guia de sobrevivÊncia na disciplina de metodologia do trabalho cientÍfico - jakson alves de aquino
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Universidade Estadual do Ceará
Disciplina: Metodologia do Trabalho Científico
GUIA DE SOBREVIVÊNCIA
NA DISCIPLINA DE
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Jakson Alves de Aquino
Fortaleza
Julho de 2002
1
SUMÁRIO
PROGRAMA DA DISCIPLINA ................................................................................. 2
OBJETIVO ................................................................................................................... 2
METODOLOGIA ......................................................................................................... 2
AVALIAÇÃO .............................................................................................................. 2
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ................................................................................ 3
ORIENTAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA......... 5
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ....................................................................... 5
FICHAMENTO ............................................................................................................ 6
PROBLEMA DA PESQUISA ...................................................................................... 6
JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 7
METODOLOGIA ......................................................................................................... 7
CUIDADOS FORMAIS COM A REDAÇÃO .............................................................. 8
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................................................................. 11
ANEXOS
EXEMPLO DE CAPA PARA A VERSÃO FINAL DO PROJETO ............................. 12
EXEMPLO DE LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ............................................. 13
COMO EVITAR PLÁGIOS ........................................................................................ 14
2
PROGRAMA DA DISCIPLINA
OBJETIVO
Familiarizar os alunos com a prática de realização de trabalhos científicos.
METODOLOGIA
Aulas expositivas, trabalhos em equipe (em sala de aula), orientações para construção de projetos de pesquisa individuais.
AVALIAÇÃO
Serão atribuídas notas de 0 a 10 a cada um dos vários trabalhos a serem entregues ao longo do semestre e, a partir de tais notas, serão calculados os valores do 1o e do 2o NPC.
A nota do 1o NPC obedecerá à seguinte fórmula:
onde:
L = Levantamento Bibliográfico com Pergunta de Partida F = Fichamento P = Prova escrita.
Fórmula da nota do 2o NPC:
sendo:
onde:
P = 1 ponto a ser somado à média ponderada das notas obtidas nos diversos trabalhos. Somente terá direito a esse ponto o aluno que entregar a versão final do projeto, desde que entregue também, novamente, as versões ante-riores das diversas partes tal como lhe terão sido devolvidas depois de cor-rigidas.
P = Problema da Pesquisa B = Bibliografia M = Metodologia J = Justificativa
1o NPC = 3L + F + 5P 9
2o NPC = N1 + N2 _______ 2
10P + B + 4M + 3J N1 = P + 18
N2 = versão final do projeto
3
Esclarecimentos:
• A Bibliografia deverá ser entregue juntamente com o Problema da Pesquisa; na versão final ela, obviamente, comporá as últimas páginas do Projeto.
• Caso o resultado da fórmula seja superior a 10, o aluno ficará com nota 10 no 2o NPC e a pontuação excedente será considerada inexistente.
• Como não serei capaz de lembrar de tudo que li e de todas as observações que fiz nos trabalhos, a primeira versão de cada uma das partes do projeto deverá ser no-vamente entregue para que eu possa avaliar o progresso alcançado entre as versões primeira e final.
Observações gerais:
• Qualquer um dos trabalhos terá sua nota reduzida em 1/3 de ponto por cada dia de aula de atraso na entrega.
• As notas de 1o e de 2o NPC serão arredondadas em meio ponto.
• Se eu perceber e conseguir comprovar que houve plágio em qualquer uma das eta-pas do Projeto de Pesquisa, a nota do 2o NPC será ZERO. Não haverá segunda chance de fazer o projeto ou qualquer prova ou trabalho para recuperar a nota.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Unidade I — Técnicas Úteis em Pesquisa
Leitura Obrigatória
LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Maria de A. Metodologia do trabalho científico. 4a ed. São Paulo: Atlas, 1992. p. 51-72 e 177-195.
Unidade II — Projeto de Pesquisa
Leitura Obrigatória
CRUZ Neto, Otávio. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, Maria C. de S. Pesquisa social: teoria método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994. p. 51-66.
DESLANDES, Suely F. A Construção do projeto de pesquisa. In: MINAYO, Maria C. de S. Pesquisa social: teoria método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994. p. 31-50.
QUÍVY, Raymond; CAMPENHOUDT, Luc Van. A pergunta de partida. In: ————. Manual de investigação em ciências sociais. Lisboa: Gradiva, 1992. p. 27-44.
Unidade III — Elementos de Epistemologia
Leitura Obrigatória
DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1987. p. 13-82.
KÖCHE, José. Fundamentos de metodologia científica. 19a ed. Petrópolis, 1997. p. 67-79.
RUDIO, Franz V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 9-38.
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Bibliografia Complementar:
BUNGE, Mario. La ciencia: su método y su filosofía. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1995.
GONDIM, Linda M. P. (org.). Pesquisa em ciências sociais: o projeto da dissertação de mestrado. Fortaleza: EUFC, 1999.
HEGENBERG, Leônidas. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. 2a ed. São Paulo: EPU/Editora da Universidade de São Paulo, 1973.
GUIMARÃES, Alba Zaluar. Desvendando máscaras sociais. 2ª edição, Rio de Janeiro: Fran-cisco Alves, 1980.
NAGEL, Ernest. La estructura de la ciencia: problemas de la lógica de la investigación científica. Buenos Aires: Paidos, 1968.
NOGUEIRA, Oraci. Pesquisa social. São Paulo: Ed. Nacional, 1968.
SELLTIZ, C. laire; JAHODA, Marie; DEUTSCH, Morton; COOK, Stuart. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Herder, 1971.
5
ORIENTAÇÕES PARA REALIZAÇÃO
DO PROJETO DE PESQUISA
Um projeto de pesquisa pode ser feito em vários formatos. Nesta disciplina de Meto-
dologia do Trabalho Científico, ele deverá constar das seguintes partes: “Capa”, “Sumário”,
“Justificativa”, “Problema da Pesquisa”, “Metodologia” e “Bibliografia”.
A seguir, encontram-se algumas orientações para a realização de algumas das tarefas
acima. Mas, ATENÇÃO, as orientações são incompletas: Este texto é apenas um suplemento
às aulas e à bibliografia indicada no programa da disciplina.
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
O Levantamento Bibliográfico consiste numa lista de textos que se pretende ler. De-
vem constar do Levantamento Bibliográfico, prioritariamente, livros, teses, monografias e
artigos de periódicos científicos encontrados nas bibliotecas universitárias. Artigos de jornais
ou revistas direcionados ao público leigo também podem ser incluídos, mas deve-se ter clare-
za de sua limitação como fonte de discussão teórica ou mesmo como fonte fidedigna de in-
formação.
O levantamento bibliográfico feito nas bibliotecas pode ser complementado por pes-
quisa na Internet. Para tanto, segue abaixo uma lista de endereços e mais algumas informa-
ções que podem ser úteis:
CNPq: www.cnpq.br (procure o banco de dados da Plataforma Lattes)
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: www.ipea.gov.br/
Web of Science: http://webofscience.fapesp.br/ (só funciona se o servidor utilizado for
a UECE)
IBGE: www.ibge.gov.br
Google: www.google.com
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Critérios para a Correção do Levantamento Bibliográfico
Condição Número de Pontos
Entre 1 e 3 títulos 4,0
Entre 4 e 8 títulos 6,0
Entre 9 e 11 títulos 8,0
12 ou mais títulos 10,0
Sem Pergunta de Partida -1,0
Fora da ordem alfabética -1,0
Sem localização das obras -1,0
Sem capa -1,0
Capa com dados insuficientes -0,5
Sem numeração das páginas -0,5
Com margens inadequadas -0,5
Nenhum livro -1,0
Nenhum artigo de periódico acadêmico -1,0
Nenhuma monografia ou dissertação ou tese -1,0
Com referências em desacordo com as regras Entre -0,5 e -3,0
Observações:
1) Artigos de jornais, revistas não acadêmicas (Veja, Isto É, Época, Superinteres-sante etc.) e textos da Internet podem ser incluídos no Levantamento Bibliográ-fico, mas não contam pontos.
2) Se entre livros, artigos de periódicos científicos, monografias, dissertações e te-ses não encontrar 12 títulos, pense na conveniência de mudar o tema da pesqui-sa.
3) Entre os anexos, encontra-se um exemplo de Levantamento Bibliográfico (que,
se eu fosse corrigir, receberia nota 6,0).
FICHAMENTO
A memória humana é limitada. Alguém que, durante uma pesquisa de 1 ou 2 anos leia
algumas dezenas de artigos de periódicos, livros, monografias, teses, etc. certamente não será
capaz de lembrar em qual trecho de qual texto estava qual informação. Na verdade, esta pes-
soa provavelmente esqueceria muitas informações importantes se não as registrasse. Mas
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fazer anotações sem método também pode não resolver o problema. É preciso organização,
pois de nada adianta fazer anotações se no momento de redigir o relatório de pesquisa não se
souber onde elas estão. O fichamento é uma técnica de pesquisa que permite a organização de
uma grande quantidade de informação que, de outra forma, seria muito mais difícil de manu-
sear.
Recomendo para esta disciplina que seja feito um fichamento por assunto, no qual o
pesquisador (você) determina quais assuntos deverão ser tratados para tentar responder sua
pergunta de partida. No fichamento por assunto, citações, resumos e comentários de vários
textos de diversos autores são reunidos numa única ficha sempre que o pesquisador os classi-
fica como pertencentes a um mesmo assunto. Já as anotações feitas a partir de um único texto
são registradas em fichas separadas se o pesquisador considerar que tratam de assuntos
diferentes.
PROBLEMA DA PESQUISA
É onde o pesquisador diz o que já sabe sobre o objeto e o que ainda precisa ser pesqui-
sado. Nesta parte do projeto, deve-se:
• Contextualizar o objeto.
• Delimitar o objeto.
• Situar o problema em relação a outros trabalhos pertinentes ao tema.
• Apresentar afinidades e divergências com outros trabalhos.
• Mencionar lacunas de outros trabalhos que se pretende preencher.
• Indicar quais perspectivas teóricas prometem ser mais relevantes para a pesqui-sa (ou seja, indicar qual será o quadro referencial teórico).
• Indicar categorias e conceitos a serem utilizados na análise.
METODOLOGIA
Na Metodologia, o pesquisador relata o que pretende fazer para conseguir responder às
questões levantadas no Problema da Pesquisa. Para tanto, a Metodologia deve conter:
• Uma breve apresentação dos principais questionamentos realizados no Proble-ma da Pesquisa.
• Uma previsão de quais leituras serão feitas e quais diferentes teorias terão que ser confrontadas. (Não uma lista de livros como no Levantamento Bibliográfi-co, mas uma menção às correntes de pensamento que serão conhecidas em maior profundidade durante a pesquisa: Exemplos: teorias neoliberais, social-democratas e socialistas; visões elitista e pluralista do poder, etc...).
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• Se a pesquisa não for apenas bibliográfica, uma descrição de como serão cole-tados os dados da realidade empírica específica (ou seja, como será realizada a Pesquisa de Campo). O pesquisador deve dizer se planeja fazer:
• Observações Participantes: o que será observado, com qual freqüência, em qual lugar e quando? Você identificar-se-á aos “observados” ou procurará passar despercebido?
• Entrevistas: De que tipo serão? Depoimentos, histórias de vida, entrevistas estruturadas, entrevistas semi-estruturadas? Quantas e quais pessoas serão entrevistadas? Em qual seqüência?
• Questionários: Como será o questionário? Como foi calculada a amostra à qual será aplicado o questionário?
• Explicação de como a metodologia empregada será adequada à resolução dos questionamentos feitos no Problema da Pesquisa.
• Apresentação de um Cronograma das atividades a serem realizadas. Exemplo:
2002 2003
Atividade J F M A M J J A S O N D J F M A
Pesquisa bibliográ-fica e documental
Realização de Observações Parti-cipantes
Realização das Entrevistas
Redação final da Monografia
JUSTIFICATIVA
A Justificativa é um texto pessoal, sem citações, no qual podem ser encontradas res-
postas para perguntas tais como as seguintes:
• Qual a relevância do tema escolhido?
• Por quais motivos pessoais você escolheu este objeto para pesquisar? O que despertou o seu interesse por ele? Qual a sua experiência prévia com o objeto?
• De que modo esta pesquisa contribuirá para um melhor conhecimento do fe-nômeno estudado? Como este trabalho poderá ser útil a futuros pesquisadores?
• De que forma esta pesquisa contribuirá para testar as teorias que serão utiliza-das ou para testar a teoria que você está elaborando?
• Como esta pesquisa poderá contribuir para se pensar em soluções para o pro-blema estudado?
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CUIDADOS FORMAIS COM A REDAÇÃO
Tudo o que não for texto seu deve vir entre aspas (acompanhado da devida referência
no sistema autor-data-página). Além disso, mesmo que não se trate de citações literais, é bom
que, ao longo do texto, sejam feitas referências aos autores de onde foram retiradas as idéias
ou informações que estão sendo apresentadas. Caso estes cuidados não sejam tomados, o
trabalho será considerado um plágio e o aluno será punido com uma redução drástica em sua
nota. Dependendo da gravidade do plágio, será atribuída nota ZERO ao projeto de pesquisa
inteiro (mesmo que somente uma de suas partes contenha cópia de outros trabalhos). (Para
maiores detalhes, ver o anexo Como evitar plágios).
Tenha sempre em mente que um projeto de pesquisa não é uma pesquisa concluída.
Nunca diga que foi bom ter feito o trabalho, que aprendeu muito etc. Sempre diga que está
sendo bom, que está aprendendo muito etc. e que ainda há muito a pesquisar.
As orientações aqui contidas, quando se tratarem de técnicas de digitação, referem-se
ao processador de texto Word.
As linhas deverão ter espaçamento 1,5 e, para evitar que os parágrafos fiquem muito
próximos uns dos outros, pode-se acrescentar um espaço de “6 pontos” depois de cada pará-
grafo. Para formatar todos os parágrafos simultaneamente, selecione todo o texto (pressione a
tecla CTRL e, sem soltá-la, tecle T) e clique em Formatar/Parágrafo...
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Faça parágrafos independentes para citações com mais do que 3 linhas. Tais parágra-
fos deverão ser recuados à direita e a letra utilizada deverá ser menor. Exemplo:
O capital social é o conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma
rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de inter-
reconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como conjunto de agentes
que não somente são dotados de propriedades comuns (...), mas também são unidos por liga-
ções permanentes e úteis (Bourdieu, 1998:67).
Para deixar o parágrafo com a formatação acima, basta mover, com o mouse, as setas
(pequenos triângulos) da régua do Word, que ficam logo acima da página em branco em que
você escreve:
Evite aspas viradas para o lado errado (exemplo: ”avesso”) e espaços desnecessários,
como este , antes de vírgulas, pontos ou de fechamento de parêntesis.
Para configurar a página, clique em Arquivo/Configurar página... e formate as mar-
gens em 3 cm para esquerda, 2 cm para os outros três lados e 1 cm para cabeçalho e rodapé.
Na mesma caixa de diálogo, clique na orelha “Tamanho do Papel” e ajuste as dimensões para
que correspondam ao papel que você está usando.
Insira números nas páginas, clicando em Inserir/Números de páginas... Os problemas
de impressão serão menores se for feita a opção “Posição: Início da página (cabeçalho)” e se
for desmarcada a caixa “Mostrar número na primeira página”.
Para que a numeração do trabalho não se inicie a partir da capa, ainda na caixa de diá-
logo de inserção de número de página (figura acima), clique no botão “Formatar...” e escolha
a opção “Iniciar em: 0”.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
GONDIM, Linda M. P. (org.). Pesquisa em ciências sociais: o projeto da dissertação de mestrado. Fortaleza: EUFC, 1999. MINAYO, Maria C. de S. Pesquisa social: teoria método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994. SELLTIZ, C. laire; JAHODA, Marie; DEUTSCH, Morton; COOK, Stuart. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Herder, 1971.
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EXEMPLO DE CAPA PARA A VERSÃO FINAL DO PROJETO
Universidade Estadual do Ceará
Curso: História
Disciplina: Metodologia do Trabalho Científico
Professor: Jakson Alves de Aquino
Projeto de Pesquisa:
TRABALHO E ÓCIO NO CEARÁ DO INÍCIO DO SÉCULO XX
Astrogildo Matarazzo
Fortaleza
Dezembro de 2001
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EXEMPLO DE LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
PERGUNTA DE PARTIDA:
Quais interesses foram contemplados ao serem tomadas, no âmbito do Gover-
no Estadual, as decisões políticas que levaram à construção da refinaria de pe-
tróleo e do novo porto no Ceará?
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
ABU-EL-HAJ, Jawdat. Neodesenvolvimentismo no Ceará: autonomia empresarial e
política industrial. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 28, n. 3, p. 327-45,
jul/set 1997. [Biblioteca do BNB].
BOTELHO, Dermatone Coelho. Ajuste fiscal e reforma do Estado: o caso do Ceará.
1994. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade Federal do Ceará, Forta-
leza. [UFC, CAEN, 339.522 B761a].
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Brasí-
lia: Ed. Universidade de Brasília, 1981. [Obra adquirida].
MILLS, C. Wright. A elite do poder. 3a ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. [UFC, CH,
320 M596e].
MARTIN, Isabela. Os empresários no poder: o projeto político do CIC (1978-1986).
Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto do Ceará, 1993. [Obra adquirida].
MEAGLIA, Piero. Democracia e intereses en Kelsen. Revista Mexicana de
Sociología, México, ano XLIX, nº 2, p. 3-20, abr-jun de 1987. [UFC, CH, prateleira
4].
ROCHA, Francisco José Sales. Dinâmica industrial do Nordeste: porque as trajetó-
rias de crescimento entre os Estados diferem? 1993. Dissertação (Mestrado em
Economia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza [CAEN, 338.09813 R573d].
SAMPAIO Filho, Dorian. A industrialização do Ceará: empresários e entidades.
1985. Dissertação (Mestrado em Economia) – Fundação Getúlio Vargas, São Paulo.
[UFC, CAEN, 378.1057 S182i].
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COMO EVITAR PLÁGIOS
Jakson Alves de Aquino
Universidade Estadual do Ceará, 13 de outubro de 2001
O que me motivou a escrever este texto foi não ter encontrado nada em português tra-
tando explicitamente do problema do plágio. Tudo a que tive acesso foi a alguns artigos em
inglês disponíveis na Internet. Todos eles fazem uma abordagem parecida do assunto, embora
nem todas as idéias sejam encontradas em todos os artigos. Neste texto, apresento meu pró-
prio resumo do que considerei ser mais importante sobre o tema. Se aqui houver alguma
novidade em relação aos demais artigos será apenas na forma como procuro, no último pará-
grafo, justificar uma punição rigorosa para os casos de plágio.
Alguns cuidados que podem ser tomados
A não ser que haja indicação do contrário, presume-se que tudo o que se encontra num
texto tenha realmente sido pensado e escrito originalmente por seu autor. O plágio ocorre
quando uma pessoa apresenta como sendo suas as idéias ou palavras de outros autores. O não
reconhecimento das fontes utilizadas, algumas vezes, é feito propositalmente, mas, outras,
deve-se à desinformação sobre como não incorrer nesse erro.
Sempre que uma frase ou uma expressão tiver sido copiada de um outro texto, deverá
ser apresentada entre aspas e deverá ser seguida de referência à fonte, seja em nota de rodapé
ou entre parêntesis pelo sistema autor-data-página. Se forem utilizadas as idéias do outro
autor, mas não suas palavras, obviamente não será necessário o uso de aspas; continua, entre-
tanto, sendo obrigatório fazer referência à fonte.
Não é, entretanto, preciso indicar a fonte de onde se obteve argumentos e informações
que sejam conhecidos por todas as pessoas que costumam realizar pesquisas em uma determi-
nada área. É desnecessário, por exemplo, dizer que, segundo Thomas Skidmore, os militares
tomaram o poder no Brasil no ano de 1964. Neste caso, aliás, não é preciso nem ser historia-
dor profissional para ter conhecimento deste fato. No caso de pesquisadores que se iniciam
em um tema novo, como é o caso de todos os alunos do primeiro semestre da graduação,
ainda será novidade muito do que para os especialistas pertence ao conhecimento comum. Em
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caso de dúvida se algo pertence ou não ao conhecimento comum, faça referência, pois o
excesso de zelo é, no máximo, considerado um pecadilho enquanto que o plágio é uma falta
grave.
Um erro comum, e que também constitui plágio, é o de se fazer referência à fonte so-
mente uma vez, levando o leitor a supor que somente as idéias de um parágrafo ou de uma
frase foram tomadas emprestadas quando na verdade vários parágrafos estão em débito com
uma mesma obra. Para deixar claro que as idéias de vários parágrafos foram encontradas em
um mesmo texto, poderá ser necessário fazer referência à fonte a cada parágrafo. Para deixar
claro que todas as idéias de um parágrafo foram retiradas de um determinado texto, pode-se,
por exemplo, seguir a sugestão de Kirkpartick (s/d) e iniciar o parágrafo com a expressão
“Segundo Fulano...” e, ao final do parágrafo, fazer referência à fonte. Não há uma receita
única de como indicar a dívida que se tem para com as fontes. Pelo contrário, cabe ao aluno-
escritor ser criativo e encontrar soluções estilísticas que evitem a monotonia de se ver muitos
parágrafos sendo iniciados do mesmo modo.
A fase de leituras e anotações, a feitura do fichamento, constitui-se num dos momentos
cruciais no empenho para se evitar o plágio. É esta a ocasião em que os textos consultados
estão nas mãos do pesquisador, ficando fácil reconhecer e aspear as frases ou expressões
tomadas de empréstimo e registrar a referência bibliográfica completa e o número da página
de onde se extraiu alguma idéia ou informação.
Os cuidados aqui recomendados não têm como objetivo deixar os estudantes com um
medo paranóico de cometer plágio inadvertidamente. Pelo contrário, como afirma Kirkpatrick
(s/d), quando as pessoas escrevem seus textos “não podem ter esperança de indicar ou mesmo
de estar conscientes de todos os seus empréstimos, e há um ponto onde uma idéia tomada
emprestado de alguém se torna, após longa reflexão, sua própria”. Em um trabalho em que se
percebe um cioso reconhecimento das dívidas para com as fontes, uma ou outra semelhança
com outros textos não referenciados não é capaz de suscitar no leitor a desconfiança de ter
havido plágio.
Exemplos de plágio e de uso correto de uma fonte
Nesta seção, apresento um trecho de um livro e, em seguida, forneço exemplos tanto
de plágio quanto do uso correto do texto alheio.
A fonte:
“Os cidadãos da comunidade cívica não têm que ser altruístas. Mas na comunidade cívica os ci-
dadãos buscam o que Tocqueville chamava de ‘interesse próprio corretamente entendido’, isto
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é, o interesse próprio definido no contexto das necessidades públicas gerais, o interesse próprio
que é ‘esclarecido’ e não ‘míope’, o interesse próprio que é sensível aos interesses dos outros”
(Putnam, 1996:102).
Exemplos:
O mais grave de todos os tipos de plágio seria simplesmente copiar o trecho acima
sem aspear nem fazer referência à fonte. Em nada menos grave seria o exemplo seguinte,
onde algumas poucas palavras são substituídas por sinônimos e outras suprimidas ou acres-
centadas:
Conforme venho argumentando, os cidadãos da comunidade cívica não precisam ser propria-
mente altruístas. Mas eles devem procurar o que Tocqueville, em seu livro A Democracia na
América, denominava “interesse próprio corretamente entendido”, ou seja, o interesse próprio
definido no contexto das necessidades públicas gerais, o interesse próprio que é sensível aos in-
teresses dos outros.
No exemplo acima, continua a haver roubo de idéias e de palavras. Mesmo que fosse
acrescentada a referência à fonte (Putnam, 1996:102), continuaria a haver plágio porque nesta
mal-sucedida “paráfrase” as palavras utilizadas e a seqüência em que as idéias aparecem no
argumento foram pensadas por Putnam e não pelo “autor” do exemplo. Observe que o respon-
sável pelo plágio acima, talvez com intenção de despistar o professor-leitor, teve a “esperteza”
de iniciar o trecho afirmando que estava apenas dando continuidade a seus argumentos. Ou
seja, ele reforçou a noção de ser sua a autoria do trecho que se seguiria. Acrescentando a
referência à fonte e aspas nos locais devidos, o exemplo ficaria livre de ser classificado como
plágio:
Segundo Putnam, “os cidadãos da comunidade cívica não” precisam ser propriamente “altruís-
tas. Mas” eles devem procurar o que Tocqueville, em seu livro Democracia na América, deno-
minava “ ‘interesse próprio corretamente entendido’ ”, ou seja, “o interesse próprio definido no
contexto das necessidades públicas gerais, (...) o interesse próprio que é sensível aos interesses
dos outros” (Putnam, 1996:102).
O problema deste “conserto” foi que ele deixou o trecho muito retalhado. O uso de pará-
frases é legítimo, mas para que as aspas pudessem ser dispensadas do trecho acima, ele teria
que ser mais radicalmente reestruturado do que o foi. Se em um determinado trecho de um
texto você encontrar uma pequena seqüência de frases que trazem exatamente as idéias que
você gostaria de transmitir, na seqüência em que você gostaria de argumentar e com palavras
que você considera bem escolhidas, então, provavelmente, é melhor renunciar à paráfrase e
simplesmente citar o trecho.
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O que o professor deve fazer em caso de plágio?
As finalidades de se corrigir um trabalho e lhe atribuir uma nota são basicamente duas:
alertar o aluno para falhas de sua redação ou para problemas em sua compreensão dos temas
tratados ao longo da disciplina e reconhecer o esforço feito pelo aluno para progredir intelec-
tualmente. O plágio representa um obstáculo para o alcance destes dois objetivos.
Parte considerável do tempo de um professor é dedicado à correção de trabalhos. Se o
autor do trabalho corrigido não for realmente o aluno que o assinou, ocorrerão dois fatos
indesejáveis. Por um lado, o professor terá feito um péssimo uso de seu tempo, que é um bem
reconhecidamente escasso, e, por outro, o aluno não terá aproveitado a oportunidade de obter
informações que seriam úteis no seu futuro profissional. O tempo perdido pelo professor seria
menor se o aluno procurasse o verdadeiro autor do trabalho para lhe transmitir os elogios,
críticas, sugestões e comentários feitos. Contudo, acontecimentos deste tipo certamente não se
seguem com freqüência aos casos de plágio.
Plagiar é ser desleal para com os colegas. Boas idéias, frases bem construídas, textos
coerentes e repletos de argumentos consistentes são coisas que não ocorrem por acaso; elas
frutificam do trabalho árduo, do esmero e da dedicação de quem consagra boa parte de seu
tempo à leitura de obras que tratam do seu tema de pesquisa, consulta um dicionário e exami-
na vários sinônimos antes de se decidir pela escolha de um deles, recorre a uma gramática
para dirimir dúvidas acerca da correção de suas frases e, é claro, revisa e torna a revisar tudo o
que escreve. Um estudante que tome todos esses cuidados consegue efetivar seu potencial e
merece ter a qualidade do seu trabalho reconhecida e receber uma boa nota. Não é justo que
um estudante menos diligente seja aprovado com uma nota igual ou superior. O aluno que se
vale do plágio para forjar um bom desempenho não está apenas enganando o professor; está
também trapaceando os colegas. De certa forma, plagiar é roubar o trabalho de outra pessoa.
Trata-se de uma falta que deve ser punida.
Será o plágio um delito tão grave que seu perpetrador, caso seja um aluno, mereça ser re-
provado com nota zero? É, sim. Talvez uma punição ainda mais rigorosa pudesse ser aceitá-
vel. Em alguns lugares, a constatação de um plágio pode significar a suspensão por um semes-
tre do aluno que o praticou. Em outros, a expulsão da universidade. Um fator que aumenta a
necessidade de punição rigorosa é a alta probabilidade de que o plagiador não seja desmasca-
rado. Para se comprovar um plágio, é preciso, primeiro, por algum motivo, desconfiar que o
texto não está assinado por seu verdadeiro autor e, segundo, encontrar a fonte plagiada. Esta
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segunda tarefa é mais difícil e demanda uma irritante perda de tempo por parte do professor-
detetive. Se a punição tanto para os casos de plágio quanto para os trabalho feitos sem capri-
cho for igualmente leve, como a aprovação com nota mínima, plagiar será a atitude mais
racional para um aluno que não se disponha a realizar o esforço de escrever um texto próprio,
pois, agindo assim, ele terá uma grande chance de ser aprovado com nota alta e uma pequena
chance de ser aprovado com nota baixa. Se ele nem plagiar nem se dedicar muito ao seu
trabalho terá a certeza de ser aprovado com nota baixa. Somente a reprovação é punição
suficiente para compensar a dificuldade de se comprovar que algo que parece é, de fato, plá-
gio.
Bibliografia Consultada
BABBIE, Earl. Plagiarism. 1998. Disponível em: http://www.csubak.edu/ssric/Modules/
Other/plagiarism.htm. Acesso em: 29 set. 2001.
INDIANA UNIVERSITY – BLOOMINGTON. Writing Tuturial Services. Plagiarism: what
it is and how to recognize and avoid it. S/d. Disponível em: http://www.indiana.edu/
~wts/wts/plagiarism.html. Acesso em: 29 set. 2001.
KIRKPATRICK, Ken. Avoiding plagiarism. S/d. Disponível em: http://www.depauw.edu/
admin/arc/plag.html. Acesso em: 29 set. 2001.
DREXEL UNIVERSITY. W. W. Hagerty Library. Research Assistance. Plagiarism. 2001.
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