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GUIA PRÁTICO PARA ATENDIMENTOS POR TELEMEDICINA EM TEMPOS DE COVID-19 Carolina da Cunha Pereira França Magalhães

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GUIA PRÁTICO PARA ATENDIMENTOS POR TELEMEDICINA EM TEMPOS DE COVID-19

Carolina da Cunha Pereira França Magalhães

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Magalhães, Carolina da Cunha Pereira França

Guia prático para atendimentos por telemedicina em tempos de COVID-19 [livro eletrônico] / Carolina da

Cunha Pereira França Magalhães. -- Belo Horizonte :Editora Ampla, 2020.

PDFISBN 978-65-990646-4-7

1. Assistência médica 2. Atendimento telefônico

3. Coronavírus (COVID-19) - Epidemiologia 4. Medicina

5. Telemedicina I. Título.20-38075 CDD-610.285

Índices para catálogo sistemático:1. Telemedicina : Ciências médicas 610.285

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Ampla EditoraAvenida do Contorno 3979 - Sala 404

CEP 30110021Belo Horizonte - MG

FICHA TÉCNICA

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I. Introdução

II. O que é telemedicina, como funciona e quem pode praticá-la?

III. Quais são os benefícios da telemedicina?

IV. Telessaúde e Telemedicina são a mesma coisa?

V. Quais são as modalidades autorizadas durante a pandemia da COVID-19?

VI. Como iniciar os atendimentos por telemedicina durante a pandemia da COVID-19?

1. Definir os protocolos clínicos e serviços que poderão ser realizados por telemedicina

2. Escolher a plataforma adequada para a prestação dos serviços de telemedicina que serão

disponibilizados

3. Estabelecer diretrizes operacionais, técnicas e administrativas

4. Comunicação aos pacientes sobre o início da prestação da assistência médica remota e dos

contatos para a solicitação do serviço

5. Informações e orientações sobre a prestação de serviços de assistência médica à distância

em conformidade com o Código de Defesa do Consumidor

6. Diretrizes para a elaboração do termo de consentimento livre e esclarecido para

telemedicina

7. Certificado digital — Receituário eletrônico e atestados médicos. Como obter o certificado

ICP-Brasil?

8. Prontuário do paciente

9. Relatório de atendimento

VII. Honorários médicos e Planos de SaúdeAtendimentos particulares por telemedicina

Reembolso

Planos de Saúde

VIII. Prestação de serviços de telemedicina por pessoas jurídicas

ANEXO I - Regulamentação da telemedicina durante a pandemia da Covid-19 e legislação aplicávelANEXO II - Modelo de comunicado aos pacientesANEXO III - Modelo do TCLE para atendimento por telemedicina

SUMÁRIO

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Sendo a prática da telemedicina diferente da forma presencial de interação entre o médico e o paciente, estando sujeita, também, a limitações, é importante que os profissionais cumpram as exigências éticas e legais mínimas e que observem alguns cuidados na implementação e prestação dos serviços remotos. Aspectos relacionados à proteção de dados, definição dos critérios clínicos, operacionais e protocolos de atendimento, informações prévias necessárias, registros, formalização criteriosa de documentos, dentre outros, devem ser cuidadosamente estudados, de modo a evitar eventuais problemas relacionados à chamada “Medicina conectada”.

As diretrizes deste guia prático foram elaboradas em conformidade com os preceitos normativos e éticos existentes, para auxiliar o médico na implementação e utilização da telemedicina, entregando maior segurança jurídica para a sua atuação.¹

Por ocasião do estado de calamidade pública que se instalou no país em decorrência da Covid-19, visando a conter a disseminação do vírus e a resguardar a saúde da população, o governo federal — o Ministério da Saúde —, e o Conselho Federal de Medicina flexibilizaram a prática da telemedicina, autorizando a prestação de serviços médicos à distância, dentro dos limites previstos na legislação em vigor. A liberação dos atendimentos por telemedicina, entretanto, ocorreu em caráter excepcional, sendo válida apenas enquanto durar a pandemia do coronavírus.

A telemedicina é um método que viabiliza, por meio do uso de tecnologias da informação e comunicação, a prática do ato médico não presencial, além de possuir finalidade assistencial, de pesquisa, prevenção de doenças e promoção da saúde.

INTRODUÇÃO

GUIA PRÁTICO PARA ATENDIMENTOS POR TELEMEDICINA EM TEMPOS DE COVID-19

¹Cf. ANEXO 1 — Regulamentação da telemedicina durante a pandemia do Covid-19 e legislação aplicável.

I.

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CONFIRA OS ANEXOSacesse os modelos disponibilizados

Por sua vez, a Lei n. 13.989, de 15 de abril de 2020, dispõe: “entende-se por telemedicina, entre outros, o exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a telemedicina como “A oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde, nos casos em que a distância é um fator crítico; tais serviços são prestados por profissionais da área da saúde, usando tecnologias de informação e de comunicação para o intercâmbio de informações válidas para diagnósticos, prevenção e tratamento de doenças e a contínua educação de prestadores de serviços em saúde, assim como para fins de pesquisas e avaliações.”

Em termos simples, a telemedicina abrange atividades de pesquisa, educação, prevenção, promoção e assistência à saúde, realizadas à distância, através do uso de tecnologias de comunicação e informação auxiliares, como computadores, smartphones, sistemas de áudio, vídeo, internet, softwares, plataformas, equipamentos digitais, robôs, dentre outros.

Esse método permite que médicos prestem assistência remota aos pacientes, sempre que necessário e onde quer que estejam, proporcionando-lhes acessibilidade, economia, agilidade e eficiência aos cuidados em saúde.

A telemedicina permite, ainda, que médicos possam consultar outros profissionais especialistas, seja para esclarecimento de dúvidas ou segunda opinião médica, mesmo estando em localidades diferentes.Cabe aqui destacar que a telemedicina somente pode ser exercida por profissionais médicos capacitados e devidamente inscritos nos Conselhos de Medicina

COMO FUNCIONA E COMO POSSO APLICÁ-LA?

o que é TelemedicinaII.

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Há aqueles que precisam ser examinados pessoalmente pelo profissional em razão da necessidade de exame localizado, como é o caso de exame do abdômen total.

Há aqueles que não conhecem o médico, não têm condições de acesso fácil a um profissional da saúde, nem podem deslocar-se até um hospital. Mas que podem relatar os sintomas de sua doença para considerações por parte do médico distante.

Há pacientes que são conhecidos do profissional especializado e que já foram diagnosticados e tratados presencialmente por ele. Por algum motivo, não podem deslocar-se até o consultório ou hospital para consulta. O profissional já os conhece por consultas anteriores e podem passar uma prescrição à distância, após ouvir o relato dos sintomas.

1

A telemedicina trouxe inúmeros benefícios para pacientes, médicos e para a sociedade como um todo, sendo um método valioso para a área da saúde.

Muitos acabam associando a telemedicina à substituição de serviços e à desumanização da medicina, o que é um erro. É importante ter em mente que a telemedicina não veio para substituir a medicina presencial, mas complementá-la. A medicina humanizada, por sua vez, não está no método, nem somente no emprego dos recursos de alta tecnologia instrumental em ambientes hospitalares sofisticados, mas na pessoa de um profissional dotado das qualidades humanas de empatia, zelo e cuidado afetuoso pelo paciente que pode encontrar-se distante.

Por ser um método que possibilita a prática do ato médico, a telemedicina permite que os profissionais médicos incorporem às suas práticas recursos tecnológicos, que serão utilizados como um grande sistema de cuidados integrados visando à promoção da saúde e à prevenção de doenças.

Uma das maiores vantagens da telemedicina consiste na possibilidade da prestação dos serviços médicos a pacientes nas mais diversas situações:

OS BENEFÍCIOS DA TELEMEDICINA?quais são

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III.

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• Contenção da disseminação do Covid-19 e proteção da saúde da população.

• Complementação não presencial do cuidado presencial habitual.

• Redução de distâncias geográficas entre médicos e pacientes que vivem fora dos centros urbanos.

• Diminuição de deslocamentos de pacientes a hospitais, clínicas e consultórios.

• Acesso dos pacientes a exames em regiões desprovidas de médicos especialistas.

• Promoção e prevenção à saúde.• Exames e laudos por especialistas locais ou

à distância.• Monitoração e tratamento remotos de

pacientes crônicos.• Segunda opinião médica e

esclarecimentos.• Economia de tempo.• Agilidade.• Redução de custos.• Aumento da produtividade.• Armazenamento de informações

e documentos médicos na nuvem, mantendo-se o histórico de saúde completo do paciente.

AS VANTAGENS PROPORCIONADAS PELA TELEMEDICINAsão inúmeras

Hoje os meios de comunicação possibilitam que o paciente contacte o médico à distância, através de smartphones, sistemas de áudio, vídeo, celulares, e que relatem os sintomas da doença que o acometem. Nesses casos e em outros mais, a telemedicina pode vir em socorro.

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A telemedicina e a telessaúde são dois termos parecidos e que, muitas vezes, se confundem. Embora sejam conceitos utilizados de forma intercambiável, cada um possui particularidades e formulações distintas.

A telemedicina é uma categoria existente dentro da própria telessaúde, mas com direcionamento específico para o campo da medicina. Esse método se concentra no fornecimento de ferramentas tecnológicas adicionais, reservadas à prática médica à distância, permitindo aos profissionais a prestação de serviços remotos de assistência aos pacientes, comunicação com outros especialistas, promoção da saúde, prevenção de doenças, treinamento e continuação da educação médica.

A telessaúde, por sua vez, possui um escopo bem mais amplo de serviços remotos do que a telemedicina, pois abrange todas as áreas da saúde, como a Odontologia, Fonoaudiologia, Psicologia, Nutrição, Farmácia, etc., além de outras áreas. Ela se refere ao uso de informações eletrônicas e de recursos tecnológicos para fornecer serviços de apoio nos mais diversos campos da saúde, sejam clínicos ou não clínicos, e que incluem assistência virtual, administração de saúde, gerenciamento de suporte, literatura, saúde pública, acesso ao conhecimento por profissionais e pacientes, entre outros.

Os profissionais ligados à área da saúde, que utilizam esses termos com frequência em sua comunicação diária, devem compreender os conceitos de “telessaúde” e “telemedicina” com precisão, para evitar ambiguidades.

Embora exista essa distinção de conceitos, a telemedicina e a telessaúde são métodos destinados a aprimorar os processos de atendimento à saúde por meio de recursos tecnológicos.

SÃO A MESMA COISA?telessaúde e telemedicina

IV.

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Para que profissionais da medicina realizem à distância a orientação e o encaminhamento de pacientes em isolamento;

TELEORIENTAÇÃO

Troca de informações e opiniões entre médicos, para auxílio diagnóstico ou terapêutico.

TELEINTERCONSULTA

Ato realizado sob supervisão médica para monitoramento ou vigilância à distância de parâmetros de saúde e/ou doença.

TELEMONITORAMENTO

Consulta médica à distância, mediada por tecnologias, com médico e paciente localizados em diferentes espaços geográficos.

TELECONSULTA

Existem dois tipos de telemedicina: a síncrona (ou on line), na qual os pacientes e médico se conectam simultaneamente e interagem, em tempo real; e a telemedicina assíncrona (off line ou store and forward²), na qual os pacientes ou médicos enviam ou recebem informações, vídeos, registros ou exames não necessariamente no mesmo momento.

As ações de telemedicina de interação à distância podem contemplar atendimentos pré-clínicos, de suporte assistencial, de consulta, monitoramento e diagnóstico, por meio de tecnologia da informação e comunicação, no âmbito do SUS, bem como na saúde suplementar e privada.

A telemedicina está em constante avanço e aprimoramento, o que indica que ela veio para ficar. Ela resulta, em parte, das exigências da prática médica, que têm levado cientistas e técnicos da área a desenvolver estudos da inteligência artificial na medicina. Seu emprego, com certeza, ultrapassará os limites pontuais de crises de pandemias e outros flagelos, para se tornar procedimento normal da vida das populações.

No Brasil, com a incidência drástica da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), deu-se um passo importante, com a autorização para recorrer à telemedicina, excepcionalmente e em caráter temporário, em todas as suas modalidades, desde que de forma segura e atendendo aos preceitos éticos e demais normativas aplicáveis, adotando-se, dentre outros, os seguintes procedimentos:

QUAIS SÃO AS MODALIDADES DE TELEMEDICINA AUTORIZADAS DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19?

² Store and forward: Armazenar e encaminhar é uma técnica de telecomunicações na qual as informações são enviadas para uma estação intermediária, onde são mantidas e enviadas posteriormente para o destino final ou para outra estação intermediária.

V.

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Para que ocorra o atendimento por telemedicina, o médico deverá, antes de tudo, averiguar se o procedimento à distância convém ao paciente necessitado de socorro médico. Os requisitos clínicos apropriados ao caso devem ser cuidadosamente examinados.

Conforme mencionado anteriormente, no Brasil, a telemedicina carece de regulamentação atualizada pelo Conselho Federal de Medicina, encontrando-se autorizada, em caráter excepcional, apenas durante o estado de calamidade pública ocasionado pela pandemia do coronavírus. O governo federal estabeleceu que, após esse período, a Telemedicina deverá ser regulamentada por meio de nova lei.

Certo é que, após a regulamentação, caberá a cada especialidade médica elaborar protocolos clínicos para a prática da telemedicina, principalmente na atenção especializada, tendo em vista as limitações tecnológicas e particularidades inerentes a cada área de prática médica.

Em sendo assim, durante a pandemia do Covid-19, enquanto não estiverem estabelecidas as diretrizes referentes a cada especialidade médica, é importante que o profissional realize uma análise sobre os tipos de atendimento à distância possíveis dentro da sua área de atuação.

O médico deverá exercer o seu julgamento profissional, avaliando os limites intrínsecos do procedimento à distância, de modo a não comprometer a qualidade da sua prestação.

Para uma prática médica ética e segura, é imprescindível a criação de protocolos clínicos que incluam a condição a ser tratada, o escopo da condição e a possibilidade de tratamento por telemedicina, diretrizes necessárias para realizar o diagnóstico (quando o telefone é suficiente, versus vídeo ao vivo), documentação e tecnologias para avaliar adequadamente a condição do paciente, instruções para prescrições médicas, dentre outros.

DEFINIR PROTOCOLOS CLÍNICOS E SERVIÇOS QUEPODERÃO SER REALIZADOS POR TELEMEDICINA

01

Esse passo a passo para o médico iniciar os atendimentos remotos durante a pandemia da Covid-19 se baseou em uma visão holística da telemedicina e dos aspectos jurídicos que abarcam a responsabilidade médica.

Neste momento, a situação da comunidade médica é mais vulnerável, justamente pela ausência de regulamentação em diversos aspectos dos serviços prestados por telemedicina. Por ser um assunto relativamente novo, o maior risco para os profissionais está em implementar a telemedicina com o emprego de recursos de comunicação inadequados para esse tipo de serviço.

As considerações abaixo não constituem regras, mas, sim, orientações para a prática da telemedicina com ética, responsabilidade e segurança, de modo a evitar eventuais problemas legais relacionados à responsabilidade profissional.

OS ATENDIMENTOS POR TELEMEDICINADURANTE A PANDEMIA DA COVID-19?

como iniciarVI.

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NÃO SE DEVE PRATICAR A TELEMEDICINA NOS SEGUINTES CASOS:

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• Em condições clínicas possíveis de serem atendidas, tratadas ou acompanhadas virtualmente.• Em situações em que os serviços por telemedicina são apropriados.• Com utilização de recursos tecnológicos seguros para a prestação de serviços médicos remotos. • Com critérios mínimos a serem observados pelo paciente para um atendimento seguro e de qualidade por telemedicina (exemplo: o paciente deve possuir determinado software instalado; câmera de vídeo).

• Em procedimentos difíceis de realizar ou que apresentam riscos para o paciente, se prestados por telemedicina.• Em casos em que a consulta presencial é necessária.• Com limitações dos recursos tecnológicos para o caso.• Em razão da complexidade da condição de saúde de determinados pacientes.• Em procedimentos que podem ou devem ser adiados durante a pandemia do covid-19.• Em casos de urgência ou emergência que devam ser encaminhados de imediato para instituições de saúde. • Em casos com implicações éticas e legais e outros.

A partir dessa verificação, o profissional poderá definir, previamente, de acordo com o contexto, o escopo dos serviços médicos apropriados a serem oferecidos, como consultas, orientações, acompanhamento, reavaliação, elaboração de laudos, além de estabelecer contextos em que não será possível o atendimento remoto.

*Este item abarca algumas diretrizes gerais básicas, sendo recomendável que o médico crie protocolos clínicos e técnicos detalhados para cada condição que pretende tratar.*Os fatores acima são exemplificativos, mas poderão contribuir para essa análise.

PODE-SE PRATICAR A TELEMEDICINA:

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Após definir os protocolos clínicos para os atendimentos por telemedicina, o médico deverá escolher as plataformas que lhe permitam tratar o paciente de forma segura.É preciso ter em mente que o respeito à privacidade e à confidencialidade das informações é o que norteia a relação médico paciente, sendo um dever legal e ético imposto ao profissional da saúde, independentemente da modalidade do serviço prestado.

A Lei n. 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados), cuja vigência foi prorrogada para agosto de 2022, estabelece um rol exaustivo de medidas que visam à preservação do sigilo sobre dados pessoais, determinando a aplicação de multas altíssimas para casos de uso indevido ou vazamento de informações dos titulares de dados, inclusive de pacientes. O uso indevido é entendido como a violação ao dever de cuidado na coleta, armazenamento, uso ou descarte de dados pessoais.

Ainda que tenha sido autorizado, excepcionalmente, durante a pandemia do Covid-19, qualquer tipo de atendimento por telemedicina em que o exame físico presencial não seja indispensável para conclusão diagnóstica e terapêutica, permanece o dever de cuidado dos médicos quanto ao uso de tecnologias da informação e comunicação que garantam a integridade, segurança e o sigilo das informações dos pacientes, principalmente as de caráter pessoal.

O médico lida com informações sensíveis do paciente e deve se esforçar para adaptar as estruturas existentes de guarda do segredo médico às situações novas.A plataforma de telemedicina deve ser segura para o médico e para o paciente, mas é o profissional quem irá eleger a tecnologia que garanta a proteção dos dados de saúde, sendo, portanto, ética e legalmente responsável pelos riscos associados à troca e exposição de informações nesse ambiente.

Genival Veloso de França (2019, p. 158)3 é incisivo nesse aspecto: “Quanto maior for o número de informações manipuladas num programa de computador, maior será o risco da proteção da confidencialidade, através da quebra do sigilo de fatos que normalmente se quer preservar. Não existe nenhuma informação que não traga consigo uma série de consequências”.

De acordo com o professor Dr. Chao Lung Wen, médico da Universidade de São Paulo (USP), com atuação em telemedicina desde 1998, líder do grupo de pesquisa da USP em telemedicina e health no CNPq/MCTICO, o padrão recomendado para a transmissão de dados no Brasil segue as normas HIPAA Compliance (informação verbal)4. A sigla derivada do termo inglês Health Insurance Portability and Accountability Act - HIPAA, se refere à lei norte-americana de Portabilidade e Responsabilidade de Seguro Saúde, que estabelece um conjunto de padrões de segurança para proteger informações de saúde.

ESCOLHER A PLATAFORMA ADEQUADA PARA A PRESTAÇÃO DOSSERVIÇOS DE TELEMEDICINA QUE SERÃO DISPONIBILIZADOS

02

3FRANÇA, Genival Veloso de. Direito Médico – 16 ed – Rio de Janeiro: Forense 2020.4WEN, Chao Lung. Webinar: “Como implementar a telemedicina com tecnologia,

segurança e ética médica”, no dia 06/05/2020. Disponível em www.chaowen.med.br

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A lista abaixo inclui algumas plataformas digitais compatíveis com o HIPAA e pode ser verificada no site da Health Information Privacy dos Estados Unidos da América :

• Skype for Business / Microsoft Teams.• Updox.• VSee.• Zoom for Healthcare.• Doxy.me.• Google G Suite Hangouts Meet..• Cisco Webex Meetings / Webex Teams• Amazon Chime.• GoToMeeting.• Spruce Health Care Messenger.

Para garantir o sigilo das informações do paciente, é importante que a plataforma escolhida e executada obedeça a medidas de criptografia ou segurança necessárias para manter a privacidade. Ressalta-se que as plataformas que atendem aos protocolos HIPAA são as mais adequadas, motivo pelo qual o médico deverá verificar no contrato do fornecedor de serviços se a tecnologia ofertada atende aos padrões HIPAA Compliance.

A maior parte das plataformas gratuitas, como o Skype (gratuito), o Facebook Messenger, o Whatsapp e o Zoom (gratuito) não atendem ao protocolo HIPAA.

• Controle de acesso e de autenticação.• Criptografia e descriptografia (endereçável) de dados.• Certificação e assinatura digital (integridade).• Segurança de Firewall..• Sistemas com controles de auditoria• Logoff automático.• Armazenamento dos Dados (em nuvem; proibição de armazenamento local)• Armazenamento de dados permanente.• Portabilidade (Regras de Portabilidade que garantam a transferência dos dados a outro servidor, mantendo-se o sigilo).• Compatibilidade da tecnologia para que seja possível a portabilidade sem a perda dos dados. • Cláusula de Confidencialidade. • Cláusula de Responsabilidade.• Cláusula proibitiva de alteração unilateral da Política de Privacidade.• Outros.

É recomendável que o médico tenha o auxílio de um especialista em direito digital para a análise de cada um desses pontos do contrato, sob o enfoque técnico, ético e legal, de modo a se resguardar juridicamente. Assim, ele poderá se cercar e certificar de que a empresa fornecedora atende a todos os fundamentos que embasam a segurança de dados do paciente, garantindo a privacidade e confidencialidade das informações de saúde.

O atendimento por mídias sociais, entre outras ferramentas de comunicação que não garantam sigilo, confidencialidade ou a proteção de dados, poderá ensejar a responsabilidade civil, penal, ética e administrativa do médico, caso ocorra o vazamento de informações relacionadas ao paciente.

Embora o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina tenham afrouxado as regras para a prática da telemedicina durante a pandemia da Covid-19, é necessário que os profissionais da saúde empreguem — com responsabilidade, segurança e ética — todos os esforços para garantir a qualidade do cuidado e assistência aos pacientes.

Feito isso, é imprescindível que o médico verifique no contrato se os Termos e Condições de Uso do fornecedor do serviço abordam algumas questões legais e requisitos técnicos mínimos, como:

5Disponível em: https://www.hhs.gov/hipaa/for-professionals/special-topics/emergency-preparedness/notification-enforcement-discretion-telehealth/index.html - Acesso em: 22/5/2020.

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Além dos protocolos clínicos destinados à análise e definição dos serviços médicos que poderão ser oferecidos por telemedicina, o médico deverá estabelecer algumas diretrizes técnicas e administrativas para operacionalizar os atendimentos.

Essa medida se impõe, até mesmo, em razão das orientações e informações sobre o serviço que deverá ser previamente disponibilizado pelo médico ao paciente que manifestar interesse no atendimento por telemedicina.

As diretrizes abaixo são exemplificativas e deverão ser definidas de acordo com os critérios do profissional:

• Definir o fluxo dos atendimentos e os respectivos protocolos.• Definir um local apropriado para os atendimentos, onde o paciente também poderá encontrar o médico caso deseje o atendimento presencial.• Funcionários envolvidos.• Diretrizes para pacientes novos.• Diretrizes para pacientes em acompanhamento.• Diretrizes para pacientes crônicos.• Protocolos para identificação do paciente e documentação necessária.• Pré-triagem e triagem do paciente.• Registros de exames.• Documentos e informações. • Protocolos a serem seguidos nos casos de atendimentos por planos de saúde.• Ferramentas de tecnologia e suporte.• Verificação junto ao paciente das ferramentas necessárias para o atendimento por telemedicina.• Anamnese.• Diagnóstico.• Relatórios, etc.

ESTABELECER DIRETRIZES OPERACIONAIS,TÉCNICAS E ADMINISTRATIVAS

03

COMUNICAÇÃO AOS PACIENTES SOBRE O INÍCIO DA PRESTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA MÉDICA REMOTA E DOS CONTATOS PARA SOLICITAÇÃODO SERVIÇO (E-MAIL, WHATSAPP, SMS, SITE, ETC...)

04

Por se tratar de um tema relativamente novo, é importante que os pacientes tomem conhecimento do atendimento médico à distância, por telemedicina. Para isso, o ideal é o envio de uma comunicação, de caráter informativo, com a observância das condições autorizadas durante a pandemia.

A título de exemplo, apresentamos no anexo um modelo de comunicação, que poderá ser enviado aos pacientes.

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(*Recomenda-se que essas informações sejam previamente enviadas, por escrito, aos pacientes que se interessarem pelo serviço de telemedicina).

Ao receber a solicitação de atendimento por telemedicina, é importante que o profissional ou o setor administrativo do estabelecimento de saúde envie, por escrito, ao paciente solicitante informações gerais sobre a forma de prestação dos serviços, tais como: • Agendamentos.• Valores.• Formas de pagamento.• Tecnologias necessárias empregadas para a prestação do serviço.• Procedimentos a serem observados nos atendimentos por planos de saúde.• Políticas de reembolso.• Exames laboratoriais necessários.• Limites da prestação dos serviços por telemedicina.• Consultas de retorno.• Política de cancelamento.• Possibilidade de gravação do atendimento para integrar o prontuário do paciente.• Casos especiais e outros em que o serviço não poderá ser prestado• Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o atendimento por telemedicina.• Termo de Declaração contendo informações sobre a relação das pessoas que residem com o paciente (nos casos de indicação de isolamento por suspeita da COVID-19).• Condições gerais, etc.

INFORMAÇÕES E ORIENTAÇÕES SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA À DISTANCIA EMCONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

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Justifica-se o envio dessas informações preliminares ao paciente ou seu responsável por se tratar de uma modalidade nova de prestação de serviços médicos não presencial e cujas características são pouco conhecidas.

O envio das orientações prévias sobre o funcionamento dos serviços de telemedicina leva ao conhecimento do paciente informações claras e adequadas sobre o serviço que está sendo disponibilizado, com suas características, objetivos, qualidades, valores, disponibilidade e regramentos, assegurando-lhe a liberdade de escolha numa contratação justa.

Com o paciente devidamente informado sobre o funcionamento e condições do atendimento à distância, poderão ser evitadas possíveis alegações de falha na prestação do serviço, permitindo que o paciente, conhecedor dos termos, condições e alternativas informados, decida pelo o que melhor lhe satisfaz.

Essas informações — que dizem respeito ao modus operandi, condições e especificidades dos atendimentos por telemedicina — não se confundem com o Termo de Consentimento Informado ou Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que integra o processo de esclarecimento e diálogo genuíno entre o médico e o paciente acerca de um tratamento ou procedimento proposto.

O Termo de Consentimento Informado Livre e Esclarecido para Telemedicina deverá ser enviado em um segundo momento, quando o paciente, efetivamente, solicitar o agendamento do atendimento. Este passo será relatado com detalhes no capítulo “Termo de Consentimento Informado, Livre e Esclarecido” deste trabalho.

Ao enviar, antecipadamente, ao paciente as orientações sobre o funcionamento dos serviços de telemedicina, o médico garantirá a transparência na prestação dos serviços, cumprindo com o dever de informação e com a boa-fé objetiva, que regem as relações contratuais e de consumo. Assim, poderá evitar eventuais questionamentos posteriores sobre pagamentos, remarcação, cancelamento, impedimentos técnicos para a realização do atendimento à distância, dentre outras possíveis alegações sobre vícios do serviço.

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Após a marcação, deverá ser encaminhado pelo médico, com antecedência, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Telemedicina, para que o paciente realize a análise, conheça e compreenda os termos do serviço de assistência médica à distância a ser prestado.

No caso da telemedicina, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -(TCLE) não será aprovado pelo paciente mediante a assinatura de documento físico, mas, sim, de forma eletrônica Por esse motivo, nos atendimentos online, é imprescindível que o documento seja coletado com cuidados redobrados, e não de forma genérica, de modo a demonstrar a manifestação inequívoca da vontade do paciente. Caso não sejam observados os requisitos para a elaboração do TCLE, exigidos para os atendimentos à distância, poderá ocorrer a alegação de vícios de consentimento e, consequentemente, o TCLE será considerado nulo ou inexistente.

Somado a isso, a Lei n. 13.709/18 – Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) veda a autorização genérica e sem restrições para o tratamento de dados, sendo, portanto, necessária a autorização para coleta e armazenamento de dados para finalidades específicas, nos moldes ditados pela LGPD, em especial dados de saúde.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Telemedicina não se confunde com o Termo de Consentimento para a realização de tratamento ou procedimento clínico. Para cada ato médico, deverá haver um consentimento individual e específico.

O médico deverá, ainda, repassar os termos do documento com o paciente, certificando-se de sua compreensão. As dúvidas do paciente deverão ser esclarecidas e, caso não estejam descritas no documento, poderão ser registradas no termo a ser assinado ou confirmado por ele, bem como no prontuário médico.

Embora a praxe seja o envio das orientações por escrito, o médico poderá considerar, também, a possibilidade de gravação e envio de um vídeo explicativo e de fácil compreensão pelo paciente.

A título de exemplo, apresentamos em anexo um modelo de Termo de Consentimento Informado, Livre e Esclarecido para telemedicina, que poderá ser utilizado e adaptado para cada paciente.

DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DO TERMO DECONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA TELEMEDICINA

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Embora não seja obrigatório, o certificado digital ICP-Brasil é uma ferramenta importante para a oferta de serviços médicos, principalmente de telemedicina, funcionando como a identidade da pessoa física ou jurídica no meio virtual.

A Portaria 467 do Ministério da Saúde6, que dispõe sobre os serviços de telemedicina e telessaúde durante a pandemia do COVID-19, contempla a emissão de receitas e atestados médicos à distância, com observância às exigências previstas na legislação sanitária, e desde que estejam assinados com certificado digital no padrão da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras, fornecedora de certificados no padrão ICP-Brasil.

A medida veio como alternativa para, em alguns casos, evitar a saída das pessoas de casa e reduzir a propagação da COVID-19, de maneira que o paciente não precise se deslocar até o consultório médico para realizar a consulta e nem à farmácia para comprar o medicamento indicado. Nos atendimentos realizados à distância, o médico que possuir o certificado digital ICP-Brasil poderá emitir a receita ou o atestado com a utilização da assinatura eletrônica, não havendo, em tese, a necessidade da entrega física do documento.

Os certificados digitais são vendidos por diversas empresas certificadoras, licenciadas pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), unidade responsável pela criação da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil. Com eles, o médico elabora a receita ou o atestado e insere um código eletrônico, que possui a mesma validade de sua assinatura original (manual), gerando um documento eletrônico que goza de presunção legal de veracidade, autenticidade, não repúdio por parte de quem o assinou, além de integridade e confidencialidade.

O arquivo da receita ou o atestado digital deverão possuir um código/chave, e a verificação da autenticidade do documento poderá ser feita no próprio sistema da Autoridade Certificadora (AC), informada na receita ou no atestado, ou por meio do acesso ao verificador de conformidade, disponível no site www.verificador.iti.gov.br.Nos termos da MPV nº 2.200-2/2001, que instituiu a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil, a assinatura eletrônica será aceita, desde que a farmácia ou drogaria disponha de recurso para consultar o documento original eletrônico, o qual é presumidamente válido.

CERTIFICADO DIGITAL - RECEITUÁRIO ELETRÔNICOE ATESTADOS MÉDICOS

07

6PORTARIA Nº 467, DE 20 DE MARÇO DE 2020. Dispõe, em caráter excepcional e temporário, sobre as ações de Telemedicina, com o objetivo de regulamentar e

operacionalizar as medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional previstas no art. 3º da Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de

2020, decorrente da epidemia de COVID-19. Disponível em: www.planalto.gov.br Acesso em: 22/5/2020.

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Alguns laboratórios já aceitam pedidos de exames com a assinatura eletrônica do médico. No entanto, o paciente deverá verificar essa possibilidade junto ao laboratório.

Antes de iniciar os atendimentos por telemedicina, o médico deverá comunicar ao paciente que existe a opção do envio das receitas médicas ou atestados por e-mail, whatsapp, dentre outros meios, advertindo-o de que o uso dessas ferramentas pode não ser totalmente seguro. É imperioso que o paciente informe ao médico como deseja receber o documento e que autorize o envio pelo meio indicado, podendo fazê-lo no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A Cédula de Identidade Médica Digital (CRM Digital) já possui o chip criptográfico para certificação digital. Entretanto, para a habilitação do certificado digital e utilização da assinatura eletrônica nos sistemas de informação, o médico deverá procurar uma Autoridade Certificadora (AC), devidamente licenciada pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), unidade responsável pela criação da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil, para que ela faça a ativação.

Para obter o certificado digital, o médico deverá realizar a solicitação no site da autoridade certificadora escolhida, podendo fazê-lo para pessoa física ou jurídica. A própria autoridade certificadora fornecerá as informações de que necessita para a emissão do certificado, tais como, dados cadastrais, valores, documentos obrigatórios, equipamentos (software, leitora de cartão), requisitos de segurança e agendamento para a realização do processo de identificação do usuário.

Até então, o processo de identificação para confirmação da identidade do usuário era realizado apenas mediante o seu comparecimento presencial. No entanto, por ocasião da pandemia do COVID-19, foi promulgada a Medida Provisória nº 951, de 15 de abril de 2020, autorizando a emissão remota dos certificados digitais padrão ICP-Brasil, com a condição de que se atendam aos critérios e garantias de segurança de nível equivalente à identificação presencial, observadas as normas técnicas do ICP-Brasil.

De acordo com a nova regra, a partir de agora a identificação do usuário passa a ser admitida, também, por outra forma que não a presencial, desde que atenda ao nível de segurança equivalente ao presencial e que esteja em consonância com as regras ditadas pelo ICP-Brasil (videoconferência, por exemplo).Após essa etapa, verificados todos os documentos e confirmada a identidade do solicitante, o certificado será disponibilizado para o médico iniciar a utilização da assinatura digital ICP-Brasil7.

COMO OBTER O CERTIFICADO DIGITAL ICP-BRASIL?

7Regulamentação ICP-Brasil: Medida Provisória 2.200-2/001; MP 915/2020.

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É fundamental que o médico tenha em mente que o registro das informações do paciente deverá ser o mais completo possível.

O médico é obrigado a registrar em prontuário físico ou eletrônico o atendimento realizado, podendo anexar prints de tela e/ou e-mails impressos, bem como gravações de áudios.

O prontuário deverá ser preenchido em ordem cronológica.No atendimento à distância são importantes os seguintes registros no prontuário do paciente:

• Identificação da instituição prestadora do serviço, com o respectivo número de registro. • Identificação do médico prestador do serviço, com o respectivo CRM.• Identificação dos profissionais presentes e envolvidos no atendimento. • Identificação e dados do paciente (inclusive documento de identificação).• Identificação do acompanhante (quando for o caso).• Registro da data e hora do início e encerramento definitivo do serviço prestado por telemedicina.• Plataforma e tecnologia escolhida para a realização do atendimento.• Tipologia da consulta (programada/urgente).• Identificação da especialidade.• Motivos do atendimento.• Observações/ dados clínicos.• Diagnóstico.• Decisão clínica/terapêutica.• Identificação de encaminhamentos clínicos.• Dados relevantes.• Prescrição Médica.• Anexar o Sumário/Relatório do atendimento enviado ao paciente.• Anexar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.• Registro de Dúvidas do Paciente• Gravação das consultas de vídeo, com consentimento. • Prints ou impressão das telas, caso o serviço tenha sido prestado por texto.• Registro e armazenamento dos áudios.• Produção de relatório que contenha toda informação clínica relevante, validado pelos profissionais responsáveis pelo caso.• Encaminhamento ao paciente de cópia do relatório, assinado pelo médico assistente.

As gravações de áudio e vídeo do atendimento e os prints das telas não substituem os registros em prontuário.

Em razão da pandemia do coronavírus, as informações de todos os pacientes com sintomas gripais devem ser registradas no prontuário, com o correto uso do CID. A classificação deverá ser feita de forma distinta para síndromes gripais inespecíficas, específicas ou para a COVID-19.

PRONTUÁRIO DO PACIENTE08

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O relatório do atendimento é uma espécie de resumo do atendimento realizado pelo médico, em que o profissional poderá registrar informações clínicas, orientações e dados relevantes da consulta, para envio ao paciente no final do atendimento.

ATENDIMENTOS PARTICULARES POR TELEMEDICINA• Os honorários médicos dos atendimentos realizados por telemedicina podem ser fixados de acordo com os critérios definidos pelo médico e deverão ser informados previamente ao paciente.• O valor dos honorários, a forma de pagamento e a política de cancelamento também deverão ser informados previamente ao paciente no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.• O paciente deverá ser informado previamente sobre a política de cancelamento e política de reembolso/ressarcimento pelo plano de saúde• Caso o paciente não aceite a cobrança dos honorários médicos através da telemedicina, deve recorrer à consulta presencial ambulatorial ou hospitalar.

REEMBOLSOSe o médico prestador de serviço não pertencer à rede de atendimento do plano de saúde, o paciente beneficiário poderá ser atendido, pagando o valor do atendimento particular, para depois pedir o reembolso junto à operadora, se o contrato permitir essa opção. De acordo com a Agência Nacional de Saúde (ANS):„Caso o plano do beneficiário tenha previsão de livre escolha de profissionais, mediante reembolso, o atendimento realizado por meio dessa modalidade também

RELATÓRIO DO ATENDIMENTO09

O atendimento por telemedicina é um ato médico e segue o mesmo padrão de atendimento aplicável a uma consulta presencial, motivo pelo qual ocorrerá a cobrança normal dos honorários médicos.

Os serviços de telemedicina poderão ser prestados por meio de planos de saúde ou de forma particular, em conformidade com as determinações dos respectivos conselhos regulamentadores das profissões de saúde e por intermédio de ajustes bilaterais entre as operadoras de planos de saúde e os prestadores de serviços de saúde integrantes da rede assistencial.

HONORÁRIOS MÉDICOS E PLANOS DE SAÚDEVII.

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PLANOS DE SAÚDEÉ reservado ao médico o direito de escolher o regime de atendimento quando estiver atuando de forma particular. Contudo, ao optar pelos atendimentos por meio dos planos de saúde, o profissional deverá observar os termos pactuados no contrato com a operadora do plano, tendo em vista a existência de normas e regras que regulam essa modalidade de atendimento.

A ANS advertiu que a utilização desse tipo de serviço não depende de alteração contratual para se adequar às regras de celebração de contratos entre operadoras e prestadores de serviços, em especial as dispostas nas resoluções normativas n° 363 e 364, de 2015. No entanto, para que os atendimentos sejam feitos por meio de telemedicina, é preciso prévio ajuste entre as operadoras e os prestadores de serviços integrantes de sua rede, como, por exemplo, troca de e-mail e troca de mensagem eletrônica no site da operadora que permita: (i) a identificação dos serviços que podem ser prestados por telessaúde/telemedicina; (ii) os valores que remunerarão os serviços prestados nesse tipo de atendimento e (iii) os ritos a serem observados para faturamento e pagamento destes serviços; (iv) a manifestação inequívoca da vontade de ambas as partes.

A ANS destaca que “o paciente beneficiário deve ser orientado a entrar em contato com sua operadora de plano de saúde para que verificar se o estabelecimento e/ou profissional no qual pretende ter atendimento está credenciado para realização de procedimentos e serviços via telemedicina. Não estando, a operadora deverá lhe indicar um profissional ou estabelecimento habilitado na rede credenciada do plano para este tipo de atendimento. Caso o plano do beneficiário tenha previsão de livre escolha de profissionais, mediante reembolso, o atendimento realizado à distância deverá ser reembolsado na forma prevista no contrato”.

Segundo a ANS, essas regras para os atendimentos por telemedicina e telessaúde “irão perdurar enquanto o país estiver em situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN). Dessa forma, caso os atendimentos através de telessaúde continuem autorizados pela legislação e regulação nacional após este período, será necessário ajustar os instrumentos contratuais que definem as regras para o relacionamento entre operadoras e prestadores de serviços de saúde”.

“A ANS chamou atenção também para o fato de que a telessaúde é um procedimento que já tem cobertura obrigatória pelos planos, uma vez que se trata de uma modalidade de consulta com profissionais de saúde. Por isso, no entendimento da agência, não há motivo para se falar em inclusão de procedimento no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Em consequência, os profissionais devem observar as normativas dos conselhos profissionais de Saúde e/ou do Ministério da Saúde” 8.

8Disponível em: http://www.ans.gov.br/aans/noticias-ans/coronavirus-covid-19/coronavirus-todas-as-noticias/5479-alerta-da-ans-cuidados-com-a-saude-nao-

podem-parar – Acesso em: 29/05/2020.

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As pessoas jurídicas poderão prestar serviços de telemedicina desde que:• Tenham sede em território brasileiro.• Que estejam inscritas no cadastro de pessoa jurídica do Conselho Regional de Medicina (CRM) do estado em que estão sediadas, com a respectiva responsabilidade técnica de um médico regularmente inscrito no Conselho onde está registrada.• Mediante a apresentação da relação dos médicos componentes de seus quadros funcionais.

No caso de sedes ou filiais, elas deverão estar inscritas no CRM da jurisdição onde estão situadas, com a respectiva responsabilidade técnica.

O médico poderá assumir a responsabilidade técnica por até duas empresas ou filiais.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TELEMEDICINAPOR PESSOAS JURÍDICAS

VIII.

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Carolina Magalhães

Carolina da Cunha Pereira França Magalhães é advogada associada do escritório França Magalhães e Advogados Associados – Attorneys at Law, desde o ano de 2005, com atuação nas áreas de Direito Contratual, Direito Médico e da Saúde. Pós-graduada em Direito Civil e Direito Processual Civil e especialista em Direito da Medicina pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), em Portugal. É membro da World Association for Medical Law (WAML) e autora do blog Direito Médico (http://direitosdomedico.com.br).

CAROLINA MAGALHÃESsobre a autora

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ANEXO I

ANEXO II

ANEXO III

REGULAMENTAÇÃO DA TELEMEDICINA DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

MODELO DE COMUNICADO AOS PACIENTES

MODELO DO TCLE PARA ATENDIMENTOS POR TELEMEDICINA

P.23

P.26

P.27

LISTA DE ANEXOS:

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REGULAMENTAÇÃO DA TELEMEDICINA DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Para a produção deste guia foram consideradas as seguintes normativas:

• Declaração de Tel Aviv Sobre Responsabilidades e Normas Éticas na Utilização da Telemedicina - (Adotada pela 51ª Assembleia Geral da Associação Médica Mundial, em Tel Aviv, Israel, em outubro de 1999).

• Lei 13.979/2020 - (Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019).

• Lei 13.989/2020 – (Dispõe sobre o uso da telemedicina durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2).

• MP Nº 2.200-2/2001 - (Institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, transforma o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação em autarquia, e dá outras providências).

• Lei 12.682/2012 - (Dispõe sobre a elaboração e o arquivamento de documentos em meios eletromagnéticos).

• Lei 13.709/2018 – Lei Geral de Proteção de Dados (Vigência Prorrogada para Agosto de 2022)

• Lei 13.787/2018 - (Dispõe sobre a digitalização e a utilização de sistemas informatizados para a guarda, o armazenamento e o manuseio de prontuário de paciente).

• Lei 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor

• Lei 10.406/2002 – Código Civilespecíficas ou para a COVID-19.

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CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

• Resolução CFM 2217/2018 - Código de Ética Médica

• Resolução CFM 1.627/2001 – (Define e regulamenta o Ato Médico)

• Resolução CFM 1.638/2002 – (Define prontuário médico e torna obrigatória a criação da Comissão de Revisão de Prontuários nas instituições de saúde).

• Resolução CFM 1.639/2002 (REVOGADA PELA RESOLUÇÃO CFM 1821/2007) – (Aprova as „Normas Técnicas para o Uso de Sistemas Informatizados para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico”, dispõe sobre tempo de guarda dos prontuários, estabelece critérios para certificação dos sistemas de informação e dá outras providências.

• Resolução CFM 1643/2002 - (Define e disciplina a prestação de serviços através da Telemedicina)

• Resolução CFM 2.107/2014 - (Define e normatiza a Telerradiologia e revoga a Resolução CFM nº 1890/09, publicada no D.O.U. de 19 janeiro de 2009, Seção I, p. 94-5p).

• Resolução CFM 2227/2018 (REVOGADA) - (Define e disciplina a telemedicina como forma de prestação de serviços médicos mediados por tecnologias. [Revoga a Resolução CFM nº 1643/2002]

• Resolução CFM 2228/2019 - (Revoga a Resolução CFM nº 2.227, publicada no D.O.U. de 6 de fevereiro de 2019, Seção I, p. 58, a qual define e disciplina a telemedicina como forma de prestação de serviços médicos mediados por tecnologias, e restabelece expressamente a vigência da Resolução CFM nº 1.643/2002, publicada no D.O.U. de 26 de agosto de 2002, Seção I, p. 205).

• Resolução CFM 1.821/2007 - (Aprova as normas técnicas concernentes à digitalização e uso dos sistemas informatizados para a guarda e manuseio dos documentos dos prontuários dos pacientes, autorizando a eliminação do papel e a troca de informação identificada em saúde).

• Ofício CFM 1.756 de 19 de março de 2020 - (Reconhece a possibilidade e a eticidade da utilização da Telemedicina, em caráter de excepcionalidade e enquanto durar as medidas de enfretamento ao coronavírus - COVID-19)

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MINISTÉRIO DA SAÚDE

• Portaria MS Nº 188, de 3 De Fevereiro De 2020 - (Declara Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN) em decorrência da Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV).

• Portaria MS Nº 356, de 11 de março de 2020 – (Dispõe sobre a regulamentação e operacionalização do disposto na Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que estabelece as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (COVID-19).

• Portaria MS Nº 454, de 20 de março de 2020 – (Declara, em todo o território nacional, o estado de transmissão comunitária do coronavírus (covid-19).

• Portaria MS Nº 467, de 20 de março de 2020 – (Dispõe, em caráter excepcional e temporário, sobre as ações de Telemedicina, com o objetivo de regulamentar e operacionalizar as medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional previstas no art. 3º da Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, decorrente da epidemia de COVID-19).

AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

• Nota Técnica ANS Nº 3/2020/DIRAD-DIDES/DIDES

• Nota Técnica ANS Nº 4/2020/DIRAD-DIDES/DIDES

• Nota Técnica ANS Nº 7/2020/GGRAS/DIRAD-DIPRO/DIPRO

ANVISA

• Resolução - RDC Nº 357/2020 - (Estende, temporariamente, as quantidades máximas de medicamentos sujeitos a controle especial permitidas em Notificações de Receita e Receitas de Controle Especial e permite, temporariamente, a entrega remota definida por programa público específico e a entrega em domicílio de medicamentos sujeitos a controle especial, em virtude da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) relacionada ao novo Coronavírus - SARS-CoV-2).

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Prezado Sr. (Sra.) _____________________________.

Esperamos que V. Sa. esteja tomando todas as precauções para se proteger do coronavírus.

Preocupados com a saúde e segurança de nossos pacientes e com o bem-estar coletivo, seguindo as recomendações das autoridades de saúde pública, implementamos algumas medidas para diminuir o risco de disseminação da infecção pelo Covid-19.

Considerando a necessidade de diminuir a exposição das pessoas ao vírus e de reduzir a velocidade de contágio, optamos por suspender preventivamente as consultas e procedimentos médicos não urgentes, até novo aviso das autoridades de saúde competentes.

Cientes de que a saúde de nossos pacientes exige cuidados e atenção, implementamos, em caráter excepcional e temporário, ações adicionais para cumprir com o nosso compromisso ético e garantir que os nossos pacientes tenham acesso aos nossos cuidados durante a pandemia do Covid-19. Para isso, estamos iniciando a prestação de serviços de assistência médica à distância, com o uso de ferramentas de telemedicina e telessaúde, autorizada pelo Ministério da Saúde e conselhos de Medicina.

Caso V. Sa. precise dos nossos cuidados, pedimos a gentileza de entrar em contato conosco através dos telefones ___________________ para obter detalhes, inclusive quanto aos valores da consulta, ferramentas e plataformas de atendimento utilizadas para comunicação, bem como horários de atendimento.

A assistência médica à distância possui limitações técnicas, éticas e de segurança, que eventualmente podem impossibilitar a realização do atendimento.

Pacientes que necessitem de atendimento de urgência ou apresentem piora dos sintomas presentes devem procurar imediatamente os serviços de saúde.

Todos os atendimentos e consultas realizados por meio das ferramentas de telemedicina e telessaúde serão gravadas e anexadas ao Prontuário Médico do paciente.

Agradecemos sua compreensão e paciência durante este período desafiador, enquanto nos esforçamos para cuidar de sua saúde e bem-estar, limitando a disseminação do Covid-19.

Local e data

Atenciosamente,

Dr (a).CRM

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TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO, LIVRE E ESCLARECIDO PARA TELEMEDICINA

(Modelo elaborado para serviços médicos prestados por Telemedicina durante a Pandemia da Covid-19).

Este Termo de Consentimento Informado, Livre e Esclarecido tem por objetivo informar ao paciente sobre os métodos de tratamento, riscos e limitações dos atendimentos realizados à distância, por meio de dispositivos e ferramentas de telemedicina.

PACIENTE

Nome do Paciente:

Data de Nascimento: Nacionalidade:

Estado Civil: Profissão:

Documento de Identidade: CPF:

Endereço: Cidade: Estado: CEP:

E-mail:

Telefone Celular: Telefone Fixo:

RESPONSÁVEL

Nome do Paciente:

Data de Nascimento: Nacionalidade:

Estado Civil: Profissão:

Documento de Identidade: CPF:

Endereço: Cidade: Estado: CEP:

E-mail:

Telefone Celular: Telefone Fixo:

Eu ______________________________, na qualidade de paciente (ou representante legal do paciente), declaro quanto segue:1. Foi-me informado que a telemedicina é um método que viabiliza, por meio do uso de tecnologias da informação e comunicação (dispositivos eletrônicos auxiliares, como computadores, smartphones, sistemas de áudio, vídeo, internet, softwares, plataformas, equipamentos digitais, robôs, dentre outros) a prestação de assistência médica ao paciente que está fisicamente distante do médico.

2. Declaro ter ciência de que, por ocasião do estado de calamidade pública que se instalou no mundo em decorrência da Covid-19, visando a conter a disseminação do vírus e resguardar a saúde da população, o governo brasileiro, o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina flexibilizaram as regras para a prática da telemedicina, autorizando a prestação de serviços médicos à distância, em caráter excepcional, apenas enquanto durar a pandemia do coronavírus.

3. Compreendo que os atendimentos por telemedicina não substituem o atendimento presencial e o relacionamento com o meu médico.

MÉDICO ASSISTENTE

Nome do Médico:

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4. Foi-me explicado que a principal diferença entre os atendimentos por telemedicina e a prestação dos serviços na forma presencial é a impossibilidade de contato físico com o paciente. Consequentemente, os atendimentos por telemedicina podem não ser apropriados para alguns casos.

5. Estou ciente de que caberá ao médico avaliar se as minhas necessidades específicas são apropriadas ou não para o atendimento por telemedicina.

6. Fui informado de que, em casos de urgência ou agravamento do meu estado de saúde, devo procurar, presencial e imediatamente, os serviços de saúde de urgência e emergência.

7. Concordo que o médico poderá realizar o encaminhamento do meu caso para um serviço de saúde ou, se for o caso, recomendar o isolamento.

8. Declaro ter ciência de que, para o atendimento por telemedicina, poderá ser necessária a realização de exames complementares de avaliação, às minhas custas.

9. Entendo que o teleatendimento é um ato médico e que segue o mesmo padrão de atendimento aplicável a uma consulta presencial, motivo pelo qual ocorrerá a cobrança normal dos honorários médicos.

10. Concordo que pagarei pelo atendimento por telemedicina, agendado para o dia ______________, os honorários médicos correspondentes a uma consulta, no valor de R$ ______________. *(Inserir a política de consultas de retorno)

11. Declaro que compreendi que a consulta por telemedicina é agendada e não garante ao paciente o direito ao atendimento por tempo indeterminado ou à disposição do médico em outros horários não acordados previamente entre as partes.

12. Comprometo-me a prestar ao meu médico todas as informações possíveis sobre o meu estado de saúde, não omitindo nenhuma informação, desconforto, dor, sintoma ou conduta por mim praticada. Tenho ciência de que a precisão dessas informações é de extrema importância para o teleatendimento, principalmente em razão da ausência de avaliação e exame físico presencial pelo médico.

13. Fui informado sobre as plataformas e tecnologias necessárias para os atendimentos à distância e sobre as limitações existentes quanto à segurança das informações e sigilo dos meus dados pessoais.

14. Aceito que, para o atendimento por telemedicina, seja utilizada a plataforma/tecnologia __________________________. *(Inserir o nome da plataforma ou tecnologia utilizada no atendimento)

15. Estou ciente de que existem limitações e riscos potenciais ao uso das tecnologias, incluindo interrupções da transmissão, interceptações, falhas e dificuldades técnicas, que fogem ao controle do médico.

16. Fui informado, igualmente, que podem ocorrer atrasos na avaliação e no atendimento médico em razão das deficiências ou falhas dos equipamentos.

17. Nos casos em que for constatado que o uso da tecnologia e/ou conexão por videoconferência ou áudio não são adequados, eu ou meu médico poderemos interromper a assistência por telemedicina e tomar outras providências para prosseguir com o atendimento.

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18. Entendo que as leis que protegem a privacidade e a confidencialidade das informações de saúde se aplicam aos serviços de telemedicina. Em casos raros os protocolos de segurança podem falhar, causando violação da privacidade das informações médicas do paciente.

19. Entendo que tenho o direito de recusar o atendimento e que posso suspender ou retirar meu consentimento para o uso da telemedicina no curso de meus cuidados, a qualquer momento, por qualquer motivo ou sem motivo, sem afetar meu direito a cuidados ou tratamentos futuros.

20. Fui informado de que poderei revogar o meu consentimento, efetuar alterações, atualizações, correções e supressões, a qualquer momento, por meio do telefone ___________________ ou pelo e-mail __________________. * (O médico deverá preencher estes campos)

21. Fui alertado de que auxiliares podem estar presentes durante a consulta para operar as tecnologias de telemedicina e que serei informado da presença deste(s) auxiliar(es) e dos seus dados de identificação, podendo concordar ou discordar de sua presença. Fui informado de que terei o direito de solicitar o seguinte ao meu médico: (a) que o auxiliar se retire do local de atendimento; (b) que o médico não mencione detalhes específicos do meu histórico médico/exame que sejam pessoalmente sensíveis a mim; (c) que encerre a consulta a qualquer momento. *(Caso o auxiliar esteja presente, informar: nome completo; concordância ou discordância do paciente; se for o caso, opção do paciente - itens a, b ou c)

22. Declaro ter sido informado de que os dados do atendimento serão registrados em meu prontuário médico e de que tenho o direito de acesso a eles a qualquer momento.

23. A entrega do material físico de solicitação de exames, receituário, atestados médicos, relatórios e demais documentos médicos a terceiros deverá ser previamente autorizada por mim, em formulário próprio e específico para este fim. Declaro que fui informado e concordei que os custos do envio destes documentos por meio de serviços de entrega serão de minha responsabilidade.

24. Declaro, igualmente, que fui informado de que os resultados dos atendimentos por telemedicina podem não ser aqueles esperados por mim, não se tratando de obrigação de resultado do profissional.

25. Autorizo, caso necessário, o envio de e-mail como forma de comunicação e remessa de informação, ciente dos riscos e limitações existentes quanto à segurança das informações e sigilo dos meus dados pessoais. Os e-mails deverão ser enviados para: ______________________ (o paciente deverá informar o e-mail).

26. Autorizo a gravação de áudio/voz/imagem e texto do atendimento pelo meu médico. Os arquivos com as respectivas gravações passarão a integrar o meu prontuário médico.

27. Declaro, ainda, que o Dr. __________________ explicou-me no início do atendimento sobre o serviço médico por telemedicina que receberei e que me foram dadas oportunidades suficientes para esclarecer as minhas dúvidas e/ou preocupações, que confirmo terem sido satisfatoriamente abordadas e confirmadas quando da assinatura deste Termo de Consentimento Informado, Livre e Esclarecido. Também confirmo que compreendo a natureza geral do atendimento à distância proposto, os benefícios, limitações, possíveis riscos, bem como as alternativas, e que li e compreendi os esclarecimentos que me foram prestados.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________*(Em caso de dúvidas o paciente deverá preencher este campo)

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28. Declaro que responderei rigorosamente a todas as perguntas sobre a minha saúde e quaisquer problemas que me afetam.

29. Confirmo estar em pleno gozo de minhas faculdades mentais, livre de qualquer erro, dolo ou coação.

30. Confirmo que li, compreendi, estou de acordo e a minha declaração é verdadeira. Consinto com a realização do atendimento por telemedicina. Declaro que, ao optar pelo atendimento, assumo, por minha própria conta e risco todo e qualquer resultado ocasionado e que a omissão de informações prestadas por mim poderá implicar em efeitos secundários, razão pela qual assumo todas e quaisquer responsabilidades.

31. Declaro que este documento deverá ser assinado por mim, digitalizado e enviado ao médico, responsabilizando-me por manter a via original em guarda, como fiel depositário do documento, por tempo indeterminado.

32. Assim, nesses termos, expresso o meu consentimento para o atendimento por Telemedicina.

____________________ (cidade), ___ de __________ de 202__:

Nome do paciente:RG do Paciente:CPF do Paciente:

__________________________Assinatura do Paciente

ESPAÇO DO MÉDICO ASSISTENTE

Certifico por este meio que realizei uma consulta detalhada com o paciente ___________________________ e que expliquei os benefícios e os riscos associados ao atendimento por telemedicina, bem como as suas alternativas. Respondi às perguntas que o paciente colocou em relação ao atendimento à distância e considero que o paciente compreende completamente as informações que lhe foram transmitidas. Para o atendimento por Telemedicina será utilizada a plataforma ____________________.

_______________ (cidade), ___ de __________ de 202__:

Nome do médico:CRM:Assinatura do(a) profissional(a): ________________________________________