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1 GOVERNANÇA CORPORATIVA E AMBIENTAL NO GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS: MODELO DE GESTÃO DA COMPANHIA PERNAMBUCANA DE SANEAMENTO COMPESA, PE. Edmilson Martins de Vasconcelos Junior¹, Renata Maria Caminha Mendes de Oliveira Carvalho², Jéssica Vanessa Meira de Vasconcelos 3 1 Químico Industrial pela Universidade Católica de Pernambuco, Especialista em Engenharia de Saneamento Básico e Ambiental pela Universidade Cidade de São Paulo e Mestrando em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos pelo ProfÁgua UFPE Recife/PE, Brasil, email: [email protected]; 2 Doutora em Engenharia Civil na área de Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, com ênfase em Gestão Ambiental, pela Universidade Federal de Pernambuco, Pós-Doutoranda na Universidade Federal de Pernambuco Recife/PE, Brasil, email: [email protected]; 3 Graduada em Engenharia Civil pela UFPE, MBA em andamento Tecnologia e Gestão de Construção de Edifícios e Mestranda em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos pelo ProfÁgua UFPE Recife/PE, Brasil, email: [email protected]. Resumo No Estado de Pernambuco as ações de saneamento básico visam promover inclusão social dos grupos minoritários, mediante a universalização da água para toda população. Em Pernambuco, 80% dos recursos hídricos estão concentrados na região litorânea, enquanto 90% de seu território está na região semiárida, frequentemente submetida a longos períodos de seca. Para superar este desequilíbrio a Companhia Pernambucana de Saneamento adotou o modelo de governança corporativa e governança ambiental, e investiu em políticas públicas com as melhores soluções para levar o abastecimento de água e o esgotamento sanitário de qualidade para todas as regiões do Estado. A COMPESA presta serviços de saneamento básico, contemplando a captação, o tratamento e a distribuição de água, bem como a coleta e o tratamento de esgoto sanitário. Para isso, realiza também estudos, projetos e execução de obras relativas a novas instalações, ampliações de redes de distribuição de água e redes de coleta e tratamento de esgoto sanitário. A busca de uma boa governança permanece um desafio constante para todos os governos e cidadãos. No que se refere à temática ambiental, em particular, há desafios específicos a serem enfrentados no campo que passou a ser chamado de governança ambiental, o qual, em termos simples, diz respeito aos processos e instituições por meio dos quais as sociedades se organizam e tomam decisões que afetam o meio ambiente (Loë et al., 2009; WRI, 2003). Em função do sucesso do modelo de gestão que trouxe consequência dos bons resultados, a empresa foi escolhida por duas revistas de referência nacional como “Melhor Empresa de Saneamento do Brasil” e vivencia uma fase de transição entre uma visão e prática de Responsabilidade Social tradicional orientada para cumprimento legal e desempenho econômico para uma visão de Responsabilidade Social ampla, humanista e participativa. Palavras-chave: governança, gestão, saneamento. CORPORATE AND ENVIRONMENTAL GOVERNANCE IN WATER RESOURCE MANAGEMENT: PERNAMBUCAN SANITATION COMPANY MANAGEMENT MODEL COMPESA, PE. Abstract In the State of Pernambuco, basic sanitation actions aim to promote social inclusion of minority groups through the universalization of water for the entire population. In Pernambuco, 80% of water resources are concentrated in the coastal region, while 90% of its territory is in the semiarid region, often subjected to long periods of drought. To overcome this imbalance, the Pernambuco Sanitation Company adopted the corporate governance and environmental governance model, and invested in public policies with the best solutions to bring water supply and quality sanitation to all regions of the state. COMPESA provides basic sanitation services, including the collection, treatment and distribution of water, as well as the collection and treatment of sewage. To this end, it also carries out studies, projects and execution of works related to new facilities, expansion of water distribution networks and sewage collection and treatment networks. The pursuit of good governance remains a constant challenge for all governments and citizens. With regard to environmental issues, in particular, there are specific challenges to be faced in the field that has come to be called environmental governance, which, in simple terms, concerns the processes and institutions through which societies are organized and make decisions that affect the environment (Loë et al., 2009; WRI, 2003). Due to the success of the management model that resulted from the good results, the company was chosen by two national

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E AMBIENTAL NO GERENCIAMENTO DE

RECURSOS HÍDRICOS: MODELO DE GESTÃO DA COMPANHIA PERNAMBUCANA

DE SANEAMENTO – COMPESA, PE.

Edmilson Martins de Vasconcelos Junior¹, Renata Maria Caminha Mendes de Oliveira Carvalho², Jéssica

Vanessa Meira de Vasconcelos3

1 Químico Industrial pela Universidade Católica de Pernambuco, Especialista em Engenharia de Saneamento Básico e

Ambiental pela Universidade Cidade de São Paulo e Mestrando em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos pelo

ProfÁgua – UFPE – Recife/PE, Brasil, email: [email protected]; 2 Doutora em Engenharia Civil na área de

Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, com ênfase em Gestão Ambiental, pela Universidade Federal de

Pernambuco, Pós-Doutoranda na Universidade Federal de Pernambuco – Recife/PE, Brasil, email:

[email protected]; 3 Graduada em Engenharia Civil pela UFPE, MBA em andamento – Tecnologia e Gestão

de Construção de Edifícios e Mestranda em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos pelo ProfÁgua – UFPE –

Recife/PE, Brasil, email: [email protected].

Resumo No Estado de Pernambuco as ações de saneamento básico visam promover inclusão social dos grupos minoritários,

mediante a universalização da água para toda população. Em Pernambuco, 80% dos recursos hídricos estão

concentrados na região litorânea, enquanto 90% de seu território está na região semiárida, frequentemente submetida a

longos períodos de seca. Para superar este desequilíbrio a Companhia Pernambucana de Saneamento adotou o modelo

de governança corporativa e governança ambiental, e investiu em políticas públicas com as melhores soluções para

levar o abastecimento de água e o esgotamento sanitário de qualidade para todas as regiões do Estado. A COMPESA

presta serviços de saneamento básico, contemplando a captação, o tratamento e a distribuição de água, bem como a

coleta e o tratamento de esgoto sanitário. Para isso, realiza também estudos, projetos e execução de obras relativas a

novas instalações, ampliações de redes de distribuição de água e redes de coleta e tratamento de esgoto sanitário. A

busca de uma boa governança permanece um desafio constante para todos os governos e cidadãos. No que se refere à

temática ambiental, em particular, há desafios específicos a serem enfrentados no campo que passou a ser chamado de

governança ambiental, o qual, em termos simples, diz respeito aos processos e instituições por meio dos quais as

sociedades se organizam e tomam decisões que afetam o meio ambiente (Loë et al., 2009; WRI, 2003). Em função do

sucesso do modelo de gestão que trouxe consequência dos bons resultados, a empresa foi escolhida por duas revistas de

referência nacional como “Melhor Empresa de Saneamento do Brasil” e vivencia uma fase de transição entre uma visão

e prática de Responsabilidade Social tradicional orientada para cumprimento legal e desempenho econômico para uma

visão de Responsabilidade Social ampla, humanista e participativa.

Palavras-chave: governança, gestão, saneamento.

CORPORATE AND ENVIRONMENTAL GOVERNANCE IN WATER RESOURCE

MANAGEMENT: PERNAMBUCAN SANITATION COMPANY MANAGEMENT MODEL

– COMPESA, PE.

Abstract In the State of Pernambuco, basic sanitation actions aim to promote social inclusion of minority groups through the

universalization of water for the entire population. In Pernambuco, 80% of water resources are concentrated in the

coastal region, while 90% of its territory is in the semiarid region, often subjected to long periods of drought. To

overcome this imbalance, the Pernambuco Sanitation Company adopted the corporate governance and environmental

governance model, and invested in public policies with the best solutions to bring water supply and quality sanitation to

all regions of the state. COMPESA provides basic sanitation services, including the collection, treatment and

distribution of water, as well as the collection and treatment of sewage. To this end, it also carries out studies, projects

and execution of works related to new facilities, expansion of water distribution networks and sewage collection and

treatment networks. The pursuit of good governance remains a constant challenge for all governments and citizens.

With regard to environmental issues, in particular, there are specific challenges to be faced in the field that has come to

be called environmental governance, which, in simple terms, concerns the processes and institutions through which

societies are organized and make decisions that affect the environment (Loë et al., 2009; WRI, 2003). Due to the

success of the management model that resulted from the good results, the company was chosen by two national

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reference magazines as “Best Sanitation Company in Brazil” and experiences a transition phase between a vision and

practice of traditional Social Responsibility oriented for legal compliance and economic performance for a broad,

humanistic and participatory vision of social responsibility.

Keywords: governance, management, sanitation.

1 INTRODUÇÃO

Reflexos da fragilidade de integração entre políticas públicas ocorrem de diversas maneiras,

resultando em dificuldades de conter a degradação de ecossistemas, áreas de proteção, encostas e

nascentes, com consequentes impactos negativos sobre a quantidade e qualidade dos recursos

hídricos.

A água é um patrimônio natural estratégico. Mais do que um recurso imprescindível à

produção de bens indispensáveis ao desenvolvimento econômico e social, é um elemento vital para

a conservação dos ecossistemas e da vida de todos os seres em nosso planeta. Sem água a Vida não

existe.

A conservação, a preservação e o uso dos recursos hídricos são um dos principais desafios da

promoção da sustentabilidade. Tais fatores são preponderantes para o desenvolvimento

socioeconômico de uma nação.

No Brasil, a governança como aparato conceitual que abarca uma nova concepção da água é

implementada com a Política Nacional de Recursos Hídricos a partir de 1997. Segundo Jacobi

(2012, p. 2), “[...] a governança transcende uma visão de gestão porque é uma construção

conceitual, teórica e operacional associada a uma visão hidropolítica”.

A governança corporativa pública destina-se ao bem-estar da sociedade e reúne as principais

informações relativas às práticas de políticas públicas adotadas pela empresa, onde o interesse

público está implícito nos interesses empresarias com Transparência e Ética, boa comunicação

interna e externa gerando um clima de confiança de valor; Equidade, tratando de forma justa e

igualitária os colaboradores, clientes, fornecedores, investidores e Responsabilidade corporativa

evitando decisões que possam causar impactos negativos na sociedade ou no meio ambiente.

O pensamento sobre um desenvolvimento sustentável tem origem nos debates gerados a

partir da preocupação com a qualidade ambiental, que passou a existir após a década de 1950

(BARBIERI, 2005; SEIFFERT, 2010; VEIRA, 2007). Como produtos dessas discussões, surgiram

mudanças nas normas jurídicas, nas estratégias de crescimento econômico, no planejamento e

gestão governamental e nas lógicas de organização da sociedade. Além disso, é criado um “novo

campo de pesquisa científica inter e transdisciplinar” (VIEIRA, 2007, p. 9).

Atualmente, a crise ambiental é o resultado da deterioração progressiva do meio ambiente,

sendo atribuída como um dos principais fatores às mudanças socioeconômicas produzidas pelo

processo do capitalismo e ao fracionamento do conhecimento por meio do pensamento cartesiano,

os quais reivindicam alterações no modelo de desenvolvimento e comportamento das sociedades

humanas. Isto implica em agregar novos valores e adoção de uma nova ética para constituição de

uma sociedade sustentável. Neste contexto, o Estado, a sociedade civil e o setor econômico

enfrentam uma reorganização de funções.

A preocupação com o meio ambiente e com as comunidades passa a integrar as atividades

principais da organização. Nesse sentido, a Gestão Ambiental além de ter uma posição dentro da

estrutura da organização, faz parte do seu planejamento estratégico, e, sobretudo, da cultura

organizacional (ELKINGTON, 2001; SEIFFERT, 2010; HARRINGTON; KNIGHT, 2001).

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A gestão ambiental é um processo sistemático que se apresenta como uma solução para se

atingir o desenvolvimento sustentável. Para a sustentabilidade é condicionante o equilíbrio entre os

chamados três eixos fundamentais. São eles: o crescimento econômico, a preservação do meio

ambiente e a equidade social. A consonância entre essas três esferas configura um desafio para as

organizações, que pode ser atingido no longo prazo, através da adoção de uma política de Gestão

Ambiental. (BARBIERI, 2005; ELKINGTON, 2001; SEIFFERT, 2010; VIEIRA, 2007;

HARRINGTON; KNIGHT, 2001).

A governança ambiental a níveis nacional, regional e global é fundamental para o alcance da

sustentabilidade ambiental e do desenvolvimento sustentável, em última instância. O aumento de

novas formas de governança interativa representa uma adaptação ao sistema político-administrativo,

diversidade, complexidade e dinâmica da sociedade contemporânea. Ela está relacionada com a

implementação socialmente aceitável de políticas públicas, um termo mais inclusivo que governo,

por abranger a relação Sociedade, Estado, mercados, direito, instituições, políticas e ações

governamentais, associadas à qualidade de vida, ao bem-estar, notadamente os aspectos

relacionados com a saúde ambiental. No que se refere à temática ambiental, em particular, há

desafios específicos a serem enfrentados no campo que passou a ser chamado de governança

ambiental, o qual, em termos simples, diz respeito aos processos e instituições por meio dos quais

as sociedades se organizam e tomam decisões que afetam o meio ambiente (Loë et al., 2009; WRI,

2003).

Segundo o Banco Mundial, em seu documento Governance and Development, de 1992, a

definição geral de governança é “o exercício da autoridade, controle, administração, poder de

governo”. Precisando melhor, “é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos

recursos sociais e econômicos de um país visando o desenvolvimento”, implicando ainda “a

capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir funções”. Duas

questões merecem destaque:

a) A ideia de que uma “boa” governança é um requisito fundamental para um desenvolvimento

sustentado, que incorpora ao crescimento econômico equidade social e também direitos

humanos (Santos, 1997, p. 340-341);

b) A questão dos procedimentos e práticas governamentais na consecução de suas metas

adquire relevância, incluindo aspectos como o formato institucional do processo decisório, a

articulação público-privado na formulação de políticas ou ainda a abertura maior ou menor

para a participação dos setores interessados ou de distintas esferas de poder (Banco Mundial,

1992, apud Diniz, 1995, p. 400).

A Companhia Pernambucana de Saneamento foi criada pela Lei Estadual nº 6307, em 29 de

julho de 1971, é uma organização de sociedade anônima de economia mista, com fins de utilidade

pública, tendo o Estado de Pernambuco como seu maior acionista. A organização tem como

objetivo social, por outorga do Estado e delegação dos munícipios, a exploração de serviços de

saneamento básico, especificamente tratamento e distribuição de água, coleta, tratamento de esgoto

sanitário, além da realização de estudos, projetos e execução de obras relativas a novas instalações,

ampliações de redes de distribuição de águas e redes de coleta e tratamento de esgoto sanitário. A

organização também colabora com órgãos e entidades federais, estaduais, municipais e outros

pertinentes ao desenvolvimento de seus objetivos básicos (COMPESA, 2011a). Atualmente, a

respectiva companhia presta serviços de abastecimento de água em 172 dos 184 munícipios, além

do território de Fernando de Noronha, em Pernambuco. A companhia a partir da Lei Federal nº

11.445, de 2007, que estabelece diretrizes para a regulação dos serviços de saneamento básico,

encontra-se em processo de reestruturação, cujo objetivo é adquirir eficiência e eficácia, que são

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requisitos dentro da nova regulamentação por meio do planejamento estratégico em suas atividades

(BRASIL, art. 2º, 2007). Neste sentido, a companhia visando um alinhamento com suas partes

interessadas com intuito de proporcionar um relacionamento adequado entre sociedade-organização

busca correlacionar suas atividades sob a ótica da responsabilidade socioambiental e o compromisso

em conservar os recursos necessários às futuras gerações. Conforme preconiza sua missão

organizacional “Prestar, com efetividade, serviços de abastecimento de água e esgotamento

sanitário, de forma sustentável, conservando o meio ambiente e contribuindo para a qualidade de

vida da população” (COMPESA, 2014). Para Drucker (1984, p. 343) o “desempenho da missão

específica da entidade também é do maior interesse e necessidade da sociedade”. E complementa

quando uma organização falha em sua missão não estará demonstrando responsabilidade social,

independentemente de quantas ações e programas sociais exerçam (DRUCKER, 1984). Além do

compromisso de fornecer serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário à população a

COMPESA segue os seguintes princípios fundamentais:

1. Atender às exigências da legislação ambiental vigente e de outros requisitos

subscritos pela empresa, voltados à proteção do meio ambiente;

2. Adotar em todos os seus processos, produtos e serviços os princípios da produção

mais limpa e de prevenção da poluição, mitigando os impactos ambientais,

gerenciando os resíduos e fazendo uso racional dos recursos;

3. Identificar, avaliar e gerenciar seus impactos ambientais decorrentes de suas

atividades, produtos e serviços;

4. Promover a melhoria contínua de seu desempenho ambiental e das práticas de

prevenção da poluição;

Diante disso, o presente artigo tem por finalidade fazer uma análise da governança

corporativa e ambiental da Companhia Pernambucana de Saneamento focando na estratégia e no

modelo de gestão pública pautada pelo componente participativo do Estado com as políticas sociais.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Tendo em vista a complexidade do contexto, adotou-se metodologia exploratória quanto ao

objeto. Quanto a procedimentos técnicos a pesquisa é bibliográfica, documental e de levantamento.

2.1. Área estudada

Pernambuco é o estado que tem o pior índice de disponibilidade hídrica do Brasil. Além da

escassez natural por falta de chuva, a grande mudança nos cenários social, político, econômico e,

principalmente, climático, são fatores que agravam a situação para o desenvolvimento e expansão

do abastecimento de água no estado.

Com a grande seca de 2012 a 2017, ocasionada pela falta de chuva em Pernambuco fez com

que a COMPESA em 2017 focasse em estratégias voltadas para aprimorar e expandir os serviços

prestados, porém de forma mais eficiente. Foram investidos mais de 720 milhões de reais em obras,

expandindo o abastecimento de água para cerca de 60 mil novos domicílios e o esgotamento

sanitário para mais de 20 mil novos domicílios.

A Companhia presta serviços de saneamento básico, contemplando a captação, o tratamento

e a distribuição de água, bem como a coleta e o tratamento de esgoto sanitário. Para isso, realizam

também estudos, projetos e execução de obras relativas a novas instalações, ampliações de redes de

distribuição de água e redes de coleta e tratamento de esgoto sanitário. Esses serviços são regulados

pela Agência Reguladora de Pernambuco-ARPE. A empresa é responsável pela execução da

política governamental de abastecimento de água e esgotamento sanitário, bem como da prevenção

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e aproveitamento dos recursos hídricos do Estado de Pernambuco e tem como objetivo é “Prestar,

de forma sustentável, serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário atendendo às

necessidades dos clientes”.

2.2. Estrutura de Governança da COMPESA

A estrutura de governança corporativa da empresa é composta por: Assembleia Geral,

Conselho Fiscal, Conselho de Administração, Auditoria, Presidência, Diretoria Executiva.

Figura 1 – Estrutura de Governança – COMPESA

2.3. Diretrizes da Governança Corporativa da COMPESA

A governança corporativa da empresa tem como diretriz o planejamento, consolidação de

dados estratégicos, indicadores, relatórios, publicações, fatores de risco e políticas públicas.

a) Planejamento

O planejamento estratégico da empresa é composto por etapas e segue uma sequência lógica

para definição das estratégias, iniciando com a análise do modelo de negócio, onde é avaliado o

negócio em si, bem como novas oportunidades, além da estrutura física e organizacional, parceiros,

mercado de atuação e fornecedores.

São desenvolvidos indicadores de desempenho a partir do Mapa da Estratégia (figura 2), que

são monitorados por meio de reuniões que envolvem todos os níveis hierárquicos da companhia.

A partir de Indicadores e metas vinculados aos objetivos, assegura-se o alinhamento dos

projetos e iniciativas com a estratégia da organização, em um processo de monitoramento e revisão

constante.

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Figura 2 – Mapa Estratégico – COMPESA

b) Dados estratégicos

São dados de todos os indicadores estratégicos comparando os resultados em relação às

metas e o mesmo período do ano anterior. A partir dos indicadores estratégicos são monitorados o

plano de metas onde são desdobrados os objetivos e metas definidas no planejamento estratégico

para torna-los gerenciáveis a partir de indicadores de desempenho, alinhando sistemicamente o

pensamento de todos os membros da organização.

O monitoramento do plano de metas é realizado mensalmente através do modelo PDCA.

Este modelo de gestão interativa consiste em quatro etapas de controle que significam: planejar-

fazer-verificar-agir, e que tem como objetivo melhorar os processos e os produtos de forma

continua.

As metas são construídas de modo participativo e alinhadas com os objetivos estratégicos.

Para construção das metas, a empresa realiza análise dos ambientes internos e externos, verificando

suas influências na estratégia através de ferramentas como a Análise PESTAL (focada no

levantamento de fatores) macro ambiental (políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais

e legais) e Análise SWOT (abreviação das palavras em inglês strengths, weaknesses, opportunities e

threats, que significam forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, respectivamente).

As Ações que serão priorizadas são definidas pela alta gestão e são monitoradas pela

metodologia da gestão 5w2h. Este modelo consiste em sete diretrizes de controle: o que será feito?

Por que será feito? Onde será feito? Quando? Por quem será feito? Como será feito? Quanto vai

custar? Esta metodologia contribui na execução e, sobretudo no controle das tarefas da empresa

melhorando os seus resultados.

c) Indicadores

A empresa utiliza os indicadores de desempenho para o gerenciamento do sistema

organizacional e tem como objetivo aferir de modo quantitativo e comparável a evolução e o

desempenho dos resultados alcançados em relação às metas estabelecidas, permitindo controlar e

atuar com foco na melhoria contínua dos resultados estratégicos e setoriais. Esta ferramenta além de

permitir uma avaliação contínua da eficiência, eficácia e efetividade de seus processos e pessoas,

também é essencial ao planejamento e controle dos processos das organizações, possibilitando o

estabelecimento de metas e o seu desdobramento, já que os resultados são fundamentais para a

análise crítica dos desempenhos, para a tomada de decisões e para o novo ciclo de planejamento.

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Figura 3 – Indicadores Estratégicos – COMPESA

2.4. Governança Ambiental e Políticas Públicas

A interação com a população usuária e as necessidades de mudanças no relacionamento e na

prestação dos serviços traz consigo uma demanda constante de diálogo com os diversos segmentos

da sociedade em prol da valorização do saneamento, da saúde e da qualidade de vida. Com isso,

estratégias, metodologias e instrumentos de mobilização social e de educação ambiental se tornam

essenciais na condução dos trabalhos sociais na política de saneamento. Os empreendimentos e

serviços passam a ter sustentabilidade quando a sociedade se torna sujeito atuante e corresponsável

pelas práticas de conservação do meio ambiente. As estratégias devem ser planejadas tendo a

população como principal público das ações, identificando-se as particularidades regionais, perfis

socioeconômicos, interesses e anseios locais, e conectando os interesses da Companhia com os

atores envolvidos e impactados.

O gerenciamento ambiental é o conjunto das ações planejadas com base na preocupação com

o meio ambiente, consiste na implementação e controle do SGA (HARRINGTON; KNIGHT, 2001;

SEIFFERT, 2010).

Visando à manutenção da qualidade ambiental através do controle dos aspectos e impactos

ambientais relacionados às atividades da Companhia, a Compesa implantou, em 2017, o Sistema de

Gestão Ambiental – SGA, onde estão definidas as responsabilidades, práticas, procedimentos e

processos necessários para garantir o cumprimento da Política Ambiental da Companhia.

O Sistema de Gestão Ambiental constitui uma parte do sistema global de gestão de uma

organização que busca o controle dos seus aspectos ambientais, através de uma abordagem

estruturada e planejada. O SGA é constituído por um processo dinâmico, visto que está sujeito a

uma avaliação periódica onde são analisados os objetivos e metas traçados, o seu cumprimento e a

eficácia das medidas corretivas implementadas.

A COMPESA exerce políticas públicas que atendem ao objetivo descrito no art. 1º da Lei

Estadual de criação da Companhia de “execução da política governamental de abastecimento de

água e esgotamento sanitário, e bem assim a preservação e aproveitamento dos recursos hídricos no

Estado de Pernambuco”. A empresa possui programas de Políticas Públicas estabelecidos na Lei

Orçamentária Anual: Gestão de recursos hídricos de Pernambuco e Ampliação do acesso à água e

esgotamento sanitário, tais como:

2.5. Programas de Políticas Públicas

2.5.1. Gestão de Recursos Hídricos de Pernambuco.

O Programa de Gestão de Recursos Hídricos de Pernambuco tem por objetivo implementar a

Política Estadual de Recursos Hídricos, seus instrumentos, Sistema Integrado de Gerenciamento e,

promover a conservação e a proteção das águas superficiais e subterrâneas dos recursos, em todo o

território do Estado. Abrange as seguintes ações:

Projeto de Sustentabilidade Hídrica de Pernambuco - PSH PE - COMPESA

Finalidade: Executar obras de infraestrutura para aumentar a eficiência dos sistemas

de abastecimento de água e de saneamento básico, voltados para a sustentabilidade

dos recursos hídricos de Pernambuco.

Projeto de Saneamento Ambiental nas Bacias Hidrográficas de Pernambuco - PSA-

PE – COMPESA Finalidade: Apoiar projetos de saneamento ambiental nas bacias

hidrográficas, focando as bacias dos rios Capibaribe e Ipojuca, contribuindo para a

melhoria da gestão dos recursos hídricos.

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2.5.2. Ampliação do Acesso à Água e Esgotamento Sanitário.

O programa Ampliação do Acesso à Água e Esgotamento Sanitário tem por finalidade

ampliar o acesso hídrico e a universalização do saneamento, garantindo abastecimento de água e

esgotamento sanitário em todo território do Estado.

Saneamento para Todos - Ampliação da Cobertura dos Serviços e Eficiência da

Coleta e Tratamento do Esgotamento Sanitário – COMPESA Finalidade: Ampliar a

cobertura dos serviços de esgotamento sanitário em todo o Estado

Água para Todos - Ampliação da Oferta, Cobertura dos Serviços de Abastecimento e

Redução do Racionamento de Água – COMPESA Finalidade: Ampliar a cobertura

dos serviços de abastecimento de água em todo o Estado.

Diante de todo o planejamento e para o alcance dos resultados a empresa adota uma

governança corporativa de gerenciamento cada vez mais eficiente dos recursos, parcerias e

processos, mantendo uma política contínua de eficientização de gastos e otimização das receitas.

Adutora do Agreste – A Adutora do Agreste vai contemplar 68 municípios que se

encontram na região que tem o maior déficit hídrico de Pernambuco, 80 distritos irão

receber 4,0 m3/s, levados pelos 1.300 km de adutoras. Esta obra irá beneficiar mais

de 2 milhões de pessoas.

Transposição do São Francisco - O projeto de transposição do São Francisco surgiu

com o argumento sanar essa deficiência hídrica na região do Semi-Árido através da

transferência de água do rio para abastecimento de açudes e rios menores na região

nordeste, diminuindo a seca no período de estiagem. O projeto prevê a retirada de

26,4 m³/s de água, que será destinada ao consumo da população urbana de 390

municípios do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. A transposição

beneficiará mais de 12 milhões de habitantes do semiárido nordestino,

proporcionando água para suprir as necessidades humanas e impulsionar o

desenvolvimento de atividades econômicas.

2.5.3. Programa Com Viver COMPESA.

As ações sociais do Programa ComViver Compesa contribuem para a melhoria das

condições de vida da população e para a integração dos serviços de saneamento com o

compromisso social. Busca-se fortalecer o convívio entre a empresa e comunidade/bairro, fora e

dentro de unidades de referência em todo o estado, como Estações de Tratamento de Água,

Estações de Tratamento de Esgoto, Estações Elevatórias, Lojas de Atendimento, Coordenações

Regionais e Centros Administrativos. Atualmente, três projetos integram o Programa ComViver:

Encontro COMPESA & Parceiros Socioambientais

Por meio de encontros promovidos em todo o estado com gestores e profissionais da saúde,

educação e assistência, lideranças comunitárias, empresas, ONG, clientes e formadores de opinião,

entre outros, esse projeto visa consolidar e ampliar a rede de multiplicadores para disseminação da

importância do saneamento. Os encontros oportunizam a socialização de informações sobre os

investimentos em saneamento, as principais ações realizadas e os resultados dos trabalhos sociais.

Escolinha de Futebol Ricardo Rocha

Desenvolvida em parceria com o tetracampeão mundial Ricardo Rocha, tem como propósito

desenvolver a prática esportiva integrada a ações de cidadania e educação ambiental. O bairro do

Jordão, em Jaboatão dos Guararapes, é beneficiado pelo projeto, que, por meio de atividades

esportivas e ações de mobilização social e educação ambiental, busca a inclusão social, educacional

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e cultural de crianças e adolescentes, o convívio com a população e melhorias nas questões sociais

da área.

ComViver Compesa nos Bairros

O projeto desenvolve ações de mobilização social e educação ambiental em diversos bairros e

comunidades do estado, para atender necessidades sociais referentes à política de saneamento,

melhoria dos serviços e fortalecimento das relações da Compesa nas áreas de atuação. Dessa forma,

a empresa mantem o compromisso de prestar serviços de abastecimento de água e esgotamento

sanitário associados ao trabalho social, com participação, comunicação, cultura e educação.

2.5.4. Programa De Bem com a Rede

O programa visa contribuir para a redução do desperdício nos bairros e comunidades que

apresentem questões que impactam no acesso e no consumo de água. Ações de mobilização social e

educação ambiental são desenvolvidas em sinergia com as intervenções das áreas comercial, técnica

e operacional com o objetivo de melhorar os serviços, incentivar práticas de bom uso da rede de

água e fortalecer o relacionamento da população com a Companhia.

2.5.5. Concurso Cultural Água: Juntos Vamos preservar

O concurso é realizado, anualmente, pela Secretaria de Educação de Pernambuco, COMPESA e

Shopping RioMar Recife, e tem por objetivo expor reflexões, estimular boas práticas e apresentar

propostas dos alunos matriculados na rede de ensino estadual sobre o uso sustentável da água. Os

estudantes são mobilizados e sensibilizados com ações educativas que visam estimular a

participação no certame. Os melhores trabalhos são reconhecidos com a exposição dos trabalhos e

premiações para alunos e professores.

2.5.6. Campanhas e Eventos socioambientais

As campanhas educativas da COMPESA e a participação em eventos sociais e ambientais ocorrem

em todo estado, com temáticas e datas alusivas ao trabalho social no saneamento, a exemplo do Dia

Mundial da Água, Dia Mundial do Meio Ambiente e Dia do Educador Ambiental. O objetivo é

integrar assuntos de relevância estadual, nacional e mundial aos serviços de saneamento juntamente

com a população. As ações buscam incentivar e debater práticas de conservação ambiental,

sustentabilidade e o bom uso dos sistemas de água e esgotamento sanitário com crianças,

adolescentes, jovens e adultos em diversos espaços.

2.5.7. Campanha Conta Comigo

Permite que clientes da COMPESA contribuam para a melhoria da qualidade de vida de crianças,

adolescentes, jovens, adultos e idosos, beneficiando projetos e serviços de entidades organizadas da

sociedade civil, por meio de doações mensais, via fatura de água e esgoto. A campanha fortalece

projetos nas áreas da saúde, educação, cultura, lazer e cidadania em todo o estado. Além disso, a

empresa e as entidades beneficiadas se tornam parceiras em ações sociais desenvolvidas

conjuntamente.

2.5.8. Programa de Trabalho Social nas Obras

A execução de obras de saneamento impacta no cotidiano da população. Com o objetivo de mitigar

possíveis transtornos e integrar os beneficiários aos investimentos, são desenvolvidas ações de

mobilização, participação social e educação ambiental que estimulam a autonomia e o

protagonismo social. As ações contribuem ainda com práticas positivas de conservação do meio

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10

ambiente e do empreendimento, sensibilizando a população sobre a importância dos serviços e da

sustentabilidade.

2.5.9. Trabalho Social de Inserção na Tarifa Social

Ações de mobilização social são realizadas nos bairros/comunidades visando informar, orientar e

esclarecer sobre o benefício da Tarifa Social para famílias de baixa renda, permitindo que os

clientes que atendam aos critérios e condições tenham acesso aos serviços de água e esgotamento

sanitário com modicidade tarifária. Visitas, palestras, reuniões, atendimento social e abordagens

informativas são exemplos de ações desenvolvidas para ampliar o conhecimento da população sobre

o tema.

2.5.10. Projeto de Visita às Obras e Unidades da COMPESA

As Estações de Tratamento de Água (ETA) e de Esgoto (ETE) da Compesa, assim como as

principais obras de melhoria ou ampliação dos serviços, são utilizados como espaços educativos e

informativos para o diálogo com a população sobre a importância do saneamento na saúde e

qualidade de vida dos pernambucanos.

Durante todo o ano, são desenvolvidas visitas guiadas às unidades e a obras de água e de esgoto

com estudantes, educadores, técnicos, universitários, profissionais, comunitários, formadores de

opinião e outros, permitindo que os espaços estratégicos da Companhia possam ser visibilizados

pela sua relevância na prestação dos serviços.

2.5.11. Casa Verde COMPESA

Localizada no município de Arcoverde, no Sertão pernambucano, a Casa Verde COMPESA é um

espaço que promove cursos, oficinas e palestras com foco na educação socioambiental. Através de

um processo educativo transformador, visa sensibilizar a população da região quanto às questões

ambientais para a formação de uma sociedade mais sustentável. O espaço conta com sala

multimídia, biblioteca temática, auditório, sala de oficinas e um jardim sensorial. A Casa Verde

COMPESA possui a chancela do Projeto Sala Verde, do Ministério do Meio Ambiente, que

incentiva a implantação de espaços socioambientais para atuarem como centros de informação e

formação ambiental.

2.5.12. Licenciamento Ambiental

De acordo com a Lei Federal nº 6.938/1981, licenciamento ambiental é o procedimento no qual o

poder público, representado por órgãos ambientais, autoriza e acompanha a implantação e a

operação de atividades que utilizam recursos naturais ou que sejam consideradas efetiva ou

potencialmente poluidoras. Ao receber a Licença Ambiental, a Compesa reafirma seu compromisso

de manter a qualidade ambiental das localidades onde seus empreendimentos são instalados,

executando-os conforme a legislação ambiental vigente, impactando o mínimo possível o meio

ambiente.

2.5.13. Sistema Informatizado Ambiental – SIA

A partir da necessidade de informatizar o acompanhamento dos processos ambientais da

companhia, a COMPESA criou um Sistema Informatizado Ambiental (SIA), através do qual recebe

todas as solicitações de licenças ambientais e disponibiliza aos gestores de obras o acesso para

consultas e acompanhamento dos processos em andamento, oferecendo mais praticidade, agilidade

e segurança.

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11

2.5.14. Programa Florestar

Promove ações de gestão e educação ambiental a fim de sensibilizar a sociedade sobre a

necessidade da preservação florestal para a proteção dos recursos hídricos e a qualidade de vida das

populações. Possui cinco eixos de atuação:

1. Viveiros Florestais Educadores

Os Viveiros Florestais Educadores da Compesa se configuram como espaços de fomento a

atividades de educação ambiental, recebendo visitas de grupos de instituições de ensino e de

organizações sociais diversas. Atualmente, a companhia possui dois viveiros localizados nos

municípios de Poção e Bonito, no Agreste do estado, que produzem mudas de espécies florestais

nativas da Caatinga e Mata Atlântica para atividades de educação ambiental, reflorestamento e para

o atendimento de exigências ambientais legais referentes às obras da companhia.

2. Vai à Escola

O Vai à Escola visa disseminar a educação ambiental, promovendo atividades de produção de

mudas e projetos de arborização para espaços escolares, sensibilizando os alunos sobre as questões

ambientais e formando viveiristas florestais para realizarem o plantio e a manutenção de mudas em

suas escolas. Quando realizado em parceria com prefeituras, o projeto atende alunos de diversas

escolas do município e, em parceria com a administração pública local, elabora um Plano de

Arborização para a cidade, bem como a doação de mudas para que o município dê seguimento ao

Plano, melhorando a qualidade de seus espaços públicos e/ou áreas degradadas. Dessa forma, os

estudantes são envolvidos num processo muito maior, tornando-se protagonistas na transformação

ambiental do seu município.

3. Oficinas e Eventos Com o objetivo de atender às demandas de atividades de educação ambiental e de participação em

eventos socioambientais, escolares, técnicos e científicos, esse projeto promove atividades

educativas com metodologia definida para as necessidades de cada público, acompanhando também

do calendário do Meio Ambiente do estado de Pernambuco.

4. Semeando Cidadania

O projeto visa atender demandas de áreas vinculadas às políticas de assistência social. A primeira

parceria do Semeando Cidadania se deu com a Fundação de Atendimento Socioeducativo – Funase

– por meio da construção de viveiros florestais educadores em unidades socioeducativas e a

capacitação de adolescentes e jovens socioeducandos como viveiristas florestais, contribuindo para

a sua transformação cultural e pessoal.

5. Cultivando Conhecimento

Atualmente, a Compesa conta com mais de 7 mill colaboradores distribuídos por diversas gerências

no estado de Pernambuco. Com essa perspectiva, este eixo do Programa Florestar é voltado para

promover maior integração dos colaboradores da companhia com as atividades ambientais

desenvolvidas, visando aumentar o nível de conscientização e comprometimento destes com os

projetos ambientais.

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Figura 4 – Programa Reflorestar – COMPESA

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O bom planejamento de uma governança corporativa trouxeram resultados expressivos para

a empresa. Comparando o ano de 2006 a 2018 houve um aumento na arrecadação da empresa na

ordem de 304%, na expansão dos serviços: população atendida com água houve um aumento na

ordem de 142%, população atendida com esgoto houve um aumento na ordem de 180%.

Em 2018, a COMPESA implementou as Políticas de Integridade, como a de anticorrupção,

antissuborno, conflito de interesses, contratação de terceiros, dentre outras. O Código de Ética e

Conduta é o principal direcionador nesse sentido.

O reconhecimento da Companhia Pernambucana de Saneamento no cenário nacional trouxe

um fortalecimento de sua imagem, bem como premiações junto a instituições de referência como

revistas, jornais, participação em premiações e reconhecimentos.

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Figura 5 – Premiações – COMPESA

Na área da governança ambiental a empresa recebeu a Certificação ISO 14.001:2015, sendo a

primeira companhia de saneamento do Brasil a receber esta certificação em 15 de suas unidades de

tratamento.

Figura 6 – Certificações – COMPESA

Unidades contempladas:

Região Metropolitana de Recife

• Centro Administrativo Governador Eduardo Campos

• Centro de Distribuição

• Estação de Tratamento de Água Alto do Céu

• Estação de Tratamento de Água Castelo Branco

• Estação de Tratamento de Água Pirapama

• Estação de Tratamento de Água Gurjaú

• Estação de Tratamento de Água Botafogo

PREMIAÇÃO

Fonte: Revista As melhoras da

dinheiro

Categoria: Entre as empresas do

setor Saneamento

Premiação: 1º Governança

Corporativa, 1º Responsabilidade

Social, 2º Sustentabilidade

Financeira, 2º Inovação

2016 2017 2018

Fonte: Revista As melhores da

dinheiro

Categoria: Melhor empresa do

Brasil 2015

Premiação: 1º lugar pelo Ranking

estabelecido pela Revista Isto É

Dinheiro

Fonte: Trofeu Top Brazil Quality

2015

Categoria: Destaque observando

apenas o Estado de Pernambuco

Premiação: 4º lugar em aumento

de receita, 5º lugar em liquidez

corrente

Fonte: Premio Qualidade Brasil

Categoria: Certificado da

excelência da Qualidade 2015

Premiação: Total Quality Control

Service da Associação Prêmio

Qualidade Brasil

Fonte: The Bizz 2016

Categoria: Certificado The Bizz

2016

Premiação: Reconhecida como

empresa Líder Mundial de

Negócios

Fonte: Revista Isto É Dinheiro

Categoria: Entre as empresas do

setor Saneamento

Premiação: 1º Sustentabilidade

Financeira, 2º Responsabilidade

Social, 2º Governança, 3º

Inovação, 5º Recursos Humanos

Fonte: Revista Negócios 360º

Categoria: Melhor Empresa de

Saneamento do Brasil 2017

Premiação: 1º Governança

Corporativa, Visão de Futuro e

Responsabilidade Social, 2º

Prática de RH, 3º Capacidade de

Inovar, 3º Inovação, 4º

Desempenho Financeiro

Fonte: Revista EXAME

Categoria: Entre as empresas do

setor infraestrutura

Premiação: 1º lugar aumento de

Vendas Líquidas, 2º lugar Liquidez

corrente, 8º lugar em Retorno de

Investimento, 9º lugar em

Riqueza Criada por Empregado,

10º lugar em Liderança de

Mercado

Categoria: Entre as empresas

Estatais

Premiação: 37º lugar em Vendas

2014

Fonte: Revista Negócio 360º

Categoria: Entre as empresas de

Água e Saneamento

(Responsabilidade social)

Premiação: 4º lugar em

Responsabilidade Socioambiental

Categoria: Entre as empresas de

Água e Saneamento (Visão de

futuro)

Premiação: 5º lugar em Visão de

futuro

Fonte: Revista Dinheiro 1000

Categoria: Entre as empresas de

Serviços Públicos

Premiação: 5º lugar em

Responsabilidade Socioambiental

Fonte: Revista Valor 1000

Categoria: Entre as empresas de

Setor

Premiação: 3º lugar em Liquidez

corrente, 8º lugar em Receita

líquida, 10º lugar em Giro do ativo

Fonte: Revista Exame

Categoria: Destaques entre as

Empresas de serviços do país

Premiação: 3º lugar em crescimento

da receita, 6º lugar em liquidez

corrente

2015

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Fernando de Noronha • Estação de Tratamento de Água Noronha

• Estação de Tratamento de Esgoto Cachorro

• Estação de Tratamento de Esgoto Boldró

Petrolina • Estação de Tratamento de Água Vitória

• Estação de Tratamento de Esgoto Centro

Tacaimbó • Estação de Tratamento de Esgoto Tacaimbó

Caruaru • Estação de Tratamento de Esgoto Rendeiras

Garanhuns • Estação de Tratamento de Esgoto Garanhuns

4 CONCLUSÕES A governança no setor público compreende essencialmente os mecanismos de liderança,

estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão, com

vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade. Cada vez

mais a sociedade tem demandado dos governantes racionalizações dos gastos públicos, equilíbrio

fiscal, estabilidade monetária e investimentos em infraestrutura. A boa governança de organizações

públicas contribui para a superação desses desafios.

A governança, portanto, envolve questões político-institucionais de tomada de decisões e as

formas de interlocução do Estado com os grupos organizados da sociedade no que se refere ao

processo de definição, acompanhamento e implementação de políticas públicas.

Os desafios para implantação da lei são grandes, sobretudo, quanto as práticas de

sustentabilidade ambiental e de responsabilidade social, em que observamos um cenário de

mudanças climáticas severas. No entanto, as empresas não podem esquecer esses dois pilares, pois

um se traduz na preservação do principal insumo da nossa prestação de serviço, que é a água, bem

finito do nosso planeta e, o outro, para quem prestamos esses serviços, uma sociedade cada vez

mais presente nas cobranças por melhorias no desempenho social do setor público.

A Companhia Pernambucana de Saneamento investe constantemente na preservação do

meio ambiente e na qualidade ambiental de suas obras, reafirmando seu compromisso

socioambiental de compatibilizar sua atuação dentro dos princípios do desenvolvimento sustentável

e socialmente responsável. A educação ambiental também complementa esse compromisso, ao

contribuir para a sensibilização e a formação de uma sociedade mais sustentável e consciente do seu

papel quanto às questões ambientais e a relação do saneamento com a saúde pública e a qualidade

de vida da população.

A empresa vivencia uma fase de transição entre uma visão e prática de Responsabilidade

Social tradicional orientada para cumprimento legal e desempenho econômico para uma visão de

Responsabilidade Social ampla, humanista, participativa sob o enfoque do tripé da sustentabilidade,

incorporando-as às estratégias de crescimento e atuação da companhia, aliadas às novas diretrizes

da reformulação que perpassa a administração pública em todo país, desde 1995.

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Diante disto, percebesse que a Companhia Pernambucana de Saneamento está no caminho

certo, pois o bom planejamento já trouxeram resultados positivos com o aumento na arrecadação,

aumento da população atendida com água e com tratamento de esgoto, premiações em várias

revistas reconhecidas no Brasil, bem como o compromisso com as questões ambientais e sociais.

6. AGRADECIMENTOS

“O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, agradeço também ao Programa

de Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos -

ProfÁgua, Projeto CAPES/ANA AUXPE Nº. 2717/2015, pelo apoio técnico científico aportado até

o momento."

7. REFERÊNCIAS

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Lei Federal 13.303/2016. Disponível em: https://servicos.compesa.com.br/wp-

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