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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
GESTÃO DE ESTOQUES: UMA APLICAÇÃO NA NORDESTE ROLAMENTOS LTDA
FELIPE ANTUNES DE SOUZA LEÃO
Natal - 2016
FELIPE ANTUNES DE SOUZA LEÃO
GESTÃO DE ESTOQUES: UMA APLICAÇÃO NA NORDESTE ROLAMENTOS
LTDA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Freire
Medeiros
Natal - 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
GESTÃO DE ESTOQUES: UMA APLICAÇÃO NA NORDESTE ROLAMENTOS LTDA
FELIPE ANTUNES DE SOUZA LEÃO
Monografia apresentada e aprovada em ___ de __________ de ______, pela banca examinadora, composta pelos seguintes membros:
______________________________________ Prof. Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________ Prof. Dr. Antônio Carlos Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
________________________________________ Prof. Dr. Leandro Trigueiro Fernandes
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Natal, ______ de _______________ de 2016.
Dedico este trabalho a minha família, em especial a minha mãe pelo amor incondicional e meu pai pela experiência e
dedicação ao trabalho e à família, pois família é tudo.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado saúde, uma família maravilhosa
que sempre me apoia, além de ter me guiado nos dias bons e nos dias ruins.
Agradeço a minha mãe, Simone, por ter acreditado em mim sempre, por me dar
carinho e apoio necessário para conclusão do curso, além de sempre me incentivar nos
estudos.
Agradeço ao meu pai, Antônio, pela grande experiência de vida, pela sabedoria e
por ser o meu exemplo e inspiração em minha jornada de vida.
Agradeço a meu irmão, Gabriel, por ser meu melhor amigo. Independente das
diferenças que temos, ele sempre será meu irmão e melhor companheiro.
Agradeço a todos que trabalham na Nordeste Rolamentos, pela oportunidade,
ajuda e carinho para que eu pudesse realizar este sonho.
Agradeço ao meu orientador pela dedicação e empenho para que este trabalho
fosse realizado.
Agradeço a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, aos funcionários e
docentes pela estrutura e metodologia de ensino, importantes para o resto de minha vida.
Por fim, agradeço a todos que trabalharam direta e indiretamente neste trabalho,
realização de um sonho e do desenvolvimento de um aluno-trabalhador.
“Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer e triunfar. Enquanto há vida, há
esperança.”
Stephen Hawking
RESUMO
O presente trabalho propõe um conjunto de práticas administrativas para otimizar a gestão de
estoques na empresa Nordeste Rolamentos Ltda, em Natal/RN. Foi realizada uma pesquisa de
natureza exploratória descritiva com o desenvolvimento de um sistema de classificação e
controle dos itens em estoque, com uma amostra de 2.809 itens vendidos entre setembro de
2015 a setembro de 2016. Os resultados da pesquisa identificaram a aplicação da curva ABC,
por meio da qual se criou uma classificação de itens da curva A, B e C pelo critério de valor
investido em estoque versus a demanda do item, bem como um agrupamento e organização
das linhas de produtos da empresa. Verificou-se ainda um sistema de compras e, para cada
classe de produtos da metodologia ABC, utilizaram-se três tipos de sistemas para controle,
sendo: sistema de revisão contínuo, sistema de revisão periódico e sistema de encomenda
único, sendo o primeiro o mais empregado de todos os sistemas. Observou-se cada tipo de
sistema de controle enquadrado em cada produto da classificação ABC. Foram mensurados
todos os custos pertinentes ao adquirir o item, ao manter e a pedir o item em estoque, tudo
para calcular o Lote Econômico de Compras, otimizar a gestão de estoques da Nordeste
Rolamentos Ltda, mensurar o ponto de ressuprimento no sistema de revisão contínuo e o nível
de referência para o sistema de revisão periódico, além de calcular em ambos os sistemas
utilizados o estoque de segurança dado o nível de serviço almejado pela empresa.
Palavras-chaves: Gestão de Estoques. Sistema de Classificação. Curva ABC. Sistema de
controle.
ABSTRACT
This paper proposes a set of administrative practices to optimize inventory management at the
company Nordeste Rolamentos Ltda, in Natal / RN. A descriptive exploratory research was
carried out with the development of a classification and control system for items in stock,
with a sample of 2,809 items sold between September 2015 and September 2016. The results
of the research identified the application of the ABC curve, Whereby a classification of curve
A, B and C items was created by the criterion of value invested in stock versus the demand of
the item, as well as a grouping and organization of the company's product lines. A system of
purchases was also verified, and for each class of products of the ABC methodology, three
types of control systems were used, being: continuous review system, periodical review
system and unique ordering system, the first being the More employee of all systems. We
observed each type of control system framed in each product of the ABC classification. All
pertinent costs were measured when acquiring the item, maintaining and ordering the item in
inventory, all to calculate the Economic Purchasing Lot, to optimize the inventory
management of Nordeste Rolamentos Ltda, to measure the resupply point in the continuous
revision system And the reference level for the periodic review system, in addition to
calculating in both systems used the safety stock given the level of service sought by the
company.
Keywords: Inventory Management. Classification System. ABC curve. Control system.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Organograma da empresa em 2015................................................................... 13
Figura 2: Mapa estratégico da Nordeste Rolamentos para 2014-2015............................. 14
Figura 3: Atividades de quantificação dos modelos de gestão de estoques voltados aos setores da organização....................................................................................... 20
Figura 4: Custos de estoques............................................................................................. 21
Figura 5: Custos logísticos realçados com o Lote de Compra.......................................... 22
Figura 6: Diagrama de causa e efeito na gestão de estoques............................................ 23
Figura 7: Esquemática do processo do sistema de revisão contínuo................................ 24
Figura 8: Gráfico Dente de Serra para ponto de ressuprimento........................................ 25
Figura 9: Gráfico Dente de Serra para nível de referência................................................ 26
Figura 10: A curva ABC..................................................................................................... 28
Figura 11: O Ponto de Ressuprimento................................................................................ 30
Figura 12: Curva de Custo Total Logístico......................................................................... 31
Figura 13: Curva da Distribuição Normal........................................................................... 33
Figura 14: Valor de z em uma distribuição normal............................................................. 34
Figura 15: Mundo Ideal x Mundo Real............................................................................... 36
Figura 16: Curva ABC de estoques por produtos vendidos em 1 ano................................ 46
Figura 17: Lote Econômico de Compras item 22317EAE4C3........................................... 51
Figura 18: Gráfico do custo total do estoque item 22317EAE4C3..................................... 52
Figura 19: Gráfico Dente de Serra do nível de estoque do item 22317 EAE4C3............... 53
Figura 20: Processo aplicado na empresa para tomada de decisão em estoques................ 60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Tipos de Clientes da Nordeste Rolamentos Ltda...................................................... 12
Tabela 2: Tipo de linha com base na classe de importância e estratégia de controle de estoque.......................................................................................................................
44
Tabela 3: Agrupamento das novas linhas de produtos por estratégia de controle......................................................................................................................
46
Tabela 4: Referências de percentuais da curva ABC................................................................ 47
Tabela 5: Itens da curva ABC com os sistemas de estoques aplicados.................................... 50
Tabela 6: Item analisado classe A............................................................................................. 50
Tabela 7: Item analisado classe C............................................................................................. 58
SUMÁRIO
1 PARTE INTRODUTÓRIA........................................................................................... 11
1.1 Caracterização da Organização........................................................................................ 12 1.2 Problema de Pesquisa....................................................................................................... 15 1.3 Objetivos.......................................................................................................................... 16
1.3.1 Geral................................................................................................................................. 16 1.3.2 Específicos....................................................................................................................... 17
1.4 Justificativa do Estudo..................................................................................................... 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 18
2.1 Conceito de Estoques....................................................................................................... 18 2.1.1 Gestão de Estoques na Cadeia de Suprimentos................................................................ 19 2.1.2 Políticas de Gestão de Estoques....................................................................................... 23 2.1.3 Estoques como Vantagem Competitiva........................................................................... 27
2.2 Modelos de Gerenciamento de Estoques......................................................................... 27 2.2.1 Análise da Curva ABC..................................................................................................... 28 2.2.2 Ponto de Ressuprimento.................................................................................................. 29 2.2.3 Lote Econômico de Compras........................................................................................... 30 2.2.4 Estoques de Segurança.................................................................................................... 33 2.2.5 Indicadores de Desempenho............................................................................................ 35
2.3 Estoques de peças de reposição....................................................................................... 36 2.3.1 Previsão da Demanda....................................................................................................... 38
3 METODOLOGIA.......................................................................................................... 41 3.1 Caracterização da Pesquisa.............................................................................................. 41 3.2 População......................................................................................................................... 41 3.3 Dados e Instrumento de Coleta........................................................................................ 41 3.4 Tratamento estatístico e forma de análise........................................................................ 41
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................................... 42 4.1 Contextualização da Pesquisa.......................................................................................... 42 4.2 Aplicação da Curva ABC................................................................................................. 42 4.3 Definição dos Sistemas de Estoques................................................................................ 48
4.3.1 Sistema de Revisão Contínuo.......................................................................................... 49 4.3.2 Sistema de Revisão Periódico.......................................................................................... 56 4.3.3 Sistema de Compra Vendido............................................................................................ 59 4.3.4 Implantação do sistema de controle de estoque............................................................... 60
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................... 61 REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 63
11
1 PARTE INTRODUTÓRIA
O gerenciamento de estoques e materiais sempre foi presente na história da
humanidade, relacionado à escassez e ao excesso de matérias primas, alimentos e
mantimentos para a sobrevivência. A cadeia de suprimentos conhecida hoje nada mais é do
que uma evolução tecnológica dos sistemas de gestão de estoques e armazenagens dos tempos
antigos.
Atualmente, a gestão de estoques atinge todo e qualquer tipo de organização. No
caso deste trabalho de pesquisa, é evidenciado em uma empresa de comércio e distribuição de
rolamentos: a peça chave para o funcionamento das operações da entidade comercial.
Há grandes desafios quanto ao tempo em que a peça fica no estoque até o ponto
em que é vendida – com custos obsoletos ou não. O estoque, de fato, é o pulmão da empresa,
necessitando haver um mix de altos níveis de estoques quanto à imprevisibilidade da
demanda, instabilidade econômica, indexação do câmbio e fatores macroeconômicos
relevantes à natureza do processo de distribuição de rolamentos.
O presente trabalho busca verificar quais procedimentos devem ser adotados para
incrementar a gestão de estoques na empresa distribuidora de rolamentos. Para tanto,
abordam-se os principais métodos de gestão de estoques como a curva ABC, estoque de
segurança e Lote Econômico de Compra, aplicados ao tema abordado. Com isto, visa-se
otimizar a gestão dos estoques da distribuidora, desenvolvendo um modelo sistêmico para
redução de custos de estoques e ao mesmo tempo maximizando o giro dos mesmos.
Este trabalho está dividido em cinco capítulos principais. Primeiramente, é
apresentada a parte introdutória do trabalho, constando a caracterização da organização
analisada, a contextualização e o problema da pesquisa, os objetivos geral e específicos e a
justificativa do estudo. Em seguida, encontra-se o referencial teórico, que apresenta a revisão
da literatura. O terceiro capítulo expõe a metodologia utilizada na pesquisa, abordando a
caracterização da pesquisa, o plano de coleta de dados e o plano de análise dos dados. No
capítulo quatro, é feita uma análise dos resultados da aplicação do trabalho. O quinto capítulo
mostra as conclusões e recomendações do trabalho aplicado na organização utilizada como
exemplo. E, por fim, relacionam-se as referências utilizadas na elaboração da pesquisa.
12
1.1 Caracterização da Organização
A empresa estudada é a Nordeste Rolamentos Ltda. Um comércio varejista de
produtos de reposição e manutenção, localizada no centro do Alecrim (bairro popular do
comércio de Natal), no qual realiza suas atividades empresariais há 13 anos. Seu público alvo
são empresas industriais que necessitam da manutenção mecânica para suas operações, além
de pessoas jurídicas e também os consumidores finais (pessoas físicas).
A empresa atua nos principais e diversos setores produtivos, obtendo uma gama
de clientes, vistos no Quadro 1:
Tabela 1: Tipos de Clientes da Nordeste Rolamentos Ltda.
Clientes empresas (comércio B2B) Setores
Industrial:
Alimentos, plásticos, aço, bebida, petróleo, concreto,
manufatura, agrícola, pesca, têxtil, metalúrgica, cerâmica,
elétrica, siderúrgica, mármore, gás, ferragens, acupuntura,
processamento, usina de cana de açúcar, bens de consumo,
reciclagem, salina.
Serviços:
Equipamentos, ferramentas-máquinas, engenharia térmica,
locação de maquinário para construção civil, lavanderia,
terraplenagem, manutenção de elevadores, manutenção
industrial.
Diversos: Construção civil, transporte público, hotel, shoppings centers,
comércio de peças, gráficas e supermercados.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, ago. 2016.
O produto principal da empresa é o rolamento que, em 2015, representou 62% do
faturamento. Este é dividido em três tipos: Industriais (fixos de esferas, de contato angular,
autocompensador de esferas, rolos cilíndricos, rolos cônicos, autocompensador de rolos,
rolamentos axiais, de agulha, linear, miniaturas, dentre outros); Automotivos (roda, ar
condicionado e outras aplicações); e Especiais (cerâmico, inox, autolubrificável e outras
aplicações). A empresa trabalha paralelamente com diversas linhas de produtos como: anel
elástico, anel o’ring, bombas manuais para graxa e óleo, buchas de fixação, chave de gancho,
correias, esferas, gaxeta, graxa, lubrificantes, mancais, óleos, pino elástico, retentores, rótulas,
selo mecânico, terminal de rótula, produtos de vedação e tinta spray.
13
Atualmente, a empresa trabalha com um quadro funcional com de 5
colaboradores, organizados nos setores de Vendas e Financeiro. A empresa atua com um
Gerente Comercial (Proprietário); um Gerente Financeiro (Sócio); três Vendedores (sendo um
trabalhando na parte externa e três trabalhando de forma interna). (Ver Figura 1).
Figura 1: Organograma da empresa em 2015.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, ago. 2016.
A empresa tem caráter jurídico e econômico como empresa de pequeno porte,
adepta do Simples Nacional, cuja característica tributária é o pagamento de impostos em um
único pacote de contas.
Assaf Neto (2012, p. 20) explicita a definição de microempresa e empresa de
pequeno porte, prevista na lei nº 9.841/99, cuja base de classificação é a receita bruta anual.
Atualmente, a estratégia global da empresa está explicitada no mapa estratégico criado pela
gerencia em 2015. (Ver Figura 2).
Gerente comercial
Vendedor externo
Vendedor interno (central)
Vendedor interno
Gerente Financeiro
14
Figura 2: Mapa estratégico da Nordeste Rolamentos para 2014-2015
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, ago. 2016.
Utilizando a metodologia de Balanced Scorecard, tem-se como objetivos
estratégicos a perspectiva financeira da empresa para Aumentar o ROI, aumentar o
faturamento mensal e reduzir o número de inadimplentes. Evidencia-se a visão global do
indicador, estruturado no aumento da parcela de mercado e na satisfação dos clientes atuais.
A principal decisão financeira da empresa, atualmente, está voltada às
perspectivas de investimento e de financiamento de capital. A decisão de investimento está
galgada na compra de mercadorias uma vez que, devido a fatores de mercado, é exigível ter
um estoque bastante competitivo. Enquanto isto, as decisões de financiamento estão
basicamente ligadas à estrutura de capital próprio da empresa.
15
Conforme explicita o proprietário do estabelecimento, a Nordeste Rolamentos tem
como missão: “Atender e antecipar as necessidades do mercado em que atuamos, sendo uma
empresa ágil e inovadora, agregando valor aos produtos distribuídos, através da excelência
nos serviços oferecidos.” Tem como visão estratégica: “Ser referência no setor através do
crescimento sustentável, ressaltando a inovação e qualidade dos serviços prestados aos nossos
clientes e fornecedores, calcados pelo entusiasmo e comprometimento da equipe de
colaboradores”.
O objetivo financeiro é de fato o retorno econômico para o dono da empresa em
relação ao capital investido em estoque, clientes e ativos permanentes da empresa. O objetivo
atual da empresa é expandir os seus negócios, empreendendo novos pontos de distribuição
dos produtos em outras regiões. Este fato é influenciado pela atual situação do mercado
competidor, o qual está cada vez mais competitivo, voltado à ideia de distribuição em preços
muito baixos (relacionados a competidores de São Paulo, os quais atacam a região do RN).
1.2 Problema de Pesquisa
O gerenciamento de produtos nas prateleiras dos armazéns das fábricas até as
lojas de varejo é patente ao risco em relação à incerteza da quantidade a ser mantida em
estoque, quanto a altas nos custos de compras e principalmente mudanças bruscas e faltas de
estoques nos fornecedores. A gestão de estoques em um mundo globalizado torna-se cada dia
uma tarefa complexa para os gestores, os quais ficam atentos à imprevisibilidade da demanda
e aos custos de manutenção dos estoques, pois quanto mais estoques mais custos estão
embutidos direta e indiretamente nos armazéns. A importância desta matéria para o
gerenciamento da cadeia de suprimentos é vital, pois destaca-se nos níveis operacionais,
táticos e estratégicos da organização, tendo em relevância, segundo Wanke (2011, p. 2) em
como adotar a política de estoques, seja de demanda ou de planejamento com base em
previsões.
Basicamente, a gestão de estoques está ligada ao fator de tomada de decisão dos
gestores em quanto pedir, quando pedir, onde localizar os estoques e quanto manter em
estoque de segurança. Torna-se à tona o dilema de trade-off entre reagir ou planejar a
demanda, antecipar ou postergar as operações, sendo um dilema fielmente utilizado na
logística empresarial.
16
Além da complexidade do gerenciamento dos estoques, atualmente, tem-se o fato
do grande número de itens disponíveis – chegando a tipos de mercados que chegam a 40 mil
itens para gerenciar a quantidade, tempo hábil de entrega e outros fatores. Ainda que haja a
Tecnologia da Informação, que apresenta um alto grau de processamento de dados, cabe aos
gestores tratarem esses dados pertinentes aos estoques em informações de níveis estratégicos
para empresa, fugindo um pouco do fator operacional e tático de decisão.
É de extrema importância o gerenciamento correto dos estoques da empresa, a
mensuração dos seus custos diretos e indiretos, a criação de indicadores de desempenho que
busquem elevar o nível de gerenciamento e, através de métodos quantitativos, prever com
múltiplas variáveis e com desvio padrão a quantidade racional da demanda. Em todo o
processo produtivo, surgem todos e quaisquer tipos de estoques; quer seja de matéria-prima,
produtos em processo ou de produtos acabados. Atenta-se para os estudos de produtos
acabados, principalmente em peças de reposição de baixíssimo consumo que extrapola o ciclo
operacional, com isto há a necessidade de se gerenciar de forma cada vez mais analítica e
decisória os estoques nas organizações.
Com base em estudos aplicados provindos da ciência (estudos os quais utilizam
matemática aplicada, estatística e gestão para solucionar um problema através da criação de
um modelo matemático), a gestão dos estoques atualmente atinge outro nível, havendo um
enfoque multidisciplinar tanto quanto à logística, como para finanças e departamento de
vendas. Face ao exposto, tendo em vista a metodologia multidisciplinar aplicada aos
problemas de previsão da demanda e da quantidade a ser estocada nas organizações, este
trabalho busca identificar:
Quais os procedimentos que a Nordeste Rolamentos deve adotar para otimizar a gestão
dos estoques?
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
• Analisar que procedimentos a Nordeste Rolamentos deve adotar para otimizar
a gestão de estoques.
17
1.3.2 Específicos
• Aplicar a Curva ABC;
• Desenvolver um sistema de classificação dos produtos utilizados na curva
ABC;
• Implantar um sistema de compras para cada classe de produtos segundo a
curva ABC.
1.4 Justificativa do Estudo
A escolha do tema deve-se ao fato de o pesquisador fazer parte da empresa
distribuidora de rolamentos alvo da pesquisa, por trabalhar justamente no departamento de
compras e, consequentemente, fazer parte do gerenciamento do estoque da empresa, o que
facilita o acesso às informações. Quanto à bibliografia, existe material disponível para a
fundamentação teórica do tema proposto.
Devido a fatores recorrentes ao trabalho de gerenciamento dos estoques – tais
como imprevisibilidade da demanda dos clientes de rolamentos, mudança de fornecedor, altas
nos preços de produtos importados quanto a alta do dólar, dimensionamento errôneo nos
níveis de estoques, falta de produtos em trade-off a excesso de outros, além da perda de
competitividade com estoques de custos altos e obsoletos – torna-se pertinente o estudo da
metodologia para gerenciamento dos estoques de forma administrativa, com planejamento,
organização, direção e controle.
Justifica-se ainda a presente pesquisa em função de estudar a gestão de estoques
alinhados a métodos processuais torna-se uma ferramenta de gestão poderosa para evolução
administrativa da organização quanto ao projeto de expansão, alinhado ao poder de uma
política de estoque muito forte para a região na qual atua e busca atuar (fora do estado, em
todo o Nordeste). De fato, o estoque é o principal ativo da empresa, é a peça fundamental para
o seu funcionamento e, com a utilização de ferramentas gerenciais, baseadas em poderosa
análise de dados, vislumbra-se a possibilidade de se maximizar os ganhos com estoque
através de métodos e modelos que formalizem e organizem o processo de gerenciamento dos
estoques de rolamentos.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O estudo proposto fundamenta-se nas teorias de gestão de estoques,
especificamente nos métodos de aplicação de gerenciamento de estoques como forma de
ferramenta de gestão, relacionando estudos em produtos como peças de reposição, a exemplo
dos rolamentos, através de aplicações quantitativas para otimizar os custos dos produtos. Para
isto, abordaremos a gestão de estoques na cadeia de suprimentos de peças de reposição e itens
de reposição industriais fundamentando as principais técnicas alinhadas a métodos
quantitativos.
2.1 Conceito de Estoques
Desde os primórdios, a sociedade se estabelece mediante a necessidade de
suprimentos, seja para a sobrevivência com alimentos ou para o desenvolvimento industrial
com o surgimento de tecnologias de produção, tendo em vista que estas aumentaram a
demanda de peças como rolamentos, parafusos dentre outros tipos de peças industriais. A
escassez de matérias primas com base na falta de recursos mundiais permuta a necessidade de
estocagem dos materiais para proteção às instabilidades de fornecimento, produção e fatores
complexos como o aumento do comportamento da demanda.
São diversos os motivos para se criar estoques em uma organização, tais como
incerteza, produção (transporte em lotes), tempo de transporte, tempo de processamento,
sazonalidade, variação na taxa de atratividade além da especulação de comprar hoje com os
custos de aquisição atuais para tornar-se competitivo no futuro, cujos custos de aquisição se
tornarão mais elevados. (DIAS, 2003)
A função de administração de estoques é a maximização dos investimentos em
materiais no retorno das informações sobre vendas não realizadas e o ajuste do planejamento
da produção. Busca-se minimizar os custos totais investidos em estoque, pois, é claro, de fato,
ter estoques geram custos, entretanto, não ter estoque gera o custo da falta de confiabilidade
do nível de serviço, uma vez que tal situação funciona como amortecedor entre os processos
de produção até a venda ao consumidor final. (MANCUZO, 2003)
Em uma definição pragmática, Mancuzo (2003) busca salientar a finalidade dos
estoques, conforme a seguir:
19
- Melhorar o nível de serviço oferecido;
- Incentivar economias na produção;
- Permitir economias de escala nas compras e no transporte;
- Proteção contra alterações nos preços;
- Proteção contra oscilações na demanda ou no tempo de ressuprimento;
- Proteção contra contingências.
De acordo com Rego (2006), os estoques servem para dois fatores: aumentar o
nível de serviço para com os clientes e reduzir os custos (amortecendo os efeitos das
variabilidades nas operações). Além disto, é classificado como estoque em trânsito (Pipeline),
cíclico, sazonal, segurança, especulativo e obsoleto, em detrimento da forma como o estoque
é tratado na operação do negócio.
Segundo Szajubok (2006), a má administração dos materiais em obras da
construção civil causam atrasos no projeto, ou seja, a gestão dos estoques pode se tornar fator
elementar no processo produtivo, destacando a complexidade da demanda e da tomada de
decisão em um menor tempo possível.
De acordo com Wanke (2012), existem três perguntas-chave na gestão dos
estoques, a saber:
1. Quando pedir?
2. Quanto pedir?
3. Quanto manter em estoque de segurança?
Os estoques permitem maior disponibilidade ao cliente com menor custo possível
dado a maior pressão competitiva do mercado. A demanda dita as regras na gestão de
estoques sendo classificadas como: determinística x randômica; distribuição conhecida x
totalmente desconhecida; dependente x independente. (WANKE, 2012)
2.1.1 Gestão de Estoques na Cadeia de Suprimentos
Para Machline (1981), o estoque tem três finalidades, a saber:
20
- Operação;
- Precaução;
- Especulação.
O giro do estoque propicia o primeiro indicador de desempenho de estoque dito
como turnover, visto no cálculo abaixo:
𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 𝑑𝑑𝐺𝐺 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝐺𝐺𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝐶𝐶𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝐺𝐺 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑚𝑚𝑒𝑒𝐺𝐺𝑚𝑚𝑑𝑑𝑑𝑑𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝑑𝑑 𝑚𝑚𝐺𝐺𝑐𝑐𝑒𝑒𝑒𝑒𝑚𝑚𝐺𝐺𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑐𝑐𝐺𝐺 𝑝𝑝𝑒𝑒𝐺𝐺í𝐺𝐺𝑑𝑑𝐺𝐺
𝐸𝐸𝑒𝑒𝑒𝑒𝐺𝐺𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑚𝑚é𝑑𝑑𝐺𝐺𝐺𝐺 𝑐𝑐𝐺𝐺 𝑝𝑝𝑒𝑒𝐺𝐺í𝐺𝐺𝑑𝑑𝐺𝐺
De acordo com Machline (1981), os pontos negativos de manter estoque: falta de
controle adequados; níveis de estoques altos; custos de manutenção dos estoques; inflação
elevar a taxa de juros, aumentando o custo de aquisição.
Figura 3: Atividades de quantificação dos modelos de gestão de estoques voltados aos setores da organização.
Fonte: Arozo (2006, p. 5)
Complementando, Arozo (2006) explana sobre cada função dos principais setores
da organização que decidem ou influenciam no gerenciamento das variáveis na gestão
eficiente de estoques. (Ver figura 3).
De acordo com Mancuzo (2003), a incerteza da demanda dos produtos (quanto à
variabilidade da demanda ao longo do tempo), a incerteza do ressuprimento (quanto aos
aparelhos logísticos atenderem de forma a chegar em tempo hábil) e a incerteza do
21
fornecimento (qualidade do produto, falta em estoque, erro de processamento do pedido). Os
custos acarretados nos estoques apresentam conforme figura 3:
Figura 4: Custos de estoques
Fonte: Mancuzo (2003, p. 34)
De fato, os altos custos de capital influenciam no risco de aumento dos custos em
manter estoques nas organizações, com isto as organizações sentem a necessidade de estipular
os custos diretos e indiretos de se manter estoques, independente da etapa dos materiais no
processo produtivo da empresa. (MANCUZO, 2003)
As estratégias abrangentes no gerenciamento dos estoques serão com base na
filosofia de trabalho da organização, de modo a ver a produção de forma puxada ou
empurrada. Com base nesses conceitos, surgiram os sistemas JIT (Just In Time) e MRP II
(Material Requirement Planning), cuja função é o desenvolvimento no modo de produzir,
trazendo os estoques como xeque-mate do processo, uma vez que, em falta ou em excesso, os
estoques são custos. (ROGERS, 2004)
De acordo com Wanke (2006), a disponibilidade dos produtos com menor nível
de estoque possível acarreta:
- Diversidade crescente no número de produtos e aumenta a complexidade nos níveis de
estoques dos Pontos de Pedidos e dos Estoques de Segurança;
- Manutenção dos estoques mais onerosos, com elevado custo de capital devido às altas taxas
de juros brasileiros;
22
- Foco gerencial na redução do CCL (Capital Circulante Líquido).
O custo na gestão de estoques é o fator limitante do sistema logístico. De fato, os
estoques tanto podem ser estratégicos como podem ser, ao mesmo tempo custos para as
empresas. Wanke (2006) cita os fatores de redução de custo como:
1. Formação de parcerias entre empresas no Suply Chain Management;
2. Surgimento de operadores logísticos;
3. Adequação de novas tecnologias da informação.
Figura 5: Custos logísticos realçados com o Lote de Compra.
Fonte: Wanke (2006, p. 7)
Realça-se este ponto de vista com base na figura 4.
Moreira (2011, p. 449) realça que os objetivos primordiais dos estoques são:
cobrir as mudanças previstas no suprimento e na demanda; proteger das incertezas e permitir
produção ou compras econômicas.
23
2.1.2 Políticas de Gestão de Estoques
Arozo (2006) justifica o processo de gestão de estoques fracionado em quatro
aspectos: Primeiramente ligado às políticas e métodos quantitativos empregados desde o
processo de planejamento até o controle do processo; o tipo de tecnologia empregada; o
âmbito organizacional (cultura, crenças, hábitos e símbolos) e o monitoramento do
desempenho do processo.
De fato, evidencia-se o efeito sobre a gestão de estoques diante das seguintes
causas raízes, conforme visto na figura 5:
Figura 6: Diagrama de causa e efeito na gestão de estoques.
Fonte: Arozo (2006, p. 6).
De acordo com Freire (2007), as políticas de estoques, de forma geral, buscam
decidir racionalmente quando e quanto reabastecer. Exemplos de políticas de estoques se dão
conforme a seguir:
- Política de revisão periódica: Os intervalos de tempos são iguais;
-Política de reposição do máximo: O Ponto de Pedido é igual ao Estoque Máximo;
-Política de revisão contínua: O reabastecimento dos estoques é feito de forma contínua a
cada baixa dos produtos ao estoque mínimo;
24
-Política de quantidade fixa de reposição: A cada reabastecimento do produto é feita a
mesma quantidade do pedido anterior, assim sucessivamente;
-Política de estoque base: Ordenada a reposição a cada retirada do estoque.
Conclusivamente, os tipos de políticas de estoques são divididos em contínuos e
periódicos, sendo os mais comuns na literatura. A política de estoques de revisão contínua
trata o reabastecimento de forma fixa com determinação do tempo exato de reabastecimento,
repetindo diversas vezes em uma série temporal. Enquanto isso, a política de revisão periódica
trata o reabastecimento dos estoques baseada em ciclos de tempo diferentes para cada item,
não determinando fixamente o tempo exato do pedido. (FREIRE, 2007)
Em relação ao sistema de revisão periódica, no qual o estoque é controlado
continuamente, Moreira (2011, p. 486) cita que, quando o nível de estoque descer a certa
quantidade prefixada (Ponto de Ressuprimento), emite-se um novo pedido. Além disto, o lote
de compra é sempre constante, assumido como o Lote Econômico de Compras.
Figura 7: Esquemática do processo do sistema de revisão contínuo.
Fonte: Adaptado de Moreira (2011, p. 489)
Para tanto, o sistema de revisão contínua é contemplado com o seguinte sistema
conforme fluxograma 1. (MOREIRA, 2011) e conforme gráfico 1, a seguir.
1º Cálculo do Lote Econômico de
Compras 2º Cálculo do Ponto de Ressuprimento
3º Cálculo do Estoque de Segurança
25
Figura 8: Gráfico Dente de Serra para ponto de ressuprimento.
Fonte: Adaptado de Moreira (2011, p. 492).
Já o sistema de revisão periódica utiliza-se do tempo de espera constante, entrega
feita de uma só vez e não há interação entre os itens. Contudo, usa-se a revisão de intervalos
fixos com a quantidade encomendada tal que o estoque seja levado a um nível de referência,
sendo uma quantidade prefixada como um valor máximo possível do estoque do item a
qualquer tempo. O nível de referência é fixado para cobrir a demanda até a próxima revisão
de estoque, sendo a quantidade de encomenda variável. (MOREIRA, 2011).
O Nível de referência é dado como a soma entre a média consumida durante
encomendas e o estoque de segurança conforme equação abaixo:
𝑻𝑻 = 𝒎𝒎 (𝑷𝑷 + 𝑳𝑳) + 𝒛𝒛 .�(𝑷𝑷 + 𝑳𝑳).𝝈𝝈𝟐𝟐
Onde,
T = Nível de Referência;
m = Consumo médio diário do item;
P = Período entre encomendas;
L =Tempo de espera do pedido;
z = Nível de segurança, conforme a distribuição normal;
σ = desvio padrão do consumo médio diário do item.
Para tanto, evidencia-se o nível de referência conforme gráfico a seguir.
(MOREIRA, 2011).
26
Figura 9: Gráfico Dente de Serra para nível de referência.
Fonte: Adaptado de Moreira (2011, p. 493).
Tem-se que, nos tipos de sistema de revisão contínua e de revisão periódica, a
inflação não planejada influencia tanto na macroeconomia como nos sistemas de estoques.
Devido à falta de regulamentação da alta dos níveis de preços, pode haver alteração na
decisão de estoques, pois aquela se torna uma determinante no aumento repentino dos custos
de aquisição dos estoques. Influencia-se no aumento dos estoques de segurança, devido à falta
de confiança de que os preços se manterão estáveis ao longo do tempo, acarretando no
sistema de compras antecipados. (MACHLINE, 1981).
Rego (2006) explicita a demanda como determinística ou probabilística, além do
modelo de classificação conforme a política de estoque com seus respectivos sistemas,
conforme a seguir:
- Sistema de Revisão Contínua: (S, Q), (S, S);
- Sistema de Revisão Periódica: (T, S), (T,s,S).
Complementando, Moreira (p. 497, 2011) se utiliza do sistema para encomenda
única para itens que se adaptam à situação: encomenda-se no pedido a quantidade que será
consumida no futuro, sem haver com precisão a quantidade do lote econômico de compras;
neste caso, a demanda não é conhecida, cada unidade da mercadoria tem um custo de
aquisição e cada unidade vendida propicia um lucro e cada unidade não vendida possui um
valor residual que pode ou não ser suficiente para cobrir o custo de aquisição.
27
2.1.3 Estoques como Vantagem Competitiva
Freire (2007) ressalta que os custos envolvidos na gestão de estoques são: custo
do pedido, custo de armazenagem e custo de falta do item. Com isto, foram testados modelos
teóricos com base na simulação computacional (buscando soluções para o problema gerencial
da organização estudada) para de fato caracterizar a influência de cada custo em cada
processo de decisão de reabastecimento. Têm-se, assim, os parâmetros do modelo para melhor
gestão dos estoques, a saber:
Variabilidade da demanda;
Incremento de demanda por período;
Sazonalidade;
Demanda média;
Replicações;
Quantidade de períodos.
O ponto crítico para a tomada de decisão no gerenciamento dos estoques é a
quantificação correta do estoque de segurança nas organizações, por meio da qual se almeja
responder a seguinte questão: Qual é o estoque mínimo que irá garantir o nível de serviço ao
cliente desejado pela empresa? (GARCIA, et. al, 2004).
Os custos de manutenção e backorders são esquecidos pelas finanças da empresa,
causando um alto impacto na logística e operações da organização, os mesmos vistos como
custos a serem reduzidos para o alcance da meta de orçamento. A mensuração dos custos de
manutenção é o primeiro passo para que a política de estoques da empresa seja avaliada de
forma tática e estratégica. Pois, sem a mensuração dos mesmos, tende-se ao
superdimensionamento dos estoques de segurança. (GARCIA, et. al, 2004)
2.2 Modelos de Gerenciamento de Estoques
Relacionando as estratégias, destacam-se três principais modelos tradicionais de
gerenciamento dos estoques: Sistema ABC, Ponto de Pedido e Lote Econômico de Compras.
No sistema ABC, classificam-se os estoques em três grupos (A, B, C), de modo que 20% dos
28
itens representam 80% do valor total em estoque, isto explicita a prioridade de itens que se
devem manter em estoque e itens que não deverão ter em estoque. (ROGERS, 2004)
2.2.1 Análise da Curva ABC
O uso da classificação ABC por si só, sem tomar os devidos cuidados acarreta em
um mau gerenciamento dos estoques por conta de seu modelo arbitrário de classificação,
contemplando apenas uma variável de input. (MANCUZO, 2003)
Como visto na curva ABC (ou dito como curva 20-80), a seleção de um bom
critério de medidas eleva o grau de confiabilidade do sistema, evidenciando um maior acerto
na previsão da demanda e, consequentemente, no nível correto de estoques no qual os itens
são classificados por classe. (SZAJUBOK, 2006)
Moreira (2011, p. 452) explica que a metodologia ABC foi desenvolvida através
de critérios de importância, pois existem itens que exigem altos investimentos em estoques
durante o ano e merecem maior atenção quanto a itens de menor valor de investimento.
Empiricamente, há uma pequena parcela dos itens que é responsável pela maior parte dos
investimentos, provavelmente 20% dos itens respondam por até 70% a 80% do investimento
quanto à classe intermediária em que 20% dos itens correspondem a 20% do investimento e,
finalmente, 60% a 70% dos itens correspondem a 10% do investimento total, conforme figura
a seguir.
Figura 10: A curva ABC
Fonte: Adaptado de Moreira (2011, p. 452)
29
Com base na figura 6, conclui-se uma classificação quanto às regiões da figura,
sendo:
A região A corresponde a um pequeno número de itens responsáveis pela maior
porcentagem acumulada dos investimentos, devendo os itens mais importantes terem
uma maior atenção e seu controle;
A região B corresponde a número intermediário de itens com uma parcela
intermediária na porcentagem acumulada de investimentos e que devem receber
atenção, porém menos do que a região A;
A região C corresponde ao maior número de itens responsáveis por pequena parte dos
investimentos, devendo ser controlados com menor rigor relativo aos itens das classes
anteriores. (MOREIRA, 2011)
2.2.2 Ponto de Ressuprimento
Rogers (2004) explana o Ponto do ressuprimento que considera os níveis de
estoque e a demanda constante, representando o tempo necessário para que ocorra uma
reposição de estoques, mediante a fórmula abaixo:
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑝𝑝 𝑥𝑥 𝑑𝑑
Onde,
• p = Prazo de entrega;
• d = demanda diária.
Moreira (2011, p. 489) evidencia que o Ponto de ressuprimento é o momento
correto do nível de estoque em que se deve colocar um pedido para o fornecedor, almejando
que o nível do estoque do item não chegue a zero, acarretando o custo da falta do item.
30
Figura 11: O Ponto de Ressuprimento
Fonte: Adaptado de Moreira (2011, p. 492)
O Ponto de Ressuprimento, ou Qr, é determinado conforme fórmula abaixo:
𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝒎𝒎 + 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸
Onde,
Qr = Ponto de Ressuprimento;
m = média de consumo diário;
Qres = Estoque de segurança.
Para tanto, observa-se a figura 11, o qual exemplifica o Ponto de Ressuprimento,
conforme Moreira (2011).
2.2.3 Lote Econômico de Compras
Em grande parte das organizações dos EUA utilizam do LEC (Lote Econômico de
Compras) para a gestão de estoques. Porém, os estudos acadêmicos e a prática empresarial
apontam uma lacuna entre a teoria e a prática, muitas vezes criadas pelas tensões, tais quais,
segundo Rego (2006) apresentam-se:
Ênfase no pensamento x Ênfase na ação;
Particularismo x Generalismo;
Conhecimento tácito x Conhecimento explícito;
Solução dos problemas X Construção de teorias.
31
O lote econômico de Compras (LEC) determina o volume ideal de recursos
aplicados em estoques, minimizando ao mesmo tempo o custo total, no qual se trabalha com
várias hipóteses para o modelo, conforme a seguir, de acordo com Rogers (2004):
- Recebimento instantâneo dos pedidos;
- Não existem descontos;
- Existem apenas dois tipos de custos;
- Não racionamento de recursos;
- Os preços são constantes;
- Cada estoque é analisado independentemente;
- Demanda constante;
- Não existe risco.
Tal como visto em Rogers (2004), as várias hipóteses para aplicação do modelo,
evidenciam o cálculo para chegar-se à quantidade ótima de pedido:
𝐿𝐿𝐸𝐸𝐶𝐶 = �2 𝑋𝑋 𝐷𝐷 𝑋𝑋 𝑚𝑚𝑝𝑝
𝑚𝑚𝑚𝑚
Onde,
LEC = Lote Econômico de compras, expresso em quantidade;
D = Demanda anual do item;
Cp = Custo do pedido do item, expresso em R$;
Cm = Custo de manutenção do item, expresso em R$.
Figura 12: Curva de Custo Total Logístico
Fonte: Rogers (2004, p. 8).
32
Da quantidade ótima dada à resolução da equação chega-se à derivada da curva do
custo total que minimiza, ao mesmo tempo, os custos de manutenção e de pedido de estoque,
conforme figura 6.
Em Moreira (2011, p. 459) evidencia-se a estrutura de custos para o
desenvolvimento do LEC, no qual temos:
o Custo de aquisição do item: O custo de comprar o material para empresa, expresso em
valores monetários;
o Custo do pedido: O custo de pedir o item para o fornecedor, no qual engloba a
manutenção de toda a estrutura do setor de compras da empresa, o custo do transporte
e o custo de inspecionar a mercadoria;
o Custo de manutenção: O custo de manter o item em estoque, relativamente utiliza-se
de dois custos para a sua mensuração, sendo o custo de capital (i) e o custo de
armazenagem (a);
o Custo da falta de estoque: O custo de não ter o item em estoque e não atender a
demanda imediata do item.
Por meio do cálculo do custo total do estoque, com base na fórmula a seguir, que
através da derivada conclui-se em chegar ao valor exato do Qc ou Lote econômico de
compras, sendo a quantidade que otimiza os custos de pedir e de manter o item do estoque.
𝑪𝑪𝑻𝑻 = �𝑪𝑪𝑪𝑪.𝑫𝑫𝑸𝑸𝑸𝑸� + 𝑪𝑪𝒎𝒎 . (
𝑸𝑸𝑸𝑸𝟐𝟐
+ 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸)
Onde,
CT = Custo Total do estoque;
Cp = Custo de pedir o item;
D = Demanda anual do item;
Qc = Lote Econômico de Compras do item;
Cm = Custo de manutenção do item;
Qres = Estoque de segurança.
Temos que, derivando esta equação: 𝒅𝒅𝑪𝑪𝒅𝒅𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸
= −𝑪𝑪𝑪𝑪.𝑫𝑫.𝑸𝑸𝑸𝑸−𝟐𝟐 +𝑪𝑪𝒎𝒎𝟐𝟐
33
No ponto mínimo, temos Qc = LEC e Dct/DqC = 0, logo:
−𝑪𝑪𝑪𝑪. 𝑫𝑫𝑳𝑳𝑳𝑳𝑪𝑪𝟐𝟐
+ 𝑪𝑪𝒎𝒎𝟐𝟐
=0
Reagrupando, temos a fórmula conhecida, conforme Moreira (2011):
𝑳𝑳𝑳𝑳𝑪𝑪 = �𝟐𝟐 .𝑪𝑪𝑷𝑷 .𝑫𝑫𝑪𝑪𝒎𝒎
2.2.4 Estoques de Segurança
O dimensionamento dos estoques de segurança baseia-se no cálculo da
probabilidade da necessidade por um determinado item em estoque em um dado período, tal
que a média estima, objetivamente, o valor menor ou maior à necessidade esperada, no qual o
desvio padrão estipula a dispersão dos dados de nível de estoques. A curva Normal de
probabilidade vista abaixo evidencia esta aplicabilidade no âmbito de estoques de segurança,
que nada mais é do que um nível de confiança, mediante se vê na figura 7. (GARCIA, et. al,
2004)
Figura 13: Curva da Distribuição Normal
Fonte: Garcia et. al (2004, p. 10)
34
Para Garcia (et. al, 2004), o estoque de segurança é dimensionado como uma
função do nível de serviço ao cliente e das médias e desvios padrões da demanda por unidade
de tempo e do leadtime do ressuprimento.
Rogers (2004) fundamenta os estoques de segurança como proteção às incertezas
de quantidades, períodos de entrega, atrasos na produção, variações na demanda e pedidos
urgentes. Tem-se como variáveis a frequência de novos pedidos, nível de serviço, lead time e
variabilidade da demanda.
Moreira (2011, p. 491) calcula o estoque de segurança conforme equação abaixo:
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝒛𝒛 .𝝈𝝈𝑳𝑳
Onde,
Qres = Estoque de segurança;
z = número de desvios padrões que serão tomados à direita da média, conforme figura 8;
σL = desvio padrão do consumo diário durante o tempo de espera.
Figura 14: Valor de z em uma distribuição normal.
Fonte: Adaptado de Moreira (2011, p. 490)
35
2.2.5 Indicadores de Desempenho
De fato, todo o sistema de monitoramento estará atrelado à indicadores de
desempenho, necessitando do gestor uma visão global de todo o processo de gestão de
estoques, no qual ocorrem dois tipos básicos de custos: custo de manutenção de estoques e
custos associados à falta dos mesmos. (AROZO, 2006).
Com base no custo de manutenção do estoque, Arozo (2006) suscita a diferença
entre valor e custo de estoque baseado no custo de oportunidade que a empresa calcula tendo
assim o grau de importância do estoque na rentabilidade do negócio. Além deste ponto,
explicita-se a necessidade de todo o conhecimento do fluxo de material, pois cada produto da
empresa tem suas características distintas de demanda.
Contudo, destaca-se o uso de mais de um indicador, sendo o índice de cobertura
do estoque o dosador de que o estoque existente é suficiente para atender a demanda.
Relacionando os indicadores, podem-se destacar dois tipos de indicadores
atrelados ao gerenciamento dos estoques: Indicadores de nível de serviço (custo da falta e
indicadores de monitoramento de disponibilidade) e indicadores de conformidade (tendo a
função de monitoramento de todos os aspectos e incertezas impactantes para o nível de
estoques).
O nível de serviço é uma variável de desempenho da gestão de estoques, já que
através da disponibilidade do item em estoque determina-se o fill rate, a taxa de atendimento,
a probabilidade de faltas e emissão de pedidos parcial ou total. De fato, a falta do produto em
estoque gera insatisfação ao cliente, podendo o mesmo nunca mais voltar a empresa, uma vez
que não fora atendida a demanda. (DIAS, 2003).
De acordo com Mancuzo (2003), os indicadores de desempenho de estoques estão
relacionados à rotatividade dos estoques e dos volumes de vendas. O objetivo geral da gestão
de estoques é a resposta aos seguintes questionamentos: “O que deve permanecer em
estoque?”, “Quando devem se reabastecer os estoques?”, “Quanto de estoques será necessário
para certo período?”, “Deve-se acionar suprimentos para execução da aquisição de
estoques?”, “E quanto a receber, armazenar e entregar os materiais estocados?”, “Como
controlar os estoques em termos de qualidade e valor?”
36
2.3 Estoques de peças de reposição Figura 15: Mundo Ideal x Mundo real
Fonte: Wanke (2006, p. 20)
De acordo com Wanke (2006), existe uma diferença entre o mundo ideal, baseado
nas teorias estáticas, e o mundo real, baseado nas aplicações e demanda com incerteza, visto
na figura 10.
Os modelos se adequam em um mundo ideal cujo: a demanda é previsível, a taxa
de consumo médio é previsto dia a dia e não há incerteza de fornecimento e atraso no
leadtime. Enquanto isto, no mundo real há imprevisibilidade da demanda, variação no
leadtime de ressuprimento, os estoques de segurança são dimensionados na expectativa da
probabilidade da falta de estoque. (WANKE, 2006)
Wanke (2005) realça o uso de metodologia para a gestão de peças de reposição.
Peças de reposição são caras, a demanda é errática e difícil de prever, os tempos de resposta
são longos e estocásticos e há necessidade de rapidez na entrega das peças aos clientes.
Abordagens como a determinação do último pedido, determinação do intervalo ótimo de
revisão e determinação da política de estoque com base na criticidade dos itens são filosofias
empregadas nos estudos da demanda e de quanto manter em níveis de estoques.
Dias (2003) explicita o estoque em multicamadas como um sistema de gestão de
estoques no qual possui mais de um ponto de estocagem, exemplo das empresas matriz e
filiais. O efeito chicote está relacionado à consequência na eficiência do fluxo dos materiais
na cadeia de suprimentos, cuja variabilidade é maior nos pedidos dos distribuidores aos
fornecedores do que nos pedidos dos clientes finais aos distribuidores. A redução do efeito
37
chicote dá-se na melhoria no processo logístico (redução do tempo de ressuprimento,
formação de lotes de compras) e no compartilhamento de informações (reduzindo os efeitos
de políticas comerciais dos fornecedores).
Relacionando as variáveis do problema com a gestão de estoques de peças de
reposição relaciona-se:
- Leadtime de cada peça;
-Custo associado pela falta de cada peça;
-Custo de armazenagem de cada peça;
-Custo do pedido.
Em detrimento da política de melhor desempenho na gestão de estoques de peças
de reposição, Dias e Correa (1999) concluem que é preciso estudar a fundo o padrão da
demanda de peças de reposição, pois cada produto tende a ter um comportamento de demanda
relativamente de baixíssimo giro ou demanda aleatória. Além desta questão, é necessária a
flexibilidade da simulação para construir modelos eficientes com base na adaptação das
variáveis e parâmetros através do problema transposto do modelo.
De acordo com Gomes e Wanke (2008), a especificidade da gestão de peças de
reposição foge da gestão de estoque convencional – com uso dos modelos tradicionais do
Lote Econômico de Compras e Ponto de Pedido nos quais cabe a cada caraterísticas de tipos
de produtos a estocagem evidenciada em modelos específicos para a solução de um problema.
A variabilidade da demanda, os altos custos de aquisição e o risco de
obsolescência são fatores elementares que ocasionam sérios problemas no planejamento dos
estoques, acarretando o baixo nível de serviço aos clientes. (GOMES; WANKE, 2008)
Rego (2006) aponta a importância das peças de reposição no mercado nacional
devido: ao aumento da complexidade dos produtos, que aumentam os custos dos
componentes; ao fato de os clientes terem expectativas cada vez maiores sobre a qualidade
dos produtos e dos serviços associados; e ao ciclo de vida dos produtos reduzidos e pressão
para se reduzir tempos de desenvolvimento de novos produtos. Com isto tem-se feito a
demanda de peças de reposição mais voláteis e mais difíceis de prever.
38
Silva (2009) aponta a gestão de estoques de peças de reposição com altos custos
de manutenção devido ao baixo giro de estoques. Muitos desses itens são estratégicos e a falta
dos mesmos causam um impacto direto no processo produtivo. A política de estoques de
peças de reposição se diferencia por conta da demanda ser intermitente e definida como uma
demanda aleatória com grande proporção de valores nulos. Silva (2009) retrata este tipo de
demanda como slowmoving, dito abaixo como giro, demanda errática, intermitente, não
frequente onde variam o tamanho do lote de pedido o qual ocorre em intervalos irregulares.
A demanda é evidenciada como intermitente se o tempo médio entre ocorrências
consecutivas é consideravelmente maior do que o intervalo de tempo de atualização de
previsão. (SILVA, 2009)
A modelagem útil para o problema de gerenciamento de peças de reposição é
evidenciada por Silva (2009) por meio de parâmetros-chave como: criticidade, características
de fornecimento, problemas de estoques e taxas de uso. As modelagens matemáticas para este
tipo de problema são: o método de Programação Linear, Programação Dinâmica, Cálculos
complexos e simulação. O eventual impacto na modelagem é, de fato, a otimização dos custos
de estoques e dos níveis de serviços aos clientes.
Para a gestão de peças de reposição são classificados os tipos de peças: se são
reparáveis ou de consumo. Os tipos de peças de reposição são classificados quanto ao nível de
consumo expresso em equações, no qual peças de baixíssimo consumo são peças cujo
consumo médio é inferior a uma unidade por ano, conforme fórmula da política de não manter
estoque (custo total). (WANKE, 2012)
2.3.1 Previsão da Demanda
De acordo com Dias (2003), é fundamental o estudo da demanda, bem como os
níveis de serviço, políticas de estoque e o dilema logístico de trade-off. De fato, sistemas ditos
como multicamadas apresentam uma relação denominada de efeito chicote (consequências na
ponta do canal que influencia todo um sistema interligado), além do compartilhamento de
informações como elos chaves para o entendimento objetivo da gestão de estoques como um
todo.
Os tipos de demanda classificam-se em Demanda Dependente, determinada pela
previsão ao longo de uma série temporal, enquanto a Demanda Independente necessita do
39
estudo aprofundado da questão da aleatoriedade da série temporal – tendência da linha de
progressão futuro, sazonalidade e ciclicidade. (DIAS, 2004)
Segundo Freire (2007), quanto mais completos os modelos de previsão, melhor o
desempenho do atendimento à demanda, com base na distribuição de Poisson e a Normal. De
fato os modelos de estoques baseiam-se nos modelos quantitativos estáticos tais quais:
tendência da demanda, ciclicidade, sazonalidade e irregularidade.
A estatística é empregada na previsão da demanda justamente em métodos
estáticos, de forma a desenvolver uma medida de desempenho na análise simples de dados,
seja do comportamento da demanda em meses, relacionadas com outras variáveis. Medidas
como média, média móvel e suavização exponencial são métodos estatísticos que, de forma
básica, desenvolve uma análise estatística de formulação da previsão da demanda, estudando
assim os desvios de previsão. (FREIRE, 2007)
De acordo com Garcia (et. al, 2004), o princípio para a melhor gestão dos
estoques é modelar todo o processo logístico, mesmo que seja em fluxogramas, para poder
detectar a incerteza na demanda e a sua previsão – aqui erros de previsão são ao máximo
evitados nos métodos quantitativos aplicados.
A variabilidade da demanda com sua previsão devem ser calculadas e estudadas a
título de organizar estatisticamente os desvios-padrão ao longo do tempo, podendo também
evidenciar um aumento na demanda dado um determinado período de tempo além da
tendência da demanda do futuro, se haverá uma tendência de crescimento ou decrescimento.
(GARCIA, et. al, 2004)
Outro fator a ser posto a priori é a incerteza do leadtime (intervalo entre a
colocação do pedido e a sua disponibilidade). Garcia (et. al, 2004) evidencia a subdivisão do
leadtime em diversas etapas para quando chegar o produto no estoque possa se diagnosticar
em qual processo ocorreu o gargalo de atraso para a entrega (se fora a colocação do pedido, a
resposta do fornecedor, logística de estoque em trânsito, tipo de modal e outros fatores).
Quanto menor for a variabilidade do leadtime, menores serão os estoques de segurança.
O leadtime influência nos estoques quando o material chega efetivamente no
armazém, a custo de pedir a quantidade correta para duas semanas atrás, mas ao mesmo
tempo, ter pedido a quantidade menor para a nova demanda (trazendo a média de vendas no
leadtime do processo de compras, a parte que o produto fora consumido neste período).
O controle de estoques objetiva o balanceamento dos custos de manutenção,
aquisição e de faltas, para isto é de suma importância os dados adquiridos com a demanda dos
40
itens. Para o sistema de organização, controlam-se os estoques com base na natureza da
demanda de cada produto, relacionados com os seguintes tipos: (MANCUZO, 2003)
Demanda Permanente;
Demanda Sazonal;
Demanda Irregular;
Demanda Declínio;
Demanda Derivada.
A previsão da demanda é de suma importância para a gestão de estoques, sendo o
ponto inicial do estudo dos níveis de estoques, de quanto pedir e quando pedir. Segundo
Mancuzo (2003), a disponibilidade de dados, tempo e recursos desenvolvem um horizonte de
previsão para o início dos apontamentos quanto ao comportamento da demanda e seus
desvios-padrão.
Mancuzo (2003) explicita dois métodos para a previsão da demanda: método
qualitativo (voltado aos métodos subjetivos de análise de dados) e quantitativo. No caso de
métodos quantitativos estão divididos em métodos causais (regressão simples e múltipla) e
séries temporais (aditivo e multiplicativo).
Silva (2009) evidencia as causas do comportamento da demanda intermitente, a
saber:
- Transferência de estoques com ponto matriz para fontes fora do sistema, gerando períodos
de grande pico de consumo com períodos de consumo nenhum;
- Condições diferenciadas de uso geram falhas de uso em detrimento da vida útil;
- Diferentes técnicas de manutenção preventiva, preditiva ou corretiva acarretam períodos de
grande demora da troca da peça ou a troca repentina;
- Consumo de materiais de estoque em projetos industriais.
O consumo de massa fora estudado por Wanke (2012), em detrimento a itens de
baixo consumo. O consumo de massa apresenta um consumo histórico de 300 un/ano no
mínimo. A modelagem dos níveis de estoques se dá pela fórmula do PP (ponto de pedido) e
do ES (estoque de segurança).
41
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da Pesquisa
O presente trabalho verificou que práticas administrativas devem ser adotadas
para incrementar a gestão de estoques na empresa distribuidora de rolamentos em Natal/RN.
Portanto, trata-se de uma pesquisa, segundo Tripodi (1981, p. 40), exploratória, descritiva,
subtipo estudo de caso (BRUYNE, 1977, p. 224-228). Aplicaram-se técnicas de modelos de
gestão de estoques (Curva ABC, Lote Econômico de Compras, Estoques de Segurança e
indicadores de desempenho) em todos os produtos da organização. Conclusivamente,
evidenciou os benefícios do novo sistema (metodologia empregada para otimizar a gestão de
estoques) em detrimento da política antiga no qual não se utiliza nenhum método para análise,
somente fatores qualitativos da gerência da empresa.
3.2 População
A população desta pesquisa compreende os dados relacionados aos itens em
estoque da empresa distribuidora de rolamentos, constituído de 2.809 produtos vendidos entre
setembro de 2015 a setembro de 2016 no sistema de informação da empresa, com 57 linhas de
produtos, desde o rolamento até lubrificantes como tintas sprays.
Foram relacionados para o trabalho de pesquisa apenas as 33 linhas essenciais
para o modelo de gerenciamento de estoques, ditas como peças de reposição.
3.3 Dados e Instrumento de Coleta
Os dados primários foram obtidos através dos dados coletados no sistema de
informação (ERP) da organização pelo pesquisador.
3.4 Tratamento estatístico e forma de análise
Para a análise quantitativa e a descrição de dados foram utilizadas técnicas
estatísticas através de aplicativos computacionais, como por exemplo, o EXCEL. Na análise
qualitativa (interpretação de dados), foi feito o elo entre a teoria e os dados (resultados).
42
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Contextualização da Pesquisa
A empresa Nordeste Rolamentos Ltda. atua na venda de produtos de peças de
reposição dos segmentos agrícola, automotivo e industrial, tendo como seu segmento
principal a venda de rolamentos e acessórios, num mix muito satisfatório de materiais.
Além de comercializar rolamentos e outras peças de reposição, a empresa trabalha
desenvolvendo um programa de gerenciamento de ativos (AIP) com os clientes industriais
com o objetivo de reduzir os custos de manutenção dos respectivos clientes, ao mesmo tempo
aumentando o desempenho quer seja dos rolamentos (executando a manutenção preventiva),
quer seja das pessoas envolvidas na manutenção industrial através de treinamentos sobre
rolamentos (introdução aos rolamentos, melhores práticas de instalação, análise de falhas
dentre outros). Sendo este programa desenvolvido juntamente com a fábrica de rolamentos
NSK do Brasil da qual a Nordeste Rolamentos Ltda. é distribuidora autorizada no estado do
Rio Grande do Norte há mais de 13 anos.
Atualmente, a empresa atua nos estados do Rio Grande do Norte, no qual tem suas
instalações próprias, e na Paraíba (mercado no qual trabalha há mais de um ano). A empresa
tem como pensamento estratégico ampliar seus mercados e atuar em toda região Nordeste.
O presente estudo buscou elaborar um método procedimental para otimizar o
departamento de gestão de estoques da empresa estudada para o qual antes não havia um
método eficaz de compras para minimizar os custos totais em estoque.
4.2. Aplicação da Curva ABC
A situação atual da empresa, em termos de nível de importância dos estoques,
nunca fora planejada a fundo, item por item, com exceção dos rolamentos da marca NSK para
os quais mensalmente é feito um pedido para suprimento dos estoques.
De fato, a empresa tem o estoque como o pulmão da organização, tanto do ponto
de vista operacional, como também mercadológico e financeiro, pois a razão principal da
empresa é o comércio de peças de reposição, e o rolamento é o seu carro chefe. Para a
construção da Curva ABC, o primeiro passo foi dado através da análise do sistema ERP
(Enterprise Resource Planning) com que a organização trabalha em seu portfólio de produtos,
43
nos quais tem em estoque físico mais de 59 linhas de produtos. Evidencia-se um estudo
profundo nas linhas de produtos cadastrados no sistema ERP, sendo que partes das linhas são
sublinhas de um grupo de linhas relacionados aos produtos, tendo como exemplo a linha de
rolamentos, desmembrado em: rolamentos, rolamentos automotivos, rolamento esfera,
rolamento agulha rolamento linear, dentre outros.
Observou-se que, do ponto de vista da gestão de estoques, necessita-se que o
sistema divida as linhas de produtos em sublinhas a fim de administrar melhor as compras,
com relação ao agrupamento correto das linhas de produtos.
Tabela 2: Tipo de linha com base na classe de importância e estratégia de controle de estoque.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
44
No curso desta pesquisa, verificou-se a necessidade de organizar e reduzir as 59
linhas de produtos – com as quais a Nordeste Rolamentos trabalha e tem cadastradas – para
33 linhas no total, dividindo as linhas anteriores em agrupamento por familiaridade dos
produtos, ver anexo.
Para tanto, destacam-se os tipos de linhas, agrupadas para facilitar o setor de
compras em termos de organização dos suprimentos, devido ao produto em estoque ser
especificamente técnico. Temos como exemplo o tipo de linha gerado em “componentes
mecânicos de transmissão de potencias”, o qual agrupa as linhas de: rolamentos, guia linear,
terminal rótula e rótulas. Com isto, determinou-se uma tabela, baseada nos dados do ERP
quanto à venda anual por linha de produtos, a seguir.
Tendo em vista a tabela 1, os materiais foram relacionados por classe de
importância com base nos dados obtidos no sistema ERP em vendas anuais por linha de
produtos, de setembro de 2015 a setembro de 2016. Quanto à classe de importância, a própria
empresa conhece de modo informal os níveis de importância por linhas de produtos, devido
ao principal foco dos investimentos em estoques se encontrar na linha de rolamentos.
Contudo, verificou-se que outras demais linhas, principalmente da classe A e B, poderão, em
meios práticos, tornarem-se oportunidades futuras de investimentos planejados em estoques.
Para tanto, um estudo aprofundado dos fornecedores, preços, prazos de entregas, flutuações
do mercado e câmbio devem ser pensados no planejamento.
Num segundo momento, para facilitar e padronizar o processo de compras na
empresa observaram-se também as estratégias de controle, cujos produtos foram segmentados
por grupos de linhas, de forma a facilitar as compras dos devidos materiais, uma vez que os
fornecedores são os mesmos para estes tipos de linhas, conforme se verifica na tabela 2 a
seguir.
De fato, as estratégias de controle de estoques influenciam na prática quanto ao
modo de agrupar os estoques em termos de familiaridade de linhas de produtos, auxiliando
tanto na parte de compras (planejamento mensal, dependendo do sistema adotado de controle,
dos níveis de estoques ideais para atender a demanda do material), como na administração do
almoxarifado (layout dos estoques por estratégia de controle, por meio de melhorar o fluxo
interno dos estoques no armazém, sendo a armazenagem fator crítico da organização).
45
Tabela 3: Agrupamento das novas linhas de produtos por estratégia de controle.
Estratégia de controle de estoques Tipo de linhas de produtos
Componentes mecânicos de transmissão de
potência
Rolamentos, Guia Linear, Terminal rótula e
Rótula. (4 linhas de produtos)
Vedação Retentor, Selo mecânico, Gaxeta, Anel O’ring,
Cordão de borracha e Raspador. (6 linhas de
produtos)
Lubrificantes Lubrificante e tinta. (2 linhas de produtos)
Mancais e caixas para rolamentos Mancal e graxeiro. (2 linhas de produtos)
Equipamentos para lubrificação Bombas de lubrificação. (1 linha de produtos)
Buchas de fixação Buchas de fixação, porca e arruela. (3 linhas de
produtos)
Transmissão Mecânica Correia, roldana, polia e acoplamento. (4 linhas
de produtos)
Fixação Anel elástico, pino elástico e parafusos. (3
linhas de produtos)
Automotivo Pastilhas, cubo de rodas, filtros, pivô, válvulas,
radiador e amortecedor. (7 linhas de produtos)
Limpeza Estopa e flanela (2 linhas de produtos)
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
Verificou-se na empresa a necessidade de seleção dos itens estocados por classe
de produtos e por nível de importância através de suas vendas anuais, havendo: sete linhas de
produtos considerados de classe A; oito linhas de produtos, classe B; e vinte linhas de
produtos, considerados classe C, conforme tabela 1. A seleção dos itens estocados foi
organizada por controle de estoques por segmento de linhas 12 famílias de linhas, com base
da tabela 2.
Para a aplicação da curva ABC, foi necessário converter o relatório do sistema
ERP (Quantidade vendida por produto) para o Excel a fim de tratar os dados. Para este
relatório, buscou-se uma série temporal entre os meses de setembro de 2015 a setembro de
2016, evidenciando um ano de vendas, período no qual foram vendidos 2.809 tipo de
produtos, sendo este o rol de produtos utilizados para a aplicação da curva ABC na Nordeste
Rolamentos.
Utilizou-se como parâmetros a demanda anual dos produtos e o seu respectivo
preço unitário como meio de simplificar a elaboração da curva ABC. Multiplicou-se a
46
demanda anual pelo preço unitário para desenvolver o porcentual de cada produto com base
na soma entre a demanda anual e o preço unitário.
Aplicou-se também a frequência acumulada para evidenciar a margem da curva
ABC, sendo vista toda a tabela de dados nos anexos. Desenvolveu-se a curva ABC conforme
figura 11 e a tabela de referências na tabela 3, a seguir.
Figura 16: Curva ABC de estoques por produtos vendidos em 1 ano.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
Tabela 4: Referências de percentuais da curva ABC
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
De fato, evidenciou-se na divisão dos itens do rol de 2.809 produtos a classe de
importância por meio dos parâmetros anteriores, sendo por meio dos percentuais a divisão de
classes dos produtos.
Produtos de Classe A: A frequência acumulada até 70% com relação ao valor total
vendido no ano.
47
Produtos de Classe B: A frequência acumulada até 20% com relação ao valor total
vendido no ano.
Produtos de Classe C: A frequência acumulada até 10% com relação ao valor total
vendido no ano.
Com isto constatou-se que os itens classificados de classe A (502 produtos)
equivalem a 70% do valor total vendido ao ano, porém equivalem a apenas 17,87% em termos
de quantidade de itens em estoques.
Os itens classificados como classe B (695 produtos) representam 20% do valor
total vendido ao ano, porém equivalem 24,74% dos itens dos estoques. Já os itens
classificados como classe C (1.610 produtos) representam 10% do valor total vendido ao ano,
mas equivalem a 57,32% dos itens dos estoques. Mais da metade dos produtos dos estoques
da Nordeste Rolamentos são itens de classe C.
A classe de importância nada mais diz que os itens de classe A têm grande
importância e relevância para a empresa uma vez que representam quase 18% dos estoques e
em valores totais de vendas anuais representam sensivelmente 70%. Portanto, são itens que
devem ter uma atenção maior no planejamento de compras, tendo os seus níveis de estoque
controlados com maior vigor pelo departamento de compras da empresa.
Já a classe B representa quase 25% dos estoques, mas em valores totais anuais
apenas 20%. Portanto, são itens cujas compras precisam ser bem planejadas, não com total
controle e vigor do departamento de compras, mas seguindo séries temporais de saída para
obter um nível de estoque satisfatório, uma vez que o custo da falta de estoques para a
empresa é relativamente alto, por se tratarem de peças de reposição.
Enfim, na classe C estão os itens com menor importância nos estoques, pois que
representam mais da metade de todo o estoque da empresa (57,32%) na análise da curva
ABC, todavia, em termos de valores totais anuais, representam somente 10%. São itens de
baixo giro de estoques, até pela sua demanda anual ser considerada esporádica, porém para
todos os itens deve ser necessário um sistema eficiente de gestão.
Para a empresa, altos níveis de estoques acarretam altos custos de manutenção,
armazenagem custo de oportunidade e capital parado com risco de não girar devido aos custos
serem maiores do que a concorrência, muitas das vezes. Porém, baixos níveis de estoques
acarretam altos custos de pedidos e, por não ter um funcionário exclusivo para o departamento
de compras, cabe à gerência da empresa se desdobrar para operacionalizar os pedidos e ainda
gerir o departamento de vendas. Além disto, o custo da falta do item acarreta perdas de
48
escalas, tanto na questão confiança dos clientes, quanto na perda de venda do item, mesmo se
tratando de peça insignificante na curva ABC.
Por trabalhar com produtos de peças de reposição industrial (rolamentos e outros),
aumenta-se a complexidade na tomada de decisão de estoques por conta da obsolescência de
máquinas antigas para máquinas mais modernas, com modelos diferentes de rolamentos.
O risco de estoques é alto para a empresa, por isso se torna necessária a
mensuração de custos de estoques para melhorar o controle e, enfim, focar em estratégias de
ganho de novos mercados, o que representaria um quadro de custos de estoques mais enxuto.
Além da mensuração, torna-se necessário calcular o quanto comprar em estoque,
quando comprar e qual o nível de estoque de segurança que minimize os custos da empresa.
4.3 Definição dos Sistemas de Estoques
Com base nos resultados da curva ABC, evidencia-se o uso de métodos de
sistemas de estoques para melhor gestão dos ativos com base na mensuração dos custos
incorridos.
Como meio de estratégia de gestão de estoques, utilizaram-se três tipos de
sistemas:
Sistema de Revisão Contínua (S, Q): Uso do ponto de ressuprimento (Qr), do Lote
Econômico de Compras (Qc) e do estoque de segurança (Qres);
Sistema de Revisão Periódica (S, P): Uso do nível de referência (T), média
consumida durante a posição do pedido e do tempo de espera (m’) e do estoque de
segurança (Qres);
Sistema de Encomenda Única (S, EU): Sistema no qual não se utilizam estoques
devido ao alto custo dos produtos, não trabalhando com Lote econômico de compras
ou estoque de segurança. Tem o uso da política de fazer o orçamento do material
indisponível em estoque e, se ganho o pedido, somente trabalhar com o custo de
aquisição e com o lead time de entrega. Portanto, a filosofia é a de não manter estoque,
devido ao alto custo do item armazenado e de sua demanda ser imprevisível.
49
De fato, para a aplicação dos sistemas na empresa, definiram-se os itens da curva
ABC a serem aplicados e em quais tipos de sistemas, conforme tabela a seguir.
Tabela 5: Itens da curva ABC com os sistemas de estoques aplicados.
Classe da Curva ABC
Sistema de estoques Processo de aplicação
A e B S, Q Calcular o Qc (Lote econômico de compras), Qr
(Ponto de ressuprimento) e Qres (estoque de
segurança).
C S, P Calcular o m” (consumo médio durante a posição
do pedido e do tempo de espera), Nível de
Referência (T) e Qres (estoque de segurança).
C S, EU Comprar vendido, manter somente o controle de
estoque de compras.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
4.3.1 Sistema de Revisão Contínuo
Como em todos os itens da curva ABC do sistema, foram realizados exemplos
para cada classe ABC com uso do método de sistema de controle de estoques. Observa-se, a seguir, um exemplo, conforme tabela, feito para o item da curva ABC de classe A:
Tabela 6: Item analisado classe A.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
Através do sistema de revisão contínuo, desenvolveu-se para cada item uma
memória de cálculo para encontrar três variáveis importantes: o lote econômico de compras,
que otimiza os custos de estoques; o ponto de ressuprimento, que é o ponto no nível de
estoque que determina o momento para a colocação de um novo pedido de fornecimento; e o
estoque de segurança, que é um nível de estoque que protege o item de eventuais
imprevisibilidades da demanda e do fornecimento, não deixando faltar o item nas prateleiras.
50
Portanto, inicia-se a aplicação do sistema S, Q conforme o item da tabela 5,
lembrando que os itens das Classes A e B também estão sujeitos a este sistema, o qual tem a
quantidade de compras fixa (com base no Lote Econômico de Compras) e tem a colocação do
pedido em tempos variáveis. É através do Ponto de Ressuprimento que chegamos ao valor de
estoque ideal para que seja feito novo pedido do lote com base no LEC, sem prejudicar o
estoque de segurança. O planejamento de estoque para itens que se enquadram neste sistema é
mais robusto, pois busca otimizar sempre os custos de pedir e de manter os itens da classe A e
B em estoque por serem itens de alto grau de importância para as operações da empresa.
Cálculo do Lote Econômico de Compras
Inicialmente, utiliza-se o cálculo do lote econômico de compras, com base na
equação e nos parâmetros a seguir.
𝑳𝑳𝑳𝑳𝑪𝑪 = 𝑸𝑸𝑸𝑸 =�𝟐𝟐. 𝑸𝑸𝑪𝑪.𝑫𝑫𝑪𝑪(𝒊𝒊 + 𝒂𝒂)
Onde:
D = Demanda Anual do item;
Cp = Custo do pedido;
C = Preço unitário do item;
i = Taxa de juros do CDI anual;
a = Taxa de custo de armazenagem.
Temos, conforme a tabela 5, os seguintes dados:
D = 8 unidades
Cp = R$ 82,98 (custo por pedido do material) conforme:
𝑪𝑪𝑪𝑪 = 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝒅𝒅𝑸𝑸𝒂𝒂𝒕𝒕𝑸𝑸𝑪𝑪𝑪𝑪𝑸𝑸𝒅𝒅𝑸𝑸 𝒎𝒎é𝒅𝒅𝒊𝒊𝑪𝑪
+ 𝑸𝑸𝑪𝑪𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪 𝒅𝒅𝑪𝑪 𝒅𝒅𝑸𝑸𝑪𝑪𝒂𝒂𝑸𝑸𝒅𝒅𝒂𝒂𝒎𝒎𝑸𝑸𝒕𝒕𝒅𝒅𝑪𝑪 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑪𝑪𝒎𝒎𝑪𝑪𝑸𝑸𝒂𝒂𝑸𝑸 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑪𝑪𝒎𝒎𝑪𝑪𝑸𝑸𝒂𝒂
𝑪𝑪𝑪𝑪 = (𝑹𝑹$ 𝟏𝟏𝟏𝟏.𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎/ 𝟒𝟒𝟒𝟒𝟒𝟒) + 𝑹𝑹$ 𝟒𝟒𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟎𝟎 = 𝑹𝑹$ 𝟎𝟎𝟐𝟐,𝟏𝟏𝟎𝟎
C = Custo unitário do item C = R$ 561,47
51
i = 6% a. A a = 20% a.a
Em observação, destaca-se que o custo de manutenção do item é baseado na
fórmula do LEC: Custo unitario do item (ou custo de aquisição), multiplicado pela somatória
do percentual do custo de capital com o custo de armazenagem.
Para a mensuração do custo de capital, bem como do custo de oportunidade,
utilizou-se a taxa de 6% a.a, considerado a taxa do CDI no ano de 2016. E para a taxa de
armazenagem utilizou-se 20% a.a que é a taxa de depreciação do estoque ao ano.
Temos, então:
𝑳𝑳𝑳𝑳𝑪𝑪 = 𝑸𝑸𝑪𝑪 = √(𝟐𝟐.𝟎𝟎𝟐𝟐,𝟏𝟏𝟎𝟎.𝟎𝟎)/(𝟎𝟎𝟓𝟓𝟏𝟏,𝟒𝟒𝟒𝟒. (𝟓𝟓% + 𝟐𝟐𝟎𝟎%))
𝑳𝑳𝑳𝑳𝑪𝑪 = 𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝟑𝟑,𝟎𝟎𝟏𝟏 𝑪𝑪𝒕𝒕𝒊𝒊𝒅𝒅𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸
Figura 17: Lote Econômico de Compras item 22317EAE4C3
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
Obteve-se como resultado, arredondado para fins didáticos, o lote econômico de
compras que minimiza o custo total do produto 22317EAE4C3 e é de 3 unidades por pedido
de compras com base no cálculo empírico. De fato evidencia-se a curva do LEC conforme
figura 17.
Para tanto, chega-se ao cálculo dos custos totais de estoque, compilando os custos
de pedido e de manutenção de estoque conforme fórmula abaixo:
52
𝑪𝑪𝑪𝑪𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪 𝑻𝑻𝑪𝑪𝒅𝒅𝒂𝒂𝒊𝒊𝑸𝑸 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑳𝑳𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪𝑬𝑬𝑪𝑪𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝑪𝑪𝑪𝑪. �𝑫𝑫𝑸𝑸𝑸𝑸� + 𝑪𝑪𝒎𝒎. �
𝑸𝑸𝑸𝑸𝟐𝟐� + 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸
Onde:
Cp = Custo de pedido considerado R$ 82,98;
D = Demanda anual considerado 8 unidades ao ano;
Qc = Lote econômico de compras calculado anteriormente de 3 unidades;
Cm = Custo de manutenção calculado anteriormente de R$ 145,98;
Qre = Estoque de reserva considerado 0 unidade.
Temos, então:
𝑪𝑪𝑪𝑪𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪 𝑻𝑻𝑪𝑪𝒅𝒅𝒂𝒂𝑻𝑻 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪𝑬𝑬𝑪𝑪𝑸𝑸 = 𝟎𝟎𝟐𝟐,𝟏𝟏𝟎𝟎. �𝟎𝟎𝟑𝟑� + 𝟏𝟏𝟒𝟒𝟎𝟎,𝟏𝟏𝟎𝟎. �
𝟑𝟑𝟐𝟐� + 𝟎𝟎
𝑪𝑪𝑪𝑪𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪 𝑻𝑻𝑪𝑪𝒅𝒅𝒂𝒂𝑻𝑻 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪𝑬𝑬𝑪𝑪𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝑹𝑹$ 𝟒𝟒𝟒𝟒𝟎𝟎,𝟐𝟐𝟒𝟒
Figura 18: Gráfico do custo total do estoque item 22317EAE4C3
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
Conclui-se que, para cada pedido lançado ao setor de compras para efetuação do
fornecimento do item 22317EAE4C3, tem-se um custo total, tanto de pedir o material como
armazenar de R$ 440,24, sendo este o custo que otimiza os custos de pedir e comprar,
conforme gráfico 4.
53
Ponto de Ressuprimento
O Ponto de ressuprimento, conforme visto anteriormente, é o exato momento de
pedir um novo lote de compras para abastecer o estoque permitindo que todo o sistema não
entre em nível crítico, ou seja, o nível de estoque zero.
Com base no gráfico dente de serra do item da tabela 5, evidencia-se o nível de
estoque do item através de sua demanda, a seguir:
Figura 19: Gráfico Dente de Serra do nível de estoque do item 22317 EAE4C3
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
Temos para a fórmula do ponto de ressuprimento:
𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝒎𝒎 + 𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸
Ou,
𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝒎𝒎 + 𝒛𝒛 . (�𝑳𝑳. (𝝈𝝈𝑳𝑳)𝟐𝟐
Onde:
Qr = Ponto de ressuprimento, sendo o resultado feito em unidades de peças;
m = Consumo médio do item;
Qres = Estoque de segurança, calculado como:
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝒛𝒛.𝝈𝝈𝑳𝑳
54
Onde:
z = nível de segurança para o qual, em uma distribuição normal, o valor de z para 95% de
confiabilidade é aproximado 2;
σL = Desvio padrão do consumo no tempo de espera;
L = tempo de espera desde quando é feito o pedido de material ao fornecedor até a
chegada no armazém.
Temos, através dos dados coletados do produto 22317EAE4C3, os seguintes
resultados, como meio de exemplificar o método de aplicação:
m = consumo médio calculado como:
𝒎𝒎 = 𝑫𝑫𝑸𝑸𝒎𝒎𝒂𝒂𝒕𝒕𝒅𝒅𝒂𝒂 𝒂𝒂𝒕𝒕𝑪𝑪𝒂𝒂𝑻𝑻
𝒕𝒕º 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝒅𝒅𝒊𝒊𝒂𝒂𝑸𝑸 ú𝒅𝒅𝑸𝑸𝒊𝒊𝑸𝑸 𝒕𝒕𝑪𝑪 𝒂𝒂𝒕𝒕𝑪𝑪
No qual temos como exemplo:
𝒎𝒎 =𝟎𝟎 𝑪𝑪𝒕𝒕𝒊𝒊𝒅𝒅𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸𝟑𝟑𝟓𝟓𝟎𝟎 𝒅𝒅𝒊𝒊𝒂𝒂𝑸𝑸
= 𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟐𝟐𝟐𝟐 𝑪𝑪𝒕𝒕𝒊𝒊𝒅𝒅𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸 𝒂𝒂𝑪𝑪 𝒅𝒅𝒊𝒊𝒂𝒂
Para a empresa, o nível de segurança de estoques deve ter 95% de confiabilidade,
com 5% de margem de erro, atendendo-se z ser igual a 2 como meio de simplificação do
cálculo.
Quanto ao valor de L, para o item de aplicação, para o qual o fornecedor do
material situa-se em São Paulo/Brasil, e por ser um item de volume elevado, utiliza-se o
modal terrestre para seu transporte, tendo como tempo de espera, para este caso de 7 dias
úteis.
Tem-se o valor de σL como o desvio padrão diário de consumo mais a quantidade
de dias de tempo de espera, com isto:
𝝈𝝈𝑳𝑳 = 𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸𝒅𝒅𝒊𝒊𝑪𝑪 𝑪𝑪𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸ã𝑪𝑪 𝒅𝒅𝒊𝒊á𝑸𝑸𝒊𝒊𝑪𝑪. 𝒅𝒅𝑸𝑸𝒎𝒎𝑪𝑪𝑪𝑪 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑪𝑪𝑸𝑸𝑸𝑸𝒂𝒂 𝒅𝒅𝑪𝑪 𝒎𝒎𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸𝒊𝒊𝒂𝒂𝑻𝑻.
Por fim,
𝜎𝜎𝐿𝐿 = 0,0011.7= 0,008 unidades no tempo de espera.
55
Com isto, temos:
𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝒎𝒎 + 𝒛𝒛 . (�𝑳𝑳. (𝝈𝝈𝑳𝑳)𝟐𝟐
Onde,
m = 0,022 ou aproximadamente 0,02 unidades ao dia;
z = 2 como nível de segurança;
L = 7 dias de tempo de espera do material;
σL = 0,008 unidades de desvio padrão no tempo de espera.
Conclui-se que:
𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟐𝟐 + 𝟐𝟐.�𝟒𝟒. (𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟐𝟐)
Enfim:
𝐐𝐐𝐐𝐐 = 𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟓𝟓 𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮𝐮
Portanto, para o item 22317EAE4C3, cujo lote econômico de compras é 3
unidades, tem-se como ponto de ressuprimento 0,06 unidades, arredondado para 0 unidades.
Ou seja, quando o nível de estoque zerar, é o momento de pedir o item com base no lote
econômico de compras.
Estoque de segurança
Para tanto, através dos resultados obtidos no cálculo do Ponto de Ressuprimento,
temos,
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝒛𝒛.𝝈𝝈𝑳𝑳 = 𝒛𝒛 . (�𝑳𝑳.𝝈𝝈𝑳𝑳𝟐𝟐)
Temos no exemplo anterior:
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝟐𝟐.�𝟒𝟒. (𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎)𝟐𝟐
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟒𝟒 𝑪𝑪𝒕𝒕𝒊𝒊𝒅𝒅𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪𝑬𝑬𝑪𝑪𝑸𝑸 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑸𝑸𝒔𝒔𝑪𝑪𝑸𝑸𝒂𝒂𝒕𝒕ç𝒂𝒂
56
Contudo, através do método de aplicação do sistema de revisão contínua para o
item de classe A do rolamento 22317EAE4C3, formulou-se o lote econômico de compras, a
quantidade ideal de compras de duas unidades por pedido. Além do lote econômico de
compras, desenvolveu-se o ponto de ressuprimento, o ponto em que quando o nível de
estoque chegar ao ponto de ressuprimento é o momento de realizar um pedido sem deixar
faltar o item em estoque.
Encontrou-se o ponto de ressuprimento de 0,06 unidades, bem como o estoque de
segurança de 0,04 unidades.
4.3.2 Sistema de Revisão Periódico
Os itens utilizados no sistema de revisão periódico estão na tabela 4, sendo os
itens da classificação ABC os do tipo C – os de menor importância na curva ABC, havendo
pouco investimento nesses materiais.
O sistema de revisão periódico não se utiliza do lote econômico de compras, mas
da fixação do período de compras do material, com base em um nível de referência, sendo o
mesmo um nível de estoque máximo para que se tenha como parâmetro para cada lote de
compra.
De fato, para este sistema, utiliza-se um período fixo de compras, com lotes de
compras variáveis, a partir do nível de referência. Para calcular o nível de referência,
emprega-se a média de consumo diário ajustado para período entre encomendas a fim de
quantificar o nível de referência.
Para a média consumida durante o período entre encomenda e o tempo de espera,
Temos:
𝒎𝒎 = 𝒎𝒎é𝒅𝒅𝒊𝒊𝒂𝒂 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑪𝑪𝒕𝒕𝑸𝑸𝑪𝑪𝒎𝒎𝑪𝑪 = 𝑫𝑫𝑸𝑸𝒎𝒎𝒂𝒂𝒕𝒕𝒅𝒅𝒂𝒂 𝒂𝒂𝒕𝒕𝑪𝑪𝒂𝒂𝑻𝑻
𝒕𝒕º 𝒅𝒅𝒊𝒊𝒂𝒂𝑸𝑸 ú𝒅𝒅𝑸𝑸𝒊𝒊𝑸𝑸 𝒕𝒕𝑪𝑪 𝒂𝒂𝒕𝒕𝑪𝑪
Utilizando como exemplo o item da classe C como aplicação dos cálculos, veja-se
dados conforme tabela a seguir:
57
Tabela 7: Item analisado classe C
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
Para este item em análise, evidencia-se:
m = 0,13 unidades ao dia;
P = período entre encomendas, no qual o pedido perdura em média de 45 dias úteis para a
colocação do próximo pedido.
L = por ser um item de volume pequeno, o modal utilizado normalmente é via aéreo, tendo
um tempo de entrega de 3 dias úteis, tendo o fornecedor localizado na região de São
Paulo/Brasil.
Com isto, temos para m’:
𝒎𝒎′ = 𝒎𝒎 . (𝑷𝑷 + 𝑳𝑳)
No qual temos os dados:
𝒎𝒎′ = 𝟎𝟎,𝟏𝟏𝟑𝟑. (𝟒𝟒𝟎𝟎 + 𝟑𝟑)
Enfim,
𝒎𝒎′ = 𝟓𝟓,𝟏𝟏𝟑𝟑 𝑪𝑪𝒕𝒕𝒊𝒊𝒅𝒅𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸
Com isto, temos que a média de consumo diário durante o leadtime, para que o
estoque chegue ao nível de segurança, é de 6,13 unidades para este item.
Nível de Referência
Temos:
𝑻𝑻 = 𝒎𝒎′ + 𝒛𝒛.𝝈𝝈𝑳𝑳𝑷𝑷+𝑻𝑻 Ou,
𝑻𝑻 = 𝒎𝒎. (𝑷𝑷 + 𝑳𝑳) + 𝒛𝒛.�(𝑷𝑷 + 𝑳𝑳). (𝝈𝝈)𝟐𝟐
58
Temos como dados:
m’ = 6,13 unidades;
P = 45 dias;
L = 3 dias;
z = 2, nível de confiabilidade de 95%, margem de erro de 5% em uma distribuição normal;
σ = desvio padrão do consumo diário, sendo calculado e evidenciado no valor de 0,006
unidades ao dia.
Com isto temos o resultado da equação:
𝑻𝑻 = 𝟓𝟓,𝟏𝟏𝟑𝟑 + 𝟐𝟐.�(𝟒𝟒𝟎𝟎 + 𝟑𝟑). (𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟎𝟎𝟓𝟓)𝟐𝟐
Enfim,
𝑻𝑻 = 𝟓𝟓,𝟐𝟐𝟐𝟐 𝑪𝑪𝒕𝒕𝒊𝒊𝒅𝒅𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸
O nível de referência do estoque para este item é de 6,22 unidades, ou seja,
quando no período de compras fixo por mês, ou no caso, 45 dias úteis mais o leadtime, deve-
se comprar um lote com a quantidade que chegue ao valor de 6 unidades, devido ao item ser
de baixíssimo consumo, devendo o lote ser pensado em uma previsão de demanda anual para
compensar o pedido.
Estoque de Segurança no sistema de revisão periódico
Temos:
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝒛𝒛.�(𝑷𝑷 + 𝑳𝑳). (𝝈𝝈)𝟐𝟐
Calculado no exemplo anterior, conforme os dados abaixo:
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝟐𝟐.�(𝟒𝟒𝟎𝟎 + 𝟑𝟑). (𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟎𝟎𝟓𝟓)𝟐𝟐
59
Enfim, temos como resultado da equação:
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 = 𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟏𝟏 𝑪𝑪𝒕𝒕𝒊𝒊𝒅𝒅𝒂𝒂𝒅𝒅𝑸𝑸𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑪𝑪𝒎𝒎𝑪𝑪 𝑸𝑸𝑸𝑸𝒅𝒅𝑪𝑪𝑬𝑬𝑪𝑪𝑸𝑸 𝒅𝒅𝑸𝑸 𝑸𝑸𝑸𝑸𝒔𝒔𝑪𝑪𝑸𝑸𝒂𝒂𝒕𝒕ç𝒂𝒂
Para tanto, o estoque de segurança para determinado item é de 0,09 unidades, ou
seja, quando o nível de estoque chegar a 0 unidades é o momento de comprar o material para
chegar ao nível de referência de 6 unidades.
4.3.3 Sistema de Compra Vendido
Constatou-se, nos estudos das linhas de produtos atuantes na gestão dos estoques
da empresa, que existem produtos com natureza de demanda esporádica, baixo giro de
estoques e com alto custo de manter a peça em estoque.
No estudo das linhas de produtos e estratégias de tomada de decisão,
evidenciaram-se as linhas a seguir com o uso do sistema de compra vendido (S, CV): Guia
Linear, Roldanas, Polias, Acoplamento, Pastilhas, Cubo de Roda, Filtros, Pivô, Válvulas,
Radiador e Amortecedor.
O sistema de compra vendido consiste em não manter estoque dos produtos, não
há lote econômico de compra, nem menos ponto de ressuprimento, nível de referência e
tampouco estoque de segurança. Os itens são pedidos sob encomenda, em especial a linha de
guias lineares, sendo uma especialidade no departamento de vendas.
O prazo de entrega deste tipo de produto é em torno de 1 (um) dia útil, não
havendo imposto, pois compra-se dentro do estado do RN, com exceção da linha de guia
linear que pode ter um leadtime de 2 a 5 dias úteis.
O sistema de compra vendido (S, CV) torna-se útil por não ter estoque, além de
atender a demanda quase de imediato. Entretanto, com o crescimento da demanda dos
produtos, necessita-se de um planejamento mais profundo em torno de algumas linhas num
sistema de revisão contínua (S, Q) ou um sistema de revisão periódica (S, P), a exemplo da
linha de roldanas, polias e acoplamentos.
O sistema de compra vendido mais se assemelha com o sistema de encomenda
único, no qual não se estima estoque, nem ponto de ressuprimento, nem estoque de segurança.
É empregado para itens de alto custo de manutenção e com demanda irregular conforme os
itens da curva ABC que se enquadra a este sistema de controle de estoques.
60
4.3.4 Implantação do sistema de controle de estoque
O trabalho desenvolvido auxilia na forma de melhorar os estoques da empresa por
meio de um método eficiente de tomada de decisão. Para tanto, foi utilizado o processo
conforme figura a seguir.
Figura 20: Processo aplicado na empresa para tomada de decisão em estoques.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, out. 2016.
Com base na figura 10, evidencia-se a criação do sistema para aplicação da curva
ABC dos itens em estoque, de um sistema de classficação de cada item analisado por meio da
curva ABC e do ponto de vista de gestão de estoques, bem como a implantação do sistema de
estoques baseado em três sistemas: sistema de revisão contínuo, o qual mensurou o lote
econômico de compras, o ponto de ressuprimento e estoque de segurança; o sistema de
revisão períodico, o qual mensurou a média consumida durante o intervalo entre pedidos e o
leadtime, o nível de referência e o estoque de segurança; e o sistema de encomenda único, o
qual não utilizou um lote de compras, ponto de ressuprimento, nem estoque de segurança, mas
um sistema que apoia cada pedido de compra do material sem contar com a quantidade a
comprar ou com o tempo determinado da compra e que visa a atender a demanda.
1º Aplicação da Curva ABC por
produtos vendidos entre 09/15 a 09/16
•A importância dos itens em estoques com base na demanda anual e no preço de venda.
2º Definição dos sistemas de
estoques
•Dividir todos os itens da curva ABC por sistema de controle: Sistema Q (cálculo do LEC, Ponto de ressuprimento e estoque de segurança); Sistema P (média consumida em P+L, nível de referência e estoque de segurança); Sistema compra vendida.
3º Calcular o LEC no sistema Q
•Calcular o LEC no sistema de revisão contínua
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5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
De fato, o gerenciamento da cadeia de suprimentos, em especial a questão do
gerenciamento dos estoques é de suma importância não somente para a logística da
organização, mas também para as operações de vendas e fluxo financeiro no ramo de
distribuição de peças de reposição, em especial o setor de rolamentos.
O gerenciamento dos estoques, em uma visão de planejamento, pode minimizar os
custos totais no que se refere ao próprio custo do material, como por exemplo, no tocante à
manutenção dos itens em estoque e o custo de se pedir o material para empresa, lembrando
que o lead time de pedido é um dos fatores relacionados aos trade offs logísticos empregados
ao estoque. Minimizando os custos em estoque, a empresa poderá utilizar estratégias para
ampliar o mercado atuação, bem como ter o poder financeiro para investir em estoques mais
competitivos com o intuito de aumentar o desempenho de giro dos estoques.
No caso da Nordeste Rolamentos Ltda, objeto desde estudo, o gerenciamento dos
materiais, do ponto de vista mais técnico, torna-se útil uma vez que a empresa ainda não se
utilizava de um método formal e eficaz para o gerenciamento, tanto dos pedidos de compras,
como dos níveis de estoques e graus de importância de cada item mantido na prateleira.
Um método de atuação para o departamento de compras de fato minimiza os
custos, pois sem a correta mensuração dos custos associados à manutenção dos itens em
estoque há, na empresa, um alto custo ao se imobilizar estoques pelo fato de haver linhas de
produtos com baixo giro e consumo quase esporádico.
O método empregado de aplicação fora feito primeiramente com a curva ABC,
para identificar através dos fatores de demanda anual e preço de venda do item e qual o grau
de importância do produto no estoque. No caso investigado, em 2.809 itens da empresa.
Inicialmente, a empresa não tinha em seu próprio sistema de ERP nenhum relatório pertinente
a curva ABC. Somente listavam-se os cinco produtos mais vendidos, entretanto, sem
nenhuma informação mais refinada para auxílio na tomada de decisão de compras.
Verificou-se que 17,87% dos itens mantidos em estoques representam 70% dos
valores totais de venda anual, sendo classificados itens de classe A. Para estes itens havia uma
estratégia de controle quanto à quantidade de compras, nível de estoques, ponto de pedido e
estoque de segurança para eventuais riscos de fornecimento e fatores externos da empresa.
Para itens de classe A, utilizou-se o sistema de revisão contínua (SQ) devido
haver a necessidade de um controle mais robusto de cada item. Além da demanda anual, dos
62
custos de aquisição, do custo de pedir o item e dos custos de manter em estoque é empregado
para o cálculo do lote econômico de compras a quantidade a ser pedido em cada compra que o
minimiza os custos totais dos estoques. O sistema de revisão contínuo torna a quantidade do
pedido constante, mas como o tempo de pedidos é variável, há um ponto de ressuprimento do
estoque e um estoque de segurança.
Na curva ABC, observou-se também que 24,74% dos itens em estoque
representam 20% do valor total de venda anual, sendo usado também o sistema de revisão
contínuo para obtenção de maior controle nestes itens, embora com menos veracidade que os
da classe A.
E itens da curva ABC que somam 57,32% dos itens em estoque representam
apenas 10% no valor total anual. Para este caso é empregado o sistema de revisão periódico, o
qual não se utiliza do lote econômico de compras, sendo variável, pois, o tempo de pedir o
material é sempre fixo, havendo, sim, um nível de referência e um estoque de segurança
maior do que no sistema de revisão contínuo.
E, por fim, alguns itens da curva ABC são empregados como sistema de compra
vendido, o qual representa linhas de produtos que na prática não se mantém em estoque pela
natureza da demanda e pelo alto custo de manter o item em estoque, sendo exemplificados por
11 linhas de produtos.
Com isto, o devido estudo do gerenciamento dos estoques, bem como de qual o
método a ser empregado para minimizar os custos totais, trouxe um sistema de ações práticas
para a Nordeste Rolamentos, tanto na organização de linhas de produtos no sistema ERP (com
intuito de criar um controle nos suprimentos e planejamento de compras), quanto na aplicação
da curva ABC para cada produto do sistema. Para cada produto, o benefício está no nível de
estoque de segurança, no nível de estoque apropriado para colocação de um novo pedido no
fornecedor e, por fim, na quantidade correta do pedido do item, havendo um equilíbrio no
custo de pedir e no custo de manter cada item em estoque.
Findado o estudo, sugere-se, para a continuação do trabalho, o uso de um modelo
com uso de mais variáveis, exemplo do risco do fornecimento, câmbio, previsão da demanda
mais precisa e flutuações dos impostos sobre o custo unitário de cada item. Aprofundar o
trabalho no gerenciamento dos estoques poderá ser útil para a expansão dos negócios da
empresa de forma sustentável, financeira e logisticamente.
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