PARECER Nº 05827/2009 DATA: 08/04/2009.

ICMS. A atividade de industrialização (fabricação) de placas de veículos se sujeita à incidência do ICMS, devendo as operações de saída dos citados produtos serem acompanhadas da emissão de nota fiscal respectiva, na forma prevista na legislação tributária estadual.

A consulente, empresa acima qualificada, microempresa que apura o imposto pelo regime normal estabelecido no RICMS-BA/97, art. 116, e atua neste Estado na fabricação de letras, letreiros e placas de qualquer material, exceto luminosos, dirige consulta a esta Administração Tributária, nos moldes do Regulamento do Processo Administrativo Fiscal, aprovado pelo Dec. nº 7.799/00, solicitando orientação no tocante a tratamento tributário dispensado às saídas de placas para veículos produzidas em seu estabelecimento.

Nesse sentido, questiona:

1. Para fins de incidência do ICMS, a atividade de confecção de placas é considerada indústria ou comércio?

2. Esta atividade é tributada pelo ISS, de competência municipal, ou pelo ICMS? Qual o código e data do vencimento do imposto, se devido?

RESPOSTA:

Da análise da situação apresentada, afigura-se necessário esclarecermos, inicialmente, que a impressão de signos/sinais em placas metálicas pode servir a dois objetivos: o primeiro, de caráter informativo, contendo informações relevantes (estrutura organizada de sinais que serve de suporte à comunicação = mensagem) e, o segundo, de caráter classificatório, cujo objetivo é identificar o objeto ao qual as placas se encontram acopladas.

Na primeira situação se encontra caracterizado um processo de comunicação visual que consiste em todo meio de comunicação expresso com a utilização de componentes visuais, como signos, imagens, desenhos, gráficos, ou seja, tudo que pode ser visto; e a confecção de placas destinadas a este fim caracteriza a ocorrência de fato que, do ponto de vista da legislação tributária, se encontra fora do campo de incidência do ICMS, conforme previsto no art. 9º, inciso VI, do RICMS-Ba, a saber:

"Art. 9º O ICMS não incide sobre a ocorrência de comunicação:

(...)

VI - efetuada mediante placas, cartazes, "outdoors" ou luminosos comerciais;"

Por outro lado, no tocante às placas cuja destinação é a de classificar e identificar o objeto ao qual encontra-se acoplada, considerando a ausência do intercâmbio de informação entre um sujeito e o objeto, não há a caracterização de uma comunicação visual. A placa de veículo é composta pela peça de metal sobre a qual são reproduzidos sinais gráficos que têm o objetivo de identificação do veículo.

O Serviço Brasileiro de Resposta Técnicas, site da Internet vinculado ao SENAI (www.sbrt.ibict.br), assim descreve o processo de fabricação de placas de veículos:

"O processo de fabricação de Placas de automóveis consiste na estampagem das peças. Entende-se por estampagem a fabricação das peças através do corte ou deformação de chapas em operação de prensagem a frio. A estampagem de chapa pode ser simples, quando se executa uma só operação, ou combinada. Com a ajuda da estampagem de chapas, fabricam-se peças de aço baixo carbono, aços inoxidáveis e de diferentes ligas não ferrosas, como o alumínio."

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DA FAZENDA

Os sinais gráficos, por sua vez, são gravados na peça metálica através do processo de impressão gráfica. A indústria gráfica consiste num conjunto de atividades que têm por finalidade a impressão de figuras e/ou caracteres em materiais de diversas naturezas, tais como papel, plástico, metal, tecido, couro, etc. É constituída por duas fases, a saber: a composição gráfica - composição do texto ou símbolo a ser impresso, e a impressão gráfica - processos ou sistemas de impressão.

A composição gráfica ou tipografia consiste num processo que compreende as várias operações que conduzem à confecção de uma fôrma tipográfica, para imprimir diretamente ou tirar provas destinadas à obtenção de outras fôrmas utilizadas em sistemas diversos de impressão, de modo a reproduzir fielmente o original constituído de manuscrito, mecanuscrito ou de outro impresso.

A impressão gráfica, por sua vez, é o processo de fixar o texto ou imagem em papel, cartão, etc. para multiplicação, mediante pressão de elementos moldados, gravados ou fotogravados e em relevo, a entalhe ou em plano, adaptados a prensas de diferentes sistemas de pressão e entintamento, ou sem entintamento. A impressão gráfica é precedida por diversos serviços que a viabiliza, classificando-a em sistemas. Assim temos, por exemplo, sistemas de impressão relacionados à tipografia, litografia ou rotogravura.

A primeira fase da atividade gráfica, "composição gráfica", juntamente com a fotocomposição, encontra-se presente no item 13.05 da Lista de Serviços a que se refere a Lei Complementar nº 116/2003 e se encontra, assim, no campo de incidência do ISS - Imposto Sobre Serviços, de competência municipal. Bem assim os outros serviços relacionados aos diversos sistemas de impressão como clicheria, zincografia, litografia e fotolitografia. Sobre o fornecimento de mercadorias envolvidas na prestação desses serviços não há incidência do tributo estadual, uma vez que na referida Lista não há indicação a esse respeito.

A segunda fase da atividade gráfica, por sua vez, que consiste na impressão propriamente dita, encontra-se fora do campo de incidência do ISS, por ser tal atividade considerada industrial. Dessa forma, e tendo em vista que a Lei Complementar 87/96 determina que o fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos municípios inclui-se no campo de incidência do ICMS, cuja base de cálculo será o valor total da operação, temos que a atividade de impressão gráfica sujeita-se à incidência do imposto estadual.

Diante do exposto, a conclusão é no sentido de que o Consulente realiza a industrialização (fabricação) de placas de veículos, atividade que está sujeita à incidência do ICMS, devendo na saída dos citados produtos ser documentada através da Nota Fiscal respectiva (Nota Fiscal de Venda), emitida na forma prevista na legislação tributária estadual (RICMS-BA/97). Os CFOP´s pertinentes para tais operações são 5.101 e 6.101 - Venda de produção do estabelecimento, códigos em que se classificam, respectivamente, as vendas internas e interestaduais de produtos industrializados pelo próprio estabelecimento alienante. O recolhimento do imposto incidente em tais operações, deverá ser efetuado no prazo estabelecido no RICMS-BA/97, art. 124, inciso I, alínea "a", ou seja, até o dia 9 do mês subseqüente. O código deste recolhimento é 0806 ICMS - Regime Normal - Indústria.

Respondidos os questionamentos apresentados, ressaltamos, por fim, que dentro de 20 (vinte) dias após a ciência da resposta à consulta, o Consulente deverá acatar o entendimento estabelecido na mesma, ajustando-se à orientação recebida, e, se for o caso, efetuando o pagamento das quantias porventura devidas.

É o parecer

Parecerista: OZITA DE ANDRADE MASCARENHAS COSTA

GECOT/Gerente: 08/04/2009 – ELIETE TELES DE JESUS SOUZA

DITRI/Diretor: 08/04/2009 - JORGE LUIZ SANTOS GONZAGA