grao relatorio 2011
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Relatório de Missão, Grão 2011TRANSCRIPT
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ÍNDICEO GRÃO. PASSADO, PRESENTE E FUTURO 4
MISSÕES 2011
Calendário de eventos (angariação de fundos) 9
CUBAL, ANGOLA
Contextualização da Missão 10
Actividades desenvolvidas 12
Balanço financeiro 16
Testemunhos de Missão 17
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Contextualização da Missão 21
Actividades desenvolvidas 22
Balanço financeiro 26
Testemunhos de Missão 27
AGRADECIMENTOS 30
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O Grão nasceu em 2005 como resultado da vontade de criar
um grupo de voluntariado internacional formado por estu-
dantes universitários e jovens profissionais, a partir do Centro
Universitário da Companhia de Jesus do Porto (Centro de Re-
flexão e Encontro Universitário do Porto: CREU–IL). Desde aí
que realiza Missões em África durante os meses de Verão,
cooperando com ONG’s e outras organizações locais, numa
lógica de inserção e inculturação, e focando a sua interven-
ção no desenvolvimento comunitário, formação/educação e
promoção da integridade individual e autonomia das popu-
lações através da capacitação de pessoas locais. Para tal, o
Grão promove um plano de formação anual com o objectivo
de dotar os seus voluntários das competências necessárias à
concretização das Missões, nomeadamente fazendo trabalho
voluntário junto de organizações em Portugal. Paralelamente,
são desenvolvidas actividades que promovam a divulgação e
garantam a sustentabilidade financeira do projecto.
Nos 6 anos ininterruptos de Missão, o Grão construiu uma experi-
ência significativa que se traduz hoje na sua capacidade de inter-
venção, evidente em diferentes vertentes do projecto - angariação
de fundos, de voluntários, presença consistente no terreno. Uma
vez mais, o ano de 2011 foi um ano de continuidade, na medida
em que prosseguimos com as Missões do ano anterior: em Guada-
lupe (São Tomé e Príncipe), pelo quarto ano consecutivo e no Cubal
(Angola), reforçando a cooperação iniciada em 2010. Num ano
que encerrou inúmeros desafios de crescimento e de diversidade
à estrutura do projecto, houve a oportunidade de reflectir sobre a
organização interna, de
reinventar o seu funcio-
namento, de comunicar
de forma mais assertiva,
de aperfeiçoar o plano
de formação e de me-
lhor preparar as Missões.
O GRÃOPassado, presente e futuro
Este crescimento foi apenas possível com a dedicação inesgo-tável daqueles que trabalham e acreditam neste Grão de ajuda.
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Este crescimento foi apenas possível com a dedicação inesgo-
tável daqueles que trabalham e acreditam neste Grão de ajuda.
O presente Relatório é, em primeiro lugar, um gesto de grati-
dão a todos quantos estiveram envolvidos. Uma ponte, que os
quer aproximar das comunidades Africanas às quais, através
do Grão, levam uma mensagem de esperança, um sorriso re-
velador de novos horizontes, uma mão dada e comprometida
e que pede compromissos, um exemplo Cristão de trabalho
voluntário e serviço dedicado às pessoas. Ponte essa que dese-
jamos continuar a construir, mais sólida, mais credível.
Esta presença sustentada e Missionária que vem sendo afir-
mada, é o maior valor que o Grão apresenta pois é nela que
se enraízam os pilares fundamentais de acção: Serviço, Co-
munidade, Compromisso e Espiritualidade. É na fidelidade a
estes pilares que o Grão perspectiva o seu futuro, consciente
dos desafios que, a cada ano, se colocam. Concretamente em
2011/2012, apoiados numa colaboração mais próxima com
a Fundação Gonçalo da Silveira, estamos confiantes que as
dificuldades serão suplantadas. Esta é uma causa merecedora,
um investimento gerador de retorno, que devolve à sociedade
– São Tomense, Angolana e outras, mas também Portuguesa
– o crédito e confiança depositados.
Porque o desenvolvimento é um caminho longo e exigente,
o Grão continuará – em cooperação – a dar os seus passos do
percurso, num espírito de dignidade, respeito e amor com,
para e pelas pessoas que serve. Através da sua acção livre,
aberta e atenta, o Grão encara o desenvolvimento como uma
atitude recíproca e, por isso, de enorme responsabilidade. O
desafio é conjunto, global e um convite a todos os que se
identificarem com este olhar.
O desafio é conjunto, global e um convite a todos os que se identificarem com este olhar.
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O GRÃO é um projecto que financia integralmente as Missões
que realiza. Ao longo do ano de formação, além de reuni-
ões e fins-de-semana de aprendizagem, organiza também
variados eventos que tornam possível este projecto e que
financiam grande parte dos seus custos. Estes eventos têm
diferentes características e focam-se em diferentes temáticas
NovembroNOITE DE ARRAQUE – 7 de NOVEMBRO – CREU, PortoRETIRO AUTO E HETERO CONHECIMENTO – 26/27/28 de NOVEMBRO 2010 – Paços de FerreiraVENDA DE BOLOS x2FORMAÇÃO x2
DezembroFESTA DISCOTECA ESTADO NOVO - PortoVENDA DE BOLOS x1FORMAÇÃO x2
Janeiro2º RETIRO – 14/15/16 de JANEIRO - CoimbraVENDA DE BOLOS x2FORMAÇÃO x2
FevereiroCONCERTO DE SOLIDARIEDADE - 12 de FEVEREIRO - FUNDAÇÃO ENG. ANTÓNIO DE ALMEIDA, PortoNOITE DE KARAOKE – 18 de Fevereiro – DISCOTECA TRIPLEX, PortoVENDA DE BOLOS x2FIM DE SEMANA HOSPITALEIRO – 25/26/27 de Fevereiro - CASA DE SAÚDE DO BOM JESUS, BragaFORMAÇÃO x2
MarçoVENDA DE BOLOS x2FORMAÇÃO x2
AbrilJANTAR DE BENEFICÊNCIA – 9 de Abril – QUINTA DA EIRA, PENAFIELFESTA DE PÁSCOA GRÃO – 18 de Abril – MARIARAPAZ, Leça da PalmeiraEXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS 5º ANIVERSÁRIO GRÃO – LABORATÓRIO LAC-GAIAVENDA DE BOLOS x2FIM DE SEMANA EXERCÍCIOS ESPIRITUAISFORMAÇÃO x2
MaioTORNEIO DE FUTEBOL – 21/22/23 de Maio – CENTRO SOCIAL DE NEVOGILDE, PortoFIM DE SEMANA IRMÃZINHAS DOS POBRES - PortoVENDA DE BOLOS x2FORMAÇÃO x2
JunhoFESTA REGGAE DRUM&BASS – 3 de Junho – ARMAZÉM DO CHÁ, PortoSARDINHADA DE S. JOÃO – 23 de Junho – DISCOTECA TRIPLEX, PortoFESTA DICOTECA VOGUE – PortoFESTA GOETHE - PortoVENDA DE BOLOS x2FORMAÇÃO x2
JulhoNOITE LINDY HOP E TRAD FOLK – 1 de Julho – PIN UP BAR, PortoMISSA DE ENVIO – CREU, PortoVENDA DE BOLOS x1FORMAÇÃO x2
Agosto e SetembroMISSÃO SÃO TOMÉ E PRÍNCIPEMISSÃO ANGOLA
CALENDÁRIO GRÃO 2010/2011
2011
que vão, por exemplo, desde festas em discotecas, arraiais
de S. João, festas para crianças, vendas de bolos e jantares
de beneficência. São também um mecanismo de divulgaçao
do GRÃO, ajudando assim a que este cresça e possa servir
cada vez mais e melhor. O GRÃO recebe também a ajuda de
patrocinadores privados e de empresas.
CALENDÁRIO formação . eventos . angariação de fundos
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No dia 31 de Julho, o Grão partiu do Porto com destino a
Luanda, para desenvolver uma Missão no Cubal com o intuito
de dar continuidade ao apoio prestado às Irmãs Teresianas
do Cubal e aos projectos iniciados pelo Grão no ano de 2010.
Assim sendo, e após um ano de formação exigente, foram
seleccionados como representantes do Grão, em Angola, seis
voluntários:
JOSÉ MARIA TORRINHA 25 anos. Estudante de Ciências Farma-
cêuticas. Coordenador da Missão.
TATIANA VELOSO 22 anos. Enfermeira. Vice-Coordenadora e
Tesoureira.
CARLOTA MAGALHÃES BASTO 22 anos. Estudante de Direito.
Responsável pela Logística.
NATACHA OLIVEIRA 27 anos. Estudante de Ciências Farmacêu-
ticas . Responsável pela Segurança e Saúde.
MARIA JOÃO AZEREDO 23 anos. Estudante de Turismo. Res-
ponsável pelos Materiais.
NATÉRCIA FRANCISCO 29 anos. Arquitecta. Responsável pela
Oração Comunitária
A MissãoA cidade do Cubal situa-se num pequeno município, com igual
nome, no interior da província de Benguela, a sul de Angola.
Esta cidade, em paz há apenas nove anos, após vinte e sete
anos fortemente marcados pela guerra civil de Angola, ainda
hoje se tenta erguer e colmatar as inúmeras falhas socioeco-
nómicas existentes.
O Cubal desenvolveu-se em grande parte, devido à construção
da estação do Caminho de Ferro de Benguela, que facilitou a
mobilidade populacional e comercial entre a cidade do Cubal
e Lobito. Esta cidade apesar das potencialidades dos seus so-
los para a agricultura permanece ainda muito dependente do
comércio proveniente do Lobito, sobretudo nos alimentos de
primeira necessidade. Em contrapartida a criação de gado tem
sido uma mais valia nesta região.
A 3km da cidade do Cubal, encontramos uma pequena comu-
nidade num local conhecido carinhosamente como “a Missão”
que fez as populações locais deslocarem-se e aí se fixaram,
pois aí permanece, há cerca de 50 anos, uma comunidade
de Irmãs Teresianas que tentam investir em diversas áreas
essenciais (educação, saúde, social,…).
CUBALAngola
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Comunidade da Congregação das Irmãs TeresianasAs Irmãs Teresianas vivem em fraternidade e desenvolvem
inúmeras actividades ao serviço da Missão e da comunidade. A
educação profissional e humana (escola) a prestação de cuida-
dos de saúde (hospital e centro de doenças infecto-contagio-
sas) o apoio ao desenvolvimento sustentável com a criação de
um centro de caridade social, o “Bairro de S. José”, que abran-
ge a população com maiores necessidades socioeconómicas,
e a evangelização que promove simultaneamente relações de
comunicação e encontro na justiça, solidariedade, gratuidade,
amor e celebração pela vida, são algumas das muitas verten-
tes a que estas mulheres se dedicam incansavelmente.
Actividades DesenvolvidasA preparação da Missão começou muito antes da partida,
através do contacto com as Irmãs e da recolha de informação
sobre as necessidades sentidas na comunidade. Contudo, foi
fulcral o reconhecimento inicial no local para que o plano de
trabalhos fosse o mais realista e adequado à comunidade.
O HOSPITAL NOSSA SENHORA DA PAZ
O trabalho realizado no Hospital Nossa Senhora da Paz teve uma
duração de 42 horas. Para além destas horas, a presença do
Grão fez-se sentir sobretudo nos tempos livres, uma vez que
este este era um local onde os utentes solicitavam e nutriam
grande carinho em relação ao trabalho desempenhado assim
como pelo grupo em si.
Nesta instituição, o Grão desempenhava fundamentalmente:
• Escuta aos utentes
• Presença/disponibilidade
• Actividades recreativas e lúdicas
O público alvo abarcava as diferentes faixas etárias, com uma
incidência marcada nas crianças e seus familiares directos.
(...) uma pequena comunidade num local carinhosamente conhecido como “a Missão”(...)
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CENTRO INFECTO-CONTAGIOSOS
O Centro de Infecto-Contagiosos é uma instituição com cerca
de 200 utentes, sendo que as doenças incidentes são maio-
ritariamente a tuberculose e o HIV. Para alojar todos estes
utentes mais eficazmente, decorrem obras de requalificação
nas quais o Grão teve um papel importante ao supervisionar
a requalificação do espaço exterior. Por outro lado, devido ao
baixo rácio de enfermeiros e pela precariedade de compe-
tências dos mesmos, foi solicitado ao Grão que trabalhasse
directamente com estes profissionais. Assim sendo, as acti-
vidades desenvolvidas passaram pela formação contínua (12
horas semanais) sobre:
• Sinais vitais (os valores standarts, a técnica de medição, as
possíveis causas de uma alteração dos valores padrão)
• Comunicação entre enfermeiro-utente (promover avalia-
ções iniciais mais pormenorizadas e completas, recolha de
dados essenciais para diagnóstico)
• Registos (incentivar para a importância dos registos, numa
perspectiva de trabalho em equipa, ensinar o método de
registo de informação pertinente)
• Organização de processos clínicos (adopção e re-implemen-
tação de um sistema de organização dos processos clínicos)
Foram também feitas sessões semanais com duração de uma
hora, as quais abarcavam todos os profissionais de saúde que
se propunham a participar (isto é, que trabalhavam quer no
hospital, quer no centro infecto-contagiosos, quer nos labora-
tórios, farmácias).
Nestas sessões, os temas abordados foram:
• Suporte Básico de Vida (com componente teórica e prática)
• Trabalho em equipa
• Importância do papel do enfermeiro
• Motivações para a prática da profissão de enfermagem
BAIRRO SÃO JOSÉ
O Bairro São José é constituído por uma pequena comunidade
que tinha como ponto comum as dificuldades socioeconómicas.
Esta comunidade é “apadrinhada” pelas irmãs, e por isso, mui-
to do trabalho delas passa por criar postos de trabalho, criar
melhores condições neste bairro para que os seus habitantes
vivam melhor, acompanhar as crianças orientando-as nos es-
tudos, etc.
As actividades desenvolvidas:
• Construção de um forno comunitário (projecto de continuidade
do ano anterior do Grão)
• Explicações, cuja população alvo eram os mais novos cujo faixa
etária não ultrapassava os 12-15 anos de idade.
• Oração comunitária com os jovens (promover a fé dos mes-
mos; educar à luz do exemplo e dos valores católicos)
• Formação semanal sobre temas de índole de saúde pública
e comunidade/cultural (Alcoolismo, Sida, Tuberculose, Viver
em comunidade, Papel da Mulher), cuja população alvo ia
desde os jovens (14 anos) aos mais idosos. Presença/dispo-
nibilidade. De igual forma, como acontecia com o hospital,
o Bairro de São José era um local que ocupava muitos dos
tempos livres do grupo.
PRÉ-ESCOLAR
A pré-escola foi outro dos campos a que o Grão se dedicou. As
actividades que levou a cabo focaram-se em duas vertentes. A
primeira foi a animação das crianças com vista a proporcionar
novas actividades recreativas e, por conseguinte, motivar as
educadoras com novos métodos. A segunda, e em continui-
dade com o trabalho já iniciado no ano anterior, foi a pintura
da sala do pré-escolar, criando uma atmosfera mais dinâmica,
alegre e lúdica para as crianças.
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ARMAZÉM DE FARMÁCIA
O Armazém da Farmácia é um local onde se armazenam os me-
dicamentos, materiais de saúde, entre outros para posteriormen-
te fornecer ao hospital, centro infecto-contagiosos e laboratório.
Para melhorar o controlo e facilitar a sua gestão houve necessida-
de de realizar um inventário do material e reorganizar o espaço
com algum método. A acrescentar a isto, a “Missão” tinha rece-
bido uma quantidade grande de medicamentos e material que
era também necessário organizar. Assim, o Grão prestou apoio:
• na organização dos medicamentos e materiais (contribuindo para
a criação de um sistema de gestão minimamente eficaz)
• na formulação de um inventário.
BIBLIOTECA
A biblioteca foi um trabalho que nos foi proposto pelas Irmãs,
que consistia na sua organização e elaboração de um inventário
para assim permitir que posteriormente fosse criado, quando
as condições o permitissem, um espaço de leitura lúdica para a
comunidade. As actividades neste campo desempenhadas pelo
Grão assemelharam-se, portanto, às executadas na farmácia:
• Organização da biblioteca
• Formulação de inventário
GRUPO DA COSTURA
O grupo de costura era um grupo formado por jovens mães sol-
teiras que, pelas implicações que isso tem na sua vida, devido
à cultura local encaram a vida sem grandes objectivos e vêem
a sua imagem social afectada. Através da costura, estas jovens
sentem-se mais activas e úteis.
Com o objectivo de melhorar a sua auto-estima, promover a sua
valorização e abrir horizontes, o Grão criou:
• um espaço de partilha de grupo, com lugar para formações
sobre temáticas actuais.
CURSOS
O Grão vê como uma mais valia a realização de cursos de formação
nas suas Missãoes pois são ambientes que podem proporcionar
educação de valores, aprendizagem de conhecimentos e estimula-
ção da criatividade e da actividade intelectual, importantes pontos
para o desenvolvimento integral da pessoa. Este ano, deu-se conti-
nuidade aos cursos de inglês e informática/contabilidade e acres-
centou-se os cursos de arquitectura, oficina de português e francês,
sendo o público alvo os trabalhadores do hospital e carpintaria, jo-
vens e crianças do 1º Ciclo. Como método de avaliação, foram feitas
provas intermédias e finais com direito a entrega de diploma no
final dos cursos o qual fazia referência à classificação final obtida por
cada aluno e o conteúdo programático do respectivo curso.
• Curso de Informática/Contabilidade: Constituído por duas turmas
de 16 pessoas cada, com o total de 98 horas e estruturado para
a aprendizagem de ferramentas de informática básicas, assim
como a aprendizagem da conceitos de gestão pessoal e empre-
sarial associados a noções básicas da organização contabilística.
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• Curso de Inglês: Constituído por duas turmas de 25 pessoas, com
o total de 98 horas e estruturado para a aprendizagem de regras
básicas que regem a língua portuguesa, com uma índole prática
da sua utilização.
• Curso de Oficina de Português: Constituído por uma turma de 19
pessoas, com o total de 39 horas e estruturado para a aprendiza-
gem da Língua Portuguesa de forma criativa e lúdica adequada
ao auditório (crianças do 1º Ciclo) e para a aprendizagem de
métodos de estudo, desenvolvimento do pensamento crítico e
formação moral.
• Curso de Francês: Constituído por uma turma de 16 pessoas,
com o total de 39 horas e estruturado para a aprendizagem de
regras básicas que regem a língua francesa, com uma índole
prática da sua utilização.
• Curso de Arquitectura: Constituído por uma turma de 20 pesso-
as, com o total de 24 horas e estruturado para a aprendizagem
de noções básicas sobre arquitectura.
PASTORAL
Na “Missão” existe uma igreja que serve toda a comunidade e
se assume como um importante pilar da mesma. Dirigida pelos
Padres Saletinos conjuntamente com as Irmãs Teresianas, este
é um espaço dinâmico, com inúmeras actividades pastorais. A
espiritualidade sendo um pilar fulcral no Grão e definindo a sua
identidade foi a base para a actividade nesta área:
• Apoio na catequese (cada elemento do Grão era responsável
por um grupo de catequese)
• Visita a centros (localidades próximas da “Missão”) para mis-
sa comunitária.
• Apoio na eucaristia das crianças (animação das crianças com
cânticos, organização)
• Participação em grupos católicos (Carismáticos da Ca. de Jesus)
• Oração matinal comunitária (segundas e terças no hospital;
quartas e sextas na carpintaria)
• Formação de catequistas.
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Balanço FinanceiroUm dos grandes desafios de realizar uma missão em Angola é,
sem dúvida, a gestão do dinheiro destinado à mesma, tendo em
conta o elevado custo de vida do Angolano (que não se equipara
ao poder de compra do seu povo). Contudo, graças ao apoio de
amigrãos no local, ao conhecimento prévio resultante da missão
do Grão 2010, a alguma orientação e apoio por parte das Irmãs
e a um estilo de vida simples (ideal deste projecto), foi possível
ao Grão, com um custo mínimo, realizar deslocações de grandes
distâncias e abastecer-se dos bens essenciais e básicos para a
sua permanência.
O orçamento inicial com o qual o Grão partiu foi de 2300 €.
Tendo sido o custo total por pessoa de 258, 14 € e os custos
totais cerca de 1548, 83 €, a poupança efectiva foi de aproxi-
madamente 751,17 €. Importa referir que estes cálculos não
abrangem os custos de viagem Porto-Luanda-Porto ( 868 € por
pessoa) nem os gastos realizados na obtenção inicial de vistos
(140 € por pessoa) assim como os gastos das vacinas necessá-
rias para a entrada em Angola 600 €.
Akz €
Compras/Alimentação 109.710 825
Comunicações 4.140 31
Transportes 25.500 191
Alojamento (irmãs) - 300
Ajuda de custos (irmãs) 2.000 15
Vistos 16.745 126
Casa Sto. António/Descanso 8.000 60
TOTAL 1548 €
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Desde que pisei o Cubal agradeci a Deus pela
minha vida todos os dias sem excepção. Em ape-
nas dois meses apercebi-me de quão confortável
é a minha cama, de quão abundante é a comida
em minha casa, de quão presente é a minha fa-
mília e de quão maravilhosas foram as escolas
onde estudei. Em tão curto espaço de tempo
reorganizei as minhas prioridades, repensei
a minha atitude perante a vida, relativizei
os meus problemas, dei novos significados ao
“ter” e ao “ser”, aprendi a viver e a amar de
novo. Voltei mas o meu coração ficou. Continuo
a agradecer-Lhe, mas hoje, peço-Lhe sobretudo
para me voltar a pôr a caminho daquela terra
tão especial para que em vez de ficar de fora
a lamentar o que vi, me possa entregar como
Ele e fazer a diferença.
Hoje sinto-me incomodada com estas situações.
É penoso demais pensar no Fedi a estudar com
um lápis de 2cm, e ainda mais lembrar-me que
afinal, ele até era um sortudo porque era dos
poucos que tinha um. Arrepia-me a imagem do
Hossi a “revisar” a matéria do teste no ce-
mitério porque não tem um quarto, uma secre-
tária, ou luz eléctrica como nós temos para o
fazer. Dói-me saber que o Manucho provavel-
mente nunca irá para a faculdade porque o pai
foi morto durante a guerra e a mãe, sozinha
a sustentar a família, nunca terá condições
para a pagar. Enerva-me cada vez que ouço nas
notícias “em Portugal todos os dias vão para
o lixo 35 mil refeições” e lembro-me de sentir
os ossos das costelas do Joaquim, desnutrido e
tuberculoso, que em todas as refeições devo-
rava com as mãos o pouco funje que lhe davam.
Custa-me olhar para o meu prato e pensar que
o Tenací, com apenas 6 anos, mata ratos para
poder comer carne. E o Kalu e os amigos, à re-
velia da Irmã Pilar, atravessam as montanhas,
ainda hoje minadas, para caçar passarinhos.
No entanto, sem quase nada Terem, deram-me
tudo o que São. Às vezes acho que ali Deus dá
corações maiores. Caso contrário, como sobre-
viveriam? Como poderiam fazer-me crescer? A
propósito de uma rapariga de quem gostava e a
quem queria enviar um presente, o Aleixo uma
vez disse-me: “Vou enviar-lhe uma garrafa de
óleo.” Eu ri-me mas ele calou-me logo:
“Mana, há alguma coisa mais importante?”
”Bem, de facto não, mokota (meu irmão).”
Podemos sentar-nos e argumentar que as desigual-
dades são um problema a resolver por Angola. De
facto, de nada servem os recursos em petróleo se
o lucro favorece tão-só, e largamente, os barões
da corrupção que controlam o Estado. No entanto,
podemos também sair do sofá e agarrar-nos à es-
perança de que um dia os miúdos a quem ensinamos
a ler, e a quem fizemos acreditar na justiça e no
amor, poderão ser os motores da mudança. Que um
dia, no interior, as pessoas não morrerão à fome,
não morrerão de “ignorância” nem de doenças para
as quais há cura. E aí, sei-o agora eu, é re-
confortante pensar que um grão desse progresso
poderá ter sido da nossa responsabilidade. E que
na medida de outro grão, Fizemos parte do sonho
de Deus para o mundo. MARIA JOÃO
“(...) SEM QUASE NADA TEREM, DERAM-ME TUDO O QUE SAO.”
19
O Cubal é o sitio onde mais e melhor amei. –
Finalmente alguma coisa sobre Missão. Final-
mente algo mais do que ‘foi a melhor missão
em termos de serviço’. Finalmente um começo de
explicação para mim, para Ti, para os outros
sobre o que foi o Cubal, sobre o que foi fazer
Missão no Cubal. Quando lá cheguei, vi o pó e
a pobreza e os buracos do tamanho de carros
na estrada. O Hospital são corredores escuros
com doze camas em que se adivinham vultos. À
frente do hospital há um amontoado de pedras
e casas de adobe. Nas pedras havia roupa a
secar. O Bairro de S. José são blocos brancos
e frios com uma casa fixe no meio e um buraco
negro a que se chama forno. A torre da igreja
é um marco de uma época qualquer de arquitec-
tura, grande demais e deslocado na paisagem
do Cubal. Sem que déssemos por isso o pó e os
buracos das estradas ou caminhos que percor-
remos diariamente desapareceram. O Hospital
deixou de ser um conjunto de corredores escu-
ros. Os vultos passaram a ter nomes e estórias
e nós uma história com eles. O Bairro de S.
José tornou-se no BSJ e casa. A casa do meio
afinal era um django: sítio para reuniões e
orações comunitárias, cantina à hora de almoço
e albergue para as motas do Guerra e do Lucas.
O django é o sítio onde sei que Deus fica en-
quanto vela pelo sono dos meus meninos. O BSJ
e as pessoas que nele vivem acabaram por se
tornar na maior e mais pura forma de Amor que
julgo alguma vez ter vivido. O buraco negro
é agora um forno construído pelo trabalho em
conjunto entre o Grão e de todos os miúdos do
BSJ. A torre da Igreja tornou-se o nosso nor-
te, a nossa forma de nos orientarmos nas raras
vezes em que saímos do Cubal, pois via-se de
todo o lado e apontava-nos o caminho para a
casa. A nossa casa tornou-se isso mesmo, sen-
do o único sítio em que estávamos os seis ao
mesmo tempo e onde tínhamos as rotinas que as
famílias sempre criam para si e as fazem fun-
cionar e crescer em conjunto.
Consigo agora distinguir duas fases muito dis-
tintas da Missão. A fase com pó e a fase da
luz. Para a segunda contribuíram, sem dúvida,
pessoas que conheci no Cubal. Conheci no Cubal
as melhores pessoas que alguma vez conheci.
Pessoas genuinamente generosas e ingénuas,
cheias de ideias feitas quanto aos brancos.
As pessoas conseguiram ser mais eloquentes e
convincentes do que as verdades absolutas com
que sempre me falaram (mal) de Angola. Dos
angolanos trago uma imagem de humildade e de
vontade de aproveitar todas as (poucas) opor-
tunidades que a vida lhes vai dando. Uma ideia
de um orgulho enorme no seu país e um amor
enorme pela vida e por tudo o que lhe dá cor.
África transforma-nos. Não é nova esta ideia
nem foi a primeira vez que o senti. Mas, este
ano, esta Missão, este Cubal, mudaram o modo
como olho para a minha vida completamente.
Tudo ganhou um diferente sentido e uma dife-
rente verdade. Por este Cubal pequenino e nada
pobre - a não ser em bens materiais - e por
eles, por tudo o que vivi e aprendi com eles,
sou-Te profundamente grata. Anseio, agora,
pelo dia em que regressarei a ‘Angola do meu
coração’ e estarei com eles outra vez.
CARLOTA
“ÁFRICA TRANSFORMA-NOS.”
21
Esta foi a quarta Missão do Grão em São Tomé e Príncipe no
seio da Missão das Irmãs Franciscanas Missionárias de Nos-
sa Senhora (IFMNS), com o objectivo de dar continuidade ao
trabalho desenvolvido nos anos de 2008, 2009 e 2010 e de
renovação e balanço da actuação do Grão em São Tomé e
Príncipe. As IFMNS têm a sua Missão localizada em Guadalupe,
cidade a Norte da Ilha de São Tomé e capital do Distrito de
Lobata, sendo, portanto, esta a zona privilegiada de actuação
do Grão, embora tenha também sido desenvolvido trabalho na
cidade de São Tomé (capital, a cerca de 20km de Guadalupe)
e em Roças.
No dia 25 de Julho, partiram em Missão 5 voluntários:
TERESA CÔRTE-REAL 21 anos, estudante de Direito, Coordena-
dora da Missão
LÍGIA MAGRO 30 anos, Designer Gráfica, Vice-coordenadora
e Tesoureira
VASCO PESSOA JORGE 21 anos, estudante de Engenharia In-
dustrial e Gestão, responsável dos materiais
EDUARDA SOUTO 21 anos, estudante de Enfermagem, respon-
sável de saúde e segurança
MARIANA TRAVASSOS 19 anos, estudante de Psicologia, res-
ponsável pela oração comunitária
SÃOTOMÉ
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Actividades desenvolvidasROÇAS
As Roças, antigo motor da sociedade e economia São Tomen-
ses através do cultivo do cacau e café, são hoje comunidades
relativamente isoladas das cidades, onde as suas populações
vivem precariamente, enfrentando problemas de extrema po-
breza, alcoolismo e de falta de higiene e onde é feito cultivo
da terra quase apenas para auto-suficiência. Destaca-se a im-
portância e a pertinência de ser desenvolvido trabalho nestas
zonas especialmente carenciadas.
Com uma regularidade de duas tardes por semana, o Grão
teve como alvo de intervenção, à semelhança das missões an-
teriores, as Roças de Plancas I (3 voluntários) e Plancas II (2
voluntários). Acompanhados de jovens de Guadalupe e dos
chefes das Roças (para um maior entrosamento e aproximação
dos voluntários e fomento do espírito de iniciativa e de dina-
mização nos locais), tentou-se desenvolver o trabalho junto de
todas as faixas etárias das populações.
Destacam-se as seguintes actividades:
• Formação sobre saúde e higiene e afixação de cartazes in-
formativos;
• Recolha de lixo, com crianças e adultos;
• Orações (nas quais participavam idosos e adultos, mas prin-
cipalmente crianças);
• Jogos educativos, gincanas e passeios com as crianças (que
estão no tempo férias no período de missão do Grão);
• Visitas às comunidades, em especial aos idosos que vivem
mais isolados.
CADEIA
Partindo de experiências semelhantes existentes no nosso país,
sustentadas na mesma espiritualidade que move o grupo (“estive
preso e foste visitar-me” – Mateus, 25), o Grão este ano retomou
a actividade desenvolvida pelo grupo de 2008 na Cadeia Central
de São Tomé. Situada na capital São Tomé, a cadeia alberga cerca
de 200 reclusos, maioritariamente do sexo masculino.
Não releva, para o papel que os missionários Grão podem aqui
desempenhar, o crime que cada um cometeu, nem é objectivo
potenciar a sensação de “injustiça” que cada um manifesta
face à sua condenação. Também não é objectivo do Grão fazer
qualquer juízo de valor – censura – face às condições do esta-
belecimento prisional. A ideia crucial é, muito simplesmente, a
do “fazer companhia”, trazer e levar notícias do exterior, convi-
ver e conversar com um outro que é, num contexto já diferente
como é o de África, o excluído da vida em sociedade.
Após contacto com o Senhor Ministro da Justiça e com o Senhor
Director da Cadeia, foram ajustados o horário e a regularidade
das visitas (2 manhãs por semana).
As actividades desenvolvidas foram as seguintes:
• Construção de jogos de tabuleiro e outras actividades (mú-
sica);
• Oração;
• Organização de um jogo de futebol;
• Companhia/”só estar”;
• Almoço de despedida com os reclusos.
Realçamos a necessidade e a importância desta concreta acti-
vidade, aliás destacada pelo próprio Senhor Director da Cadeia.
23
EXPLICAÇÕES E CURSOS
O Grão deu explicações de Matemática e Física a alunos do
Instituto Diocesano de Formação (IDF), escola com currículo
português, como apoio na preparação para exames. Decorriam
numa tarde por semana, em casa das IFMNS.
Deu também explicações de Inglês (duas manhãs por sema-
na), tendo-se formado uma pequena turma de 6 alunos, e
através de um curso básico de inglês, tentou-se, sobretudo,
colmatar algumas lacunas de aprendizagem e iniciar alunos
na aprendizagem da língua. Este mini-curso funcionava nas
instalações da Escola Preparatória de Guadalupe.
O Grão deu apoio ao Curso de Informática (iniciação) que fun-
ciona no Centro de Informática de Guadalupe (CIG) em casa das
IFMNS. A turma era composta por 6 alunos e as aulas funciona-
vam 4 vezes por semana, sendo que o Grão assegurava as aulas
2 dias por semana e um professor local os outros 2 dias.
VISITAS A IDOSOS
Uma tarde por semana, os voluntários Grão faziam visitas a
idosos carenciados em Guadalupe e nas instalações da Cruz
Vermelha. O objectivo era fazer companhia, para atenuar a so-
lidão desses idosos que vivem sozinhos e isolados e muitas
vezes em condições precárias. Foi dado também apoio a nível
de saúde e alimentação, pontualmente.
ATL
O ATL funciona durante todo o ano lectivo, com crianças de
Guadalupe, no âmbito da Missão e sob direcção das IFMNS.
Com o objectivo de manter o ATL durante o período de férias,
o Grão dedicou duas tardes por semana a esta actividade e
animou as crianças com:
• A organização de jogos (desenhos, gincanas, concurso de
dança, etc.);
• Filmes;
• A realização de uma caminhada.
Para além disso, foi dado também apoio logístico, nomeada-
mente na limpeza das novas instalações do ATL e da organiza-
ção do material para o ano lectivo de 2011/2012.
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CÁRITAS
A Cáritas tem um orfanato na cidade de São Tomé que aco-
lhe crianças (desde bebés até aos 10 anos) abandonadas
pelas famílias, ao qual o Grão fazia duas visitas semanais.
Animava cerca de 8 crianças de idades diferentes (através
de jogos, músicas e desenhos), numa tentativa de os esti-
mular e também de lhes incutir regras. Também se traba-
lhou junto das crianças mais pequenas, brincando com elas
e dando-lhes carinho.
Foram organizadas três idas à praia com as crianças, proporcio-
nando-lhes momentos diferentes e felizes.
CAMPO DE FÉRIAS
Durante 10 dias (entre 20 e 29 de Agosto), os voluntários do
Grão estiveram na roça de Caldeiras (a cerca de 6km de Gua-
dalupe), acompanhados de mais 9 animadores locais, para a
realização de um campo de férias, uma das actividades mais
importantes e gratificantes da Missão. Os 14 animadores insta-
laram-se na Escola Primária de Caldeiras.
O campo teve como tema “Descobrir Jesus” (tendo cada dia
um sub-tema diferente, tais como: a vida de Jesus, descobrir
Jesus na família, descobrir Jesus nos amigos, etc.) e conseguiu
abranger cerca de 60 crianças entre o 2º e o 7º ano, das roças
de Caldeiras, Boa Esperança e Pouso Alto, alargando o campo
de actuação do Grão.
As crianças foram divididas em grupos de 10 consoante as
idades, havendo um animador responsável por cada grupo. O
campo funcionava no período da manhã com um momento de
animação de roda, um teatro introdutório ao sub-tema do dia
(Bom dia Senhor), um atelier e um jogo, ambos também alu-
sivos ao sub-tema do dia. No fim da manhã, havia um lanche
para os animados.
Na parte da tarde, eram organizadas actividades apenas entre
os animadores (nomeadamente, jogos com a comunidade de
Caldeiras e caminhadas espirituais).
A realização do campo foi possível também graças à angaria-
ção de fundos feita, com este concreto objectivo, por membros
do grupo de Missão, ainda em Portugal.
25
CENTROS DE SAÚDE
Na Missão de 2011 realizada em São Tomé e Príncipe, O Grão
deu continuidade ao contributo na área da saúde. Este ano, os
voluntários com formação no âmbito da saúde, nomeadamente
em enfermagem e em psicologia, foram os responsáveis pelo
apoio dado ao Posto de Saúde de Guadalupe. Contrariamente
à Missão do ano de 2010, o Grão prestou serviços apenas no
centro de saúde de Guadalupe, não tendo tido oportunidade de
visitar os outros centros de saúde do distrito de Lobata. As visitas
aconteciam duas vezes por semana, e as actividades realizadas
enquadravam-se principalmente nos rastreios (onde se fazia a
avaliação inicial do doente, incluindo o peso, TA (tensão arte-
rial), temperatura e despiste da malária); nas consultas de saúde
materno-infantil, e no apoio nas intervenções no âmbito da en-
fermagem (tratamento de feridas, administração de medicação
e injectáveis, etc.). Através de uma parceria entre o Posto de
Saúde de Guadalupe e a Escola Secundária Básica de Guadalupe,
o Grão teve a oportunidade de realizar acções de formação aos
alunos do 8º e 9º ano da escola, sobre as temáticas da sexuali-
dade, métodos contraceptivos e doenças sexualmente transmis-
síveis, que se revelaram como sendo temas que necessitam de
abordagem urgente na população jovem em geral.
OUTRAS ACTIVIDADES
O Grão deu aulas de viola duas vezes por semanas, continuan-
do o trabalho de missões anteriores. Os alunos foram divididos
em duas turmas (iniciados e avançados) e no fim foi organiza-
do um Festival de música.
Por estar inserido na Missão das IFMNS, o Grão trabalhou tam-
bém na parte da pastoral, nomeadamente através da prepara-
ção e animação da Adoração ao Santíssimo (1 vez por sema-
na), tal como tem acontecido nos anos anteriores.
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Dobra €
Compras/Alimentação 14.422.000 588
Comunicações e extras 6.390.000 260
Transportes 12.240.000 500
Alojamento (irmãs) 2.300.000 94
Bombaím/Descanso(NOTA: já incluído nos valores acima)
700.000 28
TOTAL 35.352.000 STD 1.143 €
Balanço FinanceiroEm S. Tomé a moeda é a Dobra, 24.500 dobras equivalem a
1€ aproximadamente. O custo de vida é baixo mas os produtos
importados têm um custo bastante elevado, pelo que o Grão
tenta, sempre que possível, consumir produtos locais. O estilo
de vida simples é um dos princípios do Grão e a ajuda das irmãs
foi essencial na orientação financeira do Grão, auxiliando nas
primeiras idas ao mercado e indicando quais os produtos e os
locais de compras mais apropriados.
O orçamento inicial com o qual o Grão partiu foi de 2.200€.
Tendo sido o custo total por pessoa de 144€/mês e os custos
totais cerca de 1.143€, a poupança efectiva foi de aproxima-
damente 1.057€.
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Quando via aqueles mapas do mundo acerca de
um dado estatístico qualquer, nos manuais de
geografia, em que os países aparecem pintados
de várias cores, nunca reparava em São Tomé
e Príncipe. Não era por não saber onde fica,
mas é que, geralmente, não aparece pintado (o
clássico rótulo «dados não disponíveis) ou não
se lhe percebe a cor, de tão pequeno que é.
Mas é, enfim, um país. Um país onde vivem mais
de cento e cinquenta mil pessoas. Claro que,
dada a leviandade com que temos tendência a
abordar estes assuntos, podemos todos, à pri-
meira vista, desvalorizar este número, afinal
somos tantos neste planeta e «a vida esta di-
fícil para todos. Da mesma forma, quando con-
vidados a ver como é a vida nesse país, claro
que podemos lembrar que «há quem viva pior. E,
inclusivamente, na eventualidade de podermos
integrar uma missão onde tomaremos contacto
com algumas pessoas desse país, podemos pensar
que não vale a pena porque «não vamos conse-
guir mudar nada em dois meses.
São perspectivas que nos habituámos a acei-
tar como legítimas, mas que não deixam de ter
graça. Tem graça que consideremos que cento e
cinquenta mil pessoas não é assim tanta gente,
mas que as duas ou três que vivem connosco se-
jam, por vezes, demais para a nossa paciência.
Tem graça que olhemos para a nossa própria
vida e que nos lembremos mais depressa que
podia ser melhor. Tem graça hesitarmos fazer
algo pelos outros, mesmo que por pouco tempo,
enquanto nos perdemos em coisas menores para
nós próprios.
Talvez tenha andado distraído durante 21
anos, mas estas formas bem simples de ver as
coisas só as aprendi em São Tomé. Eu também
desconfiava das descrições em tom lamechas
dos outros missionários Grão, mas não estava
de todo a compreender o que queriam dizer.
Não são as crianças com roupas esfarrapadas
ou as casas feitas de lata, não é a falta
de companhia de uns ou a falta de futuro de
outros que nos comoveram, mas sim a leveza
(não leviandade) com que todos os santo-
menses encaram tudo isso. Os que conheci,
trago-os, agradecido, todos os dias comigo,
na certeza de que levam consigo a marca do
Grão, pois, durante aqueles dias, soubemos
partilhar, uns com os outros, o amor pelas
pessoas, o amor pela vida, o amor pelo tempo.
VASCO
“Os que conheci, trago-os, AGRADECIDO, todos os dias comigo, na certeza de que levam consigo a marca do Grao”
29
Em S. Tomé o ar é quente e húmido, as ruas
cheiram a fumo e as pessoas são animadas, gene-
rosas, francas e gostam de dançar. Carrega-se
tudo na cabeça e as crianças nas costas. O dia
começa muito cedo e a noite cai em cinco minu-
tos. De lá guardo muitas memórias e sensações,
mas o mais importante não está guardado, en-
tranhou. Os abraços calorosos, a simplicidade,
a verdade, o amor, entranharam em mim de uma
forma perene.
Em S. Tomé aprendi o verdadeiro significado
da palavra “generosidade”. Mais do que “dar”,
generosidade quer dizer “dar com o coração” e
os santomenses são exímios nisso. Não ensinam
com palavras, nem tão pouco têm a intenção
ensinar, mas a maneira como partilham é de tal
forma iluminada que é impossível não a ver.
Em S. Tomé redefini a minha noção de “tamanho”.
Numa casa pequena cabe o maior afecto, uma mão
pequenina enche-nos o espírito e uma lágrima
pode ser enorme... E questiono-me, ainda hoje,
como é possível que em dois meses caiba TANTO!
Nunca tive tão poucas coisas e ao mesmo tempo
me senti tão completa como em S. Tomé.
As boas-vindas são cheias, as despedidas só-
lidas. As palavras são sinceras, os abraços
fortes. Quando perguntamos “como está?” res-
pondem-nos “leve-leve”, com uma sabedoria de
quem vive no ritmo certo, de quem sabe o “peso
da leveza”.
Corremos o risco de ser picados por mosquitos,
há avisos em todo o lado, mas o que ninguém
nos avisou é que quando regressamos somos “pi-
cados” pelas pessoas numa dimensão gigante, e
que isso entranha para sempre... e ainda bem.
LÍGIA
“De lá guardo muitas memórias e sensaçoes,
mas o mais importante nao está guardado,
ENTRANHOU.”
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O Relatório de Missão 2011 é, acima de tudo, um imenso Obrigado.
Que possam ler nestas páginas a gratidão que está em nós e nas pessoas a quem o Grão chega.
Neste espaço destacam-se alguns dos parceiros que apoiaram o Grão em 2010/2011. O agrade-
cimento estende-se a tantos outros que, não estando aqui referidos, com o que nos deram de si,
contribuíram para a continuidade e crescimento do projecto.
Quinta dos Ingleses
Ana Sofia Rosa
ASAS Santo Tirso
Mário Corticeiro
Vercoope
Quinta de Mosteirô
EVAC
INED Nevogilde
Irmãs Hospitaleiras
Quinta do Mosteiro
Fundação Eng. António de Almeida
Triplex
Quinta da Eira
à mesa com
DouroAzul
CASA
Cromotema Artes Gráficas
Greca Artes Gráficas
Orquestra Filarmónica de S. Felix da Marinha
Rita Mestre Mira Silva
Ach Brito
Centro Social de Nevogilde
Irmãzinhas dos Pobres
Decathlon - Matosinhos
Maria Rapaz
Armazém do Chá
10 prá uma
FAS
Pin Up
Casca de Canela
Flor da Feira II
Filipe Santos Vaz, Arquitectos
Maria Couto
Maria da Graça Sousa Pereira
Associação de Estudantes de STP - Porto
Bento Amaral
Companhia de Jesus
Escola Sec. Padre Benjamim Salgado
Fundação Gonçalo da Silveira
LAC Gaia
REN
Obra do Frei Gil
Acreditar
Equação Global
Fernanda Veloso
Irmãs Franciscanas S. Tomé
Irmãs Teresianas do Cubal
Jota Jota (Figuinha)
Vida Norte
Leigos para o Desenvolvimento
Paróquia do Foco
Porto editora
OBRIGADO