guy sorman e o excesso de governo, por josé pio martins
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8/3/2019 Guy Sorman e o Excesso de Governo, por Jos Pio Martins
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Guy Sorman e o Excesso de GovernoJos Pio Martins
Acabo de reler o livro O Estado Mnimo (1985), do escritor francs Guy Sorman. Tanto osproblemas como a capacidade dos governos em repetir erros do passado continuam osmesmos, com a agravante de conseguir pior-los.
til a leitura das idias do autor, sobretudo para os que se entristecem com a pobreza,com o sofrimento humano e com a eterna incompetncia dos governos. Infelizmente, os queprofessam f cega na capacidade do Estado de fazer o bem so os mais resistentes aoembate das idias, ainda que a humanidade esteja farta do estrago que maus governos ems polticas vm fazendo pelo planeta.
Uma crtica feita aos economistas que fracassaram na oferta de respostas para osproblemas da pobreza. A generalizao injusta. Os economistas discpulos de JohnKeynes, que acreditam na eficincia das polticas estatizantes e intervencionistas, so osprincipais responsveis pela perda de prestgio da profisso. Eles prometeram o que nopodem dar. J os liberais sempre ressalvaram que iluso esperar solues mgicas pelainterveno governamental.
Embora os socialistas e estatizantes sejam os que mais deveriam submeter suas idias ao
debate, h poucas esperanas de que o faam. Transformaram suas teorias em religio.Diante do desemprego e da pobreza, os amantes do Estado tentam convencer a sociedadede que a soluo est em mais governo, mais interveno e mais confisco do ganhoprivado. Tudo falso! A falha mais cruel dos governos est no que mais se esperava deles:usar a gigantesca tributao mundial para minorar os flagelos sociais. Os socialistas gostamde repetir que o capitalismo no consegue distribuir os frutos da prosperidade e quesomente o socialismo pode faz-lo, sem cuidar em lembrar que o socialismo s existe com aeliminao da propriedade privada, das liberdades e dos direitos individuais da pessoahumana.
A pregao socialista conseguiu um feito: de concesso em concesso, a sociedadeprivada j entrega ao governo perto de 40% de toda a produo nacional, em forma detributos. E qual o resultado? Embora se aproprie dessa montanha de dinheiro, o governono consegue fazer boa distribuio nem minorar a pobreza, e o Estado tornou-se eleprprio um problema para a sociedade, na medida em que economicamente ineficiente,socialmente cruel e eticamente corrupto.
No livro, Guy Sorman revela indignao com o Brasil que, com tanta riqueza natural,continua pobre. A seu ver no se trata de fatalidade, mas de polticas equivocadas, como ocrescimento gigantesco do Estado, que encheu o pas de mquinas burocrticas
1 Economista, professor e vice-reitor do Centro Universitrio Positivo UnicenP.
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clientelistas e empresas estatais inchadas e negligenciou o investimento social; o excesso
de regulamentao, que inibiu a criao de empresas e desestimulou a gerao de
empregos; e a exagerada interveno, que restringiu a liberdade econmica. O livro foi
publicado no Brasil meses antes da queda do muro de Berlim, em 1989. Certamente, no
podamos prever que a Constituio promulgada no ano anterior pioraria a situao ao levar
criao de mais 1.300 municpios, com toda a sorte de gastos, ineficincia e corrupo.
Sorman toca em outro ponto relevante que o terrvel mal que um governo pode impingir ao
seu povo quando destri a moeda nacional. Ele afirma, com razo, que os anos de inflao
empobreceram o pas. Como contribuintes, ns financiamos o Estado pagando tributos.
Como poupadores, o financiamos uma segunda vez pela inflao e, como trabalhadores, o
financiamos uma terceira vez pagando os encargos sociais. O esgotamento da pacincia
com a interveno exagerada do Estado, que gerou a onda liberal dos anos 80, nasceu do
desequilbrio entre os servios prestados pelo governo e o custo cobrado da sociedade.
O crescimento exagerado do tamanho do governo e a excessiva interveno na economia e
na vida das pessoas ocorreu aps a depresso de 1930, com base nas teorias do
economista John Maynard Keynes, que props a poltica de sintonia fina, pela qual o
governo deveria promover o aumento da demanda como forma de fomentar a produo e
acabar com a crise, mesmo que para isso tivesse que emitir moeda e gerar dficit pblico.
Ele dizia que, numa sociedade cheia de necessidades no-atendidas, no dava para admitir
que houvesse desocupao de pessoas e de bens de capital e que o desemprego poderia
arruinar a democracia e a liberdade. Sua preocupao era legtima, o remdio, porm, ainda
que tenha dado bons resultados no curto prazo, revelou-se um mal no longo prazo.
O pensador francs no um anarquista, que dispensa o Estado. Apenas cr que este,
conquanto necessrio para dar face humana economia de mercado, deve ficar restrito s
suas funes clssicas, especialmente s de carter social, sem exorbitar para campos
onde a intromisso do governo acaba empobrecendo a nao.
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