grupo disciplinar de história 3º ciclo departamento de ... · o pan-eslavismo e outros...
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O Pan-eslavismo e outros nacio-
nalismos O século XIX foi o século dos nacionalismos, ou
seja, vários povos quiseram constituir-se como
Estados. Exemplos disso são a Grécia, a Itália, a
Alemanha, etc.
Os sentimentos nacionais de cada povo levaram a
rivalidades em relação, por exemplo, ao proble-
ma de Alsácia-Lorena entre a França e a Alema-
nha ou à ocupação de África pelos países euro-
peus.
No início do século XX alguns povos que faziam
parte de impérios, quiseram deixar de ser domi-
nados por outros povos, para se tornarem países
independentes podendo, assim, viver a sua pró-
pria cultura e decidir os seus destinos. O caso
mais falado é o do Pan-eslavismo sérvio, por ter
sido a principal causa da eclosão da 1ª Guerra
Mundial. O Pan-eslavismo era a vontade que Sér-
via e os outros Eslavos do Sul tinham, de se
unirem num único país independente do império
Austro-Húngaro. Mas também havia outros povos
com intenções semelhantes como, por exemplo,
os irlandeses que queriam ser independentes da
Inglaterra, os polacos que faziam parte do impé-
rio russo e do alemão ou os checos que queriam
sair do império austro-húngaro.
No dia 28 de Junho de 1914, um domingo, Francisco
Fernando, herdeiro ao trono austro-húngaro e a sua
mulher estavam de visita a Sarajevo, capital da Bós-
nia, que era uma província do império. Durante a visi-
ta, alguém tentou atacar o casal com uma granada
mas sem sucesso, pois conseguiram desviar-se dela,
mas isso não evitou que a granada ferisse outras pes-
soas. Contra os conselhos que lhes foram dados pelos
serviços de segurança, Fernando e Sofia insistiram em
ir visitar no hospital, os feridos do atentado. Quando
estavam a regressar para o hotel foram avistados por
Gravilo Princip, um estudante de 19 anos, membro da
“Jovem Bósnia” e do grupo terrorista “Mão Negra”. O
jovem, que estava armado, disparou sobre o casal
atingindo Fernando no pescoço e Sofia no abdómen.
Ainda foram assistidos por testemunhas, mas não
resistiram aos ferimentos. Francisco Fernando foi o
primeiro a morrer e a sua mulher morreu a caminho
do hospital. Princip cometeu este crime, porque tinha
o objetivo político da Bósnia sair do império russo e
juntar-se à Sérvia.
O assassinato
A investigação e a declara-ção de guerra
O assassinato gerou simpatias pelos austríacos, por
parte de outros países como a Alemanha.
Dois dias depois do assassinato, o império austro-
húngaro, apoiado pelo alemão, exigiu que o gover-
no sérvio abrisse uma investigação, mas o secretá-
rio-geral do Ministério do Exterior sérvio, Slavko
Gruic, recusou dizendo que o assunto não dizia res-
peito ao governo do seu país. Seguiu-se, então uma
tensa negociação entre o encarregado de negócios
austríaco em Belgrado e Gruic. Acabou por ser feita
uma investigação. Após a realização da mesma, o
governo austríaco não se mostrou satisfeito e, com
o apoio da Alemanha, enviou uma carta formal à
Sérvia contendo várias exigências, incluindo que
fossem os austríacos a dirigir uma nova investiga-
ção. A carta ficou conhecida como o ultimato de
julho. Na resposta, a Sérvia aceitava efetivamente,
todos os termos do ultimato, menos um: não iria
permitir a participação da Áustria-Hungria em qual-
quer inquérito interno, afirmando que esta seria
uma violação da Constituição e da lei processual
penal sérvia. Três dias depois o Império Austro-
Húngaro declarava guerra à Sérvia.
1914: as vésperas da 1ª Guerra Mundial
José
Car
los
Rib
eiro
Tei
xeir
a, 9
ºB
O atentado descrito por Joachim Remak
“Harrach e Potoriek (...) acharam que ela havia
desmaiado (...) só o marido parecia ter ideia do
que estava acontecendo. Virando-se para a espo-
sa, apesar da bala em seu pescoço, Francisco
Fernando implorou: "Sopherl! Sopherl! Sterbe
Nicht! Bleibe am Leben Für Unse-
re Kinder !" ("Querida Sofia! Não morra! Fique
viva para os nossos filhos!!!"). Dito isto, ele cur-
vou-se para a frente. Seu chapéu de plumas (...)
caiu e muitas de suas penas verdes foram encon-
tradas em todo o assoalho do carro. O conde
Harrach puxou o colarinho do uniforme do arqui-
duque para segurá-lo. Ele perguntou: "Leiden
Eure Kaiser liche Hoheitsehr?" ("Vossa Alteza
Imperial está a sentir muita dor?") "Es ist
nichts..." ("Não é nada..."), disse o arquiduque
com voz fraca, mas audível. Parecia estar a per-
der a consciência durante os seus últimos minu-
tos mas, com voz crescente embora fraca, repe-
tiu esta frase, talvez, seis ou sete vezes mais.”
“Um ronco começou a brotar de sua garganta,
diminuindo quando o carro parou em frente ao
Konakbersibin (Câmara Municipal). Apesar dos
esforços médicos, o arquiduque morreu, pouco
depois de ser levado para dentro do prédio, en-
quanto sua amada esposa morreu de hemorragia
interna antes da comitiva chegar ao Konak.”
Devido a outros conflitos na Europa tinham sido
criadas alianças defensivas entre alguns países:
- Tríplice Aliança: juntava o império Austro-
húngaro, Império Alemão e a Itália;
- Tríplice Entente: juntava o império Russo, a
França e a Inglaterra.
Estas alianças fizeram com a que a declaração de
guerra à Sérvia levasse a que a Rússia, por ser
apoiante da Sérvia, a ameaçar o império Austro-
húngaro. O império Alemão, por sua vez, ameaçou
os russos. Os franceses ameaçaram os alemães por
terem dado a entender que iriam atacar a Rússia.
Quando a fortaleza austro-húngara de Zemun lan-
ça os primeiros tiros sobre Belgrado, o início de
uma guerra foi confirmado. Os países envolvidos
prepararam os seus exércitos e partiram para o
conflito que ficou conhecido como a 1ª Guerra
Mundial.
A última guerra que tinha marcado a Europa tinha
sido a guerra Franco-prussiana de 1870/1871 e os
seus efeitos na vida das pessoas já tinham sido
praticamente, esquecidos.
Em 1914, existia uma forte rivalidade entre os paí-
ses e um sentimento eufórico de patriotismo nas
pessoas. Todos pensavam que a guerra iria ser fácil
por acharem que o seu país estava do lado certo e
mais forte e, por isso, estavam todos muito confi-
antes. Na Alemanha, por exemplo, a ordem de mo-
bilização, despertou um entusiasmo indescritível.
Todos sentiam a obrigação de lutar pela Pátria e os
soldados estavam alegres, cantando velhas can-
ções, e convictos de que iriam vencer. Na França,
quando receberam a notícia da guerra, as pessoas
ficaram entusiasmadas. Todos os homens válidos
foram convocados. Muitos deles até viam aquela
guerra como uma oportunidade de ter umas férias
que deviam aproveitar.
“Uma bala perfurou o pescoço de Francisco Fer-
nando, enquanto a outra perfurou o abdómen de
Sofia (...) Como o carro estava manobrando (para
retornar à residência do governador), um filete
de sangue escorreu da boca do arquiduque sobre
a face direita do Conde Harrach (que estava no
estribo do carro). Harrach usou um lenço para
tentar conter o sangue. Vendo isso, a duquesa
exclamou: "Pelo amor de Deus, o que aconteceu
com você?" e afundou-se no assento, caindo com
o rosto entre os joelhos de seu marido.”
1914: a eclosão da 1ª Guerra Mundial
A propagação da guerra à Europa
José
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Como se combatia na Grande Guerra
Enquanto se organizavam em blocos rivais, as prin-
cipais potências europeias, lançaram-se numa de-
senfreada corrida aos armamentos: adotaram o
serviço militar obrigatório, criaram novas armas e
passaram a produzir armamento e munições em
quantidades cada vez maiores. A situação permane-
ceu nesse equilíbrio delicado por anos, e esse perío-
do foi denominado Paz Armada. Pela primeira vez
na História, a produção industrial foi posta ao servi-
ço da guerra. Quando ela rebentou em 1914 ainda
se utilizavam cavalos, uniformes e armas antiqua-
das mas, à medida que a guerra se prolonga, os
transportes, os uniformas e as armas vão se alte-
rando e a vitória vai depender da capacidade de
cada país para produzir armas e munições cada vez
mais modernas e em maior quantidade. A metra-
lhadora (capaz de disparar 400 balas por minuto),
os gases tóxicos, o lança-chamas, o tanque, o avião
e o submarino, fizeram a sua estreia na Primeira
Grande Guerra.
Depois de uma fase inicial, em que se verificaram
movimentos rápidos de tropas, chegou-se no final do
ano de 1914, a uma situação de impasse em que não
se conseguia avançar e o que era importante era
manter as posições conquistadas. Por isso, a maior
parte da guerra foi feita em trincheiras.
A vida dos soldados nas trincheiras era muito má.
Não havia as mínimas condições de higiene, alimen-
tação, habitação, etc. Os soldados não tinham quase
nenhuma comida. Comiam sopa de legumes desidra-
tados a que chamavam sopa de “arame farpado” e
pão. Se conseguissem apanhar um pedaço de carne
de cavalo para por na sopa, pôr mais pequeno que
fosse, ficavam todos satisfeitos porque dava logo
sabor.
Como as trincheiras eram valas escavadas na terra,
com de cerca de 2.5 metros de altura por 2 metros
de largura, durante o inverno, época de chuvas, fica-
vam cheias de água e consequentemente de lama
que, para além de dificultar a movimentação dos
soldados, provocava até algumas mortes por afoga-
mento.
As pessoas que morriam, quer na terra de ninguém
quer nas trincheiras, ficavam lá a decompor-se du-
rante dias e dias transmitindo doenças e até levando
todo o tipo de animais a ir ter com eles para os co-
mer. Os soldados tinham de observar tudo isso. Além
disso, não tomavam banho durante imenso tempo e,
quando tomavam, as roupas que recebiam de volta,
lavadas a temperaturas muito altas para matar toda
a bicharada, ainda traziam ovos de bichos como pio-
lhos, etc, que eles tinham que queimar com a ponta
de cigarros.
A guerra de posições durou cerca de 2 anos e os sol-
dados estavam fartos de ver a morte por todo o lado,
de viverem assim, de que quaisquer ferimentos que
tivessem fossem amputados sem anestesia nem na-
da, devido à falta de medicamentos. Os soldados
quase nunca falavam com a família e havia alguns,
que ao fim de algum tempo, devido ao desespero e
saudade, começaram a por as pernas por cima da
trincheira para serem feridos e puderem ir para casa
ter com os familiares. João
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ºC
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ºD
Desde 1915 que a Inglaterra manifestava interesse
pelos navios alemães estacionados nos territórios por-
tugueses porque tinha falta de navios para o seu es-
forço de guerra. Porém, os ingleses estavam um pouco
receosos das consequências dessa iniciativa… Os ale-
mães poderiam declarar guerra a Portugal e isso traria
várias consequências que não agradavam aos ingleses.
Poderia criar confrontos em Moçambique (como acon-
teceu) mas também levar a Espanha a apoiar a Alema-
nha e o Império Austro-Húngaro e assim procurar vol-
tar a deter o domínio da Península Ibérica, invadindo
Portugal. Com a requisição de navios, a Inglaterra fica-
va moralmente responsável por apoiar Portugal, o que
poderia implicar o envio de uma considerável força
militar para Portugal, abrindo uma nova frente de
combate. A Inglaterra iria ficar envolvida em pesadas
responsabilidades militares e iria ter de proporcionar
empréstimos pesados a Portugal.
Em Portugal havia também quem achasse que nos
deveríamos manter neutrais, quer porque simpatiza-
vam com os
alemães,
quer porque
achavam que
não tínhamos
forças arma-
das prepara-
das ou por-
que pensa-
vam que a
guerra só
traria dificul-
dades econó-
micas ao país.
Mas, de uma
maneira ge-
ral, os parti-
dos que apoi-
avam o go-
verno de
Afonso Costa,
eram a favor da entrada de Portugal na 1ª Guerra
Mundial pois eles pretendiam ver garantidos os nossos
direitos sobre as colónias em África. Sabia-se, há mui-
to tempo, que os alemães as pretendiam e já tinham
feito algumas deslocações de tropas pelos nossos ter-
ritórios. Além disso, acreditavam que se Portugal par-
ticipasse na guerra, iria obter vários benefícios como a
consolidação da imagem da República, que não era
ainda suficientemente reconhecida internacionalmen-
te. Também queriam afirmar o prestígio de Portugal
em relação a Espanha que se mantinha neutral. Além
disso, Portugal ao entrar na guerra, poderia repor o
equilíbrio no relacionamento com a Inglaterra que era
uma tradicional aliada do nosso país. Por fim, acredita-
vam que Portugal poderia marcar presença numa fu-
tura conferência de Paz e obter benefícios.
Por isso, no dia 23 de fevereiro de 1916 apoderou-
se de 38 navios que estavam ancorados em Lisboa.
A justificação dada aos alemães foi a de que a requi-
sição de navios, era necessária porque Portugal es-
tava a sofrer com a falta de produtos indispensáveis
ao país, por não ter barcos suficientes para o seu
transporte, o que já tinham provocado revoltas em
algumas localidades. Ao todo foram apreendidos 72
navios e respetivas cargas espalhadas por todos os
territórios mas sobretudo, na zona de Lisboa, Porto,
Setúbal, Angola
e Moçambique.
Considerando
esta apreensão
uma violação das
regras de neu-
tralidade, a Ale-
manha declarou
guerra a Portu-
gal. O governo
português expul-
sa os cidadãos
alemães que
viviam em Portu-
gal, à exceção
daqueles que
poderiam vir a
ser soldados na
Alemanha (do
sexo masculino
entre os 16 e os 45 anos), que foram aprisionados e
os seus bens passaram para o Estado, que depois os
leiloaria. Mais de metade dos navios foram entre-
gues à Inglaterra. Em troca, a Inglaterra deveria
apoiar o nosso esforço de guerra e concederia a
Portugal um grande empréstimo. Dos 35% dos navi-
os que ficaram em mãos portuguesas, alguns servi-
ram de apoio à Armada portuguesa, vários entraram
para a empresa de Transportes Marítimos do Estado
e outros viriam a ser afundados, nos anos seguintes,
por submarinos alemães. Há, ainda, casos especiais,
como o do Flores, que após ter sido devolvido pelos
ingleses ,foi utilizado pela Marinha Portuguesa co-
mo navio-escola com o nome de Sagres (o atual
navio foi construído também na Alemanha, mas em
1937).
Os navios alemães e a entrada de Portugal na guerra
An
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sa G
on
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es M
ou
rão
, 9ºA
A criação do CEP A criação do corpo expedicionário português é também
conhecida pelo milagre de Tancos (base militar portugue-
sa com vários quartéis de vários ramos do exército). O
CEP foi criado e treinado em 9 meses, com equipamento
antiquado, na ignorância do que era uma guerra de trin-
cheiras e sem conhecimento de exercícios importantes
para esse tipo de guerra. Os soldados nem sequer sabiam
que iriam usar ou enfrentar (uma vez na Flandres ou em
França) granadas, morteiros, metralhadoras, gases, etc.
A 26 de janeiro de 1917, partiu o primeiro contingente
português para a frente de batalha em França e na Flan-
dres depois de se ter conseguido um acordo luso-
britânico para que o CEP fosse comandado pelo general
Gomes da Costa e integrado no exército britânico.
A participação portuguesa na guerra
Na Europa
A participação portuguesa foi complicada. Chegaram a
estar mobilizados quase 56 mil homens. As perdas atin-
giram quase 21 mil mortos e milhares de feridos. À me-
dida que o tempo passava, a guerra estava a tornar-se
cada vez mais impopular pois o custo de vida nos países
envolvidos aumentava cada vez mais. Havia cada vez
mais escassez de géneros, desemprego, greves e assal-
tos. Na frente de batalha, as baixas sofridas, o frio, a
falta de equipamento e a não substituição dos soldados
nas trincheiras por tropas frescas, desmoralizaram os
soldados que se sentiam abandonados.
Do dia 9 para o dia 10 de abril de 1918, quando a 2ª divi-
são do CEP se preparava para ser rendida, sofreu um
enorme ataque por parte do exército alemão: foi a bata-
lha de La Lys. Apesar da resistência feroz dos nossos sol-
dados, o CEP quase que desaparece. Depois deste acon-
tecimento, o CEP retira-se da linha da frente. Alguns dos
seus homens passaram para o exército inglês, e outros,
foram utilizados para abrir trincheiras, o que veio a des-
moralizar os soldados portugueses. No final da guerra
ainda se conseguiu formar algumas divisões portuguesas
para desfilar em Paris após a vitória dos aliados, trazen-
do alguma glória e honra para Portugal.
Em Angola
Em Angola, as hostilidades ocorreram no Sul entre 1914
e o 1915, envolvendo ações contra os alemães da coló-
nia alemã do Sudoeste, atual Namíbia e indígenas revol-
tosos Para Angola foram mobilizados 1600 homens co-
mandados por Alves Roçadas em outubro de 1914.
Após um ataque alemão ao posto fronteiriço de Cuan-
gar, ambas as forças em conflito retiraram. O território
livre foi ocupado por revoltas indígenas contra a sobera-
nia portuguesa, o que fez com que Portugal enviasse
mais 12 mil homens e Moçambique enviasse 2 compa-
nhias de landins para pacificar a região o que só viria a
acontecer em 1918 porque as revoltas eram esmagadas
mas depois reacendiam-se.
Em Moçambique
Em Moçambique, após um ataque ao posto fronteiriço
de Maziua em 1914, Portugal enviou uma força de 1527
homens. Devido à desorganização das tropas e às doen-
ças, passados poucos meses, as baixas já haviam atingido
21% dos soldados. Em novembro de 1915, Portugal envia
mais 1543 homens comandados por Moura Mendes, com
a finalidade de recuperar a ilha de Quionga. Também
aqui, passados quatro meses, já havia perdido metade da
sua força original, devido a doenças. Em junho de 1916,
já com Portugal a participar na 1ª Guerra Mundial, chega
a 3ª força composta por 4642 homens comandados por
Ferreira Gil, com o intuito de atacar Rovuma (fronteira
com a colónia alemã da Tanzânia) ao mesmo tempo que
tropas inglesas, da Rodésia, da União Sul-africana, do
Quénia, do Congo belga e da Índia faziam o mesmo. As
tropas portuguesas conseguem conquistar Rovuma e
Nevala (cidade fronteiriça da Rodésia alemã) mas de se-
guida são derrotados e têm de retirar novamente para
Moçambique. Em 1917, Portugal envia uma 4ª força
constituída por 9786 homens, comandada por Sousa Ro-
sa. As forças alemãs, conseguem resistir a todos os ata-
ques utilizando as técnicas da guerra de guerrilha para
apenas causar baixas no inimigo. No final da guerra na
Europa, as forças alemãs em África rendem-se finalmente
aos aliados.
Corpo Expedicionário Português (CEP)
Dio
go P
into
San
tos,
9ºA
Heróis da 1ª Guerra Mundial
Carvalho Araújo
Passou a infância na cidade de Vila Real, apesar de ter
nascido na freguesia de São Nicolau, no Porto, onde
os seus pais, se encontravam por motivo de doença
de sua avó materna. Após ingressar na Marinha, atin-
giu o posto de 1º tenente sendo depois promovido a
título póstumo, a capitão-Tenente. Foi ainda deputa-
do por Vila Real à Assembleia Constituinte da Repú-
blica, e Governador do Distrito de Inhambane, em
Moçambique, por dezoito meses.
Ficou célebre por ter conseguido, no comando do
caça-minas NRP Augusto de Castilho, proteger o va-
por São Miguel de ser afundado pelo submarino ale-
mão U-139, comandado pelo ás dos ases dos subma-
rinos, Lothar von Arnauld de la Perière, em 14 de Ou-
tubro de 1918. O caça-minas havia recebido a missão
de escoltar o São Miguel na sua viagem entre a Ma-
deira e Ponta Delgada, nos Açores. Perante o ataque
do submarino alemão, começou por lançar granadas
de fumo para despistar o inimigo. Quando as caixas
de fumo se esgotaram, avançou diretamente para o
submarino para impedir que este atingisse o navio
civil, dando-lhe tempo para se distanciar. Esta mano-
bra colocou-o sob fogo alemão durante cerca de duas
horas o que acabou por matar vários marinheiros
portugueses, entre os quais o comandante Carvalho
Araújo. O caça-minas português acabou por se render
quando ficou sem munições e com as máquinas e a
telegrafia destruídas. Os sobreviventes foram recolhi-
dos pelo submarino alemão. Lothar von Arnauld de la
Perière, no seu relatório enalteceu a coragem de Car-
valho Araújo que viria mais tarde a receber condeco-
rações a título póstumo e ser considerado herói naci-
onal. A estátua que lhe foi erigida em Vila Real é da
autoria do escultor Anjos Teixeira e foi inaugurada
em 1924. Representa o comandante com a dura deci-
são que tomou de resistir. Na base do pedestal, sim-
bolizando o tema, estão dois lutadores em combate:
representando a figura do ânimo latino (numa figura
forte) em relação ao pesado génio alemão que adota
a atitude de dominado.
Soldado Milhões
Aníbal Augusto Milhais (Soldado Milhões) nasceu
em Valongo de Milhais (Murça) a 9 de junho de
1895 e morreu a 3 de junho de 1970. Foi o soldado
português mais condecorado da I Guerra Mundial e
o único premiado com a mais alta honraria nacio-
nal, a Ordem militar da Torre e Espada, do Valor de
Lealdade e Mérito, no campo de batalha em vez da
habitual cerimónia pública em Lisboa.
Distinguiu-se na batalha de La Lys quando a 2.ª Di-
visão do CEP foi completamente desbaratada, ten-
do-se sacrificando nela muitas vidas, entre mortos,
feridos, desaparecidos e capturados como prisio-
neiros de guerra.
Munido da coragem que só no campo de batalha é
possível, enfrentou sozinho as colunas alemãs que
se atraves-
saram no seu
cami- nho,
permi- tindo a
retira- da de
vários solda-
dos portu-
gueses e ingle-
ses para as
posi- ções
defen- sivas da
reta- guarda.
Vagueando pelas trincheiras ocupadas pelos ale-
mães e pela terra de ninguém, o Soldado Milhões
continuou a fazer fogo esporádico, para o qual se
valeu de cunhetes de balas que foi encontrando
pelo caminho. Quatro dias depois do início da bata-
lha, encontrou um médico escocês salvando-o de
morrer afogado num pântano. Foi este médico,
para sempre agradecido, que deu conta ao exército
aliado dos feitos do soldado transmontano. Regres-
sado a um acampamento português, o comandante
Ferreira do Amaral saudou-o, dizendo o que ficaria
para a História de Portugal, "Tu és Milhais, mas
vales Milhões!". Dio
go P
into
San
tos,
9ºA
Na Europa, antes da eclosão da
Primeira Guerra Mundial, a vida
seguia o seu curso normal, em que
os homens trabalhavam em dife-
rentes funções, não havendo muito
espaço para o trabalho feminino.
No início do século XX, passado
mais de um século da Revolução
Francesa (que consagrara o princi-
pio da igualdade dos cidadãos) as
mulheres não tinham quaisquer
direitos civis fundamentais nem
mesmo direito políticos. Na men-
talidade da época
para cuidar da vida doméstica.
Trabalhar fora de casa era visto
como sinal de condição pobre e
era desprezada. Quando trabalha-
va fora de casa (para garantir o
sustento da família) apenas de-
sempenhava ofícios rotineiros e
era-lhe pago um salário mais baixo
do que o dos homens. Depois da
guerra, a situação inverteu-se. O
trabalho doméstico passa a ser
encarado como uma alienação e
uma subordinação ao homem, ao
passo que trabalhar fora de casa
era visto como um sinal de eman-
cipação. Durante e depois da Guerra
Com o início da guerra, todos os
homens que estavam em boas con-
dições físicas foram convocados
para participar na guerra. Como as
cidades não poderiam parar de
funcionar, de produzir, surgiram
para as mulheres, possibilidades
inesperadas: ocupar o lugar dos
homens nos diferentes tipos de
trabalhos.
A guerra contribuiu de forma consi-
derável para a mudança do papel
da população feminina, ao exigir a
sua participação em diversos seto-
res de atividade económica onde
se integravam os trabalhos mais
pesados. Muitas mulheres começa-
ram a evidenciar-se nas fábricas e a
exercer cargos masculinos, como:
condução de carros, táxis, elétricos,
distribuição de correio, jardina-
gem...
No campo, ficaram responsáveis
pela produção agrícola e pela cria-
ção de animais.
Muitas mulheres também se dirigi-
ram para os campos de batalha
para trabalhar como enfermeiras,
cozinheiras, motoristas de ambu-
lâncias, etc.
Em 1918, com a aprovação do Re-
presentation of the People Act, as
inglesas com mais de 30 anos obti-
veram o direito ao voto. Habilitan-
do-se ao sufrágio,as mulheres podi-
am ser elegíveis, podendo concor-
rer de igual para igual com os
homens, para cargos eletivos. No
final da guerra, com o regresso dos
homens à vida em sociedade e ao
lar, teriam agora concorrência no
trabalho. A partir daí, as mulheres
tiveram a possibilidade de lutar
pelos seus direitos. As mulheres da
classe média, que tinham entrado
no mercado de trabalho durante a
guerra, desempenhando tarefas
tão árduas como as dos homens,
ganhavam agora maior indepen-
dência, outro estatuto perante a
sociedade e mais credibilidade
pois mostraram-se capazes de ter
utilidade em algo que não fosse só
tomar conta da casa e dos seus
filhos. Assim, quando a população
tomou consciência do importante
papel da mulher, começaram a
surgir os movimentos feministas
cujo objetivo era a aquisição da
igualdade de direitos entre os se-
xos, nomeadamente o direito de
voto. Este movimento pretendia
também a igualdade de oportuni-
dades na educação, na profissão,
na tutela dos filhos e no direito de
dispor e gerir a propriedade famili-
ar.
A emancipação feminina (tornar-se
livre/ independente) envolvia tam-
bém melhores salários e condições
de trabalho, pois as mulheres não
tinham nenhum tipo de proteção,
nem mesmo antes e depois do par-
to, e para o mesmo trabalho, rece-
biam sempre um salário mais baixo.
A evolução da situação da mulher
considerava-se que a mulher era incapaz
de assumir responsabilidades, estava
também sujeita a tutela do chefe de fa-
mília (pai/ marido/ irmão) e era educada
Mar
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arga
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