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Administração do Controle à Decisão / Gestão Financeira e Gestão Educacional 1 ADMINISTRAÇÃO DO CONTROLE À DECISÃO GESTÃO FINANCEIRA E GESTÃO EDUCACIONAL

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Administração do Controle à Decisão / Gestão Financeira e Gestão Educacional

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ADMINISTRAÇÃO DO

CONTROLE À DECISÃO

GESTÃO FINANCEIRA

E

GESTÃO EDUCACIONAL

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Administração do Controle à Decisão / Gestão Financeira e Gestão Educacional

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Administração do Controle à Decisão / Gestão Financeira e Gestão Educacional

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Organizadores

Benedito Geovani Martins de Paiva Fábio Luiz de Carvalho

Juarez Monteiro de Rezende

Autores:

Adriana Cristina Moreira Antônio Robles Junior

Benedito Geovani Martins de Paiva Claudia Marinho Ribeiro Cristiano Tadeu Martins Evânio de Carvalho Cruz Fábio Luiz de Carvalho José Heraldo dos Santos

Juarez Monteiro de Rezende Luiz Carlos Vieira Guedes Maria Conceição da Silva

Matheus Ramos Trolesi Melissa Toti Ribeiro

Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos Ramires Ribeiro Pereira

Ronã Rinston Amaury Mendes Sinval Caputo Costa

Solange Moreira Dias de Lima Thiago Luís Nogueira Silva

Tonni Eustáquio Moroli Caputo Costa Wellington Espanha Moreira

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Diagramação: José Heraldo dos Santos

Capa/ Ilustração: José Heraldo dos Santos

Revisão: Benedito Geovani Martins de Paiva e José Heraldo dos Santos

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em

computador ou transmitida de qualquer forma e por quaisquer meios, eletrônicos,

mecânicos, por fotocópia, gravação ou outros, sem a permissão expressa e escrita

do titular dos direitos autorais.

Contato: [email protected]

Brasil Editora Ltda

www.brasileditora.com

2015

Administração Financeira: Do controle à Decisão, Gestão

Financeira e Gestão Educacional / Benedito Geovani Martins de

Paiva; Fábio Luiz de Carvalho e Juarez Monteiro de Rezende

(organizadores)

- 1a Ed. – Minas Gerais: Brasil Editora, 2015.

ISBN: 978-85-67036-02-1

1. Administração 2. Financeira 3. Controle e Decisão 4.

Educação financeira 5. Balanço

6. Auditória 7. Finanças I. PAIVA, Benedito Geovani Martins;

CARVALHO, Fábio Luiz de; REZENDE, JUAREZ, Monteiro

de.

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SUMÁRIO

GESTÃO FINANCEIRA Apresentação ..............................................................................................7

Balanço Intelectual: Estudo das Metodologias para Mensuração do Capital

Intelectual ................................................................................................... 9

Planejamento Financeiro: Ferramenta de Gestão Financeira Para Mpe’s

................................................................................................................... 27

Auditoria Interna como Ferramenta de Gestão, Combate e Erros e Fraudes

nas Empresas ............................................................................................ 43

Modelos para Análise e Concessão de Crédito ........................................ 55

Gestão de Políticas de Crédito e Cobrança .............................................. 69

Finanças Pessoais: a Propensão ao Endividamento de Jovens

Consumidores Brasileiros ........................................................................ 81

Metodos para Análise e Concessão de Créditos Bancário as Micro e

Pequenas Empresas .................................................................................. 93

A Utilização da Contabilidade de Custos para Tomada de Decisão: O Caso

do Arranjo Produtivo Local - Apl - de Santa Rita do Sapucaí – MG

................................................................................................................. 107

Sistemas de Medição de Desempenho: Indicadores Financeiros e não

Financeiros ............................................................................................. 121

Ipo (Initial Public Offering) Conceito e Orientações para Investir em

Ações ...................................................................................................... 139

GESTÃO EDUCACIONAL

Gestão de Horários no Ensino Superior Privado: Combatendo a Resilição

com Inovação ......................................................................................... 157

Atribuições do Gestor em uma Instituição de Ensino Superior: Liderança e

Equipe de Trabalho ................................................................................ 173

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APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que apresentamos o livro Administração: do controle a decisão. A ideia básica do livro foi a de organizar, estruturar e divulgar o contínuo trabalho no âmbito da administração nas empresas possibilitando o controle de decisões principalmente envolvendo as gestões financeira e educacional.

Os capítulos foram estruturados à partir de uma coletâneas de artigos, resultados de pesquisas em periódicos, monografias, dissertações, teses, iniciação científica e trabalho de conclusão de curso, dos universitários do curso de especialização em Auditória, Controladoria e Finanças.

Nesses capítulos serão tratados de assuntos polêmicos como metodologia para avaliar o capital intelectual, assim como, assuntos práticos do nosso cotidiano como auditoria, análise de crédito e cobrança, planejamento financeiro, sistema de avaliação de desempenho e finanças pessoais.

Os primeiros capítulos foram divididos sobre a administração sendo o total de dez, estes primeiros capítulos tratam dos principais conceitos da Administração do Controle à Decisão procurando aplicá-los às atividades práticas nas empresas (companhias) sobre gestão financeira, no que se refere aos investimentos em ações na bolsa de valores apesar de atual conjuntura nacional de recessão econômica que se encontra o nosso país, e para finalizar os dois capítulos finais sobre a gestão educacional, demonstrando assuntos relacionados a gestão de horários no ensino superior privado e atribuições de um gestor de ensino superior

Os capítulos são importantes, mesmo para os que conhecem a administração dentro de uma empresa sendo seus mais variados ramos de atividades, controlando estoques internos e externos, setores administrativos, fabricação, comunicação e marketing, recursos humanos e outros, onde muitas vezes além de controlar todos os departamentos internos e externos somos levados a tomar diversas decisões na administração de uma empresa, podendo ser uma micro, média ou grande empresa.

Muitas vezes também temos que controlar a gestão financeira e educacional nas escolas públicas ou privadas. Estas instituições de ensino são consideradas também como empresas e nada como administrar a gestão educacional no mundo globalizado. Apesar de muitos intelectuais terem um preconceito quando mencionamos que uma escola, faculdade ou universidade não são consideradas como empresa, é uma empresa, mas por eles são empresas de prestação de serviços de conhecimento e ensino. Estas empresas possuem muitas vezes um número de alunos muito significativo na economia de muitas cidades de nosso país. Algumas faculdades possuem mais de 35 mil

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universitários contribuindo muito na economia de um município. Consideradas como cidades universitárias.

Agradeço os Organizadores deste livro por realizar o trabalho de diagramação, capa, ilustração e apresentação desta obra. Porque sei as dificuldades encontradas por estes em nosso cotidiano sobre uma pesquisa científica. Como professor de metodologia do trabalho científico, sei que os nobres colegas passaram muitas horas elaborando questionários, realizando relatórios para o curso de doutoramento em Administração e Gestão Educacional, mas estas horas sacrificadas em pesquisa originaram esta obra.

Não poderia deixar de agradecer também aos acadêmicos do curso de especialização em Auditoria, Controladoria e Finanças que realizaram um árduo trabalho de pesquisa científica para suas monografias ou trabalhos de conclusão de curso orientados pelos organizadores, que dedicaram tempo ao estudo, superando expectativas, nos vários capítulos publicados apresentados deste Livro.

Não poderia de deixar de agradecer ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), pela oportunidade de motivar, e patrocinar esta obra.

Finalmente, agradeço todas as esposas, maridos, namoradas, namorados, filhos e filhas envolvidos com os autores, que de alguma forma tiveram sacrificada sua convivência familiar para a realização desta magnífica obra literária científica contribuindo de alguma forma com o conhecimento científico de nosso país.

Prof. Ms. José Heraldo dos Santos

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BALANÇO INTELECTUAL: ESTUDO DAS METODOLOGIAS PARA MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL

Benedito Geovani Martins de Paiva, [email protected]

Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos

[email protected]

Melissa Toti Ribeiro [email protected]

RESUMO O capítulo tem o objetivo apresentar e sugerir uma metodologia de mensuração do Capital Intelectual para compor as Demonstrações Contábeis tradicionais. A Ciência Contábil vem ao longo do tempo pesquisando diversos métodos para a mensuração do capital intelectual, mas apesar de todo o avanço ainda existem poucos instrumentos para evidenciar, analisar e disponibilizar aos usuários das informações contábeis, o valor do capital intelectual. A grande dificuldade de mensuração do capital intelectual está nas características de volatilidade e subjetividade. Capital Intelectual representa a capacidade do individuo em aplicar o conhecimento nas mais diversas situações bem como sua capacidade de inovar e transformar ideias em produtos, serviços ou mesmo processo. Surge assim as questões que motivaram o presente capítulo, como mensurar o capital intelectual? Existem métodos para calculo do valor do capital intelectual? Nessa direção, optou-se por investigar na literatura disponível estudos já publicados em livros, revistas, jornais e periódicos que abordam o tema “capital intelectual”, especificamente métodos e/ou modelos para a sua mensuração, utilizando a metodologia da pesquisa bibliográfica. Entre os métodos destacados pela literatura o que melhor atende aos objetivos do capítulo é o de Skandia. Esse modelo abrange indicadores sob o foco financeiro, humano, do cliente, do processo, e da renovação e desenvolvimento. Cabe aos profissionais de Contabilidade estudos adicionais a respeito do método proposto para mensuração do Capital Intelectual. Palavras chaves: Capital Intelectual, Modelo de Skandia e Subjetividade

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1 INTRODUÇÃO

No mundo globalizado, o conhecimento destaca-se como um dos fatores mais crítico de sucesso, sobrepondo-se à própria matéria prima, ao processo produtivo e aos bens de capital. As empresas necessitam cada vez mais de profissionais com conhecimento de tecnológicas, logística, vendas, produção, finanças, comunicação, entre outros. Os ativos intelectuais tornaram-se os elementos mais importantes no mundo dos negócios, responsáveis pelo desempenho das empresas e constituem vantagem competitiva num mercado cada vez mais exigente. Nesse contexto, a mensuração do Capital Intelectual passa a despertar interesses tanto do mundo acadêmico quanto empresarial, devido a sua relevância para o valor de uma organização, chegando a ser considerado por muitos empresários como um dos seus principais ativos.

A Ciência Contábil vem ao longo do tempo pesquisando diversos métodos para a mensuração do capital intelectual, mas apesar de todo o avanço ainda existem poucos instrumentos para evidenciar, analisar e disponibilizar aos usuários das informações contábeis o valor do capital intelectual. O valor de uma empresa é representado por ativos tangíveis e intangíveis, que geram benefícios futuros, sendo que o grande problema para apresentar um valor contábil mais próximo do seu valor de mercado é a mensuração do ativo intangível, onde se inclui o Capital Intelectual. A adoção das Normas Internacionais de Contabilidade representou um avanço na Ciência Contábil como fornecedora de informações econômicas e financeiras para a tomada de decisão, porém, a Ciência Contábil ainda não desenvolveu uma metodologia adequada para mensurar e apresentar nos Demonstrativos Contábeis a mensuração do capital intelectual.

Daí são questões que motivaram o presente capítulo: Como mensurar o capital intelectual? Existem métodos para calcular o valor do capital intelectual? Tem-se como objetivo apresentar e sugerir uma metodologia de mensuração do Capital Intelectual para compor as Demonstrações Contábeis tradicionais. Nessa direção, optou-se por investigar na literatura disponível estudos já publicados em livros, revistas, jornais e periódicos que abordam o tema “capital intelectual”, especificamente métodos e/ou modelos para a sua mensuração, utilizando a metodologia da pesquisa bibliográfica.

A importância deste estudo se justifica diante do crescimento da sociedade do conhecimento, dos investimentos em educação e treinamento contínuo que estão mudando os paradigmas empresariais e a forma de valorizar uma empresa, a fim de obterem vantagem competitiva e valor de mercado.

O texto encontra-se estruturado em cinco partes, incluindo a introdução como primeira parte. Na segunda parte, apresentam-se os diversos conceitos de capital intelectual na perspectiva de alguns autores estudiosos do tema; na

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terceira parte é abordado o posicionamento de autores da área contábil diante do desafio de introduzir às Demonstrações Contábeis tradicionais parâmetros para evidenciar, medir e mensurar o verdadeiro valor do Capital Intelectual; na quarta e quinta parte apresenta-se alguns modelos/métodos de mensuração do Capital Intelectual com análise e comentários sobre como poderão contribuir e enriquecer as Demonstrações Contábeis.

2 CAPITAL INTELECTUAL

Genericamente, o Capital Intelectual pode ser definido como um conjunto de valores e conhecimentos de uma empresa que lhe proporcionam vantagem competitiva no mercado. Constitui a matéria intelectual como conhecimento, informações, experiências e propriedade intelectual. Apresenta a característica de intangibilidade, não podendo ser tocado, porque não possui existência física, mas agregam valores reais à organização. No entanto, conforme apresentado a seguir, não existe um conceito ou significado único para a expressão “capital intelectual”, mas todos consideram a sua importância para o valor da organização.

Stewart (2002), relata que o capital intelectual foi umas dos grandes fatores que impulsionaram o crescimento e desenvolvimento das empresas. Para o autor, o capital intelectual é um intangível formado pelas habilidades, capacidades, expertise, culturas, lealdade, dentre outros. São ativos do conhecimento, mais importante do que os ativos tangíveis para determinar o sucesso ou fracasso de uma empresa. Obter habilidades, disseminar o conhecimento estratégico de forma inovadora, prática e original a todos os níveis hierárquicos da empresa são fatores determinantes para o sucesso empresarial.

Entre os muitos obstáculos para a mensuração do Capital Intelectual pela Ciência Contábil destacam-se algumas características subjetivas de difícil mensuração, principalmente pela sua volatilidade, como a intangibilidade uma vez que não possui existência física. São outras características: a inconstância, pois não existe garantia da sua permanência na empresa; recurso ilimitado, que significa que o reconhecimento compartilhado permanece com o doador e ao mesmo tempo enriquece o recebedor; a difícil Identificação, que podem ser traduzida em questões como: onde encontrá-los? Quem os possui? Quais os responsáveis por sua gestão? Enfim, ainda Stewart (2002), ainda considera como obstáculo a diversidade de forma como o conhecimento é apresentado, como pesquisa, relatórios, livros, modelos, métodos.

Já Stefano et. al. (2014), consideram o Capital Intelectual tão importante quanto o Capital Financeiro para se atingir objetivos organizacionais. Consideram que o Capital Intelectual é a capacidade de utilizar o conhecimento

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do indivíduo para que a empresa atinja as metas, remunere o Capital Financeiro, se possível, acima do custo de oportunidade.

Para Doyle e O’Connor (2013), o Capital Intelectual representa a capacidade do indivíduo em aplicar o conhecimento nas mais diversas situações bem como sua capacidade de inovar e transformar ideias em produtos, serviços ou mesmo processo. Isto é, a capacidade de transferir conhecimento de um contexto para outro, quer seja, por processos de inovação, imitação, adaptação ou conversão.

Para Malhotra (2005), o termo Capital Intelectual abrange um conjunto de elementos como: Capital Humano, Capital Relacional ou de clientes, propriedade intelectual, conhecimento tácito, ativos intelectuais, pesquisa e desenvolvimento, Capital Estrutural ou Organizacional, inovação, conhecimento codificado, tecnologias de informação, entre outros. Enquanto Bassan e Hauschildt (2005), entendem que o capital intelectual é formado por três componentes: capital humano, capital estrutural e capital de clientes, sendo que o capital humano representa toda capacidade, conhecimento, habilidade e experiência individuais dos empregados e proprietários para criação e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores para atrair e satisfazer os clientes da melhor maneira possível.

Sharabati, Jawad e Bontis (2010), enfatizam a perspectiva organizacional, referindo-se ao Capital Humano como a fonte de inovação e renovação estratégica. Para tal, Afonso (2013), relata que deve ser combinado com elementos relacionais e estruturais na organização para criar valor. As empresas com estratégia focada na gestão de Recursos Humanos, reconhecendo que as pessoas possuem habilidades preciosas, desenvolvem vantagem competitiva contínua frente aos concorrentes.

Stefano et. al. (2014), entende que o Capital Humano é um pré-requisito para continuar a aprender e auxilia na acumulação de novos conhecimentos e habilidades dentro da organização, considerado como a alma das organizações, agregando três componentes distintos: competências, atitudes e agilidade intelectual. Wadongo; Kambona; Odhuno (2011), entendem competência como conhecimento tácito e as aptidões mais visíveis dos indivíduos.

As atitudes representam uma dimensão comportamental, influenciada pela motivação. A agilidade intelectual representa a capacidade do indivíduo em aplicar o conhecimento adquirido nas mais diversas situações, bem como sua capacidade de inovar e transformar ideias em produtos, serviços ou mesmo processo. Representa a capacidade de transferir conhecimento de um contexto para outro, quer seja, por processos de inovação, imitação, adaptação ou conversão.

De acordo com Bontis e Fitzenz (2002), a maioria dos autores concordam que o investimento em Capital Humano é muitas vezes um pré-requisito ao bom desempenho organizacional, fator esse que leva muitas empresas a implementar

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programas de incentivo a educação como forma de manter ou aumentar sua produtividade. A mensuração do capital humano envolve vários fatores como o nível de formação, competência, participação, motivação e integração com os objetivos da empresa. O segundo componente do Capital Intelectual é o Capital Estrutural, sendo este a base sobre o qual se consolida o conhecimento da empresa: a utilização dos artifícios da tecnologia da informação, banco de dados, manuais de processos, dentre outros, conseguem reter o conhecimento individual, transformando-o em ativo da empresa.

Para Stewart (1998), o Capital Estrutural é definido como sendo um conjunto de conhecimentos retidos e de propriedades da empresa, que pode ser reproduzido e dividido. Parte do que pertence à categoria de capital estrutural tem direito aos direitos legais de propriedade: tecnologias, invenções, dados, publicações e processo podem ser patenteados, ter seus direitos autorais registrados ou ser protegidos por leis.

O Capital Estrutural é um ativo estratégico para vantagem competitiva, composto por ativos não humanos, tais como: sistemas de informação, rotinas, procedimentos e bases de dados. Enfim, é a estrutura de uma organização, fornece as ferramentas para a retenção, disseminação do conhecimento ao longo da cadeia de valor. Isto é, a infraestrutura que apóia o Capital Humano.

Stewart (1998), relata que o Capital Estrutural é todo o conhecimento que não vai para casa depois do expediente, ele fica na empresa e pode ser utilizado por qualquer colaborador da empresa, desde que tenha conhecimento para tal. Nesse sentido, o Capital Estrutural é formado pelos equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com clientes e tudo o mais da capacidade organizacional que apóia a produtividade dos empregados.

O terceiro componente é Capital de Clientes, que é definido como toda estrutura externa de relacionamento com os clientes e fornecedores disponibilizados pela empresa. Os componentes do capital do cliente são estratégia competitiva, preço, marca, embalagem, distribuição, serviços, assistência técnica e comunicação. Estão inter-relacionados para compartilhar conhecimento com o cliente.

Stefano et. al. (2014), relata que o Capital do Cliente é o conhecimento incorporado nos relacionamentos com os clientes, fornecedores, parceiros de aliança estratégica, acionistas ou quaisquer outras partes interessadas que influenciam a “vida” da organização e a criação de valor organizacional, permite à organização obter o maior retorno de seu Capital Intelectual.

Já Stewart (1998, p. 128), define e descreve a importância do Capital de Cliente: Toda empresa com clientes possui capital do cliente, [...] como o valor de sua franquia, seus relacionamentos contínuos com pessoas e organizações para os quais vende. Entre as três grandes categorias de ativos

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intelectuais - capitais humano, estrutural e do cliente - os clientes são os mais valiosos. Eles pagam as contas. E porque o fazem, é mais fácil seguir as pegadas que deixam nos relatórios financeiros do que as deixadas por pessoas, sistemas ou capacidades.

A empresa para possuir capital cliente, deve saber negociar com o cliente de uma forma que lhe traga bons rendimentos, porém é preciso deixar o cliente satisfeito com o negócio efetuado para fidelizá-lo à empresa. O Capital Intelectual facilita o aprendizado aumentando as possibilidades de instigar a criatividade, desenvolver a capacidade individual e grupal, e originar um diferencial de competência para as organizações que estão direcionando cada vez mais a este capital.

De acordo com Shih, Lin, Lin, (2011), na era do conhecimento, o Capital Intelectual representa os ativos intangíveis: decisões mais acertadas e coerentes; estruturação adequada e a eficiência dos processos produtivos; a eficácia de sistemas gerenciais; a capacidade e a competência de seus colaboradores; o bom relacionamento com os clientes, fornecedores e com colaboradores; soluções inovadoras; entre outros.

A compreensão das distinções de Capital Humano, Capital Estrutural e Capital de Cliente, são imprescindíveis para a gestão de seu conhecimento da empresa. Para os fins deste estudo, Capital Intelectual é definido como a matéria intelectual, ou seja, conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência, que pode ser utilizada para gerar riqueza. E, isto pode se dar por meio das habilidades, experiência e conhecimento de seus funcionários, com os ativos intangíveis presentes na organização e de todas as partes interessadas, que terão uma influência sobre as operações da organização.

3 NORMAS DE CONTABILIDADE E MENSURAÇÃO CAPITAL INTELECTUAL

Grandes mudanças ocorreram no cenário contábil brasileiro em face da convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade às Normas Contábeis Internacionais iniciou-se, a partir da Lei nº 11.638/07 e, também, pela edição da Lei n.º 11.941/09. De acordo com Carvalho e Lemes (2010), foi editado o Comitê de Pronunciamento Contábil 04 (CPC 04) para o reconhecimento dos ativos intangíveis, mensuração, contabilização da amortização e das perdas por impairment, sendo aplicável a gastos com publicidade, treinamento, pré-operacionais, pesquisas e desenvolvimento, patentes, licenças, filmes cinematográficos, software, conhecimento técnico, franquias, fidelidade de clientes, participação no mercado, lista de clientes e itens similares.

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Niyama (2008), relata que as demonstrações contábeis devem evidenciar o valor agregado dos gastos com pesquisas e desenvolvimento reconhecido como despesa durante o período. De acordo com os conceitos contábeis, se um ativo intangível proporciona benefícios se faz necessário criar mecanismos para apropriá-lo ao capital e ao resultado. É notável por outro lado, a dificuldade que a contabilidade tradicional encontra em mensurar o valor, quanto o Capital intelectual representa para uma empresa.

A literatura tanto das Normas Internacionais quanto as Brasileiras de Contabilidade não relatam como mensurar e contabilizar o Capital Intelectual. O desafio para à classe contábil consiste em introduzir às Demonstrações Contábeis tradicionais parâmetros para evidenciar, medir e mensurar o verdadeiro valor do Capital Intelectual. As Normas Internacionais de Contabilidade não oferece um modelo para tal mensuração, ficando assim, a cargo da contabilidade criar e desenvolver técnicas que permitam que o Capital Intelectual seja mesurado e espelhado de forma clara, simples e objetiva. Uma economia só é forte quando as pessoas que a compõem são eficientes e capazes de agregarem valor aos produtos e serviços.

4 MODELOS DE MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL

A mensuração do capital intelectual é bastante complexa tendo em vista a subjetividade contida no tema. Trata-se da atribuição de valor a itens que não podem ser vistos, nem tocados, mas que agregam valor por serem potenciais geradores de lucro ou riqueza. Com isso, cada empresa mensura seus ativos intangíveis da sua maneira, e isso é facilmente explicado pela grande diferenciação na composição da carteira desses ativos de organização para organização.

Segundo Padoveze (2000), os ativos intelectuais são aqueles itens baseados em conhecimento, que a companhia possui, que pode tanto ser adquirido quanto formado internamente, que produzirão um fluxo futuro de benefícios para a empresa. A mensuração do capital intelectual, de certa forma, já vem sendo realizada pelo próprio mercado quando atribui valor a uma determinada empresa, quase sempre bastante superior àquele encontrado nos registros contábeis.

O capital intelectual interfere diretamente no valor de uma empresa, o que por sua vez, surge a necessidade de sua mensuração. Diversos modelos de avaliação têm sido utilizados, tendo em vista a complexidade da questão e da inexistência de um instrumento a prova de contestações inclusive pelas normas internacionais de contabilidade. A seguir serão apresentados os principais modelos de mensuração do Capital Intelectual encontrados na literatura.

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4.1 Diferença entre valor de mercado e valor contábil

A diferença entre o Valor de Mercado e o Valor Contábil é um dos indicadores mais utilizados para medir o capital intelectual. Por esse método o valor do capital intelectual é determinado pela diferença entre valor contábil e valor de mercado (valor unitário de ação x nº de ações) de uma empresa.

Ferreira (2004, p. 6), relata que “um ponto desfavorável desse modelo seria o fato de que tanto o valor de mercado quanto o valor contábil podem estar subestimados, uma vez que ambos interferem no resultado. Este fato prejudica de forma substancial na avaliação da entidade”. Com a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade esse problema foi minimizado, uma vez que a empresa deve apresentar as demonstrações a valor de mercado.

O capital intelectual é calculado utilizando a seguinte equação: CI= VM – VC, onde CI=Capital intelectual; VM=Valor de mercado e VC=Valor Contábil.

Este método voltado para área financeira baseia-se nos valores expressos na contabilidade com relação à diferença do valor de mercado da empresa para saber seu valor agregado.

4.2 Razão entre o valor de mercado e o valor contábil (ou market-to-book)

O modelo Market-to-Book, conhecido como razão M/B. O valor do Capital Intelectual é resultante da divisão do valor de mercado das empresas pelo valor de seu Patrimônio Líquido. Gomes (2003, 71), corrobora relantado que nessa abordagem, “os intangíveis (capital intelectual) são expressos pela relação entre o valor de mercado e o valor contábil”, conforme a seguinte equação: Capital intelectual = Valor de Mercado / Valor Contábil do Patrimônio Líquido. Esse método é voltado para área financeira, cujo resultado é obtido através de um cálculo matemático simples.

4.3 Modelo de mensuração do capital intelectual “Q” de Tobin

O Modelo de Mensuração do Capital Intelectual “Q” de Tobin é o índice do valor de mercado da empresa em relação ao custo de reposição de seus ativos, obtido pela adição da depreciação ao valor contábil. Na medida em que o “Q” movimenta-se para valores superiores a 1 o mercado parece estar atribuindo valores cada vez maiores aos intangíveis da empresa.

Sousa e Pinho (2009, p. 4), relatam que o “Q é definido como a relação entre o valor de mercado da empresa e o custo de reposição de seus ativos físicos.”

A fórmula para o cálculo do “Q” de Tobim é a seguinte:

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VMA = valor de mercado das ações (ou capital próprio da firma); VMD = valor de mercado das dívidas (ou capital de terceiros empregado); VRA = valor de reposição dos ativos da firma.

Gomes (2003, p. 72), relata que, apesar de não ter sido desenvolvido para mensuração do capital intelectual, o “Q" define o valor oculto da empresa, com relação ao seu valor de mercado divergir com seu valor contábil, resultado de seu investimento em tecnologias e capital humano que geram ativos intangíveis agregadores de valor à empresa. Esse índice demonstra o incentivo à empresa para investimentos em ativos físicos que compõem a estrutura de produção da organização, caso o “Q” seja superior a 1, ao contrario a empresa não fará novos investimentos no momento.

4.4 Modelo de Stewart

O Modelo desenvolvido por Stewart (2002), denominado de “Navegador do Capital Intelectual”, entende que o capital intelectual interfere diretamente no desempenho da empresa e deve ser analisado sob várias perspectivas, como por exemplo razão do valor de mercado/valor contábil, medidas de capital do cliente, medidas de capital humano e medidas de capital estrutural. A figura que identifica o modelo mencionado.

Figura 01 - Gráfico Radar

Fonte: Stewart (2002, p. 219)

Para Ferreira (2004, p. 6), o “navegador do capital intelectual tem a vantagem de ser de fácil visualização o acompanhamento da evolução do desempenho da empresa. Deve-se ter cuidado na escolha dos índices de desempenho, para que sejam adequados à estratégia empresarial.”

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Por abordar várias medidas, através de índices financeiros e não financeiros, para acompanhar o desempenho da empresa o navegador proporciona uma clara visão dos pontos principais dentro da organização de acordo com a estratégia empresarial.

4.5 Modelo navegador Skandia

A Skandia é uma grande empresa sueca do mercado de seguros e serviços financeiros e foi o primeiro grupo a divulgar um relatório contendo dados sobre o capital intelectual de suas unidades, como um suplemento das Demonstrações Contábeis de 1994.

Antunes (2000), explica que o Modelo de Skandia agrupou os fatores de sucesso em cinco áreas de focos distintos: financeiro, de clientes, de processo, de renovação e desenvolvimento e humano. A seguir são apresentados os indicadores de Mensuração Absolta do Capital Intelectual (C):

Receitas resultantes da atuação em novos negócios. Investimento no desenvolvimento de novos mercados. Investimento no desenvolvimento do setor industrial. Investimento no desenvolvimento de novos canais. Investimento em Tecnologia da Informação (TI) aplicada a vendas, serviço e suporte. Investimento em TI aplicada à administração. Novos equipamentos de TI. Investimento no suporte aos clientes. Investimento no serviço aos clientes. Investimento no treinamento de clientes. Despesas com clientes não relacionadas ao produto. Investimento no desenvolvimento da competência dos empregados. Investimento em suporte e treinamento relativo a novos produtos para os empregados. Treinamento especialmente direcionado aos empregados que não trabalham nas instalações da empresa. Investimento em treinamento, comunicação e suporte direcionados aos empregados permanentes em período integral. Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empregados temporários de período integral. Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empregados temporários de tempo parcial. Investimento no desenvolvimento de parcerias/joint-ventures. upgrades no sistema. Investimento na identificação da marca (logotipo/nome). Investimento em novas patentes e direitos autorais.

Quadro 1: Indicadores da Mensuração Absoluta do Capital Intelectual (C) Fonte: Edvinsson e Malone (1998, p. 173-174).

Edvinsson e Malone (1998, p. 174-175), mencionam que C enfatiza o

compromisso de uma empresa em relação ao futuro, ao passo que i alicerça esse compromisso no desempenho atual.

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A seguir são apresentados os indicadores mais representativos de cada foco, expressos em porcentagens, quocientes e índices (i):

Participação de mercado (%). Índice de satisfação dos clientes (%). Índice de liderança (%). Índice de motivação (%). Índice de investimento em pesquisa & desenvolvimento em relação ao investimento total (%). Índice de horas de treinamento (%). Desempenho/meta de qualidade (%). Retenção dos empregados (%). Eficiência administrativa dividida pelas receitas (%).

Quadro 2: Índice do Coeficiente de Eficiência (i) do Capital Intelectual Fonte: Edvinsson e Malone (1998, p. 175).

Antunes (2000), explica que i é obtido através dos indicadores mais representativos de cada foco, expressos em porcentagens, quocientes e índices.

A equação sugerida para mensurar é i = (n/x), em que n é igual à soma dos valores decimais dos nove índices de eficiência, e x o número destes índices, ou seja, se obtém a média aritmética. A avaliação global do Capital Intelectual é resultante da multiplicação do índice “i” pela variável “C”, conforme a seguinte equação: Avaliação do Capital Intelectual = iC

Esta é uma metodologia que se destaca entre as demais, tendo em vista a abrangência dos indicadores utilizados, organizados sob o foco financeiro, humano, do cliente, do processo, e da renovação e desenvolvimento.

A diversidade das organizações faz-se necessárias adaptações tais como: reavaliar a lista, incluindo demais pontos ou excluindo outros.

4.6 Modelo de Sveiby

Modelo sugerido Sveiby (1998), apresenta as medidas de Capital Intelectual na forma de avaliação dos ativos intangíveis de uma empresa. Este modelo foi desenvolvido, na Swedish Comunityof Practice, que através de relatório anual apresentou a evolução dos itens do capital intelectual. A metodologia adotada foi a divisão do Ativo da empresa em ativos em tangíveis e intangíveis, classificando-os em três grupos: competências das pessoas; estrutura interna e estrutura externa.

Descreve medidas de avaliação da competência das pessoas, estrutura interna e externa. Classifica os ativos intangíveis em três categorias: indicadores de crescimento/renovação; indicadores de eficácia e indicadores de estabilidade, conforme quadro 3.

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MONITOR DE ATIVOS INTANGÍVEIS Estrutura Externa Estrutura Interna Competência das Pessoas

Crescimento/Renovação:Crescimento orgânico do volume de vendas. Aumento da participação no Mercado. Índice de clientes insatisfeitos ou índice da qualidade.

Crescimento/Renovação Investimento: em tecnologia da informação. Parcela de tempo dedicada às atividades internas de P&D. Índice de atitude do pessoal em relação aos gerentes, à cultura e aos clientes.

Crescimento/Renovação: Parcela de vendas geradas por clientes que aumentam a competência. Aumento da experiência média profissional (nº de anos). Rotatividade de competência.

Eficiência: Lucro por cliente Vendas por profissional

Eficiência: Proporção de pessoal de suporte Vendas por funcionários de suporte.

Eficiência: Mudança do valor agregado por profissional. Mudança na proporção de profissionais.

Estabilidade: Frequência da repetição de pedidos Estrutura etária

Estabilidade: Idade da organização Taxa de novatos.

Estabilidade: Taxa de rotatividade dos profissionais.

Quadro 3: Monitor de ativos intangíveis Fonte: Sveiby (1998, p. 238)

As medidas descritas anteriormente são acompanhadas por meio de um

monitor de ativos intangíveis. Não excedendo a uma página, o monitor pode ser integrado ao sistema de gerenciamento de informações acompanhado por comentários.

O modelo de Sveiby (1998), recebe o nome de Monitor de Ativos Intangíveis, no qual o propõe-se a classificação dos ativos intangíveis em grupos de três elementos: competência do funcionário; estrutura interna e estrutura externa. Cada um destes grupos propostos é criado indicadores com foco no crescimento e renovação, eficiência e estabilidade.

4.7 Modelo de Straiotto

O modelo proposto por Straiotto (2000), sugere que os gastos com recursos humanos sejam lançados no Ativo da Empresa, na Conta Contábil “Investimento em ativos humanos” e amortizados para custos ou despesas, de acordo com os controles do departamento de Recursos Humanos.

No quadro 4 da próxima página, o Balanço Sugerido por Straotto

(2000):

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BALANÇO PATRIMONIAL – EMPRESA X

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativo Realizável a Longo Prazo Obrigações Trabalhistas e Sociais Ativo Permanente

Salários e Encargos Sociais Ativo Imobilizado Estrutura de apoio aos RHs Nível 1 – (1ª a 4ª série Ensino Fundamental)

02 Salários e Encargos sociais Depreciação Acumulada

Ativo de Investimento Nível 2 – (Primário Completo) 03 Salários e Encargos sociais Investimentos em RHs

Avaliação Nível 3 – (Ensino Médio e/ou Curso Técnico) 04 Salários e encargos sociais Reavaliação

Desvalorização Nível 4 – (Graduação) 05 Salários e encargos sociais Ativo Diferido

Gastos de Investimentos em RHs Nível 5 – (Especializações em Geral) Passivo Exigível a Longo Prazo Amortização de gastos em RHs

Quadro 4: modelo proposto por Straiot Fonte: Adaptado de Straiotto, (2000, p. 38 e 39)

Já no Passivo, o autor sugere detalhar o valor agregado da empresa em

todos seus níveis de acordo com o grau de escolaridade dos funcionários, ou seja, o Capital Intelectual aplicado de cada nível ao produto ou serviço nas fases do ciclo operacional da empresa. Para tal, seria necessário abrir a conta salários no plano de contas da Contabilidade em níveis.

Este modelo não atende aos requisitos e recomendações das Normas Internacionais de Contabilidade quanto à acumulação dos gastos, realizado com a mão de obra, para geração de benefícios futuros. Estas devem ser lançadas diretamente na Demonstração de Resultado como despesa, enquanto o Modelo de Straitto (2000), sugere sua acumulação nas contas do Ativo.

Essa diferença dificultaria a operacionalidade desse modelo no dia a dia das empresas. Já quanto as sugestões para o Passivo, pode controlar e apresentar o perfil da mão de obra e o valor agregado pela mesma.

5 SUGESTÃO DO BALANÇO INTELECTUAL

As Normas Internacionais de Contabilidade introduziram uma reestruturação nas demonstrações contábeis tradicionais, principalmente da relação à harmonização, entre os valores contábeis e de mercado das empresas.

No entanto, “mensuração dos intangíveis é imprecisa e subjetiva” conforme defendido por Stewart (2002, p. 403). O grande desafio para os

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profissionais de contabilidade e finanças é desenvolver ou adaptar ferramentas para mensurar o capital intelectual, sabendo que o mesmo é extremamente volúvel e intangível.

O Balanço Intelectual proposto refere-se a uma demonstração complementar as demonstrações contábeis exigidas pela legislação. Deve ser elaborada pela controladoria em conjunto com o departamento de Recursos Humanos e apresentar o valor do Capital Intelectual aos Stakeholders, valor esse que compõe o valor de mercado da empresa.

Edvinsson e Malone (1998, p. 174), advertem para que não seja aceita e utilizada esta lista como fórmula definitiva. Para isso, salientam que “ela foi feita com propósito único de debater o que constitui o Capital Intelectual”.

Assim, caberia a cada empresa analisar quais indicadores melhor se aquária a sua estrutura para o cálculo do Valor do Capital Intelectual.

O presente capítulo pesquisou na bibliografia os principais métodos de mensuração do Capital Intelectual, e entendeu-se que o modelo de Skandia poderá contribuir e enriquecer as Demonstrações Contábeis, por apresentar-se uma subjetividade inferior aos demais e uma padronização na metodologia de cálculo do valor do Capital Intelectual. Os quadros 05 e 06 apresentam o exemplo prático do modelo de Skandia.

Nº Índices relacionados ao capital intelectual n

1 Participação de mercado (%) = 68%

2 Índice de satisfação dos clientes (%) = 91%

3 Índice de Liderança (%) = 62%

4 Índice de Motivação (%) = 65%

5 Índice de investimento em P& D Total = 45%

6 Índice de horas de treinamento (%) = 61%

7 Desempenho/meta de qualidade (%) = 59%

8 Retenção dos empregados (%) = 85%

9 Eficiência administrativa/receitas (%) = 92%

Total (%) 628%

Quadro 5: Índices relacionados ao capital intelectual Fonte: Elaborado pelo autor

No quadro 6 da próxima página podemos demonstrar os Gastos

relacionados ao capital intelectual

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Nº Descrição dos gastos relacionados ao capital intelectual Valor 1 Receitas resultantes da atuação em novos negócios. 300.000,00 2 Investimento no desenvolvimento de novos mercados. 150.000,00 3 Investimento no desenvolvimento do setor industrial. 500.000,00 4 Investimento no desenvolvimento de novos canais. 250.000,00

5 Investimento em Tecnologia da Informação (TI) aplicada a vendas, serviço e suporte. 80.000,00

6 Investimento em TI aplicada à administração. 90.000,00 7 Novos equipamentos de TI. 159.000,00 8 Investimento no suporte aos clientes. 100.000,00 9 Investimento no serviço aos clientes. 210.000,00 10 Investimento no treinamento de clientes. 320.000,00 11 Despesas com clientes não relacionadas ao produto. 32.000,00

12 Investimento no desenvolvimento da competência dos empregados. 150.000,00

13 Investimento em suporte e treinamento relativo a novos produtos para os empregados. 85.000,00

14 Treinamento especialmente direcionado aos empregados que não trabalham nas instalações da empresa. 25.000,00

15 Investimento em treinamento, comunicação e suporte direcionados aos empregados permanentes em período integral. 35.000,00

16 Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empregados temporários de período integral. 32.500,00

17 Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empregados temporários de tempo parcial. 15.000,00

18 Investimento no desenvolvimento de parcerias/joint-ventures. 250.000,00 19 upgrades no sistema. 32.000,00 20 Investimento na identificação da marca (logotipo/nome). 15.000,00 21 Investimento em novas patentes e direitos autorais. 130.000,00

Total 2.960.500,00 Quadro 6: Gastos relacionados ao capital intelectual

Fonte: Elaborado pelo autor

Nesse modelo, o cálculo do Valor do Capital Intelectual é calculado pela seguinte fórmula: x (numero de índices) 9 i (n/x) percentual 69,78% Valor do Capital Intelectual (Ic) = 2.960.500,00 x 69,78%=2.065.771,11

Pelo exemplo, observa-se que o valor do Capital Intelectual seria de R$ 2.065.771,11.

Pelo modelo, a empresa consegue analisar quais fatores infere diretamente no valor do Capital Intelectual, intervindo assim nos mesmos.

O modelo de Skandia pode ser adaptado a realidade de cada empresa. Tem-se a possibilidade de adicionar ou excluir indicadores. Para finalizar, o modelo sugerido se adotado pela legislação seria uma metodologia para

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padronização, comparações e análise do valor do Capital Intelectual das empresas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Contabilidade, com a adoção das Normas Internacionais, passou a ganhar destaque na atividade empresarial como ferramenta de gestão. O grande desafio para a Ciência Contábil é buscar ferramentas o Capital Intelectual das empresas, capital esse responsável pela trajetória de crescimento e desenvolvimento.

O Capital Intelectual é formado pelo conjunto de valores e conhecimento em uma empresa que lhe proporciona vantagem competitiva. Constitui a matéria intelectual como conhecimento, informações, experiências e propriedade intelectual. Apresenta a característica de intangibilidade, não podem ser tocados, porque não possuem existência física, mas agregarem valores reais à organização, portanto, precisa ser mensurado. Abrange principalmente o Capital Humano, Capital Estrutural e Capital do Cliente.

O presente capítulo apresentou os principais métodos para mensuração do capital intelectual. Cabe aos contadores e gestores das empresas adaptarem o que melhor se enquadra no perfil estratégico da empresa. A existência dos métodos para mensuração do Capital Intelectual deixa evidente que há valores “ocultos” nas empresas, além dos valores tangíveis.

Entre as metodologias estudadas, recomenda-se adicionar de forma complementar às demonstrações contábeis tradicionais o modelo de Skandia. Esse modelo abrange indicadores sob o foco financeiro, humano, do cliente, do processo, e da renovação e desenvolvimento. A contabilidade contribui fortemente com o foco financeiro, fornecendo os índices financeiros, por meio, principalmente, dos dados constantes nas Demonstrações Contábeis.

Vários dos índices relativos ao foco humano, também, podem ser obtidos no Balanço Social, a exemplo dos outros modelos apresentados. Por fim, alguns dos índices relacionados aos demais focos estão igualmente disponíveis no sistema contábil.

A Contabilidade deve criar e desenvolver técnicas que permitam que o Capital Intelectual seja espelhado de forma clara, simples e objetiva. Uma economia só é forte quando as pessoas que a compõem são eficientes e capazes de agregarem valor aos produtos e serviços. Assim, cabe aos profissionais de Contabilidade estudos adicionais a respeito do método proposto para mensuração do Capital Intelectual.

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PLANEJAMENTO FINANCEIRO: FERRAMENTA DE GESTÃO FINANCEIRA PARA MPE’S

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

Ramires Ribeiro Pereira

[email protected]

Fábio Luiz de Carvalho [email protected]

RESUMO O capítulo tem o objetivo de apresentar o planejamento financeiro como uma das principais ferramentas de gestão financeira para Micro e Pequenas Empresas (MPE’s). O plano financeiro possibilita aos empresários as devidas informações sobre a saúde financeira de seus negócios e a tomadas de decisões mais acertivas. Permite redução das decisões com base na intuição, como é de costume, pelos micro e pequenos empreendedores, tornado seus negócios mais competitivos, gerando mais empregos e contribuindo para o crescimento da economia do país. Assim tem-se a questão problema: Quais ferramentas devem constar no planejamento financeiro para torná-lo um instrumento de gestão? O planejamento financeiro destaca-se como determinante para a sobrevivência dos empreendimentos, ao permitir ao empreendedor tomar decisões adequadas para o sucesso da empresa e sua falta pode significar a diferença entre a sobrevivência e a falência da organização, o que justifica o estudo. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica através de livros, periódicos e site de capítulos científicos dados referentes ao assunto tema deste trabalho. O plano financeiro deve ser elaborado levando-se em conta a realidade da empresa, com projeções que sejam capazes de serem atingidas, devendo conter informações como a projeção do Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício, Fluxo de Caixa, Ponto de Equilíbrio, Índices Financeiros, cálculo do Ciclo Operacional e Financeiro, Margem de Contribuição, Formação de Preço de Venda e Balanced Scorecard. Palavras chave: MPE’s. Planejamento Financeiro. Tomada de Decisão.

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1 INTRODUÇÃO

O plano financeiro possibilita aos empresários as devidas informações sobre a saúde financeira de seus negócios e a tomadas de decisões mais acertivas. Permite redução das decisões com base na intuição, como é de costume, pelos micro e pequenos empreendedores, tornado seus negócios mais competitivos, gerando mais empregos e contribuindo para o crescimento da economia do país. O capítulo tem o objetivo de apresentar o planejamento financeiro como uma das principais ferramentas de gestão financeira para Micro e Pequenas Empresas (MPE’s).

As MPE’s aparecem, cada vez mais, como uma alternativa extremamente importante para o desenvolvimento econômico, em tempos de crises nas áreas industriais, possibilitando uma queda no nível de desemprego e manutenção do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O planejamento financeiro destaca-se como uma ferramenta que possibilita o melhor gerenciamento dessas empresas, para que possam crescer de forma sustentável. Sabe-se que o mesmo, em grande parte, não é utilizado no momento embrionário da criação da empresa. A utilização do plano de negócios e do planejamento financeiro pode ser considerado um “divisor de águas” entre o sucesso e o fracasso do empreendimento.

Ross, Westerfield e Jordan (2010, p. 82), “O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros podem ser alcançados.”

Entende-se assim que a elaboração um bom planejamento financeiro, permitirá ao empreendedor analisar a viabilidade do seu empreendimento, ter uma vantagem competitiva e traçar suas estratégias sabendo quais os necessários caminhos percorrer para atingir os objetivos estabelecidos, podendo então, garantir a sobrevivência e, consequentemente, o sucesso de seu empreendimento. Assim tem-se a questão problema: Quais ferramentas devem constar no planejamento financeiro para torná-lo um instrumento de gestão?

As empresas na maioria das vezes passam por dificuldades de sobrevivência no inicio de suas atividades, uma vez que a mesma é fundada por um empreendedor desprovido dos conhecimentos administrativos necessários para sua gestão. Esse fator destaca-se como um dos principais responsáveis pela mortalidade nos primeiros anos dos empreendimentos. Assim o planejamento financeiro destaca-se como determinante para a sobrevivência dos empreendimentos, ao permitir ao empreendedor tomar decisões adequadas para o sucesso da empresa e sua falta pode significar a diferença entre a sobrevivência e a falência da organização, o que justifica o estudo.

O alto índice de mortalidade das MPE’S está diretamente relacionado a falta de um planejamento financeiro. Entre os principais motivos de falência, de acordo dom os autores estudados, destaca-se o baixo faturamento, baixa produtividade e gastos excessivos, que poderiam ser prevenidos se houvesse um

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plano de negócios bem elaborado seguido de um planejamento financeiro condizente com a realidade.

Assim, ressaltando a importância de fazer um planejamento financeiro que auxiliará os gestores nas tomadas de decisões garantindo-lhes uma boa gestão de uma organização, esta pesquisa tem como objetivo apontar as ferramentas financeiras que melhores se adéquam para um bom gerenciamento de MPE’s, podendo assim garantir-lhes uma melhor situação no mercado em que atuam com um risco menor de falência e maiores chances de serem bem sucedidas.

E para a realização do estudo, será realizada uma pesquisa bibliográfica através de livros, periódicos e site de capítulos científicos dados referentes ao assunto tema deste trabalho. Espera-se, com que este trabalho possa contribuir para orientação de acadêmicos da área, bem como empreendedores que se interessarem pelo objeto de estudo: planejamento financeiro para o gerenciamento de MPE’s.

2 MPE’S

Os empreendimentos de micro e pequeno porte, podem ser considerados de extrema importância para uma economia bem sucedida de um país, segundo o SEBRAE (2011, p. 4), “No Brasil são criados anualmente mais de 1,2 milhões de novos empreendimentos formais. Desse total, mais de 99% são MPE’s e Empreendedores Individuais (EI).” Com base nesses dados, percebe-se que a sobrevivência desses empreendimentos é de grande importância para o desenvolvimento econômico do país.

Para Dornelas (2008), O espírito empreendedor dos brasileiros é, de fato, um ponto muito importante para a economia, porém, a grande preocupação é que a maioria das pessoas que decidem empreender acredita que apenas vontade e sorte resultarão em sucesso para seus empreendimentos.

O SEBRAE (2007), cita que no Brasil há um universo de milhões de micro e pequenos negócios que contribuem para o desenvolvimento econômico do país e que necessitam de melhorias em seus processos de gestão, para que através de um bom planejamento possam tomar decisões mais objetivas e calcular os riscos dessas decisões.

De acordo com Dornelas (2008, p. 2), É oportuno, portanto, um estudo mais profundo a respeito do conceito de empreendedorismo, tendo em vista que a maior parte dos negócios criados no país é concebida por pequenos empresários. Esses nem sempre possuem conceitos de gestão de negócios, atuando geralmente de forma empírica e sem planejamento. Isso se reflete diretamente no índice de

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mortalidade dessas pequenas empresas que, em alguns casos, superam os 50% nos primeiros anos de atividade.

O que se espera, é que o hábito de planejar seja cada vez mais frequente

entre os empreendedores, pois só assim, a taxa de mortalidade das empresas irá diminuir, fazendo com que as micros e pequenas empresas tenham ainda maior importância para a economia brasileira.

3 A IMPORTÂNCIA DE UM PLANO DE NEGÓCIOS

Para que um novo empreendimento tenha sucesso nos tempos atuais e passe pela difícil fase inicial, a elaboração de um plano de negócios é de fundamental importância.

Segundo Dornelas (2008, p. 79), “A principal utilização do plano de negócios é a de prover uma ferramenta de gestão para o planejamento e desenvolvimento inicial de uma start-up”.

Tendo em vista que são inúmeras as dificuldades de uma empresa iniciante se firmar num mercado tão competitivo, se faz necessário um bom planejamento tendo as metas e objetivos do negócio bem elaborados e de acordo com a realidade.

Para o SEBRAE (2007, p. 8), “Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos de um negócio e quais passos dever ser dados para que esses objetivos sejam alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas.”

O planejamento bem elaborado do empreendimento possibilitará aos gestores criarem estratégias para que os objetivos almejados pela organização sejam alcançados com eficácia e eficiência. Segundo Dornelas (2008), o empreendedor deve tomar cuidado ao elaborar o plano de negócios para que os dados estejam corretos, e não contenha dados recheados de entusiasmo fora da realidade do empreendimento, pois dificultará as estratégias a serem planejadas pela empresa.

O SEBRAE (2007), ressalta a importância da elaboração de um plano de negócios, e que através dele o empreendedor irá identificar e restringir os erros ainda no papel, ao invés de ter que passar pela árdua experiência de cometê-los no mercado.

Já Dornelas (2008), complementa que o plano de negócios deverá focar juntamente com os aspectos financeiros, os indicadores de mercado, de capacitação interna da empresa e operacionais, pois estes são os fatores que mostrarão a viabilidade do negócio e quais os caminhos necessários a serem percorridos pela empresa para que alcance seus objetivos.

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4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO

O planejamento financeiro contribui para as tomadas de decisões, ao oferecer uma previsão acerca da situação financeira futura. Por meio dele que os gestores saberão quais decisões priorizar para viabilizar o negócio como a necessidade de captação de recursos, a melhor maneira de utilizar os recursos e os riscos existentes no mercado que pretendem atuar.

Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2010), O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros podem ser alcançados, por meio de projeções e medidas para que essas projeções se transformem em realidade. Percebe-se, então, que o planejamento financeiro mostrará aos gestores, as medidas a serem tomadas visando o futuro da empresa, para que se consiga atingir os objetivos desejados.

De acordo com Dornelas (2008), as planilhas financeiras do plano de negócios são geradas através da projeção de vendas juntamente com os objetivos e metas do negócio, por isso não se deve fazer uma adequação do plano aos dados financeiros, e sim o contrário. Na elaboração do planejamento financeiro o empreendedor passará a ter esclarecimentos de quais direções seguir para que consiga os melhores resultados para seu empreendimento. Por meio do planejamento financeiro o empreendedor terá “um mapa para a orientação, a coordenação e o controle dos passos que a empresa dará para atingir seus objetivos” Gitman (2010, p. 105).

O planejamento financeiro visa oferecer sustentação necessária para a execução dos planos estratégicos de curso e longo prazo, direcionando as ações empresariais com vistas a atingir as metas orçamentárias provisionadas de crescimento e resultados.

O Planejamento financeiro preocupa-se com a parte financeira, no qual pode-se destacar, os elementos da política de investimento e financiamento, o que o torna em um instrumento indispensável para a estratégia empresarial, fornecendo as informações para subsidiarem as decisões de crescimento e expansão das atividades da empresa, de forma sustentável.

5 BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial é ferramenta essencial para que o empreendedor tenha conhecimento da posição financeira que se encontra seu negócio. Por meio do Balanço Patrimonial o empreendedor poderá visualizar facilmente os bens e direitos da empresa, as obrigações e os recursos aplicado pelos proprietários na empresa.

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Segundo Marion (2002, p. 53, grifo do autor), “O Balanço Patrimonial (BP) é constituído de duas colunas: a coluna do lado direito, denominado Passivo e Patrimônio Líquido; a coluna do lado esquerdo, denominada Ativo”.

De acordo com Marion (2002, p. 53, grifo do autor), “O Ativo são todos os bens e direitos de propriedade da empresa, mensuráveis monetariamente, que representam benefícios presentes ou benefícios futuros para a empresa.” Por meio dos dados do ativo a empresa visualiza quanto ela possui de dinheiro em caixa e quais os recursos que ela dispõe que será transformado em dinheiro, e em quanto tempo isso ocorrerá, se será a curto ou longo prazo (acima de um ano), e também quais os seus bens permanentes.

No lado direito do Balanço Patrimonial se localiza o passivo e o

patrimônio líquido. Ross, Westerfield e Jordan (2010), afirmam que no passivo se encontra as exigibilidades da empresa, que são classificadas como circulantes ou de longo prazo. As exigibilidades circulantes significam as contas que a empresa tem a pagar, dentro do período de um ano. Já uma dívida onde o prazo de vencimento será acima de um ano, é considerada de longo prazo.

E completando o lado direito do Balanço Patrimonial, terá o patrimônio

líquido, valor pertencente aos sócios, caso a empresa vendesse todos os seus ativos para liquidar suas dívidas do passivo. O patrimônio líquido será a diferença entre o ativo e as exigibilidades.

Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2010, p. 56), O balanço é um retrato instantâneo da empresa. É uma maneira conveniente de organizar e resumir o que uma empresa possui (seus ativos), o que a empresa deve (suas exigibilidades), e a diferença entre os dois (patrimônio

líquido da empresa) num dado momento.

Dornelas (2008), avalia que através do balanço se obtém informações importantes referentes à situação financeira da empresa. Pelo passivo é possível identificar a estrutura de capital da empresa, quanto a empresa é financiada por capital de terceiros e qual o valor do capital próprio. Quanto maior o capital de terceiros, maior será o endividamento da empresa. Analisa-se também o prazo do endividamento da empresa, normalmente, as dívidas de longo prazo são melhores que as de curto prazo.

Outro aspecto importante, citado por Dornelas (2008), referente ao Balanço Patrimonial, é que através dele se analisa o, capital de giro da empresa, que indica a capacidade da empresa em liquidar suas dívidas em curto prazo. Para esse cálculo, subtrai o Passivo Circulante pelo Ativo Circulante. É importante que o capital de giro seja positivo, indicando que a empresa encontra-

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se saudável financeiramente, e através de suas decisões, os administradores poderão aumentar ou diminuir esse valor.

6 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

Como o próprio nome já especifica, a Demonstração de Resultado é uma ferramenta responsável por apresentar o resultado financeiro das operações da empresa em um determinado período ou operação. Ross, Westerfield e Jordan (2010, p. 59), afirmam que “A demonstração do resultado mede o desempenho ao longo de um determinado período, geralmente um trimestre ou um ano.”

Para Marion (2002, p. 54), “[...] em cada final de período todas as despesas e receitas são transferidas para a Demonstração do Resultado do Exercício, sendo que, no próximo período, apurar-se-á despesa e receita começando do zero”. Uma empresa saudável financeiramente, normalmente, espera-se que o resultado final do exercício seja o lucro.

Para o cálculo da demonstração do resultado, Dornelas (2008), afirma que, é necessário deduzir os impostos, abatimentos e devoluções concedidas da receita total, chegando-se a receita líquida. Da receita líquida, serão deduzidos os custos dos produtos ou serviços, obtendo então, o lucro bruto. Do lucro bruto abatem-se as despesas operacionais e em seguida será calculado o valor do imposto de renda, chegando assim no valor do lucro líquido ou prejuízo de exercício.

Ross, Westerfield e Jordan (2010), alertam para os pontos a serem observados pelos gestores ao analisar as demonstrações dos resultados da empresa. De acordo com os princípios contábeis, a Demonstração de Resultado indicará as receitas no momento em que estas são obtidas, e não necessariamente no momento do recebimento do dinheiro. Por esse motivo, nem sempre os dados apresentados pela Demonstração de Resultados coincidem com os dados a respeito das entradas e saídas de caixa ocorridas em dado período.

7 FLUXO DE CAIXA

Para Ross, Westerfield e Jordan (2010), o Fluxo de Caixa é uma das mais importantes informações extraídas de demonstrações financeiras. O Fluxo de Caixa indica a diferença entre quantidade de dinheiro recebido pela empresa e a quantidade que foi gasta em determinado período.

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Dornelas (2008), considera que é de extrema importância que o administrador saiba gerenciar o Fluxo de Caixa da empresa, pois através do Fluxo de Caixa que a empresa terá o controle dos compromissos a serem honrados com seus fornecedores, credores, funcionários e demais envolvidos, para que defina a melhor estratégia de venda dos produtos e serviços, determinando o prazo de recebimento para que não fique com caixa negativo e necessite recorrer a empréstimos bancários continuamente. Através do Fluxo de Caixa os gestores terão o real controle das finanças da empresa, pois diferentemente da Demonstração de Resultado, o Fluxo de Caixa apresenta os valores no momento real do recebimento das receitas e desembolso das despesas.

Ross, Westerfield e Jordan (2010), alertam para que na elaboração do Fluxo de Caixa, tome-se cuidado ao lidar com as despesas não desembolsadas, como a depreciação, e que também não se confunda valores contábeis com valores de mercado, e Fluxo de Caixa com lucro contábil.

8 PONTO DE EQUILBRIO

O Ponto de Equilíbrio determina qual será a receita necessária para que o empreendimento cubra todos os seus custos, não obtendo lucro nem prejuízo. Para Dornelas (2008), o Ponto de Equilíbrio é uma importante ferramenta gerencial, pois através dele que o empresário saberá em qual momento seu empreendimento começará a obter lucro, essa informação servirá como referencia para as tomadas de decisões pelos gestores.

O Ponto de Equilíbrio é uma ferramenta de extrema importância que irá auxiliar o empreendedor nas tomadas de decisões.

Para Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p. 319), “Nos estágios iniciais do novo empreendimento, convém que o empreendedor saiba quando se pode obter lucro. Isso possibilitará uma compreensão posterior do potencial financeiro do empreendimento que inicia.”

O cálculo do Ponto de Equilíbrio nem sempre é tarefa fácil para um novo empreendimento, exige do empreendedor uma análise minuciosa dos custos.

Segundo Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p. 320), “A grande vulnerabilidade no cálculo do Ponto de Equilíbrio está em determinar se um custo é fixo ou variável. Para novos empreendimentos essas determinações exigem algum discernimento.” Entretanto, é necessário que o empreendedor faça uma análise bem detalhada de quais serão custos fixos e quais serão custos variáveis para que não haja equívocos.

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O Ponto de Equilíbrio é uma ferramenta que permite ao empreendedor várias informações para facilitar nas tomadas de decisões.

Para Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p. 321), “[...] o empreendedor pode testar diferentes estados de natureza (por exemplo, preços diferentes de venda, custos fixos diferentes e/ou custos variáveis) para verificar o impacto sobre o Ponto de Equilíbrio e os lucros subsequentes”.

9 ÍNDICES FINANCEIROS

Os Índices Financeiros são ferramentas de grande utilidade para a administração das finanças de um empreendimento.

Para Dornelas (2008, p. 157), “Os Índices Financeiros indicam como está a situação financeira da empresa, e a capacidade de honrar seus compromissos no prazo.” Através dos itens do Balanço Patrimonial e das demonstrações de resultado são calculados quatro grupos básicos de indicadores que esclarecerá a situação financeira da empresa, esses indicadores são: liquidez, atividade, endividamento e lucratividade.

Ross, Westerfield e Jordan (2010), afirmam que os Índices de Liquidez concentram sua atenção nos ativos e passivos circulantes da empresa para que se calcule a capacidade da empresa em saldar suas dívidas de curto prazo. Por esse motivo os Índices de Liquidez interessam aos credores de curto prazo, seus resultados são de fundamental importância para conseguir a confiança desses credores.

Os Índices de Liquidez Corrente é um dos mais utilizados segundo os autores, sua análise permite saber quanto de dinheiro a empresa possui no seu Ativo Circulante para saudar suas dívidas do Passivo Circulante, quanto maior for o resultado, indica melhor situação financeira da empresa.

No Índice de Liquidez Seca, calcula-se quanto a empresa possui no Ativo Circulante, sem contar o valor de Estoque que de acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2010), é o ativo que possui seu valor de mercado menos confiável dos valores contábeis, para saudar as contas do Passivo Circulante.

Outros dados importantes para a empresa são conhecidos através do Giro do Estoque e do ativo total.

O Giro do Estoque, segundo Dornelas (2008), revela a velocidade da renovação do Estoque em determinado período.

Ele possibilita que seja medida a capacidade da empresa de usar seus ativos para gerar vendas, conforme o quadro que se encontra na próxima página

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fica declarado a utilização da renovação de estoque dentro das empresas e sua utilização.

Quadro 1: Índices Financeiros e suas fórmulas. Fonte: Adaptado pelos autores de Matarazo (2010, p. 86)

Já os índices de estrutura de capital apresentam o nível de endividamento

da empresa, de acordo com Groppelli e Nikbakht (2008, p. 362), “O Índice de Endividamento indica o percentual dos ativos totais que é financiado por Capital de Terceiros.” Dornelas (2008), afirma que eles demonstram qual é a quantia dos recursos total de ativos pertencentes aos proprietários e quanto é financiado pelos credores.

Para Dornelas (2008, p. 158), “As medidas de lucratividade mostram quanto uma empresa é atrativa do ponto de vista de um investidor, pois esses índices são usados para justificar os investimentos.” Por meio dessas medidas têm-se os resultados com base nas vendas relacionados aos retornos da organização.

10 CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO

De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2010, p. 338), “A principal

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Corrente Ativo Circulante Passivo Circulante

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Composição do Endividamento

Passivo Circulante Capital de Terceiros

Imobilização do Patrimônio Líquido

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Imobilização dos Recursos Não Correntes

Investimento + Imobilizado + Intangível Patrimônio Líquido + Passivo Não

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Giro do Estoque Custos das Mercadorias Vendidas Estoque

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Giro do Ativo Vendas Líquidas Ativo Total

Margem Líquida Lucro Líquido Vendas Líquidas

Rentabilidade do Ativo Lucro Líquido Ativo Total

Rentabilidade do Patrimônio Líquido

Lucro Líquido Patrimônio Líquido

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preocupação, nas finanças a curto prazo, está ligada às atividades operacionais e financeiras da empresa a curto prazo.”

A definição do Ciclo Operacional é dada por Ross, Westerfield e Jordan (2010), como sendo o momento em que é comprado algo para o Estoque, o período da venda desses produtos até o momento do recebimento das vendas.

Ross, Westerfield e Jordan (2010), alertam para a cautela com o Ciclo Operacional da empresa, pois os fluxos de caixa gerados não são sincronizados e são incertos. A não sincronização se dá pelo fato de que o pagamento das compras dos produtos vendidos não ocorre ao mesmo tempo em que o recebimento pelas vendas. São incertos, pois não se pode prever com exatidão as vendas e os custos futuros

Na próxima página demonstramos através do quadro esses índices financeiro se suas fórmulas com mais exatidão.

Quadro 2: Índices Financeiros e suas fórmulas. Fonte: Adaptado pelos autores de Assaf Neto (2010, p. 171-177)

Assaf Neto (2010), relata que o Ciclo Financeiro mensura, exclusivamente, as movimentações no caixa desde o primeiro desencaixe, ou pagamento de compras ou serviços, até o recebimento da venda realizada. Dessa maneira, é o tempo que cada momento do ciclo reflete no caixa.

Este reflexo ocorre, a partir do momento em que ocorre uma saída de recurso para pagamento destes investimentos produtivos e tem seu fim com o recebimento das vendas realizadas. É o período de financiamento das operações de uma empresa, sem a interferência dos passivos funcionais.

De acordo com Guitman (2010), o Ciclo Financeiro está associado à variação de tempo entre os eventos financeiros de saída de disponível originado pelo pagamento das duplicatas referente às compras de matéria-prima e o efetivo recebimento de duplicatas referentes às vendas efetuadas. Desta maneira, a demanda da empresa por financiamento acontece desde o momento em que é

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Prazo médio de estocagem de matérias primas

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Prazo Médio de Venda

Estoque Médio de Produtos Acabados Custo dos Produtos Vendidos

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Prazo Médio de Pagamento Fornecedores ou Duplicatas a pagar (Média)

Compras a Prazo

Quanto Maior Melhor

Ciclo Operacional Prazo Médio de Venda (+) Prazo Médio de Cobrança

Quanto Menor Melhor

Ciclo Financeiro Ciclo Operacional (–) Prazo Médio de Pagamento

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efetuado o pagamento das compras de insumos até o recebimento pelas vendas realizadas.

11 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

A Margem de Contribuição é uma das mais importantes ferramentas para auxílio a tomada de decisões. Podemos compreender está ferramenta como sendo o lucro e seu aspecto variável. Para cada item vendido existe uma margem de contribuição, mas o que vai determinar se a empresa terá lucro ou prejuízo será a quantidade vendida no final do período.

De acordo com Padoveze (2004, p. 369), “Margem de Contribuição é a margem bruta obtida pela venda de um produto que exceda seus custos variáveis unitários”. Assim, a Margem de Contribuição leva em consideração apenas os custos variáveis de um produto.

Através da Margem de Contribuição se obtém o ponto de equilíbrio, e

também se pode analisar quais os produtos mais e menos rentáveis para a empresa, assim podendo determinar quais produtos merecem maiores dedicações para suas vendas e quais produtos devem serem cortados.

A Margem de Contribuição é o quanto resta do preço, ou seja, do valor de venda de um produto, são deduzidos os custos e despesas por ele gerado. Assim, representando a parcela excedente dos custos e despesas provocadas pelos produtos. O lucro só é gerado pela empresa quando a Margem de Contribuição dos produtos vendidos supera os custos e despesas fixas no período.

A identificação da Margem de Contribuição dos produtos vendidos é de extrema importância para que o gestor possa estipular as metas de vendas de sua empresa, pois através da Margem de Contribuição que ele saberá quanto precisa vender para pagar suas despesas fixas e também para atingir os lucros desejados.

12 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

O processo de determinação ou apreçamento é um ponto crítico por afetar tanto no volume das receitas quanto na lucratividade das organizações. Porém no ambiente competitivo dos tempos atuais, os preços de vendas dos produtos vendidos estão mais relacionados com os fatores externos à empresa do que propriamente com os seus custos.

Devido o fato do Preço de Venda dos produtos serem estabelecidos tendo mais como base o mercado, Padoveze (2004), aponta para a importância de que é

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necessário um cálculo em cima dos custos, tendo em vista que, através deles, podemos pelo menos ter um parâmetro inicial ou padrão de referência para análises comparativas.

Para a estipulação do Preço de Venda de um produto é necessário também que se consiga com que os consumidores cheguem a um valor percebido do que vale determinado produto em relação ao que eles estão dispostos a pagar. Logo, na ótica do consumidor, o valor é a razão entre os benefícios percebidos e o preço percebido ou pago. Assim, as empresas podem aumentar os valores percebidos através de benefícios atribuídos ao produto, ou pela diminuição do preço praticado.

A base de calculo do Preço de Venda de um produto pode ser feita de diversas maneiras, uma delas de acordo com Padoveze (2004, p. 419), “tomam-se como base os custos industriais por produto, e adicionam-se as taxas gerais de despesas administrativas e comerciais, despesas financeiras e margem desejada”. O calculo feito através deste método permite a apuração dos custos por departamento e a apuração dos custos totais de cada produto, podendo assim os resultados serem utilizados para a realização de demonstrações contábeis.

Uma outra forma de se calcular o Preço de Venda é através do custeio direto/variável, que da forma definida por Padoveze (2004), são os custos diretos ou variáveis, mais as despesas variáveis identificadas. Após isso, a margem a ser aplicada deverá cobrir, além da rentabilidade mínima almejada, também os custos e despesas fixas, que não foram alocados aos produtos.

O Preço de Venda formado a partir do mercado também é citado por Padoveze (2004, p. 120), que, “assumindo a condição de que o preço que o mercado está pagando é o máximo que a empresa pode atribuir a seu produto, o preço de mercado passa a ser o elemento fundamental para a formação dos custos e despesas”. Assim a empresa terá que ajustar seus custos e despesas para que possa se competitiva atuando nesse mercado.

13 BALANCED SCORE CARD

Para a empresa saber se está no caminho certo para atingir seus objetivos, é necessário que se tenha um medidor de desempenho, para a solução deste problema foi criado o Balanced Scorecard, que permitirá com que o gestor avalie os resultados de sua empresa.

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Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 25), O Balanced

Scorecard traduz missão e estratégia em objetivos e medidas, organizados através de indicadores para informar aos funcionários sobre os vetores do sucesso atual para informar aos funcionários sobre os vetores do sucesso atual e futuro. Ao articularem os resultados desejados pela empresa com os vetores desses resultados, os executivos esperam canalizar as energias, as habilidades e os conhecimentos específicos das pessoas na empresa inteira, para alcançar os objetivos de longo prazo.

Esta importante ferramenta é utilizada como parâmetro para a medida de

desempenho da empresa levando em consideração sua visão e estratégia, assim abrangendo os setores financeiros e não financeiros, como comentado por Padoveze (2004, p. 121), que “o Balanced Scorecard é um sistema de informação para o gerenciamento da estratégia empresarial”

O Balanced Scorecard se apresenta como uma excelente forma de sistema de medição e gestão estratégica. Este conforme Kaplan e Norton (1997, p. 8), “complementa as medidas financeiras do desempenho passado com medidas dos vetores que desempenham o desenvolvimento futuro”. Assim os gestores poderão definir suas estratégias com base nos resultados obtidos e que almejam para o futuro da empresa. Para que as estratégias da empresa sejam implementadas com excelência é necessário que haja uma boa comunicação da parte dos gestores para com todos os departamentos da empresa, assegurando assim maiores chances de que os objetivos sejam atingidos.

Pela definição de Padoveze (2004, p. 122), O Balanced

Scorecard proporciona aos gestores uma forma de assegurar que todos os níveis da organização entendam as estratégias de longo prazo e que tanto os objetivos departamentais quanto os individuais estão alinhados entre si. Portanto esta ferramenta permite a integração de todos os setores com o foco no objetivo maior que é a visão da empresa. Possibilitando assim medir seus indicadores e avaliar a eficiência de suas estratégias, modificando-as quando necessário, tornando assim uma empresa mais competitiva e com maior possibilidade de sucesso no mercado atuante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O planejamento financeiro é uma ferramenta necessária para alavancar o sucesso do empreendimento, principalmente as MPE’s. Não existe mais lugar para improvisação ou decisões com base na intuição. Em meio a concorrência, torna-se necessário a profissionalização das empresas, devendo estar atentas as variações da economia e política, tanto local quanto global, formular política

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empresarial que atenda a todos os fatores, que possa calcular os riscos existentes, levando a empresa a um crescimento sustentável.

A utilização de um bom planejamento financeiro é como um divisor de águas, entre o fracasso e o sucesso de um negócio, mas uma questão muito importante que deve-se levar em consideração é que a maioria das MPE’s são geridas pelos próprios empresários que possuem pouco, ou nenhum, conhecimento das ferramenta financeira para a gestão de seus negócios. Os empreendimentos são gerenciados por intuição, ficando totalmente a mercê dos riscos existentes no mercado.

Com a conscientização dos empreendedores a respeito das ferramentas financeiras, necessárias para a gestão de MPE’s, certamente beneficiaria a todos, garantiria maior estabilidade de empregos a população, uma alavancagem na economia do país e evitaria que o sonho de um aspirante a empreendedor, em ter o próprio negócio, se transformasse em um pesadelo de dívidas impagáveis.

O plano financeiro deve ser elaborado, levando-se em conta a realidade da empresa, com projeções que sejam capazes de serem atingidas, devendo conter projeções das seguintes ferramentas: Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício, Fluxo de Caixa, Ponto de Equilíbrio, Índices Financeiros, cálculo do Ciclo Operacional e Financeiro, Margem de Contribuição, Formação de Preço de Venda e Balanced Scorecard.

Por fim, este trabalho possibilita a elaboração de pesquisas complementares, temas e questões em abertos, que possam ser de grande utilidade para estudantes da área e futuros empreendedores. As sugestões são para a elaboração de novas pesquisas que possibilitam levantar os problemas frequentes de empresas que não utilizam ferramentas financeiras para gestão de seus negócios. Comparar resultados de empresas que utilizaram o plano de negócios com empresas que optaram por não utilizar. Analisar o índice de empresas que faliram que não utilizaram o plano de negócios. Contribuindo assim para o desenvolvimento de negócios bem sucedidos.

REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços:um enfoque econômico-financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. DORNELAS, José Carlos Assis; TIMMONS, Jeffry A.; SPINELLI Stephen; ZACHARAKIS Andrew. Como conseguir investimentos para o seu negócio: da ideia à abertura de capital - Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. GITMAN L. J. Princípios de administração financeira, 12 ed. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. GROPPELLIE, A. A.; NIKBAKHT, Ehsan.Administração financeira, 2 ed. – São Paulo: Elsevier, 2006.

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HASHIMOTO, Marcos; LOPES, Rose Mary A.; ANDREASSI, Tales; NASSIF, Vania Jorge. Práticas de empreendedorismo: casos e planos de negócios – Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. HISRICH, Robert D.; PETERS, Michael P.; SHEPHERD, Dean A. Empreendedorismo, 7 ed. – Porto Alegre: Bookman, 2009. KAPLAN, R. S.; NORTON, D.P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard - Rio de Janeiro: Campus, 2008. LUECKE, Richard. Ferramentas para empreendedores – Rio de Janeiro: Record, 2007. MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanço: abordagem gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. NETO, Alexandre Assaf. Matemática financeira e suas aplicações, 6 ed. – São Paulo: Atlas, 2001. NOGAMI, Otto. Principais motivos para o fechamento de empresas. Obtido de:<http://www2.uol.com.br/canalexecutivo/notas12/300420122n.htm> Acesso em: 04 Maio 2014. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil – São Paulo: Atlas, 2004. SALIM, Cesar Simões; HOCHMAN, Nelson; RAMAL, Andrea Cecília; RAMAL, Silvina Ana. Construindo planos de negócios: todos os passos necessários para planejar e desenvolver negócios de sucesso, 3 ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JORDAN, Bradford D. Princípios de administração financeira – São Paulo: Atlas, 2010. SEBRAE. Coleção estudos e pesquisas: taxa de sobrevivência das empresas no Brasil: 2011.

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AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO, COMBATE E ERROS E FRAUDES NAS EMPRESAS

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

Adriana Cristina Moreira [email protected]

Matheus Ramos Trolesi [email protected]

RESUMO O presente capítulo tem o objetivo de apresentar a auditoria interna como um importante ferramenta de gestão, combate a erros e fraudes nas empresas. A Auditoria Interna possibilita maior eficiência, eficácia dos processos internos, além de contribui para identificar, avaliar e monitorar os riscos do negócio, orientar e propor alternativas para reduzir custos e otimizar receitas. Nesse sentido, auditoria interna constitui uma ferramenta de apoio a gestão, no controle, acompanhamento e melhorias dos processos, mitigando os riscos, possibilitando ganhos na eficiência e eficácia operacional, o que justifica o presente estudo. O problema de pesquisa foi definido a partir de nossas experiências profissionais e principalmente acadêmica: por que para empresas a auditoria interna ainda é vista como algo negativo ou mesmo punitivo? A metodologia utilizada foi a revisão da bibliografia embasada no trabalho de autores como Attie, Crepaldi, Franco, entre outros. A auditoria interna dever ser implantada de forma a abranger todas as operações da empresa. Para atingir seus objetivos, os auditores internos necessitam do apoio constante, da alta direção, da empresa. Para os profissionais que não adotam ou seguem as metodologias de controle, eficiência e eficácia, a auditoria interna é vista como algo negativo ou mesmo punitivo. São profissionais que na maioria das vezes têm, dificuldade de adaptar ou, até mesmo limitação de conhecimento da importância da auditoria interna para a execução dos planos da alta administração da empresa. Palavras-chave: Auditoria Interna. Eficiência. Controle.

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1 INTRODUÇÃO

Como administradora formada e atualmente cursando Especialização em Auditoria, Controladoria e Finanças, e atuando no setor de Controle Interno de uma Autarquia municipal, percebi o quanto o controle e acompanhamento de todos dos processos são essenciais para que se possa garantir que as metas estabelecidas sejam alcançadas de maneira eficaz, o capítulo que pretende demonstrar a importância da auditoria interna para uma maior confiabilidade dos dados contábeis das organizações.

Com a globalização e o crescente avanço tecnológico, a propagação de informação se torna cada vez mais rápida e com isso as empresas necessitam cada vez mais de medidas, técnicas e profissionais que atuem no controle e acompanhamento dos processos internos objetivando principalmente evitar falhas e possíveis fraudes, que possam prejudicar a imagem ou a saúde financeira das empresas.

A auditoria interna como técnica contábil quando implantada na empresa, se torna uma ferramenta bastante eficaz no que se refere à exatidão das informações, a maximização, a qualidade e a eficácia dos resultados organizacionais, tornando-se uma importante ferramenta de auxilio aos gestores nas tomadas de decisões.

O objetivo do capítulo é apresentar a auditoria interna como uma importante ferramenta de gestão, combate a erros e fraudes nas empresas. A auditoria interna busca auxiliar a gestão, no controle, acompanhamento e melhorias dos processos, mitigando os riscos, possibilitando ganhos na eficiência e eficácia operacional, o que justifica o presente estudo. O problema de pesquisa foi definido a partir de nossas experiências profissionais e principalmente acadêmica: por que para empresas a auditoria interna ainda é vista como algo negativo ou mesmo punitivo?

A metodologia utilizada foi a revisão da bibliografia embasada no trabalho de autores como Attie, Crepaldi, Franco, entre outros. A auditoria interna dever ser implantada de forma a abranger todas as operações da empresa. Para atingir seus objetivos, os auditores internos necessitam do apoio constante, da alta direção, da empresa.

2 AUDITORIA

A auditoria surgiu na Inglaterra, em consequência da necessidade de confirmação dos dados contábeis. Sua evolução se deu em paralelo com o desenvolvimento econômico, que gerou também o surgimento de grandes empresas (FRANCO et al, 2007). A definição de auditoria, por Attie (2011),

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refere-se a “uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado” (p. 5).

O objetivo principal é a busca da melhor alocação dos recursos da empresa, evitando-se desperdícios, negligência e principalmente antecipando-se a erros e eventuais fraudes que possam comprometer os resultados pretendidos pela empresa. A ação da auditoria não pode limitar-se ao que está registrado nos livros oficiais, mas também deve se ater aos dados que possam ter sido omitidos. Dependendo as circunstancias esses dados podem alterar de maneira significativa a situação patrimonial e financeira da empresa, conforme figura 1.

Figura 1 – Resumo do processo de auditoria

Fonte: Adaptado de Attie (2011)

Para conseguir mensurar a confiabilidade e adequação dos registros contábeis, a Contabilidade recorre a auditoria, que consiste no exame dos documentos, livros, registros, informações e confirmações internas e externas, obedecendo as normas adequadas para este procedimento, objetivando verificar a uniformidade dos dados apresentados. (FRANCO et al, 2007). 2.1 Classificação da Auditoria

A Auditoria pode ser classificada em auditoria externa e interna.

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2.1.1 Auditoria Externa

Franco et al (2007, p. 218), define que “ a auditoria externa é aquela realizada por profissional liberal, auditor independente, sem vinculo de emprego com a entidade auditada e que poderá ser contratado para auditoria permanente ou eventual. O auditor pode escolher os métodos que irá utilizar desde que obedeçam as normas usuais de auditoria. A independência do auditor deve ser absoluta e jamais ele poderá aceitar imposições da empresa. È de competência do auditor o julgamento da extensão e da profundidade do exame, bem como a procedência e a validade das provas”

Uma das principais características da auditoria externa é o grau de independência do auditor (FRANCO et al (2007). Apesar de terem objetivos diferentes as auditorias internas e externas se completam, pois os auditores internos podem lançar mão de meios utilizados pelos externos com a finalidade de se aprofundar os itens examinados.

2.1.2 AUDITORIA INTERNA

A auditoria é uma função independente criada na empresa, o principal papel do auditor é examinar registros administrativos e contábeis de maneira a emitir parecer sobre a exatidão e integridade desses dados, assessorando também a gerencia nas tomadas de decisões.

Schrader (1973), conceitualiza a auditoria como:

A auditoria interna é a tarefa designada a avaliar de forma independente, dentro de uma organização, as operações contábeis, financeiras e de outros tipos, no sentido de prestar um serviço a administração. É um controle administrativo, cuja função é medir e avaliar a eficácia de outros controles (p. 17).

O Instituto dos Auditores Internos do Brasil (AUDIBRA) em seu Estatuto Social define auditoria interna:

Art. 2 – A Auditoria Interna é uma atividade independente e objetiva de avaliação (assurance) e de consultoria, desenhada para adicionar valor e melhorar as operações de uma organização. Ela auxilia uma organização a realizar seus objetivos a partir da aplicação de uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, controle e governança.

§1º - A Auditoria Interna é uma atividade multidisciplinar que pode ser exercida por pessoas de diversas formações profissionais como contadores, economistas,

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administradores, advogados, engenheiros, médicos, analistas de sistemas, profissionais graduados em ciências da computação e processamento de dados e outras formações profissionais de nível superior cuja atividade justifique a atividade de auditoria interna.

§2º - As atividades de Auditoria Interna são realizadas nos mais diversos ambientes culturais e legais, em organizações com ou sem fins lucrativos, da iniciativa privada, da administração pública direta, indireta, autarquias, fundações, entidades de regime especial e dos órgãos do sistema de controle externo e interno, com os mais variados objetivos, porte, complexidade e estruturas, e por pessoas de dentro ou de fora da organização.

§3º - As ares de atuação da auditoria interna incluem, dentre outras, auditoria operacional, auditoria de tecnologia e segurança da informação, segurança patrimonial, auditoria de processos, auditoria financeira, auditoria fiscal e tributária, auditorias técnicas específicas, auditoria de qualidade, auditoria socioambiental, auditoria fazendária e de fiscalização, dentre outras.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) a

auditoria interna “é o conjunto de técnicas que visa avaliar, de forma amostral, a gestão da Companhia, pelos processos e resultados gerenciais, mediante a confrontação entre uma situação encontrada com um determinado critério técnico, operacional ou normativo” (p. 5). A auditoria interna não é obrigatória e pode ser implantada tanto nas organizações publicas quanto nas privadas.

A auditoria ao longo dos anos passou por diversas transformações até chegar aos padrões utilizados na atualidade. No início a auditoria interna possuía um caráter mais punitivo, porém com o passar do tempo ela foi assumindo um papel mais voltado para o controle e também como uma ferramenta de apoio gerencial, conforme apresentado no quadro 1.

Antes do Século XIX

• Foco na descoberta de erros e processos fraudulentos

• Consubstancias ou em Andamento

• Ênfase punitiva e Policialesca

Século XIX • Foco na investigação acerca da

descontinuidade dos negócios • Auditoria anual de balanços

• Ênfase educativa e não gerencial

Década de 90 até dias atuais • Busca de Opinião confiável • Alcance mais amplo, abrangendo o

complexo organizacional como um todo

• Foco voltado mais para o controle aziendal e para o apoio gerencial

Quadro 1 – Evolução histórica da Auditoria Interna Fonte: Adaptado de Vasconcelos e Pereira (2004, p. 69-70)

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Para Franco et. al. (2007, p. 210),

A auditoria interna é aquela exercida por funcionário da própria empresa, em caráter permanente. Apesar de seu vinculo à empresa, o auditor interno deve exercer sua atividade com absoluta independência profissional, preenchendo todas as condições necessárias ao auditor externo, mas também exigindo da empresa o cumprimento daquelas que lhe cabem. Ele deve exercer sua função com total obediência às normas de auditoria e o vinculo de emprego não lhe deve tirar a independência profissional, pois sua subordinação à administração da empresa deve ser apenas sob o aspecto funciona.

Os trabalhos realizados pela Unidade de Auditoria Interna objetivam, em ultima instancia a adequação da gestão de riscos operacionais, dos controles internos administrativos e do processo de governança corporativa proporcionando uma razoável garantia de que tais processos funcionam de acordo com o planejado, fazendo recomendações para a melhoria das operações da Companhia, em termos de economicidade, eficiência, eficácia, efetividade e equidade do desempenho organizacional. A realização da auditoria interna de maneira adequada possibilita o fortalecimento da gestão da empresa, além de lhe garantir uma maior credibilidade e confiabilidade perante o seu mercado de ação (CONAB, 2008).

Para Franco et al (2007):

Somente empresas de porte acima do médio comportam a manutenção de auditor interno, pois o volume de suas operações, a complexidade de sua organização e a diversidade dos fatos nela ocorridos exigem controle permanente, em tempo integral, o que não poderia ser exercido por auditor externo, que presta serviços em várias empresas (p. 219).

É importante que os auditores tenham liberdade para se movimentarem dentro a empresa, para que possam ter conhecimento sobre o andamento de todos os processos internos.

Já Crepaldi (2002, p. 51), relata que:

A auditoria interna deverá estar vinculada, aos mais altos níveis de uma entidade, para que tenha um trabalho mais abrangente. A prática demonstra que a vinculação da auditoria interna a determinado diretor, quando existem outros diretores do mesmo nível, é inicialmente e traz inicialmente resultados insatisfatórios. O que acontece é

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auditoria interna não ter acesso à contabilidade e, portanto, não ter experiência para os auditores independentes. Os objetivos da administração com auditoria interna são muito importantes. Deve ter caráter preventivo; abranger todas as áreas da entidade; ser útil para a organização e não atuar dentro do espírito fiscalizador; ajudar a organização dos problemas, e não criá-los, ser composta por pessoas tecnicamente experientes, treinadas constantemente e com um excelente relacionamento pessoal (p. 51).

No que diz respeito às características das funções e atividades da auditoria, destacam que essa atividade é, por natureza, a revisão do trabalho de outros e não a execução original do trabalho. Portanto, o auditor interno deve recomendar, mas não pode decidir; deve sugerir e influenciar, mas não pode determinar; deve examinar, julgar, avaliar e relatar aos órgãos superiores, mas não pode impor uma modificação (OLIVEIRA; DINIZ FILHO, 2001).

De acordo com Portal de Auditoria (2013), o auditor interno deve preocupar-se com qualquer fase das atividades da empresa na qual possa ser de utilidade à Administração. Para conseguir o cumprimento deste objetivo geral de serviços à administração, há necessidades de desempenhar atividades tais como revisar e avaliar a eficácia, suficiência e aplicação dos controles contábeis, financeiros e operacionais; determinar a extensão do cumprimento das normas, dos planos e procedimentos vigentes; determinar a extensão dos controles sobre a existência dos ativos da empresa e da sua proteção contra todo tipo de perda; determinar o grau de confiança, das informações e dados contábeis e de outra natureza, preparados dentro da empresa; avaliar a qualidade alcançada na execução de tarefas determinadas para o cumprimento das respectivas responsabilidades e avaliar os riscos estratégicos e de negócio da organização.

Dessa maneira, entende-se que, a auditoria interna é uma atividade de avaliação interna, independente, existente dentro de uma organização, destinadas às revisões das operações contábeis, financeiras, fiscais, operacionais, trabalhistas entre outras. A auditoria interna é, portanto, um controle administrativo cuja atribuição é verificar e avaliar a efetividade dos demais controles. Os resultados de seus trabalhos visam prestar assessoria á administração quanto ao cumprimento dos regulamentos, legislação e controles operacionais, de modo a tornar o processo eficiente e eficaz.

2.2 Objetivos da Auditoria Interna

A Auditoria Interna tem como objetivo, avaliar os próprios fins da Contabilidade, verificando os registros, documentos e as demonstrações contábeis, a fim de apresentar com credibilidade, ao fisco administradores e proprietários a situação verdadeira do patrimônio em determinada data. Nesse

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mesmo sentido, Sá (2009), relata que a auditoria busca o exame analítico e sistemático da situação real dos elementos que compõem o patrimônio da organização e sobre essas informações obtidas o auditor busca oferecer uma opinião confiável aos gestores e proprietários.

De acordo com Almeida (2009, p. 30), a auditoria interna possui os objetivos:

• Verificar se as normas internas estão sendo seguidas. • Verificar a necessidade de aprimorar as normas internas

vigentes. • Verificar a necessidade de novas normas internas. • Efetuar auditoria das diversas áreas das demonstrações

contábeis e em áreas operacionais.

Já para Niyama e Silva (2011, p. 259), complementam que a auditoria interna tem como principais objetivos:

• Revisar e avaliar os controles internos da entidade; • Acompanhar e monitorar o cumprimento das diretrizes

estabelecidas pela administração superior; • Verificar se as informações fornecidas à administração

superior são corretas, completas e oportunas; • Verificar e revisar os principais ciclos operacionais da

empresa; • Controlar e proteger o patrimônio da entidade.

A Auditoria Interna tem como objetivo macro prestar auxílio à

Administração, possibilitando-lhe o conhecimento da forma como desenvolve suas atividades, oferecendo condições para um desempenho adequado de suas obrigações, proporcionando análise, apreciações, recomendações e comentários objetivos e/ou convenientes acerca das atividades investigadas. Para tanto a auditoria interna proporciona análises, avaliações, recomendações, assessoria e informação concernente às atividades revisadas para a Administração.

2.2.1 Benefícios e vantagens da AUDITORIA INTERNA

De acordo com Franco et al (2007), “a vantagem da auditoria interna é a existência, dentro da própria organização, de um departamento que exerce permanente controle – prévio, concomitante e consequente – de todos os atos da administração” (p. 219). Com o trabalho de auditoria interna, a empresa possui maior controle de suas operações e as informações geradas internamente transparecem maior confiança para possíveis acionistas e investidores.

Uma empresa que tem uma auditoria interna operante e eficiente adquire à capacidade de minimizar ou mesmo evitar a ocorrência de prejuízos irrecuperáveis. Consequentemente, a empresa pode obter recursos financeiros

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com mais facilidade e em condições mais favoráveis, a partir da melhor qualidade das informações geradas internamente e apresentadas ao seu ambiente externo.

Serão apresentados no quadro 2, os comparativos entre os gastos e os reais benefícios identificados após implementação do Departamento de Auditoria Interna dentro das organizações.

GASTOS TÍPICOS BENEFÍCIOS TÍPICOS

A implantação do controle requer, previamente, a análise do tempo que seria despendido de outra maneira em responsabilidades operacionais.

A contabilidade aperfeiçoada salvaguarda mais eficazmente o patrimônio.

Os sistemas de controle exigem, frequentemente, documentação que tem um custo associado.

O controle melhorado dos recursos usados na produção.

O processo de autorização, num sistema de controle, envolve várias hierarquias de gestão, exigindo um tempo substancial da gestão de nível superior.

A concordância com as políticas e procedimentos ocorre, com mais probabilidade, com verificações e comparações consolidadas.

Por vezes, os sistemas de controle estão em conflito direto com os objetivos operacionais. Por exemplo, as encomendas por telefone podem ser mais eficientes, mas os requisitos do sistema de controle podem exigir que as encomendas sejam colocadas por escrito quando a importância exceda o limite estabelecido.

A não preocupação com a eficiência através de medidas de eficácia.

Quadro 2 – Comparativo entre os gastos e benefícios da Auditoria Interna Fonte: Próprios autores (2013)

Pelo fato de trabalharem em tempo integral na empresa, os auditores

podem programar e planejar uma auditoria geral e de forma contínua, o que possibilita um controle mais eficiente dos processos da empresa. Para muitas empresas o objeto principal de uma auditoria é de apenas de descobrir e de protegê-la contra fraudes e de evitar multas fiscais, porém esquecem-se da importância dos seus objetos básicos como da eficácia e eficiência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do constante crescimento das empresas nos últimos anos, a auditoria interna vem se destacando como uma ferramenta indispensável para o sucesso empresarial. Os administradores com o objetivo de realizar eficazmente seu trabalho necessitam de uma estrutura que verifique se os sistemas de gestão e

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controles da organização estão operando com efetividade, proporcionando eficiência e eficácia.

A auditoria interna é uma atividade independente das demais áreas da empresa, utilizada como ferramenta de assessoramento ao pessoal da administração. Quando realizada de forma eficiente traz grandes benefícios, garantido o efetivo funcionamento dos Controles, bem como monitoramento dos planos e métodos de trabalho. Além disso atua detectando possíveis falhas nas áreas examinadas, corrigindo-as a fim de melhorar as operações realizadas pela empresa, de afora a atender aos interesses da alta administração.

Para os profissionais que não adotam ou seguem as metodologias de controle, eficiência e eficácia, a auditoria interna é vista como algo negativo ou mesmo punitivo. São profissionais que na maioria das vezes tem, dificuldade de adaptar ou, até mesmo limitação de conhecimento da importância da auditoria interna para a execução dos planos da alta administração da empresa.

Através da fundamentação teórica e do estudo de caso, verificou-se através dos autores pesquisados um consenso sobre a importância de implantação de auditoria interna nas empresas e que se implantada de maneira séria e responsável a organização poderá usufruir de diversos benefícios e vantagens. Com isso foi possível atingir os objetivos, visto que foram apresentados teorias e conceitos relacionados principalmente a Auditoria Interna, seus objetivos, sua importância e necessidade.

Um ponto que pode ser objeto de pesquisas futuras refere-se, a um estudo sobre, a funcionalidade da auditoria nas empresas de pequeno porte, visto que, em sua grande maioria elas não possuem os seus processos devidamente mapeados e muitas vezes os registros contábeis e financeiros não são feitos de maneira adequada.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. C. Auditoria. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ATTIE, W. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. AUBIBRA. Instituto de Auditores Internos do Brasil. Disponível em: <http://www.iiabrasil.org.br/new/download/EstIIABl24_05_2012.pdf>, Acesso em 19 de agosto de 2013. CONAB. Manual da Auditoria Interna. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/nupin/ManualdeAuditoriaInterna.pdf> Acesso em 06 de maio de 2013. CREPALDI, S. A Auditoria contábil teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria Contábil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

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NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Contabilidade para concurso e exame de suficiência. São Paulo: Atlas, 2011. OLIVEIRA, L. M. de; DINIZ FILHO, A Curso básico de auditoria. São Paulo: Atlas, 2001. Portal de Auditoria. Razões que levam uma empresa a criar um Departamento de Auditoria Interna. Disponível em: <http://www.portaldeauditoria.com.br/auditoria-interna/Por-que-criar-um-departamento-de-Auditoria-Interna.asp> Acesso em: 27 de outubro de 2013. SÁ, A. L. de. Curso de Auditoria. 10. d. São Paulo: Atlas, 2009. SCHRADER, K. F. Auditoria Interna. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1973. VASCONCELOS, Y. L.; PEREIRA, A. C. A importância da auditoria interna no processo decisório das empresas. Revista Brasileira de Contabilidade, n. 149, ano XXXIII, Brasília, set/out. de 2004.

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MODELOS PARA ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITO

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

Cristiano Tadeu Martins

[email protected]

Evanio de Carvalho Cruz [email protected]

RESUMO O presente capítulo tem o objetivo de apresentar as principais modelos para análise e concessão de crédito às Pessoas Físicas e Jurídicas. Para a concessão de crédito é exigível o conhecimento do que está sendo decidido, bem como a utilização de modelos e técnicas que auxiliam na tomada de decisão, funcionando como uma espécie de entrevista com o cliente, a fim de saber sobre quais os embasamentos o mesmo solicita o crédito, quais são seus planos e conclusões. Sabendo-se que o crescimento da economia está diretamente relacionado com o crédito disponível, o presente trabalho tem como questão problema: quais os modelos existentes para análise e concessão do crédito? O estudo foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica em livros, revistas, artigos publicados, periódicos baseado em autores renomados, apresentando a importância do crédito para o desenvolvimento econômico, identificando os modelos de análise e concessão de créditos. A política de crédito possibilita a empresa estabelecer limites e prazos compatíveis com a capacidade do cliente, além das garantias inerente ao crédito. Existem diversos modelos de análise e concessão de crédito, o que permite analisar se o cliente consegue cumprir com suas obrigações nos prazos pré-estabelecidos por meio de análises como; 5c’s do crédito, o creditscoring, behaviouralscoring, redes neurais e o modelo de buuckley para obter mais segurança durante o processo de confiar um ativo a um terceiro. Palavras-Chave: Análise de Crédito. Métodos. Tomada de Decisão.

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1 INTRODUÇÃO O crédito é um dos maiores propulsores para o crescimento econômico,

uma vez que permite agilidade nas transações comerciais e expansão da economia por meio da intermediação financeira e do fornecimento de liquidez aos agentes econômicos. Porém sua concessão demanda um conjunto de análises e métodos tentando evitar a inadimplência e proporcionar maior segurança ao mercado financeiro.

Schumpeter (1928), foi o primeiro pesquisador a relatar a importância do crédito para o desenvolvimento, através do financiamento da inovação. Para o autor, papel desempenhado pelo sistema de crédito, cujo fornecimento é atribuído aos indivíduos chamados de “capitalistas”, os capitalistas privados, que são os proprietários de dinheiro, de direitos ao dinheiro ou de bens materiais. Desse modo, o banqueiro transforma-se no capitalista por excelência, se colocando entre os que desejam formar combinações novas e os que possuem os fatores de produção.

Ao lado dos elementos “nova combinação de meios de produção” e o crédito, a análise de Schumpeter (1985), contempla um terceiro elemento que ele considera como o fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico: o “empreendimento”, que consiste na realização de combinações novas, o qual é impulsionado pelos “empresários”, aqueles indivíduos cuja função é realizar tais combinações. Para esse empresário, o acesso ao crédito é fundamental para a implantação do seu empreendimento, porém, exige-se uma análise detalhada da capacidade de geração de caixa e da capacidade de pagamento.

O crédito é um dos principais propulsores do crescimento econômico, mas se for mal gerenciado, pode levar uma empresa a futuros problemas financeiros. Considerando que o atraso no recebimento de títulos causa prejuízos e desequilíbrios no fluxo de caixa, a criação de uma modelos de análise de crédito são importantes instrumentos para auxiliar na redução da inadimplência.

O presente capítulo tem o objetivo de apresentar as principais modelos para análise e concessão de crédito às Pessoas Físicas e Jurídicas. Para a concessão de crédito é exigível o conhecimento do que está sendo decidido, bem como a utilização de modelos e técnicas que auxiliam na tomada de decisão, funcionando como uma espécie de entrevista com o cliente, a fim de saber sobre quais os embasamentos o mesmo solicita o crédito, quais são seus planos e conclusões.

Sabendo-se que o crescimento da economia está diretamente relacionado com o crédito disponível, o presente trabalho tem como questão problema: quais os modelos existentes para análise e concessão do crédito?

Este capítulo será desenvolvido através de pesquisa bibliográfica em livros, revistas, artigos publicados, periódicos baseado em autores renomados,

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apresentando a importância do crédito para o desenvolvimento econômico, identificando os modelos de análise e concessão de créditos.

Ao realizar uma pesquisa dos modelos para análise e concessão de crédito, espera-se contribuir para a sociedade com um material sucinto e didático auxiliando, e propagando o conhecimento das ferramentas de análise de crédito, contribuindo com o desenvolvimento econômico.

2 CONCEITO DE CRÉDITO

O crédito possui um importante papel de fomento na sociedade, uma vez que financia investimentos a pessoas físicas e jurídicas o que incentiva no aumento da demanda em todo o mercado.

Na concepção de Securato (2002), o vocábulo crédito vem do latim creditum que significa confiança ou segurança na verdade de alguma coisa. No entanto crédito na economia moderna significa o direito a receber um valor em uma data futura proveniente da venda de mercadorias a prazo ou de empréstimos em espécie para a realização de um desejo ou suplemento de uma necessidade.

Já Silva (2008, p. 45) o define crédito como:

(...) a entrega de um valor presente mediante uma promessa de pagamento. (...) Em um banco, que tem a intermediação financeira como sua principal atividade, o crédito consiste em colocar a disposição do cliente (tomador de recursos) certo valor sob a forma de empréstimo ou financiamento, mediante uma promessa pagamento numa data futura. Na verdade, o banco está comprando uma promessa de pagamento, pagando ao tomador (vendedor) um determinado valor para, no futuro, receber um valor maior.

Percebe-se que o crédito em finanças, pode ser entendido como a

modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transações comerciais entre as empresas e seus clientes.

Blatt (1999), complementa que crédito está relacionado à confiança que o credor tem em relação ao tomador, opina que este tipo de operação acaba gerando um risco ao credor. Sugere ainda que a administração do crédito deve estar atenta e pró-ativa a vários fatores para mitigar possíveis riscos de crédito.

De acordo com Ascarelli (1969, p. 8), “se não existisse o crédito e o comerciante tivesse que usar somente capital próprio, certamente o seu negócio teria um vulto muito menor”.

Crédito é um mecanismo criado para alavancar a economia, gerando riqueza e desenvolvimento, proporcionando as empresas e consumidores a

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possibilidade de gastar além de suas receitas, visando um desenvolvimento mais rápido e consistente.

2.1 Definição do prazo de crédito

A definição dos prazos de crédito tem relação com o setor de atividade em que a empresa atua. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 639), uma empresa deve considerar três fatores enquanto define um prazo de crédito:

• A probabilidade de que o cliente não pague:

Para uma empresa onde os clientes trabalham em setores de riscos elevados pode acarretar termos restritivos para estabelecer o prazo para concessão de crédito.

• O valor da conta: O prazo de crédito será de acordo com o tamanho da conta, se a conta for pequena o prazo será mais curto devido ao alto custo administrativo das operações.

• A perecibilidade dos bens: Se as garantias forem de valores baixos e de curto prazo, o limite de crédito concedido será menor.

Sanvicente (1987), relata que prazo de crédito é o tempo que você disporá a seu cliente para que ele possa efetuar o pagamento. Com o prazo determinará qual o investimento feito com o crédito concedido.

Estabelecer o prazo de crédito é uma etapa muito importante no processo da concessão de crédito e ainda é preciso considerar diversos fatores para conseguir estabelecer o prazo ideal.

2.2 Descontos por pagamento à Vista

O desconto por pagamento a vista caracteriza que as empresas realizam uma análise de custo beneficio para identificar qual a melhor opção, conceder desconto por pagamento à vista ou receber a prazo pelos valores estabelecido. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 539):

Os descontos por pagamento à vista geralmente fazem parte das condições de venda. Um dos motivos pelos quais são oferecidos é o desejo de acelerar os pagamentos pelos clientes. A empresa precisa avaliar este benefício em relação ao custo do desconto.

Assaf e Silva (2007, p. 110), esclarecem que a concessão de desconto por pagamento à vista pode ocorrer por quatro possíveis razões:

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• Desejo de adiantar o fluxo de caixa: Com o adiantamento a empresa aumenta sua liquidez imediata o que reduz a necessidade de financiamentos aumentando os recursos disponíveis para alocar em investimentos;

• Desejo de aumentar o volume de vendas: Com a redução do preço os clientes podem entender como uma oportunidade de efetuar maiores compras;

• Desejo de reduzir o risco de insolvência dos clientes: Recebendo à vista elimina-se o risco de não receber as vendas efetuadas;

• Redução da sazonalidade das vendas.

A concessão de desconto por pagamento à vista já faz parte do dia a dia na política comercial de maioria das empresas brasileiras. Das formas existentes de decidir se o desconto concedido será ou não viável do ponto de vista financeiro, a comparação entre o fluxo de caixa futuro a valor presente, descontado a uma taxa mínima de atratividade com o valor à vista é uma das mais usadas.

2.3 Análise de Crédito

A análise de crédito tem como objetivo prever se há capacidade de pagamento em condições de incertezas e constantes mutações, consistem em identificar os riscos nas vendas a prazo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de pagamento do tomador, e definir um limite de crédito segundo suas concepções.

Além desses objetivos, há outros secundários para avaliar a condição financeira e creditícia: estimar a magnitude dos riscos; fixar procedimentos de análise, de tal forma que esses procedimentos identifiquem o grau de risco na concessão de crédito e desenvolver ferramentas racionais e objetivas para identificar os riscos existentes nas informações de dados dos clientes capazes de aumentar a inadimplência.

Schrickel (1997, p. 25), afirma que uma análise de crédito consiste em

três etapas distintas:

• Análise Retrospectiva: avaliação do desempenho histórico do tomador potencial, analisando os riscos inerentes ao mesmo e como foram contornados. Este processo visa identificar fatores na atual condição do tomador que possam dificultar o pagamento da divida;

• Análise de tendências: projeção da condição futura do tomador do crédito, a fim de avaliar o nível de

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endividamento suportável e o quão oneroso será o crédito que se espera obter;

• Capacidade Creditícia: a partir do grau de risco que o tomador apresenta e a projeção do seu nível de endividamento futuro, avaliar a capacidade creditícia do tomador, ou seja, qual a quantia de capital que ele poderá obter junto ao credor.

Entretanto, visa com a análise de crédito garantir o recebimento do valor

emprestado ou crédito concedido, dentro de um contexto incerto, em constante mutação, com base em informações disponíveis.

2.4 Política de crédito

A política de crédito tem como objetivo básico a orientação das decisões tendo em vista os objetivos desejados e estabelecidos, estando diretamente relacionada com a função financeira do investimento.

Silva (2008, p. 80), define política de crédito como: “um guia para a decisão de crédito, porém não é a decisão; rege a concessão de crédito, porém não concede o crédito; orienta a concessão de crédito para o objetivo desejado, mas não é o objetivo em si”.

Uma política de crédito define se a empresa vai atuar no mercado de forma conservadora ou agressiva. Se a estratégia da empresa é aumentar o volume de vendas, ouse a estratégia da empresa é reduzir o volume de duplicatas a receber e o volume de estoques.

Segundo Ross; Westerfield; Jaffe, (2002, p. 638):

Uma empresa precisa estabelecer certas condições ao vender seus bens e serviços a prazo. Por exemplo, as condições de venda podem especificar o prazo de crédito, o desconto por pagamento a vista e o tipo de instrumento de crédito utilizado. Ao conceder crédito uma empresa procura distinguir entre clientes que pagarão suas contas e clientes que não o farão.

Portanto, a política de crédito de uma empresa deve ser direcionada na seguinte direção: maximizar o lucro, ponderando o nível de risco a assumir e otimizando o grau de exigência na seleção dos clientes.

2.5 Concessão de crédito

A concessão de crédito é a base para o desenvolvimento da economia, o que possibilita o crescimento dos indicadores sociais.

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Ross, Westerfield e Jordan (2008), afirmam que a concessão de crédito é motivada pela necessidade de estimular vendas. Mas isso acarreta para a empresa custos de imobilização do capital, bem como o risco do cliente não pagar, por isso é necessário definir como conceder e como cobrar, ou seja, existir uma política de crédito.

Nesse cenário, para a concessão de crédito a um cliente, além da análise das demonstrações financeiras, torna-se necessário conhecer o mercado, à capacidade instalada, ao grau de tecnologia, a capacidade administrativa e profissional dos dirigentes, entre outras.

2.6 Tomada de decisão quanto à concessão de crédito

Tomar decisão significa escolher entre duas ou mais alternativas disponíveis e conhecidas, escolhendo aquela que melhor atenda aos objetivos estratégicos da empresa.

Segundo Matias (2007), de maneira geral as análises que determinam a decisão de concessão do crédito tem foco retrospectivo quanto ao desempenho do cliente. Em casos de operações de longo prazo, para utilização do produto ou serviço em projetos expressivos, não se descarta a análise prospectiva, este tipo de análise engloba todo mercado de forma que se possa compreendê-lo, o volume de vendas, custos e despesas, a geração e caixa, a necessidade de capital de giro, os investimentos adicionais e suas fontes de financiamento, e demais fatores que sejam relevantes.

O processo decisório, quando se trata de crédito é muito amplo e complexo, necessitando alguns quesitos que podem auxiliar o administrador na escolha da melhor decisão, como: experiência anterior, conhecimento sobre o assunto, uso de métodos, procedimentos e padronização.

3 MODELOS DE ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITO

Paiva (2012), Explica que os modelos de análise e concessão de crédito são técnicas para uma operação sadia na concessão de créditos, que permite analisar a capacidade de pagamento dos clientes no vencimento e nos valores estabelecidos. Dentre esses modelos, podemos destacar os seguintes:

3.1 Os 5 C’s do Crédito

Nas subseções seguintes abordaremos os 5 C’s do crédito, que possibilita entender as principais características do cliente. É de suma importância conhecer

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e estreitar o relacionamento com o cliente com o intuito de conseguir maior assertividade nos negócios. 3.1.1 Caráter

O caráter indica à índole, ética, senso moral e à personalidade da pessoa humana. No aspecto financeiro, caráter está na intenção que o devedor tem de pagar suas dívidas, implica na determinação do cliente em honrar seus compromissos.

Segundo Silva (2008), análise deste tipo de crédito necessita que os credores obtenham o histórico de informações sobre seus devedores que é possível levantar junto aos bancos, cartórios de títulos e protesto, entre outros.

Entretanto o caráter é o posicionamento do devedor perante a situação de cumprir suas obrigações demonstrando se à boa fé ou não.

3.1.2 Capacidade

Capacidade compreende na possibilidade, competências e habilidades do solicitante do crédito têm de honrar seus compromissos.

Para Silva (2008), a capacidade que o cliente tem de honrar o pagamento do empréstimo deve ser analisada sobre vários aspectos desde que se mensure as habilidades do individuo para saldar suas dividas considerando as suas atividades.

Considera-se que a capacidade visa identificar se o cliente tem condições para cumprir com suas obrigações diante do crédito solicitado.

3.1.3 Condições

Para Gitman (2004, p. 518), “condições é o cenário econômico empresarial atua e as variáveis que possam afetar qualquer parte envolvida na transação de crédito”. No mercado existe uma série de fatores que podem afetar o desempenho de uma empresa, como decisões governamentais, Sazonalidade do produto, empresas que concentram atividades ou safra em certa época, cenário econômico mundial entre outros.

3.1.4 Capital

De acordo com Silva (2008, p. 76), o capital pode se definido da seguinte forma:

O capital se refere à situação econômico-financeira da empresa, no que diz respeito aos bens e recursos possuídos pela mesma para saldar seus débitos. Portanto,

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o “C” de capital é medido através da análise dos índices financeiros, tendo, evidentemente, um significado muito mais amplo que aquele que é dado à conta de capital na contabilidade.

Conclui-se que capital é todo o dinheiro que circula no ativo da empresa,

desde o caixa até o capital de giro da empresa além de considerar o imobilizado.

3.1.5 Colateral

Colateral é a capacidade que o devedor possui em oferecer garantias para que se constitua uma segurança adicional a operação.

Para Silva (2008, p. 77), “o colateral refere-se à capacidade do cliente em oferecer garantias complementares”.

Nesse sentido, compreende que o colateral é uma maneira que o credor utiliza para assegurar o recebimento do crédito fornecido a um terceiro.

3.2 Árvore de decisão

Come (1999, p. 61), aponta que a árvore de decisão pode ser entendida da seguinte forma:

Árvore de decisão pode ser descrita como um diagrama de decisão. Conforme definições existentes, um diagrama de decisão consiste de ramos interconectados, cada um dos quais representa um ato que o tomador de decisões deve escolher ou um evento sobre o qual o tomador de decisões deve aprender. Pode-se definir ainda como um diagrama de um problema decisório sequencial, com ramos individuais associados a decisões potenciais e sobre os quais os resultados sequenciais dos cálculos de valores esperados podem ser exibidos.

Figura 1: Exemplo de árvore de decisão - atributos de clientes de alguma instituição

financeira. Fonte: ZUBEN, Fernando J. Von; ATTUX, Romis R. F. (2012, p. 13)

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Árvore de decisão é uma ferramenta que possibilita tomar decisões após uma sequência de perguntas organizadas, com o objetivo de identificar problemas e possíveis falhas, um exemplo na Figura 1.

De posse dos dados relevantes para a decisão de concessão de crédito, procura-se, em vista da experiência passada, estimar os custos associados às três alternativas: conceder crédito, rejeitar o pedido e adiar a decisão até ser obtida uma informação adicional. Escolhe-se a alternativa que apresentar o menor custo esperado.

3.3 Credit Scoring

Paiva (2012), relata que este modelo é utilizado para análise da concessão de crédito é um processo analítico e automatizável, durante este processo estabelece-se “pontos” e “pesos” para cada um dos itens considerados relevante no processo de concessão de crédito. Alguns itens a serem pontuados são os seguintes:

• Pessoa física: sexo, idade, renda, tempo de serviço, nível de escolaridade, bens móveis e imóveis em nome do solicitante do crédito, cartões de crédito, tempo de residência dos imóveis etc.;

• Pessoa jurídica: nível de faturamento, índices de liquidez, nível de endividamento, imóveis próprios etc.

De acordo com a análise dos itens descritos atribui-se um range que

classifica e posiciona o cliente pelas notas atribuídas, em critérios previamente estabelecidos, que servirão como parâmetro para a análise e concessão do crédito. Entretanto a soma das notas estabelecidas denomina o credit score, que possibilita definir as condições do crédito.

O modelo de credit scoring pode ser visualizado na Figura 2.

Figura 2: Processo de Concessão de crédito com o uso de modelos CresitScoring.

Fonte: Chaia (2003, p. 30)

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A ideia essencial do modelo de credit scoring é identificar fatores chaves que permitem identificar a inadimplência dos clientes permitindo a classificação dos mesmos em grupo para a decisão da concessão ou não do crédito.

3.4 Behaviral Scoring

Paiva (2012), Explica que o Behavioural Scoring é um modelo parecido ao Crédito scoring, também é operacionalizado por meio do estabelecimento de notas para concluir a nota do solicitante, porém Behavioural Scoring se destina aos clientes ativo da empresa que tenham movimentações e histórico junto a instituição. As notas são estabelecidas de acordo com o comportamento do cliente perante a empresa, dentre os itens considerados neste modelo destaca-se o seguinte:

• Pontualidade nos pagamentos;

• Volume das compras;

• Pagamentos antecipados; etc. Com a utilização do modelo Behavioural Scoring possibilita a empresa

ter um controle dos limites de crédito disponível para com seus clientes.

3.5 Redes Neurais

As redes neurais resultaram de pesquisas de inteligência artificial, podendo ser definidas como um modelo teoricamente capaz de produzir uma resposta adequada para um determinado problema, mesmo quando as informações são incompletas ou quando não existe nenhum procedimento determinado para resolver o problema.

De acordo com Come (1999), os modelos artificiais de sistemas neurais (ANS - Artificial Neural Systems) procuram reproduzir os sistemas biológicos do cérebro humano, por meio de imitação das funções básicas dos neurônios humanos. A simulação do funcionamento dos neurônios serve como a unidade básica funcional de um ANS, assim como o código binário serve como a unidade básica dos computadores digitais.

3.6 Modelo de Buckley

É um modelo desenvolvido por John W. Buckley, com o objetivo de solucionar problemas relacionados a concessão de crédito.

Come (1999, p. 65), relata que o funcionamento deste modelo exige a consideração simultânea de três modelos interativos, que são:

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• De marketing: Possibilita mensurar e diferenciar o nível do risco de crédito em termos quantitativos.

• Estatístico: Demonstra o conhecimento necessário para identificar as características da população. Utiliza- três tipos de distribuição sendo o modelo uniforme utilizado para grandes populações, onde as características são conhecidas; o modelo de Gauss em grandes populações em que as características não são conhecidas, mas assume-se que seguem uma distribuição normal; e o modelo de Poisson utilizado para pequenas populações com baixo risco de crédito.

• Contábil: Compara a relações definidas na análise custo-volume-lucro. No desenvolvimento de seu modelo, Buckley considera que os custos fixos não variam em nenhum momento em relação ao volume de vendas enquanto que os custos variáveis variam de forma direta e proporcional às mudanças no volume vendido.

Para obter uma conclusão esses três modelos devem ser integrados em um “modelo sistêmico de crédito”, na qual é possível realizar as análises consideradas simultaneamente.

A utilização dos métodos de análise e concessão de créditos tornaram-se fundamental para qualquer empresa, e seus benefícios são visíveis, pois uma empresa que não tem sua gestão de crédito bem definida corre sério risco de ter custos altos com cobranças e também inadimplências.

A análise e concessão de crédito não se resume apenas ao procedimento de concessão de limites de crédito aos clientes. A eficiente administração de crédito facilita o desempenho de uma empresa, pois possibilita vendas com normas pré-estabelecidas, para minimizar os riscos das operações de crédito. Sendo assim, algumas instituições conseguem obter melhores resultados financeiros com vendas a prazo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa identificou os principais métodos utilizados para análise e concessão de crédito saudável. Durante o processo de concessão de crédito é necessário avaliar vários fatores por meio de processos e procedimentos que são essenciais para garantir a liquidez e evitar a inadimplência e a deterioração da saúde econômica da empresa. No entanto percebeu-se a importância do crédito para alavancar o crescimento econômico sustentável e a necessidade de uma análise bem definida para sua concessão.

A política de crédito possibilita a empresa estabelecer limites e prazos compatíveis com a capacidade do cliente, além das garantias inerente ao crédito. Existem diversos modelos de análise e concessão de crédito, o que permite

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analisar se o cliente consegue cumprir com suas obrigações nos prazos pré-estabelecidos por meio de análises como; 5 c’s do crédito, o credit scoring, behavioural scoring, redes neurais e o modelo de buuckley para obter mais segurança durante o processo de confiar um ativo a um terceiro.

No entanto ao identificar as principais linhas de crédito existente para impulsionar a economia, percebe-se que a gestão do crédito depende diretamente das ferramentas existentes para conseguir estabelecer limites adequados a cada cliente e assim constituir uma empresa consistente que consiga atingir o crescimento de maneira sustentável.

Com a execução desta pesquisa identificou-se que existem ferramentas e maneiras específicas para a gestão e concessão de limites de crédito, verificando-se a real necessidade do cliente e qual a sua capacidade de pagamento minimizando problemas futuros e proporcionando o desenvolvimento da empresa.

Entretanto conceder crédito é necessário para que se tenha um desenvolvimento econômico, porém o mais importante é garantir a saúde econômica da instituição; para conseguir atingir ambos os objetivos são necessários que se façam uso destas ferramentas apresentadas possibilitando assim um crescimento continuo e sustentável.

REFERÊNCIAS

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SCHUMPETER, J. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1985. ______ . The instablityofcapitalism. Economic Journal, 1928, pp. 361-386. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração Financeira.Tradução: Antonio Zoratto Sanvicente. 2 ed. São Paulo: atlas, 2010. ______. Administração Financeira. Tradução Antonio Zoratto Sanvicente. 2 ed. São Paulo, Atlas, 2002. ROSS, S. .A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B.D. Administração Financeira. Tradução: Katia Aparecida Roque; Revisão Técnica Fabio Gallo Garcia, Luiz Alberto Bertucci. 8 ed. São Paulo, McGraw-Hill, 2008. SANVICENTE, A. Z..Administração Financeira. 3 ed. São Paulo, Atlas, 1987. SCHRICKEL, W. K. Análise de crédito: análise de crédito. São Paulo, Atlas, 1997. SECURATO, J.R. Crédito: análise e avaliação do risco – pessoas físicas e jurídicas. São Paulo, Saint Paul, 2002. SILVA, J. P. da, Gestão e análise de risco do crédito. 6 ed. São Paulo, Atlas, 2008. ZUBEN, F.J.V. e ATTUX, R.R.F. Árvores de decisão, disponível em <ftp://ftp.dca.fee.unicamp.br/pub/docs/vonzuben/ia004_1s10/notas_de_aula/topico7_IA004_1s10.pdf/>, acesso em 06 de outubro de 2014.

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GESTÃO DE POLÍTICAS DE CRÉDITO E COBRANÇA

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

Tonni Eustaquio Moroli Caputo Costa [email protected]

Solange Moreira Dias de Lima

[email protected]

RESUMO O presente capítulo tem como objetivo apresentar as principais instrumentos para definição das políticas de crédito e cobrança. A gestão de crédito e cobrança é uma das principais ferramentas para manter a liquidez e a geração de caixa para subsidiar crescimento operacional da empresa. Entretanto, é notória a importância de um processo eficaz e ágil de análise de concessão de crédito, pois com a abertura das diversas linhas de crédito para o consumidor, passou a ocorrer um processo de endividamento que começa a gerar diversos problemas no mercado que se reflete nas indústrias e nos grandes prestadores de serviços. Nesse sentido, a cobrança é parte importante do ciclo operacional e financeiro de qualquer empresa, e tem adquirido cada vez mais um papel relevante dentro das empresas. Devido a esse crescimento e a grande facilidade de crédito é que este estudo se justifica, uma vez que para evitar a inadimplência surge à política de cobrança. Desse modo, tem-se a seguinte questão problema: Qual a importância da política de crédito e cobrança para a empresa? Para o desenvolvimento deste estudo utilizou a pesquisa bibliográfica por meio de pesquisas em livros, revistas científicas, artigos de internet, jornais, etc., com o objetivo de embasar o conhecimento acerca da gestão de crédito e cobrança. Portanto, a partir do momento que a empresa passa a financiar os seus clientes é necessária à coordenação deste crédito, pois uma gestão de crédito não se resume apenas ao procedimento de concessão de limites de crédito aos clientes. Mas também, a criação de estruturas para acompanhamento e monitoramento dos clientes e a adoção de políticas para a cobrança dos inadimplentes. A cobrança neste contexto é importante para a empresa, sua eficiência faz com que o setor financeiro funcione corretamente em seu fluxo. PALAVRAS-CHAVE: Crédito. Cobrança. Análise de crédito. Política de crédito e cobrança.

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1 INTRODUÇÃO

A adoção de políticas de crédito e cobrança nas empresas aumentou significamente sua importância nas últimas décadas, especialmente, em virtude dos avanços tecnológicos e da crescente desregulamentação e globalização da economia. Desta forma, a gestão de crédito e cobrança é uma das principais ferramentas para manter a liquidez e a geração de caixa para subsidiar crescimento operacional da empresa.

Dessa maneira, a política de crédito desempenha impacto sobre a lucratividade da empresa e pode afetar o custo de financiamento do capital de giro, rentabilidade das vendas e índices de perda com devedores incobráveis. Nesse sentido, uma política de crédito ideal deverá ser aquela capaz de gerar o elevado índice de vendas, alta rentabilidade e perdas minimizadas. Sendo assim, a política de crédito irá determinar a existência das condições de crédito, apesar disso, ambas necessitarão estar embasadas na estrutura da empresa que as definem. Desse modo, depois de estabelecida a política de crédito, passa-se à análise individual de cada cliente, e à determinação da viabilidade da concessão ou não, no caso aceitável, estabelecendo limites para compras e possíveis vantagens adicionais.

Em relação à política de cobrança esta é importantíssima, uma vez que possui a aptidão de antecipação dos valores em atraso e a responsabilidade para com os resultados positivos junto aos clientes. Desse modo, a cobrança é uma atividade dependente da qualidade dos controles, desde o acionamento do devedor até o devido pagamento de todos os débitos, que assegura a transformação das vendas em recebimentos. Para tanto, as empresas tem o direito de cobrar. E para isso, existem diversos meios lícitos para atingir este objetivo, como por exemplo, as ligações telefônicas, correspondências, utilização de cobradores coerentes, e, os meios judiciais. Desse modo, o presente estudo busca responder a seguinte questão: Qual a importância da política de crédito e cobrança para a empresa?

A gestão de crédito e cobrança é um tema atual que vem atraindo a atenção dos administradores, uma vez que é considerado um instrumento gerencial importante no processo competitivo. No entanto, ao longo dos últimos anos a economia brasileira tem experimentado um forte crescimento do crédito. Devido a esse crescimento e a grande facilidade de crédito é que este estudo se justifica, uma vez que para evitar a inadimplência surge à política de cobrança.

O presente estudo tem como objetivo apresentar as principais instrumentos para definição das políticas de crédito e cobrança. Para o desenvolvimento deste estudo utilizou a pesquisa bibliográfica por meio de pesquisas em livros, revistas científicas, artigos de internet, jornais, etc., com o objetivo de embasar o conhecimento acerca da gestão de crédito e cobrança.

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Neste contexto, diante da utilização em massa do crédito aumentando significativamente as vendas gerou a necessidade de se realizar esse estudo e pesquisa na área, possibilitando assim potencializar os conhecimentos a respeito do mercado de crédito.

2 GESTÃO DE CRÉDITO E COBRANÇA

O crédito é fator facilitador para as vendas, uma vez que por meio deste, que as empresas podem vender extremamente bem, até mais do que se venderia caso não utilizasse esse tipo de facilidade. Ao mesmo tempo, o crédito é fator de risco para as empresas, o que torna assim, a sua administração complexa, exigindo de gestores e executivos elevada atenção e uso de técnicas para evitar perdas com devedores relapsos (LEMES JUNIOR; RIGO ; CHEROBIN, 2002).

Crédito é uma palavra que demonstra confiança e deriva da expressão ‘crer’, acreditar em algo, ou alguém. Sob o aspecto financeiro, o crédito significa dispor a um tomador recursos financeiro para fazer frente a despesas, ou investimentos, e financiar a compra de bens (GITMAN, 2010).

O autor menciona ainda que palavra crédito deriva das palavras latinas credere, ‘confiança’ e creditum, ‘uma coisa confiada de boa-fé’. Para tanto, quando se tem necessidade de recorrer ao crédito há entidades que disponibilizam o dinheiro, e a quem, posteriormente, se terá de pagar (GITMAN, 2010).

Nesse sentido, de acordo colocado por Gitman (2010), o crédito corresponde a uma troca de bens presentes por bens futuros, ou seja, a empresa concede um limite de crédito para o seu cliente por meio de uma promessa de pagamento expresso através de documentos como duplicatas a receber; notas promissórias; cheques pré-datados; e cartão de crédito, sendo, portanto, instrumento de grande valia.

Dando continuidade, a definição do autor citado, essa troca de valor presente por valor futuro, geralmente envolve riscos, uma vez que está trocando crédito, por uma promessa de pagamento e podendo diversos acontecimentos dificultar ou impossibilitar o pagamento. Deve-se atentar ao objetivo de preservar a empresas sem comprometer suas vendas (ASSAF NETO, 2009).

Desta forma, o crédito é na contemporaneidade é tão importante na vida das pessoas e empresas, que acabou virando algo frequente no dia a dia, sendo considerada atualmente uma prática muito comum. Dessa maneira, Assaf Neto (2009), argumenta que existem pelo menos cinco possíveis razões para a existência do crédito que são o acesso diferente aos compradores e vendedores no mercado de capitais; o fornecimento de informações ao comprador e vendedor; as empresas com grande sazonalidade podem incentivar a aquisição de mercadorias pelos clientes através do crédito de forma mais regular; a importante

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estratégia de mercado; e impossibilidade tecnológica de vender à vista (empresas públicas).

Para Ross, Westerfield e Jordan (2009), a concessão de crédito é motivada pela necessidade de estimular vendas, mas isso acarreta para empresa custos de imobilização do capital, bem como o risco do cliente não pagar, por isso é necessário definir como conceder e como cobrar, ou seja, sua política de crédito.

Entretanto, a concessão de crédito, consequentemente, consiste em emprestar dinheiro, em colocar à disposição do cliente determinado valor monetário, em um determinado momento, mediante promessa de pagamento futuro, tendo como retribuição, por essa prestação de serviço, determinada taxa de juros cujo recebimento pode ser antecipado, periódico, ou mesmo ao final do período, juntamente com o principal emprestado.

Dada à importância da gestão de crédito, o procedimento de aprovação de crédito deve receber tratamento amplo, de forma unificada, envolvendo as áreas de finanças, vendas, além da alta gestão. Um procedimento eficiente de concessão de crédito contribui para a liquidez e o crescimento sustentável da empresa no mercado.

Neste contexto, o crédito faz com que as empresas aumentem seu nível de atividade, estimule o consumo influenciando na demanda, cumpra uma função social ajudando as pessoas a obterem moradia, bens, e até alimentos, e, facilitam a execução de projetos para os quais as empresas não disponham de recursos próprios suficientes.

Todavia, o mercado de crédito visa, essencialmente, suprir as necessidades de caixa dos vários agentes econômicos, seja por meio de concessão de crédito às pessoas físicas, seja, por meio de empréstimos e financiamento às pessoas jurídicas. Portanto, o crédito representa ainda um importante papel de fomento na sociedade, uma vez que financia investimentos a pessoas físicas e jurídicas o que incentiva no aumento da demanda em todo o mercado.

Nesse sentido, Silva (2013), divide o crédito em duas formas amplas, o crédito público e crédito privado. Para o autor, o crédito público trata das relações entre os Estados e as pessoas ou Empresas, enquanto que o crédito privado trata das relações entre as pessoas ou entre as empresas. Porém, uma pessoa (física ou jurídica) pode conceder crédito ao Estado, como também o Estado pode conceder crédito a uma pessoa (física ou jurídica) (SILVA, 2013).

Segundo os autores Securato e Securato (2009), o crédito para pessoa física realiza-se por meio de cheque especial, cartão de crédito, crédito pessoal e crédito consignado. E créditos para pessoas jurídicas, as instituições bancárias oferecem diversas modalidades de créditos, de curto e médio prazo. De acordo Securato e Securato (2009), e Silva (2013), créditos para pessoas jurídicas trata-se do crédito comercial, que podem ser vistos sob três formas como o crédito

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para cobertura de liquidez, o crédito para operações comerciais voltados para o financiamento de capital de giro, e, crédito para investimento.

Neste contexto, caberá ao gestor financeiro identificar, avaliar e escolher as melhores fontes de financiamento a serem utilizadas pela organização. Com relação ao crédito privado, Silva (2013), coloca que este se subdivide em mercantil, que é a forma mais comum de financiamento em curto prazo, e, é também denominado crédito mercantil ou comercial. Já o crédito bancário, a base deste empréstimo é em moeda corrente. Os agentes financeiros utilizam um instrumental denominado limite de Crédito, que tem por finalidade definir o valor máximo que o banco admite emprestar para um cliente (SILVA, 2013).

Para uma concessão de crédito com liquidez e qualidade, deve-se ter uma política de crédito baseada nas necessidades dos clientes em equilíbrio com os objetivos da empresa, que é o lucro, focando sempre a metodologia dos 5C’s do crédito.

2.1 Análise crédito

A análise crédito é uma atividade que tem objetivo de prever a capacidade e a vontade de um devedor em honrar suas dívidas no momento em que se tornem exigíveis. No entanto, é importante que a organização conheça quem são os seus tomadores de crédito a fim de fazer uma análise mais direcionada. Segundo Silva (2013), os tomadores de crédito são aqueles onde as rendas correntes são inferiores aos gastos correntes com consumo e investimentos.

Como salienta Silva (2013):

A definição do tipo de análise e sua abrangência é seguramente um dos pontos importantes na avaliação do risco dos clientes. Muitas vezes, alguns bancos copiam os formulários de outros bancos e passam a usar os mesmos indicadores e a mesma forma de analise para uma carteira de clientes com perfil diferente. Isto pode levar ao isso de padrões e critérios inadequados. Quando um banco trabalha com clientes de atividades, portes e regiões diferentes, muitas vezes, precisará ter critérios de analises também diferentes. (p. 98).

As instituições financeiras precisam ter modelos e critérios diferenciados para cada cliente, uma vez que as necessidades são diferentes.

Entretanto, os processos de análise de crédito, concessão e gerenciamento de empréstimos das instituições financeiras, conforme informa Blatt (1999), são vitais para a segurança e sustentabilidade dos negócios, assim, o

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processo decisório de crédito é a fase mais importante para se conceder crédito de forma adequada, sendo necessário verificar os conceitos e as rotinas operacionais, a prática do processo decisório de crédito, e, a decisão adequada.

No entanto, de acordo com Blatt (1999), a análise de crédito tem como função avaliar a capacidade de pagamento do tomador, visando sempre assegurar a reputação e a solidez da empresa concessora de crédito, para que objetivos pelo comportamento e procedimentos que definem as atividades específicas para garantir que os padrões sejam satisfeitos.

2.2Instrumentos de crédito

Os instrumentos de crédito servem para instruir o uso de práticas corretas de administração e concessão de crédito. Coelho (2010, p. 15), definiu instrumentos de crédito como: “documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado". Segundo ao autor os instrumentos têm como intuito garantir o credor e a circulação de crédito.

De acordo com Almeida (2008), são inúmeros os instrumentos de crédito, porém, no Brasil os mais utilizados são: a nota promissória, prevista no decreto 2.044 de 31 de dezembro de 1908, que traduz promessa direta de pagamento que o devedor faz para com o credor; a letra de câmbio, ponderada como uma forma de pagamento à vista; a duplicata considerada um título que prova o fornecimento de crédito; o cheque que também é considerado uma ordem de pagamento à vista que pode ter como beneficiário terceiros ou próprio emitente.

2.3 Concessão de crédito

Na concessão de crédito são definidos os parâmetros básicos para a liberação de empréstimos, visando assim, garantir a uniformidade nas decisões, aperfeiçoar a administração do risco de crédito, garantir os níveis de risco e perdas, elevar os padrões de qualidade e os resultados da empresa.

Desta forma, como demonstra Sanvicente (2010):

A concessão de crédito atua como elemento do processo de oferecimento de um produto ou serviço não só porque afeta diretamente o preço de aquisição, distribuindo os pagamentos no tempo, como proporciona maior flexibilidade operacional ao comprador, que ganha tempo para gerar recursos com vistas a efetuar os pagamentos devidos. (p. 153).

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Dentre os métodos disponíveis para concessão de crédito Silva (2013), destaca métodos quantitativos considerados os mais eficientes, ao utilizar à estatística, a teoria das probabilidades para tomada de decisão; as simulações que consiste na simulação de situações reais, com o intuito de fornecer subsídios para o processo decisório; a experiência anterior que se baseia em decisões anteriores (casos análogos); consulta a órgão de proteção ao crédito como SERASA e SPC; e, consulta à ficha cadastral do cliente, onde são agrupados e guardados os documentos relativos ao histórico do cliente necessários para o gestor de crédito analisar e tomar a decisão.

Entretanto, para orientar a concessão de crédito, os parâmetros qualitativos norteiam-se nos tradicionalmente conhecidos “5C’s” do crédito que são caráter, capacidade, capital, colateral e condições. Assim evidenciado por Gitman (2010), caráter está relacionado ao histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. A capacidade é o potencial do cliente para quitar o crédito solicitado. Já o capital é a solidez financeira do solicitante, conforme indicada pelo patrimônio líquido da empresa. Enquanto que Colateral é montante de ativo colocado à disposição pelo cliente para garantir o crédito. E a condição, por sua vez, refere-se ao cenário econômico empresarial atual, bem como circunstâncias particulares que possam afetar qualquer das partes envolvidas na negociação de crédito.

No entanto, para garantir que não haverá problemas, ou que não estará sujeito a perdas significativas ao facilitar o pagamento, a empresa deve estabelecer na política de crédito quem e como será feita a concessão, quais os valores que cada indivíduo ou grupo de pessoas irá poder liberar. Os parâmetros para as decisões de aceitação ou rejeição de clientes devem ser traduzidos em padrões mais ou menos liberais.

Cabe destacar ainda, que diante das evoluções dos “5C’s” do crédito, está o modelo chamado (rating), considerado por Silva (2013), uma avaliação de risco, sendo apresentado por meio de um código ou classificação que fornece uma graduação do risco. Desta forma, a avaliação será feita por meio de mensuração e ponderação das variáveis determinantes do risco da empresa.

2.3 Risco de crédito

O risco é determinado pela incerteza de retorno de um investimento perante a possibilidade de um evento possível, futuro e incerto, autônomo à vontade do investidor e cuja ocorrência poderá causar prejuízos. Segundo Silva (2013), o risco está intimamente relacionado com fatores internos e externos à empresa que podem prejudicar o pagamento do montante de crédito concedido; é a possibilidade de não pagamento por parte das seguintes pessoas.

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Segundo aborda Stolf (2008), em relação ao crédito, este possui relação direta com o crescimento econômico do país, uma vez que permite às famílias e às empresas a viabilização de projetos para os quais não possuem recursos em quantidade suficiente. Do mesmo modo, é importante o emprego de métodos para mensurar o risco de crédito, já que a sua não utilização pode implicar em uma ineficiente gestão do crédito, prejudicando assim a população e provocando instabilidade financeira.

De acordo com Blatt (1999), o risco do crédito é definido como a possibilidade de um prejuízo financeiro, sendo, assim o termo risco pode ser usado como uma incerteza ao referir-se à variabilidade de retornos associados a um dado ativo. O risco do crédito está classificado em quatro grupos: risco do cliente, risco da concessão do crédito, risco da concentração; e risco da administração do crédito. Desta forma, nota-se que inúmeros fatores podem contribuir para aquele que concedeu o crédito, não receba o pagamento do devedor conforme as condições combinadas.

Neste contexto, Silva (2013), relata que é muito importante a função do administrador de risco de crédito, auxiliando na redução das perdas decorrentes da assunção de riscos indevidos, bem como proporcionando a busca da maximização do valor da empresa concessora de crédito, na tomada de decisão pela avaliação da relação risco e retorno.

Para Gitman (2010), o risco máximo que uma empresa poderá aceitar dependerá da política adotada por ela. No entanto, o risco apresentado pelo requerente é de suma importância no processo de concessão de crédito, devendo ser considerados vários quesitos na sua avaliação.

2.5 Cobrança

Posteriormente a liberação de crédito aos clientes a empresa deve monitorar o desempenho destes, avaliando se os pagamentos estão sendo realizados nos prazos definidos ou com atrasos.

No entanto, a cobrança é uma parte importante do ciclo operacional e financeiro de qualquer empresa, e tem adquirido cada vez mais um papel relevante dentro das empresas. Desse modo, Silva (2013, p. 355), afirma que a gestão de cobrança deve estar focada na “maximização visando melhorar o fluxo de caixa e na minimização de perdas de negócios futuros. De tal modo, que as políticas de crédito e cobrança devam caminhar em harmonia com as atividades e mercados envolvidos com os negócios da empresa”.

De acordo com Gitman (2010), diversos tipos de procedimentos de cobrança costumam ser utilizados. Assim, caso uma conta não seja liquidada na data de vencimento, com o passar do tempo os esforços de cobranças tornam-se mais pessoais e rigorosos. Nesse sentido, os procedimentos básicos de cobrança

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são: as cartas e e-mails, telefonemas, acionamento do avalista ou garantidor, uso de agências de cobrança, protesto judicial, e, encaminhamento da dívida através do encaminhamento do título aos advogados da empresa.

Para tanto, a cobrança tem como função recuperar créditos em atraso de uma forma que não cause prejuízos financeiros aos credores e nem comprometa a idoneidade dos clientes no mercado de crédito (SANTOS, 2003).

Todavia, segundo Assaf Neto (2009), na cobrança inclui algumas despesas como os custos com ligações, custos com impressão de documentos e cartas de cobrança; despesas com correios, custos com funcionário para realização de cobranças, e, custo de honorários advocatícios. Portanto, estas despesas têm retorno somente através do resultado da cobrança que pode ser maximizado através de ferramentas mais eficientes que minimizem o tempo utilizado, mas maximizando os resultados.

3 POLÍTICA DE CRÉDITO E COBRANÇA

3.1 Política de crédito

A política de crédito de acordo com Silva (2013), tem como objetivo básico a orientação nas decisões de crédito, em face dos objetivos desejados e estabelecidos. É um guia para a decisão de crédito, porém, não é a decisão em si, rege a concessão de crédito, mas, não concede o crédito e orienta a concessão do crédito para o objetivo desejado.

Assim sendo, de acordo com a definição do Portal Educação (2012, p. 1), a política de crédito “é um conjunto de normas ou critérios que cada empresa utiliza para financiar ou emprestar recursos a seus clientes”. Desse modo, cada empresa deve desenvolver uma política de crédito coordenada, para encontrar o equilíbrio entre as necessidades de vendas e, concomitantemente, sustentar uma carteira a receber de alta qualidade. Entretanto, para Assaf Neto (2009, p. 98), a política de crédito “fixa os parâmetros da empresa em termos de vendas a prazo, [...] na política de crédito, estarão os elementos fundamentais para a concessão, a monitoração e a cobrança do crédito”, visando equilibrar os objetivos de lucro com as necessidades do cliente. A finalidade é atingir um objetivo de lucro com ajuste de risco, e satisfazer os clientes, ao mesmo tempo em que se mantém um sólido portfólio de crédito. Contudo, as metas de uma política de crédito eficaz e eficiente são assegurar que o credor atinja resultados financeiros desejáveis, com ajuste para risco, com alta

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confiabilidade, minimizando as perdas com o retorno-alvo e a tolerância por riscos.

No entanto, em administração de empresas, as políticas de crédito, são

instrumentos que determinam padrões de decisões para resoluções de problemas semelhantes.

3.2 Política de cobrança

Na concepção de Sanvicente (2010), a finalidade da política de cobrança existe para que vendas já efetuadas transformem-se efetivamente em recebimentos. Entretanto, é evidente que a empresa não deve gastar mais com o seu esforço de cobrança do que tem a receber, uma vez que as suas despesas de cobrança devem ter como parâmetro básico de comparação, o que a empresa pode perder sob a forma de aumento de dívidas não pagas por seus clientes ao solicitar qualquer redução no seu esforço de cobrança. Em suma, agressividade ou impertinência excessiva da cobrança pode até prejudicar as vendas em modo geral, pois a cobrança é vista como parte do conjunto de concessão de crédito e da política de vendas da empresa.

De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2009):

A política de cobrança é o elemento final da política de crédito, envolvendo o acompanhamento das contas a receber, para detectar dificuldades e conseguir o pagamento de contas vencidas. Para controlar os pagamentos pelos clientes, muitas empresas acompanham a situação de suas contas a receber. (p. 455).

Portanto, na política de cobrança, a eficiência da cobrança não irá

depender somente da sua política, mas também da política na qual foi baseada a concessão do crédito. Desta forma, a política de cobrança tem como função fazer aumentar as chances do cliente efetuar o pagamento de pelo menos parte da quantia que deve à empresa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo a gestão de crédito e cobrança, dada a sua importância no cenário atual. Verifica-se que hoje diante do aumento inadimplência no Brasil, o tema abordado é suma importância, uma vez que ao conceder crédito, a empresa e/ou a instituição passa a correr risco de que por

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algum motivo, o cliente não consiga efetuar o pagamento no prazo determinado. Nesse sentido, para a concessão de crédito é necessário analisar os 5C’s de crédito: caráter, capital, capacidade, colateral e condições. Pois, a concessão de crédito envolve aportes significativos de capital em condições de risco, por isso requer uma gestão criteriosa que leve em conta as condições do mercado bem como os princípios de administração financeira.

Entretanto, a partir do momento que a empresa passa a financiar os seus clientes é necessária à coordenação deste crédito, pois uma gestão de crédito não se resume apenas ao procedimento de concessão de limites de crédito aos clientes. Mas também, a criação de estruturas para acompanhamento e monitoramento dos clientes e a adoção de políticas para a cobrança dos inadimplentes. A cobrança neste contexto é importante para a empresa, sua eficiência faz com que o setor financeiro funcione corretamente em seu fluxo. Portanto, atuando desta forma, empresas que concedem crédito podem evitar serem surpreendidas por problemas de liquidez causados por projeções de fluxo de caixa não se realizarão.

A política de crédito refere-se a um conjunto de normas ou critérios que a empresa utiliza para financiar ou emprestar recursos a seus clientes. Cada empresa deve desenvolver uma política de crédito coordenada, para encontrar o equilíbrio entre as necessidades de vendas e, concomitantemente, sustentar uma carteira a receber de alta qualidade. Já a política de cobrança refere-se aos procedimentos adotados, pela empresa, para receber seus direitos na data do vencimento e as ações a serem adotadas no caso de atraso no pagamento, com definições especificas das medidas a serem tomadas e o tempo necessário à implementação.

Por meio deste estudo foi possível responder ao questionamento da importância da gestão de crédito e cobrança para as empresas, diante do grande aumento e facilidade de crédito. Assim, o presente trabalho não tem a pretensão de esgotar o tema, mas sim, sugerir que novos estudos sobre o assunto sejam desenvolvidos.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, A.P. de. Teoria e prática dos títulos de crédito. 27. ed. São Paulo : Saraiva, 2008. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2009. BLATT, A. Avaliação de risco e decisões de crédito: um enfoque prático. São Paulo: Nobel, 1999. COELHO, F.U. Manual de direito comercial. São Paulo : Saraiva, 2010.

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GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. São Paulo:Pearson Education, 2010. LEMES, JUNIOR, A.B.; RIGO, C.M.; CHEROBIM, A.T.M.S. Administração financeira: princípios fundamentais e práticas brasileiras. Curitiba : Campus, 2002. PORTAL EDUCAÇÃO. O que é e quais os objetivos da política de crédito. 2012. Disponível em:<http://www. portaleducacao.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2014. ROSS, S; WESTERFIELD, R; JAFFE, J. F. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009. SANTOS, J.O. dos. Análise de crédito. 2.ed. São Paulo : Atlas, 2003. SANVICENTE, A.Z. Administração financeira. 3.ed. São Paulo : Atlas, 2010. SILVA, J.P. da. Gestão e análise de risco do crédito. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2013. SECURATO, J. R.; SECURATO, J. C.; et al. Mercado financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimento. 2.ed. São Paulo. Saint Paul Editora, 2009. STOLF, W.A. Quantificação do risco de crédito: um estudo de caso utilizando o modeloCreditrisk*.2008. 111 p. Dissertação (Mestrado em Ciências). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2008.

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FINANÇAS PESSOAIS: A PROPENSÃO AO ENDIVIDAMENTO DE JOVENS CONSUMIDORES BRASILEIROS

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

Sinval Caputo Costa

[email protected]

José Heraldo dos Santos [email protected]

RESUMO O objetivo capítulo tem o objetivo de verificar a propensão ao endividamento de jovens no Brasil. O endividamento é um fato inerente à vida em sociedade, ainda mais comum na atual sociedade de consumo. Diante desta lógica não escapam os jovens. Perante a ampla oferta de crédito e o despreparo para lidar com as finanças pessoais estão deixando os jovens cada vez mais endividados. Além disso, lhes faltam ainda planejamento nas finanças pessoais e educação financeira. Assim, justifica-se o presente estudo pela importância do tema no cenário atual e pelo fato de manter interesse em compreender a necessidade da educação financeira e de planejamento nas finanças pessoais, proporcionando assim, melhor compreensão da propensão de jovens consumidores ao endividamento. Tem-se como questão problema: Qual a importância do planejamento nas finanças pessoais e educação financeira para os jovens com a propensão ao endividamento? A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos, artigos elaborados para a internet, teses, e fontes eletrônicas para a revisão de literatura, tendo como finalidade expor o tema proposto. Para tanto, é necessário que haja uma mudança urgente na forma com que os jovens trabalham o dinheiro. Pois é imprescindível que eles aprendam a planejar para alcançar seus sonhos e objetivos, e saberem o quanto eles custam. Por fim, é fundamental fazer com estes jovens estabeleçam uma relação saudável com as finanças desde cedo, já que, afinal, vivemos em uma sociedade capitalista, na qual o dinheiro é um meio para a realização pessoal. Palavras-chave: Finanças Pessoais. Educação Financeira. Endividamento. Jovens Consumidores.

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1 INTRODUÇÃO

Diante do grande aumento econômico aliado à estabilidade inflacionária conhecida nos últimos anos incita uma grande reflexão acerca da maneira de lidar com o dinheiro.

A vida em sociedade fez com que o ser humano começasse a ter que criar meios de controlar suas posses, organizando e mensurando todos os seus pertences. Assim, o homem, instintivamente e de forma rudimentar, sempre aplicou técnicas de contabilidade e planejamento no controle da gestão pessoal.

Nesse sentido, nos últimos anos, percebe-se um aumento em estudos sobre o comportamento dos indivíduos no que se refere às decisões financeiras. No entanto, diversas correntes científicas, como a Psicologia Econômica, o Marketing, as Finanças Comportamentais, a Teoria dos Jogos, vêm estudando o comportamento dos consumidores frente às atitudes de comprar, vender, consumir, poupar e se endividar.

Todavia, diante do consumo excessivo, muitos indivíduos contraem dívidas, comprometem uma parcela significativa de suas rendas, e, em muitos casos, acabam tornando-se inadimplentes, ou seja, acabam por não cumprir com seus compromissos financeiros. À luz desta concepção, endividados trabalham para quitar suas dívidas por terem pouca ou nenhuma habilidade de lidar com o dinheiro, por não se preocuparem em fazer um planejamento financeiro ou por motivos implícitos em razões sociais ou psicológicas. Porém, muitos desses indivíduos conseguem retomar o equilíbrio de suas vidas, outros necessitam de ajuda e muitos terão que carregar o estigma de eternos endividados (FERREIRA, 2006).

Entretanto, perante o crescimento deste tipo de consumidor no mercado, o estudo dos fatores que influenciam o endividamento se mostra de grande valia para a área de Finanças, visto que a relação desejo / necessidade / consumo /endividamento / inadimplência se torna de interesse das empresas, pois afetam o ciclo operacional e financeiro e podem implicar, inclusive, desajustes na liquidez e aumento de risco. Assim, ao traçar suas estratégias de concessão de crédito, as empresas devem estar atentas para o comportamento do consumidor nestas diferentes fases, suas possibilidades e limitações com enfoque nos clientes efetivos e potenciais. Portanto, destaca-se que o público jovem vem apresentando crescimento no uso de crédito e no aumento de consumo.

Desta forma, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (ABECS, 2009), a prática de financiamento é mais confortável com o cartão de crédito e o valor médio dos gastos com o cartão entre os jovens tem aumentado significadamente nos últimos anos. Desse modo, associações de endividados chamam a atenção para a facilidade de crédito e

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também para o crescente endividamento dos jovens no nosso país (ARANHA, 2005).

O Brasil experimenta desde a década de 90, expressiva mobilidade social e relativa estabilidade na economia. Assim, com o aquecimento na economia nacional e os valores materialistas dos indivíduos contribuíram para que as pessoas fortalecessem seus desejos de consumo, o que foi dinamizado pelas facilidades oferecidas por agências financiadoras e bancos, que proporcionaram o acesso de compra a bens e serviços que nunca tinham consumido.

Nesse sentido, desde o ano de 2005, em face do fenômeno da explosão de crédito no Brasil, acompanhado por um forte apelo publicitário e a ausência da exigência de garantias ou limites para a concessão do crédito, cresceu absurdamente o número de superendividamento de consumidores. Conforme coloca Rassier (2010, p. 51), o endividamento é “consequência de um descontrole financeiro”.

Porém, em nosso país, controlar as finanças pessoais não é um costume, e, na maioria dos que o fazem não tem preparo suficiente para conseguir ter um bom controle de toda circulação de seu capital. Dessa maneira, ter controle sobre o orçamento facilita cultivar o hábito de poupar e de manter uma margem de segurança para gastos imprevistos, evitando não conseguir quitar as dívidas.

Contudo, vivemos atualmente em uma sociedade pautada pelo consumismo frenético e desproporcional, um mundo de ilusão, imagem e status falsos. Uma sociedade de consumo onde a cultura da ostentação é cada vez mais evidente, onde as pessoas buscam adquirir produtos para se exibirem perante aos outros e com isso endividando-se cada vez mais. Desse modo, com o aumento expressivo de compras, facilitadas pelos meios de pagamento cada vez mais flexíveis, o número de devedores vem aumentando assustadoramente, especialmente entre os mais jovens, que lideram atualmente o ranking da inadimplência. Diante da realidade descrita este trabalho busca o seguinte questionamento: Qual a importância do planejamento nas finanças pessoais e educação financeira para os jovens com a propensão ao endividamento?

Para tanto, o presente estudo aborda o tema finanças pessoais e endividamento, especificamente entre os jovens. Pois, é um tema atual e vem assumindo a nível mundial cada vez mais importância. Desse modo, após a crise econômica do ano de 2008, o tema tem se tornado procedente e oportuno e continua a ser uma preocupação para economistas, profissionais do mercado financeiro, pesquisadores desta área e para os governos.

Assim, justifica-se o presente estudo pela importância do tema no cenário atual e pelo fato de manter interesse em compreender a necessidade da educação financeira e de planejamento nas finanças pessoais, proporcionando assim melhor compreensão da propensão de jovens consumidores ao endividamento. O objetivo principal deste estudo é verificar a propensão ao

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endividamento de jovens no Brasil. Nos objetivos específicos, busca mostrar o endividamento, abordar as finanças pessoas, e descrever a educação financeira.

O presente capítulo utilizou como metodologia a pesquisa bibliográfica, onde foram realizadas pesquisas em livros, artigos científicos, artigos elaborados para a internet, teses, e fontes eletrônicas para a revisão de literatura, tendo como finalidade expor o tema proposto.

2 ENDIVIDAMENTO

O endividamento pessoal não está diretamente ligado à renda do indivíduo, e sim a forma como ele administra as suas receitas e despesas (CERBASI, 2004).

Para tanto, o endividamento pode ser acompanhado pelo descumprimento do compromisso assumido com outrem, surgindo assim à inadimplência, ou seja, o não pagamento pontual dos compromissos financeiros por parte do devedor.

No entanto, segundo Ferreira (2006), endividamento tem origem no verbo endividar-se e significa fazer ou contrair dívidas, com sinônimos os verbos encalacrar-se ou empenhar-se. Para o Observatório de Endividamento dos Consumidores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, o endividamento é definido como sendo um saldo devedor de um indivíduo e este pode resultar apenas de uma dívida ou de mais do que uma simultaneamente, caso resulte em mais de uma, é denominado multiendividamento.

Para Marques e Frade (2003), o endividamento é o saldo devedor de um agregado, o que significa dizer que endividamento é a utilização de recursos de terceiros para fins de consumo, ao se apoderar-se desse recurso se estabelece um compromisso em devolver, com a data estabelecida, tal montante, normalmente acrescido de juros e correção monetária.

Outro termo importante que cabe destacar é o sobreendividamento abordado por Marques e Frade (2003), como a situação em que o devedor se acha impossibilitado de cumprir com os seus compromissos financeiros, sem por em risco a subsistência da família. O sobreendividamento, de acordo com os autores citados, pode ser ativo ou passivo, destaque que, no primeiro, o indivíduo contribui ativamente para se colocar em situação de impossibilidade de pagamento, já o segundo é resultado de circunstâncias não controláveis pelo mesmo (MARQUES; FRADE, 2003).

Entretanto, Ross, Westerfield e Jordan (2009), esclarecem que dívida é o resultado de um empréstimo, e ao final do prazo estipulado deve ser devolvido o principal acrescido de juros, normalmente são realizados pagamentos periódicos ao longo do período de vigência do mesmo.

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De acordo com a concepção de Cavallazzi (2006):

O endividamento é um fato inerente à vida em sociedade, ainda mais comum na atual sociedade de consumo. Para consumir produtos e serviços, essenciais ou não, os consumidores estão –quase todos- constantemente se endividando. Consumo e crédito são duas faces da mesma moeda, vinculados que estão no sistema econômico e jurídico de país desenvolvido e de países emergentes, como o Brasil. (p. 256).

Desta lógica não escapam os jovens. Por serem agentes economicamente ativos de nossa sociedade, exercendo o seu poder de mercado seja pelo gasto de suas mesadas e/ou pelo gasto da remuneração de trabalhos fixos ou ocasionais, é cada vez mais perceptível que são vistos desde muito cedo como potenciais consumidores de serviços bancários e como alvo da oferta de crédito.

Desta forma, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (ABECS), cartões de crédito para jovens de 12 a 17 anos já representam 12% do total do mercado. E a taxa de crescimento é acelerada, na casa dos dois dígitos.

2.1 Educação financeira

A educação financeira e o endividamento de acordo com Pinheiro (2008), estão atrelados, pois essa educação coopera com o sistema econômico, pois, permite aos agentes consumir produtos e serviços financeiros de forma adequada, reduzindo o descumprimento de obrigações com terceiros.

Educação envolve os indivíduos em um processo de ensinar e aprender e com isso se melhoram e aprofundam conhecimentos. No que pulsa a educação financeira, Jacob, Hudson e Bush (2000), Apud Savoia, Saito e Santana (2007), explicam que o termo “educação” implica em conhecimentos de práticas, direitos, normas sociais e atitudes necessárias ao entendimento e funcionamento das tarefas financeiras. Enquanto que o termo “financeira” aplica-se a uma vasta escala de atividades relacionadas ao dinheiro nas nossas vidas diárias: desde o controle do cheque até o gerenciamento de um cartão de crédito; desde a preparação de um orçamento mensal até a tomada de um empréstimo; compra de um seguro ou um investimento, dentre outros.

Todavia, a educação financeira é o modo pelo qual o indivíduo busca adquirir conhecimentos necessários para gerenciar coerentemente suas finanças e tomar boas decisões sobre elas. Ter capacidade de gerenciar de forma correta as receitas, tomando decisões essenciais quanto ao uso dos recursos disponíveis e visando os acontecimentos de hoje, mas não deixando de pensar no futuro (HALFELD, 2006).

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De acordo com a BOVESPA (2010):

A Educação Financeira visa dar-lhes informação e formação para auxiliá-los no controle sobre as finanças pessoais. Os conceitos trabalhados são muito importantes para entender o que está acontecendo nos dias de hoje, como podemos planejar o futuro para uma vida melhor. Não se trata de fazer previsões nem adivinhações, mas ter formação e informação para entender tudo isso. A Educação Financeira também poderá auxiliá-lo para ter uma melhor inserção e evolução no mercado de trabalho e construir uma visão integrada do universo econômico e das finanças pessoais. (p. 2).

Nesse sentido, a educação financeira pode ser considerada um processo

educativo essencial aos indivíduos para auxiliá-los a planejar e gerir melhor sua renda, além de orientá-los a poupar e investir.

Conforme coloca Matta (2010, p. 59),

“entende-se a educação financeira pessoal como o conjunto de informações que auxilie as pessoas a lidarem com sua renda, a gestão do dinheiro, com gastos e empréstimos monetários, poupança e investimentos a curto e longo prazo”.

Segundo Savoia, Saito e Santana (2007), a administração ineficiente do dinheiro deixa os consumidores vulneráveis a crises financeiras mais graves e colocam que as operações de mercado e as forças competitivas ficam comprometidas quando consumidores não têm habilidade para administrar efetivamente suas finanças. Quando os agentes são bem informados, o mercado se torna mais competitivo e mais eficiente.

Mesmo que, as significativas mudanças que os anos trouxeram, principalmente, no contexto econômico e social, a necessidade em se manter um controle de receitas e despesas ainda são atuais e se faz presente na vida dos indivíduos, numa sociedade, onde novos meios de pagamento, formas e obtenção de crédito, são apenas simples operações do dia-a-dia, é de fundamental importância um mínimo de conhecimento sobre educação financeira.

A importância da educação financeira pode ser vista sob diversas perspectivas: sob a perspectiva de bem estar pessoal, jovens e adultos podem tomar decisões que comprometerão seu futuro; as consequências vão desde desorganização das contas domésticas até a inclusão do nome em sistemas como Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que prejudicam não só o consumo como, em muitos casos, na carreira profissional. Esta assertiva é complementada por Rocha (2009), ao argumentar que a administração ineficiente do dinheiro deixa os consumidores vulneráveis a crises financeiras mais graves. Na mesma linha, Assaf Neto (2005), pondera que as operações de mercado e as forças

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competitivas ficam comprometidas quando consumidores não possuem habilidades para administrar efetivamente suas finanças.

Entretanto, a educação financeira não só contribui para com os jovens, mas também para as crianças no decorrer de sua educação infantil, tanto na família, como na escola. A consciência em relação aos gastos deve ser orientada desde a infância, estimulando o interesse na criança em controlar suas despesas.

De acordo com Camargo (2007), a educação financeira é conjecturada na administração do dinheiro. Desta forma, a gestão financeira pessoal ou planejamento financeiro pessoal consiste em estabelecer e seguir uma estratégia mais ou menos deliberada e dirigida para a manutenção ou acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e de sua família. Essa estratégia pode estar voltada para o curto, médio ou longo prazo e visa garantir a tranquilidade econômico-financeira da pessoa.

Nesse sentido, a educação financeira pode vir a contribuir para a melhora na qualidade de vida de cada indivíduo.

2.2 Finanças pessoais

Finanças pessoais abordam o comportamento e conceitos financeiros das pessoas em lidar com dinheiro e como se planejar financeiramente diante de financiamento, orçamento doméstico, cálculo de investimento, cartões de crédito, gerenciamento de conta corrente, plano de aposentadoria, acompanhamento de patrimônio e acompanhamento de gastos relacionados com finanças pessoais (LEAL; NASCIMENTO, 2008).

Desse modo, as finanças pessoais de acordo com Oliveira, Silva e Silva (2005), surgem como uma tentativa de aperfeiçoar o modelo moderno de finanças que se baseia no conceito de que os gestores financeiros são responsáveis pela decisão de investimento do consumidor, a partir da avaliação dos riscos envolvidos em um investimento tendo como parâmetro um ponto de referência no qual se medem os ganhos e perdas. Para tanto, aos modelos de estudos foram incorporados o comportamento e a irracionalidade do homem.

Nesse sentido, Oliveira, Silva e Silva (2005), expõem que:

O homem das finanças comportamentais não é totalmente racional; é um homem simplesmente normal. Essa normalidade implica um homem que age, frequentemente, de maneira irracional, que tem suas decisões influenciadas por emoções e erros cognitivos, fazendo com que ele entenda um mesmo problema de formas diferentes, dependendo da maneira como é analisado. (p. 4).

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Sendo assim, pode-se dizer que as finanças pessoais tratam das receitas e despesas de como as pessoas empregam seus recursos financeiros adquiridos em prol do aumento do ativo.

Dando continuidade, os autores Cherobim e Espejo (2010, p. 1), corroboram colocando que, “finanças pessoais é a ciência que estuda a aplicação de conceitos financeiros nas decisões financeiras”. Enquanto que Barros (2010, p. 2), conceitua dizendo: “finanças é o estudo de como as pessoas alocam recursos escassos ao longo do tempo”.

Neste contexto, de acordo com colocação de Gitman (2010):

As finanças podem ser definidas como a arte e a ciência de gerenciamento de fundos. Virtualmente, todos os indivíduos em organizações ganham ou captam e gastam ou investem dinheiro. As finanças lidam com o processo, as instituições, os mercados e os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre os indivíduos, negócios e governos. (p. 36).

Entretanto, o principal objetivo das finanças pessoais de acordo com

Barros (2010, p. 4), é “aliar economia, finanças e o estudo comportamental e cognitivo oriundos da psicologia, para discernir qual caminho que o consumidor assume no processo decisório”. Todavia, o autor complementa ainda que além deste processo decisório, independente de se tratar de uma decisão financeira, esta ainda passa por três fases, que são a fase da percepção, escolha e avaliação.

Todavia, é notória a importância da educação financeira na gestão de finanças pessoais, conforme exposto por Bittencourt (2004, p. 4), conhecer os fundamentos das finanças “determinará quais atitudes serão tomadas pelas pessoas no dia-a-dia financeiro, e os hábitos são completamente diferentes entre as situações de conhecimento ou desconhecimento dessa ciência”.

Portanto, os primeiros passos para a administração financeira pessoal são organizar e planejar.

3 O JOVEM CONSUMIDOR

Na conjuntura atual, jovens entre os 15 e os 22 anos de idade possuem múltiplos sonhos, assim como, comprarem equipamentos eletrônicos de última geração, carros, roupas de marca, tênis importados, perfumes, bolsas etc., e tudo mais que um jovem pode querer no seu desejo mais íntimo. Desta forma, as preferências podem até variar, contudo, o prazer de adquirir novos itens não muda.

Nesse sentido, os jovens estão predispostos a comprar cada vez mais. O desejo e a vontade de ter aquilo que se quer, possui um fator ofensivo na vida dos

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“jovens consumidores”, que reparam mais no que os outros estão a usar. De acordo com uma pesquisa feita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), 70% dos jovens da América Latina interessam-se mais por compras, enquanto, que nos Estados Unidos o percentual é de apenas 33% (BORIOLA, 2004).

Dessa maneira, diante da ampla oferta de crédito no mercado e o despreparo para lidar com as finanças pessoais estão deixando os jovens cada vez mais endividados, uma vez que estes já se sentem prontos para consumir. Além disso, de acordo com Boriola (2004), além de sentir-se prestigioso com uma conta no banco, o jovem é vítima das redes de varejo. Segundo o autor nas grandes lojas, quem define o crédito é o cliente. Assim, com tanta facilidade, ele acaba se tornando presa fácil.

Porém, essencial compreender que o crédito proporciona que as pessoas aumentem os níveis de vida, facilitando assim a execução de seus projetos para os quais estas não disponham de recursos próprios suficientes.

Neste contexto, Boriola (2004), menciona ainda que as inadimplências entre a população jovem no Brasil veem alcançado alto índice, pois é cada vez maior o número de jovens brasileiros que apresentam um interesse especial em fazer compras e que gasta a mesada e/ou o salário antes do mês acabar.

Desse modo, Domingos (2011), acrescenta que os impulsos consumistas e a facilidade em obter crédito fazem com que cresça o número de jovens brasileiros endividados. O resultado de uma pesquisa divulgada pela Telecheque mostra que o índice de inadimplência entre os consumidores com até 20 anos aumentou 6% em relação ao mesmo período de 2010.

Já a pesquisa realizada pelo SERASA mostra que jovens entre 16 a 24 anos são os que possuem menos controle da vida financeira. Somente no primeiro semestre de 2014, 40% dos entrevistados admitiram não manter a vida financeira sob controle.

Entretanto, diante desta realidade o autor Domingos (2011), relata que a falta de educação financeira é a principal causa deste problema. Todavia, é de suma importância estabelecer uma relação saudável com as finanças desde cedo, porque, afinal, vivemos em uma sociedade capitalista, na qual o dinheiro é um meio para a realização pessoal. Com orientação financeira, os jovens podem curtir o presente e, já nos primeiros ganhos, começar a planejar e construir o futuro com segurança para ter a certeza de uma vida melhor. Portanto, atualmente não falar sobre dinheiro com os mais jovens pode causar sérios problemas financeiros.

No entanto, por meio da educação financeira é possível mostrar aos jovens que não é preciso abrir mão dos sonhos para consumir com responsabilidade e viver sem dívidas. Ao contrário, o correto é os jovens identificarem pelos menos três sonhos de consumo, de curto prazo (até um ano), médio (até 10 anos) e longo (prazo acima de 10 anos) (BORIOLO, 2004).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os jovens estão predispostos a comprar cada vez mais. O desejo e a vontade de ter aquilo que se quer, possui um fator ofensivo na vida dos “jovens consumidores”, que reparam mais no que os outros estão a usar. Diante da ampla oferta de crédito no mercado e o despreparo para lidar com as finanças pessoais estão deixando os jovens cada vez mais endividados, uma vez que estes já se sentem prontos para consumir.

Neste contexto, foi possível verificar que diante das facilidades de acesso ao crédito atualmente e os impulsos consumistas, tem feito com que aumente demasiadamente o endividamento, principalmente, entre os mais jovens, que estão cada vez mais propensos às compras de bens e serviços.

Desta forma, nota-se que diante da ausência da educação financeira e de planejamento nas finanças pessoais, faz com que cresça o número de jovens endividados no Brasil, conforme os dados apresentados por órgãos de proteção ao crédito neste estudo.

Sendo assim, os jovens consumidores brasileiros hoje acreditam que com o dinheiro em mãos podem adquirir tudo o que antes era impossível, utilizando assim parcelamento ou outras linhas de crédito que são, na verdade, dívidas. No entanto, é necessário que haja uma mudança urgente na forma com que os jovens trabalham o dinheiro. Uma vez que é imprescindível que eles aprendam a planejar para alcançar seus sonhos e objetivos, saber o quanto eles custam, quanto tempo levará para realizá-los, e, principalmente, quanto dinheiro ele deverá está reservando mensalmente.

Portanto, com a educação financeira os jovens não somente aprendem a economizar, cortar gastos, poupar e acumular dinheiro. Mas como também, buscar uma melhor qualidade de vida tanto agora quanto no futuro. Por fim, é fundamental fazer com estes jovens estabeleçam uma relação saudável com as finanças pessoais desde cedo, porque, afinal, vivemos em uma sociedade capitalista, na qual o dinheiro é um meio para a realização pessoal.

Entretanto, este estudo não pretende esgotar o tema proposto, mas sim, proporcionar pontos de vista importantes para a realização de novos estudos. Espera-se, portanto, que este seja uma contribuição para o reconhecimento da importância da educação financeira e do planejamento nas finanças pessoais dos jovens deste cedo.

REFERÊNCIAIS ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

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METODOS PARA ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITOS BANCÁRIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

Maria Conceição da Silva

[email protected]

Wellington Espanha Moreira [email protected]

RESUMO

O capítulo tem como objetivo abordar os métodos mais utilizados no setor bancário para análise e concessão de crédito as empresas. O crédito tem se tornado um importante instrumento no apoio as atividades empresariais, sobretudo das micro e pequenas empresas. Com as atuais mudanças econômicas que vem ocorrendo, existe cada vez mais a necessidade das empresas realizarem novos investimentos para crescerem sólidas e se manterem no mercado. A necessidade de capital de giro faz com que tenham que recorrer constantemente a linhas de créditos bancários. Por outro lado, os bancos, utilizam-se das metodologias de análise de crédito, buscando realizar a concessão de crédito de forma segura, reduzindo os riscos de retorno do capital emprestado. A adoção dos métodos para análise e concessão de créditos buscam a redução da inadimplência. Diante desse cenário, tem a questão problema: Quais os métodos utilizados para análise e concessão de crédito bancário as MPE’s? Sendo assim, a pesquisa justifica-se pela importância que essas empresas e o crédito bancário representam na economia do país, gerando emprego e renda. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica em livros, periódicos, artigos e internet. Pelo estudo realizado, foi possível constatar que as ferramentas de análise de crédito são extremamente importantes nas instituições financeiras, contribuindo para minimizar o risco na concessão de crédito as MPE’s, e ampliando as possibilidades de criar um relacionamento creditício mais seguro que atendas as necessidades dessas empresas. Palavras Chaves: Análise de Crédito. Bancos. Micro e Pequenas Empresas. Risco.

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1 INTRODUÇÃO

Intimamente relacionadas encontram-se o Sistema Financeiro e as Micro e Pequenas Empresas – MPE’s. Trata-se de uma relação de dependência técnico-financeira, em que as segundas dependem do primeiro. O Sistema Financeiro Nacional é muito bem estruturado, permitindo assim, ofertar uma gama de produtos e serviços no mercado, atendendo aos mais diversificados interesses e necessidades do setor empresarial.

As MPE’s ocupam posição de destaque na economia nacional, gerando emprego e renda. São empresas que, embora dotadas de uma estrutura organizacional quase sempre simplificada, exercem atividades produtivas de suma importância, sobretudo, nos setores de serviços e comércio micro-varejista. Ocorre que essas empresas, em razão das turbulências que tendem a assolar o mercado em que atuam, necessitam buscar socorro nas instituições financeiras, através de empréstimos, e muitas vezes acabam se tornando inadimplentes.

Por outro lado, simultaneamente a oferta de crédito, existe a preocupação em manter a inadimplência sob controle por parte dos bancos. Assim, a pesquisa tem por finalidade abordar os fatores que levam as MPE’s a buscar crédito nas instituições financeiras; e as ferramentas mais utilizadas no setor bancário para análise e concessão de crédito a essas empresas, como forma de redução do risco de inadimplência. Diante desse cenário, tem a questão problema: Quais os métodos utilizados para análise e concessão de crédito bancário as MPE’s?

O capítulo tem como objetivo abordar os métodos mais utilizadas no setor bancário para análise e concessão de crédito as empresas. Esses métodos objetivam reduzir o risco de inadimplência. Sendo assim, a pesquisa justifica-se pela importância que as MPE’s e o crédito bancário representam na economia do país, na geração de emprego e renda.

A realização deste capítulo foi embasada por meio de pesquisas bibliográficas, artigos e consultas a sites específicos. Foi fundamentado em conceitos de autores renomados no tema, com o intuito de enriquecer o conteúdo e disponibilizar um material que possa orientar a tomada de decisão na concessão do crédito.

2 AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2013), no Brasil existem 6,3 milhões de empresas. Desse total, 99% são MPE’s. Os empreendimentos de micro e pequeno porte podem ser considerados de extrema importância para uma economia bem sucedida. Assim,

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percebe-se que a sobrevivência desses empreendimentos é de grande importância para o desenvolvimento do país.

As MPE’s podem ser classificadas de acordo com o número de empregados e com o faturamento bruto anual. O Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES (2010), classifica as empresas de acordo com o faturamento anual, para enquadramento das mesmas nas condições de linhas de crédito e programas de financiamento. Nesse sentido, as Micro Empresas são as que possuem um faturamento bruto anual de até R$2,4 milhões e as Pequenas Empresas as que possuem faturamento bruto anual superior a R$ 2,4 milhões e inferior ou igual a R$ 16 milhões.

Outra definição vem do SEBRAE (2012). A entidade limita as micro às que empregam até nove pessoas no caso do comércio e serviços, ou até 19, no caso dos setores industrial ou de construção. Já as pequenas são definidas como as que empregam de 10 a 49 pessoas, no caso de comércio e serviços, e 20 a 99 pessoas, no caso de indústria e empresas de construção.

2.1 As micro e pequenas empresas e a necessidade do crédito

As empresas, na maioria das vezes, passam por dificuldades de sobrevivência no início de suas atividades, muitas vezes por serem fundadas por um empreendedor desprovido de alguns conhecimentos administrativos necessários para uma gestão eficaz. Torna-se importante ressaltar que todas as tomadas de decisões dentro das empresas, por menores que sejam, influenciam diretamente nos fluxos, ainda mais quando se tratam de microempresas, onde valores menores podem ter grandes impactos.

As MPE’s estão mais suscetíveis a terem problemas com inadimplência. Isso se dá, porque na maioria dos casos os micro empresários não dispõem das mesmas ferramentas e infraestrutura de controles preventivos, nem de setores especializados em crédito e cobrança como as grandes empresas. Outro problema está nas condições de mercado; muitas vezes, os maiores e melhores clientes já são plenamente atendidos pelas grandes empresas, restando às micro e pequenas atender aqueles cujas grandes não têm interesse em atender, o que inclui aí os maus pagadores.

Além das grandes empresas disporem de mais alternativas de fontes de financiamento para equilibrar os seus desencaixes financeiros em caso de aumento de inadimplência, elas também possuem maior diversidade em sua carteira de clientes, o que dilui o risco, assim, o impacto da inadimplência para as empresas menores acaba sendo muito maior, o que coloca algumas em risco de sobrevivência.

Segundo levantamento efetuado pela Serasa (julho/2014), mais de 3,5 milhões de empresas estavam em julho com algum tipo de dívida em atraso no

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país, resultado da queda das vendas e do aumento de custos com fornecedores, funcionários e bancos. Sendo, segundo a Instituição, o maior volume de inadimplentes já registrados no setor produtivo.

A pesquisa mostra ainda, que do total de inadimplentes, 91% são empresas de pequeno e médio porte, tidas como as mais vulneráveis às flutuações das vendas e do crescimento da economia; são ainda as empresas que mais empregam no país – respondem por 52% dos empregos formais.

Para que uma empresa sobreviva no mercado, necessita de investimentos que podem ser efetuados com recursos próprios ou com recursos de terceiros. Com o grande aumento nos últimos tempos das vendas a prazo, as MPE’s necessitam de capital de giro para pagar fornecedores e financiar clientes. E não havendo capital de giro disponível em caixa recorrem a linhas de crédito junto as Instituições Financeiras.

3 CRÉDITO

O crédito em seu amplo conceito está ligado a uma ideia de segurança, confiança e verdade que deduzimos de uma empresa ou alguém. Para Paiva (1997, p. 93), “a palavra crédito deriva do latim credite e significa acreditar, confiar e, dependendo do contexto em que esteja inserida, pode ter vários significados”.

De acordo com Silva (2008, p. 45),

“crédito consiste na entrega de um valor presente mediante promessa de pagamento futuro”. Ainda, segundo o autor, em um banco, que tem a intermediação financeira como sua principal atividade, o crédito consiste em colocar à disposição do cliente (tomador de recursos) certo valor sob a forma de empréstimo ou financiamento, mediante uma promessa de pagamento numa data futura. Na verdade, o banco está comprando uma promessa de pagamento, pagando ao tomador um determinado valor para, no futuro receber um valor maior.

Dessa forma, a Instituição Financeira disponibiliza ao cliente quantias em

dinheiro ou financiamentos, por meio de contrato, que será devolvido com juros e comissão de acordo com os prazos ajustados, visando os melhores resultados possíveis. Entretanto, toda vez que um banco concede um crédito está assumindo o risco de não o receber, ou seja, o risco de crédito, também conhecido como risco de inadimplência.

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3.1 Risco de crédito

Definido como a possibilidade de perda resultante da incerteza quanto ao recebimento de valores pactuados com tomadores de empréstimos, contrapartes de contratos ou emissões de títulos. O risco, portanto, encontra-se implícito em qualquer operação de crédito e sua administração é de extrema importância para o setor bancário, que visa proteger o patrimônio do banco e dos acionistas.

Segundo Silva (2008, p. 58), podemos classificar os riscos de crédito em quatro grupos: Risco do Cliente, Risco da Operação, Risco de Concentração e Risco da administração de Crédito. Na concessão de crédito, o banco estará sempre atento às diversas variáveis relacionadas ao risco do cliente e da operação. O passado do tomador de crédito, a viabilidade do empreendimento e a capacidade de pagamento, são dados decisivos para se emprestar dinheiro.

Para Silva (2008), o crédito está se tornando cada vez mais problemático nos bancos ou nas empresas, devido a crises econômicas e até mesmo do caráter dos devedores, lembrando ainda, que a maioria dos créditos problemáticos são frutos de análises feitas pelas próprias organizações. Todos os recursos das empresas ou bancos, com enfoque nos recursos humanos, são de extrema importância na decisão de concessão de crédito.

De acordo com Doti (2010, p. 62), “a concessão de crédito atrelada a ativos tem sido uma das soluções encontradas pelos bancos na redução do risco, pois o empréstimo ocorre por penhora de algum bem do tomador e o crédito é liberado mediante a avaliação do ativo a ser dado e garantia”.

Assim, a identificação dos riscos de crédito é essencial para as instituições financeiras na tomada de decisão de emprestar ou não aos clientes.

3.2 Limite de crédito

A apuração de limites de crédito tem por finalidade definir o valor máximo que um banco admite emprestar para um cliente, estipulando a exposição máxima ao risco admitida pelo banco. Dimensiona o crédito à histórica capacidade de geração de recursos por parte do proponente, aumentando a probabilidade de retorno dos capitais emprestados.

A atribuição do limite de crédito permite uma postura proativa, ou seja, conhecer o cliente, identificar suas necessidades e os riscos envolvidos antes que haja uma demanda por crédito. Possibilita avaliação mais segura e, posteriormente, agilidade na concessão de possíveis empréstimos. Para Silva (2008, p. 95), “trabalhar com limites de crédito exige uma análise completa e possibilita mais agilidade nas decisões”.

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De acordo com Sá (2004), o limite de crédito colocado à disposição do proponente nunca poderia ser feito de uma maneira aleatória, pois se a empresa possuir um comportamento muito liberal no estabelecimento do limite aumentaria a sua exposição ao risco de inadimplência, tendo em mente que este limite seria o risco máximo que a empresa estaria disposta a enfrentar por este cliente.

Foram destacados por Santos (2009), alguns parâmetros para o cálculo do limite:

a) Arbitragem sobre o valor médio das últimas

compras realizadas ou financiamentos contraídos, deve ser extraído de um período semestral ou anual;

b) Arbitragem de um percentual sobre a receita líquida média extraída da atividade operacional deve ser considerado o período semestral ou anual mais recente;

c) Arbitragem de um percentual sobre o lucro, já deduzidos os custos e despesas, obtido na atividade operacional, também se deve usar períodos mais recentes devendo ser anuais ou semestrais;

d) Arbitragem de um percentual sobre o Patrimônio Líquido;

e) Após a definição do limite de crédito deve-se estabelecer o valor da prestação, que deve ser compatível com a capacidade de pagamento do cliente.

Esses parâmetros são aliados na análise e gestão do crédito, bem como mecanismos de decisão para o setor financeiro.

4 ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITO

A análise de crédito é de extrema importância para uma proposta de concessão, pois visa facilitar a validação de clientes que estão dispostos a assumir dívidas, possibilitar uma melhor definição do limite de crédito a conceder e, ainda, dimensionar o nível de risco do crédito.

Segundo Matias (2007), de uma forma geral as análises que determinam a decisão do crédito para liberação de produtos e serviços tem foco retrospectivo quanto ao desempenho do cliente. Em casos de operações de longo prazo, para utilização do produto ou serviço em projetos expressivos, não se descarta a análise prospectiva, este tipo de análise engloba todo mercado de forma que se possa compreendê-lo, o volume de vendas, custos e despesas, a geração e caixa, a necessidade de capital de giro, os investimentos adicionais e suas fontes de financiamento, e demais fatores que sejam relevantes.

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De acordo com Silva (2008, p. 111),

“o conteúdo de uma análise varia em função de diversos fatores, principalmente de volume de informações e detalhamento de que o gestor de crédito necessite para tomada de decisão”. Ainda segundo o autor, quando se tratar de análises desenvolvidas por bancos, por exemplo, poderiam ser de três tipos, dependendo da qualidade das informações disponíveis e da magnitude dos negócios: • Pequenas empresas: em muitos casos os demonstrativos contábeis nem sempre apresentam a realidade, neste caso o foco da análise é voltada para o cadastro da empresa e levantamento de dados dos sócios da empresa, quanto a seus bens, patrimônio e caráter. • Empresas médias: conforme o porte da empresa, deve existir certa confiabilidade nas demonstrações contábeis, por isso a análise é voltada para a análise das demonstrações de resultado, estas empresas normalmente constituem o chamado Middle Marketing. • Grandes empresas: Geralmente estas empresas operam com grandes volumes de crédito, para lidar com estas empresas é necessário mais conhecimento sobre o assunto, deve-se realizar uma análise mais minuciosa e abrangente.

Cabe ressaltar que a análise de crédito tem como objetivo minimizar impactos decorrentes da exposição a riscos do crédito, já que quando se fala de crédito o risco é uma constante. Entretanto, a qualidade da análise de crédito depende, dentre outros fatores, dos conhecimentos e habilidades específicas a serem aplicadas nas rotinas de trabalho e da suficiência e integridade das informações sobre o cliente a ser analisado.

Analisar somente o histórico do cliente, a viabilidade do projeto, escopo do financiamento e a capacidade de pagamento não são suficientes para garantir um nível de assertividade sobre o grau de exposição ao risco. Assim, para que estes riscos possam ser minimizados torna-se necessário uma análise de crédito minuciosa, envolvendo levantamentos de dados mais profundas das situações financeiras dos tomadores de crédito.

Os bancos em geral tratam a concessão de crédito sob a ótica dos C’s do crédito. As informações sobre o cliente são importantíssimas e requisito fundamental para a análise do risco de crédito. Essas informações, tradicionalmente conhecidas como os 5C’s do crédito, serão apresentadas a seguir, de acordo com Silva (2008, p. 95):

Caráter: O histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos e quaisquer causas judiciais pendentes ou concluídas contra o cliente seriam utilizadas na avaliação de seu caráter.

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Capacidade: O potencial do cliente para quitar o crédito solicitado. Análises dos demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e de endividamento, são geralmente utilizados para avaliar a capacidade do solicitante e crédito. Capital: A solidez financeira do solicitante, conforme se encontra indicada pelo patrimônio líquido da empresa. O total de exigíveis (em curto e em longo prazo) em relação ao patrimônio líquido, bem como índices de lucratividade são frequentemente usados para avaliar ao capital do demandante do crédito. Colateral: O montante dos ativos colocados à disposição pelo solicitante para garantir o crédito. Naturalmente, quanto maiores se montante, maior será a probabilidade e se recuperar o crédito, no caso de inadimplência. O exame do balanço patrimonial e a avaliação de ativos em conjunto com o levantamento de pendências judiciais podem ser usados para estimar os colaterais. Condições: As condições econômicas e empresariais vigentes, bem como circunstâncias particulares que possam afetar qualquer das partes envolvidas na negociação. É a análise das condições econômicas empresariais, assim como as circunstâncias especiais que possam afetar tanto o cliente quanto a empresa vendedora, faz parte da avaliação das condições.

Assim, existem vários modelos de análise de risco de crédito, que procuram determinar qualitativamente a capacidade de pagamento dos clientes, possibilitando uma maior confiança na importante decisão de concessão e o quanto de limite conceder, minimizando, assim, os impactos decorrentes da exposição ao risco de crédito.

Santos (2009, p. 54), apresenta as sete fases existentes da análise de crédito que possibilitam as empresas fornecedoras de produtos e serviços a realizar uma análise minuciosa do risco corrido pelos credores: Análise cadastral, análise de idoneidade, análise financeira, análise de relacionamento, análise patrimonial, análise de sensibilidade, análise do negócio.

4.1 Análise cadastral

Possuem dados gerais de identificação do cliente, de acordo com Santos (2009, p. 55), segue algumas informações que são indispensáveis.

• Verificar toda situação legal, como Contrato Social, RG e CPF dos sócios e Estatuto da Empresa;

• A localização da empresa; • Idoneidade no mercado de crédito;

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• Consultar a situação do CNPJ (Ex. site da Receita Federal);

• Consultar a situação do CPF dos sócios (Ex. site da Receita Federal);

• Verificar a situação tributária em geral; • Analisar as informações como tempo de experiência

dos sócios no ramo de atividade, qual o número de quotas de participação no capital social investido;

• Descrição das atividades da empresa, quais são seus principais produtos e serviços;

• Verificar se o imóvel é alugado ou próprio; • Analisar a carteira de clientes verificando a

participação de cada cliente no faturamento em geral, se a maioria dos clientes são empresas privadas ou públicas;

• Analisar a carteira de fornecedores, levantando informações sobre a participação de cada um no valor das compras;

• Participação de mercado; • Verificar quais são os bancos principais e suas

respectivas modalidades como garantias prazos, etc.;

• Telefones e endereços para contato;

Para a liberação de crédito os itens mencionados anteriormente são se extrema importância.

4.2 Análise de Idoneidade

Esta análise é baseada em informações extraídas de relatórios gerenciais e empresas especializadas em levantamento de riscos de crédito.

Santos (2009, p. 56), afirma que no Brasil Serasa e Equifax são empresas Autorizadas que permitem pesquisas de restritivos. A Idoneidade financeira é uma das Principais informações que são checadas, em caso negativo no encontro de restrições é dado andamento no restante dos itens a serem analisados.

4.3 Análise financeira

Para Santos (2009, p. 56), esta análise somente é possível perante informações atuais e reais do Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados e Fluxo de caixa, as Demonstrações financeiras devem ser convertidas em índices de desempenho como Liquidez, Endividamento, Imobilizado, Lucratividade, Cobertura, Rotatividade e Rentabilidade.

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4.4 Análise de Relacionamento

Segundo Santos (2009, p. 56), são informações sobre o relacionamento do cliente com o credor e perante o mercado de crédito, no caso do relacionamento com o credor os analistas coletam as seguintes informações: médias extraídas de valores já aprovados, índices de utilização, taxa de juros, garantias vinculadas, pontualidade na amortização, etc., na maioria dos casos existem dificuldades por parte dos analistas em levantar estas informações por política da empresa, além de informações bancárias pode se levantar informações comerciais, pois algumas empresas fornecem históricos de vendas e prazos, lembrados das empresas como Serasa que podem fornecer dados relacionados ao número de consultas com o CNPJ, valores de compras relacionadas e á natureza dos itens comprados.

4.5 Análise Patrimonial

Santos (2009, p. 56), ressalta que é necessário que o credor saiba informações sobre a situação patrimonial da empresa, através da análise é fácil verificar o aumento ou a deterioração do patrimônio, com isso levantar os possíveis riscos de crédito. Para alguns clientes que apresentam pioras na capacidade de pagamento, existe a alternativa de vincular o patrimônio a dívida, assim é possível minimizar os possíveis riscos.

Destacam se como garantia, as duplicatas, a alienação fiduciária de veículos, o penhor de mercadorias e a hipoteca de imóveis.

4.6 Análise de Sensibilidade

Para uma gestão precisa de risco de crédito, é necessário um monitoramento da situação macroeconômica, pois fatores contrários aos planejados podem ser prejudiciais aos clientes.

Santos (2009, p. 61), da continuidade afirmando que:

Como forma de redução da inadimplência em suas carteiras de crédito, os credores devem monitorar constantemente os fatores sistemáticos que apresentam maior sensibilidade com as fontes geradoras da renda de seus clientes Por exemplo, poderiam realizar simulações, considerando cenários de recessão, estabilidade e crescimento para a atividade econômica. Nesses cenários devem considerar a relação entre inflação, a taxa de juros, a paridade cambial, o nível de

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atividade econômica e os resultados financeiros esperados em carteiras de crédito.

Quando não se monitora a situação macroeconômica, prejudica-se a

capacidade de pagamento dos clientes, como por exemplo, taxa de juros, o aumento significativo em taxas de juros pode atrapalhar todo o fluxo de caixa causando reduções do nível de atividade econômica e recessões. Outros fatores que podem afetar a capacidade de pagamento de clientes são: Crises financeiras, guerra de incentivos fiscais governamentais, valorização e desvalorização da moeda local com relação do dólar.

4.7 Análise do negócio

Esta análise está relacionada á capacidade da empresa em gerar receitas suficientes para pagamento das obrigações.

Santos (2009), afirma que é necessário conhecer o sócio da empresa e quais suas experiências no ramo, a idoneidade no mercado de crédito, sua situação financeira, domínio da tecnologia, a atividade e seu ciclo operacional, as carteiras de clientes e fornecedores, a concorrência, os riscos sistemáticos e etc.

Enfim, a análise do negócio considera todos os fatores internos e externos de risco que podem afetar diretamente ou indiretamente o fluxo de caixa.

5 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

As instituições financeiras utilizam sistemas automatizados e métodos massificados e personalizados para análise de crédito, definindo a probabilidade de inadimplência dos clientes e os limites de concessão de crédito. Porém, o trabalho abordará alguns dos mais utilizados pelo setor bancário na determinação do limite de crédito às Micro e Pequenas Empresas.

5.1 Rating

O modelo Credit Rating é utilizado para classificar as empresas em categorias de risco de crédito, associando critérios quantitativos, qualitativos e a avaliação do analista de crédito. A classificação do risco de crédito é estabelecida em diferentes escalas que, em geral, classificam os riscos em máximo e mínimo. O cliente que se enquadra no risco mínimo passa total confiança em seu objetivo.

Matias (2007, p. 78), ressalta que o modelo rating “nada

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mais é que uma avaliação de riscos, esta avaliação é muito utilizada por empresas investidoras, para medir suas expectativas, e se estas expectativas estão dentro do prazo esperado”. O autor afirma que a utilização de um sistema adequado para classificar os riscos de crédito é fundamental para a tomada de decisão, pois pode indicar os níveis de risco que a empresa pode correr.

Atualmente, no mercado bancário, há uma grande preocupação com relação a avaliação de riscos, por isso a tendência dos bancos é cada vez mais investir em recursos, com o objetivo de diminuir constantemente os riscos de inadimplência. Assim, o rating, é mais uma ferramenta gerencial de análise e controle que as instituições financeiras dispõem.

5.2 Credit Scoring

No modelo de Credit Scoring, a instituição financeira define os conceitos de inadimplência, período de observação em que se avalia com base nas informações cadastrais, a pontualidade no pagamento dos empréstimos; e o período de desempenho, no qual se avaliase o cliente é bom ou mau pagador.

Os modelos de Credit Scoring são sistemas que atribuem pontuações as variáveis de decisão de crédito de um proponente, mediante a aplicação de técnicas estatísticas. Podem ser aplicados tanto à análise de crédito de pessoas físicas quanto para empresas. Quando aplicadas a pessoas físicas, eles utilizam dados cadastrais e de comportamento dos clientes. Já quando aplicados a empresas, além dos dados cadastrais, são utilizados índices financeiros como variáveis determinantes ou não da insolvência das mesmas.

Para Caouette et. al. (2009, p. 236),

“no caso de algumas pequenas empresas, especialmente para as controladas pelos proprietários, pode ser difícil usar índices financeiros porque atividades pessoais e empresariais se confundem”. Isso também ocorre com empresas que operam com base em fluxo de caixa. Modelos de escoragem baseados em índices também podem ser pouco adequados pra pequenas empresas de prestação de serviços, que dependem mais de pessoal do que de equipamento.

Ainda de acordo com Caouette et. al. (2009, p. 237), “o empréstimo à pequena empresa pede um sistema barato e eficiente de coleta de dados e avaliação de credito, necessidade que é atendida pelos processos de scoringde crédito”.

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Já Matias (2007, p. 71), acrescenta que “instituições financeiras e até mesmo outras empresas, estão aumentando o uso do Credit Scoring, passando a ser uma importante ferramenta na decisão e liberação de crédito”.

5.3 Frequência Esperada de Inadimplência (FEI)

Além dos modelos citados, com o objetivo de aprimorar a gestão de crédito, muitas instituições financeiras adotam novas metodologias de análise de risco e limite de crédito as MPE’s, com base na Frequência Esperada de Inadimplência (FEI).

De acordo com a Universidade Corporativa Banco do Brasil (2004, p. 31), “a FEI é a metodologia de análise de clientes que indica a probabilidade de um devedor tornar-se inadimplente em um dado horizonte de tempo”.

Na análise, geralmente, utiliza-se de variáveis cadastrais e comportamentais da empresa e dos sócios. Sua utilização permite determinar com maior precisão o perfil de riscos dos clientes, classificando-os em faixas (de AAA a E), sendo que AAA indica um menor risco e aponta um maior risco do cliente em análise.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este breve estudo teórico mostrou a evolução do gerenciamento do risco de crédito, indicando a sofisticação dos atuais métodos frente às demandas do mercado competitivo. Também verificou-se que, apesar da disponibilidade de tais ferramentas, as empresas de micro e pequeno porte ainda apresentam dificuldades no gerenciamento de suas atividades e, infere-se, de suas atividades financeiras, incluindo-se aí a gestão do risco de crédito.

Os empreendimentos de micro e pequeno porte cresceram muito, nos últimos anos, e são considerados de extrema importância para uma economia bem sucedida. Com o grande aumento das vendas a prazo, esses empreendimentos necessitam de capital de giro para pagar fornecedores e financiar seus clientes ou até mesmo como uma oportunidade de negócio para seu crescimento e expansão. Esse fator gerou aumento do acesso ao crédito e da inadimplência das MPE’s. Esse fator gerou a preocupação por parte dos bancos, visando garantir o retorno do dos recursos aplicados em suas operações de empréstimos e proteger o patrimônio das instituições e acionistas.

Dadas as afirmações de diversos autores no decorrer deste trabalho, evidenciou-se que a utilização de métodos de análise de crédito, pelas instituições financeiras, servem como apoio às suas decisões diárias na concessão de crédito e redução do risco de inadimplência das MPE’s.

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Assim, a forma de emprestar do bancos através de análise criteriosa de seus clientes, mostra que a base para uma tomada de decisão de crédito é a informação, composta por dados confiáveis que transmitam segurança.

Pelo estudo realizado, foi possível constatar que as ferramentas de análise de crédito são extremamente importantes nas instituições financeiras, contribuindo para minimizar o risco na concessão de crédito as MPE’s, e ampliando as possibilidades de criar um relacionamento creditício mais seguro que atendas as necessidades dessas empresas.

Neste sentido, são diversas as maneiras de se executar a análise de crédito, porém, percebe-se que é primordial que seja feita de forma criteriosa, contribuindo assim, para minimizar o risco na concessão de crédito, tanto para as instituições financeiras, quanto para as MPE’s, ampliando as possibilidades de se criar um relacionamento creditício que fomente seus futuros negócios.

REFERENCIAS

BNDES. Circular nº 11/2010. Disponível em<http://www.bndes.gov.br> Acesso em 10 de julho de 2014. CAOUETTE, J.B.; ALTMAN, E.I;, NARAYANAN, P.; NIMMO, R.W.J., Gestão do Risco de Crédito: o grande desafio dos mercados globais.2 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, SERASA, 2009. DOTI, G.R. Gestão de Riscos. Ribeirão Preto: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração - INEPAD, 2010. MATIAS, A.B. Finanças Corporativas de Curto Prazo: a gestão do capital de giro. São Paulo: Editora Atlas, 2007. PAIVA, C.A.C. Administração do Risco de Crédito. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. SÁ, C. A. Estabelecimento de limite de crédito: uma nova abordagem para um velho problema. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. SANTOS, J.O. Análise de Crédito: Empresas, Pessoas físicas, Agronegócio e Pecuária. 3 ed. São Paulo, Editora Atlas S.A.,2009. SERASA EXPERIAN. Bate recorde o número de empresas inadimplentes. Disponível em <http://www.serasaexperian.com.br> Acesso em 15 de setembro de 2014. SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS-SEBRAE. A gestão do conhecimento nas pequenas e micro empresas. Disponível em <http://www.sebraesp.com.br> Acesso em 10 de julho de 2014. SILVA, J.P. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 6 ed. São Paulo, 2008. UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL. Introdução ao processo de crédito. Brasília: Banco do Brasil, 2004.

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A UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS PARA TOMADA DE DECISÃO: O CASO DO ARRANJO PRODUTIVO

LOCAL - APL - DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ-MG

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

Neusa Maria Bastos Fernades dos Santos

[email protected]

Antonio Robles Junior [email protected]

RESUMO O objetivo deste capítulo é investigar se as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se da Contabilidade de Custos para tomadas de decisões. O Arranjo Produtivo Local - APL - de Santa Rita do Sapucaí-MG, denominado de “Vale da Eletrônica” é formado por empresas de base tecnológica, que recebem influência do ambiente empreendedor formado pela integração entre as mesmas, o poder público e a estrutura educacional ali instalados. Nesse cenário, define-se como questão problema: As empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se da Contabilidade de Custos no processo decisório? A pesquisa focalizou trinta e sete empresas do ramo de eletroeletrônica de pequeno, médio e grande porte, situadas em Santa Rita do Sapucaí-MG. A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória-descritiva, com a abordagem quanti-qualitativa. Os resultados obtidos com a referida pesquisa revelam a predominância do custeio variável utilizado por 34 empresas, (91,89%), para tomada de decisão, operacionalizado em planilhas e atualizado constantemente por meio de pesquisas de preço no mercado. Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local. Contabilidade de Custos. Decisão.

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1 INTRODUÇÃO

A globalização intensificou a concorrência entre as empresas, tornando o comércio mundial mais agressivo. Neste ambiente competitivo, as empresas são estimuladas a desenvolverem estratégias e a utilizarem instrumentos gerenciais capazes de oferecer eficiência e eficácia ao processo decisório, a fim de possibilitar sua sobrevivência de forma sustentável.

Uma das estratégias adotadas pela indústria é a formação de um Arranjo Produtivo Local (APL), no qual um grupo de empresas pertencentes a uma mesma indústria busca convergir os esforços para o fortalecimento do conjunto, levando-se em conta: um alicerce de instituições de ensino, incubadoras de empresas e um conjunto de agentes sociais, como governo, sindicatos e associações. Tudo isso, aliado à troca de informações e experiências entre os empresários, cria um ambiente apropriado para o surgimento de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável. Por isso o objeto de estudo é o APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí- Minas Gerais.

A motivação que resultou na execução deste capítulo está pautada na certificação de como as empresas, as que fazem parte do corpus de pesquisa, utilizam as ferramentas da Contabilidade de Custos na gestão e auxílio ao processo decisório para a manutenção da rentabilidade. Para tal, fundamenta-se na seguinte questão problema: As empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se da Contabilidade de Custos no processo decisório?

A cidade de Santa Rita do Sapucaí destaca-se como polo tecnológico no País, impulsionada pela existência de uma estrutura educacional já consolidada que fomenta o empreendedorismo ligado à tecnologia. As empresas, em sua grande maioria, são oriundas de projetos educacionais de base tecnológica e carecem de informações a utilização das ferramentas da Contabilidade de Custos para a gestão e a tomada de decisões. Assim, tem-se como objetivo investigar se as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se da Contabilidade de Custos para tomadas de decisões.

O APL de Santa Rita representa um marco no desenvolvimento da região em que está inserido. Assim, se justifica a relevância dessa pesquisa no seu aspecto acadêmico e social, uma vez que a mesma proporcionará um maior conhecimento de como as empresas, dessa região, se utilizam a Contabilidade de Custos em sua gestão, além de colocar os resultados e conclusões à disposição da comunidade, dos empresários e demais interessados para futuras pesquisas.

Na prática diária das empresas do APL de Santa Rita, o estudo poderá contribuir com informações que possam fomentar a utilização efetiva da Contabilidade de Custos pelas empresas, tornando-as mais competitivas, lucrativas e transparentes, o que gera maior riqueza para os stakeholders e toda a comunidade.

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2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL - DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ- MG: O “VALE DA ELETRÔNICA”

O APL eletroeletrônico, de Santa Rita do Sapucaí, destaca-se no cenário nacional e internacional como um ambiente empreendedor formado por empresas incubadoras e por uma base educacional consistente que vai, desde as áreas técnicas de eletroeletrônica e telecomunicações, à gestão de empresas. Essa estrutura educacional, além de qualificar a mão de obra, fomenta e oferece condições para a criação e o desenvolvimento de empresas de base tecnológicas, contribuindo para o desenvolvimento da região.

APL é uma aglomeração industrial na qual ocorrem, de forma integrada, entre as empresas localizadas em um mesmo território, as atividades produtivas, o que possibilita às empresas apoiarem-se mutuamente gerando a todas elas: vantagens competitivas por meio das cooperações produtiva, política e institucional; existência de associações de produtores locais para exploração de mercados; rápida difusão de tecnologia e informação; desenvolvimento de estruturas públicas de apoio à produção, além do compartilhamento de mecanismos de governança, que incluem pequenas, médias e grandes empresas. Inclui, em geral, a cooperação entre fornecedores especializados, universidades, associações de classe, instituições governamentais e outras organizações que trazem, de forma coordenada e integrada, educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico e entretenimento para o crescimento sustentável das empresas. (MACHADO, 2003; PORTER,1993)

Santa Rita do Sapucaí – MG - é uma cidade com 37.784 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. Está localizada na região Sul de Minas Gerais, entre os municípios de Pouso Alegre e Itajubá que constituem o Arranjo Produtivo Local de Eletroeletrônica desta região, o que justifica ser conhecida como a cidade polo do mesmo.A posição geográfica privilegiada da cidade de Santa Rita do Sapucaí proporciona à sua economia e, mais especificamente ao APL eletroeletrônico, uma grande vantagem competitiva por meio de sua malha rodoviária bem estruturada, portos secos e aeroportos.

A peculiar estrutura produtiva do município de Santa Rita do Sapucaí fez dele referência nacional no desenvolvimento e produção de produtos eletroeletrônicos, por concentrar mais de uma centena de empresas de alta tecnologia, o que justifica ser conhecido como o “Vale da Eletrônica”. (FIEMG, IEL MINAS e SINDVEL, 2010; MORELI, 2006; PEREIRA, 2001).

De acordo com a figura 1, é possível reconhecer que ela se localiza em uma região estratégica entre grandes centros econômicos, como Rio de Janeiro (a 340 Km), São Paulo (a 220 km) e Belo Horizonte (450 km), além 229 km de Campinas (São Paulo) e 130 Km do Vale do Paraíba.

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Figura 2 - Localização estratégica do APL.

Fonte: FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2007, p. 40)

APL de Santa Rita do Sapucaí teve início no final década de 1950, por

iniciativa de Luiza Rennó Moreira (Sinhá Moreira), sobrinha do ex-presidente Delfim Moreira. Após ter vivido alguns anos no Japão, como embaixatriz, ela baseou-se no modelo japonês de educação e idealizou em sua cidade uma Escola Técnica de Eletrônica (ETE). A criação da ETE, considerada como a primeira escola de eletrônica da América Latina e a sexta do mundo, foi um marco, não só para Santa Rita do Sapucaí, por despertar no povo a vocação para a eletrônica, mas para todo o País. Posteriormente foram criado o Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) e Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação (FAI).

A criação do projeto “Vale da Eletrônica”, concebido pelo ex-prefeito Paulo Frederico de Toledo, mudou a realidade e o destino da cidade que passou de uma agropecuária eminente para geradora de alta tecnologia. (PEREIRA, 2001).

Além da estrutura educacional instalada em Santa Rita do Sapucaí, as estruturas de custos é “cidades vizinhas, entre as quais se destacam Itajubá e Pouso Alegre, também formam profissionais que, direta ou indiretamente, fomentam o desenvolvimento da região.

3 Contabilidade de custos

A contabilidade de custos vem ganhando destaque no mundo empresarial como um importante instrumento para planejamento, controle e tomada de decisão.

O objetivo da contabilidade produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio às funções de determinação de

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desempenho, planejamento e controle das operações e de tomada de decisões” (LEONE e LEONE, 2010, p. 5). Para atingir tais objetivos, a contabilidade de custos desenvolveu sistemas de acumulação de dados, cria critérios de avaliação e de apropriação de custos e prepara relatórios de controle e tomada de decisão de acordo com a demanda de informação do usuário.

A contabilidade de custos surgiu com a finalidade de controlar e avaliar estoque, mas com a intensificação da concorrência, transformou-se em um poderoso instrumento de gestão. As informações de custos são utilizadas para elaboração da estratégia e obtenção de vantagem competitiva como: melhoria no desempenho dos produtos e processos, maior atenção às exigências do mercado, melhor gestão estratégica e operacional de suas áreas de responsabilidade, entre outros. (MARTINS, 2010; LEONE, 1997).

Para se chegar ao custo do produto, torna-se necessário a utilização de sistemas de custeio, o qual é definido como um conjunto integrado de normas, fluxos, papéis e rotinas, operacionalizadas pelas pessoas envolvidas no processo de mensurar o valor dos recursos consumidos na obtenção de um bem ou serviço. O sistema de custeio visa determinar o custo incorrido no processo de produção dos bens ou serviços e fornecer informações para o processo decisório e estratégico da empresa. O objetivo principal de qualquer sistema de custeio é determinar o custo incorrido no processo de produção de bens ou de prestação de serviços. (SOUZA, 2001; PEREZ JÚNIOR; OLIVEIRA e COSTA, 1999).

Desse modo, os gestores devem analisar as características de cada sistema de custeio existente e adotar o que melhor se adapta à estrutura física e aos objetivos estratégicos da organização.

3.1 Custeio por absorção

O custeio por absorção é uma metodologia em que os gastos são classificados em custos e despesas, aqueles são incorporados aos produtos, e estas são alocadas diretamente na demonstração de resultado do exercício, independentemente da produção ou venda dos produtos.

No Brasil, essa metodologia é a única aceita pela legislação fiscal para avaliação de estoque e elaboração das demonstrações contábeis; apesar de não ser lógico apresentar falhas para fins decisórias, principalmente na adoção de critérios de rateios arbitrários dos custos fixos. (CREPALDI, 1998; MARTINS, 2010)

Este sistema de custeio torna-se relevante, para a gestão da empresa, por meio da divisão em departamentos e centros de custos que permite um maior controle dos custos e despesas. Em contrapartida, o rateio dos custos fixos, comprometem a qualidade das informações quanto à finalidade gerencial, pois estes existem, independentemente da produção ou não desta ou daquela unidade,

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e acabam presentes no mesmo montante, mesmo que variações ocorram no volume de produção.

Nesse sentido, infere-se que o custeio por absorção, apesar de ser exigido para fins fiscais e possuir uma estrutura para controle dos custos, apresenta-se falho como ferramenta de decisão.

3.2 Contabilidade de Custos para Tomada de Decisão

As ferramentas da gestão estratégica de custos buscam agregar valor, na cadeia produtiva, por meio do ganho de produtividade, qualidade e no contínuo processo de melhoria e eliminação de desperdício, ao buscar desenvolver uma vantagem competitiva. A vantagem competitiva surge a partir do valor que a empresa cria para seus clientes, como menores preços para bens equivalentes ou oferta de bens exclusivos e de valor adicionado, situação essa em que a importância do preço é superada pelos benefícios reconhecidos pelos clientes.

3.3 Custeio variável

O custeio variável é uma metodologia destinada à tomada de decisão. Aloca-se aos produtos somente os custos variáveis; os fixos são alocados diretamente na demonstração de resultado. Assim, o custo dos produtos vendidos e os seus estoques finais em elaboração e/ou acabados só conterão custos variáveis. Os custos fixos recebem tratamento semelhante às despesas, ou seja, são lançados diretamente na demonstração de resultado independentemente da produção ou venda dos produtos no período. (MARTINS, 2010; LEONE, 1997; PADOVEZE, 2010)

O Custeio variável apresenta as vantagens por apresentar de forma imediata da margem de contribuição, gerar informações quanto a análise de Custo x volume x lucro. Os custos periódicos não se “escondem” nos estoques de produtos fabricados e em andamento, fazendo com que as figuras de lucro não sejam ilusórias e os custos fixos, periódicos e repetitivos, da forma como são destacados nas demonstrações de resultado, facilitam a visão do administrador sobre o montante desses custos e despesas e a influência que têm sobre o lucro dos negócios. (LEONE, 1997; MARTINS, 2010).

O Custeio Variável é indicado às empresas que apresentam custos variáveis como uma parcela expressiva dos custos totais. Entre os instrumentos de gestão destaca-se a margem de contribuição, um dos instrumentos mais utilizados no processo decisório. Permite uma visão rápida e objetiva do quanto cada produto está contribuindo para pagar os custos fixos e gerar lucratividade.

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Representa a parcela do preço de venda que ultrapassa os custos e despesas variáveis, o que é utilizado para amortizar os custos fixos e formar o lucro. A margem de contribuição é dada pela diferença entre a receita e a soma dos custos e despesas variáveis. CREPALDI, 1998; MARTINS, 2010; LEONE e LEONE, 2010)

Já a análise de custo-volume-lucro é uma das mais básicas ferramentas para o gerenciamento de uma empresa. Analisa o comportamento das receitas e dos custos totais de acordo com o volume das operações. Dessa maneira, os administradores usam essa análise como uma ferramenta para apoiar decisões relacionando as variações no preço, nos custos e no volume vendido e seu reflexo no resultado da empresa.

A análise custo-volume-lucro proporciona uma ampla visão financeira do processo de planejamento, examinando o comportamento das receitas totais, dos custos e do lucro, à medida que ocorre uma mudança no nível de atividade. Permite analisar como uma expansão do volume de produção impacta no custo e no lucro da empresa. (HORNGREN, SUNDEM e STRATTON, 2004; MAHER, 2001; MARTINS, 2010).

Outra informação importante é o ponto de equilíbrio é o momento em que os custos e as despesas totais se igualam à receita. Determina o volume de produção no qual o lucro do negócio se iguala a zero. Após o ponto de equilíbrio, cada Margem de contribuição unitária que, até nele foi usada para a cobertura dos custos e despesas fixas, passa a contribuir para a formação do Lucro. (ATKINSON et al., 2000; MARTINS, 2010)

Permite ainda decisões quando a empresas possui fatores que a limitam de atender toda a demanda do mercado. Quando não há limitações na capacidade produtiva, deve a empresa incentivar o produto que apresentar uma maior margem de contribuição unitária. Já, quando apresenta algum fator que a limita de atender ao mercado, a ela deve incentivar o produto que apresentar maior margem de contribuição, pelo fator limitador da capacidade. (MARTINS, 2010)

Com o crescente desenvolvimento tecnológico e a busca de redução de custos, as empresas buscam produzir vários produtos utilizando-se da mesma estrutura física, o que gera o aumento dos custos fixos identificados. O Custeio Variável permite analisar os custos fixos, detalhadamente, e não apenas rateados fazendo uma parte pertencer a cada unidade do produto. (CREPALDI, 1998; MARTINS, 2010; LEONE, 2010)

Pelo exposto, entende-se que o custeio variável é indicado às empresas que apresentam custos variáveis como uma parcela expressiva dos custos totais.

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3.4 Activity Based Costing

O Activity Basead Costing, conhecido como custeio baseado em atividades, é uma ferramenta para o gerenciamento de custo que busca relacionar um conjunto de atividades que estão interligadas aos desejos dos clientes e custos. Constitui-se de um processo para determinar, alocar e medir o custo das atividades de uma organização.

No entendimento de o Activity Basead Costingé uma ferramenta de custeio, no qual atribui os custos de apoio aos produtos à proporção de demanda que cada produto exerce sobre as atividades. Uma atividade é definida pelos referidos autores como uma unidade de trabalho ou tarefa com objetivo específico. Nesse sentido, define-se como uma tarefa executada por uma pessoa ou por uma equipe, quando se exigem habilidades homogêneas e possui, efetivamente ou potencialmente, uma importância na performance econômica da unidade em estudo. (ATKINSON et al, 2000; MARTINS, 2010)

A maioria das críticas, quanto ao uso do Activity Basead Costing, está no problema do rateio dos custos fixos. Defende, ainda, que o uso do Activity

Basead Costing é de grande importância por identificar o custo das atividades e dos processos e por permitir uma visão mais adequada para a análise da relação custo/benefício de cada uma dessas atividades e processos.

3.5 Target Costing

Target Costing consiste em uma metodologia estratégica de redução de custo desde a fase de concepção até o pós-venda do produto. É um processo para assegurar que produtos e serviços sejam projetados utilizando a engenharia de valor, de tal forma, que uma empresa possa vendê-los a um preço mais acessível e ainda resultar em um lucro mais justo.

A técnica da Engenharia de Valor era uma abordagem organizada da engenharia para determinar como produzir os produtos frente à escassez de materiais. Mais tarde, tornou-se um esforço organizado para examinar como fornecer as características ou funções necessárias em um produto a um menor custo. Os lucros tornam-se menos importantes que a sobrevivência, desde que os preços cubram os custos variáveis e alguns custos fixos, para que a empresa continue a funcionar. A sobrevivência é um objetivo de curto prazo, pois a longo prazo, a empresa terá que aprender a agregar valor aos seus produtos para se manter no mercado. (ONO; ROBLES JÚNIOR, 2004).

Target Costing é um instrumento de gerenciamento estratégico que tem por objetivo a redução do custo do produto durante seu ciclo de vida. Pressupõe uma interação entre todas as áreas da empresa, por meio de um adequado

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planejamento a longo prazo do lucro e o compromisso com o aperfeiçoamento contínuo.

3.6 Custeio Padrão

O Custeio Padrão é uma ferramenta imprescindível para controle dos custos, das operações e das atividades da empresa. Permite determinar antecipadamente a mais provável ocorrência de um determinado evento é algo que tem chamado a atenção da área de gestão de custos, principalmente no que tange ao direcionamento de decisões, controle e avaliação de desempenho. Todas as empresas de serviços, comerciais e industriais podem usar padrões para avaliar e controlar operações. (SOUZA, 2001; GARRISON ; NOREEN, 2001; WARREN, REEVE ; FESS, 2003)

Existem dois tipos de padrões: o ideal e o corrente. O primeiro, padrão ideal, só pode ser alcançado nas melhores circunstâncias e não admite falha nos equipamentos ou outras interrupções no trabalho. É pouco utilizado pelas empresas, pois os gerentes concordam que o padrão ideal pode desestimular mesmo os empregados mais diligentes. Já o segundo, o padrão corrente, é o mais passível de ser alcançado, pois admite tempo de paralisação normal das máquinas e período de descanso dos empregados. (MARTINS, 2010)

Pelo exposto, entende-se que o Custeio Padrão é um instrumento de controle de custos a nível operacional, geralmente baseado em pressupostos estratégicos de engenharia e é muito eficaz quando aplicado a linhas de produção.

4 METODOLOGIA E TRAJETÓRIA DA PESQUISA

A metodologia adotada neste capítulo foi a exploratório-descritiva e a abordagem quanti-qualitativa. Para alcançar os objetivos propostos, na primeira etapa procedeu-se, a uma pesquisa bibliográfica, procurando explorar o tema em questão. Na segunda etapa, foi realizada uma coleta de dados, através de entrevista semi estruturada, contendo questões abertas e fechadas, cuja aplicação se deu junto aos respondentes. De posse dos dados coletados, os mesmos foram agrupados e trabalhados em tabelas e gráficos de acordo com a especificidade Dentre as indústrias do “Vale da Eletrônica”, segundo BIDI/FAI (2012), existem atualmente 180 empresas no APL eletroeletrônico de Santa Rita. Entretanto para efeito de universo dessa pesquisa, são consideradas apenas 146 empresas associadas ao SINDVEL. Desse total, 53,66% são microempresas; 46,34% são pequenas e médias e apenas 2,43% delas são de grande porte. (BIDI/FAI, 2009).

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Para a realização desta pesquisa utilizou-se como parâmetro para definição, do corpus da pesquisa, o faturamento, com base na lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011, conforme tabela 1.

Porte das empresas % FIEMG/IEL Minas e

SINDIVEL Total de empresas APL

Microempresa 53,66% 78 Pequeno e Médio Porte

43,91% 64

Grande Porte 2,43% 4

Total 100,00% 146

Tabela 1 - Definição da amostra das empresas pesquisadas Fonte: Elaborado pelo autor.

As Microempresas, que totalizam 53,66% foram desconsiderados,

conforme demonstra a tabela 2.

Porte Universo de

empresas Total de empresas

pesquisadas Percentual

Pequeno e Médio Porte

64 36 56,15%

Grande Porte 4 1 28,19%

Total 68 37 54,69%

Tabela 2 - Quantidade e percentual de empresas pesquisadas Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se pela tabela 2 que do restante, 68 empresas, a pesquisa contemplou 37 delas, das quais, 36 são de pequeno porte e 1, de grande, não se conseguiu atingir a totalidade do corpus da pesquisa. Desse total de empresas 56,15% são de pequeno e médio porte e 28,19% das empresas de grande porte. Em relação às empresas associadas ao Sindvel, foram considerados para a pesquisa 54,69% do corpus selecionado, amostra que demonstra a magnitude da pesquisa.

Quanto a aplicabilidade dos métodos de custeio como ferramenta de gestão, a pesquisa revelou que em 34 empresas, (91,89%), predomina o uso do custeio variável devido à importância e simplicidade no apoio ao processo gerencial; 14 empresas, (37,84%), utilizam o targetcosting; 5 empresas, (13,51%), o custeio por absorção e em 4 empresas, (10,81%), fazem uso do custeio Activity-Basead-Costing, conforme resultado apresentado pelo gráfico 1.

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Gráfico 1 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada método de custeio.

Fonte: Elaborado pelo autor

No momento da entrevista, durante a indagação do autor, ficou claro que a proporção da utilização do custeio por absorção é pequena, devido à complexidade. E, como a maioria das empresas está enquadrada nos regimes de tributação Simples Nacional e Lucro Presumido, no qual há uma desobrigação da escrituração contábil, as empresas tendem a ignorar tal sistema, até mesmo por apresentar falha no processo decisório.

Dado o destaque ao custeio variável, passar-se-á a estudar a utilização de suas ferramentas pelas empresas em estudo. No tocante ao custeio variável, a pesquisa identificou a utilização das ferramentas do custeio variável: ponto de equilíbrio e a margem de contribuição são utilizados por 35 empresas, (94,59%); a formação de preço de venda por 31 (83,78%); análise de custo-volume-lucro por 24, (64,86%); custos fixos identificados por 20, (54,05%), e limitação da capacidade por 12, (32,43%). Esse resultado pode ser melhor visualizado na página seguinte pelo gráfico 2.

5

34

4

14

1

(13,51%)

(91,89%)

(10,81%)

(37,84%)

(2,70%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Custeio por absorção

Custeio Variável

Activity-Basead Costing

Target Costing

Custeio Padrão

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA

MÉTODOS DE CUSTEIO

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Gráfico 2 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada ferramenta

do custeio variável Fonte: Elaborado pelo autor

Percebeu-se, durante as entrevistas, uma preocupação com a qualidade e

aprimoramento das informações para a gestão de custos. A predominância do custeio variável, de acordo com os entrevistados, é resultado dos estudos repassados pela academia, tanto nas instituições das áreas de gestão quanto nas áreas técnicas.

As instituições de ensino, ao fomentarem o empreendedorismo, promovem cursos de atualizações a respeito de metodologias de gestão de custos. Devido à facilidade de elaboração e à eficácia à gestão empresarial, dentre as metodologias de gestão, destaca-se o enfoque ao custeio variável para tomada de decisões.

Os entrevistados relataram que apesar de não possuírem sistemas contábeis totalmente integrados, as empresas estimam seus custos e tomam as decisões com base em planilhas, que são mais simples e objetivas se elaboradas sob a ótica do custeio variável. Paralelamente, também são levados, em conta, os preços dos concorrentes e as características do mercado para tomada de decisão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa representou uma busca do autor em aprofundar os estudos na área da Contabilidade de Custos e também pela suposição de que

35

35

31

12

20

24

(94,59%)

(94,59%)

(83,78%)

(32,43%)

(54,05%)

(64,86%

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Ponto de equilíbrio

Margem de contribuição

Formação de preço

Limitação da capacidade

Custos fixos identificados

Relação custo-volume-lucro

QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA

FERRAMENTA DO CUSTEIO VARIÁVEL

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grande parte das empresas do “Vale da Eletrônica”, da cidade de Santa Rita do Sapucaí, não utilizava, de modo pleno, da Contabilidade de Custos como instrumento de apoio ao processo decisório, limitando-se a elas para cumprir as exigências emanadas pela legislação fiscal.

A cidade de Santa Rita do Sapucaí destaca-se, atualmente, no cenário nacional e internacional como um dos principais polos de tecnologia do Brasil, conhecido como o “Vale da Eletrônica”. Há na cidade 180 empresas de base tecnológica trabalhando com desenvolvimento e produção de eletroeletrônicos, formando um Arranjo Produtivo Local (APL), fortalecido pelas instituições de ensino, que têm como características comuns o empreendedorismo e o incentivo à inovação tecnológica.

No que se refere à utilização da Contabilidade de Custos, a pesquisa revelou a predominância do custeio variável utilizado por 34 empresas, (91,89%). A utilização deste método deve-se à importância e simplicidade no apoio ao processo gerencial, como o ponto de equilíbrio e margem de contribuição. O custeio variável é operacionalizado em planilhas e atualizado constantemente por meio de pesquisas de preço no mercado. Tal predominância deve-se, também, ao fato desse sistema de custeio ser ensinado nas instituições de ensino, juntamente com os projetos de incentivo ao empreendedorismo.

A pesquisa apresentou como limitação, no tocante à aplicação das técnicas estatísticas, a questão da impossibilidade de fazer inferência sobre toda a população das empresas do “Vale da Eletrônica”. Contudo, esta pesquisa é de grande relevância porque poderá ser referência para futuros projetos de aplicabilidade da Contabilidade de Custos nos processos decisórios das empresas do APL.

Pelo exposto, considera-se que esta pesquisa foi apenas um ponto de partida para futuros projetos que venham consolidar a Contabilidade de Custo como uma importante ferramenta de gestão. Pode-se ainda inferir estudos para o desenvolvimento de um conjunto de ferramentas para auxílio a Contabilidade de Custos, aplicação da técnica do Balanço. Perguntado e o desenvolvimento de um software específico para sua elaboração. Sugere-se finalmente estudos sobre a possibilidade de implementação de uma controladoria central compartilhada para as empresas inseridas no APL de Santa Rita do Sapucaí-MG.

REFERÊNCIAS

ATKINSON, Anthony A.; BANKER, RajivD.; KAPLAN, Robert S.; YONG, S. Mark.Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BIDI/FAI. Planejamento Estratégico do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí: inovação, competitividade e desenvolvimento. Coordenação CARVALHO, Sandra. 66 p. Santa Rita do Sapucaí, 2009.

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CREPALDI, Silvio A. Contabilidade gerencial, teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1998. FIEMG, IEL Minas e SINDVEL. Perfil da Indústria do Vale da Eletrônica - Santa Rita do Sapucaí MG. 116 p. Belo Horizonte, 2010. ______. Diagnóstico produtivo da indústria do Vale da Eletrônica: mercado, tecnologia e inovação. 110 p. Belo Horizonte, 2007. GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2001. HORNGREN, Charles T.; SUNDEM, Gary L.; STRATTON, William O. Contabilidadegerencial.12. ed. São Paulo: Pearson, 2004. LEONE. George S. G. Curso de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1997. ______.; LEONE, Rodrigo J. G. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MACHADO, S. A. Dinâmica dos Arranjos Produtivos Locais: um estudo de caso em Santa Gertrudes, a nova capital da cerâmica brasileira. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção, Tese de Doutorado, São Paulo, 2003. MAHER, Michael. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2001. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MORELLI, Aldo A. Um estudo da capacidade do arranjo produtivo local eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí-MG. 118 F. Dissertação (Mestrado em Administração). Faculdade Cenecista de Varginha. Varginha: CNEC/FACECA, 2006. ONO, Koki: ROBLES JÚNIOR, Antonio. Utilização do targetcosting e outras técnicas de custeio: um estudo exploratório em municípios de Santa Catarina. Revista de Contabilidade e Finanças USP. Edição especial p. 65-78, junho 2004. PADOVEZE, Clóvis L.Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PEREIRA, José C. Considerações sobre o perfil do empreendedor e a interação existente no ambiente de negócios do polo tecnológico de Santa Rita do Sapucaí-MG :o “Vale da Eletrônica”. 185 F. Dissertação (Mestrado em Administração). Universidade Cidade de São Paulo. São Paulo: UNICID, 2001. PEREZ JÚNIOR, José H; OLIVEIRA, Luís M; COSTA, Rogério G. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Atlas, 1999. ______. Vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campos, 1993. SOUZA, Marcos A. Práticas de contabilidade gerencial adotadas por subsidiárias brasileiras de empresas multinacionais . São Paulo, Tese de Doutorado Apresentada a FEA / USP, 2001. WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

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SISTEMAS DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO: INDICADORES FINANCEIROS E NÃO FINANCEIROS

Ronã Rinston Amaury Mendes [email protected]

Claudia Marinho Ribeiro

[email protected]

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

RESUMO O capítulo tem o objetivo de apresentar os principais Sistemas de Medição de Desempenho (SMD). A grande maioria das empresas ainda continue medindo seu desempenho baseando-se em indicadores financeiros e de produtividade, é crescente a utilização de metodologias que integram também indicadores não-financeiros, enriquecendo a análise gerencial, principalmente diante do crescimento dessas organizações frente a cenários cada vez mais competitivos e globalizados. A utilização de indicadores estratégicos que auxiliem as empresas a obterem vantagem competitiva diante das novas realidades comerciais é uma condição imprescindível no cenário econômico atual. Nesse cenário emerge a questão problema: os Sistemas de Medição de Desempenho contribuem para melhorias da qualidade das informações para decisão? A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica, em livros, revistas, periódicos e internet Os SMDs foram desenvolvidos para auxiliarem os gestores na definição das estratégias a serem perseguidas diante de novos cenários, mediante a comparação de diferentes empresas, unidades, departamentos, equipes e funcionários, em busca da realização de suas metas e objetivos, avaliando, controlando e desenvolvendo seus processos de produção (Ghalanyni; Noble, 1996). Os Sistemas de Medição de Desempenho, de um modo geral, auxiliam na definição de estratégias que deverão ser implementada na organização, favorecendo a tomada de decisão com menores riscos de erro e mais próxima da realidade exigida pelo mercado. Palavras-chave: Sistema de medição de desempenho, Indicadores e Não indicadores de desempenho

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1 INTRODUÇÃO

Embora a grande maioria das empresas ainda continue medindo seu desempenho baseando-se em indicadores financeiros e de produtividade, é crescente a utilização de metodologias que integram também indicadores não-financeiros, enriquecendo a análise gerencial, principalmente diante do crescimento dessas organizações frente a cenários cada vez mais competitivos e globalizados.

Essas metodologias vêm em complemento aos objetivos de desempenho da produção que uma organização deve perseguir e baseia-se na identificação dos stakeholders da operação. Stakeholders são as pessoas ou grupos de pessoas que possuem interesse na operação, e que podem ser influenciadas ou influenciar as atividades da operação produtiva. Podem ser funcionários, clientes ou fornecedores ou até mesmo a sociedade onde ela se encontra (Slack, 2002).

Diante desses cenários, as empresas são forçadas a agirem com rapidez e precisão não só para a garantia de novos mercados como, em muitos casos, para simplesmente manterem suas participações e conseqüentemente sua sobrevivência. Para isso, utilizam-se de metodologias e ferramentas das mais diversas possíveis, em que os SMDs se encaixam perfeitamente, buscando aprimorar sua gestão e melhorar seu desempenho, respeitando os interesses de seus stakeholders. Nesse cenário emerge a questão problema: os Sistemas de Medição de Desempenho contribuem para melhorias da qualidade das informações para decisão?

O objetivo do capítulo é apresentar os principais Sistemas de Medição de Desempenho (SMD). Ainda é necessário se aprofundar os estudos dos SMDs utilizados pelas empresas, onde muitas questões ainda se colocam para discussão e objetos de estudos futuros (Kyian 2001, Ghalayini; Noble, 1996).

Espera-se que a o aprofundamento dos estudos quanto aos SMDs seja de grande valia às organizações e contribua para o aperfeiçoamento e a profissionalização de sua gestão e, em especial, como uma metodologia próxima à realidade brasileira de mensuração e direcionamento para o completo atendimento dos seus interesses.

2 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO

Toda medição de desempenho é feita através de um indicador de desempenho que é conceituado pela Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (1999), como uma relação matemática que mede numericamente, atributos de um processo ou de seus resultados, com o objetivo de comparar esta medida com metas numéricas preestabelecidas.

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Segundo Kyian (2001), o ato de medir congrega um conjunto de atividades, pressupostos e técnicas que visam quantificar variáveis e atributos de interesse do objeto a ser analisado. Quanto à palavra desempenho, ela encerra em si a ideia de algo que já foi realizado, executado ou exercido.

Medir, quantificar resultados obtidos é fotografar num instante algo que noutro, já é passado. Portanto, os índices e as medidas de desempenho de uma empresa têm maior ou menor relevância conforme a proximidade com o momento presente. Essa ação é vital para que se possa melhorar suas ações e decisões futuras (Kyian 2001).

Conforme Bandeira (2001), medir o desempenho, de fato, somente se justifica quando se tem o objetivo de aperfeiçoá-lo. Entretanto, Bandeira não considera nesta definição o fato de que, em alguns casos, muitos indicadores existem somente para a manutenção de determinadas situações ou posições, sem maiores ambições.

Já, segundo Müller (2003), medição de desempenho é a quantificação de quão bem as atividades dentro de um processo ou seu output atingem uma meta especificada. Hikage (2003), classifica as medidas de desempenho como indicadores: operacionais; Estratégicos; de Ocorrências (laggingindicators), refletem medidas genéricas de resultado; e de Tendências (leadingindicators), mostram um estado futuro permitindo interferências evitando resultados indesejáveis. Segundo Hronec (1994), as medidas de desempenho são os sinais vitais da organização informando o que as pessoas estão fazendo, como elas estão fazendo e se elas estão agindo como parte do todo, classificando ainda as medidas de desempenho do:

• Processo, responsáveis pelo controle do processo como tempo de setup, tempo de ciclo e tempo de resposta ao cliente;

• Output, expressas em relatos para os gerentes e exibem os resultados de um processo, podendo ser financeiros e não-financeiros como lucro líquido e satisfação do cliente.

Já, Modesto (2004), enfatiza que medir o desempenho é essencial para as empresas que anseiam por competitividade neste mercado globalizado. Esta medição do desempenho denominada Indicador de Desempenho caracteriza-se por uma métrica que fornece informações úteis sobre o andamento de determinado processo, ou seja, como as coisas estão sendo feitas e se as metas estão sendo atingidas, para que sejam tomadas decisões eficazes.

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124

3 IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES

Manter indicadores que posicionem o objeto estudado seja um produto,

uma área ou até a própria organização, diante do mercado e de seus

concorrentes merece especial atenção e importância por parte da organização.

A quantificação é imprescindível para a definição e o acompanhamento das

metas organizacionais e como direcionador das ações a serem tomadas em

busca de melhorias contínuas para atender aos seus objetivos estratégicos.

Neste ponto, Silva (2001), relata que, um aspecto importante da

medição de desempenho para a melhoria contínua é que geralmente a

informação utilizada nessa atividade advém das medidas de desempenho que

foram concebidas para o controle e, por muitas vezes, elas são inadequadas

para o uso imediato em atividades de melhorias.

Outro aspecto quanto aos indicadores de desempenho diz respeito aos

atuais sistemas de informação, como os ERPs, que posicionam os indicadores

em tempo real o que, em muitos casos, se não houver um acompanhamento e

uma criteriosa análise por um profissional, pode mostrar em um determinado

momento uma informação que pode estar ainda incompleta, por ser ainda uma

pequena parte de um processo em execução ou conter algum erro ainda não

corrigido, o que levaria a uma interpretação errônea e distorcida da realidade

dessa empresa.

Conforme Silva e Santos (2003), através da implementação do indicador

de produtividade com as posteriores atuações gerenciais, podem ocorrer os

“outliers”, pontos fora do que se considera normal no contexto analisado, e

avaliar se as melhorias implementadas estão surtindo o efeito desejado ou não.

Se a medição não for acompanhada de análise e melhorias logo a equipe se

desmotiva em função da complexidade e variedade do trabalho.

Müller (2003), busca mostrar que a avaliação do desempenho está

intrinsecamente relacionada com planejamento estratégico e com o

gerenciamento de processos, mostrando que a integração entre as diretrizes

estratégicas e sua operação é vital para seu sucesso mercadológico visto que

isoladas não trazem nenhuma vantagem competitiva à organização.

Nisso, a implantação estratégica se dá ao nível dos processos

organizacionais, onde suas ações são efetivadas. Na tentativa de garantir a

implantação ou operacionalização do planejamento estratégico, o sistema de

indicadores exerce o papel de desdobrar metas aos processos e retornar seu

desempenho, mostrando se a empresa está ou não rumando para os objetivos

estratégicos estabelecidos previamente. Melhorias operacionais desvinculadas

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125

de objetivos estratégicos denota ausência de prioridades e desperdício de

tempo e de recursos.

Evans (2004), relata algumas possibilidades de análise que tais sistemas

proporcionam detectar, tais como:

• tendências de melhorias em indicadores chave de performance

operacional, como produtividade, tempo de ciclo, redução de

perdas e níveis de defeitos;

• tendências de custos relativas à concorrência; relação entre

produtos e indicadores operacionais de performance em

qualidade de serviço e tendências de performance financeira

global como reflexo de indicadores como custo operacional,

margens, utilização de ativos e valor agregado por funcionário;

• a correlação entre os indicadores chaves de clientes – satisfação

do cliente, fidelidade e margem de mercado – e o produto e a

melhoria da qualidade dos serviços.

Evans (2004), sugere ainda que organizações com SMDs maduros são

mais eficientes com relação à satisfação de seus clientes, resultados financeiros

e sua performance de marketing.

Segundo a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade (2004), a autoavaliação

através de indicadores pode fazer com que a organização possa:

• Entender os requisitos para a excelência do desempenho;

• Medir e identificar onde melhorar o seu desempenho;

• Considerar e integrar as necessidades de todas as partes interessadas no seu sucesso;

• Identificar e entender, de forma sistemática, os seus pontos fortes e as suas oportunidades para melhoria; e

• Promover a cooperação interna entre os setores, os processos e as pessoas da força de trabalho.

O diagrama do Modelo de Excelência, do PNQ(2011), aborda oito critérios de excelência necessários a uma organização. Sua avaliação se dá através de seus resultados, em forma de informações e conhecimento, e retornam para toda ela para que possa tomar as ações e buscar o aprendizado organizacional. Essas informações representam a inteligência da organização, viabilizando a análise crítica e a tomada das ações necessárias, em todos os níveis, conforme a Figura 1.

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Figura 1 – Modelo de Excelência do PNQ

Fonte: FPNQ (2011, p. 14)

A figura 1, enfatiza as informações e o conhecimento como elementos

que permitem a ligação e o correlacionamento entre todos os critérios e, portanto, todos os elementos que constituem a organização. A gestão das informações e do capital intelectual são elementos essenciais para a jornada em busca da excelência.

Os oito critérios de excelência da Figura 1 são subdivididos na Figura 2 em Itens de Enfoque e Aplicação (a) e Itens de Resultado (b), onde os últimos são compostos por tópicos que solicitam a apresentação de informações referentes aos indicadores de desempenho que demonstrem:

• Níveis atuais de resultados alcançados pela organização;

• Resultados comparativos que possibilitem avaliar o nível de desempenho dos resultados alcançados (resultado do concorrente; média do ramo; melhor no setor, no grupo, na atividade ou no mercado; níveis referenciais normativos; níveis referenciais de excelência e outros);

• Tendências registradas desses resultados em um período de tempo anterior, que possibilite a análise da evolução; e

• Explicações ou esclarecimentos sobre eventuais tendências e níveis de desempenho adversos

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Figura 2 – Diagrama de Gestão

Fonte: FPNQ (2011, p. 16)

Por sua vez o PNQ estabelece que a organização meça seus resultados:

� Relativos aos clientes e ao mercado contendo os principais

indicadores de desempenho relativos aos clientes e aos mercados, incluindo as informações dos concorrentes e outras informações comparativas pertinentes;

� Econômico-financeiros contendo os principais indicadores de desempenho relativos à situação financeira da organização, incluindo as informações comparativas pertinentes;

� Relativos às pessoas contendo os principais indicadores de desempenho relativos às pessoas, incluindo as informações comparativas pertinentes;

� Relativos aos fornecedores contendo os principais indicadores de desempenho relativos aos fornecedores, incluindo as informações comparativas pertinentes;

� Dos processos relativos ao produto contendo os principais indicadores de desempenho relativos aos produtos e aos processos relativos ao produto, incluindo as informações comparativas pertinentes;

� Relativos à sociedade contendo os principais indicadores de desempenho relativos à sociedade, incluindo as informações comparativas pertinentes; e

� Dos processos de apoio e organizacionais contendo os principais indicadores de desempenho dos processos de apoio e organizacionais, incluindo as informações comparativas pertinentes.

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4 EVOLUÇÃO DOS SMDS

Conforme Kyian (2001), em sua maioria, os SMDs tradicionais empregados pelas empresas guardam em seu bojo valores, ideias e suposições da era da Produção em Massa. Acabam sendo centrados em indicadores financeiros/contábeis e de eficiência operacional e concebidos dentro de uma visão departamental. Nestes sistemas, o ambiente externo acaba exercendo pouca influência na sua evolução.

Müller (2003), salienta que a Medição de Desempenho no passado enfocava um pequeno número de variáveis, voltando-se mais para a medição do uso dos recursos na empresa de forma isolada. Hoje, há a necessidade de enfocar diversas dimensões competitivas, voltando-se para o desempenho da empresa no cenário (Mercado, Concorrência e Negócio).

Todo sistema de medição de desempenho consiste inicialmente em um número de medida de performance individual (Neely et al., 1995), que deve estar relacionado entre si e entre os objetivos estratégicos da empresa. A medição de desempenho pode ser dividida assim em três dimensões: medidas de desempenho individuais, o sistema de medição de desempenho e o ambiente no qual eles estão inseridos.

Ghalayini; Noble (1996), dividem a medição de desempenho em duas fases, sendo a primeira abrangendo o final do século XIX e finalizando em 1980, aproximadamente, focando medidas financeiras e de produtividade, e a segunda a partir do final da década de 80, com a expansão do mercado global, até os dias de hoje, balanceando as medidas financeiras e não-financeiras e as de produtividade, onde o Balanced Scorecard é o seu melhor exemplo.

5 INDICADORES FINANCEIROS

Passados já quase duas décadas, entretanto, muitas empresas ainda se utilizam somente dos indicadores financeiros tradicionais para medir sua situação econômico-financeira (Matarazzo, 1998) – indicadores de estrutura de capital, liquidez e rentabilidade.

Para essas empresas, apenas os aspectos apresentados pelos índices financeiros são considerados suficientes para a gestão do negócio.

Envolvendo o tradicional método contábil, os principais índices financeiros seriam, segundo Matarazzo (2010):

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Estrutura de Capital

Participação de Capitais de Terceiros (endividamento) Composição do endividamento Imobilização do Patrimônio Líquido Imobilização dos Recursos não Correntes

Liquidez Geral Corrente Seca

Rentabilidade (ou Resultados)

Giro do Ativo Margem Líquida Rentabilidade do Ativo Rentabilidade do Patrimônio Líquido

Figura 3 – Principais Índices Financeiros Fonte: Matarazzo (2010, p. 86)

6 NÚMERO IDEAL DE INDICADORES

Conforme Matarazzo (2010), o aumento do número de índices utilizados nem sempre aumenta na mesma proporção a quantidade de novas informações. Essa afirmação deixa um rico espaço para que sejam feitos pesquisas e estudos visando levantar se existe um número adequado de indicadores para cada tipo de empresa ou não, conforme Figura 8.

∆2

∆1

Curva da relação quantidade de informações x quantidade de índices

T4

T3

T2

T1

1 5 1512

P

Figura 4 – Curva da relação Quantidade de Informação x Quantidade de Índices

Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010, p. 118)

Na Figura 4, o eixo X mostra a quantidade de índices e o eixo Y a quantidade de informações. Aumentando-se a quantidade de índices de 2 para 5,

obtém-se um ∆1 que representa o acréscimo de informações pelo aumento da quantidade de índices. Quando se aumenta a quantidade de índices de 12 para 15,

o ∆2 resultante é muito menor que o ∆1, mostrando claramente um rendimento decrescente.

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Sabendo-se que o aumento da quantidade de índices de desempenho gera também um aumento dos custos para sua obtenção, a análise de índices entra em rendimentos decrescentes a partir de certo ponto, identificado na curva como ponto P. Daí a grande importância em se buscar sistemas de indicadores de desempenho robustos que tragam o máximo de informações com um mínimo de índices e custos. Essa posição poderia ser questionada e mais amplamente pesquisada atualmente, em vista dos novos sistemas integrados como os ERPs.

Johnson e Kaplan (1993), colocam que nenhuma empresa ou gerente consegue se deter na melhoria do desempenho de quinze indicadores ao mesmo tempo, sendo necessário definir um número limitado de objetivos, num dado período de tempo. O número de metas deve ser reduzido. Caso contrário, perde-se o foco do trabalho.

Carvalho (1995), sugere o número de indicadores entre 5 e 7, por pessoa, argumentando ser praticamente impossível gerenciar (controlar) mais do que este número.

Segundo Müller (2003), muitas empresas cometem o erro de querer medir tudo ou ter muitas medidas. O bom uso de poucos indicadores críticos traz mais resultado do que o excesso.

7 INDICADORES DE PRODUTIVIDADE

Conforme Slack (2002) e Leonget al. (1990), alguns indicadores relacionados a sua produtividade como, por exemplo, aqueles que se apóiam nos cinco objetivos de desempenho – qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo – têm seu conteúdo e a sua quantidade variando de acordo com o foco e a profundidade das informações desejadas.

Confiabilidade

Flexibilidade Qualidade

Rapidez CustoCustoRapidez

Qualidade Flexibilidade

Confiabilidade

Tempo

Requisitos do mercadoDesempenho da operação

Figura 5 – Necessidades e desempenho da produção Fonte: Slack (2002, p. 36)

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Na Figura 5, os diagramas polares mostram como as dimensões do desempenho global de uma empresa podem satisfazer a seus clientes. Com o tempo, as necessidades e as expectativas do mercado quanto a cada um dos objetivos de desempenho vão variando e, ao mesmo tempo, variam também a extensão em que a produção atende a essas necessidades, possivelmente atendendo-as em algumas dimensões em detrimento de outras. A produção está originalmente quase atendendo às necessidades mercadológicas quanto à qualidade, rapidez e flexibilidade, mas está subdesempenhando em sua confiabilidade e custos. Após um determinado tempo, a operação manteve sua qualidade e obteve melhoras em sua flexibilidade e significativamente em seus custos, aproximando-os do padrão de exigência do mercado que também mudaram nesse período. Todavia, não obteve qualquer melhoria com relação à confiabilidade de seus produtos e ainda não mais atende as exigências quanto à rapidez requerida por seus clientes em suas operações.

Com isso, a organização deve acompanhar as mudanças ocorridas no mercado alinhando seus objetivos estratégicos continuamente, devendo não só aprimorá-los, como também, substituí-los caso haja necessidade (ATTADIA e MARTINS, 2002).

8 SISTEMAS DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO BALANCEADOS

Um modelo balanceado para avaliação de desempenho deve considerar na formulação dos indicadores as formas de controle empregadas na organização, assim como a interação destas com o planejamento estratégico, estilo administrativo dos gestores e cultura organizacional (MÜLLER et al., 2003).

Conforme Kyian (2001), as mudanças nos SMDs tradicionais ocorreram devido a incongruências amplamente apontadas pela literatura, tais como:

• Foco excessivo na eficiência e visão fragmentada da organização;

• Falta de aderência para com os objetivos estratégicos;

• Ênfase nos resultados e não em suas causas;

• Sistemas orientados para a mensuração do resultado financeiro;

• Ênfase nos resultados de curto prazo;

• Deficiência em prover informações em tempo hábil; e

• Nível alto de agregação das informações impossibilitando análises mais profundas.

Diante desse quadro, começaram a surgir novas propostas de sistemas que tratam de balancear o sistema tradicional com medidas não-financeiras.

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O Quadro abaixo apresenta algumas propostas de modelos de SMDs que surgiram para suprir a insatisfação com os tradicionais já incluindo as medidas de desempenho não-financeiras, conforme Martins e Salermo (1998).

Modelos de Medição de Desempenho

Características Principais

“Performance Measurement Matrix”

- medidas de desempenho internas e externas, financeiras e não financeiras (medição balanceada)

- medidas de desempenho relacionadas estratégia

SMART – “Performance Pyramid” -

- medidas de eficiência e eficácia - medidas desdobradas da estratégia

“Balanced Scorecard” (BSC)

- medidas balanceadas agrupadas em quatro perspectivas

- relacionamento causa e efeito explícito entre as perspectivas baseadas na estratégia

“Integrated Performance Measurement System”

- desdobramento da estratégia para quatro níveis (negócio, unidade de negócio, processos e atividades) gera medidas considerando quatro elementos (requisitos dos stakeholders, monitoramento externo, objetivos e medidas de desempenho)

“Performance Prism”

- visão da medição de desempenho centrada nos stakeholders

- comunicação da estratégia - abordagem de gestão do processo

Figura 6 - Modelos de Sistemas de Medição de Desempenho Fonte: adaptado de Martins et. al., (2001, p. 08)

9 BALANCED SCORECARD (BSC)

O Balanced Scorecard (BSC) foi desenvolvido inicialmente por Kaplan e Norton em (1992), e, desde então, vem sendo freqüentemente aplicado em diferentes organizações como uma ferramenta de gestão. É uma das abordagens mais citadas na literatura. Seu foco consiste em traduzir a visão da organização em possíveis ações concretas, através do estabelecimento de metas e indicadores de desempenho (Costa, 2003), e, conforme Modesto (2004), é uma metodologia que permite levar as informações a todos os níveis da organização.

Conceitos como Estratégia, BSC e Indicadores de Desempenho são importantes como pontos de referência para as organizações compreenderem qual a sua posição dentro da cadeia de soluções oferecidas pelo ambiente que os rodeiam, sejam elas estratégicas, táticas ou operacionais (HIKAGE, 2003).

O modelo do BSC, assim como qualquer outro, não deve ser considerado hegemônico, constituindo-se como uma alternativa frente a outros modelos de

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avaliação de desempenho que também começam a se consolidar no meio empresarial (MÜLLER, 2003). Sua grande vantagem está em pôr no centro do sistema a visão e a estratégia e não o controle Koch (2002). O que parece ser definitivo é a necessidade de adequação dos atuais sistemas de medição de desempenho (MÜLLER, 2003).

O modelo proposto por Kaplan; Norton (1992), evidencia a importância dada à visão e à estratégia organizacional. Segundo os criadores do BSC:

“[...] o Balanced Socorecard (BSC) traduz a missão e a estratégia das empresas num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica”.

Um outro aspecto importante é que o BSC introduz medidas de bens intangíveis como é o caso do capital intelectual e do aprendizado dos funcionários. Nesse ponto, o foco não é o passado, mas sim o futuro da organização. Ele demanda um estilo de gestão participativo e não autoritário.

O BSC trabalha com a empresa em movimento. Os indicadores não são vistos como controladores, mas sim como uma ferramenta de integração do capital intelectual da organização em torno da sua visão geral, como um sistema de comunicação, informação e aprendizagem (Koch, 2002).

Kaplan e Norton (1992; 1997), apontam que o sistema de medição do Balanced Scorecard deve apresentar um conjunto balanceado de medidas financeiras e não financeiras, vinculadas a quatro perspectivas importantes para o negócio da empresa, conforme figura na próxima página

Figura 7 -As quatro perspectivas do Balanced Scorecard Fonte: Kaplan; Norton (1997, p. 10)

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Visão de cada perspectiva:

• Financeira – como deveríamos ser vistos pelos acionistas?

• Do cliente– como deveríamos ser vistos por eles?

• Processos Internos – em quê devemos ser os melhores?

• Aprendizado e Crescimento – como sustentar a capacidade de mudar e melhorar?

Costa (2003), complementa descrevendo as perspectivas:

• Financeira – que deve estabelecer os objetivos financeiros de longo prazo da empresa e serve de foco para os objetivos e as medidas das outras perspectivas. Segundo Kaplan; Norton (1997), as estratégias e as iniciativas devem permitir que a unidade de negócio alcance seus objetivos financeiros. A perspectiva financeira, fortemente utilizada na maioria dos sistemas de avaliações, é conservada no BSC, em razão de sintetizar as conseqüências econômicas imediatas de ações consumadas, indicando se a estratégia de uma empresa, sua implementação e execução estão contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros (Savaris; Voltolini, 2004).

• Dos clientes – que avalia a capacidade da empresa em prover produtos e serviços que atendam a necessidade do cliente. O objetivo principal é a identificação dos segmentos de clientes e do mercado em que a empresa deseja atuar. As medidas podem estar associadas à: participação de mercado, satisfação, fidelidade, retenção, captação e lucratividade (KAPLAN; NORTON, 1997). Esta perspectiva permite a visualização de clientes e mercados, bem como as medidas do desempenho da unidade de negócio desses segmentos-alvo (SAVARIS; VOLTOLINI, 2004).

• Dos processos internos – que identifica os processos internos críticos nos quais a empresa deve alcançar a excelência, o que possibilita agregar proposta de valor capaz de atrair e reter clientes em segmentos-alvo e satisfazer as expectativas dos acionistas (SAVARIS; VOLTOLINI, 2004). Kaplan; Norton (1997), recomendam uma cadeia de valor genérica para estes processos internos. A cadeia inicia com um processo de inovação através da identificação das necessidades atuais e futuras dos clientes, desenvolvimento de novas soluções para essas necessidades, seguidas dos processos de operação através da entrega dos produtos e prestação de serviços aos clientes existentes, finalizando com o serviço de pós-venda.

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• Aprendizagem e crescimento – identifica a infra-estrutura que a empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria em longo prazo. Nessa perspectiva analisam-se a motivação e a capacitação dos recursos humanos (pessoas), a qualidade dos sistemas de informação (sistemas), as tecnologias e as capacidades para mudança e inovação (procedimentos organizacionais). Segundo Savaris e Voltolini (2004), esta última perspectiva traz para o centro da discussão os segmentos normalmente considerados apenas como despesas para a organização, mas que são necessários para garantir a continuidade e evolução do negócio.

Segundo Kaplan; Norton (1997), não existe uma fórmula que determine o número de perspectivas a serem incorporadas no BSC e as mesmas podem variar de acordo com as circunstâncias do setor e da estratégia da unidade de negócios.

Kaplan; Norton (1997), enfatizam ainda que o sistema de medição deve tornar explícitas as relações entre objetivos e medidas nas várias perspectivas. Esses autores destacam que a cadeia de causa e efeito pode ser criada como uma reta vertical que atravessa as quatro perspectivas do BSC: partindo da perspectiva de aprendizagem e crescimento, passando pelos processos internos, clientes até a perspectiva financeira, conforme ilustrado abaixo.

Apontam também que a construção dessas relações de causa e efeito gera um raciocínio sistêmico dinâmico, que permite aos intervenientes da organização compreenderam como cada perspectiva é importante para a outra.

Figura 8 - Relações entre as perspectivas do Balanced Scorecard

Fonte: Kaplan & Norton (1997, p. 31)

Apesar de algumas críticas, o BSC vem sendo adotado para viabilizar a gestão organizacional como: esclarecer e traduzir a visão e a estratégia da

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empresa; comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas; planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas; melhorar o feedback o aprendizado estratégico (KAPLAN; NORTON, 1997).

Ao longo da década de 90, Kaplan; Norton, observaram que o BSC estava sendo usado pelas empresas para solucionar um problema muito mais importante do que a mensuração de desempenho... Nessas organizações, o BSC vinha sendo utilizado para alinhar a organização em torno das metas estratégicas das empresas (MATHIAS, 2002).

Nesse sentido, a oportunidade da discussão e da comunicação da estratégia da empresa, em diferentes funções, através de uma sistemática de reuniões é um dos principais pontos positivos do BSC. Isso possibilita aos gerentes aprenderem e revisarem suas estratégias, desenvolvendo, então, sistemas de controle mais eficazes. Como conseqüência, este tipo de abordagem estabelece uma linguagem para discussão dentro da organização, incentivando e facilitando o processo de aprendizagem organizacional (COSTA, 2003).

A grande diferença entre Kaplan; Norton (1997), e os autores dos chamados SMDs clássicos, que utilizam variáveis como tempo, custo, qualidade, produtividade, entre outras, como medidas, é que Kaplan; Norton introduzem uma inovação quando sugerem que se estruture o sistema de medição de desempenho a partir de diferentes perspectivas e, no mínimo, as quatro já citadas acima. Também são os únicos a introduzirem medidas de bens intangíveis como dos ativos intelectuais, do crescimento dos conhecimentos dos colaboradores – especialização funcional, nível de reciclagem, grau de uso da tecnologia. Segundo eles, são esses bens que criam valor futuro para a organização (KOCH, 2002).

Pelas características já acima citadas, o BSC pode ser considerado além de um SMD, uma importante ferramenta estratégica de gestão que pode ser aplicado em diferentes tipos de organizações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É inegável a qualidade e a importância das informações que os Sistemas de Medição de Desempenho trazem às empresas de um modo geral. Independente de quais sistemas são utilizados, eles auxiliam na definição de estratégias que deverão ser implementadas na organização, favorecendo a tomada de decisão com menores riscos de erro e mais próxima da realidade exigida pelo mercado.

Neste trabalho foi abordada a evolução e aplicabilidade de alguns desses sistemas, desde aqueles basicamente financeiros, de produtividade até aquele que atualmente é considerado o mais abrangente de todos, no que se refere ao

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fornecimento de informações gerenciais para tomada de decisão – o Balanced Scorecard.

Existem propostas de SMDs feitas por autores brasileiros que não foram objeto de estudo deste trabalho. Também não foram abordadas as possibilidades de aplicação destes sistemas em empresas da região do Sul de Minas de Gerais. Essas propostas trazem férteis fontes de estudos para futuros trabalhos que tenham o interesse de pesquisar sua eficácia e sua validação, sendo consideradas as eventuais diferenças culturais.

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BANDEIRA, A.A. Rede de Indicadores de Desempenho para Gestão de uma Hidrelétrica. São Paulo, 2001. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

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IPO (INITIAL PUBLIC OFFERING) CONCEITO E ORIENTAÇÕES PARA INVESTIR EM AÇÕES.

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

Maria de Lourdes Gonçalves

[email protected]

José Heraldo dos Santos [email protected]

RESUMO O presente capítulo tem como objetivo de conceituar o IPO, para um melhor entendimento e compreensão de sua utilização bem como sua aplicação na obtenção de investimentos com retornos positivos. IPO é uma sigla inglesa que significa Initial Public Offering, em português quer dizer Oferta Pública Inicial. É a abertura do capital das empresas denominadas Sociedade Anônima que se dá por meio da negociação de suas Ações na bolsa de valores pela primeira vez. A Sociedade Anônima tem seu capital social representado por Ações, sua constituição e objetivo são definidos no Estatuto Social. É regulamentada pela lei 11.638/07 que sucedeu as leis 6.385/76 e 6.404/76. A abertura do capital da empresa tem como finalidade a captação de recursos para realizar investimentos. No Brasil a oferta pública é realizada pela Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e fiscalizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Desta maneira, a abertura do capital só pode ser feita mediante registro nestas, por meio de etapas que são descritas neste trabalho. Tem-se a questão problema: as empresas conseguem perceber as vantagens da abertura de capital? Foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica, baseado em material publicado eletronicamente e em livros, embora ainda seja escasso em livros. O trabalho se justifica devido ao crescimento e desenvolvimento do mercado de ações no exterior e no Brasil. O contador é indispensável neste processo, pois é quem apura e analisa os resultados da empresa. Sua postura e observância dos princípios contábeis e normas são fundamentais. A empresa que vai a público, abrirá sua contabilidade e passará por auditoria de pessoa competente portadora do registro na CVM. O valor do patrimônio da empresa é o fator que irá indicar o preço de venda das Ações. Palavra-chave: Investimento, contador, Ações e Estatuto Social

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1 INTRODUÇÃO

A oferta pública inicial é uma maneira que a empresa encontra para captar recursos tendo como base expectativas de êxito e lucro futuro, embora possam variar bastante de uma empresa para outra e necessitam de um processo longo, complexo e caro.

Faz-se necessário o estudo sobre Initial Public Offering (IPO) que em português significa Oferta Pública Inicial, pelo motivo de estar relacionado ao mercado de ações destinado às empresas que nunca participaram de negociações na bolsa de valores.

Uma empresa que pretende ir ao mercado de ações necessita de controles detalhados e precisos que apresentem garantia nos números de maneira confiável. A contabilidade deve ser de excelente padrão com base nos princípios contábeis e as leis que regem todo o mercado de ações.

O presente trabalho tem como objetivo de conceituar o IPO, para um melhor entendimento e compreensão de sua utilização bem como sua aplicação na obtenção de investimentos com retornos positivos. Torna-se importante entender as principais características e demonstrar seus pontos positivos e negativos na obtenção de retornos de investimento. Deve-se considerar seu risco por se tratar de negociações na bolsa de valores que é um setor inconstante, porém, promissor aos investidores. Assim tem-se a questão problema: as empresas conseguem perceber as vantagens da abertura de capital?

Foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica, baseado em material publicado eletronicamente e em livros, embora ainda seja escasso em livros. É de fácil obtenção em jornais e revistas, pois está diretamente ligado aos ramos de negócios econômicos.

O trabalho se justifica devido ao crescimento e desenvolvimento do mercado de ações no exterior e no Brasil.

Os procedimentos e processos para abertura de capital são rigorosamente avaliados pela auditoria externa, demonstrando ao investidor uma confiabilidade e fidedignidade das contas e dados apresentados. Para tal exige-se uma preparação da empresa.

2 IPO – INITIAL PUBLIC OFFERING

A abertura de capital por meio de emissão de ações de uma empresa

com a negociação de valores mobiliários negociados publicamente pela primeira vez é feita por meio da Oferta Pública Inicial que é mais utilizada na sigla inglesa IPO que significa Initial Public Offering. Em outras palavras, o IPO é a emissão primária, que é a abertura para negociação de

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ações, que são valores mobiliários de uma empresa de capital aberto na bolsa de valores. Uma empresa de capital aberto que emite suas ações no mercado mobiliário é listada pela bolsa de valores.

2.1 Definição de Initial Public Offering (IPO)

A sigla “IPO significa Initial Public Offering em inglês, ou seja, Oferta Pública Inicial. Esse é o nome que se dá ao início da venda de ações de companhias abertas’’ de acordo com Bússola do investidor (2009). Ações são frações do Capital Social de uma Sociedade Anônima que pode ser aberta / pública que negociam suas ações no mercado (Bolsa de valores) ou pode ser fechada / privada que não negociam ações no mercado.

Portanto, a negociação de ações é feita pelas companhias abertas ou públicas por intermédio da bolsa de valores. Ação é o nome dado ao Capital Social das empresas de Sociedade Anônima.

Quando uma empresa emite cotas de ações para serem vendidas significa que ela deixa de ser privada e passa a ser propriedade de uma série de investidores que nem sempre estão envolvidos nas operações diárias das empresas, sob visão de Bússola do Investidor (2009). A compra das ações no mercado aberto torna os investidores proprietários de algumas ações da empresa.

Como as ações representam o capital social da companhia denominada Sociedade Anônima, quer dizer que os investidores que as adquirir fará parte do quadro de acionistas. A negociação na bolsa de valores é permitida com a abertura do capital que será descrito no capítulo quinto com o tema “Abertura de capital da empresa”.

O preço de venda das ações de uma empresa na oferta pública se dá com a cotação sendo definido com base na avaliação do patrimônio da empresa levantado por especialistas de mercado. Esse preço é definido no site Investeducar (2011), como IPO Priceque significa Preço do IPO e é obtido por meio de um processo chamado bookbuilding.

O BM & F BOVESPA (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros), por meio do Boletim do Mercado de Renda Fixa (2011), conceitua o bookbuilding como uma ferramenta utilizada nas ofertas públicas de valores mobiliários. É um processo onde os compradores apresentam a quantidade do ativo que pretendem adquirir e o valor em que estão dispostos a pagar.

Acrescentamos sua importância no processo de abertura do capital, por conter informações de grande relevância na hora da escolha do investimento mais rentável para a empresa interessada na compra de ações.

Na verdade, a negociação na bolsa de valores depende de autorização mediante a um cadastro. Estas medidas garantem e protegem os

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investimentos, tanto para as empresas de investidores, como para as empresas que ofertam suas ações.

3 AÇÕES

As Ações são definidas no site Mundo Trade (2010), como cotas que

representam pedaços de uma empresa. Uma empresa aberta possui um patrimônio de diversas ações que são distribuídas a investidores que desta maneira se tornam seus proprietários.

Possuir ações de uma empresa significa ser dono de uma fração e possuir um pedaço dela em conjunto com outras pessoas físicas ou jurídicas que detêm ações e passa a fazer parte do quadro de acionistas da empresa.

Em l5 de dezembro de l976, o Presidente da República do Brasil Antonio dos Santos Ramalho Eanes, sancionou a Lei número 6.404, como é caracteriza pelo site Planalto (2010). Ela regulamenta e define a Companhia ou Sociedade Anônima cujo capital social é representado por ações.

De fato a Companhia ou Sociedade Anônima, representa uma organização de grande importância para a sociedade, pois busca o desenvolvimento e novos investimentos, por este motivo percebe-se a necessidade de regulamentação.

No dizer do site Planalto (2010), os sócios ou acionistas tem sua responsabilidade limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Sua constituição e objeto social são definidos no Estatuto Social de maneira precisa e completa. Com certeza, o Estatuto Social é o documento que representará a descrição com o perfil da Sociedade Anônima e as responsabilidades de seus sócios. É de fundamental importância, pois rege e define a constituição da empresa.

A empresa para ser Sociedade Anônima deverá ser constituída por ações que são descritas no Estatuto Social e seguir as leis que a regem. Tais cuidados dão proteção ao acionista no que diz respeito a sua responsabilidade perante as suas atitudes durante a sua permanência na sociedade da empresa.

Outro ensinamento no site Planalto (2010), é que a Lei 6.385 foi sancionada em 07 de dezembro de l976, com objetivo da regulamentação do mercado de valores mobiliários e criou a Comissão de Valores Mobiliários. Foi sucedida pela lei 6.404 de 15 de dezembro de l976, que teve como objetivo a regulamentação das Sociedades por Ações.

De fato as leis 6.385 e 6.404, foram sancionadas muito próximas umas das outras. Pode-se perceber a necessidade de organização por meio de regulamentos nos assuntos que envolvem a sociedade.

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Ainda no Planalto (2010), é descrito que a Lei número 11.638 foi decretada e sancionada em 28 de dezembro de 2007, e tem como objetivo alterar e revogar dispositivos da lei 6.404 e da Lei 6.385, estende-se às sociedades de grande porte, as disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.

Dessa forma percebe-se que todas as Leis aqui mencionadas que sofreram alterações, tiveram como objetivo a atualização, regulamentação e fiscalização de acordo com as necessidades do mercado. Apesar de suas alterações permanecem sua característica principal que é a regulamentação das Companhias ou Sociedade Anônima.

3.2 Direitos de um investidor

É de fundamental importância para o investidor conhecer os tipos de ações ofertadas pelas companhias de capital aberto. As estratégias direcionam o investidor na hora da decisão sobre qual o tipo de ação lhe trará o melhor retorno. Os direitos do investidor dependem da espécie de ação em que está em negociação.

O Capítulo X da Lei 6.404 no Art. 109 da Seção II especifica os Direitos Essenciais do acionista conforme Planalto, (2010):

I – participar dos lucros sociais; II – participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III – fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV – preferência para subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observando o dispositivo nos artigos 171 e 172; V – retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei; § 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares. § 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembléia-geral. § 3º O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar.

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O Capital Aberto (2011), explica o direito de votar. Como já vimos no item 3.1, as ações ordinárias dão o direito ao voto para o acionista. O investidor após a compra de ações passa a fazer parte do quadro de acionistas. Desta maneira, o investidor não pode abrir mão de participar da assembleia de acionistas ordinárias ou extraordinárias, pois são reuniões com objetivo de deliberar decisões que afetam a realidade da companhia.

A Assembleia Geral Ordinária acontece anualmente dentro dos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social (início em primeiro de janeiro e termina em trinta e um de dezembro do mesmo ano), segundo o Capital Aberto (2011). A Assembleia Geral Extraordinária tem como objetivo a reforma do Estatuto Social.

O direito a informação também é mencionado pelo Capital Aberto (2011). A companhia pode se comunicar com seus investidores e os participantes do mercado por meio de reuniões individuais (restritas de acordo com sua necessidade) ou públicas, pela internet, teleconferências e outras. Esta comunicação tem como objetivo, a transparência com o aumento do nível de informações referentes aos resultados operacionais da companhia.

A divulgação dos resultados apurados das empresas de Sociedade Anônima está prevista na Lei das S.As., além de ser regulamentada pela CVM, em especial aquelas que são listadas na Bolsa de Valores.

4 BOLSA DE VALORES

As bolsas de valores são associações civis sem fins lucrativos, na

visão de Fortuna (2005), e compostas por corretoras de valores que fornecem a infraestrutura do mercado de ações. É o local especialmente criado e mantido para negociações de valores mobiliários.

O objetivo principal da bolsa de valores é a comercialização das ações das empresas denominadas Sociedade Anônima. Efetua o controle das vendas e compras das ações.

A supervisão e a fiscalização dos membros e das operações realizadas na bolsa de valores cabem a Comissão de Valores Mobiliários, segundo Fortuna (2005). As corretoras e autoridades organizam as negociações de valores mobiliários em mercado livre e aberto.

A CVM “é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda, instituída pela Lei n° 6.385, de 07/12/l996, cujas atribuições são a normatização, regulamentação, desenvolvimento, o controle e a fiscalização do Mercado de Valores”, conforme descrito em seu site CVM (2010). Como o mercado de valores está em constante mudança e proporciona uma

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movimentação intensa, é muito importante a participação de outro órgão, neste caso a CVM, no que diz respeito ao seu desempenho.

Outro ensinamento da CVM (2010), é que a Companhia Aberta é aquela autorizada a negociar seus valores mobiliários junto ao público, tanto no mercado de balcão quanto em bolsa de valores, mediante registro junto à CVM.

Uma empresa só pode se cadastrar no processo de abertura do capital se constituída na forma de pessoa jurídica de sociedade anônima, de acordo com a lei n° 6.404, de 15/12/1976. Nos próximos capítulos serão apresentadas regras e medidas exigidas para a negociação de valores mobiliários.

O mercado de balcão é definido pelo Portal do Investidor (2010), como um mercado de títulos sem definição de local físico, com a finalidade de realização de transações feitas por telefone entre as instituições financeiras.

No Brasil, é classificado ainda pelo Portal do Investidor (2010), como organizado, por ser estruturado com um sistema de negociações de títulos e valores mobiliários, por meio de um sistema eletrônico de negociações por terminais interligados com as instituições credenciadas em todo o Brasil. Suas ordens de compras e vendas são processadas com fechamento de negócios eletrônicos.

Fazem parte do mercado de balcão organizado todas as instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários, dentre elas as sociedades corretoras de valores ou de mercadorias, as distribuidoras e os bancos de investimento.

A instituição para se tornar membro do mercado de balcão organizado, no dizer do Portal do Investidor (2010), deverá fazer se cumprir todos os requisitos impostos pela entidade administradora, pela CVM e pelo Banco Central do Brasil.

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos regulamenta as empresas públicas no intuito de evitar as fraudes. No Brasil a oferta pública é realizada pela Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e fiscalizada pela CVM. (EDWARD GRABIANOWSKI, 2008).

A empresa que vai a público, do ponto de vista de Edward Grabianowski (2008), abrirá sua contabilidade, os planos de marketing e os números de venda, facilitando a proteção de determinados empréstimos e arrecada dinheiro de outros investidores.

Desta maneira, o contador tem fundamental importância no processo de abertura do capital, por isso deve observar os princípios contábeis e todas as normas existentes, para obter os melhores resultados na hora do retorno do investimento.

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Nos países em que existem bolsas de valores bem estruturadas, líquidas e transparentes, os mercados de ações são mais eficientes, na opinião da CVM (2010). A bolsa de valores proporciona benefícios a todos os integrantes da sociedade, dentre eles a elevação de capital por meio da venda de ações.

5 ABERTURA DE CAPITAL DA EMPRESA

Para abertura de seu capital, uma empresa tem que ter um histórico

que conste a definição de sua situação no mercado, sua visão de onde quer chegar e suas demonstrações financeiras que mostrará seu desempenho, como descrito pela CVM (2010). O histórico da empresa é obtido por meio das demonstrações, que são de maneira gerais fornecidas pelo setor de contabilidade. Desta maneira o contador tem seu papel de relevante importância.

A abertura do capital dessas empresas transfere aos investidores parte de seu controle acionário. As companhias abertas podem expandir seus investimentos por meio do financiamento com o dinheiro recebido e do aumento de seus caixas. Tem como principal propósito levantar capital pela empresa ou sociedade para ser utilizado como investimento e resultar em expansão da empresa.

A CVM (2010), descreve que a compra de ações poderá ser feita mediante cadastro de uma corretora autorizada pelo órgão competente que irá intermediar as negociações. Haverá um período de reserva onde o investidor poderá contatar a corretora e solicitar a compra.

Após o encerramento do período de reserva será fixado o preço das ações nas vésperas da IPO. Na visão do site Bússola do Investidor (2010), não pode haver desistência do negócio quando ocorrer o término deste período. Desta forma, antes de fazer a solicitação de compra de ações, é importante ter certeza da participação na oferta pública. Uma vez solicitado, não haverá desistência. Todas as análises devem ser feitas de maneira precisa e segura.

Caso a demanda pelas ações seja superior a oferta, no dia da IPO, as ações podem ser limitadas ao pedido de compra, como caracteriza o Bússola do Investidor (2010). A comissão e corretagem são pagas pela empresa, logo o custo do investidor com a operação irá restringir-se ao valor das ações.

As companhias de capital aberto têm direito de: negociar seus valores mobiliários publicamente em bolsas de valores ou mercado de balcão, organizado ou não; Obter captação de recursos com o lançamento público de valores mobiliários; Obter registro na CVM, referente aos programas de

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lançamento de recibos de depósitos negociáveis no exterior, para captação de recursos em mercados estrangeiros, segundo publicado pela CVM (2010).

5.1 Vantagens para a empresa que abre o capital

Como a abertura do capital da empresa tem por finalidade a captação de recursos e investimentos, podem-se listar inúmeras vantagens que as empresas obtêm. Este processo deve ser seguido e ter observância aos regulamentos devidos para se atingir objetivos e retornos positivos. Este item demonstrará as principais vantagens.

A CVM lista em suas publicações as vantagens que a empresa tem com a abertura de seu capital, a saber:

• Captação de recursos para o financiamento de projetos, expansão, mudança de escala ou diversificação de seus negócios e reestruturação dos passivos financeiros, por meio do acesso ao mercado de capitais.

• O lançamento de valores mobiliários para captação de recursos é uma modalidade de financiamento bancário, viabiliza o acesso a investimentos no Brasil e no exterior. Possibilita a captação de recursos externos, por meio de processos de lançamento de recibo de depósitos negociáveis nos mercados de capitais de outros países, tendo aprovação da CVM e Banco Central.

• Maior flexibilidade estratégica balanceando as relações entre capital de terceiros e acionários, e risco empresarial. Com a oportunidade de negociação de sua participação na empresa, os acionistas controladores, aumentam a liquidez de seu patrimônio, que tende a se valorizar ao longo do tempo com a diversificação de investidores institucionais nacionais ou estrangeiros.

• Apresenta maior participação e prestígio no mercado com a transparência e confiabilidade que são exigidas nas informações básicas que facilitam os negócios resultando na imagem institucional.

• Uma companhia aberta tem uma melhoria de imagem, pois tende a ter um diferencial competitivo.

• Reestruturação societária com a abertura de capital, sendo orientado por especialistas em questões societárias aptos na apresentação de alternativas, de acordo com parâmetros desejados de independência gerencial e eficiência fiscal. A companhia aberta tende a facilitar novos investimos de associações internacionais.

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• Profissionalização da companhia, devido às disposições legais. É feita uma eleição de conselheiros representantes dos acionistas e é exigido um diretor de relações com investidores. O investidor procura na companhia, uma administração profissionalizada, por isso tem a necessidade de treinamento profissional dos ocupantes de cargo de direção.

• Os funcionários também podem participar das negociações e capital da companhia. Este procedimento é mais comum no mercado internacional.

5.2 Desvantagens para a empresa que abre o capital

O processo de abertura de capital, assim como a remuneração dos acionistas, a administração de sistemas de informações específicas com o propósito do controle da empresa, geram custos, segundo a CVM (2010). Podem ser destacados os seguintes custos:

• O Departamento de Acionistas necessita de manutenção.

• Controle de um Departamento de Relações com Investidores, podendo ser incorporado ao Departamento de Acionistas. Este setor tende a centralizar todas as informações internas que serão fornecidas ao mercado com a integração e sistematização das informações.

• É necessária a contratação de especialistas em emissão de ações e de serviços de auditores independentes mais abrangentes.

• São cobradas taxas da CVM e das Bolsas de Valores.

• Publicação das informações sobre as atividades da empresa de maneira sistemática.

As exigências legais são inúmeras, por isso a companhia tem que

fazer um controle e manutenção periodicamente de seus investimentos para obter os melhores resultados. Todo investidor procura bons resultados no intuito do seu retorno, desta maneira se torna indispensável uma orientação de profissionais especializados, que resulta em custos. 5.3 Etapas para abertura do capital

A abertura do capital da empresa exige um processo realizado em etapas, de acordo com www.monitorinvestimentos.com.br (2011), que são

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regidas pela Lei das S.A.s e 6.385/76 e Instruções Normativas da CVM número 13/80, 88/88 e 202/93, como segue:

5.3.1 Análise preliminar da conveniência da abertura:

Será feito um levantamento sobre os motivos pelos quais a companhia deseja abrir seu capital, analisando sua situação financeira e societária, planos e a disposição da companhia em ser transparente. Deverá ser feita análise da necessidade prévia de reestruturação societária, situação política, macroeconômica e suas relações com o mercado e se o momento é propício para esta abertura. É fundamental a verificação de qual será o título que mais adapta ao perfil da operação a ser empreendida. Mediante estas análises, o investimento tende a ser mais seguro e com o retorno mais positivo e próximo ao desejado.

5.3.2 Escolha de auditoria independente

É indispensável contratação de uma auditoria externa que seja registrada na CVM. A auditoria externa é uma exigência legal para que a veracidade e transparência das informações apresentadas contribuam para uma melhor conceituação da empresa perante o mercado.

Os procedimentos e processos são rigorosamente avaliados pela auditoria externa, demonstrando ao investidor uma confiabilidade e fidedignidade das contas e dados apresentados.

5.3.3 Intermediário financeiro

Para a abertura de capital é exigido por lei que seja feita por um intermediário financeiro (corretora de valores, banco múltiplo, banco de investimento ou distribuidora), que tem a função de coordenar a operação. É recomendado que a empresa, para garantir a segurança da sociedade, consulte no mercado o intermediário que apresente uma qualificação necessária e o melhor modelo de operação a um custo mais adequado, que não utilize apenas intermediário financeiro habitual.

5.3.4 Definição de preço e volume da operação por meio de estudos técnicos

A instituição coordenadora escolhida enviará seus analistas e operadores de subscrição para que seja feita uma análise da saúde financeira presente e perspectivas futuras da empresa, que indicará a capacidade futura

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de honrar seus compromissos e será determinado o modelo mais adequado para abertura do capital.

Serão feitos estudos e levantamentos tendo como base a área financeira, por meio de análises das demonstrações financeiras, verificação das instalações produtivas com as áreas relatadas, reconhecimento da situação da companhia mediante concorrência, simulações de resultados e aportes de recursos. Tendo os resultados obtidos, haverá a definição da espécie e forma de ações que serão lançadas no mercado, assim como a política de dividendos a ser adotada, com regra definida no Estatuto Social.

5.3.5 Adaptação dos Estatutos e outros procedimentos legais

A abertura do capital exige que a empresa se transforme em sociedade por ações, desta maneira são deliberadas em Assembleia Geral Extraordinária, matérias como a nova denominação social, composição do capital social e a adaptação do Estatuto Social à nova condição social.

É nomeada a Diretoria e Diretor de Relações com Investidores (DRI), pelo novo Conselho de Administração. O DRI deve ter o conhecimento geral de diversas áreas da empresa, que deve ter boa reputação no mercado e dispor do tempo necessário para atender os acionistas. Pode ser atribuição estatuária do Conselho de Administração a liberação de aumentos de capital e a convocação de novas assembleias para esse fim, limitando-se ao capital autorizado.

5.3.6 Contratos de coordenação e distribuição

A companhia e seu agente financeiro, após definidas as condições de lançamento, definem as características da distribuição, como também se a operação será com garantia firme de subscrição, ou se ela será feita no regime de melhores esforços (Best efforts).

A garantia firme de subscrição é a garantia na aquisição das Ações, pelo preço de emissão ou subscrição (aumento de capital, venda de Ações), indicada no Prospecto definitivo, que será conceituado posteriormente neste trabalho. O coordenador de contrato e distribuição e outros participantes não são responsáveis pela subscrição dos valores mobiliários não colocados no mercado quando optarem pelo regime de melhores esforços.

5.3.7 AGE deliberativa da operação e período de preferência O lançamento de novos valores mobiliários pode ser autorizado pelos

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acionistas por meio da Assembléia Geral Extraordinária (AGE), onde serão

mencionadas as principais características da operação.

5.3.8 O processo para obtenção de registro na CVM

A emissão de valores mobiliários depende de registro na CVM, em obediência a Lei 6385/76. O registro de companhia para negociação em Bolsa ou para mercado de balcão é concedido pela CVM para empresa ingressante no mercado, é regulamentado nos artigos 2° e 3° da Instrução CVM n° 400 e os documentos necessários estão contidos no anexo II desta Instrução, que será anexada a este trabalho de maneira completa para apreciação de interessados.

Os documentos e informações para o registro na CVM são especificados também no prospecto que é o documento básico de divulgação da emissão e da companhia, que deverá estar à disposição dos investidores no final do processo.

A CVM cobra uma taxa para iniciar a emissão do registro. O valor depende do tipo da operação. O processo será analisado por uma comissão que tem prazo de trinta dias, podendo solicitar novas informações, recomeçando a contagem do prazo a partir do recebimento dos mesmos. É emitido um número de Registro quando houver o deferimento do registro.

5.3.9 O registro da empresa na bolsa de valores

No Brasil existem nove Bolsas de Valores coordenadas pela Comissão Nacional das Bolsas de Valores (CNBV), porém a companhia deve se registrar na Bolsa que controle a Unidade da Federação de sua sede.

A empresa só pode listar ou negociar suas Ações na Bolsa de Valores mediante seu registro. O registro é solicitado por meio de envio de requerimento à bolsa juntamente com o número de cadastro na CVM e os documentos enviados para a mesma. A solicitação é verificada pelo Conselho de Administração da Bolsa, podendo ocorrer em paralelo a analise do processo na CVM.

O deferimento do pedido de registro indica que a empresa pode fazer as negociações com a intermediação de corretores associados. A empresa emissora é responsável pelo pagamento de anuidade junto a Bolsa de Valores após o seu registro.

5.3.10 Constituição do “pool” de distribuição

O coordenador da distribuição procura a formação e organização de um pool (piscina em português) de instituições financeiras, mesmo com o

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processo ainda em andamento na CVM. O pool de instituições pode ser considerado como um grupo ou conjunto de instituições.

Ainda, de acordo com o Monitor Investimentos (2011), as instituições financeiras são classificadas nas seguintes categorias:

• Coordenador (es): instituições responsáveis pelo processo junto à Bolsa de Valores e à CVM até o momento da liquidação financeira.

• Líderes e Consorciados: instituições que tem responsabilidade pela distribuição, sendo diferenciadas de acordo com o tamanho do lote de distribuição.

5.3.11 Marketing junto aos investidores potenciais

Com o deferimento da CVM para a distribuição pública, os responsáveis pela operação buscam investidores potenciais. Esta fase requer uma prática de marketing que são caracterizadas por:

• Publicação e divulgação de material sintetizado das informações contidas no Prospecto.

• Providenciar visita de investidores potenciais à empresa.

• Realização de reuniões com a presença da ABAMEC (Associação Nacional dos Analistas de Mercado de Capitais), na empresa e em suas regionais.

5.3.12 Leilão em bolsa ou subscrição de novos títulos

Pode haver a colocação primária de títulos por meio de leilões, porém, pouco se usa. No lançamento primário, os investidores subscrevem os títulos por meio do preenchimento de boletim de subscrição, utilizando um modelo da própria CVM.

5.3.13 Liquidação financeira

Quando os títulos são subscritos ou é confirmada a venda no mercado secundário, acontece a liquidação financeira pela instituição coordenadora. Nesta fase acontece o recebimento dos valores negociados com os investidores, desta maneira a empresa emissora ou acionista recebe seus valores por meio de um repasse. O recebimento do repasse dos recursos financeiros captados pode ser feitos com prazo desde que tenha sido negociando durante a contratação da operação.

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5.3.14 Divulgação de encerramento da distribuição pública A divulgação de encerramento da distribuição pública é de

responsabilidade do coordenador da operação. O prazo máximo para a divulgação é de quinze dias após a conclusão da distribuição.

A efetivação da subscrição das ações tem um prazo de seis meses para ser feito, desde o início do período de preferência, em caso na inexistência deste, prevalece a da data da AGE ou RCA (Reunião do Conselho de Administração da Companhia) de deliberação da emissão. A CVM anula o aumento de capital se não for feito a divulgação junto ao público da totalidade dos títulos que foram emitidos.

5.5 Prospecto

O prospecto é um documento indispensável ao processo de abertura de capital ou de emissão de valores mobiliários. Existem dois tipos básicos de prospecto: o preliminar e o definitivo. Nele são contidas informações precisas e indispensáveis para o cadastro junto à CVM e a Bolsa de valores, inclusive aos investidores que antes de fazerem qualquer negociação o analisam de forma detalhada para conhecer o tipo e investimento que irá realizar.

A Instrução CVM número 400, (2003), normatiza o prospecto por meio de seus artigos 38, 39, 40, 41 e 42. No artigo 38 é definido como documento feito pela companhia que oferta as ações em conjunto com a instituição líder da distribuição. Contém informação completa, verdadeira, precisa, clara, atual, necessária e objetiva, em linguagem acessível, para que o investidor possa obter informações criteriosas para sua decisão de investimento.

O artigo quarenta e seis da Instrução CVM (2010), em seu parágrafo primeiro demonstra que o Prospecto Preliminar deverá constar os seguintes dizeres em sua capa:

I. Prospecto Preliminar e a respectiva date de edição;

II. As informações contidas neste prospecto preliminar estão sob análise da Comissão de Valores Mobiliários, a qual não se manifestou a seu respeito;

III. O presente prospecto preliminar está sujeito a complementação e correção; e

IV. O prospecto definitivo será entregue aos investidores durante o período de distribuição.

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5.5.1 Regulamentação e conceito do prospecto

O prospecto é regulamentado e conceituado pela Instrução CVM número 400 nos artigos trinta e oito, trinta e nove, quarenta, quarenta e um e quarenta e dois.

É conceituado pela Instrução CVM 400 (2003), como sendo um documento organizado e elaborado pela companhia em conjunto com a instituição responsável pela oferta pública a que se trata nesta instrução, deverá conter informação completa, verdadeira, precisa, atualizada, clara, necessária e objetiva, com linguagem acessível, para proporcionar aos investidores uma forma criteriosa em relação à sua opção de investimento.

De fato é perceptível a sua importância devido às informações contidas e devem-se levar em consideração que o investimento em ações é uma maneira que a princípio não se sabe muito sobre a empresa que está em busca de investidores. Para o investidor o prospecto é como uma apresentação detalhada do tipo de investimento que está prestes a realizar.

Em outras palavras o BM & F BOVESPA (2011), o prospecto é o documento que fornece informações sobre o negócio da empresa e o ramo em que ela atua. É organizado no formato de um livro e contém um índice que orienta no momento de análise da oferta. O prospecto traz informações como: perspectivas e planos da companhia, situação do mercado em que atua os riscos do negócio, o quadro administrativo da empresa e outras informações muito importantes que irão auxiliar na hora da decisão de se tornar sócio da companhia.

É acrescentado pelo BM & F BOVESPA (2011), que no prospecto existem duas seções que podem ter uma atenção especial:

• “Fatores de risco”: na hora em que se vai comprar ação é muito importante saber sobre os riscos do negócio da companhia, os riscos referentes ao mercado brasileiro em que ela faz parte assim como os próprios riscos da oferta em questão. Esta análise é de maneira geral.

• “Analise e discussão da administração sobre a situação financeira e os resultados operacionais da Companhia”: são apresentados detalhes sobre a avaliação geral da situação financeira de maneira cautelosa.

São apresentadas algumas dicas pela BM & FBOVESPA (2011), para

obter mais informações na hora da escolha e decisão do investimento: é importante verificar as análises realizadas pela corretora do próprio investidor sobre a companhia que faz a oferta e consultar os prospectos de

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ofertas em andamento no seu próprio site, no campo “Ofertas em andamento”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi demonstrado por meio desta pesquisa, que a oferta pública inicial, é opção de investimento para as empresas de Sociedade Anônima de capital aberto. Este investimento tem como finalidade a captação de novos recursos.

A negociação na bolsa de valores pode resultar em ótimos investimentos, pois está acondicionada a regulamentos que asseguram às empresas seus direitos e deveres. Com a abertura do seu capital, a empresa passa a pertencer a vários sócios e torna-se importante o controle e demonstração de seus resultados, pois apresentam a realidade da empresa.

A abertura do capital depende de registro na Bolsa de Valores e na CVM e só pode ser negociado por meio de intermédio de pessoa autorizada. É um processo longo e caro devido à reestruturação da empresa. Estas medidas visão a proteção dos investidores e das empresas que ofertam as Ações.

A abertura do capital da empresa tem por finalidade a captação de recursos e investimentos, para financiar projetos de expansão, mudança de escala ou diversificação de seus negócios e reestruturação dos passivos financeiros, por meio do acesso ao mercado de capitais. Já em contrapartida, existe algumas desvantagens como contratação de especialistas em emissão de ações e de serviços de auditores independentes mais abrangentes, cobradas taxas da CVM e das Bolsas de Valores, criação de um Departamento de Relações com Investidores, podendo ser incorporado ao Departamento de Acionistas. Este setor tende a centralizar todas as informações internas que serão fornecidas ao mercado com a integração e sistematização das informações e publicação das informações sobre as atividades da empresa de maneira sistemática.

O contador pode estar presente em vários momentos no processo de abertura do capital. Ele apura ou analisa os resultados, pode também ser o auditor interno ou independe. Sua postura é fundamental, deve ser baseado nos princípios contábeis bem como a observação das normas.

REFERÊNCIAS

BM & FBOVESPA – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros. Disponível em

<http://www.bmfbovespa.com.br>. Acesso em: 29 jan. 2011

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Gestão Financeira

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______. Oferta pública de distribuição de ações. Disponível em http://www.bmfbovespa.com.br>. Acesso em: 20 fev. 2011.

BÚSSOLA DO INVESTIDOR. IPO, Ofertas Públicas e Subscrição. O que são? Disponível em <http:// www.bussoladoinvestidor.com.br>. Acesso em: 10 set. 2010.

CAPITAL ABERTO. Lanterna da turma. Disponível em <http://www.capitalaberto.com.br>. Acesso em: 13 set. 2010.

______. Características do prospecto. Disponível em: <http://www.capitalaberto.com.br>. Acesso em: 07 mar. 2011.

CVM. Publicações e Artigos – Abertura de Capital de Empresas. Disponível em <http:// www.cvm.gov.br/port/.../publ_200.asp>. Acesso em: 01 nov. 2010

______. SOI Proteção ao Investidor. Disponível em <http://cvm.gov.com.br/port/protin/programa.asp>. Acesso em: 29 jan. 2011

EDWARD GRABIANOWSKI. HowStuff Works – Como funcionam as ofertas publicas iniciais (IPOs). Publicado em 28 de agosto de 2004 (atualizado em 24 de junho de 2008). Disponível em <http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/ipo.htm>. Acesso em: 30 out. 2010.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro – produtos e serviços. São Paulo: 16ª Ed. Qualitymark Editora Ltda, 2005.

INVESTEDUCAR. IPO. Disponível em <http://www.investeducar.com.br/educação//...ipo.ashx>. Acesso em: 13 jan. 2011.

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MONITOR INVESTIMENTOS. A sua porta de entrada no mercado. Disponível em <http:// www.monitorinvestimentos.com.br.aprendizado>. Acesso em: 12 fev. 2011

MUNDO TRADE. O que são ações? Disponível em: <http://www.mundotrade.com.br/.../o-que-sao-acoes>. Acesso em: 14 nov. 2010 PORTAL DO INVESTIDOR. O que é mercado de balcão organizado. Disponível em: <http://www.portaldoinvestidor.gov.br>. Acesso em: 05 nov. 2010.

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Gestão Educacional

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GESTÃO DE HORÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR PRIVADO: COMBATENDO A RESILIÇÃO COM INOVAÇÃO

Thiago Luís Nogueira Silva [email protected]

Luiz Carlos Vieira Guedes

[email protected]

Juarez Monteiro de Rezende [email protected]

RESUMO O presente capítulo apresenta, através de estudo de caso, a aplicação de técnicas e ferramentas que otimizam os processos que constituem a construção de um horário acadêmico. Tal abordagem se justifica pelo fato do elevado custo que este procedimento gera, dessa forma se tem como principal objetivo deste capítulo, apresentar uma nova forma de construir horários acadêmicos, de forma que seja reduzido a diferenças salariais, tempo de execução, a otimização do processo, a centralização das informações, gerenciamento do espaço físico e geração de dados para tomada das decisões. Para se alcançar o objetivo, se faz necessário o conhecimento prévio do que é uma resilição, dos impactos financeiros e administrativos oriundos desta prática, após está analise, o procedimento adotado será a descrição de como se construir um horário acadêmico, voltado no ensino superior dos cursos de engenharia e arquitetura. O estudo demonstrou que os resultados alcançados com a aplicação de algumas ferramentas, pode reduzir o custo de resilições em 49%, reduzindo além disso, o tempo necessário para a construção dos horários, centralização das informações, controle e gerenciamento do espaço físico.

Palavras-chave: Resilição. Inteligência em Negócios. Horários. Acadêmicos.

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1 INTRODUÇÃO

Resume-se, inicialmente, como construção de um horário acadêmico, a forma como os professores são alocados mediante as disciplinas a serem lecionadas, disponibilidades dos docentes horistas, espaço físico disponível e demais detalhes pontuais característicos de cada professor.

Apesar desse quadro exposto, visando apensas o lado acadêmico e pedagógico, há uma situação extremamente prejudicial para a instituição de ensino que é a Resilição, caracterizada pela redução da carga horária do docente, em relação ao semestre atuante com o mesmo semestre do ano anterior, ou seja, o professor deve manter o mesmo número de aulas que tinha no ano anterior, quando essa diferença salarial acontece, a instituição deve pagar uma indenização para o docente. O impacto deste procedimento, só se torna visível, quando a uma integração de setores, administrativos e pedagógicos.

Este trabalho consiste em apresentar uma nova forma de construção de horários acadêmicos, visando a redução de resilições, ponderando também sobre os percentuais de professores em relação a titulação por curso, essencialmente importante para manter a qualidade do ensino, gerenciamento do espaço físico e promover o ensalamento das turmas, tudo com ferramentas simples, porém com um alto valor no que se refere a coleta de informações para tomadas de decisões, facilitando a resolução de problemas e na agilidade do processo

2 APRESENTAÇÕES DOS ENVOLVIDOS NO ESTUDO DE CASO

A Instituição de ensino, alvo deste estudo, trabalha no meio acadêmico atuando nos setores da educação presencial e a distância com mais de 7.000 alunos.

Composta basicamente por três gestões, a Gestão de Educação e Negócios, a Gestão de Saúde e Sociedade e a Gestão de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia, esta última sendo especificamente a gestão alvo deste estudo.

A gestão hora citada, foi escolhida por apresentar um cenário em que a construção de horários se apresenta de forma mais complexa, pois exigem docentes específicos de cada área, diminuindo assim a disponibilidade oferecida, além disso, existem diversas disciplinas que exigem aulas práticas em laboratórios criando mais um fator de complicação. Ela possui aproximadamente 1500 alunos em 6 cursos ofertados, são eles:

a) Engenharia Mecânica; b) Engenharia Civil; c) Engenharia de Produção; d) Engenharia Elétrica; e) Engenharia Agronômica; f) Arquitetura.

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3 GESTÃO DE HORÁRIOS – FATORES IMPORTANTES PARA A TOMADA DE DECISÃO

Afim de se obter um processo sistemático de operação, adquirindo, tratando e analisando determinadas informações, que podem ser tantos dados externos como internos de uma Instituição, o provável resultado disso é um processo do qual se tem embasamento para tomada de decisão. (PETRINI et al, 2006).

Quando se trabalha com BI (Business Intelligence) não se aplica à condição obrigatória de trabalhar com programas e sistemas específicos para atender a uma determinada finalidade, mas sim com ferramentas, processos e métodos que quando aplicados de forma correta, oferece subsídio para a tomada de decisão, com isso o processo se torna mais confiável em todos os níveis do negócio. (MELLO, 2014).

3.1 Fatores críticos para construção de um horário

Conforme já citado, quando se trabalha com a necessidade de se equalizar um quadro de horários que atenda tanto a necessidade dos docentes, mas também a exigência de se ter um processo acadêmico de qualidade, que vise a otimização e a redução de custos, é necessário abordar individualmente os fatores críticos que norteiam a construção de horários, a partir daí pode-se delinear ferramentas que possam coletar e tratar dados essenciais para o processo, é o que afirma Petrini; et al (2006).

3.2 Resilição / Diferença Salarial

Aplica-se aos ganhos do docente o princípio da irredutibilidade dos salários, ressalvados os casos de aula de substituição e eventuais como excedentes (...) § 9º - O pagamento da indenização estabelecida nos § 2º e 3º desta cláusula poderá ser suspenso pelo prazo de 1 (um) ano, autorizado seu não pagamento caso as aulas reduzidas sejam restabelecidas ao contrato de trabalho do professor. Se parcial o restabelecimento das aulas, as que remanescerem não restabelecidas serão a base de cálculo da indenização mencionada. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho no interregno de tempo referente à suspensão do pagamento de que trata este parágrafo, os valores devidos a título de indenização serão quitados juntamente com as demais verbas rescisórias. (CCT – Sindicato dos Professores de Minas Gerais – Sinpro MG, 2012/2013 p. 18).

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É denominada Resilição Parcial do Contrato de Trabalho quando o empregado tem suas horas e salário reduzidos proporcionalmente. Nos casos de docentes, ela é definida quando a Instituição reduz a carga horária de um professor, unilateralmente, em relação ao mesmo semestre do ano anterior. Para ser calculada, leva-se em consideração o número de aulas reduzidas, valor da aula base, tempo de serviço do colaborador, além de fatores previstos em Convenção Coletiva de Trabalho. (CCT, 2013).

No entanto, é importante ressaltar que os dados apresentados até aqui, sejam tratados enquanto ainda existe o vínculo empregatício com a Instituição. Após a demissão, os valores provenientes de resilições não homologadas são considerados como salários retidos, gerando assim um passivo trabalhista. Em caso de o professor ingressar com uma reclamação trabalhista o entendimento, na maioria destes casos, é de que a empresa deve pagar a diferença salarial (artigo 7º, inciso VI da CLT), considerando o período imprescrito até o desligamento, o que implica um valor muito além do que seria devido se pago durante o contrato de trabalho.

Para demonstrar essa situação, as tabelas abaixo comparam situações reais vividas pela Instituição (Tabela 1), também identificam casos em que os professores teriam direito ao pagamento das verbas, porém não as reclamaram (Tabela 2). (FEPESMIG, 2014).

Litígios Ajuizados em Desfavor da FEPESMIG

Cargo Valor da Causa Valor acordado Valor sem o acordo

PROFESSOR (A) TITULAR B I R$35.000,00 R$ 10.000,00

R$ 18.000,00 a R$ 20.000,00

Tabela 1: Litígios Ajuizados Fonte: O Autor (2015)

Diferenças Salariais - Professores Demitidos - Não Reclamadas

Período da Redução Demissão Hora Aula Aulas Reduzidas

DIFERENÇA SALARIAL

2010-1/2011-1 e

2010-2/2011-2 01/12/2011 R$29,48 4 R$13.542,82

2010-1/2010-2 31/12/2010 R$29,48 9 R$ 8.942,29

Tabela 2: Diferenças Salariais Fonte: O Autor (2015)

OBS.: Quando o professor permanece durante muito tempo com a carga

horária reduzida, o valor da diferença salarial eleva. Para analisar as situações, de uma resilição devidamente homologada no

decorrer do contrato de trabalho e as diferenças salariais impostas pela justiça,

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segue um gráfico que compara os valores devidos, considerando o mesmo valor de hora/aula, período onde houve a redução e a mesma quantidade de horas reduzidas. (FEPESMIG, 2014).

Figura 1: Comparativo Resilição x Diferença Salarial

Fonte: O Autor (2015)

3.3 Exigências Legais

Conforme consta nas normas e nos Instrumentos de Avaliação do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) definem restrições adicionais para um nível mínimo de qualidade. (LARA, 2007).

Seguindo essa premissa, as Instituições de Ensino Superior (IES), mais especificamente os Centros Universitários, que é o alvo deste estudo, necessitam ter padrões que são considerados mínimos pelas entidades públicas, dentre várias exigências contidas nas dimensões do Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação Presencial e a Distância, a que diz respeito no item 2 “Corpo Docente e Tutorial”, enquadra no que se refere a este trabalho.

Para definir esta dimensão no que tange a elaboração de um quadro de horário, a tabela 3, 4 e 5, reflete as condições a serem seguidas para obter o conceito do MEC no que se refere ao abordado neste trabalho, o instrumento completo, pode ser acessado no portal do INEP.

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Indicador Conceito Critério de Análise

2.7. Titulação do corpo docente do curso (Para fins de autorização, considerar os docentes previstos para o primeiro ano do curso, se CSTs, ou dois primeiros anos, se bacharelados/licenciaturas)

1

Quando o percentual dos docentes do curso com titulação obtida em programas de pós-graduação stricto sensu é menor que 15%.

2

Quando o percentual dos docentes do curso com titulação obtida em programas de pós-graduação stricto sensu é maior ou igual a 15% e menor que 30%.

3

Quando o percentual dos docentes do curso com titulação obtida em programas de pós-graduação stricto sensu é maior ou igual a 30% e menor que 50%.

4

Quando o percentual dos docentes do curso com titulação obtida em programas de pós-graduação stricto sensu é maior ou igual a 50% e menor que 75%.

5

Quando o percentual dos docentes do curso com titulação obtida em programas de pós-graduação stricto sensu é maior ou igual a 75%.

Tabela 3: Indicador 2.7. Titulação do Corpo Docente Fonte: Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação presencial e a distância –

INEP 2010

Indicador Conceito Critério de Análise

2.8. Titulação do corpo docente do curso – percentual de doutores (Para fins de autorização, considerar os docentes previstos para o primeiro ano do curso, se CSTs, ou dois primeiros anos, se bacharelados/licenciaturas)

1 Quando não há doutores do curso.

2 Quando o percentual de doutores do curso é menor ou igual a 10%.

3 Quando o percentual de doutores do curso é maior que 10% e menor ou igual a 20%.

4 Quando o percentual de doutores do curso é maior que 20% e menor ou igual a 35%.

5 Quando o percentual de doutores do curso é maior que 35%.

Tabela 4: Indicador 2.8. Titulação do Corpo Docente – Percentual de doutore Fonte: Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação presencial e a distância –

INEP (2010)

Além dos instrumentos de legalização e controle da profissão docente, ao distribuir aulas é necessário considerar a disponibilidade do profissional, assunto este a ser tratado no próximo tópico.

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Indicador Conceito Critério de Análise

2.9. Regime de trabalho do corpo docente do curso (Para fins de autorização, considerar os docentes previstos para o primeiro ano do curso, se CSTs, ou dois primeiros anos, se bacharelados/licenciaturas) (Para os cursos de Medicina, os critérios de análise passam a figurar da seguinte maneira: Conceito 1 – menor que 50% Conceito 2 – maior ou igual a 50% e menor que 60% Conceito 3 – maior ou igual a 60% e menor que 70% Conceito 4 – maior ou igual a 70% e menor que 80% Conceito 5 – maior ou igual a 80%)

1

Quando o percentual do corpo docente previsto/efetivo com regime de trabalho de tempo parcial ou integral é menor que 20%.

2

Quando o percentual do corpo docente previsto/efetivo com regime de trabalho de tempo parcial ou integral é maior ou igual a 20% e menor que 33%.

3

Quando o percentual do corpo docente previsto/efetivo com regime de trabalho de tempo parcial ou integral é maior ou igual a 33% e menor que 60%.

4

Quando o percentual do corpo docente previsto/efetivo com regime de trabalho de tempo parcial ou integral é maior ou igual a 60% e menor que 80%.

5

Quando o percentual do corpo docente previsto/efetivo com regime de trabalho de tempo parcial ou integral é maior ou igual que 80%.

Tabela 5: Indicador 2.9. Regime de Trabalho Fonte: Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação presencial e a distância –

INEP (2010) |

3.4 Disponibilidade do Docente

Segundo Takahashi (2014), da Folha de São Paulo, as universidades brasileiras sofrem um apagão de professores de engenharia, este fato ocorre porque as indústrias oferecerem salários bem mais competitivos do que o mercado educacional, que ainda exige titulação por parte do docente, segundo o jornalista, pesquisas mostram que o professor ingressante numa instituição pública, com o grau de doutor, inicia-se com uma remuneração de R$8.000,00, porém para um engenheiro recém formado, que consegue ingressar em uma empresa, como a Petrobras, inicia sua carreira com o salário de R$8.100,00. Então essa disputa desleal acaba levando os profissionais para a indústria e deixando as instituições, tanto públicas quanto privadas, com um elevado grau de carência desses profissionais.

Quando o professor-engenheiro vem para a Instituição, num caso específico, para as privadas, ele exige dias e horários completamente engessados o que causa o mesmo efeito no horário acadêmico, sendo este mais um fator crítico para a elaboração do mesmo. Sendo assim há necessidade de se observar de perto esta variável, de forma que possa ser contornada durante a escolha dos professores (TAKAHASHI, 2014).

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3.5 Choque de Horários

Um dos grandes motivos que são geradas as resilições, já mencionadas, são os choques de horários dos docentes entre os cursos, que acabam por retirar o professor de uma determinada disciplina fazendo assim com que o professor tenha a carga horária reduzida.

Se o objetivo é eliminar as resilições, ou mesmo reduzi-las a valores aceitáveis, este se torna também um fator crítico para a elaboração dos horários, e deve ser contemplado nas ações de combate a resilição.

4 ESTUDO DE CASO - FERRAMENTAS E ETAPAS DE CONTRUÇÃO DOS HORÁRIOS ACADÊMICOS

Segundo levantamento feito pela própria Instituição da qual este estudo de caso foi feito, os laboratórios utilizados para as aulas práticas dos cursos em questão, trabalham quase que na sua total carga, com exceção dos laboratórios específicos que são utilizados por poucos cursos, com isso, a gestão desses espaços se torna imprescindível para o andamento do processo de construção dos horários.

Além dos espaços dos laboratórios, há uma demanda maior ainda no que se refere os espaços de sala de aula. Os cursos em questão, todos são constituídos de dez períodos, totalizando cinco anos de duração. Para realizar o ensalamento destas turmas, é necessário que se tenha a disposição cinco salas para cada curso, considerando ainda que os cursos de Eng. Mecânica e Eng. Civil, possuem duas turmas cada, com esses dados fica fácil definir que para o ensalemanto correto destas turmas, é necessário que minimamente hajam quarenta salas disponíveis dentro da Instituição. Este número é acima do que a estrutura física dos blocos onde estes cursos são ministrados comportam, que são trinta e duas salas.

Para driblar esta situação, a Reitoria da Instituição resolveu iniciar um estudo para viabilizar uma nova forma de construção de horários, que tratasse as turmas como elementos dinâmicos nos horários, ou seja, elas não mais seriam fixadas em uma sala, mas sim teriam os seus horários enquadrados nos horários das salas.

Através deste estudo, constatou-se que as trinta e duas salas disponíveis, poderiam comportar os alunos dos referidos cursos, tornando-se porém, mais um fator crítico de operação.

Para se construir um horário acadêmico, é necessário introduzir uma análise sobre os tópicos já citados, como a abordagem desses dados demanda muito trabalho e a utilização de vários profissionais, é necessário criar ferramentas que possam fornecer subsídio para realização de tais tarefas.

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Como já é conhecido a necessidade de se utilizar BI (Inteligência em Negócios) para resolver demandas no meio dos negócios (MELLO, 2014), não seria diferente na abordagem desta situação. Para auxiliar a confecção dos horários, algumas ferramentas foram desenvolvidas.

4.1 Ferramenta 01 – Arranjo de Aulas

Esta ferramenta tem o objetivo de alocar os professores as disciplinas, de modo que fique exposto o professor que ministrou a disciplina no anterior. A finalidade disso é que, se o docente não apresentou nenhum problema durante o ano anterior, o nome dele deverá ser alocado novamente na disciplina, dessa forma não será caracterizada a resilição.

Quando esta etapa é concluída, a ferramenta calcula as resilições geradas e possibilita ao gestor a informação do custo que aquele arranjo de aulas gerou para a Instituição, após isso fica a cargo do responsável definir se a resilição deverá existir, caso contrário o professor deverá ser realocado para eliminar a resilição. É importante que esse procedimento ocorra de três a quatro meses do início do semestre.

Na próxima página podemos demonstrar através da Fig. 2 o arranjo de aulas e alocação dos professores com as suas respectivas disciplina

Figura 2: Ferramenta Arranjo de Aulas – Alocação de professores com disciplinas

Fonte: O Autor (2015)

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Essa tela ainda permite indicar quais aulas deverão ser pagas como aulas eventuais, essas aulas conforme já citado pela lei, permite que o professor as receba em caráter eventual, não superior ao prazo de um ano. (CCT – Sinpro-MG).

A utilização destas aulas permite que a instituição, em determinados momentos, aumente a carga horária do professor, sabendo que este não permanecerá com o mesmo número de aulas para o próximo ano.

Figura 3: Ferramenta Arranjo de Aulas – Professores com Resilição e Custos Fonte: O Autor (2015)

Esta situação acontece, geralmente, quando se altera o projeto

pedagógico do curso, ou seja, as disciplinas sofrem alteração e com isso, duas estruturas passam a vigorar simultaneamente. Como haverá um conflito, algumas

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disciplinas sofrerão uma sobrecarga, pelo menos até a transição das duas estruturas curriculares. Para evitar que essa situação gere mais resilições, o ideal é que as aulas provenientes do antigo projeto sejam pagas aos professores como aulas eventuais, dessa forma a Instituição fica desobrigada a pagar resilições em caso de redução.

É importante ressaltar que na CCT Cláusula Trigésima Sexta, o sindicato determina o pagamento desse tipo de aulas.

A figura 3, apresenta a tela que permite a visualização das resilições geradas e o custo que irão impactar a Instituição, a partir daí o gestor determina se é viável ou não e toma a decisão mais correta.

Outra função desta ferramenta é apresentar o quadro sobre os percentuais e indicadores necessários para o reconhecimento dos cursos e avaliação junto aos órgãos avaliadores (MEC/INEP), de tal forma que, na alocação dos professores se algum desses números não forem satisfatórios, o processo pode ser refeito sem causar transtornos futuros, pois até esta etapa o horário acadêmico ainda não foi construído.

Na página seguinte demonstramos através da figura 4 o arranjo de aulas e os indicadores para avaliação por curso .

Figura 4: Ferramenta Arranjo de Aulas – Indicadores para avaliação por curso

Fonte: O Autor

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4.2 Ferramenta 02 – Controle de Disponibilidades

Esta ferramenta organiza e lista os professores indicando as disponibilidades dos mesmos.

O grande diferencial, é que está planilha deve ser preenchida também com três a quatro meses de antecedência, porém deve-se tomar muito cuidado com a forma como a abordagem ao professor é feita, pois não se pode caracterizar em nenhum momento que este docente já está garantido para o próximo semestre. Este fato pode gerar uma relação de emprego com o professor, de forma que se o mesmo for demitido antes de assumir a disciplina oferecida, ele poderá reclamar na justiça alegando que foi questionada a sua disponibilidade e com isso a relação de trabalho já estaria acordada (BHERING - Revista Eletrônica de Direito).

Para contornar esta situação, na elaboração da solicitação de disponibilidade, é necessário que se antecipe que esta solicitação não gera direito e nem mesmo garantias que o professor permanecerá na Instituição.

Figura 5: Ferramenta Arranjo de Aulas – Indicadores para avaliação por curso Fonte: O Autor (2015)

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4.3 Ferramenta 03 – Distribuição de Horário

Esta ferramenta é a mais importante do processo, pois nela inicia-se a montagem dos horários. A gestão da qual o estudo de caso foi feito, possui cerca de cem professores e quarenta turmas, não se trata de uma tarefa simples de ser feita, contudo esta ferramenta auxilia na indicação imediata do choque de horário de professores que estão em vários cursos, com isso é possível alterar o horário no mesmo momento que ele é feito, evitando transtorno durante o início das aulas.

Figura 6: Ferramenta Distribuição de Horário – Choque de Horário

Fonte: O Autor (2015)

4.4 Ferramenta 04 – Ensalamento

Após a construção do horário, o mesmo é transferido para a ferramenta de ensalamento, nesta ferramenta, existem telas que controlam a ocupação das salas, indicando o percentual de salas ociosas bem como a localização delas, com isso o operador pode montar os horários das salas e automaticamente já gerar o horário final, que será repassado para os alunos.

A ferramenta mostra, para cada dia da semana, como está a lotação das salas.

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Após a construção desses horários, as turmas que ficaram sem salas, deveram ser alocadas nas janelas, que estão em azul, na tela na ferramenta, de forma a otimizar o uso da estrutura física.

É importante no entanto, traçar estratégias para que na elaboração do horário das turmas, as janelas e aulas práticas sejam alocados também de forma estratégica, pois a ociosidade das salas deverá permanecer homogênea em todos os dias da semana, ou seja, não adianta ter dez salas vazias na sexta-feira, se na segunda existem apenas duas.

Figura 7: Ferramenta Ensalamento – Otimização da Estrutura Física

Fonte: O Autor (2015)

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Gest

4.5 Resultado das ações

Com a aplicação das ferramanalítico da construção de horáriferramentas, foi possível constatar gerados com as resilições, isso nãotambém em passivos trabalhistas mais gastos para a Instituição. Ocomparação a períodos anteriores.

Figura 8: ComparativoFonte

Por outro lado, essas fe

“caseiras” trazem algumas limitaplanilhas de Excel como por exempde horário são feitos, eles levam eferramenta, além disso, essas ferroutras gestões da Instituição, caso opode apresentar erros no decorrer do

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário em que as engmercado que absorve quase 100% daumenta ano após ano e tem-se que

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ferramentas descritas acima, bem como o processo horário, que segue basicamente a ordem destas statar que houve uma redução de 49%, nos gastos so não implica apenas na redução dos valores, mas istas que se confirmados, poderiam causar ainda ão. O gráfico abaixo apresenta essa redução em ores.

rativo de redução nos valores de resilição Fonte: O Autor (2015)

sas ferramentas, que podem ser tratadas como limitações por serem desenvolvidas utilizando

exemplo a velocidade na qual os cálculos de choque vam em torno de 7 segundos para cada entrada na s ferramentas não podem ser integradas com as

caso o número de turmas aumente mais, a planilha rrer do processo.

s engenharias estão inseridas mostra que há um 00% dos alunos. A demanda por estes profissionais se que buscar recursos para oferecer excelência no

-49,5%

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ensino, de forma a se alcançar credibilidade e respeito no meio acadêmico e na sociedade como um todo.

O processo realizado aqui, mostra que pequenas mudanças podem trazer grandes resultados, mobilizando um número muito reduzido de profissionais qualificados que juntos puderam construir ferramentas que organizaram e introduziram novos conceitos que reduziram drasticamente os valores gastos com resilição.

Mesmo considerando as ferramentas “caseiras” elas conseguiram atingir o objetivo, que era reduzir a resilição, dando poder de decisão para o gestor no que se refere a várias variáveis que compõem o processo, como os indicadores exigidos pelo MEC/INEP.

Além dos resultados apresentados, um procedimento também adotado para a redução das resilições, foi a utilização das aulas eventuais, que puderam eliminar as reduções de carga horária oriundas das mudanças dos projetos pedagógicos. Essa mudança é um dos principais fatores geradores de resilições que se conhece dentro de uma Instituição de ensino superior privada

REFERÊNCIAS BHERING. A Responsabilidade Civil Pré Contratual no Direito do Trabalho – Revista Eletrônica de Direito. Disponível em:<http://npa.newtonpaiva.br/direito/?p=1671> Acessado em 01 out. 2014 INEP/MEC. Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação presencial e a distância. 2012. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/superior-condicoesdeensino-manuais>. Acessado em: 04 out. 2014 LARA; Bráulio. Alocação de Professores em Instituições de Ensino Superior: Um Modelo Matemático para o Problema de Único Campus e Multicampi. 2007 MELLO, Ricardo Bernardes. Guia de estudo – Business Intelligence. 2006. MONTEIRO; BORGES; SILVA; PEREIRA; PURIFICACÃO, André, Fernando, Hugo, Mário, Maurício. Uma Proposta de Aplicação de Business Inteligence para o Censo das IES. 2010. PETRINI; Maira. Incorporando a gestão da sustentabilidade aos sistemas de inteligência de negócio. 2006. SINPRO, Sindicato dos Professores de Minas Grais. Convenção Coletiva de Trabalho 2011/2012. Disponível em: <http://sinprominas.org.br/conteudos/default.aspx?IdCanal=98>. Acessado em: 10 out. 2012 TAKAHASHI. Fábio. Universidades tem apagão de professores de engenharia. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/04/1443014-universidades-tem-apagao-de-professores-de-engenharia.shtml> Acessado em 01 out. 2014.

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ATRIBUIÇÕES DO GESTOR EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: LIDERANÇA E EQUIPE DE TRABALHO.

Luiz Carlos Vieira Guedes [email protected]

Juarez Monteiro de Rezende

[email protected]

Benedito Geovani Martins de Paiva [email protected]

RESUMO O capítulo tem como objetivo descrever as atribuições de um gestor educacional em uma instituição de ensino superior, abordando aspectos como liderança, formas de atuação e motivação da equipe de trabalho. A necessidade deste tema faz-se devido a relevância de se conhecer as funções de um líder motivador de equipe, como forma de favorecer a empresa com funcionários motivados visando o sucesso da mesma. A pesquisa do trabalho foi a de identificar as atribuições do gestor através de revisão bibliográfica, tendo-se utilizado livros, estatutos e artigos científicos. A análise demonstrou que dentre muitas funções atribuídas ao gestor, a mais complexa é o ato de liderar, uma vez que a liderança se conquista e não é simplesmente imposta por uma hierarquia.

Palavras-chave: Gestor em Instituição de Ensino Superior. Instituição de Ensino Superior. Liderança em Instituição de Ensino Superior. Equipe de Trabalho em Instituição de Ensino Superior.

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1 INTRODUÇÃO

Este capítulo descreve as atribuições de um gestor educacional em uma instituição de ensino superior. Tem-se como problema, que quando a equipe de trabalho não se encontra em harmonia com o líder e o ambiente onde atua pode levar a uma desmotivação dos membros da equipe, com isso causando mal estar na mesma, levando a um déficit de produtividade.

Tal abordagem é relevante por expor ao público a importância de liderar objetivando conquistar profissionais que possam se sentir motivados e executem suas atividades de forma prazerosa, sentindo-se como membros da equipe e não somente um cumpridor de metas. Como objetivo, espera-se descrever as atribuições do gestor em uma instituição de ensino superior, focalizando a capacidade do gestor em motivar sua equipe, como fator preponderante.

Este intento será conseguido através de revisão bibliográfica, sendo utilizados livros e artigos científicos.

Como um primeiro item a ser descrito, está a liderança que um gestor deve exercer sobre seus subordinados.

2 LIDERANÇA

Considerando a importância de liderar de forma adequada, para bem atuar e direcionar a equipe de trabalho, torna-se de suma importância compreender no que consiste “a liderança”, pois, pessoas bem lideradas, trabalham mais felizes.

A liderança é um fenômeno social que ocorre exclusivamente em grupos sociais. Ela é definida como uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida pelo processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos (CHIAVENATO, 2005, p. 183).

Para Saguchi (2004, p. 141), “agir e fazer acontecer é a grande responsabilidade de resultados da liderança”; torna-se mais fácil quando se leva em consideração que a empresa é um sistema integrado onde a necessidade de colaboração de todos é indispensável. Somente com um ambiente onde as pessoas confiam umas nas outras é que pode haver reconhecimento pelo sucesso.

O estilo de como liderar é pessoal e variável de líder para líder, porém, para Senge et al (2005, p. 143), um bom líder deve apresentar características fundamentais, como permanecer-se confiante e em controle frente situações difíceis, negatividade expressada pelo líder pode ser não motivar as pessoas

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envolvidas no ambiente de trabalho; tirar sempre lição positiva das situações, pois nem sempre a vitória é certa, “dividindo uma situação complexa e dando início à “soluções” locais com as partes, o líder pode declarar “vitória”; finalmente, “ser racional é sinal de ser educado”.

É o líder que deve intervir e bancar o momento de mudar da estratégia emergente para a deliberada. É ele que deve garantir que os recursos disponíveis sejam focados no caminho escolhido. Esse é o atributo mais importante de um líder (NOBREGA, 2004, p. 157).

Outro aspecto importante para um líder é sua capacidade de estimular e motivar as pessoas, visando que metas possam ser alcançadas mais rapidamente; através da gestão do desempenho, é possível assegurar os resultados dos objetivos traçados; disponibilizando meios, estratégias levando ao comprometimento das pessoas envolvidas e o crescimento da organização e torná-la melhor que a concorrência (SAGUCHI, 2004).

Enfim, “liderar é comunicar às pessoas seu valore seu potencial de forma tão claras que elas acabem por vê-los em si mesmas” (COVEY, 2005, p. 96).

Após ter sido explicado sobre os aspectos voltados para a liderança, será explanado no tópico seguinte, como as tomadas de decisão interferem na empresa.

2.1 Tomadas de decisões

Sendo as tomadas de decisões determinantes para o desempenho da equipe de trabalho e empresa, é relevante discutir acerca do tema, pois é sabido que uma decisão erroneamente tomada hoje, repercutirá por dias ou anos o desempenho de uma empresa, portanto é fundamental discutir acerca deste assunto, pois, o profissional bem orientado age de forma a favorecer a empresa, porém quando não é possível, apenas lucrar com a tomada de decisão, deve-se estar preparado para agir da forma que traga menos prejuízos ao ambiente onde atua.

A qualidade da decisão é um dos fatores mais significativos para o desempenho presente e futuro da empresa. Decisões sobre estratégias comerciais, sobre processos operacionais de risco, interpretações errôneas da legislação fiscal, são exemplos de decisões que tomadas hoje, pode afetar o desempenho futuro da empresa (SAGUCHI, 2004, p. 145).

O dia-a-dia é marcado por sucessivas tomadas de decisões, ao se deparar com tal situação, deve-se buscar soluções que ocasionem menor número possível

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de impactos negativos. Diante de decisões, das mais simples às complexas, as hipóteses devem ser bem analisadas, através de caracterização do problema, análise dos possíveis impactos relacionados à possível decisão; ser ético ao exercer sua função e ter domínio das decisões a serem tomadas, ao entender o contexto da situação a que está exposto, é possível se precaver e evitar que as decisões erroneamente tomadas no presente, não venham a tornar-se futuramente um grande problema com probabilidade pequena de resolução ou com poucas alternativas de contornar e resolver o problema (Id, 2004).

Ao enfatizar a importância para a equipe do “planejar-se para algo” de modo a coordenar as atitudes a serem tomadas, alcança-se a magnitude do “organizar-se para algo”, desta forma, obtêm-se um planejamento organizado, tornando-se maiores as chances das metas impostas pela equipe, de serem alcançadas. Considerando-se as experiências já vividas e as expectativas futuras, paralelo a isto, deve estar o conhecimento e a comunicação, ou seja, a clareza das informações (SOTO, 2003).

A seguir serão abordados aspectos referentes a equipe de trabalho e motivação, para tanto, é importante compreender que as pessoas são seres únicos, portanto, cada uma com características diferentes, que necessitam que o líder conheça o perfil de cada funcionário para saber qual é a melhor forma de lhe dar e motivar seu subordinado.

3 MOTIVANDO A EQUIPE DE TRABALHO

A tarefa de lidar com as pessoas e motivá-las, não é simples, pois para isso é necessário conhecer o perfil do funcionário para entender de que forma o modo de motivar, causará maior impacto, até conseguir uma equipe satisfeita e que trabalhe pelos ideais da empresa.

Tanto as pessoas leigas como as bem instruídas, apresentam espontaneamente a relação entre desempenho e comportamento, facilmente notado através do modo em que as mesmas encontram para alcançarem as metas por elas estabelecidas, seja pela maneira de agir ou pelo modo em que realizam suas tarefas até chegarem à conclusão de suas metas. Quanto a motivação, consiste em um trabalho psicológico, que relaciona-se com a tendência e garra para realizar determinados comportamentos, até alcançar um objetivo com precisão, chegando ao resultado previsto (MITCHELL, 1982 apud VALLERAND; THILL, 1993).

As pessoas, sendo seres únicos, apresentam distintas formas de realizarem suas tarefas, sendo que o desenvolvimento de cada, encontra-se relacionado às suas aptidões e habilidades, porém, o líder como agente norteador, torna-se agente transformador, auxiliador e motivador dos seus subordinados no que se refere ao desempenho profissional de cada empregado; ofertada a

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motivação ao trabalhador, tem-se o desempenho garantido. “A razão pela qual se focaliza tão insistentemente a motivação é que ela é mais facilmente influenciável que as demais características das pessoas, como traços de personalidade, aptidões, habilidades, etc” (CHIAVENATO, 2005, p. 213).

O ato de motivar, relaciona-se a uma responsabilidade gerencial fundamental do líder, enquanto a equipe de trabalho se sentir bem motivada, cada subordinado se sentirá como ser responsável, para tanto, diálogos individuais e francos devem ser mantidos; os confrontos são saudáveis quando vistos positivamente, sem desmerecer outras pessoas; inicialmente, deve-se definir metas menores e alcançá-las e aumentar os objetivos à medida em que os mesmos forem alcançados (CHIAVENATO, 2005).

Chiavenato (2005, p. 215), afirma que “para compreender a motivação humana, o primeiro passo é o conhecimento do que a provoca e dinamiza. A motivação existe dentro das pessoas e se dinamiza com as necessidades humanas”. Desta forma, as pessoas apresentam necessidades pessoais e individuais, que variam desde estima até as atividades que levam a autorrealização, podendo ser chamadas de motivos, que consistem em forças que geram nos indivíduos distintos comportamentos, são impulsos internos de motivação das pessoas.

De acordo com a teoria motivacional de Maslow, no nível mínimo das necessidades humanas, encontram-se as necessidades fisiológicas de cada indivíduo; no segundo nível, foram listadas as necessidades de segurança, que se relacionam a autoproteção, seja contra o perigo real ou até mesmo proteção contra algo imaginário; em terceiro nível, em ordem crescente de necessidades, estão as necessidades sociais que consistem em situações que o amor, o afeto, a amizade, a aceitação por parte do círculo de pessoas em que vive inserido serão ofertados ao indivíduo, quando as necessidades sociais são frustradas, o ser humano torna-se solitário; o modo em que a pessoa se vê, relaciona-se as necessidades de estima, ou seja, refere-se a autoavaliação e autoestima, o indivíduo ao ser aceito no meio em que vive, ele torna-se autoconfiante, logo com a estima elevada, caso contrário, sente-se inferior às outras pessoas, frustrado e desanimado; como principal necessidade, encontram-se aquelas envolvidas na autorrealização, sendo que, através desta necessidade, a pessoa se aprimora, desenvolve e se supera a cada dia. (CHIAVENATO, 2005).

Ao discutir sobre pessoas e meios para motivá-las, é indispensável entender que as pessoas, devem ser vistas, não como meras ferramentas de trabalho, mas antes de tudo, como PESSOAS, para tanto, será discutido a seguir, a importância de valorizar as pessoas, vendo-as como seres humanos.

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4 VALORIZAÇÃO DAS PESSOAS NO TRABALHO

Valorizar as pessoas é extremamente importante para o sucesso da equipe e consequentemente da empresa, funcionários tidos como seres humanos trabalham satisfatoriamente, diferente daqueles que ao serem vistos como mais um operário qualquer, do qual muitas vezes o líder não sabe nem o nome dele, agregam menos do que poderiam agregar, caso fossem mais valorizados. Funcionários que se sentem valorizados, na maior parte, vestem a camisa da empresa e lutam por bom desempenho.

Os colaboradores de uma empresa determinam o sucesso do ambiente em que trabalham, pois elas são responsáveis diariamente por atraírem clientes, através do atendimento prestado é que o cliente sairá satisfeito e voltará a solicitar serviços de tal instituição ou não. Além da importância do atendimento ao cliente, os funcionários são responsáveis por manterem o funcionamento adequado do setor onde atuam, pois além do atendimento, estão envolvidas com diversas atividades, como por exemplo, a administração dos processos da empresa. “Em qualquer empresa, as pessoas serão sempre a chave para alcançar bons resultados e os grandes responsáveis pelo desempenho da empresa hoje e no futuro” (SAGUCHI, 2004, p. 55).

De acordo com Chiavenato (2005), é imprescindível que o líder, tenha como parâmetro, ferramentas que o ajudem a alcançar os tão almejados objetivos, como o desejo de ser bem-sucedido, sendo assim, vale novamente enfatizar a importância das pessoas envolvidas neste processo, elas são a base do sucesso, sem elas, o trabalho não flui e o sucesso não acontece.

Chefes despreparados, que diariamente encontram-se mal humorados e nervosos, muitas vezes vêem o empregado como alguém que necessita do emprego, do salário que lhe é pago, bem como a dificuldade que muitas vezes este subordinado pode encontrar em conseguir vagas no mercado de trabalho; porém, estes chefes ao serem estúpidos com seus subordinados, estarão diretamente interferindo no desempenho do trabalho da equipe (SAGUCHI, 2004).

Segundo Chiavenato (2005), o líder é aquele em que está interligado a diversos aspectos, pois além de agente mediador e pacificador, assume papéis como agregador de equipes, direcionador das atividades, selecionador dos membros da equipe de trabalho, treinador e incentivador, avaliador, bem como é o responsável pelo reconhecimento do desempenho das atividades prestadas pelos colaboradores. Considerando-se estes papéis, é correto afirmar que o líder ideal, é missionário, visionário, apresenta atitude proativa e é gestor de equipes.

Ao liderar assumindo características negativas, o líder:

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(...) desperdiça colaboradores e tem empregados desencorajados de pensar e contribuir para maiores resultados e melhoria das empresas. A grande verdade é que ninguém gosta de ser maltratado. Ninguém pode produzir bem num ambiente hostil e que não reine um clima de confiança mútua. Pessoas motivadas e satisfeitas apresentam melhores desempenhos, enfrentam novos desafios e fazem a empresa buscar metas cada vez mais ousadas (SAGUCHI, 2004, p. 55).

Quando o líder assimila e se adequa ao que é novo, por mais simples que as atitudes sejam, ele aprende sempre e cada vez melhor, por exemplo, ao sair do gabinete e se aproximar das pessoas, o executivo aumenta e favorece o contato com os seus subordinados, conseguindo desta forma, melhorar o contato com os contribuintes, evoluindo para um clima de confiança entre ambos, até alcançar a lealdade do funcionário, além disso, torna-se mais fácil incentivar os colaboradores quanto ao comprometimento com as metas traçadas pela empresa (SAGUCHI, 2004).

Será abordado no tópico a seguir, as funções gerais do gestor em uma instituição de ensino.

5 FUNÇÕES GERAIS DO GESTOR

As atribuições inerentes ao gestor descritas abaixo, encontram-se embasadas no Regimento Interno (2009), do Centro Universitário do Sul de Minas.

Além de fazer cumprir as orientações dadas pelo reitor, o gestor deverá cumprir rigorosamente o estatuto da instituição em que atua e também acompanhar e seguir outros instrumentos de normatização, bem como tornar sua equipe apta para entender e praticar as regras previamente definidas pela instituição; deverá redigir, assinar e publicar editais e avisos, relacionados ao funcionamento da empresa, tendo-se indispensavelmente como base as normas que regem a instituição (REGIMENTO INTERNO / CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS 2009).

É responsabilidade do gestor, acompanhar as atividades realizadas dentro de sua gestão, tomando conhecimento e interagindo com as atividades didáticas, culturais, administrativas e, ainda, responsabilizar-se pela execução do plano de desenvolvimento institucional e orçamentos presentes no núcleo em que atua (REGIMENTO INTERNO / CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS 2009).

O acompanhamento e contribuição para elaboração de projetos pedagógicos dos cursos disponibilizados por sua gestão, deverão ser ofertados

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pelo gestor, oferecendo-os ao público e otimizando serviços de modo a relacionar-se com a sociedade (Id, 2009).

Compete ao gestor educacional realizar processos seletivos de vagas a serem preenchidas, efetuar demissões de colaboradores de sua gestão e participar de processos que visem a admissão de novos funcionários, sendo que a reitoria deverá ser comunicada e consultada quanto as decisões a serem tomadas (Id, 2009).

O gestor deverá participar juntamente com a reitoria, de atos públicos, de modo a representar a instituição de ensino, em eventos como iniciação científica, eventos abertos ao publico e outros (Id, 2009).

Trabalhar e lutar pela sustentabilidade financeira e didático – pedagógica inerentes a qualidade das atividades desenvolvidas na gestão (Id, 2009).

Ao se deparar com conflitos que transcendam as suas atribuições, o mesmo deverá encaminhar aos órgãos competentes os pareceres sobre determinado assunto, afim de que o problema seja o mais brevemente resolvido (Id, 2009).

Além das atribuições descritas, o gestor deverá cumprir as atribuições que lhe forem atribuídas pelo reitor da instituição de ensino (Id, 2009).

O gestor assume em sua liderança, tomadas de decisões difíceis de serem numeradas e discutidas, portanto é importante que esteja preparado para lidar com diversas situações que surjam, tendo consciência de que estas podem ser as mais distintas e todas necessitarão de sua visão e intercessão, como também os funcionários que neste contexto atuam, necessitarão de norteamento e esclarecimentos (Id, 2009).

Abordados diferentes tópicos referentes ao tema proposto, caminha-se para a conclusão, momento oportuno para dispor as contribuições mais relevantes da pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o ato de liderar consiste na arte de capacitar alguém, sendo assim, o líder deve ser aquele que se dedica e trabalha para que as metas estabelecidas aconteçam, considerando que se previamente planejadas, ocorrerão organizadamente, além disso, é importante estar apto a realizar suas tarefas e ter a sabedoria para encarar desafios e enfrentar as mudanças de forma cenestésica.

Os líderes devem ser um tanto engenheiros, bem como arquitetos e primeiramente, devem preocupar-se com as pessoas, que constituem o elemento chave para o sucesso, funcionando como agente motivador das pessoas / da equipe de trabalho, tendo-as não somente como subordinados, mas principalmente como seres humanos que têm necessidades básicas, como serem aceitos, sentirem-se amados e obterem reconhecimento pelos seus bons feitos;

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preocupar-se continuamente com as necessidades dos seres que compõem a equipe, é fator indispensável para que o líder atue de forma humanizada. Ao reconhecer os valores das pessoas e aperfeiçoá-los, caminha-se rumo ao mesmo objetivo e desta forma, o sucesso do trabalho em equipe e da instituição, é certo.

Ao se deparar diariamente com os desafios propostos pelo trabalho, é importante entender que ao tê-lo a sua altura, o sucesso fica mais próximo, porém, os desafios surgem todos os dias, de formas distintas, e o líder deverá estar preparado para oferecer novas propostas afim de solucioná-los, não se esquecendo das experiências antigas e das expectativas que se tem do futuro.

O gestor assume, conforme a necessidade do momento, distintas formas de liderar, porém as características de pacificador, agente transformador e motivador, de forma alguma podem ser abandonadas, além disso, deverá seguir as normas da instituição onde atua, como regimentos internos, funções administrativas e didático-pedagógicas, ao exercer licitamente tais atividades, o líder e a sua equipe caminharão rumo ao sucesso.

REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. COVEY, R. Stephen. O 8º hábito: da eficácia à grandeza.8. ed. São Paulo: FrankleyCovey, 2005. NOBREGA, C. A ciência da gestão / Marketing, inovação, estratégia: Um físico explica a gestão / a maior inovação do século XX / como uma ciência. 2 ed. Rio de Janeiro: Senac, 2004. Regimento Interno do Centro Universitário do Sul de Minas Gerais / UNIS – MG. 2009. SAGUCHI, L. T. Gestão empresarial: iniciando a excelência organizacional nas pequenas e grandes empresas.São Paulo: Navegar, 2004. SENGE, P. et al. Escolas que aprendem: um guia da quinta disciplina para educadores, pais e todos que se interessam por educação. Porto Alegre: Artmed, 2005. SOTO, M. C. D. J. M. Planejamento institucional: capacidade de conduzir ações. Revista São Paulo em perspectiva, São Paulo, jul./dez. 2003, v. 17, n. 3. VALLERAND, J. R.; THILL, E. E. Introduction à la psychologie de la motivation. Laval: Vigot, 1993.