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GOVERNANÇA COLABORATIVA HUMBERTO FALCÃO MARTINS

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GOVERNANÇA COLABORATIVA

HUMBERTO FALCÃO MARTINS

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As três dimensões da governança colaborativa

Redes multi-institucionais e

parcerias

Interação com a sociedade civil (engajamento, construção de

consenso e protesto)

Colaboração/integração intra e

intergovernamental

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Bibliografia básica

• Martins, Humberto & Marini, Caio. 2015. “Governança pública contemporânea – uma tentativa de dissecação conceitual”. Revista do TCU nr. 130.

• Martins, Humberto & Bernardo, Renata. 2013. “Collaborative Governance in Brazil: Partnerships Between Governments and Non-Governmental Organizations and Their Facilitating and Restrictive Factors”, in: Conteh, Charles & Shafiqul, Ahmed Huque, “Public Sector Reforms in Developing Countries - Paradoxes and Practices”, Routledge, 2014.

• Martins, Humberto, Salgado, Valéria & Graef, Aldino. 2010. “Formas de asociación entre el poder público y la sociedad civil organizada en el Brasil.” (http://www.clad.org/portal/publicaciones-del-clad/revista-clad-reforma-democracia/articulos/048-octubre-2010/formas-de-asociacion-entre-el-poder-publico-y-la-sociedad-civil-organizada-en-el-brasil)

• Martins, Humberto & Joppert, Marcia. 2011. “Governança contemporânea: hierarquias, mercados e redes”.(http://www.institutopublix.com.br/documents/14/24668/Governança+contemporânea/1e07167a-9646-4a05-a146-0b958ea7f623)

• Martins, Humberto. “Rethinking the governance design – Design Thinking applied to governance”. Congresso do CLAD 2014.

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Roteiro

1. Governança pública

2. Redes

3. Sociedade em Rede

4. Estado em Rede

5. Redes de Governança

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Parte 1 Governança Pública

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Governança Pública

Novas formas de governar

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Problemas públicos complexos

• Imprevisível, instável, incompleto, intratável (wicked problems)

• Contexto multiescalar (local, regional, global)

• Múltiplas variáveis e determinantes com causações circulares

• Totalidade, transversalidade, conexões, integrações

• Múltiplos atores, interesses, pressões

• Soluções complexas: multi-institucionais, sem fronteiras políticas, em rede, coordenação, integração etc.

7

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VALOR PÚBLICO

DESEMPENHO

RELACIONAMENTO E COLABORAÇÃO

QUALIDADE E CAPACIDADE

INSTITUCIONAL

Governança: o processo de governar

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VALOR PÚBLICO

DESEMPENHO

RELACIONAMENTO E COLABORAÇÃO

QUALIDADE E CAPACIDADE

INSTITUCIONAL

• SATISFAÇÃO DAS EXPECTATIVAS

• CONFIANÇA

Um processo de geração de valor público

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VALOR PÚBLICO

DESEMPENHO

RELACIONAMENTO E COLABORAÇÃO

QUALIDADE E CAPACIDADE

INSTITUCIONAL

• ESFORÇOS • RESULTADOS

• SATISFAÇÃO DAS EXPECTATIVAS

• CONFIANÇA

Que requer níveis crescentes de desempenho

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VALOR PÚBLICO

DESEMPENHO

RELACIONAMENTO E COLABORAÇÃO

QUALIDADE E CAPACIDADE

INSTITUCIONAL

• COMPETÊNCIAS • PRONTIDÃO • POTENCIAL • DESENHO

INSTITUCIONAL

• ESFORÇOS • RESULTADOS

• SATISFAÇÃO DAS EXPECTATIVAS

• CONFIANÇA

A partir do desenvolvimento de capacidades e qualidades

institucionais

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VALOR PÚBLICO

DESEMPENHO

RELACIONAMENTO E COLABORAÇÃO

QUALIDADE E CAPACIDADE

INSTITUCIONAL

• COMPETÊNCIAS • PRONTIDÃO • POTENCIAL • DESENHO

INSTITUCIONAL

• ESFORÇOS • RESULTADOS

• SATISFAÇÃO DAS EXPECTATIVAS

• CONFIANÇA

De forma interativa com parceiros e sociedade

• REDES • CO-PRODUÇÃO • COLABORARQUIAS • LIDERANÇA

COMPARTILHADA • INTERAÇÕES COM A

SOCIEDADE EM REDE

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Governança colaborativa é um processo otimizável

• para gerar mais valor público

• é preciso entender para otimizar

• entender o processo como uma rede, a partir de conexões e interações…

• conhecimentos das ciências das redes são essenciais para se compreender estes processos

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Parte 2 Redes

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Redes são conjuntos de nós e suas relações

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Algumas categorias de rede

• Redes sociais – objetivos comuns são episódicos: relacionamentos de nível pessoal para solução de problemas, informações, inovação, capital social e desempenho.

• Comunidades de prática – confiança mútua e compartilhamento de conhecimento numa área específica para resolver problemas comuns e apoiar uns aos outros na busca de respostas.

• Redes Formais – grupos correlacionados de várias organizações, estabelecidos de acordo com um propósito ou necessidade específica.

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Redes representam uma nova forma de pensamento sistêmico

• Da “simplicidade organizada” – Gestaltica, Cibernética, Teoria geral de sistemas

• À “complexidade desorganizada” – Sistemas complexos, “Teoria do caos”, paradigma da complexidade

• À “complexidade organizada”: ciência das redes – Interdependência: tudo está interconectado;

– fronteiras, limites e conexões críticas (elementos de estabilização e ruptura que mantêm a integridade ou promovem evolução)

– padrões, propriedades, regularidades e atributos comuns – Fenômeno do mundo pequeno (6 graus de separação)

– Fenômenos de sincronismos em aglomerados

– leis de potência

– hubs

– conexão preferencial

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Fenômeno do mundo pequeno (6 graus de

separação)

• no mundo, são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas

• Oráculo de Bacon: mostra como um ator, no caso Kevin Bacon, se relaciona com os demais artistas, sejam de filmes americanos ou não

• identificação da estrutura das redes de colaboração e cooperação e de transmissão de doenças, páginas e sítios na web etc…

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Sincronismos/sincronicidade

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Leis de potência e conexão preferencial

20

Este vídeo mostra o modelo de Barabási-Albert para geração de redes. A cada passo, um novo nó é adicionado à rede, escolhendo se conectar preferencialmente a vértices com mais conexões - um processo em que o rico fica mais rico. Isto resulta em uma rede com uma distribuição de grau do tipo Lei de Potência, onde os vértices centrais contém grau muito alto - os chamados hubs - e os periféricos tendo apenas a quantidade mínima.Parameters: n = 64, k = 4.Albert-László Barabási and Réka Albert. "Emergence of scaling in random networks." science 286, no. 5439 (1999): 509-512.

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Vídeos 1 A nova ciência das redes

1. Systems Thinking white boarding animation project (7,3').mp4

2. The Power of Networks - RSA Animate (11').mp4 3. Six degrees of separation (48').mp4 4. Barabasi - Networks Understanding Networks (43').mp4

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Parte 3 A sociedade em rede

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Argumento

• A sociedade sempre foi uma rede

• Mas a tecnologia muda a dinâmica das conexões

• Comunicação autônoma: livre do controle das instituições

• E isto muda a dinâmica social

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Internet, WWW e Sociedade em Rede

• Tecnologia determina sociedade ou vice-versa? Ambos: sociedade em rede demandou internet e isto possibilitou o advento da sociedade em rede e da nova economia

• Internet: promove networking de forma autônoma (capacidade do individuo atuar segundo seus interesses e valores de forma independente de normas e papeis institucionais).

• Internet se tornou um espaço social

• Individualismo em rede: novo tipo de sociabilidade

• 4 tipos independentes de autonomia (positivamente correlacionados com uso da internet):

– Empreendedorismo/ I control my life

– Social political autonomy / citizen and socialpolitical participation mobilization

– Controlling my body / health

– Comunication / distrust on the mass media

• Exclusão digital declinante… reflete mais questões étnicas, educação e idade. Questão é a qualidade do acesso porque banda larga é mais cara

• Internet na política: muito pouco, exceto em campanhas, mas interfere no funcionamento dos governos

• Internet e nova política: organiza melhor “anarquistas” (mediando questões no lugar das instituições).

• Vitrine ou gaiola de ferro? (vigilância vs privacidade): contradição entre cultura da segurança/controle informações/pessoas e a cultura da liberdade

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“aplainadores” = facilitadores da colaboração (Friedman)

• Workflow software: conexão de máquinas para realizar rotinas simples ou complexas em pontos distantes em escala global em tempo real

• Uploading: troca de arquivos (texto, voz e imagem) entre comunidades (open source software, blogs, Wikipedia etc.).

• Outsourcing: produção terceirizada em escala global facilitada pela interconexão que transforma organizações em integradoras.

• Offshoring: deslocamento de plantas fabris para além das fronteiras.

• Supply-chaining: tecnologia otimizando vendas, distribuição e remessas.

• Insourcing: empresas de logística assumindo funções em processos de trabalho de provedores de serviços.

• Informing: máquinas de pesquisa e busca (Google etc.).

• “Esteroides”: redes sem fio, VOIP, compartilhamento de arquivos, smart phones, tablets, iPods…

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A sociedade em rede “Em termos históricos, as redes eram algo do domínio da vida privada, enquanto o mundo da produção, do poder e da guerra estava ocupado por organizações grandes e verticais, como os estados, as igrejas, os exércitos e as empresas que conseguiam dominar vastos pólos de recursos com um objectivo definido por um autoridade central. As redes de tecnologias digitais permitem a existência de redes que ultrapassem os seus limites históricos. E podem, ao mesmo tempo, ser flexíveis e adaptáveis graças à sua capacidade de descentralizar a sua performance ao longo de uma rede de componentes autónomos, enquanto se mantêm capazes de coordenar toda esta actividade descentralizada com a possibilidade de partilhar a tomada de decisões. As redes de comunicação digital são a coluna vertebral da sociedade em rede […]. Na verdade, a sociedade em rede manifesta-se de diversas formas, conforme a cultura, as instituições e a trajectória histórica de cada sociedade […]. Além disso, a comunicação em rede transcende fronteiras, a sociedade em rede é global, é baseada em redes globais. Então, a sua lógica chega a países de todo o planeta e difunde-se através do poder integrado nas redes globais de capital, bens, serviços, comunicação, informação, ciência e tecnologia. […]. Porém, como as redes são selectivas de acordo com os seus programas específicos, e porque conseguem, simultaneamente, comunicar e não comunicar, a sociedade em rede difunde-se por todo o mundo, mas não inclui todas as pessoas. De facto, neste início de século, ela exclui a maior parte da humanidade, embora toda a humanidade seja afectada pela sua lógica, e pelas relações de poder que interagem nas redes globais da organização social.”

Manuel Castells, “A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política” (http://www.cidadeimaginaria.org/cc/ManuelCastells.pdf)

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Social Networking Sites (SNS)

Bate papos pessoais

Amizades

Compartilhamento

Pessoas reais conectadas com

pessoas reais

Evolução/coevolução conjunta das pessoas

conectadas

Espaços vivos Conectam todas as dimensões da vida

Mundo permanentemente conectado

Aplicações de saúde

e-comerce

Marketing

Ativismo sociopolítico

Distribuição de mídias e entretenimento

Educação

Criatividade cultural

Plataforma para outras atividades

...

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Uma revolução colaborativa: novos conceitos e novas práticas

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Indivíduos Reações Emoções Mudanças

Ansiedade Ação Medo Esperança Raiva

Poucos reclamando (indivíduo/grupo)

Apoio de milhões (redes sociais + ocupação das

ruas)

Centenas/milhares de adeptos (identificação)

Da ação à deliberação. Da deliberação ao projeto.

Do projeto à nova ação.

Indignação Entusiasmo

Ind

ivid

ual

– L

oca

l (V

izin

han

ça)

Islândia Europa

Espanha, Grécia, Portugal, Grã-Bretanha, Itália...

Israel

Estados Unidos (Occupy) 2011 –

951 cidades – 82 países

Brasil

Glo

bal

Governos + Elites financeiras + Redes de poder

Crises econômicas/políticas

Cidadãos

Causadores (gerenciamento equivocado)

Quem paga (perda de bem-estar, direitos etc.)

Querem manter o status quó

Se indignam, querem mudanças

De

sen

cad

ead

or

Pri

nci

pal

Tunísia Mundo Árabe

Ativismo sócio-político: Redes de Indignação e esperança

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Movimento social em rede no Brasil

Sem apoio da mídia

Mais de 350 cidades

Inesperado

Sem líderes

Sem partidos

Sem sindicatos

Desconfiança da classe política

Estopim: aumento da tarifa de transporte

Violência do Estado (diferentes partidos)

Ocupação das ruas

Redes sociais como difusoras Expandido

para outras áreas da condição humana

Defesa da dignidade.

Denúncia de instituições e atores: • Democracia sequestrada pelos políticos (mercado de votos, clientelismo, manipulação da mídia); • Copa no Brasil se converteu em negócio mafioso de corrupção em grande escala – empresas; federações

esportivas; administração pública; fundos públicos sem controle.

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Redes sociais em junho no Brasil

13/06 17/06

Fonte: Sérgio Amadeu, Univ. ABC

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Redes sociais em junho no Brasil

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Temas em debate

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Panelaço de março de 2015

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FINANCIAL TIMES: Twitter snapshots show Venezuela’s government isolated from its people

How isolated is Venezuela’s government from the people it supposedly represents? Very isolated indeed, according to a study commissioned by beyondbrics from Marco Ruediger and colleages at FGV DAPP, the department of public policy analysis at the Fundação Getulio Vargas in Rio de Janeiro.

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Vídeos 2

1. The World is Flat (47').mp4 2. “99% + 1%: O Próximo Passo da Revolução

Colaborativa (Tatiana Leite)” https://www.youtube.com/watch?v=r-2yzQZitSM

3. “Redes de indignação e esperança (Manuel Castells) http://fronteiras.com/videos/player/?13,384

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Parte 4 O Estado-Rede

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O Estado-Rede ... “compartilhamento da autoridade (a capacidade institucional de impor uma decisão) no âmbito de uma rede de instituições. Uma rede, por definição, não possui centro, senão nós, de diferentes dimenções e com relações inter-nodais que são frequentemente assimétricas. Mas, em termos finais, todos os nós são necessários para a existencia da rede. Asim, o estado-nação se articula cotidianamente na tomada de decisões com instituições supra-nacionais de distintos tipos e em distintos âmbitos […]. Mas, também funcionam nessa mesma rede instituições regionais e locais [e....], cada vez mais, organizações não governamentais (ou neo-governamentais, porque fundamentalmente trabalhan com e a partir dos governos) se conectam com esta rede inter-institucional, feita tanto de negociação como de decisão, de compromisso quanto de autoridade, de informação quanto de estratégia. Este tipo de estado parece ser o mais adequado para processar a complexidade crescente de relações entre o global, o nacional e o local, a economia, a sociedade e a política, na era da informação.” (Manuel Castells, Hacia el estado red, Barcelona, 1998)

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Como uma sociedade/comunidade se

organiza para conduzir sua vida?

Que novos processos/estruturas podem melhorar o trato de

problemas públicos complexos?

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Como uma sociedade/comunidade se organiza para conduzir sua vida?

• 4 formas básicas:

–Mercados

–Hierarquias

–Redes formais

–Aglomerados auto-organizados

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Mercados

• Conjunto de ofertantes e demandantes

• Transações episódicas

• Competição/concorrência

• Atratividade

• Livre escolha

• Eficiência

• Lei do mais forte

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Hierarquias

• Organização formal: regras

• Ordem, controle, rotinas regulares

• Hierarquia, verticalização

• Fronteiras organizacionais bem demarcadas

• Lealdade e pertencimento

• Liderança/comando

• Impessoalidade

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Teoria da Firma (Ronald Coase): a hierarquia é um “mal necessário”

Na medida em que a dificuldade de transação aumenta, há um ponto Y a partir do qual as firmas se tornam mais eficientes que o mercado, mas a eficiência será sempre declinante.

• Firmas surgem porque o ambiente impõe dificuldades e custos de transação que afetam o funcionamento “perfeito” do mercado (que “deveria” incorrer apenas em custos de produção).

• A ineficiência (comparativamente ao mercado), não a eficiência, é o padrão típico, não ocasional, das organizações formais.

• Nessa perspectiva, organizações formais serão sempre second best.

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45

segregação planejamento/execução

estrutura piramidal mais verticalizada

padrão de liderança autoritária

comunicação de cima para baixo

alienação

visão fragmentada do trabalho

DIREÇÃO

GERÊNCIA

INTERMEDIÁRIA

GERENTES DE

1a LINHA

ESTRATÉGICO

TÁTICO

OPERACIONAL

Modelo de gestão mecanicista

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46

compartilhamento planejamento/execução

estrutura horizontalizada, em rede ou orgânica

liderança participativa

comunicação multidirecional integrada

empowerment

ênfase no pensamento estratégico

visão do trabalho como forma de realização

GERENTES DE

1a LINHA

GERÊNCIA

INTERMEDIÁRIA

DIREÇÃO

ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL

Modelo de gestão orgânico

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47

Alinhamento Estratégico

GERENTES DE

1a LINHA

GERÊNCIA

INTERMEDIÁRIA

DIREÇÃO

ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONALD IR E Ç Ã O

G E R Ê N C IA

IN T E R M E D IÁ R IA

G E R E N T E S D E

1 a L IN H A

E S T R A T É G IC O

T Á T IC O

O P E R A C IO N A L

SOCIEDADE

INDUSTRIAL

CONTEXTO

ESTÁVEL

SOCIEDADE DO

CONHECIMENTO

CONTEXTO

INSTÁVEL

COMPLEXIDADE

FLEXIBILIDADE

MODELOS DE GESTÃO

MECANICISTAS

MODELOS DE GESTÃO

ORGÂNICOS OU

ESTRATÉGICOS

covariação (ambiente-estratégia-estrutura) e ajustamento estrutural princípio da congruência (Nadler & Tushman, 1997): quanto maior o grau de congruência

ou alinhamento da arquitetura organizacional, maior é o desempenho da organização.

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Alinhamento, denovo

GERENTES DE

1a LINHA

GERÊNCIA

INTERMEDIÁRIA

DIREÇÃO

ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONALD IR E Ç Ã O

G E R Ê N C IA

IN T E R M E D IÁ R IA

G E R E N T E S D E

1 a L IN H A

E S T R A T É G IC O

T Á T IC O

O P E R A C IO N A L

SOCIEDADE

INDUSTRIAL

CONTEXTO

ESTÁVEL

SOCIEDADE DO

CONHECIMENTO

CONTEXTO

INSTÁVEL

COMPLEXIDADE

FLEXIBILIDADE

MODELOS DE GESTÃO

MECANICISTAS

MODELOS DE GESTÃO

ORGÂNICOS OU

ESTRATÉGICOS

Sociedade em rede

Modelos híbridos: hierarquias, mercados, redes e aglomerados

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Redes formais

• Conjunto articulado de inicitivas = conexão entre partes em torno de um problema, causa

• Regras e processos flexíveis

• Multifuncionalidade

• Democracia decisória = “vamos combinar”

• Informalidade, adesão

• Integração entre o todo e a parte

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Aglomerados auto-organizados

• Padrões emergentes de “ordem” no aparente “caos”

• Na natureza: – Sincronismos (pássaros, peixes, insetos….)

• Na sociedade: – A sociedade em rede

– Redes de indignação e esperança

– Enxameamento

– “efeito manada”

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O Estado-Rede: qual será o padrão predominante?

• Um mix cambiável destas (e outras?) soluções

Problema Público

Complexo

Hierarquia

Rede

Aglomerado

Mercado

Participação, consulta, referendo

Parcerias Co-produção

Protesto Rejeição, reversão

Universalismo de procedimentos

Poder de polícia

Representação de interesses

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Modelos híbridos

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Arranjo de governança do Programa Bolsa Família

Fonte: “GOVERNANCA E COORDENACAO EM ARRANJOS MULTINIVEL DE POLITICAS PUBLICAS TRANSVERSAIS: ASSISTENCIA SOCIAL, EDUCACAO E SAUDE NO PROGRAMA BOLSA FAMILIA”. RODRIGO LOFRANO ALVES DOS SANTOS. Dissertação de Mestrado EBAPE/FGV.

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Função de membrana: regular trocas e interações, servindo como hub de/em • redes pluri-institucionais formais • canais de representação de interesses e de participação

(por meio de mecanismos tais como fóruns, conselhos, conferências, mesas de diálogos, câmaras temáticas, reuniões, grupos de trabalho, planejamento e orçamento participativos etc.)

• interação (redes sociais, oficinas de co-criação, open spaces etc.),

• transparência (acesso ativo e passivo) • escuta e acolhimento de queixas (petições, denúncias,

ouvidoria, audiência, consulta etc.) • de indução de valor (formação induzida e ou/ apoio a redes

de governança autônomas)

Page 55: GOVERNANÇA COLABORATIVA HUMBERTO FALCÃO … · ( …

Integração e Dicotomia entre

Política e Administração

(-) (+)

(+)

Politização da Administração

Buro

crat

izaçã

o da

Pol

ítica

AUTONOMIA DA

ADMINISTRAÇÃO

AUTONOMIA

DA POLÍTICA

INTEGRAÇÃO

INSULAMENTO

CAPTURA

PARALISIA

AUTONOMIA

INSERIDA E

REGULADA

DICOTOMIZAÇÃO

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Autonomia da política

representativa

Autonomia da administração

Autonomia da sociedade

6

2

5

1

3 4

7 8

-

+

+

+

1. “equilíbrio” paralizante 2. Insulamento/“absolutismo”burocrático 3. Oclocracia 4. Burocracia participativa plebicitária 5. Burocratização da política 6. Integração política-administração 7. Política participativa 8. Democracia participativa

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Oclocracia

• “Oclocracia (do grego clássicoὀχλοκρατία, composto de ὄχλος «multidão, massa» e -κρατία «governo») não é, rigorosamente, uma forma de governo, mas uma situação crítica em que vivem instituições, ao sabor da irracionalidade das multidões. O termo indica o jugo imposto pelas multidões ao poder legítimo e à lei, fazendo valer seus intentos acima de quaisquer determinações de Direito Positivo.

• A oclocracia também pode ser definida como o abuso que se instala num governo democrático quando a multidão se torna senhora dos negócios públicos.

• Segundo a visão clássica aristotélica, é, como a tirania e a oligarquia, um dos três tipos específicos de degeneração das formas puras de governo (monarquia e aristocracia, respectivamente) da politeia.”

(wikipedia)

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Equilíbrio entre ....

Estado

Equidade

+

Estatismo dirigista

Autoritarismo

-

Ingovernabilidade

Mercado

Eficiência

+

Liberalismo radical

Capitalismo selvagem

-

Baixa competitividade

3º Setor

Causa

+

Informalidade

Paroquialismo

-

Perda de identidade

“a rede”

Sentimentos (?)

+

Instabilidade

Oclocracia

-

conformismo

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ESTADO

3º SETOR

Os movimentos do mercado, do 3º

setor, do estado e da rede

A REDE

MERCADO

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Vídeos 3

• Øyvind Vada - Hierarchies and networkshttp://www.youtube.com/watch?v=vOKhJULYrRc • Steve Goldsmith • Cocriacão no Auditorio Ibirapuera • Cocriacão no Museu da Casa Brasileira • Gov 3.0 Korea • Best Run Cities - Thought Leader Video with City of Boston, City of Edmonton and Center for

Technology in Government: Customer Testimonial Video – http://global.sap.com/asset/index.epx?id=A11EE146-AF7F-40D2-9470-C22CDE4F3304

• City of Barcelona Deploys Big Data BI Solution to Improve Lives and Create a Smart-City Template – https://customers.microsoft.com/Pages/CustomerStory.aspx?recid=270

• Meals on Wheels of Greenville County. Nonprofit Primes to Deliver 10 Millionth Meal Following Move to the Cloud – https://customers.microsoft.com/Pages/CustomerStory.aspx?recid=3158

• Smarter City Operations resources. Rio de Janeiro improves city operations – http://www.youtube.com/watch?v=vuBBGYFonXM

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Parte 5 Redes de Governança

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Co-criação

• “participacão do cliente na producão” C. K. Prahalad e Venkat Ramaswamy, “Co-opting Customer Competence” (2000) e “The Future of Competition (2004)

• É uma forma de inovação que acontece quando as pessoas de fora da organização – tais como fornecedores, parceiros e, sobretudo, clientes – associam-se com o “negocio” ou produto agregando inovacão de valor ou conteúdo, e recebendo em troca os benefícios de sua contribuição, sejam por meio do acesso a produtos customizados ou da promoção de suas ideias.

• Uma estratégia de criação de valor a partir de novas formas de interação, relacionamento e experiência do cliente.

• Participação de outros atores no processo de desenvolvimento de novos produtos ou serviços, ideias e conceitos.

• Processo de contribuição, avaliação e redefinição de ideias e conceitos. • Cadeia de valor para rede de valor (value constellation) • Inovação e competitividade

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Co-produção

• participação ativa da população na produção dos serviços públicos (ao invés da participação passiva).

• cooperação voluntária dos cidadãos (ao invés da obrigatória).

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REDES

• Heterogeneidade morfológica (variedade de requisito)

• Integração horizontal e transversalidade

• Cooperação, participação colaborativa, animação, mobilização, articulação, solidariedade e negociação

• Instabilidade, flexibilidade e dinamismo

• Multifuncionalidade e redundância

• Regras básicas + informalidade humanizada

• Autonomia, descentralização e interdependência

• Democracia, auto-organização/holocracia

• Liderança

• Visão sistêmica

• Comunicação multidirecional e compartilhamento de informações

• Transparência, escuta

• Coresponsabilidade

• Redução de custos de transação

• Aprendizado de circuito duplo, apropriação e desenvolvimento de capacidades (geração de conhecimento baseado no intercâmbio de estilos, culturas e técnicas)

HIERARQUIAS

• Padronização

• Verticalização fragmentária

• Comando, controle, coordenação, subordinação, manipulação

• Estabilidade, rigidez e inércia

• Especialização

• Regulamentação e impessoalidade

• Dependência e centralização

• Hierarquia

• Autoridade do cargo

• Reducionismo

• Comunicação de cima para baixo e reservas de informações

• Opacidade

• Responsabilização individual

• Redução de custos de produção

• Aprendizado de circuito simples e aplicação do conhecimento (imposição de estilos, culturas e técnicas)

Colaborarquias autogeridas

“Não são arranjos caoticos ou desprovidos de processos estruturados... a gestão colaborárquica é ao mesmo tempo similar e diferente da gestão de hierárquica” (Agranoff, 2007, p.123-4)

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Governança de redes

• Como modelar e gerir redes?

• Nova “ignorância”: conhecimento gerencial inovador

• “vamos combinar”:

“contratos” multipartes;

“contratos personalizados”;

balanço de incentivos e controles.

• Modelagem de redes:

variedade das trocas/transações;

incertezas e custos envolvidos;

mecanismos de integração e coordenação.

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Formação e governança de redes: etapas e questões críticas

Concepção Inicial

Proposta

Implemen-tação

Avaliação

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Desafios da Sustentabilidade

• Redes exigem trabalho e MUITA dedicação

• Exigem alta capacidade de comunicação e de articulação:

– Animação

– Convencimento

– Presenças reconhecidas

• Apoio Político

• Modelo de Governança

• Boa gestão de recursos

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Vídeos 4

• Aprendizagem e Criacão em Rede - Escola de Redes – Augusto de Franco

• Jennifer Pahlka: Coding a better government http://video-subtitle.tedcdn.com/talk/podcast/2012/None/JenniferPahlka_2012-480p-pt-br.mp4