guerra dos farrapos-1

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Guerra dos Farrapos Antecedentes e causas As causas remotas do conflito encontram-se na posição secundária, econômica e política, que a região sul, e em particular a Província do Rio Grande do Sul, ocupava nos anos que se sucederam à [[Independência do Brasil|Independência]]. Diferentemente das províncias do sudeste e do nordeste, cuja produção de gêneros primários se voltava para o mercado externo, a do Rio Grande do Sul produzia para o mercado interno, tendo como principal produto o [[charque]], utilizado na alimentação dos [[escravatura|escravos]] africanos. A região sul, desse modo, encontrava-se dependente de um mercado que por sua vez dependia do mercado externo e sofria as consequências disso. Como causa imediata, o charque rio-grandense era tributado mais pesadamente do que o similar oriundo da [[Argentina]] e do [[Uruguai]], perdendo assim competitividade no mercado interno em função dos preços. No interior da Província existiam fazendas agrícolas cuja produção também era destinada ao consumo interno. Ali, muitos colonos se estabeleciam e, entre eles, militares desmobilizados. Alguns desses colonos não conseguiam adquirir terras para formar as próprias fazendas e acabavam formando bandos armados que se ofereciam aos proprietários mais abastados. Há que considerar, ainda, que o Rio Grande do Sul, como região fronteiriça à região platina, era militarizado desde o século XVII, citando-se a então ainda recente [[Guerra da Cisplatina]]. Embora vários rio-grandenses tenham se distinguido na carreira militar, não havia uma contrapartida política, sendo as posições de comando, civis e militares, ocupadas por elementos oriundos da Corte. Também é preciso citar o conflito ideológico presente no Rio Grande do Sul a partir da criação da '''Sociedade Militar''', um clube com simpatia pelo Império e até mesmo suspeito de simpatizar com a restauração de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]]. Os estancieiros rio-grandenses não viam com bons olhos a ''Sociedade Militar'' e pediam que o governo provincial a colocasse na ilegalidade. [[Imagem:Example.jpg]]==A guerra== Ao chegar o ano de [[1835]] os ânimos políticos estavam exaltados. Estancieiros liberais e militares descontentes promoviam reuniões em casas de particulares, destacando-se as figuras de [[Bento Manuel Ribeiro]] e [[Bento Gonçalves]], dois líderes militares. Naquele ano fora nomeado como presidente da Província [[Antonio Rodrigues Fernandes Braga]], nome que, se inicialmente agradou aos liberais, aos poucos se mostrou pouco digno de confiança. No dia em que tomou posse, Fernandes Braga fez uma séria acusação de separatismo contra os estancieiros rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de conviver em paz com os seus governados. Em [[20 de setembro]] de 1835 Bento Gonçalves marchou para a capital [[Porto Alegre]], tomando a cidade e dando início à revolta. O governador Fernandes Braga se refugiou na povoação vizinha de [[Rio Grande]], que viria a ser tomada alguns meses depois. Os ''farroupilhas'', como também ficaram conhecidos os rebeldes, empossaram [[Marciano Pereira Ribeiro]] como novo presidente.

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==Antecedentes e causas==

Guerra dos Farrapos

Antecedentes e causas

As causas remotas do conflito encontram-se na posio secundria, econmica e poltica, que a regio sul, e em particular a Provncia do Rio Grande do Sul, ocupava nos anos que se sucederam [[Independncia do Brasil|Independncia]]. Diferentemente das provncias do sudeste e do nordeste, cuja produo de gneros primrios se voltava para o mercado externo, a do Rio Grande do Sul produzia para o mercado interno, tendo como principal produto o [[charque]], utilizado na alimentao dos [[escravatura|escravos]] africanos. A regio sul, desse modo, encontrava-se dependente de um mercado que por sua vez dependia do mercado externo e sofria as consequncias disso.

Como causa imediata, o charque rio-grandense era tributado mais pesadamente do que o similar oriundo da [[Argentina]] e do [[Uruguai]], perdendo assim competitividade no mercado interno em funo dos preos.

No interior da Provncia existiam fazendas agrcolas cuja produo tambm era destinada ao consumo interno. Ali, muitos colonos se estabeleciam e, entre eles, militares desmobilizados. Alguns desses colonos no conseguiam adquirir terras para formar as prprias fazendas e acabavam formando bandos armados que se ofereciam aos proprietrios mais abastados.

H que considerar, ainda, que o Rio Grande do Sul, como regio fronteiria regio platina, era militarizado desde o sculo XVII, citando-se a ento ainda recente [[Guerra da Cisplatina]]. Embora vrios rio-grandenses tenham se distinguido na carreira militar, no havia uma contrapartida poltica, sendo as posies de comando, civis e militares, ocupadas por elementos oriundos da Corte.

Tambm preciso citar o conflito ideolgico presente no Rio Grande do Sul a partir da criao da '''Sociedade Militar''', um clube com simpatia pelo Imprio e at mesmo suspeito de simpatizar com a restaurao de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]]. Os estancieiros rio-grandenses no viam com bons olhos a ''Sociedade Militar'' e pediam que o governo provincial a colocasse na ilegalidade.

[[Imagem:Example.jpg]]==A guerra==

Ao chegar o ano de [[1835]] os nimos polticos estavam exaltados. Estancieiros liberais e militares descontentes promoviam reunies em casas de particulares, destacando-se as figuras de [[Bento Manuel Ribeiro]] e [[Bento Gonalves]], dois lderes militares.

Naquele ano fora nomeado como presidente da Provncia [[Antonio Rodrigues Fernandes Braga]], nome que, se inicialmente agradou aos liberais, aos poucos se mostrou pouco digno de confiana. No dia em que tomou posse, Fernandes Braga fez uma sria acusao de separatismo contra os estancieiros rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de conviver em paz com os seus governados.

Em [[20 de setembro]] de 1835 Bento Gonalves marchou para a capital [[Porto Alegre]], tomando a cidade e dando incio revolta. O governador Fernandes Braga se refugiou na povoao vizinha de [[Rio Grande]], que viria a ser tomada alguns meses depois. Os ''farroupilhas'', como tambm ficaram conhecidos os rebeldes, empossaram [[Marciano Pereira Ribeiro]] como novo presidente.

O liberal [[Diogo Feij]], ento Regente do Imprio do Brasil, tentando acalmar os nimos, nomeou um presidente rio-grandense para a Provncia, [[Jos de Arajo Ribeiro]]. A Assemblia Provincial mostrou-se indecisa quanto a esse nome e decidiu adiar-lhe a posse. Nesse dia da posse, em que Jos Ribeiro deveria comparecer Assemblia, seria ento informado de que no seria empossado. Bento Manuel se ops a esse ardil e, a partir de ento, desligou-se dos revoltosos. Jos Ribeiro no compareceu diante da Assemblia em Porto Alegre e tomou posse em Rio Grande, o que irritou ainda mais os nimos rio-grandenses.

Como resultado, os rebeldes proclamaram, atravs de [[Antnio de Sousa Netto]], a [[Repblica Rio-Grandense]] ([[11 de setembro]] de [[1836]]), indicando para presidente o nome de Bento Gonalves. Este, no entanto, acaba cercado pelas foras de Bento Manuel com o apoio de embarcaes da Marinha Imperial sob o comando de [[John Grenfell]]. Na famosa [[batalha do Fanfa]], Bento Gonalves se rendeu, sendo conduzido preso ao [[Rio de Janeiro]] e depois a [[Salvador]], onde far ligaes com os rebeldes da [[Sabinada]].

Na ausncia do lder, [[Gomes Jardim]] assumiu o governo da Repblica Piratini, sustentada pelas foras de Sousa Netto. Nesse nterim, Bento Gonalves se evade espetacularmente da deteno no [[Forte do Mar]] (Salvador, [[1837]]), retomando a presidncia no mesmo ano. Nessa fase, organizando o Estado, faz com que a revoluo atinja seu auge, levando a crer que a Repblica Piratini conseguir consolidar-se como Estado independente.

No plano ttico, a capital Porto Alegre havia sido recuperada pelos legalistas, que tambm ocupavam a de Rio Grande. Sob rigoroso cerco, estas cidades eram abastecidas pela Marinha Imperial, senhora do oceano. As tentativas feitas para conquist-las em [[1838]] revelaram-se frustantes. Diante da presso das foras imperiais a capital da repblica foi transferida de Piratini para [[Caapava]], cidade mais inacessvel e mais fcil de defender.

Como reforo, chegou ao Rio Grande do Sul o revolucionrio italiano [[Giuseppe Garibaldi]]. Com apoio de [[Davi Canabarro]], Garibaldi partiu para [[Santa Catarina]], onde proclamou a Repblica Juliana ([[15 de julho]] de [[1839]]), formando com a Repblica Piratini uma confederao. A nova repblica, entretanto, revelou-se efmeras, pois sem condies de expandir-se pelo interior de Santa Catarina, durou apenas quatro meses: em novembro desse mesmo ano as foras do Imprio retomaram a cidade litornea de Laguna, a capital Juliana.

==A paz==

Em [[1840]], por ocasio da maioridade de [[Pedro II do Brasil|Dom Pedro II]], foi oferecida uma anistia, recusada pelos rebeldes. Exaustos pelos anos de luta, alguns comeam a compreender que no podero alcanar a vitria. Em [[1842]] foi finalmente promulgada a Constituio da Repblica, o que deu um nimo momentneo luta. Nesse mesmo ano, entretanto, foi nomeado para presidente do Rio Grande do Sul o experimentado general [[Lus Alves de Lima e Silva]]. Lima e Silva tratou de negociar a paz por vias diplomticas, mais do que pela guerra.

Os farroupilhas entraram em discordncia, com episdios como a morte de [[Antnio Paulo da Fontoura]] e o duelo entre [[Onofre Pires]] (ferido e depois morto) e Bento Gonalves.

As negociaes de paz foram conduzidas por Lima e Silva, de um lado, e Davi Canabarro (que subtituiu Bento Gonalves), do outro. No dia [[28 de fevereiro de 1845]] (algumas fontes referem [[1 de maro]] ou [[25 de fevereiro]]), depois de 10 anos de lutas, foi assinada a paz em [[Poncho Verde]], que tinha como condies principais:

* seria decretada anistia aos revoltosos;

* os soldados rebeldes seriam incorporados ao exrcito imperial, nos mesmos postos (excetuando-se os generais);

* a escolha do presidente da Provncia caberia aos farroupilhas;

* as dvidas da repblica rio-grandense seriam assumidas pelo Imprio do Brasil;

* haveria uma taxa de 25% sobre o charque importado.

A atuao de Lima e Silva foi to nobre e decente para com os rebeldes que os rio-grandenses o escolheram para presidente da provncia. O Imprio, reconhecido, outorgou ao general o ttulo nobilirquico de ''Conde de Caxias'' (1845).

== Referncias ==

* PESAVENTO, Sandra J. (org). '''A Revoluo Farroupilha'''. So Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

* SPALDING, Walter. '''Revoluo farroupilha'''. Braslia: Editora UNB, 1982.

* CHEUICHE, Alcy Jos de Vargas. '''Guerra dos Farrapos'''. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.

Guerra dos Farrapos

A estratgia das guas - por Aldo TedescoA Revoluo Farroupilha marcou para sempre a hitria do Rio Grande do Sul.Parte dos acontecimentos ocorreram nas guas deste estado,o que consideramos ser do interesse dos navegadores. s vsperas da Semana Farroupilha, a vai uma oportuna compilao de Aldo Tedesco.[popacombr]A Guerra

A revoluo separatista durou 10 anos no Brasil Imperial do sculo XIX.O movimento foi deflagrado por causas poltico-econmicas como os altos impostos nas charqueadas, A escassez de moeda circulante no Rio Grande durante todo o perodo colonial, e o pagamento das dvidas do governo central na provncia. Politicamente, o principal motivo da insatisfao era a centralizao do poder decisrio na Corte, alm da aceitao ampla das ideais liberais.Os Farrapos

Este apelido foi dado aos rio-grandenses sublevados contra o Imprio do Brasil, por no disporem de uniformes e de equipamentos militares. Maltrapilhos, faltavam armas e botas. Muitos dos soldados, pees de estncia e negros, traziam suas garruchas e adagas.Os imperiais

Os Imperiais governavam o Rio Grande do Sul, recebendo ordens do Imprio. Eram tambm chamados pelos Farrapos, de conservadores, restauradores, retrgrados, caramurus e galegos. Ocupavam os principais postos nos rgos pblicos e no exrcito.As armas dos Farrapos

Eram imbatveis nos combates a cavalo e usavam trabucos, pistolas e espadas. A cavalaria utilizava principalmente a lana. A artilharia empregava canhes e obuses tomados dos inimigos (ou fornecidos por uruguaios).Imagem - Carga da temida cavalaria farrapa, retratada por Litran, pintor francs.O atalho dos farroupilhas para o mar

Os imperiais tinham o controle das guas, do Guaba Lagoa dos Patos (at a Barra de Rio Grande). Os revolucionrios farrapos queriam navegar pelo oceano, tomar Laguna em Santa Catarina e fundar a Repblica Juliana. Garibaldi e Canabarro cortaram rvores em Camaqu, prximo ao rio, nas terras da Estncia Cristal, onde Bento Gonalves vivera alguns anos, e construram os dois lanches que seriam usados na invaso de Laguna - o Seival e o Farroupilha (ou Rio Pardo), e os conduziram at Capivari. Foram construdos seis pares de rodas, trs para sustentar cada lancho e atreladas cem juntas de bois, requisitados junto aos fazendeiros locais. Era 17 de julho de 1839, a mar atingiu a altura desejada na barra do rio Tramanda. O velho Carpinteiro - vento retalhador de barcos - fez das suas, pois o lancho-capitnea Farroupilha, com Garibaldi e mais 14 soldados, foi pique. Salvaram-se por pouco, nadando at o Seival! Todos a postos, navegaram at Laguna, SC, onde Garibaldi comandou ataques em 22 de julho e 15 de novembro de 1839. [Leia um pouquinho mais sobre isso no dirio de bordo do Phantasy, "De Porto Alegre a Palmares"]

Principais batalhas

Ocorrem 118 confrontos entre os farrapos e os imperialistas, com 59 vitrias para cada lado. Na verdade, no foi uma guerra nos moldes clssicos, j que o exrcito rebelde no estava organizado nos moldes convencionais. Suas tticas mais se assemelhavam s guerrilhas. Os nmeros de mortes em combates no so precisos, mas, em 1881 o Governo Imperial deu publicidade aos fatos, divulgando informaes sobre a Revoluo Farroupilha. A estimativa de que morreram 3.400 homens. Os farrapos perderam quase que o dobro dos legalistas.Cena da Guerra dos Farrapos. Reproduo parcial de leo do acervo da Prefeitura de So Paulo.PersonagensBento Gonalves da Silva

(1788-1847) - Nasceu no atual municpio de Triunfo, a 23 de setembro de 1788. Seu pai era dono de vastas terras. Participou das campanhas contra os espanhis (1811 e 1812) e a Argentina (1827), alistado nas foras brasileiras. Em 1814 casou-se com a uruguaia Caetana Garcia, com quem teve oito filhos. Morando em Cerro Largo, comeou a ocupar cargos militares. Foi credenciado pelo Imprio a comandar o 29 Regimento de Milcias, tornando-se Tenente Coronel e Comandante do 39 Regimento de Milcias. Comandou a Revoluo Farroupilha (1835 a 1845), tendo sido presidente da Repblica Rio-grandense. Morreu em Pedras Brancas, no dia 18 de julho de 1847, tendo sido sepultado no cemitrio do Cordeiro, no municpio de Camaqu.

Giuseppe Garibaldi, o Heri dos Dois Mundos (1807-1882) - O guerreiro italiano conheceu Bento em 1837, no Rio de Janeiro. Construiu os barcos e atacou as embarcaes a servio do Imprio. Com ele, cerca de cinqenta outros italianos, seus companheiros e como ele, refugiados polticos, tambm participaram da Guerra dos Farrapos. No Uruguai se casou com Anita. Esteve na Argentina, retornando para a sua Itlia, lutando pela Unificao. Morreu em 1882, aos 75 anos.David Canabarro (1793-1867) - Nasceu David Jos Martins, a 22 de agosto de 1793, no atual municpio de Taquari. Mais tarde conhecido por David Canabarro. Lutou nas guerras contra o Uruguai e Argentina, ao lado de Bento.Bento Manoel Ribeiro (1783-1855) - Paulista de Sorocaba, veio para o Rio Grande com cinco anos de idade. Lutou contra o Urugai e Argentina.Morreu em Porto Alegre, como marechal-de-exercto.Domingos Jos de Almeida Souza Netto (1801-1866) - Riograndino, Antonio de Souza Netto proclamou a independncia do Rio Grande do Sul a 11 de setembro de 1836, fundando a Repblica do Piratini.Joo Manoel de Lima e Silva (1805-1837) - Tio de Duque de Caxias. Lutou na Bahia e Pernambuco.Era major do Imprio, mas aderiu causa dos farrapos. Ferido e morto em combate com apenas 35 anos.Joo Antonio da Silveira (1795-1872) - Nasceu em Rio Pardo e lutou nas guerras contra o Uruguai, Paraguai e Argentina. Aderiu causa farrapa, levando inmeros voluntrios.Cronologia da Guerra

1835Aqui na Fazenda das Pedras Brancas comeou o levante para a criao da Repblica do Pampa. O cipreste resiste ao tempo..Vista de Porto Alegre da poca da Revoluo Farroupilha, a partir da zona sulA cidade tinha nesta poca - 1830 - entre 12 e 15 mil habitantes, cinco igrejas, uma alfndega, dois quartis, um hospital, um asilo de pobres e uma cadeia, diversos jornais. noite, as ruas eram iluminadas com candeeiros que utilizavam leo de peixe, O ataque a Porto Alegre foi articulado na Fazenda das Pedras Brancas, de propriedade de Jos Gomes Jardim, primo de Bento Gonalves, onde hoje o centro de Guaba. Cerca de 100 rebeldes tomaram pequenos barcos e partiram da praia da Alegria na madrugada do dia 18 para o dia 19 de setembro de 1835. Era preciso atravessar o Guaba na altura do Porto das Pedras Brancas sem que uma canhoneira imperial percebesse a manobra.Concentrados no morro da Azenha, os rebeldes farroupilhas invadem Porto Alegre na madrugada de 20 de setembro - onde ficam at 15 de junho de 1836 - tomando nos meses seguintes Piratini, Rio Pardo e Rio Grande.A importncia da Marinha Imperial revelou-se desde cedo. Porto Alegre se manteve livre dos farrapos porque utilizavam as vias navegveis - principalmente esturio do Guaba e Lagoa dos Patos - para trazer tropas, mantimentos e equipamentos. E foi graas ela que Bento Manoel conseguiu aprisionar Bento Gonalves na Ilha do Fanfa, em 4 de outubro de 1836.Depois da retomada da cidade pelos legalistas, Porto Alegre enfrentou mais trs stios, feitos a partir de Viamo, em junho e julho de 1836, depois de 1837 at 1840, em meses alternados.

1836

Os imperiais expulsam os farroupilhas de Porto Alegre, mas o cerco continuou por mais quatro anos. Antonio de Souza Netto, no dia 11 de setembro proclama em Seival, a independncia do Rio Grande do Sul e a sede da repblica instalada em Piratini. Bento Gonalves preso na batalha da Ilha do Fanfa, no rio Jacu, prximo de Triunfo e levado para a Bahia.Declarao da Repblica Rio-grandense. leo do acervo do Governo do RS

Ilha do Fanfa e a Revoluo Farroupilha

Os dois primeiros anos de combates da Revoluo Farroupilha - que duraria dez anos - entre as tropas legalistas e federalistas, tiveram como cenrio as margens do Rio Jacu e Lago Guaba como estratgia para a tomada de Porto Alegre.Triunfo, terra de nascimento do general Bento Gonalves, foi palco de vrias batalhas e a mais sangrenta delas ficou conhecida como Combate do Fanfa. Teve incio na tarde do dia 02 de outubro de 1836. Bento Gonalves acampou na Ilha do Fanfa (foto) com mil e quinhentos homens. Tinha como meta encontrar a brigada do coronel Domingos Crescncio, na margem direita do Rio Jacu.A esquadra do almirante Greenfell encurralou Gonalves, ao mesmo tempo que a artilharia abria fogo de terra. O combate encerrou na tarde do dia 4 de outubro, com a rendio de Bento Gonalves para o comandante Bento Manoel Ribeiro, com baixa de duzentos soldados feridos, cento e vinte mortos. Foram presos, ainda, Onofre Pires, Marciano Ribeiro, Pedro Boticrio, Jos Calvet e outros."Origens do Rio Grande", ZH, 04 dez 1996. A foto foi feita na foz do Rio Taquari, em Triunfo. A ilha do Fanfa est direita. esquerda v-se um pequeno estaleiro em So Jernimo, s margens do Jacu, onde o Taquari desemboca.

1837Carta de corso para Garibaldi

Giuseppe Garibaldi, italiano, recebeu a carta de corso - autorizao do governo Farroupilha para atacar, de barco, navios e propriedades inimigas, apossando-se de seus bens. Recebeu o posto de capito-tenente e foi determinado que coordenasse o armamento de dois lanches que estavam sendo construdos no estaleiro farroupilha em Camaqu. Cada um deles, depois de pronto, tinha duas peas de bronze e tripulao de 35 homens. Garibaldi comandou um e John Griggs, americano engajado na luta, o outro.Com estes dois barcos ele iniciou sua guerra de corso na Lagoa dos Patos. Como eram embarcaes pequenas, podendo transpor os bancos de areia que dificultava a navegao dos navios de maior porte da Marinha Imperial, Garibaldi agia rpido e atacava as estncias de legalistas que estavam nas margens da lagoa, passando a mo nos cavalos, mantimentos, etc. A fuga de Bento

Em 10 de setembro Bento foge do Forte do Mar, na Bahia, onde se encontra aprisionado.1838Rio Pardo

Depois de violentos combates, os farroupilhas dominam Rio Pardo em 30 de abril. "Povo que no tem virtude acaba por ser escravo"O maestro Joaquim Jos de Mendanha compe a msica, e Francisco Pinto da Fontoura a letra do Hino da Repblica Rio-grandense, a pedido dos rebeldes.

Efetivos farrapos

Calculava-se em seis mil homens os efetivos dos Farrapos neste ano, estando em Viamo de 1.500 a 1.600 homens. Bag deveria ter mais uns 400 homens, comandados por Antonio Neto. Domingos Crescncio comandava mais outros 600 perto de Piratini. Na regio da Campanha, mais 500 eram comandados por Bento Manoel e David Canabarro. Vrios grupos dispersos estavam espalhados pelo territrio.Foras legalistas

As foras legais tinham tambm seis mil homens, contando os da Marinha.

1839Sede da repblica em Caapava

A sede da repblica instalada em Caapava, a 14 de fevereiro.Lanches pelo campo

Ilustrao bico de penaEm julho, Garibaldi e sua tropa transportam dois lanches - o Seival e o Farroupilha, por terra, tracionados por cem juntas de bois, at o Rio Tramanda. Um dos barcos naufraga no mar e Garibaldi nada at o Seival que se encontrava prximo, para se salvar. O Seival chega a Laguna, SC, para ajudar David Canabarro que atacava por terra, a proclamar a Repblica Juliana, irm gmea da Repblica Rio-grandense.Um dos mais arrojados planos militares

Para realizar todas estas faanhas, Garibaldi colocou em execuo um dos mais arrojados planos militares j idealizados em qualquer poca.Como as embarcaes farroupilhas estavam cercadas pela Marinha Imperial na Lagoa dos Patos, que dominava a entrada e a sada, ele deslocou os seus lanches mais leves, o Farroupilha e o Seival, por terra."No existe a menor dificuldade na expedio por mar a Laguna. Mande-me o general alguns carpinteiros e a madeira necessria para a construo de quatro grandes rodados e cem juntas de bois carreiros para a trao das rodas, e eu farei transportar os lanches at Tramanda, se Deus quiser", disse Garibaldi numa reunio do alto comando farroupilha. Os dois lanches foram levados por Garibaldi at cerca de dois quilmetros adentro do Rio Capivari, antes de sua foz na Lagoa do Casamento, e em menos de sete dias comandou a montagem dos rodados e das pranchas sobre as quais os lanches foram colocados para serem movimentados por terra at Tramanda..

Eles foram puxados, cada um, por juntas de cem bois.

Alguns reparos que no levaram trs dias e os lanches foram para gua, no Rio Tramanda. Entre o Rio Capaviri e o rio Tramanda, atravs de campos, areias e banhados, foram percorridos cerca de cem quilmetros nos dias 5 de junho pela manh e tardinha do dia 11. Os legalistas no suspeitavam de nada. Para quem vai de Porto Alegre em direo a Capivari, h um marco logo depois da ponte sobre o Rio Capivari, esquerda1840So Jos do Norte atacada por Bento, Garibaldi e mais 1200 homens. Os 600 combatentes da vila repelem o ataque. Baixas de 630 pessoas, entre mortos e feridos, de ambos os lados.

Termina em dezembro o stio a Porto Alegre.1841Garibaldi abandona a Provncia e a revoluo e vai embora com a sua Anita (a catarinense Ana de Jesus Ribeiro).

Porto Alegre recebe do Governo Imperial, em outubro, o ttulo de "Leal e Valorosa" por ter rechaado os Farrapos.1842Os farroupilhas se desorganizam, minados por intrigas.O Imprio se fortalece. O vice-presidente da Repblica, Antonio Paulo da Fontoura, assassinado em Alegrete.

Nesta poca os imperiais contavam com oito mil homens, crescendo sempre com contingentes enviados do centro do pas.

No final deste ano Caxias iniciou sua campanha com 12 mil soldados, munio vontade, e bem equipados. Era mais do que a metade da fora militar total do pas, calculada nesta poca em 21.968 soldados.Os legalistas controlavam toda a orla martima e toda a linha de navegao fluvial, desde a Lagoa Mirim at as imediaes da Cachoeira, no Jacu, e os pontos acessveis aos navios de guerra nos rios Taquari, Cai e dos Sinos.Os Farrapos tinham agora, somente 3.500 homens, mostrando sua superiodade ttica.1843A sede da Repblica Rio-grandense instalada em Alegrete, em julho.1844Ferido mortalmente em duelo - por questes de honra - com Bento Gonalves, morre cinco dias depois Onofre Pires da Silveira Canto. Outros revezes acontecem aos farrapos. No final do ano as negociaes de paz continuam adiantadas.1845O Baro de Caxias, marechal Luiz Alves de Lima e Silva, lder do Imprio, anuncia o fim da Guerra dos Farrapos. Era primeiro de maro."Rio-grandenses ! sem dvida para mim de inexplicvel prazer ter de anunciar-vos que a guerra civil, que por mais de nove anos devastou esta bela provncia, est terminada ..."

As hostilidades cessaram totalmente no dia 21.Semana Farroupilha

A Semana Farroupilha nasceu com o Movimento Tradicionalista Gacho, em l947, que teve sua primeira chama acesa neste ano. Liderados por Paixo Cortes, tradicionalista gacho, um grupo de estudantes do Colgio Julinho, na Capital, fundou o Departamento de Tradies Gachas. No ano seguinte, o mesmo grupo criou o 35 Centro de Tradies Gachas. Outros CTGs nasceram em todo o Rio Grande, espalhando-se por vrios estados brasileiros.. Em l964 foi oficializada a Semana Farroupilha no Rio Grande, que pela lei se comemora de 14 a 20 de setembro de cada ano, em homenagem memria do Heri Farroupilha, uma reunio de manifestaes artstico-culturais chamada Mostra da Cultura Gacha.

Conflitos na Histria do Brasil(Colnia / Imprio)

Rebelies NativistasRevolta de Beckman: 1684Guerra dos Emboabas: 1708-1711Guerra dos Mascates: 1710-1711Revolta de Felipe dos Santos: 1720Rebelies Separatistas

Conjurao Mineira: 1789Conjurao Baiana: 1789Revoluo Pernambucana: 1817Revoltas ImperiaisConfederao do Equador: 1824Revolta dos Mercenrios: 1828Revolta dos Mals: 1835Cabanagem: 1835-1840Farroupilha: 1835-1845Sabinada: 1837-1838Balaiada: 1838-1841Praeira: 1848-1850Revolta do Quebra-Quilos: 1874-1875Relaes Exteriores do Segundo ReinadoQuesto Christie: 1863Questes PlatinasGuerra contra Oribe e Rosas: 1851-1852Guerra contra Aguirre: 1864Guerra do Paraguai: 1864-1870