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GRUPO I - CLASSE V - Plenário TC 008.693/2003-3 Apenso: TC 006.533/2003-0 - Denúncia - Sigiloso (c/ 1 volume) Natureza: Relatório de Auditoria Unidade: Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC Responsáveis: -Neuton de Faria Soares, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, desde 09/01/2003 (CPF 297.102.431-87) -José Oswaldo da Silva, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 11/09/2001 a 01/01/2003 (CPF 011.659.096-34) -José Lincoln Daemon, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 22/02/2000 a 11/09/2001 (CPF 315.031.017-20) -Júlio César de Oliveira de Albuquerque Pereira, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 21/01/1999 a 22/02/2000 (CPF 311.739.691-87) -Bianor de Queiroz Fonseca, Subsecretário de Assuntos Administrativos, de 01/01/1998 a 21/01/1999 (CPF 027.623.407-30) -Hilton Kruschewsky Duarte, Coordenador-Geral de Serviços Gerais, desde 04/02/2003 (CPF 096.239.495-53) -Edmundo Soares do Nascimento Filho, Coordenador-Geral de Serviços Gerais, de 01/01 a 08/05/1998 e de 01/01/1999 a 04/02/2003 (CPF 224.487.053-72) -Sérgio Luís de Castro Abrantes Ferrão, Coordenador-Geral de Serviços Gerais Substituto, de 08/05 a 31/12/1998 (CPF 224.487.053-72) Advogado constituído nos autos: não consta Sumário: Auditoria de conformidade realizada com o objetivo de avaliar a legalidade e a oportunidade das aquisições de bens e serviços de informática. Processo de denúncia apensado para apuração conjunta. Realização de dispensa de licitação sem apresentação dos parâmetros comprobatórios da compatibilidade do preço ajustado. Inconsistência na elaboração de projeto básico. Utilização de empregados de empresa contratada para a realização de atividades não avençadas. Descumprimento de disposições contidas no projeto básico e no contrato. Disponibilização de técnicos da empresa contratada para prestar serviços à Ancine. Pagamento de faturas sem a comprovação de realização do recolhimento dos encargos sociais pela contratada. Interferência da administração do MDIC na indicação de empregados da empresa contratada. Ausência de planejamento nas aquisições de bens e serviços de informática. Ausência de parcelamento do objeto contratado nos termos preconizados pelo art. 23, § 1°, da Lei n°

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GRUPO I - CLASSE V - PlenárioTC 008.693/2003-3Apenso: TC 006.533/2003-0 - Denúncia - Sigiloso (c/ 1 volume)Natureza: Relatório de AuditoriaUnidade: Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior - CGSG/MDICResponsáveis:-Neuton de Faria Soares, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, desde 09/01/2003 (CPF

297.102.431-87)-José Oswaldo da Silva, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 11/09/2001 a

01/01/2003 (CPF 011.659.096-34)-José Lincoln Daemon, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 22/02/2000 a 11/09/2001

(CPF 315.031.017-20)-Júlio César de Oliveira de Albuquerque Pereira, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de

21/01/1999 a 22/02/2000 (CPF 311.739.691-87)-Bianor de Queiroz Fonseca, Subsecretário de Assuntos Administrativos, de 01/01/1998 a 21/01/1999 (CPF

027.623.407-30)-Hilton Kruschewsky Duarte, Coordenador-Geral de Serviços Gerais, desde 04/02/2003 (CPF 096.239.495-53)-Edmundo Soares do Nascimento Filho, Coordenador-Geral de Serviços Gerais, de 01/01 a 08/05/1998 e de

01/01/1999 a 04/02/2003 (CPF 224.487.053-72)-Sérgio Luís de Castro Abrantes Ferrão, Coordenador-Geral de Serviços Gerais Substituto, de 08/05 a

31/12/1998 (CPF 224.487.053-72)Advogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Auditoria de conformidade realizada com o objetivo de avaliar a legalidade e a oportunidade das aquisições de bens e serviços de informática. Processo de denúncia apensado para apuração conjunta. Realização de dispensa de licitação sem apresentação dos parâmetros comprobatórios da compatibilidade do preço ajustado. Inconsistência na elaboração de projeto básico. Utilização de empregados de empresa contratada para a realização de atividades não avençadas. Descumprimento de disposições contidas no projeto básico e no contrato. Disponibilização de técnicos da empresa contratada para prestar serviços à Ancine. Pagamento de faturas sem a comprovação de realização do recolhimento dos encargos sociais pela contratada. Interferência da administração do MDIC na indicação de empregados da empresa contratada. Ausência de planejamento nas aquisições de bens e serviços de informática. Ausência de parcelamento do objeto contratado nos termos preconizados pelo art. 23, § 1°, da Lei n° 8.666/93. Conhecimento da denúncia para considerá-la parcialmente procedente. Audiência dos responsáveis. Determinações. Levantamento da chancela de sigilo, exceto quanto à identidade do denunciante. Ciência aos interessados.

RELATÓRIO

Trata-se de relatório de auditoria realizada na Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC com o objetivo de avaliar a legalidade e a oportunidade das aquisições de bens e serviços de informática efetuadas por aquela unidade no período compreendido entre os exercícios de 1998 e 2002, conforme deliberação contida na Decisão n° 1.214/2002 - Plenário.

2.Transcrevo os excertos mais relevantes do relatório elaborado pela equipe da 5ª Secex, conforme se segue.

“ACHADOS DE AUDITORIA

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3.1Dispensa de licitação fundamentada no inciso VIII do art. 24 da Lei nº 8.666/93 sem apresentação de parâmetros que confirmassem ser o preço oferecido pelo contratado compatível com o de mercado, bem como ser plausível a razão para escolha do fornecedor.

3.1.1.Situação encontrada: celebração de contrato com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT/SP) para desenvolver um banco de dados de apoio ao planejamento estratégico de empresas exportadoras da cadeia produtiva de couro e calçados. Constatamos que, apesar de ter sido solicitada proposta de preços a 3 instituições, apenas o IPT a apresentou, sem contudo ter sido demonstrado que a escolha fosse em razão do preço de mercado. Não consta dos autos parâmetro para corroborar que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. Outro ponto observado foi que a justificativa para escolha do fornecedor não foi plausível.

3.1.2.Critério: art. 24, inciso VIII, e art. 26, parágrafo único, inciso II, da Lei nº 8.666/93.3.1.2.1.A Lei nº 8.666/93 estabelece, in verbis: (...)3.1.3.Evidências: processo 52000.0026847/2001-15 (fls. 01/07 do Anexo I).3.1.4.Conclusão: Não há, nos autos do processo de dispensa, um comparativo que demonstre que o preço do

serviço contratado esteja de acordo com o praticado no mercado, assim como a razão da escolha do fornecedor ou executante não foi plausível.

3.1.5.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que, quando da dispensa de licitação fundamentada no art. 24, inciso VIII, da Lei nº 8.666/93, faça constar do processo licitatório justificativa do preço baseada em pesquisa de mercado, bem como razão plausível para a escolha do fornecedor ou executante, conforme dispõe o art. 26, parágrafo único, inciso II, dessa mesma lei.

3.1.6.Provável benefício da proposta: realização de dispensa de licitação em conformidade com as disposições da Lei nº 8.666/93.

3.2.Inconsistência no Projeto Básico relativo à Concorrência nº 02/99.3.2.1.Situação Encontrada: o Projeto Básico propõe a locação de 182 microcomputadores e 106 impressoras

pelo MDIC, haja vista que os equipamentos pertencentes ao órgão, àquela época, não eram suficientes para atender às necessidades cada vez crescentes dos usuários. Tal projeto, entretanto, não chega a cogitar a possibilidade de compra dos referidos equipamentos, apresentando a locação como solução única para as necessidades do Ministério.

3.2.1.1.Um Projeto Básico consistente deve demonstrar as vantagens da solução técnica adotada, abordando aspectos quanto à economicidade e adequação ao interesse público. Nesse sentido, o mencionado Projeto Básico propicia dúvidas quanto à conveniência e oportunidade de se locar equipamentos de informática, quando, a princípio, poderiam ter sido comprados. Tanto isso é verdade, que recentemente o próprio Ministério realizou licitação (Pregão Eletrônico nº 15/2002) na área de informática, porém, desta vez, não para locação, mas para aquisição de microcomputadores e impressoras.

3.2.2.Critério: artigos 3º, 6º, inciso IX, e 12 da Lei nº 8.666/93.3.2.3.Evidências: Projeto Básico referente à Concorrência nº 02/99 (fls. 08/13, Anexo I).3.2.4.Conclusão: o Projeto Básico relativo à Concorrência nº 02/99 não apresenta informações sobre as

vantagens de se locar, em vez de comprar, os equipamentos de informática que menciona, deixando, assim, de demonstrar a economicidade dos serviços de locação e sua adequação ao interesse público.

3.2.5.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que, em atenção ao disposto no artigos 3º, 6º, inciso IX, e 12 da Lei nº 8.666/93, faça constar nos projetos básicos referentes a locações de equipamentos, em especial os de informática, informações a respeito da economicidade de se efetuar tais locações em comparação com a possibilidade de aquisição dos equipamentos.

3.2.6.Provável benefício da proposta: sujeitar as aquisições de serviços de locação de equipamentos aos aspectos da economicidade e adequação ao interesse público.

3.3.Utilização de empregados da Poliedro na execução de atividades não abrangidas pelo objeto do Contrato nº 17/98.

DADOS DO PROCESSO RELACIONADO AO ACHADO

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CONTRATADA: Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda.PROCESSO: 52000.001193/97-25.OBJETO: prestação de serviços técnicos de informação e informática nos órgãos da administração direta do

MDIC, localizados em Brasília/DF e no Rio de Janeiro/RJ.MODALIDADE DE LICITAÇÃO: Concorrência.CONTRATO: n° 17/98.

3.3.1.Situação Encontrada: verificamos que, nos anos de 2001 e 2002, alguns empregados de nível superior da Poliedro foram designados para exercer atividades em setores — Secretaria Executiva, Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração, Coordenação-Geral de Recursos Humanos, Coordenação-Geral de Serviços Gerais, Coordenação-Geral de Planejamento, Orçamento e Finanças — cujas atribuições principais não estavam relacionadas com o objeto do contrato. A partir de março de 2003, medidas corretivas foram adotadas, não se constatando, nas relações referentes a esse mês e aos meses de abril e maio (fls. 82/90 do Anexo I), ocorrências dessa espécie. Os empregados da contratada que ainda continuam nos referidos setores são de nível médio (Técnicos em Processamento de Dados) e possuem atribuições de menor complexidade, razão pela qual entendemos que possam prestar serviços nos locais em que se encontram atualmente.

3.3.2.Critério: Projeto Básico (fls. 228/251 do Anexo I), Contrato nº 17/98 (fls. 262/274 do Anexo I) e Regimento Interno do Ministério (fls. 126/131).

3.3.3.Evidências: relações de empregados da Poliedro, no período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2003, nas quais são informados os setores/unidades do Ministério que em que cada um dos relacionados exerceu atividades (fls. 14/81 do Anexo I).

3.3.4.Comentários do gestor: o Coordenador-Geral de Modernização e Informática informou (Memorando nº 336/CGMI/SPOA-MDIC, fls. 104/110 do vol. principal) que não há procedimentos que regulamentem a escolha dos setores/unidades do MDIC em que devem atuar os técnicos da Poliedro. Segundo ele, “as demandas são apresentadas e considerando a particularidade de cada caso, torna-se mais produtivo o atendimento através de técnico em regime de disponibilidade permanente, lotado no setor demandante.” O referido coordenador, entretanto, não explicou satisfatoriamente quais são as atividades desenvolvidas nas dependências dos setores retro citados.

3.3.5.Conclusão: há evidências suficientes para se concluir que os serviços prestados por alguns empregados da Poliedro não estavam relacionados com o Contrato nº 17/98. Em que pese esse fato, percebemos que a grande maioria desses técnicos encontrava-se na Coordenação-Geral de Modernização e Informática e em outros setores com funções ligadas à área de informática e tecnologia, realizando atividades relacionadas ao objeto contratual. Ressalte-se, também, que, a partir de março de 2003, medidas corretivas foram adotadas, não se verificando, nas relações referentes a esse mês e aos meses de abril e maio, ocorrências dessa espécie.

3.3.5.1.Oportuno, aqui, informar que o Contrato nº 17/98 já foi analisado no TC 016.068/1999-8, que trata de auditoria realizada no MDIC durante o período de 16/11/1999 a 28/01/2000, com vistas a avaliar a legalidade de contratos de Consultoria celebrados pelo Ministério. Uma das ocorrências constantes do Relatório de Auditoria (fls. 01/57 do TC 016.068/1999-8) foi a de que o MDIC, mediante a realização de contratos de serviços — entre os quais o retro mencionado — promoveu a execução indireta de atividades inerentes às categorias profissionais pertencentes aos quadros da Administração, sendo esse um dos fatos que motivou a audiência dos responsáveis naqueles autos. Assim, considerando que o TC 016.068/1999-8 — cujos autos atualmente se encontram no Gabinete do Ministro-Relator — ainda não foi apreciado pelo Tribunal, deixamos, nessa oportunidade, de analisar essa mesma questão no presente relatório, para nos atermos apenas ao aspecto pertinente à inobservância do objeto do Contrato nº 17/98.

3.3.6.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que adote medidas no sentido de evitar que os empregados de firmas contratadas para prestar serviços terceirizados venham a executar atividades não previstas no respectivo contrato.

3.3.7.Provável benefício da proposta: evitar que se utilizem empregados de prestadoras de serviços terceirizados na execução de atividades não abrangidas pelo objeto contratual.

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3.4.Descumprimento de exigência estabelecida no Projeto Básico referente ao Contrato nº 17/98, celebrado entre o MDIC e a firma Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda.

3.4.1.Situação Encontrada: conforme exigência do Projeto Básico (fls. 248 do Anexo I), os empregados da contratada designados para determinadas atividades, entre elas a de Análise de Sistemas, deveriam possuir 3º grau, como nível de formação mínimo. Entretanto, analisando-se os currículos entregues pela administração do Ministério, verificamos que os empregados a seguir relacionados, apesar de não atenderem ao mencionado requisito, foram designados para o exercício dessas atividades:EMPREGADO CURRÍCULOJosé Carlos Neves Rosa Somente 2º GrauJosé Marcone dos Santos Somente 2º GrauNatanael Sardinha do Amaral Somente 2º GrauMarcelo Costa de Queiroz Superior IncompletoCássio Luiz Soares Dias Superior IncompletoJorge Luís Marques Barreto Superior IncompletoLiliane Castelo Branco Pena Superior IncompletoAlexandre Sérgio Heinzelman Superior IncompletoAndré Cabral de Melo Superior IncompletoEverton Neto Amandio Superior IncompletoFlávia Cristina de Castro Soares Superior IncompletoGeraldo Pereira Magalhães Superior IncompletoIvan Zimmermann de Barros Superior IncompletoHenrique Pereira de Araújo Superior IncompletoSilvio Humberto Aparecido Stech Superior IncompletoHenrique Ramiro Viegas do Nascimento Superior Incompleto

3.4.1.1.Excetuado o Sr. Henrique Ramiro Viegas do Nascimento, verificamos que os demais (ver listagem às fls. 88/90 do Anexo I) ainda prestam serviços ao MDIC, na qualidade de empregados da Poliedro.

3.4.2.Critério: quadro intitulado “Nível de Formação dos Recursos Humanos para Atribuições Técnicas”, constante do Projeto Básico que integra o Contrato nº 17/98 (fls. 248 do Anexo I).

3.4.3.Evidências: relações de empregados da Poliedro (fls. 14/90 do Anexo I) e respectivos currículos (fls. 157/196 do Anexo I).

3.4.4.Comentários do gestor: conforme as explicações apresentadas pelo Coordenador-Geral de Modernização e Informática (fls. 104 do vol. principal), o exame dos currículos apresentados leva em consideração o grau de conhecimento dos candidatos, aderência aos objetivos do trabalho a ser realizado, experiência e participação em cursos técnicos. O coordenador acrescenta ainda (fls. 106 do vol. principal): “não obstante a exigência de nível mínimo de formação contida no Projeto Básico, (...) pode-se afirmar que atuam no mercado de informática profissionais com significativa experiência profissional e técnica, (...) os quais, entretanto, ou não têm formação superior ou estão cursando faculdades.” Assim, conclui ele, a exigência contratual de nível superior para determinadas atribuições é despropositada.

3.4.5.Conclusão: descumpriu-se a exigência, contida no Projeto Básico, de qualificação mínima exigida para a aceitação, no MDIC, de empregados da contratada. Quanto ao alegado despropósito dessa exigência, trata-se de questão que deveria ter sido analisada quando da elaboração do Projeto Básico.

3.4.5.1.Confrontando-se as relações de empregados (fls. 14/90 do Anexo I) com o currículos apresentados pelo Ministério (fls. 157/196 do Anexo I), somos levados a concluir que o MDIC, enquanto efetuava pagamentos por serviços cuja execução requeria (Projeto Básico, fls. 248 do Anexo I) a disponibilização de profissionais de nível superior, em contrapartida recebia da Poliedro, em diversos casos, profissionais sem essa qualificação exigida (ver quadro no subitem 3.4.1.), o que possivelmente prejudicou o contratante (a qualidade dos serviços diminui quando o nível de qualificação dos empregados é inferior ao esperado) e beneficiou a contratada (os salários pagos a profissionais de nível médio freqüentemente são menores que os pagos aos de nível superior).

3.4.5.2.Cabe ressaltar que o Ministério aparentemente não atentou para a existência desse eventual prejuízo. Além do mais, os elementos constantes dos documentos fornecidos pela Administração durante os trabalhos de campo não permitiram à equipe de auditoria concluir quanto à ocorrência efetiva de prejuízo decorrente da situação vertente, bem como quanto ao seu respectivo montante. Esclareça-se, ainda, que a relação constante do subitem 3.4.1. não é exaustiva, podendo haver outros empregados que, durante a execução do contrato, não atendiam às qualificações

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exigidas para as respectivas atribuições: primeiro, porque, apesar de a execução do contrato ter se iniciado em 1998, o exame dos currículos pela equipe restringiu-se aos anos de 2001 a 2003 (ver Ofício de Requisição nº 04/2003, fls. 70 do vol. principal); segundo, porque, mesmo em relação a esse período, não foram apresentados alguns currículos.

3.4.5.3.Assim, além da evitar que situações como essa venham a ocorrer futuramente, o Ministério deverá adotar medidas com vistas a avaliar os eventuais prejuízos decorrentes do fato de se receber serviços de profissionais de nível médio e de se pagar, por esses mesmos serviços, valores relativos a profissionais de nível superior —, adotando as medidas necessárias para obter a devolução, pela contratada, dos valores que, porventura, venham a ser considerados como indevidamente pagos.

3.4.6.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que adote medidas no sentido de:3.4.6.1.assegurar que os empregados da Poliedro que prestam ou venham a prestar serviços no Ministério

atendam aos requisitos de qualificação mínima estabelecidos no Projeto Básico correspondente ao Contrato nº 17/98;3.4.6.2.avaliar os eventuais pagamentos a maior efetuados em favor da Poliedro — decorrentes do fato de se

receber serviços de profissionais de nível médio e de se pagar, por esses mesmos serviços, valores relativos a profissionais de nível superior —, adotando as medidas necessárias para obter a devolução, pela contratada, dos valores que venham a ser considerados como indevidamente pagos.

3.4.7.Provável benefício da proposta: vincular a execução do contrato aos requisitos estabelecidos no Projeto Básico, assegurando a qualidade na prestação de serviços terceirizados.

3.5.Disponibilização de técnicos da Poliedro à ANCINE, contrariando os termos do Contrato nº 17/98, do Projeto Básico e do Edital de Licitação nº 01/97.

3.5.1.Situação Encontrada: verificamos que a Agência Nacional do Cinema (Ancine) beneficia-se de serviços prestados pelos técnicos da Poliedro. Até o final de 2002, tais serviços foram pagos pelo MDIC com fundamento no Convênio nº 001/2002, celebrado entre a Agência e o Ministério, em 22/07/2002, com o objetivo de proporcionar a cooperação na compra de bens e na contratação de serviços de interesse mútuo das partes. O prazo do convênio, entretanto, venceu em dezembro de 2002, não sendo renovado. Em que pese esse fato, os técnicos da Poliedro continuaram prestando serviços à Ancine, conforme se verifica nas Relações de Empregados relativas aos meses de janeiro a maio de 2003 (fls. 77/90 do Anexo I).

3.5.1.1.Não consideramos regular a situação ora exposta, visto que o Contrato nº 17/98, celebrado entre o MDIC e a referida firma, contempla a prestação de serviços somente em entidades da administração direta do contratante. Da mesma forma também dispõem o Projeto Básico e o Edital de Licitação nº 01/97, aos quais está vinculado o contrato.

3.5.2.Critério: item 15.1 do Edital de Licitação nº 01/97 (fls. 225 do Anexo I), Projeto Básico (fls. 250 do Anexo I) e cláusula primeira do Contrato nº 17/98 (fls. 262 do Anexo I).

3.5.3.Evidências: Relação de empregados da Poliedro que prestam ou prestavam serviços no MDIC (fls. 69/90 do Anexo I) e informações prestadas pelo Coordenador-Geral de Modernização e Informática mediante o Memorando nº 336/CGMI/SPOA-MDIC, de 24/06/2003 (fls. 104/110 do vol. principal).

3.5.4Comentários do gestor: o Coordenador-Geral de Modernização e Informática informa que a interrupção do apoio que vem sendo dado à Ancine inviabilizaria totalmente o funcionamento daquela entidade, motivo pelo qual os empregados da Poliedro continuam prestando serviços à Agência. Esclarece ainda o referido coordenador que o Convênio nº 001/2002 encerrou-se em dezembro de 2002 sem ser renovado.

3.5.5.Conclusão: é irregular a prestação de serviços de técnicos da Poliedro em favor da Ancine, sob o amparo do Contrato nº 17/98, cuja cláusula primeira prevê a prestação de serviços, pela contratada, somente em favor dos órgãos da administração direta do contratante. Para corrigir essa situação, necessário se faz interromper a prestação de serviços, pelos empregados da Poliedro, na Agência. Essa medida, a princípio, não acarreta prejuízos à Ancine, que possui autonomia para promover licitações, assinar contratos e ordenar despesas, a teor dos artigos 9º e 10 da Medida Provisória nº 2.228-1, de 06/09/2001.

3.5.6.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que adote providências no sentido de interromper a prestação de serviços, por empregados da Poliedro, à Ancine, em atenção ao disposto na Cláusula

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Primeira do Contrato nº 17/98, no item 15.1 do Edital referente à Concorrência nº 01/97 e no Projeto Básico em anexo a esse edital.

3.5.7.Provável benefício da proposta: impedir o descumprimento de disposições editalícias e de cláusulas contratuais.

3.6.Pagamento de faturas sem a comprovação de que a contratada houvesse efetuado o recolhimento dos encargos sociais relativos aos empregados que prestaram serviços no MDIC.

3.6.1.Situação Encontrada: nos processos de pagamento referentes à execução, nos anos de 1998 a 2001, do Contrato nº 17/98, não foram encontrados os comprovantes de recolhimento dos encargos sociais devidos pela Poliedro, relativamente aos empregados que prestavam serviços no MDIC. Já em 2002, as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) foram juntadas ao processo de pagamento correspondente (fls. 424/433 do Anexo II; fls. 527/535 e 548/555 do Anexo III), porém somente em relação a alguns meses de competência (março, outubro e novembro).

3.6.1.1.A situação vertente contraria o disposto no parágrafo segundo da cláusula quinta do referido contrato, que estabelece o seguinte:

'O pagamento somente poderá ser efetuado após a comprovação do recolhimento das contribuições sociais, correspondente ao mês da última competência vencida, compatível com o declarado, e após verificada a consulta ‘on line’ ao SICAF.'

3.6.1.2.Tal dispositivo contratual protege o contratante contra eventual prejuízo decorrente da assunção de ônus relacionado às obrigações sociais da empresa contratada. Isso porque o art. 71, § 2º, da Lei nº 8.666/93, atribui à Administração Pública responsabilidade solidária com o contratado em relação aos encargos previdenciários resultantes da execução contratual. Há também o inciso IV do Enunciado TST nº 331, cujo teor dispõe que o inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial.

3.6.1.3.Observe-se ainda que o Tribunal já firmou entendimento (Decisão nº 705/1994-Plenário, TC 020.032/93-5) no sentido de que, 'nos contratos de execução continuada ou parcelada, a cada pagamento efetivado pela administração contratante, há que existir a prévia verificação da regularidade da contratada com o sistema da seguridade social, sob pena de violação do disposto no § 3º do art. 195 da Lei Maior'.

3.6.1.4.Tal entendimento também ampara-se no disposto no art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, segundo o qual é cláusula necessária dos contratos 'a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação'.

3.6.2.Critério: art. 195, § 3º da CF; art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93; Decisão nº 705/1994-Plenário; parágrafo segundo da cláusula quinta do Contrato nº 17/98;

3.6.3.Evidências: Processos de pagamento nºs. 52000.002842/2002-70 (fls. 279/404 do Anexo II), 52000.002721/2001-47 (fls. 405/479 do Anexo II e fls. 480/580 do Anexo III), e informações apresentadas, em 25/06/2003, pela Coordenadora de Execução Orçamentária e Financeira (fls. 113/114 do vol. principal).

3.6.4.Comentários do gestor: a Coordenadora de Execução Orçamentária e Financeira informou o seguinte (fls. 114 do vol. principal): 'Esta administração não recebe e nem tem a guarda das guias de recolhimento do INSS da empresa Poliedro, em que pese já tenha sido solicitada à mesma que as encaminhasse juntamente com as Faturas. Na falta de atendimento ao pleito, foram considerados suficientes, para processar os pagamentos relativos aos serviços executados, os procedimentos acima descritos [consulta da regularidade fiscal da contratada no SICAF]. Mesmo estando a referida empresa inadimplente, a suspensão do pagamento não tem amparo legal, aplicando-se sim, as penalidades previstas em lei, ou seja, comunicação por escrito para regularização da pendência, concedendo prazo para regularizar ou informar o motivo da não regularização, multa e em seguida a rescisão do contrato.'

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3.6.5.Conclusão: a administração do Ministério não vem observando o disposto no parágrafo segundo da cláusula quinta do Contrato nº 17/98 e nas demais normas e jurisprudência citadas no subitem 3.6.2. Ressalte-se que a consulta ao SICAF não afasta a obrigação da contratada de comprovar o recolhimento dos encargos sociais, a teor do mencionado dispositivo contratual.

3.6.6.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que, em observância ao art. 195, § 3º, da CF, art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, Decisão TCU nº 705/1994-Plenário e parágrafo segundo da cláusula quinta do Contrato nº 17/98, somente efetue pagamento em favor da Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. após a comprovação, por essa firma, do recolhimento das contribuições sociais correspondentes aos empregados que prestam serviços no Ministério, fazendo o mesmo em relação aos demais contratos de prestação de serviços.

3.6.7.Provável benefício da proposta: impedir a eventual responsabilização da administração pelo recolhimento de obrigações sociais devidas pelas firmas contratadas que prestam serviços terceirizados, assim como fazer com que a legislação, a jurisprudência e o dispositivo contratual mencionados no subitem 3.6.2. sejam cumpridos.

3.7.Ingerência da administração na escolha dos técnicos da Poliedro para a prestação de serviços no MDIC.

3.7.1.Situação Encontrada: o Coordenador-Geral da CGMI (Memorando 336/CGMI/SPOA-MDIC, fls. 104/110 do vol. principal) declarou que a escolha dos empregados da Poliedro para prestação de serviços no MDIC se dá de acordo com a solicitação da unidade do Ministério interessada, a qual encaminha informalmente à empresa o currículo do técnico a ser contratado. A empresa, por sua vez, contrata os técnicos que são indicados dessa forma.

3.7.1.1.A escolha, ainda que de maneira informal e indireta, de empregados da Poliedro pela administração do MDIC, além de não estar prevista no Contrato nº 17/98, constitui interferência indevida no gerenciamento dos recursos humanos da contratada. A seleção de empregados é prerrogativa inerente ao empregador e constitui elemento característico da relação trabalhista, da qual não participa o Ministério. Nesse sentido, destaque-se a lição de Francisco Antônio de Oliveira (citada no voto condutor da Decisão nº 740/2002-Plenário, TC 014.888/2001-3), para quem a terceirização é o 'liame que liga uma empresa tomadora à empresa prestadora de serviços, mediante contrato regulado pelo direito civil, comercial ou administrativo, com a finalidade de realizar serviços coadjuvantes da atividade fim, por cuja realização somente responde a empresa prestadora de serviço, não tendo a empresa tomadora qualquer possibilidade de ingerência na mão-de-obra da empresa prestadora.' (Da Terceirização e da Flexibilização como Estágios para a Globalização. ADV Advocacia Dinâmica: Seleções Jurídicas 10/97, vol. 17, p. 28).

3.7.1.2.Assim, concluímos pela irregularidade do procedimento ora comentado, não sendo possível, entretanto, definir os responsáveis pelos encaminhamentos dos currículos, que eram efetuados de maneira informal.

3.7.2.Critério: Contrato nº 17/98, conceito doutrinário de terceirização e princípio da impessoalidade.3.7.3.Evidências: Memorando 336/CGMI/SPOA-MDIC (fls. 104/110 do vol. principal).3.7.4.Conclusão: à vista das informações prestadas pelo Coordenador-Geral de Modernização e Informática, a

administração do Ministério influenciava e influencia na escolha dos técnicos a serem contratados pela Poliedro para prestação de serviços no órgão.

3.7.5.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que adote medidas no sentido de evitar qualquer forma de interferência do Ministério, ou seus servidores, no gerenciamento dos recursos humanos pertencentes às firmas terceirizadas, em especial, a consistente na indicação dos empregados que devem ser contratados por tais firmas para prestarem serviços no âmbito do Ministério.

3.7.6.Provável benefício da proposta: garantir a observância do princípio da impessoalidade, bem como possibilitar o exercício, pelas firmas terceirizadas, das prerrogativas inerentes à condição de empregadoras, em especial, a relativa à escolha de seus empregados.

APURAÇÃO DA DENÚNCIA RELATIVA AO TC 006.533/2003-04.1.HISTÓRICO4.1.1.Antes do início da auditoria, foi protocolada denúncia relativa a supostas irregularidades praticadas no

âmbito do MDIC, objeto do TC 006.533/2003-0. A denúncia centra-se no relato de fatos relacionados à execução do Contrato nº 17/98, celebrado com a firma Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda., para prestação de

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serviços técnicos na área de informática. Mediante o despacho de fls. 01 dos autos daquele processo, o Ministro-Relator entendeu preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 235 do Regimento Interno, razão pela qual determinou a autuação e imediata instrução da denúncia.

4.1.2.A instrução inicial foi, então, realizada, às fls. 40/44 daqueles autos, pelo assessor do titular desta unidade técnica, o qual analisou detidamente os fatos narrados na denúncia e propôs, ao final, a apuração dos fatos no âmbito desta auditoria, proposta essa que obteve, respectivamente, às fls. 45 e 46 do TC 006.533/2003-0, a concordância do Secretário da 5ª Secex e do Ministro-Relator.

4.1.3.Em decorrência disso, a equipe de auditoria, durante os trabalhos de campo, buscou elementos que pudessem esclarecer as questões levantadas na peça de denúncia, relacionadas a supostas irregularidades praticadas durante a execução do Contrato nº 17/98, que já foi objeto de análise em itens anteriores do presente relatório (ver subitens 3.3. a 3.7.). São elas:

a)Indicação de empregados da Poliedro pela administração do MDIC: o Sr. José Oswaldo da Silva, durante a sua gestão à frente da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração, teria diversas vezes indicado quais pessoas a Poliedro deveria contratar para prestar serviços ao MDIC.

b)Prestação, por diversos empregados da Poliedro, de serviços não relacionados com o objeto do Contrato nº 17/98: diversos empregados da Poliedro desenvolveriam, no MDIC, atividades nas áreas de planejamento e apoio administrativo do Gabinete da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração - SPOA.

c)Pagamento de empregados da Poliedro mediante apresentação de notas fiscais frias: os salários de vários empregados da Poliedro não seriam pagos por meio de crédito em folha de pagamento e sim mediante a apresentação de notas fiscais frias de serviços, emitidas contra a Poliedro por outras firmas, as quais apenas formalmente seriam as beneficiárias de tais pagamentos.

d)Desenvolvimento, pela firma Poliedro, do Sistema de Informações Orçamentárias e Financeiras - SIOFI, o qual consistiria em adaptação de sistema existente em outro Ministério: o sistema teria sido desenvolvido pelo Sr. Cláudio Sardinha, empregado da Poliedro, mediante uma adaptação de um sistema existente no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

4.1.4.Além destas, outras questões foram levantadas na peça denunciatória, entretanto, ou não se referiam exatamente a irregularidades ou não estavam acompanhadas de elementos suficientes, razões pelas quais não foram objeto de investigação pela equipe de auditoria.

4.2ANÁLISE4.2.1.A seguir, apresentamos a análise das questões elencadas no subitem 4.1.3. supra.4.2.2.Item a: os trabalhos de campo culminaram no achado de auditoria descrito no item 3.7. deste relatório, o

qual consiste na conclusão de que o MDIC interferia indevidamente na escolha daqueles que deveriam ser contratados pela Poliedro para prestar serviços no âmbito do Ministério. No subitem 3.7.5., encontra-se a proposta de determinação pertinente a esse achado.

4.2.3.Item b: apuramos que diversos empregados da Poliedro desenvolviam atividades não relacionadas com o objeto do Contrato nº 17/98. A análise pormenorizada dessa situação encontra-se no item 3.3. deste relatório, tendo sido proposta determinação.

4.2.4.Item c: a situação descrita diz respeito à forma de pagamento adotada pela Poliedro em relação a alguns de seus empregados, notadamente aqueles que recebem os maiores salários. Tais empregados, para receber o pagamento de sua remuneração, necessitariam apresentar nota fiscal de prestação de serviços emitida por outras firmas contra a Poliedro. Esta, por conseguinte, efetuaria o pagamento, tendo como beneficiário, apenas formalmente, a empresa emitente da nota, pois, de fato, quem o recebe é o empregado da Poliedro.

4.2.4.1O esquema de pagamento descrito sugere a hipótese de que a empresa que o adota esteja tentando ocultar o vínculo trabalhista existente entre ela e os empregados pagos dessa forma, possivelmente com a intenção de evitar o recolhimento dos encargos sociais previstos na legislação trabalhista e previdenciária (FGTS e contribuição previdenciária). Reforçando essa hipótese, há o documento de fls. 153 do Anexo I — que consiste em uma folha sem pauta e sem timbre, escrita a mão —encaminhado à equipe de auditoria juntamente com o currículo da funcionária da

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Poliedro, Sra. Giovanna Scagliarini Jardim. Nele, uma senhora chamada Ana Lúcia informa que “as admissões referentes são por NF, e não por CLT”.

4.2.4.2.Solicitamos então (Ofício de Requisição nº 09/2003, fls. 76/79 do vol. principal) à administração do MDIC esclarecimentos sobre o vínculo de trabalho existente entre a Poliedro e os técnicos tidos como empregados desta firma, assim como manifestação a respeito do documento referido na parágrafo anterior. Em resposta (Memorando nº 335/CGMI/SPOA-MDIC, fls. 112 do vol. principal), o Coordenador-Geral de Modernização e Informática explicou que não há previsão contratual que torne possível ao contratante verificar as condições em que são contratados os técnicos da Poliedro que prestam serviços no Ministério. Quanto ao documento encontrado em anexo ao currículo da funcionária Giovanna Scagliarini Jardim, o coordenador julgou ser despacho interno de autoria de empregado da área de pessoal da empresa Poliedro, versando sobre orientações para a contratação da referida funcionária. Por fim, acrescentou que não cabe qualquer ingerência, por parte do Ministério, no conteúdo desse documento.

4.2.4.3.De fato, no Contrato nº 17/98 não há cláusula prevendo a possibilidade de fiscalização, pelo contratante, das condições de admissão e pagamento dos empregados, adotadas pela Poliedro. Como conseqüência, esta não é obrigada a apresentar a carteira de trabalho assinada de cada técnico que inicia a prestação de serviços no MDIC e as folhas de pagamento periodicamente emitidas.

4.2.4.4.Conclui-se, então, que o conhecimento do suposto esquema de pagamento de empregados mediante a apresentação de notas fiscais frias não estaria ao alcance da administração do MDIC. Tais circunstâncias também impediram que a equipe de auditoria obtivesse os documentos necessários ao esclarecimento do caso, tais como as folhas de pagamento emitidas pela prestadora de serviços.

4.2.4.5.Assim, consideramos prejudicada a possibilidade de se afirmar, com plena convicção, que a contratação e o pagamento de empregados da Poliedro mediante a apresentação de notas fiscais frias tenha efetivamente ocorrido. Para tanto, seria necessário obtermos acesso às folhas de pagamento emitidas pela firma em questão e confrontá-las com as relações de empregados que se encontram no Anexo I ao presente processo.

4.2.4.6.Como esses documentos encontram-se na empresa e não no MDIC, entendemos que a melhor solução a ser adotada é o envio das informações constantes desses autos à Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal, para que sejam tomadas as providências cabíveis.

4.2.5.Item d: verificamos que a Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração (SPOA/MDIC), após levantamento — realizado pelo Coordenador-Geral de Modernização e Informática, Sr. José Roberto Loureiro (Memorando nº 38 CGMI/SPOA/2001, fls. 581/584 do Anexo III) — de diversas falhas e irregularidades supostamente cometidas durante a execução do contrato com a Poliedro, instaurou Sindicância e, posteriormente, Processo Administrativo Disciplinar para apuração dos fatos, sendo que esses procedimentos se desenrolaram nos autos do Processo nº 17109/2001-79.

4.2.5.1.Algumas dessas falhas e irregularidades se referem ao desenvolvimento do SIOFI, porém diversas outras questões foram apuradas no decorrer dos trabalhos de sindicância. Dado que essas questões fazem parte do escopo da auditoria, a presente análise abordará os fatos — somente os relevantes — objeto do referido processo apuratório.

4.2.5.2.Antes, porém, de listarmos as ditas falhas e irregularidades, entendemos oportuno tecer algumas considerações sobre a forma de execução de serviços terceirizados mediante o Contrato nº 17/98.

4.2.5.3.A firma Poliedro presta ao MDIC serviços nas áreas de informática e informação, mediante a alocação de pessoal na estrutura física do Ministério localizada em Brasília e no Rio de Janeiro. Conforme a cláusula segunda do contrato, uma parte desses serviços é de natureza contínua (digitação, suporte, comunicação de dados de redes, processamento de dados, manutenção de sistemas implantados e as respectivas supervisões técnicas e operacionais) e a outra é de natureza sazonal ou aleatória (temporária), destinada ao atendimento de demandas específicas (desenvolvimento de sistemas, treinamentos técnicos, serviço técnico especializado em informação e as respectivas supervisões técnicas e operacionais). Geralmente, tais serviços temporários vêm, no decorrer da execução do contrato, se traduzindo no desenvolvimento de sistemas específicos, a exemplo do SIOFI.

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4.2.5.4.Quanto à forma de execução e medição dos serviços prestados, o contrato fixa um determinado número de horas a serem cumpridas mensalmente por cada categoria de empregados (no total, são 13, entre as quais há Analistas de Sistemas, Administradores de Dados, Operadores de Microcomputador, entre outras categorias). O número de horas mensais trabalhados e os respectivos valores unitários variam de uma categoria para outra e são a base para a definição do valor a ser pago, mensalmente, à contratada. Isso se aplica tanto aos serviços contínuos e rotineiros como aos serviços temporários, inclusive o de desenvolvimento de sistemas. Assim, quando um sistema é formulado, o contratante paga as horas de trabalho destinadas ao seu desenvolvimento e não o sistema em si, sem prejuízo, evidentemente, da verificação da conformidade dos serviços com as solicitações feitas pelo contratante.

4.2.5.5.No caso específico de formulação de sistemas, verificamos que a rotina, estabelecida no MDIC, para o desenvolvimento de cada um deles seria a seguinte:

a)o MDIC solicita à Poliedro a elaboração de projeto sobre determinado sistema;b)a Poliedro elabora o projeto e o apresenta ao MDIC;c)o MDIC autoriza o início do desenvolvimento dos sistemas mediante a Emissão de Autorização de Execução

de Serviços - AES, que possui, entre outros, os seguintes campos: especificação dos serviços a serem executados; prazo de execução; período de execução; datas para emissão, pelo gestor do contrato, de Relatórios de Acompanhamento e Controle - RACs (parciais e finais); e autorização da execução dos serviços, geralmente assinada pelo gestor do contrato e pelo Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração;

d)emissão, pela Poliedro, dos RACs, parciais e finais, relativos ao desenvolvimento dos sistemas, nas épocas assinaladas nas AESs, contendo as seguintes informações, entre outras: os quantitativos de horas, por cada categoria de serviços, cumpridas com a finalidade de desenvolver o sistema; as atividades executadas no período a que se refere o relatório; eventuais pendências ou dificuldades registradas no decorrer da fase de desenvolvimento de sistema; e a aprovação, com ou sem restrições, do RAC pelo gestor do contrato;

4.2.5.6.Além desses documentos, emite-se o Boletim de Medição de Serviços - BMS, que especifica os número de horas cumpridas por cada categoria e os valores totais devidos pela prestação de serviços em um determinado mês. A diferença desse documento para o RAC é que este apresenta os dados específicos de cada AES emitida, enquanto o BMS apresenta o total de horas a serem pagas, englobando todas as AES emitidas.

4.2.5.7.Cabe ressaltar que os sistemas, em regra, demoram mais de um mês para serem desenvolvidos. Ainda assim, por se tratar de contrato de serviços estipulado em horas mensais a serem prestadas pelos empregados da contratada em favor do MDIC (conforme já se explicou anteriormente neste relatório), este último efetua o pagamento dos serviços parciais de desenvolvimento dos sistemas, com base nos quantitativos de horas trabalhadas informados nos RACs e BMSs, independentemente de o sistema só vir a ser concluído em momento posterior.

4.2.5.8.Dito isso, passaremos a listar e analisar os fatos relevantes objeto das investigações levadas a termo pela Comissão de Sindicância e, posteriormente, pela Comissão de Processo Administrativo Disciplinar.

a)Termos de Referência (projetos de desenvolvimento de sistemas) e Autorizações de Execução de Serviços (AESs) sem especificação dos custos e/ou não datados;

4.2.5.9.A Comissão de Sindicância verificou que as AESs nºs. 001/99, 002/99, 003/99, 004/99, 001/00 e 002/00 (fls. 587/606 do Anexo III), bem como os Termos de Referência nºs. 1360/99, 1398/99 e 1439/99, não especificam os custos de execução dos serviços a que estão associadas. Além disso, o Termo de Referência nº 1398/99 não está datado.

4.2.5.10.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar não indiciou os responsáveis em relação à ocorrência vertente. Concluiu ela, em seu relatório final (fls. 1705 e 1707 do Anexo IX), que os Termos de Referência retro mencionados continham elementos técnicos e proposta financeira, bem como que a ausência de dados sobre os custos na AES nº. 001/99 estaria justificada por tratar de serviços de natureza contínua, não tendo, segundo a comissão, como se mensurar antecipadamente os serviços relacionados.

4.2.5.11.Nosso entendimento é de que, apesar da importância das AESs e dos Termos de Referência no contexto dos controles necessários à execução dos serviços pela Poliedro, não constituem falhas graves a não-especificação de custos e a falta de data em um desses termos. Se por um lado é conveniente estabelecerem-se os valores que serão

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pagos por cada atividade a ser realizada, por outro, verifica-se que tais valores são de natureza apenas estimativa, pois o parâmetro de medição de serviços prestados — e, consequentemente, dos valores a serem pagos mensalmente —, a teor do contrato, é a quantidade efetiva de horas trabalhadas pelos empregados no MDIC. Além disso, os relatórios finais das duas comissões apresentam sugestões de melhoria dos controles contratuais, o que, nesse caso, já é satisfatório.

b)Colocação no MDIC, pela Poliedro, de empregado cujo grau de escolaridade não atende ao disposto no Projeto Básico referente ao Contrato nº 17/98;

4.2.5.12.A Comissão de Sindicância apurou que o Sr. Cláudio César Sardinha do Amaral, empregado da Poliedro, prestava serviços ao MDIC sem possuir a qualificação mínima estabelecida no Projeto Básico.

4.2.5.13.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, por outro lado, não indiciou os responsáveis em relação a essa questão, bem como, sobre ela, não se manifestou de forma circunstanciada no relatório final (fls. 1697/1764 do Anexo IX). O referido relatório apenas contém recomendação à Administração do MDIC (fls. 1763 do Anexo IX) no sentido de “atender o que determina o Anexo I do Projeto Básico do Edital, referente ao Quadro ‘Nível de Formação dos Recursos Humanos para Atribuições Técnicas’ (...)”

4.2.5.14.Convém observar que a situação vertente já foi por nós plenamente analisada no subitem 3.4. deste relatório, constituindo um dos achados da auditoria. Conforme ali mencionado, a irregularidade em questão se estende a outros empregados da Poliedro, que não possuem a qualificação exigida para o cumprimento de suas atribuições.

c)o SIOFI seria uma adaptação de outro sistema existente no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA);

4.2.5.15.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar não se manifestou sobre essa questão no relatório final (fls. 1705 e 1707 do Anexo IX). Entretanto, não deixaremos de demonstrar nosso entendimento sobre a situação, tomando-se por base os documentos encontrados nos autos do Processo Administrativo Disciplinar e juntados aos presentes autos.

4.2.5.16.Dito isso, verificamos que próprio solicitante do SIOFI, Sr. Júlio César de Oliveira de Albuquerque Pereira, confirmou, em depoimento prestado à Comissão de Sindicância (fls. 1318/1323 do Anexo VII), que esse sistema foi desenvolvido a partir do SIOR (Sistema de Informações Orçamentárias), pertencente ao MAPA. Segundo o depoente, este Ministério havia cedido ao MDIC as fontes do SIOR, para adaptação. Como prova disso, apresentou o Ofício nº 007, de 04/10/2001 (fls. 1391/1392 do Anexo VII), do então Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do MAPA, Sr. Neuton de Faria Soares, que expressa o seguinte: '(...) informamos que este Sistema [SIOR] foi colocado à disposição do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio - MDIC, com suas respectivas fontes, em 1999, para avaliação da possibilidade de implantação com readequação e desenvolvimento de módulos específicos, para atendimento das demandas do referido Ministério.'

4.2.5.17.Assim, a princípio, não vislumbramos irregularidade na utilização do SIOR como base para o desenvolvimento do SIOFI, à vista das informações passadas pelo Sr. Neuton de Faria Soares. Ademais, pelas informações constantes dos diversos depoimentos prestados, o sistema não foi simplesmente copiado, tendo sido adaptado pela Poliedro para — acredita-se — atender às necessidades do MDIC.

4.2.5.18.Esclareça-se ainda que o MDIC não efetuou, em favor da Poliedro, pagamentos pela disponibilização do sistema pertencente ao MAPA, o que seria indevido. Os pagamentos feitos estão relacionados tão somente aos trabalhos dos empregados da referida firma destinados a colocar o sistema disponibilizado em conformidade com as necessidades do MDIC, segundo demostram os RACs constantes às fls. 821/822, 826/827, 833/834, 842/843. Além disso, tais documentos, destinados a informar as horas de serviços cumpridas pelos mencionados empregados da contratada, estão devidamente assinados pelo gestor do contrato, atestando, dessa forma, que os trabalhos de adequação do sistema original foram realizados.

d)o sistema SIOFI não teria sido utilizado após a sua conclusão, tendo-se, ainda, questionado a necessidade de sua elaboração;

4.2.5.19.A não-utilização do sistema foi levantada inicialmente pelo Sr. José Roberto Loureiro (Memorando nº 38 CGMI/SPOA/2001 de 19/01/2001, fls. 581/584 do Anexo III). Segundo ele, tal fato devia-se à adequação do SIOFI

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apenas ao orçamento de 1999, vez que seu desenvolvimento não levou em consideração 'os novos procedimentos a serem adotados pelo MDIC, principalmente pela estrutura orçamentária do ano 2000 e sua execução, cujas demandas já seriam plenamente atendidas pelos sistemas SIAFI e SIDOR.'

4.2.5.20.Os vários depoimentos são divergentes quanto a essa questão, havendo vários posicionamentos a respeito, os quais serão transcritos a seguir: (...)

4.2.5.21.Sobre a implantação ou não do SIOFI, nenhum servidor ou responsável foi indiciado pela Comissão de Processo Administrativo Disciplinar. Esta, ao analisar a questão no relatório final (fls. 1705 do Anexo IX), afirmou que 'o sistema foi utilizado pelo próprio Subsecretário, como também pelo Sr. Silvino Hipólito da Silva Neto, Chefe da Divisão de Execução Orçamentária e Financeira da CGSG (...).'

4.2.5.22.Quanto ao nosso entendimento sobre o caso, podemos verificar que os depoentes divergem nas suas declarações. Por um lado, as pessoas envolvidas com a solicitação ou o desenvolvimento do sistema afirmaram que este foi utilizado, apontando os supostos usuários. Por outro, há servidores que ora dizem que o sistema não foi utilizado, ora apenas afirmam que desconhecem a sua utilização ou mesmo a sua implantação no âmbito do Ministério.

4.2.5.23.Essas divergências nos impossibilitam afirmar, com a devida segurança, como teria ocorrido a implementação do sistema SIOFI no MDIC — se é que ocorreu —, por quanto tempo e por quantas pessoas teria sido utilizado e quais os motivos que determinaram a descontinuidade de sua eventual utilização. Além do mais, as mudanças ocorridas nos cargos de confiança do Ministério desde a época dos fatos, com a saída de vários dos eventuais usuários citados pelo Sr. Cláudio Sardinha, prejudicou, durante a auditoria, a apuração dos fatos mediante a realização de entrevistas.

4.2.5.24.Quanto à alegada desnecessidade de elaboração do SIOFI (ver depoimentos às fls. 926/928 e 929/932 do Anexo V) — que seria decorrente do fato de suas funções já serem desempenhadas pelos demais sistemas do Governo Federal que tratam de matéria orçamentária e financeira (SIDOR, SIAFI e do SIAFI Gerencial) —, a Comissão de Processo Administrativo Disciplinar se manifestou nos seguintes termos (fls. 1705 do Anexo IX):

'(...) julgar um sistema como inadequado é muito subjetivo, pois, adequado para uns pode não ser para outros (...). Se o sistema não estava adequado aos interesses da nova administração e o foi para a administração anterior, cujos serviços executados pela contratada não são motivos de dúvidas, e pelos quais foram pagos, resta a atual administração resgatar o referido sistema, adequando-o de acordo com suas necessidades, tendo em vista, que existe previsão contratual, inclusive com ônus para a contratada.

Por oportuno, cabe ressaltar que a Comissão pode observar, através de documentos acostados aos autos, que sistemas similares a esse estão sendo utilizados em outros Ministérios (...)'

4.2.5.25.Quanto à nossa opinião, constatamos que é verdade que as especificações contidas no Termo de Referência nº 1360/99 (fls. 995/1175 do Anexo VI) e na AES nº 02/99 (fls. 587 do Anexo III), relativos ao SIOFI, dão conta de funções que, na maioria, pelo menos, são desempenhadas por um ou mais dos três sistemas do Governo Federal citados no parágrafo anterior. Entretanto, isso, por si só, não nos autoriza a concluir que a elaboração do SIOFI tenha sido desnecessária, pois é preciso considerar ainda as possíveis diferenças entre os sistemas em diversos aspectos (por exemplo, a forma de processamento e apresentação de dados voltada para as necessidades específicas do Órgão). Além do mais, o sobredito termo de referência deixa claro que o SIOFI não viria para substituir os sistemas já existentes, mas para complementá-los, conforme se depreende dos seguintes trechos (fls. 999 do Anexo VI): (...)

4.2.5.26.Concluímos então que, das duas supostas irregularidades retro comentadas — a desnecessidade de desenvolvimento do SIOFI e a falta de sua implantação e utilização efetiva —, nenhuma foi efetivamente definida ou comprovada. O que podemos afirmar é apenas que o referido sistema não se encontrava em operacionalização à época da instauração dos procedimentos apuratórios pelo MDIC, tomando-se por base os diversos depoimentos apresentados às duas comissões (a de Sindicância e a de Processo Administrativo Disciplinar).

4.2.5.27.Assim, resta-nos propor que se determine à CGSG/MDIC a realização de estudos sobre as possibilidades de aproveitamento do SIOFI, devendo a Administração adotar as providências entendidas como pertinentes, caso seja encontrada qualquer alternativa viável, oportuna e conveniente de aproveitamento a ser implementada.

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e)pagamento de etapas do desenvolvimento dos sistemas Data Warehouse e Alice Web, que não teriam sido concluídos;

4.2.5.28.Ambos os sistemas, cuja solicitação de desenvolvimento havia sido formalizada mediante a emissão da AES nº 004/99, emitida em 30/04/99 (fls. 601/602 do Anexo III), ainda não estavam concluídos à época da abertura da Sindicância, apesar do terem sido pagas, em 1999, parcelas relativas a etapas de sua elaboração, no montante de R$ 243.474,62.

4.2.5.29.Segundo informações do atual Coordenador da CGMI (fls. 583 do Anexo III), o Alice Web continuou a ser desenvolvido pela Poliedro, estando previsto que entraria em operação em 01/10/2001 (fls. 907 do Anexo V). Quanto ao Data Warehouse, não há notícias sobre a continuidade de seu desenvolvimento e a data provável de sua conclusão.

4.2.5.30.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, no relatório final (fls. 1706 do Anexo IX), manifestou-se nos seguintes termos:

'(...) a não conclusão do DW [Data Warehouse] prendeu-se a diversos fatores alheios a vontade da Contratada, calcados não só nos depoimentos a seguir, como na falta de interação entre as áreas envolvidas, em sucessivas mudanças de Coordenadores da Coordenador-Geral de Modernização e Informática, na mudança de Secretário de Comércio Exterior, bem como nas dificuldades apontadas no documento de fls. 1778 a 1884 [esclarecimentos prestados à Comissão pela Sr. Adriane Martins de Paula, fls. 1413/1419 do Anexo VIII].'

4.2.5.31.A referida comissão não se manifestou expressamente sobre o atraso na conclusão do Alice Web, possivelmente porque tal fato não constou no relatório da Comissão de Sindicância como questão a ser apurada (ver quadro de tipificação dos fatos às fls. 787/790 do Anexo IV).

4.2.5.32.E, efetivamente, constatamos que os depoimentos prestados às comissões pelas pessoas envolvidas com o desenvolvimento dos sistemas, bem como as atas da reuniões das quais participaram essas mesmas pessoas — em que pese não estarem tais atas devidamente assinadas — revelam diversos fatores que teriam influenciado no atraso da conclusão do Alice Web e na paralisação do desenvolvimento do Data Warehouse:

4.2.5.32.1.divergências entre a unidade técnica do MDIC e a Secretaria de Comércio Exterior, principal interessada nos sistemas (fls. 614 e 653 do Anexo III, fls. 907, 909, 916 e 922 do Anexo V, fls. 1422/1581 do Anexo VIII);

4.2.5.32.2.discussão e alteração de características dos sistemas, após iniciados os trabalhos de elaboração do Alice Web e do Data Warehouse, denotando a ausência de um planejamento eficiente (fls. 921/922 do Anexo V, fls. 1409/1412 e 1422/1581 do Anexo VIII);

4.2.5.32.3.atraso na transferência, ao MDIC, de dados encontrados no SERPRO e na Secretaria da Receita Federal, bem como do implemento de determinadas condições técnicas, com aquisição softwares específicos (fls. 1409/1412 e 1422/1581 do Anexo VIII);

4.2.5.33.Em nossa análise, quanto aos dois primeiros fatores retro, está claro que são evitáveis mediante a realização de um planejamento completo e fundamentado nas necessidades dos usuários. Se bem planejado, o desenvolvimento de um sistema não precisa ser objeto de divergências e mudanças que prejudiquem demasiadamente os andamento dos trabalhos. Em relação ao último fator, acreditamos se tratar de situação para a qual não concorreu a administração do MDIC, não obstante tenha, provavelmente, influenciado negativamente no desenvolvimento dos trabalhos.

4.2.5.34.Sendo somente essas as causas que encontramos para a situação em apreço e considerando a manifestação, anteriormente mencionada, da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, não vislumbramos qualquer conduta grave que tenha sido responsável pelas dificuldades na elaboração dos dois referidos sistemas. Além disso, deve-se notar que a não-conclusão deles nos prazos previstos não significa, necessariamente, a perda dos trabalhos realizados. Tanto isso é verdade que o Alice Web continuou a ser desenvolvido, conforme já mencionamos anteriormente. Em consulta ao site do Ministério (www.desenvolvimento.gov.br), podemos, inclusive, constatar que o sistema apresenta-se disponível aos interessados (fls. 1695/1696 do Anexo IX).

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4.2.5.35.Nada impede, portanto, que o Data Warehouse venha a ser concluído — se ainda não o foi —, trazendo, consequentemente, benefícios à Administração Pública. Além do mais, os pagamentos feitos em 1999, no montante de R$ 243.474,62, a princípio foram devidos, vez que não se questionou, no decorrer dos procedimentos apuratórios, se os serviços relacionados às etapas de desenvolvimento dos sistemas em questão foram efetivamente prestados pelos empregados da Poliedro, havendo relatórios sobre tais serviços, aprovados, sem restrições, pelo representante da administração (fls. 837/838, 844/845, 849/850 e 854/855 do Anexo V).

4.2.5.36.Isso exposto, propomos as determinações sugeridas ao final do presente relatório, com vistas a evitar que, futuramente, se repitam situações como a ora comentada, assim como promover a conclusão do Data Warehouse, caso não ocorrida.

f)pagamento parcial dos serviços de desenvolvimento da página eletrônica do MDIC, a qual não teria sido implantada em dois idiomas, em inobservância ao especificado na AES 002/2000;

4.2.5.37.Conforme a AES nº 002/2000 (fls. 605/606 do Anexo III), a reestruturação do site do Ministério deveria ter sido feita em dois idiomas, o que não aconteceu. Isso, entretanto, não gerou qualquer prejuízo ao MDIC, pois, assim como os serviços relativos à introdução do segundo idioma não foram realizados, também não foram pagos (ver informações às fls. 583 e 607 do Anexo III). Verifique-se que o RAC 001/AES002/2000 (fls. 758/759 do Anexo IV), no qual se encontra descrita a parte executada dos serviços relativos à aludida reestruturação, corretamente não menciona a inclusão do idioma estrangeiro.

4.2.5.38.Quanto à previsão de introdução do segundo idioma, o atual Coordenador-Geral de Modernização e Informática (fls. 911 do Anexo V) informou que esta ocorreria tão logo terminasse a reformulação do site provocada pelo grande volume de informações desnecessárias e programações em flash que tornaram excessivamente lenta a sua visitação.

4.2.5.39.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar não indiciou qualquer servidor ou responsável pelo fato em questão. No relatório final (fls. 1707 do Anexo IX), a referida comissão apenas informou que foi paga somente a 'primeira parcela, tendo em vista a pendência do segundo idioma, pendência essa em regularização' e recomendou (fls. 1763 do Anexo IX) que se exigisse da contratada a conclusão dos serviços de inclusão do segundo idioma.

4.2.5.40.Em que pesem essas informações, constatamos que permanece descumprido o planejamento inicial dos trabalhos de reestruturação do site, consubstanciado na AES nº 002/2000, cujo teor prever a apresentação de informações em dois idiomas. Neste documento estabeleceram-se duas etapas, de um mês cada uma (janeiro e fevereiro de 2000), para a conclusão dos serviços ali descritos, o que não foi cumprido.

4.2.5.41.Entendemos que isso pode ser decorrente tanto do mau planejamento dos serviços, quanto da sucessão de situações imprevisíveis. Apesar de não podermos indicar qual desses fatores teria influído na execução incompleta dos serviços descritos na AES nº 002/2000, cabe ressaltar que já realizamos anteriormente, neste relatório (ver subitem 4.2.5.33.), análise quanto às deficiências de planejamento prejudiciais ao cumprimento de prazos de desenvolvimento de sistemas. Dispensável, portanto, o aprofundamento da questão, devendo-se ressaltar, ainda, que a determinação relativa a essa análise antecedente também se aplica à situação em apreço.

4.2.5.42.Estas foram as ocorrências apuradas no âmbito da Sindicância e do Processo Administrativo Disciplinar, das quais entendemos conveniente tratar. Ressalte-se, por oportuno, que não foram elas as únicas a serem investigadas no transcorrer dos mencionados procedimentos apuratórios.

4.2.5.43.Deixamos, por exemplo, de nos manifestar sobre as falhas atribuídas, pela Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, ao Sr. Ricardo Luiz Alves Barreto, Coordenador da CGMI de maio de 1997 a fevereiro de 1999 (ver quadro com as condutas agravantes, constante no Relatório da Comissão de PAD, fls. 1761 do Anexo IX), por considerarmos dispensável. Além de, por tais falhas, o Sr. Ricardo já ter sido apenado (a aplicação de pena de destituição de cargo em comissão ao referido senhor foi a conclusão final a que chegou a comissão, às fls. 1763/1764 do Anexo IX, a qual foi aceita pelo Ministério), nelas, segundo demonstram os autos do procedimento apuratório, não incorreram os coordenadores que o sucederam, Sra. Adriane Martins de Paula e Sr. Gledson Correa da Costa Cordeiro, o que denota a adoção das providências necessárias. Não abordamos também diversas outras ocorrências levantadas no

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decorrer dos trabalhos das comissões, seja por terem sido devidamente explicadas, seja pela ausência de provas a respeito.

(...)CONCLUSÃO DA AUDITORIA5.1.A execução da presente auditoria resultou em diversos achados, descritos no presente relatório (item 3). Por

ocasião da análise de cada um deles, sugerimos a realização de determinações pertinentes a cada caso, as quais também constam da proposta de encaminhamento (item 6).

5.2.Além do exame das aquisições de bens e serviços de informática relacionados à amostra selecionada pela equipe de auditoria, procedemos à apuração da denúncia objeto dos autos do TC 006.533/2003-0, referente a irregularidades que teriam sido cometidas durante a execução do Contrato nº 17/98, celebrado entre o MDIC e a firma Poliedro. Alguns dos fatos levantados pelo denunciante foram confirmados (subitens 4.2.2. e 4.2.3.), razão pela qual a denúncia poderá ser considerada parcialmente procedente.

5.3.Porém, uma das questões levantas na denúncia, qual seja, o pagamento de empregados da Poliedro com a utilização de notas fiscais frias, não foi suficientemente esclarecida, não obstante os indícios de que tal fato possa ser verdadeiro (ver subitem 4.2.4.). Conforme já expomos no desenvolvimento do presente relatório, entendemos que, nesse caso, devam ser remetidas à Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal informações, constantes dos presentes autos e dos autos do TC 006.533/2003-0 (referente à denúncia abordada no presente relatório, mais especificamente no item 4), que possibilitem a este órgão de fiscalização trabalhista adotar as providências que entender cabíveis.

5.4.A apuração da denúncia ensejou ainda a análise do Processo nº 17109/2001-79, que trata de Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar instaurados pelo MDIC, com vistas a apurar irregularidades que também teriam sido cometidas no decorrer da execução do contrato com a Poliedro. Os elementos constantes dos autos desse processo subsidiaram a análise concernente a ponto específico da denúncia: suposta irregularidade no desenvolvimento do sistema SIOFI (ver subitens 4.2.5.15. a 4.2.5.27.). Outras ocorrências investigadas no âmbito da Sindicância e do Processo Administrativo Disciplinar, apesar de não serem mencionadas na peça denunciatória, foram abordadas no decorrer do presente relatório.

5.5.Por fim, considerando que propusemos apenas determinações em relação às ocorrências relatadas e considerando ainda que as diversas questões anteriormente tratadas se relacionam a mais de um exercício financeiro (1999 a 2002), os presentes autos, depois de apreciados, poderão ser apensados às contas de 1999 (TC 008.646/2000-9), por serem mais relevantes os fatos referentes a esse exercício, sendo oportuno que se junte às demais contas — à exceção das referentes ao exercício de 2000 (TC 009.891/2001-8), que já foram julgadas — cópias do relatório de auditoria e da decisão que vier a ser proferida.”

3.Como proposta de encaminhamento, a equipe de auditoria sugeriu (fls. 31/32):a)considerar parcialmente procedente a denúncia tratada nos autos do TC 006.533/2003-0;b)fazer as determinações propostas ao longo do relatório de auditoria;c)enviar à Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal cópia da peça denunciatória e demais documentos

reunidos, do relatório de auditoria e da decisão proferida pelo Tribunal, alentando o destinatário quanto ao sigilo, caso mantido, das informações relacionadas à denúncia;

d)com fundamento no art. 55, § 1º, da Lei nº 8.443/92, retirar a chancela de sigiloso que recai sobre os autos do TC 006.533/2003-0, preservando, contudo, o sigilo quanto à autoria da denúncia;

e)apensar os presentes autos às contas da Coordenação-Geral de Serviços Gerais do MDIC relativas ao ano de 1999 (TC 008.646/2000-9);

f)juntar às contas de 2001 e 2002 cópia do relatório de auditoria e da decisão que vier a ser proferida pelo Tribunal;

g)dar ciência ao denunciante da decisão que vier a ser proferida;

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h)encaminhar à CGSG/MDIC cópia do relatório de auditoria, bem como da decisão que vier a ser proferida, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentarem.

4.A Sra. Diretora da 2ª Diretoria Técnica da 5ª Secex, após deixar anotado que o presente processo detém natureza sigilosa em face do apensamento de denúncia aos autos, manifestou-se de acordo com as proposições da equipe (fls. 119). Esse posicionamento foi endossado pelo Titular da Unidade Técnica (fls. 120).

É o relatório.

VOTO

A presente auditoria foi realizada em cumprimento à Decisão n° 1214/2002, proferida na Sessão Plenária de 18/09/2002, quando foi examinado o TC 013.458/2000-0, que tratou de dar atendimento à solicitação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, requerendo a relação dos contratos firmados pelo Governo Federal desde 1995, com base em dispensa ou inexigibilidade de licitação, cujo objeto consistia na prestação de serviços e/ou na aquisição de bens de informática.

2.A partir das informações reunidas naquele processo, o Tribunal considerou que existiam razões suficientes para justificar a realização de trabalhos de auditoria que tivessem o propósito de avaliar a legalidade e a oportunidade da contratação e da aquisição de bens e serviços de informática pelos diversos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública Federal.

3.O trabalho executado na Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC envolveu, além das questões objeto da Decisão n° 1214/2002-Plenário, o esclarecimento de denúncia apensada aos presentes autos (TC 006.533/2003-0) e a coleta de dados para juntada ao TC 005.574/1999-4, que versa sobre solicitação da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados no sentido de ser realizada fiscalização nos contratos corporativos celebrados pela Administração Pública Federal com a empresa TBA Informática Ltda.

4.No tocante às contratações de bens e serviços de informática levadas a efeito pela CGSG/MDIC, a equipe apontou as seguintes ocorrências:

a)realização de dispensa de licitação, fundamentada no art. 24, VIII, da Lei nº 8.666/93, visando à contratação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT/SP para desenvolvimento de um banco de dados de apoio ao planejamento de empresas exportadoras, sem que fossem apresentados parâmetros que confirmassem ser o preço ajustado compatível com o de mercado;

b)inconsistência na elaboração de projeto básico ao não abordar aspectos referentes à economicidade e à adequação ao interesse público para fundamentar a opção pela locação de equipamentos de informática na Concorrência n° 02/99;

c)utilização de empregados de empresa contratada para a realização de atividades não abrangidas pelo objeto do Contrato n° 17/98, celebrado com a empresa Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. para a prestação de serviços técnicos de informática;

d)descumprimento, pela Administração, de disposições contidas no projeto básico e no Contrato n° 17/98 ao permitir que a execução de atividades por profissionais da empresa contratada com qualificação técnica inferior àquela avençada;

e)disponibilização de técnicos da empresa Poliedro para prestar serviços à Agência Nacional do Cinema - Ancine em desacordo com os termos do Contrato n° 17/98, do projeto básico e do Edital de Licitação n° 01/97;

f)pagamento de faturas sem a comprovação de que a contratada havia efetuado o recolhimento dos encargos sociais relativos aos empregados alocados à execução do Contrato n° 17/98;

g)ingerência da Administração na escolha dos técnicos da Poliedro para a prestação de serviços no MDIC.5.A meu ver, é adequado o encaminhamento de determinações corretivas proposto pela 5ª Secex nas questões

contidas nas alíneas “a” a “d” e “f” e “g”. No entanto, considero necessário realizar a audiência dos responsáveis pelas falhas constatadas, uma vez que ficou configurada infração às normas relativas a licitações e contratos.

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6.No que tange à alínea “b” do item 4 supra, penso que cabe também determinar à 5ª Secex que verifique os preços praticados na locação de microcomputadores e impressoras com vistas a avaliar a possibilidade de ter ocorrido prejuízo econômico em decorrência da adoção dessa opção em detrimento da aquisição dos equipamentos.

7.Sobre a matéria objeto da alínea “c” - utilização de empregados de empresa contratada para a realização de atividades não previstas no ajuste -, anoto que o assunto foi tratado em processo específico relativo aos contratos de consultoria celebrados pelo MDIC (TC 016.068/1999-8). Como o referido processo já foi apreciado pelo Tribunal na Sessão de 08/10/2003, torna-se despiciendo dar prosseguimento ao exame do assunto.

8.Por outro lado, cabe analisar mais detalhadamente a disponibilização de técnicos da empresa Poliedro para prestar serviços à Agência Nacional do Cinema - Ancine (alínea “e” do item 4 retro).

9.Em 22/07/2002, a Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração do MDIC e a Ancine celebraram o Convênio n° 01/2002 com vigência até dezembro daquele exercício, objetivando a cooperação na compra de bens e contratação de serviços (fls. 208 - Anexo 1). No plano de trabalho, constava a meta intitulada “Desenvolvimento de sistemas e automatização da área de informática da Ancine e do MDIC” com o indicador de 6.000 horas (fls. 210 - Anexo 1).

10.Informa a Unidade Técnica que a referida meta vem sendo executada, mesmo após expirado o convênio, mediante a prestação de serviços à Ancine por técnicos da empresa Poliedro com fundamento no Contrato n° 17/98.

11.Entendo que se configura irregular o procedimento adotado para dar execução ao Convênio n° 01/2002 na área de informática.

12.De início, é de se notar que a prestação de serviços à Ancine pela Poliedro não foi objeto da Concorrência n° 01/97, que promoveu a contratação da empresa no âmbito do Ministério. Conforme se observa no item 15 do edital de licitação, no Anexo I (projeto básico) e no Anexo VII (minuta de contrato), os serviços licitados deveriam ser executados nos órgãos do Ministério situados em Brasília, bem como no Departamento Nacional de Registro Comercial - DNRC e na Secretaria de Comércio Exterior - Secex, estas duas últimas unidades situadas no Rio de Janeiro (fls. 218/261 - Anexo1).

13.Resulta que não há previsão contratual para a referida prestação de serviços, conclusão que se confirma a partir da leitura da cláusula primeira do Contrato n° 17/98, in verbis:

“CLÁUSULA PRIMEIRA - OBJETOConstitui objeto do presente Contrato a prestação de serviços técnicos nas áreas de Informática e Informação,

para apoio aos órgãos da administração direta do CONTRATANTE em Brasília/DF e no Rio de Janeiro/RJ .” [Grifei.]

14.Tem-se, portanto, que os serviços prestados à Ancine não foram licitados e não foram regularmente contratados, ficando caracterizada a infração aos arts. 2° e 60, parágrafo único, da Lei n° 8.666/93.

15.Diante desse quadro, propõe a Unidade Técnica que seja determinado à CGSG/MDIC que adote providências para interromper a prestação de serviços da Poliedro à Ancine. Em contraposição, o Coordenador-Geral de Modernização e Informática do Ministério argumenta que tal interrupção inviabilizará o funcionamento daquela Agência.

16.Entendo que assiste razão à 5ª Secex em propor que a irregularidade seja sanada por meio da interrupção da prestação de serviços relativos ao Contrato n° 17/98 à Ancine. Por outro lado, deve ser levado em conta o argumento de que a suspensão brusca dos serviços poderá ocasionar prejuízos ao funcionamento da entidade. A fim de se equilibrar o dever de restaurar a legalidade com a necessidade de fornecer condições de funcionamento à autarquia, penso que a solução menos traumática seria fixar o prazo de 30 (trinta) dias para que a CGSG/MDIC e a Ancine adotem providências para fazer cessar a prestação de serviços à conta do Contrato n° 17/98 naquela autarquia, devendo a Agência, durante esse período, promover a contratação emergencial específica dos referidos serviços.

17.Além da providência acima, entendo que a falha deva ser também objeto de audiência dos gestores.18.Com relação à denúncia apensada a estes autos, os trabalhos de apuração enfocaram os seguintes pontos:

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a)interferência da administração do MDIC na indicação de empregados da Poliedro para prestarem serviços relativos ao Contrato n° 17/98;

b)prestação, por diversos empregados da Poliedro, de serviços não relacionados com o objeto do Contrato nº 17/98;

c)pagamento de empregados da Poliedro mediante apresentação de notas fiscais frias;d)desenvolvimento, pela firma Poliedro, do Sistema de Informações Orçamentárias e Financeiras - Siofi, que

seria mera cópia de sistema já existente em outro Ministério.19.Como resultado dos exames, a Unidade Técnica chegou às conclusões abaixo:a)as unidades do MDIC indicam informalmente à empresa as pessoas que irão prestar os serviços objeto do

Contrato n° 17/98, consoante admitido pelo Coordenador-Geral de Modernização e Informática (fls. 104 - v.p.);b)até março de 2003, houve a designação de empregados da Poliedro para exercer atividades não abrangidas pelo

objeto do Contrato n° 17/98;c)não foi possível confirmar a existência de irregularidades no pagamento de empregados da contratada, posto

que se trata de assunto interno da empresa;d)o sistema Siofi foi adaptado às necessidades do MDIC a partir de outro sistema em operação no Ministério da

Agricultura, tendo os respectivos pagamentos se limitado a cobrir os trabalhos de adaptação.20.As ocorrências mencionadas nas alíneas “a” e “b” retro geraram a proposição de determinações saneadoras,

cabendo lembrar que a última falha já está sendo tratada em outro processo, como registrado no item 7 supra. Já a alínea “c” motivou a sugestão de envio dos respectivos documentos à Delegacia Regional do Trabalho para que a unidade adote as medidas que entender cabíveis quanto à possível utilização de notas fiscais para encobrir o vínculo trabalhista entre os empregados e a empresa Poliedro. Complementando a providência sugerida, entendo adequado também dar notícia da ocorrência ao Ministério Público do Trabalho. Em todos os demais casos citados, manifesto-me de acordo com as propostas da 5ª Secex.

21.Por sua vez, a questão atinente ao sistema Siofi levou a outros questionamentos, a saber, a falta de utilização do sistema, os atrasos no desenvolvimento do sistema Alice Web, a não conclusão do desenvolvimento do sistema Data Warehouse, bem como a ausência de implantação de um segundo idioma no site do Ministério.

22.A equipe de auditoria constatou que os pagamentos realizados à conta desses sistemas corresponderam a serviços efetivamente executados. No entanto, verificou-se que o resultado final não se apresentou integralmente satisfatório, uma vez que o sistema Siofi não vinha sendo utilizado e o sistema Data Warehouse não chegou a ser concluído. Nos dois casos, a equipe entendeu que esse resultado deveu-se à falta de planejamento da Unidade, mas que os trabalhos desenvolvidos ainda poderiam ser aproveitados.

23.A julgar pelos relatórios de auditoria similares que já deram entrada em meu Gabinete, é questão recorrente a ausência de planejamento nas aquisições de bens e serviços de informática realizados pela Administração Pública.

24.Não custa repisar a importância do planejamento para o Setor Público por se constituir em ferramenta indispensável à concretização do princípio constitucional da eficiência. O planejamento é, assim, o instrumento que permite a otimização e a economia na utilização dos recursos públicos de modo a evitar prejuízos à sociedade.

25.Fazendo remissão às considerações desenvolvidas em outras oportunidades, especialmente no TC 009.356/2003-8 (relatório de auditoria nas contratações e aquisições de bens e serviços de informática pela Suframa), entendo cabível expedir as determinações semelhantes de maneira a propiciar a devida orientação sobre o assunto à Unidade agora fiscalizada.

26.Outro aspecto que chama a atenção refere-se ao objeto do Contrato n° 17/98, conforme cláusula contratual transcrita no item 13 retro.

27.O projeto básico da contratação assim especifica os serviços contratados (fls. 229/251 - anexo 1):a)planejamento e modelagem conceitual de sistemas de informação: “serviços de planejamento e modelagem

conceitual de sistemas de informação, tais como: levantamento de dados, análise conceitual de sistemas, elaboração de plano estratégico de informação e informática, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais

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do MICT [atual MDIC] (Windows, Windows NT, Unix e Netware), bem como com os processos gerais de administração do setor público”;

b)coordenação geral de projetos: “serviços técnicos de coordenação geral de projetos, englobando: elaboração e acompanhamento de Plano de Ações Estratégicas de Informação e Informática, elaboração e acompanhamento de Plano de contingência das informações e de processamento, contemplando, dentre outras obviedades, a de política de back up, definindo meios e processos que assegurem a manutenção das informações vitais para o MICT, administração dos serviços/dados/suporte/recursos tecnológicos/banco de dados/projetos, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware), bem como com o ambiente de rede”;

c)administração e suporte a redes: “serviços de administração, customização, suporte e operação da rede, promovendo, periodicamente, auditoria dos recursos de hardware/software, visando obter maior eficiência no atendimento aos usuários. Implementar instrumentos que viabilizem a estreita observância às normas e orientações emanadas do Órgão Central do Sistema de Administração dos Recursos de Informação e Informática, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware), bem como com o ambiente de rede”;

d)suporte a usuários: “serviços de atendimento aos usuários, visando solução de problemas de softwares diversos (editores de texto, planilhas, bancos de dados, etc.), bem como manutenção de hardware, mantendo registro histórico das ocorrências. Implementar instrumentos que viabilizem a estreita observância às normas e orientações emanadas do Órgão Central do Sistema de Administração dos Recursos de Informação e Informática, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware) e com o ambiente de rede”;

e)projetos de desenvolvimento de sistemas: “serviços técnicos de administração de projetos de desenvolvimento, implantação, programação e manutenção de sistemas, compreendendo: definição de metodologia específica de desenvolvimento de sistema; planejamento/desenvolvimento/implantação/manutenção de sistemas informatizados, assegurando, atualização permanente de documentação técnica; auditoria e análise dos sistemas, verificando a qualidade das informações e seus aspectos de eficiência no atendimento às finalidades estratégicas do MICT, bem como suas correspondentes relações de custo/benefício; articulação com os usuários e/ou prestadores de serviços objetivando o uso adequado dos sistemas e a respectiva racionalização do uso das informações; implementação de rotinas de integração de sistemas visando facilitar acesso às bases de dados, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware) e com o ambiente de rede”;

f)administração de dados e serviços: “serviços envolvendo a utilização de metodologia específica para administração de dados e serviços, mantendo atualizadas todas as informações contidas nas bases de dados, tanto operacionais quanto gerenciais, provendo a modelagem de dados, bem como o gerenciamento de contas (cadastramento de usuários, definição de privilégios, controle de acesso, etc.), buscando sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware) e com o ambiente de rede”;

g)administração de banco de dados: “serviços de administração de processos para obtenção, atualização e armazenamento de dados em Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (Zim, Oracle, SQL-Server e Informix), bem como implantação e otimização do SGBD, implementação da arquitetura Cliente-Servidor e compatibilização com as plataformas operacionais do MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware)”;

h)serviço especializado: “serviços técnicos especializados na área de informática e informação e de organização, visando a estruturar plano de ações estratégicas, bem como apoiar os diversos órgãos na elaboração de projetos e serviços de alta especialização técnica”;

i)documentação de projetos de sistemas: “serviços de documentação de projetos de sistemas, usando metodologia específica, que permita manter atualizada a documentação de diversos sistemas, catalogando os programas, módulos e rotina de cada aplicativo, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT e os ambientes de rede”;

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j)processamento de imagens e documentação: “serviços de digitalização de imagens de documentos, com captura via scanner de alta resolução e performance e masterização de arquivos de impressão (spool) de relatórios. Após a captura, os conjuntos de imagens geradas devem estar prontos para a posterior indexação (customizada caso a caso), tendo por último a respectiva customização/implantação do software de consulta e arquivamento eletrônico de imagens, permitindo gerência de work-flow, recuperação dos processos eletrônicos, adição de documentos de origens heterogêneas (planilhas, editores, bancos de dados, outros) com diversos níveis de conectividade e segurança de acesso e dados disponíveis”;

k)serviços técnicos de processamento de dados: “serviços técnicos de processamento de dados que permitam manter ativas as rotinas de produção e execução dos sistemas, executando procedimentos técnicos de consistência do ambiente de produção, cumprindo normas de segurança específica da área, registrando, rotineiramente, todas as ocorrências de maior relevância em documento apropriado”;

l)serviços de digitação: “serviços de digitação, envolvendo a entrada de dados, a digitação propriamente dita, conferência, crítica e geração de meio magnético sem ocorrência de erro, mantendo controle específico dos serviços, bem como de prazos de execução, através da adoção de rotina informatizada”;

m)operação de microcomputadores: “serviços técnicos de operação de microcomputadores que permitam manter ativas as rotinas de produção e execução de aplicativos, executando procedimentos de operacionalização de microcomputadores e do softwares utilizados pelo MICT (Word, Excel e outros), cumprindo normas de segurança específica da área”.

28.Como se vê a partir da extensa descrição acima, os serviços contratados pelo MDIC englobam diversas áreas independentes, a saber, gerência estratégica, desenvolvimento de software, gerenciamento de dados, administração de rede, suporte a usuários, manutenção de hardware, operação de microcomputadores e digitação. É, pois, fácil perceber que o objeto contratado deveria ter sido licitado separadamente nos termos preconizados pelo art. 23, § 1°, da Lei n° 8.666/93, de modo a ensejar a ampliação do universo dos competidores e a obtenção de propostas mais vantajosas para a Administração.

29.Não obstante a irregularidade dessa situação, verifico que a “consolidação” de serviços de informática autônomos em um só contrato é ocorrência bastante freqüente no âmbito da Administração Pública Federal. A título de exemplo, trago à colação situação similar ocorrida no TC 003.789/1999-3, que tratou, entre outros assuntos, da contratação do fornecimento de licenças de software Microsoft juntamente com a prestação de serviços técnicos de informática. Por entender que a essência do exame empreendido aproveita à questão ora discutida, transcrevo abaixo trecho da Proposta de Decisão proferida por este Relator naquele processo:

“22.De todo o exposto nas instruções das Unidades Técnicas e do Ministério Público junto ao TCU, bem como nos diversos elementos trazidos aos autos pelas empresas Microsoft Informática Ltda. e TBA Informática Ltda., observo que a essência do contrato Select é o licenciamento de uso dos softwares da Microsoft e não a prestação serviços técnicos de informática. Tais serviços, embora se tenha consciência de sua importância, podem ser considerados elementos acessórios ao licenciamento. Ou seja, a finalidade do contrato corporativo é o fornecimento de licenças de software e não se vislumbra a existência de contrato dessa natureza para prestação de serviços unicamente.

(...)24.Não podem prosperar, portanto, os argumentos apresentados pela TBA de que o objeto do contrato Select é de

natureza complexa, representando uma solução integrada, que não comporta o fracionamento do seu objeto em fornecimentos independentes das licenças de uso dos softwares Microsoft e dos serviços correspondentes.

25.Quanto à obrigatoriedade do fracionamento do objeto do contrato Select e a necessidade de licitação para os serviços que costumeiramente são incluídos nesse contrato, a questão, já foi dirimida por este Tribunal, nas Decisões 186/1999, 538/2000 e 811/2002, todas do Plenário.

26.Na Decisão nº 186/1999, posteriormente confirmada, em sede de recurso, pela Decisão nº 538/2000, prolatada nos autos do TC 002.646/1997-8, da relatoria eminente Ministro Bento José Bugarin, consta a seguinte determinação:

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'(...)8.2. com fulcro no art. 45 da Lei n° 8.443/92, fixar o prazo de 15 (quinze) dias para que a ECT exclua do

contrato de n° 8.756/96, firmado com a empresa TBA Informática Ltda., caso este tenha sido prorrogado após 31/12/98, os serviços de assistência técnica e treinamento, haja vista terem sido contratados sem licitação, com inobservância aos preceitos da Lei n° 8.666/93, uma vez que é possível a competição para a espécie , consoante demonstram os próprios estudos técnicos daquela empresa pública, devendo, portanto, caso ainda seja de seu interesse, ser realizado o competente processo licitatório para a contratação dos aludidos serviços, observando-se, nessa hipótese, todos os dispositivos da mencionada Lei n° 8.666/93; [grifei] (...)'

27.Cabe ressaltar que o contrato nº 8.756/96 acima referido, conforme já mencionado no item 6.7 do Relatório antecedente, é exatamente um contrato Select, firmado entre a ECT e a TBA Informática Ltda. Portanto, resta claro que a Decisão 186/1999 aponta no sentido de que os serviços de assistência técnica e treinamento, na área de informática, devem ser licitados pela Administração Pública, independentemente da aquisição das licenças de software.

28.A Decisão nº 811/2002 - Plenário - TCU foi prolatada nos autos do TC 006.337/2002, relatado pelo eminente Ministro Benjamin Zymler, referente à representação do próprio TCU acerca de irregularidades ocorridas na Concorrência LICSUPGA 20022113948, realizada pelo Serpro para a aquisição de produtos e serviços para a plataforma Microsoft. No voto condutor da referida decisão, o eminente Relator consignou:

'No caso concreto, não se verificou nenhuma justificativa para a realização de uma única licitação para a aquisição de bens de informática e de prestação de serviços que, a princípio, poderiam perfeitamente ser objeto de certames distintos (...)'

29.Na parte dispositiva da referida decisão, este Tribunal prolatou as seguintes determinações ao Serpro:

'8.2.3. celebre distintas licitações para aquisição ou atualização de licenças de software e para fornecimentos de serviços na plataforma Microsoft;

8.2.4. nas licitações de serviços na plataforma Microsoft, sejam especificados e contratados separadamente dos demais os serviços de treinamento e certificações, de suporte técnico e de consultoria, utilizando-se o parcelamento ou a adjudicação por itens como forma de obtenção de melhor preço entre os licitantes.' [Grifei]

30.Conforme pode ser observado nas determinações supracitadas, não apenas o fornecimento de serviços deve ser licitado separadamente da aquisição ou atualização de licenças de software, como os próprios fornecimentos de serviços devem ser licitados de forma a se permitir a contratação separadamente por itens, conforme a natureza do serviço.

31.Há que se considerar ainda que os requisitos de qualificação técnica para o fornecimento de serviços devem ser diferenciados daqueles exigidos para o fornecimento das licenças de software. No primeiro caso, as exigências de qualificação técnica devem ser suficientemente seletivas de forma que os interessados na prestação dos serviços comprovem a necessária capacitação, enquanto que para o caso do simples fornecimento de licenças, tal qualificação deve ser bem mais simples, já que qualquer que seja a modalidade contratual adotada, as licenças de software são as mesmas.

32.Da mesma forma, devem ser definidos distintamente os requisitos de qualificação técnica de cada espécie de serviço (assistência técnica, treinamento e certificação, suporte técnico e consultoria), vez que as exigências de conhecimento técnico para os prestadores de cada um deles também é distinta. Essa proposta visa a ampliar a competição no processo licitatório, pois evita, numa única licitação para a contratação de diversos serviços técnicos, que utilize a qualificação necessária à prestação de serviços de consultoria, que pode ser de alto grau e que poucos credenciados detenham, venha a ser utilizada também para contratação de serviços de assistência técnica ou

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treinamento, que nem sempre é alta, excluindo os eventuais credenciados para estes últimos da participação do certame.” [Grifo no original.]

30.As conclusões do exame procedido no citado processo originaram a prolação de Acórdão na Sessão Plenária de 08/10/2003, que fixou o seguinte entendimento acerca da matéria:

“9.2.1. quanto à contratação de serviços técnicos de informática (assistência técnica, treinamento e certificação, suporte técnico e consultoria) para o ambiente Microsoft:

9.2.1.1. deve obrigatoriamente ser precedida de licitação, ante a comprovada viabilidade de competição nessa área, e as licitações devem ser distintas das utilizadas para a aquisição das licenças de software, conforme a jurisprudência deste Tribunal consubstanciada nas Decisões 186/99 e 811/02, todas do Plenário;

9.2.1.2 os serviços de treinamento e certificação, suporte técnico e consultoria devem ser especificados, licitados e contratados separadamente dos demais serviços técnicos, utilizando-se o parcelamento ou a adjudicação por itens como forma de obtenção do melhor preço entre os licitantes, conforme prevê a Decisão 811/02 do Plenário;

9.2.1.3 os requisitos de qualificação técnica para contratação desses serviços devem necessariamente ser distintos para cada espécie de serviço a ser contratado e diferenciados daqueles utilizados para a contratação de licenças de software, vez que estes últimos são, em regra, mais simples;” [Grifo no original.]

31.Compulsando os autos, verifiquei que o Contrato n° 17/98 teve sua vigência prorrogada excepcionalmente, nos termos do art. 57, § 4°, da Lei n° 8.666/93, em 11/05/2003 por mais 12 (doze) meses (fls. 277/278 - Anexo I), o que demonstra a impossibilidade legal de se efetuar nova prorrogação do instrumento. Assim, entendo que deva ser determinado à CGSG/MDIC que adote providências para assegurar que a nova licitação a ser promovida para a contratação dos referidos serviços estabeleça o parcelamento do objeto nos moldes previstos no art. 23, § 1°, da Lei n° 8.666/93.

32.Como registrei em item precedente, são muitos os casos em que licitações de serviços de informática vêm sendo promovidas pela Administração Pública sem que se proceda ao parcelamento do objeto, apesar de tal alternativa se mostrar viável. A título de exemplo, cito alguns processos sob a minha Relatoria, como o TC 10.220/2000-8 (representação referente a licitação realizada pelo Ministério da Justiça), o TC 015.588/2003-8 (representação relativa a concorrência promovida pela Ancine) e o TC 007.247/2003-4 (representação atinente a licitação realizada pelo Ministério do Trabalho).

33.Algumas contratações equivalem a um CPD completo e terceirizado no âmbito do órgão ou entidade contratante. Verifico no caso do MDIC, em tela, que o contrato abrange planejamento e modelagem, coordenação-geral de projetos, administração e suporte de redes, suporte a usuários, projetos e desenvolvimento de sistemas, administração de dados e serviços e administração de banco de dados (se há diferença entre essas atividades, não consegui bem compreendê-la), serviço especializado (não se encontra bem definido), documentação de projetos, processamento de imagens, serviços técnicos de processamento de dados, serviços de digitação, operação de microcomputadores (muito semelhante aos “serviços técnicos de processamento de dados”, não se compreende bem a diferença).

34.Minha primeira preocupação, em relação a esses contratos, é a perfeita identificação desses serviços, com o estabelecimento das especificações de cada um, sem intercessão entre eles. A segunda, a perfeita identificação das necessidades do órgão ou entidade em cada um dos serviços. Como há serviços de natureza contínua, como suporte técnico, e serviços de natureza não-contínua, com prazo determinado ou fixo, como o desenvolvimento de projetos, tenho sérias dúvidas se a expressão dessas necessidades em “homen-hora” é a mais adequada para ambos os tipos de serviço.

35.Na hipótese de desenvolvimento de projeto, por exemplo, a contratação por “homen-hora” conduz ao paradoxo do lucro-incompetência. Ou seja, quanto menor a qualificação e capacitação dos prestadores do serviço, maior o número de horas necessário para executá-lo e, portanto, maior o custo para a Administração-contratante e

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maior o lucro da empresa contratada. Será que não há outras maneiras de contratar tais serviços, eliminando essa disfunção?

36.São muitas as preocupações com essa espécie de contrato faz-tudo, já mencionei também a necessidade da adjudicação por itens. Mas devo ressaltar uma outra da maior relevância: a segurança do Estado e da Administração. Sabe-se que o que há de mais valioso no momento atual é a informação. A informação precisa ser bem adquirida, tratada e bem guardada, às vezes com o devido sigilo. As informações do Estado e da Administração Pública são digitalizadas, tratadas e guardadas nos seus computadores. Transitam nos computadores do Governo federal informações sobre comércio externo e interno, sobre agricultura, educação, saúde, infra-estrutura, e outras mais. Questiono-me se a terceirização de todos os serviços de informática não compromete a segurança dessas informações. Nessa linha, fico a indagar quais serviços de Informática a Administração Pública deve preservar para execução por seus servidores devidamente habilitados? Quais podem ser terceirizados sem riscos para o Estado?

37.Para não alongar, a última preocupação é o custo desses serviços. Tais contratos, em regra, são de valores altíssimos. Para que se possa ter idéia, estimo que o contrato em tela, entre o MDIC e a Poliedro, durante os seis anos de vigência, tenha custado à Administração mais de R$ 30 milhões, considerando que em 1999 o total pago foi de R$ 6,701 milhões. Fico a refletir sobre o custo-benefício dessa terceirização, em detrimento da utilização de servidores pelo menos em algumas dessas atividades, em que se exige maior qualificação técnica. Vale lembrar que os custos com novos servidores será reduzido em face da atual Reforma da Previdência.

38.Estando tal relevante problema generalizado no âmbito da Administração Pública Federal, penso que o Tribunal não pode deixar de se manifestar sobre o assunto de modo a fornecer orientações de conduta aos gestores. A fim de propiciar os elementos para fundamentar essa manifestação, há a necessidade de se realizar estudos mais aprofundados sobre os parâmetros que devem balizar a contratação de tais serviços técnicos de informática, levando em consideração as preocupações que mencionei, bem como os critérios de delimitação e parcelamento do objeto licitado, a forma de execução desses serviços - se contínua ou não - e o regime de contratação dos empregados das empresas prestadoras de serviços (celetistas, cooperados), entre outros aspectos. Para tanto, entendo que esse estudo deva ser deixado a cargo da Segecex, que deverá contar também com o auxílio da Setec na realização do trabalho.

Feitos os comentários cabíveis e efetuadas as adaptações necessárias ao encaminhamento sugerido pela 5ª Secex, entendo que o presente processo se encontra em condições de ser apreciado, motivo pelo qual VOTO por que o Tribunal acolha a deliberação que ora apresento a este Colegiado.

Sala das Sessões, em 15 de outubro de 2003.

Augusto Sherman CavalcantiRelator

ACÓRDÃO 1558/2003 - Plenário - TCU (Sigiloso)

1.Processo nº TC 008.693/2003-3 (Apenso: TC 006.533/2003-0 - Denúncia)2.Grupo: I - Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria3.Responsáveis: Neuton de Faria Soares, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, desde

09/01/2003 (CPF 297.102.431-87); José Oswaldo da Silva, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 11/09/2001 a 01/01/2003 (CPF 011.659.096-34); José Lincoln Daemon, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 22/02/2000 a 11/09/2001 (CPF 315.031.017-20); Júlio César de Oliveira de Albuquerque Pereira, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 21/01/1999 a 22/02/2000 (CPF 311.739.691-87); Bianor de Queiroz Fonseca, Subsecretário de Assuntos Administrativos, de 01/01/1998 a 21/01/1999 (CPF 027.623.407-30); Hilton Kruschewsky Duarte, Coordenador-Geral de Serviços Gerais, desde 04/02/2003 (CPF 096.239.495-53); Edmundo Soares do Nascimento Filho, Coordenador-Geral de Serviços

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Gerais, de 01/01 a 08/05/1998 e de 01/01/1999 a 04/02/2003 (CPF 224.487.053-72); Sérgio Luís de Castro Abrantes Ferrão, Coordenador-Geral de Serviços Gerais Substituto, de 08/05 a 31/12/1998 (CPF 224.487.053-72)

4.Unidade: Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC

5.Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti6.Representante do Ministério Público: não atuou7.Unidade técnica: 5ª Secex8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada na Coordenação-Geral de Serviços

Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC com o objetivo de avaliar a legalidade e a oportunidade das aquisições de bens e serviços de informática efetuadas por aquela unidade no período compreendido entre os exercícios de 1998 e 2002, conforme deliberação contida na Decisão n° 1.214/2002 - Plenário;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, em:9.1. conhecer da denúncia tratada nos autos do TC 006.533/2003-0 (apenso) por preencher os requisitos de

admissibilidade previstos no art. 235 do RI/TCU para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;9.2. fixar o prazo de 30 (trinta) dias para que a CGSG/MDIC e a Ancine adotem providências para fazer cessar a

prestação de serviços à conta do Contrato n° 17/98 naquela autarquia, devendo a Agência, durante esse período, promover a contratação emergencial específica dos referidos serviços em atendimento ao disposto nos arts. 2° e 60, parágrafo único, da Lei n° 8.666/93 e no art. 71, IX, da Constituição Federal;

9.3. determinar à CGSG/MDIC com fulcro no art. 71, IX, da Constituição Federal que:9.3.1. quando da dispensa de licitação fundamentada no art. 24, inciso VIII, da Lei nº 8.666/93, faça constar do

processo licitatório justificativa de preço baseada em pesquisa de mercado, bem como razão para a escolha do fornecedor ou executante, conforme dispõe o art. 26, parágrafo único, inciso II, dessa mesma lei;

9.3.2. atente para o disposto no artigos 3º, 6º, inciso IX, e 12 da Lei nº 8.666/93, fazendo constar dos projetos básicos referentes a locações de equipamentos, em especial os de informática, informações a respeito da economicidade de se efetuar tais locações em comparação com a possibilidade de aquisição dos equipamentos;

9.3.3. cumpra fielmente as cláusulas pactuadas nos contratos, evitando solicitar que os empregados das empresas contratadas venham a executar atividades não previstas na respectiva avença, de modo a dar atendimento às disposições contidas no art. 66 da Lei n° 8.666/93;

9.3.4. adote providências para assegurar que, nos termos dos arts. 54, § 1°, e 66 da Lei n° 8.666/93 os empregados da empresa Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. alocados na execução do Contrato nº 17/98 atendam aos requisitos de qualificação mínima estabelecidos no projeto básico correspondente;

9.3.5. proceda à avaliação e ao cálculo dos eventuais prejuízos decorrentes do fato de o órgão ter recebido serviços de profissionais de nível médio no âmbito do Contrato nº 17/98 e de ter, em contrapartida, pago à empresa Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. valores relativos a profissionais de nível superior, adotando as medidas necessárias para obter a devolução ou a compensação dos valores que venham a ser considerados como indevidamente pagos;

9.3.6. em observância ao art. 195, § 3º, da CF, ao art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, ao entendimento firmado na Decisão/TCU nº 705/1994-Plenário e ao parágrafo segundo da cláusula quinta do Contrato nº 17/98, somente efetue os pagamentos relativos ao Contrato n° 17/98 após a comprovação, pela contratada, do recolhimento das contribuições sociais correspondentes aos empregados que prestam serviços no Ministério, fazendo o mesmo em relação aos demais contratos de prestação de serviços;

9.3.7. assegure a observância aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade, impedindo qualquer forma de interferência do Ministério, ou de seus servidores, no gerenciamento dos recursos humanos

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pertencentes a empresas que prestam serviços terceirizados, em especial, no tocante à indicação dos empregados que devem ser contratados por tais empresas para prestarem serviços no âmbito do Ministério;

9.3.8. realize estudos sobre as possibilidades de aproveitamento do Sistema de Informações Orçamentárias e Financeiras - Siofi e do Sistema Data Warehouse, devendo a Administração adotar as providências que entender pertinentes, caso seja encontrada uma alternativa viável, oportuna e conveniente de utilização dos sistemas;

9.3.9. atente para a necessidade de fazer cumprir o princípio constitucional da eficiência e as disposições contidas no art. 6º, I, do Decreto-Lei nº 200/67, implantando, na área de informática, um processo de planejamento que organize as estratégias, as ações, os prazos, os recursos financeiros, humanos e materiais, a fim de eliminar a possibilidade de desperdício de recursos públicos e de prejuízo ao cumprimento dos objetivos institucionais da unidade;

9.3.10. faça com que os trabalhos de elaboração e implantação de sistemas de software solicitados pelo Ministério a empresas contratadas sejam precedidos de planejamento detalhado, estabelecendo, com base em estudos prévios e fundamentados nas necessidades dos usuários, as especificações técnicas desses sistemas, de forma que seu desenvolvimento não sofra atraso ou solução de continuidade;

9.3.11. ao proceder a licitação de bens e serviços de informática, elabore previamente minucioso planejamento, realizado em harmonia com o planejamento estratégico da unidade e com o seu plano diretor de informática, em que fique precisamente definido, dentro dos limites exigidos na Lei nº 8.666/93, os produtos a serem adquiridos, sua quantidade e o prazo para entrega das parcelas, se houver entrega parcelada; o resultado do planejamento mencionado no item anterior deve ser incorporado a projeto básico, nos termos do art. 6º, IX, e 7º da Lei nº 8.666/93, que deverá integrar o edital de licitação e o contrato;

9.3.12. quando da contratação de serviços técnicos de informática (gerência estratégica, desenvolvimento de software, gerenciamento de dados, administração de rede, suporte a usuários, manutenção de hardware, operação de microcomputadores e digitação) em substituição ao Contrato n° 17/98, especifique, licite e contrate separadamente os referidos serviços, utilizando-se o parcelamento ou a adjudicação por itens como forma de obtenção do melhor preço entre os licitantes, conforme preceituado no art. 23, § 1°, da Lei n° 8.666/93;

9.3.13. estabeleça distintos requisitos de qualificação técnica para cada espécie de serviço técnico de informática a ser contratado;

9.4 determinar à 5ª Secex que:9.4.1 com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92 e no art. 250, inciso IV, do Regimento Interno,

promova a audiência dos responsáveis pelas ocorrências abaixo arroladas para que apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência, as respectivas razões de justificativa:

9.4.1.1. contratação direta do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT/SP, com enquadramento indevido no art. 24, inciso VIII, da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.2. contratação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT/SP sem apresentação de parâmetros que confirmassem ser o preço ajustado compatível com o de mercado, em desacordo com o art. 26, parágrafo único, inciso II, da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.3. inconsistência do projeto básico e ausência de justificativas referentes à economicidade e à adequação ao interesse público para fundamentar a realização da Concorrência n° 02/99, que objetivou a locação de 182 (cento e oitenta e dois) microcomputadores e 106 (cento e seis) impressoras, ao invés da aquisição dos equipamentos, contrariando os arts. 3°, 6°, inciso IX, e 12 da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.4. descumprimento, pela Administração, de disposições contidas no projeto básico e no Contrato n° 17/98 ao realizar pagamentos pela execução de atividades por profissionais da empresa contratada com qualificação técnica inferior àquela avençada, em desrespeito aos arts. 54, § 1°, e 66 da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.5. disponibilização de técnicos da empresa Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. para prestar serviços à Agência Nacional do Cinema - Ancine em desacordo com os termos do Contrato n° 17/98, do projeto básico e do Edital de Licitação n° 01/97, bem assim com os arts. 2° e 60, parágrafo único, da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.6. manutenção do ajuste e realização de pagamentos relativos ao Contrato n° 17/98 sem a comprovação, pela contratada, do recolhimento das contribuições sociais correspondentes aos empregados que prestam serviços no

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MDIC, em inobservância ao art. 195, § 3º, da CF, ao art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93 e ao entendimento firmado na Decisão/TCU nº 705/1994-Plenário;

9.4.1.7. ingerência da Administração na escolha dos técnicos da empresa Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. para a prestação de serviços no MDIC, em desrespeito aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade;

9.4.2. apure e delimite as responsabilidades pelas irregularidades tratadas no item 9.4.1 e subitens retro, a fim de proceder à audiência dos gestores, conforme determinado;

9.4.3. verifique os preços praticados na locação de microcomputadores e impressoras realizada no âmbito da Concorrência n° 02/99, com vistas a avaliar a possibilidade de ter ocorrido prejuízo econômico em decorrência da adoção dessa opção em detrimento da aquisição dos equipamentos;

9.5. com fundamento no art. 55, § 1º, da Lei nº 8.443/92, retirar a chancela de sigiloso que recai sobre os autos do TC 006.533/2003-0, preservando o sigilo quanto à autoria da denúncia;

9.6. enviar, ao Ministério Público do Trabalho e à Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal para as providências cabíveis em face da possibilidade de tentativa de ocultação do vínculo trabalhista existente entre a empresa Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda., contratada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC mediante o Contrato n° 17/98, e seus empregados alocados à execução daquele contrato, conforme descrito no item 4.2.4 do relatório de auditoria, cópia da peça denunciatória e dos respectivos documentos anexos, constantes a fls. 01/44 do TC 006.533/2003-0; dos documentos de fls. 76/79 e 112 do vol. principal, de fls. 424/433 do Anexo II, de fls. 527/535 e de fls. 548/555 do Anexo III; da presente deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, mantido o sigilo quanto à pessoa do denunciante;

9.7. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo - Segecex que, com auxílio da Secretaria de Tecnologia da Informação - Setec, realize estudo sobre os parâmetros que devem balizar a contratação de serviços técnicos de informática, levando em consideração os fatores mencionados nos itens 33 a 38 do Voto, bem com os critérios de delimitação e parcelamento do objeto licitado, a forma de execução desses serviços, se contínua ou não, e o regime de contratação dos empregados das empresas prestadoras de serviço (celetistas, cooperados, etc.), entre outros aspectos, a fim de propiciar elementos para manifestação do Tribunal sobre o assunto;

9.8. juntar às contas da CGSG/MDIC dos exercícios de 1999, 2001 e 2002 cópia desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam;

9.9. dar ciência deste acórdão ao denunciante;9.10. encaminhar à CGSG/MDIC e à Ancine cópia da presente deliberação, bem como do Relatório e Voto que a

fundamentam.

10. Ata nº 39/2003 - Plenário (Extraordinária de Caráter Reservado)Ata nº 40/2003 - Plenário (Ordinária)11. Data da Sessão: 15/10/2003 - Extraordinária de Caráter Reservado12. Especificação do quórum:12.1. Ministros presentes: Adylson Motta (Vice-Presidente, no exercício da Presidência), Humberto Guimarães

Souto, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler e os Ministros-Substitutos Lincoln Magalhães da Rocha e Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).

12.2. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.

ADYLSON MOTTAVice-Presidente, no exercício da Presidência

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTIMinistro-Relator

Page 27: GRUPO I - CLASSE V - Plenário€¦  · Web view3.O trabalho executado na Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Fui presente:

Dr. LUCAS ROCHA FURTADOProcurador-Geral