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VIRTÚ: DIREITO E HUMANISMO HÁ EFICÁCIA DA LEI ANTITERRORISMO THERE'S EFFICIENCY OF BRAZILIAN LEGISLATION IN COMBATING TERRORISM Neylor Pacheco da Silva 1 , Anna Cathleen Moreira Rezende 2 1- Aluno do Curso de Direito 2- Professora Especialista do Curso de Direito Resumo: hodiernamente discutia a necessidade de uma tipificação ao crime de terrorismo. Durante bastante tempo, a Lei de Segurança Nacional, que até então era a única norma que tratava acerca do tema, era alvo de grandes debates sobre a sua aplicabilidade. Já que o Estado tem o dever de reprimir e punir as condutas humanas consideradas perniciosas e maliciosas para a sociedade utilizando para este fim o ordenamento jurídico para tipificar as conduta e aplicar pena para prevenir os delitos. Pelo temor que a penalização causará ao criminoso, nesse sentido, este trabalho tem como objetivo demonstrar a eficácia da legislação brasileira no combate ao crime de terrorismo, tendo em vista, os preceitos constitucionais que estabelece ao legislador o dever de criminalizar certas condutas estabelecidas pela Constituição Federal. Tais preceitos são chamados de mandado constitucional ou de criminalização, nesse rol encontra-se relacionado o terrorismo, que é equiparado aos crimes hediondos, conforme a o artigo 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal. Destaca-se que para prevenir o crime de terrorismo o Estado aprovou em março de 2016 a Lei 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo), que disciplina o crime de terrorismo, abordaremos os principais modos de impor a vontade pelo uso sistemático do terror. Palavras-chave: terrorismo; eficiência; mandado constitucional e criminalização. Abstract: in our times discussed the need for typifying the crime of terrorism. For a long time, the National Security Act, which until then was the only standard that was on the subject, was the subject of great debate about their applicability. Since the State has a duty to suppress and punish human behaviors considered harmful and malicious to society using for this purpose the legal system to criminalize the conduct and apply penalty to prevent crime. The fear that the penalty will cause the criminal in this sense, this work aims to demonstrate the effectiveness of Brazilian legislation to combat terrorist crime, given the constitutional provisions establishing the legislature the duty to criminalize certain conduct established by the Constitution Federal. These precepts are called constitutional order or criminalization, this list is related terrorism, which is equivalent to heinous crimes, according to Article 5, item XLIII of the Federal Constitution. It is noteworthy that to prevent the crime of terrorism the state approved in March 2016 the Law 13,260 / 2016 (Anti-Terrorism Act), which regulates the crime of terrorism, we will cover the main ways of imposing the will by the systematic use of terror. Keywords: terrorism; efficiency; constitutional warrant and criminalization. Sumário: Introdução. 1. Conceito de terrorismo. 2. A evolução do terrorismo. 3. Combate ao terrorismo. 4. Princípios 4.1 Princípio da Legalidade 4.2 Princípio da Proporcionalidade. 5. O direito penal do inimigo. 6. As Possibilidades de ataques terroristas no Brasil. 7. A importância da internet para o terrorismo. 8. Considerações finais. Referencial bibliográfico.

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Page 1: HÁ EFICÁCIA DA LEI ANTITERRORISMOnippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · 1- Aluno do Curso de Direito 2- Professora Especialista do Curso de Direito Resumo:

VIRTÚ: DIREITO E HUMANISMO

HÁ EFICÁCIA DA LEI ANTITERRORISMO

THERE'S EFFICIENCY OF BRAZILIAN LEGISLATION IN COMBATING TERRORISM

Neylor Pacheco da Silva

1, Anna Cathleen Moreira Rezende

2

1- Aluno do Curso de Direito

2- Professora Especialista do Curso de Direito

Resumo: hodiernamente discutia a necessidade de uma tipificação ao crime de terrorismo.

Durante bastante tempo, a Lei de Segurança Nacional, que até então era a única norma que

tratava acerca do tema, era alvo de grandes debates sobre a sua aplicabilidade. Já que o

Estado tem o dever de reprimir e punir as condutas humanas consideradas perniciosas e

maliciosas para a sociedade utilizando para este fim o ordenamento jurídico para tipificar as

conduta e aplicar pena para prevenir os delitos. Pelo temor que a penalização causará ao

criminoso, nesse sentido, este trabalho tem como objetivo demonstrar a eficácia da legislação

brasileira no combate ao crime de terrorismo, tendo em vista, os preceitos constitucionais que

estabelece ao legislador o dever de criminalizar certas condutas estabelecidas pela

Constituição Federal. Tais preceitos são chamados de mandado constitucional ou de

criminalização, nesse rol encontra-se relacionado o terrorismo, que é equiparado aos crimes

hediondos, conforme a o artigo 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal. Destaca-se que para

prevenir o crime de terrorismo o Estado aprovou em março de 2016 a Lei 13.260/2016 (Lei

Antiterrorismo), que disciplina o crime de terrorismo, abordaremos os principais modos de

impor a vontade pelo uso sistemático do terror.

Palavras-chave: terrorismo; eficiência; mandado constitucional e criminalização.

Abstract: in our times discussed the need for typifying the crime of terrorism. For a long

time, the National Security Act, which until then was the only standard that was on the

subject, was the subject of great debate about their applicability. Since the State has a duty to

suppress and punish human behaviors considered harmful and malicious to society using for

this purpose the legal system to criminalize the conduct and apply penalty to prevent crime.

The fear that the penalty will cause the criminal in this sense, this work aims to demonstrate

the effectiveness of Brazilian legislation to combat terrorist crime, given the constitutional

provisions establishing the legislature the duty to criminalize certain conduct established by

the Constitution Federal. These precepts are called constitutional order or criminalization, this

list is related terrorism, which is equivalent to heinous crimes, according to Article 5, item

XLIII of the Federal Constitution. It is noteworthy that to prevent the crime of terrorism the

state approved in March 2016 the Law 13,260 / 2016 (Anti-Terrorism Act), which regulates

the crime of terrorism, we will cover the main ways of imposing the will by the systematic

use of terror.

Keywords: terrorism; efficiency; constitutional warrant and criminalization.

Sumário: Introdução. 1. Conceito de terrorismo. 2. A evolução do terrorismo. 3. Combate ao

terrorismo. 4. Princípios 4.1 Princípio da Legalidade 4.2 Princípio da Proporcionalidade. 5. O

direito penal do inimigo. 6. As Possibilidades de ataques terroristas no Brasil. 7. A

importância da internet para o terrorismo. 8. Considerações finais. Referencial bibliográfico.

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Introdução

O terrorismo é um crime de motivo político, religioso e ideológico que tem como

finalidade acabar com o domínio de uma potência com hegemonia mediante o uso da

violência extrema impondo horror a pessoas inocentes mediante ataques e meios agressivos,

estas condutas são repudiadas de tal forma pela nossa Constituição Federal que equipara este

delito aos crimes hediondos.

Anote-se que o terrorismo é considerando um mandado de criminalização nos termos do

Artigo 4º, VIII e 5° XLIII, da Lei Maior, sendo assim, estabelece ao legislador o dever-poder

de criar uma norma incriminadora para tipificar a sua conduta diante da dimensão perniciosa e

repugnante do resultado que ele traz a sociedade.

Nesse aspecto, com a entrada em urgência da Lei 13.260, regulamentando o artigo 5° da

Constituição Federal, fica o questionamento se esta norma incriminadora será eficaz para

combater o terrorismo?

Ressalta-se, que a Lei antiterror foi inserida na legislação pátria mediante pressão

internacional visando os diversos eventos de proporções internacionais que serão realizados

no Brasil tornando nosso Estado alvo indireto de grupos terroristas.

Diante deste contexto, pretende-se analisar a eficácia da legislação brasileira no

combate ao terrorismo, dando ênfase a Lei 13.260/2016, que regulamenta o dispositivo no

inciso XLIII do artigo 5° da Constituição Federal, disciplinando e tratando de disposições

investigatórias e processuais e reformulando o conceito sobre organizações terroristas, bem

como a tipificação ao crime de terrorismo na forma da lei.

Para uma visão ampla sobre o assunto a ser discutido a sua fundamentação será voltada

aos estudos doutrinários e a Lei Penal no sentido de verificar a eficiência dos resultados na

prevenção do crime de terrorismo.

Para isto o trabalho será desenvolvido utilizando o método dedutivo para as seguintes

hipóteses: há necessidade de tipificar o crime de terrorismo no ordenamento jurídico

Brasileiro, o Brasil poder ser alvo de terrorismo, a legislação vigente é capaz de combater o

terrorismo de forma eficiente e o ordenamento Jurídico Brasileiro está de acordo com o

Direito Internacional para combater o terrorismo.

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1. Conceito de Terrorismo

Inicialmente, cumpre destacar que o terrorismo é o instrumento do terror apto a

provocar danos ou promover destruição em massa.

Na legislação brasileira a Lei nº 13.260/2016, traça a definição do crime de terrorismo,

nos seguintes termos:

Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos

previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito

de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar

terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz

pública ou a incolumidade pública.

§ 1o São atos de terrorismo: I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar,

portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos

biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou

promover destruição em massa;

II – (VETADO);

III - (VETADO);

IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a

pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou

parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de

transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias,

hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas

ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de

geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de

exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias

e sua rede de atendimento;

V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à

ameaça ou à violência.1

Nesse sentido, o renomado doutrinador WOLOSZYN aduz que:

Na definição de luiz Alberto Moniz Bandeira, em sua obra Formação do

Império Americano, resumidamente terror é um recurso à violência como

arma política, quer com objetivo revolucionário ou de repressão, visando

gerar sentimentos de pavor e atemorizar os adversários2.

Ainda na visão do autor o Código Criminal norte-americano define o terrorismo como

sendo atividades que envolvem atos violentos ou que causem perigo à vida humana, e que

tenham por objetivo intimidar ou coagir a população civil, influenciar a política

governamental por intimidação ou coerção, afetando a condução governamental com práticas

de assassinatos, sequestros, uso de bombas e armas de destruição em massa.

1 Lei 13.260, de 16 de março de 2016 – Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da Constituição

Federal, disciplinando o terrorismo. 2 WOLOSZYN, André Luís, Ameaças e Desafios à Segurança Humana no Século XXI, 2ª. Ed. Rio de Janeiro:

biblioteca do Exército – BBLIEX. 2013. Pag. 129.

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Vale ressaltar, que o Supremo Tribunal Federal já havia se manifestado sobre a

necessidade de uma definição típica sobre o crime de terrorismo já que a Constituição Federal

apenas traz referência ao crime nesse sentido o tribunal destaca:

Na forma do Informativo nº 722 HC – 124682:

ARTIGO

A 2ª Turma resolveu questão de ordem, suscitada pelo Ministro Celso de

Mello (relator), para declarar extinto pedido de prisão preventiva para fins de

extradição, em razão da omissão do Estado requerente em produzir a

documentação que se lhe exigira com suporte no Tratado de Extradição entre

a República Federativa do Brasil e a República do Peru. No caso, apesar de

instado formalmente a produzir as informações complementares que lhe

foram requisitadas, o referido Estado deixara de produzir, não obstante a

obrigação imposta em sede convencional, elementos de informação

necessários à descrição dos fatos imputados, do tempo e do local de sua

suposta ocorrência, do órgão judiciário competente para o processo e

julgamento, além da disciplina normativa, naquele ente político, da

prescrição penal. A Turma asseverou que os elementos informativos

faltantes constituiriam documentos de produção obrigatória, indispensáveis à

regular formalização do pleito extradicional, ou do pedido de prisão cautelar,

consoante resultaria da determinação constante do Estatuto do Estrangeiro

(art. 80, “caput”, “in fine”) e, também, do referido Tratado de Extradição

(Artigo 19, n. 1). Seria encargo processual cuja satisfação incumbiria ao

Estado que postulasse a prisão cautelar, ou a extradição, sob pena de, em não

o cumprindo, expor-se ao indeferimento liminar do pedido. Por outro lado, e

a despeito do que consignado, não haveria, igualmente, a possibilidade de

prosseguimento do feito, isso em decorrência da impossibilidade, no caso, de

observância do princípio da dupla tipicidade, eis que, tratando-se do delito

de terrorismo, inexistiria, quanto a ele, no sistema de direito positivo

nacional, a pertinente definição típica. Mostrar-se-ia evidente a importância

dessa constatação, porquanto a comunidade internacional ainda não teria

sido capaz de chegar a uma conclusão acerca da definição jurídica do

crime de terrorismo. Inclusive, seria relevante observar a elaboração, no

âmbito da ONU, de ao menos 13 instrumentos internacionais sobre a

matéria, sem que se chegasse, contudo, a um consenso geral sobre quais

elementos essenciais deveriam compor a definição típica do crime de

terrorismo ou, então, sobre quais requisitos deveriam considerar-se

necessários à configuração dogmática da prática delituosa de atos terroristas.

Tornar-se-ia importante assinalar, no entanto, no que se refere aos

compromissos assumidos pelo País, que os novos parâmetros consagrados

pela Constituição determinariam uma pauta de valores a serem protegidos na

esfera doméstica mediante qualificação da prática do terrorismo como delito

inafiançável e insuscetível da clemência soberana do Estado (CF, art. 5º,

XLIII). Essas diretrizes constitucionais — que evidenciariam a posição

explícita do Estado brasileiro de frontal repúdio ao terrorismo —

desautorizariam qualquer inferência que buscasse atribuir às práticas

terroristas tratamento benigno de que resultasse o estabelecimento, em torno

do terrorista, de inadmissível círculo de proteção, a torná-lo imune ao poder

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extradicional do Estado. PPE 730/DF, rel. Min. Celso de Mello, 16.12.2014.

(PPE-730)3.

O terrorismo também é citado na Lei de Segurança Nacional de nº 7.170, de 1983, em

especial no artigo 20, que define o seguinte: “praticar atentado pessoal ou atos de

terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção

de organizações políticas clandestinas ou subversivas4”.

Sendo assim, o terrorismo são atos contra o Estado Democrático que utilizam o

emprego da violência sem limites tendo a sua ação dirigida a finalidade de impor o terror e

pânico a sociedade, portanto tais condutas devem ser punidas nos rigores da lei, e para

cumprir este objetivo é fundamental a eficiência da norma incriminadora.

2. A Evolução do Terrorismo

Primeiramente, cumpre apontar que a sociedade moderna está ficando cada vez mais

refém dos atentados terroristas, de modo que grupos criminosos organizados, nacionais e

internacionais acabam afrontando a sociedade.

No Brasil, especificamente em 2006, tivemos grandes manifestações intermediadas por

uma organização criminosa, o Primeiro Comando da Capital – (PCC), que colocou em prática

uma articulada ação terrorista, consistentes em vários atentados comandados por presidiários

que estavam ainda reclusos no sistema penitenciário, que levou o Governador do Estado de

São Paulo, José Serra, a pedir ajuda aos EUA5.

Em efeito, o PCC também ameaçou atacar vans, ônibus escolares, grandes colégios e

hospitais privados, fazendo com que em muitas instituições de ensino as aulas fossem

suspensas por causa do medo da violência, entretanto a Organização Criminosa, não pode ser

considerada um grupo terrorista já que os ataques são condutas isoladas e não possuem o

caráter da prática habitual cujo objetivo é desorganizar a sociedade e a tomada do poder pela

violência ilegítima.

Daí nasceu à preocupação para criar a lei antiterror no Brasil, sobre o assunto discorreu

UIRÁ MACHADO, coordenador de artigos e eventos da folha de S. Paulo:

3 Informativo nº 722, HC nº 124682. Da 2ª Turma do STF, no julgamento, PPE 730/DF em 16 de dezembro de

2014. Relator: Ministro Celso de Mello. 4 Lei de Segurança Nacional de nº 7.170, de 1983.

5 Disponível em: http://apublica.org/2011/06/serra-governador-pediu-ajuda-aos-eua-contra-ataques-de-pcc/.

Acessado em 26 de maio de 2016.

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Especialista em terrorismo pelo Colégio Interamericano de Defesa (EUA), o

major André Luís Woloszyn, 42, afirma que o PCC adota uma estratégia

terrorista em suas ações. Para ele, o combate requer a criação de leis que

definam e punam o terrorismo. Do contrário, o cenário pode piorar. A seguir,

trechos da entrevista de Woloszyn, analista de inteligência estratégica pela

Escola Superior de Guerra e especialista em ciências penais.

FOLHA - É possível considerar terrorista a estratégia do PCC?

ANDRÉ LUÍS WOLOSZYN - Sim. Uma das características das ações

terroristas é a imprevisibilidade aliada à arbitrariedade. As ações ocorrem

repentinamente em diversos locais e sem aviso prévio, o que provoca pânico

pela sensação de insegurança, fruto de uma "suposta" vulnerabilidade

permanente. Outra questão que reforça essa tese é que, no mundo, quase a

totalidade dos grupos terroristas assumem a autoria dos atentados logo após

praticá-los. Fazem isso como forma de atrair a mídia e reforçar, reafirmar o

poder que o grupo tem. Essa estratégia dificulta a ação do poder público por

sua imprevisibilidade de alvos, pela natureza indiscriminada dos ataques.

Ataques simultâneos a alvos diferentes elevam o nível de estresse das forças

policiais, que aguardam uma próxima ação em local indeterminado.

FOLHA - A Constituição já repudia o terrorismo e o considera crime

inafiançável. O que é preciso mudar?

WOLOSZYN - Não basta estar na Constituição. O legislador terá de

descrever a conduta punível na legislação penal, o que é terrorismo e quais

as práticas que são consideradas ações terroristas. Caso contrário,

juridicamente, o terrorismo não existe.

FOLHA - Podemos dizer que o PCC inaugura o terrorismo no Brasil?

WOLOSZYN - É muito cedo e muito forte afirmar que o PCC inaugurou no

Brasil o que especialistas chamam de terrorismo doméstico. Mas as recentes

investidas --com coordenação, planejamento, imprevisibilidade, grau de

violência e abrangência nas ações-- são um marco nas relações de poder-

violência e criminalidade no país. O que não podemos permitir é que esse

cenário evolua.

FOLHA - E isso passa por mudanças na legislação?

WOLOSZYN - É necessário criar uma legislação penal que defina o que é

terrorismo e quais as ações consideradas como tal. Se essas mesmas ações

fossem realizadas em países como EUA, Inglaterra, Espanha e França,

seriam consideradas "atos terroristas", e a pena seria de prisão perpétua6.

Anote-se, que o PCC possui vários objetivos por trás de suas ações criminosas, sendo

que o primeiro é a desestabilização política do governo estadual e o segundo e uma

demonstração de força, isso nada mais é do que atos de terrorismo.

Em apertada síntese, é importante mencionar que há relatos sobre a origem do

Terrorismo no século III, A.C., razão pela qual foi citado em algumas passagens de textos

bíblicos, de acordo com WOLOSZYN:

6 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u124910.shtml. Acessado em 26 de maio de

2016.

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O terrorismo como instrumento do terror é um fenômeno que remota

ao século III, a.C., citados em algumas passagens do texto bíblico,

especialmente no Antigo Testamento. Registros dão conta de que, no

ano 48 a.C., os Zelote ou “fervorosos” (grupos de revolucionários

extremistas judeus radicalmente contra a dominação romana)

iniciaram um movimento de insurreição utilizando ações terroristas7.

Segundo o autor, nesse período os objetivos dos Zelotes era defender a Terra Santa e

buscavam a liberação do julgo romano pela violência.

Entretanto, historicamente o primeiro grupo reconhecido como terrorista foi formado na

Rússia em 1879 o Narodnaya Volva (Vontade do Povo), que se baseava nas manifestações

sociais contra Czar. Sobre o assunto LARIZZATTI aponta o seguinte:

O primeiro grupo historicamente reconhecido a apontado como terrorista foi

o Narodnaya Volya (Vontade do Povo), também conhecido como

Pervomartovtsi, formado na Rússia em 1879 e que pregava o levante do

povo contra o Czar opressor. Em 1881 assassinaram o Czar Russo Alexandre

II, num atentado suicida cometido por Ignacy Hryniewiecki, mas não

obtiveram sucesso em iniciar uma revolução contra o governo, tendo a

maioria dos membros sido condenados à morte por enforcamento e

executados em 03 de abril de 1881. Influenciados pelo Narodnaya Volya, em

1880, rebeldes Armênios usaram táticas terroristas semelhantes contra o

Império Turco (...).

A partir de 1979, com a Revolução Islâmica no Irã e a criação do Estado

Islâmico pelo Aiatolá Khomeini, surgiram e se desenvolveram dois grandes

grupos terroristas, o Hezbollah e a Jihad Islâmica, que visavam a formação

de Estados Islâmicos no Líbano e Egito, respectivamente.

Em meados de 1990 desenvolveu-se o denominado narcoterrorismo,

caracterizado pelo uso do tráfico de entorpecentes para fins terroristas e

políticos, e praticado especialmente por grupos como as FARC, o Sendero

Luminoso e o Talibã.

Neste século XXI passou a imperar o Super Terrorismo, caracterizado por

atentados midiáticos como o ataque arquitetado por Osama Bin Laden e

promovido por membros da Al- Qaeda, no fatídico 11 de setembro de 2001,

quando foram lançados aviões sequestrados contra as torres gêmeas, em

Nova York e contra o Pentágono, em Washington, provocando a morte

imediata de pelo menos 2.750 pessoas. Até então a Al-Qaeda era um grupo

terrorista pouco conhecido pelo mundo. O Super Terrorismo se intensificou

através dos ataques praticados em Madri, no dia 11 de março de 2004 e em

Londres, no dia 07 de julho de 20058.

Nesse contexto, é importante destacar as palavras que Madaleine Albright, a secretária de

Estado Unidos, “enfatizou que o terrorismo constituía a mais importante ameaça que os Estados

7 WOLOSZYN, André Luís. Ameaças e desafios à segurança humana no século XXI. 2ª Ed. Rio de Janeiro:

Biblioteca do Exército - RJ. 2013. Pag. 1293. 8 LARIZZATTI, Rodrigo. Histórico Del Derecho. A Evolução do terrorismo, crime organizado e a reação do

estado. Universidad del Museo Social Argentino/UMSA. Julho de 2011. 40 fls.

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Unidos e o mundo enfrentariam no início do século XXI e altos funcionários norte-americanos

reconhecerem que os terroristas, mais do que nunca, estavam em condições de obter e usar armas

nucleares, químicas e biológicas”9.

3. Combate ao Terrorismo

Diante da atrocidade de 11 de setembro de 2001 é extremamente necessária uma

resposta internacional conjunta no sentido de prevenir, coibir e punir o terrorismo buscando

assim reduzir a vulnerabilidade dos países dos atentados praticados pelos grupos terroristas.

Nesse contexto, ressaltamos diante dos danos causados a sociedade pelos ataques de

grupos terroristas, principalmente em países como Estados Unidos, França e Inglaterra, o

terrorismo esta na pauta de discursões no Conselho de Segurança da Organização das Nações

Unidas (ONU) e reuniões de grupos de países como o G20 que representa as 20 maiores

economias do mundo, desta forma, os Países buscam medidas estratégicas e assinam

declarações conjuntas no sentido de prevenir e punir as ações de grupos terrorista no mundo,

entretanto, as resoluções, declarações conjuntas e tratados internacionais tornam-se normas

programáticas, diante da soberania da legislação penal de cada Estado.

No Brasil o artigo 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal equipara o terrorismo aos

crimes hediondos, estabelecendo ao Legislador Ordinário um mandado para criminalizá-lo,

entretanto, Destaca-se a lentidão do Estado que somente em março de 2016 aprovou a Lei

13.260/2016 (Lei Antiterrorismo), que disciplina o crime de terrorismo.

Vale ressaltar que a Lei Antiterror foi aprovada diante da pressão internacional, tendo

em vista, os diversos eventos mundiais que o Brasil será palco como, por exemplo: as

olimpíadas e paraolimpíada no ano de 2016. Além dessa pressão internacional notam-se

vestígios do cenário político atual do Estado, onde ocorreram diversas manifestações, muitas

inclusive com atos de vandalismo, tais como: atear fogo em ônibus, destruição de paradas de

ônibus, bloqueios de rodovias e milhares de pessoas em cima e em torno do palácio do

planalto. Aspectos deste crime destacando o posicionamento constitucional em relação ao

tema.

De modo que se tudo isso fosse encarado como ato terrorista estaríamos incriminando

pessoas que saíram as ruas para reivindicar seus direitos.

9 BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Geopolítica e Política Exterior. Estados Unidos, Brasil e América do Sul -

Brasília. Fundação Alexandre de Gusmão, 128 Pag. ano 2009.

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Dessa forma, devemos apreciar a Lei 13.260/2016, de acordo com o conceito analítico

de crime, dando ênfase ao aspecto jurídico. Nesse sentido nos ensina Fernando Capez, o

crime pode ser conceituado sob o aspecto analítico, uma vez que, o conceito analítico, busca

sob um prisma jurídico estabelecer os elementos estruturais do crime, com a finalidade de

proporcionar a mais justa decisão sobre a infração penal10

,

Nesse contexto, crime é todo fato típico, ilícito e culpável, portanto, a tipificação do

delito é de fundamental importância, já que segundo o artigo 5°, XXXIX, da Constituição

Federal prevê expressamente que: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem

a prévia cominação legal11

.

Neste sentido ressalta Capez, que: “a tipicidade (relação entre o tipo e a conduta) resulta

do princípio da reserva legal. Logicamente, o tipo há de ser previsto para que a ação seja bem

identificada”12

.

De acordo com o autor, o tipo penal corresponde a um fato criminoso, portanto um

molde criado pela lei, em que se está escrito o crime com todos os seus elementos, de modo

que as pessoas sabem que só cometerão algum delito se vierem a realizar uma conduta

idêntica à constante do modelo legal, dessa forma, a tipicidade consiste na justaposição entre

uma conduta na vida real e o tipo legal descrito na lei penal.

Para tanto, para se combater o terrorismo primeiramente cria-se a norma, que por sinal

já está em vigor, bem como exigir o cumprimento da norma dentro dos casos isolados

considerados terroristas.

O certo é que, o terrorismo dos novos tempos é muito perigoso. Destrói a segurança

interna de uma nação, além de minar as relações de segurança global.

É um dos grandes responsáveis por violações bárbaras a direitos humanos (junto com a

inércia dos líderes mundiais em combater a fome, pobreza e doenças banais que atingem mais

da metade do planeta) e muitas vezes é o agente causador de guerras e conflitos mundiais.

10

CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal Parte Geral, Volume 1, 10ª. Ed. São Paulo: Saraiva. 2006. p. 112 11

Constituição Federal de 1988. 12

CAPEZ, op cit. p. 185

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4. Princípios

Princípio é a base que constitui a essência dos valores fundamentais do ordenamento

jurídico, é o núcleo central do ordenamento contendo força normativa, considerando fonte

mediata do direito penal, apesar de conter um número elevado de possibilidade de

interpretação conforme o momento.

Os princípios possuem a finalidade de auxiliar na solução de casos concretos, sendo

utilizadas várias vezes diante da omissão no ordenamento jurídico servindo como direção para

o legislador, portanto, as normas incriminadoras devem estar em harmonia com os princípios,

sob pena de ser manifestar a inconstitucionalidade substancial da norma.

De acordo com os ensinamentos de Celso Antônio Bandeira de Mello, citado por Capez:

violar um principio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A

desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico

mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. È a mais grave

forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do

princípio atingido, porque representa ingerência contra todo o sistema,

subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu

arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra13

.

Nesse passo, convém lembrar que segundo Capez:

os princípios tem a função de aplicar a justiça de forma plena, e não apenas

formal, implica, portanto, aliar ao ordenamento jurídico positivo a

interpretação evolutiva, calcada nos costumes e nas ordens normativas

locais, erigidas sobre padrões culturais, Moraes e sociais de determinado

grupo social ou que estejam ligados ao desempenho de determinada

atividade14

.

Por derradeiro, verifica-se que os príncipios tem a função de orientar o legislador

ordinário, no intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante a imposição de garantias aos

cidadãos.

4.1.Princípio da Legalidade

Primeiramente, cumpre apontar que o princípio da legalidade é um dos pilares na

estrutura do direito penal, de modo que este princípio está no artigo 5º, inciso XXXIX, da

Constituição Federal “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem a prévia

cominação lega”15

.

13

CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal Parte Geral, Volume 1, 10ª. Ed. São Paulo: Saraiva. 2006 p. 8 14

Ibidem. p. 107. 15

Constituição Federal de 1988

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11

Com essa vertente do princípio da legalidade, tem-se a certeza de que ninguém será

punido por fato que, ao tempo da ação ou da omissão, era tido como um indiferente penal,

haja vista a inexistência de qualquer lei penal incriminando-o (nullum crime nulla poena sine

lege praevia).16

O princípio da legalidade se divide em quatro subprincípios: anterioridade da lei (lege

praevia); reserva legal (lege scripta); proibição de analogia in malam partem (lege stricta); e

taxatividade (lege certa)17

Dito isto, anote-se que a lei jamais poderá retroagir a fim de incriminar fatos ocorridos

anteriormente à sua vigência.

Assim, mesmo que o agente pratique um fato definido como crime pela nova lei se esta

lei ainda estiver em seu período de vacatio legis, não poderá ser responsabilizado

criminalmente.

Dessa forma, não basta a simples publicação da lei para que seja cumprida e

determinação constante do nullum crimen nulla poena lege praevia, há necessidade

inafastável da sua entrada em vigor.

A certeza da proibição somente decorre da lei, bem como afirma TOLEDO. Vejamos:

Da afirmação de que só a lei pode criar crimes e penas resulta, como

corolário, a proibição da invocação do direito consuetudinário para a

fundamentação ou gravação da pena, como ocorreu no direito romano e

medieval18

.

A fonte de conhecimento imediata do Direito Penal é a lei e sem ela não se pode proibir

ou impor condutas sob a ameaça de sanção (nunllum crime nulla poena sine lege scripta).

A anterioridade da lei penal está contido no artigo 5°, inciso XL, da CF e artigo 1º do

Código Penal, que leciona que não há crime anterior que o defina.

Dessa forma, a lei penal será aplicada aos fatos praticados somente após a lei entrar em

vigor não podendo jamais retroagir para prejudicar exceto para beneficiar o réu.

16

GRECO, Rogério. Sistema Prisional: colapso atual e soluções alternativas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Impetus,

2015. 17

ANDRÉ Estefam ; VICTOR Eduardo Rios Gonçaves, Direito Penal Esquematizado, 2ª. Ed. São Paulo:

Saraiva. 2012, p. 107. 18

ASSIS TOLEDO, Francisco. Princípios básicos de direito penal, 5ª. Ed. São Paulo: Saraiva, p. 25.

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12

Por fim, é necessário que a lei penal seja taxativa descrevendo de forma clara o ato

criminoso.

4.2. Princípio da Proporcionalidade

Segundo o Artigo 8°, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, “a

lei apenas deve estabelecer penas estritas e evidentemente necessárias e ninguém pode ser

punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente

aplicada”19

. Nesse escopo, o princípio da proporcionalidade divide-se em três requisitos,

quais sejam: a adequação, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito.

O requisito da Adequação refere-se aos meios lesivos utilizados para a consecução do

fim perseguido pela norma ao comportamento socialmente relevante baseado em algum valor

constitucional.

Desta forma, a necessidade refere-se ao fato do Direito Penal ser aplicado somente

quando os demais ramos do direito não apresentarem um solução para o problema neste caso

necessitando da tutela penal.

Como foi o caso da necessidade da criação da lei nº 13.260/2016 para tipificar a conduta

do crime de terrorismo no ordenamento jurídico brasileiro, pois não havia na legislação

nenhuma norma que tratava sobre o tema em exame.

A proporcionalidade em sentido estrito evidencia a gravidade da sanção a ser aplicada

ao crime praticado.

Corrobora para esse entendimento a obra intitulada Dos Delitos e das Penas, de autoria

do Marquês de Beccaria:

Para não ser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve ser, de modo

essencial, pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicável nas

circunstâncias referidas, proporcionada ao delito e determinada pela lei.20

Dito isto, o princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o estabelecimento de

comunicações legais que careçam de relação valorativa com o fato cometido e a aplicação da

pena.

19

Declaração de Direitos do homem e do Cidadão de 1789 artigo 8ª. 20

BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas, volume 1, 6ª Ed. São Paulo: Martin Claret. 2011.

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13

5. Direito Penal do Inimigo

Segundo André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves “o Direito Penal do Inimigo

foi apresentado em 1985 por Gunter Jakobs como uma antítese do Direito Penal do Cidadão,

que tem como objetivo garantir a eficácia da norma”21

.

Segundo o autor, essa teoria visa o intermédio de normas mais rigorosas, que permite

uma proteção mais eficaz do corpo social e tem como finalidade combater perigos a

sociedade.

O autor ainda destaca que o infrator não é considerado como sujeito de direitos, mas um

inimigo a ser eliminado e privado do convívio social, podendo ser citado a Patriot Act dos

Estados Unidos (Lei Patrióta), que visa uma proteção mais eficaz já que neste ordenamento

autoriza a detenção de pessoas por tempo indeterminado e violação dos direitos individuais

dos suspeitos de envolvimentos de práticas terroristas e a tortura como meio legítimo de

interrogatório.

Na concepção de André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves, “O Direito Penal do

Inimigo é apresentado como uma legislação de exceção; quase um estado de guerra, fundado

em normas específicas que visam o combate do inimigo e a eliminação dos perigos por ele

gerados” 22.

Dessa forma, nota-se claramente que o Direito Penal do Inimigo é incompatível com o

ordenamento jurídico do Brasil, pois a Constituição Federal Brasileira está baseada no Estado

Democrático de Direito, devendo o Estado respeitar o ordenamento jurídico e seus princípios.

De modo que a Constituição Federal Brasileira estabelece limites ao Estado este fato

assegura ao cidadão certas garantias constitucionais que sucumbem diante da teoria do Direito

Penal do Inimigo tendo como finalidade eliminar perigos, antecipar a punição baseada na

periculosidade do agente aplicar penas severas, de ter uma legislação diferenciada com a

finalidade de combate e aplicação de medidas de segurança sem ampla defesa e contraditório,

21

ANDRÉ Estefam e VICTOR Eduardo Rios Gonçalves, Direito Penal Esquematizado, 2ª. Ed. São Paulo

Saraiva. p. 167 22

Ibidem. p. 172

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14

legitimar a tortura como forma de interrogatório desrespeitando os princípios do ordenamento

jurídico estabelecido na legislação.

No entanto, Guilherme de Souza Nucci, traz uma definição bem mais precisa sobre o

direito penal do inimigo, qual seja:

Vale, em primeiro lugar, defini-lo: trata-se de um modelo de direito penal,

cuia finalidade e detectar e separar, dentre os cidadãos, aqueles que devem

ser considerados os inimigos (terroristas, autores de crimes sexuais violentos,

criminosos organizados, dentre outros)23

.

Ainda afirma NUCCI que estes não merecem do Estado as mesmas garantias humanas

fundamentais, pois, como regra, não respeitam os direitos individuais alheios. Portanto,

estariam situados fora do sistema, sem merecerem, por exemplo, as garantias do contraditório

e da ampla defesa, podendo ser flexibilizados, inclusive, os princípios da legalidade, da

anterioridade e da taxatividade.

São pessoas perigosas, em guerra constante contra o Estado, razão pela qual a eles

caberia a aplicação de medidas de segurança e seus atos já seriam passíveis de punição

quando atingissem o estágio da preparação. Admite-se, ainda, que contra eles sejam aplicadas

sanções penais desproporcionais a gravidade do fato praticado.

Entretanto, os países que sofrem atentados terroristas sempre decretam estado de

segurança máxima, o que no Brasil é denominado Estado de Sítio, nestes casos existindo a

mitigação de direitos consagrados na Constituição Federal.

6. Possibilidade de Ataques Terrorista no Brasil

Inicialmente, destaca-se que o Brasil está passivo a ataques terroristas. Nesse sentido,

corrobora para esse entendimento o que asseverou o professor DINIZ:

O Brasil pode ser alvo de atentados terroristas já que possui diversas

instalações que podem sofrer ataques de organizações terrorista, além de

possuir dificuldade nas áreas de inteligência e segurança e ser um local de

fácil entrada e saída, aliados com diversas etnias que presentes tornam nosso

território privilegiado para ações terrorista.24

.

23

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal – Parte Gera e Especial. 7ª Ed. Rio de Janeiro: RT.

2011, pag 1131. 24

http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/publicacoes-oficiais-1/catalogo/orgao-essenciais/gabinete-de-

seguranca-institucional/secretaria-de-acompanhamento-de-estudos-institucionais/ii-encontro-de-estudos-

terrorismo. Acessado em 30/11/2015.

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15

Dessa forma, citamos como exemplo, os grandes eventos de proporções mundiais como,

Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016, onde estarão grandes multidões e estarão presentes

inúmeras autoridades de toda a parte do mundo, o que tornar o Brasil um país com grande

probabilidade de ser alvo de ataques terroristas.

Em entrevista ao G1, Luiz Alberto Sallberry, diretor da Agência Brasileira de

Inteligência (Abin), afirma “que o órgão impediu ataques no país durante a Copa do Mundo

de 2014 ao identificar suspeitos e planos antecipadamente e que o nível de ameaça de uma

ação hoje no país está aumentado”25

. Dessa forma o diretor não trata o terrorismo como um

risco, mas como uma ameaça não apenas para a sociedade, como também para o Estado

Brasileiro.

Anota-se, que a tipificação do crime de terrorismo era uma obrigação que o Brasil havia

assumido, tendo em vista a possibilidade de sediar eventos internacionais, tais como Copa do

Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Vale ressaltar que até o Exército Brasileiro teme ações terroristas, diante do afastamento

da presidente Dilma Rousseff, uma vez que pode gerar um período de agitação e ações

desestabilizadoras no Brasil.

Crise – Exército teme ‘ações terroristas’

A possibilidade concreta de ataques terroristas durante as Olimpíadas, no

Rio de Janeiro, é apenas mais uma preocupação para o Exército Brasileiro.

Fontes ligadas às Forças Armadas afirmaram à DefesaNet que o clima de

tensão se agravou nas últimas horas com a saída de Dilma Rousseff.

O Batalhão de Caçapava, no Vale do Paraíba paulista, está de prontidão há

uma semana para possíveis bloqueios e ataques ao longo da Rodovia

Presidente Dutra e também expediu um comunicado de alerta para os centros

de ‘Tiro de Guerra’ para que reforcem a guarda nos depósitos de

armamentos leves.

O alvo desta vez não é o Estado Islâmico ou qualquer ação que venha do

Oriente Médio ou dos países ocupados pela Rússia ou Estados Unidos. Mas

de grupos irregulares como o colombiano, s Forças Armadas

Revolucionárias da Colômbia (FARC), que já atuou financiada por partidos

políticos de esquerda e sindicatos na desocupação pela Polícia Militar de São

Paulo da invasão numa área privada sob litígio judicial conhecida como

‘Pinheirinho’, em São José dos Campos, em 2012.

Outro grupo que tem chamado atenção são os de extrema esquerda

argentinos “La Campora”, criados pelos Governos Kirchner como elementos

25

Disponível em: http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/01/abin-diz-que-alerta-terrorista-cresceu-no-pais-e-

que-impediu-ataque-na-copa.html. Acessado em 30/11/2015.

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16

de apoio e ataque a adversários. Atualmente trabalham na desestabilização

do Governo Mauricio Macri26

.

Desde o governo Lula, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) não são

consideradas uma entidade terrorista no Brasil e nem envolvidas com narcotráfico, como já

foi declarado pelas autoridades colombianas e dos Estados Unidos.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) são consideradas uma

organização terrorista pelo governo da Colômbia, Estados Unidos, Canadá e pela União

Europeia, inclusive já tendo sequestrado e mantido em cativeiro diverso estrangeiros,

inclusive brasileiro.

Os governos do Equador, Bolívia, Brasil, Argentina e Chile não consideram

o ‘exército popular’ de vertente marxista-leninista uma entidade terrorista e a

reconhecem como legítima. Isso facilitaria em muito o trânsito dos

‘guerrilheiros’ no território do país, inclusive com recentes embates no

Acre.27

7. A importância da Internet para o Terrorismo

Na concepção de Gabriel Weimann28

, especialista em terrorismo que coordena o estudo

sobre a presença dos grupos terrorista on-line, na faculdade de Haifa, em Israel, em entrevista

a Folha.com, afirma que os ataques terroristas nos Estados Unidos em 11 de setembro ao

World Trade Center não seriam possíveis de serem realizados sem o uso da internet, esta

ferramenta foi utilizada pelos terroristas para pesquisar as rotas de vôos, comprarem as

passagens aéreas e descobrirem até quantos passageiros estariam em cada um dos quatros

aviões.

De acordo com a entrevista Weimann29

relata que quando Osama Bin Laden criou a Al

Qaeda, no Afeganistão para lutar contra a União Soviética, o terrorista sabia que para iniciar

os ataques terroristas precisavam de soluções para os seguintes problemas, quais sejam: um

exército para combater, captar recursos, tecnologia e capacidade de comunicação global.

26

Disponível em: http://www.defesanet.com.br/crise/noticia/22346/CRISE---Exercito-teme-%E2%80%98acoes-

terroristas%E2%80%99. Acessado em 10/06/2016. 27

Disponível em: http://www.defesanet.com.br/crise/noticia/22346/CRISE-Exercito-teme. acessado em 23 de

maio de 2016. 28

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2011/09/972760-internet-transformou-a-al-qaeda-em-

mcdonalds-do-terror-diz-especialista.shtml. acessado em 5/11/2015. 29

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2011/09/972760-internet-transformou-a-al-qaeda-em-

mcdonalds-do-terror-diz-especialista.shtml. Acessado em 5/11/2015.

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17

Diante de todas essas dificuldades, a internet foi à ferramenta fundamental e ideal para

solucionar todos os problemas citados acima e de grande potencial para vender o terror, fazer

a publicidade das ações terroristas, divulgar as técnicas e táticas entre os seus membros,

coletar informações para planejar as ações terroristas e fazer a publicidade divulgando as

guerras santas, recrutando pessoas para fazerem parte da rede terrorista e arrecadando fundos

para pratica das ações planejadas.

Portanto, na visão do especialista, acima citado, a Internet é usada para falar com os

mais diversos públicos e recrutar pessoas em geral, incluindo até mesmo crianças, além de ser

uma ferramenta fundamental para arrecadar fundos e coletar informações para planejar e

executar atentados terroristas.

Lado outro, a transformação da internet de uma rede de pesquisa de elite em um meio

de comunicação de massa alterou drasticamente a equação da ameaça cibernética global.

Anota-se, o que destacou o Ministro Wellington Moreira Franco, Secretario de Assuntos

Estratégicos:

O sistema global de TIC pode ser explorado por uma variedade de usuários

ilegítimos e ainda pode ser usado como uma ferramenta de agressão em

nível de Estado. Essas atividades podem ser organizadas ao longo de um

espectro de execução do crime de nível inferior, individual (hacking, por

exemplo), ou relacionadas ao comportamento dos intervenientes não estatais

e grupos (ou seja, os criminosos e terroristas), e, ainda, aos planos

orquestrados pelos governos. É importante observar que, embora este

espectro de atividades tenha mérito como um dispositivo organizacional, ele

é errado analiticamente. Esses diversos usuários da internet não se

enquadram em campos distintos e muito menos em uma hierarquia simples

de ameaças. Por exemplo, hacking pode ter uso muito grave no crime

organizado; criminalidade organizada pode ser vinculada ao terrorismo

internacional; e terrorismo pode ser usado como uma ferramenta de agressão

do Estado30

.

A internet é um sistema global das redes altamente complexo que está constantemente

evoluindo e sendo alterado, de modo que é preciso estar cada vez mais se aprimorando a

respeito da tecnologia para evitar e combater ataques em face da nossa sociedade.

Por derradeiro, finaliza-se aduzindo que o “o ensino é a chave para mudar a forma como

consideramos, planejamos e empregamos as Operações Cibernéticas Ofensivas (Op Ciber

Ofs)” 31

.

30

Desafios e Estratégias Para a Segurança e Defesa Cibernética. Secretaria de Assuntos Estratégicos – Ministro

Wellingon Moreira Franco. 31

Revista Profissional do Exército dos EUA. Setembro – Dezembro de 2014.

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18

8. Considerações Finais:

Diante do exposto, verifica-se que há necessidade do Legislador de cumprir o mandado

constitucional de criminalizar o terrorismo no ordenamento jurídico brasileiro, sob penal de

ação de inconstitucionalidade omissiva.

Ressaltamos que o Brasil diante da pressão de órgãos internacionais já que será palco

em diversos eventos mundiais como os Jogos Olímpicos e paraolímpicos que serão realizados

na cidade do Rio de Janeiro em 2016, está procurando combater o terrorismo.

Este fato pode ser comprovado com a promulgação da Lei nº 13.260/2016, que tipifica o

crime de terrorismo em nosso ordenamento jurídico. Entretanto, a presente norma não garante

o objetivo primordial do Direito Penal, que é a repressão e punição da conduta considerada

perniciosa para a sociedade.

Nesse sentido, pode-se dizer com firmeza que a Lei nº 13.260 de março de 2016, e

extremamente necessária já segue a ordem expressa na Constituição Federal para criminalizar

o terrorismo no ordenamento jurídico brasileiro. Nota-se ainda, que a vigência dessa norma

incriminadora visa atender a pressão internacional no sentido de combater o terrorismo nos

grandes eventos realizados no Brasil.

Entretanto destaca-se que a Lei 13.260/2016 não é eficaz no combate ao terrorismo e

pode não surtir os efeitos esperados pela a sociedade quando for aplicada no caso concreto.

Pois a tipificação do crime é vaga e procura defender formas de preconceito, ódio, crimes

contra a pessoa e organizações criminosas tratados em legislação especificas do ordenamento

jurídico brasileiro.

Verifica-se ainda, que a norma incriminadora não protege o Estado de Direito, que é o

elemento subjetivo da conduta terrorista, dando ênfase, a proteção das pessoas, que neste caso

são apenas ferramentas utilizadas para o crime.

Entretanto, fica evidente, que a medida da Lei Antiterror de elevar a pena não é capaz

de cumprir o objetivo primordial do Direito Penal de prevenir e punir as condutas praticadas

contra os bens jurídicos tutelados pelo Estado, tendo em vista que os atentados terroristas são

praticados mediante táticas suicidas.

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19

Vale ressaltar, que a prisão dos lideres de grupos terrorista, torna o Estado alvo direto de

atentados, além da possibilidade do contato direto com presos comuns ser uma ameaça, diante

das precárias condições do sistema carcerário brasileiro. Nesse sentido, fica evidente que os

Grupos Terroristas possuem elevado arsenal bélico, e táticas estratégicas de guerras capazes

de especializar e incentivar o uso da violência ilegítima pelo crime organizado no Brasil.

Para tanto, o que se espera é a aplicação imediata dessa Lei, bem como que a força

policial em âmbito nacional possa agir o quanto antes para evitar atos terroristas e

proporcionar um país pacífico.

Diante disso, é possível afirmar que o Estado está buscando aperfeiçoar o combate ao

terror e ao crime organizado, assim cita-se alguns grandes exemplos na tentativa de se

preparar para essa forma criminosa: o DAT (Divisão de Antiterrorismo) da Polícia Federal, a

Polícia Militar do DF (Serviço de Inteligência), o Exército Brasileiro (Forças Especiais –

Brigada de Combate ao Terrorismo situada em Goiânia), a Polícia Civil do Paraná (Grupo

TIGRE), a Polícia Civil do DF (Divisão de Inteligência), a Polícia Militar do Rio de Janeiro, a

Polícia Militar de São Paulo, a Polícia do Senado Federal (Serviço de Inteligência).

Esperamos que com a chegada dos megaeventos em nosso país, traga uma preocupação

para o Estado e entes privados no sentido de se preparem para o combate o terrorismo.

Ressaltamos que a soberania na legislação penal dos países que trata sobre o tema deve

estar de acordo com uma diretriz internacional para combater o crime, já que as diferenças

culturais, ideológicas, políticas e religiosas podem tornar o assunto contraditório e trazer

soluções diferentes e ineficazes para solucionar o problema.

Afinal, se cada país utilizar os meios que julga necessário para coibir o terrorismo

conforme os fatores descritos acima estas normas estarão fadadas ao fracasso citando como

exemplo a Lei PatriotAct, aplicada nos Estados Unidos que segue a teoria do Direito Penal do

Inimigo desenvolvida por Gunter Jakobs e tendo como adepto a essa corrente o renomado

doutrinador Eugênio Raul Zafarroni.

O Direito Penal do Inimigo é um ordenamento jurídico diferenciado com restrições de

liberdade e revogação de garantias, podendo aplicar a tortura aos acusados de crime de

terrorismo, pois são considerados inimigos no Estado. Entretanto, apesar da intervenção

americana no Oriente Médio e a morte de Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda, o fim do

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terror fica cada vez mais distante com o surgimento de novos grupos terrorismo como o

Estado Islâmico que buscam o poder através da violência ilegítima sistematizando o

terrorismo através de diversas células de ataque.

O presente Trabalho de conclusão de Curso está limitado ao terrorismo regional com a

visão política voltada para a ação do crime organizado, dessa forma, visa eliminar os atos

cruéis praticados por grupos armados e facções criminosas no Brasil, sendo estas condutas

comparadas ao terrorismo de forma equivocada além de já possuírem tipificação no nosso

sistema jurídico.

Desta forma ressaltamos ainda, que para combater de forma eficaz o terrorismo é

necessário que os Estados abdiquem de sua soberania e se submetam a uma legislação

unificada sob a supervisão de um órgão internacional com a competência para processar e

julgar este crime independente do território que o delito foi praticado.

Por derradeiro, o que realmente se espera é que não tenhamos só uma Lei que tipifique

o crime de terrorismo, mas uma norma capaz de satisfazer os anseios da sociedade, qual seja a

paz social.

Agradecimentos

Agradeço primeiramente à Deus por ter me iluminado e dado saúde e força para realizar

a concretização deste trabalho; a minha mãe Eleuza Pacheco da Silva de forma especial, Anna

Cathleen, minha orientadora, pela orientação e garantia das condições para a realização deste

trabalho.

Referências

ASSIS TOLEDO, Francisco. Princípios básicos de direito penal, 5ª Ed. São Paulo:

Saraiva. 2010.

BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas, volume 1, 6ª. Ed. São Paulo: Martin

Claret. 2011.

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Brasil e América do Sul. Fundação Alexandre de Gusmão - Brasília. 2009.

BRASIL, Constituição Federal de 1988.

BRASIL, Lei de Segurança nacional nº 7.170, de 1983.

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21

BRASIL, Lei 13.260, de 16 de março de 2016 – Regulamenta o disposto no inciso

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CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal Parte Geral, Volume 1, 10ª. Ed. São Paulo:

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Informativo nº 722, HC nº 124682. Da 2ª Turma do STF, no julgamento, PPE 730/DF

em 16 de dezembro de 2014. Relator: Ministro Celso de Mello.

Page 22: HÁ EFICÁCIA DA LEI ANTITERRORISMOnippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · 1- Aluno do Curso de Direito 2- Professora Especialista do Curso de Direito Resumo:

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