gestão do modelo bim no âmbito do projeto de estruturas · i resumo a metodologia building...

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Gestão do modelo BIM no âmbito do projeto de estruturas João Pedro Diniz Flor de Oliveira Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientadora: Prof.ª Dra. Alcínia Zita de Almeida Sampaio Júri Presidente: Prof. Dr. Luís Manuel Coelho Guerreiro Orientadora: Prof.ª Dra. Alcínia Zita de Almeida Sampaio Vogal: Prof. Dr. António Manuel Candeias de Sousa Gago Março de 2016

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Gestão do modelo BIM no âmbito do projeto de

estruturas

João Pedro Diniz Flor de Oliveira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadora: Prof.ª Dra. Alcínia Zita de Almeida Sampaio

Júri

Presidente: Prof. Dr. Luís Manuel Coelho Guerreiro

Orientadora: Prof.ª Dra. Alcínia Zita de Almeida Sampaio

Vogal: Prof. Dr. António Manuel Candeias de Sousa Gago

Março de 2016

1

i

RESUMO

A metodologia Building Information Modeling (BIM) é hoje amplamente utilizada em sectores

ligados à Construção. O interesse na sua adoção baseia-se nas vantagens que esta

metodologia apresenta, conduzindo a um incremento de eficiência na gestão do trabalho

envolvido no desenvolvimento do projeto e na qualidade de informação associada. Diversos

estudos demonstram a redução significativa de tempo despendido quando utilizadas as

ferramentas BIM. A metodologia BIM assenta na geração de um modelo digital centralizado de

toda a informação relacionada com a construção, acessível a todos os intervenientes,

permitindo reduzir significativamente a ocorrência de erros e conflitos e, por consequência, dos

custos associadas às diferentes fases do ciclo de vida de uma obra. A implementação desta

metodologia é já obrigatória nas obras públicas de diversos países.

Nesta dissertação é realizado um estudo sobre o estado do conhecimento relativo a tecnologia

BIM, incidindo na gestão do processo envolvido no desenvolvimento do projeto de estruturas.

Assim são aplicados os programas de base BIM requeridos na elaboração do projeto de um

edifício. São analisadas as capacidades destas ferramentas, aplicadas ao nível do

desenvolvimento do projeto, procurando estabelecer guias de atuação de forma a otimizar a

gestão de trabalho, na perspetiva do engenheiro de estruturas. É verificado o nível de

interoperabilidade entre os programas, tendo por base a análise da qualidade de informação

transposta e na consistência do produto final. Durante o processo são identificadas incorreções

e são referidas as adaptações pertinentes realizadas, de forma a otimizar a aplicação da

metodologia BIM no projeto de estruturas.

PALAVRAS-CHAVE: BIM, Projeto de estruturas, Interoperabilidade, Pormenorização de

armaduras, Automatização na construção, Extração de informação.

ii

iii

ABSTRACT

Building Information Modeling (BIM) methodology is now widely used in a large number of

sectors linked to the construction industry. This approach allows the increase of efficiency in

labor management on the development of design and improves quality of project information.

Existing studies show a significant decrease of time effort through use of BIM. The methodology

allows the creation of a digital model in which all information linked with the construction is

accessible for all stakeholders. Existence of this open digital model significantly improves the

detection and solution for errors or conflicts and therefore, reduces costs associated with

different stages of the life cycle from the building. The implementation of this methodology is

already mandatory in public works from different countries.

The work of this thesis intends to conduct a state of knowledge regarding the BIM technology,

mainly focusing on the management of the methodology in the development of the design of

structures. The capabilities of these tools are analyzed, applied to the design and an optimized

work-flow is presented from the viewpoint of the structural engineer. The level of interoperability

is based on the analysis of the quality from the information transposed between software and

also from the consistency of the final product. During the process inaccuracies are identified and

adjustments are referred in order to optimize the application of BIM methodology in the design

of structures.

KEYWORDS: BIM, Structural design, Interoperability, Rebar detailing, Automation in

Construction, Information extraction.

iv

v

AGRADECIMENTOS

No final deste meu percurso escolar e académico, agradeço a todos os que acreditaram em

mim, me acompanharam e contribuíram para que aqui chegasse.

Não posso deixar de referir especificamente os meus pais que sempre me apoiaram nas minhas

decisões e aos quais devo grande parte do homem que sou hoje, a vós dedico esta dissertação.

Agradeço à professora Alcínia Zita Sampaio, pela simpatia, disponibilidade e prontidão que

sempre demonstrou enquanto orientadora desta dissertação.

Um agradecimento especial também a todos os meus amigos de longa data, tal como aqueles

que conheci no IST e que comigo fizeram esta caminhada.

vi

vii

ÍNDICE

Resumo .......................................................................................................................................... i

Abstract ......................................................................................................................................... iii

Agradecimentos............................................................................................................................. v

Índice ............................................................................................................................................ vii

Índice de figuras ............................................................................................................................ xi

Índice de tabelas ........................................................................................................................ xvii

1 Introdução .............................................................................................................................. 1

1.1 Âmbito e objetivos ......................................................................................................... 1

1.2 Organização da dissertação .......................................................................................... 2

2 Conceito e aplicabilidade do BIM ........................................................................................... 5

2.1 Definição de BIM ........................................................................................................... 5

2.1.1 Evolução .................................................................................................................... 7

2.1.2 Fases de desenvolvimento do BIM ........................................................................... 8

2.2 Projeto tradicional .......................................................................................................... 9

2.3 Interoperabilidade ........................................................................................................ 11

2.4 Níveis de maturidade de BIM ...................................................................................... 12

2.5 Processo colaborativo ................................................................................................. 14

2.6 Padrão Industrial Foundation Classes ........................................................................ 14

2.7 Ferramentas de base BIM ........................................................................................... 15

2.8 Implementação da tecnologia BIM .............................................................................. 19

2.8.1 Panorama internacional........................................................................................... 19

2.8.2 Panorama nacional .................................................................................................. 22

3 Modelo BIM de arquitetura ................................................................................................... 27

3.1 O caso de estudo ........................................................................................................ 27

3.2 Definições iniciais ........................................................................................................ 27

3.2.1 Níveis de pisos ........................................................................................................ 28

3.2.2 Grelha de alinhamentos .......................................................................................... 30

3.3 Criação do modelo ...................................................................................................... 31

viii

3.3.1 Paredes exteriores .................................................................................................. 31

3.3.2 Paredes interiores ................................................................................................... 34

3.3.3 Colocação de portas e janelas ................................................................................ 36

3.3.4 Pavimentos .............................................................................................................. 38

3.3.5 Cobertura ................................................................................................................. 39

3.3.6 Outros elementos .................................................................................................... 40

4 Modelo BIM de estruturas .................................................................................................... 43

4.1 Critérios de dimensionamento ..................................................................................... 43

4.1.1 Regulamentação ..................................................................................................... 44

4.1.2 Materiais e ações .................................................................................................... 44

4.1.3 Solução estrutural .................................................................................................... 46

4.2 Geração do modelo ..................................................................................................... 46

4.2.1 Pilares ...................................................................................................................... 47

4.2.2 Vigas ........................................................................................................................ 49

4.2.3 Fundações ............................................................................................................... 50

4.2.4 Laje .......................................................................................................................... 52

4.2.5 Outros elementos estruturais .................................................................................. 53

4.2.6 Modelo analítico ...................................................................................................... 53

4.2.7 Transferência do Revit para o Robot ...................................................................... 54

5 Cálculo estrutural ................................................................................................................. 57

5.1 Definições iniciais ........................................................................................................ 57

5.2 Verificação do modelo estrutural no Robot ................................................................. 58

5.3 Verificação da segurança e pormenorização de armaduras ...................................... 61

5.3.1 Laje .......................................................................................................................... 62

5.3.2 Vigas ........................................................................................................................ 65

5.3.3 Pilares ...................................................................................................................... 71

5.3.4 Fundações ............................................................................................................... 74

5.4 Alterações ao modelo de estruturas ............................................................................ 76

6 Transposição do Robot para o Revit ................................................................................... 79

6.1 Exportação de armaduras ........................................................................................... 79

ix

6.1.1 Laje .......................................................................................................................... 79

6.1.2 Vigas ........................................................................................................................ 82

6.1.3 Pilares ...................................................................................................................... 86

6.1.4 Fundações ............................................................................................................... 87

6.2 Análise do modelo de estruturas ................................................................................. 88

6.2.1 Análise de erros e conflitos do modelo ................................................................... 89

6.2.2 Peças desenhadas .................................................................................................. 92

6.2.3 Mapas de quantidades e orçamentação ................................................................. 92

6.2.4 Mapa de trabalhos ................................................................................................... 93

7 Conclusões........................................................................................................................... 95

7.1 Utilização do BIM na ótica do projeto de estruturas .................................................... 95

7.2 Sugestões de trabalho futuro ...................................................................................... 96

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 97

Páginas de Internet consultadas ................................................................................................. 99

Anexos ........................................................................................................................................... 1

A1 – Cálculos associados ao dimensionamento das sapatas .................................................. 1

A2 – Peças desenhadas ............................................................................................................ 3

x

xi

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 – O conceito BIM na no ciclo de vida de uma obra (adaptado de Gray et al., 2013, Gu

& London, 2010). ........................................................................................................................... 6

Figura 2.2 – Diferentes definições de BIM (adaptado de Succar, 2009). ..................................... 6

Figura 2.3 – Cronologia da metodologia BIM (Adaptado de Howard, Bjork, 2008). ..................... 8

Figura 2.4 – Modelo de avaliação de maturidade BIM (adaptado de Bis, 2011). ....................... 13

Figura 2.5 – Ciclo de validação de um ficheiro IFC (Lee, Eastman, Lee, 2015). ....................... 15

Figura 2.6 – Quota de mercado de software BIM (Hamil, 2013). ............................................... 17

Figura 2.7 – Ambiente Vectorworks em MAC. Exportação de modelo [W6]. ............................. 19

Figura 2.8 – Utilização de software BIM na industria da construção EUA (Sattineni, 2011). ..... 20

Figura 2.9 – Criação de modelos BIM especializados nos EUA (Sattineni, 2011). .................... 20

Figura 2.10 – Inquéritos sobre a utilização de BIM no Reino Unido (adaptado de NSB, 2010). 21

Figura 2.11 – Inquérito a empresas onde o BIM já se encontra implementado (adaptado de NBS,

2010). .......................................................................................................................................... 21

Figura 2.12 – Implementação do BIM no Reino Unido e EUA (Hoboken, Wiley, 2011). ............ 22

Figura 2.13 – Percentagem de Construtoras com um elevado nível de implementação BIM.

Dados por país (NBS, 2010). ...................................................................................................... 22

Figura 2.14 – Comparação dos conhecimentos BIM em cada grupo de inqueridos (Venâncio,

2015). .......................................................................................................................................... 23

Figura 2.15 – Análise sobre o conhecimento do conceito BIM para cada grupo de inqueridos

(Venâncio, 2015). ........................................................................................................................ 23

Figura 2.16 – Análise sobre a relevância da metodologia BIM para cada grupo de inqueridos

(Venâncio, 2015). ........................................................................................................................ 24

Figura 2.17 – Análise comparativa por tipo de formação dos aspetos mais importantes para uma

maior adesão à metodologia BIM (Venâncio, 2015). .................................................................. 24

Figura 3.1 – Fase inicial da criação do modelo. .......................................................................... 28

Figura 3.2 – Janela associada às unidades de projeto. .............................................................. 28

Figura 3.3 – Definição dos níveis de trabalho iniciais. ................................................................ 29

Figura 3.4 – Organização do navegador. .................................................................................... 29

Figura 3.5 – Ícone para a criação de eixos. ................................................................................ 30

Figura 3.6 – Representação e definição de alinhamentos. ......................................................... 30

xii

Figura 3.7 – Alteração da escala da vista. .................................................................................. 31

Figura 3.8 – Criação de parede exterior. .................................................................................... 32

Figura 3.9 – Modelo BIM com parede exterior apresentada em planta e em perspetiva. .......... 33

Figura 3.10 – Definição do material a aplicar na pintura. ........................................................... 33

Figura 3.11 – Aplicação da pintura. ............................................................................................ 33

Figura 3.12 – Detalhe da parede................................................................................................. 34

Figura 3.13 – Criação da parede de vidro. .................................................................................. 35

Figura 3.14 – Modelo BIM com paredes exteriores e interiores, representado em planta. ........ 35

Figura 3.15 – Perspetiva de modelo BIM criado. ........................................................................ 36

Figura 3.16 – Localização do ícone destinado à criação e implementação de portas e janelas.36

Figura 3.17 – Planta do modelo BIM 3D após a inserção de portas e janelas. .......................... 37

Figura 3.18 – Perspetivas do modelo 3D criado. ........................................................................ 37

Figura 3.19 – Ícone para a criação de pisos. .............................................................................. 38

Figura 3.20 – Propriedades estruturais da laje. .......................................................................... 39

Figura 3.21 – Modelo 3D com pavimento no piso térreo e alpendre e com a laje do piso 1. ..... 39

Figura 3.22 – Cobertura. ............................................................................................................. 40

Figura 3.23 – Ferramenta de apoio à criação de aberturas. ....................................................... 40

Figura 3.24 – Modelo 3D de arquitetura. .................................................................................... 41

Figura 3.25 – Cortes do modelo. ................................................................................................. 41

Figura 3.26 – Perspetiva de modelo com corte. ......................................................................... 41

Figura 4.1 – Janela de trabalho de estruturas. ........................................................................... 47

Figura 4.2 – Propriedades do pilar P2. ....................................................................................... 47

Figura 4.3 – Propriedades com informação dos níveis de implementação. ............................... 48

Figura 4.4 – Distribuição de pilares no modelo. .......................................................................... 48

Figura 4.5 – Propriedades da viga adotada. ............................................................................... 49

Figura 4.6 – Propriedades do elemento viga. ............................................................................. 49

Figura 4.7 – Distribuição de vigas no modelo. ............................................................................ 50

Figura 4.8 – Opção de modelação de sapatas. .......................................................................... 51

Figura 4.9 – Planta de fundações. .............................................................................................. 51

Figura 4.10 – Modelo estrutural até à presente fase. ................................................................. 51

xiii

Figura 4.11 – Modelo estrutural com elementos a calcular. ....................................................... 52

Figura 4.12 – Corte demonstrativo da sobreposição da laje sobre a viga. ................................. 52

Figura 4.13 – Perspetiva do modelo incluíndo massame do piso térreo e do alpendre. ............ 53

Figura 4.14 – Modelo analítico da estrutura. ............................................................................... 53

Figura 4.15 – Ícone de ferramentas do modelo analítico. ........................................................... 54

Figura 4.16 – Exportação do modelo do Revit para o Robot. ..................................................... 55

Figura 4.17 – Modelo integrado no programa de cálculo Robot. ................................................ 55

Figura 5.1 – Definição da regulamentação e materiais. ............................................................. 57

Figura 5.2 – Propriedades de uma viga estrutural no programa de cálculo. .............................. 58

Figura 5.3 – Aplicação de carga à estrutura. .............................................................................. 58

Figura 5.4 – Campo de momentos atuantes na laje sobre o eixo dos xx. .................................. 60

Figura 5.5 – Campo de momentos atuantes nas vigas. ............................................................. 60

Figura 5.6 – Esforço normal atuante nos pilares para a combinação fundamental elu. ............. 60

Figura 5.7 – Cálculo de esforços e deformações da laje para as combinações definidas na

regulamentação. .......................................................................................................................... 62

Figura 5.8 – Parâmetros para definição da armadura a calcular pelo Robot. ............................ 63

Figura 5.9 – Mapa de necessidades de armadura ao longo do eixo dos xx. ............................. 63

Figura 5.10 – Necessidade de armadura longitudinal ao longo do eixo dos xx. ........................ 63

Figura 5.11 – Janelas de pormenorização de armadura. ........................................................... 64

Figura 5.12 – Verificação ao punçoamento. ............................................................................... 64

Figura 5.13 – Armadura inferior da laje. ...................................................................................... 65

Figura 5.14 – Armadura superior da laje. .................................................................................... 65

Figura 5.15 – Posicionamento da viga A2 – F2. ......................................................................... 66

Figura 5.16 – Perfil longitudinal da viga A2 - F2. ........................................................................ 66

Figura 5.17 – Parâmetros gerais de cálculo para as vigas. ........................................................ 67

Figura 5.18 – Parâmetros associados ao betão. ........................................................................ 67

Figura 5.19 – Definição de armaduras. ....................................................................................... 67

Figura 5.20 – Envolventes de segurança para os momentos fletores na viga para as combinações

ELU e sísmica. ............................................................................................................................ 68

Figura 5.21 – Pormenorização da viga fornecida pelo Robot. .................................................... 68

Figura 5.22 – Correção do ângulo de dobragem. ....................................................................... 68

xiv

Figura 5.23 – Alertas do Robot sobre o dimensionamento da viga. ........................................... 69

Figura 5.24 – Janela de apoio à colocação de armadura nas vigas........................................... 70

Figura 5.25 – Pormenorização final da viga fornecida pelo Robot. ............................................ 71

Figura 5.26 – Identificação do pilar P2 do alinhamento B2. ....................................................... 72

Figura 5.27 – Opções de cálculo para os pilares. ....................................................................... 72

Figura 5.28 – Parâmetros para a pormenorizaçãoda armadura longitudinal dos pilares. .......... 73

Figura 5.29 – Pormenorização final do pilar fornecida pelo Robot. ............................................ 74

Figura 5.30 – Viga de fundação analisada. Perspetiva tridimensional. ...................................... 74

Figura 5.31 – Envolvente de momento fletor e de esforço transverso para a combinação sísmica.

..................................................................................................................................................... 75

Figura 5.32 – Alteração das condições de apoio da viga de fundação. ..................................... 75

Figura 5.33 – Pormenorização associada à viga de fundação. .................................................. 75

Figura 5.34 – Localização do pórtico alterado. ........................................................................... 76

Figura 5.35 – Transferência do Revit para o Robot. ................................................................... 76

Figura 5.36 – Janela de integração Robot – Revit. ..................................................................... 77

Figura 6.1 – Definição da armadura da laje. ............................................................................... 80

Figura 6.2 – Colocação do reforço de armadura espaçado a 0,20 m. ....................................... 80

Figura 6.3 – Pormenor no bordo da laje. .................................................................................... 81

Figura 6.4 – Pormenor na abertura da chaminÉ no Robot e no Revit. ....................................... 81

Figura 6.5 – Planta e perspetiva tridimensional da laje .............................................................. 81

Figura 6.6 – Processo de exportação de armaduras das vigas do programa de cálculo estrutural

para o programa BIM. ................................................................................................................. 82

Figura 6.7 – Janela de erros apresentada no Revit imediatamente após a importação do modelo

robot. ........................................................................................................................................... 82

Figura 6.8 – Armadura excedendo o elemento estrutural. .......................................................... 83

Figura 6.9 – ilustração demonstrativa da armadura que excede a viga. .................................... 83

Figura 6.10 – Sobreposição de estribos na viga de um tramo do alinhamento F. ..................... 83

Figura 6.11 – Caminho associado à extensão utilizada para automatizar a pormenorização de

armaduras no Revit. .................................................................................................................... 84

Figura 6.12 – Mensagem aquando da tentativa de dimensionar a viga contínua do alinhamento

A. ................................................................................................................................................. 84

xv

Figura 6.13 – Viga do alinhamento A2 – F2. ............................................................................... 85

Figura 6.14 – Janela de geração da armadura idêntica à do programa de cálculo estrutural. .. 85

Figura 6.15 – Armadura dos pilares exportada para o Revit. ..................................................... 86

Figura 6.16 – Propriedades da armadura do pilar. ..................................................................... 86

Figura 6.17 – Vigas de fundação criadas no modelo BIM. ......................................................... 87

Figura 6.18 – Janela de apoio à pormenorização da sapata. ..................................................... 87

Figura 6.19 – Desenho em corte e perspetiva da sapata. .......................................................... 88

Figura 6.20 – Modelo 3D das sapatas. ....................................................................................... 88

Figura 6.21 – Modelo estrutural completo com armadura. ......................................................... 89

Figura 6.22 – Caminho para a análise de conflitos. .................................................................... 89

Figura 6.23 – Interface da análise de erros e conflitos. .............................................................. 90

Figura 6.24 – Vista em planta do conflito entre o pilar e uma parede. ....................................... 91

Figura 6.25 – Conflito entre viga e parede. ................................................................................. 91

Figura 6.26 – Ícone de união de elementos. ............................................................................... 91

xvi

xvii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 – Programas BIM. ..................................................................................................... 15

Tabela 3.1 – Pavimento estrutural e tipos de revestimento. ....................................................... 38

Tabela 4.1 – Propriedades do betão C30/37 e do aço A500NR. ................................................ 44

Tabela 4.2 – Restante carga permanente a considerar no dimensionamento da laje. .............. 45

Tabela 4.3 – Parâmetros para definição da ação sísmica. ......................................................... 45

Tabela 4.4 – Relações utilizadas para o pré dimensionamento dos elementos. ........................ 46

Tabela 4.5 - Dimensões dos elementos estruturais pré-dimensionados. ................................... 46

Tabela 4.6 – Dimensões das sapatas. ........................................................................................ 50

Tabela 5.1 – Modos de vibração condicionantes da estrutura. .................................................. 59

Tabela 5.2 – Combinações de cargas utilizadas para verificação da segurança. ...................... 62

Tabela 5.3 – Parâmetros utilizados no dimensionamento das vigas. ......................................... 71

Tabela 5.4 – Parâmetros utilizados na pormenorização de armadura. ...................................... 71

Tabela 5.5 – Novas dimensões para as vigas de fundação e superiores. ................................. 77

Tabela 5.6 – Dimensões adotadas para as sapatas. .................................................................. 78

xviii

1

1 INTRODUÇÃO

A evolução tecnológica de suporte às múltiplas atividades inerentes ao sector da Construção, a

par de facilidades de comunicação e troca de informação entre colaboradores, num mercado

mais globalizado, trouxeram um novo paradigma para as empresas da indústria da Arquitetura,

Engenharia e Construção (AEC e seus negócios). Atualmente, o desenvolvimento de projetos

requer o envolvimento de diferentes especialidades elaboradas em parceria com diversas

empresas. Há uma necessidade de conceber uma forma de trabalhar que consiga agilizar a

compilação das distintas componentes de projeto, facilitando a interação entre os diferentes

intervenientes e de forma a garantir confiança nos resultados.

Nesse sentido, a metodologia Building Information Modelling (BIM), assenta numa forma de

trabalho colaborativa envolvendo os diferentes intervenientes no processo desde o estudo

prévio à gestão do imóvel. No processo, é gerado um único modelo, contendo toda a informação

proveniente das diversas componentes. O modelo apresenta a informação organizada

permitindo a sua partilha e acesso, durante todas as fases da elaboração do projeto e durante

o ciclo de vida do edifício. Estas capacidades, associadas ao BIM, permitem uma maior rapidez

na elaboração da fase de projeto e uma grande confiança nos resultados.

A implementação desta tecnologia, na indústria, tem sido faseada ao longo do tempo, no

entanto, verifica-se que apresenta uma evolução mais acelerada que a verificada quando da

introdução dos sistemas Computer Aided-Design (CAD) no sector.

1.1 ÂMBITO E OBJETIVOS

De forma a contextualizar o trabalho, o presente documento apresenta, inicialmente, um

resumo da recolha bibliográfica efetuada sobre a metodologia BIM, referindo os conceitos

genéricos e fundamentais e a sua aplicabilidade. É efetuada a distinção entre as múltiplas

utilizações do modelo BIM, são apresentadas as fases de maturidade da sua implementação

na indústria nos mercados internacional e nacional, sendo indicadas algumas das vantagens e

desvantagens em distintas atividades da construção. Sã, ainda, referidas as principais

diferenças entre a metodologia tradicional e o BIM, no desenvolvimento do projeto de

estruturas. Uma das bases de conceito BIM é a capacidade de interoperabilidade permitida

pelos software e, no projeto de estruturas, este aspeto releva-se de enorme importância, sendo

por isso avaliado no estudo, em detalhe.

É selecionado um caso de estudo para a aplicação da metodologia BIM, sendo descritas as

diferentes etapas da geração do modelo BIM, referentes às componentes arquitetónica e

estrutural, como base da análise estrutural que se pretende desenvolver. São referidos os

software de base BIM a utilizar e estudadas as capacidades de interoperabilidade entre os

programas de modelação e de análise de forma a avaliar o funcionamento dos software,

nomeadamente, no que se refere à ocorrência de erros, e julgar quanto à eficácia, eficiência e

2

à qualidade da informação transferida entre software. Assim, a sequência de passos a realizar

é a seguinte:

Geração das componentes arquitetónica e estrutural de um edifício, referente a uma

moradia unifamiliar, recorrendo a software BIM;

Verificação do modelo criado relativamente a eventuais conflitos, entre componentes,

e omissões;

Análise do nível de interoperabilidade entre software de modelação e de cálculo

estrutural;

Realização do cálculo estrutural e o dimensionamento da solução estrutural

considerada;

Verificação da segurança dos elementos estruturais, de acordo com os Eurocódigos 2

e 8;

Avaliação das vantagens e desvantagens da aplicação da metodologia BIM no caso de

estudo, relativamente ao desenvolvimento do projeto de estruturas;

Indicação de recomendações de atuação de forma a otimizar o recurso das ferramentas

BIM no âmbito da componente estrutural.

1.2 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A estrutura da presentação dissertação é a seguinte:

O capítulo 2 aborda o estado de arte do BIM, o seu contexto histórico, o nível atual de

desenvolvimento e a sua aplicabilidade, referindo as vantagens e desvantagens,

comparativamente à metodologia tradicional. Introduz o conceito de interoperabilidade e

o padrão Industrial Foundation Classes (IFC) referindo a sua importância no processo

colaborativo. Finalmente é apresentado o nível de implementação de BIM na indústria

de construção nos panoramas internacional e nacional;

O capítulo 3 acompanha o desenvolvimento do modelo BIM arquitetónico criado para o

caso de estudo selecionado, sendo descrita a metodologia seguida por recurso ao

software Revit 2015 da Autodesk;

O capítulo 4 apresenta as considerações admitidas na elaboração do projeto de

estruturas do caso de estudo. É referida a regulamentação seguida, os materiais

utilizados e as opções consideradas no pré-dimensionamento da solução estrutural. É

ainda descrita a geração da componente estrutural do modelo BIM, igualmente realizado

por recurso ao software Revit 2015 e é efetuada a sua transposição para o software de

cálculo estrutural;

3

O capítulo 5 descreve as etapas associadas à utilização do programa de cálculo

estrutural, acompanhando a verificação da segurança da estrutura. É analisado o nível

de pormenorização de armaduras que é possível realizar com o apoio do programa;

No capítulo 6 é avaliado o processo de exportação para a ferramenta BIM e manipulação

da pormenorização de armadura. Para a obtenção do modelo BIM final, composto pelas

componentes arquitetónica e estrutural após cálculo, são analisados os eventuais

conflitos entre elementos do modelo e as opções de apresentação de informação

associada às diferentes componentes do projeto, nomeadamente, as peças desenhadas

do projeto e as tabelas de quantificação de materiais do projeto de estruturas;

No capítulo 7, são apresentadas as principais conclusões do trabalho e são indicadas as

vantagens e desvantagens da adoção da metodologia, tendo por base a aplicação ao

caso de estudo. Finalmente são referidas algumas recomendações para trabalhos

futuros.

4

5

2 CONCEITO E APLICABILIDADE DO BIM

O texto introduz a metodologia imergente na indústria da construção, Building Information

Modelling (BIM), abordando o conceito, a evolução histórica, a aplicabilidade e o nível de

implementação no sector de forma a contextualizar a relevância do presente trabalho no domínio

do cálculo estrutural.

2.1 DEFINIÇÃO DE BIM

Succar (2009) descreve BIM como uma interação de políticas, processos e tecnologias que

conduzem ao estabelecimento de uma metodologia de geração, atualização e manutenção de

todo a informação inerente ao ciclo de vida de uma obra. Considera ainda, uma tecnologia

emergente que requer uma mudança processual na indústria da Arquitetura, Engenharia

Construção e Operação (AECO).

A definição de BIM não é consensual, o BIM pode ser considerado como uma metodologia

que envolve o desenvolvimento da totalidade do projeto e a posterior gestão do imóvel, ou

pode identificar apenas a utilização de inovadores software com avançadas capacidades de

modelação e de organização de informação, de apoio à fase de projeto e a todo o ciclo de vida

da obra. O BIM é um processo, é o conjunto de ferramentas e é, ainda, o produto final, ou

seja, o modelo BIM que é criado por recurso às ferramentas desenvolvidas para apoiar o

processo colaborativo inerente à metodologia BIM.

O organismo International Standardization Organitazion ISO, define BIM, de um modo conciso,

na ISO-29841-1:2010: Building Information Modelling, como uma representação digital de

características físicas e funcionais de uma obra, numa ótica de partilha e com a informação

fiável para a tomada de decisões. Na Figura 2.1 é ilustrada a relação do BIM com os diferentes

estágios do ciclo de vida de uma obra. Assim, o BIM num contexto alargado, engloba as

distintas aplicações, os modos de transferências de informação, a organização de informação

e a componente tecnológica. O BIM, entendido como uma ferramenta, corresponde a um

contexto muito limitado, onde apenas a modelação digital é considerada.

6

Segundo Migilinskas et al. (2013) a adoção do BIM na indústria da construção promove:

O desenvolvimento de uma estratégia para o projeto, construção e gestão de obra

através da utilização de tecnologias de modelação e de simulação de edifícios;

A gestão integrada do fluxo de informação entre os diversos processos, tendo como

base a capacidade de interoperabilidade entre o software, permitindo conceber um

ambiente de trabalho integrado;

A intervenção individual numa equipa colaborativa, descentralizando as

especialidades na definição de soluções de considerável volume e complexidade,

integrando tarefas individuais no processo;

A realização de atividades de manutenção e gestão de operações ao longo do ciclo

de vida da construção de uma forma rápida eficiente e com menores custos.

Succar (2009), apresenta um conjunto de definições de BIM listado na Figura 2.2.

FIGURA 2.1 – O CONCEITO BIM NA NO CICLO DE VIDA DE UMA OBRA (ADAPTADO DE GRAY ET

AL., 2013, GU & LONDON, 2010).

FIGURA 2.2 – DIFERENTES DEFINIÇÕES DE BIM (ADAPTADO DE SUCCAR,

2009).

7

2.1.1 EVOLUÇÃO

O conceito BIM tem, como base genealógica, o início da computação em 1960, a conceção de

traçado bidimensional nas décadas de 1970 e, posteriormente, em 1980, a modelação espacial,

mas considerando, apenas, a componente geométrica, sem o conceito paramétrico relacionado

com as propriedades físicas associadas (Bergin, 2010).

Em 1962, Englebart apresenta uma perspetiva sobre o futuro da arquitetura no seu artigo

Augmenting Human Intellect, relacionado com o uso dos primeiros sistemas de traçado

computacional, “o arquiteto insere uma série de especificações e de informações,

nomeadamente, a espessura de uma parede de betão é de 12 polegadas, de forma a ser

visualizado no ecrã o correspondente modelo geométrico. O arquiteto examina o modelo e impõe

alterações de modo a evoluir para uma estrutura interligada e mais detalhada”. Englebart sugere,

assim, o desenvolvimento do projeto baseado em objetos de manipulação paramétrica e com

base de informação relacionada. Sem o apoio do avanço tecnológico esta ideia era utópica, hoje

é uma realidade no BIM.

Duas décadas depois, em 1982, é concebido, na Hungria, o software de modelação ArchiCAD,

uma das primeiras ferramentas de base BIM. Alguns anos mais tarde é desenvolvido o Revit da

Autodesk contribuindo para uma maior eficiência na implementação do BIM na indústria.

Segundo Bergin (2010) o Revit apresenta uma interface gráfica apelativa e um aspeto intuitivo

baseado em objetos paramétricos com características geométricas e propriedades físicas

associadas.

Inicialmente o BIM era considerado uma tecnologia Computer-Aided Design (CAD) associada

apenas ao traçado e à modelação geométrica espacial (Ford et al., 1995). Assim, nos anos 80 o

BIM significa, somente, a capacidade de criar modelos digitais tridimensionais (3D),

representativos da construção. No entanto estes modelos foram sendo, sucessivamente,

enriquecidos com a informação adicional organizada e incorporada no modelo. A definição atual

de BIM, aparece no início de 2000, com o conceito Single Building Models (SBM), aplicado pelas

empresas de software CAD como a Autodesk, Graphisoft e a Bentley (Smith, Tardif, 2009).

O BIM é, presentemente, considerado como o modo padronizado de modelação e de

representação de informação na indústria da Construção. A evolução tecnológica associada ao

BIM admite, atualmente, uma grande capacidade de integração de software, de diferentes

disciplinas, e a conceção de objetos paramétricos com um elevado volume de informação.

Ao nível internacional, verifica-se uma forte adesão à metodologia BIM por parte das empresas

de projeto e construção. Mais recentemente o modelo BIM, como um repositório de informação

organizada, tem sido utilizado na elaboração de diversas tarefas inerentes à construção, como a

orçamentação ou planeamento. Esta multifuncionalidade do BIM é referida como as várias

dimensões nD/BIM (Migilinskas, Ustinovichius, 2013). A Figura 2.3 apresenta um esquema

cronológico, identificado por Howa e Bjork (2008) relativo ao desenvolvimento do BIM e sua

aplicação ao longo das últimas décadas.

8

2.1.2 FASES DE DESENVOLVIMENTO DO BIM

Tobin (2008), procura classificar as distintas fases de desenvolvimento do BIM por três gerações:

BIM 1.0, BIM 2.0 e BIM 3.0:

A geração BIM 1.0 corresponde, essencialmente, à implementação de programas de

modelação avançada baseada em objetos paramétricos com alguma informação

associada, numa perspetiva de modelador CAD. Esta geração apresenta, como novas

funções, a capacidade de coordenação e de manipulação de informação adicionada aos

objetos (Tobin, 2008). Verifica-se que, ao nível dos gabinetes de projeto, esta ótica ainda

prevalece. Este estágio de implementação do BIM é adotado pelo arquiteto, pois a

ferramenta BIM facilita a manipulação de informação relativa a objetos e espaços e a

coordenação do projeto (Andrade, 2009). O BIM é mais uma ferramenta do que um

processo de trabalho, fundamentado na cooperação de diferentes organizações

profissionais (Tardif, 2006, Smith, el al., 2007). Nesta fase embrionária de

implementação BIM, os processos referentes à análise estrutural ou à obtenção de

medições para projeto, seguem o modelo tradicional de execução. No entanto, estas

atividades como podem ser apoiadas no projeto, são realizadas de um modo mais célere.

A informação de projeto encontra-se concentrada e organizada no modelo BIM.

A geração BIM 2.0 é denominada, por Tobin (2008), como The Big Bang in Reverse.

Esta denominação é uma analogia inversa ao processo de formação do Universo. O

autor serve-se do eufemismo, afirmando que as galáxias de projetistas e de construtores,

que coexistem em conflito, convergem para um ponto comum, aproveitando as

capacidades da tecnologia desenvolvida. Esta geração cria o conceito de plataforma de

interação, para o desenvolvimento do projeto colaborativo e integrado. Neste contexto,

FIGURA 2.3 – CRONOLOGIA DA METODOLOGIA BIM (ADAPTADO DE HOWARD, BJORK, 2008).

UM POSSÍVEL QUADRO DOCUMENTATIVO DO DESENVOLVIMENTO DE BUILDING INFORMATION MODELLING

ANO

PADRÕES

CAD

INTERCÂMBIO DE DADOS

PROGRAMAS DE SOFTWARE

UTILIZAÇÃO EM CASOS PILOTO

Exemplo de projetos

Proprietários

Produtos de modelo

Outros

Diretrizes de propriedade

Padrões – ISO 13567 – Subconjuntos nacionais o

9

são definidos os modelos BIM com várias dimensões, nomeadamente, o modelo BIM 4D

que associa o parâmetro tempo e o modelo BIM 5D que incorpora o custo. Deste modo

são alargadas as competências do BIM, não apenas na elaboração do projeto, mas

também na execução de diferente tipo de tarefas, requeridas durante todo o ciclo de vida

da obra. Esta nova geração é impulsionada pelas entidades governamentais e sectores

privados com o objetivo de incentivar uma maior cooperação entre os diferentes

intervenientes da indústria AEC e obter melhores produtos e de um modo mais célere

(Tobin, 2008). A colaboração entre os elementos da equipa de técnicos envolvidos, num

projeto, requer um elevado nível de interoperabilidade entre sistemas. Este requisito é

fundamental para se atingirem bons resultados com a metodologia BIM. Russel e Elguer

(2008) denominam, este período, como o Next BIM, pois centraliza o controlo e o fluxo

de informação a utilizar no processo de planeamento e de produção do edifício.

Finalmente, na 3ª geração ou, segundo Jernigan (2008), no Big BIM, o processo de

desenvolvimento do projeto é realizado por equipas multidisciplinares, utilizando

modelos integrados, para que o fluxo de informação se efetue de uma forma contínua

sem omissões ou repetição de dados. O BIM 3.0 representa o modelo ideal único em

que toda a construção do edifício é concebida, estudada e planeada de um modo virtual

correspondendo ao protótipo do edifício. O modelo final deve conter uma rede

centralizada e organizada de dados de acordo com as distintas participações para a

formação do modelo BIM, de uma forma colaborativa e em ambiente virtual (Tobin,

2008). Esta geração traduz um conceito BIM mais completo, exigindo dos arquitetos uma

maior capacidade de reunir, filtrar e processar grandes quantidades de informação

(ONUMA, 2007). A metodologia inerente ao projeto BIM impõe significativas mudanças

culturais e de relacionamento entre os profissionais do sector da AEC e no modo como

os dados são arquivados e manipulados para a realização de diverso tipo de atividades,

tendo como base a informação do modelo BIM.

2.2 PROJETO TRADICIONAL

O método tradicional de realização de um projeto baseia-se na informação de desenhos digitais

e em papel e na repetição de informação entre as diferentes partes envolvidas do processo. Na

segunda metade do século XX, os computadores são utilizados por arquitetos e engenheiros na

elaboração do desenho digital e no cálculo estrutural e orçamentação. A nova geração de

ferramentas foi desenvolvida para ser utilizada sob o conceito da metodologia BIM.

O projeto de arquitetura e engenharia é uma tarefa de equipa, na qual participam diferentes

intervenientes: arquitetos, engenheiros, construtores e outros especialistas. A base do projeto é

a documentação gráfica sob a forma de plantas, alçados, cortes e desenhos de pormenor técnico

do edifício. As normas de desenho técnico são seguidas na sua execução e, portanto,

entendíveis pelos membros envolvidos no projeto. De qualquer modo, embora os desenhos

10

representem objetos espaciais, as entidades de traçado são elementos bidimensionais

(segmentos retos ou curvos).

No método tradicional, cada especialista trabalha de uma forma sequencial mas individual, sendo

responsável pela correta execução da sua tarefa. Os sistemas CAD são um recurso habitual no

processo. No entanto, os conflitos entre os componentes de cada projeto de especialidade, as

omissões ou as incorretas interpretações são inevitáveis, reduzindo a qualidade do produto final,

principalmente quando o projeto é complexo e volumoso. A coordenação das especialidades

tem, como principal objetivo, resolver estes mesmos problemas. O recurso a sistemas CAD,

agiliza o processo de verificação através da sobreposição de desenhos das especialidades, no

entanto, o resultado final não é, frequentemente, isento de falhas. Quando num desenho CAD

uma determinada layer, correspondente a uma instalação, é alterada, as modificações impostas

têm de ser introduzidas manualmente nos projetos de arquitetura e, eventualmente, de estruturas

(Czmoch, Pekala, 2014).

A evolução tecnológica alcançada abrange o cálculo estrutural e o apoio ao estabelecimento de

soluções para o projeto de redes de águas, elétricas, de ar condicionado e refrigeração e de

diversos serviços. Tem havido interesse, por parte das empresas de software BIM, em

desenvolver componentes que permitam a interligação de programas computacionais de cálculo

estrutural, como o Robot (Autodesk) ou o SAP2000 (CSI), com os sistemas de modelação BIM.

Nomeadamente, o programa de cálculo Robot Structural Analysis da Autodesk, é um sistema

adaptado a ferramentas BIM. Esta aplicação permite a criação do modelo de estruturas, a

combinação geométrica e discretização das diversas situações de carga. Este tipo de aplicação

possibilita a transposição do modelo para o programa de cálculo de forma a poder proceder-se

ao dimensionamento da estrutura. As aplicações estruturais BIM desenvolvidas permitem ainda

o traçado de desenhos estruturais de dimensionamento e de pormenorização de armaduras ou

de detalhes de ligações metálicas (Czmoch, Pekala, 2014). No entanto, esta tarefa apresenta

ainda bastantes limitações em BIM, como se analisa mais à frente.

Resumindo, o projeto tradicional é apresentado sob a forma de um conjunto de documentos

contendo informação sobre as componentes técnicas relacionadas com a arquitetura, a

implantação, a construção, as instalações e ainda por inúmeros mapas de quantidades ou

estimativas de custos. A perspetiva BIM é conceber todo o projeto na forma de componentes

modeladas em 3D e sobrepostas, associadas a toda a informação relacionada com as

especialidades, e com capacidade de responder nos mesmos formatos, desenhos ou tabelas,

entendíveis por todos os intervenientes no projeto de construção. A modelação paramétrica é a

essência da completa aplicação prática de BIM, pois permite uma rápida geração e sobreposição

de componente e a atualização de todas as especialidades sob a imposição de alterações.

Adicionalmente a utilização BIM admite outros benefícios (Czmoch, Pekala, 2014):

As ferramentas BIM têm capacidade de efetuar a análise de conflitos entre elementos de

duas ou mais componentes do modelo. Esta capacidade é importante na coordenação

interdisciplinar do projeto. No método tradicional, as colisões são identificadas com o

11

auxílio de desenhos sobrepostos de forma a identificar eventuais interseções. A deteção

de colisões em BIM é baseada em algoritmos desenvolvidos pela indústria de jogos de

entretenimento (Czmoch, Pekala, 2014). Os algoritmos de deteção de colisões em BIM

consideram três categorias, pesadas (corresponde à ocupação de dois elementos num

mesmo espaço), leves (alerta que um dado elemento requer um espaço livre envolvente

devendo associar-se uma regra de limitação de espaço com parâmetros do elemento) e

técnicas (admite a associação de algoritmos aos elementos que traduzam a sequência

e planeamento da obra, o número de trabalhadores e o tempo necessário para completar

a fase construtiva). A identificação de colisões entre especialidades é hoje uma dos

benefícios BIM mais reconhecidas na indústria da Construção.

O conteúdo da base de dados do modelo pode ser manipulada para diferentes

propósitos, originando o que frequentemente se designa as “n” dimensões do BIM.

Considera-se a existência do BIM 3D (componente visível do modelo), o BIM 4D

(utilizado no planeamento de construção associando a variável tempo), o BIM 5D

(utilizado na orçamentação associando a variável custos), o BIM 6D (dirigido à uma

manipulação de informação no âmbito da sustentabilidade) e o BIM 7D (aplicado à

gestão de obra onde a base de dados do modelo contem informação detalhada sobre

cada objeto paramétrico do imóvel).

A modelação em BIM é um processo que impõe alterações no modo de trabalho e

consequentemente de comunicação entre parceiros no projeto. A conceção do projeto estrutural,

a sua análise e o estabelecimento de soluções alternativas adequadas à satisfação das

necessidades de arquitetura, corresponde a um processo de custos elevados e de significativo

desperdício de tempo, quando realizado pelos métodos tradicionais.

Com a utilização dos sistemas BIM um modelo 3D preparado por um arquiteto, pode ser utilizado

como apoio a um modelo 3D analítico, a utilizar na análise estrutural e o engenheiro estrutural

pode obter resultados de esforços e/ou deformações em conformidade com a regulamentação

vigente (Czmoch, Pekala, 2014). Contudo, a sequência de transferência de informação entre

sistemas requer um eficiente nível de interoperabilidade.

2.3 INTEROPERABILIDADE

As aplicações computacionais são definidas de forma a executarem tarefas em que a informação

é criada e manipulada nos seus formatos nativos. A indústria da Construção utiliza inúmeras

aplicações sob este conceito, dificultando uma rápida e consistente transferência de dados entre

sistemas. De forma a manter a informação disponível para todas as partes interessadas, como

requerido no ambiente colaborativo BIM, as aplicações necessitam de proporcionar uma eficiente

troca de informação. As ferramentas desenvolvidas para apoiar o projeto BIM, podem admitir

capacidades de geração de dados e de arquivo de informação em formatos universais ou então

considerar apenas a leitura de dados, designados por visualizadores BIM, permitindo a utilização

de dados para diversos fins. Os software de base BIM adotam, normalmente o formato de dados

12

universal Industry Foundation Classes (IFC) (Yang, Zhang, 2006) o qual permite um elevado

nível de interoperabilidade.

Segundo Gallaher (2004) a interoperabilidade é a habilidade dos software de gerir e comunicar

produtos eletrónicos e informação de projeto entre empresas colaboradoras e companhias

individuais, sistemas de projeto, construção, manutenção e processos de negócios.

De forma a corresponder a estas necessidades, as empresas de software dirigem a sua atenção

para a conceção e a melhoria da capacidade de interoperabilidade entre os seus programas. De

acordo com Young (2007) o nível de interoperabilidade alcançado, entre os software de interesse

para o desenvolvimento das atividades numa empresa, influência a tomada de decisão de

envolver ou não o BIM.

Em 1995, a Autodesk organiza uma aliança entre doze companhias de forma a identificar os

benefícios da interoperabilidade, numa perspetiva de uma completa troca de informação entre

diferentes software utilizados na indústria da Construção. Este consórcio engloba os sectores da

engenharia, de construção e de desenvolvimento de software, e a sua associação tem por base

o interesse comum em investir no futuro da indústria da Construção. O grupo é composto pelas

empresas Autodesk, Archibus, AT&T, Carrier Corporation, HOK Architects, Honeywell, Jaros

Baum & Bolles, Lawrence Berkeley Laboratory e Primavera Software. Segundo a associação, o

desenvolvimento de técnicas que garantam uma melhor interoperabilidade entre sistemas é um

investimento comercial e de investigação, devendo adaptar-se e envolver os diversos sectores

da indústria.

Em 1996 é estabelecida, em Londres, a International Alliance for Interoperability (IAI),

englobando representantes da América do Norte, Europa e Ásia. Em 2008 a IAI altera a sua

designação para buildingSMART, por forma a melhor refletir a natureza e os objetivos da

organização. Atualmente, a organização tem parcerias com a Internation Organization for

Standardization (ISO) e a Open Geospatial Consortium (OGC). A sua missão é facilitar a livre

troca de informação com base em formatos padronizados e abrangendo os sectores das

infraestruturas, construção e gestão de todo o ciclo de vida da obra, aumentar o valor do

investimento, o estabelecimento de um projeto colaborativo e promover oportunidades de

crescimento das empresas [W1].

2.4 NÍVEIS DE MATURIDADE DE BIM

Segundo Succar (2009) a maturidade BIM refere-se à qualidade da informação contida no

modelo BIM e, consequentemente à habilidade de se poderem realizar tarefas, utilizando os

dados do modelo. O grau de maturidade BIM, de um dado modelo, está relacionado com a fase

de desenvolvimento do projeto, pois depende do tipo de informação já criada e incorporada no

modelo.

13

Os modelos de maturidade são identificados por níveis associados a requisitos específicos

(Succar, 2009). A literatura não é consensual quanto à avaliação da maturidade BIM e, portanto,

ao estabelecimento de níveis e seus conteúdos. O modelo de maturidade Integrated Building

Information Modelling (iBIM), identifica alvos específicos para a indústria da Construção do Reino

Unido, abrangendo tecnologia, padrões, guias de atuação, classificações e modos de entrega de

documentação (Bew et al., em 2008). Os objetivos a atingir e cada alvo identificado estão

organizados por três níveis de maturidade, como se ilustra na Figura 2.4.

Tal como reporta a Figura 2.4, a cada nível corresponde diferente grau de implementação da

metodologia BIM:

O nível 0 corresponde, essencialmente, à utilização de ferramentas CAD tradicional;

No nível 1 existe um maior cuidado na visualização e manipulação da informação

recorrendo a ferramentas 3D;

A verdadeira adoção do BIM ocorre a partir do nível 2 onde, para além da modelação

geométrica, se recorre a informação paramétrica associada aos objetos;

O nível 3 corresponde à plena adoção do BIM através das valências existentes nos níveis

inferiores, assim como numa partilha da informação, o que corresponde a um

aproveitamento superior da interoperabilidade entre programas.

FIGURA 2.4 – MODELO DE AVALIAÇÃO DE MATURIDADE BIM (ADAPTADO DE BIS, 2011).

Nível 0

Nível 1

Nível 2

Nível 3

Gestã

o d

o c

iclo

de v

ida

14

2.5 PROCESSO COLABORATIVO

A elaboração do projeto requer o envolvimento de especialidades, sendo necessário coordenar

o resultado que congregue todas as valências. A tarefa de coordenação pode ser complexa se o

projeto é volumoso e envolve muitas disciplinas. Na indústria da Construção os intervenientes

são especialistas nos seus sectores, representando as diferentes disciplinas de projeto, com

distinta motivação e diversos objetivos a atingir. Adicionalmente, os profissionais podem

pertencer a distintas empresas que temporariamente colaboram na execução do projeto,

realizando a sua componente específica. Estas parecerias existem apenas durante o

desenvolvimento do projeto. A colaboração envolve, normalmente, um prazo curto relativamente

ao ciclo de vida da obra ou mesmo do projeto. Contudo, as decisões e as ações realizadas por

estas partes, enquanto participantes na equipa de projeto, têm, naturalmente, posteriores

consequências e impõem constrangimentos à atividade de outros participantes, que atuem sobre

as suas soluções (Kalay, 2005).

O processo BIM pretende claramente introduzir um nível elevado de colaboração no trabalho.

Para tal, recorre a tecnologias de modelação em que é possível a sobreposição de componentes,

a utilização da informação do modelo para diferentes objetivos e a identificação do executor de

cada componente do modelo. A modelação BIM é baseada em objetos paramétricos, associados

não só à geometria de cada elemento, mas a um conjunto de informação de propriedades de

materiais e de relacionamento entre elementos, caraterísticas que não são possíveis de

considerar nos desenhos e modelos CAD. As ferramentas BIM facilitam, ainda, a gestão do

projeto e dos processos construtivos, possibilitando a atualização de diferentes versões de

componentes de projeto e a coordenação de toda a informação envolvida no projeto (Kalay,

2005).

Segundo George (2012), num projeto desenvolvido em BIM, a colaboração deve ser

adequadamente coordenada. Deve existir algum investimento de formação e dispêndio de

tempo, para estabelecer relações e interdependências, realizadas através da interface das

ferramentas BIM. O processo colaborativo exige um nível adequado de interoperabilidade. É

essencial para se estabelecer uma eficaz colaboração em BIM, permitir uma fácil transferência

de dados entre membros da equipa de projeto. Os colaboradores podem encontrar-se em

qualquer parte do mundo e utilizarem qualquer tipo de software, desde que tenham a capacidade

de utilizar os ficheiros formatados segundo padrões universais [W2].

2.6 PADRÃO INDUSTRIAL FOUNDATION CLASSES

O padrão Industrial Foundation Classes (IFC) corresponde a uma formato neutro utilizado para

descrever, trocar e partilhar informação relacionada com o sector da Construção. O IFC é

considerado o padrão internacional, registado na International Standardization Organization

(ISO) como ISO16739 [W3]. Com este formato neutro, atualmente, cada membro da equipa de

projeto, deve poder trabalhar sobre o modelo executado por outros, aportando a sua contribuição.

15

No entanto o processo de troca de informação do projeto, por recurso ao IFC apresenta ainda

limitações. A transferência de modelos IFC entre software apresenta ainda, erros de sintaxe e de

semântica devido à ineficiente capacidade de interoperabilidade verificada nos programas

informáticos. Em 2004, o National Institute of Standars and Technology estimou, através de um

estudo, que uma inadequada interoperabilidade provocou cerca de 15,8 mil milhões de custos

anuais desnecessários (Lee et al., 2014).

A investigação BIM atual incide no desenvolvimento de versões de formatos de transferência que

proporcionam uma melhor integridade e correção da informação, de forma a assegurar um bom

nível de interoperabilidade (Lee et al., 2014).

Atualmente, é possível recorrer a diversas ferramentas que permitem reduzir alguns dos erros.

A verificação sintática pode ser realizada pelas aplicações Express Engine e Express Data

Manager, desenvolvidos no âmbito das mais recentes versões de padrões IFC. Como alternativa

pode seguir-se a metodologia apresentada para a validação de ficheiro IFC (Figura 2.5).

Atualmente as especificações do IFC são desenvolvidas e geridas pela buildingSmart

International (bSI).

2.7 FERRAMENTAS DE BASE BIM

Atualmente, existem diversas empresas especializadas no desenvolvimento de software BIM

dirigido às distintas especialidades. A Tabela 2.1 apresenta um conjunto de aplicações BIM

listado por âmbito de ação.

TABELA 2.1 – PROGRAMAS BIM.

Especialidade Programas

Arquitetura Autodesk Revit Architecture

Graphisoft ArchiCAD

Nemetschek Allplan Architecture

GehryTecnologies – Digital Project Designer

Nemetschek Vectors work Arcitect

Bentley Architecture

4MSA IDEA Architectural Design (IntelliCAD)

CADSoft Envisioneer

FIGURA 2.5 – CICLO DE VALIDAÇÃO DE UM FICHEIRO IFC (LEE, EASTMAN, LEE, 2015).

16

Softech Spirit

RhinoBIM (Beta)

Estruturas Autodesk Revit Structure

Bentley Structural Modeler

Bentley RAM, STAAD and ProSteel

Tekla Strucutres

CypeCAD

Graytec Advance Desing

StrucutreSoft Metal Wood Framer

Nemetschek Scia

4MSA Strad

4MSA Steel

Autodesk Robot Strucutral Analysis

Autodesk Revit Structure

Bentley Structural Modeler

Bentley RAM, STAAD and ProSteel

Tekla Strucutres

CypeCAD

Graytec Advance Desing

StrucutreSoft Metal Wood Framer

Nemetschek Scia

4MSA Strad

4MSA Steel

Autodesk Robot Strucutral Analysis

MEP Autodesk Revit MEP

Bentley Hevacomp Mechanical Designer

4MSA FineHVAC + FineLIFT + FineELEC + FineSANI

Gehry Tecnologies – Digital Project MEP Systems Routing

CADMEP (CADduct / CADmech)

Construção Autodesk Navisworks

Solibri Model Checker

Vico Office Suite

Vela Field BIM

Bentley ConstrucSim

Tekla BIMSight

Glue (Horizontal Systems)

17

Syncrho Professional

Innovaya

Sustentabilidade Autodesk Ecotec Analysis

Autodesk Green Building Studio

Graphisoft EcoDesignr

IES Solutions Virtual Environment VE-Pro

Bentley Tas Simulator

Bentley Hevacomp

Design Builder

Gestão de infraestruturas Bentley Facilites

FM: Systems FM: Interact

Onuma System

EcoDomus

Autodesk

Graphisoft

Bentley Systems

Tekla

Nemetschek Vectorworks

A lista apresentada de software permite identificar que grande parte da quota de mercado é

dominada pela empresa Autodesk (responsável pelo Revit e Robot), seguida pela Graphisoft

(detentora do Archicad), Bentley e Nemetschek (que comercializa os programas Vectorworks e

Graphisoft). A Figura 2.6 apresenta num gráfico a distribuição das extensões de ficheiros BIM

utilizadas a uma escala global, agrupadas pelo tipo de programa correspondente.

Segundo Eastman (2011), o Revit apresenta-se como o software mais intuitivo e de fácil

aprendizagem, sendo provavelmente essa a principal razão pela qual é este o programa mais

utilizado a nível mundial. O ambiente de trabalho é organizado e apresenta uma interface

bastante intuitiva para o utilizador. A versão mais recente do Revit inclui um conjunto de

FIGURA 2.6 – QUOTA DE MERCADO DE SOFTWARE BIM (HAMIL, 2013).

18

capacidades destinadas a diferentes especialidades, permitindo o desenvolvimento do projeto

de um modo bastante integrado. O Revit 2016 incorpora as valências de arquitetura, de

estruturas e de serviços. No desenvolvimento do caso de estudo, é utilizado o software Revit,

pois já apresenta alguma implementação no mercado nacional e é, no âmbito educacional um

software de acesso gratuito.

Contudo o ArchiCAD da Graphisoft é considerado o primeiro dos software BIM a ser

comercializado. O ArchiCAD é bastante utilizado na Europa nomeadamente em gabinetes de

arquitetura. A versão mais recente apresenta uma interface bastante intuitiva, mas como não

incorpora nenhum programa orientado para a especialidade de estruturas, tem uma fraca

implementação na área da engenharia. No entanto, o ArchiCAD disponibiliza o seu produto em

duas versões, para Windows e MAC, contrariamente ao que acontece ao Revit que apenas corre

em Windows [W4].

Finalmente, o Vectorswork, da empresa Nemetschek fundada em 1985, apresenta-se como um

software específico de soluções BIM que permite ao projetista desenvolver e comunicar as suas

ideias com eficácia. Segundo a estimativa da empresa, o Vectorworks serve mundialmente mais

de 500 000 clientes, incluindo arquitetos civis e paisagistas e uma variedade de técnicos ligados

ao entretenimento ou à produção. Segundo Debevc (2013), o Vectorworks apresenta uma

interface bastante simples que pode ser ajustada caso o utilizador trabalhe num sistema de

monitores múltiplo. O processo de aprendizagem é facilitado pelos guias tutoriais que a própria

companhia disponibiliza. A modelação é muito semelhante aos outros software BIM, com

comandos bastante intuitivos. A Nemetschek utiliza ficheiros BIM de padrão neutro, garantindo

o elevado nível de interoperabilidade do Vectowork no processo de exportação. Apresenta-se

assim como uma solução interessante para utilizadores que trabalhem no sistema operativo

MAC. Na Figura 2.7 ilustra-se o ambiente do Vectowork, nomeadamente, no processo de

exportação.

A recente versão do Vectorworks 2016 apresenta como grande novidade a aplicação do

Passivahaus para a análise energética em edifícios. O sistema em nuvem associado ao

Vectorworks permite, entre outros serviços, a visualização de modelos e documentos através de

aplicações para IOS e Android, disponíveis em tablets e smartphones [W5] [W6].

19

2.8 IMPLEMENTAÇÃO DA TECNOLOGIA BIM

2.8.1 PANORAMA INTERNACIONAL

A entrega de modelos BIM relativa a projetos de obras públicas é já uma exigência em diversos

países europeus como o Reino Unido, Suécia, Noruega, Finlândia, Holanda ou Dinamarca, e em

Singapura (Taborda, Cachadinha, 2012). Noutros países como a Austrália, Brasil, Japão, Coreia

do Sul e Nova Zelândia foram definidas medidas para acelerar a implementação da metodologia

BIM (Smith, 2014).

O relatório McGraw-Hill Construction (2013) refere que a utilização de BIM apresenta uma

aceleração nos sectores privado e público de forma a recolher benefícios ao nível de rapidez e

eficácia de entrega do projeto, na qualidade do produto e na redução de custos. A Architecture,

Engineering, Consulting, Operations, and Maintenance (AECOM) previu, em 2013, que o

mercado BIM iria crescer dos 1,8 mil milhões de dólares, em 2012, para os 6,5 mil milhões de

dólares em 2020. Um recente impulso na implementação desta metodologia, foi protagonizada

pela recente decisão do Parlamento Europeu, em Janeiro de 2014, em modernizar as regras

públicas europeias de concursos, recomendando a adoção de novas tecnologias, como o BIM.

A implementação da diretiva europeia European Union Public Procurement Directive (EUPPD)

propõe que todos os 28 estados membros devem encorajar o uso de BIM para os projetos a

realizar na União Europeia em 2016. Esta diretiva irá motivar a um curto prazo, um crescimento

da implementação da metodologia BIM em todo o continente europeu (Smith, 2014).

FIGURA 2.7 – AMBIENTE VECTORWORKS EM MAC. EXPORTAÇÃO DE MODELO [W6].

20

Os Estados Unidos é o país líder da implementação de BIM na indústria da Construção (Wong,

2011). A US General Services Administritation (GSA) foi pioneira na implementação do BIM em

projetos públicos. Note-se que a GSA é responsável pela construção e manutenção de todas as

instalações federais nos Estados Unidos. Verifica-se através do gráfico da Figura 2.8, que a

maior utilização de ferramentas BIM neste país é dirigida à visualização. O projeto de arquitetura

é a segunda maior utilização do BIM, seguindo-se a análise de conflitos.

A criação de modelos BIM de arquitetura lidera assim a utilização de ferramentas BIM, tendo

como principal objetivo a estimativa de custos associados a diferentes soluções (Figura 2.9). O

desenvolvimento de modelos estruturais é também um recurso frequente em BIM, tendo menos

expressão a modelação de serviços (MEP).

No Reino Unido, a National Building Specification (NBS), com base num inquérito realizado em

2010, revela que mais de 36% das empresas de sectores ligados ao projeto e construção

contavam em 5 anos utilizar as ferramentas e a metodologia BIM na maioria dos seus projetos

(Figura 2.10).

Relativamente às empresas que já implementaram o BIM, o gráfico da Figura 2.11, ilustra que

mais de 78% confirmam resultados positivos, contrastando com apenas 4% das empresas que

não verificaram vantagens na implementação.

FIGURA 2.8 – UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE BIM NA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO EUA (SATTINENI, 2011).

FIGURA 2.9 – CRIAÇÃO DE MODELOS BIM ESPECIALIZADOS NOS EUA (SATTINENI, 2011).

Projeto/Modelação de arquitetura

Deteção de colisões

Estimativas

Marketing

Projeto/Modelação MEP

Planeamento

Projeto/Modelação estrutural

Visualização

Não aplicável

Arquitetura

MEP

Estrutural

Percentagem

Estrutural

MEP

Arquitetura

21

O governo britânico considerou em 2011, a aplicação da metodologia BIM no seu plano

estratégico para a construção. Em consequência desta diretiva a metodologia apresenta uma

FIGURA 2.10 – INQUÉRITOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE BIM NO REINO UNIDO (ADAPTADO DE

NSB, 2010).

Utiliza BIM

Prevê utilizar

BIM em 1 ano

Prevê utilizar

BIM em 3 ano

Prevê utilizar

BIM em 5 anos

Em todos os

projetos

Na maioria

dos projetos

Numa minoria de

projetos

A adoção de BIM tornou as especificações

tradicionais redundantes na organização

A adoção de BIM foi bem-sucedida

Era preferível não ter adotado BIM

Concorda

totalmente

Tende a

concordar

Não concorda nem

discorda

Tende a

discordar

Discorda Totalmente

FIGURA 2.11 – INQUÉRITO A EMPRESAS ONDE O BIM JÁ SE ENCONTRA IMPLEMENTADO

(ADAPTADO DE NBS, 2010).

22

expressiva implementação nos sectores público e privado [W7]. A Figura 2.12 demonstra a

evolução comparativa da adoção de CAD e do BIM. Verifica-se que a implementação BIM

apresenta um ritmo mais acelerado do que a adoção da tecnologia CAD, nas décadas de 80 e

90.

Finalmente, a Figura 2.13 apresenta um gráfico que ilustra o grau de implementação BIM nas

empresas de diversos países, onde se inclui uma estimativa para o ano de 2015, onde se previa

uma adesão muito significativa, cerca do dobro da percentagem observada em 2013 (McGraw

Hill, 2013).

2.8.2 PANORAMA NACIONAL

O estudo realizado por Venâncio (2015) sobre a implementação do BIM em Portugal, baseado

em 379 inquéritos dirigidos aos sectores da arquitetura, engenharia e construção, confirmam

a fase embrionária do processo no nosso país. No entanto, o meio universitário com base em

cursos e investigação tem abordado a temática BIM, contribuindo para a sua divulgação no

sector da construção, por meio da formação.

FIGURA 2.12 – IMPLEMENTAÇÃO DO BIM NO REINO UNIDO E EUA (HOBOKEN, WILEY, 2011).

FIGURA 2.13 – PERCENTAGEM DE CONSTRUTORAS COM UM ELEVADO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO

BIM. DADOS POR PAÍS (NBS, 2010).

23

Já o sector público ainda não reconhece o BIM e os seus benefícios, não havendo qualquer

diretiva obrigatória nesse sentido que motive esse conhecimento. Por sua vez o sector privado

começa a desenvolver algum trabalho na arquitetura, engenharia e coordenação da

construção em BIM. A Figura 2.14 compara o nível de conhecimento do BIM nos principais

sectores da indústria.

A Figura 2.15 ilustra idêntica análise por tipo de entidade ou empresa, onde se pode concluir

que os Donos de Obra e as Câmaras Municipais, não estão ainda consensualizados em

relação ao BIM, e que os projetistas e, ainda, menos as empresas construtoras, reconhecem

as suas vantagens.

No entanto e apesar da ainda fraca implementação, a indústria manifesta algum interesse

especialmente no sector privado (Figura 2.16). Contudo, a ótica mais explorada é a

visualização do projeto 3D, pois permite uma melhor compreensão no apoio à gestão da obra

e na análise de colisões, erros e omissões.

A manutenção do edifício ao longo do ciclo de vida da obra é também, segundo o mesmo

estudo, um dos aspetos particulares que levam ao interesse na metodologia. O inquérito

revela ainda que um fator chave para o aumento da adesão a esta nova forma de trabalhar é

a criação de legislação na área. A Figura 2.17 ilustra os aspetos que os diferentes

intervenientes do sector da construção consideram mais importantes para uma maior adesão

à metodologia BIM.

FIGURA 2.15 – ANÁLISE SOBRE O CONHECIMENTO DO CONCEITO BIM PARA CADA GRUPO DE INQUERIDOS

(VENÂNCIO, 2015).

FIGURA 2.14 – COMPARAÇÃO DOS CONHECIMENTOS BIM EM CADA GRUPO DE INQUERIDOS (VENÂNCIO,

2015).

24

Tal como referido, a comunidade académica, na sua missão de formação e atenta às

inovações tecnológicas, tem sido um importante impulsionador do BIM, ao nível de capacitar

a nova geração de técnicos com conhecimentos BIM. A academia acredita que os novos

profissionais vão ser uma mais-valia na área da indústria da construção num futuro próximo.

A realização de conferências internacionais, em Portugal, sobre esta nova forma de trabalho,

tem tido a participação das universidades portuguesas de Engenharia Civil e Arquitetura. O

evento BIM International Conference teve a sua 1ª edição no Porto em 2013, com a

participação de oradores internacionais especialista no tema. Realiza-se em 2016, já a 4ª

edição. O evento contribui como ponto de encontro e de aprendizagem para todos os

interessados nacionais [W8] [W9].

Adicionalmente a organização nacional Plataforma Tecnológica Portuguesa de Construção

FIGURA 2.16 – ANÁLISE SOBRE A RELEVÂNCIA DA METODOLOGIA BIM PARA CADA GRUPO DE INQUERIDOS

(VENÂNCIO, 2015).

FIGURA 2.17 – ANÁLISE COMPARATIVA POR TIPO DE FORMAÇÃO DOS ASPETOS MAIS IMPORTANTES

PARA UMA MAIOR ADESÃO À METODOLOGIA BIM (VENÂNCIO, 2015).

25

(PTPC) criou um grupo de trabalho com a missão de desenvolver o BIM no sector, e de

promover o estabelecimento de uma normativa que incentive e regularize a adoção de BIM a

nível nacional [W10] [W11].

O Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico tem sido um impulsionador

da investigação e formação em BIM em Portugal, através da publicação de documentos

científicos e dissertações de mestrado, assim como, na organização de formações em

parceria com a FUNDEC sobre o BIM.

26

27

3 MODELO BIM DE ARQUITETURA

A solução estrutural a desenvolver na elaboração da dissertação é aplicada a um caso de

estudo. Inicialmente é criada a componente arquitetónica do modelo BIM. Este capítulo

descreve o processo de geração do modelo com o recurso à ferramenta de base BIM, o Revit

2015 da Autodesk.

3.1 O CASO DE ESTUDO

O caso de estudo considerado é uma moradia unifamiliar situada em Rio Maior, distrito de

Santarém. O imóvel é composto por três quartos, escritório, sala, cozinha, duas instalações

sanitárias e uma zona para tratamento de roupas e vestíbulos de circulação. A cobertura é

acessível através de uma escada extensível, colocada na zona da cozinha, e prolonga-se

sobre o alpendre orientado a sul.

O edifício selecionado está inserido em zona sísmica, com alguma relevância, e admite uma

dimensão média em planta. A documentação gráfica fornecida referente ao projeto de

arquitetura contém um conjunto de informação útil para o desenvolvimento do modelo e para

a posterior discussão de resultados.

Na criação do modelo BIM foram selecionados os elementos que melhor correspondem, do

ponto de vista estético e funcional, aos adotados pelo arquiteto no projeto. Foram omitidos,

no entanto, alguns detalhes construtivos por não serem relevantes para a presente

dissertação, nomeadamente, pormenores de beirado português associados à cobertura,

dispositivos interiores como eletrodomésticos e os elementos das redes da componente

Mechanical, Electrical, and Plumbing (MEP).

A ferramenta BIM utilizada, o Revit 2015, é um software muito divulgado na indústria da

Construção, e apresenta vantagens a um utilizador experiente em AutoCAD, também da

Autodesk, pois a interface é semelhante. Esta versão do Revit incorpora as três valências,

Arquitetura, Estrutura e Sistemas (Figura 3.1) permitindo, no âmbito do trabalho, a modelação

das duas primeiras componentes. Outro aspeto importante para a seleção do Revit, neste

trabalho, é a capacidade de interoperabilidade que o Revit permite estabelecer com o

programa de cálculo estrutural, o Robot Structural Analysis.

3.2 DEFINIÇÕES INICIAIS

O primeiro passo no processo de modelação, é selecionar, na interface inicial (Figura 3.1), o

menu Arquitetura, seguindo-se a opção Modelo de Arquitetura, e a indicação que se vai criar

um novo projeto. O ficheiro é criado com a extensão .rvt.

28

De seguida, são estabelecidas as configurações de base pretendidas. Assim, na interface relativa

às unidades de projeto (Figura 3.2), acedida a partir do separador Gerenciar, são indicadas as

unidades de medida (metro) e o número de casas decimais (2).

3.2.1 NÍVEIS DE PISOS

Posteriormente, são definidas as cotas para os níveis da moradia. Na modelação paramétrica

dos elementos verticais, os níveis identificados atuam como os limites inferior e superior, em

relação aos quais os objetos modelados ficam associados. As cotas indicadas são obtidas do

projeto de arquitetura fornecido. Os níveis são inseridos sobre uma vista vertical, tal como se

apresenta na Figura 3.3.

FIGURA 3.1 – FASE INICIAL DA CRIAÇÃO DO MODELO.

FIGURA 3.2 – JANELA ASSOCIADA ÀS UNIDADES DE PROJETO.

29

Consideram-se os seguintes níveis: Fundações, Piso 0 e Piso 1. Admitiu-se uma laje de

espessura de 0,20 m e um pé-direito livre de 2,70 m, e que a superfície superior dos

elementos de fundação se situa a 0,40 m abaixo da face superior do piso térreo.

Ao longo do processo de modelação é possível adicionar novos níveis, facilitando a

apresentação do trabalho em desenvolvimento, ficando ao critério do utilizador em que fase

da modelação tais níveis devem ser criados. Alternativamente podem ser colocados todos os

níveis, ocultando, nas diferentes fases de construção do modelo, aqueles que não são

necessários. No presente caso, foram criados posteriormente mais quatro níveis: um relativo

ao piso do alpendre; outro relacionado com o pormenor da base dos pilares arquitetónicos do

alpendre; um associado à cumeeira; um último nível associado ao topo da chaminé.

Quando se pretendem incorporar no modelo a criar diversas componentes como a arquitetura

e as estruturas deve ser efetuada nesta fase, a organização do projeto. De forma a dividir as

vistas do Navegador de acordo com as diferentes especialidades escolhe-se a opção

Discipline (Navegador de Projeto -> Vistas -> Organização do Navegador) tal como se

apresenta na Figura 3.4.

No Revit as vistas atuam como pastas de ficheiros. Assim, é possível compartimentar por

diversas vistas do modelo, a informação relevante para cada disciplina. Quando é selecionada

FIGURA 3.3 – DEFINIÇÃO DOS NÍVEIS DE TRABALHO INICIAIS.

FIGURA 3.4 – ORGANIZAÇÃO DO NAVEGADOR.

30

uma determinada vista é omitida, consequentemente, a informação irrelevante para essa

especialidade. Para a modelação do projeto de arquitetura, e caso se esteja a proceder a uma

alteração, são ocultados os eventuais elementos estruturais. Tal permite uma maior eficiência

no trabalho, facilitando a modelação e a análise de resultados na especialidade.

3.2.2 GRELHA DE ALINHAMENTOS

Finalmente, na fase de preparação da modelação deve ser traçada uma grelha de eixos

auxiliares, correspondentes a alinhamentos dos elementos verticais, de forma a facilitar a

inserção de objetos no modelo. Para o traçado da malha de eixos é selecionado o ícone Eixo,

como se ilustra na Figura 3.5.

Como referido, em relação à definição de níveis, é possível adotar, em qualquer momento do

projeto uma grelha adicional. Numa primeira fase os eixos a considerar devem coincidir com

as paredes exteriores e interiores constituindo uma rede. Esta grelha é, posteriormente

adaptada ao projeto de estruturas. O traçado dos alinhamentos é facilitado pelo intuitivo

funcionamento do Revit que permite definir eixos diretamente através de distâncias entre

elementos. Assim, é possível definir diretamente os seus comprimentos e afastamentos tal

como se ilustra na Figura 3.6.

Adicionalmente para cada vista (planta ou alçado) devem ser definidas as escalas de

visualização dos elementos. No presente caso de estudo, e considerando as dimensões do

FIGURA 3.6 – REPRESENTAÇÃO E DEFINIÇÃO DE ALINHAMENTOS.

FIGURA 3.5 – ÍCONE PARA A CRIAÇÃO DE EIXOS.

31

edifício, adotou-se a escala 1:100 para todas as vistas. Este valor pode ser alterado nas

propriedades de cada vista, tal como se ilustra na Figura 3.7.

Na fase de preparação da modelação, podem ainda ser indicadas as definições iniciais

relativas à informação geográfica, do local em que o imóvel vai ser construído, e, ainda, à

correta orientação dos pontos cardeais sobre o edifício. O Revit permite, assim, definir e

orientar geograficamente o modelo, sem dificultar a modelação. O programa considera a

existência do “Norte verdadeiro”, associado ao ponto cardeal, e o “Norte de Projeto”, o qual

permite manter o modelo centrado, facilitando o seu manuseamento na fase de modelação.

O “Norte de Projeto” fica associado ao alçado norte do projeto. As referências geográficas

podem ser utilizadas, por exemplo, numa análise energética.

3.3 CRIAÇÃO DO MODELO

Estabelecidas as bases da modelação procede-se à criação do modelo BIM de arquitetura.

Este é iniciado pela inserção de paredes, seguindo-se a colocação de janelas, portas,

pavimentos, cobertura e, ainda, outros elementos arquitetónicos.

3.3.1 PAREDES EXTERIORES

Selecionada a vista correspondente ao piso 0 e visualizada a grelha criada, são

representadas as paredes exteriores. No presente projeto admite-se a existência de apenas

um tipo de parede exterior, de 30 cm de espessura, constituída por: pintura e reboco (2cm)

aplicadas pelo interior; dois painéis de tijolo de 11 cm; um espaço intermédio destinado à

FIGURA 3.7 – ALTERAÇÃO DA ESCALA DA VISTA.

32

colocação de uma placa de isolamento e à definição de uma caixa de ar (4 cm); camada

exterior de reboco e pintura (2 cm).

No Revit, previamente à colocação de paredes, é selecionado o tipo de parede pretendido.

As características referidas são atribuídas a um novo tipo de parede, ficando adicionada à

biblioteca de paredes disponíveis. Para a criação do padrão desta parede é necessário aceder

à aba Arquitetura, escolher o item Parede Arquitetónica, selecionar um tipo de parede

existente e proceder à sua adaptação (Figura 3.8).

Criado o tipo de parede exterior com as camadas e os materiais requeridos, são de seguida

definidas as restrições da parede, nomeadamente, os limites de implantação. As paredes

modeladas podem ser modeladas entre dois níveis consecutivos ou, indicando apenas, o

nível inferior e um valor base para a sua altura.

Estabelecidos o tipo da parede exterior e os parâmetros que restringem a sua altura, procede-

se então à sua modelação. O traçado é executado sobre a grelha devendo se considerar que

a superfície exterior do objeto paramétrico de parede fica orientado efetivamente para o

exterior da casa. Para tal, o utilizador define como guia para a localização da parede, o

alinhamento correspondente à camada exterior. Durante o processo de modelação das

paredes exteriores é possível verificar sobre a planta, se a face exterior da parede se encontra

orientada para o lado correto. Embora o trabalho de modelação de paredes seja facilmente

executado sobre a vista em planta, o processo corresponde à criação de um modelo 3D. De

seguida, pode obter-se uma projeção tridimensional do modelo criado até esta fase. A Figura

3.9 apresenta os dois modos de representação.

FIGURA 3.8 – CRIAÇÃO DE PAREDE EXTERIOR.

33

Seguidamente, procede-se à representação da pintura das paredes que é aplicada sobre a

vista correspondente à perspetiva 3D do modelo. Para tal acede-se à aba Modificar, incluída

na barra superior e seleciona-se, na categoria Geometria, a opção Pintura como se ilustra na

Figura 3.10.

Finalmente, define-se o tipo de acabamento, escolhendo o material para a pintura, como se

ilustra na Figura 3.11. A pintura é aplicada sobre as paredes, por seleção, sobre o modelo

3D, das faces a pintar. Considera-se que a face interior da parede é realizada com estuque,

tal como aplicada nas paredes interiores a modelar de seguida.

FIGURA 3.9 – MODELO BIM COM PAREDE EXTERIOR APRESENTADA EM PLANTA E EM PERSPETIVA.

FIGURA 3.10 – DEFINIÇÃO DO MATERIAL A APLICAR NA PINTURA.

FIGURA 3.11 – APLICAÇÃO DA PINTURA.

34

Criadas as paredes exteriores no modelo BIM, pode observar-se que as camadas de

revestimento vão sendo automaticamente adaptadas nas zonas de interseção entre paredes

como se ilustra na Figura 3.12.

3.3.2 PAREDES INTERIORES

É mais simples para o utilizador modelar as paredes interiores, após estar completa a definição

das paredes exteriores no modelo, pois o Revit permite aproveitar a funcionalidade SNAP

semelhante à do AutoCAD. Assim, a localização de paredes pode ser definida em função do seu

afastamento em relação a outros elementos já criados. No presente modelo foram considerados

quatro padrões de parede interior:

Parede interior de 15 cm, aplicada como elemento de divisória entre compartimentos,

constituída por pintura e camada de reboco de 2 cm de espessura, por um painel de tijolo

de 11 cm e por outra camada de reboco e pintura de 2 cm;

Parede interior de 24 cm, com a mesma função mas com uma maior espessura de forma

a envolver os pilares estruturais, constituída por pintura e reboco de 2 cm de espessura,

por um painel de tijolo de 20 cm e por uma nova camada de reboco e pintura de 2 cm;

Parede de 11 cm, destinada a envolver elementos como a lareira ou o armário, dentro

do próprio compartimento constituída por pintura e reboco de 2 cm, fiada de tijolo de 7

cm e nova camada de reboco e pintura de 2 cm,;

Adicionalmente é colocada uma pequena parede de vidro na casa de banho a oeste,

junto ao local do chuveiro, como vem indicado no projeto de arquitetura consultado. A

criação deste tipo de parede é ilustrado na Figura 3.13.

O modelo BIM 3D criado pode ser apresentado numa vista em planta (Figura 3.14) e em

perspetiva (Figura 3.15) podendo analisar-se a correção do processo de modelação em curso.

FIGURA 3.12 – DETALHE DA PAREDE.

35

FIGURA 3.14 – MODELO BIM COM PAREDES EXTERIORES E INTERIORES, REPRESENTADO EM PLANTA.

FIGURA 3.13 – CRIAÇÃO DA PAREDE DE VIDRO.

36

3.3.3 COLOCAÇÃO DE PORTAS E JANELAS

A inserção de portas e janelas no modelo é definida no Revit de um modo bastante distinto em

relação ao AutoCAD. Os modelos são constituídos por objetos paramétricos e a inserção dos

elementos pode ser controlada numa vista em planta, por indicação da parede, na qual vai ser

introduzida, e pelo valor do afastamento em relação a alguma referência, assim como pela

seleção da direção para a qual a porta ou janela abre. É necessário criar, inicialmente os tipos

de porta e de janela que se pretendem inserir no modelo. As portas e janelas utilizadas foram

adaptadas de famílias existentes no Revit e nas bibliotecas acessíveis na página da Autodesk.

A Figura 3.16 ilustra a seleção de um tipo de porta.

FIGURA 3.15 – PERSPETIVA DE MODELO BIM CRIADO.

FIGURA 3.16 – LOCALIZAÇÃO DO ÍCONE DESTINADO À CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PORTAS E JANELAS.

37

As portas e janelas, com portadas, foram adaptadas a partir de famílias existentes de forma a

serem semelhantes às opções consideradas no projeto de arquitetura original. Apresenta-se na

Figura 3.17 o modelo BIM 3D atualizado com as portas e janelas, representado em planta e na

Figura 3.18, duas perspetivas do modelo.

FIGURA 3.18 – PERSPETIVAS DO MODELO 3D CRIADO.

FIGURA 3.17 – PLANTA DO MODELO BIM 3D APÓS A INSERÇÃO DE PORTAS E JANELAS.

38

3.3.4 PAVIMENTOS

Para a modelação dos pavimentos é indicado como referência os níveis considerados no início.

Os níveis correspondem às superfícies superiores dos elementos. Através do separador de

Arquitetura, é selecionada a opção Pavimento Arquitetónico, como se ilustra na Figura 3.19.

Os tipos de pavimento requeridos são adaptados com base em objetos paramétricos existentes

na biblioteca do Revit. No projeto foram considerados dois tipos de pavimento estrutural e cinco

tipos de revestimento. No nível inferior (associado ao Piso 0) é colocado o massame com malha

quadrada, assim como no nível secundário associado ao alpendre. No nível associado ao Piso

1 é colocada a laje de betão armado. Os pavimentos de revestimento são colocados tal como se

refere na Tabela 3.1.

TABELA 3.1 – PAVIMENTO ESTRUTURAL E TIPOS DE REVESTIMENTO.

Utilização de pavimento Composição do

pavimento Espessuras Estrutural Modelo Analítico

Laje de betão armado Betão Armado 20 cm Sim Sim

Massame com malha quadrada Betão armado

10 cm Sim Não

Pavimento interior para sala, quartos, escritório e vestíbulo Madeira e cola 2 cm Não Não

Pavimento impermeável e antiderrapante para I.S. PVC e cola 2 cm Não Não

Pavimento impermeável e antiderrapante para a cozinha e

zona de lavagem

PVC e cola

2cm Não Não

Pavimento para o alpendre Mosaico cerâmico e

cola 2cm Não Não

Camada de revestimento da laje* Reboco e pintura

Não contabilizado Não Não

FIGURA 3.19 – ÍCONE PARA A CRIAÇÃO DE PISOS.

39

No modelo analítico a considerar no cálculo estrutural, apenas a componente referida, nesta

forma de modelação, como estrutura, é posteriormente identificada automaticamente como

elemento da solução estrutural. Assim, no quadro de propriedades do pavimento a colocar no

piso 1, deve considerar-se o elemento como analítico para que, posteriormente, seja incluído no

modelo de cálculo. A Figura 3.20 ilustra a seleção da opção “Estrutural” para o elemento.

A Figura 3.21 apresenta na imagem à esquerda o modelo apenas com o pavimento inferior, e à

direita com a laje do Piso 1 definida.

3.3.5 COBERTURA

A modelação da cobertura é efetuada através da ferramenta Telhado, incluída no separador

Arquitetura. A opção “Telhado por perímetro” requer a indicação, de contorno do edifício em

planta. A informação paramétrica relativa ao material e o valor da inclinação pretendida para o

telhado devem ser indicadas no respetivo quadro de propriedades.

FIGURA 3.20 – PROPRIEDADES ESTRUTURAIS DA LAJE.

FIGURA 3.21 – MODELO 3D COM PAVIMENTO NO PISO TÉRREO E ALPENDRE E COM A LAJE DO PISO 1.

40

O utilizador pode criar a componente cobertura com um maior ou menor grau de pormenorização,

de acordo com o nível de realismo com que pretende apresentar o modelo. Podem ser

adicionados pormenores relativos ao tipo de suporte da telha, ou à colocação do tipo de beirado,

como, por exemplo, o típico beirado português. Uma vez que o âmbito da dissertação é a

componente estrutural, este aspeto não foi considerado. A Figura 3.22 apresenta a cobertura

representada em planta e em 3D.

3.3.6 OUTROS ELEMENTOS

O projeto de arquitetura contém ainda duas chaminés. De acordo com o Regulamento Geral das

Edificações Urbanas (RGEU) o nível superior da chaminé deve situar-se a uma altura superior a

0,50 m acima da cumeeira da cobertura. Assim no modelo definiram-se os bordos deste elemento

com uma altura suficiente para respeitar o regulamento. Neste processo é ocultada

temporariamente a cobertura, é realizada uma abertura da laje do Piso 1, e, de seguida, ativando

novamente a cobertura, é efetuado um recorte sobre este elemento. A execução de uma abertura

é efetuada através da opção Abertura Vertical. Selecionado o elemento que se pretende cortar

é desenhado um retângulo com a área requerida (com o apoio da ferramenta apresentada na

Figura 3.23).

O processo de abertura na cobertura é semelhante, apenas o perímetro da abertura a efetuar

deve ser superior, de forma a contornar o bordo dos elementos da chaminé modelados como

elemento parede que se apoiam na laje de betão.

FIGURA 3.22 – COBERTURA.

FIGURA 3.23 – FERRAMENTA DE APOIO À CRIAÇÃO DE ABERTURAS.

41

O projeto de arquitetura inclui, ainda, o equipamento de cozinha e de casa de banho e

dispositivos necessários à definição do projeto de redes de água e esgoto. Este projeto deve ser

definido sobre os modelos de arquitetura e de estruturas de forma a poderem ser analisados

eventuais conflitos entre os elementos das redes com os elementos estruturais e arquitetónicos.

De forma a completar a componente arquitetónica foram adicionados, no alpendre, um conjunto

de pilares, não estruturais, com função apenas arquitetónica. Para finalizar o modelo os

elementos foram pintados, respeitando o projeto de arquitetura. A Figura 3.24 ilustra a perspetiva

do modelo completo e a Figura 3.25 inclui dois cortes verticais efetuados sobre o modelo. A

Figura 3.26 apresenta a execução de corte sobre o modelo BIM criado, onde é possível observar

as camadas que compõem cada elemento de parede e de pavimento.

FIGURA 3.24 – MODELO 3D DE ARQUITETURA.

FIGURA 3.25 – CORTES DO MODELO.

FIGURA 3.26 – PERSPETIVA DE MODELO COM CORTE.

42

43

4 MODELO BIM DE ESTRUTURAS

Na metodologia BIM, a solução estrutural a definir e o pré-dimensionamento a considerar para

cada elemento, são analisadas sobre o modelo de arquitetura. Este processo de geração do

modelo 3D de estruturas permite que o engenheiro avalie, de um modo claro, as condicionantes

arquitetónicas que deve respeitar, e que vai desenvolvendo na sua solução, evitando conflitos

entre as duas especialidades.

Previamente à elaboração do modelo BIM de estruturas, é necessário considerar os critérios de

dimensionamento a adotar, a regulamentação a seguir, os materiais a utilizar, a constituição dos

elementos e o tipo de condicionantes e restrições a impor de forma a obter um adequado

pré-dimensionamento da estrutura.

Definida uma solução e estimadas as dimensões da secção de cada elemento da estrutura, é

criado um primeiro modelo estrutural provisório que, após a realização do correspondente cálculo

estrutural, pode ser alterado. Assim, depois de definido o modelo analítico, por recurso ao

software Revit 2015, da Autodesk, este é exportado para o programa de cálculo estrutural, o

Robot 2015, também da Autodesk e procede-se à determinação de esforços e tensões nos

elementos. No Robot é verificada a segurança e são obtidos os valores de deslocamentos e

deformações, procurando garantir um bom comportamento em serviço. Posteriormente, a

componente de estruturas do Revit, acrescida de aplicações específicas, permite a

pormenorização de armaduras dos elementos de betão armado, completando a etapa de

dimensionamento da estrutura.

4.1 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO

O engenheiro projetista analisa a arquitetura que lhe é fornecida e define uma solução estrutural,

que respeite os pressupostos estéticos e funcionais definidos na arquitetura. Na ótica do dono

de obra, o produto deve apresentar um custo mínimo para os requisitos de qualidade exigidos.

A solução estrutural a estabelecer deve proporcionar facilidade e celeridade construtiva,

minimizando o custo relativo ao material a utilizar. A solução considerada para o caso de estudo

admite:

Um sistema porticado de vigas e pilares, acomodado nas paredes exteriores, de forma

a facilitar o cálculo estrutural e contribuir para um bom comportamento resistente ao

sismo;

Uma laje fungiforme, de modo a não introduzir alterações de natureza estética, pois

algumas das paredes interiores não estão alinhadas.

44

4.1.1 REGULAMENTAÇÃO

Para o cálculo do modelo estrutural e respetiva verificação de segurança foram seguidos os

seguintes regulamentos:

Eurocódigo 0: Bases para o projeto de estruturas, 2002 (EC0);

Eurocódigo 1: Ações em estruturas, 2002 (EC1);

Eurocódigo 2: Projeto de estruturas de betão armado, 2004 (EC2);

Eurocódigo 8: Projeto de estruturas para resistências aos sismos, 2009 (EC8).

4.1.2 MATERIAIS E AÇÕES

Admite-se que os materiais estruturais a utilizar são o betão C30/37 e o aço A500NR,

caraterizados pelas propriedades elásticas e mecânicas listadas na Tabela 4.1.

TABELA 4.1 – PROPRIEDADES DO BETÃO C30/37 E DO AÇO A500NR.

Betão C30/37

fck [MPa] 30

fck,cubo [MPa] 37

fcm [MPa] 38

fctm [MPa] 2,9

fctk,0,05 [MPa] 2

Ecm [GPa] 33

As ações a considerar respeitam as cargas permanentes, a sobrecarga e ainda a ação sísmica.

No BIM, o peso próprio da estrutura é automaticamente adicionado ao elemento identificado,

como elemento estrutural. As informações para cálculo são assim obtidas através da informação

paramétrica dos objetos, nomeadamente o volume e peso específico do material. As restantes

cargas permanentes podem também ser automaticamente associadas ao modelo de cálculo, se

o nível de detalhe da modelação efetuada tiver sido elevado.

As restantes cargas devem ser criteriosamente adicionadas. Assim, podem ser consideradas

duas alternativas; as cargas são colocadas diretamente no Revit, ficando associadas ao modelo

BIM de estruturas; as cargas são adicionadas, posteriormente, ao modelo de cálculo no Robot.

As duas opções apresentam vantagens e desvantagens. A colocação direta das cargas no

modelo BIM, enrique o conceito de modelo único centralizador, mas como o Revit apresenta

ainda bastantes limitações no processo de transferência de dados, a passagem de cargas para

o modelo de cálculo estrutural não é total, acabando a informação por ficar fragmentada.

Opta-se, então por admitir que a definição das cargas e combinações para cálculo se realiza

totalmente no programa de cálculo estrutural. Posteriormente, é possível avaliar se a

interoperabilidade entre os programas permite um correta integração desses dados para o

Aço 500NR

fyk [MPa] 500

Es [GPa] 210

yd [10-3

] 2,18

45

modelo BIM, ou seja, se a transposição de informação do Robot para o Revit, se realiza de uma

forma eficiente.

As ações e as combinações definidas na regulamentação EC0 e EC1, são consideradas no

cálculo estrutural. São contabilizadas como cargas permanentes, as ações associadas ao peso

próprio da estrutura (PP) e ao peso de todos os materiais não estruturais, nomeadamente, em

relação à laje, o revestimento. Esta segunda parcela é denominada de restante carga

permanente (RCP) e os seus valores estão listadas na Tabela 4.2.

TABELA 4.2 – RESTANTE CARGA PERMANENTE A CONSIDERAR NO DIMENSIONAMENTO DA LAJE.

RCP

Revestimentos [KN/m2] 1,50

Cobertura [KN/m2] 2,00

Para o piso da laje, no que concede ao revestimento, foram admitidos os valores usualmente

aplicados no pavimento, e para a cobertura admitiu-se que é constituída por um sistema de telhas

com ripado de betão apoiados em muretes de alvenaria. Os valores foram retirados dos textos

de apoio às disciplinas de Betão Armado e Pré-esforçado do Instituto Superior Técnico [27].

Em relação à sobrecarga a aplicar, foi adaptado o valor de 2,00 KN/m2, definido na tabela 6.1 e

6.2 do EC1, considerando conservativamente, que o desvão é acessível e de categoria A.

A ação sísmica foi definida de acordo com o EC8 e o correspondente anexo nacional. Os

parâmetros requeridos para a atribuir valores à ação sísmica são: identificação do espectro de

resposta para o tipo de sismo a considerar; as condições do terreno; o zoneamento do território

para definição da aceleração máxima do terreno; e os coeficientes de importância associados à

estrutura. A Tabela 4.3 resume a informação considerada.

TABELA 4.3 – PARÂMETROS PARA DEFINIÇÃO DA AÇÃO SÍSMICA.

Sismo 1 Sismo 2

Zona (Rio Maior) Z 1.5 Z 2.3

Classe de importância 1 1

Tipo de Terreno C C

agr (m/s2) 0,60 1,70

ag (m/s2) 0,60 1,70

Smax 1,60 1,60

TB [s] 0,10 0,10

TC [s] 0,60 0,25

TD [s] 2,00 2,00

Considerou-se ainda que o edifício a projetar apresenta classe de ductilidade alta (DCH). Para o

cálculo do coeficiente de comportamento e de acordo com o EC8, admite-se a regularidade em

altura mas não em planta, assim como as condicionantes devido à natureza fungiforme da

solução estrutural (Quadro 5.1 do EC8).

46

Adicionalmente, para uma correta definição da ação sísmica, foram considerados os efeitos de

torção no edifício, nomeadamente, através da excentricidade mais desfavorável, identificada

através da análise do modelo de cálculo estrutural. Para tal foram criadas combinações de

diferentes excentricidades negativas e positivas para ambas as ações sísmicas.

4.1.3 SOLUÇÃO ESTRUTURAL

De acordo com os valores recomendados nos textos de apoio às disciplinas de Betão Armado e

Pré-esforçado, o pré-dimensionamento dos elementos estruturais deve admitir as seguintes

relações apresentadas na Tabela 4.4.

TABELA 4.4 – RELAÇÕES UTILIZADAS PARA O PRÉ DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS.

Altura da laje hl = L/30

Altura da viga hv = L/12

Esforço Normal reduzido ≤

Tensão na sapata atuante ≤ admissível

Em relação aos pilares é, ainda, verificado o punçoamento nos locais em que a laje tem atuação

fungiforme. Assim, estabeleceram-se as dimensões estruturais de acordo com a Tabela 4.5.

TABELA 4.5 - DIMENSÕES DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS PRÉ-DIMENSIONADOS.

Elementos Dimensões

Laje L1: h = 0,20 m

Vigas VL: h = 0,40 m; b = 0,20 m

Pilares P1: h = 0,20 m; b = 0,20 m

P2: h = 0,25 m; b = 0,25 m

Sapatas S1: 1,10 x 1,10 x 0,40 m

S2: 0,80 x 0,80 x 0,40 m

Vigas de Fundação VF: h = 0,20 m; b = 0,40 m

4.2 GERAÇÃO DO MODELO

Estabelecido o pré-dimensionamento dos elementos estruturais a considerar, procede-se à

criação do respetivo modelo BIM. O processo de modelação envolve a definição e a inserção de

objetos paramétricos no modelo, a verificação de erros e conflitos e a preparação do modelo

para exportação.

47

A colocação dos elementos pré-dimensionados segue a sequência: pilares, vigas, sapatas, lintéis

e laje. Inicialmente é apresentada a grelha de alinhamentos criada e é selecionada a opção

Estrutura na barra superior da interface do Revit. A Figura 4.1 ilustra a janela de trabalho.

4.2.1 PILARES

A implementação de pilares é efetuada sobre a grelha adotada. Para a inserção de um elemento

acede-se ao separador Estrutura, seguido do ícone Coluna. É selecionada a família do pilar

correspondente a betão armado, família “M_Concreto-Retangular-Coluna”, e são indicados os

limites da sua extensão. Para o caso de estudo foram criados os pilares definidos no pré-

dimensionamento, P1 (b = 0,20 h = 0,25 m) e P2 (b = h = 0,25 m). A Figura 4.2 ilustra a atribuição

da dimensão da secção quadrada do pilar P2.

A orientação do pilar de secção retangular P1 pode ser alterada, ficando as dimensões

associadas aos eixos pretendidos, não sendo portanto necessário criar outro elemento tipo. O

material dos elementos estruturais é o betão C30/37, como referido no capítulo anterior. Esta

informação deve ser associada aos pilares criados, através do correspondente quadro de

propriedades dos materiais (Figura 4.3). No mesmo quadro é também possível alterar o valor do

recobrimento das armaduras. Embora seja possível considerar outro tipo de parâmetros de

âmbito estrutural é preferível definir a restante informação no programa de cálculo com uma

maior precisão.

FIGURA 4.2 – PROPRIEDADES DO PILAR P2.

FIGURA 4.1 – JANELA DE TRABALHO DE ESTRUTURAS.

48

A Figura 4.3 identifica, ainda, associado ao pilar P2, a opção Ativar o modelo analítico, permitindo

considerar o elemento como componente resistente. Esta opção permite a transposição de

informação paramétrica necessária para a criação de um modelo de elementos finitos no

programa de cálculo estrutural.

Tendo por base as secções admitidas e as condicionantes arquitetónicas, definiram-se os pilares

ilustrados na Figura 4.4.

FIGURA 4.4 – DISTRIBUIÇÃO DE PILARES NO MODELO.

FIGURA 4.3 – PROPRIEDADES COM INFORMAÇÃO DOS NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO.

49

4.2.2 VIGAS

Como referido no pré-dimensionamento a habitação admite um sistema vigado no seu perímetro.

A disposição das vigas é realizada com o auxílio da mesma grelha. No separador Estruturas,

seleciona-se o ícone Viga. A família de elemento selecionado é “M_Concreto-Viga retangular”,

referente à viga em betão armado. Procede-se à criação de dois tipos de viga: a colocar sobre

os pilares, designada por VL, e com uma seção transversal de b = 0,20 m e h = 0,40 m, e a

colocar na fundação, identificada por VF, com idêntica secção (Figura 4.5).

A modelação da viga superior é apoiada pelas capacidades de atração para pontos de referência

dos pilares. O processo de modelação no Revit, é assim bastante intuitivo tendo-se definido um

elemento viga entre cada dois pilares consecutivos e em relação ao nível superior dos pilares. O

modelo analítico deve também ser considerado ativo para este elemento estrutural. Apresenta-

se na Figura 4.6 as propriedades de posicionamento geométrico da viga. A Figura 4.7 apresenta

o sistema de vigas superiores, VL, representado em planta e numa perspetiva do modelo 3D.

FIGURA 4.6 – PROPRIEDADES DO ELEMENTO VIGA.

FIGURA 4.5 – PROPRIEDADES DA VIGA ADOTADA.

50

A modelação de vigas contínuas foi considerada segmentada entre pilares, e, assim, o programa

de cálculo considera que cada troço corresponde a uma situação simplesmente apoiada. É então

necessário, no modelo analítico, impor restrições cinemáticas ao modelo BIM, para que o

programa de cálculo assuma uma efetiva continuidade de esforços.

Alternativamente, poderiam ser modeladas vigas contínuas, no entanto, a opção adotada, reduz

erros e conflitos no processo de exportação de informação do Revit para o Robot. Caso as vigas

sejam modeladas como contínuas no Revit, verifica-se na exportação, erros, como por exemplo,

a introdução de libertações aleatórias em zonas onde tal não foi definido.

4.2.3 FUNDAÇÕES

Para a definição das fundações acede-se à opção Fundação, incluída no separador Estruturas.

No caso de estudo foram admitidas fundações isoladas. A família selecionada é a sapata

retangular. Os elementos são interligados por vigas de fundação, que têm a função de solidarizar

a estrutura em caso de assentamentos, e de resistir a esforços referentes à ação sísmica. O

conjunto destes elementos de fundações conferem um melhor comportamento da estrutura em

serviço, nomeadamente, quando são verificados assentamentos diferenciais. Os valores

definidos para as sapatas são os calculados no pré-dimensionamento, e que se apresentam na

Tabela 4.6. Apresenta-se, também, na Figura 4.8 o grupo de ícones associados à modelação

das fundações.

TABELA 4.6 – DIMENSÕES DAS SAPATAS.

Elemento Dimensões

Sapatas S1: 1,10 x 1,10 x 0,40 m

S2: 0,80 x 0,80 x 0,40 m

FIGURA 4.7 – DISTRIBUIÇÃO DE VIGAS NO MODELO.

51

A atribuição de dimensões a cada elemento e a associação de propriedades é semelhante ao

referido para os elementos anteriores. Apresenta-se na Figura 4.9 a planta de fundações e na

Figura 4.10 uma perspetiva da constituição do modelo 3D de estruturas. O nível superior das

sapatas e lintéis foi referenciado em relação ao nível inicialmente designado por fundações (base

dos pilares).

FIGURA 4.8 – OPÇÃO DE MODELAÇÃO DE SAPATAS.

FIGURA 4.10 – MODELO ESTRUTURAL ATÉ À PRESENTE FASE.

FIGURA 4.9 – PLANTA DE FUNDAÇÕES.

52

4.2.4 LAJE

A laje estrutural é uma componente que já foi modelada no processo de construção do modelo

de arquitetura. Nesta fase deve ser permitida a sua visualização e ser selecionada a opção

modelo analítico. A Figura 4.11 ilustra esta fase do modelo estrutural.

É interessante verificar que o Revit sobrepõe a laje ao elemento viga, ou seja considera a partilha

de informação geométrica entre os dois elementos tal como é possível verificar no quadrado

assinalado a vermelho da Figura 4.10, e em detalhe na Figura 4.12. Tal ocorre sempre que dois

elementos possuam características idênticas, com a sua função e o material constituinte. Apenas

a informação relativa à zona da viga não concorrente com a laje é visível. Alternativamente é

possível admitir o limite da laje fora do interior das vigas. Do ponto de vista estrutural as soluções

são idênticas, diferindo apenas do tipo de apresentação para o utilizador. No caso de estudo

como a laje se encontra em consola em todo o contorno excedendo as vigas, optou-se por

desenhar um único elemento para a laje mantendo-se esta representação. É também possível

alterar a ordem de união dos elementos, esta solução é aliás utilizada posteriormente aquando

da elaboração do desenho de pormenorização da viga analisada.

FIGURA 4.11 – MODELO ESTRUTURAL COM ELEMENTOS A CALCULAR.

FIGURA 4.12 – CORTE DEMONSTRATIVO DA SOBREPOSIÇÃO DA LAJE SOBRE A VIGA.

53

4.2.5 OUTROS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

O projeto de estruturas deve, ainda, considerar a existência de outros elementos estruturais

secundários que não são exportados para o programa de cálculo. São elementos que não são

alvo de dimensionamento, mas que estão relacionadas com as boas práticas construtivas.

Inserem-se neste caso o massame estrutural do piso térreo e do piso do alpendre. Estes

elementos adicionais apresentam-se na Figura 4.13.

4.2.6 MODELO ANALÍTICO

O modelo criado tem uma aparência de envolvente geométrica 3D, mas como é composto por

objetos paramétricos com identidade de elemento estrutural, permite, que o Revit, discretize cada

um dos elementos, de forma a obter a sua representação composta, apenas, pelo seu eixo (vigas

e pilares) ou superfície média (laje). Ou seja, o modelo geométrico da estrutura é transposto para

o formato de modelo analítico. Para tal é soliticada ao sistema a obtenção de uma vista 3D em

que apenas a geometria analítica do modelo é apresentada (Figura 4.14).

FIGURA 4.13 – PERSPETIVA DO MODELO INCLUÍNDO MASSAME DO PISO TÉRREO E DO ALPENDRE.

FIGURA 4.14 – MODELO ANALÍTICO DA ESTRUTURA.

54

Sobre o modelo analítico o projetista efetua uma intuitiva análise visual, seguida da analise de

consistência do modelo. Para a verificação do modelo analítico, acede-se ao separador Analisar

e escolhe-se a opção “Verificação de Consistência do Modelo Analítico”, incluída na barra

apresentada na Figura 4.15.

Verificada a correção do modelo analítico é necessário colocar a informação referente às

condições de apoio da estrutura. As condições de apoio da estrutura podem ser definidas no

Revit ou, posteriormente, no programa de cálculo estrutural. Como o programa de cálculo está

mais orientado para a análise da estrutura, apresenta uma gama mais diversificada de opções

referentes a restrições de apoio, nomeadamente, os apoios do tipo rígido e semirrígido. A

definição de condições de apoio e de casos de cargas, diretamente no programa de cálculo, é

mais vantajoso pois elimina o problema da perda de informação decorrente da ineficaz

capacidade de interoperabilidade que ainda se pode verificar entre estes dois programas.

Regista-se que na passagem deste tipo de informação para o Robot ocorrem erros, obrigando a

um esforço adicional de verificação. Assim no presente trabalho optou-se por definir as condições

de apoio e as cargas e combinações no software de cálculo estrutural.

4.2.7 TRANSFERÊNCIA DO REVIT PARA O ROBOT

Após a fase de verificação, o modelo está completo, podendo proceder-se à sua exportação para

o programa de cálculo. Como os programas, Robot e Revit pertencem ambos à empresa

Autodesk, apresentam vantagens do ponto de vista da interoperabilidade. A exportação do

modelo é, assim, um processo quase imediato. Na barra Analisar do Revit, é indicada a opção

de exportação do modelo para o Robot. A Figura 4.16 ilustra o respetivo ícone e as ações de

verificação do código de armadura e de um vínculo ao software Robot, que devem ser efetuados.

Efetuada a importação do modelo pelo Robot é visualizada na janela do programa de cálculo, o

modelo estrutural (Figura 4.17). O modelo importado contém a totalidade da informação analítica

associada aos elementos estruturais, nomeadamente, a geometria dos elementos estruturais, o

tipo de materiais estruturais e as grelhas auxiliares definidas no Revit.

FIGURA 4.15 – ÍCONE DE FERRAMENTAS DO MODELO ANALÍTICO.

55

FIGURA 4.16 – EXPORTAÇÃO DO MODELO DO REVIT PARA O ROBOT.

FIGURA 4.17 – MODELO INTEGRADO NO PROGRAMA DE CÁLCULO ROBOT.

56

57

5 CÁLCULO ESTRUTURAL

Após a importação do modelo estrutural pelo programa de cálculo Robot, procede-se, neste

sistema, à verificação da sua consistência. Posteriormente, são definidas as cargas e

combinações e é realizado o cálculo de esforços e a determinação das deformações, de forma

a validar a geometria dos elementos. No programa de cálculo é ainda possível realizar a

pormenorização da maioria das armaduras dos elementos estruturais. Concluída a

pormenorização é necessário enviar a informação, criada no Robot, para o Revi. Neste sistema

a pormenorização é complementada e são efetuadas correções nos elementos estruturais não

definidos no programa de cálculo estrutural, bem como à correção dos elementos onde se

verifique que a exportação de informação não tenha decorrido com o detalhe necessário.

5.1 DEFINIÇÕES INICIAIS

A utilização do Robot requer que inicialmente sejam verificadas as condições básicas do

software, nomeadamente, as unidades. Para tal, acede-se ao menu Preferências de Trabalho e

seleciona-se o metro, como a unidade padrão de trabalho, a regulamentação a utilizar e os

materiais a considerar. Finalmente, adotam-se os materiais como definidos no pré-

dimensionamento. No caso de estudo, adotaram-se as normativas europeias EC0, EC1, EC2 e

EC8, tal como se apresenta na Figura 5.1.

FIGURA 5.1 – DEFINIÇÃO DA REGULAMENTAÇÃO E MATERIAIS.

58

5.2 VERIFICAÇÃO DO MODELO ESTRUTURAL NO ROBOT

De seguida, procede-se ao cálculo estrutural considerando as combinações de cargas requeridas

na verificação de segurança da estrutura. Inicialmente é efetuada uma verificação em relação a

informação que foi transferida, associada aos elementos paramétricos, e que seja requerida no

cálculo estrutural. Por exemplo, a Figura 5.2 lista as caraterísticas de uma viga VL, de secção

0,20 x 0,40 m2. As dimensões geométricas podem ser observadas acedendo ao ícone ilustrado.

Como referido, as cargas e combinações são aplicadas no programa de cálculo. Assim, são

aplicadas à estrutura as cargas apresentadas no item 4.1.2, através dos ícones de aplicação de

cargas apresentados na Figura 5.3.

Em relação ao peso próprio dos elementos é possível utilizar a informação exportada do Revit,

desde que se tenha verificado que os materiais e as dimensões geométricas estão corretamente

definidos.

FIGURA 5.2 – PROPRIEDADES DE UMA VIGA ESTRUTURAL NO PROGRAMA DE CÁLCULO.

FIGURA 5.3 – APLICAÇÃO DE CARGA À ESTRUTURA.

59

Como nas condições iniciais de uso, se selecionou o Eurocódigo 2, é aplicada esta

regulamentação na definição das combinações de cargas. Assim, considerou-se a combinação

fundamental para o Estado Limite Último (g = 1,35, q = 1,50) e a combinação quase permanente

para o Estado Limite de Utilização (g = 1,00 q = 0,30).

A definição da ação sísmica baseia-se nos fundamentos apresentados em 4.1.2. Foram

considerados, na análise, os modos de vibração que contam, nas duas direções ortogonais em

planta, com um acumulado mínimo de 90% de participação da massa. São definidos os dados

referentes à zona sísmica, do tipo de solo, dos coeficientes de importância e o coeficiente de

comportamento. É necessário, ainda, avaliar o efeito da torção acidental, a qual se desenvolve

segundo as direções X e Y, relativas a excentricidades positivas e negativas. Foram analisados

4 casos de carga, 2 em cada direção, respetivamente, para cada ação sísmica. Considerou-se,

ainda, como contributo para a massa, a combinação quase permanente.

Identificado o tipo de ação sísmica e o efeito de torção acidental mais condicionante, assumiu-

se uma combinação direcional do tipo Complete Quadratic Combination (CQC) uma vez que de

acordo com o EC8, os modos são considerados dependentes entre si (como ilustra a Tabela

5.1).

TABELA 5.1 – MODOS DE VIBRAÇÃO CONDICIONANTES DA ESTRUTURA.

Frequência

(Hz)

Período

(s)

Rel.mas.UX

(%) Rel.mas.UY (%) Tj/Ti

Tj/Ti

Limite

1,86 0,54 0,03 99,78 0,91 0,90

2,05 0,49 80,38 99,87 0,94 0,90

2,18 0,46 99,99 99,94 CQC CQC

Definidas as combinações, procede-se a análise dos esforços e das deformações do modelo, de

forma a validar o pré-dimensionamento estabelecido e a modelação estrutural. A Figura 5.4

apresenta a distribuição de momentos fletores originados na laje para a combinação ELU. O

Robot convenciona os momentos que atuam em relação ao eixo dos xx, como mxx, ou seja o

vetor momento apresenta-se na direção dos eixos xx. Tal convenção é contrária ao que ocorre

noutros programas de cálculo, ou na metodologia clássica para placas e lajes, na qual mxx diz

respeito aos momentos atuantes ao longo do eixo xx (vetor segundo a direção y). Para facilitar a

interpretação direta dos valores, assume-se na dissertação a convenção adotada pelo programa.

Apresentam-se esquematicamente os esforços obtidos relativos à combinação ELU para as

vigas (Figura 5.5) e para os pilares (Figura 5.6).

60

FIGURA 5.6 – ESFORÇO NORMAL ATUANTE NOS PILARES PARA A COMBINAÇÃO FUNDAMENTAL ELU.

FIGURA 5.5 – CAMPO DE MOMENTOS ATUANTES NAS VIGAS.

FIGURA 5.4 – CAMPO DE MOMENTOS ATUANTES NA LAJE SOBRE O EIXO DOS XX.

61

O cálculo efetuado permite verificar se o pré-dimensionamento efetuado foi adequado. Ao

contrário do que acontece no método tradicional, a verificação de segurança é realizada no

Robot, com o recurso a aplicações complementares, designadas por extensões ao programa.

Interessa no entanto e para já garantir nesta fase a viabilidade da geometria dos elementos.

O Robot permite calcular a envolvente de esforços para os casos de carga sísmica e

fundamental. Assim, é facilitado o processo de verificação de segurança dos elementos. O

programa apresenta, ainda, a capacidade de determinar a área de secção de armaduras de

acordo com as condições definidas pelo Eurocódigo e as especificadas pelo projetista. Por

exemplo, é possível indicar os diâmetros, o espaçamento entre varões, o tipo de emenda, o

ângulo de dobragem, etc. Com o apoio desta ferramenta procede-se ao cálculo e

pormenorização de armaduras para os elementos, laje, vigas e pilares.

Em relação às fundações o programa não tem a capacidade de pormenorizar elementos do tipo

sapatas ou parede. Assim, adota-se, para o caso de estudo, uma análise simples que é efetuada

no Revit, tendo por base uma metodologia tradicional apoiada no entanto pelo modelo gerado.

Pode então apontar-se esta dificuldade como uma limitação ao processo integrado Revit/Robot.

No entanto, é possível calcular o número e a quantidade de armadura necessária para as vigas

de fundação, como se descreve no item 5.3.4.

5.3 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA E PORMENORIZAÇÃO DE ARMADURAS

Analisado o modelo estrutural transposto do Revit para o Robot e verificada a sua consistência

procede-se à verificação de segurança de estruturas. O processo de cálculo automático requer,

por parte do utilizador, uma constante análise da consistência da informação, nomeadamente,

através da comparação de resultados obtidos através do modelo e de métodos simplificados,

sendo assim necessária sempre, uma correta compreensão dos dados envolvidos. Verifica-se

que para alguns elementos estruturais, o seu dimensionamento pode realizar-se, de um modo

mais automático, notando-se alguma limitação noutros elementos. Assim, para as lajes, vigas e

pilares, os resultados ao nível do cálculo de armaduras, são satisfatórios, mas a transposição

desta informação, para o Revit, é muito limitada, pois o nível da capacidade de interoperabilidade

Robot/Revit, é baixo. Em relação às sapatas, o Robot permite a verificação apenas dos esforços

atuantes, devendo o utilizador efetuar a verificação de segurança, através de métodos mais

tradicionais, tendo, no entanto, por base as envolventes de esforços obtidas no modelo

computacional.

Apresentam-se, de seguida, os cálculos realizados, de acordo com a regulamentação adotada,

para todos os elementos estruturais. As considerações referidas justificam as opções adotadas

no dimensionamento da estrutura do caso de estudo.

62

5.3.1 LAJE

A laje é calculada tendo em consideração as combinações para as ações definidas em 4.1.2 e

que estão listadas na Tabela 5.2. A Figura 5.7 apresenta a interface do Robot, onde são indicadas

as condições de cálculo da armadura na laje

TABELA 5.2 – COMBINAÇÕES DE CARGAS UTILIZADAS PARA VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA.

Nº Combinação Nome Tipo

4 ELU 1,35 (PP + RCP) + 1,5 S

5 ELS 1,00 (PP+RCP) + 0,3 S

26 Sísmica 1,00 (PP+RCP) +0,3 S + Sismo T2

No cálculo de esforços, a laje foi discretizada numa malha reticulada de elementos finitos de

superfície, com cerca de 0,50 m de lado. O Robot permite definir automaticamente o valor da

armadura necessária para cada elemento com base num conjunto de parâmetros,

nomeadamente, o tipo de material utilizado e propriedades, o método de análise da laje e o

recobrimento aplicado. A Figura 5.8 apresenta uma sequência de janelas do Robot relativas à

pormenorização de armaduras. Na primeira define-se a metodologia para o cálculo da armadura,

na segunda selecionam-se os materiais a utilizar, na terceira, os parâmetros para o a combinação

de serviço, nomeadamente comprimento admissível de fendas, coeficiente de fluência e classe

ambiental a que a estrutura está sujeita e, finalmente, na quarta, o recobrimento, requisitos para

a armadura mínima e valores de diâmetro preferenciais.

Indicadas as opções pretendidas, o programa procede com o cálculo da área de armadura

necessária e apresenta os resultados na forma de tabela ou sobre uma representação em planta.

A Figura 5.9 apresenta a distribuição de valores de áreas de armaduras, determinadas em função

da partição em elementos finitos adotados, relativo à armadura a dispor ao longo do eixo dos xx.

Adicionalmente, o gráfico pode apresentar o aspeto ilustrado na Figura 5.10, com uma aparência

mais simplificada facilitando ao utilizador pormenorizar os intervalos das armaduras.

FIGURA 5.7 – CÁLCULO DE ESFORÇOS E DEFORMAÇÕES DA LAJE PARA AS COMBINAÇÕES DEFINIDAS NA

REGULAMENTAÇÃO.

63

FIGURA 5.10 – NECESSIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DO EIXO DOS XX.

FIGURA 5.9 – MAPA DE NECESSIDADES DE ARMADURA AO LONGO DO EIXO DOS XX.

FIGURA 5.8 – PARÂMETROS PARA DEFINIÇÃO DA ARMADURA A CALCULAR PELO ROBOT.

64

Além do cálculo da área de armadura necessária, o Robot permite, ainda, pormenorizar a

armadura a colocar na laje. Para tal, são introduzidos os parâmetros referentes ao espaçamento

e aos diâmetros de armadura a adotar, através das correspondentes interfaces (Figura 5.11).

De forma a assegura as boas regras construtivas e um adequado controlo da deformação da

laje, nos bordos em consola, é adotado um diâmetro mínimo de 12 mm para a armadura.

A verificação ao punçoamento é realizada com sucesso tal como demonstra a Figura 5.12.

Confirma-se que a laje, dotada da espessura definida no pré-dimensionamento, não requer

capitéis nos pilares.

FIGURA 5.11 – JANELAS DE PORMENORIZAÇÃO DE ARMADURA.

FIGURA 5.12 – VERIFICAÇÃO AO PUNÇOAMENTO.

65

Apresenta-se, na Figura 5.13, a representação da armadura inferior adotada e, na Figura 5.14,

a distribuição relativa à armadura superior.

5.3.2 VIGAS

A verificação resistente das vigas é baseada na determinação da envolvente de esforços,

considerando as diferentes combinações a utilizar para cada viga, e selecionando a mais

condicionante. O Robot permite criar, para cada viga, a envolvente e apresentar um conjunto de

soluções de pormenorização de armaduras, de acordo com as indicações do utilizador, e

respeitando a verificação de segurança segundo os Eurocódigos.

Como exemplo, descreve-se o processo de verificação de segurança da viga, referenciada pelo

alinhamento 2, e que se representa a vermelho na Figura 5.15. O perfil longitudinal está

apresentado na Figura 5.16.

FIGURA 5.14 – ARMADURA SUPERIOR DA LAJE.

FIGURA 5.13 – ARMADURA INFERIOR DA LAJE.

66

Inicialmente são indicadas as opções de cálculo e os respetivos parâmetros, através da interface

ilustra na Figura 5.17. É necessário introduzir a informação relativa à ação sísmica,

nomeadamente, o tipo de ductilidade exigido para a estrutura (no caso ductilidade média, DCM),

o coeficiente de comportamento e o período do primeiro modo de vibração. A definição da cotg

fundamental para a verificação ao esforço transverso, pode ser alterada como se ilustra na Figura

5.17.

É ainda necessário considerar os momentos plásticos, na verificação da capacidade resistente

ao esforço transverso das vigas (abordagem capacity design). Nas opções avançadas devem

ainda, verificar-se os valores mínimos das armaduras superior e inferior. No mesmo menu, pode

ser indicada a visualização das envolventes, para todas as combinações de projeto.

Adicionalmente, é permitido adequar os parâmetros relacionados com os tipos de betão, aço e

diâmetros (Figura 5.18).

Em relação à pormenorização de armaduras das vigas devem ser indicados os diâmetros que

se pretendem utilizar, o afastamento, do tipo de estribos, o número máximo de camadas de

armaduras longitudinais, assim como o tipo de amarrações (Figura 5.19).

FIGURA 5.15 – POSICIONAMENTO DA VIGA A2 – F2.

FIGURA 5.16 – PERFIL LONGITUDINAL DA VIGA A2 - F2.

67

FIGURA 5.17 – PARÂMETROS GERAIS DE CÁLCULO PARA AS VIGAS.

FIGURA 5.18 – PARÂMETROS ASSOCIADOS AO BETÃO.

FIGURA 5.19 – DEFINIÇÃO DE ARMADURAS.

68

O Robot apresenta as envolventes condicionantes para o dimensionamento de elementos

estruturais, apoiando o projetista na tomada de decisões. A Figura 5.20 ilustra, no gráfico

superior, os resultados referentes à combinação de ações do ELU e no gráfico inferior, o

resultado referente à ação sísmica.

Indicadas as opções adequadas, o Robot apresenta o correspondente resultado gráfico (Figura

5.21). Analisado o modelo 3D da viga e a correspondente armadura, podem efetuar-se os ajustes

necessários. Assim, é permitido definir-se o posicionamento da amarração das barras de aço, o

comprimento de dobragem e os seus ângulos, através da interface de apoio, como se ilustra na

Figura 5.22.

FIGURA 5.20 – ENVOLVENTES DE SEGURANÇA PARA OS MOMENTOS FLETORES NA VIGA PARA AS

COMBINAÇÕES ELU E SÍSMICA.

FIGURA 5.21 – PORMENORIZAÇÃO DA VIGA FORNECIDA PELO ROBOT.

FIGURA 5.22 – CORREÇÃO DO ÂNGULO DE DOBRAGEM.

69

O Robot apoia a tarefa de pormenorização da armadura, alertando para a eventual violação de

alguma diretiva regulamentar. De forma a ilustra esta capacidade do software de cálculo, a Figura

5.23 inclui alguns dos erros que pode detetar.

Da análise do quadro e confrontando com a regulamentação nacional tem-se:

Quanto à armadura longitudinal e para as disposições construtivas, referente à

ductilidade local (5.5.3.1.3 (5)P, b)), o anexo português do EC8 indica que a utilização

de diâmetros de 12 mm é válida em Portugal, ao invés do mínimo exigido pelo texto

geral, uma vez que não é corrente a utilização de varões de 14 mm;

Quanto ao espaçamento dos estribos, segundo o EC8 em 5.4.3.1.23 (6)P b), o

confinamento nas zonas críticas deve verificar a seguinte expressão:

𝑠 = min {ℎ𝑤

4; 24𝑑𝑏𝑤; 225; 𝑑𝑏𝑙} [𝑚𝑚] (5.1)

Em que, hw é a altura do elemento e dbw e dbl são os diâmetros da armadura transversal

e longitudinal respetivamente.

O valor condicionante para o espaçamento é o associado ao valor do diâmetro do varão

longitudinal (12 mm), que é multiplicado por oito (96 mm), obtendo-se por arredondamento o

valor de 100 mm. Dada a margem de erro associado, o espaçamento adotado, 100 mm assume-

se válido.

Consideram-se, assim, ultrapassados os dois erros detetados pelo programa de cálculo

estrutural. É portanto necessário que o projetista aplique os seus conhecimentos e seja crítico

em relação aos resultados obtidos pelo programa de cálculo durante todo o processo de

dimensionamento e de pormenorização.

A metodologia adotada para a verificação e a pormenorização de segurança das vigas, revela-se

bastante expedita, no entanto, quando as vigas são compostas por vários tramos, o processo de

automatização perde eficiência. Nomeadamente, não respeita as condições de espaçamento de

elementos e disposição de armaduras. Na viga, analisada como exemplo, verifica-se a existência

FIGURA 5.23 – ALERTAS DO ROBOT SOBRE O DIMENSIONAMENTO DA VIGA.

70

de armaduras que não têm função definida na automatização. Estas armaduras encontram-se

representadas no retângulo vermelho da Figura 5.21 e estão associados a pormenores

construtivos não habituais para a prática corrente em Portugal.

Assim, é preferível recorrer ao modo alternativo de pormenorização de armaduras de intervenção

manual disponibilizado pelo programa. Este processo requer a definição de configurações

básicas para a viga em análise, como a identificação dos diâmetros de varões das armaduras,

longitudinais e dos estribos, do modo de efetuar reforços, emendas e amarrações, e ainda, do

valor do recobrimento a adotar. Posteriormente, e de uma forma iterativa, realiza-se a verificação

de segurança. Se nenhum erro for detetado pelo projetista, considera-se verificada a segurança.

Apresenta-se na Figura 5.24 a janela referente a este processo.

Apesar do processo ser iterativo e não automático, tem como vantagem o apoio do software

utilizado pela capacidade de representação gráfica e pelo controlo direto de comprimentos de

amarração das vigas, do posicionamento dos estribos e de comprimentos dos reforços. Contudo,

este procedimento perde eficácia quando aplicado a projetos mais complexos onde o número de

vigas é elevado. Se o primeiro processo não resultasse ainda com um elevado número de

incoerências em relação à regulamentação europeia, seria bem mais vantajoso pela rapidez de

execução.

No caso de estudo, as opções de cálculo e a parametrização dos elementos realizou-se através

do segundo processo para todas as vigas. A Tabela 5.3 inclui as opções de projeto definidas

relativamente ao dimensionamento dos elementos de betão armado, e a Tabela 5.4 lista os

parâmetros utilizados para a pormenorização das armaduras.

FIGURA 5.24 – JANELA DE APOIO À COLOCAÇÃO DE ARMADURA NAS VIGAS.

71

TABELA 5.3 – PARÂMETROS UTILIZADOS NO DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS.

Dimensionamento de elementos

Tipo de varão longitudinal a adotar (mm): 12, 16 (último apenas e só se necessário)

Tipo de varão transversal a adotar (mm) 8

Espaçamento nas zonas críticas (mm) 100

Espaçamento máximo adotado (mm) 200

Recobrimento (mm) 25

TABELA 5.4 – PARÂMETROS UTILIZADOS NA PORMENORIZAÇÃO DE ARMADURA.

Pormenorização dos elementos Armadura

Superior

Armadura

Inferior

Ângulo de dobragem na amarração aos apoios 90º 90º

Comprimento dobrado no varão na amarração,

nos apoios (m) 0,40 0,20

O comprimento da dobra, admitido para a armadura superior tem o objetivo de garantir o

comprimento de amarração definido no EC2, para os materiais definidos (respetivamente 0,35 m

para o varão 12 e 0,50 m para o varão 16), garantindo também uma ligação adequada aos

pilares. Apresenta-se na Figura 5.25 a pormenorização final da viga analisada.

5.3.3 PILARES

Na verificação de segurança dos pilares deve ser considerado, adicionalmente, o esforço normal.

Como ilustração do processo descreve-se em detalhe o dimensionamento do pilar P2 inserido

no alinhamento B2, representado na Figura 5.26.

FIGURA 5.25 – PORMENORIZAÇÃO FINAL DA VIGA FORNECIDA PELO ROBOT.

72

A Figura 5.27 ilustra as opções de cálculo aplicadas ao pilar, sobre as diretivas indicadas nos

Eurocódigos 2 e 8. O Robot considera o comportamento resistente do pilar, segundo ambas as

direções de flexão e a respetiva distribuição de tensões ou, apenas, segundo a direção mais

condicionante, acrescida da majoração regulamentar. O Robot permite, ainda, considerar os

parâmetros requeridos na análise de segunda ordem dos pilares e a verificação à ação sísmica.

A Figura 5.27 ilustra, a consideração de momentos plásticos para a verificação ao esforço

transverso e da capacidade resistente do pilar (capacity design).

As opções de cálculo para o betão armado e as armaduras longitudinais e transversais são

idênticas ao caso das vigas. Assim, admitiram-se varões longitudinais de diâmetro 12 mm e

cintas de diâmetro de 8 mm.

A pormenorização das armaduras necessária à verificação da segurança pode ser conduzida de

um modo automático, indicando o espaçamento entre varões nas faces dos pilares, ou dispondo

FIGURA 5.26 – IDENTIFICAÇÃO DO PILAR P2 DO ALINHAMENTO B2.

FIGURA 5.27 – OPÇÕES DE CÁLCULO PARA OS PILARES.

73

diretamente o número de barras a alocar por face, tendo por base os diâmetros indicados nas

opções de cálculo, seguindo um processo iterativo. Optou-se pela segunda alternativa, em que

o número de barras, em cada face, é incrementado até que o Robot indique que se encontra

verificada a segurança. Como o pilar P2 é de seção quadrada, considerou-se o mesmo número

de barras por face (Figura 5.28). De acordo com o Eurocódigo 2, considera-se, para efeitos de

cálculo o método simplificado de flexão desviada em colunas retangulares (Figura 5.27). A Figura

5.28 ilustra a definição dos diâmetros das barras de canto e das barras intermédias, assim como

a geração automática da armadura de construção.

Em relação às cintas é definido o tipo de geometria, o diâmetro e o afastamento a adotar. De

acordo com o EC8, por face, a distância máxima entre cintas é de 0,20 m (Figura 5.28). Todas

as alterações realizadas no Robot, são avaliadas de forma a ser cumprida a regulamentação.

De forma idêntica, à adotada para o dimensionamento das vigas, é possível definir um modo

iterativo e manual, que garanta a pormenorização de armaduras no pilar. No entanto, há

vantagens em utilizar o procedimento automático, pois, em relação ao pilar apresenta idênticos

resultados. No entanto, numa pormenorização mais complexa em que a metodologia não cumpra

de um modo eficaz as condições definidas pelo utilizador, deve ser adicionado um apoio manual.

Nomeadamente, a necessidade de colocação de cintas intermédias e a pormenorização de

emendas que garantam a continuidade para os pilares localizados em pisos adjacentes ou em

relação às sapatas. Apresenta-se na Figura 5.29 a pormenorização final do pilar analisado.

FIGURA 5.28 – PARÂMETROS PARA A PORMENORIZAÇÃODA ARMADURA LONGITUDINAL DOS PILARES.

74

5.3.4 FUNDAÇÕES

As sapatas não foram modeladas no programa de cálculo estrutural, estando simuladas no

modelo através das restrições impostas aos nós inferiores dos pilares. Foram, contudo,

modeladas as vigas de fundação interligando os apoios. O seu dimensionamento é efetuado em

relação às combinações apresentadas anteriormente. Para as vigas de fundação é então

necessário analisar a envolvente de esforços, de forma a identificar os casos condicionantes

para cada viga. A Figura 5.30 identifica a vermelho a viga de fundação analisada em detalhe.

Os esforços associados à ação sísmica são os determinantes no dimensionamento da viga. A

Figura 5.31 apresenta esquematicamente os diagramas de esforços condicionantes para a

pormenorização do elemento, referentes ao momento fletor e ao esforço transverso. O cálculo e

a pormenorização das vigas de fundação realizam-se de igual modo ao das vigas superiores.

FIGURA 5.30 – VIGA DE FUNDAÇÃO ANALISADA. PERSPETIVA TRIDIMENSIONAL.

FIGURA 5.29 – PORMENORIZAÇÃO FINAL DO PILAR FORNECIDA PELO ROBOT.

75

Para a pormenorização da armadura da viga VF, através do programa de cálculo estrutural é

necessário, no entanto, simular a existência de apoios com elementos com as dimensões

geométricas condicionada às vigas de fundação adjacentes, pois a simples definição de apoios

duplos, que foi utilizada no cálculo não garante as condições de amarração que as sapatas

devem proporcionar. Assim, procede-se à adoção das dimensões desse elemento, como se

ilustra nas Figura 5.32.

Efetivamente, a largura dos apoios poderia ter sido adotada igual à largura das sapatas que

servem de apoio à viga de fundação, no entanto, como os esforços de flexão são transmitidos

pelos pilares e, de forma a manter a validade do modelo associado, consideram-se os apoios

com a largura dos pilares. A sequência de passos para a verificação de segurança e

pormenorização de armaduras para a viga de fundação é idêntica à aplicada na viga superior.

Analogamente, a capacidade resistente ao esforço transverso é também verificada. O resultado

da pormenorização, associado à viga de fundação, é ilustrado na Figura 5.33.

FIGURA 5.31 – ENVOLVENTE DE MOMENTO FLETOR E DE ESFORÇO TRANSVERSO PARA A COMBINAÇÃO

SÍSMICA.

FIGURA 5.32 – ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE APOIO DA VIGA DE FUNDAÇÃO.

FIGURA 5.33 – PORMENORIZAÇÃO ASSOCIADA À VIGA DE FUNDAÇÃO.

76

5.4 ALTERAÇÕES AO MODELO DE ESTRUTURAS

Efetuado o dimensionamento de todos os elementos de estruturas no Robot, verificou-se que,

numa das vigas, a quantidade de armadura era bastante superior às restantes. Estudou-se a

possibilidade de substituir o pilar intermédio por dois de forma a reduzir os esforços na viga, e

assim diminuir a quantidade necessária de armadura. O pórtico representado a vermelho na

Figura 5.34 apresenta a solução inicial e a alterada.

As alterações que sejam necessárias efetuar sobre a solução estrutural, devem ser realizadas

no Revit. Recorre-se então ao programa e procede-se à alteração do modelo inicial introduzindo

as modificações pretendidas para o pórtico. Deve verificar-se se a alteração à estrutura respeita

a arquitetura do edifício. As atualizações efetuadas no modelo devem ser transferidas para o

modelo Robot. Para tal, no modelo Revit são selecionados os novos elementos (2 pilares) e no

modelo Robot deve ser eliminado o elemento a retirar (o pilar central do pórtico). De seguida, no

Revit são indicadas, através da interface de integração, as opções relativas ao envio para o

Robot, apenas relativas aos elementos selecionados Figura 5.35.

Neste processo, é importante remover no Revit todos os casos de carga e combinações, de

forma a não introduzir incorreções no modelo Robot. Em relação a discretização da laje em

elementos finitos, os nós dos elementos são adaptados automaticamente de forma a verificarem

as condições cinemáticas do modelo. Assim uma nova malha é, então, gerada.

FIGURA 5.34 – LOCALIZAÇÃO DO PÓRTICO ALTERADO.

FIGURA 5.35 – TRANSFERÊNCIA DO REVIT PARA O ROBOT.

77

Após análise das soluções de pormenorização para os elementos e de forma a facilitar esta etapa

do projeto, procede-se a um aumento das dimensões das vigas superiores e de fundação. Note-

se que o aumento das secções destes elementos não interferem com a arquitetura. Assim as

dimensões originais foram retificadas para as indicadas na Tabela 5.5.

TABELA 5.5 – NOVAS DIMENSÕES PARA AS VIGAS DE FUNDAÇÃO E SUPERIORES.

Elemento Base (m) Altura (m)

Viga de Fundação 0,25 0,50

Viga 0,25 0,50

Para efetuar esta alteração realizou-se um processo inverso ao caso de substituição de pilares.

No Robot procedem-se à alteração das dimensões dos elementos, sobre o modelo de cálculo

estrutural, de seguida, esta informação é enviada para o Revit. Os elementos alterados são

selecionados e utilizando o comando Integração do Robot, efetua-se a atualização no modelo do

Revit (Figura 5.36).

A integração ocorre de forma correta, no que se refere à geometria do elemento. Observam-se,

no entanto, alguns erros, relativos a cargas e combinações, quando lidas no Revit, sendo alguns

referidos como erros desconhecidos. Assim, é aconselhado realizar uma cópia dos ficheiros,

antes da integração, de forma a garantir que não ocorre alguma perda de informação relevante

no processo de transferência.

Após a análise dos esforços nos apoios e de forma a otimizar as seções das sapatas estas foram

alteradas às admitidas em pré-dimensionamento. Tal alteração é realizada apenas no Revit.

Apresenta-se na Tabela 5.6 as novas dimensões das sapatas do edifício.

No anexo A1 é possível observar os esforços admitidos para o dimensionamento dos elementos,

sendo que a localização das sapatas é observável através da planta de fundações apresentada

no anexo A2 referente às peças desenhadas.

FIGURA 5.36 – JANELA DE INTEGRAÇÃO ROBOT – REVIT.

78

TABELA 5.6 – DIMENSÕES ADOTADAS PARA AS SAPATAS.

Tipo Dimensões [m]

S1 0,50 x 0,50

S2 0,80 x 0,80

S3 0,90 x 0,90

S4 1,00 x 1,00

S5 1,20 x 1,20

79

6 TRANSPOSIÇÃO DO ROBOT PARA O REVIT

Seguindo o conceito BIM, de centralizar toda a informação que vai sendo cruzada durante o

desenvolvimento do projeto, os dados gerados no programa de cálculo devem ser transpostos

para o modelo BIM. Uma das grandes vantagens apontadas à adoção da metodologia BIM face

aos processos tradicionais é a capacidade de automatização dos processos, aproveitando a

informação paramétrica associada ao modelo, nomeadamente na pormenorização de armaduras

e na elaboração das peças desenhadas e mapas de quantidades a partir do modelo. Assim, após

avaliada a informação recolhida, esta deve ser utilizada na geração destes elementos essenciais

na preparação da obra.

6.1 EXPORTAÇÃO DE ARMADURAS

Verificada a segurança dos elementos laje, pilares, vigas superiores e de fundação e das

sapatas, pelo processo tradicional mas apoiado no mesmo programa, é necessário proceder à

transferência da pormenorização das armaduras para o modelo BIM. Este processo, no ambiente

BIM, é ainda muito limitado. A exportação de informação das armaduras do Robot para o Revit

é descrito, de seguida, por tipo de elemento estrutural.

6.1.1 LAJE

Em relação à laje, o Revit não reconhece a informação da armadura exportada pelo Robot. É

possível, no entanto criar-se ainda no Robot um ficheiro .dwg dos desenhos de pormenorização

das armaduras. Este ficheiro pode assim constituir a base de modelação das armaduras no Revit,

tendo, no entanto, a modelação de ser totalmente executada no Revit. Deste modo, o modelo

BIM final conterá a informação das armaduras, permitindo a obtenção de qualquer tipo de

desenho necessário em obra, a sua representação em planta e em perspetiva além da

quantificação do material envolvido, nas tarefas de orçamentação e de planeamento da obra.

No Revit, para iniciar, o processo de pormenorização da laje deve ser selecionado o elemento,

ficando em modo transparente de visualização para que possa ser observada, no seu interior, a

armadura que vai sendo definida. De seguida, através do separador Estrutura, aba Selecionar

Armadura e ícone Área é identificada a área a reforçar. A interface de trabalho possibilita ainda

a alteração de todo um conjunto de parâmetros correspondentes à laje, nomeadamente, o

recobrimento, o diâmetro dos varões a adotar, a orientação e o comprimento das amarrações e

o espaçamento. Definida a área a reforçar é então, gerada a armadura apresentada na Figura

6.1.

Nas zonas de reforço da armadura, embora seja idêntico o processo de escolha da área e

inserção de parâmetros, é necessário impor algumas considerações adicionais. Como o Revit

não admite a possibilidade de definir um espaçamento para as armaduras de reforço

dependentes do espaçamento já aplicado, é necessário que o utilizador efetue uma correta

80

análise, de forma a não sobrepor armaduras ou não deixar um espaçamento incorreto nas zonas

de reforços. Este é também um dos problemas que ocorre em obras associado ao

estabelecimento de espaçamentos que são na realidade de difícil concretização em obra. A

vantagem do modelo BIM é a possibilidade de o engenheiro projetista observar, ainda em fase

de projeto e não já na obra, o aspeto final da pormenorização pretendida e, assim, conseguir

preparar os desenhos para a obra, e efetuar o cálculo de quantidades por diâmetro de varão,

que de facto se vai aplicar, minimizando também os conflitos na execução.

No processo, é necessário observar as dimensões da zona a reforçar e adaptá-la, garantindo a

segurança e de forma a realizar uma correta pormenorização. No caso de estudo o reforço

requerido exigia um espaçamento de 0,20 m sobre a malha também espaçada de 0,20 m. A

opção natural é admitir conservativamente a colocação de um conjunto de varões intermédios

na zona de reforços como se ilustra na Figura 6.2.

FIGURA 6.1 – DEFINIÇÃO DA ARMADURA DA LAJE.

FIGURA 6.2 – COLOCAÇÃO DO REFORÇO DE ARMADURA ESPAÇADO A 0,20 M.

81

Quando à malha geral de espaçamento 0,20 m é necessário reforços com espaçamento de 0,10

m, contabilizando um espaçamento real de 0,067 m, a opção passará por definir o número de

barras a colocar nas áreas a considerar de forma a garantir os espaçamentos mínimos

adequados.

Em todo o contorno a laje termina em consola. É necessário que a armadura realize uma dobra

no local, ou seja, o varão superior deve ser o mesmo que o inferior contornando o bordo da

consola, tal como se ilustra na Figura 6.3. Para efeitos de modelação, a construção pode ser

feita, devendo o varão inferior e superior encontrarem-se num ponto intermédio a meia altura da

laje.

Adicionalmente, deve ser considerada uma armadura construtiva junto à abertura que foi

efetuada na laje para a passagem da chaminé. Embora esta tivesse sido considerada no modelo

estrutural proveniente do programa de cálculo, a sua configuração é distinta da realizada no Revit

(Figura 6.4).

A Figura 6.5 apresenta em planta, e em perspetiva, a laje armada, de acordo com o

dimensionamento executado e modelado no Revit.

FIGURA 6.3 – PORMENOR NO BORDO DA LAJE.

FIGURA 6.4 – PORMENOR NA ABERTURA DA CHAMINÉ NO ROBOT E NO REVIT.

FIGURA 6.5 – PLANTA E PERSPETIVA TRIDIMENSIONAL DA LAJE

82

6.1.2 VIGAS

O processo de transposição da informação relativa à pormenorização das vigas, entre os

programas de cálculo e de modelação, admite algum grau de integração, contudo os resultados

ainda não são satisfatórios. Inicialmente, no processo de transposição foram verificados alguns

erros, identificados como do tipo desconhecido (Figura 6.6).

Quando o modelo Robot é importado pelo Revit, são detetados vários erros, que são

apresentados em lista. O erro indicado na Figura 6.7 é percetível na Figura 6.8, e é relativo à

pormenorização das vigas definida no Robot, que é erradamente interpretada pelo Revit. Os

erros correspondem a armaduras localizadas completamente fora dos elementos geométricos

de betão (Figura 6.9), armaduras repetidas e espaçamento incorreto. Perante os erros

verificados, no caso de estudo, foi solicitado apoio à empresa, Autodesk no sentido de entender

a sua origem. A explicação fornecida refere que os erros são intrínsecos à ainda ineficiente

capacidade de interoperabilidade entre programas. Embora o Robot interaja com o Revit ainda

subsistem muitas limitações a uma integração plena. Contudo, verifica-se que para o caso das

vigas, com um único vão, é possível corrigir alguma informação, o mesmo não ocorre para as

vigas contínuas com vãos de diferente geometria.

FIGURA 6.6 – PROCESSO DE EXPORTAÇÃO DE ARMADURAS DAS VIGAS DO PROGRAMA DE CÁLCULO

ESTRUTURAL PARA O PROGRAMA BIM.

FIGURA 6.7 – JANELA DE ERROS APRESENTADA NO REVIT IMEDIATAMENTE APÓS A IMPORTAÇÃO

DO MODELO ROBOT.

83

Mesmo para o caso de vigas de um tramo, existem erros de definição associados à sobreposição

de elementos, como se ilustra na Figura 6.10. A amarração dos varões longitudinais nos pilares,

desvia-se da pormenorização definida no Robot.

Assim, torna-se novamente necessário definir diretamente, no Revit, a armadura a colocar em

cada viga. Este processo consome ainda bastante tempo, sendo um dos aspetos em que há

FIGURA 6.8 – ARMADURA EXCEDENDO O ELEMENTO ESTRUTURAL.

FIGURA 6.9 – ILUSTRAÇÃO DEMONSTRATIVA DA ARMADURA QUE EXCEDE A VIGA.

FIGURA 6.10 – SOBREPOSIÇÃO DE ESTRIBOS NA VIGA DE UM TRAMO DO ALINHAMENTO F.

84

necessidade de investimento por parte do fabricante do software, de forma a conseguir um

melhor produto integrado.

Por recurso ao Revit Extensions, uma aplicação incorporada nas mais recentes versões do Revit,

é possível realizar o processo de pormenorização de armadura em vigas. Para tal acede-se ao

separador Extensões, seguido de Armadura e Vigas (Figura 6.11).

Sobre o modelo é selecionada uma viga, mas esta aplicação não deteta a viga como um tramo

contínuo, como ilustra a Figura 6.12. Sem outra alternativa é, então, necessário unir as vigas,

para que o Revit as identifique como contínuas e, assim, permitir a realização de uma

pormenorização idêntica à do Robot.

Registe-se que todo o trabalho de pormenorização de elementos já foi realizado no Robot, e

portanto, os desenhos exportados pelo programa com a informação final associada ao processo

de cálculo estrutural assistido podem ser aproveitados. No entanto o objetivo é que o modelo

Revit contenha também esta informação, de forma a permitir o traçado de qualquer tipo de

desenho e obtenção de mapas de quantificação. Apresenta-se, de seguida, a descrição relativa

FIGURA 6.11 – CAMINHO ASSOCIADO À EXTENSÃO UTILIZADA PARA AUTOMATIZAR A

PORMENORIZAÇÃO DE ARMADURAS NO REVIT.

FIGURA 6.12 – MENSAGEM AQUANDO DA TENTATIVA DE DIMENSIONAR A VIGA CONTÍNUA DO

ALINHAMENTO A.

85

à pormenorização da viga analisada. A viga A2-F2 é selecionada no modelo, devendo proceder-

se à sua união, tal como se ilustra na Figura 6.13.

Note-se também que quando a viga foi exportada do Revit para o Robot foi necessário dividir o

elemento em tramos simplesmente apoiados, agora é necessário executar o processo inverso.

Este problema de incoerência, associado à capacidade de interoperabilidade entre programas

requer investigação no sentido de evitar este tipo de problemas nas próximas versões do Revit

e extensões relacionadas com a pormenorização. Selecionada a viga, acede-se ao menu de

pormenorização do elemento, que é idêntico ao do programa de cálculo estrutural (Figura 6.14).

FIGURA 6.13 – VIGA DO ALINHAMENTO A2 – F2.

FIGURA 6.14 – JANELA DE GERAÇÃO DA ARMADURA IDÊNTICA À DO PROGRAMA DE CÁLCULO

ESTRUTURAL.

86

6.1.3 PILARES

Ao contrário do que ocorre para as vigas, a exportação das armaduras pormenorizadas, no Robot

para os pilares, realiza-se sem qualquer tipo de problema. A Figura 6.15 apresenta cada pilar

com a respetiva armadura e em pormenor o pilar P2 do alinhamento B2, anteriormente analisado.

A amarração do pilar na sapata foi realizada de acordo com o comprimento definido no item

5.3.2. No Revit é necessário criar um tipo específico de armadura para os pilares e alterar as

suas propriedades de forma a viabilizar a curva da armadura e a respetiva amarração. Nas

janelas apresentadas na Figura 6.16, ao comprimento da dobra de 0,30 m é adicionado o

comprimento de amarração do pilar.

FIGURA 6.15 – ARMADURA DOS PILARES EXPORTADA PARA O REVIT.

FIGURA 6.16 – PROPRIEDADES DA ARMADURA DO PILAR.

87

6.1.4 FUNDAÇÕES

Em relação às vigas de fundação ocorrem os mesmos problemas que verificados na exportação

e posterior pormenorização das vigas superiores. Procedeu-se ao ajuste da pormenorização da

armadura no Revit. As observações referidas, são aplicáveis no dimensionamento manual dos

elementos, devendo, ainda considerar-se a correta amarração dos varões nas sapatas, caso se

pretenda admitir esse nível de detalhe a apresentar em desenhos e em quantificação de varões,

de interesse na orçamentação e preparação da obra. A Figura 6.17 inclui uma perspetiva da

pormenorização de todas as vigas de fundação realizada no Revit e um pormenor para o lintel

analisado anteriormente.

A pormenorização das sapatas pode ser realizada com o apoio da extensão associada ao Revit,

utilizada na pormenorização das vigas. Para tal é necessário definir inicialmente o recobrimento,

o diâmetro dos varões a utilizar e o espaçamento pretendido, para cada uma das direções

ortogonais e em relação às armaduras superiores e inferiores. É possível ainda gerar cintas

construtivas para os varões que servem de amarração aos pilares como se apresenta na Figura

6.18.

FIGURA 6.17 – VIGAS DE FUNDAÇÃO CRIADAS NO MODELO BIM.

FIGURA 6.18 – JANELA DE APOIO À PORMENORIZAÇÃO DA SAPATA.

88

O desenho em corte da sapata (Figura 6.19) permite analisar a eventual sobreposição da

amarração superior com a inferior. Assim, caso o nível de detalhe exija, é necessário realizar

manualmente uma ligeira diminuição do comprimento da armadura inferior, de forma a não

ocorrer sobreposição de varões. Para tal, acede-se às propriedades da armadura inferior e

impõe-se uma redução do comprimento equivalente a dois diâmetros, centrando-se de seguida

a armadura alterada. A Figura 6.20 apresenta o resultado final para todas as sapatas do modelo.

6.2 ANÁLISE DO MODELO DE ESTRUTURAS

O modelo estrutural criado para o caso de estudo, foi gerado no Revit, verificada a sua segurança

no Robot, tendo-se efetuado a pormenorização das armaduras para cada elemento estrutural,

primeiro no Robot e depois no Revit. Deste modo, o modelo BIM concentra a informação

referente à componente de arquitetura e de dimensionamento. A Figura 6.21 apresenta duas

perspetivas do modelo com a visualização dos elementos estruturais armados e só a armadura.

O presente item descreve algumas das atividades pós-cálculo que é possível desenvolver sobre

a informação referente ao projeto de estruturas concentrado no modelo BIM. Recorrendo a

capacidades específicas, incorporadas na ferramenta BIM em uso, procede-se à análise de erros

e de conflitos entre as diversas componentes do modelo e à geração de peças desenhadas a

FIGURA 6.19 – DESENHO EM CORTE E PERSPETIVA DA SAPATA.

FIGURA 6.20 – MODELO 3D DAS SAPATAS.

89

incluir na documentação gráfica de projeto para consulta por outros técnicos e na preparação da

obra.

O modelo BIM criado contém a informação detalhada necessária à obtenção de mapas de

quantidades por tipo de material, relacionado com o projeto de estruturas. Esta informação é

utilizada na estimativa do orçamento de obra e para a definição de mapas de quantidades de

trabalho, envolvendo o planeamento de tarefas, os custos e os recursos humanos. Estas etapas

correspondem, no âmbito BIM à geração do modelo 5D (custos) e 4D (planeamento de

construção), respetivamente.

Por recurso ao Revit é possível realizar a análise de conflitos e de interferências entre os

diferentes elementos que constituem o ao modelo acima referida. Nesse sentido, é necessário

selecionar qual o tipo de elemento a analisar. A verificação de conflitos entre elementos deve,

então, ser realizada para as situações em que existam impedimentos ao bom funcionamento do

edifício ou que contrariem as opções de projeto. Por exemplo, há interesse em avaliar as

interferências entre as componentes de arquitetura e as estruturas, nomeadamente entre portas

e janelas e elementos estruturais.

6.2.1 ANÁLISE DE ERROS E CONFLITOS DO MODELO

O Revit inclui a capacidade de análise das interferências entre elementos de distintas

componentes. Na presente dissertação utiliza-se então este programa, no entanto, existe um

conjunto de visualizadores BIM e de programas mais específicos que efetuam uma verificação

de erros e conflitos mais detalhada, como por exemplo o software Navisworks também da

Autodesk. No Revit, para se proceder à deteção de interferências acede-se ao separador

Colaborar, seguido de Coordenar e Verificação de interferência, como se ilustra na Figura 6.22.

FIGURA 6.21 – MODELO ESTRUTURAL COMPLETO COM ARMADURA.

FIGURA 6.22 – CAMINHO PARA A ANÁLISE DE CONFLITOS.

90

Através da interface da Figura 6.23, são indicadas as opções de análise de conflitos. Na janela

é selecionado o tipo de elementos a relacionar para a avaliação de conflitos. De forma a ilustrar

esta capacidade do Revit, procedeu-se, no caso de estudo à verificação da interferência entre

os elementos da componente estrutural com a componente arquitetónica. A análise de conflitos

entre estas componentes tem interesse apenas na avaliação de interferências da estrutura na

estética ou na funcionalidade do edifício.

Efetuada a análise são detetados os conflitos listados por categorias. As categorias 1 e 2

correspondem, respetivamente pela mesma ordem, às colunas da janela da esquerda da Figura

6.23.

Como era expetável, os conflitos associados aos pilares respeitam a interseção entre estes e os

panos de alvenaria. Apresenta-se na Figura 6.24 o conflito referido. Esta colisão deve-se à

ocupação do mesmo espaço físico, de um elemento estrutural e um pano de alvenaria. Este é

um erro irrelevante do ponto de vista prático, pelo que este tipo de incongruência deve ser

ignorada.

Na lista, incluída na Categoria 2, verifica-se novamente a existência do conflito entre as paredes

e os elementos estruturais vigas e laje (Figura 6.25). Mais uma vez, estes conflitos não dizem

respeito especificamente ao projeto de estruturas, mas à coordenação do modelo, sendo

relevante para a quantificação dos materiais a utilizar na obra.

A resolução do conflito passa pelo estabelecimento da interligação entre os elementos

adjacentes. Assim, recorrendo ao exemplo do pilar da Figura 6.24, acede-se ao menu Modificar,

FIGURA 6.23 – INTERFACE DA ANÁLISE DE ERROS E CONFLITOS.

91

seguido das opções Geometria e Unir Geometria (Figura 6.26), e procede-se à seleção dos

elementos a unir, a parede e o pilar.

Para confirmar se os elementos se encontram separados, é possível ocultar o pilar e verificar se

o espaço vazio toma o seu lugar como se observa na Figura 6.26. Este tipo de verificação pode

ser realizada para todos pilares (estrutural) em relação às paredes (arquitetura). No modelo

criado não foi encontrado mais nenhum tipo de erro ou conflito.

FIGURA 6.24 – VISTA EM PLANTA DO CONFLITO ENTRE O PILAR E UMA PAREDE.

FIGURA 6.26 – ÍCONE DE UNIÃO DE ELEMENTOS.

FIGURA 6.25 – CONFLITO ENTRE VIGA E PAREDE.

92

Note-se, no entanto, que a análise de conflitos é das capacidades das ferramentas BIM em que

é reconhecida uma enorme vantagem, quando comparado com o modo tradicional. Quando o

modelo BIM contém, além da arquitetura e da estrutura, também os sistemas de redes de águas,

esgotos, ar condicionado e iluminação, a verificação de conflitos apoiada no Revit ou no

Navisworks, é essencial para o estabelecimento de projetos de redes sem erros de sobreposição

ou incoerências.

6.2.2 PEÇAS DESENHADAS

Os desenhos técnicos devem ser obtidos sempre a partir do modelo BIM atualizado e verificado,

de forma a obter como resultado desenhos corretos e sem inconsistências entre si. Em relação

ao caso de estudo, procedeu-se ao traçado de alguns pormenores normalmente incluídos na

documentação gráfica do projeto de estruturas tradicional, aproveitando a capacidade de

automatização da ferramenta BIM nesta vertente associada ao modelo.

O anexo A2 inclui as peças desenhadas e os pormenores elaborados no Revit para alguns dos

elementos analisados com um maior detalhe neste trabalho. Note-se no entanto, que apenas se

apresentam as peças desenhadas para as quais se consideram cumpridos critérios de qualidade

e que resultem desta abordagem automática. No caso da laje, a peça desenhada associada ao

modelo incumpre de uma forma flagrante o critério de qualidade. A alternativa passa então por,

através do modelo, se criar uma planta, semelhante aquela que é possível obter através do

AutoCAD. Não existindo aqui um benefício evidente, ou um novo processo, omite-se a

representação do elemento. Relativamente às peças desenhadas e à criação de pormenores tipo

associados aos correntemente utilizados, é necessário um maior investimento por parte do

fabricante do Revit, nomeadamente na criação de famílias associadas à representação das

peças desenhadas, que sejam compatíveis com a prática de outros mercados, para além do

americano. Para tal seria interessante o estabelecimento de parcerias com entidades nacionais

e europeias.

Fugindo ao âmbito da gestão do modelo BIM, e assim aos principais objetivos do trabalho,

omitem-se os passos necessários à obtenção dos desenhos. Importa salientar no entanto a

possibilidade de utilizar processos manuais no Revit, em tudo semelhantes ao utilizador no

AutoCAD, quando os processos automáticos não garantem a qualidade pretendida.

6.2.3 MAPAS DE QUANTIDADES E ORÇAMENTAÇÃO

Concluída a exportação e realizadas a análise e as alterações necessárias, é então possível

beneficiar da vertente paramétrica associada à geometria dos elementos modelados para a

obtenção dos mapas de quantidades. Este processo realizado no Revit, requer a definição de

filtros de seleção. Os materiais podem assim ser agrupados consoante o utilizador pretenda,

sendo também possível realizar operações matemáticas necessárias para a quantificação, como

por exemplo, para a obtenção do peso total do aço de toda a estrutura. Os mapas podem

93

posteriormente ser exportados para o Excel onde é possível associar os preços unitários de cada

material e assim, proceder à obtenção do orçamento detalhado do projeto.

Nas peças desenhadas incluídas no anexo A2, foram inseridas as tabelas criadas através do

Revit, referentes à contabilização da quantidade de material estrutural nomeadamente, o betão

e aço.

6.2.4 MAPA DE TRABALHOS

Concluídos os passos referentes à quantificação e ao traçado de desenhos, o programa BIM

possibilita associar aos elementos estruturais, a componente temporal no processo de execução

da obra. O Revit permite identificar para cada elemento a fase em que deve ser executado em

obra, e qual o tempo requerido na sua construção. Com base nesta informação é realizado o

correspondente cronograma de atividade construtiva. O projetista analisa claramente o período

de construção de cada elemento e tem a possibilidade de realizar as alterações necessárias para

que a obra executada com base no projeto de estruturas, decorra de acordo com os prazos

pretendidos.

Esta tarefa consiste na definição do modelo BIM/4D da obra. Este modelo permite eliminar tempo

de espera, a duplicação de tarefas e analisar tempos de execução dos elementos mais

adequados. Com base no modelo 4D torna-se possível, por exemplo, analisar a utilização do

equipamento, organizando a sua disponibilidade para a obra inicial ou a sua dispensa para outras

obras.

A análise das possíveis funcionalidades/dimensões do BIM, no que se refere ao projeto de

estruturas, é apenas abordada e não detalhada, pois ultrapassa o objetivo principal do trabalho.

Contudo, importa salientar, que todas as tarefas realizadas após a geração do modelo, se

baseiam na informação contida neste, e de forma a obter os desenhos, mapas, e um

planeamento da construção fiáveis, aquela informação deve ser correta. Nesse sentido foi

descrito o procedimento que se julga ser o mais adequado e introduzidas as retificações

relevantes para o processo.

94

95

7 CONCLUSÕES

7.1 UTILIZAÇÃO DO BIM NA ÓTICA DO PROJETO DE ESTRUTURAS

Na presente dissertação, procurou-se através do desenvolvimento do caso de estudo, identificar

uma metodologia adequada à utilização do BIM, na elaboração do projeto de estruturas. Com

base na análise dos procedimentos que envolvem a geração do modelo de estruturas, a sua

transposição e dimensionamento no programa de cálculo e posterior transferência e manipulação

da pormenorização de armaduras no Revit, observa-se que, apesar de se verificarem vantagens,

há ainda inúmeras limitações de caráter tecnológico. De facto as ferramentas BIM atuais, apoiam

algumas tarefas e são reconhecidas diversas vantagens, nomeadamente, a caraterística

colaborativa de partilha de informação, a facilidade de execução do modelos BIM por

componente (arquitetura, estrutura e redes de serviços), a possibilidade de transferência de

informação entre os programas de modelação e de cálculo, a análise de erros e conflitos entre

componentes e a capacidade de extração de mapas de quantidades.

Tal como referido, importa salientar que foi desenvolvida a pormenorização de armaduras nos

elementos estruturais, tendo sido apresentadas duas alternativas; o recurso ao programa de

cálculo estrutural Robot e ao Revit, verificando diferentes níveis de automatização, correção de

resultados e inconsistência de informação. O traçado de peças desenhadas foi executado

igualmente através de ambos os programas. Verifica-se que o detalhe dos desenhos, conseguido

através do programa de cálculo estrutural é bastante baixo. Contudo, o desenho .dwg referente

à laje foi utilizado no Revit, servindo de apoio à pormenorização de armaduras daquele elemento.

Já os desenhos realizados através do Revit apresentam alguma qualidade tal como se

demonstra, necessitando no entanto ainda a ferramenta BIM de abranger um maior conteúdo de

apoio à construção de peças destinadas a mercados diferente do americano.

No desenvolvimento do trabalho foram identificadas diversas limitações, mas quase sempre

associadas à interoperabilidade. A maior ou menor rapidez de execução do projeto está

relacionada com o domínio da tecnologia por parte do utilizador e também pelo nível de detalhe

requerido pelo projetista. O utilizador deve, assim, conhecer as potencialidades da ferramenta

de modo a otimizar o seu apoio e identificar quais as limitações, procurando alternativas assentes

no método tradicional.

Na elaboração do projeto foram identificadas desvantagens relacionadas com a ocorrência de

alguns erros, revelando uma ineficaz interoperabilidade entre programas, apesar de no caso de

estudo, terem sido utilizados produtos do mesmo fabricante. Verifica-se que na pormenorização

de lajes e vigas foi necessário executar adaptações no modelo BIM. A criação de pormenores

construtivos a associar ao desenho no âmbito do projeto de estruturas, é ainda limitado, tendo

sido necessário complementar os desenhos (ver anexo A2), através da manipulação de linhas e

legendas por processos em tudo semelhantes aos realizados em software CAD. Finalmente

96

refira-se que a maior desvantagem na implantação do BIM no gabinete de projeto é o tempo de

aprendizagem que é requerido para iniciar a abordagem do conceito BIM.

O trabalho desenvolvido contribuiu para o incremento do conhecimento inerente a uma

metodologia de grande atratividade e relevância no panorama nacional. O estudo sistematiza o

processo de projeto de estruturas, justifica as opções tomadas, referindo-as com sendo as

recomendações que devem ser adotadas, explora o modelo de estruturas criado, em diversas

frentes de utilização, ou seja, na criação dos modelos nD/BIM, divulgando as reais vantagens do

conceito colaborativo e centralizador de BIM.

7.2 SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO

Sugere-se a análise, com um maior nível de detalhe de diferentes etapas posteriores ao processo

de modelação, que foram apenas abordadas, mas que requerem bastante mais trabalho, para

que se identifique um leque mais alargado da utilização do BIM no sector da Construção. Refira-

se a orçamentação, criação de mapa de trabalhos e o traçado de peças desenhadas no sentido

de melhorar, a sua qualidade e quantidade, ainda no âmbito do projeto de estruturas.

A capacidade de interoperabilidade entre os programas de modelação e de cálculo revelam-se

neste trabalho, ser ainda muito limitados pelo que a investigação futura deve tentar contribuir

para uma melhoria neste aspeto.

97

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(Acesso em Janeiro de 2016)

100

A.1

ANEXOS

A1 – CÁLCULOS ASSOCIADOS AO DIMENSIONAMENTO DAS SAPATAS

FZ (kN) A B sd Hmin Hmax H Ntot ssd f tga Ft As calc As min As act Ainf Asup

S2 1 136,33 0,8 0,8 213,02 0,1375 0,275 0,5 144,33 225,52 3,27 22,05 0,51 5,43 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S4 2 244,61 1 1 244,61 0,1875 0,375 0,5 257,11 257,11 2,40 53,56 1,23 6,79 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S3 3 210,58 0,9 0,9 259,98 0,1625 0,325 0,5 220,705 272,48 2,77 39,85 0,92 6,11 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S1 4 20,49 0,5 0,5 81,96 0,0625 0,125 0,5 23,615 94,46 7,20 1,64 0,04 3,39 5,24 f10 //0,15 f8//0,15

S2 5 168,71 0,8 0,8 263,61 0,1375 0,275 0,5 176,71 276,11 3,27 27,00 0,62 5,43 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S1 6 71,82 0,5 0,5 287,28 0,0625 0,125 0,5 74,945 299,78 7,20 5,20 0,12 3,39 5,24 f10 //0,15 f10 //0,15

S2 7 135,95 0,8 0,8 212,42 0,1375 0,275 0,5 143,95 224,92 3,27 21,99 0,51 5,43 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S3 11 203,46 0,9 0,9 251,18 0,1625 0,325 0,5 213,585 263,69 2,77 38,56 0,89 6,11 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S4 12 254,63 1 1 254,63 0,1875 0,375 0,5 267,13 267,13 2,40 55,65 1,28 6,79 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S4 13 251,02 1 1 251,02 0,1875 0,375 0,5 263,52 263,52 2,40 54,90 1,26 6,79 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S3 14 198,32 0,9 0,9 244,84 0,1625 0,325 0,5 208,445 257,34 2,77 37,64 0,87 6,11 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S3 15 185,19 0,9 0,9 228,63 0,1625 0,325 0,5 195,315 241,13 2,77 35,27 0,81 6,11 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S2 16 183,4 0,8 0,8 286,56 0,1375 0,275 0,5 191,4 299,06 3,27 29,24 0,67 5,43 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S3 17 207,89 0,9 0,9 256,65 0,1625 0,325 0,5 218,015 269,15 2,77 39,36 0,91 6,11 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S4 18 237,94 1 1 237,94 0,1875 0,375 0,5 250,44 250,44 2,40 52,18 1,20 6,79 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S3 19 218,54 0,9 0,9 269,80 0,1625 0,325 0,5 228,665 282,30 2,77 41,29 0,95 6,11 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S2 21 171,67 0,8 0,8 268,23 0,1375 0,275 0,5 179,67 280,73 3,27 27,45 0,63 5,43 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S2 24 138,5 0,8 0,8 216,41 0,1375 0,275 0,5 146,5 228,91 3,27 22,38 0,51 5,43 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S3 25 221,58 0,9 0,9 273,56 0,1625 0,325 0,5 231,705 286,06 2,77 41,84 0,96 6,11 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S3 26 219,36 0,9 0,9 270,81 0,1625 0,325 0,5 229,485 283,31 2,77 41,43 0,95 6,11 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S5 32 372,1 1,2 1,2 258,40 0,2375 0,475 0,5 390,1 270,90 1,89 102,94 2,37 8,14 11,31 f12 //0,10 f10//0,10

S5 37 359,31 1,2 1,2 249,52 0,2375 0,475 0,5 377,31 262,02 1,89 99,57 2,29 8,14 11,31 f12 //0,10 f10//0,10

S5 48 300,69 1,2 1,2 208,81 0,2375 0,475 0,5 318,69 221,31 1,89 84,10 1,93 8,14 11,31 f12 //0,10 f10//0,10

S2 51 165,69 0,8 0,8 258,89 0,1375 0,275 0,5 173,69 271,39 3,27 26,54 0,61 5,43 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S4 1441 236,62 1 1 236,62 0,1875 0,375 0,5 249,12 249,12 2,40 51,90 1,19 6,79 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

S4 1443 282,73 1 1 282,73 0,1875 0,375 0,5 295,23 295,23 2,40 61,51 1,41 6,79 7,54 f12 //0,15 f10//0,15

A.2

A.3

A2 – PEÇAS DESENHADAS

1/3 – Plantas estruturais e pormenores

2/3 – Pormenores construtivos

3/3 – Quadro de pilares e materiais

S1

0,50

0,25

0,5

0

-0,40

S2

0,5

0

0,80

0,25

-0,40

S3

0,90

0,5

0

0,25

-0,40

S4

0,5

0

1,00

0,25

-0,40

S5

1,20

0,20

-0,40

A B C D E F G J M

8

7

6

5

4

3

1

I LH K

4,28 3,18 0,47 3,56 1,98 1,82 1,48 1,03 1,22 0,580,69 2,49

6,1

81,9

52,1

80,7

50,7

53,6

5

0,03

P2

P2

P2 P2 P2 P2 P2

P2 P2

P2

P2P2

P2

P2P2P2

P2P2

P1

P1 P1

P1 P1 P1

P2 P2

VL 0

,25 x

0,5

0 m

VL 0

,25 x

0,5

0 m

VL 0,25 x 0,50 m

VL 0

,25 x

0,5

0 m

VL 0,25 x 0,50 m

VL 0,25 x 0,50 m

VL 0

,25 x

0,5

0 m

VL 0,25 x 0,50 m

VL 0,25 x 0,50 m

VL 0

,25 x

0,5

0 m

VL 0

,25 x

0,5

0 m

9

1

10

1

11

1

2

A B C D E F G J M

8

7

6

5

4

3

1

I LH K

4,28 3,18 0,47 3,56 1,98 1,82 1,48 1,03 1,22 0,58

0,69

2,49

6,1

81,9

52,1

80,7

50,7

53,6

5

0,03

VF

0,2

5 x

0,5

0 m

VF

0,2

5 x

0,5

0 m

VF

0,2

5 x

0,5

0 m

VF 0,25 x 0,50 m

VF 0,25 x 0,50 m

VF 0,25 x 0,50 m

VF

0,2

5 x

0,5

0 m

VF

0,2

5 x

0,5

0 m

VF 0,25 x 0,50 m

VF 0,25 x 0,50 m

S2S4

S3

S1S2

S1S2

S4

S5S3

S4

S4 S3 S3

S2

S3

S4

S3

S2

S2

S3 S3

S5

S5

S2

S4

2

Massame

Massame

-0,40

-0,40-0,40

-0,40 -0,40 -0,40 -0,40

-0,40

-0,40

-0,40

-0,40

-0,40

-0,40

-0,40

-0,40 -0,40

-0,40-0,40-0,40

-0,40-0,40-0,40-0,40

-0,40 -0,40

-0,40

0,2

0

0,20

0,2

0

0,5

0

0,25

0,00

Massame com malha duplaquadrada Φ8//0,25m

Enrocamento

Terreno Compactado

Instituto Superior Técnico

Scale

Checked by

Drawn by

Date

Project number

Como indicado

Plantas Estruturais ePormenores

1

Dissertação de Mestrado

Instituto Superior Técnico

28 / 12 / 2015

João Oliveira

IST

1

1 : 50

S12

1 : 50

S23

1 : 50

S34

1 : 50

S45

1 : 50

S56

1 : 100

Planta Estrutural do Piso 18

1 : 100

Planta de Fundações1

1 : 50

Corte B - B10

1 : 50

Corte C - C11

1 : 50

Corte A - A9

Quadro de Materiais

Betão

Aço

Recobrimentos

GERAL: C30/37 XC0FUNDAÇÕES: C30/37 XC2REGULARIZAÇÃO: C12/15

ARMADURAS ORDINÁRIAS: A500NR

FUNDAÇÕES: 3,5 CMVIGAS E PILARES: 2,5 CMLAJES EM GERAL: 2,5 CM

1 : 25

Pormenor Tipo do Massame7

A B D E F

A

2

1,10 1,82 1,10 0,90 1,60 0,90 0,90 1,51 0,90 0,50 0,73 0,50

0,4

0

0,4

0

0,21 0,21

ϕ8 // 200 mmϕ8 // 100 mm ϕ8 // 100 mm ϕ8 // 100 mm ϕ8 // 200 mm ϕ8 // 100 mm ϕ8 // 100 mm ϕ8 // 200 mm ϕ8 // 100 mm ϕ8 // 100 mm ϕ8 // 200 mm ϕ8 // 100 mm

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

3ϕ12

1,20

0,5

00,0

53,1

00,2

0

0,5

01,7

40,5

3

ϕ8 // 100 m

8 // 200 m

8 // 100 m

m

ϕ8 // 100 mm

4 ϕ12

0,3

3

D

2

1,20

11 ϕ 10

11 ϕ 12

11 ϕ 12

11 ϕ 10

0,5

00,0

5

ϕ8 // 200 mm

4ϕ12

4ϕ12

4ϕ12 4ϕ12

0,25

0,2

5

3ϕ12

3ϕ12

0,25

0,5

0

31 2

1,20 1,10 2,10 1,10 0,90

VF 0,25 x 0,50 m

ϕ8 // 100 mm ϕ8 // 200 mm ϕ8 // 100 mm

4ϕ16 2ϕ16 4ϕ16

3ϕ12 3ϕ12 3ϕ12

2,23 1,93

0,4

0

0,4

0B

2

C

2

0,5

0

0,25

4ϕ16

3ϕ12

2ϕ16

3ϕ12

0,25

0,5

0

Instituto Superior Técnico

Scale

Checked by

Drawn by

Date

Project number

1 : 25

Pormenores Construtivos

1

Dissertação de Mestrado

Instituto Superior Técnico

28 / 12 / 2015

João Oliveira

IST

2

1 : 25

Viga V21

1 : 25

Pilar B24

1 : 25

Sapata S521

1 : 25

Corte D do PilarD

1 : 25

Corte A da VigaA

1 : 25

Viga de Fundação6

1 : 25

Corte B da VFB

1 : 25

Corte C da VFC

Quadro de Materiais

Betão

Aço

Recobrimentos

GERAL: C30/37 XC0FUNDAÇÕES: C30/37 XC2REGULARIZAÇÃO: C12/15

ARMADURAS ORDINÁRIAS: A500NR

FUNDAÇÕES: 3,5 CMVIGAS E PILARES: 2,5 CMLAJES EM GERAL: 2,5 CM

Fundações Fundações

-0,40 -0,40

Piso 0 Piso 0

0,00 0,00

Piso 1 Piso 1

2,90 2,90

Localizações dacoluna A-2 A-5 A-8 B-2 B-5 B-8 C-7 C-8 D-2 D-4 E-2 E-4 E-7

Fundações Fundações

-0,40 -0,40

Piso 0 Piso 0

0,00 0,00

Piso 1 Piso 1

2,90 2,90

Localizações dacoluna F-1 F-2 G-3 G-6 G-7 H-1 I-3 J-6 K-1 L-3 M-1 M-3 M-6

P2P2P2 P2 P2 P2

P2P2 P2 P2 P2P2P2 P2

P2P2 P2P2P1 P1 P1

P1 P1 P1P2 P2

0,20

0,2

5

P1

0,25

0,2

5

P2

Instituto Superior Técnico

Scale

Checked by

Drawn by

Date

Project number

1 : 25

Quadro de Pilares eMateriais

1

Dissertação de Mestrado

Instituto Superior Técnico

28 / 12 / 2015

João Oliveira

IST

3

1 : 25

Quadro de Pilares

Levantamento de aço

MaterialDiâmetroda barra

Volume daarmadura Quantidade

Peso doaço

Aço -A500NR_Rebar

8 mm 0,32 m³ 2076 2506,04 kg

Aço -A500NR_Rebar

10 mm 0,03 m³ 259 212,46 kg

Aço -A500NR_Rebar

12 mm 1,10 m³ 1673 8658,70 kg

Aço -A500NR_Rebar

16 mm 0,01 m³ 8 53,98 kg

Total geral 1,46 m³ 401611431,18kg

Material:Nome Tipo

Material:Área

Material:Volume

C30/37 Laje 296 m² 59,24 m³

C30/37 Massame 282 m² 28,19 m³

C30/37 P1 18 m² 0,99 m³

C30/37 P2 65 m² 4,13 m³

C30/37 S1 3 m² 0,25 m³

C30/37 S2 20 m² 2,24 m³

C30/37 S3 27 m² 3,24 m³

C30/37 S4 24 m² 3,00 m³

C30/37 S5 16 m² 2,16 m³

C30/37 VF 0,25 x 0,50 m 93 m² 7,30 m³

C30/37 VL 0,25 x 0,50 m 112 m² 8,93 m³

957 m² 119,66 m³

Material:Nome Tipo

Material:Área

Material:Volume

C12/15 Betão de Limpeza 36 m² 1,82 m³

36 m² 1,82 m³

Quadro de Materiais

Betão

Aço

Recobrimentos

GERAL: C30/37 XC0FUNDAÇÕES: C30/37 XC2REGULARIZAÇÃO: C12/15

ARMADURAS ORDINÁRIAS: A500NR

FUNDAÇÕES: 3,5 CMVIGAS E PILARES: 2,5 CMLAJES EM GERAL: 2,5 CM

1 : 25

P11

1 : 25

P22