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Bogotá Sao Paulo Aracajú Assunção Buenos Aires Tegucigalpa Um resumo Gestão Integrada de Águas Urbanas

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Bogotá

Sao Paulo

Aracajú

Assunção

Buenos Aires

Tegucigalpa

Um resumo

Gestão Integrada de Águas Urbanas

ReconhecimentosEsta publicação foi possível graças à contribuição financeira do Water Partnership Program, uma parceria para melhorar a gestão de recursos hídricos e o abastecimento da água. http://water.worldbank.org/water/wpp

A produção deste documento foi possível graças aoapoio do Programa de Água e Saneamento do Banco Mundial.

O presente resumo foi preparado por David Michaud (Especialista Sênior em Água e Saneamento) com o suporte de Julie Biau (Associada Profissional Júnior), Blanca Lopez (Associada Profissional Júnior) e Michael Murphy (Consultor de Gestão do Conhecimento). Adicionalmente, contribuições técnicas significantes e material básico foram fornecidos por Greg Browder (Especialista Principal em Água e Saneamento), Lizmara Kirchner (Especialista em Água e Saneamento), Monica Porto (Professora, Universidade de São Paulo, Brasil), Carlos Tucci (Professor, Universidade do Rio Grande do Sul, Brasil) e Carmen Yee Batista (Especialista em Água e Saneamento).

Além disso, a equipe gostaria de agradecer pelos conselhos, comentários e sugestões de um grande número de colegas e profissionais que participaram deste resumo e de versões anteriores, incluindo Oscar Alvarado (Especialista Sênior em Água e Saneamento), Martin Gambrill (Engenheiro Hidráulico), Michael Jacobsen (Especialista Sênior em Gestão de Recursos Hídricos), Peter Kolsky (Professor, Universidade da Carolina do Norte), Manuel Marino (Especialista Principal em Água e Saneamento), Abel Mejia (Consultor), Ana Nunez Sanchez (Especialista Ambiental), Marie-Laure Lajaunie (Especialista Sênior em Recursos Hídricos), Antonio Rodriguez (Especialista em Água e Saneamento, Programa de Água e Saneamento ), Catalina Ramirez (Consultora de Longo Prazo), Diego Rodriguez (Economista Sênior), Kalanithy Vairavamoorthy (Diretora, Faculdade de Patel em Sustentabilidade Global, Universidade da Flórida do Sul) e Max Velasquez (Especialista em Água e Saneamento, Banco Interamericano de Desenvolvimento).

© 2012 Banco Mundial1818 H Street NWWashington DC 20433Telefone: 202-473-1000Site: www.worldbank.org

Este publicação foi produzida pelo Banco Mundialcom contribuições de terceiros. As apurações, interpretações e conclusões expressadas nesta publicação não refletem necessariamente as opiniões do Banco Mundial, seu Diretório ou os governos que ele representa.

O Banco Mundial não garante a exatidão dos dados apresentados nesta publicação. As fronteiras, cores, denominações e outras informações apresentadas em qualquer mapa desta publicação não indicam nenhum julgamento do Banco Mundial sobre a situação legal de qualquer território, nem o endosso ou a aceitação de tais fronteiras.

Direitos e PermissõesO material desta publicação é protegido por direitos autorais. Devido a que o Banco Mundial estimula adivulgação de seu trabalho, esta publicação poderser reproduzida, total ou parcialmente, para fins nãocomerciais, sempre que a autoria seja completamenteatribuída.

Todas as outras consultas sobre direitos e licenças,inclusive direitos subsidiários, devem ser endereçadasao Escritório de Publicações, Banco Mundial, 1818 HStreet NW, Washington, DC 20433, USA; fax: 202-522-2422; e-mail: [email protected]

Fotos da capa:Michael Jzealot, Colombia Travel, Gobierno deSergipe, Ana Carmen, Queulat00 y AySA.

Resumo executivo

1. Introdução

2. Os desafios da água nas cidades de hoje

3. Gestão Integrada de Águas Urbanas: Um enfoque para as cidades do amanhã

4. Práticas da Gestão Integrada de Águas Urbanas

5. O processo da Gestão Integrada de Águas Urbanas

6. Lições das cidades da América Latina

7. Conclusões

Referências

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08

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38

Conteúdo

Para mais informação visite:www.worldbank.org/laciuwm

Resumo executivo

O caso da Gestão Integrada de Águas Urbanas

Como resultado do rápido e imprevisto crescimento urbano, da maior vulnerabilidade à mudança climática e das práticas relativamente ruins em gestão de água, diversas cidades da América Latina e do Caribe estão enfrentando problemas de falta de água, poluição das bacias, prestação inadequada dos serviços e maior inundação, o que afeta diretamente a qualidade de vida das populações e o potencial econômico. Esses problemas são geralmente tratados de forma desorganizada pelos diversos atores de jurisdições vizinhas.

A água tem uma função integral na agenda de crescimento verde como um requerimento fundamental para a saúde humana, o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental. É impossível imaginar um futuro verde sem água potável limpa, esgotamento sanitário para todos, água para o comércio e a indústria, proteção contra as inundações urbanas; rios, lagos, pântanos e áreas costeiras marinhas vibrantes. Esta visão do setor de água pode ser atingida pela maioria dos países e cidades da América Latina dentro de uma geração, se eles tomarem decisões firmes sobre reformas institucionais e se os investimentos se iniciarem hoje. Estes desafios que confrontam esta visão do futuro são, porém, desencorajadores e incluem:

• Rápidaurbanização:Demanda cada vez maior por água, uso desorganizado do solo e poluição não controlada que ameaçam o abastecimento de água, aumentam os riscos de inundações e impactam a qualidade de vida dos moradores de cidades.

• Vulnerabilidadeàmudançaclimática: A gestão da água deve considerar o estresse hídrico procedente de altas temperaturas, mudanças nos padrões pluviais e a variabilidade do clima.

• Gestãoineficazdaágua: Os enfoques atuais são predominantemente locais e específicos do setor, o que faz com que careçam de inovação e escopo para se desenvolver em desafios transversais. Quando os

enfoques para as bacias existem, eles não são bem coordenados com as realidades urbanas.

Felizmente, com o crescimento econômico, sistemas legais sólidos, sistemas políticos democráticos e movimentos ambientais prósperos, a maioria dos países e muitas cidades na América Latina estarão bem posicionadas para tratar esses desafios e, atualmente, muitas têm começado a desenvolver as melhores práticas.

AIniciativaBlueWaterGreenCitiesdoBancoMundial

A Iniciativa Blue Water Green Cities do Banco Mundial visa aprender com a grande experiência das cidades da América Latina, muitas delas sendo clientes do Banco Mundial, para poder enfrentar esses desafios; além disso, a iniciativa propõe um enfoque concreto – a Gestão Integrada de Águas Urbanas – para ajudar os atores municipais a resolverem esses desafios de águas urbanas de forma mais limpa, eficiente, flexível e equitativa por meio do trabalho entre setores e limites espaciais.

Existem diversas formas para descrever a Gestão Integrada de Águas Urbanas, a Iniciativa Blue Water Green Cities tem adotado a definição a seguir:

“A Gestão Integrada de Águas Urbanas (GIAU) é um processo flexível, participativo e iterativo que integra os elementos do ciclo de água urbana (abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de águas pluviais e gestão de resíduos sólidos) com o desenvolvimento urbano da cidade e a gestão da bacia hidrográfica para assim maximizar os benefícios ambientais, sociais e econômicos de forma equitativa”.

A primeira fase da iniciativa de Blue Water Green Cities do Banco Mundial começou em 2009 e concluiu com

04

05Gestão Integrada de Águas Urbanas

um grande workshop regional em São Paulo, no mês de dezembro de 2012. A iniciativa foi financiada em grande parte pelo Water Partnerhip Program, um fundo fiduciário de vários doadores gerenciado pelo Banco Mundial que visa melhorar a gestão de recursos hídricos e a prestação de serviços de água. A iniciativa foi muito bem incorporada nas operações e assistência técnica do Banco Mundial para ajudar a ampliar o impacto dos fundos fiduciários. Todos os documentos produzidos pela iniciativa estão disponíveis no site da iniciativa (http://www.worldbank.org/laciuwm).

Liçõesaprendidas

Alguns princípios básicos foram criados no processo de análise da literatura, da avaliação das melhores práticas no mundo inteiro e do compromisso com as atividades da Gestão Integrada de Águas Urbanas na região:

• AGestãoIntegradadeÁguasUrbanasprecisaseradaptadaparaosdesafiosdinâmicoseespecíficosdecadaáreaurbana. Os enfoques da Gestão Integrada de Águas Urbanas podem variar tremendamente dependendo do arranjo institucional para gestão urbana e de água em uma área urbana específica, bem como dos desafios específicos das águas.

• AGestãoIntegradadeÁguasUrbanasimplicaumasériedeinstrumentoseenfoquesparticipativospara ajudar os atores institucionais e não institucionais relevantes no desenvolvimento de um diagnóstico acordado dos desafios da área urbana, bem como de uma visão compartilhada do desenvolvimento no futuro da área urbana de influência.

• AGestãoIntegradadeÁguasUrbanasnãoéumaaçãoúnica,elaéumprocessodelongoprazoeiterativo.As características e desafios das áreas urbanas estão condicionados a mudar com o tempo. Esse é o motivo pelo qual o planejamento se torna um processo cíclico que revisita continuamente os desafios das áreas urbanas e as prioridades, além

dos meios e as ações para tratar esses desafios.

• AGestãoIntegradadeÁguasUrbanasserefereainstituiçõeseprocessos,bemcomoainfraestruturaseinvestimentos.A gestão integrada de águas em um entorno urbano tende a ser desafiante, pois isso implica uma grande variedade de sistemas e instituições, tanto dentro da cidade quanto a nível de bacia hidrográfica.

• AGestãoIntegradadeÁguasUrbanasdeveserinformadapormeiodedadoscientíficossólidoseanálisetécnica.Embora a Gestão Integrada de Águas Urbanas seja altamente política por natureza, a tomada de decisões pelas partes-chave interessadas deve ser informada por meio de uma análise técnica sólida.

• AGestãoIntegradadeÁguasUrbanasprecisasairdeumpensamentolinearesegmentadoparaumenfoquemaisholístico.Um objetivo chave da Gestão Integrada de Águas Urbanas é poder sair de um enfoque linear dos problemas da água, que confia em uma disponibilidade ilimitada dos recursos e que não pode enfrentar os impactos adversos dos resíduos e de outros outputs no ambiente e na sociedade, para um metabolismo cíclico que visa evitar, minimizar, circular e transformar os inputs dentro da cidade para assim poder reduzir ou, melhor ainda, eliminar os outputs, isto é, os impactos negativos na qualidade de vida dos moradores de cidades e do ambiente (Novotny 2010).

• AGestãoIntegradadeÁguasUrbanasprocuraresolverosdesafiosdehojesemperderavisãodofuturo.Muitas cidades da América Latina estão longe de se dar conta da visão ideal de uma Cidade Verde. Mesmo assim, é muito importante que os desafios das águas de hoje sejam tratados de forma a refletir um enfoque integrado, sem esquecer a visão de longo prazo à qual a cidade e a região devem chegar.

das águas, tais como para a agricultura, hidrelétrica, abastecimento de água e exigências do ecossistema, bem como para a identificação das opções de gestão para maximizar os resultados ambientais, sociais e econômicos.2

A Gestão Integrada de Águas Urbanas, o tema deste resumo, situa-se na interseção destas duas disciplinas: considera os serviços hídricos urbanos da cidade em uma relação muito próxima com a dinâmica do desenvolvimento urbano, por uma parte, e com o contexto mais amplo da bacia, pela outra parte. Em áreas com urbanização muito rápida, a melhoria do fornecimento sustentável dos serviços da água, a redução da vulnerabilidade ao desastre e a criação de espaços urbanos, tanto para os moradores de cidade quanto para o ambiente, precisa do trabalho cada vez maior em todos os setores e jurisdições. Isso supõe não somente a criação de sistemas de organização institucional, estratégias de investimento e mecanismos de coordenação capazes de dirigir a gestão hídrica, além dos sistemas de prestação de serviço e tratamento como um todo, como também o planejamento dos elementos do ciclo de água urbana em coordenação com o uso do solo urbano e a gestão da bacia (GWP 2011).

Nesse sentido, a Gestão Integrada de Águas Urbanas é um enfoque que visa dar suporte às cidades para elas se tornarem limpas, eficazes, flexíveis, em uma só palavra, verdes – o fundamento da iniciativa Blue Water Green Cities do Banco Mundial descrita neste documento. A iniciativa visa tomar como base e consolidar a experiência do Banco trabalhando com clientes urbanos em desafios hídricos, e preparar a partir da observação que enquanto algumas cidades têm desenvolvido uma grande experiência na integração da gestão dos serviços e do ciclo de água urbana, outras enfrentam grandes desafios para equilibrar a disponibilidade das águas para o consumo humano, necessidades ambientais e usos produtivos.

O mundo está em processo de urbanização a uma grande velocidade. Na região da América Latina e Caribe, quatro de cada cinco pessoas moram em cidades (UNHABITAT 2010). Mas a rápida e desorganizada urbanização está afetando consideravelmente a disponibilidade e a qualidade das águas, tanto dentro quanto fora dos limites das cidades, incluindo a super exploração dos recursos hídricos, menor segurança hídrica, maior vulnerabilidade perante inundações e impactos para a saúde relativos à água. Enquanto isso, a mudança climática ameaça reduzir ainda mais a disponibilidade hídrica e causar grandes custos econômicos para as autoridades internacionais e nacionais. Essas tendências fazem com que seja mais necessário um enfoque mais completo e sistemático para a gestão de águas urbanas.

Para dar respostas às dificuldades cada vez maiores das águas dentro das áreas urbanas, diversos enfoques foram criados para melhorar a forma na qual as cidades desenvolvem a gestão de águas urbanas. Esses enfoques geralmente procuram trabalhar nos diferentes elementos do ciclo das águas urbanas – abastecimento de água, esgotamento sanitário, águas pluviais e gestão de resíduos sólidos – de forma integrada, enquanto minimiza-se a perturbação dos sistemas naturais (Brown 2007). Esses esforços têm sido chamados de DesenvolvimentocomBaixoImpacto,CidadesdoFuturo,CidadesSustentáveisouEcocidades, e geralmente implicam na reestruturação da paisagem urbana e na gestão de água em um sistema ecológico fechado por meio da promoção do reuso e da reciclagem dos recursos naturais, a imitação da natureza na reprodução do ciclo hidrológico e a atenuação e a transformação dos inputs dentro da cidade.1

Paralelamente, no nível da bacia hidrográfica, os enfoques tais como a Gestão Integrada de Recursos Hídricos têm sido instrumentais para a gestão, em uma bacia hidrográfica específica, das implicações entre os usos

1 Esses termos foram usados, respectivamente, pelo Condado de Prince George e pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos; Novotny e a Associação Internacional da Água; Beatley e Universidade de Virginia; Biello e UNIDO. Por favor, veja a seção de referências para maiores detalhes.

2 A Gestão Integrada de Recursos Hídricos é a gestão integrada da água e dos recursos relativos para maximizar os resultados sociais e econômicos de forma equitativa, sem comprometer a sustentabilidade vital do ecossistema (GWP, 2000).

1. Introdução06

07Gestão Integrada de Águas Urbanas

O objetivo da Iniciativa de Blue Water Green Cities e documentar, validar e difundir os enfoques para dar suporte às áreas urbanas na região da América Latina e Caribe no desenvolvimento das estratégias da gestão integrada de águas urbanas e o planejamento da sua implementação.

A iniciativa do Banco Mundial incluiu o seguinte: i) análise e elaboração das lições aprendidas para a gestão de águas urbanas em uma amostra representativa de cidades da América Latina e do Caribe; ii) desenvolvimento de um enfoque para a implementação da Gestão Integrada de Águas Urbanas para orientar a ajuda do Banco Mundial para os clientes e que possa ser utilizado pelos formuladores de políticas a nível nacional e local; iii) informação e melhoria do enfoque com base no trabalho em uma série de iniciativas pioneiras incluindo São Paulo, Vitória e Aracajú (Brasil), Bogotá (Colômbia), Buenos Aires (Argentina), Assunção (Paraguai) e Tegucigalpa (Honduras); e iv) documentação e difusão da experiência obtida.Os documentos a seguir foram produzidos como parte da Iniciativa:

• O presente documento deve ser considerado como uma introdução para o conceito da Gestão Integrada de Águas Urbanas e a sua relevância no contexto da América Latina e do Caribe, além de ser um local de armazenamento das boas práticas para a implementação da Gestão Integrada de Águas Urbanas. Como tal, propõe uma definição da Gestão Integrada de Águas Urbanas e fornece os princípios chave sobre os quais o enfoque baseia-se (Capítulo 3), apresenta uma descrição passo a passo para os atores que desejam se comprometer com a Gestão Integrada de Águas Urbanas (Capítulo 5) e inclui alguns exemplos concretos das boas práticas na gestão de águas urbanas com base em estudos de casos regionais (Capítulos 4 e 6).

• Uma série de estudos de casos curtos também foram publicados para cada uma das cidades com iniciativas pioneiras que participaram desta iniciativa, que focaram-se nos desafios, sucessos e contratempos de cada cidade na sua tentativa de gerenciar os desafios das águas de forma integrada.

• As ferramentas, apresentações e recursos complementares, que forneceram suporte para as equipes e as cidades comprometidas com enfoques da Gestão Integrada de Águas Urbanas, conforme o Capítulo 5 deste documento, foram coletados e estão disponíveis online no site da Iniciativa.

A Iniciativa Blue Water Green Cities do Banco Mundial foi financiada em grande parte pelo Water Partnership Program, uma sociedade para a melhoria da gestão de recursos hídricos e da prestação dos serviços de águas. Maiores informações e versõesonline de todos os documentos podem ser obtidas no site da iniciativa http://www.worldbank.org/laciuwm.

Box 1. A Iniciativa de Blue Water Green Cities do Banco Mundial

Como resultado do rápido e imprevisto crescimento urbano, da maior vulnerabilidade à mudança climática e das práticas relativamente ruins em gestão hídrica, um número crescente de cidades da América Latina e do Caribe estão enfrentando problemas para resolver o vácuo entre as demandas de uma população cada vez maior e a disponibilidade limitada de um recurso concorrido; para enfrentar os riscos relevantes para a saúde pública e o meio ambiente causados pela piora da poluição das águas; para proteger os cidadãos dos riscos cada vez maiores perante inundações procedentes de urbanizações que não estão bem localizadas; e, em geral, para criar um ambiente urbano que responda à demanda cada vez maior dos seus moradores por melhor bem-estar e qualidade de vida.

Mesmo que a América Latina seja a região mais urbanizada do mundo, as projeções do UN-HABITAT provam que a população urbana continuará crescendo, em parte como consequência do fato dos moradores rurais serem atraídos pelas perspectivas econômicas oferecidas nas cidades. O verdadeiro efeito do crescimento da população e urbanização soba disponibilidade hídrica é claro: a captação de água no mundo tem se triplicado nos últimos cinquenta anos devido ao crescimento da população, com captação de

água anual por pessoa de 600 m3 na média; além disso, o consumo de água doméstica no setor urbano representa 19% da captação total de água na América Latina e o uso industrial, que hoje representa 10% da captação total na região, está crescendo de forma continua nas áreas urbanas (WWDR 2009). Esses números são consideravelmente maiores nas bacias pertencentes a grandes áreas metropolitanas; por exemplo, mais de 60% de todo o uso de águas no Vale do México procede do consumo urbano. Paralelamente, a mudança climática provavelmente terá consequências ambientais e econômicas particularmente significantes na América Latina e no Caribe, pois a biodiversidade da região, a atividade econômica e os recursos hídricos e florestas são especialmente sensíveis ao clima (ECLAC 2010).

Arápidaurbanização,ademandacadavezmaiorporágua,ousodesorganizadodosoloeacontaminaçãodescontroladaameaçamoabastecimentodeágua,aumentamosriscosdeinundaçõeseafetamaqualidadedevidadosmoradoresdecidades

A população urbana na América Latina e no Caribe atingiu 79.4% em 2010, e se prevê que a porcentagem da população que mora nas áreas urbanas densamente povoadas da região aumentará ainda mais até 82%

2. Os desafios da água nas cidades de hoje

Figura 1. Evolução da população na América Latina

Fonte:DepartamentodeAssuntosEconômicoseSociaisdasNaçõesUnidas.

08

Megacidades(mais de 10 M)

Cidades grandes(menos de 10 M)

Cidades secundárias(menos de750 milhares)

Rural

Popu

laçã

o (m

ilhar

es)

800,000

700,000

600,000

500,000

400,000

300,000

200,000

100,000

01950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025

09Gestão Integrada de Águas Urbanas

para o ano 2025 (UN-HABITAT 2010). A maioria do crescimento da população em geral da América Latina se dará em cidades secundárias e as áreas rurais ficaram vazias (Figura 1). O impacto do crescimento da população terá implicações na forma na qual a água é administrada nas cidades da região: em caso de falta de medidas para economizar água, por exemplo, espera-se que a expansão da população projetada na América Central aumente a demanda de água em quase 300% para o ano 2050 e em mais de 1600% para o ano 2100 em uma situação de tendências (ECLAC 2010).

Além disso, a urbanização na América Latina e no Caribe têm aparecido em diversos países junto com aumento da pobreza e falta de prestação de serviços básicos, por exemplo: dos 471 milhões de moradores de cidades na região, 110 milhões moram em favelas, 13 milhões não têm acesso a uma fonte melhorada de água e 62 milhões não têm acesso a esgotamento sanitário melhorado (UM-HABITAT 2010). Como resultado disso, a qualidade de vida está diminuindo em muitas aglomerações urbanas, e o impacto nessas cidades não sustentáveis reflete-se nas horas perdidas no tráfego, perdas humanas e de propriedades em inundações, riscos para a saúde, degradação do meio ambiente e outros custos sociais e econômicos. Os impactos negativos das grandes cidades sobre os recursos hídricos são particularmente relevantes, com bacias que apresentam, com frequência, estresse hídrico e transferência em larga escala de esgotos não tratados para rios e oceanos. Ademais, a expansão urbana e a conversão associada do solo eliminam as funções chaves do ambiente aquático, alteram os padrões de escoamento e inibem a recarga natural, com consequências negativas para a qualidade de água (UN WWDR 2003).

Vulnerabilidadedamudançadoclima:Agestãodaáguadeveconsideraroestressehídricoprocedentedealtastemperaturas,mudançasnospadrõespluviaiseavariabilidadedoclima

A taxa anual média de aumento de emissões de dióxido de carbono na América Latina e no Caribe

para 1990-2005 ultrapassou a taxa global (2.6% e 1.8%, respectivamente) devido à tendência crescente de produção de energia (ECLAC 2010). Enquanto isso, as projeções climáticas para a América Latina e o Caribe indicam que as temperaturas médias aumentarão de forma continua na região toda, com o provável aumento médio em2100 entre 2 °C e 4 °C. Os padrões de chuvas mudarão em quantidade, intensidade e frequência, com projeções que variam de 20-40% de redução para um aumento de 5-10% para os anos 2071-2100. Essa grande variabilidade nos padrões climáticos aumentará o risco de eventos de temperatura extrema e menor confiabilidade no abastecimento de água bruta (ECLAC 2010). Considerando o efeito da urbanização, provavelmente as cidades se tornarão mais vulneráveis às inundações, secas e outros desastres naturais devido às precipitações mais intensas e menos frequentes. Outras ameaças para a água resultantes da mudança do clima na região incluem a severa redução da geração hidrelétrica devido ao retrocesso das geleiras, aumento na aridez de fontes hídricas e super exploração de recursos naturais (ECLAC 2010).

Essas tendências precisarão de ajustes na forma na qual a água é administrada para resolver a falta e a incerteza cada vez maiores. Depois de ter resolvido os efeitos da mudança climática, as mudanças previstas na demanda e disponibilidade de água resultam em um índice de intensidade do uso previsto de água (definido como demanda de água por à água renovável disponível) de 140% na América Central em 2100, e de 370% em caso de ausência de medidas de economia e adaptação. Mesmo as projeções baseadas em cenários mais conservadores sugerem que todos os países da América Central (sem considerar Belize) quebrarão o limite de 20% de intensidade do uso de água, internacionalmente reconhecido como crítico para o estresse hídrico, em 2100 (ECLAC 2010). Os custos econômicos associados com estas mudanças são significativos. As zonas temperadas na região poderiam perder até 1% do PIB anual por cada ano até o ano 2100 (ECLAC 2010).

10 Gestão Integrada de Águas Urbanas

hora de dar importância aos problemas comuns que enfrentam os diversos serviços urbanos (veja Box 3).

A natureza inter-relacionada destes desafios básicos prova a clara necessidade de um enfoque mais integrado para a gestão de águas para assim garantir a renovação dos recursos necessários para a sustentabilidade de longo prazo em um mundo urbano.

Na prática, mesmo que os serviços de águas urbanas e o planejamento urbano sejam campos interdependentes com muitos aspectos similares, geralmente eles são gerenciados por sistemas e instituições totalmente diferentes. Com frequência, em grandes áreas metropolitanas, existem diferentes jurisdições administrativas que prestam serviços ou que regulamentam o desenvolvimento urbano nas diferentes partes da região metropolitana. Da mesma maneira, os diferentes serviços de águas urbanas raramente são implementados, gerenciados e operados pela mesma instituição. As consequências se refletem na ausência de uma gestão integrada, enfoques ecossistêmicos e inovação institucional (BID 2002). Um enfoque integrado para a gestão de águas urbanas deverá, então, considerar não somente o contexto urbano para o planejamento das políticas sobre águas, mas também deverá coordenar a prestação dos diversos serviços de água da cidade.

Gestãoineficazdeáguas:Osenfoquesatuaissãopredominantementelocaiseespecíficosdosetor,oquefazcomquecareçamdeinovaçãoeescopoparasedesenvolvercomodesafiostransversais

Os recursos hídricos não estão sendo administrados de forma eficaz ou sustentável. Como um exemplo, a América Latina perde pelo menos 30% da água coletada e tratada para o consumo público, o que equivale a aproximadamente nove bilhões de metros cúbicos de água por ano. Um estudo recente do Banco Mundial prova que mais de 25% das águas no Vale do México está sendo utilizado de forma economicamente ineficaz, o que resulta em um rebaixamento do aquífero; assentamentos em solos caros em muitas partes da Cidade do México; e à necessidade de transferências relevantes de outras bacias hidrográficas (Banco Mundial 2012). Dentre os obstáculos comuns na gestão na América Latina e no Caribe, a eficiência na gestão das águas urbanas, em geral, sofre com o baixo percentual de cobertura das redes de água; uma pobre valoração econômica dos recursos hídricos; uma alocação deficiente entre os usos concorrentes; e a falta de fundos para manutenção e operação (BID 2002). Muitas dessas fraquezas procedem de uma confiança excessiva em enfoques parciais da gestão hídrica e uma pobre conceição do ciclo das águas, o que ocasiona erros na

• Zoneamento: O zoneamento é um instrumento chave no planejamento urbano e deveria ser coordenado junto com a prestação de serviços de água. Por meio do zoneamento, as planícies aluviais podem-se manter livres de infraestruturas críticas; o desenvolvimento urbano pode se tornar mais denso, fácil e rentável para servir os usuários.

• Paisagismo urbano com uso inteligente de água: Cidades como Las Vegas têm adotado um paisagismo urbano que minimiza o consumo de água para as áreas verdes (públicas e privadas), chegando até o ponto de pagar para que os proprietários privados substituam seus gramados por paisagismo apropriado para o clima. Os conceitos tais como um desenvolvimento de baixo impacto garantem que o ciclo natural da água se mantenha o mais natural possível, por exemplo, por meio do incentivo à infiltração local ou retenção de águas pluviais.

• Valorização dos recursos hídricos urbanos: Cidades tão diversas como São Paulo, Bogotá ou San Diego têm reconhecido o valor urbanístico significativo das fontes hídricas dentro da estrutura urbana e têm procurado transformar os rios, lagos e/ou lagoas previamente poluídos e desconectados em espaços urbanos para poder dar recreação à população, além de uma gestão das águas pluviais, proteção em caso de inundações e proteção ecológica.

Box 2. Exemplos de inter-relações entre o planejamento urbano e os serviços de água

GEstão IntEGrAdA dE ÁGuAs urBAnAs

A Gestão Integrada de Águas Urbanas é um processo flexível, participativo e iterativo que integra os elementos do ciclo de água urbano (abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de águas pluviais e gestão de resíduos sólidos) com o desenvolvimento urbano da cidade e a gestão da bacia hidrográfica para assim maximizar os benefícios ambientais, sociais e econômicos de forma equitativa.

Como se apresenta na Figura 2, a Gestão Integrada de Águas Urbanas tenta coordenar três dimensões geralmente distintas (e as instituições relativas, os instrumentos de planejamento e os mecanismos de financiamento) dentro de um enfoque integrado:

• serviços de águas urbanas (abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de águas pluviais, e gestão de resíduos sólidos). No contexto da Gestão Integrada de Águas Urbanas, as conexões entre

3. Gestão Integrada de Águas Urbanas: Um enfoque para as cidades do amanhã11

Figura 2. Gestão Integrada de Águas Urbanas (IUWM)

Fonte:OsautoressebasearamemTucci(2010).

estes serviços são vistas como uma importante dimensão também.

• desenvolvimento urbano. A Gestão Integrada de Águas Urbanas não se limita à busca de um planejamento coordenado para o desenvolvimento da cidade e serviços de água; o desenvolvimento urbano pode e deve ser um instrumento para a melhor gestão de águas urbanas considerando que a forma na qual as cidades se desenvolvem é influenciada por e tem um impacto na prestação dos serviços de água.

• Gestão de bacias. A Gestão Integrada de Águas Urbanas não pretende substituir os enfoques tradicionais da Gestão Integrada de Recursos Hídricos, mas pretende garantir que a gestão no nível de bacias seja bem coordenada conforme as especificidades das realidades no nível das cidades, especialmente no caso de bacias com uso relevante de água urbana .

Além disso, a Gestão Integrada de Águas Urbanas reconhece que as responsabilidades dessas diversas dimensões geralmente são assumidas por diferentes atores de diversas jurisdições vizinhas no nível de municípios, regional e nacional na maioria das regiões metropolitanas. Esses atores deveriam achar os mecanismos para poder coordenar seu trabalho e assim atingir a Gestão Integrada de Águas Urbanas.

Na prática, a Gestão Integrada de Águas Urbanas é um enfoque multifacetado que varia dependendo da natureza dos desafios específicos de água em uma cidade e do nível de desenvolvimento das instituições de gestão de água. Da mesma maneira, o resultado de um enfoque da Gestão Integrada de Águas Urbanas não está predeterminado e será diferente segundo a cidade. Apesar disso, há contrastes gerais em um enfoque integrado para os desafios de água, que estão descritos com mais detalhes no Capítulo 4.

Gestão de bacia hidrográfica

Uso do solo

Cidades verdes

Desenvolvimento urbano

Irrigação

Navegação

Ecossistemas

Hidroelétrica

USU

ÁRIO

S DE

ÁGU

A

Gestão deinundações

e seca

Abastecimentode água

Saneamento de águas servidas

Águaspluviais

Resíduossólidos

Serviços de água

12 Gestão Integrada de Águas Urbanas

PorquE A GEstão IntEGrAdA dE ÁGuAs urBAnAs é IMPortAntE

Em uma época de maiores riscos ambientais e menores condições financeiras, a adoção de um enfoque integrado para a gestão de águas urbanas não é somente importante para promover a sustentabilidade ambiental das cidades, mas também para economizar custos consideráveis por meio: da melhoria da qualidade de vida e da redução da vulnerabilidade à desastres para os moradores de cidades; do aumento da eficiência nos serviços de água; e, geralmente, da redução dos custos econômicos da gestão deficiente de água, pavimentando os caminhos para um crescimento urbano inclusivo e verde.

Com frequência, o planejamento urbano está desassociado dos serviços de águas urbanas e não consideram as metas ambientais e de saúde. Esta situação se dá devido à fragmentação do desenvolvimento e gestão dos serviços de águas urbanas, sendo assim, o abastecimento de águas, o esgotamento sanitário e as intervenções de drenagem são executados sem metas em comum, resultando em impactos inconsistentes. Diversos fatores explicam a razão pela qual não é comum que as águas urbanas sejam gerenciadas sob uma organização integrada. Em primeiro lugar, esses serviços são tradicionalmente prestados por diversas instituições e é difícil mudar e criar uma nova instituição integrada ou fazer com que os atores institucionais se deem conta dos benefícios de trabalhar juntos, como resultado de agendas incompatíveis. Em segundo lugar, as percepções do público sobre a importância de certos serviços relativos às águas urbanas

tende a ser baixa, particularmente no caso de resíduos sólidos e águas pluviais. Como resultado disso, não há muitadisposição a pagar pela operação, manutenção ou pela recuperação dos custos dos investimentos, comprometendo a viabilidade de cobrar por estes serviços. Em terceiro lugar, a ausência de medidas para avaliar o desempenho dos serviços de utilidade pública resulta em custos e tarifas maiores, por um lado, e uma baixa eficiência no fornecimento dos serviços, por outro.

Os serviços urbanos deficientes advindos de práticas ruins na gestão de águas urbanas gera um ônus econômico significativo. Em Tegucigalpa, por exemplo, o custo anual pelos serviços deficientes chega até US$160 milhões ou 2.4% do PIB nacional (Banco Mundial, 2010). O abastecimento de água sem confiabilidade e a falta de saneamento básico nas cidades causam grandes custos: em termos de tempo produtivo perdido por doenças, custos de saúde e com pacientes incorridos pelo tratamento da diarreia, custos por mortes evitáveis e custos pelo tempo perdido com o acesso deficiente às instalações (Organização Mundial da Saúde, 2004). Os benefícios econômicos totais pelo maior acesso a esgotamento sanitário e serviços de água melhorados para todos por um ano forneceria um beneficio econômico combinado de $3.33 bilhões na região das Américas. Por suas vez, o abastecimento de água por rede para as moradias, além de uma ligação de esgotos parcial para todos por um ano causaria benefícios de $9 bilhões (Organização Mundial da Saúde, 2004). Mais economias de custos poderiam ser obtidas por meio de menores custos de transação e de economias de escala relativas aos diferentes aspectos integradores da prestação dos serviços de água na cidade.

• Abastecimento de água e outros serviços de água: (a) os lançamentos de esgotos e águas pluviais contaminam as fontes hídricas usadas para o abastecimento de água; (b) a lixiviação dos aterros sanitários contaminam as águas subterrâneas e/ou os rios a jusante; (c) a erosão pode afetar a qualidade das fontes hídricas usadas para o abastecimento de água.

• Esgotamento sanitário e drenagem: (a) as redes mistas de esgotos e drenagem afetam a eficiência do tratamento de esgoto; (b) em sistemas separados, o maior desafio é evitar a ligação de redes de drenagem nas redes de esgotos, e vice-versa; (c) a falta de cobertura na coleta de esgoto terá um impacto nos sistemas de drenagem, pois estes provavelmente receberão esgoto por meio de ligações ilegais.

• drenagem e resíduos sólidos: (a) a eficiência das redes de drenagem ficará afetada pela falta de limpeza das ruas e de serviços de resíduos sólidos, pois o lixo é a causa mais comum de contaminação e entupimento de canais e tubulações de águas pluviais; (b) o controle da erosão e drenagem requer estratégias comuns, pois os sedimentos afetam o desempenho dos sistemas de drenagem.

Box 3. Exemplos de inter-relações entre os serviços de águas urbanas

13Gestão Integrada de Águas Urbanas

Além disso, há um reconhecimento cada vez maior da grande relação entre a estrutura urbana de uma cidade e seu padrão de crescimento, com a prestação de serviços de água (veja Box 2). Por exemplo, apesar de ter populações mais ou menos similares, as cidades de Atlanta e Barcelona diferem totalmente nos seus modelos de desenvolvimento. Barcelona ocupa somente 1/20 do seu território, fazendo com que a prestação dos serviços seja mais rentável, mas também, criando perfis potenciais de riscos diferentes em termos de inundações. O crescimento de povoados informais perto dos reservatórios principais de cidades como São Paulo ou Tegucigalpa resulta em uma menor qualidade de água e custos de tratamento consideravelmente maiores. A decisão tomada pela cidade de Las Vegas no ano 2000 de regular o paisagismo dos solos privados e públicos e de fazer com que os proprietários deixem seus gramados verdes por espécies nativas resultou em economias de aproximadamente 17 M m3 por ano, uma redução em 20%, apesar de ter meio milhão de

novos moradores no mesmo período de tempo. Além disso, a cidade brasileira de Porto Alegre adotou, no ano 2006, um plano de gestão de águas pluviais que criou uma regulamentação para os desenvolvedores urbanos minimizarem os escoamentos de novas construções e fomentarem a infiltração ou retenção no local. A cidade calcula que através da promoção destas medidas, ela poderá economizar aproximadamente 90 M USD com medidas de proteção perante inundações a jusante a um custo de aproximadamente 15 M USD para os desenvolvedores urbanos. Cidades tais como Bogotá ou Buenos Aires estão aproveitando a oportunidade dos esforços de limpeza dos rios e mitigação de inundações em larga escala para criar novas áreas de recreação pública e melhorar assim tanto a qualidade de vida dos moradores de cidades quanto os valores ambientais dessas fontes hídricas.

Um desafio adicional em muitas áreas metropolitanas grandes na América Latina é a presença de muitas

Autores, tais como Brown, têm tentado apresentar a Gestão Integrada de Águas Urbanas como a evolução lógica das cidades que inicialmente tinham focado na prestação dos serviços de água e que pouco a pouco reconheceram as interconexões e interdependências do desenho urbano, gestão de recursos naturais e prestação de serviços (Brown 2008). Nesse sentido, o conceito de Brown sobre cidades sensíveis à água está próximo ao conceito deste resumo sobre cidades verdes, que são cidades que se desenvolvem de forma eficaz, limpa, flexível e equitativa.

Box 4. uma perspectiva histórica da Gestão Integrada de Águas urbanas

Fonte:Brownetál.(2008).

Fatores sociopolí cos cumula vos

Funções da prestação dos serviços

Cidade comabastecimentode água

Cidadecom esgotos

Cidadecom

drenagens

Cidadecom viasnavegáveis

Cidadecom cicloda água

Cidadesensível à água

Acesso esegurança noabastecimentode água

Proteção paraa saúdepúbica

Proteçãoante

inundações

Proteçãoambiental,instalações

sociais

Limites nosrecursosnaturais

Equidadeintergeracional,flexibilidade àmudança do clima

Abastecimentohidráulico

Sistemasde esgotosseparados

Canalização,drenagem

Gestão depolução defontes difusase não difusas

Conservação &diversas fontesadequadas à sua fi-nalidade, promoçãoda proteção dasvias navegáveis

Infraestruturamul funcional

adapta va & desenhourbano que reforça oscomportamentossensíveis à água

14 Gestão Integrada de Águas Urbanas

entidades administrativas e a falta de mecanismos eficazes de governança metropolitana. No caso da Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, existem 39 diferentes municípios, cada um deles com a sua própria visão do planejamento urbano e uso dos solos, instituições e regulações; alguns deles têm dado concessões para a prestação de serviços para o setor de esgotamento sanitário e de abastecimento de água para a empresa de saneamento básico do Estado, a SABESP, mas não todos eles. Além disso, a gestão de resíduos sólidos fica, em geral, sob a responsabilidade dos municípios. Apesar de ter um regime jurídico que criou uma estrutura de governança a nível metropolitano, a coordenação e o planejamento metropolitano em geral dependem em grande parte dos acordos ad-hoc. A mesma situação acontece na área da Grande Cidade do México, que abrange diversos estados, um distrito federal, mais de 70 municípios e um governo federal que administra a maioria do abastecimento de águas primárias, águas pluviais e a infraestrutura para o tratamento de águas servidas.

Finalmente, a relação entre uma cidade e as suas bacias, especialmente no caso de uma área metropolitana maior, é uma característica determinante da gestão de águas urbanas (veja Box 5). Diversas metrópoles da América Latina estão entrando em um novo território com as melhores práticas exemplares nesta área. No Brasil, o programa de Gestão Total de Águas Urbanas do Estado de São Paulo sincroniza a melhoria urbana com políticas de gestão de recursos hídricos, objetivos de

qualidade de água e regulamentações sobre o uso do solo; além disso, esse programa integra os objetivos de qualidade para diversas áreas de captação e promove as interconexões entre as regiões metropolitanas com estresse hidrográfico para resolver conflitos (Estado do Governo de São Paulo, 2010). Outros prognósticos incluem à Área Metropolitana de Medellín, na Colômbia, onde a Gestão Integrada de Águas Urbanas encarrega-se dos riscos de erosão de águas pluviais e deslizamentos no Vale de Aburrá – Medellín, densamente urbanizado, e nas cidades de Monterrey no México e Vitória no Brasil. Esses modelos da Gestão Integrada de Águas Urbanas eficaz estão tornando rapidamente os desafios de urbanização e mudança do clima em oportunidades para uma gestão de recursos mais inteligente e um crescimento sustentável.

BoAs PrÁtICAs PArA uM EnfoquE dE suCEsso dA GEstão IntEGrAdA dE ÁGuAs urBAnAs

Algumas características centrais são comuns para as estratégicas de sucesso da Gestão Integrada de Águas Urbanas na maioria de cenários, e os princípios baseiam-se na relação a seguir que reflete as boas práticas geralmente aceitas; outras têm desenvolvido e proposto princípios para atingir os resultados de um enfoque da Gestão Integrada de Águas Urbanas, que não foram inclusos aqui (Banco Mundial, 2012).

• A Gestão Integrada de Águas urbanas precisa ser desenhada para os desafios dinâmicos e

• recursos hídricos para garantir o abastecimento de água: As grandes cidades têm um interesse estratégico nas suas bacias. As megacidades, ou inclusive cidades maiores, geralmente representam a um consumidor significante de água bruta nas suas bacias e, às vezes, em bacias afastadas. São Paulo, a Cidade do México e Monterrey obtêm grandes quantidades de água de bacias externas. As cidades pelo geral procuram manter a qualidade da água dos seus próprios recursos, requerendo geralmente de mecanismos para grandes bacias e de trans-jurisdições para atingir o mesmo. Os mecanismos para o nível de bacias são também importantes ante a incerteza do clima, para garantir um adequado abastecimento de água em situações de secas, por exemplo, através da comercialização de direitos de água ou compras de emergência da irrigação ou outros usuários.

• Controle de poluição: Contrariamente, as cidades também afetam significativamente os corpos hídricos a jusante, gerando cargas orgânicas muito significantes que geralmente chegam sem tratamento até os corpos hídricos próximas, limitando severamente assim o uso para recreação, abastecimento de águas urbanas e, às vezes, para a recreação. A gestão holística da qualidade de água, que considera o controle rentável de todas as fontes de poluição para poder atingir os objetivos de qualidade água, só se pode fazer no nível de bacias.

• Gestão perante inundações regionais: Os perfis de inundações de rios urbanos podem ser consideravelmente afetados pelos desenvolvimentos dados nas bacias a montante, quer que seja pelo desmatamento ou a urbanização.

Box 5. Exemplos de inter-relações entre uma cidade e as suas bacias

15Gestão Integrada de Águas Urbanas

específicos de cada área urbana. Os enfoques da Gestão Integrada de Águas Urbanas podem variar tremendamente dependendo da organização institucional respeito da gestão das águas e da gestão urbana em uma área urbana em particular, bem como dos desafios específicos das águas. O escopo da Gestão Integrada de Águas Urbanas em um caso em particular também pode diferir dependendo do tipo de influência na área urbana dentro da bacia hidrográfica (uma cidade pode situar-se em uma bacia completa, representar uma parte dentro de uma bacia hidrográfica e inclusive terminar por influenciar ainda mais do que uma bacia). Os desafios e escopos multifacetados para a Gestão Integrada de Águas Urbanas destacam a importância de uma boa avaliação para compreender melhor os desafios das cidades locais.

• A Gestão Integrada de Águas urbanas implica uma série de instrumentos e enfoques participativos para ajudar as partes interessadas importantes institucionais e não institucionais no desenvolvimento de um diagnóstico concordado dos desafios da área urbana, bem como de uma visão compartilhada do desenvolvimento no futuro da área urbana de influência. Os enfoques participativos podem com certeza resultar em um processo mais longo, mas uma vez atingidos, os planejamentos e diagnósticos participativos tornam-se potentes ferramentas com maiores oportunidades de sustentabilidade e concordância com o tempo.

• A Gestão Integrada de Águas urbanas não é uma ação de só uma vez, ela é um processo de longo prazo e iterativo. As características e desafios das áreas urbanas estão obrigados a mudar com o tempo. Esse é o motivo pelo qual o planejamento torna-se um processo por ciclos que reviste continuamente os desafios das áreas urbanas e as prioridades, além dos meios e as ações para tratar esses desafios. Um processo de Gestão Integrada de Águas Urbanas participativo e iterativo também permite combinar tanto as agendas de longo prazo quanto as de curto prazo, usando uma visão de longo prazo para informar sobre as ações tomadas hoje.

• A Gestão Integrada de Águas urbanas tem que ver com instituições e processos, bem como com infraestruturas e investimentos. A Gestão Integrada da Água em um entorno urbano tende a ser desafiante, pois isso implica uma grande variedade

de sistemas e instituições, tanto dentro da cidade quanto no nível da bacia hidrográfica. Esta condição pode criar desafios na gestão de problemas comuns, tais como lançamentos de águas pluviais e esgotos que contaminam as fontes de abastecimento de água ou que resultam em um crescimento urbano desorganizado da drenagem. As cidades que podem coordenar com as instituições de gestão de água ou que possam fazer com que essas instituições trabalhem usando os mesmos planos, diretrizes ou alvos tendem a mostrar melhor desempenho do que as cidades que não fazem isso (Porto e Tucci, 2010).

• A Gestão Integrada de Águas urbanas deve ser informada por meio de dados científicos sólidos e a análise técnica.Mesmo que a Gestão Integrada de Águas Urbanas seja altamente política por natureza, a tomada de decisões pelas partes interessadas chave deve ser informada por meio de uma análise técnica sólida. A análise deve incluir não somente aspectos setoriais e de engenharia, mas também avaliações sociais, econômicas e financeiras sólidas para informar sobre o processo de tomada de decisões de forma coerente.

• A Gestão Integrada de Águas urbanas deve deixar de ser um pensamento linear e segmentado. Um objetivo chave da Gestão Integrada de Águas Urbanas é poder passar de um metabolismolineardeáguasurbanas3, que confia em uma disponibilidade ilimitada dos recursos e energia e que não pode enfrentar os impactos adversos dos resíduos e de outros outputs no ambiente e na sociedade (veja Kennedy etal., 2007), para um metabolismo cíclico que visa evitar, minimizar, usar ciclos e transformar os inputs dentro da cidade para assim poder reduzir ou, melhor ainda, eliminar os outputs, isto é, os impactos negativos na qualidade de vida dos moradores de cidades e do ambiente (Novotny, 2010).

• A Gestão Integrada de Águas urbanas procura dirigir os desafios de hoje sem perder a visão do futuro. Muitas cidades da América Latina estão longe de se dar conta da visão ideal de uma CidadedoFuturo,o termo cunhado para as cidades verdes e sustentáveis pela International Water Association (IAW, 2011). Mesmo assim, é muito importante que os desafios da água de hoje sejam tratados de forma a refletir um enfoque integrado, sem esquecer a visão de longo prazo à qual a cidade e a região devem chegar.

3 O grupo de processos socioeconômicos e técnicos que acontecem dentro de cidades, resultando em crescimento, produção de energia e remoção de resíduos (fonte: (Kennedy etal., 2007).

Este capítulo compara o resultado esperado das respostas tradicionais e isoladas para os desafios de águas urbanas para aqueles estimulados por uma perspectiva da Gestão Integrada de Águas Urbanas, onde os desafios são entendidos e tratados por todas as partes interessadas de forma coordenada.

serviços/impactos para cidades

desafios Enfoque tradicional Enfoque da Gestão Integrada de Águas urbanas

deficiências do abastecimento de água

• Falta de recursos hídricos pelas condições do clima, uso excessivo ou poluição.

• Falta de cobertura.

• Grandes perdas de água.

• Falta de gestão de demandas o que resulta no uso excessivo.

• Novos recursos são identificados e conectados para o sistema, focando-se no tratamento de águas para tratar os possíveis problemas de poluição.

• Proteção dos recursos hídricos existentes (em termos de bacias) para manter a qualidade e quantidade – uso do solo regulado e ordenado na bacia de abastecimento de água.

• Gestão de demandas: Medição individual, uso de incentivos econômicos pelo menor uso das águas para todos os usuários, uso de uma estrutura de tarifas sustentáveis.

• Controle de perda de água; redução das perdas físicas e financeiras.

• Incentivos pelo reuso e reciclagem de água, pagamento por serviços ambientais.

• O seguinte recurso deve considerar-se como o “último recurso”.

falta de saneamento

• Falta de sistemas de coleta ou conexão para as redes de esgotos.

• Falta de estações de tratamento para esgotos.

• Lançamentos ilegais.

• Esgotos nas redes de águas pluviais e águas pluviais nas redes de esgotos.

• Prioriza-se a implementação de grandes sistemas centralizados de tratamento e coleta, sem considerar a eficiência da coleta e com altos custos de implementação e manutenção.

• Consideração do esgotamento sanitário no local e sistemas de reuso e tratamento descentralizados (especialmente na indústria e na agricultura) como alternativa para o tratamento centralizado.

• Reciclagem das águas servidas tratadas para reuso potencial dentro ou fora da cidade.

• Incentivos por conexões nas moradias.

4. Práticas da Gestão Integrada de Águas Urbanas

16

tabela 1. Desafios chave da Gestão Integrada de Águas Urbanas e comparação de respostas comuns

17Gestão Integrada de Águas Urbanas

serviços/impactos para cidades

desafios Enfoque tradicional Enfoque da Gestão Integrada de Águas urbanas

Poluição das águas da superfície

• Menor disponibilidade para mais usos.

• Impacto nos ecossistemas.

• Impacto na estética.

• Problemas de saúde graves principalmente durante inundações.

• O grande investimento no tratamento de águas servidas fica abandonado ou subutilizado.

• Os níveis de padrões de lançamento de poluentes são estabelecidos sem considerar a qualidade da água em todo o sistema hidrográfico.

• Planejamento dos alvos de qualidade de água de toda a bacia hidrográfica e definição dos níveis de tratamento com base nos objetivos de qualidade de água alcançáveis e desejáveis na hora de receber massas de água.

• Uso de instrumentos de controle e comando, bem como instrumentos econômicos para reduzir a poluição.

• Inclusão da poluição difusa como parte dos objetivos de qualidade de água.

• Desenvolvimento de estratégias financeiras sólidas para a operação e manutenção do tratamento de águas servidas.

sedimentos e resíduos sólidos

• Falta de coleta de resíduos sólidos.

• Falta de controle de erosão e presencia de sedimentos nas obras.

• Falta de participação de cidadãos no controle da disposição de resíduos sólidos em espaços públicos.

• Falta de reuso.

• Resíduos sólidos mal gerenciados e a produção de sedimentos provocam o entupimento de tubulações de drenagem, reduzindo assim a eficiência e aumentando os custos de manutenção.

• A gestão de resíduos sólidos está totalmente separada da gestão de outros serviços urbanos.

• Áreas com povoados informais e pobres não recebem geralmente os serviços, pois é muito difícil coletar resíduos usando os caminhões tradicionais.

• Sem incentivos para o controle, reuso e reciclagem de resíduos.

• O controle do uso do solo não promove o controle da erosão em solos descampados e não urbanizados.

• A gestão de resíduos sólidos é considerada como parte da gestão ambiental da cidade, junto com a drenagem e o esgoto.

• Estratégia da gestão de resíduos sólidos para cobrir toda a área urbana; medidas de incentivos para controlar a produção e aumentar a reciclagem.

• Campanhas de educação para todos os segmentos da população.

• Implementação de cobros pelos serviços segundo o volume ou o peso para assim reduzir a produção de resíduos.

• Controle da erosão em áreas descampadas.

• Controle de sedimentos nas obras, com regulações e aplicabilidades, e desincentivos pelo uso de sacos de plástico e containers.

18 Gestão Integrada de Águas Urbanas

serviços/impactos para cidades

desafios Enfoque tradicional Enfoque da Gestão Integrada de Águas urbanas

Águas pluviais • Ocupação de áreas propensas a inundações.

• Impermeabilidade excessiva com aumento consequente nos caudais de picos.

• Baixa qualidade da água, pois as velocidades mais altas têm uma maior capacidade de trazer poluentes, sedimentos e resíduos sólidos.

• Canais, tubulações e outras medidas estruturais foram construídos para remover as águas procedentes de inundações o mais rápido possível. Os impactos a jusante não são considerados.

• As medidas estruturais predominam.

• A perspectiva da bacia é a mais importante.

• As medidas de prevenção (desenvolvimento com baixo impacto, regulações de planejamento urbano, retenção a montante) devem ser priorizadas antes do que as medidas corretivas, por exemplo, medidas no local para a infiltração e práticas de construção ecológica.

• Perturbações para o ciclo de água natural são minimizadas.

• O planejamento urbano é considerado como um instrumento importante para controlar o desenvolvimento urbano em áreas propensas a inundações; impermeabilidade e retenção de água controladas nos novos desenvolvimentos urbanos, por exemplo, através dos reservatórios e a redução do escoamento; regulamentos e práticas integrados com o uso do solo urbano e as políticas ambientais.

desenvolvimento urbano / uso dos solos

• Falta de integração do planejamento urbano com assuntos sanitários e ambientais.

• Áreas propensas a inundações estão ocupadas.

• Os investimentos necessários para melhorar os povoados informais são altos.

• O planejamento urbano não considera os impactos nos sistemas de águas pluviais.

• O planejamento urbano não considera a carga para os sistemas de esgotamento sanitário e de águas nas novas áreas de desenvolvimento.

• A zona de inundações tem relação com os diferentes níveis de riscos disponíveis para a comunidade toda.

• Atividades sensíveis desenvolvidas fora das áreas propensas a inundações; busca-se um equilíbrio entre o aumento da densidade e a proteção de áreas impenetráveis.

• Deve-se considerar a verticalização vs. expansão, pois os impactos na infraestrutura da água e nos escoamentos são significativos.

• Planejamento urbano e planejamento de espaços verdes coordenados com o planejamento dos sistemas de águas e o paisagismo sensível ao clima.

• Regulamentações em vigor para incentivar o desenvolvimento de baixo impacto e o impacto monetário das inundações nas novas urbanizações.

• Restrições e incentivos econômicos para proteger a bacia hidrográfica do município e incentivos pela construção de prédios ecológicos.

19Gestão Integrada de Águas Urbanas

serviços/impactos para cidades

desafios Enfoque tradicional Enfoque da Gestão Integrada de Águas urbanas

• Desenvolvimento de corpos hídricos como parte da paisagem urbana com diversas funções (regeneração ambiental, recreação, prevenção de inundações, etc.)

Gestão de bacias • Conflitos pelo uso das águas em bacias hidrográficas super exploradas.

• Alocação economicamente ineficaz dos recursos hídricos.

• A poluição dos corpos hídricos por parte dos usuários a montante ocasiona grandes custos para os usuários a jusante.

• A gestão em caso de inundações “fica a jusante”.

• As autoridades da gestão das bacias têm poder institucional e financeiro limitado.

• Padrões de qualidade de água estritos fornecidos sem considerar o uso potencial ou real das dos corpos hídricos.

• Proteção das bacias para o abastecimento de água em volume pelos municípios; pagamento pelos projetos de serviços ambientais.

• Alocação de água entre usuários concorrentes e para enfrentar as secas.

• As cidades com gestão em caso de inundações regionais geralmente são inundadas por rios com fluxo a montante.

• A gestão holística da qualidade de água considera um controle rentável de todas as fontes de poluição para atingir os objetivos de qualidade de água.

Regime institucional

• Os fornecedores dos serviços municipais trabalham de forma descoordenada.

• Para alguns serviços, não existem mecanismos de recuperação de custos claros.

• Não existe um mecanismo de gestão ampla de águas para cidades ou para a integração da bacia/cidade. Muitos municípios e jurisdições trabalham de forma descoordenada.

• A gestão das águas pluviais geralmente não é assumida por ninguém.

• Concentração de atividades focadas nos fornecedores de serviços individuais.

• As agencias de bacias trabalham com capacidade limitada (tanto financeiras quanto técnicas).

• A gestão de águas pluviais realiza-se geralmente pela construção de sistemas de drenagem.

• Criam-se mecanismos para garantir a gestão eficaz da água dentro da cidade enquanto se esclarece a relação entre a cidade, a bacia e os comitês das bacias.

• Quando possível, os mecanismos de governança metropolitana utilizam-se para garantir que os diversos municípios e jurisdições trabalhem de forma coordenada.

• Os serviços consolidam-se em um só fornecedor; os mecanismos de coordenação entre serviços melhoram; a relação entre o planejamento e o desenvolvimento urbano reforça-se.

• Mecanismos de recuperação de custos criam-se para poder fornecer os incentivos adequados pela gestão de águas; os subsídios são para os pobres.

• Estabelecem-se leis e regulamentações aplicáveis.

• Incentivos pela construção e participação do público.

20 Gestão Integrada de Águas Urbanas

seriam coletadas e transportadas com tubulações mais longas em estações de bombeamento de águas. Os investimentos em águas e as decisões da gestão seriam tomadas pelos serviços prestadores de água sob o controle de um único município, sem considerar o contexto regional mais amplo, os objetivos ambientais ou, ainda, os processos de gestão e planejamento urbano. O enfoque tradicional dos serviços de água urbana não é mais viável pelas restrições ambientais e financeiras cada vez maiores que vêm acompanhadas deste processo inerentemente ineficaz.

Pelo contrário, a Figura 4 representa de forma gráfica o conceito emergente da Gestão Integrada de Águas Urbanas. As soluções não são somente dadas pelos investimentos em infraestruturas, mas também pelas novas práticas de planejamento e gestão. A “caixa de ferramentas” de possíveis intervenções tem crescido grandemente, e, em lugar de ter somente infraestruturas tradicionais para aumentar o abastecimento, existem novas práticas tais como a conservação de água, recuperação e reuso de águas servidas e dessalinização para aumentar assim a disponibilidade das águas. Além disso, utiliza-se a drenagem urbana sustentável para reduzir a quantidade de escoamentos e melhorar a qualidade; além disso, melhora-se a gestão de bacias para proteger a qualidade e disponibilidade de águas brutas. Mais importante ainda, os serviços públicos de água não estão trabalhando independentemente, mas de forma conjunta em um processo de planejamento e gestão da área metropolitana e da bacia onde as ações estão coordenadas para assim reduzir custos e melhorar resultados.

A Figura 3 e a Figura 4 oferecem maiores exemplos de como um enfoque da Gestão Integrada de Águas Urbanas pode resultar em uma visão muito mais holística do ciclo de água urbana. O enfoque tradicional apresentado na Figura 3 é para focar-se em uma série limitada de opções de infraestruturas físicas para poder satisfazer as necessidades hídricas de uma cidade só. Para poder satisfazer as necessidades cada vez maiores de água, uma cidade investiria mais pela construção de infraestruturas mais custosas como um esforço por abastecer de água os locais mais distantes e/ou aumentar a capacidade. Os esgotos, às vezes, seriam coletados, tratados e lançados, mas, às vezes, voltariam para os corpos hídricos receptores. As águas pluviais, com quantidades cada vez maiores pela urbanização,

Figura 3. Gestão de água tradicional nas cidades

Figura 4. Gestão Integrada de Águas Urbanas para cidades verdes

Cidade

Águas brutas

Planta detratamento

de água

Planta detratamento deáguas servidas

Águ

as d

a co

sta

Águas pluviais

Sistema convencional de água urbana

Fonte de águas subterrâneas e/ou da super cie

Águas limpas

Serviço de pública de água

Águas subterrâneas e/ou da super cie

Águas da costa

Área metropolitana

Serviço de u lidade pública de água

Planta detratamento de

água

Planta detratamento deáguas servidas

Águas pluviaisÁguas brutas Águas limpas

Conservaçãoda água

Reusoda água

Dessalinização

Drenagemsustentável

Instalaçõesambientais

Gestão debacias

Planejamento urbano

Manejo de recursos hídricos de bacias/regional

Figura 5. Processo passo a passo para desenvolver e implementar uma estratégia para a Gestão Integrada de Águas Urbanas

5. O processo da Gestão Integrada de Águas Urbanas

21

Fase 2 - AVALIAÇÃO

Iden ficação ePriorização

Compar lhada dosProblemas Urbanos

e da Água

Diagnós co final Desafios chave:boa ciência,modelação

Desafios chave:Incerteza, risco, obje vosmúl plos e obstáculos

Avaliaçãoquan ta va equalita va

Ponto de entrada parapaíses com algumaexperiência em GestãoIntegrada de ÁguasUrbanas que buscamrefinar estratégias

existentes

Ponto de entrada parapaíses com estratégiasexistentes de Gestão

Integrada de Águas Urbanas,mas com uma organização

de monitoramento limitada.

Ponto de entrada parapaíses sem ou compouca experiência naGestão Integrada deÁguas Urbanas

Fase 4 - IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO

Implementaçãopar cipa va doPlano Estratégicode Ação

Gestão Integrada deÁguas Urbanasimplementada emonitorada

Desafios chave:Financiamento

Desenho do sistemade monitoramentoe mecanismo de

ajuste

Fase 1 - COMPROMISSO

Iden ficação daspartes interessadas

Plano de preparaçãode capacidades eplano de a vidades

Desafios chave:Análise das partes

interessadas,vontade polí ca

Planejamentopar cipa vo

Fase 3 - PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO

Avaliaçãode possíveisestratégias

Consensosnos obje vos,metas eações

Iden ficaçãode fontespotenciais definanciamento

PlanoEstratégicode Ação

22 Gestão Integrada de Águas Urbanas

VIsão GErAlO capítulo anterior ressaltou algumas das práticas emergentes relativas à Gestão Integrada de Águas Urbanas. O presente capítulo apresenta um enfoque para identificar a forma pela qual essas práticas podem ser identificadas, desenvolvidas e aplicadas em um entorno urbano específico. Este processo geral pode ser utilizado pelos atores que dão suporte para as cidades e as áreas metropolitanas no desenvolvimento ou reforço de estratégias da Gestão Integrada de Águas Urbanas. Além disso, ele pode ser utilizado por outras partes interessadas das entidades municipais e nacionais para ajudar no planejamento ou priorização dos investimentos nas cidades da América Latina e de outros locais.

O enfoque desenvolve-se em quatro fases importantes a seguir (Figura 5):

• Fase de compromisso. • Fase de avaliação.• Fase de planejamento participativo.• Fase de monitoramento e implementação.

Essas fases são flexíveis e precisam ser desenhadas conforme os desafios primários de uma cidade e o nível de desenvolvimento institucional. De fato, mesmo que essa guia esteja planejada principalmente para cidades onde a Gestão Integrada de Águas Urbanas seja um conceito novo, a estrutura proposta permite muitas alternativas nos diversos passos do processo para cidades onde a Gestão Integrada de Águas Urbanas esteja avançada. Adicionalmente, é possível avançar e retroceder entre as diferentes fases do processo, que é iterativo e continuo por natureza. Maiores informações e ferramentas operacionais estão disponíveis no site da iniciativa http://www.worldbank.org/laciuwm.

fAsE 1. CoMProMIsso

Iden ficação das partes interessadas e es mulação do compromisso.Estabelecimento dos mecanismos par cipa vos adequados.Apresentação da Gestão Integrada de Águas Urbanas e determinação dosinteresses para as partes interessadas chave.Fornecimento do treinamento inicial sobre a Gestão Integrada de Águas Urbanas.

Obje vos

A vidades

Ferramentas

Resultados & outputs

Criação de um Plano de Compromisso para as partes interessadas.Realização de um primeiro workshop para interatuar com as partesinteressadas, apresentar o escopo e limitar o suporte do Banco, além dedefinir o processo para as seguintes fases.

Planejamento tradicional: Avaliação das capacidades, avaliação das necessidades.Compromisso das partes interessadas: Avaliação e análise das partesinteressadas, plano de compromisso para as partes interessadas.Híbrido: Planejamento da visão compar lhada.

Partes interessadas iden ficadas e comprome das.Plano de a vidades preparado e organização da primeira avaliação.Plano de elaboração de capacidades desenhado.

23Gestão Integrada de Águas Urbanas

A fase de compromisso visa identificar quais são os níveis do governo que devem participar do processo (municípios, condados, estado, nacional), bem como outras partes interessadas que possam fornecer o input como parceiros (setor privado, ONGs, universidades) para o desenvolvimento de uma estratégia para a Gestão Integrada de Águas Urbanas. Além disso, é preciso identificar os representantes governamentais dos municípios ou de outros níveis do governo que liderarão e assumirão um papel de coordenadores no desenvolvimento da estratégia.

Dentre as partes interessadas principais que devem participar nesta fase, temos representantes do:

• Setor público: Dos municípios, bacias, regionais e, dependendo do tamanho do país, nacionais devido às suas responsabilidades pelo bem comum representados pelo ambiente; no caso comum em que muitas jurisdições estejam presentes na mesma área metropolitana, deve haver uma representação justa de todas essas jurisdições e não somente das principais.

• Os usuários / poluidores diretos estão geralmente representados pelos setores econômicos implicados no problema.

• A sociedade civil local deve representar a percepção comum do problema.

• Dependendo da região, as universidades locais e os institutos de pesquisa deveriam estar interessados e poderiam fornecer credibilidade técnica para o processo.

Os resultados principais desta fase são a identificação e compromisso das partes interessadas, e a preparação do Plano de Atividades e do Plano de Preparação de Capacidades. Visando a fomentar o interesse e suporte das partes interessadas deveria fornecer-se um treinamento inicial sobre a Gestão Integrada de Águas Urbanas.

No caso de Assunção, a fase de compromisso foi coordenada pelo Ministério das Obras Públicas e Comunicações (MOPC), com a participação dos municípios de Assunção, Mariano R. Alonso, San Lorenzo, as Universidades Católicas e Nacionais, o Ministério do Ambiente e outras entidades do setor. No mês de agosto de 2010, a equipe do Banco teve muitos encontros com as partes interessadas-chave no nível de municípios. Como resultado disso, assinou-se um acordo para desenvolver uma estratégia para a Gestão Integrada de Águas Urbanas em Grande Assunção. O Município de Assunção comprometeu-se com fornecer os técnicos para eles trabalharem na equipe de planejamento local. O acordo resultou na definição de um Plano de Atividades proposto e um Programa de Atividades Futuras.

Em Aracajú, o compromisso do Município e do Estado terminou em um workshop dado em agosto de 2010, coordenado de forma conjunta pelo Município e a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado de Sergipe (SEMARH). Os representantes do governo, instituições técnicas e ONGs assistiram ao evento. Eles debateram sobre a metodologia apresentada pelo Banco e concordaram uma proposta para o Plano de Atividades e um Calendário para as Atividades Futuras para o desenvolvimento de estratégias.

Box 6. fase de compromisso em prática – Assunção e Aracajú

24 Gestão Integrada de Águas Urbanas

fAsE 2. AVAlIAção

Esta fase visa identificar, de forma participativa, os problemas principais que a cidade tem que enfrentar em termos de gestão hídrica urbana e quantificar (de ser economicamente possível) a importância e o impacto. Ela deve produzir: (i) uma avaliação qualitativa com base em informações secundárias que se podem reunir rapidamente, geralmente desenvolvidas pelos parceiros locais e suportadas pela instituição financeira principal, e (ii) uma avaliação quantitativa dos problemas identificados sem estudos significativos na medida do possível.

No caso de Tegucigalpa, a análise apresentou, por exemplo, que enquanto a população estava pagando, através de tarifas, aproximadamente 38 M USD por ano pelos serviços de água, o custo econômico dos mecanismos de suporte para os serviços deficientes chegava até aproximadamente 150 M USD por ano. Portanto, a possibilidade de financiar parte de uma estratégia através de ajustes nas tarifas tornou-se mais realista.

Box 7. fase de avaliação em prática – tegucigalpa

Obje vos

A vidades

Ferramentas

Resultados & outputs

Desenvolvimento de um entendimento comum dos desafios rela vos à águana Área Metropolitana.Iden ficação e priorização dos problemas ou principais desafios urbanos.Avaliação das consequências da ina vidade.

Iden ficação dos estudos e dados existentes.Avaliações qualita vas e quan ta vas.Preparação e validação de estudos diagnós cos.Avaliação dos custos econômicos da ina vidade.Con nuidade no fornecimento de treinamentos para as partes interessadas,conforme necessário.

Planejamento tradicional: Avaliação ins tucional e regulamentária,avaliação ambiental, avaliação econômico-financeira, avaliação doimpacto social.Estudos de modelado técnico: Balanço hídrico, poluição da água,uso dos solos, drenagem, caracterís cas da área urbana.Matrizes qualita vas dos problemas.Indicadores para o diagnós co e avaliação.Compromisso das partes interessadas: Diagnós co par cipa vo.

Problemas e estratégias principais iden ficados.Diagnós co final preparado e validado.

Falta de abastecimento de água82.2 M USD (55%)

Falta de saneamento54.7 M USD (34%)

Falta de coleta deresíduos sólidos7.8 M USD (5%)

Inundações9.2 M USD (6%)

25Gestão Integrada de Águas Urbanas

Dentre as avaliações qualitativas e quantitativas similares, é de vital importância que três componentes principais sejam considerados: (i) os serviçosdeáguasurbanas (abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana/gestão de águas pluviais e resíduos sólidos) e os impactos que se produzirão por ter ou não ter os serviços adequados de saúde, ambiente, vulnerabilidade perante inundações ou desastres naturais e instalações; (ii) a situaçãododesenvolvimentourbano, o que inclui a capacidade de investimento, organização institucional e os alvos desejáveis; e (iii) a dimensãodabacia, o que inclui outros usos, conflitos existentes ou potenciais sobre a qualidade ou quantidade da água, mecanismos de planejamento e coordenação existentes, etc. Além disso, é muito útil, em particular, definir os Cenários Urbanos, incluindo uma avaliação da expansão da cidade que explique a expansão das favelas e a dinâmica de uma cidade informal com intervalos de 10, 20 e 30 anos, considerando as mudanças econômicas e sociais locais, além do desenvolvimento nacional e regional. Essas situações deveriam incluir também uma avaliação dos riscos para eventos extremos, desastres naturais quando pertinente e outros riscos que possam impactar a região. O output final desta fase é a identificação dos problemas principais e a validação de um relatório de diagnóstico final.

Além do diagnóstico participativo, também seria uma boa ideia fornecer o treinamento técnico sobre tópicos e exposição relevantes para as boas práticas internacionais para assim informar sobre os debates.

fAsE 3. PlAnEjAMEnto PArtICIPAtIVo

Depois de ter identificado, concordado sobre e avaliado os problemas-chave, a fase de planejamento participativo normalmente incluiria os debates sobre as amplas estratégias para assim tratar os problemas principais identificados. Essas estratégias devem ser refinadas em razão das avaliações realizadas para selecionar as opções mais viáveis, considerando-se os alvos selecionados e as dificuldades esperadas para a implementação. Portanto, durante esta fase, os problemas identificados durante a fase previa priorizam-se com base nas avaliações econômicas e técnicas realizadas, e as estratégias para tratá-los (incluindo os objetivos, alvos, ações e prazos) são acordadas através de uma série de encontros participativos. Estas estratégias deveriam incluir medidas estruturais e não estruturais, além de maiores estudos e pesquisas em áreas onde o nível atual de conhecimento seja insuficiente para poder tomar decisões sólidas.

Normalmente, a fase de planejamento participativo deveria considerar debates sobre as amplas alternativas a nível político (para medidas estruturais e não estruturais) mesmo que em alguns casos as informações disponíveis não sejam suficientes para conseguir uma decisão final. Esses debates devem começar a partir de avaliações econômicas,

Avaliação das possíveis estratégias dentro dos ambientes ins tucionais, sociais,econômicos e técnicos.Desenvolvimento de um consenso sobre a vidades de longo, médio e curtoprazos para melhorar a Gestão Integrada de Águas Urbanas.

Compromisso das partes interessadas: Plano Estratégico Preliminar de Ação,relatório estratégico, Plano Estratégico de Águas Urbanas. Plano Estratégico Par cipa vo.

Obje vos

A vidades

Ferramentas

Resultados & outputs

Priorização dos problemas iden ficados.Estabelecimento dos obje vos, alvos e ações.Análise e comparação das situações.Preparação e validação de um Plano Estratégico de Ação.

Plano Estratégico de Ação finalizado e validado.Todas as partes interessadas informadas sobre a Gestão Integradade Águas Urbanas concordaram com a estratégia.Recursos de financiamento potenciais iden ficados para a vidades de curto prazo.

26 Gestão Integrada de Águas Urbanas

financeiras e técnicas das diversas alternativas para chegar até problemas tais como custos operacionais e de investimento, taxa econômica de retorno e opções de financiamento. Contudo, deve ficar claro que a decisão de seguir uma corrente e não outra depende de certas considerações, tais como o custo político relativo a cada situação, a viabilidade de mobilizar os investimentos necessários e as possibilidades que cada cenário tem, e não somente considerar aspectos financeiros e econômicos.

A preparação da estratégia na cidade de Aracajú começou em março de 2011 com dois dias de treinamento e um workshop onde apresentou-se o diagnóstico e a estratégia proposta discutida. Dois meses depois, houve outro encontro para discutir sobre o relatório e para consolidar as estratégias e alvos do projeto. O presente relatório resume toda a informação obtida em todas as fases do trabalho obtido através de consultas com o setor público responsável da gestão de águas urbanas nas cidades da Região Metropolitana de Aracajú.

O processo desenvolveu-se através dos workshops fornecidos para identificar uma série de problemas resumidos na tabela a seguir, procurando identificar os problemas que tenham um impacto na qualidade de vida e na gestão da cidade. Para cada aspecto (planejamento urbano, serviços de águas urbanas –abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana, resíduos sólidos–, e organização institucional), identificaram-se os problemas, as causas, as consequências e as estratégias e alvos-chave.

Box 8. fase de planejamento participativo em prática: Aracajú

ESTRATÉGIASPROBLEMAS CAUSAS

Ocupaçãodo solo

desordenada

Desperdícios de Águas

Contaminação daságuas pluviais e

subterrâneas

Inundações urbanas econtaminação ação

pluvial

Contaminação porresíduos e áreas

degradadas

Plano diretorUrbano da RMA

Programa de Eficiênciae Coservação

Coleta eTratamento de Esgoto

Plano Diretor deDrenagem da RMA

Plano Diretor deResíduos Sólidos

Reforma Ins tucional

PDU desatualizado,sem integração com

as infraestruturas

Baixa eficiência do sistemade abastecimento de água

Falta de coleta e tratamentode esgoto sanitário da cidade.

Baixa cobertura

Falta de plano, serviçose medidas preven vasem drenagem urbana

Falta de plano de resíduossólidos, inves mentos emdisposição final, reuso e

áreas degradadas

Fragmentação ins tucionale falta de instrumentos

27Gestão Integrada de Águas Urbanas

Assim, a estratégia deveria ser extensivamente validada e ajustada para adicionar os comentários das partes interessadas. O output desta fase deve ser um Plano Estratégico de Ação finalizado e validado que proponha alternativas apropriadas para os ambientes técnicos, econômicos, sociais e institucionais da cidade e que considere as prioridades de investimento e financiamento potencial.

fAsE 4. IMPlEMEntAção E MonItorAMEnto

A fase de implementação acontece quando os projetos são detalhados e implementados conforme o Plano Estratégico de Ação. Esta fase é aberta e iterativa, e o processo de monitoramento foi desenhado com a participação ativa das partes interessadas chave, definindo os critérios que serão utilizados para monitorar a implementação da estratégia. O website de ÁguasAzulparaCidadesVerdes (http://www.worldbank.org/laciuwm) apresenta as ferramentas que pretendem fornecer as diretrizes para esta fase, particularmente uma seção sobre impactos urbanos e indicadores de alvos, além de um marco de resultados padrão. Recomenda-se uma avaliação anual do progresso da implementação, além da revisão dos alvos estabelecidos no Plano Estratégico de Ação. Como indicou-se anteriormente, um processo de Gestão Integrada de Águas Urbanas deve ser altamente iterativo.

Implementação correta dos projetos definidos no Plano Estratégico de Ação para a Gestão Integrada de Águas Urbanas.Monitoramento e revisão do processo de implementação, e ajustesconforme necessário.

Implementação dos projetos conforme o plano estratégico.Desenho do sistema de monitoramento de forma par cipa va.Monitoramento de resultados e desenvolvimento de mecanismos de ajuste.Monitoramento dos documentos do Plano Estratégico de Ação.Avaliação anual do desenvolvimento urbano e os alvos a ngidos.

Indicadores de alvos e impactos de águas urbanas.Marco de resultados.

Gestão Integrada de Águas Urbanas implementada e monitorada.

Obje vos

A vidades

Ferramentas

Resultados & outputs

6. Lições das cidades da América Latina

Este capítulo resume algumas lições de uma série de estudos de caso preparados sob a iniciativa de Blue Water Green Cities para as cidades de São Paulo (Brasil), Buenos Aires (Argentina), Bogotá (Colômbia), Tegucigalpa (Honduras), Aracajú (Brasil), Assunção (Paraguai), Medellín (Colômbia) e Monterrey (México). Essas cidades foram selecionadas por ter desenvolvido certo nível de práticas de gestão conforme os princípios principais da Gestão Integrada de Águas Urbanas. Algumas cidades tiveram mais sucesso do que outras no seu caminho para atingir uma gestão mais integrada de águas, mais lições podem-se obter de todas elas. Os estudos de casos completos estão disponíveis em http://www.worldbank.org/laciuwm.

O capítulo está estruturado em desafios comuns que foram enfrentados em muitos desses estúdios de casos, e as respostas fornecidas pelas diferentes cidades para esses desafios. Mesmo que este capítulo não resuma explicitamente os processos pelos quais essas respostas foram desenvolvidas, em muitos casos essas respostas obtiveram-se através dos esforços dos conceitos gerais da Gestão Integrada de Águas Urbanas ressaltados no capítulo 3. Maiores informações estão inclusas nos estudos de caso detalhados e publicados separadamente.

Desafio:Ocrescimentourbanocausatensãonadisponibilidadedaságuas

As deficiências no abastecimento de água são problemáticas para a maioria das cidades estudadas, com custos socioeconômicos diretos. Na Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, o crescimento da população (particularmente através de povoados informais) ameaça a qualidade de água de muitos dos reservatórios principais da cidade, e tem feito com que a demanda de água na bacia principal da cidade seja de 440%, muito por encima da disponibilidade natural. Da mesma maneira, em Tegucigalpa, a capacidade de armazenamento anual não atingiu os níveis da população, que tem aumentado sete vezes nos últimos 50 anos. Isso ocasiona falta de água estendida durante a estação seca. Em Aracajú, onde a demanda ultrapassa a água renovável disponível em

65%, há frequentes conflitos pela água entre a demanda urbana e a agrícola; além disso, se espera que a mudança do clima aumente o déficit ainda mais (Banco Mundial, 2011).

O crescimento da população pode não necessariamente implicar na falta de água nestas cidades. Existe a possibilidade de contar com mais conservação das águas em São Paulo, onde o uso de água per capita médio fica relativamente alto em 180 litros per capita por dia (Banco Mundial, 2010). Em Aracajú, o problema é a eficiência do serviço. As perdas por água não faturada chegam até aproximadamente 50%, e a infraestrutura de irrigação existente poderia gerar um uso mais eficaz se ela fosse modernizada e se a prestação dos serviços fosse melhorada. Da mesma maneira, em Tegucigalpa, o serviço de utilidade pública SANAA estima que em uma cidade de aproximadamente 200,000 moradias, somente há instalados 62,000 medidores de água, e destes, somente 23,000 estão trabalhando. Como resultado disso, sugeriu-se que a SANAA somente está cobrando seus clientes aproximadamente 20% do custo real pelo serviço de água que presta (Banco Mundial, 2010), e os usuários finais não estão incentivados para controlar o uso da água. Em cada uma destas cidades, a falta de água poderia resolver-se consideravelmente através do uso de uma gestão de recursos e prestação de serviços mais eficazes.

Resposta:Promoveraconservaçãodeágua,aumentaraeficiêncianoserviçodeáguaeadotarumenfoquedegestãodeáguanoníveldebacias

Um ponto de início para mitigar os desafios da disponibilidade de água em um contexto urbano é o reuso das águas servidas e a adoção de políticas de preços para a conservação das águas. Dentro da Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, o Município de São Paulo tem expedido as suas próprias regulamentações onde autoriza o uso de águas reusadas para limpar as ruas, calçadas e praças, e para irrigar os parques, jardins e campos de esportes. Outras formas criativas de reusar a água incluem a organização estabelecida entre os fazendeiros e o Município de Monterrey, por meio da qual os fazendeiros

28

29Gestão Integrada de Águas Urbanas

deixam que as suas águas do Reservatório de Cuchillo, que fica perto, sejam usadas pelo serviço de utilidade de águas municipal SADM. Depois, o SADM devolve as águas usadas e tratadas para os fazendeiros para irrigação. Esses convênios benéficos devem ser procurados dentre os atores e dentre os setores e municípios para assim aperfeiçoar o uso dos recursos hídricos existentes.

Outra ferramenta igualmente potente para lutar contra a falta de água é a implementação de medidas de promoção de eficiência na prestação de serviços de água. Em Medellín, o Programa de Saneamento do Rio Medellín aprovou os objetivos da década dos anos 1980 para aperfeiçoar os sistemas de distribuição de água, a gestão do consumo e a redução de perdas de água inexplicáveis. Da mesma maneira, na Região Metropolitana de São Paulo, a empresa de saneamento estadual, a SABESP, tem implementado um programa de dez anos (2008-2018) para controlar e reduzir a água não faturada através da melhoria da infraestrutura, lutando contra a

fraude e as conexões ilegais e melhorando o treinamento para o pessoal. A política do uso de água da Cidade de Monterrey, descrita no Box 9, é um exemplo que de forma particular revela a forma na qual os incentivos econômicos podem ser inclusos dentro dos mecanismos de prestação do serviço e os preços da água para fomentar a conservação da água e melhorar a eficiência dos serviços de água.

Desafio:Aprestaçãodeficientedeserviçosemáreascomrecursoslimitadosintensificaosriscosparaaqualidadedaágua

A prestação deficiente dos serviços causa uma grave poluição para as águas de superfície em muitas das cidades estudadas. Os povoados informais geralmente não têm serviços de tratamento, coleta de resíduos ou esgotamento sanitário adequados, o que habitualmente resulta em uma disposição considerável dos resíduos nos corpos hídricos. O esgotamento sanitário pode ser

CONAGUA, a entidade federal responsável pela gestão e conservação da água nacional do México, também é responsável pelo controle da poluição. CONAGUA organiza-se em escritórios centrais, organismos de bacias e escritórios locais. Além disso, CONAGUA deve autorizar a abstração de águas subterrâneas e de superfície.

A política de preços de água de CONAGUA tem sido explicitamente desenhada para fomentar a conservação da água. O uso doméstico tem prioridade sobre outros usos. Os direitos de extração não são faturados para irrigação (maior uso), mas os usos domésticos, industriais e outros são faturados. Cada usuário prepara uma declaração de uso a cada três meses e o pagamento baseia-se no volume que é usado depois de ter ultrapassado o volume autorizado. Isso requer de um sistema de contagem, mas isso é o que os usuários aceitam mais. O Organismo da Bacia executa inspeções periódicas para identificar as multas e penalidades pelos usos e o cumprimento e assim castigar o consumo não autorizado. Na área do OrganismodaBaciadoRioBravo, onde há 1,000 usuários, o cumprimento está por encima dos 96%, tanto na declaração quanto no pagamento. (No restante do país, somente 60% dos usuários pagam pelas faturas de água). Os funcionários atribuem que CulturadaÁgua (um programa desenvolvido por SADM – ServiçosdeÁguaeDrenagemdeMonterrey) tem a responsabilidade desta taxa tão alta, bem como do processo de certificação que as indústrias estão procurando como retribuição pelo cumprimento com os volumes de consumo autorizados. Programas de incentivos e preços similares existem para os lançamento de esgotos.

Box 9. Gestão de demanda de água baseada em incentivos em Monterrey

30 Gestão Integrada de Águas Urbanas

• ProgramadeFinanciamentodeConexõesdeRedes(NCFP): Esta é uma iniciativa das EPM desenhada para fornecer acesso aos serviços de água para moradias com baixos recursos em áreas peri-urbanas do Vale do Aburrá. O programa oferece crédito de longo prazo com taxas baixas para as pessoas que não têm crédito.

• Consumodefinanciamentoerefinanciamento(RFWC): Ajuda as moradias com pouca capacidade para elas pagarem os serviços de água, esgoto e eletricidade, além delas terem acesso a um financiamento com custos baixos e garantias mínimas para assim evitar contas sem pagar e desconexões dos serviços.

• Programapré-pago(PP): Ele está dirigido para clientes com contas sem pagar ou que estejam em risco de ter uma conexão ilegal. O programa permite a reconexão dos serviços e o pagamento de dívidas em 120 meses cobrados com taxas de juros do DTF (Depósito a Prazo Fixo).

• Programadefinanciamentosocial(SFP)/CartãodogrupoEPM: Oferece as moradias na Região da Antioquia um crédito com taxas competitivas que variam conforme o tipo de produto ou a atividade financiada.

• Montantedeconsumodeáguapotávelmínimodeporvida: É uma iniciativa do Município de Medellín introduzida no ano 2009 que oferece subsídios pagados pelo município para cobrir os custos de 2.5 m3/mês por pessoa.

Box 10. Exemplo de estratégias de prestação de serviços em favor dos pobres implementadas pelas Empresas Públicas de Medellín (EPM) e o Município de Medellín

As estratégias de prestação dos serviços para satisfazer especificamente a topografia e as necessidades das áreas com baixos recursos são um elemento importante no desenho de uma gestão adequada de águas urbanas nessas cidades. Um exemplo de sucesso particular dessa estratégia é o Programa de Saneamento do Rio Medellín, aprovado na década dos anos 1980, que incluiu como um dos seus objetivos a expansão das redes de água potável e do sistema de esgotos para todas as áreas que não tenham esses serviços e assim atingir uma cobertura quase total. O Plano de Gestão de Água da bacia do rio Aburrá – Medellín, que atualmente vem

sendo implementado pelo Escritório de Desenvolvimento Metropolitano do Governo de Medellín, também inclui o desenho e construção de esgotos em muitos municípios. Essas estratégias municipais têm aproveitado consideravelmente o suporte do principal fornecedor de serviços públicos, EmpresasPúblicasdeMedellín (EPM), que tem desenhado uma série de medidas exemplares para aumentar o acesso aos serviços de esgotamento sanitário e água, evitar as desconexões do serviço e melhorar a qualidade de vida dos seus clientes, focando-se especificamente nos usuários com baixos recursos (veja Box 10). No caso da Região Metropolitana de São Paulo,

uma ameaça principal para a qualidade da água, pois a carga não tratada é normalmente uma das causas principais de poluição de recursos hídricos. Apenas 39% da população de Aracajú, na média, podem acessar as redes de esgotos, e os serviços de remoção de resíduos sólidos não garantem uma disposição adequada. Na cidade de Bogotá, todas as águas servidas vão para o rio, principalmente através de conexões ilegais no sistema de drenagem de águas pluviais. Em Medellín, os povoados pobres precisam de atenção especial e políticas de subsídios devido às condições específicas destas áreas; uma pequena parte da população ainda mora perto de riachos, onde os custos de introdução de sistemas de esgotamento sanitário podem ser altos, ou onde pode ser muito difícil implementar melhorias. Os riscos pela rápida urbanização para a qualidade e disponibilidade de água incrementam-se massivamente pela ineficiência dos serviços urbanos em áreas com recursos imitados.

Resposta:Estratégiasparaaprestaçãodoserviçododesenhoparasatisfazerasespecificidadesdospovoadospobreseincluiraspectosparaamelhoriaurbana

31Gestão Integrada de Águas Urbanas

O 70% do abastecimento de água de São Paulo depende dos reservatórios, onde a qualidade de água está em risco pelo crescimento de povoados informais nos seus litorais. O Programa de Mananciais (2010-2015) agrega o trabalho de última geração iniciado pelo Banco Mundial - que financiou o Projeto Guarapiranga, enfrentando os problemas inter-relacionados de poluição da água urbana, exclusão social e uso do solo adequado, de forma de poder ver os esforços conjuntos da Região Metropolitana de São Paulo, e do governo municipal e estatal. Ele fornece o suporte para as intervenções inter-setoriais e assim melhorar a qualidade de água, bem como a qualidade de vida dos residentes com baixos recursos na área de cabeceira através de medidas para aumentar a eficiência do abastecimento de água e dos sistemas de esgotos na região, enquanto melhora-se e expande-se o acesso às moradias e aos serviços básicos.

Box 11. Programa Integrado de Melhoria urbana de são Paulo

Este Programa de 160 M USD inclui três linhas de atividades principais, implementadas pelos diferentes atores de forma coordenada.

• O Governo do Estado de São Paulo coordena o programa maior e implementa estudos importantes (incluindo os Planos de Proteção e Desenvolvimento Ambiental da Sub-Bacia e a gestão de demanda de água); encarrega-se das atividades estratégicas para promover a sustentabilidade das intervenções, incluindo um seminário sobre a governança metropolitana e sobre a água na Região Metropolitana de São Paulo e as intervenções físicas na infraestrutura ambiental urbana e na melhoria urbana.

• SABESP (Empresa de saneamento do estado de São Paulo) foca-se na coleta e tratamento de águas servidas e no trabalho de gestão de abastecimento de água; além disso, o programa também inclui a capacidade para melhorar a capacidade de gestão e operacional dos serviços na área do programa.

• Os municípios de São Bernardo do Campo e Guarulhos (parte da Região Metropolitana de São Paulo) focam-se na melhoria da qualidade de vida e dos serviços através da melhoria urbana em povoados selecionados que sejam irregulares e precários.

um programa conjunto do serviço de utilidade pública de água do estado (SABESP), a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado para e os municípios implicados têm implementado soluções integradas para a melhoria urbana para as comunidades que ficam

perto dos principais reservatórios de água de São Paulo, fornecendo não somente serviços básicos, mas também melhorando a qualidade de vida dos residentes com baixos recursos através da melhoria dos espaços públicos e das moradias (veja Box 11).

Antes Depois Zonasneutras

32 Gestão Integrada de Águas Urbanas

Desafio:Avulnerabilidadeperanteinundaçõesagrava-sepelascarênciasinstitucionaisemgestãodeplaníciesaluviaisepelafaltadecoordenaçãocomasautoridadesdeplanejamentourbano

As inundações de águas pluviais causam perdas econômicas significantes na maioria das cidades estudadas cada ano pela falta de serviços de águas pluviais. Geralmente, as cidades não têm instituições especializadas em gestão de águas pluviais e não têm um orçamento específico para esses fins, adicionando-se a falta total de planos estratégicos. Em Monterrey, por exemplo, diversas instituições compartilham as responsabilidades para a gestão de planícies aluviais e águas pluviais. A EPM foca-se maiormente em águas pluviais, enquanto a Secretaria do Município foca-se nos riachos e rios nas sub-bacias, devendo a EPM assistir ocasionalmente a Secretaria da Prefeitura com diversas prestações de serviços de drenagem. A falta de clareza nessas organizações institucionais na região poderia resultar em maiores impactos pluviais no futuro pelo atraso na implementação de políticas de prevenção, especialmente em termos de zoneamento e planejamento do uso do solo.

Outro fator central da vulnerabilidade perante inundações nas cidades da América Latina é a falta de coordenação entre as autoridades encarregadas da drenagem e as do planejamento urbano. Na Região Metropolitana de São Paulo, o aumento da densidade e a verticalização dos povoados urbanos resultaram em uma maior impermeabilidade do solo, e assim as áreas urbanas tornaram-se tanto na causa das maiores inundações quanto nas vítimas principais. Como resultado disso, as inundações das águas pluviais paralisam a cidade de São Paulo todos os verões, gerando grandes perdas econômicas. Além disso, mesmo que um Plano de Macrodrenagem para a bacia do Alto-Tietê estava em preparação desde o ano 1998 para diagnosticar os problemas e criar as soluções técnicas, econômicas e ambientais para a inundação, este plano não considera a necessidade de mudar os padrões de urbanização. Da mesma maneira, em Medellín, a urbanização está se desenvolvimento de jusante a montante, aumentado o caudal pico e os impactos em muitos riachos das sub-bacias da cidade.

Em Monterrey, o crescimento das áreas urbanas está acontecendo a jusante das sub-bacias e nas vertentes, aumentando o risco de inundações de águas pluviais. Em Buenos Aires, a bacia do rio Matanza-Riachuelo (MR) hospeda as maiores concentrações argentinas de pessoas pobres urbanas. Devido à rápida urbanização, aos elementos topográficos e à ocorrência de severos eventos de tempestades, as inundações têm se tornado em um dos maiores problemas que afetam a vida diária dos moradores de Buenos Aires. O problema na maioria das cidades é que o problema subjacente é o planejamento e o estabelecimento do uso do solo, que geralmente fica sob a responsabilidade das diferentes instituições, níveis de governo ou as autoridades, e não somente a gestão de águas (pluviais).

Resposta:Elaboraçãodeestratégiasdegestãodeáguaspluviaisqueestabelecemclaramentearesponsabilidadeinstitucionalparaesteserviçoefacilitaacoordenaçãocomasautoridadesdeplanejamentourbano

A experiência nas diversas prefeituras indica que os riscos de inundação são mais bem controlados usando medidas estruturais e não estruturais, coordenadas, por exemplo, através da elaboração de um Plano Diretor de Águas Pluviais, desenvolvido em concertação com todas as instituições relevantes. Na hora de implementar um enfoque integrado para a gestão de riscos de inundação, é muito importante que a estrutura institucional responsável da gestão de inundações esteja claramente definida e que a estratégia de gestão de inundações permita explicitamente uma coordenação sistemática com as autoridades de planejamento urbano. A participação de instituições de bom funcionamento, das partes interessadas e o compromisso das comunidades afetadas também são importantes para a elaboração de um plano de sucesso (GFDRR 2012). O Box 12 descreve o exemplo do Plano de Drenagem e Prevenção perante Inundações Urbanas em Buenos Aires, desenvolvido desde o ano 2005 com a ajuda do Banco Mundial, que coloca muito ênfase em um enfoque amplo da bacia e multi-setorial, e que considera o planejamento do uso do solo, os códigos de construção e a educação como parte da estratégia de redução e identificação de riscos.

33Gestão Integrada de Águas Urbanas

A Cidade de Buenos Aires tem começado a tratar os problemas de inundação desde o ano 1992 com grandes esforços expressados através de um ambicioso financiamento de investimento e uma organização institucional renovada. A estratégia tinha o objetivo de passar de uma resposta perante desastres para um enfoque de prevenção de riscos, introduzindo um enfoque para as bacias de água e reforçando as instituições relevantes no nível provincial.

Especificamente, o Programa de Drenagem e Prevenção de Inundações Urbanas financiado pelo Banco Mundial, por 200 M USD, é o compromisso do governo da cidade para a gestão de riscos e prevenção de inundações, e fica sob a responsabilidade do Plano Diretor Hidráulico de Buenos Aires, que foca-se na implementação de medidas estruturais e não estruturais em toda a cidade. O programa, que foi lançado em 2005, tem dois objetivos principais: i) o aumento da flexibilidade da cidade em caso de inundações através da proteção da sua infraestrutura urbana crítica, e ii) a introdução de um enfoque de gestão de riscos para os investimentos dos governos municipais e provinciais. Dentro do enquadramento anterior, o programa inclui medidas institucionais e investimentos em infraestrutura para assim reduzir tanto a vulnerabilidade da população urbana quanto a vulnerabilidade das infraestruturas críticas.

Espera-se que o programa mitigue os efeitos da inundação que afeta aproximadamente 1.5 milhões de pessoas. Um milhão dessas pessoas moram na Bacia de Maldonado e, por isso, são considerados como os beneficiários do programa. Dentro deste milhão, um subgrupo de 110,000 pessoas mora nas áreas mais criticamente expostas da Bacia. Os outros 1.4 milhões são considerados como beneficiários indiretos. O Programa, que é continuo, reduzirá a exposição da bacia de Maldonado perante inundações através da melhoria do seu sistema de drenagem e a implementação de um programa de gestão e riscos através das medidas de mitigação estruturais e não estruturais supramencionadas.

Box 12. Programa de drenagem e Prevenção de Inundações urbanas em Buenos Aires

Antes Depois

34 Gestão Integrada de Águas Urbanas

Desafio:Afragmentaçãoinstitucionaleafaltadecoordenaçãonossetoresenosmunicípiossãoumdesafiosubjacentenodesenvolvimentodeestratégiasdegestãointegradadeáguasurbanas

A melhoria da organização institucional para assim evitar a fragmentação da gestão de águas urbanas é um dos desafios principais de todas as cidades estudadas, inclusive para aquelas que têm desenvolvido boas práticas em Gestão Integrada de Águas Urbanas. Em Medellín, a fragmentação institucional no setor de serviços de águas urbanas impossibilita a gestão de sucesso dos serviços de água, com consequências especialmente negativas para o sistema de águas pluviais (veja Box 13). Da mesma maneira, na Região Metropolitana de São Paulo, a gestão institucional fragmentada nos municípios que formam parte da Região de Prefeituras, em todos os serviços, cria grandes dificuldades para tratar os principais problemas relativos

ao uso de solos e de águas. Além disso, as instituições criadas para garantir a proteção dos recursos hídricos e uma gestão de água adequada em São Paulo têm sido muitas vezes só parcialmente eficazes, principalmente devido a que as leis, que permitiram a sua criação, não conseguiram reconhecer o aspecto integrado dos desafios que se enfrentam nos setores urbanos e de águas. As leis federais não são equilibradamente implementadas nos estados e municípios, o que complica ainda mais a coordenação de políticas regionais.

Resposta:Fornecimentodeliderançalocal,regimeslegaisdesuporteemecanismosdefinanciamentoacessíveis

A partir das experiências dos estudos de casos de Gestão Integrada de Águas Urbanas, três componentes são particularmente importantes no processo de fomentação da mudança institucional: o estabelecimento de uma

A organização institucional atual para os serviços de águas urbanas e planejamento urbano, recursos hídricos e controle ambiental na Área Metropolitana de Medellín está enfrentando desafios pela fragmentação das responsabilidades e a falta de colaboração trans-setorial. Atualmente, os Resíduos Sólidos estão sendo tratados em Medellín por VARIAS, uma companhia municipal com sólida sustentabilidade econômica; não obstante, nas outras cidades da Área Metropolitana, isso fica sob a responsabilidade de diversas instituições. Adicionalmente, o serviço de águas pluviais está completamente fragmentado segundo a área de serviço e o tipo de serviço. O planejamento urbano executa-se só a nível local, com colaboração limitada em todas as cidades. Um único serviço de utilidade pública, EPM, presta serviços de esgotamento sanitário e água para toda a área metropolitana.

Box 13. fragmentação Institucional na Gestão de Águas urbanas em Medellín

serviço Medellín Área Metropolitana

Planejamentourbano Cidade Cidades

Esgotamentosanitárioeabastecimentodeágua:distribuição, tratamento e abastecimento de água; coleta de esgotos, tratamento e disposição de águas servidas.

EPM (Empresas Públicas de Medellín)

EPM (Empresas Públicas de Medellín)

ResíduosSólidos:coleta, limpeza e disposição.

VARIAS Serviços privados e públicos em cada condado

Águaspluviais: implementação e manutenção.

EPM para sistemas de drenagem menores

Administração da cidade para drenagens maiores

EPM para sistemas de drenagem menores

Drenagens principais gerenciadas pelas cidades

Recursoshídricos:gestãoderiosepermissõesdeágua.

Área Metropolitana Área Metropolitana

Ambiente:conservaçãoelicenças. Secretaria do Ambiente e Área Metropolitana

Área Metropolitana

35Gestão Integrada de Águas Urbanas

estratégia de gestão integrada clara suportada pela liderança local, o desenho de regimes legais para o trabalho trans-setorial e a disposição de mecanismos de financiamento para novas iniciativas.

Em primeiro lugar, aliderançalocaléimportanteparaestimularoprocessodeimplementaçãodesoluçõesdelongoprazo.Os períodos nos quais atingiram-se os melhores logros em termos de gestão integrada nos estudos de casos de Gestão Integrada de Águas Urbanas estão marcados geralmente pela clara liderança e o alinhamento vertical nos níveis nacionais e municipais. Esse é precisamente o valor de adotar um enfoque integrado, que pode construir consenso e alinhamento em todos os atores e setores para tratar completamente os desafios interconectados da cidade. Além disso, a implementação de uma reforma institucional para tratar os desafios relativos à água requer da adoção de uma estrutura institucional globalizante e oficialmente aprovada para a gestão integrada de águas urbanas em lugar de tratar os problemas de forma pouco sistemática que falha na hora de considerar os aspectos inter-relacionados. Isso inclui o estabelecimento de estratégias concretas operacionais e recursos de canalização para a implementação. Assim, no caso de Aracajú, o Estado de Sergipe (SSE) comprometeu-se com um processo de planejamento participativo que implicou as consultas públicas com a sociedade civil e que identificou as áreas de prioridade da intervenção. Este processo de planejamento participativo atuou como o input chave para o plano de ação do governo e do desenvolvimento econômico 2008-2011 de SSE, que selecionou a gestão integrada dos recursos naturais e hídricos, e os serviços de saneamento e resíduos sólidos como uma das prioridades chave do SSE. Da mesma maneira, o caso de Tegucigalpa mostra como os períodos com maior liderança nos diversos níveis têm sido os períodos nos quais a Cidade tem feito os maiores progressos para tratar os desafios significantes da água.

Em segundo lugar, osregimeslegaisdevemfazercomqueotrabalhosejatrans-setorialeostribunaisdevemintervirparaelesseremcumpridos. Por exemplo, em São Paulo, a Região Metropolitana de São Paulo tem estabelecido muitas leis inovadoras para dominar os silos existentes na gestão de águas urbanas. Uma destas leis é a Lei Complementária do Estado 1,025 de 2007, que procura uma melhor coordenação dos esforços de gestão de água por parte do governo do estado, o serviço de utilidade pública de água federal SABESP e as prefeituras. A lei integra atividades de planejamento e implementação, e estimula a colaboração entre o estado, as prefeituras e a sociedade civil por meio da criação de um Conselho Estatal para o saneamento (CONESAN). Da

mesma maneira, em Monterrey, o Acordo de San Juan foi estabelecido no ano de 1989 para dirigir a competição por água entre as áreas urbanas e a irrigação, o que resultou em regulamentações comuns para a operação de um sistema sob condições de escassez. As melhorias até o momento incluem o aumento da regularização de vazões e a eficiência hídrica.

Em Bogotá e em Buenos Aires, os tribunais ajudaram na definição das responsabilidades institucionais e aceleraram os programas para tratar o controle da poluição das águas. Em Bogotá, no ano de 2004, uma decisão de um tribunal local ordenou que as principais entidades públicas encarregadas da gestão de recursos hídricos, isto é, o governo nacional, o Distrito de Bogotá e a sua companhia de água (EAAB), as autoridades ambientais regionais (CAR) e a companhia hidrelétrica implicada (EMGESA), trabalhem juntas para melhorar a qualidade do rio. Diante desta realidade, se assinaram acordos em 2007 e 2011 para assim definir as responsabilidades de cada entidade. Estes acordos e a decisão original do tribunal local estão agora sob a revisão por parte do Supremo Tribunal da Colômbia (veja Box 14). Além disso, em Buenos Aires, uma decisão por parte do Supremo Tribunal também marcou o ponto de início para que diversas instituições iniciem a limpeza e a reabilitação ambiental do Rio Matanza Riachuelo, um tributário altamente poluído do Rio da Prata.

Em terceiro lugar, mecanismosdefinanciamentodevemestardisponíveisparafinanciarprojetosintegrados. Em Tegucigalpa, por exemplo, o FrenteCidadãodeÁguaparaaCapital ou FCAC foi criado em 2010 para mobilizar diversos atores sobre desafios de água, mas os seus esforços têm sido obstaculizados pela falta de acesso ao financiamento e pela ausência de uma sólida estrutura de suporte institucional. Pelo contrário, na Região Metropolitana de São Paulo, o sucesso de muitas das iniciativas multi-setoriais e com múltiplos atores que se está vendo hoje tem sido muito estimulado pelo suporte de planos federais, tais como o ProgramadeAceleraçãodeCrescimento, PAC. Os recursos para o PAC foram solicitados através de solicitações conjuntas feitas ao Governo Federal pela Secretaria do Estado para Água e Energia, a Prefeitura Municipal de São Paulo e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), com ênfase particular na melhoria urbana e de favelas, a expansão dos sistemas de coleta de resíduos sólidos e o reassentamento de famílias. Da mesma maneira, em Medellín, uma sólida gestão de águas urbanas se está realizando por um grupo de instituições tecnicamente fortes com independência financeira e sem interferência política, isto é, as EmpresasPúblicasdeMedellín (EPM).

36 Gestão Integrada de Águas Urbanas

A Área Metropolitana de Bogotá, que tem uma população de mais de 8 milhões de pessoas, lança todo o seu esgoto no rio Bogotá, mas somente 20% dessas águas recebem tratamento primário. O reservatório para uma instalação hidrelétrica a jusante de Bogotá, o reservatório de Muna, está também altamente contaminado. Para tratar este problema, a instâncias de um tribunal local, o Governo do Distrito de Bogotá e o seu serviço de utilidade pública de água, em conjunção com a Corporação Autônoma Regional de Cundinamarca (CAR) e o governo nacional, estão trabalhando em um megaprograma ambicioso para melhorar as condições ambientais no Rio Bogotá. O Projeto para o Controle de Inundações e Recuperação Ambiental do Rio Bogotá, financiado em parte por um empréstimo do Banco Mundial, é parte deste grande programa que visa transformar o Rio Bogotá em um bem ambiental para a região metropolitana de Bogotá por meio da melhoria da qualidade de água, reduzindo os riscos de inundação e criando áreas multifuncionais ao longo do rio. Para tratar esses problemas, o projeto tem quatro componentes: (i) melhoria e expansão do Projeto de Tratamento de Águas Servidas de Salitre; (ii) trabalhos de restauração do rio e controle perante inundações; (iii) estudos de água e ambientais; e (iv) gestão e administração do projeto. Um tema de particular importância é o enfoque integrado onde vários atores coordenam as suas ações (tratamento de águas servidas, construção de um interceptor, trabalhos para a restauração do rio, realocação da população ribeirinha afetada, etc.) para criar novos espaços urbanos, reduzir a exposição perante inundações e melhorar o valor ambiental do Rio Bogotá, e assim melhorar a qualidade de vida de Bogotá.

Box 14. Estratégia de Gestão de Águas urbanas em Bogotá

Antes Depois

Na verdade, a integração de uma política de água e urbana é ainda um tópico que deixa muito a desejar, inclusive nas cidades com Gestão Integrada de Águas Urbanas apresentadas neste documento. As políticas de desenvolvimento urbano nas cidades estudadas não estão ainda bem alinhadas com a prestação e o desenho dos serviços de água, ou com as necessidades de proteção das bacias; a interseção entre o planejamento urbano e os serviços de água geralmente requer de maior atenção por parte das autoridades municipais e das águas. Os efeitos negativos da urbanização não planejada dos sistemas de água estão frequentemente combinados com a regulação e gestão inadequadas da bacia. Normalmente as indústrias lançam efluentes industriais no sistema de esgotos ou diretamente para os rios, como acontece nos povoados e favelas informais a montante das sub-bacias ou ao redor dos reservatórios. Paralelamente, o aumento da densidade e a verticalização dos povoados urbanos resultaram em maior impermeabilidade dos solos e aumentou a vulnerabilidade perante inundações em muitas das cidades da região.

O enfoque apresentando neste resumo – Gestão Integrada de Águas Urbanas – não substitui o sólido trabalho econômico e técnico de cada setor, nem ele é uma panaceia que por si mesma resolverá algum desafio de água das cidades. Em lugar disso, este resumo explica que em caso de considerar uma Gestão Integrada de Águas Urbanas, as instituições urbanas desenvolverão de forma conjunta e finalmente as estratégias e enfoques que serão mais limpos, mais eficazes, mais flexíveis e mais equitativos, em resumo, elas adotarão o caminho mais verde e inclusivo para o desenvolvimento das cidades do amanhã.

A água é um elemento que define as cidades da América Latina; às vezes há muita e consegue inundar casas e ruas, mas outras, não há suficiente para satisfazer as necessidades básicas da população; às vezes o seu fedor deteriora os espaços verdes ou às vezes fornece hábitats valiosos em ecossistemas urbanos revitalizados; outras vezes, a sede das cidades obriga a procurar novas fontes; às vezes isola usuários, outras, ela trabalha com as indústrias locais para desenvolver mecanismos inovadores de recuperação e reuso. Em todos os casos, o desenvolvimento de cidades verdes e sustentáveis está relacionado com a capacidade de tornar os desafios da água em oportunidades para o desenvolvimento, incluindo a gestão integrada de águas urbanas no processo.

O trabalho realizado sob a iniciativa de Blue Water Green Cities do Banco Mundial revela bastantes boas práticas das quais se podem preparar lições valiosas. O tema subjacente é que a gestão da bacia, a prestação de serviços de água e o planejamento urbano não podem ser enfrentados por separado. Quando acontece uma urbanização não planejada em total dissociação com o desenho das estratégias de proteção perante inundações, gestão de água e prestação do serviço, isso aumenta diretamente o estresse na qualidade e disponibilidade de água, e aumenta a vulnerabilidade perante inundações na cidade. Enfrentar os desafios da água urbana da cidade com sucesso requer da atenção trans-setorial concertada por parte das autoridades da água e as municipais, além de práticas mais estritas na gestão da bacia. O que está faltando não é muitas vezes o aspecto econômico ou técnico, mas sim a promoção de uma forma mais completa e integrada para planejar e implementar em todos os setores, instituições e jurisdições relevantes.

7. Conclusões 37

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