gt-03: direitos humanos, políticas sociais e pobreza...

15
1 GT-03: Direitos Humanos, Políticas Sociais e Pobreza POLÍTICAS SOCIAIS E DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA: UMA RELAÇÃO NECESSÁRIA PIMENTA, Weslley Ribeiro Carvalho. 1 [email protected] SILVEIRA, Ludiana Martins. 2 [email protected] AGUIAR, Wanderleide Berto. 3 [email protected] Resumo: A emergência das políticas sociais está intimamente ligada ao projeto de desenvolvimento em vigor. A relação entre desenvolvimento e políticas sociais se dá na medida em que a segunda é entendida como resposta política e econômica ao projeto hegemônico. Parte-se do entendimento de que as políticas sociais são frutos da dinâmica social, se materializam na inter-relação entre os atores sociais e a partir das relações de força estabelecidas entre eles. Diante disso, o estudo propõe uma reflexão sobre o ideário de desenvolvimento em voga, e o papel das políticas sociais em resposta à questão social. O estudo primou por analisar as propostas de desenvolvimento construídas a partir da modernidade na sociedade ocidental e a importância das políticas sociais como estratégia fundamental de enfrentamento das expressões da questão social na sociedade capitalista. Destaca -se que o Estado enquanto instrumento da burguesia age no intuito de amenizar os efeitos da questão social. As políticas sociais, portanto, ganham função e legitimidade no sistema. Considera-se que a modernidade rompeu com a lógica tradicional de proteção social, exigindo a criação de novos mecanismos que levaram à consolidação das políticas sociais. Deste modo, entende-se que desenvolvimento e políticas sociais são frutos da modernidade e desta maneira devem ser analisados. Palavras-chave: Desenvolvimento; Capitalismo; Política Social; Questão Social; Modernidade Abstract: The emergence of social policies is closely linked to the development project into effect. The relationship between development and social policies takes place insofar as the latter is understood as a response to political and economic hegemonic project. Party is the understanding that social policies are the result of social dynamics, materialize in the interrelationship between social actors and from the power relations between them. Therefore, the study proposes a reflection on the development of ideas in vogue, and the role of social policies in response to the social question. The study was conspicuous by reviewing development proposals constructed from modernity in Western society and the importance of social policies as a key coping strategy expressions of social issues in capitalist society. It is noteworthy that the State acts as an instrument of the bourgeoisie in order to mitigate the effects of social issues. Social policies thus gain legitimacy and function in the system. It is considered that modernity 1 Mestrando em Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes 2 Mestranda em Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes 3 Mestranda em Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

Upload: nguyencong

Post on 12-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

GT-03: Direitos Humanos, Políticas Sociais e Pobreza

POLÍTICAS SOCIAIS E DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA: UMA

RELAÇÃO NECESSÁRIA

PIMENTA, Weslley Ribeiro Carvalho.1

[email protected]

SILVEIRA, Ludiana Martins.2

[email protected]

AGUIAR, Wanderleide Berto.3

[email protected]

Resumo: A emergência das políticas sociais está intimamente ligada ao projeto de desenvolvimento em vigor. A relação entre desenvolvimento e políticas sociais se dá na medida em que a segunda é entendida

como resposta política e econômica ao projeto hegemônico. Parte-se do entendimento de que as políticas

sociais são frutos da dinâmica social, se materializam na inter-relação entre os atores sociais e a partir

das relações de força estabelecidas entre eles. Diante disso, o estudo propõe uma reflexão sobre o ideário de desenvolvimento em voga, e o papel das políticas sociais em resposta à questão social. O estudo

primou por analisar as propostas de desenvolvimento construídas a partir da modernidade na sociedade

ocidental e a importância das políticas sociais como estratégia fundamental de enfrentamento das expressões da questão social na sociedade capitalista. Destaca -se que o Estado enquanto instrumento

da burguesia age no intuito de amenizar os efeitos da questão social. As políticas sociais, portanto,

ganham função e legitimidade no sistema. Considera-se que a modernidade rompeu com a lógica tradicional de proteção social, exigindo a criação de novos mecanismos que levaram à consolidação das

políticas sociais. Deste modo, entende-se que desenvolvimento e políticas sociais são frutos da

modernidade e desta maneira devem ser analisados.

Palavras-chave: Desenvolvimento; Capitalismo; Política Social; Questão Social; Modernidade

Abstract: The emergence of social policies is closely linked to the development project into effect. The

relationship between development and social policies takes place insofar as the latter is understood as a

response to political and economic hegemonic project. Party is the understanding that social policies are

the result of social dynamics, materialize in the interrelationship between social actors and from the

power relations between them. Therefore, the study proposes a reflection on the development of ideas

in vogue, and the role of social policies in response to the social question. The study was conspicuous

by reviewing development proposals constructed from modernity in Western society and the importance

of social policies as a key coping strategy expressions of social issues in capitalist society. It is

noteworthy that the State acts as an instrument of the bourgeoisie in order to mitigate the effects of social

issues. Social policies thus gain legitimacy and function in the system. It is considered that modernity

1 Mestrando em Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes 2 Mestranda em Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes 3 Mestranda em Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

2

has broken with the traditional logic of social protection, requiring the creation of new mechanisms that

led to the consolidation of social policies. Thus, it is understood that development and social policies

are fruits of modernity and thus should be analyzed.

Keywords: Development; capitalism; Social Policy; Social Issues; modernity

Introdução

As discussões sobre os rumos do desenvolvimento capitalista estão em evidência

diante das profundas transformações decorrentes do processo de reestruturação produtiva e

societária. A emergência das políticas sociais está intimamente ligada ao projeto de

desenvolvimento em vigor. A relação entre desenvolvimento e políticas sociais se dá na medida

em que a segunda é entendida como resposta política e econômica ao projeto hegemônico. As

políticas sociais são frutos da dinâmica social, se materializam na inter-relação entre os atores

sociais e a partir das relações de força estabelecidas entre eles (PASTORINI, 1997). Diante

disso, o estudo propõe uma reflexão sobre o ideário de desenvolvimento em voga, e o papel das

políticas sociais em resposta à questão social. O texto realiza um recorte histórico da reflexão

sobre o desenvolvimento a partir da modernidade na sociedade ocidental destacando a

perspectiva de progresso como primeira visão da humanidade em relação ao futuro e a crise

desse ideal que leva à construção da ideia de desenvolvimento. Ao traçar a construção do

desenvolvimento em moldes capitalistas o que se almeja é situar a função estratégica das

políticas sociais frente às expressões da questão social. É importante destacar que, o Serviço

Social ao se apropriar sobre os estudos de políticas sociais as entende como fruto das múltiplas

relações que se estabelecem na totalidade social e que realizam funções políticas e econômicas

e por isso a ligação lógica com as propostas de desenvolvimento.

O estudo resulta da experiência vivida na disciplina teorias do desenvolvimento

social do programa de pós-graduação em desenvolvimento social da Unimontes4 e se faz

pertinente, tendo em vista que, os rumos do desenvolvimento são pontos fundamentais da

organização societária e são norteadores para a formulação de políticas públicas. Ao evidenciar

a relação entre desenvolvimento e políticas sociais, se quer contribuir para a reflexão a respeito

dos rumos da sociedade brasileira atual, portanto refletir sobre as estratégias do

desenvolvimento em moldes capitalistas é tarefa para toda sociedade.

4 Programa de pós-graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros –

PPGDS/Unimontes

3

O ideal de progresso e a crise do projeto burguês em debate

Até o advento da modernidade o pensamento social era dominado pela ideia de um

equilíbrio de forças entre o bem e o mal que garantia a evolução do mundo de forma natural.

Desse modo, os problemas sociais eram vistos como frutos inerentes à condição do mundo

natural. A maneira de lidar com as manifestações dos chamados problemas sociais, tais como,

as doenças, deficiências e a miséria, era pelo viés social-assistencial em que critérios da

incapacidade de prover o necessário para a subsistência e o pertencimento à comunidade

definiam os que estavam em condição de beneficiados, ou seja, aptos à caridade alheia. A Igreja

Católica, especialmente na Europa, se legitimou como a principal instituição de gestão da

assistência (CASTEL, 1998). Uma nova atitude é evidenciada na sociedade ocidental, o homem

abandona aquela visão contemplativa do mundo, e busca exercitar a razão. Tem-se que a

emancipação do homem e a dessacralização da natureza permitiram que o ser humano buscasse

explicações racionais para seus problemas e suas perguntas básicas a respeito da natureza, da

vida, da organização social, da história e do futuro. É nessa busca incessante pela explicação

racional que estão as bases teóricas do ideal de progresso. As raízes do entendimento de

progresso se encontram em três correntes do pensamento europeu que assumiram uma visão

otimista da história a partir do século XVIII. A primeira parte do pensamento iluminista em que

concebe a história como uma marcha progressiva para o racional. A segunda firma-se na

concepção de que a sociedade humana era regida pela mesma lei da “seleção natural das

espécies”. A terceira funda-se na ideia de acumulação de riqueza, na qual está implícita a opção

de um futuro marcado pela promessa de melhor bem-estar. Essa terceira corrente está ligada ao

desenvolvimento da ciência econômica (FURTADO, 2000).

Os fundamentos da ideia de progresso apresentados se articulam na expansão do

projeto de sociedade europeu para o resto do mundo. As lutas travadas no período de

colonização foram cultivadas em nome do progresso. Na busca de efetivá-lo se desestruturaram

os antigos modelos de proteção social, levando à emergência de novas formas que acentuavam

o papel da educação, do gosto pelo trabalho e das instituições de benemerência. Furtado (2000),

assim sendo, aponta que o progresso não surge da lógica da história necessariamente, mas

encontra-se inscrito no horizonte de possibilidades do homem. Todo o processo se resume em

dotar a sociedade de instituições que sejam capazes de evidenciar as potencialidades do

indivíduo e que propiciem o aprofundamento das contradições levando à eclosão do futuro.

4

Após o entendimento da perspectiva do progresso, busca-se refletir sobre o projeto

burguês e os seus limites. Sob a ideologia do progresso, o projeto burguês chega ao seu estremo

diante dos inúmeros problemas sociais gerados, e que evidencia-se nas reações realizadas pela

classe trabalhadora, forçando a classe dominante a reconstruir o seu projeto e firmá-lo em novas

bases. Os problemas sociais gerados pelo capitalismo liberal atingiam os trabalhadores da

cidade como do campo, os artesãos e os pequenos comerciantes, provocando uma “desfiliação

em massa”, inscrita no próprio processo de produção de riquezas (CASTEL, 1998). “Uma

riqueza nunca vista passou a ser companheira inseparável de uma pobreza nunca vista”

(POLANYI, 2000, p. 126-127). Verifica-se, dessa forma, o desemprego em massa”; condições

de pobreza de grande parte da população das cidades; a piora do estado físico da população; os

males da promiscuidade; os problemas habitacionais entre outros, que caracterizam o

acirramento da questão social.

Neste processo de agravamento do conflito entre capital e trabalho, Karl Marx (1991)

aponta a exploração sofrida pelos trabalhadores, transformados em mercadorias no processo de

produção capitalista. O autor destaca as excessivas mortes por acidentes de trabalho e por doenças

decorrentes do trabalho; a exploração do trabalho infantil e o feminino; às condições insalubres e

desumanas a que eram submetidos os trabalhadores e os baixos salários. Tem-se que o capitalismo,

“mais do que qualquer outro modo de produção, esbanja seres humanos, desperdiça carne e sangue,

dilapida nervos e cérebros” (MARX, 1991, p. 99).

Diante desse quadro desfavorável e degradante das condições de vida da classe

trabalhadora, a mesma reage ao processo de exploração latente, os empobrecidos passaram a não

aceitar mais a situação de forma resignada, passaram a protestar, tornando-se uma ameaça real às

instituições sociais existentes. A politização dos problemas sociais é que os transforma em “questão

social” (NETTO, 2001). Aspectos que antes eram vistos como naturais e tratados de forma

individual ou como provenientes de desfuncionalidades passageiras da sociedade, passam a ser

polemizados e colocados como decorrentes do conflito de classes e da lógica perversa da

reprodução da sociedade de classes. A estratégia da burguesia perante o conflito instaurado foi

reunir intelectuais para construir explicações para o fenômeno sem comprometer a ordem social

estabelecida. A “naturalização”, a “desfuncionalidade”, “os desvios morais”, “o não-trabalho”, a

“criminalização” foram algumas das explicações utilizadas pela burguesia para desqualificar as

exigências feitas pelos que estavam fora do usufruto dos benefícios da nova sociedade burguesa.

Enquanto instrumento nas mãos da classe burguesa, o Estado passou a ser utilizado no

enfrentamento da questão social no sentido de amenizar ou reduzir seus efeitos através de políticas

sociais (NETTO, [1947], 2001).

5

No período pós 1850 foi apresentado pelos liberais a criação de um conjunto de

associações voluntárias para a melhoria e a defesa social. A estratégia apresentada pelos liberais

buscava resolver os problemas dos indivíduos que não conseguiam se inserir na nova sociedade,

por meio do seu próprio esforço. Diante dessa lógica, a proposta criada para as políticas sociais

é torna-las de responsabilidade dos cidadãos, ou seja, da sociedade civil, que deveriam exercer

voluntariamente essa função de proteção das classes populares. Apontam-se três formas básicas

de proteção: a assistência aos indigentes através dos visitadores sociais, o desenvolvimento de

instituições de poupança e previdência voluntária e as instituições de proteção patronal. As

últimas mencionadas propuseram criar uma organização racional do trabalho, em que os donos

das empresas organizariam um sistema de proteção com a sua contribuição e a contribuição dos

operários, no intuito de até mesmo fornecer habitação aos trabalhadores (CASTEL, 1998).

Apesar das inúmeras estratégias da burguesia para cooptar e fragmentar a classe

trabalhadora, a mobilização da mesma se fazia presente. As estruturas de sindicato,

cooperativas e partidos exerciam importante papel na articulação e mobilização dos

trabalhadores. Fortemente influenciados por ideias socialistas, o que os mantinha unidos e

mobilizados era a confiança de que todos os benefícios que podiam ser feitos na sociedade

sejam pela via da revolução ou da conquista gradual, provinham da ação e da organização deles

próprios enquanto classe (HOBSBAWM, 2002).

Diante dos efeitos da revolução industrial e do acirramento da questão social os

pensadores liberais reconhecem que a ameaça à liberdade não se encontra apenas no Estado

mas também na própria sociedade, o que exige a reformulação do liberalismo. O Advento das

reformas liberais é caracterizado pela superação da dualidade entre os chamados de homens de

bem ou os notáveis em que exerciam uma concepção moralizante que via solução pela caridade

e o trabalho, e os partidários da luta de classes que concebiam os problemas sociais como frutos

da exploração e como solução a luta organizada para a revolução. Posições essas inegociáveis

até então. Perante o fracasso dos notáveis no enfrentamento da questão social, abriu-se um

espaço de mediação de negociação dos interesses diferentes. Constrói-se uma atmosfera para a

criação de legislações sociais que superem o caráter local e particular e comecem a adquirir um

caráter mais abrangente (CASTEL, 1998). A discussão da legislação social, por ocasião da

revisão da Lei dos Pobres, na Inglaterra, serve como exemplo para demonstrar como se deram

as diferentes posições a respeito da indigência, da situação das crianças, dos idosos, e dos

desempregados. Em outro sentido, o debate que se constrói ao final do século XIX, em relação

à importância da efetivação de políticas sociais, demonstra a nova mentalidade que se começa

6

a estabelecer. Esse debate que se tinha a respeito das políticas sociais na dinâmica do progresso

de uma nação foi prejudicado pelos acontecimentos que se estabeleceram no início do século

XX. A Primeira Guerra Mundial, a Grande Depressão, o Nazismo e o Fascismo e a Segunda

Guerra Mundial foram os eventos históricos de grande expressão que ocultaram e dificultaram

o debate na maior parte do mundo. (POLANYI, 2000). Por outro lado, esses acontecimentos

contribuíram para que se efetivassem as opções socialista e a do liberalismo social como opções

à crise enfrentada pelas sociedades que tinham implementado as teorias do ideário do progresso.

A ideia de desenvolvimento em foco

Conceituar desenvolvimento é uma tarefa árdua porque se tem diferentes e

divergentes posicionamentos, problematizar a finalidade e para quem se destina é caminho

propício. Furtado (2000) destaca que o conceito de desenvolvimento na história contemporânea

tem sido usado em dois sentidos, o primeiro diz respeito à evolução de um sistema de produção,

em que por meio da acumulação e o avanço das técnicas alcança-se maior eficácia. Já o segundo

sentido parte da relação com o grau de satisfação das necessidades humanas. No entanto, esta

é uma relação ambígua, pois falar de necessidades humanas tanto pode ser objetivo como

subjetivo. Enquanto se estiver falando de necessidades elementares, tais como, alimentação e

habitação, a objetividade se faz mais presente. Mas à medida em que se afasta desse plano

chegamos à uma interpretação das necessidades baseada em um sistema de valores, em um

contexto cultural, onde se percebe diferentes apreensões do que seja necessidade. Diante disso,

constrói-se uma outra dimensão ao desenvolvimento. Portanto, a ideia de desenvolvimento

possui pelo menos três dimensões, a do incremento da eficácia do sistema social de produção,

a segunda seria a da satisfação de necessidades elementares da população e a terceira refere-se

à consecução de objetivos almejados por grupos dominantes e que competem na utilização de

recursos escassos. As discussões acerca do desenvolvimento estão ligadas à ideia de interesse

nacional em que fazem referência à terceira dimensão apresentada. Com o surgimento de

centros econômicos autônomos, o juízo de desenvolvimento está intimamente ligado ao ideal

de interesse nacional. Furtado analisa que

a reflexão sobre o desenvolvimento, no período subsequente à Segunda Guerra Mundial, teve como causa principal a tomada de consciência do atraso

econômico em que vive a grande maioria da humanidade. Indicadores mais

específicos, tais como mortalidade infantil, incidências de enfermidades contagiosas, grau de alfabetização e outros logo foram lembrados, o que

7

contribui para amalgamar as ideias de desenvolvimento, bem-estar social,

modernização, enfim tudo o que sugeria acesso às formas de vida criadas pela

civilização industrial. (FURTADO, 2000, p. 25)

Este presente estudo busca elucidar o modelo capitalista de desenvolvimento e

perante este objetivo, Rotta (2007) destaca-se que a concepção capitalista de desenvolvimento

estruturou-se por meio da ideia de planejamento da economia e da sociedade para livrar-se das

crises e catástrofes ocasionadas pelo jogo das forças do mercado; de uma nova compreensão da

relação entre o Estado, mercado e sociedade civil, na direção do controle e da regulação e

ainda do compromisso negociado; de uma nova apreensão do processo histórico que as diversas

sociedades mundiais precisavam percorrer para obter o desenvolvimento e por fim, de numa

nova ideologia, a ideologia da modernização que propagava a ideia de que as sociedades que

quisessem alcançar o desenvolvimento teriam que implementar um processo de modernização

dos processos produtivos, das estruturas sociais, das instituições e até dos comportamentos

individuais. Essa busca pelo desenvolvimento por via da modernização leva ao que Furtado

(1983) apud Rotta (2007) chamou de “mito do desenvolvimento” onde se propagava a crença

da necessidade de sacrificar tudo e todos para que se alcançasse o modelo das sociedades

industriais modernas. O caminho propagado aos países mais pobres para se tornarem também

ricos era imitar o processo de industrialização desenvolvido nos países ocidentais (ALMEIDA,

1997).

Refletir sobre os caminhos do desenvolvimento é tarefa árdua mas necessária para

entender a dinâmica da sociedade e os seus efeitos na vida cotidiana dos indivíduos alvos das

políticas sociais. O capitalismo, desde a sua emergência, exercita claramente o seu poder de

reinvenção e adaptação às contradições oriundas de sua própria estrutura. A ideia de

desenvolvimento também caminha nesta mesma lógica de apreender as mudanças societárias,

de identificar a realidade social e reestabelecer suas bases. As reflexões sobre o

desenvolvimento continuam em evidência e se faz necessário refletir sobre novas visões e

pontos de vistas acerca da temática. Conforme tal assertiva, debruçaremos um pouco mais sobre

importantes pontos do pensamento de Furtado sobre a temática.

O ponto de partida para problematizar sobre desenvolvimento é ter em vista a

apreensão da realidade social, é identificar as entidades que assumem uma nova forma marcadas

pela ideia de estrutura. A estrutura é vista, como o ponto de partida para a apreensão da

totalidade, e ter uma visão totalizante é nada mais que identificar as simetrias do processo. É

preciso não perder de vista que a estrutura é uma das descrições da forma do todo, logo, projeta

8

luz sobre certos aspectos particulares, deixando outros na sombra. (FURTADO, 2000). Tem-se

que a ideia em fluxo de desenvolvimento diz respeito a um processo de transformação, no

sentido de adoção de formas que não seguem uma simples lógica de desdobramentos das formas

já existentes, mas que na verdade, engloba o conjunto de uma sociedade.

Essa transformação está ligada à introdução de métodos produtivos mais eficazes e se manifesta na forma de aumento do fluxo de bens e serviços finais

à disposição da coletividade. Assim, a ideia de desenvolvimento articula-se,

numa direção, com o conceito de eficiência, e noutra, com o de riqueza. As formas mais racionais de comportamento correspondem uma satisfação mais

plena das necessidades humanas (FURTADO, 2000, p.41).

Dizer que a construção do desenvolvimento está intimamente ligada à ideia de

eficiência é ter claro que o que cria o desenvolvimento é a faculdade do homem para inovar

posto que possibilita o avanço da racionalidade no comportamento. “É porque o homem é um

agente criador que o desenvolvimento significa a gênese de formas sociais efetivamente novas”

(FURTADO, 2000, p. 42)

As proposições sobre desenvolvimento econômico têm enfatizado o processo

acumulativo das forças produtivas. Por trás dos aspectos quantitativos, alvos da preocupação

dos economistas, encontra-se o processo histórico de ascensão da civilidade industrial marcada

pela adoção dos padrões de modernidade por todos os povos. Diante desse processo de mudança

na forma de vida sob moldes da industrialização, tem-se que a função da criatividade no

desenvolvimento tenha perdido sua evidência, assim como a relação entre acumulação e os

valores que regem a vida social. O que se verifica é que esse processo oculta a existência de

modos de desenvolvimento que monopolizam a criação dos fins a favor de certos países.

Furtado (2000) destaca a importância da acumulação para a obtenção do desenvolvimento, mas

frisa que a mesma não é suficiente sozinha. Nesta relação entre acumulação e desenvolvimento,

um outro componente se faz necessário, o excedente ligado à estratificação social. O excedente

é alcançado por meio da estratificação social. É a estratificação social que permite à

acumulação. Portanto, os mesmos recursos que permitem o desenvolvimento das forças

produtivas são os mesmos que concebem as desigualdades sociais. “Por toda parte é o sistema

de dominação social que configura o perfil de distribuição de renda” (FURTADO, 2000, p.47).

Apreende-se que a ideia de desenvolvimento nasce atrelada ao projeto da

modernidade que buscava a emancipação do ser humano em relação ao pensamento mágico e

da religião, buscando afirmar a capacidade do homem gerir sua própria história pelo uso da

razão. As novas reflexões sobre o desenvolvimento trazem contribuições importantes para a

9

construção de um novo papel das políticas sociais nas dinâmicas de desenvolvimento. Neste

traçar teórico, Rotta (2007) destaca-se a fragilidade das metodologias de aferir o

desenvolvimento e consequentemente a construção de políticas fundadas apenas no PIB e na

renda per capita. Ressalta-se a necessidade de se levar em conta os indicadores sociais, para

que de fato se tenha apreensão da totalidade social.

O entendimento da dinâmica do desenvolvimento traçado neste breve tópico buscou

elucidar o terreno histórico da efetivação do capitalismo na sociedade ocidental demonstrando

importantes aspectos para a sustentação do objetivo deste trabalho: o papel das políticas sociais

frente a desenvolvimento em moldes capitalistas. E é com essa problemática acerca do

desenvolvimento “para que e para quem? ”que refletiremos sobre a questão social.

O papel das políticas sociais frente ao acirramento da questão social

As transformações em curso no mundo são imprescindíveis para construção das

políticas sociais, e é diante dessa assertiva que se destaca a conjuntura histórica do surgimento

da chamada questão social e das estratégias de respostas a ela. No presente marco histórico

apreende-se que a natureza fora reduzida à terra privatizada, o homem tornou-se mercadoria,

reduzindo-se apenas à sua “força de trabalho”. Compreende-se que uma nova costura deu

coesão aos retalhos restantes do sistema feudal: a economia de mercado autorregulável, que

teve como alegoria máxima a indústria moderna (POLANYI, 2000 [1942]). Frente a isso

emerge a denominação de “questão social” na Europa Ocidental, na terceira década do séc.

XIX, para retratar o fenômeno do pauperismo5, proveniente da formação do capitalismo em seu

estágio industrial-concorrencial. Tem-se que “pela primeira vez na história registrada, a pobreza

crescia na razão direta em que aumentava a capacidade social de produzir riquezas” (NETTO,

2001, p. 42). E esses pobres não se conformavam, mas passavam a protestar, evidenciando-se

dessa forma numa ameaça às instituições sociais existentes. Marx pôde elucidar com precisão

a respeito da questão social, para ele consiste em um processo complexo muito amplo,

indomável à sua mostra imediata como pauperismo. O que se verifica é que o desenvolvimento

5 CASTEL (1998) em seus estudos sobre as metamorfoses da “questão social”, na Inglaterra no século XIV, analisa

a existência de uma população pauperizada considerada entre indigentes inválidos, desobrigados do trabalho por fatores tais como doença, velhice e viuvez e, diante disso, com direito à assistência, e indigentes válidos, os

vagabundos e similares, que estariam aptos ao trabalho, mas sem direito à assistência. Para o autor, este

“fenômeno”, o qual designa como pauperismo, não pode ainda ser entendido como uma expressão da “questão

social.

10

capitalista produz a “questão social”. E as suas expressões se dão nos diferentes estágios

capitalistas. (NETTO, 2001). Castel (1998) analisa que a formação de um fragmentado e

miserável proletariado gerou progressivamente um processo revolucionário essencial à

constituição da modernidade liberal, permitindo, dessa maneira, que o acesso à força de trabalho

se tornasse o alicerce, para a reestruturação de toda a “questão social”. Conforme os estudos do

autor, o protagonismo dos atores sociais, o proletariado pauperizado, no cenário da época, é o

que leva à alteração do estatuto do pauperismo para “questão social”. Isso põe no centro a luta

de classe como fator determinante para o surgimento da “questão social”

Perante tal análise apreende-se que é a partir das lutas sociais e políticas travadas

pelo proletariado que passar a existir a “questão social”.

A ‘questão social’ não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da

sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do em-

presariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da

contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade e da repressão (IAMAMOTO,

1992, p. 77).

Conforme o traçar teórico até aqui percebe-se que a questão social é complexa pois

resulta das particularidades dos modos de produção e dos diferentes modos de efetivação do

desenvolvimento do capitalismo nas sociedades. A questão social se constrói a partir dos

vínculos históricos que amalgamam cada sociedade e das contradições que levam à sua ruptura.

Conforme as contradições, as rupturas e transformações nos estágios capitalistas na sociedade

moderna ocidental, emerge nas discussões do Serviço Social a problemática a respeito das

transformações da questão social, indagando a existência ou não de uma nova questão social.

Castel (1998) vai de encontro ao pensamento de uma “nova questão social. Seu posicionamento

evidencia que a conquista de um sistema de proteção social, em que possibilitou o cerceamento

do conjunto de necessidades básicas e ofereceu ao salariado condições de vida mais digna,

corresponde a uma curvatura no desenvolvimento capitalista e instaura uma nova condição da

classe trabalhadora, o que leva a extinção da “questão social” tal qual ela se manifestou com a

revolução industrial. Diante disso, o autor considera que há uma nova “questão social”, tendo

em vista que a “velha”, proveniente do processo de industrialização e das mazelas decorrentes

do mesmo, foi superada pelo sistema de proteção social estabelecido no pós-guerra, o

denominado Estado de Bem Estar Social.

11

Com pensamento contrário outros autores tais como Pereira (2001) e Netto (2001)

consideram que a “questão social” em tempos atuais expressam a mesma contradição que

sustenta a base do sistema capitalista. O que se tem para estes autores, são novas expressões

diante das transformações da dinâmica do capital. Não se pode dizer em uma “nova questão

social” pois a velha não foi solucionada, o sistema que a originou se faz presente e depende da

sua existência. Portanto, para Pereira (2001) o enfrentamento e a possível extinção da questão

social se dar apenas por meio da supressão definitiva da estrutura da ordem vigente.

Castel (2011) destaca o papel do Estado no enfrentamento da questão social. As

contradições do capitalismo estão postas e os efeitos na classe trabalhadora necessitam ser

amenizados. O Estado age não simplesmente por comprometimento com os trabalhadores, pelo

contrário, é pela pressão política travada pelo proletariado e pelo imperativo estratégico do

mercado de manter suas bases de produção que ele se faz presente.

É por isso que as proteções construídas pelo Estado, as proteções sociais, garantidas pela lei, têm tanta importância, porque se o Estado se retira, há o

risco do quase vazio, da anomia generalizada do mercado, pois este não

comporta nenhum dos elementos necessários à coesão social, muito pelo contrário, funciona pela concorrência, “não faz sociedade” (CASTEL, 2011,

p. 298).

Diante desse imperativo, onde se situa as políticas sociais? A quem elas atendem?

Conforme traz Pastorini (1997), quem de fato mexe os fios da política social? Esses são

questionamentos que procuraremos a partir de então responder.

A política social deve ser entendida como formas de mediação entre as necessidades

básicas de valoração e acumulação do capital. É a maneira pela qual o sistema por meio da ação

estatal controla os não satisfeitos com o modo de vida imposto pelo capitalismo. O Estado é

quem se responsabiliza pelo bem-estar dos cidadãos e, em decorrência, cria e planeja atuações

dirigidas à proteção das classes sociais fragilizadas e estende a proteção a todos aqueles

cidadãos em situação de risco, seja ocasionado por doenças, incapacidade física, aposentadoria

ou outras situações que comprometam a capacidade para o trabalho. Desta maneira, o Estado

busca estabelecer um complexo sistema de seguridade social que assegure prestações sociais

ante as contingências e necessidades com o intuito de propiciar ainda que minimamente

condições de vida digna. A estratégia utilizada é efetivar políticas sociais pontuais para atender

precisões pontuais. O Estado Social por conseguinte, legitima sua função justamente em seu

caráter social ao reconhecer os direitos sociais e ao se vê na obrigação de materializar um bem

estar aos cidadãos em geral. Esses objetivos estão intimamente ligados ao sistema de prestações

12

e às políticas sociais. Porém, é imprescindível que se fique claro que o Estado Social assume

posições muito diversificadas nos diversos países em que se instala, levando-se em conta a

realidade social e política encontrada em cada lugar, no entanto, sem perder de vista as suas

bases de sustentação. (ROTTA, 2007)

Conforme Netto (2001), a funcionalidade essencial da política social no Estado

burguês é preservar o controle da força de trabalho, por meio tanto dos sistemas de seguro social

como pela própria regulamentação das relações entre trabalhadores e capitalistas. Dessa

maneira, tem-se que o peso da política social é assegurar as condições necessárias para o

desenvolvimento monopolista. O que se pretende elucidar não é a decorrência natural das

políticas sociais no Estado burguês, pelo contrário, este caráter natural não existe, não há

dúvidas que tais políticas são frutos da capacidade de mobilização da classe trabalhadora.

Entretanto não se pode reduzir a análise de forma tão dualística, a emergência das políticas

sociais se dá em um campo marcado pela contradição e conflito, onde se realizam alianças e

rupturas que trazem novos apontamentos para a dinâmica societária.

Seguindo a lógica do entendimento tradicional aprende-se que perante a

naturalização das desigualdades, a política social entra em cena e encontra seu espaço, é

justamente, na compensação das desigualdades do mercado que a política social age no intuito

de compensar a distribuição desigual da esfera produtiva do sistema. (PASTORINI, 1997)

Alguns autores da perspectiva tradicional veem a política social com característica

redistributiva, e a exaltação dessa característica é estrategicamente propícia ao sistema, pois

não se questiona a distribuição de riqueza e o Estado, portanto, não assume o papel de

interferência na economia em prol da reversão da desigualdade. Já a interpretação marxista das

políticas sociais, conforme Pastorini (1997), observa uma dualidade contraditória no processo,

para os autores que seguem essa linha interpretativa as políticas sociais demonstram a imagem

de redistributivas e ao mesmo tempo favorecem às classes dominantes, ao desempenharem o

papel de diminuir os custos de manutenção e reprodução da força de trabalho.

Do ponto de vista das classes trabalhadoras, estes serviços podem ser

encarados como complementares, mas necessários à sua sobrevivência, diante de uma política salarial que mantém os salários aquém das necessidades

mínimas historicamente estabelecidas para a reprodução de suas condições de

vida (...). Porém, à medida que a gestão de tais serviços escapa inteiramente ao controle dos trabalhadores (...) tendem a ser utilizadas como meio de

subordinação dessa população aos padrões vigentes (...). Do ponto de vista do

capital, tais serviços constituem meios de socializar os custos de reprodução

da força de trabalho. (IAMAMOTO, 1992, p. 97)

13

Para finalizar a discussão tomo como auxilio o posicionamento de Behring (2000)

acerca da política social no capitalismo tardio. É preciso estar claro que a política social esteve

e está no centro do embate político e econômico pois ela é claramente um componente básico

da relação salarial no processo de reprodução da força de trabalho. O significado da política

social não pode ser apreendido pela sua inserção natural e objetiva e nem tampouco, apenas

pela luta coletiva dos sujeitos em condição subalterna, pois, é fruto da totalidade dessas ações

historicamente construídas, portanto, tem que se levar em conta continuamente, o processo de

demanda, luta, negociação, alianças e rupturas que caracterizam a sociedade moderna ocidental.

Considerações finais

O trajeto histórico das concepções de desenvolvimento e do surgimento das

políticas sociais feito neste breve espaço evidenciou que as ideias nascem das situações vividas

e da disputa política entre os sujeitos coletivos que compõem a história. História esta que está

para além do desenvolvimento de modos de produção capitalista, sua origem parte de

importantes elementos apresentados ainda no período em que o mundo era apenas explicado

pela magia e pela religião. Apreende-se que a modernidade rompeu com a lógica tradicional de

proteção social, exigindo a criação de novos mecanismos que levaram à consolidação das

políticas sociais. Deste modo, entende-se que desenvolvimento e políticas sociais são frutos da

modernidade e desta maneira devem ser analisados.

Ao destacar as raízes da questão social, o que se buscou foi sustentar o

entendimento de que é a ela que as políticas sociais reponde, mas não é uma resposta simplória

e direcionada unicamente às expressões da questão social. As políticas sociais respondem

também e principalmente às exigências dos modos de produção, ao mercado capitalista, se

configura como um componente necessário para o desenvolvimento e estabelecem uma relação

íntima que tem o Estado como interlocutor. Mais do que mediador o Estado é o executor dessas

políticas, é a instituição que chega até às mazelas da questão social e atua para amenizá-las,

com o pleno objetivo de evitar o colapso das contradições capitalistas.

O Estado em tempos de capital monopolista tem sido cooptado pela classe

dominante, e desta maneira suas ações são direcionadas em favor desse segmento. No entanto,

é ele o captador das lutas travadas no sistema, e a classe trabalhadora se articula diante dessa

premissa. As políticas sociais são respostas à pressão da classe trabalhadora, é o sistema se

reinventando e os trabalhadores se organizando por melhores condições de vida.

14

Esta breve reflexão buscou problematizar o ideal de desenvolvimento em voga e o

papel das políticas sociais neste processo. Não se buscou construir uma visão pessimista ou

negativa a respeito da política social, o intuito foi traçar a finalidade da mesma para o sistema

e evidenciar as suas contribuições para as condições de vida das classes populares. Diante disso

tem-se que importantes contribuições foram atingidas. Em primeiro lugar, a política social deve

ser analisada inserida na realidade social levando-se em conta os agentes que a constrói. Em

segundo, o Estado se consolidou como o mediador entre burguesia e classe trabalhadora e neste

terreno encontrou finalidade para a política social. Em última análise, a política social é

ferramenta do capital e necessária à manutenção da força de trabalho. Portanto, é preciso ter

claro, ao mesmo tempo em que atende à classe trabalhadora, favorece à classe dominante, pois

mantém a desigualdade social e a perspectiva de desenvolvimento capitalista se sustenta na

sociedade moderna ocidental.

Referências

ALMEIDA, Jalcione. Da ideologia do progresso à idéia de desenvolvimento (rural)

sustentável. In: ALMEIDA, J.; NAVARRO, Zander. (Orgs.). Reconstruindo a agricultura:

idéias e ideais na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre: Editora da

Universidade/UFRGS, 1997. p. 33-55.

BEHRING, Elaine Rossetti. Política Social no Capitalismo Tardio. São Paulo: Cortez, 1998.

CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Tradução de

Iraci D. Poleti. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

_________. As transformações da questão social. In: Desigualdade e questão social / Org.

Mariangela Belfiore-Wanderley, Lúcia Bógus, Maria Carmelita Yazbec, - 3. ed. rev. e

ampliada, 2. Reimpr. – São Paulo: EDUC, 2011.

FURTADO, Celso. Introdução ao desenvolvimento: enfoque histórico-estrutural. 3. ed.

revista pelo autor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

HOBSBAWM, Eric. A era dos impérios. Tradução de Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel

de Toledo. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

IAMAMOTO, Marilda. Renovação e conservadorismo no Serviço Social – Ensaios críticos.

São Paulo, Cortez, 1992.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Livro Terceiro – O processo global da

produção capitalista. v. 4. Tradução de Reginaldo Sant‟Anna. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand

Brasil, 1991.

15

NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 3. ed.,

2001

________. Cinco Notas a Propósito da “Questão Social”. Revista Temporalis, Brasília:

ABEPSS, nº3, 2001.

PASTORINI, Alejandra. Quem mexe os fios das políticas sociais? Avanços e limites da

categoria concessão-conquista. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano 18, n. 53, p. 80-

101, mar. 1997.

PEREIRA, Potyara Amazoneida. Questão Social, Serviço Social e Direitos da Cidadania.

Revista Temporalis, Brasília: ABEPSS, nº. 3, 2001.

POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens da nossa época. 2. ed. Rio de Janeiro:

Campus, 2000.

ROTTA, Edemar. Desenvolvimento regional e políticas sociais no noroeste do estado do

Rio Grande do Sul. Porto Alegre, FSS/PUCRS, Tese de Doutorado, 2007. Disponível em:

http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/5085 . Acesso em: 08/07/2014

SANTOS, Milton. Técnica, espaço e tempo: globalização e meio técnico-científico

informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.