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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCI ˆ ENCIAS CURSO DE GRADUAC ¸ ˜ AO EM GEOF ´ ISICA GEO213 – TRABALHO DE GRADUAC ¸ ˜ AO GRAVIMETRIA TENSORIAL APLICADA ` A REGI ˜ AO CENTRAL DA BACIA DO REC ˆ ONCAVO JO ˜ AO MAURICIO FIGUEIREDO RAMOS SALVADOR – BAHIA FEVEREIRO – 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIENCIAS

CURSO DE GRADUACAO EM GEOFISICA

GEO213 – TRABALHO DE GRADUACAO

GRAVIMETRIA TENSORIAL APLICADA A REGIAO

CENTRAL DA BACIA DO RECONCAVO

JOAO MAURICIO FIGUEIREDO RAMOS

SALVADOR – BAHIA

FEVEREIRO – 2006

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Gravimetria Tensorial Aplicada a Regiao Central da Bacia do Reconcavo

por

Joao Mauricio Figueiredo Ramos

Prof. Dr. Edson Emanoel Starteri Sampaio (Orientador)

GEO213 – TRABALHO DE GRADUACAO

Departamento de Geologia e Geofısica Aplicada

do

Instituto de Geociencias

da

Universidade Federal da Bahia

Comissao Examinadora

Prof. Dr. Hedison Kiuity Sato (CPGG/UFBA)

MC. Jose Eduardo Thomas (PETROBRAS)

Geof. Julio C. S. de Oliveira Lyrio (PETROBRAS)

Data da aprovacao: 16/02/2006

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Dedicatoria

A memoria de meu grande Pai

Jayme Ramos...

dedico cada linha deste trabalho.

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RESUMO

Atraves da Teoria do Potencial e de transformacoes gravimetricas, podemos encontrar

o valor do potencial U a partir de dados convencionais de seu gradiente vertical Uz. Pro-

cessando o do valor deste potencial, obtemos tres mapas de seu gradiente e nove mapas de

sua curvatura: tensor de curvatura do potencial. Devido a simetria da matriz do tensor

apenas cinco deste valores sao linearmente independentes. Estes oito mapas, alem de deli-

mitar mais precisamente corpos isolados, apresentam mais informacoes acerca do substrato

alem do mapa convencional de Uz. Partindo desses princıpios, desenvolvemos um algorıtmo,

que modela as anomalias gravimetricas causadas por diferentes corpos, para em seguida

calcular os gradientes e o tensor. Baseado nas respostas das modelagens, aplicamos este

algorıtmo a dados reais de uma area de 2500 km2 na porcao central da Bacia do Reconcavo,

e analisamos diversas anomalias. Delimitando diferentes zonas nos mapas, foi possıvel nao

apenas descrever feicoes estruturais apresentadas em mapas geologicos de superfıcie, como

tambem indicar possıveis corpos que nao sao representados nestes mapas. Com base nes-

sas informacoes, concluımos que o metodo da Gravimetria Tensorial se mostra como uma

ferramenta poderosa na elaboracao de modelos, na reavaliacao de antigos dados, e ate no

planejamento de campanhas futuras de geofısica de detalhe e de programas explotatorios.

iii

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ABSTRACT

Employing Potential Theory and Gravity Transformations, we can find the Potential U

through conventional data of its vertical gradient Uz. Processing the value of this potential

U , we get three gradient maps and nine maps of its curvature: tensor of potential curvature.

Due to simmetry of the tensor’s matrix only five values are linearly independent. This

eight maps, besides delimitating accurately isolated bodies, show more informations about

the subsurface than the conventional map of Uz. From this principle, was developed an

algorithm that models gravity anomalies caused from different bodies, and next we calculate

the gradient and the tensor. Based on this models, we applied the algorithm to real data of

an area with 2500 km2 in the central part of the Reconcavo Basin, and we analysed several

anomalies. By delimitating different zones on the maps, it was possible not only to confirm

structural features shown in the surface geological maps, but also to indicate possible bodies

that were not presented in those maps. Based on this informations, we conclude that the

method of tensor gravity is a powerfull tool to elaborate models, for the evaluation of old

data, and on planning future geophysical and exploratory well programs.

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INDICE

RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iii

ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv

INDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v

INDICE DE FIGURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii

INTRODUCAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

CAPITULO 1 Fundamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.1 Teoria do Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.1.1 Campo Gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.1.2 Potencial de uma Distribuicao de Massa . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.2 Transformacoes Gravimetricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2.1 Transformacoes no Domınio do Espaco . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2.2 Transformacoes no Domınio Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.3 Gravidade Tensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

CAPITULO 2 Sumario Geologico e Processamento de Dados . . . . . . 16

2.1 A Bacia do Reconcavo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.1.1 Descricao Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.1.2 Evolucao Tectonica Simplificada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.1.3 Principais Feicoes Estruturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.2 Processamento dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.2.1 Preparacao da Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.2.2 Os Algoritmos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

CAPITULO 3 Interpretacao dos Mapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1 Uz, Ux e Uy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1.1 Uz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1.2 Ux . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.1.3 Uy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.2 Uxz, Uyz e Uxy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.2.1 Uxz e Uyz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.2.2 Uxy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

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3.3 Uxx, Uyy e Uzz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.3.1 Uxx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.3.2 Uyy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.3.3 Uzz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

CAPITULO 4 Conclusoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Referencias Bibliograficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

APENDICE A CARTA ESTRATIGRAFICA DO RECONCAVO . . . . 42

APENDICE B ALGORITMO UTILIZADO . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

APENDICE C MODELOS E RESPOSTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

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INDICE DE FIGURAS

1.1 Representacao esquematica das partıculas de massa m0 e m . . . . . . . . . 3

1.2 Campo gravitacional em P devido a uma distribuicao de densidade ρ . . . . 4

1.3 Erro devido a convolucao no Domınio do Espaco. . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.4 Mapas Bouguer da regiao central da Bacia do Reconcavo. a) Uz na superfıcie.

b) Uz continuado para cota 1200m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1.5 Representacao esquematica da regiao R (sem fontes) e seus elementos. . . . . 8

1.6 Representacao esquematica da distribuicao dos gradientes e do tensor sobre o

plano cartesiano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.7 a) modelo da esfera. b) gradiente Uz. c) tensor Uzz. . . . . . . . . . . . . . 15

2.1 Mapa de localizacao da Bacia do Reconcavo com os principais lineamentos

estruturais e litologias resumidas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.2 Bloco diagrama esquematico da Bacia do Reconcavo, mostrando algumas das

feicoes estruturais desta Bacia. (Beisl, 1996). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.3 Mapa de localizacao das principais estruturas encontradas dentro da area

selecionada. FONTE: CD Geologia e Recursos Minerais do Estado da Bahia

CPRM e CBPM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.4 Mapa de localizacao das Estacoes Gravimetricas. . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.5 Mapa de sombra da area escolhida. a) valores nao filtrados e b) valores filtrados. 22

2.6 Fluxograma esquematico mostrando os diversos caminhos que o algoritmo

pode percorrer. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.1 Mapa do gradiente Uz e os limites das zonas 1 a 4. . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.2 Comportamento do gradiente Ux. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.3 Mapa do gradiente Ux e os limites das zonas 5 a 8. . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.4 Mapa do gradiente Uy e os limites das zonas 9 a 11. . . . . . . . . . . . . . . 29

3.5 Mapas dos componentes tensoriais Uxz e Uyz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.6 Mapa do componente tensorial Uxy. Quatro zonas bem distintas podem ser

separadas no interior da Bacia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.7 Comportamento do componente tensorial Uxx. . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.8 Mapa do componente tensorial Uxx. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.9 Mapa do componente tensorial Uyy. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.10 Comportamento do componente tensorial Uzz. . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.11 Mapa do componente tensorial Uzz e suas respectivas zonas. . . . . . . . . . 37

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A.1 Carta Estratigrafica. Caixeta et al.,1993. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

C.1 Modelagem dos corpos descritos no texto e ilustrado nas partes A),D) e G)

da figura.B), E) e H) mostram as respostas gravimetricas Uz desses corpos.

C), F) e I) mostram as respostas do Tensor Uzz calculadas pelos processos

anteriormente descritos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

C.2 Resposta Tensorial ao Modelo de uma esfera centralizada de raio 50m com

centro a 100m de profundidade e contraste de densidade de 1 g/cm3. . . . . 46

C.3 Resposta Tensorial ao Modelo de tres esferas com raio de 50m. A esfera a)

tem seu centro a 200m e contraste de densidade de 1 g/cm3. A esfera b) tem

seu centro a 100m e contraste de densidade de 1 g/cm3. A esfera c) tem seu

centro a 100m e contraste de densidade negativo de -1 g/cm3. . . . . . . . . 47

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INTRODUCAO

Em 1901, Eotvos construiu o primeiro aparelho para medir variacoes no campo gravi-

tacional terrestre. A Balanca de Torsao, como foi chamada, deu inıcio a utilizacao dessas

variacoes como forma de reconhecimento das feicoes geologicas em subsuperfıcie. Apesar

de rudimentar, a Balanca de Torsao teve precisao suficiente para o sucesso na exploracao

petrolıfera, inicialmente detectando zonas menos densas tais como domos de sal e argila. Ja

em 1940, Sam Worden desenvolveu o primeiro gravımetro portatil para aquisicao do com-

ponente vertical Uz em campo. Apesar desta limitacao, a maior praticidade e precisao dos

gravımetros Worden, fizeram da Balanca de Torsao um aparelho obsoleto (Domenico, 1994).

A aplicacao da gravimetria na exploracao petrolıfera geralmente esta associada ao de-

lineamento e a estimativa da espessura de sedimentos das bacias sedimentares. Variacoes

muito sutıs no contraste lateral de densidade (como diapiros) quase sempre sao invisıveis

aos olhos da gravimetria convencional. Atualmente, empresas como a Bell Geospace e a

Falcon junto com a U.S.Navy, tem desenvolvido com muito sucesso, medicoes dos 5 tensores

do campo gravitacional (FTG - Full Tensor Gravity) para a exploracao de petroleo, dando

novos olhos ao Metodo Mıope. Mas este tipo de aquisicao, por questoes militares, ainda e

limitada a certos paıses, e os custos dos levantamentos ainda sao muito elevados para serem

pagos por pequenas empresas de exploracao de Oleo, Gas ou Recursos Minerais.

Diversos autores como Hatch (2004), Hammond e Murphy (2004) tem testado a validade

desse metodo sobre alvos geologicos como diapiros e pipes de kimberlitos entre outros, e

vem demonstrando que a Gravimetria Tensorial e um metodo muito mais eficiente que o

levantamento de apenas a componente Uz do campo gravitametrico, para a delimitacao

desses alvos.

Este trabalho tem dois objetivos. Demonstrar a validade desse metodo, quando os

Tensores sao obtidos apenas de dados convencionais de Uz, exemplificando as configuracoes

das anomalias de cada um dos mapas tensoriais atraves da modelagem de anomalias causadas

por corpos isolados. Avaliar este metodo utilizando dados reais sobre uma area dentro

da Bacia do Reconcavo, contribuindo assim para um melhor entendimento do arcabouco

estrutural da mesma.

Estruturamos este trabalho em quatro capıtulos: O Capıtulo 1 e dividido em tres secoes

e apresenta os fundamentos fısicos e matematicos utilizados. No Capıtulo 2 se encontram

o sumario geologico e a forma com que os dados foram processados. O Capıtulo 3 inclui a

interpretacao dos mapas e o Capıtulo 4, as principais conclusoes e recomendacoes.

1

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CAPITULO 1

Fundamentos

1.1 Teoria do Potencial

Para o entendimento completo da Teoria do Potencial, suas caracterısticas, consequencias

e limitacoes, devemos primeiro definir os conceitos basicos de Campo, Campo de Forca e

Potencial.

Campos podem ser entendidos como funcoes do espaco e do tempo. Estes sao dividi-

dos em Campos Escalares e Campos Vetoriais. Enquanto os Campos Escalares podem ser

entendidos como uma simples funcao do espaco e do tempo, os Vetoriais, tal como o Campo

Gravitacional, sao caracterizados por tres funcoes do espaco e do tempo nas tres direcoes

ortogonais, nomeados componentes deste (Blakely, 1996).

Neste trabalho usamos as seguintes notacoes: (i) para os gradientes Ui=-∂U∂i; (ii) para

os tensores Uij=∂2U∂i∂j

, onde i=x, y, z e j=x, y, z

Gravımetros medem apenas o componente vertical (denominado no presente trabalho

como Uz) do vetor Aceleracao Gravitacional g. Ja o Potencial U e definido por um Campo

Escalar que especifica completamente o Campo Vetorial g, tambem conhecido como Funcao

Trabalho. Por convencao adotaremos o sinal negativo para:

g(x, y, z) = −

(

∂U

∂x,∂U

∂y,∂U

∂z

)

= −∇U (1.1)

O acrescimo de qualquer constante ao Potencial nao altera o resultado anterior. Para

a determinacao do Potencial em um ponto P, acrescentamos uma constante de forma que U

tenda a zero no infinito, assim:

U(P ) =

∫ P

g.ds (1.2)

Mas na verdade, o importante nao e o valor em um ponto especıfico, e sim, a diferenca

de potencial entre dois pontos.

2

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3

1.1.1 Campo Gravitacional

O conceito de campo gravitacional ou aceleracao da gravidade terrestre e devido a Galileu.

Isaac Newton, em 1687, generalizou este conceito para toda a mecanica celeste ao publicar

Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, um livro que continha, entre outras, a lei

da gravitacao universal, regente maior do princıpio da atracao entre massas: ”A magni-

tude da forca gravitacional entre duas massas e proporcional a cada massa e inversamente

proporcional ao quadrado da distancia entre essas massas”.

Durante os levantamentos gravimetricos, mede-se atracoes entre massas localizadas nos

instrumentos medidores e massas em subsuperfıcie (Luiz e Silva, 1995). Considere uma

partıcula de massa m0 em um ponto de observacao P(x,y,z), distante r, de uma outra

partıcula de massa m em Q(x’,y’,z’), como representado na Figura 1.1. Por convencao,

o vetor ~r aponta da fonte para o ponto de observacao.

r

rr Q(x’,y’,z’)

m0

m

P(x,y,z)

Gravímetro

Ponto de observacao em P . Fonte em Q.

Figura 1.1: Representacao esquematica das partıculas de massa m0 e m

A forca mutua entre as partıculas e dada por

F = γm0m

r2(1.3)

onde γ, e a Constante Gravitacional, com o valor 6,67 X 10−8 dina.cm2/g2 no sistema CGS,

e

r = [(x− x′)2 + (y − y′)2 + (z − z′)2]1/2 (1.4)

Transformando a massa m0 em uma partıcula teste e em seguida dividindo a equacao

1.3 por esta massa, temos

g(P ) = γm

r2~r (1.5)

que e chamado de Aceleracao, ou Campo Gravitacional.

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4

Da equacao 1.5 resulta que ∇×g = 0, e do Teorema de Helmholtz1 podemos inferir

que o campo gravitacional e conservativo, podendo ser representado como o gradiente de um

potencial escalar, o que faz de g um campo potencial de forma que:

g(P ) = −∇U(P ) (1.6)

onde U e o Potencial Gravitacional devido a uma partıcula de massam, tambem denominado

Potencial Newtoniano representado por:

U(P ) = −γm

r(1.7)

1.1.2 Potencial de uma Distribuicao de Massa

O potencial gravitacional U obedece ao princıpio da superposicao dos efeitos, no qual o

potencial total causado por um corpo, representa a soma do potencial devido a cada ele-

mento de massa distribuıdo num corpo. Sendo este corpo uma distribuicao contınua de

massa, ele pode ser vislumbrado como o somatorio de elementos infinitesimais de massa dm

= ρ(x′, y′, z′)dv, onde ρ(x′, y′, z′) e a distribuicao de densidade. Aplicando o princıpio da

superposicao, temos:

U(P ) = −γ

v

dm

r= −γ

v

ρ(Q)dv

r(1.8)

onde a integracao e feita sobre o volume v, ocupado pela distribuicao de massa. Portanto,

U e o potencial gravitacional devido a uma distribuicao contınua de massa qualquer,como

ilustrado na Figura 1.2

r

rr

r(x’,y’,z’)Volume v

dv

P(x,y,z)

P e o ponto de observacao e r e a distancia entre P e Q.

Densidade ρ em g/cm3 no CGS, ou kg/m3 no SI.

Figura 1.2: Campo gravitacional em P devido a uma distribuicao de densidade ρ

1A propriedade ∇xF=0 em todos os pontos de uma regiao e condicao necessaria e suficiente para a

existencia de um potencial escalar tal que F (P )=∇φ.

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5

Se a distribuicao de densidade for bem comportada, a equacao 1.6 converge para todo

P fora do volume v, e a diferenciacao em x, y e z pode ser movida dentro da integral, de

forma que ao derivar U em relacao a x, temos:

∂U(P )

∂x= γ

v

(x− x′)ρ(Q)dv

r3(1.9)

Repetindo a derivacao para y e z e somando os tres componentes, obtemos a equacao

da atracao gravitacional para uma distribuicao contınua de massa qualquer

g(P ) = −γ

v

ρ(Q)~rdv

r2(1.10)

Derivando a equacao 1.9 novamente em relacao a x

∂2U(P )

∂x2= γ

v

[

ρ

r3−

3ρ(x− x′)2

r5

]

dv (1.11)

Fazendo o mesmo processo para y e z, para em seguida somar as tres derivadas parciais,

obtemos∂2U(P )

∂x2+∂2U(P )

∂y2+∂2U(P )

∂z2= ∇2U(P ) = 0. (1.12)

Isto demonstra que o potencial gravitacional e harmonico para todos os pontos fora do

volume v. O resultado anterior e uma consequencia direta da teoria do potencial que, mais

adiante, nos dara um indispensavel embasamento teorico para o entendimento dos processos

das transformacoes como, por exemplo, a continuacao para cima.

1.2 Transformacoes Gravimetricas

Os dados de Campos Potenciais podem ser transformados (filtrados, derivados etc.) no

Domınio do Espaco ou no Domınio do Numero de Onda (Domınio Fourier). O objetivo

central desses processos e colocar os dados sob uma nova forma que facilite a interpretacao

geologica. No Domınio do Espaco, as filtragens sao realizadas atraves de convolucoes sobre

os valores discretos sob uma malha de amostragem. Ja no Domınio do Numero de Onda as

filtragens sao realizadas multiplicando filtros aos dados transformado para este Domınio.

1.2.1 Transformacoes no Domınio do Espaco

Os erros nas transformacoes neste Domınio estao relacionados basicamente: (i) a distancia

entre os valores amostrados; (ii) ao brusco contraste existente entre os valores na malha e os

valores nulos fora dos limites desta malha.

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6

Para avaliar quantitativamente os erros na borda de uma malha, criamos um algoritmo

simples que modela a anomalia gravimetrica de uma esfera enterrada a uma profundidade

z=2000m. Em seguida o algoritmo efetua a continuacao para cima do campo gravimetrico

para uma altura h para acima da superfıcie. Por fim, o algoritmo modela a anomalia de uma

esfera enterrada a z+h, calculando em seguida a diferenca no valor da anomalia produzida.

O resultado pode ser visualizado na Figura 1.3, quando a Continuacao para cima e aplicada

do modelo de uma esfera de raio de 1000m, centro a 2000m de profundidade e contraste de

densidade de 1 g/cm3 . Observar o efeito da continuacao para cima, e a intensidade do erro

nos limites da malha.

a) resposta ao modelo (mGal).

b) continuacao para cima deste modelo (mGal).

c) mapa de erro (%).

Figura 1.3: Erro devido a convolucao no Domınio do Espaco.

Uma reducao (ou acrescimo) dos valores medidos para que estes fiquem mais proximos

possıvel do valor nulo (zero)2 reduzira o contraste existente entre os valores das anomalias

dentro e fora da malha e, consequentemente, os erros nas bordas. Tambem, se ampliarmos

os limites da malha, visando a sua reducao apos o processo da continuacao, o resultado final

ainda sera satisfatorio, apesar dos erros na insercao desta borda extra.

Mas a facilidade aparente de fazer as transformacoes no Domınio do Espaco contrasta

fortemente com o elevado tempo e o custo computacional deste processo. Tomando por exem-

plo a Bacia do Reconcavo, uma malha que contenha os limites desta bacia deve possuir, pelo

menos, 30.000 km2 de area. Na pesquisa petrolıfera, as estacoes gravimetricas sao comumente

espacadas de 1 km, o que representa uma malha contendo 30.000 pontos. Um algoritmo que

faz a continuacao para cima atraves de convolucao no Domınio do Espaco calculara para

cada um desses pontos 30.0002 operacoes. Chegamos assim a 900.000.000 operacoes.

2Este processo e bastante semelhante ao processo de extracao da anomalia regional para o caso mais

simples

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Continuacao para cima no Domınio do Espaco

A utilizacao recente3 e cada vez mais intensa dos levantamentos aerogravimetricos com fi-

nalidade de reconhecimento regional, ou detalhamento exploratorio, fez da continuacao do

potencial um processo bastante util na integracao e construcao de uma base de dados, permi-

tindo que dados medidos na superfıcie da terra ou a diferentes cotas, possam ser representados

em uma altitude comum ou ate integrados em uma mesma base de dados.

A essencia deste processo e a capacidade de calcular o potencial em qualquer ponto

dentro de uma regiao, a partir do seu comportamento na superfıcie envolvendo esta regiao.

Isto possibilita a alteracao dos dados como se tivessem sido medidos a uma cota mais alta,

em uma superfıcie mais afastada da fonte atraves da transformacao do campo potencial.

Este processo tende a atenuar as anomalias causadas por fontes superficiais (pequenos

comprimentos de ondas) e destaca as anomalias causadas pelas fontes mais profundas con-

forme ilustra a Figura 1.4. Isto possibilita um ganho na interpretacao geologica, na estimacao

do campo gravimetrico regional e ate a obtencao dos valores residuais (Molina et al., 2000).

Comparando as partes a) e b) da Figura 1.4 notamos a “suavizacao” dos contornos devido

a eliminacao das anomalias provindas de fontes mais superficiais.

Figura 1.4: Mapas Bouguer da regiao central da Bacia do Reconcavo. a) Uz na

superfıcie. b) Uz continuado para cota 1200m.

Consideremos U e V como duas funcoes potenciais onde,

V =1

PQ(1.13)

3A Empresa Sander Geophysics em 1992 lancou um projeto para desenvolver um gravımetro aerotrans-

portado. Apos cinco anos de pesquisa, esta lancou no mercado o sistema AIRGrav, constituıdo de tres eixos

giratorios sob uma plataforma inercial. O sitema ja foi testado e e bastante consistente, mas os custos para

aquisicao ainda sao elevados

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dy0

dx0

x

y

z

rQ(x ,y ,z )0 0 0

r’

Superfície SsEsfera

n

Fonte(corpo denso)

Região R

P(x,y,z)

P’(x,y,-z)

Figura 1.5: Representacao esquematica da regiao R (sem fontes) e seus elementos.

Utilizando coordenadas cartesianas com o eixo z crescendo para baixo, considere agora

uma regiao R contendo os pontos P e Q, onde: S e a superfıcie de contorno desta regiao; n,

a normal apontando para fora da superfıcie; e r, a distancia de P ao ponto de integracao Q

em S, como mostrado na Figura 1.5. O processo de continuacao para cima pode ser melhor

entendido como o calculo do potencial em um ponto (x, y, z0 − ∆z) a partir de um ponto

medido em z0, onde ∆z e denominada Altura da Continuacao.

Tomando um volume v em z ≤ 0, livre de fontes, excluıdo uma esfera σ centrada em

P e partindo da segunda identidade de Green, temos∫

v

[

U∇2V − V∇2U]

dv =

s

[U∇V − V∇U ] d~S +

σ

[U∇V − V∇U ] d~S (1.14)

Como inexistem fontes em z ≤ 0, U e V sao harmonicas fora de R. Portanto, podemos

reescrever a equacao anterior como

0 =

s

[U∇V − V∇U ] d~S +

σ

[U∇V − V∇U ] d~S (1.15)

Lembrando que

V =1

PQ=

1√

[(x− x0)2 + (y − y0)2 + (z − z0)2](1.16)

temos,

U(P ) =

s

[

U∂(1

r)

∂n−

1

r

∂U

∂n

]

dS +

σ

[

U∂(1

r)

∂n−

1

r

∂U

∂n

]

dS (1.17)

Para avaliar a segunda integral sobre a esfera σ, consideramos que

∂n= −

∂r;∂(1

r)

r= −

1

r2; cos θdS = r2dΩ (1.18)

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onde Ω e o angulo solido subtendido em P por dS e θ = 0. A integral sobre a esfera σ e

dada por:∫

σ

[

U

r2+

1

r

∂U

∂r

]

r2dΩ =

σ

UdΩ +

σ

r∂U

∂rdΩ = 4πU +

σ

r∂U

∂rdΩ (1.19)

Na medida que o raio da esfera σ tende a zero, o segundo termo se anula, entao

0 =

s

[

U∂(1

r)

∂n−

1

r

∂U

∂n

]

dS + 4πU(P ) (1.20)

U(P ) = −1

s

[

U∂(1

r)

∂n

]

dS +

s

[

1

r

∂U

∂n

]

dS (1.21)

Partindo agora de um ponto P ′ (imagem de P ) e das mesmas consideracoes feitas para

U e V acima descritas, obtemos da segunda identidade de Green

0 = −1

s

[

1

r′∂U

∂n

]

dS +

s

[

U∂( 1

r′)

∂n

]

dS. (1.22)

Somando as Equacoes 1.19 e 1.20, obtemos

U(P ) =1

s

U∂

∂n

(

1

r′−

1

r

)

dS −1

s

(

1

r′−

1

r

)

∂U

∂ndS (1.23)

Levando em conta que tanto U como V se anulam no infinito, a superfıcie de integracao

se reduz ao plano z = 0, para uma semi-esfera de raio infinitamente grande, entao

∂n=

∂z0(1.24)

e ainda

U(P ) =1

s

U∂

∂z0

(

1

r′−

1

r

)

dx0dy0 −1

s

(

1

r′−

1

r

)

∂U

∂z0dx0dy0. (1.25)

Fazendo U = gz, entao

gz(P ) =1

s

gz∂

∂z0

(

1

r′−

1

r

)

dx0dy0 −1

s

(

1

r′−

1

r

)

∂gz∂z0

dx0dy0 (1.26)

Devido a simetria entre P e P ′,1

r=

1

r′(1.27)

e,∂( 1

r′)

∂z0= −

∂(1r)

∂z0=

|z|

[(x− x0)2 + (y − y0)2 + (z − z0)2]3/2. (1.28)

Concluımos entao que

gz(P ) =|z|

∫ ∞

−∞

∫ ∞

−∞

gz(x0, y0)

[(x− x0)2 + (y − y0)2 + (∆z)2]3/2dx0dy0. (1.29)

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Analogamente, devido as mesmas condicoes temos:

U(P ) = −1

∫ ∞

−∞

∫ ∞

−∞

gz(x0, y0)

[(x− x0)2 + (y − y0)2 + (∆z)2]1/2dx0dy0. (1.30)

As equacoes anteriores nao sao totalmente verdadeiras para aplicacoes reais, ja que os

valores do campo alem de serem limitados a uma malha finita, nao sao conhecidos totalmente

nesta malha. Definindo os limites das integrais como sendo uma area finita, as duas ultimas

equacoes podem ser modificadas para a implementacao computacional, mas os erros nos

limites da area sao inerentes a esse tipo de processo. A forma discreta desta equacao e dada

por:

gz(xi, yj,∆z) =|∆z|

Nx∑

i=0

Ny∑

j=0

gz(x0, y0)

[(x− x0)2 + (y − y0)2 + (∆z)2]3/2, (1.31)

onde ∆z e a diferenca de altura entre as superfıcies de medida e a da continuacao. Os valores

Nx e Ny sao o numeros de amostras nas direcoes x e y, respectivamente.

Concluımos que, partindo de um gz medido na superfıcie ou em uma altitude qual-

quer (podendo esta ser a cota de um voo), podemos calcular o campo ou potencial a uma

outra altitude. Calculado o potencial, podemos atraves do metodo das diferencas finitas ob-

ter os componentes direcionais da gravidade Ux e Uy. Em seguida, por este mesmo processo,

podemos calcular os tensores Uxx, Uxy, Uxz, Uyx, Uyy..., Uzz, muito uteis na identificacao

de estruturas verticais e laterais (como falhas, diapiros etc), indispensaveis na industria

exploratoria por comportar certos tipos de traps dentro das bacias sedimentares.

Derivadas Direcionais pelo Metodo de Diferencas Finitas

Considere uma sequencia de valores coletados nos pontos xi : i = 1,2,3,..., tal que xi+1 − xi

= ∆x seja o valor constante do intervalo de medidas. Associemos esses valores a uma funcao

f(xi), cuja lei desconhecemos, mas que tem primeira e segunda derivadas nos pontos xi.

Podemos determinar o valor correspondente as primeira e segunda derivadas da funcao com

o emprego de diferenca finita da seguinte forma. Primeiro expandimos f(xi ±∆x) em serie

de Taylor

f(xi ±∆x) = f(xi)± f ′(xi)∆x+f ′′(xi)

2(∆x)2 ±

f ′′′(xi)

6(∆x)3 (1.32)

+f iv(xi)

24(∆x)4 ±

f v(xi)

120(∆x)5 ± · · ·

Subtraindo na Equacao 1.32 a equacao com valores positivos da com a de valores ne-

gativos obtemos:

f(xi +∆x)− f(xi −∆x) = 2f ′(xi)∆x+f ′′′(xi)

3(∆x)3 +

f v(xi)

60(∆x)5 (1.33)

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e portanto

f ′(xi) =f(xi +∆x)− f(xi −∆x)

2∆x−f ′′′(xi)

6(∆x)2 −

f v(xi)

120(∆x)4 (1.34)

Seguindo o processo descrito em Sampaio (2005) e empregando ate a terceira diferenca

chegamos a

f ′(xi) =34∆x

f(xi +∆x)− f(xi −∆x)− 15((f(xi + 2∆x)− f(xi − 2∆x))i

+ 145(f(xi + 3∆x)− f(xi − 3∆x))

(1.35)

que e a equacao da primeira derivada por diferencas finitas. Se somarmos na Equacao

1.32 a equacao com valores positivos com a equacao com valores negativos, fazendo um

processo analogo ao anterior, chegamos a equacao da segunda derivada por diferencas finitas

de terceira ordem, dada por:

f ′′(xi) =3

2(∆x2)

f(xi +∆x)− f(xi −∆x)− 2f(xi)−110(f(xi + 2∆x)− f(xi − 2∆x))

−2f(xi) +1135

(f(xi + 3∆x)− f(xi − 3∆x)− 2f(xi))

.(1.36)

1.2.2 Transformacoes no Domınio Fourier

Diferentes geometrias de corpos a diferentes profundidades resultarao em anomalias com

diferentes comprimentos de onda. Corpos pequenos resultarao em anomalias com pequenos

comprimentos de onda, e, sob as mesmas condicoes, corpos grandes resultarao em grandes

comprimentos de onda.

A profundidade dos corpos tambem influencia nos comprimentos de onda, em que os

corpos mais rasos resultarao em comprimentos de onda mais curtos e corpos mais fundos, em

comprimentos de onda mais longos. A filtragem no Domınio Fourier significa isolar ou realcar

os valores transformados, ou simplesmente desprezar comprimentos de onda indesejaveis

(Fogarty, 1985).

Transformada de Fourier

Como descrito em Blakely (1996) a Transformada de Fourier unidimensional e dada por:

F (k) =

∫ ∞

−∞

f(x)e−ikxdx (1.37)

e a transformada inversa

f(x) =1

∫ ∞

−∞

F (k)eikxdk (1.38)

onde F(k) representam os valores no Domınio do Numero de Onda k.

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Em duas dimensoes a tranformada direta fica:

F (kx, ky) =

∫ ∞

−∞

∫ ∞

−∞

f(x, y)e−i(kxx+kyy)dxdy (1.39)

e a inversa

f(x, y) =1

4π2

∫ ∞

−∞

∫ ∞

−∞

F (kx, ky)ei(kxx+kyy)dkxdky, (1.40)

onde kx e ky sao os numeros de onda em x e y respectivamente, que se relacionam com os

comprimentos de onda kx = 2π/λx e ky = 2π/λy.

Na pratica, se opera com dados amostrados e esta limitacao tem profundos efeitos

sobre o tipo da informacao disponıvel atraves da analise de Fourier. Para dados amostrados

a Transformada de Fourier e conhecida como Transformada Discreta de Fourier (TDF). As

limitacoes da TDF estao nos extremos dos comprimentos de onda. Os comprimentos de

onda mais curtos (menores do que o dobro do intervalo de amostragem) nao podem ser

adequadamente representados, da mesma forma que os comprimentos de onda maiores do

que a malha amostral.

Considere uma sequencia de N amostras de f(x), equiespacadas de ∆x intervalos. Se

fazemos N efetivamente infinito, a TDF FD(k) se relaciona com a transformada verdadeira

F (k) por:

FD(k) =1

∆x

F

(

k −2πj

∆x

)

. (1.41)

Para todos os k0 desejamos que FD(k0) = F (k0), mas pela equacao anterior vemos que

os FD(k0) e o resultado de F (k0) somado a um numero infinito de outros valores de F (k).

Esta autocontaminacao e denominada Aliasing (Blakely, 1996).

Para a funcao f(k) o perıodo da TDF e dado por ks =2π∆x

, sendo denominado Numero

de Onda da Amostragem, e sua metade e denominada numero de onda de Nyquist. Como a

TDF se repete a cada ks, toda informacao esta no intervalo(

−π∆x, π∆x

)

, ou seja, o numero de

onda de Nyquist e o maior a disposicao.

Continuacao para cima no Domınio Numero de Onda (Domınio Fourier)

Os Campos Potenciais sao limitados quanto ao numero de onda, ou seja, suas Transformadas

de Fourier diminuem quando se aumenta o numero de onda. Se ∆x e feito suficientemente

pequeno em relacao aos comprimentos de onda mais significativos de f(k), os termos conta-

minantes (de maiores numeros de onda) tornam-se desprezıveis.

Partindo da equacao da Continuacao para cima no Domınio do Espaco

gz(x, y,∆z) =|∆z|

∫ ∞

−∞

∫ ∞

−∞

gz(x0, y0)

[(x− x0)2 + (y − y0)2 + (∆z)2]3/2dx0dy0 (1.42)

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podemos perceber que esta e similar a uma convolucao 2D

gz(x, y,∆z) =

∫ ∞

−∞

∫ ∞

−∞

gz(x0, y0, 0)Ψc(x− x0, y − y0,∆z)dx0dy0, (1.43)

onde:

Ψc(x, y,∆z) =(∆z2π)

[x2 + y2 +∆z2]3/2= −

1

∂ 1r

∂∆z(1.44)

e r = [(x)2 + (y)2 + (∆z)2]1/2.

Desta forma podemos escrever que:

F [Ψc] = −1

∂∆zF

[

1

r

]

= −∂

∂∆z

e−|k|∆z

|k|= e−|k|∆z. (1.45)

Mas, no Domınio Fourier a equacao 1.42 e escrita como:

F [gz] = F [U ]F [Ψc], (1.46)

ficando claro que a Continuacao para cima no Domınio Fourier e uma simples multiplicacao

por um termo exponencial.

Derivadas Direcionais no Domınio Fourier

De acordo com a propriedade de diferenciacao no Domınio Fourier, as Derivadas Horizon-

tais (Gradientes) do potencial sao dadas por:

F

[

dnU

dxn

]

= (ikx)nF [U ] (1.47)

e

F

[

dnU

dyn

]

= (iky)nF [U ]. (1.48)

Sabendo que no Domınio do Espaco

∂zU(x, y, z) = lim

∆z→0

U(x, y, z)− U(x, y, z −∆z)

∆z, (1.49)

passando para o Domınio Fourier

F

[

∂U

∂z

]

= lim∆z→0

F [U ]− F [U ]e−|k|∆z

∆z= lim∆z→0

1− e−|k|∆z

∆zF [U ] = |k|F [U ] , (1.50)

chegando entao a:

F [gz] = |k|F [U ], (1.51)

e fazendo

F [U ] =F [gz]

|k|. (1.52)

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Desta maneira podemos encontrar o Potencial sem a necessidade da aplicacao da Conti-

nuacao para cima. Este processo nao desvaloriza a utilizacao desta, ja que, como mencionado

anteriormente, muitas sao as utilidades da Continuacao para cima no processamento de dados

gravimetricos.

As derivadas de segunda ordem sao obtidas seguindo a mesma linha de raciocıcio.

Assim:

F

[

∂n

∂yn∂mU

∂xm

]

= (ikx)m(iky)

nF [U ]. (1.53)

1.3 Gravidade Tensorial

A praticidade na utilizacao dos gravımetros modernos perante a Balanca de Torsao, fez com

que normalmente fosse empregado apenas o gradiente vertical do potencial na elaboracao

de mapas Bouguer e Residual. Esta metodologia, apesar de ter atendido por muitos anos a

industria exploratoria, nao permite a visualizacao de como o vetor atracao gravitacional se

comporta nas direcoes x e y, desperdicando preciosas informacoes.

Com base na Teoria do Potencial vimos que o potencial U possui tres componen-

tes (gradientes) nas direcoes dos eixos cartesianos, de forma que:

∇U = (Ux, Uy, Uz) . (1.54)

Estes gradientes descrevem como um particular componente do vetor gravidade varia

no espaco, e podem ser obtidos atraves de derivadas direcionais (Domınio do Espaco) ou por

multiplicacoes entre os numeros de onda e os valores do potencial no Domınio Fourier, como

visto nas secoes anteriores.

Repetindo este mesmo processo, obtemos os valores de curvatura do potencial comu-

mente descrito como componentes do tensor. As derivadas de cada um desses gradientes

podem ser descritas como mostra a matriz na pagina seguinte.

∂Ux

∂x∂Ux

∂y∂Ux

∂z∂Uy

∂x

∂Uy

∂y

∂Uy

∂z∂Uz

∂x∂Uz

∂y∂Uz

∂z

=

Uxx Uxy Uxz

Uyx Uyy Uyz

Uzx Uzy Uzz

Desta forma podemos encontrar os valores dos componentes do tensor: Uxx, Uxy, Uxz,

Uyx, Uyy e Uyz. Como Uxy =Uyx, Uxz =Uzx, Uyz =Uzy, e pela equacao de Laplace, sabemos

que Uzz=-Uxx-Uyy, chegamos a cinco componentes independentes a serem medidos.

Fisicamente o potencial decai de 1/r, os gradientes Ux, Uy e Uz decaem de 1/r2 e as

componentes do tensor decaem na ordem de 1/r3. Juntamente com os novos conteudos de

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UUx

UxxUxy

Uxz

Uz

Uzy Uzx

Uzz

Uy

Uyy Uyx

Uyz

Z

Y X

Figura 1.6: Representacao esquematica da distribuicao dos gradientes e do tensor

sobre o plano cartesiano.

frequencias, esta caracterıstica e a razao pela qual o tensor define melhor os limites dos

corpos. A unidade dos componentes tensoriais e o Eotvos (Eo), sendo igual a 10−4 mGal/m.

Sobre uma malha de 60mx 60m percebe-se como a anomalia causada por uma esfera com

raio de 15m, centro a 130m e contraste de densidade de 3 g/cm3, fica melhor definida atraves

do Uzz(Figura 1.7).

Figura 1.7: a) modelo da esfera. b) gradiente Uz. c) tensor Uzz.

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CAPITULO 2

Sumario Geologico e Processamento de Dados

2.1 A Bacia do Reconcavo

2.1.1 Descricao Geral

A Bacia do Reconcavo esta localizada no Nordeste do Brasil e ocupa uma area de 11.500 km2.

E limitada a leste pela Falha de Salvador e a oeste pela Falha de Maragogipe. No norte,

a Bacia e separada da Bacia de Tucano pelo Alto de Apora. Existe uma dualidade quanto

ao limite sul da Bacia. Figueiredo et al. (1994) o define como sendo limitada pelo Alto de

Itacare. Ja Beisl (1996) o define como sendo a Falha da Barra.

Iniciada em 1937 com a descoberta em Lobato-BA, a exploracao de petroleo na Bacia

do Reconcavo se efetivou em 1939 com a primeira descoberta significativa de oleo, sob a

egide do antigo Conselho Nacional de Petroleo (Milhomem et al., 2003). Durante 15 anos

a Bacia viveu um programa de mapeamento geologico superficial orientado para atividades

de exploracao que resultou na descoberta de nove campos de petroleo, incluindo o Candeias,

Dom Joao e Agua Grande.

Mas foi em meado da decada de 50 (criacao da PETROBRAS) que comecou efeti-

vamente o programa de exploracao com a utilizacao dos Metodos Geofısicos, tais como a

sısmica de reflexao e a gravimetria. Thomas (2001) ao apresentar o Mapa Bouguer da Bacia

do Reconcavo afirma: ”A Maioria dos grandes campos de petroleo do Reconcavo Baiano

foi descoberta atraves da interpretacao de mapas gravimetricos”. Apos cinco decadas de

exploracao, a PETROBRAS reconheceu 89 acumulacoes de hidrocarbonetos.

Mesmo ja estando exaustivamente estudada e detalhada, a Bacia do Reconcavo foi

escolhida para a aplicacao da Gravimetria Tensorial pois, alem de ser uma importante Bacia

Sedimentar Brasileira com grande importancia historica no desenvolvimento da Geociencias

e da Industria Petrolıfera Brasileira, existe nesta Bacia uma boa quantidade de dados de

estacoes gravimetricas sob domınio publico.

16

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Figura 2.1: Mapa de localizacao da Bacia do Reconcavo com os principais linea-

mentos estruturais e litologias resumidas.

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18

2.1.2 Evolucao Tectonica Simplificada

Para a vislumbracao e compreensao das feicoes geologicas dentro de qualquer Bacia Sedi-

mentar e, consequentemente de suas respostas geofısicas isoladas ou sob a forma de regioes,

e imprescindıvel um bom entendimento da evolucao tectono-sedimentar. A mesma linha

de raciocınio deve ser aplicada ao se estudar as respostas gravimetricas e como essas sao

afetadas pelas estruturas internas da Bacia do Reconcavo.

A historia da geracao e sedimentacao desta Bacia se inicia sobre o eixo de um extenso

Anticlinal desenvolvido durante o final do Paleozoico. Esta elevacao erodiu praticamente

todos os sedimentos desse Perıodo (Estrella, 1972). Mais a frente, no final do Jurassico, uma

depressao rasa foi formada na crista desse Anticlinal. Denominada Depressao Afro-Brasileira,

esta recebeu a maior parcela dos sedimentos erodidos do antigo Anticlinal, iniciando a de-

posicao na Bacia do Reconcavo.

A sedimentacao nessa depressao continuou ate o inıcio da abertura do Rift (Estagio Rio

da Serra). A criacao do Rift tem origem quando uma Microplaca denominada Microplaca

Leste Brasileira (Szatmari et al., 1985) se tornou individualizada e comecou a se separar do

continente Sul Americano em resposta aos mesmos esforcos que separaram os continentes Sul

Americano e Africano (”Quebra” do GONDWANA). O movimento anti-horario em relacao ao

continente Sul Americano permitiu o desenvolvimento do Rift Intracontinental (Figueiredo

et al., 1994).

Gnaisses granulıticos de idade Arqueana com foliacao vertical na direcao N30E consti-

tuem o embasamento desta bacia (Figueiredo et al., 1994). Durante a abertura da margem

atlantica, esta direcao de foliacao exerceu forte controle na direcao de implantacao do Rift

e de suas principais falhas internas (Beisl, 1996). A Carta Estratigrafica no Apendice A,

correlaciona a evolucao geocronologica com as idades bioestratigraficas, litoestratigraficas,

ambientes de deposicao e as caracterısticas referentes as sequencias deposicionais, mas por

nao fazer parte do escopo deste trabalho nao serao detalhadas.

2.1.3 Principais Feicoes Estruturais

A compreensao e a descricao de algumas feicoes estruturais relacionadas ao Rift sao de grande

importancia para a integracao dos dados e para as interpretacoes geologica-geofısicas des-

critas nas proximas secoes. No contexto de um estudo de anomalias gravimetricas regionais

as informacoes mais necessarias sao tambem de ambito regional. Assim, somente aquelas

dentro desse grupo serao descritas a seguir.

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Esforcos distensivos geraram falhamentos predominantemente normais N30E, que in-

dividualizaram areas relativamente estaveis e areas mais subsidentes que configuram os de-

pocentros regionais (Netto et al., 1982). Estas areas, como mostradas na Figura 2.2, pos-

suem caracterısticas tectonicas proprias e estao separadas predominantemente por falhas

antiteticas e sinteticas, que juntamente com a Falha de Salvador e com as zonas de falhas

transcorrentes NW, definem os limites de feicoes estruturais no interior da bacia (Beisl, 1996).

Figura 2.2: Bloco diagrama esquematico da Bacia do Reconcavo, mostrando algu-

mas das feicoes estruturais desta Bacia. (Beisl, 1996).

Segundo Aragao (1993), as areas mais subsidentes da bacia encontram-se na porcao

leste. Na nossa area de estudo destacam-se os Baixos de Camacari (6900m) e de Miranga (a

norte com 5200m e a sul com 6900m), ambos associados a zona da Falha de Mata-Catu. Na

porcao noroeste da regiao escolhida se encontra o Baixo de Alagoinhas, o unico relacionado

com a borda ocidental (Beisl, 1996). A baixa qualidade dos dados sısmicos dificulta o

mapeamnto desse Baixo.

A zona de Falha Mata-Catu constitui a principal feicao transversal a Bacia do Re-

concavo, que evoluiu controlada pela Falha de Salvador. Devido a extrema importancia

para a compartimentacao e evolucao estrutural das feicoes dentro da bacia e ao fato de que

importantes reservatorios de hidrocarbonetos estao alinhados a Falha de Mata-Catu, diversos

autores tem estudado esta zona de falha. Feicoes domicas en echelon paralelas a zona da

falha estao truncadas por falhas de rejeito direcional com movimentacao dextral e por varias

famılias de juntas e falhas normais.

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Dentro do mesmo contexto evolutivo, foram tambem desenvolvidas as Plataformas

(Quirico, Patioba, Sao Domingos, Pedra do Salgado e Cassarongongo), os Altos (Salva-

dor, Boa Uniao, Dom Joao e Apora), o Baixo de Quiambina e as Falhas de Maragogipe,

Itanagra-Aracas, Agua Grande, Pedras, Tombador, Patioba, Lamarao, Candeias, Paranagua.

A Figura 2.3 mostra as feicoes descritas acima que se encontram dentro da area selecionada

para o presente estudo. As feicoes estruturais de tamanho inferior a 5 km foram desprezadas

neste trabalho, ja que nao poderiam ser corretamente representadas em um mapa com as

estacoes distando de 2.4 km.

Figura 2.3: Mapa de localizacao das principais estruturas encontradas dentro da

area selecionada. FONTE: CD Geologia e Recursos Minerais do Estado

da Bahia CPRM e CBPM.

2.2 Processamento dos Dados

2.2.1 Preparacao da Malha

Os dados utilizados neste trabalho sao de Domınio Publico. Eles fazem parte do Banco de

Dados da ANP e sao o resultado da uniao de dados gravimetricos terrestres e marinhos,

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resultando em um mapa Bouguer. Como se pode ver na Figura 2.4, a maior concentracao

esta sobre a Bacia do Reconcavo com algumas estacoes fora desses limites. Com base neste

fato, uma interpolacao sobre toda a extensao do mapa resultaria em grandes erros, devido a

escassez de dados nas regioes fora dos limites da Bacia. Os pontos azuis mostram as estacoes

gravimetricas. Os limites da Bacia do Reconcavo estao contornados em vermelho, e a area

selecionada, contornada em preto.

Figura 2.4: Mapa de localizacao das Estacoes Gravimetricas.

Por estas razoes escolhemos uma area que possuisse: uma boa concentracao de estacoes

gravimetricas; uma grande variedade de feicoes estruturais importantes na exploracao pe-

trolıfera; e que contivesse campos de petroleo conhecidos. A regiao central da Bacia do

Reconcavo, abrangendo o limite entre os blocos do Reconcavo Sul e Central, e que contem

importantes campos como o Agua Grande, Boa Esperanca e Aracas, foi escolhida para a

aplicacao da analise tensorial.

Nem todos os valores de gravidade nas estacoes estavam coerentes. Dados totalmente

fora de escala (as vezes, chegando a -1000 mGal) que se encontravam nesta malha foram

suprimidos. Com uma posterior aplicacao de um Filtro Media Movel (Software SURFER)

as oscilacoes de alta frequencia foram filtradas. Este processo e uma especie de retirada

dos valores residuais sobre o mapa Bouguer. Muitas informacoes certamente se perderam

neste processo, mas sua utilizacao foi inevitavel perante a qualidade dos dados. A Figura

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2.5 mostra como os dados se encontravam anteriormente a filtragem dos valores anomalos.

Figura 2.5: Mapa de sombra da area escolhida. a) valores nao filtrados e b) valores

filtrados.

O passo seguinte antes da aplicacao do algoritmo criado, foi a interpolacao das estacoes

para uma malha regular. Para esta interpolacao foi escolhido o metodo da Krigagem1,

resultando em uma malha quadrada com espacamento de 1200m, escolhida por ser a metade

da distancia media entre as estacoes. A necessidade da malha quadrada esta no modo que o

algoritmo foi criado, descrito mais adiante.

2.2.2 Os Algoritmos

Como descrito anteriormente, o algoritmo criado para obtencao dos cinco componentes do

tensor partindo do gradiente Uz deve seguir, pelo menos um, dos caminhosos mostrados na

Figura 2.6.

O algoritmo desenvolvido para este trabalho foi escrito em codigo MATLAB e possui

os seguintes passos:

1- Leitura dos dados organizados em tres colunas; X,Y, Uz e reconhecimento automatico

das dimensoes da malha. Leitura do numero de estacoes em cada direcao e do espacamento

entre as Estacoes.

2- Determinacao das coordenadas no espaco transformado do numero de onda (kx,ky).

1Na literatura, o Metodo da Krigagem e considerado o melhor na interpolacao de pontos aleatorios

espacados irregularmente.

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3- Transformacao dos valores lidos para o Domınio do Numero de Onda (FFT) e des-

locamento das anomalias para o centro da malha (FFTSHIFT2).

4- Divisao de Uz por k, no Domınio Transformado, para encontrar o potencial U .

5- Relocacao dos valores de U para as posicoes originais (IFFTSHIFT).

6- Transformacao dos valores ja relocados de U para o Domınio do Espaco (IFFT).

7- Aplicacao de Diferencas Finitas para encontrar os gradientes Ux e Uy. Neste item e

importante mencionar que, ao aplicar a Diferencas Finitas de terceira ordem temos ”perdas”

de linhas de pontos nas direcoes das derivadas. Em seguida, o algoritmo extrai os valores

das malhas dos gradientes para que todas fiquem com a mesma dimensao.

8- Calculos dos componentes do tensor pelo mesmo processo anterior.

Figura 2.6: Fluxograma esquematico mostrando os diversos caminhos que o algo-

ritmo pode percorrer.

Neste trabalho, para encontrar o potencial U , optamos primeiramente em aplicar a con-

volucao no domınio do espaco. Este processo alem de ser muito lento, necessita a aplicacao

da continuacao para cima e, consequentemente, na perda de resolucao nos mapas. Assim,

2a funcao FFTSHIFT desloca o componente zero-frequency da transformada rapida de Fourier, centrali-

zando o espectro. Ja a funcao IFFTSHIFT faz o processo inverso.

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optamos determinar o potencial U no domınio Fourier utilizando a Equacao 1.52 e posteri-

ormente, transforma-lo para o domınio do espaco.

Os gradientes e o tensor, tambem poderiam ser obtidos no domınio Fourier. Contudo

este processo requer, para cada um desses, a relocacao das coordenadas kx e ky no espaco

transformado. Portanto optamos por obter os gradientes e os componentes do tensor utili-

zando diferencas finitas de terceira ordem.

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CAPITULO 3

Interpretacao dos Mapas

Com base nas modelagens e respostas para cada corpo apresentadas e discutidas no

Apendice C, podemos finalmente interpretar as anomalias vistas nos mapas dos gradientes

e dos componentes de tensor da area selecionada dentro da Bacia do Reconcavo.

3.1 Uz, Ux e Uy

3.1.1 Uz

As anomalias vistas no mapa de Uz variam de -50 a 30 mGal. Para sua interpretacao,

podemos dividir grosseiramente a regiao em quatro zonas distintas (Figura 3.1).

A Zona 1 mostra uma zona de elevado valor Bouguer sobre o Alto de Salvador, que chega

ate a ultrapassar os limites superfıciais deste Alto e se propraga sobre a Rampa Borda-Leste.

O seu limite NW e caracterizado por oscilacoes nas linhas de contorno, indicando locais onde

o Alto de Salvador salienta-se para oeste, possivelmente relacionado as falhas de transferencia

da borda leste da Bacia.

A Zona 2 abrange praticamente toda a Plataforma Pedra do Salgado. O limite sul

foi delimitado devido as quebras nas linhas de contorno na direcao da Falha Mata-Catu.

Na regiao central desta zona, uma feicao de orientacao SE-NW indica um alto. A porcao

norte e caracterizada por linhas de contorno bastante regulares e paralelas, acompanhando

o gradiente regional desta bacia.

A Zona 3 situada na porcao sul da area, deforma para o sentido leste as linhas de

contorno, aparentando possuir um depocentro nas proximidades da coordenada 565000E.

Como o bloco Baixo de Camacari abrange esta zona, este resultado era esperado. Muito

diferente do bloco Baixo de Miranga (porcao NE do depocentro da bacia) que nao tem uma

resposta expressiva neste mapa.

A Zona 4 representada pelas amplitudes mais baixas de todo o mapa, engloba parte

da Plataforma Cassarongongo e do Baixo de Alagoinhas. Uma regiao com anomalias mais

elevadas a oeste desta zona, indica a proximidade da borda oeste da bacia, mas tomando

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como base este mapa, nao se percebe os blocos Alto da Boa Uniao e Alto de D. Joao.

Perante as observacoes mencionadas, percebemos que muitas feicoes tectonicas encon-

tradas na bacia nao sao representadas no mapa do gradiente Uz. Informacoes adicionais sobre

possıveis blocos internos, menores aos mostrados na Figura 2.3, nao sao representados neste

mapa. Possivelmente a separacao do residual ou o emprego de uma malha menor poderiam

realca-las, porem nao podemos garantir isto a priori.

Zona 3

Zona 4

Zona 2

Zona 1

Figura 3.1: Mapa do gradiente Uz e os limites das zonas 1 a 4.

3.1.2 Ux

O mapa do gradiente Ux, Figura 3.3, teoricamente, representa melhor as variacoes no sentido

Leste-Oeste, pois detalha mais as feicoes orientadas neste sentido. Com anomalias variando

de -0,6 a 1,2 mGal, estas nao devem mais sere interpretadas do ponto de vista de altos

gravimetricos sobre corpos mais densos ou baixos gravimetricos sobre corpos mais profundos.

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Em um mapa onde o eixo x cresce para leste, o crescimento das amplitudes das ano-

malias, tendendo para as cores mais quentes, indica a aproximacao de um corpo. Assim, o

limite deste corpo vai estar sempre a direita de uma anomalia positiva. A Figura 3.2 ilustra

o comportamento do gradiente Ux (ou Uy) com a aproximacao e o afastamento de um corpo

denso esferico com centro a 200m de profundidade, raio de 100m e contraste de densidade

de 1 g/cm3. Note que: Ux=0 se encontra acima do centro de massa do corpo denso, Ux> 0

a oeste do corpo, Ux< 0 a leste do corpo e, os valores maximos e mınimos indicam os limites

do corpo (indicado pela esfera tracejada).

Figura 3.2: Comportamento do gradiente Ux.

Como feito na secao anterior, o mapa de Ux foi dividido em Zonas. E importante

ressaltar a importancia da Figura 3.2 como forma de entendimento do carater da anomalia

para, enfim, mapear melhor os limites dos corpos. A Zona 5, na porcao mais a leste do mapa,

destaca-se por um lineamento com amplitudes bastante elevadas, indicando a aproximacao

de um corpo de massa representando o Alto de Salvador.

Na porcao intermediaria do mapa, percebemos tambem um lineamento com amplitudes

positivas de intensidade menor do que o citado anteriormente, no sentido SE-NW. Uma

bifurcacao na porcao mais a NW nos leva a separar esta zona em duas (Zonas 6 e 7). Nao ha

duvidas que estas zonas possuem uma relacao ıntima com o sistema da falhas Mata-Catu,

que divide a Bacia do Reconcavo em Reconcavo Sul e Central.

Na porcao oeste do mapa podemos observar uma anomalia positiva de amplitude media,

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que possivelmente esta associada a um alto estratigrafico no interior da Plataforma de Sao

Domingos, denominada como Zona 8.

Zona 7

Zona 8

Zona 6

Zona 5

Figura 3.3: Mapa do gradiente Ux e os limites das zonas 5 a 8.

3.1.3 Uy

O mapa do gradiente Uy (Figura 3.4) detalha mais as variacoes da gravidade no sentido

Norte-Sul delineando melhor as feicoes neste sentido. Suas anomalias variam de -0,6 a 0,4

mGal. Possui modo de interpretacao similar ao do mapa Ux, diferenciando somente nas

direcoes dos eixos. Em um mapa onde o eixo y cresce para Norte, o aumento da amplitude

das anomalias indica a aproximacao de um corpo situado sempre ao norte da anomalia

positiva.

A Zona 9 e limitada na porcao sul por uma intensa anomalia de coloracao quente, con-

centrando os pontos de maximo de Uy e contendo tres polos positivos distintos. Estes polos

indicam as zonas de maiores declives no sistema de falhas de Mata-Catu. Um importante

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detalhe a ser notado e uma grande reentrancia, praticamente N-S, neste limite. Tambem e

possivel notar blocos individualizados na porcao mais a NW desta zona. Geologicamente,

e uma imagem-semelhanca do bloco definido como Reconcavo Central, onde ate o limite

entre este e o bloco do Reconcavo Norte (Falha de Itanagra-Aracas) fica explıcito devido a

anomalia positiva encontrada na porcao NE do mapa (Zona 10).

A Zona 11 tem as mesmas caracterısticas da Zona 8, mas neste mapa, apresenta-se sob

a forma de dois altos. Na porcao sul desta zona, podemos observar um alto que nao foi

indicado no mapa de Ux.

Zona 9

Zona 11

Zona 10

Figura 3.4: Mapa do gradiente Uy e os limites das zonas 9 a 11.

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3.2 Uxz, Uyz e Uxy

3.2.1 Uxz e Uyz

Devido as propriedades intrınsecas da derivada em relacao a z, os mapas de Uxz e Uyz (Figura

3.5) apresentam feicoes muito proximas dos mapas de Ux e Uy, respectivamente, exceto os

locais indicados nos mapas por linhas tracejadas. As anomalias de Uxz variam de -3 x 10−3 a

5 x 10−3 Eo e as de Uyz, variam de -2,5 x 10−3 a 1,5 x 10−3 Eo.

Teoricamente, estes componentes do tensor deveriam desempenhar o mesmo papel de

um Filtro Passa-Alta sobre os mapas dos gradientes. Esta propriedade fica evidente nas zonas

indicadas pelos retangulos tracejados, onde oscilacoes de alta frequencia sao enfatizadas.

As possıveis razoes para esses mapas serem praticamente iguais sao: (i) a quantidade de

estacoes gravimetricas presentes, (ii) a filtragem realizada na fase de preparacao da malha

e, (iii) a semelhanca entre o mapa do potencial U e o mapa de Uz. Mesmo assim, algumas

feicoes tectonicas como o limite entre as Plataformas de Sao Domingos e Cassarongongo

(indicado pela letra A no mapa), ficam explıcitas atraves de uma pequena deformacao nas

linhas de contorno.

A

Figura 3.5: Mapas dos componentes tensoriais Uxz e Uyz.

3.2.2 Uxy

O carater quadrupolar das anomalias encontradas no mapa do componente Uxy (Figura 3.6),

certamente torna sua interpretacao mais complexa, quando comparado com a dos outros

componentes. E comum encontrar zonas ou porcoes que chegam a conter 12 polos de maneira

sobreposta. Suas anomalias variam de -1,0 x 10−4 a 1,5 x 10−4 Eo. Fisicamente este mapa

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atua como um filtro Strike, representando as feicoes orientadas sobre angulos inclinados.

Atraves deste mapa, podemos identificar as zonas descritas a seguir.

A Zona 12 possui anomalias suaves, representando entao uma porcao da Bacia relati-

vamente plana, geologicamente representada pelo Baixo de Miranga. O contrario acontece

com a Zona 13, uma vez que engloba o sistema de falhas Mata-Catu e a regiao do contato

entre o Alto de Salvador e o Baixo de Miranga.

A Zona 14 aparece com caracterısticas semelhantes a Zona 12, exceto em uma regiao

separada como Zona 15 que concentra pelo menos dois quadrupolos e, devido ao formato das

anomalias do modelo da esfera no Apendice C, pode ser interpretado como um alto ao sul e

um baixo ao norte.

Zona 12

Zona 13

Zona 14

Zona 15

Figura 3.6: Mapa do componente tensorial Uxy. Quatro zonas bem distintas podem

ser separadas no interior da Bacia.

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3.3 Uxx, Uyy e Uzz

3.3.1 Uxx

As anomalias de Uxx, como pode se observar nas respostas aos modelos do Apendice C,

tendem a destacar mais as feicoes no sentido Norte-Sul, gerando tres polos sobre as fontes.

Como a maioria das estruturas da Bacia do Reconcavo se encontra praticamente alinhada

neste sentido, este mapa e o que mais representa as feicoes da bacia. Apesar de alongar as

anomalias neste sentido, de todos os mapas, e o unico que consegue mostrar praticamente

todas as estruturas presentes no mapa das feicoes (Figura 2.3).

A Figura 3.7 ilustra o comportamento do componente tensorial Uxx (ou Uyy) com a

aproximacao e o afastamento de um corpo denso esferico com centro a 200m de profundidade,

raio de 100m e contraste de densidade de 1 g/cm3. Note que: os limites do corpo denso se

encontram nos pontos em que Uxx = 0; em torno do corpo Uxx> 0; e sobre o corpo Uxx< 0,

sendo entao associado a um alto gravimetrico. Aqui, os valores maximos positivos nao

indicam os limites do corpo, indicado pela esfera tracejada.

Figura 3.7: Comportamento do componente tensorial Uxx.

Com anomalias variando de -4,0 x 10−4 a 2,5 x 10−4 Eo dividimos o mapa de Uxx (Figura

3.8) em quatro zonas descritas a seguir. A Zona 16 e representada por uma faixa N-S de

anomalias associadas ao Alto de Salvador. Este embasamento pode ser mapeado sobre as

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anomalias negativas. Dentro desta zona ainda podemos destacar cinco polos. Notamos que

a grande anomalia positiva que acompanha toda esta zona, nao indica um baixo, pois como

visto na figura, apenas indica a aproximacao de um corpo denso.

Imediatamente ao lado desta se encontra a Zona 17. Associada ao sistema de falhas

Mata-Catu, caracteriza-se por uma faixa SE-NW de anomalias onde os tres polos nao estao

bem definidos, sendo entao interpretada como o limite de um bloco que se prolonga para

NE (possivelmente o bloco denominado Reconcavo Central).

Na Zona 18 o padrao de anomalias inverte, pois as maiores amplitudes de Uxx no

centro do tripolo, tornam-se positivas. Indicando baixos estruturais nesta zona. Da mesma

forma que descrito nas Zonas 8, 11 e 15, a Zona 19 se caracteriza como uma regiao de altos

estruturais.

Zona 16

Zona 17

Zona 18

Zona 19

Figura 3.8: Mapa do componente tensorial Uxx.

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3.3.2 Uyy

O mapa de Uyy (Figura 3.9) e o que menos apresenta relacao com os lineamentos mapeados

em superfıcie. Apenas o sistema de falhas de Mata-Catu e o bloco Alto de Salvador podem

ser identificados no mapa. A feicao mais interessante do mapa encontra-se na Zona 20.

Mapeada tambem atraves do mapa Uy (Zona 10), esta feicao volta a aparecer no mapa

do componente tensorial Uyy, confirmando o suposto limite entre os blocos do Reconcavo

Central e Reconcavo Norte.

A Zona 21 caracterizada pela presenca de um alinhamento aproximadamente N-S de

um conjunto de tripolos, mostra bem os limites, tambem nesta direcao, dos altos e baixos

dentro do Alto de Salvador. Outras feicoes de destaque se encontram nas Zonas 22 e 24.

Mapeada atraves do mapa Uy (limite Sul, Zona 9) e Ux (Zona 8), respectivamente, como

altos do embasamento, aqui aparecem como um conjuto de polos alinhados tambem N-S,

que poderiam indicar os limites desses altos.

A Zona 23 mostra-se como uma zona bastante influenciada por feicoes correspondentes a

anomalias localizadas. A porcao mais a oeste desta Zona obedece ao sistema de falhas Mata-

Catu. Diferente da porcao Leste que nao pode ser associada a nenhuma feicao superficial.

3.3.3 Uzz

Devido a propriedade de filtragem Passa-Alta da derivada de segunda ordem em relacao a z,

o mapa do componente tensorial Uzz vem sendo utilizado como mapa residual (Beisl, 1996),

concentrando as anomalias sobre os corpos mais rasos. A Figura 3.10 ilustra o comporta-

mento do componente tensorial Uzz sobre um corpo denso. Note que, fora dos limites do

corpo denso, a anomalia causada por esse e praticamente nula.

Foi mostrada nas modelagens a eficiencia do componente tensorial Uzz, sobre corpos

isolados, como forma de delimitar em todas as direcoes estes corpos. Mas em um mapa

real, qualquer valor erroneo medido nas estacoes pode se tornar em uma anomalia de grande

intensidade.

Tomando cuidado com este tipo de efeito, podemos interpretar o mapa de Uzz (Figura

3.11) localizando altos e baixos atraves de amplitudes positivas e negativas, respectivamente.

Assim, podemos separar tres zonas distintas neste mapa.

A Zona 25 e caracterizada pela presenca (ou ausencia) de anomalias com intensidade

bastante reduzida. Sem muita dificuldade, esta zona pode ser considerada ou uma zona

plana, ou uma zona com anomalias bastante profundas. O mesmo acontece com a Zona 27,

destacando apenas a feicao estrutural identificada em quase todos os mapas e interpretada

como um alto estrutural, mas agora podemos perceber que este corpo parece ter a geometria

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Zona 20

Zona 21

Zona 22

Zona 23

Zona 24

Figura 3.9: Mapa do componente tensorial Uyy.

de um alto alongado no sentido N-S acompanhado de um alto a NW deste.

A Zona 26, como mencionado anteriormente, compreende o sistema de Falhas Mata-

Catu e o bloco Alto de Salvador. Destacando a nao contiuidade deste bloco nas proximidades

da coordenada 8620000, e os dois altos que bordejam o Baixo de Alagoinhas.

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Figura 3.10: Comportamento do componente tensorial Uzz.

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Zona 25

Zona 26Zona 27

Figura 3.11: Mapa do componente tensorial Uzz e suas respectivas zonas.

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CAPITULO 4

Conclusoes

Com base na analise dos dados reais e na modelagem descrita no Apendice C, con-

cluımos que o Metodo da Gravimetria Tensorial e uma ferramenta poderosa na elaboracao

de modelos, na reavaliacao de antigos dados, e ate no planejamento futuro de aquisicoes. O

algoritmo utilizado neste trabalho e muito rapido e consistente. O mesmo pode ser utilizado

dentro do proprio MATLAB ou ate implementado sob o formato de um pacote de Software

comercial.

A intepretacao delimitando Zonas, mostrou-se bastante eficiente para uma melhor des-

cricao do Sistema de Falhas Mata-Catu e seus blocos associados. Os resultados da com-

paracao entre as estruturas associadas a Altos e Baixos, vistos nos mapas do Tensor dentro

da Plataforma de Sao Domingos, com o mapa dos campos de petroleo, sao bastante anima-

doras do ponto de vista da exploracao de petroleo, pois apesar da pequena quantidade de

dados utilizados, e possıvel visualizar aproximadamente os limites dessas feicoes.

A grande anomalia situada proximo as coordenadas 580000E/8605000N, indica um

alvo interessante a ser estudado a partir de dados mais detalhados, ja que tambem e possıvel

fazer associacoes dos limites desta anomalia com o mapa dos campos de petroleo.

A continuidade deste trabalho pode indicar discrepancias nos reais limites dos corpos e

blocos aqui descritos. Certamente, uma malha mais densa indicaria uma correlacao maior das

anomalias gravimetricas com as estruturas geologicas e os campos petrolıferos, diminuindo

significativamente a margem de erro.

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer a Universidade Federal da Bahia atraves do Centro de Pesquisa

em Geofısica e Geologia (CPGG) pela estrutura fısica disponıvel para o desenvolvimento

deste trabalho, ao PIBIC-CNPQ pelas bolsas de Iniciacao Cientıfica durante a graduacao, e

a ANP pelo apoio financeiro durante a realizacao deste trabalho.

Gostaria de agradecer a Banca Examinadora, que com toda disposicao e cuidado revisou

este trabalho, garantindo uma melhor qualidade tecnica.

Aos Professores Luiz Cesar Correa Gomes, Telesforo Martinez Marques, Felix Farias,

Hedison Sato, Jacira Bastos e Amin Bassrei por todo apoio e forca nestes cinco anos de

Graduacao. Gostaria de agradecer a Professora Naomi Ussami pela ajuda na busca do

dados, em pleno Congresso!

Gostaria de agradecer aos funcionarios Ana D’O, Lene, Rita, Isana, Joaquim Lago,

Mota, Luiz Medeiros e a Marcelinho.

Ao Professor e Orientador Edson Sampaio por ter sugerido o tema desta monografia,

disponibilizando tempo para as discussoes e dicas tao valiosas. Gostaria de agradecer muito

ao Professor Landim, que se tornou o professor mais importante nestes anos de batalhas,

ensinando as mais importantes licoes aprendidas.

Quero agradecer especialmente a Nubia Fontes Reis Deiro, parceira em relatorios, colega

de disciplinas, paquera nas aulas, namorada de faculdade, amiga de confianca, noiva, assis-

tente de programacao, esposa e, a pessoa mais especial com quem poderia ter compartilhado

esses anos de Graduacao e o resto da minha vida. Eu te amo!

Gostaria de agradecer a minha mae pelo apoio moral e financeiro durante toda mi-

nha vida. Aos meus grandes amigos e amigas (Mariana, HemoPedro

(Para nao ter briga!), Dudu,

Leleo, Iure, NMDN...). Aos familiares e colegas de trabalho (Emerson, Morenito Ferruginoso,

Moyses, Joelson, Anderson, Janaına, Marcus, Angela, TODO MUNDO DA TURMA 2001.1)

que inumeras vezes, certamente dedicaram seus tempos e abandonaram suas obrigacoes para

me auxiliar. Gostaria de agradecer a todos que nao mencionei, me desculpando antecipada-

mente.

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APENDICE A

CARTA ESTRATIGRAFICA DO

RECONCAVO

Figura A.1: Carta Estratigrafica. Caixeta et al.,1993.

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APENDICE B

ALGORITMO UTILIZADO

%###############################################################%######## ALGORITMO TENSORES #########%###############################################################%% Desenvolvido por Joao Mauricio F. Ramos dentro do seu%trabalho de graduacao em geofisica(UFBa), com o apoio do Prof.%Dr. Edson E.Sampaio.%%##############################################################%% Calcula os cinco Tensores Gravitacionais atraves de processos%de transformacoes, tanto no Dominio do Espaco quanto no Dominio% Fourier.%%###############################################################

Ler malha: x, y, Gz;Calcula espacamento da malha;calculo dos numeros de onda;- tamanho da malha;- numero de amostras;- espacamento da malha;

- Saida: numero de onda;Aplicac~ao da transformada de Fourier;Calculo do potencial (U);- entrada do numero de onda;- Mutiplicac~oes no domınio transformado;Aplicac~ao da transformada inversa de Fourier;calculo das derivadas direcionais;- calculo da derivada direcional na direc~ao x a partir de U (Ux);- calculo da derivada direcional na direc~ao y a partir de U (Uy);calculo das derivadas direcionais novamente;- calculo da derivada direcional na direc~ao x a partir de Ux (Uxx);- calculo da derivada direcional na direc~ao y a partir de Uy (Uyy);- calculo da derivada direcional na direc~ao y a partir de Ux (Uxy);

- calculo da derivada direcional na direc~ao y a partir de Uz (Uzy);- calculo da derivada direcional na direc~ao x a partir de Uz (Uzx);- calculo de Uzz;Plotar mapas de contorno;

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APENDICE C

MODELOS E RESPOSTAS

Ao final de todo processo descrito neste trabalho obtemos nove mapas distintos que

contem diversos tipos de informacoes sobre o substrato, tres mapas dos Gradientes Ux, Uy, Uz

e seis mapas dos Tensores Uxx,Uxy,Uxz,Uyy,Uyz e Uzz. Para comprovar a utilidade do algo-

ritmo e facilitar a interpretacao das anomalias obtidas, criamos programas que modelam as

respostas gravimetricas e tensoriais de corpos 3D, baseado na uniao de esferas. Por exemplo,

se o operador desejar modelar um Domo, bastar criar uma situacao tridimensional de esferas

que melhor represente este corpo.

Baseado nestas modelagens, podemos ter um maior domınio do carater da anomalia

de cada mapa. As sequencias de imagens abaixo demostram as respostas aos modelos de:

1 um corpo alongado no sentido do eixo z, formado por tres esferas sotopostas, que se

assemelha a um diapiro, no ambito da exploracao mineral, a um pipe de Kimberlito; 2 de

tres corpos alongados no eixo z sob diferentes profundidades. 3 de uma sequencia de esferas

verticalizadas alongada no eixos y e z. Fica claro entao que, o algorıtmo esta coerente, ja

que as propriedades dos tensores (particulamente do Uzz) de delinear melhor as anomalias

foram alcancadas.

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Figura C.1: Modelagem dos corpos descritos no texto e ilustrado nas partes A),D) e

G) da figura.B), E) e H) mostram as respostas gravimetricas Uz desses

corpos. C), F) e I) mostram as respostas do Tensor Uzz calculadas

pelos processos anteriormente descritos.

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Figura C.2: Resposta Tensorial ao Modelo de uma esfera centralizada de raio

50m com centro a 100m de profundidade e contraste de densidade

de 1 g/cm3.

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Figura C.3: Resposta Tensorial ao Modelo de tres esferas com raio de 50m. A

esfera a) tem seu centro a 200m e contraste de densidade de 1 g/cm3.

A esfera b) tem seu centro a 100m e contraste de densidade de 1 g/cm3.

A esfera c) tem seu centro a 100m e contraste de densidade negativo

de -1 g/cm3.