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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL Ednardo Freire Brasileiro Gestão de resíduos sólidos em construtoras de médio e grande porte da cidade de Feira de Santana, Bahia. Orientador: PROFª. Drª. Sandra Maria Furiam Dias Feira de Santana, Bahia. 2008.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

Ednardo Freire Brasileiro

Gestão de resíduos sólidos em construtoras de médio e grande porte

da cidade de Feira de Santana, Bahia.

Orientador: PROFª. Drª. Sandra Maria Furiam Dias

Feira de Santana, Bahia. 2008.

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Ednardo Freire Brasileiro

Gestão de resíduos sólidos em construtoras de médio e grande porte

da cidade de Feira de Santana, Bahia.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: PROFª. DRª. Sandra Maria Furiam Dias

Feira de Santana, Bahia. 2008.

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Ednardo Freire Brasileiro

Gestão de resíduos sólidos em construtoras de médio e grande porte

da cidade de Feira de Santana, Bahia.

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Feira de Santana, 09 de setembro de 2008.

BANCA EXAMINADORA

Nome: Drª Maria Furiam Dias (Orientadora) Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana. Aprovado: (assinatura)___________________________________________________.

Nome: M.Sc. Luciano Mendes Souza Vaz Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana. Aprovado: (assinatura)___________________________________________________. Nome: Drª. Maria do Socorro Costa São Mateus Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana. Aprovado: (assinatura)___________________________________________________.

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Dedico este trabalho aos meus pais,

Pedro Pierre Brasileiro Netto e

Maria Perpétua Freire Brasileiro,

que fizeram possível a realização de

mais um sonho meu.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, o maior de todos os Engenheiros.

Aos meus pais Pedro Pierre Brasileiro Netto e Maria Perpétua Freire

Brasileiro e minha irmã Gabriela Freire Brasileiro por serem meus melhores

amigos e pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida.

À minha esposa Lílian Santana Brasileiro, não encontro palavras para

agradecer seu amor, amizade, companheirismo e dedicação ao longo destes sete

anos.

Á minha filha Júlia Santana Brasileiro, a razão da minha vida, por fazer os

meus dias muito mais felizes.

À minha cunhada Laíse Santos Santana, Sogro e Sogra João Araújo

Santana e Maria Nilza Santos Santana, por todo o apoio nesta caminhada.

A minha professora e orientadora Sandra Maria Furiam Dias por todo

conhecimento transmitido e pela paciência durante todo o processo de construção

do trabalho.

Aos meus amigos Agnaldo do Nascimento Júnior, André Luis Buranelli

Vieira, Antônio Carlos Cardoso Lobo Júnior, Eduardo da Silva Pereira, Francisco

Carlos Costa de Oliveira, Marcelo José Sousa Nunes, Thiago Silva Ramos e

Willian Peixoto dos Santos pelo apoio e companheirismo nestes últimos semestres

além dos momentos de descontração fora da Universidade.

Aos Engenheiros, responsáveis técnicos das construtoras que permitiram a

realização das visitas nos canteiros e pela paciência e atenção na realização das

entrevistas.

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"A História tem demonstrado que

os mais notáveis vencedores

normalmente encontraram

obstáculos dolorosos antes de

triunfarem. Eles venceram porque

se recusaram a se tornarem

desencorajados por suas derrotas."

B. C. Forbes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Vantagens identificadas no programa 36

Figura 02 Utilização dos painéis auto-portantes no canteiro G1 49

Figura 03 Transporte dos painéis auto-portantes no canteiro G1 50

Figura 04 Resíduos classe A sendo reutilizados como sub-base para pavimentação do condomínio no canteiro G2

50

Figura 05 Armazenamento de resíduos classe A no canteiro G1. 51

Figura 06 Armazenamento de resíduos classe B no canteiro G1 52

Figura 07 Armazenamento de resíduos em “bombonas” no canteiro M1 52

Figura 08 Armazenamento de resíduos classe B em bags no canteiro M1 53

Figura 09 Armazenamento de resíduos em baias no canteiro M1 53

Figura 10 Armazenamento de resíduos no canteiro G2 54

Figura 11 Baia de gesso no canteiro M1 55

Figura 12 Formulário para registro da quantidade de resíduos gerados no canteiro G1.

56

Figura 13 Armazenamento inadequado de resíduos no canteiro M2 57

Figura 14 Armazenamento inadequado de resíduos no canteiro M2 58

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Figura 15 Armazenamento inadequado de materiais no canteiro M2 58

Figura 16 Resíduos espalhados no canteiro M2 59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Redução do número de caçambas de acordo com os dados fornecidos pelas empresas construtoras. Média dos meses de Junho e Julho

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de grande porte.

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Quadro 02 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de médio porte.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora.

PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat.

PGRS – Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

RCD – Resíduos de Construção e Demolição.

RCC – Resíduos da Construção Civil.

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa.

SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil.

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Resumo

Título: Gerenciamento dos resíduos sólidos nas construtoras de médio e grande porte da cidade de Feira de Santana, Bahia.

Os Resíduos Sólidos gerados pela atividade da Construção Civil são responsáveis por cerca de 50% do volume total dos resíduos gerados nas grandes cidades, representando uma grave ameaça ao meio ambiente. Em 5 de julho de 2002 o CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente publicou a Resolução Nº. 307 que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Esta resolução fixa prazos para que os municípios elaborem e implementem os Planos Integrados de Gestão de Resíduos da Construção Civil, que contempla a criação e implementação do Plano Municipal de gerenciamento de resíduos da construção civil a ser elaborado implementado e coordenado pelos municípios, além de estabelecer que os grandes geradores elaborem e implementem dentro dos seus canteiros de obras o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), com a prioridade na não geração, minimização, reutilização, reciclagem e disposição adequada destes resíduos. Este programa deve ser apresentado juntamente com os demais projetos aos órgãos públicos competentes. Para o estudo do gerenciamento dos resíduos sólidos nas empresas de médio e grande porte da cidade de Feira de Santana, estado da Bahia, Nordeste do Brasil, foram sorteadas quatro empresas, duas de médio porte e duas de grande porte. Foi realizada uma visita a um canteiro de cada empresa escolhido de maneira aleatória, onde foram realizadas entrevistas com o responsável técnico da obra e o responsável pela gestão dos resíduos no canteiro, além do registro fotográfico dos canteiros avaliados. Foi constatado que em três canteiros existe um programa de gestão dos resíduos sólidos e em apenas um não há qualquer prática em relação à gestão de resíduos sólidos. As diferenças encontradas entre os canteiros onde há o PGRS e o canteiro onde não há o PGRS são significativas no que se refere a organização e a limpeza dos canteiros, a redução da quantidade de resíduos gerados e a destinação final dos resíduos. Observou-se que a gestão dos Resíduos Sólidos na empresa está articulada com a gestão de segurança do trabalho e gestão da qualidade. Assim fica claro a importância da implantação de um programa de gestão de resíduos sólidos nas construtoras, pois se configuram uma importante ferramenta para a redução dos danos ambientais provocados pela geração e disposição inadequada dos resíduos oriundos das construções.

Palavras-chaves: Resolução CONAMA Nº. 307/2002, resíduos sólidos, PGRS.

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Abstract

Title: Administration of the solid wastes in the builders of medium and big load of the city of Feira de Santana, Bahia. The solid wastes are responsible for about 50% of the total volume of the wastes generated in the great cities, representing a serious threat to the environment. On July 5, 2002 CONAMA, National Council of the environment published the Resolution nº. 307 that it establishes guidelines, criteria and procedures for the administration of the wastes of the building site. This resolution fastens periods for the municipal districts to elaborate and implement the Integrated Plans of Administration of wastes of the building site, that it contemplates the creation and implement the Municipal Plan of administration of wastes of the building site to be elaborated implemented and coordinated by the municipal districts, besides establishing that the great generators elaborate and implement inside of your construction sites PAW (Program of Administration of Wastes), with the priority not to generate, to minimize, to reuse, recycle and disposition of these wastes in appropriate points, this program should be presented together with the other projects to the competent public organs. For the study of the management of the solid residues in the companies of medium and big load of the city of Feira de Santana, state of Bahia, Northeast of Brazil, four companies, two of medium load and two of great load were raffled. A visit was accomplished her/it a stonemason of each company chosen in an alienator way, where interviews were accomplished with the responsible technician of the work and the responsible by the administration of the residues in the stonemason and photographic registration of the appraised stonemasons. It was verified that in three stonemasons a program of administration of the solid residues exists and in just one there is not any practice in relation to the administration of solid wastes. The differences found among the stonemasons where there are PAW and the stonemason where there is not PAW they are significant, with relationship to the organization and cleaning of the stonemasons, reduction of the amount of generated residues, final destination of the residues, and they are related with the administration of safety of the work and administration of the quality. This study shows the importance of this program for the quality of the environment of the great cities. Key-Words: Resolution CONAMA nº. 307/2002, wastes, PAW.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 15

2. OBJETIVOS 17

2.1 Geral 17

2.2 Específicos 17

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18

3.1 Resíduos sólidos 18

3.2 Resíduos sólidos da construção civil 22

3.3 Leis e normas vigentes no Brasil 25

3.4 Gestão de resíduos da construção civil 30

4. METODOLOGIA 40

4.1 Área de estudo 40

4.1.1 Critérios de seleção dos locais de coleta 40

4.2 Coleta de dados 42

4.3 Análise dos dados coletados 42

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 43

6. CONCLUSÕES 60

7. REFERÊNCIAS 62

8. APÊNDICES 67

8.1 Apêndice I – Resolução Nº. 307/2002 CONAMA 68

8.2 Apêndice II – Questionário utilizado nas entrevistas com os responsáveis técnicos das empresas participantes

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1. INTRODUÇÃO

O saneamento ambiental é um conjunto de ações que tornam uma área

sadia, limpa e habitável. Os serviços de saneamento ambiental integram ações de

abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, drenagem de águas

pluviais, controle de vetores e, também, a coleta, tratamento e destinação de

resíduos sólidos urbanos. A correta gestão desses serviços melhora a qualidade

de vida no meio urbano pela preservação da saúde e do bem-estar da

comunidade. Saúde e ambiente são interdependentes e inseparáveis (OPAS,

2002).

No Brasil, a gestão dos resíduos sólidos urbanos é de responsabilidade das

Prefeituras Municipais, compreendendo a coleta, o transporte, o tratamento e o

destino final. Entretanto, a União tem a função de traçar normas amplas e

adaptáveis à realidade nacional.

Os resíduos sólidos urbanos englobam todos os materiais rejeitados ou

descartados nas atividades domésticas, comerciais e de serviços públicos

(varrição, feiras livres, poda e outros), que apresentam características diversas,

desde resíduos inertes, orgânicos, provenientes da manipulação de alimentos e

poda, embalagens de vidro, plástico, metal, papel/papelão, até perigosos, como

embalagens de produtos destinados a eliminação de vetores domésticos, tintas e

óleos, pilhas, bem como aqueles com características de resíduos de serviços de

saúde contendo fraldas, agulhas e seringas, entre outros. (DIAS, 2003).

No Brasil, ao final da década de 1990, 50% da massa dos resíduos sólidos

urbanos correspondia a resíduos sólidos oriundos da construção civil. A produção

média de entulho era estimada como sendo da ordem de 0,50 toneladas por

habitante por ano, podendo atualmente apresentar valores superiores a essa

estimativa, tornando-se um grande problema nas principais cidades brasileiras

(PINTO, 1999).

Segundo Angulo (2005), o crescente aumento da geração de resíduos leva

a um aumento da extinção de recursos naturais. Dessa forma, o desperdício de

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materiais nas construções não se baseia somente na geração de resíduos sólidos,

mas também na não reutilização de seus resíduos no processo de construção,

desperdiçando assim as potencialidades desses materiais.

Apenas recentemente, os resíduos sólidos urbanos foram contemplados na

agenda de administradores e legisladores. Os resíduos da construção civil – RCC

têm sua gestão disciplinada a partir de 2002, com a publicação da Resolução

CONAMA 307 de 05/07/2002 (CONAMA, 2002).

De acordo com a Resolução nº. 307 do Conselho Nacional de meio

Ambiente – CONAMA (2002), os geradores de resíduos da construção civil devem

ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção. Assim, a

reciclagem e a reutilização se inserem em atitude necessária, pois além da

conscientização dos aspectos relativos à questão ambiental, os geradores de

resíduos estarão sujeitos a sanções judiciais no caso do não cumprimento da lei.

No entanto, sempre existirá uma parcela de resíduos impossíveis de serem

reduzidos e, se tratando de um resíduo pós-consumo, a sua reutilização torna-se

complexa. Para esses resíduos devem-se criar destinos adequados.

Este trabalho tem como objetivo investigar a gestão dos resíduos sólidos

provenientes de construção e demolição gerados nas construtoras de médio e

grande porte da cidade de Feira de Santana, Bahia, comparando com as

diretrizes, critérios e procedimentos dispostos na Resolução CONAMA nº.

307/2002, visto que a construção civil tem tido um crescimento nos últimos anos e,

consequentemente, cresce a quantidade de resíduos oriundos dessa atividade.

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2. OBJETIVOS

2.1 Geral:

Investigar a gestão dos resíduos sólidos oriundos da construção civil nas

construtoras de médio e grande porte da cidade de Feira de Santana, Bahia.

2.2 Específicos:

2.2.1 Identificar todas as construtoras de médio e grande porte da cidade de

Feira de Santana.

2.2.2 Investigar como os resíduos produzidos por estas construtoras são

gerenciados nos canteiros até sua disposição final.

2.2.3 Comparar o gerenciamento realizado nestas empresas com as

diretrizes estabelecidas pela resolução CONAMA Nº. 306/2002.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Resíduos sólidos

Da atividade humana, seja ela de qualquer natureza, resultaram sempre

materiais diversos. O constante crescimento das populações urbanas, a forte

industrialização, a melhoria no poder aquisitivo dos povos de uma forma geral,

vêm instrumentalizando a acelerada geração de grandes volumes de resíduos

sólidos, principalmente grandes cidades (BIDONE e POVINELLI, 1999)

Na linguagem corrente, o termo resíduo é sinônimo de lixo. Lixo é todo

material inútil. Designa todo material descartado posto em lugar público. Lixo é

tudo aquilo que se “joga fora” (DICIONÁRIO AURÉLIO, 2000).

Para Bertolini (1990), analisando do ponto de vista econômico, lixo é um

produto sem valor. Seu valor de uso e seu valor de troca são nulos para seu

detentor ou proprietário.

Ainda, sob o ponto de vista econômico, resíduo ou lixo é todo material que

uma dada sociedade ou agrupamento humano desperdiça. Isso pode decorrer de

várias razões, como sejam, por exemplo, problemas ligados à disponibilidade de

informações ou de meios para realizar o aproveitamento do produto descartado,

inclusive de falta de desenvolvimento de um mercado para produtos recicláveis

(CALDERONI, 2003).

Segundo a Agenda 21 (1992), os resíduos sólidos são considerados como

os maiores causadores de degradação ambiental. Tal fato é justificado tanto pelo

volume gerado quanto pelo tratamento e disposição final inadequados.

Os lixos ou resíduos sólidos apresentam grandes diversidades e se

originam das mais variadas atividades humanas e ambientes urbanos. Constituem

essa massa de materiais reunidos, julgada sem utilidade e posta fora, restos de

frutas, legumes e alimentos em geral, plásticos e metais diversos, vidros, papéis

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(jornais e revistas), embalagens em geral, materiais provenientes de limpeza de

vias públicas, praças e jardins (restos de podas, gramas, folhas, galhos de

árvores, papéis diversos, restos de cigarros), materiais cerâmicos, ossos, couro,

trapos, terra, pedra, material séptico ou contaminado (provenientes de serviços de

saúde), animais mortos, restos de carros, restos mobiliários, caliça de obra, dentre

outros (BIDONE e POVINELLI, 1999).

De acordo com Branco (2002), o lixo pode ser classificado em oito

categorias, as quais estão definidas abaixo:

•Domiciliar: originado da vida diária das residências, constituído por

restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas,

garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis

e uma grande diversidade de outros itens. Contêm, ainda, alguns

resíduos que podem ser tóxicos.

•Comercial: aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais

e de serviços, tais como, supermercados, estabelecimentos

bancários, lojas, bares, restaurantes, etc. O lixo destes

estabelecimentos e serviços tem um forte componente de papel,

plásticos, embalagens diversos e resíduos de asseio dos

funcionários, tais como, papéis toalha, papel higiênico etc..

•Público: São aqueles originados dos serviços: de limpeza pública

urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas,

limpeza de praias, de galerias, de córregos e de terrenos, restos de

podas de árvores etc.; de limpeza de áreas de feiras livres,

constituídos por restos vegetais diversos, embalagens etc.

•Serviços de saúde: Constituem os resíduos sépticos, ou seja, que

contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos. São

produzidos em serviços de saúde, tais como: hospitais, clínicas,

laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde etc..

São agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e

tecidos removidos, meios de culturas e animais usados em testes,

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sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios com prazos de

validade vencidos, instrumentos de resina sintética, filmes

fotográficos de raios X etc.. Resíduos assépticos destes locais,

constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos

de limpezas gerais (pós, cinzas etc.), e outros materiais que não

entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticos

anteriormente descritos, são considerados como domiciliares.

•Lixo municipal: Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários

constituem os resíduos sépticos, aqueles que contêm ou

potencialmente podem conter germes patogênicos, trazidos aos

portos, terminais rodoviários e aeroportos. Basicamente, originam-se

de material de higiene, asseio pessoal e restos de alimentação que

podem veicular doenças provenientes de outras cidades, estados e

países. Também neste caso, os resíduos assépticos destes locais

são considerados como domiciliares.

•Industrial: Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da

indústria, tais como, metalúrgica, química, petroquímica, papeleira,

alimentícia, etc.. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser

representado por cinzas, lodos, resíduos alcalinos ou ácidos,

plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros,

cerâmicas, etc.. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo

considerado tóxico.

•Agrícola: Resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária,

como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de

colheita, etc.. Em várias regiões do mundo, estes resíduos já

constituem uma preocupação crescente, destacando-se as enormes

quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuária

intensiva. Também as embalagens de agroquímicos diversos, em

geral altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação específica,

definindo os cuidados na sua destinação final e, por vezes, co-

responsabilizando a própria indústria fabricante destes produtos.

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•Entulho: Resíduos da construção civil: demolições e restos de obras,

solos de escavações, etc. O entulho é geralmente um material inerte,

passível de reaproveitamento.

Em 1987 foi publicada no Brasil a primeira norma a definir uma

classificação específica quanto seu grau de periculosidade, para os resíduos

sólidos, onde os resíduos foram enquadrados em três classes: a) Classe I –

perigosos b) Classe II – não-inertes e c) Classe III – inertes. Em 2004, a

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) editou uma nova versão da

NBR 10.004, alterando a classificação dos resíduos sólidos. Pela nova

classificação, os resíduos são divididos em apenas duas classes: a) Classe I –

perigosos e b) Classe II – não-perigosos, sendo a Classe II subdividida em outras

duas classes, II A – não-inertes e II B – inertes.

Segundo Costa (2003), os resíduos da construção e demolição (RCD) pela

classificação NBR 10.004 eram enquadrados, em sua grande maioria, como

inertes, o que os tornava inofensivos à sociedade, desviando a atenção em

relação aos problemas que sua geração ocasionava.

Mesmo considerando a possibilidade dos RCD serem considerados inertes,

somente entraria nesta classificação o entulho composto por argamassas, tijolos,

cerâmica, concretos e solos de escavação. No entanto, o fato das caçambas

estacionárias no Brasil receberem todo o material não coletado pelo serviço de

coleta regular de resíduos domiciliares, faz com que todos os resíduos gerados na

obra sejam dispostos na caçamba, impossibilitando a classificação dos mesmos

como inertes (DEGANI, 2003).

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3.2 Resíduos Sólidos da Construção Civil

Os Resíduos da Construção Civil são conhecidos, popularmente, por

entulhos e tecnicamente são definidos como todo rejeito de material utilizado na

execução de etapas de obras em atividades de construção civil, podendo ser

oriundas de obras de infra-estrutura, demolições, reformas, restaurações, reparos,

construções novas, etc., tais como um conjunto de fragmentos ou restos de

pedregulhos, areias, materiais cerâmicos, argamassa, aço, madeira, etc (RINO e

MARAN, 2002)

Em 1999, na tentativa de facilitar a classificação dos Resíduos da

Construção Civil, Lima propôs uma classificação especifica, na qual os resíduos

foram divididos em seis classes:

• Classe 1 – Resíduo de concreto sem impurezas, composto

predominantemente por concreto estrutural, simples ou armado, com teores

limitados de alvenaria, argamassa e impurezas como gesso, terra, vegetação,

vidro, papel, entre outros;

• Classe 2 – Resíduo de alvenaria sem impurezas, composto

predominantemente por argamassas, alvenaria e concreto, com presença de

outros materiais inertes, como areia e pedra britada, com teores limitados de

impurezas;

• Classe 3 – Resíduo de alvenaria sem materiais cerâmicos e sem

impurezas, composto predominantemente por argamassa, concreto e alvenaria de

componentes de concreto, com presença de outros materiais inertes, como areia,

pedra britada, fibrocimento, com teores limitados de impurezas;

• Classe 4 – Resíduo de alvenaria com presença de terra e vegetação,

composto predominantemente pelos mesmos materiais do resíduo da Classe 2,

mas admitindo a presença de terra ou vegetação até uma certa porcentagem, em

volume. Um teor de impurezas superior ao das classes acima é tolerado;

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• Classe 5 – Resíduo composto por terra e vegetação, com teores acima do

admitido no resíduo da Classe 4. Essa categoria de resíduos admite presença de

argamassa, alvenarias e concretos, e de outros materiais inertes, como areia,

pedra britada e fibrocimento. Os teores de impurezas são relativos aos das demais

classes;

• Classe 6 – Resíduo com predominância de material asfáltico, com

limitações para outras impurezas, como argamassas, alvenarias, terra, vegetação,

gesso, vidros e outros.

Esta classificação não foi adotada oficialmente e, somente em 2002, foi

homologada uma resolução de âmbito nacional que trata de maneira específica os

RCD.

O crescimento populacional e o acelerado processo de urbanização dos

municípios têm contribuído para a geração de grandes volumes de Resíduos da

Construção Civil e, conseqüentemente, para o aumento da geração dos Resíduos

Sólidos Urbanos, tornando a construção civil a maior geradora de resíduos de

todos os setores da sociedade (RINO e MARAN, 2002).

Schenini et al, (2004, p. 4) afirma que:

A indústria da construção civil apresenta um índice surpreendente e elevado de perdas, causadas por fatores como falhas ou omissões na elaboração dos projetos e na sua execução, má qualidade dos materiais, acondicionamento impróprio dos materiais, má qualificação da mão de obra, falta de equipamentos e uso de técnicas adequadas da construção, falta de planejamento na montagem dos canteiros de obra, falta de acompanhamento técnico na produção e ausência de uma cultura de reaproveitamento e reciclagem dos materiais. Praticamente todas as atividades da construção civil produzem perdas, sendo que uma parte destas é aproveitada na própria obra como aterro, para o aquecimento de marmitas etc. Em média, 50% (cinqüenta por cento) dos resíduos são transformados em rejeitos.

Pinto (1995) aponta as perdas de materiais na indústria da Construção Civil,

representados em percentual: Areia 39%; Cimento 33 %; Concreto 1 %; Aço 26

%; Blocos/ Tijolos 27 % e Argamassa 91 %.

Estudos realizados com o intuito de estimar a geração anual de resíduos da

construção civil apontam o Brasil com 68,5 milhões de toneladas por ano.

(ÂNGULO et al., 2004: 2)

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Estudo realizado por Pinto (1999), apresenta algumas estimativas de

geração destes resíduos no ano de 1997, em diferentes cidades do Brasil, tais

como: Santo André 1.013 ton/dia; São José do Rio Preto 687 ton/dia; São José

dos Campos 733 ton/dia; Ribeirão Preto 1.043 ton/dia; Jundiaí 712 ton/dia; Vitória

da Conquista 310 ton/dia; Brasília 4.000 ton/dia.

Rocha e Sposto (2005) apontam a geração de cerca de 5.500 ton/dia de

resíduos sólidos de construção e demolição no Distrito Federal - DF.

As estimativas internacionais sobre a geração per capita desse resíduo

variam entre 130 e 3.000kg/hab.ano. Em cidades brasileiras de médio e grande

porte, varia entre mais de 45% (Salvador) a 70% da massa total dos resíduos

sólidos urbanos gerados. A Prefeitura de São Paulo, que gerencia 40% dos

Resíduos da Construção Civil, tem uma estimativa de 280 kg/hab.ano

(RESÍDUOS..,2003).

Uma das maiores preocupações referentes à geração descontrolada de

RCD é a disposição irregular. São consideradas disposições irregulares os

despejos clandestinos em vias e logradouros públicos, terrenos baldios e fundos

de vales. Tais despejos são responsáveis pelo surgimento de bota-foras

irregulares que acabam se transformando em lixões (DEGANI, 2003).

Segundo PINTO (1999), as disposições irregulares dos RCD podem causar

os seguintes impactos ao meio ambiente:

• comprometimento da qualidade do ambiente e da paisagem local;

• comprometimento da drenagem superficial com a obstrução de córregos e

conseqüentemente o surgimento de enchentes;

• aumento da disposição de outros tipos de resíduos sólidos, para os quais

também não são oferecidas soluções aos geradores, que contribuem com a

deterioração das condições ambientais locais;

• criação de um ambiente propício para a proliferação de vetores

prejudiciais às condições de saneamento e à saúde humana.

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25

A disposição inadequada provoca também o comprometimento da

paisagem urbana, além de incentivar a disposição de outros materiais de grande

volume como pneus, móveis e resíduos domiciliares possibilitando a proliferação

de vetores de contaminação e quando levados pelas águas superficiais, obstruem

as canalizações de drenagem.

A remoção dos entulhos dispostos irregularmente nas áreas de bota-fora

das cidades, os transtornos sociais causados pelas enchentes e os danos ao meio

ambiente, representam custos elevados para o poder público e para a sociedade,

apontando para a necessidade do estabelecimento de novos métodos para a

gestão pública de resíduos da construção e demolição (PINTO, 1999).

Os resíduos da construção civil devem ser dispostos em aterros construídos

especificamente para Resíduos Sólidos da Construção Civil, de acordo com a

NBR 15.113/04. Pelo fato de não serem responsáveis pelos serviços de coleta e

destinação desses resíduos, a maioria das administrações públicas brasileiras não

possuem aterro para resíduos da construção civil. (SCHNEIDER, 2003)

3.3 Leis e Normas Vigentes no Brasil

Em 5 de julho de 2002, o CONAMA – Conselho Nacional do Meio

Ambiente, através de sua Resolução 307, deu um passo importante no sentido de

implementar diretrizes para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados

pelos resíduos oriundos da construção civil. Tal Resolução estabelece diretrizes,

critérios e procedimentos para a gestão destes resíduos, disciplinando as ações

necessárias e fixando as responsabilidades de forma a minimizar os impactos

ambientais. (SCHENINI et al, 2004).

Nesta resolução os resíduos são classificados de acordo com sua

potencialidade de reaproveitamento, reciclagem e periculosidade, definindo o

destino adequado para cada um deles. (SCHENINI et al, 2004)

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A resolução nº 307 CONAMA (2002), estabelece a classificação dos

resíduos da seguinte forma:

-Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados (materiais

que podem ser agregados em argamassas ou concretos).

-Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações (plásticos, papel,

papelão, metais, vidros, madeiras e outros).

-Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou

aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem e/ou

recuperação.

-Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais

como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de

demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e

outros.

A referida resolução estabelece a criação e implementação do Plano

Integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil de responsabilidade

dos Municípios. Este plano por sua vez estabelece critérios e diretrizes para a

criação do Plano Municipal de gerenciamento de resíduos da construção civil a ser

elaborado implementado e coordenado pelos municípios, e deverá estabelecer

diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos

pequenos geradores, e a criação e implementação dos Projetos de

Gerenciamento de Resíduos da construção Civil, que devem ser elaborados e

implementados pelos grandes geradores e, terão como objetivo estabelecer os

procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente

adequados dos resíduos. Além de estabelecer prazos para a implementação dos

mesmos.

Esta resolução constitui um avanço, pois disciplina as ações necessárias

para minimizar os impactos ambientais, proibindo, inclusive, a disposição dos

resíduos da construção civil em aterros de resíduos domiciliares e em áreas de

bota-fora (AZEVEDO et al, 2006).

Além disso, define a responsabilidade das prefeituras em apoiar o pequeno

gerador e, como responsabilidade do grande gerador, o controle e manejo dos

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resíduos, tendo como principal objetivo a sua não geração. Por outro lado, a

classificação em tipos diferenciados ajudará o controle e manejo adequado dos

resíduos, bem como o melhor reaproveitamento, quando sua geração não puder

ser evitada. Cabe, enfim, aos municípios, a partir de agora, imprimir em suas

legislações o estímulo à não geração de resíduos como um fator primordial para a

solução da questão, evitando o desperdício de recursos naturais, muitas vezes,

não renováveis (AZEVEDO et al, 2006).

Com o intuito de incentivar a iniciativa privada a implantar e operar áreas de

transbordo e triagem de entulho, a prefeitura do município de São Paulo – SP,

através do Decreto N° 42.217/02 (SÃO PAULO, 2002) regulamenta a Lei N°

10.315, de 30 de abril de 1987, no que se refere ao uso de áreas destinadas ao

transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos. Como

conseqüência das exigências legais, a Prefeitura de São Paulo definiu e

implementou, em 2004, o Plano Municipal de Gestão Sustentável de entulho. De

acordo com este Plano, os construtores deverão submeter à Prefeitura um

programa de gestão de resíduos no processo de licenciamento de obras, sendo

esperado, como resultado, a solução dos problemas de deposição irregulares de

Resíduos da Construção Civil (TOZZI, 2006).

Em Curitiba – PR, em 18 de novembro de 2004, através do Decreto N°

1.068, foi regulamentado o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil (CURITIBA, 2004), com o objetivo de estabelecer diretrizes,

critérios e procedimentos para a gestão de Resíduos da Construção civil em

conformidade com a Resolução CONAMA N° 307/02, com a Lei Federal N°

10.257/01, Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), e com as demais leis municipais

pertinentes. Este Plano foi desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Curitiba,

juntamente com os diferentes setores diretamente envolvidos com a questão dos

RCC e entrou em vigor no início de 2005. Desde então, as diretrizes referente às

responsabilidades dos geradores e, também, dos transportadores, passaram a ser

fiscalizadas e punidas através da aplicação de penalidades aos infratores.

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A Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, considerando o

disposto na Resolução CONAMA N°307/02 e na Lei Municipal N° 2.138/94, institui

a Resolução SMAC N° 387, de 24 de maio de 2005 (RIO DE JANEIRO, 2005).

Nesta resolução fica determinada a obrigatoriedade da apresentação de Projetos

de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil para edificações com área

total construída igual ou superior a 10.000 m², empreendimentos ou obras que

requeiram movimento de terra com volume superior a 5.000m³ e demolições de

edificações com área total construída igual ou superior a 10.000 m², ou volume

superior a 5.000 m³.

Em Salvador, o Projeto de Gestão Diferenciada de Entulho tem como

suporte legal o Decreto nº. 12.133, de 8/10/98 (SALVADOR, 1998), chamado

Regulamento do Entulho, que estabelece a obrigação para o proprietário (seja

pessoa física ou jurídica) ou ao responsável legal ou técnico por uma obra de

construção civil ou movimento de terra, a obrigação de providenciar, às suas

expensas, o transporte de entulho até os locais autorizados para sua recepção,

bem como a aquisição dos recipientes adequados para acondicionamento no local

da obra. Determina, também, a obrigatoriedade de cadastro para pessoas físicas

ou jurídicas que realizam o transporte de entulho no município (CARNEIRO 2000;

BRUM e CASSA 2001), as quais devem cumprir as normas de segurança e levar

o material para os locais autorizados. Prevê, ainda, pesadas multas para quem

joga entulho nas ruas ou locais não autorizados e para quem transporta entulho

sem autorização ou desrespeitando normas de segurança (SALVADOR, 1998;

SANTANA, 2003).

Em 2004, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) editou uma

série de normas relativas aos resíduos da construção civil. O conteúdo referente a

estas normas vem de encontro à atual filosofia do setor da construção civil e,

também, às diretrizes propostas pela Resolução CONAMA N° 307/02. De maneira

geral, estas normas tratam da disposição dos RCD em áreas de transbordo,

aterros, áreas de reciclagem e o seu uso como agregados reciclados na

construção civil (TOZZI, 2006).

As normas referidas acima são:

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29

• NBR 15.112/2004 – Resíduos da Construção Civil e resíduos volumosos –

Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação

(ABNT, 2004a);

• NBR 15.113/2004 – Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos

Inertes – Aterros – Diretrizes para projetos, implantação e operação (ABNT,

2004b);

• NBR 15.114/2004 – Resíduos Sólidos da Construção Civil – Áreas de

reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação (ABNT, 2004c);

• NBR 15.115/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da

Construção Civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos

(ABNT, 2004d);

• NBR 15.116/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da

Construção Civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função

estrutural – Requisitos (ABNT, 2004e).

A criação e a implantação de programas que estimulem a qualificação das

empresas brasileiras também devem contribuir para a melhoria do setor da

construção civil e para a diminuição dos impactos ambientais. Neste sentido, a

Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República instituiu o

PBQP-H, Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat. Este

programa tem como objetivo promover a qualidade e a produtividade do setor da

construção civil (AMBROZEWICZ, 2001; BRASIL, 2006).

Com a implementação deste programa, as construtoras têm a oportunidade

de aumentar a sua competitividade através da redução de desperdícios, melhorar

a formação de profissionais, materiais e utilizar componentes de melhor qualidade,

além de se adequar às Normas Técnicas (BRASIL, 2006).

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30

3.4 Gestão de resíduos sólidos da construção civil

Segundo a Resolução nº. 307 do Conselho Nacional de meio Ambiente –

CONAMA (2002), os geradores de resíduos da construção civil devem ser

responsáveis pelos resíduos das atividades de construção. Assim, a reciclagem e

a reutilização são atitudes necessárias, pois além da conscientização dos

aspectos relativos à questão ambiental, os geradores de resíduos estarão sujeitos

a sanções judiciais no caso do não cumprimento da lei.

De acordo com a resolução CONAMA/02 a apresentação do Projeto de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil é obrigatória tanto para

empreendimentos que são objetos de licenciamento ambiental como para

empreendimentos que não são objetos do licenciamento ambiental, os PGRS

deverão ser submetidos para a análise junto aos órgãos ambientais ou órgãos

municipais competentes.

Consta na referida resolução que os Projetos de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas:

Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os

resíduos.

Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem,

ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade,

respeitadas as classes de resíduos estabelecidas nessa Resolução.

Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos

após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em

que sejam possíveis, as condições de reutilização e de reciclagem.

Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas

anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de

resíduos.

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Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta

Resolução; Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes

formas:

Classe A: deverão ser utilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos

de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização

ou reciclagem futura.

Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas.

Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e

destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

Segundo Mota (2000), os resíduos de construção podem ser reaproveitados

sobre duas formas: reutilização e reciclagem, a definição para ambas as formas

pode ser definida como:

• Reutilização, quando o resíduo é reutilizado sem qualquer modificação

física, alterando ou não, o seu uso original;

• Reciclagem, quando o resíduo é processado e utilizado como matéria-

prima na manufatura de bens, feita anteriormente apenas com matéria-prima

virgem.

A elevada geração de resíduos e os inúmeros impactos causados nas

áreas urbanas são fatores que apontam para a necessidade da introdução de

programas de gestão dos resíduos da construção civil nos municípios brasileiros

(PINTO, 1999),

A proibição do encaminhamento dos RCD (resíduos da construção e

demolição) a aterros sanitários comuns é outro aspecto que estimula as práticas

de gerenciamento dos resíduos nos canteiros de obras, pois a grande maioria das

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estratégias de gerenciamento enfatiza a necessidade de minimizar a sua geração,

o que reduz a quantidade de resíduos gerados nos processos de construção

(CONAMA, 2002; COSTA, 2003).

Atitudes voltadas para o desenvolvimento sustentável na construção civil

levam a concepção de que os recursos naturais e os locais de deposição de

resíduos não são abundantes. O crescente aumento da geração de resíduos leva

a um aumento da extinção de recursos naturais (ANGULO 2005).

O gerenciamento dos resíduos da construção civil refere-se à aplicação do

programa de gerenciamento na fonte de geração dos resíduos, nos canteiros de

obras. O gerenciamento de resíduos deve obedecer a uma hierarquia que vai

desde a não-geração até a disposição final. (CWM, 2005)

Uma construção sustentável baseia-se na prevenção e redução dos

resíduos pelo desenvolvimento de tecnologias limpas, no uso de materiais

recicláveis ou reutilizáveis, no uso de resíduos como materiais secundários e na

coleta e deposição inerte. Assim, devem ser tomadas medidas para se transformar

resíduos em recursos reutilizáveis (VÁZQUEZ, 2001).

De acordo com Shenini, (2004, p.6):

A prioridade nos canteiros de obra deve ser a minimização das perdas geradoras de resíduos. Isto pode ser alcançado como a escolha de materiais certificados e com embalagens que facilitem o manuseio sem o risco de perdas; pela capacitação da mão de obra e, pelo uso de equipamentos com tecnologia de ponta e adequada aos processos construtivos. Toda atividade na construção civil produz, inevitavelmente, alguma perda, porém, como estas acontecem em locais e momentos distintos, a simples separação prévia destes materiais evitaria a contaminação dos rejeitos que ocorre nos “containeres” destinados a sua remoção do canteiro de obras. Restos de madeira, gesso, materiais metálicos e plásticos, deveriam ter destinos específicos, de acordo com seu potencial para a reciclagem ou grau de contaminação.

Mais significativas são as perdas quando comparadas com os índices

utilizados na elaboração dos orçamentos de obra. A diminuição das perdas

passou a ser fator fundamental para a sobrevivência das construtoras e

adequação ao mercado competitivo e ao cada vez maior grau de exigência dos

consumidores (SCHENINI, 2004).

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SCARDOELLI (1995) observa que é crescente a preocupação com o

controle de perdas e que esta se evidencia nas iniciativas adotadas nos canteiros

de obra, tais como:

a. Presença de “containeres” para a coleta de desperdício em todo o

canteiro;

b. Distribuição de pequenas caixas de desperdícios nos andares;

c. Tubo coletor de polietileno para a descida do entulho;

d. Quadro para a anotação da quantidade e tipo de entulho gerado na obra;

e. Colocação de equipamentos de limpeza de forma visível;

f. Limpeza permanente pelo próprio operário;

g. Premiação de equipes pela qualidade da limpeza;

h. Separação dos resíduos por tipo e natureza do material.

É importante ressaltar que o desperdício é parte integrante da atividade e é

extremamente alto e, só é evidenciado, quando existe preocupação com sua

quantificação e classificação. Além disso, o tratamento dos resíduos é, por vezes,

complexo e algumas vezes inviável técnica ou economicamente, em função da

contaminação que pode sofrer. Esta pode se dar, tanto dentro do canteiro, com a

mistura dos materiais e agregação de outros tipos de rejeitos, como “marmitex”

utilizadas na alimentação dos trabalhadores, latas de tinta, de solventes ou óleos,

ou ainda pela agregação de restos de poda de árvores, resíduos orgânicos ou

ainda materiais inservíveis de grande volume, colocados nos “containeres” por

moradores que residem próximo das construções. É preciso, portanto, promover

uma conscientização coletiva sobre o problema, o que é papel dos órgãos

governamentais (SCHENINI et al, 2004).

A possibilidade de reutilização dos resíduos deve ser analisada antes da

adoção de qualquer prática de reciclagem, pois, na reutilização, o resíduo não tem

sua composição alterada. O processo de reciclagem como qualquer atividade

humana, pode causar impactos ao meio ambiente, portanto, é necessário que sua

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escolha seja criteriosa e considere todas as alternativas possíveis com relação ao

consumo de energia e matéria-prima (ANGULO et al., 2002).

Segundo Schenini et al (2004):

A produção de agregados a partir dos entulhos, que é um das formas mais simples de seu reaproveitamento, gera economias de cerca de 80% (oitenta por cento) em relação ao preço dos agregados convencionais. Sua reutilização, por outro lado, dispensa a extração de matéria prima da natureza, conservando-a sob dois aspectos: não degrada o solo com a remoção e não polui o ar com os gases emitidos pelas máquinas e caminhões empregados na extração e transporte.

Sempre existirá uma parcela de resíduos impossíveis de serem reduzidos

e, se tratando de um resíduo pós-consumo, a sua reutilização torna-se mais

complicada. Para esses resíduos devem-se criar destinos adequados.

Atualmente, o que tem sido observado é que as empresas que atuam no

setor da construção civil, que apresentam uma conduta ambiental mais

responsável, por exemplo, as que buscam a certificação ISO 14001, estão

substituindo formas convencionais de destinação dos resíduos por técnicas

baseadas no conceito dos três R (redução, reuso e reciclagem), como formas

sustentáveis de gerenciamento (ZORDAN, 2003).

Dentre os benefícios proporcionados pelas práticas de gerenciamento de

resíduos em canteiros de obra está a redução dos impactos ambientais, a redução

da geração de resíduos, a organização do canteiro de obra, a triagem dos

resíduos gerados impedindo sua mistura com insumos e o reaproveitamento,

quantificação dos resíduos, entre outros (SINDUSCON-SP, 2005).

O sucesso da implementação de uma gestão ambiental eficiente e eficaz,

em empresas construtoras dependerá sempre da conciliação entre os benefícios

ambientais e os benefícios para empresa como unidade de negócio, desta forma,

os aspectos gerenciais devem ser adotados ao longo de toda a cadeia produtiva,

englobando desde o planejamento, controle da produção, logística, suprimentos

até a capacitação de mão de obra.

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No Estado de São Paulo a Sinduscon-SP, Sindicato da Indústria da

Construção Civil do Estado de São Paulo, na tentativa de reduzir os desperdício e

identificar técnicas de reciclagem e de disposição final adequadas para os

resíduos, implantou um sistema de gerenciamento de resíduos em canteiros de 11

construtoras, tornando-se referência em gestão de resíduos sólidos em canteiros

de obras. O projeto foi desenvolvido nas seguintes etapas:

•Planejamento: Nesta etapa foi elaborado o cronograma das atividades

e definição dos recursos necessários;

•Implantação:

•Equipamentos foram adquiridos e instalados, as equipes foram

capacitadas e os resíduos foram segregados;

•Suporte à destinação: Foram propostas soluções para a correta

destinação de cada resíduo gerado em canteiro de obras e foram

suas quantidades foram registradas;

•Acompanhamento:

•Foram realizadas avaliações do andamento do programa.

Após a implantação do programa foi realizada uma entrevista com os

funcionários das empresas participantes para avaliação do PGRS, os principais

resultados foram a percepção da redução dos resíduos gerados após a

implantação do PGRS por 79% dos entrevistados, sendo as principais causas

desta redução segundo os próprios funcionários com sendo a melhoria dos

processos 49%, reuso dos resíduos na própria obra 33%, melhoria dos projetos

16%, outras causas 2%. Algumas vantagens foram identificadas pelos

funcionários das empresas participantes do programa da Sinduscon-SP (figura

01).

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FIGURA 01 - Vantagens para as empresas participantes do programa. (SINDUSCON-SP, 2005)

A Sinduscon-DF juntamente com a Universidade de Brasília desenvolveram

um programa de gestão de resíduos que foi aplicado em alguns canteiros de obras

de construtoras da cidade de Goiânia , com a finalidade de reduzir os resíduos

gerados nestes canteiros, visando a melhoria da qualidade do setor da construção

civil e a minimização dos impactos ao meio ambiente, causados por estas

atividades. O projeto foi executado em seis etapas constando de: Caracterização

da empresa: Nome, razão social, certificações; Descrição da obra: Porte da obra e

quantidade de funcionários; Descrição das tecnologias utilizadas em cada etapa

da obra; Plano de redução de resíduos, que compreende na compatibilização de

projetos, e elaboração de um planejamento do projeto e execução; Plano de

reutilização dos resíduos gerados no próprio canteiro com o estudo dos materiais

que serão utilizados na obra e verificação de possível substituição por materiais

reutilizáveis; Plano de reciclagem: Elaboração do projeto do canteiro de obras

identificando locais de coleta, acondicionamento, triagem e fluxo de transporte dos

resíduos, além da conscientização e treinamento de toda equipe de trabalho para

a segregação dos resíduos de acordo com as classes estabelecidas na resolução

CONAMA/02.

64

46

41

41

11

7

0 10 20 30 40 50 60 70

Organização da obra

Conscientização ambiental

Redução de custos

Melhora na administração dos resíduos

Adequação à legislação

Melhora a imagem da construtora

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Os resultados apontados pelas empresas participantes foram semelhantes

aos resultados obtidos em São Paulo, sendo descritos como: (SINDUSCON-DF,

2005).

•Redução do custo pela redução do número de caçambas alugadas

pelas empresas construtoras;

•Melhoria da organização e limpeza da obra;

•Elemento forte no marketing da empresa;

•Fortalece a capacidade de cumprimento das responsabilidades

socioambientais das empresas;

•Fortalecimento da auto-estima dos participantes do projeto pela

contribuição com gestão ambiental;

•Contribuição da empresa com a educação ambiental de sua mão de

obra.

Esta redução no número de caçambas utilizadas para o transporte dos

resíduos pode ser observada em quatro das cinco empresas participantes do

estudo, (tabela1).

Tabela 01 - Redução do número de caçambas utilizadas para armazenamento de resíduos da

construção civil, de acordo com os dados fornecidos pelas empresas construtoras. Média dos meses

de Junho e Julho 2005.

Empresa Nº. de caçambas antes do projeto Nº de caçambas depois do projeto

1 17 9

2 4 2

3 13 7

4 10 11

5 4 2

Fonte: Sinduscon-Df, 2005.

O Município de Belo Horizonte - MG que, juntamente com o Sinduscon-MG,

desenvolveu uma cartilha para a implantação do Projeto de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil visando atender as especificações da Resolução

CONAMA N° 307/02. A vantagem deste programa é que, no Município de Belo

Horizonte, foi implantado um Programa de Reciclagem de Entulho, gerenciado

pela própria Prefeitura, que conta com duas estações de reciclagem de entulhos.

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Segundo dados do Departamento de Limpeza Pública de Belo Horizonte, estima-

se que cerca de 40% dos resíduos gerados diariamente no Município sejam de

RCC. As duas estações de reciclagem separam cerca de 25% do entulho

coletado. Para a implantação deste programa, o incentivo para a reciclagem dos

RCC partiu da própria Prefeitura Municipal, que tem utilizado o material reciclado

em obras de manutenção de instalações de apoio à limpeza urbana, em obras de

vias públicas e, também, em obras de infra-estrutura em favelas. Outro modelo

presente na cartilha desenvolvida é a Produção Mais Limpa. Este programa visa a

não geração, a minimização e a reciclagem dos resíduos, assim como a

diminuição dos impactos ambientais causados pelas atividades da construção civil

(BELO HORIZONTE, 2005).

A estratégia de minimização de resíduos deve ter como prioridade a

redução da geração do resíduo na fonte e o seu reaproveitamento ou reciclagem

posterior. A introdução de procedimentos na produção, com o objetivo de obter a

melhoria contínua, é uma maneira de solucionar alguns dos problemas

relacionados à geração de resíduos desnecessários. Além disso, alguns cuidados

básicos no canteiro da obra também podem contribuir diretamente com a

minimização dos resíduos, sem alterar o processo produtivo (GREENWOOD,

2004; SOUZA et al., 2004).

Para Ambrozewicz (2001), a elaboração e a implementação de programas

de qualidade para o setor da construção civil, como exemplo do Programa

Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), vem colaborado

com a diminuição da geração de resíduos da construção civil, através de

exigências de responsabilidades ambientais em relação à sua destinação final.

O treinamento dos operários em relação ao armazenamento e transporte

adequado dos materiais e à segregação dos resíduos gerados para posterior

reaproveitamento são medidas que contribuem para a redução da geração de

resíduos. (GREENWOOD, 2004).

Para estimular a equipe a contribuir com o gerenciamento dos RCC, uma

alternativa, por exemplo, pode ser o oferecimento de benefícios financeiros,

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conforme seja o retorno representado pelo volume de resíduos gerados (TOZZI,

2006).

Parra Tozzi (2006), as partes envolvidas com a indústria da construção civil

devem considerar todos os fatores que envolvem o processo construtivo para que

soluções sejam encontradas e aplicadas de forma a minimizar a geração dos

RCC.

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40

4. METODOLOGIA

4.1 Local da Pesquisa

Este estudo foi realizado em construtoras de médio e grande porte da

construção civil com canteiros de obra instalados na cidade de Feira de Santana,

Bahia. Feira de Santana apresenta uma população estimada de 571.997

habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE ano 2007).

4.1.1 Critérios para seleção das empresas participantes do estudo

Para realização deste estudo foi determinado que as construtoras atuassem

no sub-setor de edificações em empreendimentos residenciais.

As empresas foram classificadas em empresas de pequeno, médio e

grande porte, de acordo com a classificação estabelecida pelo SEBRAE, que

utiliza o critério de número de funcionários registrados: Microempresa até 19

empregados; Pequena Empresa de 20 a 99 empregados; Média Empresa de 100

a 499 empregados; Grande Empresa de 500 a mais empregados.

De acordo com a lista fornecida pela SINDUSCON-BA (Sindicato das

indústrias da construção civil – Bahia), atuam em Feira de Santana, cerca de

cinqüenta empresas de construção civil, dentre elas foram identificadas seis

empresas de médio porte e duas empresas de grande porte no setor de

edificações. A pesquisa foi realizada com uma parte dessas empresas mediante

coleta de dados por amostra aleatória simples por sorteio. Foram cadastradas

quatro construtoras, duas de grande porte e duas de médio porte.

Os canteiros de obra das empresas de grande porte foram denominados

G1 e G2 e os canteiros de obra das empresas de médio porte foram denominadas

M1 e M2. As principais características das empresas responsáveis pelas obras

selecionadas são conforme descrição:

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Canteiro G1: A construtora responsável por esse canteiro é classificada

como construtora de grande porte, atua em 4 (quatro) estados brasileiros com

cerca de 2000 (dois mil) funcionários no total, com o foco para o mercado

imobiliário. A empresa possui certificação ISO 9001 e se encontra em processo de

adequação para a obtenção da certificação ISO 14001. A obra em estudo se

constitui na construção de três torres de apartamentos residenciais, totalizando

150 (cento e cinqüenta) apartamentos com 60 (sessenta) m2, voltados para classe

média, com 120 (cento e vinte) funcionários no canteiro.

Canteiro G2: A construtora responsável pelo canteiro G2 é classificada

como de grande porte. Atua em 2 dois estados Brasileiros com cerca de 1300 (um

mil e trezentos) funcionários, com foco na construção e incorporação de imóveis

residenciais destinados às classes alta, média e baixa renda. A empresa possui

certificação ISO 9001 e se encontra em processo de adequação para a obtenção

da certificação ISO 14001. O canteiro se constitui na construção de 31 torres de

apartamentos residenciais, totalizando 496 apartamentos com 42 m2, destinados

à classe de média renda com 299 funcionários no canteiro e cerca de 1300

funcionários no total.

Canteiro M1: A construtora responsável pelo canteiro M1 é classificada

como construtora de médio porte, possui cerca de 300 (trezentos) funcionários. A

empresa possui certificação ISO 9001 e se encontra em processo de adequação

para a obtenção da certificação ISO 14001. O canteiro se constitui na construção

de 80 (oitenta) casas com 42 m2, destinado à classe de média renda, com 80

(oitenta) funcionários no canteiro.

Canteiro M2: A construtora responsável pelo canteiro M2 é classificada

como construtora de médio porte, com cerca de 200 (duzentos) funcionários no

total. A empresa não possui certificação ISO 9001 e não apresenta pretensões de

obtenção da certificação ISO 14001. O canteiro se constitui na construção de 300

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casas com 90 m2, destinados à classe de alta renda, com 120 funcionários no

canteiro.

4.2 Coleta dos dados

O instrumento de coleta de dados utilizado foi à observação sistemática e a

entrevista.

As observações sistematizadas foram realizadas com base na resolução

CONAMA 307/2002, (APÊNDICE I), a fim de atingir os objetivos da pesquisa,

sendo as informações registradas por meio de anotações e fotografias, em cada

um dos canteiros de obra envolvidos no estudo.

As entrevistas estruturadas foram dirigidas ao responsável técnico da obra e

ao responsável pela gestão de resíduos da construção civil no canteiro de obras.

As entrevistas obedeceram a um formulário pré-estabelecido, contendo perguntas

baseadas na Resolução 307/02 do CONAMA, (APÊNDICE II).

4.3 Análise dos dados

Os dados obtidos neste estudo foram comparados com as diretrizes,

critérios e procedimentos estabelecidos na Resolução CONAMA Nº. 307/02 que

dispõe sobre a gestão dos resíduos da construção civil.

As informações obtidas foram sistematizadas em quadros, no intuito de

facilitar a visualização dos dados e a sua interpretação. Por fim, os dados foram

analisados e discutidos com base na literatura específica.

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5.RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado das entrevistas está resumido nos quadros 1 e 2, de acordo

com o porte da construtora.

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Quadro 1 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de grande porte.

AVALIAÇÃO G1 G2

A empresa possui PGRS? Sim Sim, em processo de implantação.

Há quanto tempo? 18 meses

Existe uma equipe responsável pelo PGRS

Sim, o técnico de segurança da empresa é responsável pelo PGRS no canteiro.

Sim, Técnico Ambiental e estagiário de Engenharia Ambiental.

Há um planejamento voltado para a não geração

de resíduos? Quais?

A tecnologia construtiva empregada (sistema painel auto-portante) já minimiza bastante a geração de resíduos. Reaproveitamento de alguns

materiais no próprio canteiro como pvc.

Reaproveitamento dos resíduos classe A para a utilização como sub-base e base para as ruas internas do condomínio.

Os funcionários foram treinados para a separação

dos resíduos

Sim, na integração do funcionário e em palestras ministradas periodicamente.

Sim. Realização de treinamentos periódicos

Quais os principais resíduos gerados?

Classe A: Concreto e argamassa. Classe B: Aço, Plástico, papelão, madeira.. Classe C: Gesso. Classe D: Tintas

Classe A: Concreto e argamassa. Classe B: Plástico, Aço. Classe C: Gesso

Como é feita a separação? CONAMA ou tradicional?

CONAMA CONAMA

Como se dá o armazenamento dos resíduos gerados?

Baias de resíduos, Bombonas, Caçambas estacionárias. Atualmente é realizada separada, a céu aberto. Baias se

encontram em processo de construção. Containeres serão instalados no canteiro.

Como é feito o transporte dos resíduos do canteiro até

sua destinação final?

Classe A por meio de Caçambas de empresa contratada, e demais materiais são transportados por empresas conveniadas e prestadores de

serviços.

O transporte de todos os resíduos gerados é realizado pela própria empresa, em Caçambas particulares.

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Cont. Quadro 1 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de grande porte.

Qual a destinação dos resíduos gerados?

Classe A: É depositado em terreno próprio da empresa contratada para o recolhimento e disposição;

Classe B: A empresa possui convênios para a doação dos resíduos para cooperativas para posterior reciclagem, exceto sobras de aço que são

vendidos; Classe C: A empresa contratada para a aplicação do revestimento de gesso é responsável pelo recolhimento e disposição dos

resíduos gerados nesta atividade; Classe D:

Atualmente toda a destinação de todos os resíduos gerados é o aterro sanitário de Feira de Santana, exceto resíduos

classe A, que são reaproveitados no canteiro. Empresas já foram contratadas para o recolhimento, reaproveitamento e

disposição correta dos resíduos.

A empresa possui registro da quantidade de resíduos gerados mensalmente?

Sim, Concreto e argamassa: 20 m3 ; Papelão: 500 kg; Aço: 2400kg Não. Formulários para registro e controle estão sendo

elaborados.

O que levou a empresa a gerenciar os resíduos

sólidos gerados?

1- Cumprimento da legislação; 2- Obtenção da certificação ISO 14001; 3- Motivação econômica; 4- Motivação ecológica.

1- Cumprimento da legislação; 2- Motivação econômica; 3- Motivação ecológica.

Há um programa de educação ambiental com os

funcionários?

Sim. Existem palestras periódicas sobre diversos temas ligados ao meio ambiente, além de outras atividades como concursos, gincanas.

Sim. Atividades pontuais como a realização de palestras, mini-cursos, caminhada ecológica.

O que mudou depois do gerenciamento?

O comportamento dos funcionários mudou em relação a geração de resíduos de quaisquer espécie, o canteiro de obras está mais limpo e

organizado.

O PGRS se encontra em fase de implantação, mudanças não podem ser avaliadas.

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Quadro 2 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de médio porte.

AVALIAÇÃO M1 M2

A empresa possui PGRS? Sim Não

Há quanto tempo? 6 meses -

Há um planejamento voltado para a não geração de resíduos? Quais?

Processos de transporte e acomodação dos materiais. -

Existe uma equipe responsável pelo PGRS Sim, Técnico de Segurança e Ambiental. -

Os funcionários foram treinados para a separação dos resíduos

Sim. Realização de treinamentos periódicos. Não

Quais os principais resíduos gerados?

Classe A: Concreto e argamassa. Classe B: Plástico, papel, aço.

Classe C: Gesso. Classe D:

Classe A: Concreto e argamassa. Resíduos Orgânicos e Bota-Fora

Como é feita a separação? CONAMA ou tradicional? CONAMA Somente resíduos orgânicos são separados

Como se dá o armazenamento dos resíduos gerados? É realizada através de Baias, Bags, e Bombonas

instaladas no canteiro.

Não há local específico para armazenamento dos materiais, sendo armazenados em diversos pontos no

canteiro.

Como é feito o transporte dos resíduos do canteiro até sua destinação final?

Classe A: Caçambas de empresa contratada. Classe B: São vendidos para cooperativas e empresas

para reciclagem. Classe C: Não foi definido ainda. Classe D:

Todos os resíduos são transportados conjuntamente em caçambas de empresa

contratada para o serviço.

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Cont. Quadro 2 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de médio porte.

Qual a destinação dos resíduos gerados? Classe A: Aterro sanitário de Feira de Santana.

Classe B: Vendido para cooperativas e empresas para reciclagem. Classe C: Não foi definido ainda.

Aterro sanitário de Feira de Santana.

A empresa possui registro da quantidade de resíduos gerados mensalmente?

Sim. 12m3 incluindo resíduos classe A, bota-fora e resíduos orgânicos.

Não

O que levou a empresa a gerenciar os resíduos sólidos gerados?

1- Cumprimento da legislação; 2- Motivação econômica; 3- Motivação ecológica.

-

Há um programa de educação ambiental com os funcionários?

Sim, realização de treinamentos (DDS) nos temas relacionados ao meio ambiente.

Não

O que mudou depois do gerenciamento? Houve uma melhora na organização e limpeza do canteiro e diminuição da quantidade de resíduos

gerados. -

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Em 2 de janeiro de 2003, entrou em vigor a Resolução CONAMA nº. 307

em que se estabeleceu o prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses para que os

grandes geradores de resíduos sólidos incluam os PGRS (Projetos de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos) nos projetos de obras a serem submetidos à

aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes.

Foi observado neste estudo, que, dentre as quatro construtoras de médio e

grande porte do sub-setor de edificações residenciais analisadas, três construtoras

possuem um programa de gestão de resíduos da construção, sendo que, em um

dos canteiros, o G2, o PGRS se encontra em fase de implementação, enquanto o

canteiro G1 possui o PGRS há dezoito meses e o canteiro M1 possui o PGRS há

seis meses. Em todos os PGRS são encontradas falhas, ao não atender algumas

diretrizes da resolução CONAMA 307/02. Apenas um canteiro visitado não possui

e não apresenta pretensões de elaboração deste programa.

Dos três canteiros que possuem o PGRS aquele que atende de maneira

mais eficiente às diretrizes da Resolução CONAMA 307/02 é o canteiro G1 no que

diz respeito à adoção de técnicas construtivas voltadas para a não geração de

resíduos com a utilização de painéis auto-portante, como principal técnica

construtiva e do controle sobre a quantidade de cada resíduo gerado. Também, e

responsabiliza os prestadores de serviço pelo transporte e disposição dos

resíduos gerados nestas atividades, comprovadas na disposição dos resíduos

classe C (gesso) e na vistoria realizada ao terreno da empresa contratada para o

recolhimento e disposição dos resíduos classe A.

Canteiros onde há PGRS

Em todos os canteiros estudados há um responsável pelas ações do

PGRS, sendo nos canteiros G1 e M1 o técnico de segurança que acumula estas

atividades com suas atribuições rotineiras, enquanto no canteiro G2 foi contratado

um profissional exclusivamente para a execução desta atividade. A resolução

CONAMA Nº. 307/2002 não estabelece cargos e responsabilidades na gestão dos

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PGRS dentro dos canteiros, ficando as empresas livres para determinar tais

responsabilidades.

Nos canteiros observados, verificou-se que apenas no canteiro G1 foram

adotadas técnicas construtivas voltadas para a não geração de resíduos como os

painéis auto-portante (figuras 02 e 03). Nos canteiros G2 e M1 são adotadas

medidas de minimização da geração de resíduos através do reaproveitamento dos

resíduos gerados, como os resíduos classe A, que no canteiro G2 são

processados e reaproveitados como sub-base e base para pavimentação das ruas

internas do condomínio (figura 04).

FIGURA 02 – Utilização dos painéis auto-portantes no canteiro G1.

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FIGURA 03 – Transporte dos painéis auto-portantes no canteiro G1.

FIGURA 04 – Resíduos classe A sendo reutilizados como sub-base para pavimentação do

condomínio no canteiro G2.

Em todos os canteiros onde há o PGRS foi observada a realização

periódica de treinamentos com a força de trabalho no que diz respeito à separação

dos resíduos de acordo com a classificação do CONAMA, inclusive no canteiro

G2, onde o PGRS se encontra em fase de implementação, os treinamentos

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relativos à separação dos resíduos já iniciaram. Estes treinamentos são de

fundamental importância para a participação dos funcionários no gerenciamento.

Os principais resíduos gerados nos canteiros analisados são da classe A,

concreto e argamassa, independentemente da tecnologia empregada nos

mesmos.

Em todos os canteiros analisados é realizada a separação dos resíduos de

acordo com a classificação da resolução CONAMA N.º307 /2002.

Nos canteiros G1 e M1 os resíduos são armazenados separadamente em

caçambas estacionárias (figura 05), baias, “bombonas” e “bags” (figuras 06, 07, 08

e 09), no canteiro G2 os resíduos são armazenados já separados, porém a céu

aberto (figura 10), baias e containeres serão construídos e instalados no canteiro.

As baias e “bombonas” instaladas nos canteiros atendem a resolução CONAMA

N.º307 /2002, pois realizam o acondicionamento adequado dos resíduos

possibilitando sua reutilização e reciclagem futura.

FIGURA 05– Armazenamento de resíduos classe A no canteiro G1.

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FIGURA 06 – Armazenamento de resíduos classe B no canteiro G1.

FIGURA 07 - Armazenamento de resíduos em “bombonas” no canteiro M1.

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FIGURA 08 – Armazenamento de resíduos classe B em bags no canteiro M1.

FIGURA 09 – Armazenamento de resíduos em baias no canteiro M1.

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FIGURA 10 – Armazenamento de resíduos no canteiro G2.

O transporte dos resíduos é realizado de diversas maneiras: pela própria

construtora, por empresas contratadas ou cooperativas que recebem doações dos

resíduos classe B, para futura reciclagem destes materiais.

No canteiro G1 os resíduos possuem diversas destinações, resíduos classe

A são depositados em terreno licenciado de empresa privada, resíduos classe B

são doados e vendidos para cooperativas para posterior reciclagem, resíduos

classe C são recolhidos pelos prestadores de serviços, atendendo aos critérios

estabelecidos na resolução CONAMA nº. 307/02, Somente os resíduos orgânicos

são dispostos no aterro sanitário de Feira de Santana.

No canteiro G2, os resíduos classe A são reutilizados no próprio canteiro, o

que diminui sensivelmente a quantidade de resíduos dispostos no aterro sanitário

municipal. Todo o resíduo que não é reutilizado no próprio canteiro é disposto no

aterro sanitário de Feira de Santana não atendendo aos critérios estabelecidos na

resolução CONAMA nº. 307/02 que diz que os resíduos da construção civil não

podem ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares em áreas de “bota-fora”,

encostas, corpos d’água, terrenos vagos e em áreas protegidas por Lei O PGRS

está em fase de implementação, contratos com cooperativas já foram firmados

para a coleta dos resíduos classe B, tendo uma destinação mais adequada.

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No canteiro M1 os resíduos classe A são dispostos no aterro sanitário de

Feira de Santana não atendendo aos critérios estabelecidos na resolução

CONAMA nº. 307/02. Considerando que o volume de resíduos classe A

representa a maior parte do volume total de resíduos sólidos gerados nos

canteiros, a quantidade de resíduos dispostos no aterro sanitário de Feira de

Santana ainda é significativo. Os resíduos classe B são doados e vendidos para

cooperativas para futura reciclagem, o que atende às recomendações da

resolução CONAMA nº. 307/02. A empresa responsável pelo canteiro M1 não

encontrou uma destinação adequada para o resíduo de gesso, que se encontra

acondicionado em baias a céu aberto no canteiro (figura 11).

FIGURA 11 – Baia de gesso no canteiro M1.

Os canteiros G1 e M1 possuem registro da quantidade de resíduos gerados

por mês. No canteiro G1 o registro mais eficiente, pois o mesmo é realizando

observando a quantidade de cada tipo de resíduo (figura 12), enquanto o canteiro

M1 registra apenas dos resíduos enviados para o aterro municipal de Feira de

Santana. O canteiro G2 não possui ainda os registros da quantidade, pois os

formulários estão sendo criados.

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FIGURA 12 – Formulário para registro da quantidade de resíduos gerados no canteiro G1.

Todos os responsáveis técnicos e responsáveis pelo PGRS dos canteiros

visitados apontam como principal motivo pela adoção do PGRS no canteiro foi o

cumprimento da legislação, em segundo plano a motivação econômica e em

último plano a motivação ecológica.

Em todos os canteiros estudados foram observadas atividades pontuais de

educação ambiental com os funcionários, como gincanas, concursos, palestras e

semanas temáticas relacionadas ao meio ambiente, porém não foi observado um

planejamento contínuo e planejado.

Nos canteiros G1 e M1 o valor arrecadado com a venda de resíduos

metálicos é revestido para os próprios funcionários envolvidos com o

gerenciamento. O recurso é utilizado para financiar atividades esportivas e de

lazer, servindo de estímulo para uma maior participação da força de trabalho no

gerenciamento dos resíduos, como sugerido por Tozzi (2006).

Verificou-se, na realização do trabalho, que uma das principais mudanças

apontadas pelos responsáveis técnicos dos canteiros G1, G2 e M1 foi a melhoria

da organização e limpeza do canteiro, além da diminuição da quantidade de

resíduos gerados. Também houve uma significativa mudança de comportamento

dos funcionários em relação ao meio ambiente. Resultados semelhantes forma

obtidos nos estudos realizados pelo Sinduscon-SP e Sinduscon-DF.

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Canteiro onde não há PGRS

No canteiro M2 não foi observado a implantação do PGRS e não apresenta

também nenhum procedimento isolado de gestão dos resíduos sólidos. Não há

separação dos resíduos sólidos gerados, apenas os resíduos orgânicos são

separados. Não há também o armazenamento adequado destes resíduos em

baias, bags ou “bombonas” e sim o acúmulo dos resíduos em diversos pontos do

canteiro gerando um aspecto desagradável para os funcionários e todos os

visitantes (figuras 13 e 14).

FIGURA 13 – Armazenamento inadequado de resíduos no canteiro M2.

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FIGURA 14 – Armazenamento inadequado de resíduos no canteiro M2.

O índice de perdas de materiais é visivelmente maior que nos canteiros

onde há o PGRS, e se deve à não adoção de processos adequados de

armazenamento e transporte dos materiais dentro do canteiro de obras (figura 15).

FIGURA 15 – Armazenamento inadequado de materiais no canteiro M2.

Todos os resíduos são transportados sem a correta separação, por

empresa contratada pela responsável pelo canteiro M2 para o aterro sanitário de

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Feira de Santana, sem nenhum controle da quantidade de resíduos gerados, em

total descumprimento da resolução CONAMA nº. 307/02. Este conjunto de

práticas observadas sugere que a empresa não tem comprometimento com a

gestão de resíduos sólidos e, em nenhum momento da visita foi evidenciado um

planejamento ou esforço para uma mudança das mesmas. Dentre todos os

canteiros visitados este canteiro mostrou-se o mais desorganizado e sujo (figura

16).

FIGURA 16 – Resíduos espalhados no canteiro M2.

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6. CONCLUSÕES

A constante busca pela qualidade, segurança e produtividade no canteiro

de obras está diretamente relacionada com a existência de Programas de Gestão

de Resíduos Sólidos, visto que as construtoras G1, G2 e M1, que possuem o

PGRS possuem também a certificação ISO 9001 e se encontram em processo de

adequações para a obtenção de mais certificações, como a ISO 14001. No

entanto, a empresa do canteiro M2, que não possui o PGRS, não apresenta

nenhum esboço de adequações e esforços para obtenção de nenhuma

certificação anteriormente mencionada.

A implementação do PGRS independe do padrão do empreendimento a ser

realizado e sim do nível de organização, qualificação e comprometimento da

empresa construtora, e se encontra diretamente relacionada com outros

parâmetros de qualidade como segurança do trabalho e sistemas de gestão da

qualidade.

Diferenças na limpeza e na organização dos canteiros são bastante

significativas. Os canteiros onde há o PGRS se encontram mais limpos e

organizados comparados ao canteiro sem PGRS. Esta diferença é explicada pela

existência de pontos de coleta e local de armazenamento bem definidos nos

canteiros G1, G2 e M1 e o armazenamento em diversos pontos do canteiro, sem o

devido isolamento e sinalizações adequadas no canteiro M2.

Nos canteiros G1, G2 e M1, onde foi observada a existência do PGRS, a

quantidade de resíduos gerados é proporcionalmente menor que no canteiro M2

que não possui PGRS. Esta diferença se dá pela adoção de boas práticas que

visam à não geração, minimização e o reaproveitamento dos resíduos gerados

observadas nos canteiros G1, G2 e M1, práticas como a melhoria do transporte e

armazenamento de materiais e o reaproveitamento planejado dos resíduos.

Também, ficou evidenciada a redução das perdas de materiais nos

canteiros G1 e M1, onde o PGRS é aplicado, isto se deve à adoção de práticas

como o adequado armazenamento e transporte dos materiais dentro dos

canteiros.

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Os PGRS empregados nas empresas participantes deste estudo estão

mais voltados para a destinação adequada dos resíduos gerados, não priorizando

a elaboração de um planejamento voltado para a não geração de resíduos.

As empresas de médio e grande porte atuando em Feira de Santana, no

sub-setor de edificações, que já possuem programas de gestão da qualidade e

segurança do trabalho está viabilizando adequações às novas exigências

ambientais para o cumprimento da legislação, embora, ainda não sejam

observadas fiscalizações por parte dos órgãos públicos.

O PGRS produz diversos benefícios para a empresa que o aplica em seus

canteiros, como a melhoria da organização e limpeza dos canteiros de obras,

redução dos resíduos gerados, mudança do comportamento dos operários em

relação ao meio ambiente, beneficia também outras instituições e cooperativas

que, por meio de contrato da doação ou compra de resíduos classe B como

plástico, papelão e resíduos metálicos para posterior reciclagem favorecendo o

desenvolvimento sócio-econômico da micro-região em que o canteiro está

instalado.

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7. REFERÊNCIAS ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS). NBR 10004. Resíduos Sólidos: Classificação. Rio de Janeiro, 2004. ________. NBR 15112. Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes: Áreas de Transbordo e Triagem de RCD. Junho, 2004a. ________. NBR 15113. Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes: Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Junho, 2004b. ________. NBR 15114. Resíduos sólidos da construção civil: Área de Reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Junho, 2004c. ________. NBR 15115. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil: Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos. Junho, 2004d. ________. NBR 15116. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil: Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural. Junho, 2004e. AMBROZEWICZ, P. H. L. Gestão da Qualidade na construção civil: a qualidade na execução de obras públicas. SENAI/PR: Curitiba, 2001. ANGULO, S. C.; ULSEN, C.; JOHN, V.M.; KAHN, H. Desenvolvimento de novos mercados para a reciclagem massiva de RCD. In: V Seminário de Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil. IBRACON, São Paulo, 2002. ÂNGULO, S. C. et al. Caracterização de agregados de resíduos de construção e demolição reciclados separados por líquidos densos. In: I Conferência Latino Americana de Construção Sustentável. São Paulo, 2004, 13p. ANGULO, S. C. Caracterização de agregados de resíduos de construção e demolição reciclados e a influência de suas características no comportamento de concretos. 2005. 149 p. Tese de doutorado - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – EPUSP, [2005]. ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Agenda 21 Global. Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável. ECO 92. Rio de Janeiro, 1992. Disponível em: http//www.mma.gov.br. Acesso em: 17 de maio de 2008. AZEVEDO, G. O. D; KIPERSTOK, A. e MORAES, L. R. S. Resíduos da construção civil em Salvados: os caminhos para um gestão sustentável. Eng. Sanitária e Ambiental. Vol.11 - Nº 1 - jan/mar p 65-72, 2006.

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RINO, C. A. F.; MARAN, D. J. GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO. Anais. In: 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, São Paulo, 2002. RIO DE JANEIRO (Município). Resolução SMAC n° 387, de 24 de maio de 2005. Disciplina apresentação de projeto de gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – RCC. Rio de Janeiro, 2005. ROCHA, E. G. de A.; SPOSTO, R. M.. Quantificação e caracterização dos resíduos da construção civil da cidade de Brasília. In: IV SIBRAGEQ – I ELAGEC Porto Alegre, 24 a 26 de novembro, 2005. 10 p. SALVADOR. Decreto n. 12 133, de 8 de outubro de 1998. Dispõe sobre o resíduo das obras da construção civil. Diário Oficial do Município, Salvador, 9 out. 1998. SANTANA, A. Maior parte do entulho ainda é depositada nas vias públicas: legislação municipal prevê pesadas multas para quem insiste em sujar a cidade. Correio da Bahia, Salvador, Aqui Salvador, 28 mar. 2003. SÃO PAULO. Decreto n°42.217, de 24 de julho de 2002. Estabelece rito de licenciamento e regra operação de áreas de transbordo e triagem e pontos de entrega voluntária de resíduos da construção. São Paulo, 2002. Disponível em: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/servicoseobras/projetos/ecoponto/0001/Decreto42217.rtf. Acesso em: 15 jun. 2007. SCARDOELLI, L.S. Iniciativas de melhorias voltadas à qualidade e à produtividade desenvolvidas por empresas de construção de edificações. 1995. 148p. Dissertação (Mestrado) – UFRGS. 148p. Porto Alegre, [1995]. SCHNEIDER, D. M. Deposições irregulares de Resíduos da construção civil na cidade de São Paulo, 2003, 131 p. Tese (Mestrado). Faculdade de Saúde Pública,Universidade de São Paulo, [2003]. SCHNINI, P. C. et al. Gestão de Resíduos da construção civil. In: Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário. Florianópolis, 2004. SINDUSCON-DF. Projeto de Gerenciamento de Resíduos Sólidos em canteiros de obras. 27p. Distrito Federal, 2005. SINDUSCON-SP. Gestão ambiental de resíduos da construção civil: a experiência do SindusCon-SP. São Paulo: Obra Limpa: I&T: SindusCon-SP, 2005. SOUZA, U. E. L; PALIARI, J. C; AGOPYAN, V; ANDRADE, A. C. Diagnóstico e combate à geração de resíduos na produção de obras de construção de edifícios: uma abordagem progressiva. Ambiente Construído, v.4, n.4, p33-46, out/dez, 2004.

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APÊNDICES

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APÊNDICE I - RESOLUÇÃO CONAMA Nº 307/2002

Resolução CONAMA 307 de 05 de julho de 2002.

Dispõe sobre gestão dos resíduos da construção civil.

Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da

construção civil.

.O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das

competências que lhe foram conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de

1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em

vista o disposto em seu Regimento Interno, Anexo à Portaria nº 326, de 15 de

dezembro de 1994, e Considerando a política urbana de pleno desenvolvimento

da função social da cidade e da propriedade urbana, conforme disposto na Lei nº

10.257, de 10 de julho de 2001; Considerando a necessidade de implementação

de diretrizes para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos

resíduos oriundos da construção civil; Considerando que a disposição de resíduos

da construção civil em locais inadequados contribui para a degradação da

qualidade ambiental; Considerando que os resíduos da construção civil

representam um significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas

áreas urbanas; Considerando que os geradores de resíduos da construção civil

devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma,

reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes

da remoção de vegetação e escavação de solos; Considerando a viabilidade

técnica e econômica de produção e uso de materiais provenientes da reciclagem

de resíduos da construção civil; e Considerando que a gestão integrada de

resíduos da construção civil deverá proporcionar benefícios de ordem social,

econômica e ambiental, resolve:

Art. 1º Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos

da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os

impactos ambientais.

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Art. 2º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:

I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação

e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em

geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados,

forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,

tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,

caliça ou metralha;

II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas,

responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos

definidos nesta Resolução;

III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta

e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;

IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento de

resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação

em obras de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários ou outras obras

de engenharia;

V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar

ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas,

procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias

ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos;

VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação

do mesmo;

VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido

submetido à transformação;

VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou

processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que

sejam utilizados como matéria-prima ou produto;

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IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas

técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando

a preservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou

futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao

menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;

X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou

à disposição final de resíduos.

Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta

Resolução, da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais

como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras

obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e

concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto

(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:

plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias

ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção,

tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de

demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e

outros.

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Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de

resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a

destinação final.

§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de

resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes

vagos e em áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13

desta Resolução.

§ 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10

desta Resolução.

Art. 5º É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da construção

civil o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser

elaborado pelos Municípios e pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:

I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e

II - Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Art 6º Deverão constar do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil:

I - as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos

grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os

geradores.

II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,

triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade

com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos

resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;

III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de

beneficiamento e de disposição final de resíduos;

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IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não

licenciadas;

V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo

produtivo;

VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;

VII - as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;

VIII - as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a

sua segregação.

Art 7º O Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

será elaborado, implementado e coordenado pelos municípios e pelo Distrito

Federal, e deverá estabelecer diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício

das responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com os

critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local.

Art. 8º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão

elaborados e implementados pelos geradores não enquadrados no artigo anterior

e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e

destinação ambientalmente adequados dos resíduos.

§ 1º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, de

empreendimentos e atividades não enquadrados na legislação como objeto de

licenciamento ambiental, deverá ser apresentado juntamente com o projeto do

empreendimento para análise pelo órgão competente do poder público municipal,

em conformidade com o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil.

§ 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de atividades e

empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, deverá ser analisado

dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental competente.

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Art. 9º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão

contemplar as seguintes etapas:

I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os

resíduos;

II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou

ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade,

respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução;

III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após

a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja

possível, as condições de reutilização e de reciclagem;

IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e

de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;

V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta

Resolução.

Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes

formas:

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos

de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização

ou reciclagem futura;

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas especificas.

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados

em conformidade com as normas técnicas especificas.

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Art. 11. Fica estabelecido o prazo máximo de doze meses para que os

municípios e o Distrito Federal elaborem seus Planos Integrados de

Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil, contemplando os Programas

Municipais de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil oriundos de

geradores de pequenos volumes, e o prazo máximo de dezoito meses para sua

implementação.

Art. 12. Fica estabelecido o prazo máximo de vinte e quatro meses para que os

geradores, não enquadrados no art. 7º, incluam os Projetos de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil nos projetos de obras a serem submetidos à

aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes, conforme §§ 1º e 2º do

art. 8º.

Art. 13. No prazo máximo de dezoito meses os Municípios e o Distrito Federal

deverão cessar a disposição de resíduos de construção civil em aterros de

resíduos domiciliares e em áreas de "bota fora".

Art. 14. Esta Resolução entra em vigor em 2 de janeiro de 2003.

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APÊNDICE II - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA ENTREVISTA COM OS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS DAS EMPRESAS PARTICIPANTES. FORMULÁRIO

1 - DADOS DA EMPRESA:

NOME ________________________________________________.

CANTEIRO_____________________________________________.

1.2-QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS REGISTRADOS:

A) 0-100

B) 100 – 200

C) 200 – 300

D) MAIS DE 300

1.3-QUANTIDADE DE UNIDADES CONSTRUÍDAS / ANO:

A) 0-100

B) 100 – 200

C) 200 – 300

D) MAIS DE 300

1.4 – CLIENTE:

A) PÚBLICA

B) PRIVADA

C) CONSÓRCIO

D) OUTROS__________________________.

1.5 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:

A) HABITAÇÃO

B) INDUSTRIAL

C) COMERCIAL

D) OUTROS _________________________.

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1.6 – A EMPRESA POSSUI O CERTIFICADO I.S.O 14001 ?

A) SIM

B) NÃO

2-A EMPRESA TEM UM PROGRAMA PRÓPRIO DE GERENCIAMENTO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS?

A) SIM

B) NÃO

2.1 - HÁ QUANTO TEMPO?

A) 0 – 6 MESES

B) 6 – 12 MESES

C) 12 – 18 MESES

D) MAIS DE 18 MESES

2-2 NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PROPOSTO PELA EMPRESA HÁ

UM PLANEJAMENTO VOLTADO PARA A NÃO GERAÇÃO E/OU MINIMIZAÇÃO

DE RESÍDUOS? QUAIS SÃO?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

______________________________________________________.

2.3-EXISTE UMA EQUIPE RESPONSÁVEL POR ESTA ATIVIDADE DENTRO DA

EMPRESA?

A) SIM

B) NÃO

3.1-OS FUNCIONÁRIOS FORAM TREINADOS E PARA REALIZAR A

SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS?

A) SIM

B) NÃO

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QUEM?________________________________________________________.

4-QUAIS OS RESÍDUOS GERADOS?

RESÍDUO A B C D

4.1-COMO É FEITA ESTA SEPARAÇÃO? CONAMA OU TRADICIONAL?

__________________________________________________________________

_________________________________________________________________.

4.2-COMO SE DÁ O ARMAZENAMENTO DOS RESÍDUOS NO CANTEIRO?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

_________________________________________________________.

5-QUAL A DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS?

A) ATERRO SANITÁRIO

B) ÁREAS PÚBLICAS OU PRIVADAS APTAS PARA O RECEBIMENTO DE

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

C) TERRENO PRÓPRIO

D) OUTROS____________________________.

6- A EMPRESA POSSUI REGISTRO DA QUANTIDADE DE RESÍDUOS

GERADOS/MÊS?

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A) SIM. QUANTO?______________________.

B) NÃO

7-O QUE LEVOU A EMPRESA A GERENCIAR OS RESÍDUOS SÓLIDOS

GERADOS?

A) MOTIVAÇÃO ECOLOGICA

B) MOTIVAÇÃO ECONÔMICA

C) CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO

D) OUTROS ___________________________.

8-HÁ UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM OS FUNCIONÁRIOS?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

_________________________________________________________________.

9-O QUE MUDOU DEPOIS DO GERENCIAMENTO?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

_________________________________________________________________.

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