19

Diversos regulamentos, normas e recomendações surgiram no cenário

internacional como decorrência da necessidade de mitigar riscos oriundos da

indisponibilidade da tecnologia, bem como com o objetivo de proporcionar um grau

de transparência compatível com as expectativas de investidores, os quais começam

a ser levados em consideração pelas organizações, ao desenvolverem suas políticas

de governança de TI, na esperança de se obter um melhor alinhamento das

iniciativas de TI às estratégias empresariais, além da garantia de níveis de serviço

melhor ajustados às expectativas dos clientes. Duas legislações têm forte impacto

na área de tecnologia da informação das organizações: o Acordo de Basiléia II, em

2001, voltado para aspectos financeiros e de transparência das empresas, e a lei

norte-americana Sarbanes-Oxley, de 2002, com leis voltadas para definição de

critérios de governança. Ambos criaram regras que se difundiram pelas

organizações e têm artigos diretamente voltados para a área de TI (FERNANDES e

ABREU, 2006).

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Muito se tem falado sobre governança de tecnologia da informação e

inúmeros são os fatores que levam as empresas a reverem seus atuais modelos de

gestão da tecnologia. Dentre eles, destacam-se: a complexidade cada vez maior dos

recursos envolvidos, a crescente dependência de tecnologia evidenciada pelo

negócio, a integração dos sistemas e soluções, as necessidades heterogêneas dos

negócios, a pressão por redução de custos e por maior flexibilidade e agilidade, a

responsabilidade legal (civil e criminal), a exigência de transparência pelos

acionistas e pelo mercado, a mudança do perfil da concorrência e o aumento das

ameaças e vulnerabilidades em tecnologia da informação (FERNANDES e ABREU,

2006).

Como já foi dito, diversos regulamentos, normas e recomendações surgiram

no cenário internacional como decorrência da necessidade de mitigar riscos oriundos

da indisponibilidade da tecnologia, bem como com o objetivo de proporcionar um

grau de transparência compatível com as expectativas de investidores.

Desdobramentos da legislação e dos regulamentos internacionais começam a surgir

no Brasil, com implicações diretas no curto prazo para instituições financeiras,

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20

sociedades de capital aberto, filiais de empresas multinacionais com sede nos

Estados Unidos e fornecedores de empresas americanas.

A conformidade com os regulamentos vigentes, as exigências decorrentes

do aumento do grau de dependência do negócio em relação à área de tecnologia da

informação e o gerenciamento financeiro dos projetos criaram as condições

propícias para o surgimento dos mencionados modelos de governança de tecnologia

da informação, que sugerem a adoção de guias de melhores práticas para atingir a

eficiência na gestão dos serviços de TI.

Levando-se em conta o cenário de proliferação de modelos de melhores

práticas de governança de tecnologia da informação e as pressões existentes para

que as empresas os adotem, o presente estudo busca investigar o seguinte

problema de pesquisa:

Como está se dando a adoção de modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação por empresas brasileiras usuárias de TI?

1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é compreender e caracterizar a adoção de

modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação por

empresas brasileiras usuárias de TI, a partir da visão dos seus executivos de TI.

1.2.2 Objetivos específicos

Para ajudar na consecução do objetivo geral proposto acima, foram criados

os seguintes objetivos de apoio:

Identificar os fatores que influenciam na adoção de modelos de melhores

práticas de governança de tecnologia da informação, com base na

literatura;

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21

Identificar os fatores que têm influenciado as empresas pesquisadas na

adoção de modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da

informação;

Comparar os fatores de influência identificados na literatura com aqueles

identificados a partir da pesquisa de campo;

Identificar os principais modelos de melhores práticas de governança de

tecnologia da informação disponíveis, de acordo com a literatura;

Identificar os modelos de melhores práticas de governança de tecnologia

da informação adotados pelas empresas pesquisadas;

Comparar os modelos identificados na literatura com aqueles identificados

a partir da pesquisa de campo;

Identificar a opinião dos executivos de tecnologia da informação com

relação à influência do uso de modelos de melhores práticas de

governança de tecnologia de informação nas empresas.

1.3 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA

A pesquisa se justifica, do ponto de vista prático, pela importância do tema,

pois afeta diretamente os custos relacionados à tecnologia da informação nas

organizações, além do seu valor para o negócio. O estudo também poderá servir de

base para outros estudos de mesma natureza, comparativos entre diferentes regiões

ou internacionais. Trata-se de um tema extremamente atual no contexto

organizacional, uma vez que os motivos que levam as empresas a adotar modelos

de governança de TI são vários, bem como os modelos utilizados com o intuito de

padronizar a gestão da tecnologia da informação, afetando diretamente a gestão dos

serviços de tecnologia da informação. Os resultados deste estudo serão importantes

para que as empresas saibam quais os principais motivos que levam empresas

brasileiras à adoção ou não de modelos e melhores práticas de governança de TI.

Desta forma os resultados obtidos com este estudo poderão subsidiar o processo

decisório das empresas no que se refere à adoção, escolha e adequação de tais

práticas na sua gestão da tecnologia da informação.

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A justificativa teórica pauta-se na importância do entendimento dos fatores

que levam empresas a adotar modelos de governança de tecnologia da informação.

O conhecimento de estratégias de gestão e dos motivos que influenciam as

empresas a utilizarem modelos de governança de tecnologia da informação

constituem objetivo relevante para a evolução dos estudos organizacionais, já que

pouco se tem discutido a questão pela academia, apesar da relevância prática

ressaltada no parágrafo acima.

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2 QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA

2.1 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE OS NEGÓCIOS E A TECNOLOGIA

DA INFORMAÇÃO

Em um contexto global cada vez mais competitivo e complexo tecnologica-

mente, o sucesso das empresas passa a depender de sua capacidade de adminis-

trar seus recursos de forma efetiva. Para Albertin (1994), a tecnologia da informação

tem sido considerada essencial tanto para sobrevivência quanto para a elaboração

das estratégias empresariais, em função da sua crescente disseminação e utilização

dentro das organizações. Segundo Willcocks e Lester (1997), as discussões

iniciadas na década de 70, no Massachusetts Institute of Technology (MIT), têm

aumentado nos últimos anos, intensificando os questionamentos sobre os benefícios

que a tecnologia da informação proporciona às organizações, tanto por acadêmicos,

como por executivos empresariais.

Henderson e Venkatraman (1993), citam que a falta de habilidade das

empresas em obter retornos consideráveis sobre os investimentos em tecnologia da

informação, por exemplo, deve-se em parte à ausência de coordenação e

alinhamento com as estratégias de negócios. Como os negócios e a tecnologia da

informação se tornaram mais interligados, o alinhamento estratégico entre eles

emergiu como um dos mais importantes assuntos empresariais e acadêmicos.

O alinhamento estratégico dos negócios e da tecnologia da informação deve,

portanto, ser utilizado como ferramenta de gestão, focando nas atividades que a

gerência deve executar para atingir coesão entre os esforços desenvolvidos pela

área de tecnologia da informação e pelas áreas funcionais e de negócios. O

alinhamento decorre da perspectiva de integração dos planejamentos estratégicos

empresariais (PEE) e de tecnologia da informação (PETI), em que “a missão,

objetivos e planos de tecnologia da informação suportam e são suportados pela

missão, objetivos e planos de negócios” (REICH e BENBASAT, 1996, p. 6).

Segundo Porter (1980), o conceito de alinhamento estratégico originou-se

em pesquisas sobre estratégia de negócios, já que delas emerge o conceito de

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alinhar os recursos organizacionais com as ameaças e as oportunidades do

ambiente. As estratégias de negócios devem refletir as decisões que, alinhadas aos

recursos corporativos, ajudam a ligar as organizações com seu ambiente. Para

Kaplan e Norton (1997), Luftman (2000) e Sabherwal e Chan (2001) a tecnologia da

informação é vista como um destes recursos corporativos que podem apoiar as

estratégias em nível operacional ou direcionar as estratégias em um nível mais alto,

apoiando o negócio na obtenção de vantagem competitiva.

Inúmeros modelos clássicos são encontrados na literatura apontando

diversos níveis de alinhamento. Porém, dois deles são os mais utilizados: o primeiro,

em nível estratégico, envolvendo a adequação entre o ambiente externo do negócio

e a tecnologia da informação (escopo e core competences) e o segundo, em nível

tático-operacional, envolvendo a integração funcional entre infra-estrutura, processos,

pessoas do negócio e suas plataformas tecnológicas (TEO e KING, 1996;

HENDERSON e VENKATRAMAN, 1993).

Lederer e Mendelow (1987) definem o alinhamento entre o PEE e o PETI

como uma função das estratégias de tecnologia da informação [orientação e

aplicação dos sistemas, suas funções e procedimentos], derivadas das estratégias

corporativas. Estas últimas, por sua vez, são, na visão desses autores, normalmente

decorrentes da missão e dos objetivos da organização.

Para Reich (1992), o alinhamento estratégico é o embutimento das funções

organizacionais do planejamento estratégico de tecnologia da informação (PETI) na

missão, objetivos e planos estratégicos da empresa.

Henderson e Venkatraman (1993) e Luftman et al. (1993) usam a mesma

base conceitual de Porter (1990) acerca do estabelecimento de estratégias

competitivas para definir alinhamento como o sincronismo entre a apropriação das

forças de barganha do ambiente externo e o ajuste das atividades internas

(primárias e secundárias). Neste segundo conjunto estão as estratégias de

tecnologia da informação. O ajuste da cadeia de valor interna com as forças de

barganha externas exige da organização o desenvolvimento de capacidades e

competência que lhe proporcionariam o desempenho esperado.

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Chan et al. (1997) e Prahalad e Krishnan (2002) entendem o alinhamento

como a adequação da direção estratégica da corporação e a orientação estratégica

da tecnologia da informação.

Para Davenport e Prusak (1998) e Prahalad (2000) para que as

organizações possam compreender e aprender a aproveitar os benefícios da

tecnologia da informação, a estratégia da tecnologia da informação deve permitir às

organizações além de alinhar a tecnologia da informação com as metas dos

negócios empresariais, também explorar a tecnologia da informação como vantagem

competitiva e desenvolver arquiteturas e políticas de tecnologia coerentes com as

políticas internas, a fim de manter um ambiente de informação que alimente a

formulação de estratégias corporativas eficazes.

A gestão efetiva de uma organização requer a percepção objetiva do valor

da informação para os negócios da empresa. Segundo Rodriguez (1995), a sinergia

entre tecnologia e negócio é a chave do sucesso. É necessário, contudo, apropriar a

organização para a função da tecnologia da informação. Walton (1994) chama a

atenção para a necessidade do desenho da organização incluir os componentes da

estratégia de modo combinado e integrado, de forma a orientar os padrões do

comportamento organizacional, visando aos resultados de negócio e ao bem-estar

das pessoas, conforme mostra a Figura 1.

Fonte: Walton (1994)

Figura 1 Fatores para o desenvolvimento de organizações eficazes

Walton (1994) cita alguns impactos causados pela interação da tecnologia

da informação com a organização e explica a necessidade da implementação da

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tecnologia da informação como capacitadora de mudanças e resultados,

considerando que:

a tecnologia da informação requer novos desenhos organizacionais

(cargos mais amplos e flexíveis, diferente distribuição da autoridade,

novos programas de treinamento e critérios de seleção);

a tecnologia da informação pode provocar reações organizacionais não

previstas (novas disputas por poder ou status, mudanças de padrões de

comunicação e controle comportamental generalizado);

a tecnologia da informação pode criar ou promover novas soluções

organizacionais (capacitar pessoas da organização a trabalharem juntas

no espaço e no tempo);

a tecnologia da informação pode ser modificada de modo a atender as

necessidades dos usuários;

a tecnologia da informação pode acelerar e refinar a adaptação

organizacional a condições de mudanças;

a tecnologia da informação e as formas organizacionais, por vezes, podem

ser consideradas alternativas, no sentido de que cada uma é capaz de

desenvolver funções similares, tais como facilitar certos tipos de

comunicação e coordenação em uma unidade organizacional;

a tecnologia da informação pode criar oportunidades para a introdução de

mudanças organizacionais que a administração pode achar desejáveis,

independentemente das necessidades ou potenciais efeitos do sistema de

TI.

Davenport (2001) chama atenção para o fato de que a tecnologia da

informação pode ser um fator essencial para aperfeiçoar o uso da informação ou

pode ser apenas um custo a mais para a empresa. Seu impacto positivo depende de

como são envolvidos os recursos humanos da empresa no uso da informação.

Porter e Millar (1985) afirmam que o papel desempenhado pelos sistemas e

tecnologias da informação nas organizações devem ser entendidos de maneira

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ampla, para abranger todas as informações que são criadas e utilizadas pelos

negócios, assim como o grande espectro de tecnologias cada vez mais

convergentes e interligadas, que processam essas informações. Além dos

computadores, estão envolvidos equipamentos de reconhecimento de dados,

tecnologias de comunicações, automação industrial e outros hardwares e serviços,

bem como as novas formas de associação e relacionamento entre as empresas.

Henderson e Venkatraman (1999) avaliam a tecnologia da informação como

viabilizadora de uma nova forma de integração: a integração virtual, que surge como

uma forte alternativa à integração vertical, que passa a perder potencial como fonte

de vantagem competitiva.

Uma questão importante para entender o papel da TI é a obtenção de

vantagens competitivas ao longo da “cadeia de valor” que, segundo Porter e Millar

(1985), é o conjunto das atividades tecnológica e economicamente distintas que a

empresa utiliza para realizar seus negócios. Cada uma destas atividades representa

uma “atividade de valor”. Agregar valor nesta cadeia de maneira mais significativa

que seus concorrentes torna a empresa mais competitiva. A cadeia de valor

compõe-se de uma série de atividades independentes conectadas por meio das

“ligações” que existem sempre que uma atividade afeta o custo ou a eficiência de

outras atividades. Cada atividade, para ser realizada, tem um componente físico e

outro de processamento de informações. A Figura 2 ilustra a cadeia de valor e

apresenta nove atividades genéricas, que podem ser classificadas em dois grupos:

atividades-meio (ou de suporte) e atividades-fim (ou primárias), na visão de Porter e

Millar (1985).

Fonte: Porter e Millar (1985).

Figura 2 A cadeia de valor

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Ainda na visão de Porter e Millar (1985), a tecnologia da informação permeia

as cadeias de valor, mudando a forma de executar as atividades de valor e também

a natureza das ligações entre elas. Ao introduzir novas formas de interação, a

tecnologia da informação pode afetar a competição entre as organizações de três

possíveis maneiras:

muda a estrutura do setor, ou seja, altera as regras de competição com

capacidade de influenciar cada uma das cinco forças competitivas que

devem ser consideradas para que se possa desenvolver uma estratégia

empresarial eficiente (Figura 3);

cria novas vantagens competitivas, reduzindo custos, aumentando a

diferenciação e alterando o escopo competitivo;

dá origem a negócios completamente novos.

Fonte: Porter e Millar (1985).

Figura 3 As cinco forças competitivas

O potencial que os recursos de tecnologia da informação têm de realizar

estas mudanças varia de acordo com as características do processo organizacional

em questão na cadeia de valor e do produto, no tocante à necessidade de

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informação. A Figura 4 ilustra a “Matriz de intensidade da informação” que analisa o

“quanto” de informação está contido no processo e no produto, considerando a

cadeia de valor. Em empresas cujos produtos e processos contêm muita informação,

os sistemas de informação vão ter grande importância. No artigo original de Porter e

Millar (1985), não havia indicação de exemplo para o quadrante “alta informação

contida no produto” e “baixa intensidade da informação no processo”, posição que

para Ward (1987) seria ocupada por empresas de educação e de advocacia. Para

Duhan et al. (2001), empresas de consultoria também estariam neste mesmo

enquadramento, embora esses autores considerem que a análise da cadeia de valor

fique prejudicada no caso de empresas baseadas em conhecimento (como

consultorias), nas quais é difícil identificar o valor que é agregado em cada atividade.

Nestas situações, os autores defendem que a abordagem das competências

essenciais de Prahalad e Hamel (1990) seja mais adequada para planejar o uso

estratégico dos sistemas de informação. Tal abordagem classifica uma competência

organizacional como essencial se atender, simultaneamente, a três requisitos:

resultar de um conjunto de diferentes competências articuladas de forma a

constituir um diferencial estratégico de difícil imitação;

tiver impacto nos produtos finais, agregando valor para os clientes; e

propiciar meios para que a organização possa atuar em diferentes

mercados.

Para avaliar o impacto estratégico da tecnologia da informação, McFarlan

(1984) propôs a análise de cinco questões básicas sobre as aplicações dos recursos

tecnológicos, relacionadas às forças competitivas:

A TI pode estabelecer barreiras à entrada de novos competidores no

mercado?

A TI pode influenciar trocas de fornecedores, bem como alterar o poder de

barganha?

A TI pode alterar a base da competição (baseada em custo, diferenciação

ou enfoque)?

A TI pode alterar o poder de barganha nas relações com os compradores;

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A TI pode gerar novos produtos?

Fonte: Porter e Millar (1985).

Figura 4 Matriz de intensidade de informação

Estas questões servem como orientação aos executivos na sua busca de

novas vantagens competitivas baseadas na tecnologia da informação, seja na sua

organização interna como na sua relação com outras empresas e com os

consumidores dos seus produtos. Desta forma, podem ser usadas para nortear usos

estratégicos da tecnologia da informação visando à formação de novas inter-

relações entre as empresas, como a formação de parcerias e redes de cooperação.

Embora o modelo do alinhamento estratégico tenha sido concebido para

analisar a estratégia da tecnologia da informação em uma organização, seus

conceitos podem ser muito úteis para o planejamento estratégico de relações entre

empresas viabilizadas ou potencializadas pela tecnologia da informação.

Farbey et al. (1995) propuseram um modelo voltado para a avaliação de

aplicações de tecnologia da informação, que fornece indicações para a ação em

cada caso. Este modelo apresenta uma classificação das aplicações, dispostas em

diversos “degraus”, que denominaram “a escada de avaliação de benefícios” (“the

benefits evaluation ladder”). À medida que se “sobe a escada”, aumenta a extensão

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dos benefícios potenciais, embora aumentem também a complexidade, os riscos, a

incerteza e a dificuldade de “vender” a idéia aos stakeholders. Para cada um dos

oito tipos de aplicações, que correspondem aos degraus da “escada de benefícios”,

há a indicação dos fatores a serem considerados para avaliar a tecnologia da

informação, os quais podem ser mais objetivos (degraus mais baixos) ou mais

subjetivos (à medida que se sobe a escada). Os oito tipos de aplicações

identificados (cada uma correspondendo a um degrau da escada de avaliação) são:

1. mudanças obrigatórias;

2. automação;

3. sistemas de valor adicionado direto;

4. sistemas de informações gerenciais (MIS) e sistemas de apoio à decisão

(DSS);

5. infra-estrutura;

6. sistemas inter-organizacionais;

7. sistemas estratégicos;

8. transformação do negócio.

A partir do degrau infra-estrutura, ficam mais claras as situações em que

uma rede interligando empresas teria impactos significativos. Nos tipos de

aplicações de tecnologia da informação do degrau “sistemas inter-organizacionais”,

esta preocupação torna-se mais explícita. Para que haja uma visão clara de como a

tecnologia da informação pode trazer novas alternativas de operação e estratégia

dentro das organizações e também nos seus inter-relacionamentos, é preciso que se

tenha em mente a noção da eficácia das aplicações de tecnologia da informação.

Segundo Laurindo (2002), uma aplicação de tecnologia da informação eficaz atende

aos requisitos da empresa ou organização em que se insere, alterando suas

atividades fim e tornando-a mais competitiva. Também é preciso analisá-la com base

nos conceitos de cadeia de valor, de impacto estratégico e o alinhamento entre as

estratégias de tecnologia da informação e de negócios. Além disso, deve-se

observar que, embora esses modelos tenham sido propostos sob o prisma da

corporação, faz-se necessário ampliar sua visão para abranger redes de inter-

relação organizacionais e analisar a tecnologia da informação não somente na

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cadeia de valor da empresa, mas também abrangendo todo o sistema de valor da

indústria na qual se insere (LAURINDO e SHIMIZU, 2001).

2.2 GOVERNANÇA CORPORATIVA

Segundo Steinberg (2003), governança corporativa “constitui o conjunto de

práticas e de relacionamento entre acionistas/cotistas, conselho de administração,

diretoria executiva, auditoria independente e conselho fiscal com a finalidade de

aprimorar o desempenho da empresa e facilitar o acesso ao capital”.

A governança corporativa trata das formas pelas quais os investidores

podem garantir o retorno de seus investimentos. Para La Porta et al. (1998), pode-se

entender que a governança corporativa dedica-se à administração dos problemas

tratados pela teoria da agência1 , induzidos pela separação entre propriedade e

controle nas corporações modernas.

Aoki (2000) e Farrar (1999) afirmam que as práticas de governança atribuem

ao conselho de administração a responsabilidade de promover ações que tenham

como orientação criar valor para o acionista, salvaguardando o conhecimento

corporativo e gerenciamento do capital humano.

Vives (2000) afirma que a governança corporativa tem seu foco principal na

proteção dos interesses do acionista. Para tanto, as práticas de governança devem

priorizar a integridade do negócio, motivar empregados, e, sobretudo promover a

perenidade da organização.

Para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 2002):

Governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia, ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. A análise das práticas de governança corporativa aplicadas ao mercado de capitais envolve

1 Segundo Jensen e Meckling (1976 apud Silveira, 2005), relacionamento de agência é um

contrato por meio do qual uma ou mais pessoas – o principal – engajam outra pessoa – o agente – para desempenhar alguma tarefa em seu favor, envolvendo a delegação de autoridade para tomada de decisão pelo agente.

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principalmente: transparência, eqüidade de tratamento de acionistas e prestação de contas.

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2004),

governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e

monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas, conselho de

administração, diretoria, auditores independentes e conselho fiscal. Os princípios

básicos que norteiam esta prática são: transparência, eqüidade, prestação de contas

(accountability) e responsabilidade corporativa.

Pelo princípio da transparência entende-se que a administração deve cultivar

o desejo de informar não só o desempenho econômico-financeiro da companhia,

mas também todos os demais fatores, ainda que intangíveis, que norteiam a ação

empresarial. A transparência envolve uma rede de interessados, reunindo pessoas

que possuem envolvimento financeiro ou pessoal com a organização:

administradores, funcionários, fornecedores e clientes. Tapscott e Ticoll (2005) os

chamam de stakeholders e definem transparência como o acesso dos stakeholders

às informações institucionais referentes a assuntos que afetem seus interesses. As

empresas normalmente atingem maior valorização de suas ações em função da

transparência com que atuam. Por eqüidade entende-se o tratamento justo e

igualitário de todos os grupos minoritários, colaboradores, clientes, fornecedores ou

credores. A accountability, por sua vez, caracteriza-se pela prestação de contas da

atuação dos agentes de governança corporativa a quem os elegeu, com

responsabilidade integral daqueles por todos os atos que praticarem. Por fim,

responsabilidade corporativa representa uma visão mais ampla da estratégia

empresarial, com a incorporação de considerações de ordem social e ambiental na

definição dos negócios e operações (IBGC, 2004).

Empresas que adotam boas práticas internacionais de governança

corporativa conseguem se financiar a uma taxa menor no mercado, gerando

melhores resultados e, conseqüentemente, maior retorno aos acionistas. Segundo

Berton (2003), a valorização das ações no mercado é influenciada positivamente

pelo grau de segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas e pela

quantidade de informações disponibilizadas pelas empresas. Essas premissas dão

origem à possibilidade de as empresas se financiarem a custos mais baixos, a partir

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do lançamento de ações no mercado, bem como aos indivíduos, de efetuarem

programas de capitalização com vistas à aposentadoria.

Klapper e Love (2002) investigaram as práticas de governança corporativa e

as medidas de proteção ao investidor no âmbito da empresa verificada nos países

emergentes e demonstraram que uma melhor governança corporativa está

altamente correlacionada com uma melhor performance operacional e maior

valorização no mercado.

De acordo com Weill e Ross (2004), a governança corporativa tornou-se um

tema dominante nos negócios por ocasião da safra de escândalos corporativos por

volta de 2002, a exemplo das empresas Enron, Worldcom e Tyco. A gravidade dos

impactos financeiros desses escândalos solapou a confiança de investidores

institucionais e individuais, além de ter aumentado a preocupação com a habilidade

e a determinação das empresas privadas de proteger seus stakeholders.

Para Andrade e Rossetti (2006), os conflitos de agência (Figura 5),

caracterizados pelos conflitos potenciais entre acionistas e gestores ou entre

acionistas majoritários e minoritários, em função da dispersão do capital das

corporações e da conseqüente separação entre a propriedade e a gestão, são as

razões fundamentais do despertar da governança corporativa.

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Fonte: Andrade e Rossetti (2006).

Figura 5 Raízes de conflitos de agência: as decorrentes reações por boas práticas

de governança corporativa

Segundo Jensen e Meckling (1976), os custos de agência são a soma dos

custos de criação e estruturação de contratos entre o principal e o agente, gastos de

monitoramento das atividades dos gestores pelo principal, gastos promovidos pelo

próprio agente para mostrar ao principal que seus atos não serão prejudiciais aos

seus interesses, perdas residuais, decorrentes da diminuição da riqueza do principal

por eventuais divergências entre as decisões do agente e as decisões que iriam

maximizar a riqueza do principal.

A essência do problema de agência é o conflito de interesses possibilitado

pela separação entre a propriedade e o controle, referindo-se às dificuldades que os

investidores têm em garantir que seus fundos não serão expropriados ou perdidos

em projetos não atrativos. O problema de agência é um elemento essencial da

chamada visão contratual da empresa, desenvolvida por Coase (1937) e Jensen e

Meckling (1976) que se baseia na idéia de que a firma é um nexo de contratos entre

clientes, trabalhadores executivos e fornecedores de material e capital.

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Somaram-se a essas razões, com mais força nos anos 1990, dois diferentes

conjuntos de fatores que levaram as empresas a aderirem a melhores práticas de

governança. Uma boa parte desses fatores encontrava-se dentro das corporações –

uns relacionados a conflitos de agência; outros, porém, às novas condições que se

estabeleceram no mundo dos negócios e que exigiam mudanças nas práticas de

alta gestão (Quadro 1). A um conjunto ampliado de fatores internos acrescentaram-

se assim os que se formaram em um ambiente externo crescentemente complexo,

mutável e desafiante (ANDRADE e ROSSETTI, 2006).

Quadro 1 Razões fundamentais do despertar da governança corporativa

Fonte: Andrade e Rossetti (2006).

Em junho de 2002, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a

cartilha “Recomendações da CVM sobre governança corporativa”, que contém

orientações relativas a boas práticas de governança corporativa. Embora a cartilha

não constitua norma cujo descumprimento implique sanções, a adoção das práticas

ali recomendadas significa a utilização de padrões de conduta superiores aos

exigidos pela lei e pela regulamentação da própria CVM (CVM, 2002).

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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) criou um novo segmento de

mercado, destinado à negociação de ações de empresas que voluntariamente se

comprometerem a adotar “boas práticas de governança corporativa”: o cumprimento

de regras societárias que ampliam os direitos dos acionistas melhora a qualidade

das informações prestadas pelas empresas e determina a resolução de conflitos por

meio de uma câmara de arbitragem (BOVESPA, 2008).

A resolução 2.829 do Conselho Monetário Nacional editada em 30 de março

de 2001 (CMN, 2008) estabelece três níveis distintos de boa governança

corporativa: os níveis 1, 2 e o novo mercado. O nível 1 estabelece elevados padrões

de transparência. O nível 2 implica a adoção de normas de governança corporativa

que incluem: utilização de critérios norte-americanos nas demonstrações contábeis,

renovação anual do conselho de administração e direito de voto aos detentores de

ações preferenciais. O novo mercado é um segmento de listagem destinado à

negociação de ações emitidas por companhias que se comprometam,

voluntariamente, com a adoção de práticas de governança corporativa adicionais em

relação ao que é exigido pela legislação.

Se já havia motivos importantes para que os acionistas e o mercado se

preocupassem em obter melhores informações sobre como as empresas estavam

sendo geridas, tanto em função do problema de agência como simplesmente para

serem capazes de saber melhor como estavam seus investimentos, alguns fatos

desencadearam um movimento acelerado na busca da garantia de adoção de

melhores práticas na gestão das empresas. Em 2 de dezembro de 2001, por

exemplo, a gigante norte-americana do setor energético Enron, com faturamento

superior a US$ 100 bilhões, entrou em falência (IBGC, 2004).

Nesse cenário, a governança surgiu com o propósito de garantir o

componente ético da organização, representado por seus diretores e outros

funcionários, na criação e proteção dos benefícios para todos os acionistas.

O mercado reagiu à onda de escândalos com várias iniciativas, próprias ou

derivadas de leis que obrigam a uma maior transparência na gestão. O Acordo de

Basiléia II, em 2001, voltado para aspectos financeiros e de transparência das

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empresas, e a lei Sarbanes-Oxley, de 2002, com leis voltadas para definição de

critérios de governança, criaram regras que se difundiram pelas organizações e

chegaram até as áreas de tecnologia da informação. A Sarbanes-Oxley tem artigos

diretamente voltados para a área de tecnologia da informação, que faz parte da

governança corporativa (FERNANDES e ABREU, 2006).

2.3 GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

O conceito de governança de TI vem sendo mal empregado ou mal

compreendido entre os profissionais de tecnologia da informação, ainda que este

esteja se tornando bastante popular (McLANE, 2003). Lunardi (2008), justifica a falta

de clareza pela própria natureza da disciplina de sistemas de informação,

reconhecida como uma área do conhecimento relativamente nova.

Várias definições de governança de TI vêm sendo desenvolvidas ao longo

dos anos. Weill e Ross (2004), definem governança de tecnologia da informação

como um ferramental para a especificação dos direitos de decisão e

responsabilidade, visando a encorajar comportamentos desejáveis no uso da

tecnologia da informação.

Para Vanni (2005), governança de tecnologia da informação trata das

estruturas de relacionamentos e processos para dirigir e controlar a organização no

alcance de seus objetivos. Agregar valor a esses objetivos e ao mesmo tempo

equilibrar os riscos em relação ao retorno da tecnologia de informação e seus

processos. São estruturas e processos que buscam garantir que a tecnologia da

informação suporte e leve os objetivos e estratégias da organização a assumirem o

seu valor máximo. Permitem controlar a execução e a qualidade dos serviços e

viabilizam o acompanhamento de contratos internos e externos. Definem, enfim, as

condições para o exercício eficaz da gestão com base em conceitos consolidados de

qualidade.

A expressão IT Governance é definida como uma estrutura de relações e

processos que dirige e controla uma organização, a fim de atingir seu objetivo de

adicionar valor ao negócio por meio do gerenciamento balanceado do risco com o

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retorno esperado do investimento. O objetivo principal da governança de TI é alinhar

a TI ao negócio, agregando valor e minimizando riscos (ITGI, 2007).

Um modelo de governança de TI possibilita, na visão de Fernandes e Abreu

(2006):

controlar, medir e auditar a execução e a qualidade dos serviços;

acompanhar contratos internos e externos; e

criar condições para o eficaz exercício da gestão de TI, com base em

conceitos consolidados de qualidade.

Enquanto a gestão de TI tradicional possui uma orientação interna e focada

no presente, a governança de TI é orientada para o negócio, com foco no futuro

(MENEZES, 2005).

De acordo com Vanni (2005), governança de TI é uma capacidade

organizacional exercida por um comitê, pela gerência executiva e pela gerência de

TI, para definir e implementar a estratégia de TI com o objetivo de alinhar TI com o

negócio, agregando valor e minimizando riscos.

Conforme Menezes (2005), o propósito da governança de TI é atingir os

seguintes objetivos:

alinhar a estratégia de TI com o negócio;

usar a TI eficientemente, para explorar novas oportunidades e maximizar

benefícios para a empresa, medindo o desempenho da TI e ajustando

suas ações, quando necessário;

usar recursos da TI de forma eficaz, garantindo uma boa relação

custo/benefício;

assegurar adequado tratamento aos riscos originários da TI.

Para Fernandes e Abreu (2006), a governança de TI deve:

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garantir o alinhamento da TI ao negócio (suas estratégias e objetivos),

tanto no que diz respeito a aplicações como à infra-estrutura de serviços

de TI;

garantir a continuidade do negócio contra interrupções e falhas(manter e

gerir as aplicações e a infra-estrutura de serviços);

garantir o alinhamento da TI a marcos de regulação externos como a

Sarbanes-Oxley (empresas que possuem ações ou títulos, papéis sendo

negociados em bolsas de valores norte-americanas), Basiléia II (no caso

de bancos) e outras normas.

A governança de tecnologia da informação surgiu num quadro de

preocupações crescentes com a governança corporativa, decorrente de escândalos

administrativos em empresas de grande expressão, conforme relatado na seção

anterior.

Nas duas últimas décadas vêm surgindo diversos modelos de melhores

práticas para TI, que parecem se ajustar às aspirações dos acionistas e do mercado,

em geral, de garantir que as ações de TI estejam alinhadas com a estratégia das

organizações, contribuindo para o atingimento dos objetivos dos investidores. Alguns

desses modelos são originais e outros são derivados e/ou evoluídos de outros

modelos. Os principais modelos em voga atualmente, citados no meio acadêmico e

profissional, relacionados com a governança de TI, estão apresentados no Quadro 2.

Quadro 2 Principais modelos de melhores práticas de governança de TI

Modelo de Melhores Práticas Escopo do Modelo

COBIT – Control Objectives for Information and Related Technology

Modelo abrangente aplicável para a auditoria e controle de processos de TI, desde o planejamento da tecnologia até a monitoração e auditoria de todos os processos.

CMMI – Capability Maturity Model Integration Desenvolvimento de produtos e projetos de sistema e software.

ITIL – Information Technology Infrastructure Library

Infra-estrutura de tecnologia da informação (serviço de TI, segurança, gerenciamento da infra-estrutura, gestão de ativos e aplicativos etc).

BS 7799, ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 17799 – Código de Prática para a Gestão da Segurança da Informação

Segurança da informação.

Modelos ISO – International Organization for Sistema da qualidade, ciclo de vida de software,

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Standardization teste de software etc. eSCM – SP – Service Provider Capability Maturity Model

Outsourcing em serviços que usam TI de forma intensiva.

PRINCE2 – Project in Controlled Environment Metodologia de gerenciamento de projetos. PMBoK – Project Management Body of Knowledge Base de conhecimento em gestão de projetos.

BSC – Balanced Scorecard Metodologia de planejamento e gestão da estratégia.

Seis Sigma Metodologia para melhoramento da qualidade de processos.

SAS 70 – Statement on Auditing Standards for Services Organization Regras de auditoria para empresas de serviços.

Fonte: adaptado de Fernandes e Abreu (2006).

A governança de tecnologia da informação ganha força no atual cenário de

competitividade do mundo dos negócios. Um mundo em que é cada vez maior a

necessidade de adoção pelas áreas de TI de mecanismos que permitam estabelecer

objetivos, avaliar resultados e examinar, de forma detalhada e concreta, se as metas

foram alcançadas. O foco da governança de TI está em permitir que as perspectivas

de negócios, de infra-estrutura de pessoas e de operações sejam levadas em

consideração no momento de definição das ações de tecnologia da informação,

garantindo o que mais interessa à empresa, que é o atingimento dos seus objetivos

estratégicos.

2.3.1 Regulamentações de conformidade

2.3.1.1 Sarbanes-Oxley Act (SOA)

Tillman e Fares (2002) afirmam que a Sarbanes-Oxley é uma lei de reforma

corporativa forte que visa à proteção dos investidores por meio da melhoria na

precisão e confiança do processo de divulgação financeira das empresas.

Para Fernandes e Abreu (2006), os motivadores do Sarbanes-Oxley Act

foram os escândalos financeiros acontecidos em companhias abertas nos Estados

Unidos. A falência da Enron, deixou um rombo de US$ 60 bilhões no mercado. As

revelações de fraude da Enron provocaram um efeito cascata. Depois dela veio a

Worldcom, a segunda maior empresa de telefonia de longa distância do país, a Tyco,

holding industrial de serviços e produção de componentes eletrônicos, fibra óptica,

equipamentos para automóveis, telecomunicações e sistemas elétricos, a Xerox, que

escondeu prejuízos, a Imclone, empresa de biotecnologia, que divulgou informações

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privilegiadas a amigos e familiares e até a gigante farmacêutica Merck, acusada de

praticar um método contábil não convencional para aumentar artificialmente seu

faturamento (CARDOSO et al., 2003).

Para evitar a perda da confiança no mercado financeiro e o conseqüente

esvaziamento dos investimentos, os senadores Paul Sarbanes (Democrata de

Maryland) e Michael Oxley (Republicano de Ohio) propuseram, em 2002, a lei que

carrega seus nomes. O objetivo mor da lei Sarbanes-Oxley é coibir a conduta

antiética de administradores e auditores, restaurando a confiabilidade das

demonstrações contábeis e financeiras (Sarbanes-Oxley Act, 2002).

A lei apresenta um rol de responsabilidades e sanções, tipificando crimes de

colarinho branco praticados por administradores e auditores. Além disso, proíbe

práticas contábeis que possam expor qualquer sociedade anônima a riscos sem

provisionamento prévio e veda a concessão de empréstimos a membros do

conselho de administração e da diretoria, conforme esclarecem Fernandes e Abreu

(2006). Ainda para esses autores, os objetivos principais da lei Sarbanes-Oxley, que

tem foco nos controles internos sobre relatórios financeiros, são proteger os

investidores do mercado de capitais americano de fraudes contábeis e financeiras de

companhias abertas, assim como instituir uma série de penalidades contra crimes

relacionados a este tipo de fraude.

O termo controle interno sobre relatórios financeiros é entendido por Ramos

(2004), como o processo projetado por, ou sob a supervisão do principal executivo e

do principal responsável por finanças do emitente, ou pessoas que desempenham

funções similares, efetivados pelo comitê de diretores do emitente, pela gerência ou

outras pessoas, para:

prover garantia razoável relacionada à confiabilidade de emissão de

relatórios financeiros e a preparação de relatórios de resultados

financeiros para propósitos externos, de acordo com princípios de

contabilidade geralmente aceitos (GAAP), incluindo políticas e

procedimentos para manter registros detalhados, com exatidão e de forma

correta, de modo que esses registros reflitam as transações e disposições

dos ativos do emitente;

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prover garantia de que as transações sejam registradas quando

necessário para permitir a preparação de declarações de resultados

financeiros, e que as receitas e despesas do emitente sejam feitas

somente de acordo com autorizações da gerência e diretores;

prover garantia relacionada à prevenção ou detecção, no momento

preciso, de aquisições não autorizadas, uso ou disposição dos ativos do

emitente que possam ter um efeito material nas declarações dos

resultados financeiros.

Conforme o Sarbanes-Oxley Act (2002), a Stock Exchange Commission

(SEC), autoridade que regula o mercado de capitais norte-americano, tem a

responsabilidade de estabelecer as regras para implantar a legislação, incluindo

diretrizes para a elaboração de relatórios financeiros pelos CEO e CFO.

Segundo o Sarbanes-Oxley Act (2002), a lei é composta pelos seguintes

títulos:

Título I: Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), que trata

de uma organização não-governamental que deve registrar as auditorias e

estabelecer os padrões de auditoria relativos aos controles financeiros das

empresas abertas.

Título II: Auditor Independence, que estabelece que os auditores sejam

independentes e que haja rotatividade entre empresas de auditoria.

Título III: Corporate Responsibility, que atribui as responsabilidades

corporativas, em termos da formação de um comitê de auditoria, da sua

composição e dos requisitos sobre o envio de relatórios à SEC e outros

tipos de conduta requeridos dos CEOs, CFOs e demais diretores.

Título IV: Enhanced Financial Disclosures, que estabelece novas regras

para a elaboração e publicação de resultados financeiros, assim como

requer que a administração mantenha um sistema de controle interno

adequado.

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Título V: Analyst Conflicts of Interest, que estabelece regras para que não

haja conflitos de interesse na atuação de analistas de corretoras de valores

ou de administração de fundos.

Título VI: Comission Resources and Authority, que estabelece regras para

a autorização de fundos para a SEC, assim como a autoridade da SEC

para suspender, temporariamente ou não, empresas e profissionais de

auditoria.

Título VII: Studies and Reports, que autoriza a SEC a efetuar estudos e

relatórios relativos à consolidação de firmas de auditoria, agências de

índices de risco, violações profissionais no âmbito do mercado de capitais,

análises dos resultados das ações da SEC e estudos de bancos de

investimentos.

Título VIII: Corporate and Criminal Fraud Accountability, que estabelece

regras específicas e penalidades para a destruição de registros

corporativos, assim como para a alteração de dados e falsificações.

Título IX: White-Collar Crime Penalty Enhancements, que contém

penalidades para os chamados crimes do colarinho branco.

Título X: Corporate Tax Returns, que estabelece que o CEO deve,

obrigatoriamente, assinar o imposto de renda da pessoa jurídica.

Título XI: Corporate Fraud Accountability, que define a responsabilidade

corporativa pela comunicação de informações financeiras de resultados

fraudulentos.

Dentre essas normas, passaram a ser exigidas características de

confiabilidade e disponibilidade dos sistemas e aplicativos mantidos pela TI. A lei

obriga as empresas que possuem capital aberto e ações negociadas na bolsa de

Nova Iorque a responderem pelo que fazem com o dinheiro, não só internamente,

mas também em filiais localizadas em outros países, podendo estender a exigência

até seus fornecedores (FERNANDES e ABREU, 2006).

As seções 302 e 404 do Sarbanes-Oxley Act (2002) têm especificações e

requisitos de qualidade da informação que afetam a TI. O Quadro 3 mostra as

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principais implicações operacionais do Sarbanes-Oxley Act para a TI, considerando

os processos de TI, conforme organizados por Fernandes e Abreu (2006).

Quadro 3 Implicações do Sarbanes-Oxley Act para a área de TI Requisitos de qualidade da informação

Implicações do SOA

O conteúdo da informação deve ser

apropriado.

Processo de desenvolvimento de requisitos de software; Processo de gerenciamento de requisitos de software; Métodos de engenharia de software; Processos de verificação (teste); Processos de validação (aceitação pelos usuários); Processos de segurança da informação empregados nos aplicativos; Processos de aceitação de produtos de terceiros; Processos de gestão da mudança e da configuração.

A informação deve estar disponível no

momento em que for necessária.

Disponibilidade de aplicativos; Disponibilidade da infra-estrutura; Gerenciamento de incidentes e problemas no ambiente de produção; Suporte aos usuários; Gestão de aplicativos e de ativos de TI; Processos de gerenciamento da infra-estrutura; Segurança da infra-estrutura; Gerenciamento da contingência; Gerenciamento de disponibilidade e desempenho.

A informação deve ser atual ou pelo menos

ser a última disponível.

Processos de gerenciamento de dados; Planejamento e gerenciamento da contingência e de desastres; Segurança da informação na infra-estrutura.

Os dados e as informações devem

estar corretos.

Segurança da informação em aplicativos; Segurança da infra-estrutura de TI; Teste de software; Controle da mudança e da configuração; Gerenciamento de dados; Gerenciamento de requisitos.

A informação deve ser acessível aos usuários

interessados.

Segurança da informação referente a controle de acessos e privilégios; Controle de autorizações.

Deve haver um sistema de controle interno

sobre relatórios financeiros.

Avaliação de riscos de TI; Gestão da qualidade; Planos de desastres e recuperação.

Fonte: Fernandes e Abreu (2006).

O Sarbanes-Oxley Act mudou fundamentalmente os negócios e o cenário

regulatório. No contexto da tecnologia da informação, torna-se claro que a natureza

e as características do uso de tecnologia nas organizações e seus sistemas de

informação afetam os controles internos e os relatórios financeiros (ITGI, 2007).

2.3.1.2 Acordo da Basiléia II

Estabelecido pelo Bank for International Settlements (BIS), sediado na

cidade suíça da Basiléia, o primeiro acordo de capital da Basiléia passou a vigorar

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em 1998 e foi implementado após um período marcado por crises nos sistemas

bancários da Rússia, Ásia e México (BIS, 2008). A crise na Ásia culminou com a

falência do maior e mais antigo banco da Inglaterra, o Banco Barings. O acordo de

capital da Basiléia foi editado pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia

(CSBB), estabelecendo em sua segunda versão (Basiléia II), requisitos de capital

mínimo para as instituições financeiras, em função dos seus riscos de crédito e

operacionais (FERNANDES e ABREU 2006). Esse acordo possui três pilares:

Pilar 1 – Requisito mínimo de capital

Este primeiro pilar estabelece regras e procedimentos para cálculo dos

requisitos de capital, tendo em vista os riscos de crédito e operacionais, de

acordo com a aplicação de abordagens distintas de avaliação e mitigação

de riscos. O risco de crédito se refere à perda econômica sofrida pela

incapacidade voluntária ou involuntária do tomador do crédito em atender

às suas obrigações contratuais no tempo requerido. No caso dos bancos, a

metodologia deve atender tanto a uma transação individual de crédito como

a uma carteira de crédito, ou seja, o portfolio de crédito da instituição. O

risco operacional, por sua vez, se refere ao risco de perdas financeiras

diretas ou indiretas resultantes de processos internos inadequados, de

falhas nos processos, pessoas e sistemas, ou mesmo de eventos externos.

Pilar 2 – Processo de revisão supervisora

O segundo pilar estabelece regras para que os Bancos Centrais de cada

país executem auditorias nas instituições financeiras, visando a avaliar a

aplicação dos métodos de gestão de risco e a avaliação e mitigação de

riscos de crédito e operacionais, assim como a emissão de informações

para o mercado acerca da exposição ao risco pela instituição.

Pilar 3 – Disciplina de mercado

O terceiro pilar estabelece regras para a comunicação ao mercado dos

requisitos mínimos de capital, face aos riscos e aos métodos e resultados

de avaliações de riscos, conforme estabelecido pelo primeiro pilar.

As instituições financeiras nacionais se obrigam a cumprir as diretrizes do

CSBB (BC, 2004). Segundo Fernandes e Abreu (2006), o Banco Central do Brasil

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vem auditando as áreas de TI dos bancos por meio do instrumento denominado

Cobit – Control Objectives for Information and Related Technology, desenvolvido

pela Information Systems Audit and Control Association – Isaca. Ainda na visão

desses autores, questões como “risco operacional” e “risco de crédito”, são

primordiais, impactando a TI em aspectos como:

capacidade de armazenamento de dados em face da granularidade de

informações requeridas de cada cliente, visando a avaliar riscos de forma

mais consistente;

integridade das informações acerca das transações do banco;

integridade das informações armazenadas sobre os clientes e operações

de crédito;

segurança dessas informações;

contingências na operação;

planejamento de capacidade;

planejamento de desastres e recuperação;

integridade do processo de emissão de relatórios requeridos pelo BIS.

Conforme salientam Fernandes e Abreu (2006), analogamente ao que é

demandado pelo Sarbanes-Oxley Act, o Acordo da Basiléia estabelece obrigações

para o CIO ou profissional equivalente, que deve:

inserir as questões do Acordo em seu Plano de Tecnologia da Informação;

implantar novos processos de TI;

ajustar ou melhorar processos existentes;

ajustar a estrutura organizacional de TI para acomodar novos processos;

definir e implantar novos indicadores de desempenho, caso seja

necessário;

tratar a gestão de riscos (planejamento e monitoramento) de TI como um

processo com identidade própria na organização de TI.

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Allen et al. (2004) afirmam que o CSBB tem buscado maneiras de minimizar

os riscos de quebra de instituições financeiras em função do desempenho de suas

atividades. O novo acordo de capital da Basiléia (Basiléia II) estabelece regras

específicas para este fim.

2.3.2 Modelos de melhores práticas

Como já mencionado, nas duas últimas décadas vêm surgindo diversos

modelos de melhores práticas para TI, que parecem se ajustar às aspirações dos

acionistas e do mercado, em geral, de garantir que as ações de TI estejam alinhadas

com a estratégia das organizações, contribuindo para o atingimento dos objetivos

dos investidores. É importante ressaltar que o termo melhores práticas,

freqüentemente adotado pelas empresas, e por isso adotado nesse trabalho, é uma

forma (talvez equivocada) de se referir a procedimentos padronizados incorporados

em sistemas organizacionais. Essas práticas estão em constante atualização e

evolução, e nem sempre representam, necessariamente, a melhor forma de fazer

algo, mas a forma daqueles que tiveram suas práticas sistematizadas primeiro.

Logo, o termo deve ser entendido a partir desta perspectiva, como sinônimo de

práticas padronizadas, independentemente de serem melhores do que outras

práticas possíveis de serem utilizadas. Aqui serão relacionados os principais

modelos de melhores práticas identificados na literatura.

2.3.2.1 Itil

Itil, biblioteca de infra-estrutura de TI, é uma estrutura de padrões e melhores

práticas para gerenciar os serviços e a infra-estrutura de TI. Trata-se da abordagem

mundialmente mais difundida para o gerenciamento de serviços de TI (service

management) (OGC, 2008), tendo sido elaborada pela CCTA (Central Computer and

Telecommunications Agency) em 1980 e transferida em abril de 2001 para o OGC

(Office of Government Commerce), do governo britânico.

Inicialmente, o Itil era constituído de dez livros principais e trinta publicações

complementares (OGC, 2008). Em 2002, foi revisado e reorganizado, entitulado Itil

versão 2. Em 2007, a versão 2 foi revisada e substituída pela terceira versão

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constando de apenas 5 livros principais (OGC, 2008). Como já foi mencionado, trata-

se da mais abrangente e respeitada fonte de informações sobre processos de TI,

constituindo-se em uma descrição coerente e integrada de melhores práticas de

gerenciamento de serviços de TI (OGC, 2008). Compreende cinco perspectivas (ou

disciplinas): negócio, gerência da infra-estrutura, gerência das aplicações, entrega

de serviços de TI e suporte aos serviços de TI (OGC, 2008). A Figura 6 mostra as

disciplinas do Itil.

Fonte: OGC (2002).

Figura 6 Disciplinas do Itil

2.3.2.1.1 Gestão de serviços de TI

A gestão de serviços de TI (service management) visa à melhoria na

qualidade dos serviços de TI e, conseqüentemente, suportar os processos de

negócio. Para ser capaz de entregar o que o cliente deseja, a TI deve observar: a

especificação, a conformidade, a consistência, o valor e a comunicação (OGC,

2008). A especificação detalha a solução de TI, determinando e clarificando o

serviço. A conformidade garante que o serviço seja executado de acordo com o que

foi especificado. A consistência visa à regularidade na entrega do serviço. O valor

remunera a um preço justo o produto ou serviço fornecido. Os clientes desejam

ainda ser comunicados sobre qualquer fato relevante relacionado ao serviço, bem

como dispor de canais de comunicação eficazes, caso enfrentem algum problema ou

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necessitem de assistência.

A elaboração do catálogo de serviços é fundamental na gestão dos serviços

de TI. O catálogo especifica todos os serviços fornecidos pela área de TI e o nível de

cada serviço. É a base para elaboração dos acordos de níveis de serviços (SLA) e

para implantação da gestão de incidentes. A gestão de incidentes, por sua vez, é a

base para implantação de várias disciplinas do Itil (OGC, 2005).

A central de serviços (service desk) é responsável pelo atendimento a

usuários, clientes e pessoal interno, atuando como primeiro ponto de contato do

departamento de TI com seus clientes e usuários (OGC, 2008). É responsável

também pelo registro de todos os eventos, geração de relatórios de controle,

monitoramento do atendimento e produção de informações gerenciais capazes de

contribuir para o processo de melhoria contínua do atendimento.

A gestão de serviços de TI (IT Service Management - ITSM) é composta pelas

disciplinas de suporte aos serviços (service support) e entrega de serviços (service

delivery).

2.3.2.1.2 Suporte aos serviços

Os processos relacionados com o suporte aos serviços (service support) são,

conforme mostrado na Figura 7: gestão de incidentes, gestão de problemas,

gerência de configuração, gerência de liberações e gerência de mudanças (OGC,

2008). A seguir, descreve-se prevemente cada um deles, conforme porposto por

Fernandes e Abreu (2006).

Gestão de incidentes – um incidente é um evento que não faz parte da

operação normal, reduzindo a qualidade ou suspendendo a entrega do serviço. O

objetivo da gestão de incidentes é restaurar a operação normal de um serviço no

menor período de tempo possível, a fim de minimizar os impactos negativos sobre

os negócios e retornar aos melhores níveis de qualidade e disponibilidade. Trata do

efeito e não da causa.

Gestão de problemas – o objetivo da gestão de problemas é minimizar o

impacto de incidentes sobre a capacidade de negócios de uma organização,

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causados por falhas na infra-estrutura, evitando a recorrência de incidentes. Dá-se

por meio da investigação, diagnóstico e solução de cada problema. Busca a causa-

raiz dos incidentes.

Gestão de configuração – tem por objetivo assegurar que somente

componentes autorizados, ou seja, itens de configuração, como software, hardware,

documentos, processos e procedimentos sejam utilizados no ambiente de TI, e que

todas as mudanças nesses componentes sejam gravadas e rastreadas durante todo

o ciclo de vida de cada um. Objetiva ainda garantir a comunicação entre todas as

disciplinas da gestão de serviços, por meio do banco de dados de gerência de

configurações.

Fonte: OGC (2000).

Figura 7 Suporte aos serviços

Gerência de liberações – tem os seguintes principais objetivos: coordenar e

gerenciar implantação de releases no ambiente em operação; desenhar

procedimentos eficientes para distribuição e implantação de mudanças no ambiente

de TI; planejar, construir, testar e implantar mudanças; comunicar e gerenciar as

expectativas dos clientes durante o planejamento e a implantação de mudanças.

Mantém o banco de dados de configurações atualizado. Implanta releases de forma

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controlada e segura, garantindo segurança e rastreabilidade.

Gestão de mudanças – o objetivo da gestão de mudanças é garantir a

aplicação de métodos e procedimentos padronizados, para lidar eficientemente com

todas as mudanças no ambiente computacional, minimizando impactos na qualidade

dos serviços ocasionados por incidentes relacionados a esses eventos. Todas as

partes afetadas por uma mudança devem ter a oportunidade de acompanhá-la e

entender seus impactos.

2.3.2.1.3 Entrega de serviços

Os processos relacionados com a entrega de serviços (service delivery)

compreendem, conforme definido pelo OGC (2000) e mostrado na Figura 8, a

gerência de nível de serviço, a gerência de capacidade, a gerência de

disponibilidade, a gerência financeira e a gerência de continuidade.

Fonte: OGC (2000).

Figura 8 Entrega de serviços

A seguir são discutidos, brevemente, os processos relacionados à entrega de

serviços, conforme apresentados em OGC (2000).

Gerência de nível de serviço – tem por objetivo definir, monitorar e controlar

os acordos de nível de serviço (service level agreements). Os SLAs são acordos

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formais, realizados entre a área de TI e seus clientes, nos quais são definidas as

metas objetivas de desempenho e as responsabilidades das partes. Possibilita ao

departamento de TI entregar exatamente o que foi solicitado pelo cliente, além de

garantir que os serviços sejam reconhecidos como benéficos para a organização.

Gerência de capacidade – planeja, justifica e gerencia níveis apropriados de

recursos necessários para soluções específicas de TI, evitando a falta ou o excesso

de recursos. Responde por atividades de ajuste para otimizar o uso dos recursos

disponíveis. Atua no gerenciamento da capacidade de negócios, serviços e

recursos.

Gerência de disponibilidade – este processo é responsável pela

racionalização da capacidade da infra-estrutura e da organização do suporte, para

que possa entregar os serviços de TI a um custo compatível com os níveis de

disponibilidade necessários para a satisfação dos requisitos do negócio, dentro das

especificações dos acordos de níveis de serviços. Realiza o projeto, implantação,

medição e gerenciamento da disponibilidade da infra-estrutura de TI.

Gerência financeira – realiza a gestão dos recursos financeiros da área de TI.

A gerência financeira deve otimizar os recursos financeiros, contabilizar as despesas

de forma a apropriar os custos de TI, de acordo com os serviços prestados, e apoiar

decisões de investimentos em TI. Cobre o orçamento (previsão das despesas e

investimentos), a contabilidade (registro) e a cobrança (apropriação por centros de

custos).

Gerência de continuidade – garante que qualquer serviço de TI seja capaz de

prover valor para seus clientes e usuários, mesmo em situações em que falharem as

soluções normais de disponibilidade. A gerência de continuidade deve suportar o

planejamento de continuidade dos negócios, garantindo que todos os recursos e

serviços de TI possam ser recuperados no tempo combinado. Avalia impactos,

riscos e ameaças. Administra ações preventivas e corretivas.

2.3.2.1.4 Gestão da infra-estrutura da TI e da comunicação

O gerenciamento pró-ativo da infra-estrutura da TI e da comunicação (ICT –

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Information and Comunication Technology) é o foco dessa disciplina. O crescente

grau de dependência do negócio em relação à tecnologia, a crescente complexidade

do ambiente, as necessidades de flexibilidade e satisfação do cliente, as restrições

de investimentos e os reduzidos ciclos de vida de produtos compõem os desafios do

gerenciamento com relação a esta questão (OGC, 2004).

A Figura 9 mostra a evolução da complexidade da infra-estrutura de TI dos

anos 1970 até os dias atuais: computação monolítica, redes locais, redes

distribuídas e serviços distribuídos, de acordo com o OGC (2004).

O escopo do gerenciamento da infra-estrutura de ICT engloba o desenho, o

planejamento, a implantação, a operação e o suporte técnico. Essa disciplina se

relaciona com as disciplinas entrega dos serviços e suporte ao serviço.

Fonte: OGC (2004).

Figura 9 Desenvolvimento do gerenciamento da ICT

2.3.2.1.5 Gestão da segurança

A gestão da segurança (security management) tem como propósito garantir a

segurança do negócio e limitar os danos por meio da prevenção, minimizando o

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impacto dos incidentes de segurança da informação. A gestão de segurança adota a

BS 7799-1:1999 como referência de melhores práticas a serem adotadas (OGC,

2008). Referências podem ser obtidas também na norma ISO/IEC 17799:2000 e em

sua equivalente nacional, a ABNT NBR ISO/IEC 17799 (ver o item 2.3.2.6).

A informação é um ativo que tem valor para a organização e deve ser

protegido contra ameaças, para garantir a continuidade dos negócios e minimizar

danos. A segurança preserva o valor da informação sobre os seguintes aspectos:

confidencialidade, integridade e disponibilidade (KRUTZ e VINES, 2001). A

confidencialidade protege informações importantes de uso ou interceptação não

autorizados, garantindo que estarão acessíveis somente a pessoas autorizadas. A

integridade salvaguarda a exatidão e a completude da informação e do software. A

disponibilidade assegura que a informação e os serviços de TI estejam disponíveis

quando necessário (OGC, 2004).

As organizações, os sistemas de informação e as redes de computadores são

colocados à prova por ameaças à segurança da informação oriundas de várias

fontes: fraudes eletrônicas, espionagem, sabotagem, vandalismo, fogo e inundação

(LAUDON e LAUDON, 2004). Problemas causados por vírus e hackers tornam-se a

cada dia mais comuns, ambiciosos e sofisticados. Tais vulnerabilidades agravam-se

com a computação distribuída, interconexão a redes públicas e privadas e

compartilhamento de recursos (O´BRIEN, 2006).

Segundo dados do Gartner Group (2008), migrar de uma situação em que

não há qualquer processo de gerenciamento de serviços de TI para a adoção

completa das melhores práticas pode reduzir o custo total de propriedade (TCO) de

um organização em cerca de 48%.

Fernandes e Abreu (2006) afirmam que o Itil é claramente orientado à

gestão da qualidade de serviços, uma vez que todos os seus processos podem ser

conduzidos e gerenciados por meio de ciclos de melhoria contínua. O funcionamento

integrado e centralizado dos processos de gerenciamento facilita o alinhamento das

demandas entre o negócio, os clientes e os usuários, de forma que os serviços de TI

possam ser gerenciados de forma efetiva e mensurável.

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2.3.2.2 Cobit

O Cobit (Control Objectives for Information and related Technology), foi

criado em 1994 pela ISACF (Information Systems Audit and Control Foundation), a

partir do seu conjunto inicial de objetivos de controle, e vem evoluindo por meio da

incorporação de padrões internacionais técnicos, profissionais, regulatórios e

específicos para processos de TI (ISACA, 2008). Em 1998, foi publicada a sua

segunda edição, contendo uma revisão nos objetivos de controle de alto nível e o

seu detalhamento, além de um conjunto de ferramentas e padrões para

implementação (ISACA, 2008). A terceira edição foi publicada em 2000 pelo IT

Governance Institute (ITGI), órgão criado pela ISACA com o objetivo de promover

um melhor entendimento e a adoção dos princípios de governança de TI

(FERNANDES e ABREU, 2006).

O Cobit fornece um detalhado conjunto de procedimentos e diretrizes que

devem ser aplicados na auditoria dos processos de TI, bem como uma avaliação dos

riscos e probabilidades de ocorrência (ISACA, 2008).

As práticas de gestão do Cobit auxiliam a otimizar os investimentos em TI e

fornecem métricas para avaliação dos resultados, por meio de um conjunto de

recursos, compreendendo um sumário executivo, um framework, controle de

objetivos, mapas de auditoria, um conjunto de ferramentas de implantação e um guia

com técnicas de gerenciamento (ITGI, 2005).

O Cobit é orientado ao negócio da empresa, fornecendo informações

detalhadas para gerenciar processos apoiados em objetivos de negócio (ISACA,

2008). Os gerentes devem avaliar o risco e administrar os investimentos em TI. Os

usuários precisam de garantias de nível de serviço de TI, das quais dependem os

produtos e serviços entregues aos clientes internos e externos (ISACA, 2008). Os

auditores avaliam o nível de gestão de TI apoiados nas recomendações do Cobit e

sugerem a adoção de novas práticas (ISACA, 2008). O Cobit está distribuído em

quatro domínios (ITGI, 2005):

Planejamento e organização – cobre o uso da tecnologia e o modo como

esta pode ser melhor utilizada na organização para que os objetivos e

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metas sejam atingidos. Também destaca a organização e a forma como a

infra-estrutura de TI está preparada para otimizar resultados e gerar

maiores benefícios do uso de TI;

Aquisição e implementação – endereça a estratégia da empresa na

identificação de requerimentos de TI, na aquisição de tecnologia e na

implementação dentro dos processos de negócio;

Entrega e suporte – concentra-se nos aspectos da entrega da TI. Cobre

áreas como execução de aplicações de sistemas de TI e seus resultados,

bem como os processos de suporte que habilitam a execução desses

sistemas com efetividade e eficiência. Os processos de suporte incluem

objetivos de segurança e treinamento; e

Monitoramento – alinha a TI à estratégia da empresa, avaliando se as

necessidades do negócio são atingidas com os sistemas de TI e se os

objetivos de controle necessários cobrem os requerimentos regulatórios.

Cobre também os objetivos de efetividade e disponibilidade, a auditoria e

os objetivos de controles internos e externos.

O Quadro 4 mostra questões gerenciais típicas abordadas e os processos de

TI relativos a cada um dos domínios do Cobit, de acordo com o ITGI (2005).

O Cobit avalia o grau de confiança, qualidade e segurança adequados para

as necessidades das corporações, provendo sete critérios de informação que podem

ser empregados para definir genericamente o que os negócios requerem da TI:

efetividade, eficiência, confidencialidade, integridade, disponibilidade, conformidade

e confiabilidade (FERNANDES e ABREU, 2006).

Quadro 4 Questões e processos dos domínios do Cobit

Questões gerenciais Processos de TI

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PO (P

lane

jam

ento

e

Org

aniz

ação

)

• A estratégia do negócio e a TI estão alinhadas?

• A empresa está otimizando a utilização dos seus recursos?

• Todos na organização compreendem os objetivos da TI?

• Os riscos relacionados à TI estão compreendidos e sendo gerenciados?

• A qualidade dos sistemas de TI está adequada às necessidades do negócio?

• PO-1 Definir um plano estratégico para TI • PO-2 Definir a arquitetura da informação • PO-3 Determinar a direção tecnológica • PO-4 Definir a organização de TI, os

seus processos e relacionamentos • PO-5 Gerenciar o investimento em TI • PO-6 Comunicar objetivos e direciona-

mentos gerenciais • PO-7 Gerenciar os recursos humanos • PO-8 Gerenciar a qualidade • PO-9 Avaliar e gerenciar riscos de TI • PO-10 Gerenciar projetos

AI (

Aqu

isiç

ão e

im

plem

enta

ção)

• Os novos projetos conseguem entregar soluções que atendam as necessidades do negócio?

• Os novos projetos conseguem ser entregues dentro do prazo e orçamento planejados?

• Os novos sistemas funcionam adequadamente depois de implementados?

• As alterações em ambiente de produção de TI causam baixo impacto nas operações de negócio correntes?

• AI-1 Identificar soluções automatizadas • AI-2 Adquirir e manter software aplicativo • AI-3 Adquirir e manter infra-estrutura

tecnológica • AI-4 Viabilizar operação e utilização • AI-5 Adquirir recursos de TI • AI-6 Gerenciar mudanças • AI-7 Instalar e aprovar soluções e

mudanças

DS

(ent

rega

e s

upor

te)

• Os serviços de TI estão sendo entregues com alinhamento às prioridades do negócio?

• Os custos de TI estão otimizados? • As equipes de trabalho são capazes

de utilizar os sistemas de TI com segurança e produtividade?

• Atributos como confidencialidade, integridade e disponibilidade estão implementados de forma adequada?

• DS-1 Definir e gerenciar níveis de serviço • DS-2 Gerenciar serviços terceirizados • DS-3 Gerenciar desempenho e

capacidade • DS-4 Garantir a continuidade dos

serviços • DS-5 Garantir a segurança dos sistemas • DS-6 Identificar e alocar custos • DS-7 Educar e treinar usuários • DS-8 Gerenciar central de serviços e

incidentes • DS-9 Gerenciar a configuração • DS-10 Gerenciar problemas • DS-11 Gerenciar dados • DS-12 Gerenciar o ambiente físico • DS-13 Gerenciar operações

ME

(mon

itora

ção

e av

alia

ção)

• As medições de desempenho da TI detectam problemas antes que seja tarde demais?

• Há garantias de que os controles internos sejam eficientes e eficazes?

• É possível associar diretamente o desempenho de TI aos objetivos de negócio estabelecidos anteriormente?

• Riscos, controles, conformidade e desempenho são medidos e divulgados?

• ME-1 Monitorar e avaliar os processos • ME-2 Monitorar e avaliar os controles

internos • ME-3 Obter auditoria independente • ME-4 Prover para auditoria independente

Fonte: Adaptado de ITGI (2005).

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A Figura 10 mostra o inter-relacionamento dos objetivos de negócio com a

governança de TI e com cada um dos domínios do Cobit.

Fonte: Adaptado de ITGI (2005).

Figura 10 Domínios do Cobit no framework

Segundo o ITGI (2005), os domínios estão subdivididos em processos, que

garantem a completude da gestão de TI, conforme descritos a seguir.

2.3.2.2.1 Domínio planejamento e organização (PO)

O domínio planejamento e organização se encarrega das seguintes

questões, de acordo com (ITGI, 2005):

define a estratégia de TI – esclarece e formaliza, por meio de um plano

estratégico, até onde a organização pretende chegar, vinculando as

diretrizes de TI às necessidades do negócio;

define a arquitetura da informação – descreve como a organização dos

sistemas de informação é suportada pela manutenção de um modelo de

informações de negócio e pela garantia de que os sistemas são

apropriados e estão definidos para otimizar o uso de informações;

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determina a direção tecnológica – visão de futuro de tecnologia e adesão a

padrões;

define a organização de TI e seus relacionamentos – estabelece a

estrutura da área de TI, plano de carreira, cargos com seus papéis e os

relacionamentos com as outras áreas da organização;

gerencia os investimentos de TI – avalia o retorno dos investimentos,

contabiliza o custeio e investimentos e apropria por centro de custos;

gerencia a comunicação das diretrizes de TI – desenvolve e implanta

planos de comunicação que visam a disseminar o conhecimento das

estratégias de TI em toda a organização;

gerencia os recursos humanos – cuida do recrutamento, contratação e

capacitação da equipe em relação ao negócio e às tecnologias que

compõem a diretriz tecnológica;

assegura alinhamento de TI com os requerimentos externos – observa o

grau de adesão entre os regulamentos externos e as necessidades

explícitas das áreas de negócio em relação ao planejamento e às ações

da área de TI;

avalia os riscos – analisa ameaças, impactos no negócio e vulnerabilidades

da informação e das instalações, bem como a probabilidade de ocorrência;

gerencia os projetos – administra os projetos de TI observando modelos e

melhores práticas de mercado; e

gerencia a qualidade – observa a qualidade da entrega de software e a

utilização de modelos.

2.3.2.2.2 Domínio aquisição e implementação (AI)

O domínio aquisição e implementação se encarrega das seguintes questões,

de acordo com (ITGI, 2005):

identifica as soluções de automação – analisa as necessidades de

automação dos processos de negócio;

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adquire software e provê sua manutenção – define e aplica modelos de

avaliação para a contratação de software;

adquire a infra-estrutura tecnológica e provê sua manutenção – define

modelos de avaliação para contratação de equipamentos e serviços de

infra-estrutura;

desenvolve os procedimentos e provê sua manutenção – cuida da

construção de descrições formais dos processos da área de TI;

instala e certifica software – cuida da instalação de software em ambiente

de homologação e dos testes de certificação que possibilitam a liberação

para o ambiente de produção; e

gerencia mudanças – avalia e aprova mudanças no ambiente de TI, tanto

em equipamentos e arquitetura como em sistemas e processos.

2.3.2.2.3 Domínio entrega e suporte (DS)

O domínio entrega e suporte se encarrega das seguintes questões, de

acordo com (ITGI, 2005):

define os acordos de níveis de serviço (SLA) e provê sua manutenção –

Formaliza os níveis de atendimento e solução requeridos pela área de TI

dos seus fornecedores e das áreas de negócio em relação à área de TI;

gerencia os serviços de terceiros – acompanha e avalia os serviços

contratados;

gerencia o desempenho e a capacidade do ambiente – define os recursos

computacionais e garante que não haja escassez de recursos, nem

tampouco subutilização, evitando problemas de desempenho nas

aplicações ou desperdício de investimentos;

assegura a continuidade de serviços – implanta arquiteturas

computacionais de alta disponibilidade, que visam à manutenção dos

sistemas e processos operacionais, reduzindo-se o impacto da

indisponibilidade sobre o negócio;

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assegura a segurança dos serviços – visa à preservação da

confidencialidade, da integridade e da disponibilidade, garantindo que

somente pessoas autorizadas possam acessar a informação, que a

informação esteja exata e completa, e que, quando necessário, a

informação esteja disponível;

identifica e aloca custos – aloca corretamente as despesas e investimentos

de TI nos devidos centros de custos;

treina os usuários;

assiste e aconselha os clientes – observa a atuação pró-ativa da área de TI

em relação aos seus clientes internos;

gerencia a configuração – provê a manutenção do banco de dados de

configuração de hardware e software;

gerencia problemas e incidentes – registra e acompanha todos os

incidentes no ambiente de sistemas;

gerencia os dados – define o modelo de dados e o ciclo de vida da

informação, especificando prazos para manutenção da informação, de

acordo com os requisitos do negócio e a legislação pertinente;

gerencia a infra-estrutura – administra, desenha e planeja, fornece suporte

técnico, desenvolvimento e operação, focados nos desafios da infra-

estrutura de TI; e

gerencia as operações – administra o funcionamento das operações de TI.

2.3.2.2.4 Domínio monitoramento (ME)

O domínio monitoramento se encarrega das seguintes questões, de acordo

com (ITGI, 2005):

monitora os processos – acompanha os processos de negócio, incluindo

sistemas, tecnologia e pessoas, e avalia sua adequação aos

requerimentos do negócio;

analisa a adequação dos controles internos;

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provê auditorias independentes; e

provê segurança independente.

Cada um dos 34 processos avalia quatro dimensões: onde a organização se

encontra hoje, o atual estágio de desenvolvimento da indústria (melhores práticas), o

atual estágio dos padrões internacionais e até onde a organização pretende chegar

(ITGI, 2005). A Figura 11 mostra uma visão integrada por meio do “Cubo Cobit” do

modelo que pode ser definido em função do princípio básico do seu framework:

recursos de TI são gerenciados por processos de TI, para atingir metas de TI, que

por sua vez estão estreitamente ligadas aos requisitos do negócio.

Fonte: Adaptado de ITGI (2005).

Figura 11 Cubo Cobit

Para Fernandes e Abreu (2006), a forma como o Cobit está estruturado

favorece muito o entendimento dos processos de TI e, conseqüentemente, fornece

um excelente guia para a sua implementação ou melhoria nas organizações, assim

como para a avaliação da maturidade atual dos processos existentes. A utilização

sistemática do Cobit como um modelo de gestão pode trazer, na visão desses

autores, vários benefícios para uma organização, tais como:

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responsabilidades e protocolos de comunicação bastante claros, tornando

a circulação de informações mais direta e precisa entre os grupos

interessados em vários níveis;

visão clara acerca da situação atual dos processos de TI e de seus pontos

de vulnerabilidade;

redução da exposição a riscos;

maior solidez e assertividade no planejamento encadeado das ações de

melhoria, devido ao entendimento das dependências entre os processos e

dos recursos necessários a serem envolvidos;

alta visibilidade, por parte de todos os níveis da organização, acerca do

impacto dos esforços de melhoria nos processos de TI, e dos seus

reflexos nos processos de negócio, por meio dos indicadores de metas e

de desempenho;

redução dos custos operacionais e de propriedade do acervo de TI; e

melhoria da imagem perante os clientes, por meio do aumento do grau de

satisfação e da confiabilidade em relação aos serviços de TI.

Segundo o ITGI (2005), a estrutura do Cobit integra e institucionaliza boas

práticas de planejamento e organização, aquisição e implementação, entrega e

suporte, e monitoramento e avaliação do desempenho de TI.

2.3.2.3 Modelo de maturidade de governança de TI (IT Governance Maturity Model)

O modelo de maturidade de governança de TI apóia-se nos conceitos do

modelo CMM SW (Capability Maturity Model for Software) proposto pelo SEI

(Software Engineering Institute), com foco no nível de serviço (ITGI, 2007).

O modelo descreve os processos e atividades requeridos em cada um dos

seis níveis de maturidade, que, de acordo com Fernandes e Abreu (2006) são os

seguintes:

Nível 0, classificado como inexistente - não há gerenciamento de atividades

relacionadas à TI para medir o que os objetivos de TI adicionam de valor para a

organização, nem para medir se os riscos relacionados à TI são apropriadamente

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gerenciados.

Nível 1, classificado como inicial / ad hoc - o conceito de governança de TI

não existe formalmente e a supervisão se baseia principalmente em considerações

gerenciais de objetivos relacionados de TI, analisados caso a caso. A governança de

TI depende da iniciativa e da experiência de uma equipe de gerenciamento, que

limita a entrada dos demais integrantes da organização. A alta gerência somente é

envolvida quando surgem problemas mais graves. O gerenciamento de desempenho

é tipicamente limitado a medidas técnicas e somente dentro de funções de TI.

Nível 2, classificado como repetitivo mas intuitivo - a realização supera a

formalização. Requer supervisão de TI, sendo necessário compartilhar

responsabilidades com a gerência sênior. Práticas regulares de governança são

metas. A criação de relatórios regulares de desempenho e investigação de

problemas se tranformou em atividade corriqueira nas iniciativas da equipe de TI.

Usuários-chave ou stakeholders são participantes voluntários ou cooptados,

dependendo do projeto de TI e das prioridades.

Nível 3, classificado como processos definidos - um framework organizacional

e de processos é definido para a supervisão e gerenciamento de atividades de TI e

está sendo introduzido na organização como base para governança de TI. O corpo

gerencial tem objetivos de direção, desenvolvidos segundo procedimentos

específicos de gerenciamento, compatíveis com atividades de governança. Isso

inclui: ajuste regular de objetivos, revisão de desempenho, avaliações da

capacidade necessária e planejamento de projetos e recursos para qualquer

necessidade de implementação de TI. Práticas informais prévias bem sucedidas

foram formalizadas, com técnicas relativamente simples sendo utilizadas.

Nível 4, classificado como processos gerenciáveis e medidos - ajustes de

objetivos foram desenvolvidos para um estágio sofisticado, com relacionamentos

entre objetivos externos em termos de negócios. Processos de TI provêem métricas

bem compreendidas. Resultados reais são comunicados à alta gerência na forma de

balanced scorecards. A equipe da gerência corporativa trabalha junto, com o

objetivo de maximizar o valor da entrega de serviços de TI e gerenciar os riscos

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relacionados à TI. Existe avaliação regular das capacidades de TI e os projetos são

entregues com os requisitos reais de desempenho. Relacionamentos entre as

funções de TI, seus usuários da comunidade de negócios e provedores externos são

baseados em funções definidas e acordos de níveis de serviço.

Nível 5, classificado como processos otimizados - práticas de governança de

TI são desenvolvidas segundo uma sofisticada abordagem, empregando técnicas

eficazes. Existe transparência das atividades de TI e o corpo diretivo percebe o

controle das estratégias de TI. Atividades de TI são priorizadas de acordo com a real

prioridade do negócio. O valor entregue para a empresa pode ser medido e passos

adotados tempestivamente corrigem desvios significativos ou problemas. A

abordagem de balanced scorecards evoluiu, tornando-se a mais relevante medida

de estratégia dos negócios corporativos. O esforço despendido no gerenciamento de

risco é minimizado por meio da adoção de padrões e automação de processos. A

prática de melhoria contínua da capacidade de TI está imersa na cultura. Auditorias

independentes provêem garantias de gerenciamento. Além disso, o custo de TI é

efetivamente monitorado e a organização está habilitada para melhorar

continuamente. Seletivamente, serviços foram terceirizados. A organização está

habilitada a demonstrar excelência de desempenho e demandar melhores práticas

de outras organizações.

O ITGI (2005) considera o modelo de maturidade de governança de TI

eficiente nos passos para avaliar a maturidade dos processos, mas sugere outros

modelos para implantação.

2.3.2.4 IT BSC

O IT BSC é baseado nos balanced scorecards, modelo desenvolvido por

Norton e Kaplan, no início dos anos 1990. Esses autores foram motivados pela

crença de que a medição de desempenho somente considerando indicadores

financeiros estava obsoleta e que basear-se somente nessas medidas de

desempenho impedia as empresas de criar valor econômico futuro (KAPLAN e

NORTON, 1997). Estudando diversas organizações, esses autores começaram a

focalizar sua atenção em um scorecard multidimensional. Isto resultou no que

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chamaram de balanced scorecard – BSC, organizado em quatro perspectivas:

financeira, clientes, processos internos, e aprendizado e crescimento. O nome da

metodologia reflete o balanço entre objetivos de curto e longo prazo, medidas

financeiras e não financeiras, indicadores de resultados e de desempenho e entre

perspectivas internas e externas de desempenho.

Kaplan e Norton (1997) definem o BSC como um sistema de gestão

estratégica com os seguintes objetivos:

traduzir a estratégia da empresa em termos operacionais;

alinhar a organização à estratégia;

transformar a estratégia em tarefas de todos;

converter a estratégia em processo contínuo; e

mobilizar a mudança por meio da liderança executiva.

A representação visual das relações de causa e efeito entre os objetivos

estratégicos nas quatro perspectivas estratégicas compreendidas pelo BSC é

chamada de mapa estratégico. Kaplan e Norton (2004) afirmam que o mapa

estratégico representa o modo como a empresa cria valor e é considerado pelos

autores como o “elo perdido” entre a formulação da estratégia e a sua execução.

Segundo Fernandes e Abreu (2006), o mapa estratégico e o balanced

scorecard contituem-se em uma poderosa ferramenta para realizar o alinhamento da

TI ao negócio, assim como para desdobrar os objetivos estratégicos de TI em

iniciativas que contribuam para o atendimento dos objetivos.

O IT BSC desenvolve um mapa da estratégia de TI e define métricas para

aferir os resultados das iniciativas de TI, contemplando os fatores críticos de

sucesso (FCS), indicadores-chave de metas (KGI) e indicadores-chave de

desempenho (KPI). A Figura 12 apresenta um modelo genérico de balanced

scorecard para TI.

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Fonte: Fernandes e Abreu (2006).

Figura 12 BSC para TI

A aplicação do IT BSC como sistema de gestão estratégica é relativamente

recente, principalmente no Brasil. Embora existam aplicações do IT BSC, por força

da adoção do BSC pela empresa como um todo, há poucos registros sobre os

resultados da sua aplicação especificamente à área de TI (FERNANDES e ABREU,

2006).

2.3.2.5 PMBok

O Project Management Body of Knowledge ou PMBok foi elaborado pelo

Project Management Institute (PMI), uma organização não governamental dedicada

às necessidades dos gerentes de projetos de todo o mundo. O PMBok foi

desenvolvido contando com a colaboração de várias dezenas de profissionais

afiliados ao PMI e de origens diversas. A primeira versão do PMBok foi publicada em

1996, a segunda versão em 2000 e a versão atual é de 2004 (PMI, 2004).

Segundo o PMI (2004), o principal objetivo do guia PMBok é identificar o

subconjunto do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos que é

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amplamente reconhecido como boa prática. Contudo, o PMBok não fornece uma

descrição detalhada do conjunto de conhecimentos, mas uma visão geral, sendo

que boa prática significa que existe um acordo geral de que a aplicação correta

dessas habilidades, ferramentas e técnicas pode aumentar as chances de sucesso

de uma ampla série de projetos diferentes.

O modelo proposto pelo PMBok está estruturado em nove áreas de

conhecimento em gerenciamento de projetos, conforme a Figura 13 e cada uma

destas áreas se referem a um aspecto a ser considerado dentro da gerência de

projetos. Todos os processos devem estar presentes quando da execução do

projeto para que esse tenha sucesso. Esses processos são:

Gerenciamento de integração do projeto: O objetivo principal é realizar as

negociações dos conflitos entre objetivos e alternativas do projeto com a

finalidade de atingir ou exceder as necessidades e expectativas de todas

as partes interessadas. Envolve o desenvolvimento e a execução do plano

do projeto e o controle geral de mudanças.

Gerenciamento do escopo do projeto: O objetivo principal é definir e

controlar o que deve e o que não deve estar incluído no projeto. Consiste

da iniciação, planejamento, definição, verificação e controle de mudanças

do escopo.

Gerenciamento do tempo do projeto: O objetivo principal é garantir o

término do projeto no tempo certo. Consiste na definição, ordenação e

estimativa de duração das atividades, e na elaboração e controle de

cronogramas.

Gerenciamento dos custos do projeto: O objetivo principal é garantir que o

projeto seja executado dentro dos orçamento aprovado. Consiste no

planejamento de recursos, estimativa, orçamento e controle de custos.

Gerenciamento da qualidade do projeto: O objetivo principal é garantir que

o projeto venha a satisfazer as exigências para as quais foi contratado.

Consiste em planejamento, garantia e controle de qualidade.

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Gerenciamento de recursos humanos do projeto: O objetivo principal é

garantir o melhor aproveitamento das pessoas envolvidas no projeto.

Consiste no planejamento organizacional, alocação de pessoal e

desenvolvimento de equipe.

Gerenciamento das comunicações do projeto: O objetivo principal é

garantir a geração adequada e apropriada, coleta, disseminação,

armazenamento e disposição final das informações do projeto. Consiste

no planejamento da comunicação, distribuição da informação, relatório de

acompanhamento e encerramento administrativo.

Gerenciamento de riscos do projeto: O objetivo principal é maximizar os

resultados de ocorrências positivas e minimizar as conseqüências de

ocorrências negativas. Consiste na identificação, quantificação, tratamento

e controle de riscos.

Gerenciamento de aquisições do projeto: O objetivo principal é obter bens

e serviços externos à organização executora. Consiste no planejamento

de aquisição, planejamento de solicitação, solicitação de propostas,

seleção de fornecedores, e administração e encerramento de contratos.

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71

Fonte: PMI (2004).

Figura 13 Áreas de conhecimento do PMBok

Fernandes e Abreu (2006) afirmam que a ênfase do modelo é sobre a gestão

de projetos e não sobre a engenharia de desenvolvimento do produto resultante do

projeto. Dessa forma, o PMBok, para ser utilizado de forma consistente em uma

organização de TI, necessita de adaptações em função dos tipos, portes e riscos dos

projetos. O modelo também pode ser aplicado em ferramentas de gerenciamento de

projetos existentes no mercado, sendo que algumas ferramentas podem apoiar total

ou parcialmente as boas práticas previstas no modelo.

2.3.2.6 BS 7799, ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 17799

Para Freitas e Lesca (1992), a informação é recurso estratégico para o

sucesso da empresa frente à concorrência. Portanto, deve ser considerada como um

ativo da organização tão importante quanto qualquer outro e deve ser protegida

devido ao seu valor (ABNT, 2001; YAPP, 2000).

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Com o crescente uso de redes de computadores, sistemas de telecomunica-

ções e a Internet, as organizações estão expostas a riscos antes desconhecidos

(NAVARRO, 2001; DIPPEL, 2000). Um dos fatores que limita o crescimento do

comércio eletrônico são os problemas de segurança (BALARINE, 2002). Desta

forma, grandes empresas, agências governamentais e instituições internacionais têm

trabalhado para estabelecer padrões e normas que reflitam as melhores práticas de

mercado relacionadas à segurança dos sistemas e informações (DHILLON e

BACKHOUSE, 2001; MASON, 2000).

Em 1989 o Commercial Computer Security Center (CCSC), órgão ligado ao

departamento de indústria e comércio do Reino Unido, publicou a primeira versão do

PD0003 – Código para Gerenciamento de Segurança da Informação (ROCHA, 2002).

Em 1995, este código foi revisado e publicado como um British Standard (BS), com a

denominação de BS 7799, que apresentava as melhores práticas em controles de

segurança para auxiliar as organizações comerciais e de governo na implantação e

crescimento da segurança da informação (BASTOS, 2002). A BS 7799 foi revisada e

atualizada em 1999 com o acréscimo de novos controles, devido às novas

necessidades de mercado como o comércio eletrônico, computação móvel entre

outros aspectos, sendo publicada como Parte 1, BS 7799-1:1999 (BSI, 2006).

A BS 7799-1:1999 foi submetida à ISO, em função do interesse internacional

em uma norma de segurança da informação, sendo que em dezembro de 2000 a

Parte 1 BS 7799-1:1999 foi publicada como norma internacional ISO/IEC

17799:2000, após aprovação em outubro na reunião do Comitê Internacional de

Normatização realizada em Tóquio, no Japão (OLIVA e OLIVEIRA, 2003). Em 2001,

a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), publicou a versão brasileira da

ISO/IEC 17799:2000 que ficou com a denominação de NBR/ISO 17799 – Código de

Prática para a Gestão da Segurança da Informação (NAKAMURA e GEUS, 2002).

A BS 7799-2:2002, como foi chamada a Parte 2, especifica os controles de

segurança que devem ser implementados de acordo com necessidades do negócio

e das requisições legais para a obtenção da certificação de segurança nesta norma.

Da mesma forma como ocorreu com a 17799, a BS 7799-2:2002 transformou-se na

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ISO/IEC 27001:2005, publicada em 15 de outubro de 2005 (FERNANDES e ABREU,

2006).

A norma NBR/ISO 17799 define 132 controles que podem compor o escopo

do sistema de gerência de segurança (Information Security Management System -

ISMS), enfocando o processo sob o ponto de vista do negócio da empresa

(FERNANDES e ABREU, 2006). A norma trata de aspectos como política de

segurança, segurança organizacional, classificação e controles dos ativos da

informação, segurança em pessoas, segurança física e do ambiente, gerenciamento

das operações e comunicações, controle de acesso, desenvolvimento e manutenção

de sistemas, gestão da continuidade do negócio e conformidade.

Os pilares que sustentam a segurança da informação são: confidencialidade,

integridade e disponibilidade (ABNT, 2001; WILLIAMS, 2001; MASON, 2000). A

confidencialidade da informação é a garantia de que somente pessoas autorizadas

terão acesso a ela (ABNT, 2001). A integridade da informação tem como objetivo

garantir a exatidão da informação, assegurando que pessoas não autorizadas não

possam modificá-la, adicioná-la ou removê-la (ABNT, 2001). Já a disponibilidade

garante que os autorizados a acessarem a informação possam fazê-lo sempre que

necessário (ABNT, 2001).

Esses pilares balizadores são constantemente ameaçados de diversas

formas como por incêndio, falta de energia elétrica, mau funcionamento do hardware,

erros de software, erros de usuários, crime por computador e mau uso do

computador (LAUDON e LAUDON, 1999). A ameaça principal é o crime por

computador (DIPPEL, 2000; LAUDON e LAUDON, 1999), que pode variar de uma

brincadeira de adolescente à espionagem industrial. Devido à concentração das

informações em uma organização, o crime por computador torna-se um aspecto de

elevadas perdas e alto risco para uma empresa comercial (LAUDON e LAUDON,

2000).

Os principais benefícios da segurança da informação estão na prevenção de

perdas financeiras, além da garantia de proteção dos ativos de informação, no caso

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da ocorrência de alguma das ameaças já citadas anteriormente (FERNANDES e

ABREU, 2006).

2.3.2.7 Prince2

A PRINCE (Projects in Controlled Environments) foi estabelecida

primeiramente em 1989 pelo CCTA do governo britânico e se trata de uma

metodologia desenvolvida a partir da PROMPTII, uma metodologia de

gerenciamento de projetos criada pela empresa Simpact Systems Ltda. em 1975, a

qual foi adotada pelo CCTA em 1979 como padrão para uso por todos os projetos de

sistemas de informação do governo. O CCTA, depois de incorporado ao OGC,

continuou o desenvolvimento da metodologia e a PRINCE2 foi lançada em 1996, em

resposta aos requisitos dos usuários para melhorar a orientação de gestão de

projetos para todos os tipos de projeto, além dos projetos de sistemas de informação.

Em 2002 foi lançada a terceira edição da metodologia e em 2005 a quarta edição

(FERNANDES e ABREU, 2006; OGC, 2008).

Os principais objetivos da PRINCE2 são fornecer um método que:

possa ser repetido por todos os projetos;

possa ser ensinado;

assegure que os membros dos projetos saibam o que esperar deles, onde,

como e quando;

previna mais cedo problemas no projeto;

permita ser proativo, não reativo, mas capaz de acomodar mudanças

repentinas, oriundas de eventos inesperados; e

forneça um guia constante para os gerentes de projetos e demais

interessados, facilitando o planejamento, controle e comunicação no

âmbito do projeto.

Segundo o OGC (2008), a PRINCE2 é, de fato, uma metodologia de

gerenciamento de projetos, ao contrário do PMBok, que é apenas um conjunto de

conhecimentos.

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2.3.2.8 Seis Sigma

Essa metodologia começou na Motorola, em 1987, no setor de

comunicações, com o propósito de melhorar a qualidade dos produtos. O seu nome

se origina da letra do alfabeto grego utilizada em estatística para simbolizar o desvio-

padrão, ou seja, uma medida para quantificar a variação e inconsistência de um

determinado processo.

Seis sigma é um sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e

maximizar o sucesso empresarial (PANDE, NEUMAN e CAVANAGH, 2001).

Segundo Fernandes e Abreu (2006), o objetivo principal do seis sigma é a melhoria

do desempenho do negócio por meio da melhoria do desempenho de processos,

tendo como meta um processo que apresente 3,4 defeitos para cada milhão de

oportunidades ou o “seis sigma”, que equivale a um rendimento de 99,9997% de

resultados do processo isentos de defeitos.

Os objetivos do seis sigma variam de acordo com os objetivos da melhoria,

conforme a lista a seguir:

redução de custos;

melhoria da produtividade;

crescimento de fatia de mercado;

retenção de clientes;

redução de tempo de ciclo;

redução de defeitos;

mudança cultural para a qualidade; e

excelência no desenvolvimento de produtos e serviços.

A Figura 14 mostra o modelo com suas principais atividades e tem como

alicerce a metodologia DMAIC, que significa “Define, Measure, Analyze, Improve and

Control”.

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Fonte: Pande, Neuman e Cavanagh (2001).

Figura 14 Metodologia seis sigma

Segundo Kendall e Rollins (2003), a metodologia define um redesenho na

estrutura organizacional da empresa. Esta estrutura é centralizada em um

departamento de especialistas na metodologia seis sigma, alocados em cargos

temporais de dois a três anos. O departamento seis sigma opera como um escritório

de gestão de projetos ou PMO, que interage intensamente com a diretoria da

empresa para transformar suas estratégias em resultados, por meio da gestão de

projetos.

Embora existam poucos dados sobre a aplicação de seis sigma na indústria

de TI, esta metodologia pode ser aplicada em processos de desenvolvimento de

software, principalmente em fábricas de programas e manutenção de sistemas, onde

há maior quantidade de projetos e um maior índice de repetição destes, nos

processos de infra-estrutura, gerenciamento de incidentes, gerenciamento de

problemas, gerenciamento da disponibilidade e central de serviços (FERNANDES e

ABREU, 2006).

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77

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresentou o referencial teórico desta pesquisa, abordando os

conceitos relacionados à governança corporativa e de tecnologia da informação,

além dos aspectos de alinhamento estratégico entre negócios e tecnologia da

informação, citado como um dos principais objetivos da realização da governança de

TI. Também foram apresentadas as regulamentações que exercem influência na

tomada de decisão relacionada ao tema e discutidos os modelos de melhores

práticas adotados por empresas. No próximo capítulo, será apresentada a

metodologia utilizada na pesquisa realizada com empresas brasileiras usuárias de TI,

com o objetivo de caracterizar a adoção de modelos de melhores práticas de

governança de tecnologia da informação.

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3 METODOLOGIA

O presente capítulo apresenta a metodologia utilizada na realização da

pesquisa, para atingir os objetivos propostos e caracterizar a adoção de modelos de

melhores práticas de governança de tecnologia da informação por empresas

brasileiras usuárias de TI, a partir da visão dos seus executivos de TI.

3.1 APRESENTAÇÃO DAS VARIÁVEIS DA PESQUISA

O presente estudo considera três variáveis possivelmente interdependentes,

que se pretende compreender melhor a partir deste estudo, as quais são

apresentadas na Figura 15, a seguir.

Figura 15 Variáveis relacionadas à adoção da governança de TI e seus reflexos

sobre os negócios

3.1.1 Definição constitutiva e operacional das variáveis da pesquisa

Fatores influentes

D.C.: Motivos que levam empresas a reverem seus atuais modelos de gestão

da tecnologia da informação (FERNANDES e ABREU, 2006).

D.O.: Serão identificados com base na análise estatística das respostas dos

executivos de tecnologia da informação das empresas estudadas às

perguntas da survey, estruturadas utilizando-se afirmações e escala do tipo

Likert.

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Modelos de governança de TI

D.C.: Segundo Weill e Ross (2004), consistem em um ferramental para a

especificação dos direitos de decisão e responsabilidade, visando a encorajar

comportamentos desejáveis no uso da tecnologia da informação. Tratam da

descrição formal e verificável de como as decisões relacionadas à TI são

tomadas visando ao cumprimento de seus objetivos explícitos.

D.O.: Serão identificados com base na análise estatística das respostas dos

executivos de tecnologia da informação das empresas estudadas, às

perguntas da survey, estruturadas utilizando-se afirmações e escala do tipo

Likert.

Opinião sobre governança de TI nos negócios

D.C.: Trata-se da influência positiva ou negativa da governança de TI no

negócio e alcance dos objetivos que levaram as empresas pesquisadas a

rever seus atuais modelos de gestão da tecnologia da informação

(FERNANDES e ABREU, 2006).

D.O.: Será identificado com base na análise estatística das respostas dos

executivos de tecnologia da informação das empresas estudadas, às

perguntas da survey, estruturadas utilizando-se afirmações e escala do tipo

Likert.

3.1.2 Definição de outros termos relevantes

Governança corporativa

Conjunto de práticas e de relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho

de administração, diretoria executiva, auditoria independente e conselho fiscal

com a finalidade de aprimorar o desempenho da empresa e facilitar o acesso

ao capital (STEINBERG, 2003).

Governança de tecnologia da informação

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Estrutura de relações e processos que dirige e controla uma organização a

fim de atingir seu objetivo de adicionar valor ao negócio por meio do

gerenciamento balanceado do risco com o retorno do investimento em TI. O

objetivo principal da governança de tecnologia da informação é alinhar a TI ao

negócio, agregando valor e minimizando riscos (ITGI, 2007).

3.2 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA

3.2.1 Delineamento da pesquisa

A presente pesquisa, de natureza quantitativa, caracteriza-se como survey

com propósito exploratório-descritivo de corte-transversal (cross sectional).

A pesquisa survey foi considerada adequada para atingir os objetivos

propostos nesse estudo, porque estes atendem os requisitos sugeridos por Freitas et

al. (1997) para a sua utilização:

deseja-se responder questões do tipo “o quê?”, “por quê?”, “como?” e

“quanto?”, ou seja, o foco de interesse recai sobre “o que está

acontecendo” ou “como e por que isso está acontecendo”;

não se tem interesse ou não é possível controlar as variáveis dependentes

e independentes;

o ambiente natural é a melhor situação para estudar o fenômeno de

interesse;

o objeto de interesse ocorre no presente ou no passado recente.

Uma pesquisa é considerada exploratória quando o objetivo é familiarizar-se

com o tópico ou identificar os conceitos iniciais sobre um tópico, dar ênfase na

determinação de quais conceitos devem ser medidos e como devem ser medidos,

buscar descobrir novas possibilidades e dimensões da população de interesse

(PINSONNEAULT e KRAEMER, 1993).

Ainda na visão desses autores, uma pesquisa descritiva busca identificar

quais situações, eventos, atitudes ou opiniões estão manifestos em uma população;

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descreve a distribuição de algum fenômeno na população ou entre os subgrupos da

população ou, ainda, faz uma comparação entre essas distribuições. Neste tipo de

survey a hipótese não é causal, mas tem o propósito de verificar se a percepção dos

fatos está ou não de acordo com a realidade.

Uma pesquisa de corte-transversal (cross-sectional) se caracteriza pela

coleta dos dados em um só momento, pretendendo descrever e analisar o estado de

uma ou várias variáveis em um dado momento (XIMENES e ARAÚJO, 1995).

Outros aspectos da pesquisa survey estão relacionados à adequação dos

respondentes (indivíduos que fornecem as informações), à unidade de análise

(aquilo que se pretende analisar), ou seja, os respondentes realmente devem

representar a unidade de análise. Segundo Pinsonneault e Kraemer (1993), a

unidade de análise pode ser um indivíduo, nesse caso coincidindo com o

respondente, mas também um grupo, um setor da organização ou a própria

organização, entre outras.

Neste estudo foram analisadas empresas usuárias de tecnologia da

informação e a unidade de análise ou respondentes escolhidos foram os dirigentes

da área de tecnologia da informação.

3.2.2 População e amostragem

Anualmente a revista Information Week Brasil realiza uma pesquisa para

selecionar as cem empresas consideradas mais inovadoras em TI durante o ano.

Na edição de dezembro de 2007, a revista publicou os resultados referentes

à pesquisa realizada naquele ano, em um formato similar ao apresentado no Quadro

5.

Quadro 5 Forma de apresentação dos resultados da pesquisa realizada pela revista

Information Week Brasil Posição Empresa Principal Executivo de TI

1 Nome da empresa 1 Nome do principal executivo de TI 2 Nome da empresa 1 Nome do principal executivo de TI ... Nome da empresa x Nome do principal executivo de TI

100 Nome da empresa 100 Nome do principal executivo de TI Fonte: adaptado de Information Week Brasil (2007).

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Delimitar uma pesquisa é estabelecer limites para a investigação. A limitação

da pesquisa pode ser em relação ao aspecto, à extensão e a uma série de outros

fatores (LAKATOS e MARCONI, 2005). Com intuito de minimizar a complexidade da

pesquisa, o presente estudo se concentrou em analisar o universo das cem

empresas consideradas mais inovadoras em tecnologia da informação pela revista

Information Week Brasil. Além de se tratar de uma base pronta com o nome das

empresas e dos respectivos responsáveis pelas áreas de TI, o que proporciona uma

certa conveniência ao pesquisador, esta lista tem uma outra vantagem, que é tratar

de empresas consideradas inovadoras na área de tecnologia, permitindo que se

obtenha entendimento sobre como a governança de TI ocorre em empresas que

possuem destaque em sua área, sob este prisma.

Segundo Lakatos e Marconi (2005), os questionários expedidos pelo

pesquisador alcançam em média uma taxa de retorno de 25%. A presente pesquisa

obteve uma amostra de 51 participantes, o que representa pouco mais de 50% do

universo escolhido. Esse retorno acima da média se justifica pelo primeiro contato

com os participantes ter sido telefônico, proporcionando mais confiança e

credibilidade para a pesquisa, além do envio de um e-mail personalizado para cada

um dos respondentes.

Os respondentes compuseram uma amostra por adesão, que não pode ser

considerada como dispondo de distribuição probabilística de representação da

população.

3.2.3 Elaboração do instrumento de coleta de dados (questionário)

Selltiz (1965) aponta alguns fatores que exercem influência na taxa de

retorno dos questionários:

patrocinador;

forma atraente;

extensão;

tipo de carta que o acompanha, solicitando colaboração;

facilidade para o preenchimento e devolução pelo correio;

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motivos apresentados para a resposta; e

tipo de classe de pessoas a quem é enviado o questionário.

O questionário elaborado foi dividido em duas partes.

A primeira delas compreendeu quatro questões objetivas, obedecendo à

escala Likert (Figura 16), por meio das quais se procurou medir o grau de

concordância (ou discordância) dos pesquisados quanto a cada afirmação.

A segunda parte, destinada somente às empresas que utilizam modelos de

melhores práticas de tecnologia da informação, só era disponibilizada em caso de

resposta afirmativa para a questão número 2, ou seja, de o participante afirmar que a

empresa utiliza algum modelo de governança de TI (Figura 17). Em caso de

resposta negativa, era finalizada a participação do respondente na pesquisa. Para

quem respondia afirmativamente à questão, a segunda parte do questionário era

então disponibilizada 2 , apresentando duas novas seções, conforme mostram a

Figura 18 e a Figura 19. Por fim, para permitir a identificação do respondente e da

empresa, no caso de o respondente assim desejar, foram adicionados quatro

campos opcionais (Figura 20).

O questionário consistiu em questões/afirmações objetivas, cujas respostas

podiam ser dadas por meio de simples cliques do mouse, sem a necessidade de

digitação adicional. Isto foi possível devido à utilização de check boxes e menus

drop-down. Ainda assim, campos abertos para inclusão de texto foram

disponibilizados ao longo do questionário, para permitir eventuais complementações

que os respondentes julgassem necessárias.

Dentre as vantagens da utilização de escala do tipo Likert, além dos

resultados poderem ser facilmente submetidos a tratamento estatístico, estão a fácil

construção e aplicação do questionário, além do rápido entendimento pelos

entrevistados, conforme salienta Graeml (2004).

2 Para essas duas seções foram adotadas seis categorias para a medição do grau de

concordância (ou discordância) dos pesquisados com cada afirmação (escala Likert) e do grau de utilização dos modelos de governança de TI identificados na literatura.

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Figura 16 Questões objetivas (escala Likert) da primeira parte do questionário, com

menu drop-down – para determinação do grau de concordância

Figura 17 Check boxes para indicação da utilização (ou não) de modelos de

melhores práticas pela organização

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Figura 18 Questões objetivas (escala Likert) da segunda parte do questionário,

com menu drop-down – para medir o grau de concordância

Figura 19 Questões objetivas da segunda parte do questionário, com menu drop-

down – para medir o grau de utilização de modelos de melhores práticas

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Figura 20 Campos opcionais para identificação do respondente e da empresa

Como foi desenvolvido e publicado na Internet, o questionário proporcionou

fácil acesso aos respondentes em um formato padrão, o que tornou o seu

preenchimento familiar aos respondentes, uma vez que se tratam de gestores da

área de tecnologia da informação das empresas pesquisadas, acostumados com

menus drop-down e com check-boxes. A submissão das respostas se deu por meio

de um simples clique do mouse sobre o botão “submeter respostas”, colocado no pé

da página, ao final do questionário, ação que permitia a gravação automática das

respostas no banco de dados e o carregamento de uma página de agradecimento

pela participação (Figura 21).

Figura 21 Página de agradecimento ao final do questionário

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Com relação ao patrocinador, foram tomados os cuidados para que o

respondente ficasse ciente de estar participando de uma pesquisa realizada por um

pesquisador (mestrando) da Universidade Positivo (Figura 22).

Figura 22 Logotipo da Universidade Positivo no cabeçalho da pesquisa

O questionário foi programado em linguagem de programação ASP,

utilizando o Microsoft Access® como banco de dados para armazenamento das

respostas. Foi publicado na Internet para facilitar o acesso dos respondentes à

pesquisa.

3.3 RESUMO DOS PRINCIPAIS ASPECTOS DA METODOLOGIA EMPREGADA

O Quadro 6 mostra um breve resumo da metodologia empregada neste

trabalho.

Quadro 6 Metodologia empregada no trabalho

Caracterização da pesquisa Organização da pesquisa

Abordagem metodológica

Quantitativa Objeto empírico Cem empresas mais inovadoras em 2007 em TI, conforme a revista Information Week

Tipo de pesquisa Descritivo - exploratória

Quantidade de observações

Amostra de 51 empresas das cem empresas que compõem a população

Técnica de Survey Unidade de análise Organizacional (no setor

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investigação de TI)

Instrumento de coleta Questionário Unidade de observação CIOs ou gerentes de informática

Análise dos dados Análise estatística descritiva

Enfoque de observação Governança de TI; alinhamento

Perspectiva temporal Corte transversal: um dado momento no tempo

Critério de seleção da amostra

Conveniência (por adesão)

Fonte: elaborado pelo autor.

3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO

3.4.1 Pré-teste do instrumento de coleta de dados

No processo de elaboração do questionário foram realizados dois pré-testes

com a preocupação de se obter um instrumento que garantisse fidedignidade e

validade para a pesquisa (LAKATOS e MARCONI, 2005). Esses dois pré-testes

foram realizados com gestores da área de tecnologia da informação de algumas

empresas de grande porte localizadas na região sul do Brasil.

3.4.2 Contato inicial com os respondentes em potencial

Validado o instrumento de pesquisa, foi realizado um primeiro contato

telefônico com todas as cem empresas envolvidas na pesquisa para apresentação

inicial e para a obtenção do endereço eletrônico preferencial dos respondentes para

envio da pesquisa.

Em seguida, via correio eletrônico, foi enviado um e-mail customizado de

apresentação da pesquisa, conforme mostrado na Figura 23, contendo o link com o

endereço de acesso à pesquisa na Internet.

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Figura 23 E-mail customizado enviado para apresentar a pesquisa aos

participantes

3.4.3 Tentativa de melhorar a taxa de retorno do questionário

Acreditava-se que a personalização da mensagem, pela inclusão do nome

do destinatário e da empresa no corpo da mensagem, contribuiria para aumentar a

taxa de retorno. Como já mencionado, o primeiro contato com os participantes foi

telefônico. Em seguida, com o endereço eletrônico do respondente em mãos, foi

encaminhado um e-mail personalizado para o respondente, minimizando a chance

de o respondente perceber a mensagem como uma mala-direta tipo spam3, mas

como uma correspondência pessoal de solicitação de colaboração, conforme

recomenda Graeml (2004).

Dilmann (1978, apud GRAEML, 2004) faz algumas recomendações visando

a se obter uma melhor taxa de retorno para o questionário, oriundas da sua

experimentação anterior com surveys. Uma delas é fornecer recompensa ao

3 Spam é o nome que se dá a mensagens de e-mail não solicitadas, enviadas de forma

indiscriminada para um grande número de usuários da Web, simultaneamente.

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respondente, mostrando consideração, fornecendo apreciação verbal, usando uma

abordagem consultiva, dando suporte a seus valores, oferecendo recompensas

tangíveis e fazendo o questionário interessante. Na tentativa de motivar o respon-

dente a participar, foi inserido o seguinte texto no corpo do e-mail enviado: “as

próprias perguntas do questionário podem ajudar sua empresa a refletir sobre os

aspectos que influenciam as decisões relacionadas ao tema” e “caso deseje receber

os resultados desta pesquisa, por favor, preencha seus dados nos campos indicados

ao final do questionário”, conforme sugerido por Graeml (2004).

Outra recomendação de Dilmann (1978, apud GRAEML, 2004) é de reduzir

os custos do respondente, fazendo a tarefa parecer breve, reduzindo o esforço

mental e físico necessários, eliminando chances de exposição a situações

embaraçosas, por meio da garantia de anonimato (se desejado), eliminando a

eventual sensação de inferioridade em relação ao pesquisador. Nesse sentido, o e-

mail de apresentação da pesquisa ressalvava que: “a pesquisa não vai tomar mais

do que dez ou quinze minutos do seu tempo” e “os dados individuais das empresas

participantes serão mantidos em sigilo”. Além disso, por se tratar de um questionário

acessível por meio de um navegador de Internet, o tamanho da barra de rolagem

lateral da janela do navegador foi mantida proporcional a uma página curta de fácil

visualização do seu conteúdo total (Figura 24).

Figura 24 Barra de rolagem lateral curta para facilitar a visualização do conteúdo

total da página

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91

Por fim, respeitou-se a recomendação de se estabelecer uma relação de

confiança, provendo antecipadamente um sinal de apreciação, identificando a

pesquisa com uma organização conhecida que tivesse legitimidade e construindo

outras relações de intercâmbio. Isto ocorreu por meio do contato telefônico de

apresentação realizado com as empresas antes do envio do questionário de

pesquisa pela Internet.

3.4.4 Coleta de dados

As fontes de dados secundários utilizadas para este estudo foram jornais e

revistas, periódicos acadêmicos, relatórios de pesquisas acadêmicas, relatórios

setoriais, livros especializados, bases de dados, informações obtidas em sites de

orgãos como o Office of Government Commerce (OGC), Information Systems Audit

and Control Association (ISACA), Information Technology Governance Institute

(ITGI), entre outros.

Os dados secundários foram utilizados para orientação e subsídio na

elaboração do instrumento de coleta de dados primários, além da preparação da

revisão teórica desta pesquisa.

Em seguida, já com o instrumento de pesquisa pronto, foram iniciados os

contatos com as empresas. A dinâmica adotada na pesquisa foi, como já

mencionado, a realização de um contato telefônico com os respondentes e só então

o envio do e-mail com a pesquisa. Em média, foram realizados cerca de dez

contatos telefônicos por dia, seguidos do envio de e-mail com o link para responder

o questionário. O número de questionários respondidos ao final de cada dia de

pesquisa era um pouco inferior à metade do número de empresas contactadas.

Cerca de quinze dias após o início dos telefonemas, todas as empresas já

tinham sido contactadas, porém apenas 38% das empresas haviam respondido o

questionário. Para reforço, foi enviado novamente o e-mail da pesquisa para todas

as empresasque não haviam respondido e se identificado nos campos disponíveis

para isso. Após esse reforço, o percentual subiu para 51% e foi encerrada a coleta

de dados.

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92

3.4.5 Considerações sobre a representatividade da amostra

Para garantir que as respostas fossem isentas, não se exigiu a identificação

da empresa e/ou do respondente. Em função disto, infelizmente, não é possível

comparar dados eventualmente disponíveis das empresas que responderam ao

questionário com os daquelas que deixaram de responder, o que permitiria uma

verificação estatística da representatividade da amostra de conveniência obtida.

Ainda assim, acredita-se que não exista nenhuma característica significativa

que diferencie o grupo de não respondentes dos respondentes. Tampouco foi

identificado qualquer motivo que levasse o pesquisador a imaginar que a amostra de

respondentes fizesse parte de uma população distinta da dos não respondentes, no

que tange aos objetivos do estudo.

3.4.6 Tratamento dos dados

A base de dados foi montada em Microsoft Access® e os dados coletados

dos respondentes foram automaticamente gravados nessa base. A Figura 25 ilustra

alguns questionários respondidos e gravados no banco de dados.

Figura 25 Conteúdo do banco de dados Microsoft Access® com os dados de

alguns respondentes

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93

Os dados coletados foram então transferidos, por meio de exportação e

importação para o Microsoft Excel®, que foi o software escolhido para as análises

posteriores. A Figura 26 ilustra alguns questionários respondidos, já gravados já no

Microsoft Excel® para análise.

Figura 26 Registros dos dados de alguns respondentes já no Microsoft Excel®

3.5 CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A PESQUISA DE CAMPO

3.5.1 Vantagens do uso de survey eletrônica

As vantagens da utilização da survey eletrônica ficaram muito evidentes com

relação à economia de tempo e dinheiro, permitindo que se atingisse um grande

número de respondentes em todo o território brasileiro. Foi possível realizar a

pesquisa sem a ajuda de outras pessoas, sendo que os contatos e o envio dos

questionários foram realizados todos pelo próprio pesquisador. Taylor (2000) aponta

a redução drástica nos custos e a velocidade de resposta como as principais

vantagens das surveys pela Internet, ao compará-las com outros métodos

anteriormente conhecidos. Simsek (1999) acrescenta a esta lista de vantagens o fato

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94

de a Internet facilitar a verificação de entrega da mensagem e sua respectiva leitura,

a redução do consumo de papel (questão ambiental) e a minimização de erros

potenciais de interpretação da caligrafia do respondente.

3.5.2 Dificuldades encontradas na pesquisa

Com relação às dificuldades encontradas na operacionalização desta

pesquisa, pode-se citar a baixa percentagem dos questionários que voltaram em um

primeiro momento, apesar da iniciativa de se telefonar antecipadamente para cada

um dos respondentes pretendidos. Acredita-se que isto decorra do desinteresse em

participar de pesquisas acadêmicas.

Vários foram os contactados que se posicionaram negativamente com

relação a pesquisa no momento em que souberam que se tratavam de dados para

serem analisados pela academia, sem perspectiva de qualquer divulgação na mídia

ou premiação. Dentre os motivos alegados pelos gestores contactados que se

negaram a cooperar com a pesquisa, a falta de tempo e a impossibilidade de

fornecer dados dessa natureza em função da política da empresa, foram os mais

comuns.

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95

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com o objetivo de compreender e caracterizar a adoção de modelos de

melhores práticas de governança de tecnologia da informação por empresas

brasileiras usuárias de TI, a partir da visão dos seus executivos de TI, foi aplicado

um questionário que buscou:

identificar os fatores que têm influenciado as empresas pesquisadas na

adoção de modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da

informação;

identificar os modelos de melhores práticas de governança de tecnologia

da informação adotados pelas empresas pesquisadas;

identificar a opinião dos executivos de tecnologia da informação com

relação à influência do uso de modelos de melhores práticas de

governança de tecnologia de informação nas suas empresas.

Em seguida são apresentados os resultados obtidos a partir da aplicação do

questionário, confrontando-se as respostas dos participantes com as expectativas

prévias, em função da revisão bibliográfica realizada e apresentada no capítulo 2,

além da experiência do pesquisador com o tema.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS E DOS

RESPONDENTES

Os respondentes da pesquisa foram diretores, gerentes e coordenadores da

área de tecnologia de informação nas organizações estudadas. Com relação ao

porte das empresas estudadas, tratam-se de empresas grandes, com investimentos

em TI, no ano de 2007, sempre superiores a cinco milhões de reais.

O perfil da população de empresas contactadas nessa pesquisa está

dividido basicamente em quatro segmentos conforme a Figura 27. Embora não se

possa afirmar onde se encontram os 51% representantes da amostra utilizada para

análise, uma vez que os respondentes não precisavam se identificar e não foi

incluída nenhuma pergunta sobre o setor de atuação, é importante salientar que

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indústria é o setor mais representativo da população com 51%, seguida do setor de

serviços, com 29%, e dos setores de finanças e comércio, com 11% e 9% de

participação, respectivamente. Outros setores, como o governamental, não estão

contemplados.

Figura 27 Setores econômicos contemplados na pesquisa (população)

Do total das 51 respostas válidas, a grande maioria das empresas,

representando 88% dos respondentes, declararam utilizar algum modelo de

melhores práticas de governança de tecnologia da informação (ver a Figura 28).

Embora 12% das empresas pesquisadas tenham declarado não utilizar modelos de

melhores práticas, estas também demonstraram acreditar em resultados positivos

oriundos da utilização de tais práticas na empresa, como será visto na próxima

seção.

Figura 28 Utilização de algum modelo de melhores práticas de governança de

tecnologia da informação

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97

4.2 OPINIÃO DOS EXECUTIVOS DE TI COM RELAÇÃO À INFLUÊNCIA DO

USO DE MODELOS DE MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA DE TI

PELAS EMPRESAS

Várias definições foram abordadas no referencial teórico dessa pesquisa,

com relação ao uso de modelos de melhores práticas de governança de TI.

Fernandes e Abreu (2006) afirmam que a utilização de tais modelos habilita

a empresa a controlar, medir e auditar a execução e a qualidade dos serviços;

acompanhar contratos internos e externos e criar condições para o eficaz exercício

da gestão de TI, com base em conceitos consolidados de qualidade. Em função

disto, o questionário envolveu questões para capturar a opinião dos participantes

sobre essas vantagens de se utilizar práticas de governança. Os respondentes

dessa pesquisa se posicionaram conforme mostrado na Figura 29.

Figura 29 Opinião dos respondentes sobre as conseqüências da utilização de

modelos de melhores práticas de governança de TI

A maioria dos respondentes se posicionou de forma positiva com relação à

influência da adoção de modelos de melhores práticas de tecnologia da informação

no que tange ao aumento da visibilidade dos executivos da empresa sobre o retorno

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dos investimentos em TI. Do total de respondentes, 63% concordaram plenamente e

outros 31% concordaram com esta afirmativa, somando um total de 94%. Não houve

respostas negativas com relação a esta questão, apenas 6% dos respondentes

indicaram não ter opinião formada a respeito.

Da mesma forma, os respondentes também demonstraram considerar

importante a adoção de modelos de melhores práticas de tecnologia da informação

para o aumento do controle e da qualidade dos serviços prestados pela TI na

empresa. Do total de respondentes, 61% concordaram plenamente e 23%

concordaram com esta afirmativa, somando um total de 84%. Não houve respostas

negativas, embora 16% dos respondentes tenha indicado não ter opinião a respeito.

Com relação à influência da adoção de modelos de melhores práticas de

tecnologia da informação no aumento dos lucros da empresa, as opiniões ficaram

divididas. Embora 16% concordem plenamente e outros 28% concordem que a

governança de TI amplie os lucros da organização, 31% dos respondentes

afirmaram não ter opinião formada e outros 26% discordam da afirmação.

Também há certo ceticismo com relação à influência da adoção de modelos

de melhores práticas de tecnologia da informação no aumento da agilidade na

realização de processos empresariais: 27% das respostas indicam concordância

plena, 37% demonstram concordância, 26% discordaram da afirmativa e 6%

discordam totalmente. Houve ainda 4% dos respondentes que declararam não ter

opinião formada a respeito do assunto.

Esses resultados demonstram que as empresas tendem a relacionar

diretamente a adoção de modelos de melhores práticas de tecnologia da informação

ao aumento da visibilidade dos executivos sobre o retorno de investimentos em TI,

reforçando o que afirma Vanni (2005), que trata governança de TI como uma

capacidade organizacional exercida por um comitê, pela gerência executiva e pela

gerência de TI, para definir e implementar a estratégia de TI com o objetivo de

alinhar TI com o negócio, agregando valor e minimizando riscos.

O aumento do controle e qualidade dos serviços prestados pela TI, ou seja,

a aplicação de governança leva a empresa a atingir tais objetivos com sucesso. Isto

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já havia sido constatado em um estudo de caso realizado na Accor Services Brasil,

que após implementar governança de TI, observou que o volume de negócios

duplicou, os custos de TI, proporcionalmente a tais resultados, cairam em mais de

30%, obtendo-se ainda melhor nível de serviço. No caso da Accor, a satisfação dos

usuários aumentou em cerca de 50% e o backlog baixou de 40% para 10%,

conforme afirmam Fernandes e Abreu (2006).

Weill e Ross (2006) afirmam, a partir do seu estudo, que empresas com

governança de TI superior têm lucros no mínimo 20% maiores do que as com má

governança embora entendam que esse não seja um motivo isolado ou único fator

relevante para que isso ocorra. Embora a presente survey tenha apresentado

resultados em que mais respondentes considerem que há aumento nos lucros do

que redução, ficou evidente que há controvérsia a respeito do assunto. O mesmo

aconteceu com relação ao aumento da agilidade na realização de processos

empresariais. Novas pesquisas precisariam ser realizadas que procurassem

compreender o motivo dessa diversidade de opiniões.

4.3 FATORES DE INFLUÊNCIA NA ADOÇÃO DE MODELOS DE MELHORES

PRÁTICAS DE GOVERNANÇA DE TI

Vários foram os fatores identificados na literatura que estimulam as

empresas a adotar modelos de melhores práticas de tecnologia da informação.

Dentre eles, destacam-se: a complexidade cada vez maior dos recursos envolvidos,

a crescente dependência de tecnologia evidenciada pelo negócio, a integração dos

sistemas e soluções, necessidades heterogêneas dos negócios, a pressão por

redução de custos e por maior flexibilidade e agilidade, a responsabilidade legal (civil

e criminal), a exigência de transparência pelos acionistas e pelo mercado, a

mudança do perfil da concorrência e o aumento das ameaças e vulnerabilidades em

tecnologia da informação (FERNANDES e ABREU, 2006).

Regulamentos, normas e recomendações surgiram no cenário internacional

como decorrência da necessidade de mitigar riscos oriundos da indisponibilidade da

tecnologia, bem como com o objetivo de proporcionar um grau de transparência

compatível com as expectativas de investidores, especialmente nos Estados Unidos.

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100

Em conseqüência disto, desdobramentos da legislação e dos regulamentos

internacionais começam a surgir no Brasil, com implicações diretas no cotidiano de

instituições financeiras, sociedades de capital aberto, filiais de empresas

multinacionais e fornecedores de empresas estrangeiras, de países onde as

exigências de governança são maiores.

A conformidade com os regulamentos vigentes, as exigências decorrentes

do aumento do grau de dependência do negócio em relação à área de tecnologia da

informação e o gerenciamento financeiro dos projetos criaram as condições

propícias para o surgimento dos mencionados modelos de governança de tecnologia

da informação, que sugerem a adoção de guias de melhores práticas para atingir a

eficiência na gestão dos serviços de TI.

Levando-se em conta esse cenário, as questões seguintes buscaram

identificar os fatores que têm influenciado as empresas pesquisadas na adoção de

modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação. A

amostra utilizada nas análises seguintes compreende somente as empresas que

declararam utilizar algum modelo de melhores práticas, conforme já mencionado,

que corresponderam a 88% do total de respondentes. Ficaram de fora desta análise

as seis empresas que não utilizam práticas de governança de TI.

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Figura 30 Fatores de influência na adoção de modelos de melhores práticas de

governança de TI

A grande maioria dos respondentes demonstrou concordar com relação ao

fato de a crescente demanda por monitoramento e controle organizacional ser

determinante para a empresa adotar modelos de melhores práticas de governança

de tecnologia da informação. Do total de respondentes, 67% concordaram

plenamente e outros 31% concordaram com esta afirmativa, somando 98%. Não

houve respostas negativas, apenas 2% dos respondentes indicaram não ter opinião

a respeito.

O fator aumento das ameaças e vulnerabilidades em TI como determinante

para a empresa adotar modelos de melhores práticas de governança de tecnologia

da informação também foi considerado importante. Com 42% de respondentes

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102

concordando plenamente e 38% concordando, chegou-se a um total de 80% de

concordância com a afirmação contida no questionário. Cerca de 11% dos

respondentes discordaram de este fator influenciar a empresa na adoção de

modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação. Os 9%

restantes indicaram não ter opinião a respeito do assunto.

A mudança do perfil da concorrência como fator determinante para a

empresa adotar modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da

informação não foi considerado um fator tão importante quanto os anteriores.

Apenas 2% dos respondentes concordaram plenamente e 47% concordaram com a

afirmação, ou seja, houve menos de 50% de respostas positivas. Um valor

expressivo de 22% de respondentes indicaram não ter opinião formada e 29%

discordaram. Nenhum dos respondentes discordou totalmente.

Grande parte dos respondentes demonstrou concordar com relação ao fator

das exigências da lei Sarbanes-Oxley dos EUA ser um fator determinante para a

empresa adotar modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da

informação. Do total de respondentes, 42% concordaram plenamente e 53%

concordaram com esta afirmativa, somando um total de 95% de opiniões positivas.

Não houve respostas negativas e apenas 5% dos respondentes consideraram não

ser afetados por essa lei norte-americana, tendo respondido que esse fator não se

aplica.

A exigência de transparência pelos acionistas e pelo mercado é fator

determinante para a empresa adotar modelos de melhores práticas de governança

de tecnologia da informação, na opinião dos respondentes. Com 69% deles

concordando plenamente e 24% concordando com a afirmação neste sentido (o que

representa 93% de concordância), apenas 7% dos respondentes indicaram não ter

opinião a respeito. Não houve nenhuma opinão contrária a essa afirmação.

A necessidade de responsabilização legal (civil e criminal) de funcionários e

dirigentes como fator determinante para a empresa adotar modelos de melhores

práticas de governança de tecnologia da informação obteve 13% de concordância

plena e 44% de concordância (somando 57% de respostas positivas), 27% dos

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respondentes declararam não ter opinião formada sobre o assunto e apenas 16%

demonstraram discordância.

A pressão por maior flexibilidade e agilidade foi considerado fator

determinante para a empresa adotar modelos de melhores práticas de governança

de tecnologia da informação por 58% dos respondentes (27% concordaram

plenamente e 31% concordaram). Um percentual expressivo de 29% de

respondentes indicaram não ter opinião e 13% discordaram de este ser um motivo

importante para justificar a adoção de governança de TI. De acordo com Mendes e

Guimarães (2002), o termo flexibilidade organizacional se refere a um conjunto de

iniciativas adotadas pela organização, que visa a aumentar a sua efetividade e sua

capacidade de reagir positivamente às variações do ambiente. Zisblat (2008)

investigou o impacto das práticas Itil na flexibilidade organizacional e afirma que o

conjunto de disciplinas do modelo Itil adotado na organização por ele pesquisada, na

sua totalidade, não contribuiu para a flexibilidade e, tampouco, para o engessamento

da empresa, isto é, seu resultado indica uma tendência à neutralidade.

A maioria dos respondentes demonstrou concordar que a pressão por

redução de custos seja um fator determinante para a empresa adotar modelos de

melhores práticas de governança de tecnologia da informação. Do total de

respondentes, 40% concordaram plenamente e 31% concordaram, somando um

total de 71% de percepções positivas a esse respeito. Contudo, um número

significativo de respondentes (29%) discorda dessa afirmativa. Curiosamente,

apesar de haver opiniões bastante divergentes, não houve registro de nenhum caso

de respondente sem opinião formada sobre a questão.

Com 100% de respostas positivas, a necessidade de integração dos

sistemas e soluções foi considerada um fator determinante para a empresa adotar

modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação (64% dos

respondentes concordaram plenamente e os 36% restantes concordaram com a

importância desse fator).

O fato de as áreas de negócio estarem cada vez mais dependentes da TI

também foi considerado um fator determinante para as empresa adotarem modelos

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de melhores práticas de governança de tecnologia da informação (69% dos

respondentes concordaram plenamente e os 31% restantes concordaram com a

afirmação sobre a questão).

O aumento da complexidade da tecnologia como fator determinante para a

empresa adotar modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da

informação demonstrou influenciar a grande maioria dos respondentes. Do total de

respondentes, 53% concordaram plenamente e 36% concordaram, somando 89%

de respostas positivas. Discordaram desse fator, 11% dos respondentes.

As respostas oferecidas pelos respondentes demonstram que os fatores

identificados na literatura e abordados na pesquisa são, de fato, levados em

consideração pelas empresas estudadas que adotam modelos de melhores práticas

de governança de tecnologia da informação para definir investimentos em

governança de TI.

Como já mencionado, além dos fatores previamente identificados, sobre os

quais se pediu para que os respondentes opinassem (ver a Figura 30), foi criado um

campo de texto no questionário permitindo que o respondente indicasse outro fator

de influência não abordado pela pesquisa para adoção de modelos de melhores

práticas (ver a Figura 31). Contudo, apenas um respondente utilizou este campo,

para indicar que o estudo de viabilidade de sourcing (outsourcing, multisourcing etc.)

era um fator determinante da adoção de modelos de governança de TI.

Figura 31 Campo texto permitindo a indicação de outro fator não abordado pela

pesquisa

É provavel que fatores como a crescente demanda por monitoramento e

controle organizacional; a exigência de transparência pelos acionistas e pelo

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mercado; o aumento da complexidade da tecnologia; e o fato das áreas de negócio

estarem cada vez mais dependentes da TI estejam inter-relacionados, uma vez que

tratam, de maneira geral, de uma necessidade única de aumento de controle sobre

serviços prestados pela TI para toda a empresa. Tais fatores reforçam conceitos

como o do ITGI (2007), que entende governança como a estrutura de relações e

processos que dirige e controla uma organização, a fim de atingir seu objetivo de

adicionar valor ao negócio por meio do gerenciamento balanceado do risco com o

retorno esperado do investimento, tendo como objetivo principal o alinhamento da TI

ao negócio, agregando valor e minimizando riscos.

Fernandes e Abreu (2006) defendem o fator pressão por redução de custos

como motivador à adoção de governança. A pesquisa demonstrou que este fator

não é tão considerado pelas empresas como outros. O resultado das questões

anteriores que demonstram haver fraca relação também entre utilização de

governança e aumento nos lucros da empresa contribui para o entendimento de que

as empresas não adotam modelos de melhores práticas com o objetivo de melhorar

seus resultados financeiros.

Outro fator mencionado por Fernandes e Abreu (2006), que não apareceu

como um fator tão importante na pesquisa ora realizada é a mudança do perfil da

concorrência. Segundo os participantes, as pressões externas, vindas da

concorrência, têm menos impacto na adoção de modelos de melhores práticas do

que alguns dos outros fatores apontados.

Outro ponto a considerar é que as exigências da lei Sarbanes-Oxley dos

Estados Unidos foram o único fator que alguns respondentes declararam que não se

aplica. Embora a lei tenha mudado os negócios e o cenário regulatório, no que diz

respeito ao uso de tecnologia nas organizações e seus sistemas de informação

(ITGI, 2007), ela afeta diretamente apenas empresas que mantêm relações

comerciais com os EUA. Empresas que não possuem esse vínculo, de fato, não

devem sofrer pressões nesse sentido.

O principal objetivo da Sarbanes-Oxley é coibir a conduta antiética de

administradores e auditores, restaurando a confiabilidade das demonstrações

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contábeis e financeiras (Sarbanes-Oxley Act, 2002), apresentando um rol de

responsabilidades e sanções, tipificando crimes de colarinho branco praticados por

administradores e auditores. Ainda que a lei não influencie empresas que não têm

relação comercial com os Estados Unidos, o fator avaliado que mede a necessidade

de responsabilização legal (civil e criminal) de colaboradores demonstra alguma

preocupação nesse sentido pelas empresas. Mesmo que a relação entre esse fator e

governança seja relativamente fraca nas empresas brasileiras, até mesmo porque no

Brasil não houve grandes escândalos e mudanças na legislação para proteger os

stakeholders de dirigentes de empresas inescrupulosos, acredita-se que essa

preocupação também vá se ampliar no Brasil.

A pressão por maior flexibilidade e agilidade apresentou um nível mais

elevado de discordância do que os outros fatores, o que possivelmente tem relação

com a questão anterior. Afinal, já se constatou que o aumento da agilidade na

realização de processos empresariais também não representa uma relação forte

com a utilização de práticas de governança.

4.4 MODELOS DE MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA DE TI

ADOTADOS PELAS EMPRESAS PESQUISADAS

Como já mencionado, nas duas últimas décadas vêm surgindo diversos

modelos de melhores práticas para TI, que parecem se ajustar às aspirações dos

acionistas e do mercado de garantir que as ações de TI estejam alinhadas com a

estratégia das organizações, contribuindo para o atingimento dos objetivos dos

investidores. A presente pesquisa identificou na literatura os principais modelos

mencionados e buscou identificar os que estão sendo adotados nas empresas

(Figura 32). Além da identificação dos modelos, foi medido o nível de utilização de

cada um deles, observando assim o grau de maturidade da aplicação que cada

empresa faz dos modelo adotados.

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107

Figura 32 Modelos de melhores práticas de governança de TI adotados pelas

empresas pesquisadas

A utilização do modelo Itil, biblioteca de infra-estrutura de TI, definida como

uma estrutura de padrões e melhores práticas para gerenciar os serviços e a infra-

estrutura de TI ocorre em 100% das empresas respondentes. Do total de

respondentes, 7% afirmaram utilizar plenamente, 78% afirmaram fazer muita

utilização e 15% fazem utilização moderada desse modelo. Esse modelo se

destacou nas empresas, o que era esperado, uma vez que se trata da abordagem

mundialmente mais difundida para o gerenciamento de serviços de TI (service

management) (OGC, 2008).

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108

A grande preocupação identificada em questões anteriores, com controle e

qualidade dos serviços prestados pela TI justificam que o Itil seja amplamente

utilizado pelas empresas, em virtude de o Itil se preocupar com esses aspectos.

A utilização das práticas de gestão do Cobit, que por definição auxiliam a

otimizar os investimentos em TI e fornecem métricas para avaliação dos resultados

(ITGI, 2005), foi identificada em 88% das empresas respondentes. Do total de

respondentes, 11% afirmaram utilizar plenamente, 44% afirmaram fazer muita

utilização, 31% fazem utilização moderada, 2% fazem pouca utilização e apenas 7%

das empresas não utilizam o modelo. Outros 5% dos respondentes afirmaram não

saber responder sobre a intensidade de utilização de Cobit na organização.

Depois do Itil, esse é o modelo com mais utilização nas empresas, o que

também era esperado, pois também trata do controle e qualidade dos serviços

prestados pela TI.

O IT Governance Maturity Model, que se apóia nos conceitos do modelo CMM

SW, com foco no nível de serviço, foi identificado (e com pouca utilização) em

apenas 24% das empresas. Os 76% restantes afirmaram não fazer nenhuma

utilização de tal modelo. Isto também não representou surpresa. A baixa utilização

do modelo se justifica por se tratar de um modelo eficiente apenas nos passos para

avaliar a maturidade dos processos, sugerindo outros modelos para implantação,

segundo o ITGI (2005).

O IT BSC, baseado nos balanced scorecards foi identificado em apenas 33%

das empresas pesquisadas. Do total de respondentes, 18% afirmaram fazer

utilização moderada e 15% fazem pouca utilização. Os outros 67% afirmaram não

utilizar o modelo. Embora se trate de uma ferramenta para realizar o alinhamento da

TI ao negócio, assim como para desdobrar os objetivos estratégicos de TI em

iniciativas que contribuam para o atendimento dos objetivos empresariais, segundo

Fernandes e Abreu (2006), o modelo não trata de controle e qualidade de serviços,

podendo constituir uma razão para sua baixa utilização na grande maioria das

empresas.

O Project Management Body of Knowledge ou PMBok foi identificado em 87%

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das empresas pesquisadas. O modelo elaborado pelo Project Management Institute

(PMI) apareceu com utilização plena em 2% das empresas, muita utilização em

29%, utilização moderada em 31% e pouca utilização em 25%. Sua ampla utilização

nas empresas se justifica por ser um modelo que busca aumentar o controle dos

projetos realizados pela área de TI, por ser um modelo de fácil adaptação e por ser

dedicado às necessidades dos gerentes de projetos de todo o mundo.

Os códigos para gerenciamento de segurança da informação BS 7799,

ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 17799 foram identificados em 64% das empresas

respondentes, com diferentes níveis de utilização: 16% indicaram fazer muita

utilização, 24% fazem uma utilização moderada e outros 24% fazem pouca

utilização. As 36% restantes declararam não utilizar tais modelos. Esse modelo se

justifica pois trata de segurança da informação, que demonstrou ser preocupação

relevante para as empresas estudadas. Sua utilização em menor intensidade do que

o Cobit e Itil aparentemente acontece em função do foco apenas em segurança, não

dispondo práticas de controle e qualidade de serviços.

A metodologia de gerenciamento de projetos PRINCE2 não foi identificada em

nenhuma das empresas pesquisadas. Com 100% de respostas negativas, todos os

respondentes apontaram não fazer nenhuma utilização de tal modelo. Essa

metodologia não tem relação com governança de TI nas empresas estudadas.

Seis Sigma, que aborda a melhoria e reinvenção dos processos de negócio,

foi identificada em 20% das empresas estudadas. Do total de respondentes, 20%

afirmaram fazer pouca utilização desse modelo e a grande maioria (80%) afirmou

não fazer nenhuma utilização. Essa metodologia também parece não ter relação

com governança de TI nas empresas estudadas.

Da mesma forma que havia sido feito para os fatores que motivam a adoção

da governança corporativa, também foi incluído um campo que permitisse que o

respondente indicasse algum outro modelo adotado em sua empresa, conforme

mostrado na Figura 33.

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110

Figura 33 Campo texto permitindo a indicação de outro modelo não apresentado

nas questões da pesquisa

Apenas duas empresas das 45 respondentes mencionaram utilizar outros

modelos. Com utilização plena, uma delas mencionou “benchmarking de TIC

(comparativos de gestão, custos, ativos, tecnologia, RH, tendências)” e a outra, “ISO

9001”.

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111

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo são apresentadas as conclusões, as limitações do trabalho e

as sugestões para pesquisas futuras.

A presente pesquisa buscou identificar a opinião dos executivos de

tecnologia da informação com relação a influência do uso de modelos de melhores

práticas de governança de tecnologia de informação nas empresas. Os resultados

obtidos que atendem a este objetivo de apoio demonstram que as empresas tendem

a relacionar diretamente a adoção de modelos de melhores práticas de tecnologia

da informação ao aumento da visibilidade dos executivos sobre o retorno de

investimentos em TI e ao aumento do controle e qualidade dos serviços prestados

pela TI, ou seja, a aplicação de governança leva a empresa, na visão dos

respondentes, a atingir tais objetivos com sucesso.

O instrumento de coleta utilizado nesta pesquisa foi desenvolvido com base

na literatura estudada para identificar os fatores que influenciam na adoção de

modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação. Os

resultados da aplicação desse questionário, com objetivo de identificar os fatores

que têm influenciado as empresas pesquisadas na adoção desses modelos,

demonstram que alguns fatores citados na literatura como sendo importantes

motivos para a adoção de práticas de governança de TI não foram considerados tão

importantes pelos participantes do estudo ora realizado. As respostas fornecidas

para os fatores pressão por redução de custos e aumento nos lucros da empresa

contribuem para o entendimento de que as empresas pesquisadas não adotam

modelos de melhores práticas com o objetivo de melhorar seus resultados

financeiros.

Exigências legais como a imposta pela lei Sarbanes-Oxley dos Estados

Unidos demonstraram afetar mais diretamente apenas empresas que mantêm

relações comerciais com os EUA, o que já era esperado. Empresas que não

possuem esse vínculo, de fato, não sofrem pressões fortes nesse sentido. Ainda que

a lei não influencie essas empresas, o fator avaliado que trata da responsabilização

legal (civil e criminal) de funcionários demonstra alguma preocupação nesse sentido

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pelas empresas. Ainda que a relação entre esse fator e governança seja

relativamente fraca nas empresas brasileiras, até mesmo porque no Brasil não

houve grandes escândalos e mudanças na legislação para proteger os stakeholders

de dirigentes de empresas inescrupulosos, acredita-se que essa preocupação

também vá se ampliar no Brasil.

Outras pressões externas, vindas da concorrência, também demonstraram

ter pouco impacto nas decisões relacionadas à adoção de modelos de melhores

práticas pelas empresas participantes da pesquisa.

As empresas demonstraram que os fatores determinantes para adoção de

modelos de melhores práticas de governança de tecnologia da informação estão

relacionados à crescente demanda por monitoramento e controle organizacional; à

exigência de transparência pelos acionistas e pelo mercado; ao aumento da

complexidade da tecnologia; e ao fato das áreas de negócio estarem cada vez mais

dependentes da TI.

Esses fatores justificam a grande utilização do Itil, biblioteca de infra-

estrutura de TI, definida como uma estrutura de padrões e melhores práticas para

gerenciar os serviços e a infra-estrutura de TI. Esse modelo foi indicado em 100%

das empresas respondentes, o que era esperado, uma vez que se trata da

abordagem mundialmente mais difundida para o gerenciamento de serviços de TI

(OGC, 2008).

A utilização das práticas de gestão do Cobit, que por definição auxiliam a

otimizar os investimentos em TI e fornecem métricas para avaliação dos resultados

(ITGI, 2005), foi identificada em 88% das empresas respondentes. Depois do Itil,

esse é o modelo com mais utilização nas empresas tratando do controle e qualidade

dos serviços prestados pela TI.

O Project Management Body of Knowledge ou PMBok foi identificado em 87%

das empresas pesquisadas. Sua ampla utilização nas empresas se justifica por ser

um modelo que busca aumentar o controle dos projetos realizados pela área de TI,

por ser um modelo de fácil adaptação e por ser dedicado às necessidades dos

gerentes de projetos de todo o mundo.

Page 114: GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: ADOÇÃO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp150348.pdf · T191 Tarouco, Hiury Hakim. Governança de tecnologia da informação: adoção

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Os códigos para gerenciamento de segurança da informação BS 7799,

ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 17799 foram identificados em 64% das empresas

respondentes. Sua utilização em menor intensidade do que o Cobit e Itil

aparentemente acontece em função do foco apenas em segurança, não dispondo

práticas de controle e qualidade de serviços.

Tais resultados, incluindo a opinião dos executivos, os fatores que motivam

a adoção de modelos de melhores práticas e a sua escolha, remetem ao

cumprimento dos objetivos de apoio e, conseqüentemente, ao atingimento do

objetivo geral deste trabalho.

Embora o Itil represente o conjunto de práticas mais utilizado para

governança de TI, não se conhecem pesquisas científicas que suportem a afirmação

de que o Itil represente as melhores práticas4. Este estudo, assim como outros que o

precederam, detectam o seu elevado nível de adoção pelo mercado, o que é um

indício de boa aceitação.

Algumas limitações são percebidas na presente pesquisa. Com intuito de

aumentar a taxa de retorno de respostas, o instrumento utilizado na pesquisa

garantiu o anonimato dos respondentes. Dessa forma, os dados não podem ser

classificados por setor econômico ou área de atuação da empresa. Talvez uma

pesquisa focada em empresas de um determinado setor possa gerar resultados

diferenciados, principalmente no caso de se tratar especificamente do setor

financeiro, que possui exigências específicas e governamentais que não foram

abordadas neste trabalho.

Adotou-se nessa pesquisa um questionário publicado na Internet, com a

solicitação de participação sendo enviada aos respondentes por meio eletrônico (e-

mail). Esse método apresenta uma limitação relacionada ao acesso do participante

ao conteúdo do questionário, pois algumas empresas podem ter restrições de

segurança e bloquear mensagens eletrônicas com origem desconhecida ou

4 Reforça-se aqui que o termos melhores práticas, embora amplamente adotado pelo mercado,

refere-se apenas a práticas padronizadas, não sendo, necessariamente, melhores do que outras práticas adotadas no mercado.

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conteúdo considerado impróprio. Ainda que os cuidados com o conteúdo e

apresentação tenham sido devidamente tomados, algumas empresas podem não ter

sequer recebido o e-mail da pesquisa.

Em função do tempo e recursos disponíveis, a pesquisa se limitou ao estudo

quantitativo do tema. Um estudo qualitativo envolvendo métodos como um estudo de

caso, por exemplo, poderia elucidar questões que aqui não puderam ser tratadas

com mais detalhes.

Embora a presente survey tenha apresentado resultados em que mais

respondentes considerem que há aumento nos lucros do que redução com a

utilização de governança de TI, ficou evidente que há controvérsia a respeito do

assunto. O mesmo aconteceu com relação ao aumento da agilidade na realização

de processos empresariais. Novas pesquisas precisariam ser realizadas que

procurassem compreender o motivo dessa diversidade de opiniões.

A pressão por maior flexibilidade e agilidade apresentou um nível mais

elevado de discordância do que os outros fatores influentes na adoção de

governança de TI, o que possivelmente tem relação com a questão anterior. Afinal,

já se constatou que o aumento da agilidade na realização de processos

empresariais também não representa uma relação forte com a utilização de práticas

de governança.

Pesquisas futuras poderiam elucidar esses pontos relacionados aos

resultados financeiros e à agilidade das empresas que utilizam governança de TI,

talvez partindo de uma abordagem qalitativa que permita o estudo de alguns poucos

casos em profundidade.

Por fim, todos os resultados obtidos ao longo dessa pesquisa levam ao

entendimento de que o conceito de governança de TI está ligado diretamente às

iniciativas relacionadas ao aumento do controle e qualidade dos serviços prestados

pela TI para a empresa, em face da importância que os serviços de informática vêm

assumindo para a consecussão dos objetivos das organizações.

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APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

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