gradiente – ação com potencial real ou apenas...

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VENDAS ON-LINE TÊM MUITO PARA CRESCER NO BRASIL. O QUE VOCÊ GANHA COM ISSO? CONHEÇA UMA CORRETORA QUE É DIFERENTE ATÉ NO NOME TIVIT – PERSPECTIVA DE LUCROS COM ATUAÇÃO NOS BASTIDORES ALGOTRADING – SAIBA COMO FUNCIONAM OS ROBÔS OPERADORES DO MERCADO DE AÇÕES VALE A maior aposta da bolsa para 2010 ODONTOPREV – POTENCIAL GERADORA DE SORRISOS PARA O INVESTIDOR R$ 10,00 EXEMPLAR DO ASSINANTE #25 LIVRO AFIRMA que 80% das operações dependem do controle emocional 9 771982 835003 5 2 0 0 0 www.revistainvestmais.com.br GRADIENTE – Ação com potencial real ou apenas especulação? www.revistainvestmais.com.br ANO 3 ABR 10 A REVISTA DO INVESTIDOR NA BOLSA

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PROVIDÊNCIA: ações de nãotecidos crescem em tempos de crise

VeNDAs ON-lINe tÊm muItO PARA CResCeR NO BRAsIl. O que VOCÊ gANhA COm IssO?

CONheçA umA CORRetORA que é DIfeReNte Até NO NOme

tIVIt – PeRsPeCtIVA De luCROs COm AtuAçãO NOs BAstIDORes

AlgOtRADINg – sAIBA COmOfuNCIONAm Os ROBôs OPeRADORes DO meRCADO De Ações

VAleA maior aposta da bolsa para 2010

ODONtOPReV – POteNCIAl geRADORA De sORRIsOs PARA O INVestIDOR

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lIVRO AfIRmA que 80% das operações dependem do controle emocional

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I N V E S T M A I S4 A B R 1 0 5

E D I T O R I A LÍ N D I C E

EM AÇÃO

EDITORIAL05

06

08 ENTREVISTA | Michael Hodges e Bruno Torres

28 SMALL CAPS | OdontoPrev

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40

38

39

COMO FUNCIONA | Algotrading

COLUNA GRADUAL | Presente de grego

SITE DO MÊS | Investpedia

44 LINHA DO TEMPO

NOTÍCIAS DA BM&FBOVESPA

DIRETORRaúl Candeloro

DIRETORA-EXECUTIVASilvia Campos

GERENTE DE NOVOS PRODUTOSRodrigo Saporiti

DIRETOR DE ARTEAnderson L.A.

COORDENADORA DE ARTEBruna C. Montenegro

DIAGRAMAÇÃODaniel de M. Keller e Jonny Santos

REVISÃOTania Cheremeta

GERENTE-COMERCIALPriscila Vieira

ATENDIMENTO AO LEITORAndré Wingert

JORNALISTA RESPONSÁVELFrancisco Tramujas • 4959 - PR

InvestMais® é publicada 12 vezes ao ano pelaEditora Intellimax Ltda.Cx. postal 19530 Curitiba • PR • CEP 80251-970site: www.revistainvestmais.com.br

PARA ANUNCIARTel.: (11) 2123-7800Horário de atendimento: 8h às 18hE-mail: [email protected]

CENTRAL DE NEGÓCIOS EM SÃO PAULOTel.: (11) 2123-7800E-mail: [email protected]

SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO LEITORTodas as capitais...............4004-0174Demais regiões...........0300 789-2010E-mail: [email protected] Intellimax Ltda. Tiragem desta edição: 10.000 exemplares. Todos os direitos reservados. A reprodução total ou parcial deste material só é permitida mediante solicitação por escrito e desde que citada a fonte. O

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Atenção! Apesar dos cuidados na coleta e manu-seio, não nos responsabilizamos pelas informações e dados contidos em nossas matérias. Não fazemos qualquer tipo de recomendação de investimento. Não nos responsabilizando assim por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

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DISTRIBUIÇÃO PARA ASSINANTESEmpresa Brasileira de Correios

OPERAÇÃO EM BANCASAssessoria Edicasewww.edicase.com.br

DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA EM BANCASFernando Chinaglia Distribuição S/A

ESPAçO DELA | Faça você mesmo

12 TRENDS | Vendas on-line no Brasil

16 BLUE CHIPS | VALE

22

27

IPOs | Tivit

CAPA 16 28

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48

12

Visite o site: www.revistainvestmais.com.brE-mail: [email protected]

Raúl CandeloroDiretor

PROgRAmAs De ReCOmPRA:AlgO PARA se PRestAR AteNçãO

E xistem várias formas pelas quais uma empresa pode dar dinheiro a seus acionistas. Enquanto a maior

parte dos investidores fala e analisa as duas maneiras mais comuns: valorização das ações e distribuição de dividendos, há uma outra forma que é muito interessante e deve ser analisada com atenção, a recompra de ações. A recompra de ações pode ser vista, basicamente, como um investimento da empresa nela mesma, usando dinheiro que tem em caixa para comprar ações no mer-cado. Ao fazer isso, a empresa retira ações do mercado e faz com que elas se valorizem, além de diminuir o número de ações em circulação.

O discurso mais utilizado por empresas que deci-dem fazer recompra de ações é o de que as ações estão subavaliadas e não refletem os fundamentos (ou pers-pectivas) da organização. Ao analisar todas as opções de investimento disponíveis (compra de equipamento, ampliações, lançamentos, marketing, compra de con-correntes, etc.), a empresa está, de maneira resumida, dizendo que comprar suas próprias ações é a melhor forma de usar o capital disponível.

E por que isso poderia acontecer? Uma hipótese seria a empresa não ter conseguido atingir metas estabelecidas ou ter desagradado analistas e investidores de alguma maneira. Não é raro uma ação ser duramente castigada nessas situações, até mesmo de forma exagerada. Se a diretoria acha que houve um excesso de desvalorização, comprar suas próprias ações é dar um recado de que a diretoria (interna) discorda dos investidores (externos). Teoricamente, a diretoria e o conselho da empresa co-nhecem melhor que ninguém a situação...

Outro motivo para fazer uma recompra de ações é a melhora de indicadores financeiros fundamentalistas importantes. Nesse caso, teríamos um possível problema: se a recompra das ações é feita para embelezar indicadores, e não para criar valor para os acionistas, fica evidente que a diretoria é questionável em suas intenções. Por outro lado, se a questão é criar valor para os acionistas e, como efeito secundário, os indicadores melhoram, aí sim temos um cenário positivo. Mas é necessário sempre analisar se o foco é criar valor para os acionistas.

E como essa criação de valor acontece? Primeiramente, ao comprar ações, uma empresa geralmente reduz seu free float, ou porcentual de ações (do total) disponíveis no mercado. É comum uma empresa cancelar ações depois de uma grande recompra.

Mas uma recompra também reduz os ativos de uma empresa (lembre-se de que dinheiro é um ativo), o que traz um ROA maior como consequência. É fácil entender por que: o lucro permanece o mesmo, mas os ativos diminuem (a empresa gastou dinheiro comprando e cancelando suas próprias ações). Resultado final: retorno sobre ativos maior. Da mesma forma (é uma conta simples de fazer), uma recompra de ações também melhora o índice P/L de uma empresa, e esse é um indicador fundamentalista usado por muitos investidores.

Programas de recompra, como radar, são muito melho-res, mais profissionais e infinitamente mais confiáveis que dicas quentes de amigos. Sempre que sair um programa, preste atenção nos motivos dados pela diretoria/conselho. Se for porque acham que a empresa está excessivamente descontada, você poderá ter encontrado uma candidata interessante para investimento. Como sempre, faça a lição de casa: estude os fundamentos da empresa, compare com os dos concorrentes, analise as perspectivas do setor, etc.

É importante ressaltar que um estudo feito por Fabrício A. dos Santos Reis, da UFRGS, analisando programas de recompra de 1999 a 2006, demonstrou que a recompra afetava negativamente o preço de uma ação no Brasil, ao contrário do que acontece nos EUA, onde o verdadeiro é contrário. Talvez agora, com o mercado mais maduro, a coisa tenha mudado um pouco... seria interessante termos um novo estudo nesse sentido. Mas lembre-se de que micos e empresas em má situação financeira não fazem recompras, ou não têm dinheiro para isso ou estão tão preocupados em não falir que recomprar suas próprias ações é a última prioridade. Só uma empresa capitalizada consegue se recomprar – uma empresa que quer recomprar 5% de si mesma está dando um sinal claro ao mercado.

E onde dá para ficar sabendo de tudo isso? Sua corre-tora pode avisá-lo, via boletim diário/semanal, ou você pode ir direto ao site da Bovespa, que tem uma página só sobre isso.

Bons investimentos,

LIVRO DO MÊS | O operador disciplinado

34

52 EU NA BOLSA | Eduardo Leitão

48 MICO CAPS | Uma ação realmente Gradiente?

CORRETORA DO MÊS | Diferencial

54

COLUNA DO BASTTER | Errei! E agora?

36 AGENDA DO INVESTIDOR58

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6 A B R 1 0 7

E M A ç Ã O

I N V E S T M A I S

Economia brasileira – O banco Gold-man Sachs pre-vê um cres-

cimento de 6,4% para a economia brasileira.

Renner (LREN3) – A rede varejista teve um lucro recorde no quarto trimestre de 2009, uma alta de 53% em comparação com o mesmo período de 2008. A empresa gaúcha, assim, pensa em voltar às compras depois de quase adquirir a rede carioca Leader antes da crise. Os planos também incluem a criação de um banco próprio, em 2011.

Farmácias – As novas nor-mas da Asso-ciação Nacional de Vigilância

Sanitária (Anvisa) proíbem as farmácias de venderem artigos que não sejam medicamentos, como re-frigerantes e bolachas.

CCR (CCRO3) – A Companhia de Concessões Rodoviárias viu o lucro do quarto trimestre de 2009 despencar 40% em comparação ao mesmo período de 2008. Culpa dos novos negócios que ainda não começaram a operar e/ou dar lucro, todos na cidade de São Paulo: o Rodoanel Oes-te; a Controlar, que fará inspeções nos veículos paulistanos e uma nova linha do metrô.

Se nosso país funcionasse bem, seria impossível diminuir o deficit de 12,7% para 3% em três anos. Entretanto, há desperdícios e corrupção por todos os lados, então poderemos economizar bastante em cortes. Infelizmente, a corrupção é generalizada nas agências do governo e nas empresas públicas. Nosso sistema político promoveu o nepotismo e o desperdício de dinheiro, e isso corroeu o sistema legal e a confiança no funcionamento do Estado. Não dá para colocar a culpa só em um funcionário do departamento de estatística que, aliás, foi nomeado pelo governo anterior.

George Papandreou – Primeiro-ministro da Grécia, transformando corrupção em uma coisa boa. Pelo menos, evitando colocar toda a culpa no funcionário que, durante anos, enviou números maquiados à União Europeia e causou a confusão que atrasou a saída da Zona do Euro da crise.

lINhA CRuZADA

Oi

Em alta

Em baixa

um ANO DePOIs

O ano de 2009 viu uma série de fusões entre empresas da Bovespa, criando gigantes que dominam o mercado

e não têm, necessariamente, muito a ver com as empresas que elas eram antes. Um desses exemplos é a Oi (TNLP4), que adquiriu a Brasil Telecom. A Agência Nacional de Te-lecomunicações (Anatel) deu a luz verde para a fusão em meados de fevereiro. Restava, no fechamento desta matéria, a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que não deve ir contra o que a Anatel aprovou.

O que, então, esperar da nova gigante das comunicações? De um lado, a compra da Brasil Telecom deu à Oi o que ela não tinha, presença em todo o território nacional. De outro, criou uma empresa gigantesca, com dificuldades no caixa idem. A liquidez corrente da empresa, ou seja, o ativo circulante (dinheiro em caixa, no banco, contas a receber a curto prazo, estoque, etc.) dividido pelo passivo circulante (impostos, salários, fornecedores e outras contas a pagar a curto prazo) é de 0,97. Em termos leigos, de cada real que entra na empresa, R$0,97 saem imediatamente para pagar contas. Não é uma situação confortável.

E não são apenas as suas contas que atrapalham: a herança da Brasil Telecom também pesa, e muito. Vamos citar só o caso das disputas judiciais: a Brasil Telecom tinha seus planos de expansão, para os quais já possuía alguns clientes. Acontece que nem todos esses planos foram cumpridos – e como a empresa, para todos os efeitos, deixou de existir, agora é que não serão cumpridos mesmo. Na hora de acertar a venda, a Brasil Telecom disse à Oi que tinha R$1,2 bilhão em caixa para indenizar esse pessoal. Só que a auditoria mostrou que seriam necessários R$2,5 bilhões para essa finalidade.

Daí a necessidade de emitir debêntures para cobrir esse buraco e, de quebra, pagar uma dívida grande com o Banco do Brasil. O plano inicial era emitir duas séries de debêntures, mas nenhuma convertível em ações:

• A primeira teria o lançamento de 1,5 bilhão de de-bêntures, a R$1,00 cada, com vencimento para 2015. Essas renderiam 115% da taxa DI.

• Na segunda série, seriam lançadas as 500 milhões de debêntures restantes e pagariam 120% da taxa DI, mas o investidor teria de esperar até 2020 para pegar o dinheiro.

Entretanto, depois do anúncio, a Oi correu para pedir uma reunião com os acionistas a fim de mudar as regras do jogo: na primeira série, vão lançar 1,8 bilhão de debêntures e o vencimento passará para 2014, ou seja, a empresa quer mais dinheiro, mais rápido e pagando menos por ele. O lado positivo é que a Oi acredita ter o capital em quatro anos para pagar os investidores. A segunda série de debêntures mantém as regras inalteradas, só diminuindo a emissão de 500 milhões para 200 milhões.

Os dONOs dO baiRROSegundo a Fundação Getulio Vargas (FGV) e o instituto de pesquisa alemão Ifo, a economia da América Latina está se recuperando bem e o Brasil é o grande destaque. O Índice de Clima Econômico (ICE) da região aumentou de 5,2 pontos em outubro de 2009 para 5,6 em janeiro deste ano. O ICE do Brasil atingiu 7,8. Em segundo lugar (e, portanto, com um bom clima para investidores), vem o Chile, com 7,4 pontos. Completando o pódio está o Peru, com 7,3. Empatados na zona do re-baixamento, surpreendentemente, está o México e, sem surpresa alguma, a Bolívia, com 4,4 pon-tos cada um. A lanterninha, essa não é surpresa para ninguém, é da Venezuela, com 3 pontos.

Some-se a isso o fato de a empresa ser, até o ano passado, uma das líderes em reclamações no Procon e ter cerca de 500 processos no Tribunal Superior do Trabalho – e o tamanho do buraco se torna mais evidente. Enquanto a emissão dos debêntures não vem, a Oi anunciou a venda de mais de 80 imóveis em todo o Brasil, o que deve dar resultados pouco melhores que o famoso corte de cafezinho para conter despesas.

Operacional – Já do lado operacional a Oi e todas as suas concorrentes receberam uma péssima notícia com a confirmação da criação de uma grande estatal para fornecer internet banda larga a preços módicos. Isso fez com que a Oi acelerasse seu cronograma e anunciasse que ela iria disponibilizar sua banda larga em todo o Brasil em outubro. Antes, a promessa era dezembro.

O mercado em que a Oi está é bom e cresce sem parar. Assim que a empresa acertar suas contas, pode voltar a frequentar as carteiras recomendadas pelas corretoras. Até lá, ligue para outro número.

NEm tUdO é bOa NOtíCiaPara surpresa de muitos, as vendas no varejo caíram 0,8% em novembro de 2009 em relação a dezembro do mesmo ano, de acordo com o IBGE. Em compensação, alguns setores continuaram em alta:• Livros, jornais, revistas e artigos de

papelaria cresceram 1,6%, comparando dezembro e novembro de 2009. Bom para grandes lojas da área, como a virtual Submarino (BTOW3).

• Combustíveis e lubrificantes cresceram 0,7%. Sinal verde para a PETR5, ECOD3, OGXP3 e outras.

bNdEsSetores em que o BNDES vai investir mais entre 2010 e 2013:• Energia elétrica – R$92 milhões.• Telecomunicações – R$67 milhões.• Saneamento – R$39 milhões.• Transporte rodoviário – R$33 milhões.• Ferrovias – R$29 milhões.

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A B R 1 0 98 I N V E S T M A I S

Foto: Divulgação

E N T R E V I S T A

O inglês Michael Hodges é o presidente mundial da Advanced Financial Network (ADVFN), empresa especializada em fornecer dados sobre investimentos em ações por meio do seu site (www.advfn.com) para o mundo todo. Com a sede principal em Londres, o site tem no Brasil um dos mercados mais promissores. Bruno Torres é quem dá vida à join venture brasileira da ADVFN e, sob sua administração, o site já atingiu mais de 350 mil investidores cadastrados. Leia, a seguir, a entrevista exclusiva da InvestMais com Hodges e Torres e entenda qual é o principal papel da ADVFN e a expectativa de ambos sobre o mercado e, especialmente, sobre as empresas brasileiras.

Como a bolsa de valores entrou na vida de vocês?mH – Trabalhei na área de Tec-nologia da Informação (TI) por 25 anos, quando atuei no negócio de jogos de computador. Para começar, desenvolvi e publiquei jogos para os computadores da Sinclair, Commo-dore, Atari, Nintendo e Sega. Há 15 anos, nós começamos a desenvolver jogos multiplayers, isso era antes de a internet “aparecer”. Nesse período, a nossa companhia (de jogos) abriu capital na bolsa de valores de Londres e, com isso, comecei a me tornar mais interessado no mercado de ações. Então, com meu sócio de negócios, criamos a ADVFN em 1999 para dar mais informação aos investidores e listamos nossa nova empresa na bolsa de valores de Londres no ano seguinte. bt – Meu pai, João Torres, começou como vendedor da CMA (que vende plataformas para auxiliar o investi-dor a operar no mercado), depois, ele trabalhou na Broadcast e acabou abrindo a Zap Quote. Comecei a trabalhar na empresa dele em 2002 até iniciar a join venture (quando duas empresas dividem um terceiro negó-cio) com a ADVFN em 2005. É uma verdadeira história de cinema como a ADVFN apareceu na minha vida…

Qual é o principal objetivo da ADVFN?mH – Nossa principal meta é dar o mesmo nível de informação para os investidores profissionais e os pessoa física. É ajudar o investidor pessoa física a ter acesso a todo tipo de ferra-mentas que somente os profissionais tinham à mão.

bt – Fornecer todo tipo de informação do mercado financeiro para os investidores.

Como a ADVFN enxerga o futuro das empresas brasileiras?mH – Eu vejo um futuro muito brilhante para as companhias brasileiras. O País está em uma grande posição, prestes a se transformar num dos principais comandantes do mundo. E, enquanto

isso não ocorre, suas empresas terão muitas oportunidades dentro e fora do País. Isso não acontecerá nem pode acontecer da noite para o dia, mas no tempo certo. A BM&FBovespa será uma das maiores bolsas do mundo. Ela será peça central para toda a América do Sul e poderá expandir para países como a China, por exemplo. Nós estamos muito satisfeitos por fazer parte desse processo. A ADVFN cres-ceu e continua a crescer muito mais rápido do que nós tínhamos previsto.

bt – O Brasil está vivendo um exce-lente momento político e econômico. Eu acredito que ele será uma das cinco maiores economias do mundo até 2020. O mundo está de olho no País e nós somos capazes de atender a essa expectativa. Como a ADVFN se preocupa com seus usuários?mH – Um dos caminhos é que desen-volvemos o site ouvindo as necessidades dos nossos usuários/clientes. E nós temos um grande grupo de pessoas com muita (mas muita mesmo) experiência em todos os mercados do mundo.

bt – Os nossos usuários estão em primeiro lugar sempre. Quem acom-panha a ADVFN Brasil desde agosto de 2006 (lançamento no País) pode confirmar a constante mudança do nosso site para atender todas as críticas e sugestões dos nossos usuários. É um trabalho contínuo e eterno.

Como a ADVFN ajuda o investidor?mH – O monitor é a principal página para a maioria dos nossos usuários. Ela pode ser ajustada por eles para listar todas as ações que possuem ou nas quais estão interessados. A atualização de todos os preços, volu-me, etc. acontece em tempo real. Há também uma área para que os usuários enviem mensagens sobre ações, que é um local no qual você pode aprender muito também, entre outras coisas.

bt – Damos a chance ao pequeno investidor de ter a mesma informa-ção que qualquer grande player do mercado financeiro, e sem pagar nada por isso…

Qual é o tamanho da ADVFN no mundo?mH – Em nossa última conferência, a ADVFN tinha 1,8 milhão de usuários.

Qual é o tamanho dela no Brasil?bt – Durante o mês, 600 mil investi-dores diferentes acessam o site, sendo que 350 mil são registrados no site. Levando em consideração o número de pessoas físicas na BM&FBovespa, que hoje é de 700 mil, somos 50% do mercado pessoa física no Brasil.

O que mais a ADVFN oferece ao usuário?mH – Nós tentamos fornecer o máximo, temos uma quantidade grande de troca de dados pelo mundo

quAl A PROPOstA DA ADVfN para ajudar os investidores?Descubra por que somente no Brasil o site tem mais de 350 mil investidores

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I N V E S T M A I S10

entrada de empresas de um nível mais baixo, com um mercado mais barato, e que o custo de abertura de capital delas também não fosse tão alto (ver nota). O custo de uma IPO no Brasil é muito alto e é frequente o interesse das empresas em estarem na bolsa. Por isso, seria interessante adotar uma medida que permitisse às companhias pequenas o acesso à aber-tura de capital e, como consequência, ao investimento. Seria também uma ideia boa se a lista de companhias internacionais na BM&FBovespa fosse realizada de uma forma mais fácil e, outra vez, mais barata. Se tudo isso fosse feito, na minha opinião, aumentaria o mercado.

Nota: hoje, segundo alguns especialistas, para uma empresa abrir capital na BM&FBovespa, ela deve estar avaliada acima dos R$400 milhões.

Como o número de investidores na bolsa brasileira pode subir? mH – Eu espero que com o tempo nós possamos atrair uma porcen-tagem maior de investidores. A BM&FBovespa tem grandes planos e penso que espera atingir 5 milhões de investidores num futuro próximo.

bt – Já está subindo. A BM&FBovespa está com um projeto para aumentar o número de investidores na bolsa e acredito que isso será fundamental para esse crescimento. O brasileiro não tem a cultura de investir na bolsa. Nesse caso, deveríamos seguir o modelo e a cultura norte-americanos. Obvia-mente, precisaríamos também de um trabalho com mais informação sobre a bolsa nos colégios, faculdades, etc. E o lado educacional? Como a ADVFN contribui com os investidores? mH – Nós não podemos fazer as escolhas de investimento para eles, mas podemos dar o acesso à infor-

mação de que necessitam. As áreas de discussão ajudam o potencial investidor a ter uma ideia melhor de como o mercado pensa e funciona.

bt – Criamos o maior wiki financei-ro para tirar dúvidas dos usuários, fornecemos blogs gratuitos que ensinam e opinam sobre o mercado, criamos o auditório (lugar gratuito onde levamos os principais pales-trantes do Brasil) para ensinar ao vivo como se operar na bolsa, entre outras medidas.

Sobre os night call’s (auditórios pela internet), iniciativa brasileira, há uma vontade por parte da companhia de levá-los para a Inglaterra e o mundo?mH – Sim, toda a ADVFN olha as outras sedes para ter ideias e inspiração do que pode ser usado em outras áreas e sedes. Se nossos garotos dos Estados Unidos querem algo que existe no Brasil, por que não transferir a ideia e a tecnologia? O inverso é verdadeiro, nós somos a mesma equipe e todo o funciona-mento deve ser integrado.

Que mensagem a ADVFN gostaria de deixar aos investidores?mH – Busque o maior número de informações sobre determinada companhia antes de investir nela. Escute o que outros estão dizendo e use nossas ferramentas e dados para ver o que pode ter acontecido com a empresa no passado. Aprenda tanto quanto você puder de todas as áreas, seja por meio da ADVFN ou pela internet em geral, mas estude, prepare-se e pense a longo prazo.

bt – Em breve, a ADVFN Brasil vai surpreender o mercado brasileiro mais uma vez! Boa sorte e sucesso nos seus investimentos. Gostaria de agradecer à investmais novamente pela oportunidade e parceria que está nascendo…

E N T R E V I S T A

inteiro. Se você acessar como usuário da França o site (www.advfn.com), ele estará em francês, se acessar do Japão com o mesmo endereço, o site estará em japonês e assim por diante – dessa maneira, costuramos todo o mercado local. Além disso, temos preços competitivos, boletins, dados de Forex, futuros e opções, commodities, ferramentas de pesquisa e muito mais. O número de usuários continua crescendo e isso acontece no mundo todo.

E no Brasil?bt – Diariamente, enviamos uma newsletter preparando o investidor e fornecemos cotações do mundo todo em tempo real. Temos o maior fórum do mercado financeiro do Brasil (15 mil postagens/dia). Pro-porcionamos várias ferramentas e agora estamos fornecendo notícias da investmais para nossos usuários. Acessam o site da ADVFN Brasil 120 mil investidores diferentes por dia.

O que falta para a BM&FBovespa ter mais de mil empresas cadastradas?mH – Na Inglaterra e em outros países com um mercado menor, a solução para a popularização da bolsa foi criar e permitir que as compa-nhias pequenas e novas entrassem no mercado de capital aberto. A medida deu certo, a abertura de capital das empresas pequenas foi muito popular entre elas e também entre os investidores. Nos Estados Unidos, foram criados sistemas para estimular a compra e venda de ações de uma maneira rápida e fácil. Existem os Pinksheets – sistema de transação eletrônico que agrega co-tações e ofertas de brokers (compras e vendas) para muitos títulos tran-sacionados – e o OTC (mercado de balcão), que no Japão serve de “mãe” às companhias menores. Há um risco grande nesses investimentos, mas, ao mesmo tempo, pode haver uma recompensa grande também. Seria bom se a BM&FBovespa criasse uma

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A B R 1 0 1312 I N V E S T M A I S

T R E N D S

A B R 1 0 13

Por que esse mercado tem muito para crescer

VENdas ON-LiNE NO BR@sIl

p o r B R a s Í L i o a n D R a D E n E t o

Tom Jobim disse certa vez que o Brasil não é para principiantes. Quando se fala de qualquer coisa relacionada à internet, isso é mais verdadeiro ainda.

Somos um país que considera banda larga qualquer coisa acima de 256 quilobites por segundo (Kbps). De acordo com o padrão internacional, só merece esse nome as conexões de, no mínimo, 1,5 megabites por segundo (Mbps). Outros países trabalham com não menos que duas vezes esse valor.

Mesmo as nações de tamanho continental como a nossa exigem uma infraestrutura bem mais poderosa: os Estados Unidos, por exemplo, esperam cobrir toda sua área rural ainda neste ano – e a velocidade mínima que as empresas privadas devem oferecer é de 4 megabites por segundo. Pode-se traçar um paralelo com os automóveis: é preciso um motor bom, forte e tecnologicamente avançado para fazer um carro rápido, e isso custa dinheiro. No Brasil, mesmo a internet considerada banda larga equivaleria a modelos pouco acima de carros populares.

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I N V E S T M A I S14

Apesar de seu poder de fogo, a rigor, os gigantes do comércio eletrônico enfren-tam um campo absolutamente nivelado graças aos sites de busca, como BuscaPé e Bondfaro. Por meio deles, o nome das empresas não conta muito – vale mais o preço e a avaliação dada pelos outros consumidores virtuais.

Esses números são ainda mais impres-sionantes quando se analisa o potencial de crescimento da rede no Brasil. Boa parte dos internautas ainda tem de se virar com as lan houses disponíveis ou usar o computador do trabalho na hora do almoço. Mas, com o avanço da tecnologia e da concorrência, os preços tendem a baixar, aumentando o acesso e as oportunidades para quem investe nas empresas que vendem pela internet. Por enquanto, as ações dos gigantes das vendas virtuais já viram dias melhores, mas a tendência é de melhora. É só ficar de olho.

T R E N D S

(PCAR5) BtoW (BTOW3)

QUEm Vai CREsCERSegundo a Visa e o Ibope, um dos filões para o crescimento do comércio eletrônico no Brasil é o setor de turismo. A empresa de cartão de crédito o apontou como um dos grandes responsáveis pelo aumento das transações on-line entre 2008 e 2009, e o Ibope mostrou que 16,8 milhões de brasileiros procuraram informações de viagens na internet em janeiro deste ano, um aumento de 3,9% em relação a dezembro de 2009.

Fonte: Serasa Experian

QUEm RECOmENda

Quem compra por e-comérciono Brasil visita os sites:

A B R 1 0 15

a inda assim, há pouca gente usando: apenas 6% da população, contra 8% dos argentinos e 9% dos mexicanos. Apesar disso, dominamos

a maioria das redes sociais. É comum o português assumir o posto de segunda língua mais utilizada em serviços como o Twitter. O Orkut, uma das primeiras redes sociais, transformou-se em um serviço usado quase exclusivamente por brasileiros. O fenômeno se repete em vários jogos disputados on-line – e essa dicotomia aparece também no mercado de vendas on-line.

O tamanho do mercado no brasil – Não é à toa que várias em-presas procuram entrar no mercado on-line brasileiro. O exemplo mais recente é do gigante do varejo Carrefour. Para inaugurar sua primeira loja virtual da América Latina, a empresa prometeu investir R$50 mi-lhões. Se valeu a pena? Somente no primeiro dia de operação a empresa faturou R$6 milhões.

Segundo analistas, se a empresa realmente atingir sua meta de ser uma das cinco maiores companhias de comércio eletrônico do Brasil até o fim de 2011, isso significaria um faturamento anual de, no mínimo, R$1 bilhão. É o que faturam os grandes nomes do mercado. A Nova PontoCom (PCAR5) – que reúne as lojas Extra.com, Pontofrio.com e Casasbahia.com – espera faturar R$2 bilhões em 2010 e, ainda assim, fica atrás da B2W (BTOW3), que lidera o mercado.

Mercado que, aliás, cresce a passos largos. Segundo a consultoria e-bit, o comércio eletrônico brasileiro cresceu 30% entre 2008 e 2009, chegando a um faturamento de R$10,6 bilhões. A e-bit espera que o movimento cresça outros 30% neste ano em relação ao ano passado.

Agora vamos fazer algumas contas. Se todo o faturamento do comércio eletrônico no Brasil foi de R$10,6 bilhões e se, para entrar no grupo das cinco maiores empresas da área, o Carrefour precisa, no mínimo, faturar R$1 bilhão, isso significa que temos uma briga de “cachorros gigantescos”, daí a busca pelas consolidações, que levou à criação da Nova PontoCom, e da abertura de capital, assunto na pauta do Magazine Luiza e da Ricardo Eletro, que recentemente também abriu sua loja virtual.

mudanças – Pegue o caso do Grupo Pão de Açúcar: até 2008, 50% do faturamento da empresa vinha dos hipermercados Extra. Hoje, analistas afirmam que eles são responsáveis por menos de 30% do faturamento do Grupo. O consumidor se espalhou e uma parte se refugiou no comércio eletrônico.

Não é à toa que a empresa anunciou recentemente uma troca de comando. O novo presidente, Enéas Pestana, tem como um de seus objetivos levar a Nova PontoCom à liderança no mercado na-cional – e já estão em um bom caminho. Segundo a Serasa Experian, no período de abril (quando começou a medição) a novembro de 2009, os sites das empresas que formariam a Nova PontoCom cres-ceram 70,5%. No mesmo período, os sites da B2W cresceram 11,1%.

O lado da bolsa – Não são só as empresas que trabalham exclusiva-mente com o comércio eletrônico que se beneficiam com a expansão do segmento no País. A Visa (no Brasil, CIEL3) registrou um aumento de 42% no pagamento das vendas on-line nas regiões da América Latina e do Caribe entre dezembro de 2008 e dezembro de 2009. Para a empresa, esse número tem reflexo direto no crescimento da internet no Brasil, tanto do lado dos consumidores como do varejo. Segundo a Visa, em toda essa região, não há ninguém que se aproxime do tamanho do Brasil em termos de comércio eletrônico.

E ainda há espaço para a empresa crescer em mercados que até agora não chegaram aqui, por exemplo: no Peru e na Guatemala, a Visa conse-guiu exclusividade no pagamento de impostos. Nesses países, você pode pagar o que deve ao governo via on-line, com toda a comodidade – mas só se tiver Visa.

Outro exemplo: na Tecnisa (TCSA3), que marca presença na inter-net desde 2001, as vendas on-line já representam 30% do faturamento da empresa. E elas não se limitam ao site, a companhia se gaba de ter conseguido vender um apartamento via Twitter.

As empresas têm muito a ganhar com a transferência de parte de seus negócios para o campo da internet. Pegue o varejo, por exemplo. O comércio eletrônico parece ser o sonho dos varejistas: um local onde não se gasta com decoração, limpeza, salários e ainda assim tem um grande movimento. O problema é que também deixa de existir muito da diferenciação que esses fatores trazem, restando apenas dois pontos que importam para o consumidor virtual: preço e segurança.

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A B R 1 0 1716 I N V E S T M A I S

B L U E C H I P S

VaLEa maior aposta da bolsa para 2010

p o r a D R i a n o K o E L H E R

A Vale S.A. (VaLE5) é a maior empresa privada do Brasil e a segunda maior após a Petrobras (PEtR4). Praticamente todo investidor em

ações no País inicia suas operações comprando papéis de uma dessas duas empresas. A Vale tem cobertura de todas as corretoras do Brasil e de muitas no exterior, possui ações listadas na BM&FBovespa, em Nova Iorque, Paris e na Latibex de Madri e atua nos cinco continentes, seja vendendo ou explorando minerais. A Vale comprou a Fosfértil e age para se tornar rapidamente uma grande player internacional no setor de fertilizantes. Não passa uma semana sem que haja alguma notícia sobre a Vale na mídia, seja ela tradicional ou pela internet. Sendo assim, o que é possível dizer sobre a empresa que possa influenciar o investidor a comprar ou rejeitar suas ações?

F o t o s : a G Ê n C i a V a L E

O primeiro ponto a ser relembrado ao investidor é a relação muito direta entre o crescimento econômico mundial e o resultado da Vale. Como fornecedora de matérias-primas para a indústria siderúrgica, a empresa verá seu resultado crescer se a economia mundial estiver crescendo tam-bém. E todos os analistas mundiais acreditam que, em 2010, a economia global se recuperará do tombo sofrido em setembro de 2008, ainda que com velocidades diferentes ao redor do mundo. Se Brasil e China já saíram da crise em meados de 2009, só agora, no primeiro semestre, que esse movimento chegou aos mercados desenvolvidos – Estados Unidos, Europa e Japão.

Com a recuperação dos mercados, haverá maior demanda de matérias-primas vendidas pela Vale, em especial de minerais ferrosos, responsáveis por 60,7% da receita bruta da empresa. E, como não há perspectivas de um aumento global da oferta desse produto, de acordo com relatório da Brascan Corretora de Títulos e Valores, os preços deverão subir. Na perspectiva da Vale, a China, que hoje é responsável por 56,8% das compras de minerais ferrosos da empre-sa, pode adquirir ainda mais, pois vem diminuindo as importações de ferro da Índia. Outro

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I N V E S T M A I S18 A B R 1 0 1918 I N V E S T M A I S

B L U E C H I P S

metal importante para a Vale, o níquel, que corresponde a 13% da receita bruta da empresa, deverá ter sua demanda aumentada devido à recuperação da indústria de aço inoxidável. Mais um ponto positivo para a Vale.

A alta na demanda fez a Vale iniciar um processo diferente de renegociação dos preços do minério de ferro para 2010, com o objetivo de conseguir valores acima do benchmark (sistema de referência para os contratos, exceto o frete). O diretor-executivo da área de ferros da Vale, José Carlos Martins, afirmou, durante a tele-conferência de apresentação dos resultados de 2009, que a empresa aprendeu muito com a crise e que ela tem de ser mais flexível em sua política de preços para poder buscar um maior retorno. Uma das iniciativas foi aumentar sua frota para poder fazer vendas antecipadas por FOB (o comprador paga o frete e o seguro do material comprado) ou CIF (o vendedor paga o frete e o seguro) e à vista, em que a Vale leva o mineral para um mercado sem garantia de comprador para vendê-lo no mercado spot (local), o que for necessário.

Para Martins, hoje há uma diferença de cerca de 50% entre o preço spot na China e o benchmark praticado pela Vale: “Os clientes deverão entender que essa diferença não é viável”. No mundo, 60% do minério de ferro é vendido no mercado spot, porcentual que vai a 70% na China. “O minério de ferro não pode ter um mercado com um preço fechado ao longo de um ano”. Segundo o diretor, o objetivo é ter contratos de longo prazo precificados de acordo com o mercado spot, que tem preços maiores, ou seja, há boas perspectivas de crescimento da receita neste ano para a Vale.

E é possível apostar no crescimento sustentável da empresa. De 2001 a 2010, ela se tornou a segunda maior mineradora do mundo, passando de um valor de mercado de US$9,2 bilhões para US$139,8 bilhões, e está atrás apenas da BHP Billiton, empresa anglo-australiana. No fim de 2009, a Vale era a 24ª maior empresa em valor de mercado no mundo. O volume de investimentos previstos para este ano é de US$12,9 bilhões e a Taxa de Crescimento Composto Anual (CAGR) até 2014 é estimada em 12,6%.

Novos negócios com fertilizantesOutro movimento a ser observado é a entrada da Vale no segmento de fertilizantes, efetuada com a compra da Fosfértil e dos ativos da Bunge Brazil em janeiro deste ano. O racional por trás da entrada da empresa nesse mercado está nas perspectivas de aumento da demanda de ali-mentos em nível global, provocada pelos países emergentes, e também do crescimento da demanda por biocombustíveis. Para atender a esses dois mercados, deverá haver um aumento da procura por fertilizantes, na visão da Vale, com destaque para o Brasil, que possui água em abun-dância e ainda muito espaço para ser ocupado com agricultura.

No Brasil, em especial, a Vale aponta que hoje já há o quinto maior consumo de fertilizantes do mundo, mas que ainda o uso é em pequena quantidade em comparação com outros países mais desenvolvidos. Logo, o potencial de crescimento dentro do País seria suficiente para justificar os investimentos. A Vale já possui minas de potássio e rocha fosfática no Brasil, Argentina, Peru, Canadá e em Moçambique.

A empresa hoje tem reservas provadas e prováveis de 1,5 trilhão de toneladas de fosfato (P2O5), com capacidade de produção de 5 milhões de toneladas de rocha fosfática por ano. A mina de Taquari-Vassouras produziu 717 mil toneladas de potássio em 2009. O obje-tivo da empresa é ser uma das maiores produtoras de fertilizantes com base em potássio e fosfato até 2017 e, para isso, conta com sua expertise em mineração.

Um 2009 ruim, mas que não reduziu o interesse na empresaPraticamente todas as corretoras recebe-ram os resultados de 2009 da Vale com ressalvas, pois eles vieram abaixo do esperado. A receita operacional bruta da empresa ficou em R$49,8 bilhões, queda de 31,5% em relação a 2008. A margem bruta não sofreu uma grande redução, passando de 54,4% em 2008 para 42,8% em 2009. O lucro líquido caiu 51,8% no período, indo para R$10,25 bilhões.

Os principais fatores apontados pelas corretoras como influenciadores do mau desempenho foram os maiores custos de produção, especialmente devido à contratação de serviços de terceiros e ao aumento da força de trabalho para retomar a produção de unidades paradas em função da crise, à elevação do abono concedido aos funcionários devido ao acordo salarial, ao reconhecimento de R$185 milhões de contingências em razão da revisão de prognósticos de ações judiciais no Brasil e aos gastos com operações paradas e/ou ociosas de R$386 milhões no último trimes-tre. Mesmo descontados esses fatores sazonais, o lucro continuaria abaixo do esperado. Outro ponto destacado pelas corretoras foi o aumento das compras de produtos de terceiros, totalizando R$252 milhões.

No relatório especial divulgado pela Ágora Corretora após a teleconferência da Vale, ela recomendava a compra das ações da empresa, em especial das ordi-nárias (VALE3), devido principalmente à

expectativa de crescimento consistente da demanda e do preço do minério de ferro em 2010. E, como os preços do minério no começo do ano já superavam as expectativas da corretora, ela previa rever positivamente suas projeções para o ano, o que é favorável à Vale. Outro ponto que a corretora destaca é que deverá haver um aumento da demanda de aço inoxidável no mundo, o que influenciará a demanda por níquel, cuja produção está sendo retomada pela Vale no Canadá. Os dois fatores juntos motivam a visão otimista da corretora em relação à empresa.

Já a Spinelli Corretora divulgou em seu relatório sobre a Vale que ela não conseguiu ter, no 4T09, um desempenho condizente com o “robusto aumento da demanda e ganho nos preços médios de seus principais minerais”. A corretora acha que parte da elevação dos custos referentes à produção será revertida nos próximos trimestres, que ainda devem ser acompanhados pela recuperação das margens. A Spinelli ressalta ainda a importância da definição do novo marco regulatório do setor mineral no Brasil, que deverá trazer implicações fiscais para a Vale.

A analista Luciana Leocádio, da Ativa Corretora, acredita que o impacto dos resultados do 4T09 para a empresa é neutro. Segundo ela, o resultado fraco trouxe alguma pressão sobre as cotações das ações da Vale a curtíssimo prazo, mas o discurso otimista do board da empresa na teleconferência de divulgação dos resultados permite reverter essa pressão. A Ativa aposta que novos preços para o minério de ferro, o crescimento da economia chinesa e a retomada dos volumes de venda da empresa impulsionarão o desempenho de seus papéis. A analista destaca ainda a recuperação da economia em nível global, com o aumento das vendas da Vale no Japão, Europa e Américas, desconcentrando a demanda.

Na Link Investimentos, apesar da surpresa negativa devido ao balanço, há a aposta de que a Vale está em um bom momento e em expansão, e é possível acreditar no seu futuro. A corretora afirma que 2010 será um ano melhor para a economia global, com a recuperação de alguns países desenvolvidos no mundo, o que ajudará a empresa a retomar suas opera-ções em plena capacidade e investir para crescer ainda mais. A Link acha que as ações da Vale renderão mais que a média do mercado neste ano.

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A B R 1 0 2120 I N V E S T M A I S

B L U E C H I P S

Vale (VaLE5)

Vale (VaLE3)HistóricoAs origens da Vale remontam ao ano de 1901, com a fundação da Companhia Es-trada de Ferro Vitória a Minas (CEFVM), que entrou em operação em 1904. Em 1909, a Brazilian Hematite Syndicate, de capital britânico e fundada naquele ano, comprou a maioria das ações da CEFVM e uniu os dois grupos com o objetivo de explorar as reservas de minério de ferro de Minas Gerais. No ano seguinte, foi feito o projeto de levar a estrada de ferro até Itabira, aonde chega apenas em 1943. Em 1911, a Brazilian Hematite Syndicate se transformou na Itabira Iron Ore Company, comandada pelo empresário Percival Far-quhar, norte-americano que, entre 1905 e 1918, foi o maior investidor privado em atividade no Brasil. O primeiro embarque de minério de ferro saiu do Porto de Vitória (ES) em 1940.

Em 1942, o presidente Getúlio Vargas nacionalizou a empresa de Farquhar e a fundiu com a CEFVM para criar a Companhia Vale do Rio Doce. A nova estatal seria responsável, em 1949, por 80% das expor-tações brasileiras de ferro. O controle definitivo das operações da Vale passou ao governo em 1952. Uma das inovações da empresa aconteceu

em 1954, quando ela dispensou a in-termediação de traders para negociar diretamente com as siderúrgicas. A Mina de Carajás foi descoberta em 1967. Em 1974, a Vale se tornou a maior exportadora de minério de ferro do mundo, sendo responsável por 16% do mercado transoceânico do minério.

A fase atual da Vale tem como marco o ano de 1995, quando ela foi incluída no Programa Nacional de Desestati-zação. A venda das ações da empresa

na extinta Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (Boverj) aconteceu em 6 de maio de 1997, debaixo de fortes protestos de partidos de esquerda e sindicalistas. No entanto, os resultados obtidos após a privatização calaram os protestos, hoje restritos a saudosistas do dirigismo estatal e das benesses e a apenas algumas pessoas. No primeiro ano após a privatização, o lucro aumentou 46% em relação a 1996.

A produção, os lucros e os dividendos pagos aos acionistas (entre eles o BNDESPAR, braço de participações do banco estatal BNDES) sobem a cada ano, e a Vale já pagou ao governo em impostos muito mais do que jamais havia pago em divi-dendos durante sua fase estatal. A empresa hoje é a segunda maior do Brasil em valor de mercado e ativos, perdendo apenas para a Petrobras. Na BM&FBovespa, no entanto, a Vale é maior. Suas ações ON e PNA repre-sentavam 16,086% do peso do índice até o fim de março, contra 14,964% das ações ON e PN da Petrobras. Logística – Navio docecanyon

1975

Estrada de Ferro Vitória a minas

1904

Estrada de Ferro CarajásPonte sobre estreito dos mosquitos

1929

Fonte: ww

w.guiainvest.com.br – 19/02/2010

Os analistas Rodrigo Ferraz e Pedro Montenegro, da Brascan Cor-retora de Títulos e Valores, afirmam que há algumas oportunidades para a Vale aproveitar. Em primeiro lugar, a corretora espera que possa ocorrer um reajuste dos preços de minério de ferro maior que o previsto, que também não haja aumento signi-ficativo da oferta a curto prazo e afirma que as grandes mineradoras estão operando próximo de sua capacidade máxima. No mercado chinês, a corretora destaca o fato de que os estoques estão diminuindo, o que deve manter a demanda por um bom período. Por fim, a Brascan relembra que o aumento da frota própria e os contratos de frete a longo prazo garantem um custo abaixo do frete spot atualmente, aumentando a competitividade do minério da Vale na China e melhorando seu poder de barganha nas negociações. Os riscos envolvidos, na visão da Brascan, são de uma desaceleração global do setor siderúrgico, o que pode acontecer caso não haja uma recuperação mundial da economia. Outro risco é a possibilidade de não se fechar um acordo com a China sobre os preços do minério para 2010 e 2011. A China também preocupa caso o governo de lá adote medidas mais duras para restringir o crescimento com o objetivo de evitar bolhas espe-culativas, o que reduziria a demanda por minérios do país, que hoje é o maior cliente da Vale. No entanto, os riscos são pequenos diante das perspectivas positivas. Apostar na Vale neste ano é indicado por praticamente todas as corretoras do mercado e suas ações constam em quase todas as carteiras recomenda-das. A empresa está se desfazendo de ativos não estratégicos e continua investindo em melhorias operacionais e no crescimento da produção de seus principais minérios. Se o crescimento não vier neste ano, devido à conjuntura, ele virá com certeza na sequência e com ele os lucros ao investidor.

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A B R 1 0 23

I P O s

tIVItPerspectiva de lucros com atuação nos bastidores

p o r a D R i a n o K o E H L E R

Existem empresas na bolsa de valores que são praticamente desconhecidas do grande público, principalmente pelo tipo de atividade que fazem. No entanto, alguns de seus serviços são utilizados por milhões de pessoas todos os dias e normalmente se associa esse serviço à outra empresa que não àquela que o disponibiliza. As soluções

de Débito Direto Autorizado (DDA), por exemplo, que nasceram para substituir os boletos em papel emitidos aos bilhões para cobranças de contas e tributos, lançadas pelos bancos na metade do ano passado, não foram feitas por eles.

As transações com cartões de crédito e débito, por exemplo, também passam por outros computadores que não os das principais bandeiras. Uma das maiores empresas brasileiras de bens de consumo opera suas vendas em canais de distribuição por meio de soluções oferecidas por terceiros. Todas essas operações são exemplos de atividades feitas pela Tivit Terceirização de Processos, Serviços e Tecnologia S.A., uma das maiores empresas brasileiras no setor de serviços integrados de Tecnologia da Informação (TI) e Business Process Outsourcing (BPO) da América Latina.

a Tivit opera em um segmento de mercado que vem crescendo nos últimos anos. A empresa oferece soluções integradas de TI e BPO, ou seja, o processamento de

informações de negócios que não são a atividade-chave da companhia, como: servi-ços de contabilidade, impostos e rotinas do departamento fiscal, folha de pagamento e pessoal, entre outras rotinas que uma empresa não queira ou precise executar com pessoal próprio.

Na área de TI, por exemplo, a Tivit pode cuidar do ambiente de mainframe, de client server, dos sistemas abertos e do gerenciamento remoto de infraestrutura de empresas, bem como dar o suporte técnico. Além disso, ela pode oferecer softwares proprietários e de terceiros, como Siebel, Oracle e SAP, assim como sistemas aplicativos e gerenciá-los no dia a dia da atividade da empresa. Na área de BPO, a Tivit pode fazer o processamento de

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I N V E S T M A I S24 A B R 1 0 25

I P O s

Em 1998 nasceu a Telefutura, uma empresa de serviços de BPO com foco em operações críticas e complexas. No ano seguinte, fundos de investimento estrangeiro criaram a Optiglobe e construíram dois data centers com disponibilidade de 99,999% no Brasil. Em 2001, a Votorantim Novos Negócios se tornou acionista da Telefutura e apoiou a empresa nos seus esforços de moder-nização de práticas de gestão e governança corporativa.

Em 2002, a Votorantim Novos Negócios adquiriu 100% das ações da Optiglobe e iniciou uma transformação que ampliou seu escopo, criando uma empresa de terceirização de servi-ços de Tecnologia da Informação (TI). Em 2004, a Votorantim Novos Negócios adquiriu a Proceda, aumentando a escala em serviços de infraestrutura de TI e ampliando o escopo de atuação para BPO.

No ano de 2005, após um processo de integração rápido e bem-sucedido, Proceda e Optiglobe se tornaram uma só em-presa e deram origem à Tivit Tecnologia. A Tivit e a Telefutura, com atuações independentes, intensificaram suas estratégias de BPO. No ano seguinte, a Pátria Investimentos se tornou acionista da Telefutura.

Em 2007, a Tivit e a Telefutura se uniram sob a marca Tivit, criando a primeira empresa brasileira capaz de oferecer serviços integrados de TI e BPO. Nesse mesmo ano, a Tivit comprou a Softway, uma das maiores empresas de BPO do Brasil, aumen-tando seu escopo de atuação em BPO e ampliando sua posição como uma das líderes desse mercado.

A empresa afirma ter cinco diferenciais para atuar nesse mercado: ela procura gerar valor para o cliente e afirma ter ex-pertise de mercado, um portfolio completo de soluções, instalações e tecnologia de ponta e capital humano. A Tivit acredita que a sua habilidade para gerenciar pessoas, processos e tecnologias de maneira eficiente é a principal razão para a manutenção do seu modelo diferencial de negócios e impulsiona o forte crescimento de suas operações, resultando em consistente geração de caixa.

De acordo com a Bradesco Corretora, a Tivit é a única em-presa de terceirização com dois data centers (centro de dados) nível 5 no Brasil (segundo a Clockwork Solutions Consulting) que, de acordo com a administração da companhia, permite que a TI proporcione 99,999% (cinco noves!) de disponibilidade para operações ou missões extremamente críticas de TI. Jun-tos, esses dois centros de dados totalizam uma área de 25 mil metros quadrados, tendo capacidade para realizar e abrigar soluções críticas – até mesmo em mainframes. Os bancos de dados permitem à empresa oferecer operações críticas de TI, particularmente para grandes companhias. Além disso, as operações da Tivit que dão sustentação aos seus serviços de BPO e TI têm sedes em 15 diferentes locais em todo o Brasil, com mais de 23 mil funcionários.

HistóRiCO E PERFiL

a tivit pode não ser conhecida do grande público, mas é um dos maiores players num mercado em franca expansão, que é a informatização e a terceirização de processos de grandes e médias empresas

Variação de tVit3 da iPO até 2 de março

(c) www.advfn.com

BOV:TVIT3

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13

Fev 10Jan 10Dez 09Nov 09Out 09

Fonte: ww

w.advfn.com

back-office, gerenciamento de relação com os clientes, gestão e processa-mento de documentos, gestão de recebíveis e gerenciamento da cadeia de suprimentos, entre outros. Apesar de desconhecidos para a maioria da população, esses serviços são utilizados quase diariamente por quem movimenta dinheiro na econo-mia. O mercado brasileiro de TI e BPO movimentou cerca de R$30,8 bilhões em 2008, de acordo com dados da revista Série estudos. As taxas de crescimento anual estimadas entre 2009 e 2013 são superiores a 10%. E a terceirização vem avançando em vários segmentos da companhia, chegando a médias e pequenas empresas, que percebem as vantagens de se concentrar em suas atividades-chave. Elas são dos setores de saúde, bancos, cartões de crédito, indústria de todo tipo, seguros, serviços públicos e transportes. De acordo com o balanço de 2009 da Tivit, a receita bruta do ano foi de R$1,026 bilhão, ou seja, a empresa possui menos de 3,5% de market share dos segmentos em que atua.

Projeções da International Data Corporation (IDC) mostram que os gastos mundiais com serviços de TI devem crescer 3,2% em 2010. Na América Latina, esse crescimento é projetado em 6,3% e, no Brasil, o maior mercado da região e o que apresenta maior potencial de crescimento, o avanço estimado fica entre 8% e 9%, de acordo com os últimos dados do IDC. Os gastos com BPO devem crescer 9% no mundo e 8,4% nas Américas, ainda segundo a instituição. São tendências globais que também acontecem no Brasil e a Tivit parece estar pronta para se aproveitar delas. Isso porque a empresa mostrou um bom serviço na implantação do DDA. O projeto é uma iniciativa da Federação Brasileira dos Bancos, que visa retirar de circulação os boletos físicos de cobrança, cerca de 2 bilhões por ano, com o objetivo de reduzir custos e aumentar a pra-ticidade, conveniência e segurança das cobranças.

A Tivit venceu a concorrência para fazer o desenvolvimento da solução integrada – software e infraestrutura –, a implementação da solução nos 129 bancos que aderiram à plataforma e a operação, manutenção e melhoria contínua desta. Na primeira fase, a de contratação, a empresa colocou em funcionamento o DDA para boletos comerciais e de cobrança de serviços, que representam cerca de 2,8 bilhões de operações por ano. Na segunda fase, entraram o DDA para impostos municipais, estaduais e federais – cerca de 1,1 bilhão de operações anuais – e, na terceira fase, o DDA para serviços públicos como telefone, energia elétrica, saneamento e gás.

Em outro case citado pela Tivit, ela realiza dois terços de todas as operações com cartão de crédito e 100% das com cartão de débito de uma marca líder, e elas são autorizadas nos data centers da Tivit. A operação envolve 1,31 milhão de POS e equivalentes (as máquinas leitoras de cartões), 70 milhões de cartões, cerca de 1,5 milhão de lojas em 5.343 cidades e um volume aproximado de R$202 bilhões anuais.

A empresa também já acumula alguns troféus em sua galeria. Em 2009, ela foi a 66ª colocada no ranking das cem maiores empresas de outsour-cing do mundo, de acordo com a International Association of Outsourcing Professionals, e ficou entre as dez que apresentaram maior crescimento em 2009. A Tivit foi eleita pela Frost&Sullivan como a melhor companhia de

TI da América Latina e ganhou o Prêmio Info Marcas como melhor empresa de data center e 3ª melhor de outsourcing do Brasil.

Caso de investimento interessanteA Bradesco Corretora, no relatório de início de cobertura da Tivit, considera a empresa “um caso de investimento interessante”. A cor-retora destaca que a Tivit já compôs uma carteira de clientes de alta qualidade, incluindo mais de 300 das 500 principais companhias do Brasil, com todos os contratos tendo durações relativamente longas – em média, cerca de quatro anos.

Os analistas da Bradesco Cor-retora estimam que a Tivit pode mostrar um crescimento médio ponderado anual de 13,2% entre 2009 e 2012, em decorrência da recuperação econômica e do fato de a companhia estar exposta ao setor de serviços financeiros (em segmentos que crescem mais rápido que a economia em geral) e também devido a esforços comerciais mais agressivos.

Os números já apareceram nos resultados do 4T09. A receita líquida da empresa em 2009 foi de R$920,1 milhões, alta de 6,2% em relação ao ano anterior. O lucro líquido deu um pulo expressivo, passando de R$14 milhões para R$68,3 milhões. Houve aumento da margem Ebitda de 18,0% para 20,3% e da margem líquida de 1,6% para 7,4%. A empresa conquistou contratos que totalizam R$594 milhões, além de ter renovado outros que somam R$174 milhões. A Tivit trabalha para alcançar em 2010 um pipeline comercial (possíveis contratos) de R$2,63 bilhões.

Na teleconferência de apresen-tação dos resultados, o diretor de relações com investidores da Tivit, Edson Hiroshi Matsubayashi, disse que acreditava em uma retomada das

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Atualmente, 63,4% das receitas da empresa vêm de seus dez maiores clientes. Outros 32,2% vêm dos clientes colocados entre o 11º e o 50º lugar. Nos Top 10, a Tivit focou esforços para realizar venda cruzada (cross sale) de serviços que agregassem valor, com bons resultados. Neste ano, a com-panhia deve expandir essa estratégia para os Top 11-50, o que deve permitir a realização de bons resultados, mesmo sem a conquista de novos clientes.

Financeiramente falando, a empresa também possui números muito promissores. O f luxo de caixa das atividades operacionais em 2009 foi de R$185,5 milhões, que, excluídos os investimentos, resultou em f luxo de caixa livre de R$128 milhões. Isso para uma dívida líquida de R$83,5 mi-lhões, ou uma relação de 0,4 vezes da dívida líquida pelo Ebitda ajustado, isto é, havia dinheiro sobrando no caixa para pagar todas as dívidas, se isso fosse vantajoso para a empresa.

Outra frente que é promissora para a Tivit é a entrada no segmento de cloud computing, ou seja, programas de computador acessados pela internet sem a necessidade de serem instalados na máquina. O presidente da Tivit, Luiz Mattar, afirma que a empresa entrará nesse segmento de mercado. Ela utilizará tecnologias de virtualização e modelo de cloud computing como impulsionadores de outsourcing e novos modelos de serviço. Edson diz que a empresa já trabalha com a virtualização de servidores e, recente-mente, fechou um contrato com uma companhia aérea a fim de gerenciar 120 servidores para ela, além de possuir uma oferta de private cloud, ou nuvem privada, para alguns clientes.

Os riscos para o negócio são a grande dependência de receita em poucos clientes, o que, em épocas de consolidação do setor financeiro no Brasil, poderia provocar uma queda de receita significativa com a perda de um contrato grande, por exemplo. E, ainda que não haja concorrente que ofereça pacotes completos de TI e BPO no País, há muitos outros que prestam os serviços separadamente, o que é um risco para a empresa. Sem contar o custo da mão de obra, um grande peso para companhias que têm muitos empregados.

No geral, a Tivit parece ser uma boa aposta para quem gosta de ações de companhias bem administradas, grandes geradoras de caixa e com boas políticas de distribuição de dividendos. Há riscos, como em todos os negócios, mas, já que o desempenho da Tivit está atrelado, em grade parte, ao desempenho da economia, este parece ser um bom ano para se investir na empresa.

Faça o rebalanceamento de sua carteira de inves-timentos – Independente-mente de sua estratégia, é importante que você revise

constantemente sua carteira de inves-timentos e confira os porcentuais de alocação de recursos que podem ter se alterado em função dos diferen-tes níveis de rentabilidade de cada categoria de aplicação. Não deixe o mercado acomodar seus recursos em produtos financeiros que não beneficiem o alcance de suas metas. A execução dos procedimentos corretos de alocação e rebalanceamento de seus recursos poderão contar com a ajuda de bons gestores, mas dependerá de sua disciplina e do controle sobre seu patrimônio.

E S P A ç O D E L AI P O s

fAçA VOCÊ mesmO

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Não é preciso pagar muito para administrar sua carteira de investimentos. Você mesmo pode iniciar e gerenciar um portfolio de investimentos com qualidade e baixo custo. Confira, abaixo, cinco dicas práticas e importantes que podem propiciar boa rentabilidade aos seus investimentos a longo prazo:

p o r C L a u D i a K o D j a

Saiba mais:

O Espaço Dela é o primeiro programa de educação financeira para mulheres que contempla todas as etapas de um investimento a longo prazo bem-sucedido. Invista em sua independência financeira! Visite o blog, conheça o programa e participe das palestras. Todas elas são gratuitas e têm cobertura ao vivo pela internet para todo o País!

Claudia Kodja é colunista do Espaço Dela, doutora em história econômica e gestora de investimentos. Confira esse e outros artigos no blog: www.espacodela.com.br.

determine seus objetivos – Estabeleça suas metas e quando pretende alcançá-las. Procure no mercado os investimentos que podem

maximizar a possibilidade de alcançá-las dentro do prazo planejado. Para tanto, verifique qual é sua renda e quanto consegue poupar. Contabi-lize seu esforço de acumulação até o momento analisando o valor atual de todos os seus investimentos e, principalmente, quanto tempo terá até que precise desses recursos para uma eventualidade ou para seus projetos pessoais.

analise o preço de seus investimentos – O que parece muito tedioso para acompanhar é fundamental para assegurar a rentabilidade

justa de seus recursos. Entre várias taxas e tributos, seus ganhos líquidos podem ser reduzidos de forma despro-porcional quando debitados os custos e impostos. O seu gestor deve ser capaz de exemplificar o peso que as taxas e os impostos possuem em seus investi-mentos ao longo do tempo. Compare o valor cobrado pelo serviço prestado e questione os valores pagos àqueles que administram seus investimentos.

defina o perfil de sua carteira de investimentos – O objetivo de qualquer investidor é otimizar o nível de retorno de seus

investimentos, aproveitando as ja-nelas de oportunidade em períodos de expansão do mercado e resguar-dando seus investimentos em épocas de crise. A alocação em carteiras de perfil conservador, moderado ou agressivo é determinada conforme alguns fatores, como sua capacidade futura de poupança, seus objetivos e prazos, cenário econômico, entre outras informações de mercado que podem indicar necessidade de proteção ou possibilidade de riscos adicionais em busca de maior retorno.

Estabeleça sua tolerância a perdas – É preciso saber o que fazer quando o nível de diversificação não puder equilibrar seu portfolio ou

quando seu longo prazo coincidir com um momento de crise do mercado financeiro. Analise o perfil de sua carteira de investimentos e determine qual é o montante de perda que a fará sair de posições de risco e migrar para categorias de investimento mais conservadoras.

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Uma das grandes conquistas da empresa foi ter vencido a concorrência para implantar o débito direto autorizado (dda) nos 129 bancos que atuam no brasil, serviço que substituirá os boletos bancários

iniciativas de outsourcing dos clientes em 2010 ainda maior da que foi vista em 2009, com mais fechamento de contratos. O diretor ainda afirmou que grande parte dos contratos fechados no segundo semestre de 2009 ainda não apresentaram resultados, pois há um tempo, de três a nove meses, entre o fechamento do contrato e a apuração de suas receitas, devido à contratação de equipes e implemen-tação e integração de sistemas. Os contratos têm tempo médio de 50 meses, com taxa de desistência de aproximadamente 2% e, como eles envolvem uma curva de aprendizado e um relacionamento grande com seus clientes, as chances de renovação são sempre grandes. Sem contar que, à medida que seus clientes crescem, os serviços demandados à Tivit crescem também, gerando mais receitas.

tiVit (tVit3)Números da IPOEstreia na Bovespa:28/9/2009

Valor obtido na IPO:R$574,56 milhões

Preço por ação na IPO:R$15,00

Segmento de listagem:Novo mercado

tiVit Em NúmEROsValor da ação:R$16,00

Máxima desde a estreia:R$17,50

Mínima desde a estreia:R$12,05

Valor de mercado:R$1,4 bilhão

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S M A L L C A P S

ODONtOPReVPotencial geradora de sorrisos para o investidor

p o r a D R i a n o K o E H L E R

Quando é que os resultados anuais de uma empresa não são exatamente os esperados pelo mercado, mas mesmo assim as suas recomendações são positivas? Entre outros fatores, isso pode acontecer quando a empresa é líder em um segmento com grande potencial de crescimento, sendo que sua liderança implica uma participação de mercado pequena, pela ausência de grandes players nesse segmento. Esse é o caso da OdontoPrev (ODPV3), maior operadora de planos odontológicos da América Latina.

O s resultados da OdontoPrev no quarto trimes-tre de 2009 foram bons, mas não tanto quanto

o mercado esperava. O lucro líquido no 4T09 foi de R$12,7 milhões, ou R$58,98 milhões durante todo o ano, um aumento de 6,9% em relação ao total de 2008. Isso seria um bom resultado, não tivesse a receita ope-racional líquida aumentado em 19,2%, passando para R$379,4 milhões. Ou ainda não é um bom número quando se avalia o crescimento da base de clientes, de 2,46 milhões para 4,17 milhões de usuários, uma alta de 69,7%. Os números parecem muito ruins, pois, se a empresa cresceu tanto assim em quantidade de clientes, mas não viu as receitas aumentarem ou o lucro crescer junto, há algo errado.

No entanto, o crescimento expressivo da base de usuários se deve principalmente à incorporação dos clientes da Bradesco Dental, realizada em dezembro de 2009. Se fosse considerada somente a OdontoPrev, esse número teria crescido 10,2% apenas, chegando a 2,7 milhões de clientes. Assim que o negócio foi divulgado, a OdontoPrev viu sua base de clientes crescer em 1,46 milhão. E é no trabalho de incorporação desses usuários e da Bradesco Dental como um todo à metodologia de trabalho da OdontroPrev que o foco da empresa estará nos próximos meses.

Em primeiro lugar, a OdontoPrev trabalhará com o aumento do tíquete-médio dos clientes Bradesco Dental. Ao longo de 2009, a receita de cliente da OdontoPrev foi crescendo, de R$12,56 cada um ao fim de 2008 para

R$13,11 ao fim de 2009. Na Bradesco Dental, porém, ocorreu o inverso, passou de R$13,90 para R$12,86 no mesmo período. De acordo com o diretor-presidente da OdontoPrev, Randal Luiz Zanetti, na teleconferência que apresentou os resultados da empresa, os números da Bradesco Dental refletem sua política agressiva de conquista de clientes.

Além disso, a Bradesco Dental também possui índices de sinistralidade, ou seja, número de pessoas que usam os serviços dos dentistas conveniados, acima dos da OdontoPrev. Enquanto aquela mostrou índices de 60,1%, os da OdontoPrev estão em 46,3%. “Isso é normal para o setor, há uma demanda represada por serviços de saúde que é suprida quando a pessoa adere pela primeira vez a um plano odontológico ou de saúde”, explica Zanetti. Segundo o diretor, ao longo de 2010 a empresa estará focada em entender melhor a carteira de clientes da Bradesco Dental para reduzir a sinistralidade e aumentar o tíquete-médio da companhia.

Outro fator importante a ser considerado é que as empresas se uniram em dezembro de 2009, ou seja, ainda não houve tempo para ganhos de sinergia significativos na fusão. Há duas frentes de onde esses ganhos podem vir: do controle de custos internos e da reprecificação de contratos que forem expirando. Essa reprecificação, aliás, viria de qualquer maneira para adequar as estruturas de custo da OdontoPrev às novas determinações da Agência Nacional de Saúde (ANS). Zanetti espera que os ganhos de sinergia venham a partir do segundo semestre deste

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I N V E S T M A I S30 A B R 1 0 31

S M A L L C A P S

A OdontoPrev tem como objetivo oferecer soluções completas e de alta qualidade em saúde bucal. A empresa desenvolve diversos tipos de soluções aos seus as-sociados, com foco principalmente na venda de seguros saúde odontológicos, nos mesmos moldes de Unimed e Amil, por exemplo. A assistência odontológica é, de acordo com a OdontoPrev, o terceiro benefício mais pedido por funcionários de grandes empresas.

A OdontoPrev trabalha com soluções customizadas para cada tipo de empresa e de acordo com suas necessidades, além de proporcionar um atendimento perso-nalizado para a implantação do benefício dentro da empresa. A rede credenciada da OdontoPrev tem hoje 14 mil cirurgiões-dentistas em 1.090 cidades do Brasil. A empresa coloca à disposição de suas empresas-clientes células de atendimento multifuncionais para resolver qualquer problema, além da possibilidade de se gerenciar cada contrato on-line.

PERFiL

A OdontoPrev foi fundada em 1987 por profissionais de odontologia que identifi-caram a oportunidade de propiciar planos odontológicos a clientes corporativos que já tinham o histórico de extensão desse tipo de benefício em seus países de origem e que demandavam elevado grau de pro-fissionalização, qualidade e tecnologia. Em agosto de 1998, investidores de private equity adquiriram o controle da OdontoPrev. Essa associação contribuiu significativamente para o posicionamento estratégico da companhia como consolidadora e líder do setor. A partir de 1999, a empresa começou uma fase de crescimento acelerado com a incorporação de outros planos de saúde odontológicos. Em 1999, ela comprou a Unidont e, em 2000, adquiriu a Clidec.

Em 2006, a OdontoPrev abriu seu capital em bolsa, arrecadando R$522 milhões e colocando 84,2% das ações em circulação no mercado. As aquisições continuaram em 2007, com a compra da DentalCorp e da Rede Dental. A Care Plus e a Sepao Assistência Odontológica Empresarial foram adquiridas em 2008. Nesse ano, a OdontoPrev obteve 51% das cotas da Easy Software, empresa líder no segmento de sistemas de gestão para consultórios, clínicas e operadoras odontológicas. Em 2009, a OdontoPrev comprou a Prontodente Odontologia Integral, a OdontoServ Ltda. e a Adcon Administradora de Convênios Odontológicos Ltda.

A grande mudança aconteceu em ou-tubro de 2009, quando a OdontoPrev e a Bradesco Dental celebraram um acordo de associação para integrar as atividades desenvolvidas pelas duas empresas. Por ele, a Bradesco Saúde passou a deter 43,5% do capital total da OdontoPrev, enquanto os acionistas dela ficaram com o capital res-tante. A empresa resultante já iniciou suas operações com quatro milhões de segurados, configurando-se como a maior operadora de planos odontológicos do Brasil.

HistóRiCO

ano, mas que números expressivos apareçam apenas no 4T10 ou 1T11.

Novas frentes de crescimentoHá três frentes de crescimento que devem ser acom-panhadas de perto pelo investidor e, caso gerem os resultados previstos pela OdontoPrev, trarão bons resultados aos seus acionistas. A primeira delas é a consolidação das atividades da Dental Partner, uma subsidiária integral da empresa dedicada à compra de materiais odontológicos. Anteriormente, a rede credenciada fazia os pedidos de materiais diretamente à OdontoPrev. Ela, por sua vez, emitia uma ordem de compra aos distribuidores, que faziam a compra dos fabricantes. O material seguia o caminho inverso para chegar aos consultórios odontológicos.

Agora, com a Dental Partner e usando um software chamado Easy Dental Software, o dentista faz o pedido direto à Dental Partner, que compra os materiais dos fabricantes sem intermediários. O novo sistema atua sem estoques, em uma operação just-in-time, que permite a redução dos custos dos dentistas. Zanetti afirma que esse sistema está em sua primeira fase de implantação, mas que já mostrou ter custos de operação muito bons.

A segunda frente de crescimento se dá no varejo. Pela parceria com a Bradesco Dental, os planos odontológicos entraram nas metas dos gerentes do Banco Bradesco, ou seja, eles passam a ter interesse em vender os planos pessoa física da OdontoPrev para os clientes Bradesco, já que hoje o banco tem 54 milhões de clientes e presença em todos os 5.564 municípios brasileiros.

A união com o Bradesco dá o tom para a terceira frente de crescimento, dessa vez no México, onde a empresa montou uma parceria com o Iké Grupo Empre-sarial para a distribuição de planos odontológicos que começou há pouco tempo. A OdontoPrev opera do Brasil, via web, os serviços relativos ao controle de qualidade, gerenciamento de sinistro e risco comportamental de associados e cirurgiões-dentistas. O Grupo Iké possui 15 milhões de clientes no México. Outro canal que pode ser utilizado, mas sobre o qual ainda não há estudo de como isso possa acontecer, é o Banco Ibi, adquirido pelo Bradesco no fim de 2009.

avaliação do resultadoO analista Iago Whately, do Banco Fator, teve uma boa impressão geral do resultado do 4T09, mas destacou que os números vieram abaixo das estimativas tanto do Fator como do mercado. Para o analista, houve um aumento na taxa de sinistralidade acima da expectativa, quando era esperada uma queda devido à melhora da economia e consequente queda do benefício odontológico. O Fator também registrou como negativa a redução no tíquete-médio

mensal entre o 3T09 e o 4T09, de R$13,25 para R$13,11, o que a corretora atribui à alteração no mix de vendas e à maior participação dos planos corporativos em relação aos vendidos por meio dos canais de varejo. Por fim, Whately destacou como negativa a alíquota efetiva da provisão de imposto de renda e contribuição, que foi de 38,4% no 4T09, alta de 9,9 pontos porcentuais em relação ao 3T09, devido à adição de despesas não dedutíveis no período, o que explica parte da redução da margem líquida.

Do lado oposto, Whately ressaltou como positivo o aumento do número de beneficiários da OdontoPrev, excluídos os que vieram da Bradesco Dental, o que confirmou a expectativa da corretora de aumento nas vendas de planos odontológicos corporativos em função da recuperação do mercado de trabalho. Outro ponto positivo, e que pode significar uma atuação agressiva da empresa no mercado de fusões e aquisições no segmento, é um caixa líquido ao fim de 2009 de R$538,7 milhões, sendo R$329,6 milhões vindos da Bradesco Dental. Zanetti explica que não há uma meta da empresa de acumular capital além do necessário e que, se houver oportunidades de consolidação no setor, elas serão avaliadas.

Em relatório da Bradesco Corretora enviado aos seus clientes, as ações da OdontoPrev são as favoritas para o setor de saúde, principalmente devido à união

com a Bradesco Dental, o que dá acesso ao amplo canal de vendas, que são as agências do banco com a maior cobertura geográfica do Brasil. Outro ponto destacado pela corretora é o fato de os preços da OdontoPrev serem baixos e sua penetração em planos de saúde ainda ser modesta. A Bradesco indica como positivo também o sistema de gestão de risco de última geração da OdontoPrev, que a faz ter sinistralidade menor que a média do setor (45% contra 49% nos 9M09). Vale lembrar que a Bradesco Corretora opera de maneira independente do banco.

A empresa terá executado, ao fim do primeiro semestre deste ano, desembolsos de R$362,5 milhões para reduzir seu capital, ou seja, dinheiro direto para o bolso dos acio-nistas. Isso sem contar o pagamento de R$72,4 milhões a título de dividendos. Mesmo com esses desembolsos, a OdontoPrev terá um caixa líquido de R$103,8 milhões no fim do primeiro semestre, fora os ingressos de caixa desses seis meses. E, como a empresa possui uma baixa necessidade de investimentos, ela é uma forte geradora de fluxo de caixa livre. Ou seja, é uma empresa que gera dividendos robustos para seus acionistas.

situação de mercadoDe acordo com a ANS, o setor de saúde suplementar no Brasil contava com 54,2 milhões de beneficiários em setembro de 2009, sendo 12,3 milhões de planos exclusivamente odontológicos. O total de receitas das operadoras de saúde suplementar no Brasil foi de R$44,1 bilhões até setembro de 2009. Em 2008, esse total foi de R$60,5 bilhões. As operadoras exclusivamente odon-tológicas tiveram receitas de R$838 milhões nos nove primeiros meses de 2009, contra R$1,17 bilhão nos doze meses de 2008.

O setor é ainda bastante fragmentado. A participação da OdontoPrev antes da associação com a Bradesco Dental era de 21% em setembro de 2009. Se forem somadas as participações dos quatro maiores grupos, eles detêm atualmente 45% do mercado, ou seja, ainda há espaço para fusões e aquisições, pois existem 478 operadoras em atuação no Brasil. Pelos dados da ANS, OdontoPrev e Bradesco Dental teriam juntas 32% do mercado nacional de planos exclusivamente odontológicos.

Outro ponto de potencial crescimento é que o seg-mento de planos odontológicos está fortemente baseado nos planos coletivos, que representam mais de 85% dos comercializados no setor. Isso permite a liberdade na formação de preços, bem como na negociação direta com os contratantes dos seus eventuais reajustes.

Há uma questão importante que tende a ser mais favorável aos planos odontológicos que aos de saúde convencionais. Enquanto nos planos de saúde médico-hospitalares há uma combinação que gera mais custos ao

longo do tempo, como aumento da idade dos usuários e incorporação de novas tecnologias mais caras e não substitutivas, na odontologia em geral há um custo maior no início da cobertura, logo que a pessoa adere ao plano, que tende a ser menor ao longo do tempo. Além disso, as novas tecnologias que aparecem são substitutivas de

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OdONtOPREV | Comentários de Anderson Lueders

Anderson Lueders é conhecido como Small Caps em alguns fóruns de investimento. É formado em direito, com MBA em gestão empresarial pela FGV. Tem experiência como investidor individual no mercado de ações desde 2000, com foco na análise de empresas small caps e desprezadas pelo mercado. Autor do livro Investindo em Small Caps – Um roteiro completo para se tornar um investidor de sucesso, da editora Campus/Elsevier.

E-mail: [email protected]: http://br.advfn.com/p.php?pid=blogbr& blog= small_caps

A empresa OdontoPrev S.A. apresentou forte e consistente crescimento nos últimos anos, especialmente por meio das sete aquisições realizadas após a oferta pública inicial de suas ações. A receita líquida consolidada de 2009 atingiu R$379 milhões, um expressivo incremento de 19,3% em relação a 2008. Esse aumento no faturamento tem sido sistemático, partindo de R$143 milhões no acumulado do ano de 2005. O lucro líquido também apresentou forte evolu-ção, de apenas R$1 milhão em 2002 para R$59 milhões no ano passado.

Com a cotação das ações ordinárias a R$60,75, conforme último negócio realizado no pregão de 3 de março de 2010, o valor de mercado da empresa equivale a R$2,7 bilhões. Seus indicadores fundamentalistas são Preço/Lucro (nos últimos 12 meses) de 45,6 e Preço/Valor Patrimonial de 3,4. A OdontoPrev custa o equivalente a 7,1 vezes o faturamento líquido de um ano.

Os indicadores fundamentalistas evidenciam que o mercado está precifi-cando no presente a continuidade do forte crescimento da receita e dos lucros que a companhia vem exibindo. São poucas as alternativas de investimento em bolsa que chegam a custar tanto no critério do preço em relação ao faturamento, embora há de se considerar que parte dos indicadores menos atraentes se deve ao negócio realizado com o Bradesco, em que houve emissão de mais ações enquanto os balanços dos últimos 12 meses não evidenciam as receitas e os lucros advindos da Bradesco Dental.

Não restam dúvidas acerca das qualidades da OdontoPrev, que tem características muito interessantes: possui geração de caixa muito forte, com baixa necessidade de investimentos; tem disponibilidade financeira bastante superior ao passivo; distribui recursos aos acionistas por meio de dividendos e/ou restituição de capital; associou-se ao Bradesco (Bradesco Dental), permi-tindo a continuidade do crescimento das receitas e o aumento de novos clientes pela rede de distribuição do referido banco; é líder de mercado e atua como consolidadora num setor altamente fragmentado, além de negociar no Novo Mercado, o que adiciona garantias ao investidor minoritário.

Durante a crise, quando suas ações foram muito penalizadas, o risco do in-vestimento era bastante inferior. Atual-mente, o investidor deve ficar ciente de que estará adquirindo ações de uma empresa com muitas virtudes, mas que correrá riscos adicionais associados ao preço. Com efeito, o crescimento futuro precificado é o maior risco do investidor, especialmente após a alta de 200% que suas ações experimentaram em 2009. Isso porque, caso esse crescimento não ocorra, é grande a possibilidade de a expectativa positiva frustrada levar à desvalorização das ações. Essa é a razão que desencoraja o investidor mais conservador a comprar as ações, pois ele prefere ativos em que os lucros presentes justificam desde já o valor de mercado.

S M A L L C A P S

Indicadores de mercado (12m) 12/2007 12/2008 12/2009 26/2/2009

Balanço (no exercício) 12/2007 12/2008 12/2009

Indicadores financeiros (12m) 12/2007 12/2008 12/2009

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anteriores, não incorrendo em grandes acréscimos de custo. E o aumento da idade das pessoas troca o perfil de tratamento, mas não o deixa mais caro.

Para finalizar, pode-se comparar o tamanho do mercado brasileiro ao norte-americano. Nos Estados Unidos, a penetração dos planos odontológicos está próxima da maturidade, cujo crescimento acompanha

basicamente o aumento populacional, com cerca de 64% dos associados a planos médico-hospitalares e 57% da população total. No Brasil, mesmo consideradas as diferenças de renda, o setor está em estágio inicial, com penetração de 28,5% em relação aos associados a planos médico-hospitalares e cerca de 6,2% da po-pulação total.

OdontoPrev (OdPV3)

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I N V E S T M A I S34 A B R 1 0 35

E como se proteger dos malefícios do medo? Aprenda com os erros, e não simplesmente esconda-os. Se de alguma forma os movimentos do mercado parecem misteriosos para você, é porque o comportamento dele deve estar fora do normal nesse momento. Não tente prever as movimentações no caos momentâneo, aguarde até que você tenha indícios de que existe razão para tais movimentos.

Para Mark, 90% dos lucros da bolsa vão para um pequeno grupo de operadores. Os outros 10% seguem para o bolso da maioria – uma fatia maior de pessoas que abocanha apenas 10% do lucro. E o que difere esses dois grupos de traders? Muito simples, os investidores que conseguem lucros consis-tentes, ou o pequeno grupo, seguem o estilo de operação com grande disciplina mental. Esses investidores se baseiam na estratégia mental de autodisciplina aprendida, controle emocional e habilidade de mudar a “cabeça” em função do mercado. “Vale lembrar que o mercado está sempre certo”, afirma Mark.

Como adquirir autodisciplina e controle emocional? Essas são competências conquis-tadas por meio do resultado da tentativa e do erro. No fim desse túnel restam poucos inves-tidores, já que muitos acabam perdendo todo o investimento antes e aqueles que conseguem bancar esse “crescimento” como investidores não superam a dor psicológica da perda e aban-donam o mercado – restando apenas os que conseguiram avançar no lado psicológico.

O que é preciso entender para ter sucesso? Observe a atitude de quem obteve sucesso investindo em ações. Não foi o mercado ou as ferramentas e métodos que mudaram comple-tamente, quem mudou foram os investidores, por isso é importante anotar os passos no mercado. Anotar suas operações é a única maneira de se autoavaliar e ir melhorando suas operações com o passar dos anos. Como diz um velho ditado: “Aprender com os próprios erros é inteligência, enquanto aprender com os erros dos outros é sabedoria”.

L I V R O D O M Ê S

“NãO é VOCÊ CONtRA O meRCADO, é só VOCÊ”

p o r f R a n C i s C o t R a m u j a s

Livro: O operador disciplinadoAutor: Mark DouglasEditora: New York Institute of Finance

Para saber mais:

Autor afirma que 80% das operações dependem do controle emocional

C lássico entre os investidores, a obra O operador disciplinado (ou, para quem preferir a versão em inglês, The disciplined trader) de

Mark Douglas revela, em um dos capítulos do livro (Trading emocional), como o lado emocional pode influenciar no sucesso das operações finan-ceiras. Baseado na opinião de operadores, o autor afirma que 80% das operações no mercado de ações dependem do controle emocional. Isso mesmo, 80%. E quanto aos outros 20%? Os 20% restantes são creditados às análises, podendo ser fundamentalista e/ou técnica.

Para Mark, uma operação de sucesso se baseia nos seguintes pilares: análise de mercado e sistemas de operação, psicologia (inteligência emocional) e gerenciamento de risco. O mercado nada mais é que o espelho das sensações e medos dos investidores, portanto, também é cercado por uma maré psicológica que vai muito além da razão. Logo, o investidor experiente sabe entender como ele funciona: “Não é você contra o mercado, é só você”.

Mark ressalta que o lado emocional é muito forte e intrínseco a todos nós e relembra que “as pessoas gostam de sentir os nervos atiçados”. Se prestarmos atenção ao nosso lado, é interessante ver que nós estamos a todo momento comprando bilhetes de loteria, indo até paraísos de jogos de azar, como Las Vegas, reduzindo a velocidade do carro para ver mais de perto um acidente, entre outros tantos acontecimentos do gênero. Isso faz parte do ser humano.

As pessoas estão dispostas a perder dinheiro para, em troca, entreter-se. A fim de tornar esse exemplo mais claro, peço a permissão do autor para abrasileirar um pouco a história. É como se qualquer cidadão comum tivesse a chance de, em meio a um clássico decisivo do Campeonato Brasileiro de Futebol entre Flamengo e Corinthians, estar em campo. Mas não como um espectador, e sim trocando passes no ataque do Flamengo com Adriano e Petkovic.

Já imaginou se, por um determinado valor, você pudesse dar um passe para Adriano concluir o gol? E melhor, se o atacante do Flamengo fizesse o gol do título e você fosse pago, igual a um desses profissionais da bola, como prêmio? Muitos hesitariam ao se deparar com um convite desses. No fim das contas, essa cautela inicial pode ser a responsável pela sorte de principiante, segundo Mark.

Após certa hesitação, você entra em campo iluminado, acerta uma série de jogadas e o Flamengo é campeão brasileiro com um placar de 2 x 1 contra o Corinthians. E melhor, os gols do rubro-negro carioca

aconteceram com a sua participação, primeiro com um passe para o gol de Adriano e, depois, com a falta sofrida que ocasionou o gol de falta de Petkovic.

Nesse momento, o emocional toma conta das suas atitudes. Você se imagina como o melhor dos jogadores e que, por esse motivo, pode viver apostando para ganhar mais dinheiro em oportunidades como essa. Nesse ponto, Mark é muito claro na sua percepção: “Amadores gananciosos começam a correr para o gramado muitas vezes, mesmo se o jogo não oferece oportunidades positivas de se fazer uma boa partida. Antes que eles percebam aquilo que os atingiu, um punhado de perdas destrói suas meteóricas carreiras”.

Outro bom exemplo destacado no livro é o convite que o autor faz para ir ao hipódromo e assistir a uma corrida de cavalos – é outro interessante exercício, segundo o autor. As corridas de cavalo são um bom modelo de trading emocional se você observar atentamente a reação dos apostadores. Alguns deles gritam, outros se contorcem, vibram e esmagam o bilhete de aposta como se quisessem transferir a energia positiva do bilhete para o cavalo. Grande parte daqueles que ali estão apostam por emoção e, possivelmente, desconhecem até mesmo o histórico dos cavalos em que apostaram. Os ganhadores vibram, e os perdedores “choram”.

Os cassinos são outra boa fonte para uma análise dos riscos de não trabalhar corretamente a emoção. Em Las Vegas, os cassinos sabem muito bem a importância do fator emoção quando se refere ao seu público-alvo, os apostadores. Os desejos, as alegrias e as dores que ocorrem nos cassinos são os mesmos no mercado de ações, por exemplo. E como os cassinos se preparam para isso? Eles oferecem drinques grátis porque sabem que os bêbados se tornam mais emocionais e, consequentemente, apostam mais. E que tipo de clientes costumam repelir? Os racionais, aqueles apostadores que contam as cartas e sabem controlar a emoção na hora da aposta. Dessa forma, no mercado de ações você está em vantagem em relação aos cassinos, não há o que lhe tire dali porque você é um bom operador. Mas tome cuidado para proteger seu lado emocional.

Ao estar no mercado de ações, prepare-se para os danos psicológicos (que as perdas podem causar) e trabalhe seu medo. Mark descreve que o medo surge de uma crença nossa sobre condições ambientais que tem o potencial de causar tanto dor física quanto emocional, como estresse, ansiedade, confusão, desapontamento e traição. E o autor conclui: “As pessoas geralmente evitam a dor instintivamente por meio da criação de defesas contra a intrusão de informações do ambiente que confirmariam a existência de qualquer conflito”.

Como o medo pode atrapalhar o investidor?• Diminui a percepção – O medo vai diminuir sua percepção de boas

oportunidades. Isso irá inibir sua percepção de toda informação disponível no mercado.

• Reduz a capacidade de responder rapidamente ao mercado – O medo vai limitar sua capacidade de resposta. Operadores sofrem consideravelmente quando eles sabem exatamente como devem agir, mas, por medo, acabam imobilizados.

• Diminui a autoconfiança – O medo atrai a ansiedade e a confusão, que aumentarão no investidor o sentimento de autodesprezo ou a falta de poder.

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investimentos que são alocados para renda variável, enquanto o específico se remete a quanto se pode perder em cada operação isolada. Tudo tem de estar sempre pla-nejado e dentro de suas possibilidades, tanto financeiras quanto emocionais.

Só coloque em bolsa dinheiro alocado para longo prazo do qual você não precise e que esteja dentro de seu planejamento. Se ele permite 40% do seu capital em bolsa (renda variável), não coloque mais porque acha que ela vai subir ou por qualquer outra razão sem sentido. Antes de montar qualquer operação, em vez de pensar no que podem ganhar, pense: “Quanto eu posso perder nesta operação se tudo der errado?”. E tudo dar errado inclui o stop* não ser acionado, pois ele é uma ferramenta de defesa, e não de controle de risco.

Dá trabalho, não é mesmo? Mas por que exatamente você acha que a maioria das pessoas perde na bolsa? Por-que ela acredita na fantasia de que a bolsa é uma entidade criada para colocar dinheiro fácil no bolso dos amadores. Se quiser sair da manada e realmente ter chance de vencer como investidor, isso vai dar algum trabalho.

2. Expectativa positiva de acúmulo de capital a longo prazo – É difícil precisar ou calcular na bolsa. E nem é necessário que se tenha uma fórmula matemática ou algo assim. Mas é preciso compreender seu significado. Vamos usar um exemplo simples, o do cara e coroa. Se você faz uma aposta com um amigo, na qual com cara você ganha um real e coroa você paga um real para ele, a expectativa matemática é zero. Como a moeda tem 50% de chance de cair cara e 50% de cair coroa, a longo prazo a tendência é que nenhum dos dois ganhe dinheiro, apesar de que a curto prazo qualquer coisa pode acontecer, como sair o mesmo lado da moeda diversas vezes seguidas. Veja: EV=(0.50*1)+(0.50*-1)=0.

Quando falamos em investir em ações, temos de lem-brar que há custos de taxas, corretagem e impostos, na verdade, a longo prazo, se fosse em bolsa, ambos sairiam perdendo. Para ser vencedor na bolsa, o método utilizado não pode apenas ter expectativa positiva, ela deve ser maior que os custos e suficiente para pagá-los, ser positiva e, de preferência, acima do CDI, do contrário não há sentido em assumir um risco maior a curto prazo da renda variável. Considere agora que você conseguiu a seguinte aposta: com cara ganha dois reais e coroa você paga apenas um real: EV=(0.50*2)+(0.50*-1)=0.50.

A expectativa dessa aposta é positiva em 50 centavos, independentemente de a moeda cair em cara ou coroa – disso

se conclui que você tem um bom método (desde que o item 1, controle de risco, esteja sendo respeitado) e seu amigo um método ruim, com ou sem controle de risco adequado. O resultado do lançamento da moeda não importa. Para você, só interessa jogá-la muitas vezes. Cada vez que joga a moeda, você ganha 0,50 centavos de expectativa e, a longo prazo, ela tende a ser convertida em dinheiro. Nada disso é garantido, e nada na renda variável é garantido, mas, quando seu foco na bolsa muda de tentar ter lucro em cada operação para executar um método com expectativa positiva a longo prazo, suas chances melhoram muito e se tornar um bom operador (próximo item – 3) fica mais fácil também.

3. bom operador – Se tornar um bom operador é o mais difícil de todos. Além disso, é dependente dos outros dois itens. Se o controle de risco não é adequado, é impossível operar direito, pois, sob a pressão do dinheiro, o operador acaba realizando lucros baixos e deixando de “stopar” (parar) prejuízos quando pequenos, acabando por assumir prejuízos grandes e com o capital diminuindo em vez de aumentar. Se o método não é adequado, também não há como operar direito.

E afinal o que é operar direito? É fazer um planejamento completo que consiste nas estratégias gerais do método e táticas específicas de cada operação, com controle de risco adequado. O bom operador é aquele que coloca tudo isso em prática. O operador é aquele que na hora de operar não pensa em nada, não acha nada, apenas executa o plano. Claro que, por mais que se planeje, sempre vai sobrar espaço para algum subjetivismo, algum bom-senso, mas, quanto mais objetivo for o plano, mais ele prever todas as possibilidades e menos espaço der às decisões na hora da operação, melhor. A definição do bom operador é simples: executa o plano sem pensar em nada, apenas executa e, quanto mais planos são executados, melhor vai se tornando o operador.

Esses, então, são os três vértices do triângulo para sobreviver e vencer na bolsa. Erros não têm nada a ver com ganhar ou perder dinheiro. Tire o dinheiro da conta, ele é consequência de operar direito, e não a razão em si. Quem opera dinheiro normalmente perde. O que deve ser operado, e bem, é um método com esperança matemática positiva para acúmulo de capital a longo prazo e com bom controle de risco. E tem de se ter os três. Erro na bolsa é quando um desses vértices não é respeitado ou executado adequadamente.

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C O L U N A D O B A S T T E R

O que são os erros na bolsa e como aprender com eles

C laro que as pessoas são todas diferentes, mas alguns erros são repetitivos e muitas os cometem. O ideal

é que, a cada erro, venha o aprendizado. Muitos erram e nem sabem que estão errando – nem exatamente o que sejam erros na bolsa.

Primeiramente, vamos definir o que é um erro na bol-sa. A crença popular é que o que deu lucro é certo e o que deu prejuízo é errado. Não há prejuízo maior na bolsa que ganhar dinheiro fazendo uma operação errada, pois isso fará com que se aposte mais em operações ruins, levando a perdas maiores lá na frente. Como é muito difícil para o ser humano detectar ou aceitar um erro quando se tem lucro, operar errado tem este risco enorme: ter lucro. Operar errado o coloca diante do risco enorme de ter lucro – por mais idiota que seja, pode dar lucro uma vez ou outra. E, tendo lucro, você pode se

enganar achando que o errado é certo e ir dobrando ou triplicando a aposta no caminho errado até o dia em que a conta é cobrada.

Para compreender o que é erro na bolsa, há de se ter uma visão de resultados a longo prazo com um método, e não com cada operação isoladamente. Não se deve analisar cada operação pelos seus resultados individuais, mas sim pela sua importância dentro de um método. Se eu faço uma trava de opções, por exemplo, não importa o resultado isolado dela, e sim como se encaixa no meu método de operar opções a longo prazo. Para um método ser vencedor a longo prazo, ele precisa de:

1. Controle de risco – O controle de risco é o mais importante e pode ser dividido em duas partes: geral e específico. O geral diz respeito ao porcentual de seus

maurício “bastter” Hissa é palestrante de educação financeira, mercados e opções e autor dos livros Investindo em opções e Sobreviva na bolsa de valores, além de ter traduzido e adaptado diversos livros sobre mercado e eco-nomia. Amante dos esportes, pratica ativamente triatlo e corrida de rua. O nome Bastter foi “emprestado” de seu cão pastor branco. É autor do site Bastter.com – voltado aos iniciantes no mercado financeiro com área de aprendizado, fórum de mercado e muito mais.

*stop – Ponto predeterminado (preço ou qualquer outro marcador) em que você pretende desmontar sua operação e assumir o prejuízo se for atingido. Tem como objetivo limitar o tamanho da perda.

e AgORA?p o r m a u R Í C i o " B a s t t E R " H i s s a

eRR I!e

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de orçamento, uso do cartão de crédito, carros, imóveis, etc. O segundo bloco, onde o site é mais focado, apresenta informações sobre investimentos, mais especificamente a respeito de renda variável, com artigos sobre o mercado de ações e derivativos. E, finalmente, o terceiro oferece ferramentas exclusivas e diferenciadas para o controle financeiro e o acompanhamento de informações do mer-cado de ações e opções.

Apesar de recente (o Investpedia está no ar desde janeiro de 2010), o site é sucesso de público. Em seu primeiro mês de vida, foram cerca de 10,5 mil visitas – um número muito expressivo para um site que ainda não foi divulgado de forma massiva.

Maiores destaquesAs ferramentas oferecidas ao leitor do site são um gran-de diferencial, assim como o conteúdo que é bastante completo. O Investpedia possui um software gratuito de controle financeiro, gráficos e informações atualizadas diariamente de maneira automática do saldo de ações alugadas, posições de opções em aberto, etc. “Isso é único no Brasil, pois não conhecemos nenhum outro site que disponibilize essas informações da forma como tratamos no Investpedia”, relata Sinésio.

O próximo objetivo do site é conseguir 5 mil usuários no primeiro ano de operação e triplicar esse número no segundo ano, além de construir uma comunidade para a troca de informações de qualidade e experiências entre os usuários. “Não queremos ser o maior, mas sim estar entre os melhores conteúdos sobre finanças e investimentos do Brasil. Nosso foco é na qualidade”, finaliza Sinésio.

Para os leitores da InvestMais, o Investpedia deixa um recado: “É preciso haver interesse em se organizar finan-ceiramente. Sem interesse não existe milagre. Construir riqueza não é um privilégio de poucos, mas sim uma questão de escolha pessoal. Só depende de você, e eu diria que o Investpedia é um site onde você encontrará informações sobre como começar a se organizar financeiramente, desde o planejamento do orçamento doméstico até a fase dos investimentos. Caso já possua algum conhecimento ou seja investidor, diria que no site você encontrará ferramentas exclusivas sobre o mercado, além de outras novidades que estamos preparando”.

Conhecimento gerando rendimento

p o r F r a n c i s c o T r a m u j a s

@ Visite o site: www.investpedia.com.br

www.investpedia.com.br

S I T E D O M Ê S

Investpedia, a enciclopédia dos investidores na web

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O Investpedia foi desenvolvido pelos amigos e sócios Sinésio Alves, publicitário, e Felipe Grossi, agente

autônomo de investimentos e consultor de TI especializado em web 2.0. Para dar nome ao novo projeto, que nascia com a bagagem de dois apaixonados pelo mercado de ações e tinha o intuito de educar o mercado, os sócios escolheram chamá-lo de Investpedia. A escolha dava o tom do que os amigos gostariam de construir na web.

“O escopo do projeto nasceu em 2009 e, ao longo do ano, foi tomando forma e sendo aperfeiçoado com o período em que foi iniciada sua programação. O site foi ao ar em janeiro de 2010”, relata Sinésio. O Investpedia oferece um conteúdo diferenciado, completo e didático, além de ferramentas exclusivas de suporte para operações no mercado e uma comunidade em que os usuários podem trocar informações entre si. A preocupação do Investpe-dia é auxiliar o investidor iniciante e, até mesmo, o mais experiente no mercado de ações.

“A ideia do site é levar conhecimento e informações de qualidade para quem deseja conquistar a independência financeira. Eu sempre lia dicas de economistas sobre como organizar as finanças, aplicando o bom e velho método ‘anote tudo o que gasta em um caderninho’ e, apesar de duvidar e achar que o método não funcionava, resolvi testá-lo. De lá para cá, tudo mudou. Com a saúde financeira em dia, o interesse pelos investimentos é inevitável e logo se pensa na bolsa de valores”, completa Sinésio.

E quem ainda não investe em ações o que ganha com o Investpedia? Quem não investe no mercado pode des-frutar dos artigos que ensinam e incentivam os indivídu-os a se organizarem financeiramente, desde a fase do orçamento doméstico e pessoal até a de investimentos propriamente dita.

Não é à toa que o slogan do site é: “Conhecimento gerando rendimento”, o qual traduz sua missão, que é preparar as pessoas para a conquista de uma vida financeira saudável, sempre por meio da busca de conhecimento.

O conteúdo do site é 100% gratuito, vai desde o princípio da educação financeira até a fase de investimentos, uma coisa leva a outra e ambas andam juntas, como os autores gostam de ressaltar: “Para sair das dívidas e começar a poupar, é preciso aprender a se controlar financeiramente. Só poupa quem se controla, só investe quem poupa e só adquire riqueza quem multiplica o capital por meio de investimentos. Esse é o segredo!”.

Para facilitar a navegação do usuário, o site é dividido em três blocos. O primeiro possui informações para a organi-zação e para o controle das finanças pessoais, com dicas

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C O L U N A G R A D U A L

PReseNte De gRgOp o r a n D R É P E R f E i t o

O mundo ficou em sobreaviso nas últimas semanas com o caso grego e dos países que formam o elo mais

fraco da moeda única europeia. O conjunto desses países foi apelidado jocosamente pela imprensa internacional como PIGS, oriundo de Portugal, Irlanda, Grécia e Espa-nha, para contrapor a sigla da moda e a tábua de salvação mundial: os BRICs. Muita gente se pergunta se o evento na Europa é, de fato, significativo ou apenas mais um factoide no agitado mundo financeiro, afinal é muito difícil acreditar que a pequena Grécia possa efetivamente levar para a vala comum da descrença mundial o velho continente e suas superpotências Alemanha e França (a Inglaterra ainda zela orgulhosa de sua tradicional Libra Esterlina).

A sorte do Euro depende, sim, dos desdobramentos com aquela pequena economia periférica, e o motivo é simples. Comecemos pelo princípio. O que é uma moeda? De forma simplificada posso dizer que é uma relação social. As moe-das, já faz algum tempo, deixaram de ter lastro em ouro para tê-lo em governo. Vale porque acreditamos que vale, ou melhor: porque aceitamos que vale. Toda e qualquer moeda no mundo precisa ter sempre alguns elementos, os principais são o numerário (R$5,00 ou US$100,00) e a assinatura de alguma autoridade econômica (pode ser o presidente do Banco Central, do Ministério da Fazenda, do Tesouro Nacional ou uma combinação desses).

O que faz, então, uma moeda ter valor? No fundo é a saúde do governo, mais especificamente das suas contas nacionais e dos seus gastos. É pobre a comparação, e tam-bém muito leviana, mas serve aqui: imagine se cada pessoa pudesse emitir sua própria moeda, o que daria lastro a essa moeda? A credibilidade do emissor, ou seja, há apenas a credibilidade daquela pessoa.

Vejamos com mais cuidado os países proble-máticos da Zona do Euro. Ao ser implementada a nova moeda, os signatários tiveram metas para cumprir quanto a gastos fiscais. Efetivamente isso aconteceu. A Espanha, por exemplo, tinha deficit de quase 7% do PIB em 1995 e conseguiu reverter para 1% de superavit

em 2005. Trajetória semelhante foi observada na maioria das economias europeias, até mesmo nas que hoje estão no olho do furacão. No entanto, veio a crise econômica de 2007 e esses mesmos países tiveram de fazer políticas anticíclicas, seja cortando impostos ou injetando dinheiro na economia. Isso reverteu a trajetória benigna da dívida pública e estourou parte das contas públicas desses países. O superavit espanhol de 1% do PIB irá se transformar, segundo o FMI, em um deficit de 12,3% em 2009.

Esses países estão se endividando e a economia não decola, forçando duplamente as contas públicas. Isso tudo em conjunto cria, sim, sérias dúvidas em relação ao Euro. Os líderes europeus devem agir em breve para resolver essa questão, eles sabem que, quanto mais tempo demo-rarem, mais cara a fatura vai ficar. E não é do interesse da Alemanha nem da França que o projeto da moeda única naufrague. Não se sabe ainda o modo que essa ajuda será consertada: se via Banco Central Europeu ou pelo FMI. Independentemente da forma que seja, o que fica é a certeza inviolável de que confiança é um ativo que dificilmente se ganha, e pode-se perder num piscar de olhos.

André Perfeito é economista da Gradual Investimentos.

@ Visite o site: www.gradualinvestimentos.com.br.

Foto: Divulgação

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AlgOtRADINgp o r a D R i a n o K o E L H E R

Para os saudosistas, o pregão a viva voz, aquele celebrizado por inúmeros filmes e reportagens diretas do pregão das bolsas de valores, ainda é o que melhor representa a bolsa. No entanto, a evolução tecnológica deixou de lado esses personagens que difundiram no imaginário popular as bolsas de valores ao substituir o agente humano de fechamento de negócios por computadores que executam muito mais operações em menos tempo, com menor chance de erros. Há dois anos, a BM&FBovespa aboliu o pregão a viva voz e todas as negociações têm sido feitas por computador. Mas há uma nova tendência que irá afetar a vida de todos os investidores e deve ser acompanhada de perto por quem tem investimentos em ações: o algorithmic trading, ou negociação algorítmica.

Os ROBôs OPeRADORes DO meRCADO De Ações

N a matemática, um algoritmo é um conjunto limitado de instruções bem definidas e não contraditórias

entre si, cada uma delas podendo ser executada em um período de tempo finito e com uma quantidade de esforço finita. Nos computadores, os algoritmos são a base dos programas de computador, pois recebem dados do usuário do programa e devolvem uma resposta com base no conjunto de instruções com o qual foi progra-mado. O algoritmo mais famoso e usado no mundo hoje é do Google, o mecanismo de busca que recebe os dados (o tema que é pesquisado) e, com base no seu conjunto de instruções, devolve uma lista de respostas ao internauta.

No mundo das bolsas de valores, o algorithmic trading, mais conhecido como algotrading, é o uso de programas de computador para o envio e execução de ordens de negociação com base em algoritmos definidos previamente pelo usuário, levando-se em consideração uma série de fatores que ele define: preço de compra, venda, variação pretendida para o papel, volume de negociação, liquidez, etc. Apesar de ser um programa de computador, é importante lembrar que nenhum deles elimina a necessidade de um agente humano para definir que parâmetros serão usados na negociação.

De acordo com o sócio-diretor da BLK Sistemas Financeiros, Rogério de Paiva Bezerra, os algoritmos fazem uma avaliação computacional do mercado para determinar o momento ideal de se comprar ou vender, de acordo com os parâmetros dados ao programa pelo investidor à luz do momento, se o mercado está sobrecomprado ou sobrevendido. “A grande vantagem dos algoritmos é que o computador é frio, não olha o lado emocional. Quando se chega ao ponto que se quer, de acordo com a estratégia determinada, o programa manda a ordem para execução”, comenta. Para Bezerra, quando um investidor diz que acha que um papel pode subir ou descer, dependendo da situação, ele pode pôr tudo a perder. A BLK é a produtora do robotrader, que, segundo Bezerra, está presente em 7 das 10 primeiras corretoras e em 13 das 20 primeiras do ranking da BM&FBovespa.

Para o gerente de operações eletrônicas da XP Inves-timentos, Fernando Kazan Chehebe, há uma tendência mundial que favorece o envio de ordens por “robôs”, isto é, os programas que usam os algoritmos para determinar o momento de cada operação, em detrimento de um operador humano. “A grande vantagem do sistema é que se consegue uma melhor execução de ordens, ou seja, ele reduz a possibilidade de erro humano e aumenta as chances de que o resultado seja mais próximo ao de-

sejado pelo investidor”, explica. Ele dá como exemplo operações de long short, aquelas em que se arbitram duas ou mais ações para aproveitar as diferenças de cotações entre elas. “Antes, os cálculos com números de quatro casas decimais eram feitos à mão, e um pequeno erro na hora de mandar a ordem poderia resultar em um grande erro no fim da execução”, esclarece Fernando.

O número de algotradings no Brasil ainda é pe-queno. Menos de 10% dos negócios na BM&FBovespa são feitos usando esses sistemas. Nos mercados mais desenvolvidos, no entanto, mais de 70% dos negócios são realizados via sistemas de algotrading.

Vantagens Bezerra enumera algumas vantagens dos programas de algotrading para o investidor, entre elas o fato de que o sistema acompanha as sete horas de pregão sem inter-rupção alguma, podendo fazer até 1 bilhão de contas por segundo. “Não há operador humano que consiga fazer tantas contas assim para avaliar o momento certo de entrar ou sair de um papel”, comenta. Outra vantagem é que, por ser um programa, ele retira o componente emoção do trading.

Para o gerente de produtos da CMA, Raphael Juan, sistemas de algoritmos como o produzido pela sua em-presa, o CMA Algoritmos, possuem grande agilidade operacional, alta frequência de negociação, execução automatizada de ordens, identificação de oportunidades, automação operacional, flexibilidade e a possibilidade de realizar operações simultaneamente em multimer-cados para vários clientes. “Para as instituições que os usam, implica redução de processos manuais e de erros humanos com o aumento do nível de segurança operacional, permite atendimento a um maior número de clientes e aumenta a produtividade, o que se traduz em lucro para elas”, comenta.

O sócio-diretor da Link Investimentos, Daniel Mendonça de Barros, afirma que a grande vantagem dos sistemas de algotrading é que eles são provedores de liquidez do mercado. “Como esses sistemas são programados para fazer muitas operações de compra e venda em um curto espaço de tempo, eles aumentam a liquidez e tornam o investimento em ações melhor. Sem eles, nos momentos de crise, as quedas nas cotações seriam ainda maiores”, explica. Uma maneira fácil de detectar se os papéis de uma empresa têm muitos ne-gócios feitos via algotrading é ver se o spread, ou seja, a diferença de preços de compra e venda, é pequeno. Quanto menor, maior a presença dos robôs nos negócios daquele papel.

C O M O F U N C I O N A

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C O M O F U N C I O N A

Nos Estados Unidos, recentemente um executivo da Security Exchange Comission (SEC), a CVM de lá, ergueu a voz contra o uso dos sistemas de algotrading, afirmando que eles davam uma vantagem ilegal para alguns operadores no mercado. No entanto, isso era verdade devido à arquitetura do mercado de lá, como explica Fer-nando Kazan. Enquanto no Brasil há apenas uma bolsa de ações e uma de mercados futuros, nos EUA há várias bolsas de ações. O que aconteceu era que algumas instituições de grande porte tinham acesso às ordens de compra e venda antes de elas serem colocadas efetivamente no mercado – cinco milissegundos antes, o que é um bom tempo para computadores capazes de fazer 1 bilhão de cálculos por segundo –, dando a essas instituições vantagens que os investidores comuns não tinham.

Esse acesso privilegiado era dado por algumas bolsas a certas instituições com o objetivo de aumentar sua liquidez, o que ficou denominado como Naked Access. Barros complementa que, como uma mesma ação pode ser negociada em várias bolsas, essas instituições aproveitavam a diferença de cotação que poderia existir naquela fração de tempo para lucrar. A SEC trabalhou para impedir esse tipo de acesso.

No Brasil, pelo fato de a BM&FBovespa ser monopolista, isso não acontece. Ela disponi-biliza a todas as corretoras as informações de mercado ao mesmo tempo. O que pode variar é o tempo que se leva para o sistema de cada corretora analisar as informações e tomar a decisão. Isso implica investimentos em equi-pamentos e sistemas. “No caso dos sistemas, cada um tem sua inteligência, e inteligência é vantagem competitiva, que é algo que sempre foi usado como diferencial no mercado”, argumenta Fernando. Outro ponto que impede a ocorrência do que aconteceu nos Estados Unidos é que há dois filtros de risco para as operações na bolsa, de acordo com Barros: um na corretora e outro na BM&FBovespa. Esses filtros impedem que um investidor faça operações em valores muito acima de suas capacidades financeiras, ou seja, mesmo que o robô mande ordens de maneira errada devido a uma pane, por exemplo, os sistemas da corretora e da BM&FBovespa im-pedirão a sua execução. Por fim, nos Estados Unidos alguns fundos podem operar na bolsa diretamente, sem passar por uma corretora, o que não acontece no Brasil.

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As desvantagens associadas ao algotrading, na opinião de Bezerra, são mais de ordem técnica que de sucesso para o investidor. De acordo com ele, para obter sucesso no uso desses programas, é necessário ter conexão de fibra ótica com a bolsa, um ambiente de negociação seguro com redundância, fornecimento de eletricidade garantido e, principalmente, muito conhecimento dos conceitos de análise gráfica para poder colocar os parâ-metros corretos nos algoritmos de negociação. Raphael enumera outra desvantagem: “Ele não é aplicável para operações pequenas, de baixo volume”. Barros também acredita que o sistema não serve para o investidor pessoa física eventual. “Se ele for um investidor profissional, aí o sistema é útil”, completa.

Fernando, no entanto, não acha que o tamanho do investidor importe na hora de se usar sistemas de algotra-ding. “Normalmente, o operador informa ao cliente que usará o robô para enviar a ordem. Na próxima operação, o cliente já pedirá que sua ordem seja executada usando o robô”, afirma. Para o gerente da XP, é uma desvanta-gem que não é inerente ao sistema em si, mas ao tipo de estratégia empregado. “O sistema não tem o feeling do operador, o que pode ser bom ou ruim, dependendo da estratégia empregada”, comenta.

Para as corretoras, a principal vantagem é aumentar tremendamente o número de ordens executadas em um dia. Além disso, o fato de requisitar uma estratégia garante um trader de vida mais longa na corretora. “Quando alguém opera sem estratégia, ele opera mal e tem vida curta no mercado, pois logo leva um prejuízo”, comenta Bezerra. Outra vantagem é poder estabelecer uma arbitragem não emocional de diversos ativos,

gerando conclusões mais rentáveis. “Isso é importante para fundos que têm de escolher um dentre vários ativos de um setor”, afirma.

Para o gerente de canais eletrônicos da TOV Corretora, André Jorge, há no mercado dois tipos de operadores: um que sabe e opera seguindo lógicas de negociação e outro que chuta e opera como quem joga na loteria. “E quem é jogador opera pelo sentimento. Os sistemas de algotrading não levam emoção, eles travam o impulso para resguardar o cliente de apertar o botão de compra ou venda sem critérios e ajuda o investidor mais experiente a crescer”, explica. Para Jorge, a grande vantagem dos sistemas é a velocidade na execução das ordens, o que é um diferencial para quem opera grandes volumes. “Hoje já vemos na corretora alguns clientes perguntando se temos DMA 4, ou seja, se estamos com um servidor direto na BM&FBovespa em sistema de co-location que reduz o tempo para a execução de uma ordem”, comenta. Para Jorge, é uma vantagem competitiva ter sistemas como esse para oferecer aos clientes: “Mas não colocamos uma bazuca na mão de uma formiga, ou seja, ele é indicado para um tipo de investidor, não a todos”.

VariedadeComo os algoritmos são abertos, ou seja, cada empresa programa o seu de uma maneira, há infinitas possibi-lidades de programação. Bezerra explica que, ainda que prioritariamente baseados em análise gráfica, os algoritmos podem incorporar dados de análise funda-mentalistas na sua programação. “A questão é que há

informações quantitativas que podem ser analisadas de forma fácil e outras que precisam da análise de uma área de research”, complementa. A XP Investimentos, por exemplo, desenvolveu seus próprios sistemas por acreditar que ter a equipe interna cuidando dos algo-ritmos dá mais agilidade na hora de mudar alguma estratégia ou programação. A Link Investimentos gastou R$15 milhões nos últimos dois anos em equipamentos de tecnologia da informação e contratação de pessoal especializado para poder oferecer a seus clientes fer-ramentas de algotrading.

Bezerra explica que o software é vendido, primeira-mente, para as corretoras, pois as ordens necessariamente saem por elas. Eventualmente, dependendo do perfil do cliente, a corretora pode, a seu critério, disponibilizar cópias do programa para o cliente operar diretamente. Felipe comenta que, além dessa maneira, o cliente pode solicitar à sua corretora que execute suas operações usando sistemas de algoritmos.

Barros afirma que o mercado inevitavelmente exigirá das corretoras a adoção de sistemas de algotrading, até para acompanhar os investimentos que a BM&FBovespa está fazendo. No dia 12 de fevereiro, a bolsa brasileira anunciou uma parceria com a CME Group, holding que controla as bolsas mercantis de Chicago e Nova Iorque. Pelo acordo, a BM&FBovespa investirá US$620 milhões na CME para aumentar sua participação acionária de 1,8% para 5% e juntas desenvolverão uma nova plataforma de negociação com um tempo de processamento de negócios inferior a um milissegundo. O investimento na plataforma é de US$175 milhões nos próximos dez anos.

Para o sócio-diretor da Link, os sistemas de algo-trading não irão substituir estratégias atuais, eles são apenas mais uma estratégia que pode ser usada. “Em minha opinião, o investidor que usa a análise funda-mentalista continuará operando dessa maneira”, diz Barros. Para ele, esse investidor também se aproveita dos sistemas, pois, à medida que sua participação no mercado for aumentando, haverá mais liquidez para um número maior de papéis, estimulando os investidores a comprarem outros papéis por eles serem mais fáceis de negociar. Bezerra acrescenta ainda que os sistemas tornam o mercado mais transparente, eliminando os medos do investidor: “Ele não serve para os que veem a bolsa como uma forma de poupança ou quem investe pouco dinheiro, é para quem tem bastante capital in-vestido”. Raphael tem opinião semelhante: “Operações em alta frequência geram liquidez para o mercado, aumentam o volume financeiro e criam cada vez mais oportunidades de ganho”.

Foto: Divulgação

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L I N H A D O T E M P O

RAIO X DA BOVesPA

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Espanha e Portugalderrubam mercadosAs notícias não são boas, e o que os analistas mais temiam parece se confirmar. Não é apenas a Grécia que está em maus lençóis financeiros, mas também Espanha e Portugal têm deficits fiscais grandes e difíceis de serem pagos. Se a Grécia já assustava, a notícia de que a Espanha, uma das cinco maiores economias da Europa, também pode dar um calote afasta os investidores do risco e as bolsas em todo o mundo caem.

Em socorro à GréciaEm um mercado carente de boas notícias, qualquer indício é suficiente para fazer com que os investidores voltem a comprar. Dessa vez é o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, que antecipa o retorno de sua viagem à Austrália para par-ticipar de uma reunião em Bruxelas. Ainda que a reunião já estivesse marcada, a volta antecipada indica que há outros assuntos além dos triviais a serem tratados. A ajuda à Grécia parece cada vez mais real.

a União Europeia não nega os seusDepois de algumas semanas de tensão, a União Europeia finalmente anuncia que ajudará a Grécia a sair do buraco em que se encontra. Não há detalhe algum sobre o plano de ajuda, mas a mera confirmação de que os países do euro não deixarão que sua moeda única entre em colapso devido a um país acalma os investidores e faz as bolsas terem um bom pregão, com o retorno do otimismo.

alemanha e Françaliderarão ajuda àGréciaOs mercados acionários mun-diais entraram em clima de euforia com a confirmação de que a Alemanha e a França ajudarão financeiramente a Grécia, ainda que continue sendo sentida a ausência de detalhes a respeito de como essa ajuda será dada e em que condições. Soma-se a isso uma safra de bons resultados corporativos sendo divulgados nos dois lados do Atlântico e temos o dia com a maior valorização da Bovespa no mês.

brasil continua comboa avaliação mundialEnquanto o restante do mundo sofre com situações difíceis, o Brasil parece ter aprendido com todas as crises anteriores e ter feito a lição de casa: finanças públicas em ordem, superavit primário e níveis de investi-mento bons, ainda que não os necessários para um cresci-mento vigoroso da economia. A agência de classificação de risco Moody's manteve o rating do Brasil e apontou um viés de alta, o que fez a Bovespa se descolar dos mercados americanos e subir.

Consumidor americano nãoacredita na recuperaçãoTudo parecia estar indo bem, mesmo com o aumento da taxa de redesconto nos EUA e uma nova proposta de reforma da saúde do presidente Barack Obama. Mas o consumidor americano não pensava da mesma maneira e a confiança dele no futuro da economia sofreu uma forte queda em fevereiro, de acordo com os dados divulgados nesse dia. Com o con-sumidor do maior mercado do mundo com medo, as empresas ficam receosas de não terem para quem vender e as bolsas caem em todo o planeta.

29/1/2010 2/2/2010 10/2/2010 12/2/2010 18/2/2010 24/2/2010 26/2/20101/2/2010 4/2/2010 5/2/2010 8/2/2010 9/2/2010 11/2/2010 17/2/2010 23/2/2010 25/2/2010

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a ajuda vem aí?A semana começou sem in-dicadores importantes, mas um fim de semana repleto de reuniões das autoridades econômicas europeias faz com que os mercados acreditem que a Grécia não será deixada à deriva e que uma possível ajuda acontecerá, ainda que não se saiba detalhes sobre ela. A simples possibilidade de auxílio já alivia o medo dos investidores, que retornam às bolsas e invertem a direção dos pregões.

medo do calotecontinuaEm outro dia de muita tensão e volatilidade, a ausência de notícias que acalmem o mercado faz com que os investidores continuem abandonando os ativos de risco, o que provoca mais um dia de vendas nas bolsas de todo o mundo.

O mundo emrecuperaçãoDepois de um janeiro tur-bulento, fevereiro começa animado para os investidores, com dados positivos sobre a produção industrial ame-ricana, europeia e chinesa. A recuperação econômica parece estar se firmando com bons resultados em todas as indústrias, devolvendo o otimismo às bolsas.

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I N V E S T M A I S46 A B R 1 0 47

N O T Í C I A

bm&Fbovespa realiza leilão de créditos de carbono voltado ao mercado voluntárioA BM&FBOVESPA realiza em 8 de abril um leilão de créditos de carbono voltado ao mercado voluntário. Serão leiloadas 180 mil unidades de reduções de emissões verificadas (voluntary carbon units) de titularidade de projetos administrados pela Carbono Social Serviços Ambientais. As reduções de emissões foram geradas a partir de nove projetos de biomassa renovável geridos pela Carbono Social Serviços Ambientais em cerâmicas brasileiras. Os projetos reduzem as emissões de gases com a substituição de combustível por biomassas renováveis como bagaço de cana, caroço de açaí, casca de arroz, entre outras. Os créditos de carbono ofertados foram validados por entidades certificadoras credenciadas pela Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).

mercado de créditos de carbono na bolsa brasileiraOs dois leilões de créditos de carbono realizados anteriormente pela BM&FBovespa, em 2007 e 2008, ofertaram Reduções Certificadas de Emissão (RCEs) de titularidade da Prefeitura Municipal de São Paulo, procedentes de projetos dos aterros sanitários Bandeirantes e São João. O mercado de carbono da BM&FBovespa tem como objetivo fomentar a negociação de créditos de carbono em ambiente de bolsa no Brasil, além de oferecer alternativas para que as empresas brasileiras realizem a venda de seus projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa no País. Com sua plataforma de negociação, a bolsa oferece aos participantes globais um canal de negociação seguro, transparente e que possibilita o fechamento de negócios a preços competitivos.

Primeiro leilão eletrônico de feijão aconteceu em fevereiroA Bolsa Brasileira de Mercadorias realizou, em 24 de fevereiro, o primeiro leilão de feijão em ambiente totalmente eletrônico do País. Foram ofertados 23 lotes, um total de 647 toneladas,

de feijão carioquinha produzidos no Paraná e negociados cinco lotes, 143 toneladas. O volume financeiro foi de R$115,73 mil. O leilão é uma iniciativa da Bolsa Brasileira de Mercadorias e do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe) para aumentar a transparência e a agilidade nas negociações. Produtores e compradores passam a acessar informações de qualidade, podendo acompanhar os leilões em tempo real e saber quais são os preços praticados. Para o produtor, o leilão eletrônico oferece o benefício da garantia de recebimento, já que os pagamentos são feitos por meio de um mecanismo de compensação financeira da Bolsa Brasileira de Mercadorias, conhecido como entrega contra pagamento.

bm&Fbovespa inicia negócios com três novas cotas de EtFsDesde o fim de fevereiro, estão disponíveis três novos Exchange Traded Funds (ETFs) para negociação na BM&FBovespa: o BRAX11 está baseado em cotas dos fundos de índice iShares Índice Brasil IBrX-100, o CSMO11 está baseado no iShares índice BM&FBovespa de Consumo e o MOBI11 está baseado no iShares Índice BM&FBovespa Imobiliário. As cotas têm gestão da BlackRock Brasil, Gestora de Investimentos Ltda., administração do Citibank, Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. e, como formador de mercado, o Citigroup Global Markets Brasil CCTVM S.A. Os ETFs são fundos de índice que buscam acompanhar a rentabilidade de um índice de referência. Suas cotas podem ser compradas e vendidas como ações em uma bolsa de valores. Seu maior benefício está na diversificação instantânea da carteira de investimentos. Ao adquirir uma cota, o investidor passa a deter, proporcionalmente, a mesma quantidade de ações integrantes do índice, sem precisar comprar todas as ações isoladamente. Agora são sete ETFs negociados na bolsa. Além dos três citados, há os baseados nos índices Small Cap, MidLarge Cap, Ibovespa e IBrX-50.

@ Visite o site: www.bmfbovespa.com.br

Bm&fBOVesPA INVestIRá us$1 BIlhãONO Cme gROuP PARA PARCeRIAs glOBAIsEm fevereiro, a BM&FBovespa divulgou que investirá US$1 bilhão no CME Group, empresa que controla a bolsa mercantil de Chicago e Nova Iorque, entre outras, a fim de firmar um acordo para atuação global das duas entidades, pelo qual elas são sócias estratégicas preferenciais globais. Pelo acordo, a BM&FBovespa aumentou sua participação acionária na CME de 1,8% para 5%, o que corresponde ao valor da parceria. Além disso, as duas empresas desenvolverão uma nova plataforma de negociação multimercado, que integra os mercados de ações, derivativos, câmbio, renda fixa e outros ativos de balcão e block trade (grandes lotes de ações). O investimento previsto nessa nova plataforma é de US$175 milhões para os próximos dez anos, ou US$100 milhões ao valor presente. O acordo prevê também a expansão e internacionalização do segmento de ações e está condizente com a estratégia da BM&FBovespa de se tornar uma das principais bolsas de valores do mundo.

D A B M & F B O V E S P A

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A B R 1 0 49

M I C O C A P S

umA AçãO ReAlmeNte

Enquanto alguns papéis geram lucros de um dígito por mês, isso quando o lucro acontece, outros chegam a variar 200% no mesmo período. É aí que começa a onda do “por que não pensei nesse antes?”. São os conhecidos micos da bolsa. O problema é que, assim como uma ação pode crescer, ela também pode despencar esse mesmo porcentual – e, se o fizer, não terá a mesma divulgação. O que falar da Gradiente? Ela merece esse título?

a lta de 346% em dois meses. Sonho de qualquer investidor e de qualquer empresa. Mas será que a recuperação da

Gradiente realmente é algo concreto que irá deslanchar no mercado? A investmais resolveu investigar o acordo extra-judicial da empresa e por que suas ações andam oscilando tanto nos últimos meses. Tarefa nada fácil, já que a maioria do mercado tem se esquivado de dar opiniões a respeito. Mas nosso objetivo é esse mesmo, ir atrás do incomum e cavar para você boas opções de investimento – ou evidenciar tendências das quais é melhor sair correndo.

ReestruturaçãoNo início de 2010, os acionistas da Gradiente aprovaram o plano de reestruturação extrajudicial da empresa, que agora passa a se chamar IGB Eletrônica S.A. Quatro credores tentaram impugnar as condições oferecidas, sendo que o valor devido a cada um deles era inferior a R$1 milhão, número insuficiente para conter a execução do plano. Para ser aprovado, o projeto precisava ter o apoio de mais de 60% dos credores.

O acordo não engloba todos os credores, mas compreende perto de 70% do passivo da empresa, incluindo os principais credores, que são Bradesco, Jabil Eletronics, Safra e Samsung. Ele prevê carência de dois anos, contados a partir de 1º de janeiro de 2010. Passado esse período, a empresa deverá efetuar o pagamento da dívida em 28 parcelas, com ven-cimentos trimestrais, até janeiro de 2019. O saldo devedor será corrigido pelo CDI mais a taxa de 0,67% ao ano durante todo o período.

ações eufóricasAgora, a Gradiente se prepara para reativar a produção e já exibe alta vistosa, impulsionada principalmente por espe-culadores e investidores que acreditam na marca. Um dos que comemora por ter acreditado na Gradiente no momento certo é Cláudio Fonseca, gerente de RI do grupo Brazil Fast Food. “Comprei a ação há pouco mais de R$1,00 e agora ela está a R$9,00, e eu acredito que tão logo a Gradiente comece a funcionar vai estar pelo menos em R$25,00. Então ela tem muito para crescer”, revela. Nada mau colher frutos de 900%!

De perfil arrojado, Fonseca conta que resolveu investir na empresa “porque estava muito barata” e, ao estudar o papel, viu que o potencial de crescimento era grande. A espera não foi fácil, visto que ele fez as primeiras aquisições no início de 2008. “Demorou, não foi rápido. Na hora em que eu comprei o fundo estava valendo só R$30 milhões, e a marca valia muito mais. Para uma marca chamada Gradiente, valer R$30 milhões estava meio desproporcional. Por mais que ela tivesse muita dívida, ainda assim o valor era maior”, opina.

Apesar da falta de liquidez, Fonseca explica que a con-fiança na marca é muito forte e, quando bem administrada,

p o r L a R i s s a m o u t i n H o

O potencial da IGBR é real ou mera especulação do mercado?Gradiente?

ela possui potencial de ganhar mercado muito rápido. “A marca em si não tem liquidez, mas é um ativo que você não consegue mensurar, tangibilizar. Se há por trás uma estru-tura nova com uma marca Gradiente, definitivamente você ganha mercado rápido. Veja o exemplo da Positivo: ela não tinha marca e quase não tinha faturamento. Então investiu pesado em marketing para fortalecer sua marca e hoje fatura R$2 bilhões. A Gradiente tem espaço para crescer e possui demanda no Brasil para colocar sua marca novamente no mercado”, defende.

Para Fonseca, um ponto-chave na análise dessa ação é o valor de mercado. “O valor de mercado da Gradiente é muito baixo se comparado com o potencial de faturamento que ela tem. Tudo bem que ela está fechada, mas, uma vez que volte a operar, a gente vai ter uma outra visão”, acredita.

Para se informar sobre a Gradiente, Fonseca não se contentou com as notícias da mídia ou as dadas pela própria empresa. Ele analisou processos que tramitam na justiça e fez pesquisas com as outras partes interessadas. “Eu procuro me informar com os credores também, pois busco ver todos os lados, e não só o da empresa, porque, às vezes, a perspectiva do sócio é uma, a do credor é outra e a do acionista é outra. Então não dá para ficar só olhando um lado da moeda. A gente procura enxergar a posição de todos para poder tirar uma média e a nossa conclusão”, diz.

Além das fontes tradicionais, Fonseca gosta de trocar uma ideia com Wellington Nascimento, antigo colega de trabalho e membro atuante nos fóruns da ADVFN. Ele conta que o antigo gerente da Brazil Fast Food já estava comprando ações da Gradiente desde que o papel valia R$15,00, bem antes da crise. “Muito antes de eu pensar em entrar, o Wellington já havia comprado e seguiu comprando mesmo quando a

Último fechamento R$11,15

Mínima (52 semanas) R$2,11

Volume negociado nos últimos 21 pregões R$1,87 M

Cotações

7 dias 42,7%

365 dias 397,8%

Ao ano 274,6%

2008 -75,6%

Oscilações

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I N V E S T M A I S50 A B R 1 0 51

M I C O C A P S

Dados 9/2008 12/2008 9/2009

IGBR3

Dados 9/2008 12/2008 9/2009 5/3/2010

Fonte: ww

w.guiainvest.com.br

ação começou a cair. Só que ela passou pelas linhas mais profundas da crise e da história da própria empresa no mercado. E foi aí que a gente resolveu investir pesado nela, porque era ou quebrar ou esperar bastante tempo para ter o dinheiro valorizado. É o famoso custo-benefício: a gente já tinha perdido, ‘vamos até o fim agora’”, conta.

Respiro ao balançoAlém da recuperação extrajudicial, a Gradiente também vive, em paralelo, uma recuperação tributária. É que a empresa tem em haver um crédito na Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) de aproximadamente R$250 milhões, que já foi transitado e julgado no STF e segue agora para ser corrigido a valores presentes. O montante se refere a valores que foram pagos a mais pela Gradiente para a Suframa. “Isso vai gerar um crédito que será um precatório, que a Gradiente poderá inserir diretamente no balanço. Assim, nós estamos falando de R$250 milhões para uma empresa que está devendo cerca de R$300 milhões e vindo com um aporte financeiro de R$150 milhões de investidores. Então, só nessa ela já fica positiva”, prevê Fonseca.

Erros do passadoO investidor admite que a gestão da Gradiente errou em alguns pontos, mas acredita na administração de Eugênio Staub. “O Eugênio errou em ter largado a empresa. Na gestão anterior, ele saiu de perto da administração, e isso prejudicou um pouco, porque ele conhece o segmento e defende a marca, e os gestores que passaram por ela não

valorizaram as parcerias, os fornecedores nem uma série de coisas que acaba-

ram trazendo à situação atual”, afirma. O próprio Eugênio, segundo Fonseca, também cometeu erros.

São esses antigos equívocos que fazem o mercado olhar atualmente com desconfiança para a empresa, apesar da

força da marca e dos valores a receber. O mercado penaliza a Gradiente, entre outros fatores,

pela gestão perdulária do passado e pelo receio da concorrência chinesa. Para se ter uma ideia, a companhia

chegou a gastar R$300 mil apenas com a locação de sua sede administrativa, situada em uma das áreas mais caras

de São Paulo.

O próprio Eugênio Staub, presidente da companhia, admite

que houve erros de adminis-tração. Para ele, o erro central da Gradiente foi a aquisição

da Philco em 2005. Com isso, a empresa passou a manter duas marcas muito parecidas em termos de nicho de mer-cado, ambas focadas em alto poder aquisitivo, em vez de diversificar o mercado. Para piorar, as duas passaram a dar atenção especial à produção de televisores, um produto de demanda altamente elástica. Quem acompanha os preços dos televisores observa que eles estão cada vez mais dimi-nuindo, o que dificulta ainda mais a concorrência com os produtos chineses.

Idevan Lopes, mestre em direito econômico e social, vê com cautela a volta da Gradiente. Além de lecionar, ele trabalha com a compra e venda de empresas e participou do processo de aquisição da Philco em 2005: “Hoje, para uma companhia conseguir concorrer no mercado, ela deve ter um custo muito baixo. A Gradiente não tem esse custo baixo em razão de ser uma empresa muito antiga, de muitos problemas trabalhistas e tributários no passado, e tudo isso sobrecarrega a despesa dela. E, produzindo aqui no Brasil, dificilmente ela conseguirá concorrer. Então, vai depender muito do nicho de mercado em que vai atuar”, constata.

Para Idevan, a alta carga tributária brasileira poderá impedir a empresa de prosperar caso ela insista na produção local. “O custo tributário brasileiro é absurdo e o produto da China, como não tem todo esse custo da importação, acaba sendo favorecido. A única saída para a Gradiente é comprar na China e montar no Brasil, que é o que todo mundo está fazendo. Isso diminuiria muito os custos. Se produzirem na fábrica que eles têm hoje, a empresa não se sustentará de forma alguma”, opina. Além dessa reestruturação, ele observa que a Gradiente terá de investir pesado em verba publicitária para comunicar o retorno ao mercado, o que, para uma empresa que está endividada, pode pesar bastante.

mico?Para quem estuda os perfis de um mico, a Gradiente dá toda a pinta de pertencer a essa família: cotações baixas, nenhu-ma cobertura de analistas de corretoras, baixa liquidez e a tentativa de reviver das cinzas após um período que, no caso da empresa, foi de quase falência. É em horas como essa que as notícias passam a ter cada vez mais peso e o mercado se eriça para tentar encontrar um cisne no meio de um bando de patos. “Quem sabe essa não é uma ação incompreendida pelo mercado?”, esperam os mais otimistas.

Os mais moderados, por outro lado, preferem ver pri-meiro para crer. “Não há qualquer balanço ou desempenho empresarial recente que mostre que hoje a Gradiente não seja um mico. A empresa tem patrimônio líquido negativo de R$483 milhões, conforme balanço dos primeiros noves meses de 2009. Se para uma empresa com boa situação patrimonial é difícil apresentar bons lucros no setor de atuação, que dirá uma que carrega um patrimônio líqui-do negativo dessa magnitude”, alerta Anderson Lueders, especialista em small caps.

Para ele, o grande problema é a herança deixada pela grave crise que praticamente paralisou as atividades da empresa. “A receita, que era superior à casa do bilhão de reais, despencou para valores insignificantes nos últimos dois anos. O setor de atuação não tem um bom histórico de competitividade no Brasil, especialmente após a abertura ao mercado exterior. Os produtos concorrentes chegaram com boa qualidade e preços muito competitivos”, aponta.

Acreditar na recuperação da empresa, segundo ele, sem qualquer balanço que comprove isso e sem um histórico que sinalize nessa direção, é assumir um risco extrema-mente elevado. “Particularmente, quando vejo seu atual balanço, a decadência operacional, a paralisação quase que total e o volume das dívidas, prefiro esperar para ver do lado de fora”, admite.

Questionado sobre o crescimento exponencial das ações, Lueders diz que o movimento é provocado por pressões altamente especulativas: “Não restam dúvidas de que a companhia tenta sobreviver com novos acordos, renego-ciações de dívidas, injeção de capital, etc. Isso desencadeou um movimento de esperança representado pelas altas das ações. Mas assim como ‘dispara’, também pode ‘despencar’ a cada notícia que tende a um dos lados da moeda”.

E se despencar, considera Lueders, pouco se terá notícia. “Assim como num bingo, nesse caso também só fica ‘alardeando’ os acertos quem ganhou. Quem perdeu se encolhe num canto e nem gosta de falar no assunto. Da mesma forma que existem milhões de brasileiros que semanalmente investem nos jogos de loteria, é normal que muitos tenham a preferência por micos e façam disso sua forma de atuação no mercado de ações”, afirma o especialista em small caps.

Lueders alega que tentar fazer um exercício de “futurolo-gia” não é o modo mais adequado de investir com sucesso na bolsa. “A curto prazo, já dizia Benjamin Graham, o mercado é uma urna de votos. A longo prazo, uma balança. Existem empresas sem qualquer atividade operacional que chegaram a valores de mercado absurdos, mas não resistiram às evidên-cias dos resultados empresariais. São eles que determinarão o futuro das cotações. Então, se de fato a companhia voltar a apresentar ao menos lucros operacionais, poderá render muito mais. A questão é saber quando e até que ponto é possível que o lucro volte a se tornar uma realidade para, ao menos, pagar os juros do passivo financeiro”, ensina.

Lopes concorda com Lueders e assume ser um investi-dor de perfil mais moderado. Logo, acredita que o melhor investimento em bolsa é buscar empresas que pagam bons dividendos. “O risco de investir em uma empresa que hoje é considerada um mico é muito grande e existem outras que estão bem e têm chance de melhorar bastante. É só você olhar um exemplo do passado, como a CSN. Ela nunca foi um mico, todo mundo sabia que uma hora ela iria me-lhorar, e melhorou muito, tanto que o valor da ação subiu

bastante. Você precisa investir em empresas que tenham fundamentos administrativos bem elaborados, o que não é o caso da Gradiente”, constata.

Para colocar uma pimentinha na discussão, Fonseca manda um recado àqueles que não acreditam na empresa: “Eles só vão acreditar na hora em que a ação estiver sendo negociada. Para quem não acompanha efetivamente o papel, as negociações e o dia a dia da briga dos sócios, dos acionistas e dos próprios credores, é difícil realmente acreditar. A empresa deve R$300 milhões, passou por diversas situações e tem uma história de vários erros e acertos, então as pessoas realmente não acreditam. Mas eu vou te dizer, existem papéis na bolsa que têm menos fundamentos que a própria Gradiente e um valor de mercado muito mais alto”.

O investidor pretende realizar 50% no momento em que a Gradiente anunciar que a fábrica voltará a produzir e os outros 50% assim que ela publicar os primeiros balanços de faturamento. “Eu acredito na marca e, olhando como acio-nista, não pretendo ficar até ela soltar o primeiro ou segundo balanço depois de anos. Eu não vou ficar casado com essa ação. Meu perfil de investimento é pegar aquelas ações que estão esquecidas e vender na hora em que todo mundo estiver querendo comprar”, explica.

Resumindo: se você está cien-te de que pode perder uma quantia significativa, porém quer apostar nessa mar-ca, a Gradiente é uma opção arriscada, mas com potencial. Para investidores de longo prazo, entretanto, a dica é esperar e analisar.

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I N V E S T M A I S52 A B R 1 0 53

Como você escolhe as empresas nas quais vai investir? O que analisa?Escolho minhas empresas pelos seus fundamentos. Se, ao longo dos anos, elas provam que são boas geradoras de valor e bem administradas, são candidatas à minha carteira. Bons lucros e margens, boa taxa de retorno, bons dividendos, baixo endividamento, enfim, se são geradoras de valor e bem administradas.

O que você faz quando uma ação que comprou começa a cair consistentemente?Eu acho a melhor coisa do mundo! Fico rindo à toa e torço para cair ainda mais, pois, assim, vou poder comprar mais e mais barato. Um investidor não se preocupa com a oscilação dos preços no mercado, pois ele é maluco mesmo e sempre joga os preços para cima ou para baixo. Ficar prestando atenção às oscilações é uma perda de tempo e de saúde mental.

Com que frequência você verifica suas ações e ren-tabilidades?Todo santo dia as minhas especulações e uma vez por mês os meus investimentos.

Que mensagem você gostaria de deixar aos leitores da InvestMais?Bolsa não é cassino, apesar de a maioria dos investidores tratá-la assim. A bolsa é uma máquina de capital, lugar de construção de patrimônio (investimento) e de comércio de papéis (especulação), acessível a qualquer mortal – todos deveriam aprender sobre ela. Não se contente com a renda fixa, você irá perder para a inflação, silenciosa e corrosiva. Quando quiser comprar sua casa própria ou mesmo ter mais conforto ao longo da vida, verá o efeito nocivo da inflação em suas economias. Aliás, gostaria de deixar um conselho que quase ninguém segue: gaste menos do que você ganha, faça poupança, e não dívidas. Sem essa regra básica de conduta, a bolsa de valores será sempre algo distante. Agora, uma coisa eu tenho de ad-mitir, quando nós, cidadãos comuns, vamos em busca de informações sobre a bolsa, ficamos perdidos mesmo. E por que isso acontece? Devido ao excesso de informações desconexas, meias-verdades e poluição informacional nesse meio. A bolsa de valores não é complicada. O que é complicada é a falta de boa orientação sobre ela, e é por isso que gosto tanto de ensinar, pois vejo em meus alunos mudanças de postura e comportamento que fazem toda a diferença na vida deles, agora e no futuro. Obrigado, deixo meu e-mail ([email protected]) e blog Leitão em ação (leitaoemacao.com), nos quais recebo os amigos para uma boa conversa sobre o mercado. Fiquem à vontade para comentar, tirar dúvidas, etc. Meu blog está sempre à disposição!

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p o r f R a n C i s C o t R a m u j a s

Desde quando você está no mercado?Desde sempre. Sou filho de comerciante simples do inte-rior de Minas. Nasci e cresci em um balcão de comércio, lidando com vendas, público, com lucros e prejuízos e sentindo na pele todas as influências da economia, os erros e acertos de nossos governos. Na bolsa não é diferente. As empresas, sejam elas grandes ou pequenas, devem gerar valor – é para isso que existem e é por esse motivo que nos tornamos sócios investidores. Há dez anos, ainda na “escola da vida”, percebi que a bolsa de valores é o lugar ideal para me tornar sócio de boas empresas. Melhor e mais fácil que empreender as minhas próprias. De lá para cá, fui gostando cada vez mais de investir na bolsa até um ponto em que, por vontade pessoal, resolvi me aprofundar e me especializar em mercado de ações. Tudo o que fazemos com gosto fica muito melhor! Quando comecei, passei por todos os problemas que a maioria dos iniciantes enfrenta. Fui para a bolsa sem uma boa orientação, achando que lá era lugar de dinheiro rápido e fácil. Fui à bolsa por pura ganância, erro comum. É importante diferenciar ganância de ambição: ambição é correr atrás e plantar para colher; ganância é querer colher sem nem mesmo plantar antes.

Como era investir num tempo em que o mercado de ações não era popular como é hoje?O mercado de ações ainda continua pouco popular! Hoje em dia ele só é mais comentado, principalmente devido à internet, mas continua sendo uma espécie de Caverna do dragão (série famosa de desenhos dos anos 80) – um mundo à parte, cheio de mistérios, do qual a maioria da população tem medo, receio, dúvidas, etc. Uma pena, pois o mercado de ações é, necessariamente, o melhor caminho para a construção de patrimônio das “pessoas comuns”! Isso mesmo. São as pessoas comuns que mais poderiam se beneficiar dele. Houve um tempo em que a bolsa era realmente de difícil acesso, coisa de gente “en-dinheirada”. Isso mudou, pois hoje qualquer indivíduo pode e deve investir em ações. Infelizmente a maioria, por falta de boa educação financeira, fica na renda fixa e em aplicações medíocres pelo medo da bolsa.

Você se considera um investidor conservador, mode-rado ou arrojado?(Risos) Esses chavões... Todo investidor é por definição conservador. Um investidor de verdade jamais coloca seu patrimônio em perigo ou vai em busca de aventuras.

Sou um investidor e um especulador – essa separação é importante, pois investidor é uma coisa e especulador é outra. Como investidor, sou sócio de boas empresas que cuidam muito bem de meu patrimônio. Como es-peculador, aproveito as oportunidades no sobe e desce do mercado, o que não é pecado. Só não sou jogador (o que a maioria infelizmente é), que não sabe dessa dife-rença e acaba não tirando o melhor dos dois mundos: investimento e especulação.

Quantos por cento de suas reservas totais está inves-tido na bolsa?Atualmente, 60%. Quando o mercado está barato, aloco mais e, quando está caro, aloco menos.

Quais ações e empresas fazem parte da sua car-teira hoje?Em maior proporção: AmBev (AMBV4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Cemig (CMIG4), Cosan (CSNA3), Gerdau (GGBR4), Itaúsa (ITSA4), Natura (NATU3), Petrobras (PETR4), Usiminas (USIM5), Vale do Rio Doce (VALE5) e Weg S.A. (WEGE3). Em menor proporção: Confab (CNFB4), Companhia Elétrica do Ceará (Coelce) (COCE5), Companhia de Água e Saneamento de Minas Gerais (Copasa) (CS-MG3), Duratex (DTEX3), Eternit (ETER3), Ferbasa – Siderurgia e metalurgia (FESA4), Fosfértil (FFTL4) e Randon (RAPT4).

O seu projeto de investimento é a curto, médio ou longo prazos? Investir é, por definição, a longo prazo! Não existe inves-tir a curto nem a médio prazos. Isso seria especular. Ao investir, estamos nos tornando sócios de boas empresas para crescermos com elas. Não é possível passarmos a ser sócios em janeiro para sair da sociedade em dezem-bro. Isso seria pura especulação, pois, se vou me tornar sócio de uma empresa, é porque acredito nela e então não quero sair do bonde tão cedo. Desejo crescer com ela durante anos e anos!

Quais são seus objetivos ao investir?Crescimento patrimonial, valorização de capital, boa rentabilidade, proteção contra a inflação, manter meu padrão de vida sem ser obrigado a trabalhar por dinheiro, e sim por prazer.

Qual é a maior vantagem, na sua opinião, ao investir na bolsa?É um investimento fácil, rápido, prático, rentável, líquido e seguro. É o melhor tipo de investimento que existe e o único que nos protege verdadeiramente da inflação. Tem baixa tributação, pouco custo, não dá dor de cabeça e ainda é lícito.

E duardo Leitão, ou simplesmente Leitão, como ele mesmo prefere ser chamado, é autor do blog “Leitão em ação”, no qual publica diariamente seu dia a dia de investidor e

especulador individual. Mineiro de Belo Horizonte, aos 33 anos, Leitão é independente financeiramente e vive de seus investimentos, após encerrar uma carreira de 15 anos no grupo Fiat do Brasil como analista de negócios pós-vendas e atendimento a clientes. Hoje ele é investidor, consultor de investimentos e professor de assuntos relacionados à bolsa de valores. Leia, a seguir, uma exclusiva entrevista de Leitão à investmais.

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I N V E S T M A I S54 A B R 1 0 55

C O R R E T O R A D O M Ê S

DIfeReNteCorretora diferencial abre para conquistar o mercado

nacional, com foco em agentes autônomos

imagine que você quer muito comprar uma ação. Analisou gráficos e balanços e acredita que o melhor

momento para adquirir aquele papel é agora. Muito se tem comentado sobre ele no mercado, de maneira que a ação tem oscilado bastante ao longo do dia. Aí você entra no home broker para comprar... e nada. Pede para o corretor comprar, e ele também não consegue. Motivo? O servidor não está operando. Após observar que essa incômoda situação tem se tornado cada vez mais corri-queira em investimentos, a Corretora Diferencial resolveu ousar e investir pesado num sistema que pudesse garantir sustentação. A ideia é atrair o público, especialmente os corretores autônomos.

No mercado desde 1968, a Diferencial iniciou suas ati-vidades como Escritório Martins Sociedade Corretora de Títulos e Câmbio, atendendo a região do Rio Grande do Sul. Em 1995, dissolveu a sociedade e deu origem à Diferencial Corretora de Títulos e Valores Mobiliários S.A., corretora

p o r L a R i s s a m o u t i n H o

Até NO NOme

membro 140 da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Recentemente, a empresa abriu sua segunda sede em São Paulo e estreitou laços com corretores autônomos ao redor do Brasil, ampliando seu foco para o território nacional.

Com a abertura para o mercado brasileiro e a boa expectativa da Bovespa, que neste ano estima crescer 30% em quantidade de usuários, a Diferencial também espera um bom 2010 e planeja ir além da marca da Bovespa. Para isso, aposta no mercado de corretores autônomos e em tecnologia de ponta.

“O que a gente sempre viu em outras corretoras é que elas, muitas vezes, têm um bom atendimento e uma área bem estruturada, mas, quando o mercado tem um pico e o volume de operações aumenta muito, os servidores não aguentam, os links caem e o cliente acaba ficando na mão. Então, a nossa preocupação aqui em São Paulo foi estruturar a corretora dando a ela uma tecnologia ‘par-ruda’ para que, dessa forma, a gente pudesse prestar um bom trabalho para os agentes autônomos”, revela Antonio Paulino Cabrera, que, ao lado de Carlos Cesar Spadaccia, comanda a área comercial da Diferencial.

Para garantir o posicionamento, todo o aparato tecnológico da Diferencial recebe um cuidado especial. “Todos os nossos links de comunicação são contingen-ciados e os servidores duplicados, com as informações todas espelhadas, porque a gente entende que não adianta ter uma boa estrutura de atendimento se você não tiver uma boa infraestrutura que possa suportar essa parte de roteamento de ordens eletrônicas”, explica Paulino.

Cesar também frisa a preocupação da Diferencial com a qualidade dos serviços oferecidos aos agentes autôno-mos: “Isso não é simplesmente liberar um acesso para o agente autônomo. A gente está indo além e provendo uma estrutura em que possamos estar sempre acompanhando, passando análises de mercado e dando sugestões para que ele possa orientar seus clientes, além de disponibilizar ferramentas para passar informações para os clientes”.

Público business to businessOutro diferencial está na forma de pensar nos produtos, que são confeccionados imaginando as necessidades dos agentes autônomos. “Hoje esses profissionais direcionam seus clientes para as corretoras e eles acabam usando as ferramentas delas, sem que o próprio agente autônomo fique sabendo o que seus clientes estão utilizando. Nós somos diferentes, pois provemos produtos para os agentes autônomos oferecerem a seus clientes. São produtos custo-mizados para os agentes autônomos”, esclarece Paulino.Fo

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C O R R E T O R A D O M Ê S

Ação Código Nro Rec. MCI PVI (R$) PVIA (R$)Último

(R$)Potencial PVI

(%)Potencial PVIA (%)

Fonte: Infomoney, fev. 2010

Além dessas recomendações, a corretora e portal de internet trabalham agora no desenvolvimento de um sistema de recomendação de carteira para curto (uma semana), médio (três meses) e longo prazos (seis meses). A expectativa é que, no início deste mês, o programa já esteja em funcionamento. O novo produto será exclusivo para clientes e estará disponível tanto nas plataformas home broker quantos nas plataformas profissionais.

Dentre esses produtos customizados, está o home broker, em que, por meio da internet, os clientes dos clientes da Diferencial podem acompanhar o mercado financeiro e fazer operações. Há também uma plataforma de negociação, que é customizada para o agente autônomo. “Ele instala esse executável produto no micro do cliente e acessa as informações, operando via internet. Esse produto pode ser oferecido na mesa de operações do agente autônomo ou então para seus clientes”, conta Paulino.

As palavras de ordem, também nesse caso, são qualidade e estabilidade na operação. “Pela estrutura e pela parceria em tecnologia que a gente montou, nosso home broker é bem estável e somos bastante elogiados em relação à utilização desse produto por nossos clientes”, revela Paulino.

Cesar concorda e vai além: “A nossa estrutura de servidores e rede de negociação são muito rápidas, então os produtos também são rápidos na negociação e infor-mação. Essa é uma característica bastante forte e presente em nossa corretora. Nós não temos atrasos ou paradas de cotações nem atrasos na negociação. Possuímos uma estabilidade muito grande em nossos produtos”.

A tecnologia Web 2.0 empregada pela Diferencial confere ao investidor maior interatividade com o sistema e permite que o cliente personalize o layout de acordo com suas necessidades. Além disso, a empresa opera com ferramentas que oferecem maior segurança por meio do sistema de autenticação, em que o usuário e senha são autenticados diretamente no servidor.

ProdutosA corretora é bastante forte em renda fixa e ações e é a primeira em operação de Títulos da Dívida Agrária (TDA). “A Diferencial sempre operou muito esses títulos e acabou criando um nome no mercado para isso. Então hoje, quando o cliente pensa em Título da Dívida Agrária, geralmente procura a Diferencial”, constata Paulino. A empresa também atende clubes de investimentos e fundos. Para participar de clubes de investimentos na Diferencial, é necessário um volume mínimo de R$50 mil, sendo que não há um número mínimo de participantes exigido.

Para a transação de ações, a Diferencial opera com o padrão da Bovespa, ou seja, 0,5% por operação. Há também a opção de corretagem fixa, cujo valor é de R$12. Questionado sobre os valores praticados, Cesar explica que a empresa procura se posicionar na média do mercado. “Nós somos contra as corretoras de baixo custo, mas não temos interesse de brigar com elas. Nossa infraestrutura, nossa rede de comunicação e nossos servidores são para ter uma alta qualidade de serviços. A gente conhece bem as pessoas que operam com as corretoras de taxas baixas. Elas trabalham com taxas baixas, mas em compensação não têm alta qualidade e disponibilidades de seus produ-tos. Como temos uma infraestrutura para suportar e dar qualidade aos nossos produtos, então cobramos uma taxa

razoável de R$12, sendo que as taxas no mercado podem variar de R$5 a R$16”, afirma.

Apesar disso, ele acredita na forte tendência de alta da bolsa de valores no próximo ano e, diante disso, estima que haverá espaço para todas as corretoras. “O que nós entendemos é que o cliente quer atenção da corretora, apesar de procurar uma corretagem fixa e um preço baixo. E o que a gente sente nessas corretoras que colocam um valor muito baixo é que o valor em que elas são remuneradas não permite que montem uma estrutura adequada de atendi-mento. Então, temos clientes que, muitas vezes, procuram a gente porque operam com determinada corretora, mas não conseguem atendimento”, afirma Paulino.

RecomendaçõesUm ponto questionável da corretora é que ela não tem equipe própria para cobrir as empresas de capital aberto. Por isso, optou por terceirizar as análises com um portal da internet que oferece esse serviço. As análises levam em consideração tanto gráficos quanto fundamentos empresariais, observan-do desde o curtíssimo até o longo prazo. “Nós temos duas características de clientes: os que querem uma rentabilidade a curto prazo, que acompanham diariamente o que está acon-tecendo no mercado, alguns papéis e que fazem operações com esses papéis; e os a longo prazo, que têm a característica de comprar o papel e ficar com eles”, revela Cesar.

O portal parceiro da corretora trabalha com um sistema que reúne o consenso de analistas de mercado por meio de três indicadores:

▶ market Consensus indicator (mCi) – Reúne as recomendações dos principais analistas de bancos de investimentos e corretoras até traçar um consenso para os papéis mais importantes negociados na Bovespa. Ele varia numa escala de 1 (venda forte) a 5 (compra forte).

▶ Potential Value indicator (PVi) – Faz uma média dos preços-alvo propostos por analistas para os principais papéis da Bovespa. O índice considera geralmente de-zembro do ano atual como o período-alvo de projeção.

▶ Potential Value indicator adjusted (PVia) – Tra-balha nos mesmos princípios do PVI, porém excluindo tanto a projeção de preço-alvo mais elevada como a mais baixa, funcionando, portanto, dentro do conceito de médias aparadas.

Acompanhe, ao lado, as recomendações mais atuais:

@ Visite o site: www.diferencial.com.br

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I N V E S T M A I S58 A B R 0 9 59

A G E N D A D O I N V E S T I D O R

AuDItóRIO ADVfNanálise dos mercados antes da abertura – Juliano CarneiroDe segunda a sexta-feira a partir das 10 horas

análise técnica dos Principais ativos da bolsa – marcelo Coutinho (Youtrade)Toda segunda-feira às 21 horas

trade ao Vivo – andré moraes Toda terça-feira às 21 horas

Link trade apresenta suas Principais Estratégias de mer-cado através da Visão sólida de uma CorretoraToda quarta-feira às 21 horas

descubra os segredos dos Fundadores da Leandro & stormeToda quinta-feira às 21 horas

+ info: www.insidernews.com.br/auditorio

AtIVA eDuCARintrodução à análise técnica22 de abril – Curitiba, PRAl. Dr. Carlos de Carvalho, 417 – Auditório Centro

introdução ao mercado de ações e Home broker27 de abril – Curitiba, PRAL. Dr. Carlos de Carvalho, 417 – Auditório Centro

+ info: www.ativatrade.com.brE-mail: [email protected].: (41) 3075-7402

BAstteRCurso – Operações de taxa com Opções, travas e Venda Coberta com o Predador29 de maio – São Paulo, SP26 de junho – Florianópolis, SC24 de julho – Rio de Janeiro, RJ

+ info: www.bastter.com

BússOlAeDuCAOperando com Opções29 e 30 de abril – São Paulo, SP

+ info: www.bussolaeduca.com.brE-mail: [email protected]

Bm&fBOVesPAintrodução aos mercados Fu-turos e de Opções3 a 27 de maio – São Paulo, SP

Formação de Operadores no mercado de Opções5 a 16 de julho – São Paulo, SP

+ info: lojavirtual.bmf.com.br

INVesteDuCARFormação de investidores8 de maio – São Paulo, SP11 a 13 de maio – São Paulo, SP25 a 27 de maio – São Paulo, SP29 de maio – São Paulo, SP

Formação de traders18 a 20 de maio – São Paulo, SP22 e 23 de maio – São Paulo, SP

Finanças Pessoais8 de maio – São Paulo, SP29 de maio – São Paulo, SP

+ info: www.investeducar.com.br

seu CONsultOR fINANCeIROday trade9 de maio – Goiânia, GO16 de maio – Florianópolis, SC30 de maio – Recife, PE13 de junho – Florianópolis, SC20 de junho – Campinas, SP15 de agosto – Brasília, DF

intensivo análise Gráfica8 de maio – Goiânia, GO15 de maio – Florianópolis, SC 29 de maio – Recife, PE12 de junho – Florianópolis, SC

aprenda a investir na bolsa17 de maio – Campo Grande, MSintrodução à análise técnica18 de maio – Campo Grande, MS

Por que não sobra dinheiro para investir?*26 de maio – São Paulo, SP

introdução ao mercado de ações12 de maio – Vitória, ES09 de junho – Dourados, MT10 de junho – João Pessoa, PB

Futuros e minicontratos22 de junho – Ribeirão Preto, SP

+ info: www.gradualinvestimentos.com.brE-mail: [email protected].: 0800 723-7444*Palestras com transmissão ao vivo pela web.

OPeRAçãO CONsultORIAaprenda a investir no mercado de ações com análise técnica e Controle de Risco8 e 9 de maio – São Paulo, SPAv. Ibirapuera, 2534

módulo avançado em sistemas de Operação e análise Estatística3 e 4 de julho – Campinas, SPRua Fernando Martini, 28A – Vila Nova

+ info: www.operacaoconsultoria.com.brE-mail: [email protected].: (19) 3744-4100

tCX eDuCACIONAlPalestra – Long short: o que é?5 de maio – São Paulo, SP

mercado de ações, Opções e análise técnica15 e 16 de maio – São Paulo, SP

as Ondas de Elliott e Fibonacci no mercado de ações e derivativos22 e 23 de maio – São Paulo, SP

Opções: como rentabilizar a sua carteira2 de junho – São Paulo, SP

análise técnica: quando comprar e vender7 de julho – São Paulo, SP

análise Fundamentalista: uma visão do investimento11 de agosto – São Paulo, SP

+ info: www.tcx.com.brTel.: (11) 3242-3600

XP eDuCAçãOaprenda a investir na bolsa de Valores27 a 29 de abril – Petrópolis, RJ

análise Gráfica: domine as técnicas mais utilizadas no mercado28 e 29 de abril – Palmas, TO

desmistificando a bolsa4 de maio – Florianópolis, SC13 de maio – Pomerode, SC16 de junho – Florianópolis, SC

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YOutRADeCurso de trade em tempo Real 27 e 28 de abril – São Paulo, SP

+ info: www.youtrade.pro.brTel.: (11) 3170-3081

CAleNDáRIO eXPO mONeY 2010Expo money Curitiba14 e 15 de abril – Expo Unimed Curitiba

Expo money Fortaleza28 e 29 de abril – Fábrica de Negócios

Expo money salvador4 e 5 de maio – Hotel Fiesta Bahia Expo money Recife 25 e 26 de maio – Recife Palace Hotel

Expo money brasília 11 e 12 de agosto – Centro de Convenções Brasil 21

Expo money são Paulo 23 a 25 de setembro – Centro de Convenções Transamérica

Expo money belo Horizonte20 e 21 de outubro – Minascentro

Expo money Vitória26 e 27 de outubro – Centro de Convenções de Vitória

Expo money Rio de Janeiro10 e 11 de novembro – Centro de Convenções SulAmérica

Expo money Porto alegre24 e 25 de novembro – Centro de Eventos PUCRS

+ info: www.expomoney.com.br

19 de junho – Campinas, SP14 de agosto – Brasília, DF

+ info: www.seuconsultorfinanceiro.com.br

CmA eDuCACIONAl iniciando no mercadode ações15 de maio – Belo Horizonte, MG

iniciando em minicontratos Futuros bm&F – Webtrading15 de maio – Rio de Janeiro, RJ Cma trading school – Operando com Fundamentos + Operando com análise técnica + Operando com Opções na bovespa14 e 15 de maio – Curitiba, PR

Operando com Opções na bovespa27 de junho – Brasília, DF

Especialização em Opções24 a 26 de maio – São Paulo, SP

+ info: www.cmaeducacional.com.brTel.: (11) 3053-2700

esPAçO DelAHome broker: a bolsa de valores a um clique*19 de maio – São Paulo, SP

+ info: www.espacodela.com.brE-mail: [email protected]*Palestra com transmissão ao vivo pela web.

gRADuAl INVestImeNtOsaluguel, termo e Opções4 de maio – Campo Grande, MS

brasil 2010: o momento de investir em ações*11 de maio – São Paulo, SP

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