guaraqueçaba-brevediagnóstico
TRANSCRIPT
1
Guaraqueçaba – Breve Diagnóstico
“Abundância de recursos naturais, escassez de projetos
sustentáveis.”
2013
2
CARTA ABERTA AO GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ:
“Os sonhos são como a seiva das plantas.Os homens morrem quando já não podem sonhar.”
O que vem acontecendo em Guaraqueçaba ao longo dos anos é uma
contradição a própria resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente no
ano de 1988, sobre o que deve prevalecer como parâmetro nas Áreas de
Proteção Ambiental (APA), veja:
“Unidades de conservação, são destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando à melhoria da qualidade de vida da população local e também objetivando a proteção dos ecossistemas regionais” (www.ibama.gov.apa-arquivos\apas.htm). Resolução
CONAMA 10/88.
É claro que não queremos criticar a ninguém e a nenhum governo
especificamente. O que ressaltamos é que a qualidade de vida dos moradores
nativos enfatizada na resolução acima é o que menos tem importado na
gestão da região. Os governantes locais talvez tenham uma parcela de culpa,
mas culpada mesmo é a visão mesquinha dos órgãos estaduais e federais que
usaram uma lupa equivocada que só vê a flora e a fauna em detrimento do
tesouro mais precioso da região que são seus nativos. De que adianta o meio
preservado com um povo com sua autoestima degradada?
Os que estão poluindo lá nos EUA, podem continuar a fazê-lo
porque adquiriram áreas na região e pelos créditos de carbono exercem
indiretamente opressão aos moradores do seu entorno. A quem interessa uma
Guaraqueçaba empobrecida, cuja sociedade com baixa autoestima já não tem
perspectiva de um futuro promissor para seus filhos? Por que projetos
sustentáveis que geram renda são tão escassos na região? A quem interessa
agricultores desmotivados ao ponto de venderem suas terras a preços
irrisórios? Por que muitos vilarejos permanecem tão inacessíveis como há 40
anos, sem telefone, seguridade social e saneamento básico?
3
Por que a flora e a fauna tem mais proteção do que os nativos
caiçaras que há séculos cuidaram daquelas matas? Há 39 anos (1974), meu
pai Salim do Carmo denunciava ao Jornal Gazeta do Povo as carências do
município, mas desde então os avanços não foram muitos, mesmo com a
presença de poderosas ONGs por lá. Como cidadão guaraqueçabano,
ambientalista, com pequena propriedade na região, e em pleno gozo da minha
cidadania, me sinto no direito de trazer ao governo do estado estes pleitos.
Meu pai Prefeito Salim do Carmo fala ao
Jornal Gazeta do Povo – 1974, sobre as carências da região.
O enfraquecimento da economia da região e a consequente
desvalorização das suas terras já atraiu ONGs que, muito mais interessadas
em preservar, defendem o interesse das multinacionais dos EUA que pagam
pelos créditos de carbono assegurados na aquisição de áreas do município
transformadas em RPPN (caixa preta que está á espera de uma dissecação).
Vanderlei Xavier Carmo
Consultor Ambiental da Eco-Visão
4
Não deixe de ler neste documento:
1. Guaraqueçaba no Ranking do IDH Estadual (FIRJAN) – 2009.
2. Guaraqueçaba no Ranking do IDH (IPARDES) – 2000.
3. Guaraqueçaba no Ranking do IDH Nacional (FIRJAN) – 2009.
4. Pesquisa - O Que Pensam Os Guaraqueçabanos.
5. Guaraqueçaba e o Capital Internacional.
6. Guaraqueçaba Na Imprensa (Web/Jornais).
7. Diagnóstico por Imagens dos Resíduos na Região.
>>>> Dificuldade de acesso eleva preços em Guaraqueçaba. <<<<
>>>Modelo de Gestão Ambiental Equivocado<<<
>>>Guaraqueçaba: Exuberante Para Turistas.<<<
>>>Chuvas Bloqueiam Acesso Rodoviário á Guaraqueçaba.<<<
5
Há algo de muito errado com a mudança de paradigma no
município, se algum ambientalista quiser aprender sobre como não administrar
uma APA é só analisar os índices relativos à APA de Guaraqueçaba .
1. Guaraqueçaba no Ranking do IDH (FIRJAN) – 2009.
2. Guaraqueçaba no Ranking do IDH (IPARDES) -2000
Neste ranking posição de Guaraqueçaba melhora um pouquinho, fica
entre os 20 piores, está situado na 7ª posição :
IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social.
6
3. Guaraqueçaba no Ranking do IDH Nacional (FIRJAN) – 2009.
No ranking nacional (FIRJAN), Guaraqueçaba está situada na 5070ª posição:
7
*4. Pesquisa - O Que Pensam Os Guaraqueçabanos.
*NOTA: Pesquisa elaborada por Ana Lívia Kasseboehmer - Dissertação de mestrado -
RESTRIÇÕES E IMPACTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO MUNICÍPIO DE
GUARAQUEÇABA. Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, UFPR. Curitiba-2007.
8
5. Guaraqueçaba e o Capital Internacional
Há coisas que as ONGs brasileiras e seus financiadores preferem
manter escondidas. Uma delas é a ação de multinacionais dos EUA
(petroleiras e empresa de geração de eletricidade com carvão – termoeléctrica)
no Brasil, adquirindo terras para a “preservação” para negociarem os créditos
de carbono.
Algumas reportagens como a da Agência de Notícias “Carta Maior”,
divulgaram a questão através de uma cobertura especial para a COP8/MOP3,
evento das Nações Unidas realizado em março de 2006 em Curitiba, Paraná
(AGÊNCIA CARTA MAIOR, 2006). O jornal “Gazeta do Povo” publicou no final
de 2005 uma reportagem intitulada “Colonização de Guaraqueçaba”,
enfocando a questão da compra de terras e do crédito de carbono ocorrente no
município (GAZETA DO POVO, 2005).
As áreas são adquiridas por ONGs brasileiras que são uma espécie
de fachada destas empresas no Brasil. Sobre os contratos de gaveta que eles
têm entre si, nada se sabe. E essas empresas americanas compram áreas no
Brasil literalmente “a preço de banana”. Quando parecia que a maioria
esmagadora dos projetos na APA de Guaraqueçaba fracassava, uma
organização não governamental de utilidade pública e sem fins lucrativos, a
SPVS - Sociedade de Proteção à Vida Selvagem e Educação Ambiental -,
passou a adquirir grandes quantidades de terras. Em sua tese de doutorado
pela UFPR, Eliane B. Boldrini aborda a sistemática dessa ideologia ambiental
praticada pela ONG. Financiada pelo capital americano - American Eletric
Power e General Motors, Chevron e Texaco – adquiriu mais de 20 mil hectares
da Mata Atlântica, com um financiamento por volta de milhões de dólares ao
longo de 40 anos.
O dinheiro é investido na ONG americana TNC - The Nature
Conservancy - e repassado depois para a SPVS. Para entender essa ligação é
necessário conhecer a mais nova e lucrativa mercadoria criada pelo capital: os
créditos de carbono. Entenda: cada árvore tem a capacidade de extrair da
atmosfera uma certa quantidade de CO², o valor em créditos de carbono de
uma área será calculado tendo por base o numero de árvores e quantas
toneladas de CO² elas tem capacidade de sequestrar do ambiente.
9
De acordo com o professor Eloy Fassi Casagrande Jr, Ph.D. em
Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente pela Universidade de
Nottingham - Inglaterra, estas novas oportunidades do mercado envolvem
algumas ONGs brasileiras e estrangeiras que estão servindo como "laranjas"
para as indústrias na compra de áreas em florestas tropicais tendo como
justificativa a implantação de projetos ambientais.
A privatização de APAs e outras áreas de patrimônio da
humanidade para obtenção de "créditos de carbono" precisa ser amplamente
discutida. Não somente por uma questão de soberania nacional, evitando um
novo tipo de colonização, mas também para podermos diferenciar na
sociedade civil organizada, quais são os grupos que atuam em benefício
próprio e os que atuam em benefício comum. É o carbono transformado em
capital e a natureza em marketing ambiental.
Reportagem do jornalista americano Mark Schapiro, divulgada
em maio de 2010 nos EUA, revela bem a trama que a mídia brasileira nada
menciona. A questão central de Mark Schapiro é simples: quem fica com a
grana dos créditos de carbono? Certamente não são os tais “povos da
floresta”! Há outras questões e pontos abordados pela reportagem que
merecem análise. Mas uma coisa é certa, não são os nativos os maiores
beneficiados pelas ONGs.
10
6. Guaraqueçaba Na Imprensa (Web/Jornais)
Selecionei algumas das principais reportagens que repercutiram na internet
nestes últimos anos sobre Guaraqueçaba. As quais por um lado espelham a
realidade local e ao mesmo tempo desestimulam aqueles que porventura têm
interesse de conhecer a região. Seguem as seguintes matérias:
Dificuldade de acesso eleva preços em Guaraqueçaba. Modelo de Gestão Ambiental Equivocado Guaraqueçaba: Exuberante Para Turistas. Chuvas Bloqueiam Acesso Rodoviário á Guaraqueçaba
Fonte:Paraná on line – 28/01/2013
11
Modelo de Gestão Ambiental Equivocado
Comunidades locais sendo sufocadas e caiçaras obrigados a migrar
para os grandes centros a procura de trabalho é isso que vem acontecendo
com os moradores da Mata Atlântica, no litoral norte do Paraná, nos municípios
de Antonina e Guaraqueçaba.
Os moradores das comunidades locais reclamam que estão sendo
impedidos de plantar e produzir a subsistência das famílias, por causa da
repressão dos órgãos ambientais como: IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), IAP (Instituto Ambiental do
Paraná), Polícia Florestal, e ONGs (Organizações não Governamentais), como
a SPVS (Sociedade de Proteção a Vida Selvagem e Educação Ambiental) e a
Fundação Boticário, preocupados apenas com a preservação ambiental da
região. Dizem que o papagaio da cara rocha está em extinção, mas o que está
em extinção aqui é o ser humano. Os órgãos ambientais colocaram na cabeça
que destruímos o meio ambiente, mas a sobrevivência das comunidades locais
depende da terra, da mata e do mar, explica Antônio Gonçalves da Silva,
professor e morador da comunidade Rio Verde, em Guaraqueçaba. A
comunidade Rio Verde foi criada há mais de cem anos, e tem 60 famílias. Silva
mora no local há 51 anos, e afirma que os caiçaras sempre preservaram a
Mata Atlântica, e tinham uma alimentação adequada, a base de arroz, feijão e
porco, até o surgimento das repressões ambientais. O povo tinha muita fartura,
fazendo mutirões para plantar e colher suas lavouras. Sabíamos onde era
conveniente trabalhar, tanto que nossas matas estão preservadas. De uns 20
anos pra cá vieram as perseguições. Hoje quem fizer uma roça para plantar um
pouquinho de arroz é multado ou preso?
A entrada de várias ONGs na região e as restrições dos órgãos
ambientais têm provocado grandes impactos nas comunidades locais, que
sobrevivem diretamente dos recursos naturais, gerando miséria e expulsão da
população. O povo daqui não tem mais acesso à água, terra, mata e a
biodiversidade, o que culturalmente era normal, esclarece Jonas de Souza,
morador das comunidades de Antonina.
12
Muitos caiçaras estão deixando a agricultura e pesca, e migrando para
cidades maiores como Paranaguá ou Curitiba. Os pescadores estão sendo
ameaçados e agredidos. Botam fogo, atiram e espancam os pescadores que
buscam a sobrevivência. Ai o pescador sai daqui, não tem estudo e pode ir
para o mundo do crime, declara o presidente da Colônia de Pescadores e
vereador de Guaraqueçaba, José Felipe da Silva Neto (PSB).
O pescador e construtor de barco João Gonçalves Filho, 35, da
comunidade de pescadores Costão, em Guaraqueçaba, relata que muitas
pessoas que viviam do mar estão saindo da cidade. Aqui o único emprego é a
prefeitura e a pesca que ficou fraca. Semana passada meu irmão foi embora,
procurar recursos em outro lugar porque aqui não tem mais como viver,
lamenta.
Em Guaraqueçaba e outras cidades do litoral, o ofício de pescador
passava de geração em geração, mas essa realidade está mudando. O
também pescador, João Gonçalves, 67, pai de João Filho, vê com pessimismo
o futuro da comunidade. A situação é bem precária, as pessoas não tem
dinheiro nem para comprar um pão. Este é um lugar isolado. Em entrevista a
Agência Carta Maior (agenciacartamaior.uol.com.br), a repórter Natália Suzuki,
Sueli Ota, diretora-técnica da SPVS, afirma que, na área da APA (Área de
Proteção Ambiental) de Guaraqueçaba, quase não há populações e que,
coincidentemente, a concentração maior se dá ao redor da APA. Tem um ou
outro, que normalmente são empregados dessas fazendas de búfalo, mas não
dá para dizer que é comunidade. As pessoas vivem muito dispersas nessa
região. Elas vivem no fim do mundo, diz.
Neto conta que, só no município existem cerca 80 ONGs ligadas à
questão ambiental, mas poucas preocupadas com a questão social. O número
é desproporcional em relação aos 8.000 habitantes do município. Desse total,
apenas 2.000 moram na cidade, pois a maioria vive na zona rural e ilhas da
região. Por causa da preservação da Mata Atlântica Guaraqueçaba recebe R$
300.000,00 de ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços)
Ecológico.
13
A questão é tão delicada que até o Policial Militar aposentado,
Antônio Rodrigues, 53, de Guaraqueçaba, acusa a SPVS de concentrar
território e impedir o acesso do nativo à natureza. A ONG em vez de preservar
a natureza e o ser humano, só preserva a natureza e o ser humano fica a
mercê, declara. Rodrigues afirma ainda, que poder público se vê no dever de
denunciar o sofrimento e as necessidades dos nativos.
Sequestro de carbono
A ONG ambiental com mais força na região é a SPVS (Sociedade de
Proteção a Vida Selvagem e Educação Ambiental) que privatizou área de
quase 20 mil hectares do litoral norte do Paraná, em nome da preservação
ambiental, na APA de Guaraqueçaba e no Município de Antonina. Mas, há
suspeitas de que seu território pode chegar á 34 mil, com terras até em
Matinhos. Outra organização presentes na região é a Fundação Boticário, que
comprou uma área de 2.000 hectares no Salto Morato em Guaraqueçaba, com uma
cachoeira de 130 metros de queda d’água. Hoje, a Fundação cobra R$ 5 por pessoa
para visitar o local.
Há indícios claros que a SPVS recebe recursos da ONG
estadunidense TNC (The Nature Conservancy) e das empresas GM (General
Motors), Chevron Texaco e American Electric Power. A SPVS começou a
comprar áreas no litoral há 18 anos. A primeira área adquirida foi a Reserva
Natural do Morro da Mina, onde está localizada a rede de captação de água do
município de Antonina. Segundo a diretora da SPVS, a intenção é recuperar
áreas que serviram de pasto para búfalos, mas organizações como Terra de
Direitos e Greenpeace questionam projeto.
A SPVS é proprietária da Reserva Natural Serra do Itaqui, Cachoeira,
Morro da Mina e Águas Claras, na APA de Guaraqueçaba e no município de
Antonina. Souza morador de Antonina, denúncia que, o discurso da SPVS é de
que está adquirindo grandes extensões de terra para transformar áreas de
RPPN (Reserva Permanente de Patrimônio Natural), com a proposta de
recuperá-las, mas tem outros projetos, mas para o profeto de sequestro de
carbono, nada fazem pelas comunidades locais, afirma Souza. Afirma ainda
que, a ONG contrata guarda-parques que monitoram 24 horas por dia a
14
movimentação das comunidades locais. E muitas dessas pessoas são
integrantes das próprias comunidades.
O sequestro de carbono é uma ação fisiológica das plantas, que
retiram carbono da atmosfera, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar.
Com base no Protocolo de Kioto, países onde existem grandes florestas podem
vender o potencial de sequestro de carbono às empresas poluidoras, que
passam a comprar os créditos de carbono para ter o direito de continuar
poluindo. É aí que entram boa parte das ONGs ambientais e empresas
particulares: utilizando brechas na legislação e a fragilidade das comunidades
tradicionais que habitam os grandes biomas brasileiros (Amazônia, cerrado,
caatinga, mata atlântica), elas adquirem consideráveis extensões de terra e
intermediam o comércio de sequestro de carbono. Segundo a Educadora
Ambiental da SPVS, que se identificou apenas como Liz, a ONG tem 67
funcionários das comunidades locais. E desenvolve trabalhos de educação
ambiental e capacitação em ecoturismo para jovens, e escolas das
comunidades locais. Porém, Cunha declara que o poder municipal de
Guaraqueçaba não tem conhecimento de nenhum projeto de desenvolvimento
de ONGs para o benefício da população local, e que as mesmas não
dialogam com o município para apresentar suas propostas. Percebemos
que eles querem só dominar os recursos vegetais e hídricos da região,
denuncia.
Antes da década de 1960 a população do litoral vivia exclusivamente da
exploração sustentável de recursos naturais, praticando a agricultura de
subsistência, além da pesca e a comercialização dos excedentes,
principalmente da banana e farinha de mandioca. No entanto, a partir daí,
foram incentivados grandes projetos agroflorestais e de criação extensiva de
gado (búfalos, em especial) visando à ocupação e desenvolvimento da região,
o que atraiu grandes empresas que se instalaram e passaram a apropriar-se de
grandes áreas de terras.
Por Solange Engelmann e Rodrigo Ponce – 14/09/2006.
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/09/360375.shtml
15
Guaraqueçaba: Exuberante Para Turistas
Buracos no trajeto não perdoam nem veículos mais resistentes.
Conhecida pela importância do seu patrimônio natural e por contar
com o maior remanescente de bioma da Mata Atlântica do País, Guaraqueçaba
reserva uma condição precária, em diversos aspectos, para seus habitantes.
Da saúde à coleta de lixo, passando pela educação, o que se percebe nos
depoimentos dos moradores é uma série de histórias decorrentes da
dificuldade de acesso marítimo e terrestre. Indicadores como o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), que coloca o município na terceira pior
posição do Estado, só reforçam as diferentes demandas preteridas para a
população do local. “Enquanto não tivermos um acesso terrestre digno, não teremos vida própria. As dificuldades da população em utilizar diversos serviços permanecerão e o município seguirá dependente do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) Ecológico”, constata o prefeito
Riad Said Zahoui.
16
Com tantos problemas, não é raro encontrar nativos que atribuem às
Organizações Não Governamentais (ONGs) a razão para o município não se
desenvolver de forma adequada. “Aqui só vem viaturas ou qualquer tipo de
assistência quando se têm denúncias sobre caça ilegal ou extração de palmito.
Mas, quando precisa socorrer uma pessoa, se depender das autoridades, a
pessoa morre”, critica a vendedora Nilcéia Filadelfo da Silva.
“Preservam mais os bichos do mato do que o povo daqui”, acrescenta a
pescadora Sidnéia de Lara. As principais ONGs que atuam no município -
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS) e Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza -afirmam estar cientes das dificuldades
enfrentadas pela população, mas discordam das acusações.
“A fiscalização é extremamente deficiente. Tanto que sabemos de grupos de caça comercial que vão ao município para se abastecer de tatu, paca e outros animais cuja carne é considerada uma iguaria. Percebo que as ações pontuais de apreensão acabam sendo lembradas por anos pelos habitantes”, justifica o diretor executivo da SPVS, Clóvis Borges. “Estamos há 20 anos em Guaraqueçaba, duas décadas em que a gestão estadual simplesmente ignorou o município, mesmo com nossos apelos pela busca de uma gestão integrada entre os governos federal, estadual e municipal. Tentamos articular isso por diversas vezes, porém, mas não conseguimos avançar muito até agora, embora seja o único caminho para as diversas demandas dos habitantes”, afirma Borges. “As ONGs não podem e nem têm recursos para dar conta de todas as questões do município. Não somos os gestores. Nosso papel em Guaraqueçaba é de provocação, a fim de chamar a atenção para iniciativas inovadoras que consigam unir conservação a um novo modelo de desenvolvimento no qual o município seja uma fábrica de serviços ambientais”, destaca.
Exploração
Quanto à pavimentação ou não da estrada, a SPVS diz ser contra a
repetição de modelos que já se mostraram inviáveis. “somos contra a
construção de estradas sem pré-requisitos. se hoje Guaraqueçaba ainda
conserva um comunidade nativa é devido a isso. em outros municípios do
litoral, essa mentalidade desenvolvimentista e arcaica fez com que as
17
comunidades fossem substituídas por um contingente formado por pessoas de
fora, que vieram com capital e interessadas em explorar a cidade”, observa.
Investidores querem asfalto
Atraídos pela beleza do lugar e o potencial turístico, os empresários se
sentem prejudicados pela dificuldade de acesso à Guaraqueçaba. “Foram
construídas novas pousadas e restaurantes para atender turistas, porém a
dificuldade de acesso afasta muitas pessoas”, avalia o comerciante Fábio
Rodrigues. Segundo ele, além do tempo perdido e dos riscos constantes de
estragar veículos pelo caminho, o turismo é afetado pelo encarecimento de
todos os produtos demandados pela cidade. “Seja por mar ou por terra, sempre
pagamos mais caro pelos produtos. Mesmo achatando as margens de lucro,
isso é percebido pelo turista”, lamenta Rodrigues.
A insatisfação é tamanha que, há meses, moradores e empresários
formaram a Associação dos Amigos de Guaraqueçaba para pleitear, junto às
autoridades, meios de viabilizar a pavimentação da PR-405. Para dar
visibilidade ao movimento, os associados estão recolhendo
assinaturas por todo o Estado e contam com o apoio do próprio prefeito. “Do jeito que está hoje a situação do acesso a Guaraqueçaba, asfaltar causará menos impacto do que a erosão e o assoreamento dos rios que estamos enfrentando agora”, esclarece o prefeito. Segundo o prefeito Riad Said Zahoui,
faz dois meses que chove direto no município, o que leva o Departamento de
Estradas e Rodagem (DER) manter uma equipe que, diariamente, realiza
trabalhos de retirada de entulhos do caminho. “Mas o que se faz de dia, a chuva estraga à noite”, diz o prefeito.
Lixo preocupa ambientalistas
Apesar de estar pronta a nova estrutura para receber o lixo de
Guaraqueçaba, o aterro ainda não entrou em funcionamento devido às novas
exigências do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). “Esperamos anos por
recursos de fora, não conseguimos e agora que a prefeitura bancou todas as
obras esbarramos no processo de licenciamento ambiental”, conta o prefeito
Riad Said Zahoui. De acordo com ele, foram gastos R$ 400 mil na obra e
seriam necessários mais R$ 50 mil para o cumprimento dos últimos requisitos
18
solicitados pelo IAP. “Por sorte, um convênio com a Sanepar vai viabilizar isso,
visto que o município não tem caixa para mais gastos”, alertou o prefeito.
Enquanto isso não ocorre, o destino do lixo continua sendo às
margens da estrada de chão, o que é alvo de constantes críticas de
ambientalistas e turistas, uma vez que está em uma área desmatada da Mata
Atlântica. “Aquele local custa R$ 6 mil por mês aos cofres da Prefeitura e não
resolve o problema. Mas só poderemos encerrar a atividade do local quando
sair a licença de operação”, explica Zahoui. Apesar de estar em um endereço
não recomendável do ponto de vista ambiental, a prefeitura garante que o
aterro em atividade conta com tratamento de lixo e uma rede de valetas para
evitar que o chorume gerado pelos resíduos comprometa o meio ambiente. “O
lixo é aterrado diariamente, salvo quando chove muito, o que impossibilita o
trabalho”, garante o prefeito.
Fonte: http://www.parana-online.com.br/ 15/01/2011
Chuvas Bloqueiam Acesso Rodoviário á Guaraqueçaba
Estrada se assemelha a um rio: para usuários, asfalto seria solução.
A PR-405, único acesso rodoviário ao município de Guaraqueçaba, no
litoral do Paraná, e antigo motivo de revolta dos usuários devido à dificuldade
que apresenta ao tráfego, está novamente irritando os moradores do município.
As recentes chuvas que caíram na região deixaram os 86 quilômetros da
estrada de chão praticamente intransitáveis. Para quem transita pelo local, a
manutenção, mesmo sendo quase permanente, não é suficiente, sendo
necessário a pavimentação ou o calçamento urgente da rodovia. Porém,
questões ambientais dificultam o processo.
19
“Moro no ponto final, ou seja, na sede do município. Confesso que é desanimador o dia em que se tem que viajar pela PR-405”, afirma o professor
Ivã Simões de Miranda, que utiliza a estrada com frequência. “A disposição é algo imprescindível, a paciência e o tempo têm que fazer parte do cotidiano. Não tem outra saída”, ressalta. O trajeto, segundo ele, dura em torno de três
horas. “Tudo isso gera um atraso no município. Perdemos o trem do
progresso”, completa. O prefeito da cidade, Riad Said Zahoui (PSB), esclarece
que as condições da estrada já foram piores, mas que só a pavimentação ou o
calçamento da rodovia podem trazer algum desenvolvimento ao município.
“Seria uma redenção para nós. Desse jeito, não chega desenvolvimento aqui, e não temos nem como segurar nossos jovens. Nossa população há 50 anos era de 25 mil moradores, hoje é de cerca de 8 mil”,informa. Segundo ele, a manutenção ajuda, mas não resolve o problema:
“Como chove muito na região, todo serviço que é feito acaba estragando logo em seguida”, lamenta. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER)
informa que todo serviço de manutenção possível é feito na rodovia, já que a
pavimentação não pode ser feita por questões ambientais.
O órgão informa que mantém equipamentos no local constantemente,
mas que as máquinas não têm como trabalhar quando chove demais. Nesse
caso, os reparos são feitos, segundo o DER, assim que o tempo melhora.
Mas o prefeito não acha que a pavimentação traria problemas ambientais. A
região, para ele, é “muito bem fiscalizada” pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Ambiental do
Paraná (IAP) e Força Verde.
E a estrada de terra acaba também causando transtornos ao
ecossistema, como o assoreamento dos rios próximos, já que as enxurradas
carregam os detritos aos leitos, segundo Zahoui. “Não há mesmo interesse em pavimentar”, acredita.
Por Helio Miguel 19/08/2008
Fonte: http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/
20
7. Diagnóstico por Imagens dos Resíduos na Região.
Como mostram as imagens o município precisa com urgência
equacionar o grave problema da gestão dos resíduos, que por
qualquer ponto de vista chegou ao seu clímax. Foram 13 comunidades
visitadas pelo engenheiro florestal formando da PUC-PR, Luiz Alberto
Rodrigues Andreatta, cujas imagens apenas nos dão uma ideia do
problema. São elas: Almeida, Barbado, Bertioga; Guaraqueçaba
(sede), Ilha Rasa, Ipanema, Medeiros; Morato, Superagui; Tagaçaba,
Tibicanga; Tromomô, Serra Negra.
21
22
23
24
25
26
O que eu poderia falar depois destas imagens?
27
http://vozdoguara.blogspot.com.br/