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 FUNÇÕES SOCIOPOLITICAS DO MARCO DO JAURU, FORTE DE COIMBRA E REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA, NO SUDOESTE BRASILEIRO Rosalia Casarin 1  Vera Hiroko Okazaki Vieira 2  Eixo temático: TERRITÓRIOS E TERRITORIALIDADES FRONTEIRIÇAS  RESUMO - O presente artigo discute as funções sociopolíticas do Marco de Jauru, do Real Forte Príncipe da Beira e do Forte de Coimbra na conjuntura histórica e foi desenvolvido através de estudo  bibliográfico, documental e trabalho de campo. Estas obras construídas no século XVIII, e m lugares remotos, representam parte da expansão territorial do Brasil. O Marco do Jauru, instalado em 1754 na foz do Rio Jauru, foi transladado em 1883 para a Praça Barão do Rio Branco, na cidade de Cáceres, sudoeste de Mato Grosso, e representa o aspecto físico do Tratado de Madri celebrado em 1750, para orientar as diretrizes dos limites coloniais das Coroas portuguesa e espanhola, e preestabelecia as linhas fronteiriças. Os fortes de Coimbra e o Real Forte Príncipe da Beira se constituíam em órgãos militares e de colonização, portanto, guardiões de defesa, segurança e de organização territorial da fronteira oeste brasileira, então representada pela Capitania de Mato Grosso. Após muitos anos, com os limites fronteiriços estabelecidos, a função destes ambientes se desvaneceu; no entanto, o instrumento físico permaneceu salvaguardando o valioso legado histórico-cultural, atualmente revertido em atrativos para o turismo, atividade em amplo desenvolvimento e nova fonte econômica regional. PALAVRAS-CHAVE:  transformações territoriais; lugares; oeste brasileiro. 1 INTRODUÇÃO 1  Docente no curso de Geografia - Universidade do Estado de Mato Grosso-Unemat- Campus “Jane Vanini”, Cáceres/MT. [email protected]. 2  2  Docente no curso de Geografia - Universidade do Estado de Mato Grosso-Unemat- Campus “Jane Vanini”, Cáceres/MT. [email protected]. 

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FUNÇÕES SOCIOPOLITICAS DO MARCO DO JAURU, FORTE DE COIMBRA E

REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA, NO SUDOESTE BRASILEIRO

Rosalia Casarin 1 

Vera Hiroko Okazaki Vieira2 

Eixo temático: TERRITÓRIOS E TERRITORIALIDADES FRONTEIRIÇAS 

RESUMO - O presente artigo discute as funções sociopolíticas do Marco de Jauru, do Real FortePríncipe da Beira e do Forte de Coimbra na conjuntura histórica e foi desenvolvido através de estudo

 bibliográfico, documental e trabalho de campo. Estas obras construídas no século XVIII, em lugaresremotos, representam parte da expansão territorial do Brasil. O Marco do Jauru, instalado em 1754 nafoz do Rio Jauru, foi transladado em 1883 para a Praça Barão do Rio Branco, na cidade de Cáceres,sudoeste de Mato Grosso, e representa o aspecto físico do Tratado de Madri celebrado em 1750, paraorientar as diretrizes dos limites coloniais das Coroas portuguesa e espanhola, e preestabelecia aslinhas fronteiriças. Os fortes de Coimbra e o Real Forte Príncipe da Beira se constituíam em órgãosmilitares e de colonização, portanto, guardiões de defesa, segurança e de organização territorial dafronteira oeste brasileira, então representada pela Capitania de Mato Grosso. Após muitos anos, comos limites fronteiriços estabelecidos, a função destes ambientes se desvaneceu; no entanto, oinstrumento físico permaneceu salvaguardando o valioso legado histórico-cultural, atualmenterevertido em atrativos para o turismo, atividade em amplo desenvolvimento e nova fonte econômicaregional.

PALAVRAS-CHAVE: transformações territoriais; lugares; oeste brasileiro.

1 INTRODUÇÃO

1 Docente no curso de Geografia - Universidade do Estado de Mato Grosso-Unemat- Campus “Jane Vanini”,

Cáceres/MT. [email protected] 2 Docente no curso de Geografia - Universidade do Estado de Mato Grosso-Unemat- Campus “Jane Vanini”,

Cáceres/MT. [email protected]

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A institucionalização social de territórios ocorre pela imposição de limites de lugares,

que se fazem e/ou se fizeram por meio de tratados políticos e demarcações territoriais,

geralmente, são representados por acidentes geográficos, como cursos fluviais, morro e

montanhas, espacialmente definidos pela natureza, mas sem “marca” (a quem pertence). Mas

não raras vezes, os limites são construções humanas denominadas “marcos”, que orientam as

linhas imaginárias no espaço, e representadas de forma clara no plano gráfico.

Com o descobrimento do Novo Mundo e as terras pretensamente desabitadas,

ocorreram disputas políticas por domínios territoriais na América Meridional, principalmente

entre as Coroas de Portugal e Espanha. Inicialmente, o Tratado de Tordesilhas de 1494,

estabelecia os domínios da cada Coroa. Moraes (2000) ressalta que ao longo do século XVI,

apesar do isolamento do interior da América Meridional havia várias rotas de transeuntes,como a dos “aventureiros” que saíam de São Paulo em direção ao Paraguai; a de

“contrabandistas” que faziam a comunicação entre portos brasileiros e de Buenos Aires; e a

de “curiosidades” que procurava chegar a Potosí, no Peru, pelo Amazonas. O autor lembr a,

ainda, que os povos pré-colombianos transitavam da região pampiana, de Buenos Aires, à

cordilheira andina pelas bacias do Paraná/Paraguai e Amazônica.

Estas rotas estabelecidas pelos nativos possibilitaram aos portugueses e espanhóis a

ocupação, ao norte, da região Amazônica, e ao sul, da bacia do Prata. Com a unificaçãoIbéria, de 1580 a 1640, os portugueses implementaram uma política de colonização no interior

do continente, no sentido oeste estabeleceram feitorias muito além da linha de Tordesilhas.

Com a expansão da ocupação lusitana nestas paragens, se tornou necessário revisar os limites

estabelecidos no Tratado de Tordesilhas. Fato que começara ser regulamentado pelo Tratado

de Utrecht, em 1715, mas, o Tratado de Madri, de 1750 - fundamentado no principio de

Direito Romano, Uti possidetis,  o qual estabelecia que a terra pertenceria àquele que

realmente a estivesse ocupando (MICHALANY, 1959)  –   tratado este que orientou adelimitação da fronteira oeste brasileira, na então Capitania de Mato Grosso.

Pelo Tratado de Madri, se convencionou entre as Coroas portuguesa e espanhola que o ponto

de direcionamento dos limites territoriais era a foz do Rio Jauru, afluente na margem direita

do Rio Paraguai, tendo ali sido implantado em 1754, o marco demarcatório denominado de

“Marco do Jauru”.

A partir deste acordo, a Coroa portuguesa mandou construir fortalezas de defesa e

segurança do território brasileiro, ao longo da fronteira oeste, então Capitania de Mato

Grosso, onde foram construídos o Forte de Coimbra e o Real Forte Príncipe da Beira,

respectivamente, as margens dos rios Paraguai e Guaporé (Fig. 1).

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Com o passar do tempo e as fronteiras internacionais solidificadas, tanto o Marco do Jauru

como as fortificações já não mais atendiam as funções para as quais foram criadas, e por

estarem localizadas em locais remotos, de difícil acesso, foram deixadas ao abandono por

muitos anos.

Figura 1. Localização do Marco do Jauru, Forte de Coimbra e do Real FortePríncipe da Beira, Capitania de Mato Grosso (séc. XVIII).

Entretanto, a atenção acurada de patriotas viajantes e pesquisadores entreviram o

atributo histórico intrínseco e encetaram pela restauração e preservação destas

obras/locais/instrumentos, não apenas como marcos demarcatórios ou quartéis guarnecedores,

mas, como monumentos que abrigam fatos históricos imprescindíveis da política luso-

 brasileira, cujo atributo é muito valorizado na indústria do turismo, cumprindo uma nova

função, de atrativo cultural que preserva a história da expansão territorial do Brasil e

formação do Estado de Mato Grosso.

 Neste contexto, o presente artigo teve como:

2 OBJETIVO

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Discutir as funções sociopolíticas do Marco de Jauru, do Real Forte Príncipe da Beira

e do Forte de Coimbra, na conjuntura histórica da expansão territorial do Brasil. Ambientes

que foram construídos, no século XVIII, com a finalidade de demarcação, defesa e segurança

a fronteira dos territórios coloniais português e espanhol, na América Meridional, cujo

legado vem sendo explorado pelo turismo e se constitui em fonte econômica regional.

3 METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida no contexto histórico descritivo. Foram realizadas

 pesquisas bibliográfica, documental, iconográfico, registros fotográficos; e coletas

coordenadas geográficas, que deram suporte para a elaboração de mapas temáticos no SIGArcGis, utilizando bases cartográfica, 1:100.000, da DSG e IBGE. Também foram utilizadas

imagens disponíveis no Google Earth. 

4 RESULTADO

O Tratado de Madri de 1750 orientava as diretrizes dos limites territoriais das Coroas

 portuguesa e espanhola, na América Meridional, e preestabelecia a construção de “marcos”

demarcatórios e “fortes” de defesa e guarnição do território. Também evidencia a acurada

astúcia geopolítica e diplomática da Coroa portuguesa, ao quase triplicar a área territorial do

Brasil preestabelecido no Tratado de Tordesilhas.

Figura 2. Marco do Jauru - Praça Barão Rio Branco, Cáceres/MT.

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O aspecto físico do Tratado de Madri (fig. 2) foi representado através de um “marco”,

que foi construído em duas partes com pedra de lioz, sendo uma parte feita na Espanha e a

outra em Portugal. Foi trazido para a América e assentado na foz do rio Jauru, margem direita

do rio Paraguai, daí a denominação “Marco do Jauru”, com a função de ser um marco de

referência dos limites fronteiriços. Instalado nesse local, em 15 de janeiro de 1754, um marco

de fronteira que simbolizava o fim de um longo período de disputas entre as duas Coroas.

A partir de 1761, quando foi assinado o Tratado de El Pardo em substituição ao

Tratado de Madri de 1750, os limites estabelecidos estavam praticamente estabilizados nesta

região. O “Marco do Jauru” foi abandonado no meio da selva até 1883, quando foi trasladado

daquele local para a cidade Cáceres e assentado na Praça do Rio Branco, em frente à Catedralde São Luiz. Hoje, esse monumento arquitetônico, “Marco do Jauru”, cumpre a função de

atrativo turístico, emanado da história e da memória cultural da formação territorial do Brasil.

 Nos tempos coloniais, os fortes eram estabelecimentos militares de colonização, com o

objetivo de guarnecer a fronteira de ataques inimigos e assegurar a expansão do território. Na

fronteira oeste, Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, Capitão-Geral da Capitania

de Mato Grosso, nomeado por Carta Régia em 1772, mandou edificar, ao sul da Capitania, o

Forte de Coimbra, junto ao estreito de São Francisco Xavier, no rio Paraguai, e ao norte, oReal Forte Príncipe da Beira, na margem direita do rio Guaporé, em plena floresta amazônica.

O Forte de Coimbra (fig. 3), segundo http://pt.wikipedia.org,  situado na margem

ocidental do Paraguai, foi erguido com o traçado de um polígono estrelado irregular e as

muralhas acompanhando o declive da encosta. Comportava duas baterias em plano horizontal,

cruzando fogos sobre o rio, com oito canhoneiras pelo lado do rio e mais oito pelo lado de

terra, ladeado, a sudoeste, por um fosso que protegia a fortificação de assalto por terra.

Faziam aprte do conjunto edificações para a capela, a casa de cólvora e quartéis para a tropa.

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 Figura 3. Forte de Coimbra - Fonte: Google Earth, 2010. 

O Forte de Coimbra entre outras frentes, foi imprescindível durante a Guerra da

Tríplice Aliança (1864-1870) frente ao Paraguai, embora tenha sido severamente danificado

neste episódio; posteriormente, foi reestruturado recebendo ampliações em suas edificações,

e aumento do efetivo de homens e da artilharia. O Forte de Coimbra cumpriu efetivamente a

função para a qual foi criado, a de guarnecer e defender o território.

A fig. 3 refere-se ao conjunto da fortificação de Coimbra, em destaque imagem do

Forte, que em 1974 o conjunto de obras do Forte foi tombado pelo Instituto de Patrimônio

Histórico Nacional, e em 1983 foi concebido e implantando-se o Projeto Parque Histórico -

Turístico Forte de Coimbra, Assim, atualmente cumpre a função voltada para as atividades

turísticas e nas dependências do monumento está sediada a 3a. Companhia de Fronteira e

 Forte Coimbra, subordinada à 18a. Brigada de Infantaria de Fronteira do Exercito Brasileiro

(Wikipédia, acessado em 2011).

É cada vez mais surpreendente saber que nos inóspitos sertões de aquém e de além limites do

Tratado de Madri, utilizando-se principalmente das vias fluviais e terras firmes, portugueses e

espanhóis edificaram estruturas urbanas ou fortificações deixando também raízes

socioculturais.

 No contexto do Real Forte Prícipe da Beira, Moreira da Costa (2006) salienta que

 jesuítas espanhóis, que já haviam assentado missão eligiosa na margem direita do rio Guaporé

foram compelidos a abandoná-la por força do Tratado de Madri. Alí logo chegaram tropas

 portuguesas para garantir a integridade da fronteira e a comunicaçãao com a região noroeste

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amazônica, alí instalando o Forte de Nossa Senhora da Conceição que depois foi substituído

 pelo Forte de Príncipe da Beira.

Figura 04: Forte Real Príncipe da Beira - Fonte: Silvio Santos/Google Earth, 2010. 

A construção do Real Forte Príncipe da Beira, de acordo com os arquivos do Museu

Histórico, teve inicio em junho de 1776, conforme o sistema Vauban, um quadrado de 970

metros de perímetro, com muralhas de 10 metros de altura, quatro baluartes e 56 canhões e

ladeado por um largo e profundo fosso, com acesso por uma ponte elevadiça. Sendo uma das

maiores obras da engenharia militar portuguesa, construída no Brasil. A construção, concluída

em 1783, cumpriu o papel que lhe foi confiado, o de baluarte da fronteira ocidental do Brasil,

tendo sido desativado/abandonado no final do século XIX (fig. 4).

 Nas dependências do Quartel, o Exército tem um pequeno acervo entre outras peças,

encontra-se um quadro onde se lê a “Lei da Guerra na Selva” (fig. 5), transmitindo a idéia da

dureza de ser um guardião na selva Amazônica.

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Figura 5. Lei da Guerra na Selva 

 No inicio do século XX, foi descoberto pelo General Rondon em meio à floresta e este

 passou a lutar pela sua revitalização. Em 1932 viu seus desejos satisfeitos com a instalação de

um contingente do Exercito do 17º Brigada de Infantaria de Selva, mantendo-se até hoje.

Em 1950 o Forte foi tombado pelo SPHN/Pró-Memória do MEC e da Fundação

Calousta Gulbenkian, de Portugal, como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,

desempenhando a função de monumento histórico, um importante atrativo turístico.

Por meio desta instituição está sendo realizado trabalho arqueológico nas ruínas e buscam

resgatar a memória deste forte. Também está sendo feita a reposição de canhões (fig. 6), que

durante a Guerra do Paraguai foram enviados para o Forte de Coimbra para suprir as

necessidades prementes à época, com a instalação de novos canhões na área de defesa.

Figura 6. Ruínas do Real Forte Príncipe da Beira e Arqueólogos resgatando a sua história.

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E, atualmente cumpre a moderna função de atrativo turístico, transmitindo ao visitante

a imagem laboriosa e construtiva dos nossos antepassados.

Figura 7. Canhões do Real Forte Príncipe da Beira, em restauração.

5 CONCLUSÃO

A discussão das funções sociopolíticas do Marco do Jauru, Forte de Coimbra e do

Real Forte Príncipe da Beira, localizados no sudoeste do brasileiro, procurou evidenciar que

estes objetos foram criados para determinados fins, cumpriram a sua função primeira e

guardam uma história, cuja memória de sua origem é, atualmente, referenciada.

Os territórios são organizados, e, por vários razões podem ser desarticulados; contudo,

neste caso, os três monumentos criados simultaneamente, com funções similares e

complementares, passaram por períodos de inércia, mas foram revigorados, e hoje prestaM

importantes informações históricas e culturais para a versão mais moderna da economia e

lazer, o turismo.

Os espaços produzidos pelo homem são mutáveis na sua estrutura e nas funções, e

atualmente se constituem em importante acervo da nossa história e, paisagens formidáveis de

se contemplar, como atrativos turísticos.  As obras dos fortes demonstram a força da

engenharia portuguesa e a garra de trabalho do homem brasileiro na árdua tarefa de construir,

demarcar território na inóspita região amazônica.

REFERÊNCIAS

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MICHALANY, D. Atlas Histórico, Geográfico e Cívico do Brasil. 7ª. São Paulo: EditoraMichalany S/A, 1959.

MORAES, A. R. C. Bases da Formação Territorial do Brasil: o território colonialbrasileiro no “longo” século XVI. São Paulo: Hucitec, 2000.

MOREIRA DA COSTA, José Eduardo Fernandes. A coroa do mundo: religião. Território eterritorialidade. Cuiabá, MT: Editora da Universidade Federal de Mato Grosso, 2006.

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FORTE NOVO DE COIMBRA. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. (Acesso em10/10/2010).

REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA. Wikipédia, a enciclopédia livre.http://creativecommons.org/ (acesso em 15/04/2010).