giardia duodenalis: caracterização da diversidade genética...

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i MAURÍCIO DURIGAN Estudos genético-moleculares em Giardia duodenalis: caracterização da diversidade genética e análises populacionais em amostras clínicas e ambientais na região metropolitana de Campinas, São Paulo, Brasil Genetic and molecular studies in Giardia duodenalis: molecular characterization of genetic diversity and population genetic analyses in clinical and environmental samples in the metropolitan region of Campinas, São paulo, Brazil Campinas 2015

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i

MAURÍCIO DURIGAN

Estudos genético-moleculares em Giardia duodenalis: caracterização da diversidade genética e

análises populacionais em amostras clínicas e ambientais na região metropolitana de

Campinas, São Paulo, Brasil

Genetic and molecular studies in Giardia duodenalis: molecular characterization of genetic

diversity and population genetic analyses in clinical and environmental samples in the

metropolitan region of Campinas, São paulo, Brazil

Campinas

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Instituto de Biologia

Maurício Durigan

Estudos genético-moleculares em Giardia duodenalis: caracterização da diversidade genética e

análises populacionais em amostras clínicas e ambientais na região metropolitana de Campinas,

São Paulo, Brasil

Genetic and molecular studies in giardia duodenalis: molecular characterization of genetic

diversity and population genetic analyses in clinical and environmental samples in the

metropolitan region of Campinas, São Paulo, Brazil

Tese apresentada ao Instituto de Biologia da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos

para a obtenção do título de Doutor em Genética e Biologia

Molecular na área de Genética de Microorganismos

Thesis presented to the Institute of Biology of the University

of Campinas in partial fulfillment of the requirements for

the degree of Doctor in Genetics and Molecular Biology, in

the area of Genetics of Microorganisms

CAMPINAS

2015

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RESUMO

Giardia duodenalis é um protozoário flagelado que parasita o homem e diversos animais

domésticos e selvagens. Este parasito causa a doença giardiose que é uma das mais prevalentes

doenças parasitárias de veiculação hídrica do mundo, responsável por aproximadamente 280 milhões

de casos anualmente. Existe uma considerável variabilidade genética em G. duodenalis, de modo

que seus isolados foram divididos em oito grupos genéticos (A-H), dois dos quais (A e B) são

encontrados tanto em humanos quanto em animais. Os demais grupos (C-H) parasitam outros

animais e apresentam maior especificidade a determinados hospedeiros não humanos. A

contaminação ambiental por Giardia tem sido amplamente descrita embora esses estudos, em sua

maioria, são realizados no nível de identificação de espécie. Há falta de estudos que correlacionam a

contaminação ambiental e infecções clínicas na mesma região. O presente trabalho teve como

objetivo principal contribuir para o conhecimento da diversidade genética da espécie Giardia

duodenalis. Primeiramente, foi realizada a genotipagem multilocos dos principais grupos genéticos

de G. duodenalis na região metropolitana de Campinas. Foram encontrados grupos genéticos

associados principalmente a infecções humanas bem como isolados com potencial zoonótico em

amostras ambientais e obtidas de outros animais. Foi encontrado um alto percentual (25%) de

amostras com grupos genéticos mistos e um elevado número de haplótipos distintos, indicando

grande diversidade genética do parasito nessa região. Na segunda parte deste trabalho, foi realizado

um estudo populacional com amostras clínicas de Giardia provenientes de hospital, creche e centro

de controle de zoonoses e amostras ambientais de esgoto hospitalar, efluente de estação de

tratamento de esgoto e amostras hídricas de importantes rios e córregos urbanos. As análises

populacionais, com exceção das amostras caninas, evidenciaram grande similaridade genética entre

essas populações de Giardia. Na terceira parte do presente trabalho, foi realizada uma busca por

repetições microssatélites (SSRs) nos genomas publicados de Giardia para desenvolvimento,

caracterização e avaliação de polimorfismo de novos marcadores microssatélites. Foram encontrados

506, 438, 402 e 507 microssatélites correspondentes aos genomas AI, AII, B e E, respectivamente.

Foram selecionados 80 SSRs específicos aos grupos genéticos A, B e E (40, 20 e 20,

respectivamente), além de 36 SSRs compartilhados entre os três genomas. A análise de amplificação

confirmou a existência de marcadores específicos aos grupos genéticos A, B e E, além de

marcadores compartilhados entre os grupos. A caracterização dos SSRs permitiu a detecção de 12

locos SSRs polimórficos do grupo genético A e sete locos SSRs polimórficos do grupo genético B.

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Dentre os marcadores compartilhados, o loco GduABE01 apresentou polimorfismo. Os locos

polimórficos podem servir para futuros estudos populacionais e os marcadores desenvolvidos podem

ser utilizados para identificação dos principais grupos genéticos de G. duodenalis em amostras

clínicas e ambientais. Os resultados apresentados contribuem para um melhor entendimento sobre a

diversidade genética do parasito bem como sobre a presença de grupos com potencial zoonóticos

inter-relacionados em diferentes regiões. Os novos marcadores moleculares disponibilizados podem

contribuir para novos estudos populacionais, promovendo melhor discriminação entre os genótipos e

possibilitando assim identificar a contaminação e promover o rastreamento da doença.

.

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ABSTRACT

Giardia duodenalis is a flagellate protozoan that that parasites humans and several domestic and

wild animals. This parasite causes giardiasis, one of the most common waterborne diseases in the

world responsible for, approximately 280 million cases per year. There is a great genetic diversity in

this species and its isolates have been grouped into eight distinct genetic assemblages (A-H). While

groups A and B parasitize different hosts and have zoonotic potential, groups C, D, E, F, G and H

usually found in animals and show greater specificity to the parasitized host. Environmental

contamination for Giardia has been widely reported however, most of these studies have been

performed only at species level. The present study aimed to contribute to the knowledge of the

genetic diversity of the species Giardia duodenalis. In the first chapter of this document, multilocus

sequence-based genotyping using three gene loci assigned most of the samples as belonging to

human genotypes although isolates with zoonotic potential have also been identified in

environmental and non-human clinical samples. A high percentage (25%) of mixed assemblages and

a high number of different haplotypes were detected, which indicates high genetic diversity of this

parasite in this region. In the second chapter, a population genetics study was performed with

clinical samples from hospital, day-car center and a center for zoonosis control of the city and

environmental samples from hospital sewage, effluent of a wastewater treatment plant and important

water samples from rivers and urban streams. With the exception of the canine population,

population genetic analysis showed consistent similarity between clinical and environmental

populations. In the last chapter, we performed a search for microsatellites (SSRs) in the published

genomes of Giardia to develop and characterize the polymorphism of new microsatellite markers.

Our group identified 506, 438, 402 and 507 microsatellites of the genomes AI, AII, B and E,

respectively. We have selected 80 markers specific to the genetic assemblages A, B and E (40, 20

and 20, respectively) and 36 shared SSRs between the three genomes. Analysis of amplification

reactions confirmed the existence of specific loci of each genetic assemblage as well as shared loci

among assemblages. Characterization of all loci allowed the detection of 12 polymorphic loci for

group A and seven polymorphic loci for group B. Among the shared markers, GduABE01 presented

polymorphism. The polymorphic markers can be used in future population genetic studies and the

developed markers can contribute to the identification of the main genetic assemblages of G.

duodenalis in clinical and environmental samples. The results presented here contribute to a better

understanding of the genetic diversity of the parasite as well as the presence of zoonotic potential

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genotypes, related in different regions. The new molecular markers provided can contribute with

population genetic studies in a high level of discrimination that allows identifying the source of

contamination and molecular tracking of the disease.

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SUMÁRIO

vii Resumo

ix Abstract

xiii Agradecimentos

xvii Prefácio

1 Introdução

7 Revisão bibliográfica

33 Objetivos

37 Capítulo I

Genetic Diversity of Giardia duodenalis: Multilocus Genotyping Reveals Zoonotic

Potential between Clinical and Environmental Sources in a Metropolitan Region of

Brazil

89

113

Capítulo II

Genética de Populações em Giardia duodenalis: Diversidade Genética e

Compartilhamento de Haplótipos em Amostras Clínicas e Ambientais

Capítulo III

Microssatélites em Giardia duodenalis: Identificação e caracterização de novos

marcadores para identificação de grupos genéticos específicos, estudos

populacionais e de diversidade

147

Considerações finais

153 Resumo dos resultados

157 Conclusões

161 Perspectivas

165 Literatura citada

181 Anexos

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Laldecir e Lázara que, ao longo de todos esses anos, sempre me deram toda

educação e amor que um filho poderia ter. Acompanhei de perto, desde pequeno, os inúmeros

esforços e o apoio irrestrito em todas as atividades que ajudaram a me tornar uma pessoa melhor.

Serei eternamente grato a essas duas pessoas maravilhosas e incríveis que em muitos momentos

foram capazes de abrir mão de seus sonhos, para que eu pudesse viver os meus. O agradecimento se

estende também à toda família Durigan e família Zeferino representadas por tios (as) e primos (as)

muito queridos, que me fortaleceram a cada encontro.

Aos meus irmãos, Alessandra, Gabriela e David, juntamente com meus cunhados Samuel, Juliano e

Valéria, por sempre estarem ao meu lado na maioria dos momentos e, especialmente, por terem me

dado a alegria de ser tio da Luísa, Clara, do Gustavo, Miguel, Rafael e João que, com toda

espontaneidade e amor que podem demonstrar a um tio, estão entre as pessoas mais importantes da

minha vida. Ao meu irmão e amigo David, faço um agradecimento especial por ter sempre me

mostrado os caminhos corretos e esforços necessários para se atingir o objetivo. Mais que um amigo

e um irmão, será sempre o maior ídolo que tive a sorte de conhecer.

À minha namorada Mariana, por todo amor, companheirismo e inspiração nos últimos três anos. Seu

apoio incondicional e motivação foram essenciais para que eu pudesse ter a calma e tranquilidade

necessárias para cumprir essa importante etapa. Obrigado por ser essa pessoa iluminada, dotada de

um excelente coração, que foi capaz de me mostrar os caminhos quando eu me senti perdido e

desmotivado. Juntos, sempre seremos mais fortes! Obrigado à toda família Silveira e família Derami

por me tratarem como um filho em todos os momentos.

À professora Dra. Anete Pereira de Souza, que aceitou me orientar mesmo em um assunto tão

diferente ao que estava habituada a trabalhar. Seu entusiamo e motivação foram contagiantes e me

permitiram sempre sonhar muito a frente do que imaginava ser possível. Obrigado por me ensinar

os caminhos da ciência sempre pautados na ética e responsabilidade e por ter sempre acreditado em

mim, mesmo nos momentos em que enfrentamos dificuldades e resistências.

À professora Dra. Regina Maura Bueno Franco, que me abriu as portas para o mundo da

Parasitologia e que decidiu apostar em mim, mesmo quando eu era apenas um aluno de graduação

que tentava fazer um trabalho voluntário. Sua competência e honestidade foram os primeiros de

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muitos ensinamentos que tive ao longo de todos esses anos. Obrigado por apostar e confiar que eu

seria capaz de desenvolver a pesquisa em uma área com tantos desafios. Sempre levarei comigo o

ensinamento que devemos ter a cabeça nas alturas e os pés no chão.

À professora Maria Imaculada Zucchi pela colaboração na presente tese e por me ensinar genética de

populações com muita alegria e dedicação. Sua participação no trabalho foi essencial para que hoje

nós possamos começar a colher os frutos.

Aos professores Dr. Sérgio Furtado dos Reis, Dr Marcelo Cavallari, Dra. Selma Giorgio, Dr. Romeu

Cantúsio Neto e Dra. Maísa Ciampi-Guillard por participarem de etapas essenciais ao

desenvolvimento da tese e por contribuírem de forma bastante significativa com os resultados da

presente pesquisa.

Aos assessores científicos, revisores de periódicos científicos e membros da banca do presente

projeto que aceitaram contribuir em etapas de avaliação, essenciais para seu cumprimento.

Aos colegas e amigos Nilson Branco e Melissa de Oliveira Santos-Garcia pelo acolhimento e pelos

enormes ensinamentos no Laboratório de Protozoologia e no Laboratório de Análise Genética e

Molecular, respectivamente.

Aos meus colegas e amigos do Laboratório de Análise Genética e Molecular e do Laboratório de

Protozoologia por todo companheirismo e ensinamentos ao longo dos últimos anos. É impossível

citar o nome de todos, mas saibam que, cada um com suas particularidades, promoveram grandes

contribuições ao meu trabalho e no meu conhecimento, além de terem proporcionado grandes

momentos em nossos churrascos e inúmeros bolos.

Dentre todos os colegas, alguns participaram de maneira mais próxima de momentos essenciais

através de parcerias, ensinamentos e mesmo apoio em etapas difíceis. Obrigado Melissa, Prianda,

Melina, Camila, Patrícia, Guilherme, Benício, Gustavo, André, Fernanda e Rebecca do LAGM e

Nilson. Ricardo, Diego, Clarisse, Mayra, Taís, Sandra, Juliane e Luciana do L1.

Aos colegas Guilherme e Gustavo que, a partir de uma convivência diária, se transformaram em

verdadeiros amigos e companheiros. A contribuição de cada um na minha vida profissional e pessoal

é inestimável e só posso guardar boas lembranças de todas as conversas, desafios, shows, viagens,

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congressos entre muitas outras situações que passamos juntos. Que a vida de vocês seja frenética

como Nuketown e magnífica como um show do Rush.

Aos funcionários e técnicos do CBMEG, LAGM, L1 e biblioteca do IB por todo trabalho e auxílio

prestados, essenciais para o desenvolvimento pleno das atividades de ensino e pesquisa promovidos

pela UNICAMP. Um agradecimento especial ao Dr. Juverlande por todo apoio e amizade e por estar

sempre presente quando precisamos.

Aos professores Dra. Maria do Carmo Estanislau do Amaral e Dr. Volker Bittrich por terem sido os

primeiros a me ensinar os caminhos da ciência. O tempo me levou para uma área diferente mas seus

ensinamentos permanecem constantemente comigo.

À Universidade Estadual de Campinas e ao Programa de Pós Graduação em Genética e Biologia

Molecular que, com toda estrutura e oportunidades, me permitiram entender a fundo o significado

das palavras ensino, pesquisa e extensão.

À todas as escolas e instituições de ensino que fizeram parte de minha formação desde a idade pré-

escolar até os dias atuais. Agradeço especialmente ao Instituto Educacional Imaculada, responsável

pela minha educação formal ao longo de doze anos, nos quais pude aprender os valores para ser uma

pessoa ética e digna.

Aos amigos queridos que passaram importantes momentos de sua vida ao meu lado. Aos que pude

conhecer no Instituto Educacional Imaculada (Turma dos Smurfs), na UNICAMP (Bio04) e em

tantos outros locais que pude conhecer. Hoje muitos se encontram em diferentes cidades, estados e

até países, mas a alegria e entusiamo que me proporcionam a cada encontro e a cada mensagem

representaram mais uma dose de motivação e incentivo em todos esses anos.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelas bolsas de doutorado

concedidas referentes aos processos no 2008/55972-9 e 2011/50413-4 e ao Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo projeto universal que permitiram a

realização deste trabalho.

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PREFÁCIO

A presente tese busca elucidar aspectos relativos à epidemiologia molecular do protozoário

Giardia duodenalis (sinonímia G. intestinalis e G. lamblia). Apesar desse organismo ser bastante

estudado, em função de ser o causador da doença giardiose, que infecta milhões de hospedeiros

todos os anos, muitos aspectos relativos ao seu perfil molecular permanecem incompreendidos.

Além disso, existe uma notável ausência de estudos que tentem correlacionar o perfil genético de

populações oriúndas de amostras clínicas e populações oriúndas de amostras ambientais. Os

resultados obtidos durante o período de doutoramento são apresentados na presente tese através de

três artigos distribuídos em três capítulos, dos quais um já se apresenta publicado (Capítulo I).

O primeiro artigo, intitulado “Genetic Diversity of Giardia duodenalis: Multilocus

Genotyping Reveals Zoonotic Potential between Clinical and Environmental Sources in a

Metropolitan Region of Brazil” e apresentado no Capítulo I foi publicado na revista Plos One

(DOI:10.1371/journal.pone.0115489). Esse artigo refere-se à caracterização (por meio de genes

conservados) de populações de G. duodenalis de origem clínica e ambiental na região metropolitana

de Campinas. Nesse capítulo, foram avaliados os principais grupos genéticos da espécie nos

diferentes locais de coleta, bem como a taxa de genótipos mistos em um mesmo isolado. Por fim,

foram avaliados os haplótipos mais frequentes e sua ocorrência nos diferentes locais e hospedeiros

amostrados. Nesse trabalho, foi possível realizar uma primeira avaliação da diversidade genética de

G. duodenalis nessa região além de verificar uma notável relação entre os diferentes grupos

amostrados.

No segundo capítulo, foram estabelecidas parcerias que tornaram possível aumentar em

muito o número de populações de Giardia duodenalis amostradas, tanto de origem clínica quanto

ambiental. Foram obtidas populações ambientais provenientes de esgoto e de um rio, além de uma

população clínica obtida no centro de controle de zoonoses de Campinas. O aumento do número de

populações disponíveis permitiu que fossem utilizados análises de genética de populações para

comparar os isolados de G. duodenalis obtidos e assim estimar o grau de similaridade genética entre

essas populações. Além disso, foram analisados os haplótipos mais frequentes e o compartilhamento

de haplótipos entre as populações.Dessa forma, foi realizada uma ampla análise do perfil genético de

Giardia duodenalis na região metropolitana de Campinas. Esse artigo ainda será submetido para

publicação.

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O terceiro capítulo apresenta a identificação e o desenvolvimento de marcadores moleculares

do tipo microssatélites presentes no genoma de G. duodenalis. Foram desenvolvidos 56 novos

marcadores microssatélites específicos a determinados grupos genéticos e quatro novos marcadores

que são compartilhados entre todos os grupos genéticos de G. duodenalis. Este é o primeiro estudo

que trata do desenvolvimento de marcadores microssatélites nessa espécie e tais marcadores podem

ser utilizados para identificação do parasito (ou de seus grupos genéticos). Além disso, foram

identificados marcadores polimórficos que correspondem a ferramentas com alto poder de

discriminação dos genótipos, o que os tornam ferramentas ideais para estudos populacionais e de

diversidade. Esse artigo ainda será submetido para publicação. Foi identificada a possibilidade da

utilização dos marcadores desenvolvidos em kits comerciais para identificação de Giardia e seus

principais grupos genéticos em amostras clínicas e ambientais. Assim, previamente à publicação dos

resultados detalhados de cada marcador, incluindo suas sequências, os marcadores serão patenteados

de forma que esse conhecimento seja protegido no âmbito nacional. Por esse motivo, as sequências,

bem como informações mais detalhadas acerca dos iniciadores desenvolvidos, não são apresentadas

no Capítulo III.

Os resultados apresentados na presente tese de doutorado trazem conhecimentos inéditos

para a espécie em estudo. Tais informações, em conjunto com os marcadores moleculares a serem

publicados, poderão ser aplicadas em futuros estudos que irão contribuir para um maior

conhecimento da biologia do organismo bem como de características relevantes da epidemiologia

molecular do parasito.

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Introdução

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INTRODUÇÃO

Giardia duodenalis (sinonímia G. intestinalis e G. lamblia) é um protozoario flagelado

da ordem Diplomonadida que parasita o homem e diversos animais domésticos e selvagens

causando a doença giardiose. O gênero Giardia consiste em seis espécies: G. agilis, G. ardeae,

G. microti, G. duodenalis, G. psittaci e G. muris que parasitam uma ampla gama de

hospedeiros vertebrados e se distinguem com base na morfologia e ultraestrutura de seus

trofozoítos (Adam, 2001).

A doença giardiose possui distribuição global e causa aproximadamente 280 milhões de

casos por ano sendo considerado o mais comum protozoário parasita humano, tanto em países

desenvolvidos como em países em desenvolvimento (Lane e Lloyd, 2002). Os sintomas mais

comumente associados à doença são: diarréia aguda à crônica, dor abdominal, vômitos,

desidratação e perda de peso. A infecção pode ser responsável por redução do crescimento e do

desenvolvimento cognitivo de crianças (Ortega e Adam, 1997 e Adam, 1991). Mais de 1,7

milhões de pessoas morrem todos os anos devido à falta de higiene, ausência de infraestrutura

sanitária e falta de acesso á água tratada (WHO, 2002).

Os dados de prevalência de Giardia em hospedeiros não humanos são basicamente

restritos a cães, gatos e animais de interesse pecuário (Thompson et al, 2008). A considerável

prevalência nesses animais é de grande preocupação de uma perspectiva de saúde pública

(Palmer et al, 2008) e pode ser uma importante causa de significativas perdas econômicas no

setor pecuário (Geurden et al, 2012).

De uma perspectiva ambiental, surtos de giardiose humana são frequentemente

associados à contaminação de água tratada (Zhang et al, 2012). Elevada prevalência de Giardia

tem sido detectada em águas superficiais em diversos países (Franco et al, 2001 e Haramoto et

al, 2012), mas poucos estudos têm avaliado o nível da contaminação ambiental do parasito.

Recentemente, um elevado risco de contaminação por Giardia foi evidenciado em quatro

regiões densamente povoadas no estado de São Paulo ao se avaliar amostras hídricas de nove

distintas bacias hidrográficas. Entre essas regiões, a região metropolitana de Campinas foi a

que apresentou as maiores taxas de contaminação (Sato et al, 2013).

A transmissão da doença por veiculação hídrica, contaminação alimentar e contato com

animais tem sido um grande campo para estudos epidemiológicos. Embora seja muito

discutido, há evidências muito fortes que comprovam o potencial zoonótico de Giardia, no

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qual, um cisto de uma determinada linhagem pode ser responsável pela contaminação de

diferentes hospedeiros como cães, gatos, bovinos e humanos (Thompson, 2004).

Diversos ensaios moleculares foram desenvolvidos para desvendar a complexa

epidemiologia dessa doença (Luján e Svard, 2011). Esses ensaios determinaram que Giardia

duodenalis possui grande diversidade genética de forma que seus isolados foram divididos em

oito grupos genéticos (A-H). Os grupos genéticos A e B apresentam subestruturação (AI, AII,

AIII, BIII e BIV) e parasitam uma ampla gama de hospedeiros como cães, gatos, animais de

campo e outros mamíferos. São os únicos grupos que comumente parasitam humanos, de

forma que existe uma constante preocupação com o potencial zoonótico de seus isolados. Os

demais grupos genéticos (C-H) apresentam maior uniformidade quanto aos hospedeiros

parasitados de modo que são considerados hospedeiro-específicos (Caccio e Ryan, 2008 e

Bowman e Lucio-Forster, 2010).

Quando comparados aos estudos em amostras clínicas, existem poucos estudos

moleculares que buscam identificar os grupos genéticos de G. duodenalis em amostras

ambientais. Também é notável a grande lacuna em estudos que busquem correlacionar grupos

genéticos de amostras clinicas e ambientais em uma mesma região. A vocação de grupos de

pesquisa em se trabalhar com apenas um tipo de amostra, associado com a maior dificuldade

em se trabalhar com amostras ambientais e a recente capacitação de grupos de pesquisa com as

ferramentas moleculares, podem ser consideradas como as principais causas de tal limitação

detectada.

O estudo da variação genética em populações naturais de parasitas e vetores pode

propiciar acesso a informações essenciais na ecologia e potencial evolutivo desses organismos

(Combes, 2001). Nesse contexto, a genética de populações surge como ferramenta de estudo

para caracterização de populações de parasitas e também para avaliar a similaridade genética

entre diferentes populações clínicas e ambientais de Giardia. Tais comparações podem

fornecer importantes respostas sobre os meios de veiculação do parasito bem como a

identificação de sua fonte de contaminação.

Até o presente momento, quatro diferentes genomas de Giardia duodenalis foram

completamente sequenciados (WB_AI, DH_AII, GS_B e P15_E) e importantes informações

sobre este parasito foram obtidas. G. duodenalis apresenta genoma pequeno e compacto com

alta densidade gênica e poucos íntrons. O isolado sequenciado do grupo B é o que apresenta

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maior taxa de heterozigosidade, consideravelmente baixa na espécie e excessivamente baixa no

grupo genético A (Morrison et al, 2007, Franzén, et al.2009, Jerlström-Hultqvist et al, 2010 e

Adam et al, 2013). Os grupos genéticos apresentam grande diversidade genética quando

comparados entre si, de forma que esta é, as vezes, superior à encontrada quando comparada a

diversidade entre diferentes espécies de protozoários (Mayrhofer et al, 1995 e Jerlström-

Hultqvist et al, 2010). Dessa forma, Giardia duodenalis pode ser considerada como um

complexo de espécies e uma nova divisão na espécie tem sido proposta (Monis et al, 2009).

Caccio e Ryan (2008) sugerem que sejam feitos estudos que busquem locos

hipervariáveis, que possam acessar mais profundamente as diferentes linhagens de Giardia, a

fim de monitorar a sua transmissão com mais precisão. Nesse contexto, os marcadores

moleculares microssatélites, por serem altamente polimórficos, multialélicos e presentes em

grandes quantidades em genomas eucariotos, aparecem como ideais para estudos populacionais

e de diversidade (Powel, 1996). Os marcadores de alta resolução permitem que sejam

identificadas variações de genótipos não detectados pelos marcadores genéticos convencionais.

A caracterização de isolados em um nível maior de discriminação pode ser explorada para

investigar a epidemiologia da doença, o papel de portadores assintomáticos e para rastreamento

da doença através de água e alimentos contaminados (Smith et al, 2007).

A publicação de diversos genomas de Giardia duodenalis nos últimos anos permite que

novas buscas por marcadores com maior resolução sejam efetuadas. Considerando a elevada

quantidade de informação disponibilizada pelos genomas recém-publicados, associados à

necessidade de desenvolvimento de novos marcadores que possuam um nível maior de

discriminação, decidiu-se desenvolver marcadores moleculares microssatélites para Giardia

duodenalis. A utilização de um marcador genético de alta resolução, como os microssatélites,

poderá servir para o entendimento da dinâmica de populações de Giardia duodenalis, bem

como para a estimativa de parâmetros populacionais como estruturação genética dos grupos

genéticos e diversidade genética. Essas análises possibilitarão um maior conhecimento das

populações de Giardia duodenalis presentes no Brasil. Todas as informações obtidas na

presente tese são de especial relevância em saúde pública e contribuirão para a elucidação de

aspectos relativos á epidemiologia molecular de Giardia duodenalis.

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Revisão Bibliográfica

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O gênero Giardia

A taxonomia de Giardia tem sido controversa ao longo de mais de 100 anos, o que

gerou grande confusão em sua nomenclatura, com diferentes nomes sendo utilizados para as

mesmas espécies. Essa confusão gerou grande incerteza na epidemiologia das infecções por

Giardia e também na questão que envolve a especificidade ao hospedeiro e transmissões

zoonóticas (Luján e Svärd, 2011).

A descoberta do organismo, hoje denominado Giardia, ocorreu em 1681 por Antony

Van Leeuwenhoek ao analisar suas próprias amostras de fezes (Adam, 1991). A primeira

descrição detalhada de Giardia foi realizada por Lambl (1859), na qual o organismo flagelado

intestinal foi denominado Cercomonas intestinalis. Entretanto, anos depois, foi verificado que,

anteriormente à denominação de Lambl, o organismo Bodo intestinalis havia sido transferido

para o gênero Cercomonas o que gerou homonímia pelo Código Internacional de

Nomenclatura Zoológica vigente na época (Filice, 1952).

Davaine (1875) descreveu uma forma muito similar a Giardia encontrada em um

coelho, a qual foi denominada Hexamita duodenalis. Sete anos após, Kunstler (1882)

encontrou o mesmo flagelado em girinos e o denominou Giardia agilis. A denominação

sugerida por Davaine (1875) tem grande importância uma vez que, se um único determinado

nome específico deve ser utilizado para todas as formas de Giardia encontradas em humanos e

demais mamíferos, o termo duodenalis tem prioridade sobre intestinalis de acordo com as

regras do Código de Nomenclatura Zoológica (Filice, 1952). Desde 1859 até 1952, 51 espécies

haviam sido descritas baseadas principalmente no organismo hospedeiro onde haviam sido

identificadas (Adam, 2001 e Thompson e Monis, 2004).

O trabalho de Filice (1952) foi, sem dúvidas, o que apresentou maior contribuição na

questão de reorganização das espécies taxonômicas de Giardia. Após desconsiderar a

influência das diferenças entre os organismos hospedeiros, Filice se concentrou em caracterizar

a variação morfológica entre os diferentes isolados de Giardia. Por fim, baseado nas diferenças

encontradas no formato dos corpos medianos internos, bem como no formato e comprimento

do organismo, o autor concluiu que o correto seria considerar a existência de três grupos

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morfologicamente distintos. Assim, foram denominadas as espécies Giardia duodenalis,

Giardia muris e Giardia agilis (Filice, 1952 e Monis, 1999).

Nos anos posteriores, a caracterização ultraestrutural, com o auxílio de microscópios

eletrônicos de varredura, permitiu a identificação de duas diferentes espécies em aves: Giardia

psitacci e Giardia ardeae (Erlandsen e Bemrick, 1987 e Erlandsen, 1990). Com base na

morfologia e composição do cisto, uma sexta espécie foi descrita identificada de hospedeiros

roedores. Essa espécie foi denominada Giardia microti (Feely, 1988).

Giardia duodenalis

Giardia duodenalis (sinonímia G. lamblia e G. intestinalis) é um protozoário flagelado

da ordem Diplomonadida pertencente ao super-grupo Excavata (Cavalier-Smith, 2002 e Adl et

al, 2005) que parasita o homem e diversos animais domésticos e selvagens, entre eles cães,

gatos, humanos, primatas não humanos, cavalos, bois, porcos, roedores, ovelhas e coiotes,

entre outros, causando a doença giardiose. A giardiose apresenta distribuição global e é

considerada o mais comum protozoário parasita humano tanto em países desenvolvidos como

em países em desenvolvimento (Lane e Lloyd, 2002). A infecção ocorre exclusivamente pela

ingestão de cistos através de bebidas ou alimentos, ingestão acidental de águas recreacionais,

contato direto através de práticas de higiene insuficientes ou atividade sexual. Em 1981,

Giardia foi adicionada à lista dos patógenos parasitas pela Organização Mundial da Saúde

(WHO, 1981).

Giardia duodenalis apresenta dois estádios distintos em seu ciclo de vida. No interior

do hospedeiro, sob condições ideais (temperatura ao redor de 37oC e pH ácido) estão presentes

os trofozoítos, que costumam parasitar o duodeno e o íleo, anexando-se ao epitélio intestinal.

Os cistos, forma de resistência do protozoário, costumam ser encontrados no ambiente e são

muito resistentes à cloração e ozonização, podendo permanecer viáveis por bastante tempo. Ao

serem ingeridos, mudam para a forma de cisto no início do intestino e, por divisão binária, cada

cisto gera dois trofozoítos. (Lane e Lloyd, 2002).

Os sintomas mais comumente associados à doença são: diarreia aguda à crônica, dor

abdominal, vômitos, desidratação e perda de peso. A infecção pode ser responsável por

redução do crescimento e do desenvolvimento cognitivo de crianças (Ortega e Adam, 1997 e

Adam, 1991). Em indivíduos imunocomprometidos, quando o número de linfócitos CD4+ é

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reduzido, o risco de infecção sintomática por Giardia aumenta, com tendência ao

desenvolvimento de diarreia crônica (Dwivedi et al, 2007). A doença também pode ser

assintomática, o que consequentemente reduz a procura por auxílio médico e pode tornar o

portador da parasitose um reservatório disseminador de cistos.

Figura 1. Dois cistos de Giardia duodenalis visualizados após reação de imunofluorescência

direta. No detalhe destacado em vermelho, os dois cistos são visualizados com contraste de fase. Foto

de Maurício Durigan.

Prevalência de Giardia duodenalis em humanos

A doença giardiose possui distribuição global e causa aproximadamente 280 milhões de

casos por ano em humanos sendo considerado o mais comum protozoário parasita humano

tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento (Lane e Lloyd, 2002).

Mais de 200 milhões de pessoas na África, Ásia e América Latina apresentam a doença com

sintomas e mais de 500 mil casos são reportados todos os anos (WHO, 1996).

Aproximadamente 1,2 milhão de novos casos da doença ocorrem nos Estados Unidos

anualmente (Yoder, et al, 2012), onde a incidência pode ser superior a 0,7% da população

(Hlavsa et al, 2007). Anualmente, mais de 1,7 milhão de pessoas morrem, a cada ano, por

péssimas condições de higiene, falta de estrutura sanitária e ausência de tratamento de água e

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esgoto (WHO, 2002). As doenças diarreicas, entre elas a giardiose, são responsáveis por 15%

de todas as mortes de crianças com idade inferior a cinco anos (WHO, 2011).

Crianças fazem parte do grupo com alta susceptibilidade para infecção por Giardia

duodenalis, particularmente as que frequentam creches, escolas primárias e orfanatos (Feng e

Xiao, 2011 e Muhsen e Levine, 2012). Em um estudo realizado em 13 creches urbanas do

Município de Campinas, 17,91% das crianças apresentavam-se parasitadas com algum tipo de

protozoário intestinal sendo que 10,09% do total de crianças apresentavam-se parasitadas por

Giardia duodenalis (Franco, 2007). Resultados semelhantes foram encontrados em João

Pessoa, em um trabalho com 290 crianças, nas quais 9,3% foram identificadas como positivas

para Giardia duodenalis (Moreno et al, 2008). Em Cuba, a prevalência total do parasito foi de

7,2% (Escobedo et al, 2011) entretanto, foi detectada em 22,7% das amostras provenientes de

crianças cubanas (Puebla et al, 2014).

No final do século XX, devido à identificação de um elevado e inesperado número de

casos da doença em crianças frequentadoras de creches e também em animais como bezerros,

cães e gatos, giardiose foi considerada uma doença re-emergente (Thompson, 2000). Em 2004,

para reafirmar a associação com a pobreza, tanto Giardia quanto Cryptosporidium foram

incluídos na Iniciativa das Doenças Negligenciadas (Neglected Disease Initiative) o que elevou

a preocupação em relação aos efeitos que essas doenças causam na saúde das pessoas (Savioli

et al, 2006).

Prevalência de Giardia duodenalis em amostras clínicas não humanas

Os dados sobre incidência de contaminações de Giardia duodenalis em hospedeiros

não humanos são confinados principalmente a cães, gatos e animais de interesse pecuário.

Embora as infecções humanas sejam de primário interesse, Giardia duodenalis tem sido

reportada em cães e gatos em todo o mundo (Thompson et al, 2008). Pesquisas que abordam a

presença de G. duodenalis em cães têm reportado uma elevada prevalência (Paz e Silva et al,

2012). Palmer et al, (2008) detectaram Giardia como o parasita mais prevalente em cães com

9,4% de contaminação na população amostrada. Levantamentos em diferentes populações

caninas reportaram a prevalência de 10% em cães domésticos, 36-50% em filhotes e

aproximadamente 100% em estabelecimentos de criação e canis (Hahn et al., 1988;

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Kirkpatrick, 1988). Ao avaliar 200 cães provenientes de abrigos e ambientes domésticos,

Meireles et al, (2008) encontraram 16,5% de prevalência na cidade de Curitiba, Paraná.

Em gatos, também existe grande preocupação com índices de prevalência da doença

tanto de uma perspectiva clínica quanto do ponto de vista de saúde pública (Palmer et al, 2008

e Paoletti et al, 2010). Devido à elevada presença de cães e gatos em domicílios (72,1 milhões

de cães e 81,2 milhões de gatos em domicílios, apenas nos Estados Unidos, segundo a

Associação dos Médicos Veterinários dos Estados Unidos - AVMA, 2007), cães e gatos têm

sido indicados como fontes regulares de infecção humana por G. duodenalis e transportadores

desse agente zoonótico (Bowman e Lúcio-Forster, 2010).

Elevada prevalência de Giardia e Cryptosporidium tem sido reportada em todo mundo

tanto em gado leiteiro quanto em animais de corte (Coklin et al 2010 e O’Handley et al 2000).

Infecção por Giardia é muito comum em bovinos, particularmente em bezerros, nos quais as

taxas de prevalência chegam a atingir perto de 100% (Geurden et al, 2010 e Geurden et al,

2012). Essas infecções possuem importante significado econômico uma vez que há prejuízo no

desempenho dos animais (O’Handley, 2002).

Prevalência de Giardia sp em amostras ambientais

De uma perspectiva ambiental, surtos de giardiose humana são frequentemente

associados á contaminação de água tratada (Zhang et al, 2012). Ao revisar 199 surtos

reportados entre 2004 e 2010, Baldurson e Karanis (2011) demonstraram que 35% destes

foram causados por Giardia duodenalis. Alta prevalência de Giardia tem sido detectada em

águas superficiais em diversos países (Franco et al, 2001 e Haramoto et al, 2012), mas poucos

estudos têm avaliado o nível da contaminação ambiental do parasito. Franco et al (2001),

identificaram a presença de Giardia em 100% das amostras de águas superficiais do rio

Atibaia. As principais sub-bacias hidrográficas do estado de São Paulo apresentaram

positividade para cistos de Giardia, sendo que o ponto de captação do rio Atibaia foi

considerado um ponto crítico do estado de São Paulo, com densidade de 521 cistos por litro

(Hachich et al, 2004). Cantúsio-Neto e Franco (2004) encontraram positividade para Giardia

em mais de 90% das amostras tanto de afluente como do efluente de duas estações de

tratamento de água da cidade de Campinas. Mesmo processos avançados de desinfecção por

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luz UV (tratamento terciário), não foram suficientes para eliminar a capacidade infectante dos

cistos (Santos et al, 2013).

Recentemente, um elevado risco de contaminação por Giardia foi evidenciado em

quatro regiões densamente povoadas no estado de São Paulo ao se avaliar amostras hídricas de

nove distintas bacias hidrográficas. Entre essas regiões, a região metropolitana de Campinas foi

a que apresentou as maiores taxas de contaminação (Sato et al, 2013). A detecção de Giardia

em águas superficiais fornece importantes pistas sobre a epidemiologia ambiental do parasito

(Santos et al, 2004).

Vulnerabilidade a infecções por Giardia duodenalis devido à falta de

infraestrutura do sistema de esgotamento sanitário nacional

O Brasil ainda apresenta grande carência no que diz respeito à infraestrutura do sistema

de esgotamento sanitário. Dados publicados pelo Sistema Nacional de Informações Sobre

Saneamento mostram que, dos 5564 municípios brasileiros, em média 82% das residências

possuem acesso à rede de água e apenas 38% do esgoto brasileiro é tratado (SNIS - 2014). A

região sudeste, que possui os melhores índices, trata 43% de seu esgoto ao passo que a região

norte trata apenas 14% de todo seu esgoto gerado. Dessa forma, há progressiva contaminação

das águas superficiais e subterrâneas devido à deficiente infraestrutura do sistema de

esgotamento sanitário (FUNASA – Fundação Nacional de Saúde; Ministério de Saúde, 2002).

Nesse contexto, o Brasil ainda possui poucos estudos sobre a ocorrência de Giardia em águas

superficiais não tratadas. (Franco et al, 2001).

Bacias Hidrográficas da Região Metropolitana de Campinas

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é composta por 20 cidades e possui

aproximadamente 2.800.000 habitantes, sendo a nona maior região metropolitana do país. A

cidade de Campinas, com 1.080.999 habitantes e representando 0,96% do PIB brasileiro,

constitui-se como a mais dinâmica da RMC e está assentada sobre três bacias hidrográficas

(Bacia do Rio Atibaia, Bacia do Ribeirão Quilombo e Bacia do Rio Capivari). Todas as bacias

convergem suas águas para o Rio Tietê e, em sequência, para o Rio Paraná. O Ribeirão

Anhumas, pertencente à bacia do Rio Atibaia, é formado pela união dos córregos Proença e

Serafim e passa pela região mais urbana e industrializada de Campinas antes de desaguar no

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Rio Atibaia (IBGE, 2010). O Rio Atibaia é um dos rios pertencentes à bacia hidrográfica dos

rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, a qual também é formadora dos reservatórios do Sistema

Cantareira, que abastece 52% da Região Metropolitana de São Paulo. Nesse rio, ocorre

captação de 95% da água utilizada no abastecimento de água da cidade de Campinas, realizada

pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (SANASA).

Origem Evolutiva e Diversidade Genética de Giardia duodenalis

A origem evolutiva de Giardia tem sido muito debatida, embora exista um razoável

número de evidências de que esse protozoário seja um ramo primitivo da divisão dos

eucariotos, o que o torna um organismo chave para o entendimento da evolução das células

eucarióticas. A ausência de importantes organelas eucarióticas como mitocôndrias e

peroxissomos e um sistema pouco desenvolvido de membranas intracelulares são evidências

que colocam esse protozoário como um eucarioto primitivo (Thompson e Monis, 2004). A

identificação de genes relacionados à mitocôndria, bem como a demonstração da existência de

mitossomos, uma organela similar às mitocôndrias envolvida com maturação proteica

relacionada a ferro-enxofre propõe que a ausência de mitocôndria em Giardia talvez seja

derivada (Tovar et al, 2003).

Giardia apresenta dois núcleos diploides (2N) bastante similares e transcricionalmente

ativos (Morrison et al, 2007) em seu estado vegetativo (trofozoítos). Nesse estádio, seu

conteúdo genético se duplica e o organismo se torna tetraploide (4N) e, em seguida, a célula se

torna octaplóide antes da divisão binária em dois novos trofozoítos (4X2N e em seguida duas

células 2X2N). Durante o processo de formação do cisto, o trofozoítos passa por dois

processos consecutivos de duplicação (4X2N – 4x4N) e o cisto totalmente formado possui

quatro núcleos 4N. Assim, a célula nesse momento é 16N. Posteriormente, inicia-se o processo

de formação de trofozoítos, no qual são geradas quatro células contendo dois núcleos diploide

cada (Bernander et al, 2001). Uma ilustração do ciclo é apresentada na Figura 2.

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Figura 2. Ilustração do ciclo de vida de Giardia duodenalis indicando a variação na ploidia do

organismo ao longo de seu ciclo (Extraído de Bernander et al, 2001).

A detecção de variação em Giardia a partir de marcadores moleculares

As metodologias parasitológicas tradicionalmente utilizadas pelos laboratórios

(métodos de concentração seguidos por coloração e ensaios de determinação antigênica) não

são aptas para separar as espécies de Giardia e nem seus grupos genéticos. As metodologias

moleculares, através da utilização de enzimas, antígenos e análises baseadas em DNA possuem

grandes vantagens como especificidade, sensibilidade e rapidez quando comparadas às

metodologias tradicionais (Bertrand et al, 2007). Além disso, marcadores moleculares são

ferramentas robustas que podem apresentar maior poder de discriminação na caracterização de

um determinado organismo.

Em 1989, Andrews et al. foram os primeiros a detectar a existência de quatro principais

grupos dentro da espécie G. duodenalis através de técnicas moleculares, ao examinar cinquenta

diferentes enzimas como marcadores genéticos. O trabalho foi motivado pelas recentes

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detecções de variabilidade dentro da espécie G. duodenalis no que se referia a antígenos (Smith

et al, 1982), alozimas (Baveja et al, 1986) e dados genômicos (Nash et al, 1985). Esses quatro

grupos seriam mais tarde chamados de AI, AII, BIII e BIV (Traub et al, 2004).

Homan et al, 1992 também identificaram, através de alozimas e RFLP, variação dentro

da espécie G. duodenalis que foi denominada grupo Polish e grupo Belgian, mais tarde

chamados de grupos genéticos A e B, respectivamente. No mesmo ano, Nash et al. também

descreveram a presença de pelo menos três grupos dentro da espécie e encontraram uma

marcador (GLORF-C4) restrito a um único grupo. O termo genetic assemblages foi utilizado

pela primeira vem por Mayrhofer et al,(1995), que analisaram 27 locos enzimáticos e detectou

a existência dos grupos AI e AII, BIII e BIV ao comparar a variação existente dentro da

espécie G. duodenalis e também da espécie G. muris.

Um gene específico de Giardia, denominado beta-giardin e associado com a formação

dos microtúbulos foi sequenciado por Baker et al.(1988) e utilizado por Mahbubani et

al.(1992) para desenvolver uma reação em cadeia da polimerase (polymerase chain reaction –

PCR) que fosse específica para o gênero Giardia e outra para a espécie G. duodenalis. Para

tanto, diferentes espécies de Giardia e diversos organismos foram utilizados, até que se

chegassem aos iniciadores GGL639-658, GGR789-809, GGL405-433, GGR592-622. Tais

marcadores são utilizados até hoje para diagnóstico molecular de giardiose (Guiguet-Leal et al,

2011).

Identificação de subestruturação e grupos hospedeiro-específicos

Após a maior parte dos trabalhos, no final dos anos 80 e início dos anos 90, detectarem

variação com marcadores enzimáticos, a segunda metade dos anos 90 foi marcada pelo uso

definitivo dos marcadores genômicos. Monis et al, (1996) utilizaram a técnica de PCR-RFLP e

conseguiram identificar os quatro grupos já citados apenas com a variação do gene glutamato

desidrogenase (gdh). Assim, a mesma variação identificada com marcadores enzimáticos

também foi verificada com marcadores genômicos o que definitivamente evidenciou a

existência de dois grupos principais, embora outros não estivessem descartados.

No ano seguinte, Hopkins et al,(1997) trabalharam com o gene SSU-rRNA através de

amplificação e sequenciamento de uma região de 292pb e conseguiram identificar, além de

dois grupos genéticos distintos oriundos de amostras clínicas humanas, dois grupos distintos de

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amostras recuperadas de fezes de cães. Foi o primeiro trabalho que se propôs a comparar

amostras humanas e de cães que viviam em uma mesma localidade. No ano seguinte, Monis et

al,(1998) utilizaram 26 locos de alozimas, além de análises filogenéticas com fragmento do

gene gdh e também identificaram, não só os dois grupos isolados a partir de amostras clínicas

humanas (grupos A e B), como também dois grupos obtidos apenas de amostras obtidas de

cães (denominadas grupos C e D).

Em um dos trabalhos mais citados e completos da década, Monis et al.(1999) utilizaram

quatro genes conservados (glutamato desidrogenase, triose fosfato isomerase, fator de

elongação 1α e 18S ribossomal RNA), além de dados de eletroforese após análise de 21

enzimas e concluíram que G. duodenalis poderia ser considerado um grupo monofilético e que

possuía pelo menos sete linhagens monofiléticas no interior desse grupo. Para tanto, foram

utilizadas amostras de G. duodenalis obtidas de humanos, cães, gatos, porcos e ratos, além de

amostras de G. ardeae obtidas de uma garça azul, e G. muris obtida de ratos. Dessa forma,

ficaram definidos os grupos genéticos E (que já havia sido proposto por Ey, 1997), que parasita

gado e outros animais de campo, grupo F que parasita felinos e grupo G que parasita ratos.

Além disso, em todas as filogenias geradas foi identificada uma proximidade maior entre os

grupos A, E e F. Já a associação entre os clados B, C, D e G, apesar de recorrente, não foi

considerada tão suportada entre as filogenias. Baseado na alta taxa de variação encontrada no

gene tpi, Sulaiman et al.(2003) desenvolveram uma nested-PCR, cujo sequenciamento do

produto da segunda amplificação permite a discriminação dos sete grupos genéticos de Giardia

duodenalis.

Na década seguinte, grande parte dos projetos envolvendo G. duodenalis buscou

caracterizar amostras dentre os grupos propostos por Monis et al.(1999). Traub et al.(2004)

concluíram que os genes SSU r-RNA e ef1-α apresentavam uma baixa resolução para

discriminar esses grupos, quando comparados ao gene tpi.

O sequenciamento de fragmento do gene beta-giardin também passou a ser utilizado

como ferramenta para identificar os grupos genéticos de G. duodenalis. Dentro do grupo A,

além dos dois genótipos comumente encontrados (AI e AII), um novo genótipo (AIII) também

foi encontrado inicialmente associado a animais ungulados. Em relação às amostras

pertencentes ao grupo B, quatro genótipos foram determinados (BI, BII, BIII e BIV). Todos os

grupos descritos foram identificados a partir de amostras clínicas humanas (Caccio et al, 2002).

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Lasek-Nesselquist et al, (2010), ao pesquisarem cistos de Giardia provenientes de

vertebrados marinhos, descreveram a o grupo genético H, descrito como uma variação do

grupo G. Entretanto, sua identificação foi feita apenas com base no sequenciamento de

fragmento do gene gdh, de forma que sequenciamentos com outros marcadores devem ser

realizados para que a comunidade científica passe a utilizar essa novo grupo (Feng e Xiao,

2011).

Diversidade genética e potencial zoonótico de Giardia duodenalis

A transmissão da doença por veiculação hídrica, contaminação alimentar e contato com

animais tem sido um grande campo para estudos epidemiológicos. Embora seja muito

discutido, há evidências muito fortes que comprovam o potencial zoonótico de Giardia, no

qual, um cisto de uma determinada linhagem, pode ser responsável pela contaminação de

diferentes hospedeiros como cães, gatos, bovinos e humanos (Thompson, 2004).

Após diversos ensaios moleculares com diferentes marcadores moleculares, foi

determinado que G. duodenalis apresenta grande diversidade genética, de maneira, que seus

isolados foram divididos atualmente em oito grupos genéticos (A-H). Os grupos genéticos A e

B parasitam uma ampla gama de hospedeiros como cães, gatos, animais de campo e outros

mamíferos. São os únicos grupos que comumente parasitam humanos, de modo que existe uma

constante preocupação com o potencial zoonótico de seus isolados. Esses grupos apresentam

subestruturação e aproximadamente 75% dos isolados do grupo AI costumam ser identificados

em parasitas cujos hospedeiros não são humanos. Já as amostras de Giardia obtidas de

humanos apresentam perfil oposto, sendo responsáveis por 75% dos isolados do grupo AII, de

forma que o restante é encontrado em animais (Sprong et al, 2009). O grupo AIII costuma ser

restrito a ruminantes selvagens.

Os genótipos BIII e BIV têm sido observados em bois, cães, cavalos e macacos, além

de humanos. Nesses últimos, esses genótipos têm sido encontrados em frequências semelhantes

(Caccio e Ryan, 2008 e Bowman e Lucio-Forster, 2010). Em animais selvagens como castores

e ratos selvagens, o genótipo BIV é predominantemente encontrado. Já macacos e animais

marinhos são ambos infectados pelos grupos BIII e BIV. Assim, sob a perspectiva de genótipos

que já foram identificados tanto em humanos quanto em outros animais, os grupos AI, AII,

BIII e BIV apresentam potencial zoonótico.

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Os demais grupos genéticos apresentam maior uniformidade quanto aos hospedeiros

parasitados e são considerados hospedeiro-específicos. Os grupos C e D costumam parasitar

cães, gatos, lobos e coiotes, o grupo E costuma ser encontrado em animais de campo como bois

e porcos, o grupo F é comumente encontrado em gatos. Embora sejam considerados eventos

extremamente raros e pouco documentados, genótipos dos grupos C, D, E e F já foram

detectados em amostras obtidas de humanos (Gelanew et al, 2007, Sprong et al, 2009 e

Soliman et al, 2011). O grupo G e o grupo H, até o presente momento, foram identificados

apenas em ratos e vertebrados marinhos, respectivamente (Monis et al, 1999, Thompson et al,

2000 e Lasek-Nesselquist et al, 2010).

Estudos de Giardia duodenalis com ferramentas moleculares realizados no

Brasil

No Brasil, poucos estudos moleculares com Giardia foram desenvolvidos até o

presente momento. Em um estudo que analisou uma sequência do gene beta-giardin (bg) de

amostras positivas para G. duodenalis oriunda de cães, gatos e humanos da cidade do Rio de

Janeiro, somente o grupo A foi encontrado, sendo que o genótipo AI (que apresenta potencial

zoonótico) foi verificado em humanos, cães e gatos. Algumas amostras humanas também

evidenciaram a presença do genótipo AII (humano específico) e os demais grupos não foram

encontrados (Volotão et al, 2007). Já na cidade de São Paulo, ao utilizar o gene glutamato

desidrogenase (gdh), foi verificada a presença dos grupos AII e B em humanos, F e AI em

gatos, C e D em cães e E e AI em gados (Souza, et al 2007).

Ao analisar amostras provenientes de macacos Bugio (Alouatta clamitans), Volotão et

al, (2008) identificaram todas as amostras positivas pertencentes ao subgrupo AI. Leal et al,

(2011) demonstraram a presença de G. duodenalis em moluscos bivalves comestíveis em um

complexo estuarino localizado no Vale do Ribeira, São Paulo. Souza et al, (2012),

caracterizaram uma amostra hídrica através do gene bg como pertencente ao grupo genético A.

Essa amostra era proveniente do Rio Bucheler, intensamente contaminado e relativamente

próximo a tanques de cultivo de ostras em Florianópolis, Santa Catarina. Em 2013, Santos et

al, demonstraram infectividade de cistos de G. duodenalis caracterizados como pertencentes ao

grupo genético A, através de sequenciamento do fragmento do gene gdh em amostras obtidas

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de efluente de esgoto de uma estação de tratamento de esgoto da cidade de Campinas, São

Paulo.

Genotipagem multilocos em Giardia duodenalis

Diferentes níveis de resolução podem ser abordados quando se deseja caracterizar

cistos de Giardia duodenalis. Ao longo dos anos, uma maior subestruturação foi encontrada,

acrescentando maior complexidade à genotipagem desse parasito.

Inicialmente, os cistos de G. duodenalis podem ser caracterizados em seus respectivos

grupos genéticos (genetic assemblages), através da comparação com linhagens de referência

disponibilizadas em bancos de dados (A-H). Um segundo nível de resolução pode ser abordado

quando se analisa sequências de isolados pertencentes aos grupos A e B. Estes foram

subestruturados em subgrupos (subassemblage) denominados AI, AII, AIII, BIII e BIV

baseados na avaliação de polimorfismos em sítios específicos que caracterizam cada um desses

grupos. Visto que existe alta heterogeneidade de sequências dentro de cada subgrupo, a

denominação genótipos ou subtipos (subtypes) foi atribuída aos grupos de sequências que

compartilham exatamente os mesmos polimorfismos. Essa abordagem pode ser utilizada para

amostras pertencentes a todos os grupos genéticos. A análise é realizada individualmente em

um determinador marcador e seus resultados informam os haplótipos encontrados em cada

marcador.

Um quarto nível de complexidade de análise é estabelecido ao se unificar os dados

obtidos por diferentes marcadores. Tal abordagem, denominada genotipagem multilocos

(MLG), tem sido sugerida para Giardia para, entre outras possibilidades, estimar a ocorrência

de transmissão zoonótica através da comparação de genótipos multilocos (MLGs) provenientes

de isolados humanos e animais (Caccio et al, 2008; Sprong et al, 2009; Lebbad et al, 2010;

Gomez-Munoz et al, 2012). Dessa forma, isolados que podem ser idênticos para um

determinado marcador podem ser diferentes para outro. A análise conjunta dos marcadores

permite a caracterização dos isolados em genótipos distintos e os genótipos multilocos mais

comuns em uma determinada região podem ser determinados.

A utilização de apenas um loco tem gerado preocupações quanto às limitações nas

informações adquiridas para identificação dos grupos genéticos, tanto em amostras humanas,

quanto animais (Caccio, et al, 2008). Por outro lado, a utilização de MLGs pode melhorar

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significativamente a atribuição de cada isolado a um subtipo específico e contribuir com novas

informações para esclarecer a epidemiologia da giardiose (Gomez-Munoz et al, 2012, Caccio

et al, 2008).

Infecções mistas e recombinação genética em Giardia

Dois fatos atuais e recorrentes tem influenciado a interpretação de dados genotípicos e

tem atraído atenção de grande parte dos pesquisadores da área. São eles: a ocorrência de perfis

heterogêneos em determinadas posições de nucleotídeos (picos duplos) e também a

insegurança na atribuição de um isolado a um determinado grupo genético (determinado pela

identificação de mais de um grupo genético em uma mesma amostra), o que sugere a

possibilidade de trocas genéticas (genetic exchanges) em Giardia. Para explicar esses dois

fenômenos, existem duas possibilidades. A primeira seria a existência de infecções mistas, nas

quais o mesmo hospedeiro estaria contaminado com diferentes grupos genéticos, subgrupos ou

genótipos de Giardia duodenalis. A segunda possibilidade é que esse fenômeno realmente

corresponda à variação alélica, de forma que trocas de material genético, recombinação ou

introgressão gênica possam estar presentes e representar mecanismos pelos quais Giardia pode

apresentar variação genética, além de mutações acumuladas nos dois núcleos ao longo da

evolução (Ankarklev et al, 2012 e Caccio e Sprong, 2010).

Independentemente de qual mecanismo seja o responsável pela dificuldade na

determinação de um genótipo ou grupo genético, os isolados que costumam apresentar essas

características não são considerados para genotipagem multilocos, uma vez que não se pode

cometer o erro de unir genótipos de cistos diferentes. Embora tais casos possam representar

trocas genéticas entre cistos ou mesmo eventos de recombinação ou introgressão, a

possibilidade de infecções mistas não pode ser excluída e parece, na maioria dos casos, ser a

principal responsável por esses perfis heterogêneos encontrados (Sprong et al, 2009; Beck et

al, 2012). Assim, para completa distinção entre infecções mistas e isolados recombinantes faz-

se necessário a análise de células únicas, cuja possibilidade já foi demonstrada (Miller e

Sterling, 2007 e Ankarklev et al, 2012).

Tradicionalmente, as espécies do gênero Giardia são consideradas como desprovidas

de reprodução sexual em seu ciclo de vida (Adam, 2001). Muitos estudos recentes têm

desafiado esse paradigma através de evidências que corroboram a existência de trocas

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genéticas em G. duodenalis o que leva a importantes implicações na taxonomia, genética de

populações, biologia evolutiva e epidemiologia de Giardia (Luján e Svärd, 2011). Essas

evidências têm mostrado possíveis recombinações em diferentes níveis. Primeiro, entre

genótipos AII, locos de diferentes cromossomos apresentarem diferentes árvores filogenéticas

indicando que não compartilham da mesma história evolutiva (Cooper et al, 2007).

Posteriormente, foram detectadas evidências de recombinação entre subgrupos AI e B ao

avaliar distintos locos (Teodorovic et al, 2007) e, por fim, entre diferentes grupos genéticos

(Lasek-Nesselquist et al, 2009). Ao encontrar cinco genes envolvidos especificamente na

meiose no genoma de Giardia duodenalis, Ramesh et al (2005) sugeriram que Giardia seja

capaz de realizar meiose e reprodução sexuada. A possibilidade de recombinação genética em

Giardia aparece cada dia mais como um cenário possível (Siripattanapipong et al, 2011 e

Caccio e Sprong, 2010).

Ensaios de amplificação específicos aos grupos genéticos

Ao longo do desenvolvimento de marcadores moleculares para identificação e

caracterização de grupos genéticos de Giardia duodenalis, o foco no desenvolvimento desses

marcadores sempre foi baseado em iniciadores denominados genéricos devido a sua

capacidade de anelamento em qualquer grupo genético da espécie G. duodenalis. Apenas o

sequenciamento da região interna aos iniciadores (ou a clivagem específica por enzimas de

restrição) é que determinavam a atribuição a um determinado grupo. Ao longo dos últimos

anos, novos estudos têm mostrado vantagens ao se utilizar iniciadores específicos para

determinados grupos de forma que, amostras anteriormente caracterizadas como negativas, tem

sido genotipadas e muitos novos casos de infecções mistas têm sido descritos.

Leveck et al, (2009) identificaram um número elevado de infecções mistas em amostras

obtidas de primatas não humanos (NHP) ao utilizarem iniciadores específicos para os grupos

genéticos A e B. Os autores sugerem o uso de iniciadores específicos como uma forma de

eliminar o viés causado por iniciadores genéricos que costumam apresentar amplificação

preferencial por genótipos em maior concentração na amostra. Resultados semelhantes foram

obtidos por Anklarkev et al, (2012) ao comparar resultados obtidos com iniciadores genéricos

e específicos. Quatro novas infecções mistas foram encontradas apenas quando utilizados os

iniciadores específicos para os grupos genéticos A e B.

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Lebbad et al, (2010) detectaram limitações na amplificação e sequenciamento de

isolados pertencentes aos grupos genéticos C e D, com iniciadores descritos por Sulaiman et al,

(2003), que amplificavam fragmentos do gene tpi. Foi realizado o sequenciamento do

fragmento maior da nested PCR e foi verificado que as amostras pertencentes aos grupos C e D

possuíam polimorfismos na região de anelamento dos iniciadores da segunda reação da nested-

PCR, o que impedia a amplificação destes grupos. Após desenhar novos iniciadores específicos

para esses dois grupos e repetir a análise, amostras identificadas anteriormente como negativas

foram genotipadas e algumas amostras que já haviam sido caracterizadas, foram novamente,

porém com o acréscimo de outro grupo (C ou D).

Ao analisar amostras pertencentes as dois grupos que comumente são encontradas em

humanos (A e B), Vanni et al, (2012), desenharam novos iniciadores específicos para os

grupos A e B e conseguiram obter alta sensibilidade. Ao misturar isolados dos genótipos A e

B, foi possível amplificar ambos mesmo quando estavam desbalanceados em uma proporção

9:1. Em outros marcadores, foi possível verificar amplificação preferencial por um dos dois

grupos ou mesmo por grupos genéticos que estavam mais amostrados. A utilização de

iniciadores grupo-específicos tem mostrado bastante sucesso para identificar novos casos de

infecções mistas (mais comuns do que reportados na literatura com iniciadores genéricos),

além de identificar grupos genéticos diferentes, que podem estar presentes em menor

quantidade em uma amostra e, provavelmente, não seriam detectados pelos iniciadores

genéricos.

Genomas de protozoários parasitas

Com o advento dos projetos de sequenciamento em larga escala, diversos genomas de

protozoários parasitos foram sequenciados na última década, o que resultou em grande

acúmulo de informações sobre esses organismos, causadores de várias doenças em humanos e

outros animais.

O genoma de Plasmodium falciparum, publicado em 2002 por Gardner et al, foi o

primeiro genoma de um protozoário parasita sequenciado completamente (Taco et al. 2006). O

genoma apresenta aproximadamente 5.300 genes distribuídos em 14 cromossomos com um

total de 22,8 MB, o dobro do tamanho da levedura Schizosaccharomyces pombe (Gardner et al,

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2002). A maior expectativa é que essas sequências poderão oferecer novos alvos para drogas e

vacinas anti-maláricas (Ashburner, 2002).

Em 2004 foi publicado o genoma de duas espécies de Cryptosporidium,

Cryptosporidium parvum (Abrahamsen et al, 2004) e Cryptosporidium hominins (Xu et al,

2004). Ao ser comparado com o genoma de P. falciparum, o genoma das espécies de

Cryptosporidium apresenta algumas características interessantes como tamanho reduzido (9

MB), alta densidade gênica e elevado conteúdo de GC. A distribuição das anotações realizadas

no Gene Ontology (GO) para os organismos Cryptosporidium, Plasmodium e Saccharomyces é

bastante semelhante, o que sugere que suas diferenças fenotípicas resultem de famílias gênicas

não conservadas ou mesmo não descritas, ao invés de especializações funcionais de famílias

gênicas conservadas (Xu et al, 2004).

No ano seguinte, foram concluídos os projetos-genoma das mais importantes espécies

dentre as espécies da ordem Kinetoplastida. O genoma de Leishmania major, publicado em

2005 por Ivens et al, apresentava-se como o maior genoma de protozoários até a data de sua

publicação com 32,8 MB e mais de 8.000 genes ao longo de seus 36 cromossomos. O tamanho

foi superado pelo genoma de Trypanosoma cruzi com 60 MB, publicado no mesmo ano.

Surpreendentemente, o genoma de Trypanosoma brucei (Berriman et al, 2005) apresenta

menos da metade do tamanho do genoma de T. cruzi (26 MB). Essa discrepância pode ser

explicada pela alta quantidade de sequências repetitivas no genoma de T cruzi, que

representam mais de 50% de seu genoma (El-sayed et al, 2005). Os genomas das duas espécies

de Trypanosoma sequenciadas apresentam consideráveis frequências de polimorfismos, o que

não ocorre em Leishmania, com menos de 0,1%. Por outro lado, a maioria dos genes de

Leishmania major possuem ortólogos no genoma das duas espécies de Trypanosoma embora

910 genes não tiveram seus ortólogos encontrados (Ivens et al, 2005).

Em 2007, foi publicado por Carlton et al o genoma de Trichomonas vaginalis que, ao

lado de Giardia duodenalis, é considerado um dos mais primitivos organismos do grupo dos

eucariotos. O genoma de Trichomonas é o maior já sequenciado dentre os protozoários com

aproximadamente 160 MB. Assim como ocorre em T. cruzi, esse tamanho pode ser devido á

grande quantidade de elementos repetitivos, que ocupam mais de 65% de seu genoma. A

quantidade de genes em seu genoma é surpreendente. Foram estimados mais de 59 mil genes

codificadores de proteínas ao longo de seus seis cromossomos, o que coloca esse protozoário

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como o dotado de uma das maiores capacidades de codificação entre os eucariotos.

Surpreendentemente, a maquinaria de transcrição de T. vaginalis se aproxima mais dos

metazoários quando comparada com a maquinaria dos protistas. Além disso, foram

encontrados 152 genes indicadores de uma possível transferência lateral entre procariotos e

eucariotos (Carlton et al, 2007).

Ao comparar sequências oriundas de genomas primitivos (bactéria, archaea e eucariotos

primitivos) com sequências de genomas mais derivados (eucariotos pluricelulares), são

perceptíveis as mudanças em direção á complexidade. Essas mudanças incluem aumento no

número de genes, íntrons, duplicação de sequências e o surgimento de elementos transponíveis

(Lynch e Conery, 2003). Nesse contexto, a existência de um genoma completo de organismos

eucariotos primitivos como diplomonadidas (Giardia), Parabasalides (Trichomonas) e

Microsporídia (Encephalitozoon) é de extrema importância para o entendimento da evolução

dos eucariotos. Um exemplo é a presença do gene cpn60 (mitochondrial-like) e um mitossomo

em Giardia duodenalis. Essas descobertas fornecem subsídios para a hipótese de que Giardia

duodenalis adaptou-se ao ambiente micro-aerofílico, ao invés da hipótese que sugere a

divergência do grupo dos eucariotos primitivos antes da endosimbiose do ancestral

mitocondrial (Morrison et al, 2007). A descoberta do gene mitocondrial hsp60 em Entamoeba

histolytica também contribuiu para essa nova hipótese. Os organismos tradicionalmente

denominados Archezoa (diplomonadidas, Parabasalides e Microsporídia) pela ausência de

mitocôndrias e de vias metabólicas relacionadas, não só possuem proteínas derivadas de

mitocôndrias, como também possuem uma organela de dupla membrana correspondente.

Enquanto Entamoeba spp, Giardia spp e Trichomonas spp vivem em habitats com muito

pouco oxigênio, de modo a não suportar a respiração aeróbica, Cryptosporidium spp e

Encephalitozoon spp reduziram drasticamente suas capacidades metabólicas durante a

adaptação a um estilo de vida intracelular (Embley e Martin, 2006).

A cada dia, novas hipóteses sugerem um novo posicionamento entre os organismos

eucariotos primitivos. As informações filogenéticas obtidas através da análise de genomas e de

seus genes ainda não são totalmente consistentes com as hipóteses acerca da origem dos

eucariotos. Sem dúvida, os genomas refletem um testemunho sobre a origem eucariótica, mas,

novas abordagens e mais rigorosa atenção aos detalhes de inferência filogenética serão

necessárias para decifrar essa mensagem (Embley e Martin, 2006).

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Projetos genoma de Giardia duodenalis

Cinco genomas, correspondentes a quatro isolados distintos de Giardia duodenalis

(WB_AI, GS_B, P15_E DH_AII) foram publicados nos últimos anos (Morrison et al, 2007,

Franzén et al, 2009, Jerlström-Hultqvist et al, 2010 e Adam et al, 2013). O primeiro genoma de

Giardia a ser sequenciado foi o isolado WB, pertencente ao grupo AI. Organismo chave dentre

os eucariotos, devido à ausência de mitocôndrias e peroxissomos, seus 11,7 MB possuem alta

densidade gênica (0,58) com mais de 6.000 genes distribuídos em cinco cromossomos. Ao

comparar com outros genomas de organismos correlatos, o genoma WB é considerado

compacto em estrutura e conteúdo e possui uma simplificada maquinaria para replicação de

DNA, transcrição, processamento de RNA e para a maioria dos processos metabólicos.

Também foram encontradas repetições do motivo AC, muito comuns em íntrons de

Trichomonas, o que sugere um mecanismo de splicing em Giardia.

O genoma do isolado GS, do grupo genético B apresentou abundante heterozigosidade

alélica e 28 novos genes em relação ao genoma WB. A identidade de nucleotídeos e de

aminoácidos em regiões codantes foi de 77% e 78%, respectivamente (Franzén et al, 2009). O

genoma GS_B é o maior (~12 MB) dentre todos os sequenciados até o presente momento e

possui a maior taxa de heterozigosidade (0,425%) entre todos os sequenciados.

O genoma do isolado P15_E, foi obtido através do sequenciamento de Giardia

proveniente de um leitão e apresentou 5012 genes, a maioria destes conservados em

comparação aos outros genomas publicados. O genoma P15_E apresenta um tamanho

intermediário (~11,5MB) e grande número de arranjos cromossômicos em comparação aos

demais. O genoma DH_AII é o menor dentre os publicados (~10,7 MB), com baixa

heterozigosidade, embora superior ao genoma WB. A comparação entre esses dois genomas

demonstrou maior similaridade entre eles de forma que existe considerável sintenia.

Assim como Trichomonas, Giardia também possui grande parte de seus genes

relacionados a síntese de proteínas kinases (kinoma). Mais de 50% das sequencias codantes do

genoma WB anotadas não foram similares com nenhuma outra proteína nos bancos de dados

públicos, embora alguns genes com anotação funcional podem representar transferência gênica

lateral de bactérias ou Archeae. A presença de dois núcleos sugere a possibilidade de uma

acentuada heterozigosidade no genoma. Notavelmente, essa heterozigosidade é baixa (com

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variação entre os grupos genéticos) o que sugere a existência de um mecanismo que mantenha

a homozigose entre os núcleos (Morrison et al, 2007).

A comparação entre os genomas de Giardia duodenalis permitiu identificar uma

significante variação entre os grupos tanto em termos de conteúdo gênico, polimorfismos,

estrutura de cromossomos e repertório de moléculas de superfície (Jerlström-Hultqvist et al,

2010). Os genomas estão depositados no Giardia Database (GiardiaDB), uma iniciativa do

National Institute of Health (NIH) que participa do Eukaryotic Pathogen Database Resources.

Nos próximos anos, será necessário um vasto trabalho de bioinformática para que se possa

conhecer a função de tais sequências no genoma. O banco pode ser acessado em

http://www.giardiadb.org/giardiadb/.

Marcadores moleculares do tipo microssatélites (SSR)

Os genomas eucariotos são povoados por sequências simples repetidas, as quais

consistem em um a seis nucleotídeos repetidos em tandem. Essas regiões são denominadas

microssatélites, SSR (Simple Sequence Repeats) ou STR (Short Tandem Repeat). As

sequências de DNA que flanqueiam os microssatélites são geralmente conservadas entre os

indivíduos de uma mesma espécie o que permite seleção de iniciadores específicos que

amplificam, via PCR, fragmentos contendo o DNA repetitivo em todos os genótipos (Borém e

Caixeta, 2006).

Os microssatélites são considerados marcadores ideais para estudos populacionais e de

diversidade. Por serem altamente polimórficos, multialélicos, requererem pequena quantidade

de DNA inicial, apresentarem herança mendeliana codominante, serem neutros em relação á

seleção e estarem distribuídos ao acaso pelo genoma têm sido amplamente utilizados nesses

estudos (Powell, 1996).

Microssatélites já foram observados em diversos organismos como seres humanos,

plantas, baleias, Drosophila, camundongos, bovinos, caprinos, entre outros (Ferreira e

Grattapaglia, 1998). A presença desse marcador foi detectada também em protozoários. De 224

microssatélites testados em Plasmodium falciparum, 188 apresentaram polimorfismos entre as

diferentes linhagens do parasita (Su e Wellems, 1996). Oliveira et al (1998), encontraram

repetições (CA)n no genoma de Trypanosoma cruzi que se mostraram polimórficas e

possibilitaram análise da estruturação populacional desse parasita. A análise de repetições de di

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e trinucleotídeos em Cryptosporidium parvum permitiu a caracterização dos isolados de

maneira que estes foram agrupados em subgrupos mais próximos do ponto de vista geográfico

(Caccio et al, 2000). Esses estudos demonstraram êxito na caracterização da diversidade desses

organismos, mas ainda nenhum trabalho foi relatado sobre de marcadores moleculares

microssatélites em Giardia spp.

A importância de se utilizar marcadores de alta resolução refere-se ao fato de que eles

permitem que sejam identificados variações de genótipos não detectados pelos marcadores

conservados convencionais. Essa identificação permite, além de genotipar o parasito em

subtipos pré-existentes, caracterizar os indivíduos coletados em um nível maior de

discriminação o que pode ser explorado para investigar a epidemiologia da doença, o papel de

portadores assintomáticos e para rastreamento da doença através de água e alimentos

contaminados (Smith, et al, 2007).

Caccio e Ryan (2008) sugerem que sejam feitos estudos que busquem locos

hipervariáveis, que possam acessar mais profundamente as diferentes linhagens de Giardia, a

fim de monitorar a sua transmissão com mais precisão. Para organismos morfologicamente

idênticos, a utilização de marcadores de loco único pode levar a ambiguidades ou a conclusões

incorretas (Anderson, 2001). Além disso, o uso de novos marcadores pode permitir que

informações importantes sejam aferidas, como a estruturação dos grupos genéticos desse

protozoário e existência de recombinação entre diferentes linhagens. A vasta utilização de

microssatélites em estudos populacionais e sua presença em Giardia e em organismos

relacionados os colocam como marcadores ideais para a obtenção de tais informações.

Genética de populações aplicadas a organismos de interesse epidemiológico

Em genética de populações, uma população é definida através de um conceito amplo,

proposto por Dobzhansky, no qual um conjunto de indivíduos que se reproduzem

sexuadamente e compartilham a mesma base genética pertencem a uma mesma população. Em

micro-organismos e também em organismos parasitas, esse conceito torna-se mais complexo

uma vez que, tanto a distância geográfica, quanto o modo de reprodução, costumam apresentar

características únicas que tornam esses organismos complexos para estudos populacionais e de

diversidade genética.

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Importantes conclusões podem ser obtidas a partir de estudos populacionais com

organismos de interesse epidemiológico. A estrutura genética restrita de Salmonella pode

indicar uma composição de populações clonais (Beltran et al, 1988). Uma extensa variação

alélica aliada à ausência de desequilíbrio de ligação pode sugerir a existência de uma

população altamente recombinante em Helicobacter pilori (Go et al, 1996). A avaliação da

diversidade haplotípica em conjunto com análises dos índices de fixação mostra o

estabelecimento de populações distintas do parasita Echinococcus após a introdução do

haplótipo fundador com estrita relação com movimentos antropogênicos (Sharma et al, 2013).

Dentre os estudos levantados, dois são aqui selecionados por possuírem características

semelhantes ao presente projeto.

Em um estudo que verificou a presença de Giardia duodenalis em duas espécies

diferentes de focas da costa oeste e leste dos Estados Unidos, foi verificada a possível

correlação entre diferentes haplótipos de Giardia com diferentes populações de focas (Lasek-

Nesselquist et al, 2010). A hipótese dos autores foi que, se fossem detectadas diferenças nos

haplótipos entre as diferentes populações, isso poderia indicar que a disseminação do parasito

estivesse atrelada a fatores relacionados à localização geográfica ou aos efeitos

comportamentais das focas na transmissão do parasito.

Os resultados do estudo mostraram que alguns haplótipos específicos estão diretamente

relacionados à localização das focas o que indica uma influência geográfica na aquisição do

parasito ou algum outro fator relacionado ao hábito do hospedeiro. A localização do

hospedeiro (costa leste ou oeste) foi o fator mais determinante verificado para aquisição do

parasito. A dinâmica populacional de G. duodenalis nos sistemas marinhos parece refletir a

interação entre um emaranhado de fatores (Lasek-Nesselquist et al, 2010).

Outro estudo populacional interessante foi realizado com diferentes espécies do

parasito pertencente ao gênero Opistorchis (Trematoda). Este organismo possui dois

hospedeiros intermediários (caramujos e peixes) e, após ingestão de pescado mal cozido, pode

infectar o homem e causar sérios prejuízos aos dutos biliares e vesícula biliar. Com a utilização

de marcadores mitocondriais e também nuclear (ITS), importantes informações sobre a

diversidade genética e estrutura populacional do parasito puderam ser estimadas (Brusentov et

al, 2013).

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Os valores de diversidade nucleotídica e haplotípica foram baixos em todo o território.

Além disso, o haplótipo mais comum foi encontrado em todas as populações e a análise

molecular da variância (AMOVA) mostrou que a variabilidade genética está concentrada

dentro das populações e não entre as mesmas. O índice de fixação entre as diferentes

populações do parasito apresentou valores que variavam de 0,008 a 0,021, que também

evidencia a não diferenciação dessas populações. Dessa forma, os dados mostram que esse

parasito passou recentemente por um processo severo de gargalo populacional que foi seguido

por rápida expansão, a partir de um pequeno grupo de fundadores, com uma variação genética

bastante limitada (Brusentov et al, 2013).

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Objetivos

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OBJETIVOS

Principal

Contribuir para o conhecimento da diversidade genética de Giardia duodenalis, visando ao

desenvolvimento de uma melhor compreensão da epidemiologia molecular do organismo.

Específicos

Caracterizar a diversidade genética de Giardia de amostras clínicas e ambientais e

utilizar ao dados obtidos para caracterizar o perfil genético de distribuição do parasito

bem como o potencial zoonótico dos isolados na Região Metropolitana de Campinas;

Comparar populações de Giardia duodenalis originárias de amostras clínicas e

ambientais de uma região metropolitana a fim de verificar compartilhamento de

haplótipos e similaridade genética entre as populações;

Identificar marcadores moleculares microssatélites de G. duodenalis nos genomas

publicados presentes no GiardiaDB;

Desenvolver e caracterizar novos marcadores microssatélites específicos e

compartilhados entre grupos, presentes em G. duodenalis.

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Capítulo I

Genetic Diversity of Giardia duodenalis: Multilocus Genotyping

Reveals Zoonotic Potential between Clinical and Environmental

Sources in a Metropolitan Region of Brazil

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Supporting Information

Phylogenetic analysis of the VET group. Phylogenetic analysis of the Giardia triose phosphate isomerase (tpi) gene from the VET group. The alignment was generated with ClustalX and analyzed using maximum likelihood with the Tamura-Nei 93 model with gamma correction (MEGA v5.05). Trees derived using neighbor-joining produced a similar topology. Bootstrap values>50% (10,000 replicates) are shown beside each node. Accession numbers for tpi reference sequences are shown beside the corresponding assemblage.

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Table S1. Accession numbers for gene sequences obtained from NCBI.

gdh bg tpi

AI L40509 M36728.1 L02120.1

AII L40510 AY072723.1 U57897.1

AIII - DQ648777.1 DQ650648.1

BIII AF069059.1 AY072726.1 AY228628.1

BIV L40508.1 AY072725.1 L02116.1

C U60985.1 JF422719.1 AY228641.1

D U60986.2 AY545647.1 DQ246216.1

E AY178740 AY072729.1 AY655705.1

F AY178744 AY647264.1 AF069558.1

G AY178748.1 EU769221.1 EU781013.1

G. muris - EF455599.1 AF069565.1

G. ardeae AF069060.2 - AF069564.1

G. microti - - AY228649.1

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Table S2. Molecular characterization and accession numbers of isolates

obtained from hospitals based on sequencing data from gdh, bg, and tpi

genes.

Sample gdh GenBank bg GenBank tpi GenBank

HC01 A JN116442 - - AII KF922892

HC02 A JN116443 - - C KF922893

HC03 - - - - - -

HC04 - - - - C KF922894

HC05 - - - - - -

HC06 - - - - AII KF922895

HC07 B JN116444 BIII KF922976 BIV KF922896

HC08 - - - - C KF922897

HC09 - - AII KF922977 BIV KF922898

HC10 A JN116445 AII KF922978 AII KF922899

HC11 A KF923021 AII KF922979 AII KF922900

HC12 A JN116446 AII KF922980 AII KF922901

HC13 A JN116447 - - C KF922902

HC14 - - - - BIV KF922903

HC15 B JN116448 - - BIV KF922904

HC16 B JN116449 - - BIV KF922905

HC17 - - - - BIV KF922906

HC18 A JN116450 - - - -

HC19 - - - - C KF922907

HC20 - - - - BIV KF922908

HC21 B JN116451 - - AII KF922909

HC22 A JN116452 - - AII KF922910

HC23 B JN116453 - - AII KF922911

HC24 - - - - BIV KF922912

HC25 B JN116454 B KF922981 BIV KF922913

HC26 - - - - - -

HC27 A JN116455 A KF922982 AII KF922914

HC28 A JN116456 - - - -

HC29 - - AII KF922983 AII KF922915

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HC30 B JN116457 - - BIV KF922916

HC31 A JN116458 AII KF922984 AII KF922917

HC32 B JN116459 BIV KF922985 BIV KF922918

HC33 B JN116460 BIII KF922986 BIII KF922919

HC34 B JN116461 B KF922987 BIV KF922920

HC35 A JN116462 - - AII KF922921

HC36 A JN116463 AII KF922988 AII KF922922

HC37 - - - - BIV KF922923

HC38 B JN116464 - - BIV KF922924

HC39 B JN116465 BIV KF922989 BIV KF922925

HC40 A JN116466 AII KF922990 AII KF922926

HC41 B JN116467 - - BIV KF922927

HC42 A JN116468 AII KF922991 AII KF922928

HC43 B JN116469 - - BIV KF922929

HC44 A JN116470 AII KF922992 AII KF922930

HC45 B JN116471 BIV KF922993 BIV KF922931

HC46 B JN116472 BIV KF922994 BIV KF922932

HC47 B JN116473 BIV KF922995 BIV KF922933

HC48 A JN116474 AII KF922996 AII KF922934

HC49 A JN116475 AII KF922997 AII KF922935

HC50 A JN116476 AII KF922998 AII KF922936

HC51 A JN116477 AII KF922999 AII KF922937

HC43A* - - - - BIV KM495706

HC43B* - - - - BIV KM495707

HC43C* - - - - BIV KM495708

* Sequences obtained after molecular cloning.

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Table S3. Molecular characterization and accession numbers of isolates obtained

from day-care center based on sequencing data from gdh, bg, and tpi genes.

Sample gdh GenBank bg GenBank tpi GenBank

DC01 B JN116478 AII KF923000 BIV KF922938

DC02 - - AII KF923001 BIV KF922939

DC03 B JN116479 AII KF923002 BIV KF922940

DC04 B JN116480 - - BIII KF922941

DC05 B JN116481 AII KF923003 BIV KF922942

DC06 - - - - BIV KF922943

DC07 A JN116482 AII KF923004 - -

DC08 - - AII KF923005 BIV KF922944

DC09 B JN116483 - - BIII KF922945

DC10 - - - - BIII KF922946

DC11 - - AII KF923006 BIII KF922947

DC12 A JN116484 AII KF923007 AII KF922948

DC13 A JN116485 AII KF923008 - -

DC14 - - AII KF923009 BIV KF922949

DC15 A JN116486 AII KF923010 AII KF922950

DC16 B JN116487 - - BIV KF922951

DC17 B JN116488 - - BIV KF922952

DC18 - - - - BIII KF922953

DC19 B JN116489 AII KF923011 BIV KF922954

DC20 B JN116490 AII KF923012 BIV KF922955

DC21 B JN116491 - - BIV KF922956

DC22 B JN116492 AII KF923013 BIV KF922957

DC23 - - AII KF923014 BIII KF922958

DC24 - - - - BIV KF922959

DC25 A JN116493 AII KF923015 AII KF922960

DC26 - - A KF923016 - -

DC27 A JN116494 AII KF923017 AII KF922961

DC28 A JN116495 AII KF923018 AII KF922962

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Table S4. Molecular characterization and accession numbers of isolates obtained

from veterinary samples based on sequencing data from gdh, bg, and tpi genes.

Sample Host gdh GenBank bg GenBank tpi GenBank

VET01 Dog D JN116498 D KF923019 BIV KF922963

VET02 Dog D JN116499 - - AII KF922964

VET03 Dog C JN116500 - - -

VET04 Cat - - - - AII KF922965

VET05 Cat D JN116497 - - BIV KF922966

VET06 Calf E JN116496 E KF923020 AII KF922967

VET01L Dog - - - - D KF922973

VET02L Dog - - - - C KF922974

VET05L Dog - - - - D KF922975

VET02LA* Dog - - - - AI KM495720

VET02LB* Dog - - - - C KM495721

VET02LC* Dog - - - - C KM495722

VET04A* Cat - - - - BIII KM495697

VET04D* Cat - - - - BIV KM495700

VET04H* Cat - - - - C KM495704

* Sequences obtained after molecular cloning.

Table S5. Molecular characterization and accession numbers of isolates obtained from

environmental samples based on sequencing data from gdh, bg, and tpi genes.

Sample Source gdh GenBank bg GenBank tpi GenBank

ENV01 SWWTP A JN116502 - - - -

ENV02

Water

Abstraction - - - - C KF922968

ENV03 Proença Stream - - - - BIV KF922969

ENV04 Serafim Stream - - - - BIII KF922970

ENV05 Anhumas River D JN116503 - - BIV KF922971

ENV06 Hospital Sewage B JN116504 - - BIII KF922972

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Table S6. Distribution of each source as a percentage within each genetic

assemblage.

Assemblage A (%) B (%) C (%) D (%) E (%)

HC 52.1 46 62.5 0 0

DC 39.6 42 0 0 0

VET 6.2 4 25 75 100

ENV 2.1 8 12.5 25 0

Each genetic assemblage was examined to identify which source contributed with more

isolates. Bold numbers indicate the highest percentage per column.

Table S7. Samples with double peaks within each loci.

Subtype Nº of samples Isolates

gdh 22 HC11 HC21 HC34 HC35 HC39 HC43 HC50 HC51 DC01

DC09 DC12 DC13 DC16 DC17 DC19 DC20 DC21 VET01

VET03 VET05 ENV01 ENV05

bg 11 HC25 HC29 HC34 HC36 HC39 HC40 HC42 HC45 HC51

DC25 VET06

tpi 21 HC14 HC15 HC20 HC21 HC23 HC24 HC25 HC40 HC42

HC43 HC45 HC50 HC51 DC06 DC25 VET01 VET04

VET05 VET06 ENV04 ENV05

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Table S8. Correspondence between subtypes and sequences obtained from

isolates from the bg gene.

Subtype Marker Isolates

S01 bg HC44 DC02 DC03 DC05 DC07 DC11 DC12 DC13 DC14

DC15 DC19 DC22 DC23 DC27 DC28

S02 bg HC10 HC11 HC49

S03 bg HC31 HC48 HC50

S04 bg HC46 HC47

S05 bg DC01 DC08

S06 bg HC07

S07 bg HC09

S08 bg HC12

S09 bg HC27

S10 bg HC33

S11 bg DC20

S12 bg DC26

S13 bg VET01

Bold subtype numbers indicate new sequences.

Table S9. Correspondence between subtypes and sequences from isolates from the

gdh gene.

Subtype Marker Isolates

S01 gdh HC01 HC02 HC10 HC12 HC13 HC18 HC22 HC27 HC28

HC31 HC36 HC40 HC42 HC44 HC48 HC49 DC07 DC15

DC25 DC27 DC28

S02 gdh HC15 HC16 HC23 HC25 HC32 HC38 HC46 DC03 DC04

DC05

S03 gdh HC45 DC22 ENV06

S04 gdh HC41 HC47

S05 gdh HC07

S06 gdh HC30

S07 gdh HC33

S08 gdh VET02

S09 gdh VET06

Bold subtype numbers indicate new sequences.

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Table S10. Correspondence between subtypes and sequences obtained from the tpi

gene.

Subtype Marker Isolates

S01 tpi HC09 HC16 HC32 HC34 HC37 HC41 HC46 HC47 DC03 DC05

DC14 DC16 DC17 DC19 DC21 DC22 DC24

S02 tpi HC06 HC10 HC11 HC22 HC27 HC29 HC31 HC35 HC36 HC49

DC15

S03 tpi HC01 HC12

S04 tpi HC33 DC18

S05 tpi HC44 DC27

S06 tpi DC01 DC08

S07 tpi DC04 DC10

S08 tpi VET01L VET05L

S09 tpi HC02

S10 tpi HC04

S11 tpi HC07

S12 tpi HC08

S13 tpi HC13

S14 tpi HC17

S15 tpi HC19

S16 tpi HC30

S17 tpi HC38

S18 tpi HC39

S19 tpi HC48

S20 tpi DC02

S21 tpi DC09

S22 tpi DC11

S23 tpi DC12

S24 tpi DC20

S25 tpi DC23

S26 tpi DC28

S27 tpi VET02

S28 tpi VET02L

S29 tpi ENV02

S30 tpi ENV03

S31 tpi ENV06

Bold subtype numbers indicate new sequences.

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Table S11. Correspondence between haplotypes and sequences obtained from isolates from the

gdh gene.

Haplotype Molecular

Marker

Assemblage Isolates

HP01 gdh AII HC01 HC02 HC10 HC11 HC12 HC13 HC18 HC22 HC27

HC28 HC31 HC35 HC36 HC40 HC42 HC44 HC48 HC49

HC51 DC07 DC15 DC25 DC27 DC28 ENV01

HP02 gdh BIV HC15 HC16 HC23 HC25 HC32 HC38 HC46 DC03 DC04

DC05

HP03 gdh BIV HC39 HC45 DC22 ENV06

HP04 gdh BIV HC34 HC41 HC47

HP05 gdh D VET01 VET02

HP06 gdh B HC07

HP07 gdh B HC21

HP08 gdh BIV HC30

HP09 gdh BIII HC33

HP10 gdh BIV HC43

HP11 gdh AII HC50

HP12 gdh B DC01

HP13 gdh BIII DC09

HP14 gdh AII DC12

HP15 gdh AII DC13

HP16 gdh BIV DC16

HP17 gdh BIV DC17

HP18 gdh BIV DC19

HP19 gdh BIV DC20

HP20 gdh BIV DC21

HP21 gdh C VET03

HP22 gdh D VET05

HP23 gdh E VET06

HP24 gdh D ENV05

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Table S12. Correspondence between haplotypes and sequences obtained from isolates from the

tpi gene.

Haplotype Molecular

Marker

Assemblage Isolates

HP01 tpi BIV HC09 HC14 HC15 HC16 HC20 HC32 HC34 HC37 HC41

HC45 HC46 HC47 HC43D DC03 DC05 DC14 DC16 DC17

DC19 DC21 DC22 DC24 ENV05

HP02 tpi AII HC06 HC10 HC11 HC21 HC22 HC23 HC29 HC31 HC35

HC36 HC42 HC49 HC51 DC15 DC25 VET04

HP03 tpi AII HC01 HC12

HP04 tpi BIII HC33 DC18

HP05 tpi AII HC44 DC27

HP06 tpi BIV DC01 DC08

HP07 tpi BIII DC04 DC10

HP08 tpi D VET01L VET05L

HP09 tpi AII HC48 HC50

HP10 tpi BIV HC43A HC43L

HP11 tpi BIV VET01 VET05

HP12 tpi C HC02

HP13 tpi C HC04

HP14 tpi BIV HC07

HP15 tpi C HC08

HP16 tpi C HC13

HP17 tpi BIV HC17

HP18 tpi C HC19

HP19 tpi BIV HC24

HP20 tpi BIV HC25

HP21 tpi AII HC27

HP22 tpi BIV HC30

HP23 tpi BIV HC38

HP24 tpi BIV HC39

HP25 tpi AII HC40

HP26 tpi BIV HC43

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76

HP27 tpi BIV HC43B

HP28 tpi BIV HC43C

HP29 tpi BIV DC02

HP30 tpi BIV DC06

HP31 tpi AII DC12

HP32 tpi BIV DC20

HP33 tpi BIII DC09

HP34 tpi BIII DC11

HP35 tpi BIII DC23

HP36 tpi AII DC28

HP37 tpi AII VET02

HP38 tpi AII VET06

HP39 tpi C VET02L

HP40 tpi AI VET02LA

HP41 tpi C VET02LB

HP42 tpi C VET02LC

HP43 tpi BIII VET04A

HP44 tpi BIV VET04D

HP45 tpi C VET04H

HP46 tpi C ENV02

HP47 tpi BIV ENV03

HP48 tpi BIII ENV04

HP49 tpi BIII ENV06

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77

Table S13. Correspondence between haplotypes and sequences obtained from isolates from the

bg gene.

Haplotype Molecular

Marker

Assemblage Isolates

HP01 bg AII DC02 DC03 DC05 DC07 DC11 DC12 DC13 DC14 DC15

DC19 DC22 DC23 DC27

HP02 bg AII HC31 HC36 HC40 HC42 HC48 HC50 HC51

HP03 bg AII HC10 HC11 HC44 HC49 DC25

HP04 bg AII DC01 DC08 DC28

HP05 bg BIV HC46 HC47

HP06 bg BIII HC07

HP07 bg AII HC09

HP08 bg AII HC12

HP09 bg BIV HC25

HP10 bg AII HC27

HP11 bg AII HC29

HP12 bg BIV HC32

HP13 bg BIII HC33

HP14 bg BIV HC34

HP15 bg BIV HC39

HP16 bg BIV HC45

HP17 bg AII DC20

HP18 bg BIV DC26

HP19 bg BIV VET01

HP20 bg E VET06

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78

Table S14. Comparison of the main haplotype identified with sequences available at GenBank

database.

bg

haplotypes

n GenBank tpi

haplotypes

n GenBank gdh

haplotypes

n GenBank

HP01 bg 13 - HP01 tpi 23 JN587453

AB618783

HQ179644

HQ179645

HM140708

GU182385

FJ560559

EU518582

JN587453

HP01 gdh 25 JX972184

JX448645

JN616252

KF468661

JN116441

JX266827

HP02 bg 7 HQ179591

FJ971416

FN386484

AY072724

HP02 tpi 16 GU564277

AB516351

FJ560552

JN587406

HQ603777

AB569403

GU182396

HP02 gdh 10 KF468670

JX972186

KC313929

JX839875

JX448642

AB694737

JN204450

JQ700432

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79

Table S15. Polymorphic sites in the bg and tpi sequences among G. duodenalis assemblage A isolates.

Genotype bg

40 52 76 165 167 173 251 421 429 549 567 621

REF A C A A A A A C T C C C

BRA1 - - - - - - . . . . T .

BRA2 . . . . . . . T C . T T

BRA3 . . . . . . . T C . T T

BRA4 - - - - - - . T C . T T

BRA5 C A . . . . . T C . T .

BRA6 G A C C C C . . . . G .

BRA7 - - - - - - G . . T - -

Genotype tpi 42 129 349 399 510

REF

T T G C

G

BRA1

. C . T

.

BRA2

. C . T

.

BRA3

. C . T

A

BRA4

C C . T

.

BRA5

. C . T

.

BRA6

. C A T

.

BRA7 - C . T .

The gdh sequences were not inserted as they did not present any polymorphic site among the seven multilocus

genotypes. Dots indicate identity to the reference sequence. Nucleotide substitutions are numbered from the

ATG codon of each gene.

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80

Table S16. Polymorphic sites in the bg, tpi and gdh sequences among G. duodenalis assemblage A

isolates.

Genotype bg

40 46 52 79 165 171 189 288 330 399 477 609

Reference

A G C A G T A T C T T A

BRAB1

G C A C . C G C . C . G

BRAB2

. . . . A . . . T . C G

BRAB3

. . . . A . . . T . C G

Genotype tpi

39 91 162 165 168 210 429

Reference A T G T T A G

BRAB1 G C A C C G .

BRAB2 . . . . . . A

BRAB3 . . . . . . A

Genotype gdh

309 354

Reference T G

BRAB1 C .

BRAB2 . .

BRAB3 . A

Dots indicate identity to the reference sequence. Nucleotide substitutions are numbered from the ATG codon of each

gene.

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81

Table S17. Multilocus genotypes (MLGs) in G. duodenalis assemblages A isolates.

MLG Samples bg gdh tpi Assemblage

BRA1 HC31/HC48* BG-1 (kc8) gdh-1 tpi-1 (Ad2) AII

BRA2 DC15/DC07 BG-2 gdh-1 - AII

BRA3 DC27/HC44 BG-2 gdh-1 tpi-2 AII

BRA4 DC28 BG-2 gdh-1 tpi-3 AII

BRA5 HC10/HC49* BG-3 gdh-1 tpi-1 (Ad2) AII

BRA6 HC12/HC01 - gdh-1 tpi-4 AII

BRA7 HC27* BG-5 gdh-1 tpi-1 (Ad2) AII

* MLGs where HC22 isolate could be included as data from bg gene was not obtained

Table S18. Multilocus genotypes (MLGs) in G. duodenalis assemblages B isolates.

MLG Sample bg gdh tpi Assemblage

BRAB1 HC33 BGB-1 gdhB-2 tpiB-2 BIV

BRAB2 HC46/HC16

HC41

- gdhB-1

(Ad7)

tpiB-1

(Ad19)

BIV

BRAB3 HC47 BGB-2 gdhB-3 tpiB-1

(Ad19)

BIV

BRAB4 DC04 - gdhB-1

(Ad7)

tpiB-3 BIII

BRAB5 ENV06 - gdhB-4 tpiB-4 BIII

BRAB6 HC38 - gdhB-1

(Ad7)

tpiB-5 BIV

BRAB7 HC30 - gdhB-5 tpiB-6 BIV

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82

Table S19. Genetic differences in the genetic assemblages at the gdh locus.

Site number

gdh 1 1 2 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 0 1 1 2 2 3 3 4 5 6 6 6 7 7

1 4 7 6 9 2 1 4 0 3 6 5 8 4 7 0 6 2 8 1 4 6 2 8 4 7 3 9 5 1 3 6 9 2 5

A L40509.1 G T C C T C C G C C C C G C C C C C T C A C C C C C G C C C C C C C T

BIII AF069059.1 . C . . C T . . . . T T . . T T . . C T T G . . . T . T T . . G T . C

BIV L40508 . C T . C T . . . . T T . . T T . . C T T G . . . . . T . . . G T . C

C U60985 A C . T C . . T . . . . C . T . T . C . C . . . . . . . . . . . T . C

D U60986.2 . C T T C T T A T T . . C . T . T T C . C T T T . . A T . T . . T . .

E AY178740 A C . . C . T . . . . . . . T . . . . . G T . . T . . . T T T G T . .

F AY178744 C C . . C . . . . . . . . . . . . . . . G . . . . . . . . . . . . T C

G AY178748 . C . . C . . . . . . . . T T . T . C . G A . . . . . . . . . G T . C

All the SNPs in the different genetic assemblages are displayed within gdh loci.

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83

Table S20. Genetic differences in the genetic assemblages at the bg locus.

bg

Site numbers

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

1 1 2 5 6 9 0 0 0 2 2 3 3 3 4 5 5 7 7 7 7 8 9 0 0 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 5 5

4 0 3 2 5 1 7 3 6 9 4 7 0 3 9 5 1 7 5 6 7 8 1 9 2 5 4 7 0 3 9 0 2 5 4 7 0 3

AI |M36728 C G G C C G C G C G C C C A C G C G G G C C G G G C C C C C C C A G G G C C

AII |AY072723 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

AIII DQ648777 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . T . . . . . . . .

BIII |AY072726 T . A . . . . . T . . . . G . A . A . . . . . . . . T . . . . . G . . . . .

BIV |AY072725 T . A . . . . . T . . . . G T A . A . . . . . . A . T . . . . . G . . . . .

C |JF422719 - - - - - - . . . C . . . T G . . C . . G . . . . . . . . . . . G . . A . .

D |AY545647 T A A T T . T . T C T . . . T . T . A A G . C . . A . T . . T . G . . . T .

E |AY072729 . . . . . A . . . . . . T . . . . . . . . . . . . . T . T . . . G A A . . .

F |AY647264 . . . . . . . . . . . . . G . . . . . . . . . . . . . . . . . . G . . . . .

G |EU769221 - - - - - - T A . . T G . . T . . . . . . G . A . . . . . . . T G . . . . T

2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5

5 6 6 8 8 8 8 9 0 1 1 1 2 4 5 6 6 6 7 7 9 0 0 0 1 1 2 3 4 6 7 7 8 8 9 9 0 1 2

6 2 5 0 3 6 9 8 1 0 3 9 2 6 2 1 4 7 0 9 7 0 6 9 2 5 7 0 5 3 5 8 4 7 3 6 2 7 6

AI |M36728 C T A C T G G C A C T A T T C G T C G C T C G C T C A A C G C C C C C G G C G

AII |AY072723 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

AIII DQ648777 . . . . . . . . . . . . C C . . . . . . C . . . C . . G . . . . . . . . A . .

BIII |AY072726 . C . T C C . . G . C G C C . A C . . . C . A . C . C G T A . . . . T C . . .

BIV |AY072725 T C . T . T . . G . C G C C . A C T . . C . A . C . C G T A . . . . T C . . .

C |JF422719 . C G . . C . G C . C . C C . . C . . . C . C . C . C G . . A . . . . C . . .

D |AY545647 A C . . C A . G G . C . C C . A . . . . C T C . C T C G . . A . T T T C . . A

E |AY072729 . . . T C . A . . . . . C C T . C . A . C . . . C . . G T A . T . . . C . T .

F |AY647264 . A C . . A . . . T . . C C . . C . . . C . . . C G . G . . . . . . . C . . .

G |EU769221 . C G . C . . . G . . . C C . . C . . A C . . A . T C G . . . . . . . C . T .

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84

5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6

3 3 3 4 4 5 5 7 7 8 9 0 1 2 2 2 3 4 5 5 7 7 8 9

2 5 8 4 7 0 3 1 7 0 5 7 9 2 5 8 1 3 5 8 0 6 5 1

AI |M36728 T C T G A A G C G G G C C C T C G C C A A C C T

AII |AY072723 . T . . . . . . . . . . . . . . . . . G . . . .

AIII DQ648777 C . . . . G . . . . . . . . C . . . . G G T . .

BIII |AY072726 C . C . . G C . . . . . . . C . . . A G . . . A

BIV |AY072725 C . C . . G C . A . . . . . C . . . A G . . . A

C |JF422719 C . A . C G . T . A A . . . C . . T . G G . T G

D |AY545647 C . A A . G T . . . . T . T C . A . A G . . . C

E |AY072729 C . C . G G C . . . . . T . C T . . . G . . . .

F |AY647264 C . C . . G . . . . . . . . C . . . . G G . . G

G |EU769221 C . C A G G . - - - - - - - - - - - - - - - - -

All the SNPs in the different genetic assemblages are displayed within bg loci.

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85

Table S21. Genetic differences in the genetic assemblages at the tpi locus.

tpi

Site number

1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 7 7 7 7 8 8 8 8 8

1 4 7 0 3 6 9 1 2 5 8 1 4 7 0 1 2 3 4 6 9 2 3 6 8 1 4 7 0 3 6 9 2 3 5 6 8

AI |L02120.1 C G T C C T T A C T C G C C G G C G G A T T G C T G C T T C G C C G C A T

AII |U57897 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

AIII |DQ650648 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C . . . . T A . T . T . .

BIII |AY228628 . . C T A G C . . C T . . . A . . . T C C C T . . . . C G . . . T . T G .

BIV |L02116 . A C T A G C . . C T . . . A . . . T C C C T T . . . C G . . . T . T G .

C |AY228641 T . C . G G . . . . . A . T A . . . . C C G T . C . T C C T T T G A . . C

D |DQ246216 T . C . G . . C . . . . T T . T . T . T . . T . C C . C . T . T G A T . .

E |AY655705 T . . . . G . . T . . . . T . . . . . C . . . . . . . C . . A . T . T G .

F |AF069558 T . C . . G C . . . . . T . . . G . . C . . . . C . . . . . . . T . T G C

G |EU781013 T . C . A G C . . C . . . . . . . A . C A . T . C . . C . T . . T . G . .

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

9 9 9 9 9 0 0 0 0 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 5 5 6 6 6 7 7 7 7 8 8 8 9

1 4 7 8 9 0 3 6 7 9 2 5 8 1 4 7 0 3 6 9 0 1 2 3 7 8 4 7 0 3 9 0 2 5 8 1 4 7 3

AI |L02120.1 C T C G C C A C C G A A C T G A C G A A C A G T G G A G G T C C A G G C G G T

AII |U57897 . C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

AIII |DQ650648 . . . T . . . . . A . . . . . G . . . G . . . . . . G . . . . . . . . . . . .

BIII |AY228628 T C . T T T G . . T T . T . . G . C G G T G T C A A . A . C T . G . . . T A C

BIV |L02116 T C . T T T G . . T T . T . . G T T G G T G T C A A . A . C T . G A . . T A C

C |AY228641 . C G T . . G T . . T G . C A G . A G G . . . C A . . . . . . . C . A . C A G

D |DQ246216 T . G T . G G T . A T G T . A C T . . G . . . C A . . . A . . T C A T T C . .

E |AY655705 . . T . . . . T T A . . T . A . . . . . . . . . A . G . . . . . . . . T A . .

F |AF069558 . . T . . . G . . . . . . . . . . . . G . . . . A . G . . . . . . . . . . . C

G |EU781013 . C . . . T G . . . T G . C . . . . G G . . . C A . G . . . . . G . C . C . G

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86

1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3

9 9 0 0 0 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 6 7 8 8 8 8 9 9 9 0 0 1 1 1

6 9 2 5 8 7 9 0 3 8 9 0 2 3 4 5 6 8 1 5 7 0 3 2 5 8 7 0 3 4 6 2 5 8 0 7 3 6 7

AI |L02120.1 C G A T T T A G C G T T G A A G C T G G A G C A C A G G C G C A C C A T T C C

AII |U57897 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

AIII |DQ650648 T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . T

BIII |AY228628 . . . C C G T . . . G C . . G C . . A A . A . . T . C . . A T G T T . G . T .

BIV |L02116 . . . C C G T . . . G C . . G C . . A A . A . . T . C . . A T G T T . G . T .

C |AY228641 . . . . . . . . . . C C . . G T . C . . . . . . T G C . . A . G T . . . . T .

D |DQ246216 G A . C . A T T T A C . A . G T . . . A T . . . . . C A T A T . . . . C . T T

E |AY655705 T . G . . . . . . . C . . G . . T C . A . . T G T . . . . . . G T . . . . T .

F |AF069558 T . G C . C . . . . C C A G . . . . . A . . . G . . . . . . . G . . G G C T .

G |EU781013 . A . C C C T . . . C C . . G C . C . . T . . . . G C . . . . G . G . C . . .

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4

1 2 2 2 2 3 3 3 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 7 7 8 8 8 8 9 9 9 9 0 0 0 0 0 1 1 1

9 2 5 7 8 3 4 7 0 3 6 7 8 9 2 5 8 9 1 4 7 0 9 0 1 2 5 0 1 4 7 0 2 3 6 9 5 8 9

AI |L02120.1 G A G G G C G C C C C G T C A G C T G C G C C C G C C A G G C C C C G T G T G

AII |U57897 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . T . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

AIII |DQ650648 . . . . . . . . . . . . . . . . . C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

BIII |AY228628 . C A . T . T T . . . A C . . . . C . T A . T A A . T . . . T T . T . C T . A

BIV |L02116 . C A . T . T T . . . A C . . . . C . T A . T A A . T . . . T T . T . C T . A

C |AY228641 . G . . C T . . . . . A C T G . A C . . . . . A A G T . T . . T G A . C C . A

D |DQ246216 A G A . T T T . T . T A . A . A T C . T A . T A A G . . T . T T . G . . C A A

E |AY655705 A . . A T . . T . T T . . T . . . C T T . . . . . . . . . A . T . T . . . C A

F |AF069558 A . . . . . . . . . . . . A . . . C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C A

G |EU781013 . T . . C . C . . . T A . . . . . C A T . T . A A . . C . . . T G . A C C C A

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87

4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4

2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 7 7 7 8 8 9

0 1 4 7 8 0 3 6 7 9 3 4 6 8 2 4 5 6 7 0 1 3 6 9 2 5 8 1 7 0

AI |L02120.1 G C G G C C A G T C A T C C A G G A G T G C T T C G C G C T

AII |U57897 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

AIII |DQ650648 . . . . . . . . . . . . . . . . . . T . . T . . . . . . . .

BIII |AY228628 A G . . A T . A . A . A T A G . A . C . . A . C T . G . T C

BIV |L02116 A G . . A T . A . A . A T A G . A . C . . A . C T . G . T C

C |AY228641 A G . A G . T C G T G C . . . . A G T C . . C C . . . . . C

D |DQ246216 A T C . . T . C A . . A . T . . A . C . . T C A T A T . T .

E |AY655705 . . A . . . G A . T C . . A . A A . A C . T . . . . . A . .

F |AF069558 . . . . . T . . . G . . . . . . . G A . . T . C . . . - - -

G |EU781013 A A . . . . T . . . G A . . . . A . T C A . . C . A T . . C

All the SNPs in the different genetic assemblages are displayed within tpi loci.

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88

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89

Capítulo II

Genética de Populações em Giardia duodenalis: Diversidade

Genética e Compartilhamento de Haplótipos em

Amostras Clínicas e Ambientais

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90

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91

Genética de Populações em Giardia duodenalis: Diversidade Genética e

Compartilhamento de Haplótipos em Amostras Clínicas e Ambientais

Mauricio Durigan1, Maisa B Ciampi

1,2, Ricardo Conde Alves Rodrigues

3, Juliane Araújo

Greinert-Goulart3, Diego Averaldo Guiguet-Leal

3, Taís Rondello Bonatti

3, Maria I Zucchi

4,

Regina M B Franco3

e Anete P Souza1,5§

1Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil

2Departamento de Fitopatologia – ESALQ – Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, Brasil

3Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP), Campinas, SP, Brasil

4APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Piracicaba, SP, Brasil

5Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil Fone +55 19 35 21 1132; Fax: +55 19 35 21

1089

§Autor de correspondência

Endereço de e-mail: [email protected]

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92

Resumo

Giardia duodenalis (sinonímia G. lamblia e G. intestinalis) é um protozoário intestinal

flagelado que parasita humanos além de diversos animais selvagens e domésticos, causando a

doença giardiose que apresenta milhões de novos casos anualmente tanto em países

desenvolvidos como em países em desenvolvimento. Devido a grande variabilidade genética

detectada no parasito, seus isolados foram divididos em oito grupos genéticos (A-H), sendo

que dois (A-B) são responsáveis pela infecção em diversos hospedeiros (entre eles humanos) e

os demais (C-H) são restritos a determinados animais. A genética de populações é o estudo da

variação genética em populações e sua aplicação em populações naturais de parasitas e vetores

pode propiciar acesso a informações essenciais na ecologia e potencial evolutivo desses

organismos. O objetivo do presente estudo foi comparar populações de Giardia duodenalis

originárias de amostras clínicas e ambientais de uma região metropolitana a fim de verificar

compartilhamento de haplótipos e similaridade genética entre as populações. Sequências

geradas após amplificação e sequenciamento de fragmentos dos genes triose fosfato isomerase

(tpi), glutamato desidrogenase (gdh) e beta-giardin (bg) foram obtidas de amostras clínicas

(provenientes de hospital, creche e centro de controle de zoonoses) e amostras ambientais

(provenientes de rios, córregos urbanos e esgoto) da região metropolitana de Campinas. A

comparação entre as populações de G. duodenalis foi realizada através de Análise Molecular

da Variância (AMOVA). A análise da variabilidade haplotípica e das relações genealógicas

entre os haplótipos foi realizada pelo software Arlequin. Um considerável número de

haplótipos foi identificado nos três genes avaliados de forma que o gene tpi apresentou a maior

variabilidade haplotípica. A análise hierárquica de distribuição da diversidade genética mostrou

que as populações HC e DC são muito similares, mesmo resultado obtido ao comparar as

populações clínicas humanas (HC e DC) em comparação com as amostras ambientais (ENV).

A análise das relações genealógicas evidenciou diversos haplótipos compartilhados entre

amostras ambientais e humanas e haplótipos compartilhados entre amostras de animais e

humanas. O elevado grau de compartilhamento de haplótipos associado com os resultados na

análise de variância sugere que os humanos têm sido infectados por haplótipos similares de G.

duodenalis em diferentes regiões. O crescente uso de ferramentas moleculares em estudos

epidemiológicos associados a análises em genética de populações abre novas possibilidades

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para o entendimento da biologia do organismo, seus meios de veiculação bem como a

identificação de sua fonte de contaminação.

Introdução

Giardia duodenalis (sinonímia G. lamblia e G. intestinalis) é um protozoário intestinal

flagelado que parasita humanos além de diversos animais selvagens e domésticos, causando a

doença giardiose. Essa doença afeta tanto países desenvolvidos como países em

desenvolvimento, sendo mais frequentemente encontrada em áreas precárias de

desenvolvimento com sistemas de tratamento de água inadequado e precárias práticas de

higiene [1,2].

G. duodenalis apresenta considerável variabilidade genética e seus isolados foram

divididos em oito grupos genéticos (A-H). Os grupos genéticos A e B são os únicos geralmente

associados a infecções humanas, embora esses grupos também sejam isolados de diversos

animais domésticos, selvagens e marinhos [3]. Os demais grupos genéticos (C-H) são

comumente associados a animais e considerados hospedeiro-específico, embora alguns desses

genótipos já tenham sido descritos em humanos [4]. A transmissão zoonótica de genótipos de

Giardia duodenalis foi demonstrada experimentalmente, mas poucas informações existem

sobre sua ocorrência no ambiente em condições naturais [5]. A importância das transmissões

zoonóticas em G. duodenalis ainda necessita ser determinada [6].

A genética de populações é o estudo de como os princípios da genética se aplicam a

populações inteiras através da utilização de métodos que buscam quantificar a variação dos

indivíduos nessas populações. [7]. O estudo da variação genética em populações naturais de

parasitas e vetores pode propiciar acesso a informações essenciais na ecologia e potencial

evolutivo desses organismos. A maioria das populações naturais é subdividida em

subpopulações com tamanho limitado e a estrutura de uma população tem muita influência na

distribuição da informação genética [8].

A fragmentação de populações de parasitas pode ser observada no nível espacial, no

nível da espécie hospedeira e no nível dos indivíduos hospedeiros [9]. A estrutura populacional

de um parasita é correlacionada com mobilidade do hospedeiro, modo de reprodução do

parasita, complexidade de seu ciclo de vida, tamanho populacional e especificidade ao

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hospedeiro [10). Um estudo de genética de populações de Giardia duodenalis através da

análise de genes conservados em uma área altamente endêmica no Perú apresentou evidências

de recombinação e indicou possível reprodução sexual no organismo [11].

No presente estudo, diferentes populações de Giardia duodenalis de origem clínica e

ambiental foram comparadas através de análises de variância e diversidade. Os haplótipos de

cada população foram comparados a fim de verificar o possível compartilhamento de genótipos

entre os diferentes ambientes onde as amostras foram obtidas.

Material e Métodos

Área de estudo e desenho experimental

A região metropolitana de Campinas possui 20 cidades e aproximadamente três milhões

de habitantes. Os isolados avaliados do presente estudo são provenientes de diferentes

ambientes e hospedeiros, de forma a amostrar a diversidade genética de G. duodenalis em uma

região metropolitana. As amostras, cujas sequências foram utilizadas na presente pesquisa,

foram obtidas em importantes locais da cidade de Campinas e adjacências tanto do ponto de

vista das amostras clínicas quanto ambientais. As amostras clínicas são provenientes de um

hospital, de uma creche urbana, de uma clínica veterinária e do centro de controle de zoonoses

da cidade de Campinas. As amostras ambientais são originárias de rios, córregos urbanos,

efluente de esgoto e esgoto hospitalar. Muitas parcerias foram estabelecidas para o

desenvolvimento do presente estudo e os dados de prevalência nos locais de coleta estão

presentes nos estudos anteriores, cujas sequências foram utilizadas na presente pesquisa.

Nenhuma informação clínica foi obtida dos isolados.

Amostras Clínicas

Os isolados obtidos de amostras clínicas são originários de cistos de Giardia

duodenalis de fezes de humanos, cães, gatos e um boi. Os cistos de amostras humanas são

provenientes do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e

também de uma creche urbana da região central da cidade de Campinas. As amostras de cães e

gatos são provenientes de centro de controle de zoonoses e também de uma clínica veterinária

da região central de Campinas. A amostra bovina tem sua origem na fazenda São Francisco,

em Amparo, localizada a 37 quilômetros a noroeste da cidade de Campinas. Os isolados foram

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denominados com siglas de acordo com sua localização. As amostras hospitalares receberam a

sigla HC, as amostras da creche receberam a sigla DC e as amostras clínicas não humanas

receberam a sigla VET. Foram obtidas sequências de 51 isolados provenientes do grupo HC,

28 isolados do grupo DC e sequências de 48 isolados obtidos de amostras veterinárias.

Amostras ambientais

Os isolados obtidos de amostras ambientais são provenientes do esgoto hospitalar da

UNICAMP, do efluente da Estação de Tratamento de Esgoto Samambaia da cidade de

Campinas, do esgoto da Estação de Tratamento de Esgoto Piçarrão, nos córregos urbanos

Serafim e Proença, no rio Anhumas após a junção dos córregos e no rio Atibaia, próximo ao

ponto de captação de água da cidade de Campinas. As amostras ambientais foram denominadas

como parte do grupo ENV. Foram obtidas sequências de 39 isolados provenientes de esgoto e

sequências de 51 isolados de rios e córregos urbanos da cidade de Campinas.

Caracterização da distribuição da diversidade genética através de análise

hierárquica e relações genealógicas entre as sequências

Sequências de fragmentos de 530 pb do gene triose fosfato isomerase (tpi), 753 pb do

gene beta-giardin (bg) e 218 pb do gene glutamato desidrogenase (gdh) foram obtidos de cada

um dos isolados. Esses marcadores apresentam apenas uma cópia e não são ligados no genoma

de G. duodenalis [12]. Sequências de referência dos genes tpi, bg, gdh correspondentes aos

grupos genéticos de G. duodenalis foram obtidos através do GenBank (Tabela Suplementar

S1). As sequências da presente pesquisa foram alinhadas com as sequências de referência

através do software ClustalX [13].

Os grupos genéticos das sequências obtidas foram confirmados através de análises

filogenéticas. Análises de Neighbor-joining (NJ) e máxima verossimilhança (ML) foram

realizadas com a utilização do software MEGA, v5.05 [14]. O modelo de substituição foi

selecionado após análise com o software jModelTest [15]. O teste de filogenia foi realizado

com 10.000 repetições bootstrap.

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Todas as sequências obtidas foram alinhadas e o arquivo foi formatado para o formato

NEXUS. As relações genealógicas entre as sequências foram estimadas pelo software TCS

[16] que unifica sequências idênticas em haplótipos únicos e gera um cladograma estimado

através do método “Statistical Parsimony”. Baseado no tamanho das sequências presentes no

arquivo de entrada, o software calcula o máximo de passos mutacionais para unir dois grupos

através de cálculos par a par entre as sequências até que a probabilidade exceda 95%. Os

grupos que recebem mais de um haplótipo apresentam proporcional aumento de tamanho ao

passo que o arquivo de saída indica o número de haplótipos encontrados além de informações

sobre cada amostra.

Após identificação da variabilidade haplotípica entre as populações de G. duodenalis,

as sequências foram convertidas no formato .ARP no software DNAsp [17]. Foi utilizado o

software Arlequin [18] que permitiu a avaliação da diversidade genética das populações bem

como o teste de AMOVA (Análise Molecular da Variância) para avaliar a estruturação da

variabilidade genética nas diferentes populações.

A diversidade genética e o grau de similaridade entre as populações foram avaliados de

maneira hierárquica através de comparações entre as populações clínicas (amostras humanas

do hospital, humanas da creche e amostras veterinárias) e amostras ambientais. Devido à

grande divergência genética entre os grupos genéticos A e B, estes foram considerados como

populações distintas de forma que as análises hierárquicas foram realizadas individualmente

para cada um desses grupos. No presente trabalho, uma população foi considerada como um

conjunto de amostras do mesmo grupo genético que possuem a mesma origem ou local de

coleta. Não foram consideradas populações que apresentam um número inferior a 10

indivíduos em apenas um determinado gene. O gene bg não foi considerado nas análises

hierárquicas populacionais devido ao viés de amostragem que impossibilitou a comparação

com as demais populações. Os grupos RIV (amostras hídricas de rios e córregos urbanos) e

SEW (amostras provenientes de esgoto) foram analisados independentemente quanto a seus

haplótipos e foram analisadas em conjunto com as amostras ambientais nas análises

hierárquicas da distribuição da diversidade genética entre as populações (Grupo ENV).

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Resultados

Estimação da variabilidade haplotípica das diferentes populações

Um considerável número de haplótipos foi identificado em todos os grupos genéticos

nas populações com os genes bg, tpi e gdh. A porcentagem relativa de sucesso (etapas de

amplificação até sequenciamento) de cada marcador foi 49%, 70% e 33%, resultando em 106,

151 e 71 haplótipos diferentes para os marcadores bg, tpi e gdh, respectivamente. O gene tpi

foi o que apresentou maior diversidade de haplótipos, sendo seguido pelo gene bg. Os dados

são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Haplótipos diferentes identificados nos três genes nas diferentes populações.

bg tpi gdh

HC 16 24 10

DC 5 14 12

VET 12 31 6

RIV (ENV) 22 4 1

SEW (ENV) 6 21 6

Análise hierárquica da distribuição da diversidade genética nas diferentes

populações

As populações foram comparadas através de AMOVA de forma a verificar a

variabilidade entre e dentro dos grupos determinados. Na hierarquia estabelecida, decidiu-se

comparar inicialmente os grupos de amostras clínicas HC, de amostras humanas de um hospital

com o grupo DC, proveniente de crianças de uma creche urbana. Foram comparadas as

populações dos grupos genéticos A e B. Os dados descritivos das análises de AMOVA podem

ser visualizados na Tabela 2.

Os resultados da comparação entre as populações HC e DC mostram que, em relação ao

grupo genético A, essas populações não apresentam variação genética significativa podendo

ser consideradas similares. Em relação ao grupo genético B, foram encontrados resultados

contrastantes entre os dois marcadores utilizados. De acordo com o marcador tpi, não existe

variação significativa entre as populações, porém de acordo com o gene gdh a variação,

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embora notavelmente concentrada no nível intrapopulacional, apresentou variação significativa

entre as duas populações.

No segundo nível hierárquico de análises, decidiu-se comparar as populações de G.

duodenalis obtidas de amostras clínicas humanas (HC e DC) com as amostras ambientais

(ENV) de forma a verificar a similaridade dessas populações através de um possível

compartilhamento de haplótipos. Os resultados da comparação entre as populações clínicas e

ambientais mostram que, para os dois grupos genéticos (A e B), não foi detectada variação

genética significativa de forma que essas populações podem ser consideradas similares para os

dois grupos genéticos ao se comparar as amostras clínicas e ambientais do presente projeto. Os

resultados são apresentados na Tabela 3.

De maneira geral, os resultados mostram que essas populações são bastante similares,

não existindo variação genética significativa entre elas. As amostras do grupo VET, por serem

majoritariamente pertencentes aos grupos genéticos C e D, não foram consideradas na análise

hierárquica uma vez que, de acordo com o conceito utilizado na presente pesquisa, pertencem a

populações já caracterizadas como diferentes.

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Tabela 2. Análises de variância molecular (AMOVA) hierárquicas entre populações clínicas humanas de G. duodenalis.

Grupo Soma dos Componentes Porcentagem

Índice

de

Gene genético G.L. Quadrados de variância de variação P-valor fixação

HC x DC

Entre populações tpi A 1 0,93 0,04587 7,53

Dentro das populações tpi A 23 12,95 0,56304 92,47

Total

24 13,88 0,60891 100 0,2569 0,07533

HC x DC

Entre populações tpi B 1 1,504 0 0

Dentro das populações tpi B 42 71,542 1,70337 100

Total

43 73,046 1,70337 100 0,42005 0

HC x DC

Entre populações gdh A 1 0,774 0 0

Dentro das populações gdh A 26 22,333 0,85897 100

Total

27 23,107 0,85897 100 0,32729 0

HC x DC

Entre populações gdh B 1 4,751 0,2539 15,75

Dentro das populações gdh B 26 35,321 1,3584 84,25

Total 27 40,072 1,6123 100 0,0005 0,1575

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Tabela 3. Análises de variância molecular (AMOVA) hierárquicas entre populações clínicas e ambientais de G. duodenalis.

Grupo Soma dos Componentes Porcentagem

Índice

de

Gene genético G.L. Quadrados de variância de variação P-valor fixação

(HC + DC) X ENV

Entre populações tpi A 1 1,386 0,01236 1,1

Dentro das populações tpi A 43 47,77 1,11093 98,9

Total

44 49,156 1,12329 100 0,17513 0,011

(HC + DC) X ENV

Entre populações tpi B 1 3,684 0,11558 5,58

Dentro das populações tpi B 51 99,788 1,95663 94,42

Total 52 103,472 2,07221 100 0,10187 0,05578

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Análise da diversidade genética

As populações do presente estudo foram analisadas quanto à diversidade haplotípica em

cada um dos grupos genéticos. É possível avaliar que todas as populações apresentam alta taxa de

diversidade genética o que reflete a variação haplotípica apresentada na Tabela 1. De maneira

geral, todas as populações apresentam indivíduos com considerável variação. As exceções são

verificadas na população HC, do grupo genético A, a qual apresentou pequena diversidade

haplotípica para o gene gdh (0,1857). Os resultados são apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Diversidade haplotípica para as diferentes populações para os grupos genéticos A e B.

Grupo Diversidade

População genético Gene genética

HC A tpi 0,6368 +- 0,1151

DC A tpi 0,9 +- 0,161

HC B tpi 0,7572 +- 0,0941

DC B tpi 0,8 +- 0,0886

HC A gdh 0,1857 +- 0,1102

DC A gdh 0,5238 +- 0,2086

HC B gdh 0,8162 +- 0,0815

DC B gdh 0,9455 +- 0,0659

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Relações genealógicas entre populações

Gene tpi

As análises genealógicas realizadas com o software TCS para o gene tpi evidenciaram a

presença de 83 haplótipos diferentes entre todas as populações. Dentre esses haplótipos, alguns

foram encontrados em maior frequência e em diferentes populações. Os haplótipos HP01tpi,

HP02tpi, HP03tpi, HP04tpi, HP05tpi e HP06tpi foram detectados em importantes populações

clínicas e ambientais. Destacam-se os haplótipos HP01tpi e HP02tpi presentes em amostras do

hospital, creche e amostras de esgoto da cidade de Campinas, sendo que o primeiro haplótipo

ainda foi encontrado em uma amostra de cão da cidade.

Gene gdh

As análises dos haplótipos do gene gdh evidenciaram a presença de 26 haplótipos

distintos entre todas as populações. Os haplótipos HP01gdh, HP02gdh, HP03gdh estão presentes

em maior frequência e compartilham haplótipos entre as principais populações clínicas e

ambientais. O haplótipo HP04gdh, correspondente ao grupo genético D, está presente em

diversos cães assim como o haplótipo Hp05gdh, correspondente ao grupo genético C.

Gene bg

As análises dos haplótipos do gene bg evidenciaram a presença de 54 haplótipos distintos

entre todas as populações. Dentre todos, os haplótipos HP01bg, HP02bg, HP03bg, HP04bg,

HP05bg e HP06bg apresentaram-se em maior frequência na população. Destacam-se os

haplótipos HP01bg no qual amostras clínicas humanas são compartilhadas com amostras

ambientais do Rio Atibaia, haplótipo HP04bg no qual amostras de cães são compartilhadas com

uma amostra ambientais provenientes de esgoto. O número de haplótipos apresentados para os

três genes na presente seção é menor que o total apresentado na Tabela 1 uma vez que aqui foram

unificados os mesmos haplótipos encontrados em diferentes populações. A Figura 1 apresenta os

haplótipos mais frequentes das populações para os genes tpi, gdh e bg.

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Figura 1. Haplótipos mais frequentes de G. duodenalis nos genes tpi, gdh e bg. O tamanho do

haplótipos é proporcional à sua frequência relativa.

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104

Discussão

A contaminação de rios e córregos urbanos por protozoários patogênicos na região

metropolitana de Campinas tem sido amplamente descritas em diversos estudos [19, 20, 21, 22].

Um estudo recente, publicado por nosso grupo de pesquisa, evidenciou a contaminação por

Giardia duodenalis na região metropolitana de Campinas e encontrou elevada diversidade

haplotípica tanto em amostras clínicas quanto ambientais [23]. No presente estudo, foi verificada

a relação entre diferentes populações de G. duodenalis de amostras clínicas e ambientais através

de uma análise hierárquica de AMOVA entre as diferentes populações e também através de

comparação do perfil dos haplótipos encontrados nessas populações.

O conhecimento da diversidade genética de G. duodenalis é um componente essencial

para aumentar a compreensão do conhecimento sobre a taxonomia, epidemiologia e dinâmica

populacional do parasito[24]. Devido à grande variação genética existente entre os diferentes

grupos genéticos de G. duodenalis [25], decidiu-se considerar cada grupo genético como uma

população distinta e compara-los com as populações do mesmo grupo genético de outras

localidades e hospedeiros. Dessa forma, os resultados encontrados não sofrem viés de

amostragem, fato este muito frequente ao se comparar populações de grupos genéticos distintos.

Uma limitação dos estudos populacionais em microrganismos refere-se ao fato de que a

comparação entre populações é algo bastante complexo. Existe grande dificuldade em possuir um

número amostral similar entre diferentes populações, algumas populações não apresentam

determinados grupos genéticos o que impedem posterior comparação e, por fim, existe uma taxa

diferente de sucesso na amplificação e sequenciamento com os diferentes marcadores utilizados.

Os dados obtidos no presente estudo sugerem que existe mais de uma população nos

determinados locais de coleta, sendo estes considerados a partir de grupos genéticos distintos. A

estrutura de uma população tem grande influência na distribuição da informação genética [8]. Os

resultados observados em diferentes populações podem ser interpretados globalmente, indicando

uma mesma situação. Tanto as populações do grupo genético A quanto do grupo B apresentaram-

se geneticamente similares na comparação estabelecida entre as populações clínicas humanas e as

populações ambientais. Dessa forma, existem duas comparações distintas indicando uma possível

relação entre essas populações.

Ao comparar os genes tpi, bg e gdh, em relação ao número de haplótipos obtidos e o

número de sequências inicialmente trabalhadas, pode-se concluir que o gene tpi apresenta uma

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maior variabilidade de haplótipos. O número inferior de haplótipos em sequências do gene gdh

possui relação com a baixa taxa de sucesso na amplificação seguida por sequenciamento do

mesmo nas populações VET, AT e SEW. Tal fato já havia sido identificado em estudo anterior

[23] cujas amostras correspondem parcialmente às utilizadas no atual estudo. As novas

populações mantiveram o mesmo padrão de sucesso de amplificação dos genes e variabilidade de

haplótipos descritas anteriormente.

As análises populacionais realizadas mostraram que a maior parte da variação em G.

duodenalis está presente dentro das populações, de maneira que as diferentes populações

apresentam altas taxas de diversidade genética. O teste AMOVA, utilizado para testar a

distribuição da variabilidade genética entre as populações, mostrou que, com exceção das

amostras veterinárias, que apresentam majoritariamente grupos genéticos específicos de cães, as

populações de G. duodenalis são bastante similares, o que pode indicar compartilhamento de

linhagens do parasito entre esses diversos ambientes.

Os resultados indicaram alta similaridade entre as populações de G. duodenalis presentes

no hospital e na creche. Crianças fazem parte do grupo com alta susceptibilidade para infecção

por Giardia duodenalis, particularmente as que frequentam creches, escolas primárias e orfanatos

[26,27,28,29]. A grande variabilidade haplotípica detectada nas amostras da creche muito

provavelmente reflete as múltiplas fontes de contaminação observadas nesse local em associação

com a vulnerabilidade socioeconômica das crianças que frequentam a creche. O elevado número

de haplótipos encontrados nas amostras do hospital pode ser explicado pelo grande número de

pacientes oriundos de diferentes regiões da cidade.

A similaridade entre as populações amostradas tanto do grupo genético A, quanto do

grupo genético B sugere que os humanos infectados estão sendo contaminados por haplótipos

similares de G. duodenalis em diferentes regiões. Embora exista grande diversidade de

haplótipos, a maioria dos isolados corresponde à apenas poucos haplótipos. A identificação de um

haplótipo particular em diferentes populações sugere uma potencial relação entre esses grupos o

que foi demonstrado com as redes de haplótipos apresentadas.

O gene gdh apresentou resultado contrastante em relação ao gene tpi no grupo genético B.

Embora este gene tenha apresentado um valor de FST significativo entre as populações (0,1575) a

menor parte da variabilidade está estruturada entre as populações. Como os indivíduos da

população amostrada pelos marcadores gdh e tpi não são exatamente iguais, uma vez que alguns

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indivíduos amplificaram em um marcador e não no outro, é possível que tal resultado seja um

viés de amostragem já que a população amostrada pelo gene gdh é menor que a população

amostrada pelo gene tpi.

As análises populacionais entre as amostras clínicas e as amostras ambientais dos grupos

genéticos A e B também apresentaram alta similaridade genética entre as populações. Grande

parte das amostras ambientais apresentam genótipos dos grupos genéticos comumente

encontrados em humanos. Embora a contaminação por Giardia sp nessa região seja descrita há

bastante tempo, só recentemente trabalhos evidenciaram a contaminação por genótipos de grupos

genéticos associados a contaminações humanas no Brasil [21, 23]. A identificação de haplótipos

comuns entre amostras clínicas e ambientais sugere que existe uma relação entre a contaminação

ambiental de Giardia duodenalis e a infecção clínica em humanos. Futuros estudos moleculares

de monitoramento poderão ajudar a elucidar a origem da diversidade genética das populações de

G. duodenalis na região metropolitana de Campinas.

Embora o grupo das amostras veterinárias seja bastante distinto dos demais grupos pela

presença generalizada de genótipos específicos de cães, alguns genótipos dos grupos genéticos A

e B também estão presentes nesse grupo de forma que existe o compartilhamento de haplótipos

desse grupo com as demais populações humanas e ambientais. Assim, existe um risco de

contaminação humana por G. duodenalis proveniente de cães que apresentem genótipos com

potencial zoonótico, embora estes genótipos correspondam à absoluta minoria na população.

Outro importante resultado que reforça essa constatação é que cinco amostras humanas do grupo

HC foram descritas como pertencentes ao grupo genético C [23]. A comparação dessas amostras

com o grupo das amostras caninas do centro de controle de zoonoses mostrou que dois haplótipos

são compartilhados entre esses grupos. Embora amostras do grupo genético C não sejam comuns

em humanos, o presente trabalho demonstra haplótipos compartilhados entre amostras do grupo

genético C de humanos e cães. Tal fato, que já foi demonstrado em trabalhos anteriores [23,30], é

considerado incomum, porém não deve ser ignorado uma vez que indicam novos genótipos com

potencial zoonótico [4].

Conclusões

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No presente artigo, realizamos análises populacionais capazes de avaliar a variabilidade

genética em diferentes populações de Giardia duodenalis e comparar o grau de similaridade entre

essas populações. Os resultados mostram que, na região metropolitana de Campinas, existe alta

diversidade de haplótipos e que as populações clínicas e ambientais de G. duodenalis possuem

alto grau de similaridade do ponto de vista genético.

Além disso, foi possível demonstrar a existência de haplótipos comuns a diferentes

populações, o que reforça a correlação entre as amostras clínicas e ambientais na região de

estudo. A população de G. duodenalis obtida de cães, com alta prevalência de genótipos dos

grupos genéticos C e D, também apresentou haplótipos compartilhados com amostras dos grupos

humanos, o que demonstra o potencial zoonótico de amostras do grupo.

O crescente uso de ferramentas moleculares em estudos epidemiológicos abre novas

possibilidades para o entendimento da biologia do organismo e sua contaminação ambiental.

Estudos de monitoramento em importantes sítios ambientais como águas superficiais, pontos de

captação de água, estações de tratamento de esgoto e água tratada, atrelados a técnicas

moleculares e análises em genética de populações, podem fornecer importantes respostas sobre

seus meios de veiculação bem como a identificação de sua fonte de contaminação.

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Informações Suplementares

Tabela S1. Números de acesso das sequências obtidas no NCBI.

gdh bg tpi

AI L40509 M36728.1 L02120.1

AII L40510 AY072723.1 U57897.1

AIII - DQ648777.1 DQ650648.1

BIII AF069059.1 AY072726.1 AY228628.1

BIV L40508.1 AY072725.1 L02116.1

C U60985.1 JF422719.1 AY228641.1

D U60986.2 AY545647.1 DQ246216.1

E AY178740 AY072729.1 AY655705.1

F AY178744 AY647264.1 AF069558.1

G AY178748.1 EU769221.1 EU781013.1

G. muris - EF455599.1 AF069565.1

G. ardeae AF069060.2 - AF069564.1

G. microti - - AY228649.1

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Capítulo III

Microssatélites em Giardia duodenalis: Identificação e

caracterização de novos marcadores para identificação de

grupos genéticos específicos, estudos populacionais e de

diversidade

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Microssatélites em Giardia duodenalis: Identificação e caracterização de

novos marcadores para identificação de grupos genéticos específicos,

estudos populacionais e de diversidade

Mauricio Durigan1, Claudio Benício Cardoso-Silva

1, Maísa Ciampi-Guillardi

1,2, Regina M B

Franco3

e Anete P Souza1,4§

1Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil

2Departamento de Fitopatologia – ESALQ – Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, Brasil

3Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP), Campinas, SP, Brasil

4Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP), Campinas, SP, Brasil Fone +55 19 35 21 1132; Fax: +55 19 35 21 1089

§Autor de correspondência

Endereço de e-mail: [email protected]

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Resumo

Giardia duodenalis é um protozoário entérico que parasita humanos e diversos outros mamíferos

domésticos e selvagens causando a doença giardiose. G. duodenalis é considerado um organismo

primitivo no ramo dos eucariotos e uma considerável variabilidade genética foi detectada, de

forma que seus isolados foram divididos em oito grupos genéticos (A-H) distintos. Marcadores

microssatélites são altamente polimórficos e podem ser utilizados para discriminar isolados com

um nível maior de sensibilidade. O objetivo do presente estudo foi identificar microssatélites nos

diferentes genomas publicados de G. duodenalis e desenvolver novos marcadores para serem

utilizados em estudos populacionais e de diversidade. Microssatélites foram identificados nos

diferentes genomas publicados com o auxílio dos softwares MISA e SciRoKo. Foi definida uma

região adjacente de estudo onde iniciadores específicos puderam ser desenhados e locos

microssatélites definidos foram comparados entre todos os genomas em estudo de forma a

verificar locos específicos e compartilhados. A especificidade dos locos selecionados foi avaliada

através de reações de amplificação com amostras de G. duodenalis de diferentes grupos genéticos

e os locos promissores foram caracterizados através da avaliação da frequência alélica. Foram

desenvolvidos 28 marcadores específicos do grupo genético A, 11 específicos do grupo genético

B e 17 específicos do grupo genético E. Também foram desenvolvidos quatro marcadores

compartilhados entre todos os genomas avaliados. Os locos pertencentes ao grupo genético B

apresentaram maior polimorfismo alélico em relação ao grupo A. Os marcadores desenvolvidos

podem ser utilizados para identificação da espécie ou de seus principais grupos genéticos. Os

marcadores polimórficos podem contribuir para os estudos populacionais e de diversidade, uma

vez que são ferramentas com grande poder de discriminação. Os iniciadores desenvolvidos

podem representar um método de diagnóstico acessível para empresas de saneamento, instituições

de diagnóstico e instituições de pesquisa e podem ser utilizados em estudos baseados em PCR

convencional, sequenciamento genético ou PCR em tempo real.

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Introdução

Giardia duodenalis (sinonímia G. lamblia e G. intestinalis) é um protozoário entérico que

parasita uma ampla gama de hospedeiros mamíferos incluindo o homem e diversos animais

domésticos e selvagens. [1,2]. Este parasito causa a doença giardiose que é uma das mais

prevalentes doenças parasitárias de veiculação hídrica do mundo, responsável por

aproximadamente 280 milhões de casos anualmente [3]. Em uma recente revisão, ao avaliar 199

surtos reportados entre 2004 e 2010, foi demonstrado que 35% destes foram causados por

Giardia duodenalis [4].

Existe uma considerável variabilidade genética em G. duodenalis de maneira que seus

isolados foram divididos em oito grupos genéticos (A-H), dois dos quais (A e B) apresentam

subestruturação (AI, AII, AII, BIII e BIV) e são encontrados tanto em humanos quanto em

animais. Os demais grupos parasitam outros animais e são considerados hospedeiro-específico

raramente parasitando humanos [5, 6].

G. duodenalis faz parte do clado Fornicata, um grupo de eucariotos que se caracterizam

por diversas características peculiares, notadamente a ausência de mitocôndrias. Apresenta dois

núcleos idênticos e transcricionalmente ativos bem como ausência de mitocôndria (embora

apresente mitossomos) e complexo de golgi. [7, 8]. O genoma de G. duodenalis é pequeno

(~11MB) quando comparado aos demais eucariotos e não passou por uma expansão massiva de

duplicações, possivelmente por pressões evolutivas que atuam sobre o genoma ou devido à

ausência de uma proliferação em larga escala de elementos móveis [9]. Quatro isolados de

diferentes grupos genéticos (AI, AII, B e E) foram completamente sequenciados [9, 10, 11, 12] O

genoma WB_AI apresenta alta densidade gênica e níveis extremamente baixos de

heterozigosidade (<0,01%). O genoma DH_AII é o menor dentre os publicados (~10,7 MB), com

baixa heterozigosidade, embora superior ao genoma WB. O genoma P15_E apresenta um

tamanho intermediário (~11,5MB) e grande número de arranjos cromossômicos em comparação

aos demais. O genoma GS_B é o maior (~12MB) e possui a maior taxa de heterozigosidade

(0,425%) entre todos os sequenciados [9, 12].

G. duodenalis foi historicamente considerada como uma única espécie baseada na

similaridade morfológica entre os isolados. Entretanto, baseado na ampla variação genética entre

os diferentes isolados, Giardia duodenalis pode ser considerado um complexo de espécies

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118

[13,14]. Um recente estudo analisou variação genética entre um grande número de isolados dos

grupos genéticos A e B e detectou grande variação entre esses isolados [15].

Marcadores moleculares microssatélites (single sequence repeats - SSRs) são sequências

simples repetidas, de um a seis nucleotídeos repetidos em tandem. Como as regiões que

flanqueiam os microssatélites são geralmente conservadas entre os indivíduos, é possível a

seleção de iniciadores específicos que amplificam, via reação em cadeia da polimerase

(polymerase chain reaction - PCR) fragmentos contendo o DNA repetitivo [16[. Os

microssatélites são marcadores altamente polimórficos, multialélicos, apresentam herança

mendeliana codominante e são considerados marcadores ideais para estudos populacionais e

estudos de diversidade [17].

As altas taxas de mutação de locos microssatélites fornecem marcadores altamente

polimórficos que podem ser utilizados para discriminar isolados com um elevado nível de

sensibilidade [18]. A sensibilidade depende da estruturação populacional do parasito, o nível de

trocas genéticas do parasito e o número de marcadores utilizados [19].

Microssatélites já foram verificados em diversos animais como humanos [20], Drosophila

mediopunctata [21], camundongos, bovinos [22], plantas como cana-de-açúcar [23] trigo [24] e

café [25] e também em fungos [26]. Em protozoários, a presença de SSRs também foi descrita.

De 224 microssatélites avaliados em Plasmodium falciparum, 188 apresentaram polimorfismos

entre as diferentes linhagens do parasita [27]. Repetições (CA)n foram encontradas no genoma de

Trypanosoma cruzi que se mostraram polimórficas e possibilitaram análise da estruturação

populacional desse parasita [28]. A análise de repetições de di e trinucleotídeos em

Cryptosporidium parvum permitiu a caracterização dos isolados de maneira que estes foram

agrupados em subgrupos mais próximos do ponto de vista geográfico [29]. Esses estudos

demonstraram êxito na caracterização da diversidade desses organismos, mas ainda nenhum

trabalho foi relatado sobre de marcadores moleculares microssatélites em Giardia spp.

A importância de se utilizar marcadores de alta resolução refere-se ao fato de que eles

permitem que sejam identificados variações de genótipos não detectados pelos marcadores

conservados convencionais. Essa identificação permite, além de genotipar o parasito em subtipos

pré-existentes, caracterizar os indivíduos coletados em um nível maior de discriminação o que

pode ser explorado para investigar a epidemiologia da doença, o papel de portadores

assintomáticos e para rastreamento da doença através de água e alimentos contaminados [30].

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119

Em G. duodenalis, o déficit de heterozigotos tem sido considerado como um indicador da

evolução clonal do parasito através de seleção purificadora e conversão gênica ao mesmo tempo

em que um excesso de heterozigotos é uma evidência de hibridização ou recente evento sexual

[31]. Além disso, a grande variação encontrada entre os diferentes grupos genéticos sugere que

estes possam ser espécies diferentes [9], o que reforça a necessidade pelo desenvolvimento de

novos marcadores polimórficos. O desenvolvimento desses marcadores em um organismo

importante do ponto de vista epidemiológico pode fornecer novas ferramentas para estudos

genéticos em G. duodenalis além de contribuir para a identificação da espécie e de seus grupos

genéticos.

O presente estudo foi realizado para identificar microssatélites genômicos presentes nos

diferentes grupos genéticos de Giardia duodenalis e desenvolver novos marcadores que possam

servir como ferramenta para a caracterização da diversidade genética do parasito, bem como para

a identificação dos principais grupos genéticos.

Material e Métodos

Busca e identificação de microssatélites nos genomas WB (AI), DH (AII) GS (BIV) e P15

(E).

Sequências correspondentes aos cinco genomas publicados de G. duodenalis foram

obtidas junto ao GiardiaDB (32) em sua versão 5.0 publicado em setembro de 2014 [9, 10, 11,

12] (http://www.giardiadb.org). Também foram utilizadas sequências do genoma do organismo

Spironucleus salmonicida como controle negativo [33]. As sequências utilizadas correspondem à

versão 5.0 do banco de dados.

A identificação dos microssatélites em cada um dos genomas foi realizada através dos

softwares MISA – Microsatellite Identification Tool [34] e SciRoKo [35]. Os critérios acerca dos

padrões mínimos de repetição para identificar os microssatélites nos diferentes genomas de G.

duodenalis são dinucleotídeos com cinco, trinucleotídeos com quatro, tetranucleotídeos com três,

pentanucleotídeos com três e hexanucleotídeos com três repetições.

Após a identificação dos microssatélites, foi selecionada a região adjacente de 300 pb a

jusante e 300 pb a montante de cada SSR. Dessa forma, foram geradas sequências que continham

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120

aproximadamente 600 pb sem contar o tamanho de cada SSR selecionado. Uma visão geral da

metodologia desenvolvida é apresentada através de fluxograma na Figura 1.

Análise in silico de transferibilidade entre os locos SSRs obtidos dos genomas disponíveis.

Foi realizada uma busca para avaliar se os microssatélites encontrados estavam presentes

apenas em um determinado genoma ou se eram compartilhados pelos demais genomas de Giardia

duodenalis. O critério para avaliar se os microssatélites estão presentes nos demais genomas é a

conservação da região adjacente aos SSRs, local onde os iniciadores se anelam. Não foram

descartados locos que apresentaram deleções ou inserções apenas na região do SSR uma vez que,

em termos de amplificação, o que importa é a região adjacente ao SSR, onde os iniciadores se

anelam. Dessa forma, ficou definido que um loco SSR é representado pela região de 600 pb na

qual o SSR está inserido na região central.

Cada SSR e sua região adjacente foram cortados do seu genoma de origem através de um

script customizado desenvolvido especialmente para esta finalidade. Cada loco SSR gerado foi

comparado com os demais genomas por meio do software Blastall modificado para análises em

larga escala e instalado em um servidor local. O software foi configurado para reconhecer

regiões de alta similaridade (e-value ≤ 1e-100

). Os locos analisados foram classificados como:

específicos para um determinado genoma; compartilhados entre dois genomas e compartilhados

entre todos os genomas.

Desenho de iniciadores específicos e compartilhados para amplificação e caracterização de

microssatélites presentes nos genomas dos grupos genéticos A, B e E.

Iniciadores foram desenhados de forma a amplificar a região adjacente ao SSR

selecionado. Foi utilizado o software Primer 3 Plus [36] para os SSRs específicos e o software

PriFi [37] para os SSRs compartilhados. Após os desenhos dos iniciadores, a qualidade dos

mesmos foi verificada pelo software Primer Select (DNASTAR, Madison, WI) em relação à

formação de dímeros. Foram desenhados 40 pares de iniciadores específicos para o grupo

genético A (que geram produto de amplificação tanto no genoma AI quanto no genoma AII), 20

pares de iniciadores específicos para o grupo genético B, 20 pares de iniciadores específicos para

o grupo genético E e 36 pares de iniciadores compartilhados entre todos os genomas. Os

iniciadores desenhados foram submetidos à amplificação in silico contra os genomas disponíveis

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121

através do software FastPCR [38], para garantir a especificidade determinada previamente pela

análise dos locos.

Amplificação e caracterização de marcadores microssatélites presentes nos genomas dos

grupos genéticos A, B e E.

A caracterização de cada loco SSR foi realizada de forma a confirmar os resultados

previamente obtidos com as análises in silico. Cada reação de amplificação foi realizada em

amostras disponíveis no laboratório de quatro indivíduos dos grupos genéticos A, B, C, D

(totalizando 16 indivíduos) e em um indivíduo do grupo genético E. Essas amostras já foram

utilizadas previamente e todas já foram devidamente genotipadas com os genes triose fosfato

isomerase, beta-giardin e glutamato desidrogenase [39]. O DNA da cepa Portland 1 (grupo

genético AI) foi cedido pela pesquisadora Camila Henriques Coelho da Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG).

Os fragmentos contendo os microssatélites foram amplificados através da reação em

cadeia da polimerase realizada em um volume total de 25µl contendo 1x Tampão PCR

(Invitrigen), 0,5µM de cada iniciador, 0,2mM de dNTP, 2,5mM de MgCl2, 1,25 unidades de Taq

Polymerase (Invitrogen) e 1µl de cada amostra. As reações foram realizadas em um

termociclador C1000 Thermal Cycler (BioRad) e o programa utilizado foi o TouchDown PCR

[40] que consiste em 94oC (2 min), seguido por 20 ciclos de 94

oC (1 min), 65

oC (1 min) e 72

oC (2

min). A cada dois ciclos a temperatura de anelamento diminui 1oC de forma que inicia em 65

oC e

termina em 55oC. Em seguida, o ultimo ciclo foi repetido 18 vezes e foi realizada a extensão

final, a 72oC (7 min). Os fragmentos de DNA amplificados foram visualizados através de

eletroforese em gel de agarose 3% seguida de coloração por brometo de etídeo e visualização sob

luz UV (Gene Genious Bio Imaging System – Syngene).

A reação de amplificação de um determinado loco foi considerada satisfatória quando

apenas o grupo genético (no caso dos marcadores específicos) ou todos os grupos genéticos (no

caso dos marcadores compartilhados) foram amplificados. Os iniciadores que não cumpriram

esses pré-requisitos foram descartados.

Após a seleção dos marcadores, 24 indivíduos de cada um dos grupos genéticos de estudo

foram amplificados com os iniciadores selecionados. Após amplificação e visualização em gel de

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122

agarose, os indivíduos foram genotipados através de eletroforese vertical com a utilização de gel

de poliacrilamida denaturado 6% seguido por coloração em prata [41]. A Tabela Suplementar S1

e Tabela Suplementar S2 mostram a lista completa dos indivíduos utilizados para amplificação

dos grupos genéticos A e B, respectivamente.

Análise genético-estatística dos marcadores microssatélites selecionados

O conteúdo de informação de polimorfismo alélico de cada loco (polymorphic

information content – PIC) foi calculado utilizando-se a seguinte equação PIC =

2

1

2

11

2 21 j

n

ij

i

n

i

n

i

i ppp

[42] na qual n é o número de diferentes alelos do marcador

encontrados na população e pi e pj correspondem às frequências dos alelos i e j. As

heterozigosidades esperada e observada foram calculadas com o software TFPGA [43].

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123

Figura 1. Fluxograma evidenciando todas as etapas da busca e caracterização dos

microssatélites em Giardia duodenalis.

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124

Resultados

Busca e identificação de microssatélites nos genomas WB_AI, DH_AII, GS_B e P15_E.

Após análise pelos softwares MISA e SciRoKo, foram encontrados 506 SSRs no genoma

WB_AI, 438 SSRs no genoma DH_AII, 402 SSRs no genoma GS_B e 507 SSRs no genoma

P15_E. A Tabela 1 evidencia os resultados e separa os microssatélites encontrados pelos

diferentes números de repetições.

Tabela 1. Microssatélites encontrados nos diferentes genomas pelo número de repetições.

Repetição/Genoma AI AII B E

Di-5 78 77 131 84

Tri-4 206 156 123 207

Tetra-3 163 150 120 158

Penta-4 21 21 18 32

Hexa-3 38 34 10 26

Total 506 438 402 507

O grupo genético B apresenta um número pouco menor de SSRs quando comparada às

demais. As repetições de motivos trinucleotídeos são as mais frequentes entre todos, mas

apresenta um percentual reduzido no genoma B em relação aos demais. Motivos de repetição

trinucleotídeos e tetranucleotídeos correspondem a aproximadamente 70% de todas as repetições.

Os motivos microssatélites mais frequentes encontrados são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Motivos microssatélites mais frequentes encontrados nos diferentes genomas pelo

número de repetições.

Repetição/Genom

a AI AII B E

Di-5 AC/GT AC/GT AC/GT AC/GT

Tri-4 AAC/GTT AAC/GTT AGC/CTG ACG/CGT

Tetra-3 AAGC/CTTG AAGC/CTTG AAAG/CTTT AAAG/CTTT

Penta-4 AGAGC/CTCTG AGAGC/CTCTG ACCCT/AGGGT ACCCT/AGGGT

Hexa-3 ACTATC/AGTGA

T

ACTATC/AGTGA

T

AATTGC/AATTG

C

AACAGC/CTGTT

G

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Análise in silico de transferibilidade entre os SSRs identificados em relação aos 3 genomas

disponíveis.

A análise dos microssatélites presentes nos genomas A, B e E permitiu a identificação de

SSRs específicos de cada genoma, compartilhados entre A e E, A e B, B e E e também

compartilhados entre os 3 grupos genéticos.

A análise dos SSRs nos diferentes grupos genéticos mostrou que a maior parte dos

marcadores é específica de um determinado grupo genético, com destaque para o grupo B, no

qual 90% dos SSRs identificados são específicos. Um porcentual baixo dos SSRs encontrados é

compartilhado entre os três grupos genéticos e uma parte considerável é compartilhada entre os

grupos A e E. O número de SSRs analisados é um pouco menor que o número real encontrado

porque alguns SSRs estão na ponta de contigs das sequências disponíveis e, portanto, não

puderam ser aproveitados uma vez que não possuem a região adjacente para desenho de

iniciadores. Os resultados completos da análise de cada um dos grupos genéticos podem ser

visualizados na Figura 2.

Após realizar a busca de SSRs compartilhados entre os três genomas, 56 locos SSRs

foram identificados no total, sendo 22 identificados inicialmente nos genomas A (e regiões

homólogas nos demais genomas), 16 identificados inicialmente no genoma B e 18 inicialmente

no genoma E. Após caracterização de cada SSR (identificação do motivo, região adjacente e

número de repetições) foi possível verificar que alguns deles se tratavam de regiões homólogas,

presentes nos três genomas. Assim, portanto, o número de 56 foi reduzido para o total de 36 SSRs

distintos compartilhados entre os três genomas.

Os locos SSRs foram investigados de forma a verificar quais seriam os mais promissores

para síntese de iniciadores. Um percentual considerável de SSRs apresentou alta similaridade em

mais de uma região de um determinado genoma, o que pode representar amplificações

inespecíficas. Dessa forma, esses locos SSR foram descartados. A Figura 3 evidencia o

percentual de SSRs (região adjacente) com similaridade em múltiplos locos (ML) entre os locos

genoma-específicos. A Figura 4 evidencia o percentual de SSRs (região adjacente) com

similaridade em múltiplos locos (ML) entre os SSRs presentes nos três genomas. Para o

desenvolvimento do presente projeto, foram utilizados os SSRs específicos que não estavam

presentes em múltiplos locos, para garantir a especificidade desejada.

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Figura 2. Transferibilidade in silico das regiões adjacentes dos SSRs presentes no grupo

genético A em comparação com os genomas A, B e E.

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Figura 3. Comparação entre locos SSRs específicos de cada genoma que foram detectados em

mais de uma região do mesmo genoma (ML) em relação aos presentes em apenas uma região.

Figura 4. Comparação entre locos SSRs compartilhados entre os três genomas que foram

detectados em mais de uma região do mesmo genoma (ML) em relação aos presentes em apenas

uma região.

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Amplificação e caracterização dos microssatélites específicos

No total, 80 pares de iniciadores específicos foram desenhados. Um total de 57 iniciadores

geraram produtos de amplificação satisfatórios e amplificaram apenas os fragmentos esperados.

Os iniciadores que amplificaram fragmentos inespecíficos, fragmentos de outros grupos genéticos

ou não amplificaram o fragmento do grupo genético esperado, foram excluídos. Do grupo

genético A, 28 pares de iniciadores amplificaram apenas amostras desse grupo. Do grupo

genético B, 11 pares de iniciadores amplificaram apenas amostras do grupo B. Do grupo genético

E, 17 pares de iniciadores amplificaram apenas amostras do grupo E. Os resultados de

amplificação podem ser visualizados na Tabela Suplementar S3 e S4.

Amplificação e caracterização dos microssatélites compartilhados

No total, 36 pares de iniciadores foram desenhados. Um total de 4 pares de iniciadores

geraram os produtos de amplificação esperados em todos os grupos genéticos testados (AI, AII,

BIII, BIV, C, D e E). Uma vez que esses iniciadores foram desenhados sobre os genomas A, B e

E, não existiam garantias que gerasse produtos de amplificação nos demais cujos genomas ainda

não foram sequenciados. Dessa forma, os quatro marcadores desenvolvidos e amplificados

satisfatoriamente em todos os indivíduos testados podem representar novos marcadores

indicadores da presença de Giardia duodenalis em uma amostra. A análise in silico desses

marcadores não apresentou amplificação em outros genomas de microrganismos e outros

parasitas. Os resultados de amplificação podem ser visualizados na Tabela Suplementar S5.

Genotipagem das populações e análise de polimorfismo

Dentre os 28 locos SSRs do grupo genético A que haviam sido satisfatoriamente

amplificados nos ensaios prévios, polimorfismo alélico foi detectado em 12 locos sendo que os 16

locos restantes podem ser considerados monomórficos para as populações estudadas. Dentre os

12 locos polimórficos, a presença de indivíduos heterozigotos foi verificada em quatro locos

diferentes sendo que nos oito locos restantes diferentes alelos homozigotos foram genotipados. O

loco GduA24 foi o que apresentou maior número de alelos (4) e máximo valor de PIC (0,5388).

A Tabela 3 apresenta os resultados completos para o grupo genético A.

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Tabela 3. Caracterização dos marcadores SSRs do grupo genético A.

Loco NA Variação He Ho PIC

Alélica

(Pb)

GduA01 2 228-224 0,1765 0 0,1574

GduA02 2 234-232 0,1287 0 0,1167

GduA03 1 244 0 0 0

GduA04 1 247 0 0 0

GduA05 1 179 0 0 0

GduA06 1 240 0 0 0

GduA07 1 189 0 0 0

GduA08 2 141-139 0,085 0,087 0,0797

GduA09 1 231 0 0 0

GduA10 2 170-168 0,5077 0 0,3724

GduA11 1 195 0 0 0

GduA12 1 195 0 0 0

GduA13 1 187 0 0 0

GduA14 1 231 0 0 0

GduA15 1 248 0 0 0

GduA16 2 170-168 0,4965 0,0833 0,3679

GduA17 2 249-246 0,0888 0 0,083

GduA18 1 205 0 0 0

GduA19 2 251-242 0,085 0 0,0797

GduA20 2 220-217 0,1765 0,0952 0,1574

GduA21 3 242-218 0,2718 0 0,2468

GduA22 1 194 0 0 0

GduA23 1 194 0 0 0

GduA24 4 187-175 0,63 0,1818 0,5388

GduA25 2 198-189 0,0929 0 0,0865

GduA26 2 251-248 0,1594 0 0,141

GduA27 1 176 0 0 0

GduA28 1 166 0 0 0

NA – Número de alelos, He – Heterozigosidade esperada, Ho – Heterozigosidade observada,

PIC – Conteúdo de Informação de polimorfismo.

Dentre os 11 locos SSRs do grupo genético B satisfatoriamente amplificados nos ensaios

prévios, polimorfismo alélico foi detectado em sete locos, sendo que os quatro restantes podem

ser considerados monomórficos para as populações estudadas. Dentre os sete locos polimórficos,

a presença de indivíduos heterozigotos foi verificada em quatro locos, sendo que nos três locos

restantes, diferentes alelos homozigotos foram genotipados. Os locos GduB01 e GduB06 foram

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os que apresentaram o maior número de alelos (5) e o loco GduB02 foi o que apresentou o

máximo valor de PIC (0,5108). A tabela 4 apresenta os resultados completos para o grupo

genético B. Os locos específicos do grupo genético E não puderam ser genotipados pela ausência

de uma população de indivíduos desse grupo genético. Um exemplo de loco polimórfico

(GduB02) é apresentado na Figura 5 e um exemplo de loco monomórfico (GduB07) é

apresentado na Figura 6.

Tabela 4. Caracterização dos marcadores SSRs do grupo genético B.

Loco NA Variação He Ho PIC

Alélica

(Pb)

GduB01 5 230-209 0,4508 0,1111 0,3962

GduB02 3 165-153 0,591 0,1 0,5108

GduB03 3 185-173 0,2079 0,1111 0,1899

GduB04 1 224 0 0 0

GduB05 3 234-216 0,3763 0 0,3257

GduB06 5 224-188 0,4705 0,0435 0,4342

GduB07 1 236 0 0 0

GduB08 1 247 0 0 0

GduB09 2 253-250 0,241 0 0,2078

GduB10 2 250-244 0,2319 0 0,201

GduB11 1 202 0 0 0

NA – Número de alelos, He – Heterozigosidade esperada, Ho – Heterozigosidade observada, PIC

– Conteúdo de Informação de polimorfismo.

Figura 5. Gel de poliacrilamida 6% corado em solução de prata evidenciando polimorfismo do

marcador GduB02. Indivíduos HC07, HC15, HC25, HC30, HC32, HC33, HC34, HC39, HC43,

HC45, HC46, DC04, DC10, DC17, DC18, DC21, DC24, VET01, VET05, VET07, ENV03,

ENV04, ENV05, ENV06. Setas indicam indivíduos heterozigotos. Números (1, 2 e 3) indicam

1

2

3

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alelos diferentes. Bandas fortes abaixo da banda principal são consideradas bandas fantasmas

(stutters) e correspondem à artefatos da reação de amplificação.

Figura 6. Gel de poliacrilamida 6% corado em solução de prata evidenciando marcador

monomórfico GduB07. Indivíduos HC07, HC15, HC25, HC30, HC32, HC33, HC34, HC39,

HC43, HC45, HC46, DC04, DC10, DC17, DC18, DC21, DC24, VET01, VET05, VET07,

ENV03, ENV04, ENV05, ENV06. Número1indica alelo detectado.

Dentre os quatro locos compartilhados por todos os grupos genéticos, apenas um

(GduABE01) apresentou polimorfismo alélico e com valor extremamente baixo de PIC (0,0415).

Todos os demais marcadores foram considerados monomórficos. A Tabela 5 apresenta os

resultados completos para os locos compartilhados.

Tabela 5. Caracterização dos marcadores SSRs compartilhados entre os genomas.

Loco NA Variação He Ho PIC

Alélica

(Pb)

GduABE01 2 333-330 0,043 0 0,0415

GduABE02 1 290 0 0 0

GduABE03 1 349 0 0 0

GduABE04 1 182 0 0 0

NA – Número de alelos, He – Heterozigosidade esperada, Ho – Heterozigosidade observada, PIC

– Conteúdo de Informação de polimorfismo.

1

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132

Discussão

Existem duas limitações básicas para o grau de resolução de um determinado marcador

molecular: a taxa global de mutação dos locos utilizados e o nível de recombinação do organismo

alvo. Nesse contexto, microssatélites possuem uma taxa de mutação maior que polimorfismos

nucleotídicos de genes conservados [30]. A variação na taxa de mutação dos genes amplamente

utilizados em estudos de genotipagem de microrganismos depende se este gene está atrelado a

funções basais da célula (housekeeping genes), que costumam ser altamente conservados ou se

está presente em regiões mais variáveis como regiões antigênicas (variant-specific surface protein

- VSP). Além disso, regiões intergênicas e íntros costumam apresentar maior taxa de mutação em

relação a exons [44].

Os dados do presente artigo mostram um padrão bastante distinto de variação entre os

marcadores desenvolvidos para o genoma A e genoma B, tanto no número de alelos encontrados,

quanto no conteúdo de informação de polimorfismo dos locos. A diferença na frequência de

heterozigosidade nesses grupos descrita previamente em diversos trabalhos [11,39] foi verificada

com os locos microssatélites desenvolvidos e corroboram a hipótese de complexo de espécies do

organismo.

O presente estudo mostrou que, em G. duodenalis, repetições microssatélites do tipo

trinucleotídeos são mais comuns sendo seguida pelas repetições tetranucleotídeos. O genoma de

G. duodenalis é altamente expresso [10] e a maioria absoluta das repetições de tetranucleotídeos

verificadas no presente estudo é baseada em três repetições. Assim, é possível determinar que, ao

longo da evolução, foram favorecidas as repetições baseadas em microssatélites que não

representam quebra no frame de leitura para a tradução de proteínas em G. duodenalis. Em

plantas, motivos dinucleotídeos têm sido reportados como os mais comuns [45]. Ao avaliar

apenas as sequências expressas (ESTs) em diversas plantas como cana [23], cevada [46] e uva

[47], motivos trinucleotídeos foram revelados como sendo os mais comuns. Em animais, motivos

dinucleotídeos foram revelados como mais frequentes tanto em Drosophila quanto em humanos.

Já em C. elegans, motivos dinucleotídeos e trinucleotídeos apresentaram frequências

semelhantes. Em leveduras, motivos trinucleotídeos foram descritos como os mais frequentes

[20].

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133

É notável que apenas uma pequena parte dos locos microssatélites encontrados sejam

compartilhados entre todos os genomas publicados. Uma vez que para estar presente em

diferentes genomas, uma determinada região gênica necessita ser mais conservada, é

perfeitamente plausível a pouca ocorrência de marcadores microssatélites compartilhados entre os

genomas de G. duodenalis. Além disso, dentre os microssatélites compartilhados que foram

identificados, os valores de PIC apresentaram-se como zero ou extremamente baixos, o que

também está de acordo com a menor variabilidade desses locos.

As comparações estabelecidas entre os locos microssatélites desenvolvidos no presente

estudo evidenciam um maior compartilhamento de SSRs entre os grupos genéticos A e E ao

mesmo tempo em que ambos os grupos mostram-se muito diferentes do grupo B. Esse resultado

corrobora resultados já obtidos através de genes conservados que evidenciam uma maior

proximidade genética entre os grupos A e E em relação ao grupo B [48].

Dentre os locos SSRs encontrados, uma parte significativa mostrou-se presente em mais

de uma região do mesmo genoma e não pode, portanto, ser utilizada para desenho de iniciadores.

Microssatélites não raramente podem estar associados a regiões repetitivas do genoma, tais como

elementos de transposição ou proteínas de variação antigênica. A associação entre microssatélites

e elementos repetitivos tem sido documentada previamente em vertebrados e plantas de forma

que motivos dinucleotídeos, especialmente CA/GT, são geralmente associados com elementos

repetitivos [49]. Dessa forma, não é um fato inesperado esses locos possuírem repetições ao longo

de um mesmo genoma.

Giardia duodenalis tem sido descrito como um organismo central no debate sobre a

predominante clonalidade reprodutiva de protozoários patogênicos. Baixas taxas de recombinação

são descritas ao se comparar os genomas A, B e E [50] ao mesmo tempo em que evidências de

trocas genéticas entre isolados têm sido descritas por diversos autores [15,51]. Nesse contexto,

duas abordagens são consideradas chave para detectar trocas genéticas em locais onde os isolados

apresentam suposta similaridade. A primeira é focar o estudo em zonas híbridas, onde diferentes

subpopulações podem estar em contato e a segunda é aumentar o poder discriminatório dos

marcadores moleculares utilizados [52].

No presente trabalho, em locos considerados polimórficos, alguns indivíduos foram

genotipados como heterozigotos, no qual dois ou mais alelos foram detectados em um único

indivíduo. Embora tal detecção seja comum em outros organismos [45,46,47], peculiaridades do

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134

genoma de Giardia duodenalis acirram a discussão sobre diferentes aspectos sobre a origem de

tal variação. O sequenciamento de alguns genomas de G. duodenalis evidenciou uma baixa taxa

de heterozigosidade alélica, bastante evidente no genoma WB_A. Embora superior no genoma

GS_B, essa taxa ainda pode ser considerada baixa o que diminui a expectativa sobre a

identificação de indivíduos heterozigotos[33-36].

Uma primeira hipótese é que os indivíduos heterozigotos apresentem variabilidade dentro

de seu núcleo e tal variação seja expressa através de alelos distintos. A informação relativa à

maior variabilidade do genoma B pode ser confirmada no presente estudo de forma que um

número maior de locos polimórficos e indivíduos heterozigotos foram identificados nesse grupo

genético. Também não se pode descartar a possibilidade de variação entre diferentes núcleos,

através de trocas genéticas ou transferência lateral de genes [9]. Tais fatos poderiam explicar a

variação encontrada e continuariam sendo no nível de indivíduos. Uma terceira hipótese se refere

à possibilidade de contaminações mistas em isolados de G. duodenalis. A variação detectada

pode representar alelos diferentes de indivíduos homozigotos. Um método importante para

definitivamente identificar se a variação detectada refere-se a um cisto ou a infecção mista é o

método de isolamento de uma única célula (cisto ou trofozoítos), sendo sucedido pela análise da

variação nessa célula. Embora infecções mistas sejam comuns e possivelmente tenham papel

protagonista nos dados de heterozigosidade publicados até o presente momento [15], a variação

alélica no nível de célula foi demonstrada em G. duodenalis [53]. Além disso, importantes

métodos como clonagem e sequenciamento desses indivíduos heterozigotos podem gerar

evidências de infecções mistas pois podem amostrar ainda outros genótipos não amostrados

previamente [39]. O sequenciamento do fragmento também seria importante para comprovar que

não se trata de amplificação inespecífica em um dos alelos.

Os marcadores específicos desenvolvidos que apresentaram diversidade de alelos e valor

considerável de PIC demonstram grande possibilidade de utilização em futuros estudos que

busquem identificar diversidade genética em amostras de Giardia duodenalis. A genotipagem

multilocos com esses marcadores possibilitará um nível de resolução maior que o verificado com

a utilização de genes conservados. Tal fato pode ajudar a fornecer mais informações sobre trocas

genéticas em G. duodenalis e ampliar o debate sobre a clonalidade reprodutiva do organismo.

Além disso, esses marcadores, em conjunto com os marcadores específicos monomórficos,

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podem ser utilizados para identificação dos grupos genéticos A, B ou E através de PCR, uma vez

que comprovadamente não amplificam os demais grupos genéticos testados.

No presente estudo, apenas um marcador compartilhado pelos grupos genéticos testados

apresentou polimorfismo e com valor baixo de PIC. Esse resultado era esperado uma vez que o

loco deve ser bastante conservado para estar presente em diferentes grupos genéticos de G.

duodenalis, o que reduz significativamente a chance de ocorrer polimorfismos nesses locos. Estes

locos conservados entre grupos genéticos diferentes possuem grande valor para a identificação de

G. duodenalis e podem somar-se aos genes clássicos utilizados na literatura. O loco GduABE01

mostra-se promissor para futuros estudos que possam avaliar mais profundamente seu grau de

polimorfismo por meio de genotipagem em mais indivíduos ou sequenciamento do fragmento

amplificado.

Conclusões

No presente artigo, reportamos o desenvolvimento de novos marcadores microssatélites

para Giardia duodenalis que representam um robusto recurso para estudos de diversidade

genética do parasito. Os locos mais polimórficos podem servir para futuros estudos populacionais

em um nível maior de discriminação que possam identificar a fonte de contaminação e promover

o rastreamento da doença. Futuros estudos devem buscar a origem da variação genética em

indivíduos heterozigotos, seja através do isolamento de cistos individuais ou através de métodos

de clonagem e sequenciamento genético.

Além disso, os marcadores desenvolvidos podem ser utilizados para identificação de G.

duodenalis em amostras clínicas e ambientais bem como para a identificação dos principais

grupos genéticos da espécie. Por serem baseados em PCR e não necessitarem de sequenciamento,

os iniciadores desenvolvidos podem representar um método de diagnóstico acessível para

empresas de saneamento, instituições de diagnóstico (como centros de controle de zoonoses,

clínicas veterinárias e laboratórios de diagnóstico) instituições de pesquisa.

Existe uma crescente demanda pela caracterização do patógeno em um nível maior de

discriminação, seja pelo acirramento de leis de potabilidade de água ou pela necessidade de obter

novas ferramentas que possam rastrear a origem desses organismos. Essa demanda vai definir se

os locos informativos disponibilizados nessa pesquisa, e em futuros estudos, serão utilizados

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136

através da avaliação do polimorfismo alélico, sequenciamento genético ou genotipagem através

de PCR em tempo real.

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142

Informações Suplementares

Tabela S1. Indivíduos utilizados para genotipagem do grupo genético A.

Amostra Origem Grupo

Genético

1 HC01 Humana AII

2 HC10 Humana AII

3 HC11 Humana AII

4 HC12 Humana AII

5 HC27 Humana AII

6 HC36 Humana AII

7 HC40 Humana AII

8 HC42 Humana AII

9 HC44 Humana AII

10 HC48 Humana AII

11 HC49 Humana AII

12 HC49 Humana AII

13 HC50 Humana AII

14 HC51 Humana AII

15 VET02 Animal AII

16 VET04 Animal AII

17 VET06 Animal AII

18 DC12 Humana AII

19 DC15 Humana AII

20 DC25 Humana AII

21 DC27 Humana AII

22 DC28 Humana AII

23 ENV01 Ambiental AII

24 PORTLAND I Cultura AI

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143

Tabela S2. Indivíduos utilizados para genotipagem do grupo genético B.

Amostra Origem Grupo

Genético

1 HC07 Humana BIII

2 HC15 Humana BIV

3 HC25 Humana BIV

4 HC30 Humana BIV

5 HC32 Humana BIV

6 HC33 Humana BIII

7 HC34 Humana BIV

8 HC39 Humana BIV

9 HC43 Humana BIV

10 HC45 Humana BIV

11 HC46 Humana BIV

12 DC04 Humana BIII

13 DC10 Humana BIII

14 DC17 Humana BIV

15 DC18 Humana BIII

16 DC21 Humana BIV

17 DC24 Humana BIV

18 VET01 Animal BIV

19 VET05 Animal BIV

20 VET07 Animal BIV

21 ENV03 Ambiental BIV

22 ENV04 Ambiental BIII

23 ENV05 Ambiental BIV

24 ENV06 Ambiental BIII

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144

Tabela Suplementar S3. Resultados de amplificação dos SSRs específicos do grupo A

Loco Amplificação Amplificação Genotipagem Resultado

específica inespecífica acrilamida final

GduA01 sim não satisfatório aprovado

GED2 não não - não aprovado

GED3 sim sim - não aprovado

GduA02 sim não satisfatório aprovado

GduA03 sim não satisfatório aprovado

GduA04 sim não satisfatório aprovado

GduA05 sim não satisfatório aprovado

GduA06 sim não satisfatório aprovado

GED9 não não - não aprovado

GED10 sim sim - não aprovado

GduA07 sim não satisfatório aprovado

GduA08 sim não satisfatório aprovado

GduA09 sim não satisfatório aprovado

GduA10 sim não satisfatório aprovado

GduA11 sim não satisfatório aprovado

GduA12 sim não satisfatório aprovado

GduA13 sim não satisfatório aprovado

GGD8 sim sim - não aprovado

GduA14 sim não satisfatório aprovado

GduA15 sim não satisfatório aprovado

GduA16 sim não satisfatório aprovado

GduA17 sim não satisfatório aprovado

GduA18 sim não satisfatório aprovado

GduA19 sim não satisfatório aprovado

GET5 não não - não aprovado

GET6 não não - não aprovado

GduA20 sim não satisfatório aprovado

GET8 não não - não aprovado

GduA21 sim não satisfatório aprovado

GduA22 sim não satisfatório aprovado

GduA23 sim não satisfatório aprovado

GduA24 sim não satisfatório aprovado

GduA25 sim não satisfatório aprovado

GGT4 não não - não aprovado

GduA26 sim não satisfatório aprovado

GGT6 sim não insatisfatório não aprovado

GGT7 sim não insatisfatório não aprovado

GGT8 sim não insatisfatório não aprovado

GduA27 sim não satisfatório aprovado

GduA28 sim não satisfatório aprovado

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Tabela Suplementar S4. Resultados de amplificação dos SSRs específicos do grupo B

Loco Amplificação Amplificação Genotipagem Resultado

específica inespecífica acrilamida final

B01 sim não insatisfatório não aprovado

B02 sim sim - não aprovado

B03 não não insatisfatório não aprovado

B04 sim sim satisfatório não aprovado

GduB01 sim não satisfatório aprovado

GduB02 sim não satisfatório aprovado

B07 sim sim - não aprovado

GduB03 sim não satisfatório aprovado

GduB04 sim não satisfatório aprovado

GduB05 sim não satisfatório aprovado

GduB06 sim não satisfatório aprovado

B12 sim não insatisfatório não aprovado

GduB07 sim não satisfatório aprovado

GduB08 sim não satisfatório aprovado

B15 sim não insatisfatório não aprovado

GduB09 sim não satisfatório aprovado

B17 sim não insatisfatório não aprovado

GduB10 sim não satisfatório aprovado

B19 não não - não aprovado

GduB11 sim não satisfatório aprovado

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Tabela Suplementar S5. Resultados de amplificação dos SSRs compartilhados entre grupos

Loco Amplificação Genotipagem Resultado

todos grupos acrilamida final

ABE01 não - não aprovado

ABE02 não - não aprovado

ABE03 não - não aprovado

ABE04 não - não aprovado

GduABE01 sim satisfatório aprovado

ABE06 não - não aprovado

ABE07 não - não aprovado

ABE08 não - não aprovado

ABE09 não - não aprovado

ABE10 não - não aprovado

ABE11 não - não aprovado

ABE12 não - não aprovado

ABE13 não - não aprovado

ABE14 não - não aprovado

ABE15 não - não aprovado

GduABE02 sim satisfatório aprovado

ABE17 não - não aprovado

ABE18 não - não aprovado

ABE19 não - não aprovado

ABE20 não - não aprovado

ABE21 não - não aprovado

ABE22 não - não aprovado

ABE23 não - não aprovado

ABE24 não - não aprovado

GduABE03 sim satisfatório aprovado

ABE26 não - não aprovado

ABE27 não - não aprovado

ABE28 não - não aprovado

ABE29 não - não aprovado

ABE30 não - não aprovado

GduABE04 sim satisfatório aprovado

ABE32 não - não aprovado

ABE33 não - não aprovado

ABE34 não - não aprovado

ABE35 não - não aprovado

ABE36 não - não aprovado

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Considerações Finais

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149

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal motivação para a realização do presente trabalho foi a necessidade de

aprofundar os conhecimentos sobre a diversidade genética de Giardia duodenalis bem como

como estabelecer comparações entre diferentes populações do organismo, além de contribuir com

a publicação de novos marcadores moleculares, úteis a futuros trabalhos de identificação do

organismo e caracterização da diversidade. A literatura científica a respeito de G. duodenalis

possui poucos estudos no âmbito populacional e tal fato limita uma real inferência sobre o

potencial zoonótico de isolados bem como a contribuição de cada população na vulnerabilidade

de outra em relação à possíveis rotas de contaminação. Além disso, o conhecimento acerca da

epidemiologia molecular de Giardia tem sido construído, ao longo de toda sua história, com base

em poucos marcadores moleculares conservados. Poucos estudos têm se proposto a pesquisar

novos marcadores que apresentem maior poder de discriminação. Acreditamos que os

conhecimentos obtidos e divulgados no presente trabalho possam contribuir para o entendimento

da biologia do organismo, sua epidemiologia e os mecanismos que possam explicar a origem da

diversidade encontrada.

Os estudos nesse âmbito realizados no Brasil são recentes e, em sua maioria, utilizam

poucos marcadores moleculares para atribuição dos grupos genéticos. Os estudos ambientais com

a utilização de ferramentas moleculares são escassos e, em sua maioria, apenas atestam a

presença de Giardia sp em sítios ambientais. Estudos internacionais, embora muito desenvolvidos

na questão de genotipagem multilocos, detecção de potencial zoonótico e possíveis infecções

mistas, raramente demonstram preocupação em tentar relacionar os genótipos obtidos de amostras

clínicas e amostras ambientais. Nesse sentido, a identificação seguida pela comparação de grupos

genéticos de amostras clínicas e ambientais (Capítulo I) pode ser considerada como uma

contribuição direta tanto para grupos que estudam amostras clínicas, quanto para os que estudam

amostras ambientais. Além disso, o trabalho desenvolvido é um incentivo para que comparações

de haplótipos possam ser estabelecidas entre ambos (clínico e ambiental) a fim de entender o real

impacto de amostras com potencial zoonótico.

Através da caracterização multilocos de amostras clínicas e ambientais, foi verificada uma

elevada prevalência de cistos com potencial zoonótico em amostras provenientes de animais e

amostras ambientais. Dessa forma, já fica demonstrado o potencial impacto e risco que cistos de

Giardia presentes em animais e em amostras ambientais representam às pessoas. Do ponto de

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vista genético, foi detectada grande diversidade genética em Giardia duodenalis, principalmente

nos isolados pertencentes ao grupo genético B, resultado este coerente com o genoma publicado

(Franzen et al, 2009) no qual grande variação foi encontrada, ao contrário do genoma do grupo

AI (Morrison et al, 2007).

Em relação ao Capítulo II, destaca-se a comparação entre populações de Giardia

duodenalis através de análises de genética de populações. Existe grande dificuldade em definir

uma população de micro-organismos pois muitos dos princípios básicos estabelecidos pela

genética de populações não são seguidos por esses organismos. Ainda assim, informações da

literatura sobre a grande diversidade entre isolados de diferentes grupos genéticos (Jerlström-

Hultqvist et al, 2010) e dados obtidos em testes na presente pesquisa evidenciaram a necessidade

de se tratar os diferentes grupos genéticos como populações distintas. Assim como não faz

sentido, em termos de genética de populações, comparar dados de sequência de espécies

diferentes, os dados obtidos no Capítulo II evidenciaram que grupos genéticos distintos são muito

diferentes para serem comparados, o que pode gerar resultados com grande viés.

As parcerias estabelecidas no trabalho desenvolvidos no Capítulo II permitiram que novas

populações fossem adicionadas às já existentes, apresentadas no Capítulo I. As novas análises

realizadas evidenciaram que, com exceção da população canina, os demais grupos são muito

próximos geneticamente. A detecção de haplótipos compartilhados entre esses grupos é mais uma

evidência da possível contaminação de uma população com isolados de outra. A informação

obtida com os haplótipos também evidenciou o compartilhamento de haplótipos entre a

população canina com a população humana. Assim, mesmo que de maneira geral a população

canina apresente genótipos específicos de cães, existe também a possibilidade de contaminação

em humanos, o que foi demonstrado tanto com cistos dos grupos genéticos comumente

encontrados em humanos (A e B) quanto por cistos do grupo genético C, raramente encontrados

em humanos mas que foram detectados no presentes estudo.

O Capítulo III apresentou a identificação e caracterização de novos marcadores

moleculares para Giardia duodenalis. Nos últimos anos, quatro diferentes genomas de G.

duodenalis foram publicados (Morrison et al, 2007, Franzén et al, 2009, Jerlström-Hultqvist et al,

2010 e Adam et al, 2013) sendo, portanto, importante que as informações neles presentes sejam

utilizadas para o contínuo entendimento da biologia do organismo. Muitas informações sobre

variação genética, introgressão gênica e da origem evolutiva do organismo podem ser inferidas a

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partir da comparação dos genomas. No presente estudo, foram identificados locos específicos dos

genomas A, B e E e também compartilhados entre todos, para que novos marcadores fossem

desenvolvidos. Os genes comumente utilizados pelos pesquisadores para caracterizar os grupos

genéticos de Giardia duodenalis (tpi, bg, gdh entre outros) apresentam polimorfismo ao se

realizar o sequenciamento. Mas como estão presentes em todos os grupos, são necessariamente

conservados em Giardia o que impede maior variação. Nesse contexto, novos artigos têm

sugerido o desenvolvimento de marcadores hipervariáveis (Caccio e Ryan, 2008) e marcadores

especificos dos grupos genéticos (Vanni et al, 2012). O que ambos têm em comum, é a ampla

possibilidade de possuírem maior poder de discriminação em relação aos marcadores mais

utilizados. A junção dessa necessidade com as informações disponibilizadas nos genomas

publicados foi o que motivou o presente capítulo, no qual marcadores específicos foram

desenvolvidos e polimorfismo foi encontrado. Os marcadores monomórficos também podem ser

utilizados para identificação dos grupos genéticos. Os marcadores polimórficos poderão ser

utilizados para caracterização da diversidade em um nível maior de resolução. Mais importante

que os iniciadores desenhados são os locos investigados pois, estes podem ser avaliados através

de PCR comum, PCR quantitativa ou mesmo sequenciamento.

Dessa forma, na presente tese, buscou-se contribuir para o conhecimento associado à

Giardia duodenalis através de diferentes abordagens, que podem ser consideradas

complementares. Foram identificados os principais grupos presentes em um região metropolitana,

diferentes populações foram comparadas e novos marcadores moleculares foram desenvolvidos.

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Resumo dos Resultados

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RESUMO DOS RESULTADOS

No presente trabalho, concluímos que os objetivos dos três diferentes capítulos foram

alcançados e os principais resultados são resumidos a seguir:

Capítulo I:

- Foi detectada elevada prevalência de cistos com potencial zoonótico em amostras clínicas e

amostras ambientais na Região Metropolitana de Campinas;

- Genótipos mistos foram detectados em 25% do total de amostras;

- Foi detectada grande diversidade genética dos isolados da Região Metropolitana de Campinas, o

que levou a elevado número de haplótipos distintos identificados.

Capítulo II:

- Muitos haplótipos foram identificados nas diferentes populações; alguns desses haplótipos

foram amostrados em grande frequência em diferentes populações;

- As populações de Giardia duodenalis, tanto de hospital quanto da creche, são bastante similares

e apresentam diversos haplótipos compartilhados;

- As populações de Giardia duodenalis obtidas de amostras clínicas (hospital e creche) são

bastante similares às populações ambientais provenientes de rios e de esgoto, apresentando

diversos haplótipos compartilhados;

- As populações caninas de Giardia duodenalis apresentam, em sua maioria, haplótipos

específicos de infecções caninas e são geneticamente muito diferentes das demais populações

amostradas (populações clínicas humanas e ambiental).

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Capítulo III:

- Identificação de 506 SSRs no genoma WB_AI, 438 SSRs no genoma DH_AII, 402 SSRs no

genoma GS_B e 507 SSRs no genoma P15_E;

- Nos genomas dos grupos genéticos de Giardia duodenalis até o presente momento publicados,

repetições baseadas em trinucleotídeos e em tetranucleotídeos são as mais frequentes;

- Foram desenvolvidos 28 marcadores SSRs específicos do grupo A, 11 marcadores específicos

do grupo B e 17 específicos do grupo E;

- Foram desenvolvidos quatro marcadores compartilhados entre os grupos genéticos A, B e E de

Giardia duodenalis;

- Houve identificação de polimorfismo em 12 locos SSRs do grupo A e em sete locos SSRs do

grupo B, além de polimorfismo em um loco SSR compartilhado entre todos os grupos.

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Conclusões

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CONCLUSÕES

A análise de diferentes populações de Giardia duodenalis em uma importante região

metropolitana brasileira permitiu determinar que a variabilidade genética do protozoário é

elevada nessa região e que há diversos haplótipos compartilhados entre populações clínicas e

ambientais, o que salienta a importância da discussão sobre o potencial zoonótico dos isolados

identificados.

O genoma dos diferentes grupos genéticos de Giardia duodenalis publicados apresenta

repetições do tipo microssatélites. Há polimorfismo entre diferentes amostras de G. duodenalis

para vários locos analisados, onde tais repetições microssatélites estão presentes, o que demonstra

grande potencial de utilização desses marcadores (com maior potencial de discriminação) para

estudos populacionais e de diversidade e de identificação dos diferentes grupos genéticos de G.

duodenalis.

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Perspectivas

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PERSPECTIVAS

O conhecimento de aspectos relevantes da epidemiologia molecular de Giardia

duodenalis bem como o desenvolvimento de marcadores moleculares com maior potencial

discriminatório permitem o estabelecimento de novas perspectivas de curto, médio e longo prazo.

Em relação ao Capítulo I, no qual foi realizada uma amostragem da diversidade genética

presente na Região Metropolitana de Campinas, a médio prazo, são necessários muitos estudos de

monitoramento nas regiões amostradas (bem como de outras também de interesse) para que se

tenha uma real dimensão da variabilidade do organismo. Do ponto de vista clínico, essa região

possui diversos hospitais, creches, clínicas veterinárias, centros de controle de zoonoses,

pastagens além de parques públicos com animais errantes. Do ponto de vista ambiental, a Região

Metropolitana está sobre três importantes bacias hidrográficas brasileiras (Bacia do Rio Atibaia,

Bacia do Ribeirão Quilombo e Bacia do Rio Capivari) que convergem suas águas para o Rio

Tietê e, em seguida, para o Rio Paraná. Além disso, o Rio Atibaia é pertencente à Bacia PCJ

(Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), que forma os reservatórios do Sistema Cantareira. Todos

esses locais citados são de alta relevância para estudos epidemiológicos moleculares que possam

atestar a vulnerabilidade da população em relação à possibilidade de infecção por Giardia.

A caracterização molecular dos cistos de Giardia presentes nessas regiões é de suma

importância para: I. Verificar a extensão da contaminação humana na região; II. Identificar

haplótipos comuns entre as regiões e III. Estabelecer o perfil genético multilocos dessas amostras

para que os perfis genéticos mais frequentes dessas regiões sejam identificados. Dessa forma, a

curto prazo, novos estudos ambientais devem buscar a implementação de métodos moleculares

para que se possa conhecer os grupos genéticos presentes nas diversas regiões. As ferramentas

moleculares têm estado cada vez mais presentes em instituições de pesquisa e mesmo as

instituições de fomento têm estimulado a construção de laboratório multidisciplinares.

Em um segundo momento, com o acúmulo de dados moleculares dos diferentes locais de

interesse, poderá ser estabelecido o perfil genético de Giardia de cada local, através da

caracterização multilocos dos principais haplótipos encontrados. Essa é uma perspectiva de longo

prazo pois são necessários anos para que esses dados sejam obtidos e possam ser comparados.

Futuros estudos moleculares de monitoramento são necessários em: águas superficiais, efluentes

de esgoto, estações de tratamento de esgoto, estações de tratamento de água, hospitais, creches e

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canis públicos. Todas as ferramentas utilizadas no artigo recém publicado oriundo da presente

tese (Capítulo I) podem ser implementadas nesses locais.

Em relação ao Capítulo II, as perspectivas são muito semelhantes às anteriores.

Entretanto, em complementação ao Capítulo I, o trabalho apresentado neste capítulo mostrou as

comparações entre as diferentes populações. É notável a ausência de estudos que busquem

estabelecer comparações entre amostras clínicas e ambientais. Muitos são os desafios e dúvidas

(por exemplo, dificuldade na atribuição de infecções mistas ou eventos de recombinação

genética) mas os resultados que podem ser obtidos com estudos populacionais fornecem

importantes informações epidemiológicas que mostram a dinâmica do protozoário sob diversos

aspectos.

Os marcadores moleculares desenvolvidos no Capítulo III podem servir como base para

comparação com os atuais marcadores comumente utilizados em Giardia duodenalis. São

necessários mais estudos que possam comparar o poder de discriminação desses marcadores, de

forma que novos resultados, com maior poder discriminatório possível, possam ser obtidos.

Assim, duas amostras que se mostrem idênticas para os marcadores atuais, poderão revelar-se

diferentes quando comparadas após análise realizada com marcadores cujo polimorfimso é maior

entre as amostras de G. duodenalis. A natureza repetitiva dos marcadores microssatélites e suas

altas taxas de mutação geram grandes perspectivas acerca de seu uso em tais estudos. Já os

marcadores considerados monomórficos no presente trabalho, em conjunto com os marcadores

polimórficos, podem servir, a curto prazo, para estudos de identificação de Giardia duodealis, be

como de seus principais grupos genéticos. A vantagem deste fato está na facilidade com que os

marcadores publicados nesse capítulo podem ser utilizados, por serem baseados em PCR e não

necessitarem de posterior sequenciamento. Dessa forma, existe uma boa perspectiva de que a

identificação dos principais grupos genéticos de Giardia duodenalis se torne mais acessível e

possam representar um método de diagnóstico a baixo custo e bastante rápido, facilitando seu

emprego para as empresas de saneamento, instituições de diagnóstico (como centros de controle

de zoonoses, clínicas veterinárias e laboratórios de diagnóstico) além de instituições de pesquisa.

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Literatura Citada

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Anexos

I. Evaluation of tropical water sources and mollusks in

southern Brazil using microbiological, biochemical, and

chemical parameters

II. Sanitary quality of edible bivalve mollusks in

Southeastern Brazil using an UV based depuration system

III. Infectivity of Giardia duodenalis Cysts from UV

Light-Disinfected Wastewater Effluent Using a Nude

BALB/c Mouse Model

IV. Declaração Bioética

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