gerenciamento de crises empresariais estudo de caso da tam

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS UFT CAMPUS DE PALMAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MAIO LAUREANO VERISSIMO GALINA BALDE GERENCIAMENTO DE CRISES EMPRESARIAIS: ESTUDO DE CASO DA TAM Palmas TO 2010

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Trabalho sobre gerenciamento de crise de empresas focado ao caso da TAM Linhas Aéreas

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS UFT

    CAMPUS DE PALMAS

    CURSO DE ADMINISTRAO

    MAIO LAUREANO VERISSIMO GALINA BALDE

    GERENCIAMENTO DE CRISES EMPRESARIAIS: ESTUDO DE CASO DA TAM

    Palmas TO

    2010

  • 2

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS UFT

    CAMPUS DE PALMAS

    CURSO DE ADMINISTRAO

    MAIO LAUREANO VERISSIMO GALINA BALDE

    GERENCIAMENTO DE CRISES EMPRESARIAIS: ESTUDO DE CASO DA TAM

    Palmas TO

    2010

    Monografia apresentada Banca

    Examinadora, como exigncia parcial

    para obteno de ttulo de Graduao do

    Curso de Administrao, da

    Universidade Federal do Tocantins, Sob

    orientao da Prof. Msc. Francisco

    Patrcio Esteves

  • 3

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins

    Campus Universitrio de Palmas

    B175g Balde, Maio Laureano Verssimo Galina

    Gerenciamento de crises empresariais- Estudo de caso da TAM. / Maio Laureano Verssimo Galina Balde. - Palmas, 2010.

    51 f.

    Monografia (TCC) Universidade Federal do Tocantins, Curso de

    Bacharel em Administrao, 2009. Orientador: Francisco Patrcio Esteves

    1. TAM - Crise Gerenciamento de Crises. I. Ttulo.

    CDD 658

    Bibliotecrio: Paulo Roberto Moreira de Almeida CRB-2 / 1118

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A reproduo total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento autorizado desde que citada a fonte. A violao dos direitos do autor (Lei n 9.610/98) crime estabelecido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.

  • 4

    FOLHA DE APROVAO

    A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a monografia intitulada

    (Gerenciamento de Crises Empresariais: Estudo de caso da TAM ) em _______ de

    ______ de 2010.

    BANCA EXAMINADORA

    ________________________________________________

    Professor (a) Msc. Francisco Patrcio Esteves

    Orientador

    _________________________________________________

    Professor(a),

    Membro da Banca

    ___________________________________________________

    Professor(a),

    Membro da Banca

  • 5

    DEDICATRIA

    Para meus pais, Roberto Verssimo Balde e Leopoldina Galina Morato balde;

    Meus irmos: Danilton Jorge Verssimo G. Balde, Idlio Josiano Verssimo G. Balde,

    Thayra Josiana Morato Vieira, Hadiatulay Salom Verssimo G. Balde;

    Minhas tias: Salum, Idelmira, Zita;

    Aos meus primos Abu, Djamila, Ruguiato, Gerson, Jorgesinho, Tinasinho, Braima, Avs

    Nna Sbado Gomes e Pap, a minha querida namorada Karla Patrcia Vieira de

    Lucena, com muito carinho a Diaraye, Tia Lita, Djamila... Dedico especialmente este

    trabalho a todos meus amigos e companheiros que fizeram e ainda fazem parte do meu

    dia a dia em especial para minha amiga Vanessa mocinha, que uma pessoa que entrou

    na minha vida de uma forma inexplicvel e como filhos de Deus que somos nada melhor

    que uma amizade pura e sincera.

    Dedico acima de tudo A DEUS TODO PODEROSO.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Antes de tudo gostaria de agradecer primeiramente a mim mesmo por ser o que sou

    e nunca ser aquilo que os outros esperam que eu seja... Agradeo a Deus por me dar

    sempre fora e coragem para enfrentar tudo, e aos meus pais pela ajuda, confiana e

    compreenso durante meu estudo. A minha namorada Karla, por me acompanhar e

    encorajar-me durante a realizao do meu trabalho. A Lilian que uma pessoa que

    sempre serei grato, aos meus colegas de turma pela experincia e companheirismo durante

    os anos de faculdade. E especial agradecimento ao meu amigo-irmo Ednir Zaias Batista

    da Silva, por tudo que enfrentamos no nosso dia a dia e por ser nha colega de Luta.

    Finalmente agradeo a todos que fizeram, fazem e iro fazer parte da minha histria.

    Obrigado meu Deus, Obrigado ROBERTO VERISSIMO BALDE, quero ser voc amanha

    porque voc meu espelho hoje.

  • 7

    EPGRAFE

    A mudana contnua e inevitvel, o fator dominante na sociedade atual. Nenhuma

    deciso sensata pode mais ser tomada sem

    levar em conta no apenas o mundo como

    ele , mas o mundo como ele ser.

    Isaac Asimov, 1978

  • 8

    RESUMO

    BALDE, Maio Laureano Verissimo Galina. Gerenciamento de Crises Empresariais:

    Estudo de caso da TAM. 2010. 51 pginas. Trabalho de Concluso de Curso (Bacharel

    em Administrao). Fundao Universidade Federal do Tocantins - UFT. Palmas-TO.

    A crise uma ocorrncia que pode influenciar a estrutura de uma organizao. Dependendo

    da forma, intensidade e ocasio, pode representar uma ameaa e, at mesmo, o fim de

    determinado negcio. Acidentes e incidentes sempre existiram nas organizaes.

    Entretanto, mudanas no mundo dos negcios ampliaram a vulnerabilidade das

    organizaes e da prpria sociedade. Crises empresariais e o desenvolvimento de um plano

    de gerenciamento de riscos, nos tempos de atuais, so assuntos de maior interesse,

    tornando-se temas para serem estudados. Essa a proposta desta pesquisa que, sustentada

    em um referencial terico acerca do tema, utiliza uma metodologia descritiva e faz um

    estudo de caso de uma empresa de grande porte. O presente trabalho procurou traar um

    panorama dos conceitos de crises empresarias sob a tica de vrios autores. Foram

    estabelecidos os principais tipos de crise, um modelo de administrao de crise e de que

    forma a empresa deve atuar no ps-crise. Por fim, foi analisada a empresa TAM, empresa

    que enfrentou momentos de crise, quais as estratgias por ela utilizada para a

    administrao, gerenciamento e de que forma atua aps esse momento, mantendo seus

    negcios e imagem perante a sociedade.

    Palavras-chave: TAM - Crise Gerenciamento de Crises

  • 9

    ABSTRACT

    BALDE, Maio Laureano Verssimo Galina. Crisis Management for Companies: Case

    Study Tam 2010. 51 pages. Conclusion Course (Bachelor in Business Administration).

    University Federation of Tocantins - UFT. Palmas-TO

    The crisis is an occurrence that may influence the structure of an organization. Depending

    on the shape, intensity and time can represent a threat and even the end of a particular

    business. Accidents and incidents have always existed in organizations. However, changes

    in the business world amplified the vulnerability of organizations and society itself. Crises,

    and the development of a plan of risk management in current times, are issues of great

    interest to become subjects to be studied. That is the purpose of this research, supported by

    a theoretical framework on the subject, using a descriptive analysis and makes a case study

    of a large company. This study sought to draw a picture of the concepts of entrepreneurial

    crises from the perspective of several authors. We established the main types of crisis, a

    model of crisis management and how the company should act in the post-crisis. Finally, we

    analyzed the TAM, a company that faced a crisis, what strategies it used for administration,

    management, and how it works after this time, keeping your business and image in society.

    Keywords: TAM - Crisis - Crisis Management

  • 10

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Plano de Gerenciamento de

    Crises..........................................................................31

    .

  • 11

    SUMRIO

    1. INTRODUO....................................................................................................... 12

    1.1 Crises j acontecidas ......................................................................................... 14

    1.1.2 Crises atuais ................................................................................................... 15

    1.1.3 Estrutura do Trabalho.....................................................................................17

    1.2 Problemtica ..................................................................................................... 17

    1.3 Justificativa ....................................................................................................... 18

    1.4 Objetivos ........................................................................................................... 19

    1.4.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 19

    1.4.2 Objetivos Especficos ........................................................................... 19

    1.5 Delimitao do Estudo......................................................................................19

    2. METODOLOGIA ................................................................................................... 21

    2.1 O Mtodo .......................................................................................................... 21

    2.1.1 Fontes utilizadas ............................................................................................ 22

    2.1.2 A coleta de dados .......................................................................................... 22

    3. REFERENCIAL TERICO ................................................................................ 24

    3.1 Crises Empresariais .......................................................................................... 24

    3.1.2 Tipos de crises empresariais ................................................................... 26

    3.1.3 Administrao de crises ................................................................................. 29

    3.1.4 Ps-crise ......................................................................................................... 33

    4. ESTUDO DE CASO: TAM .................................................................................... 34

    4.1 Formao Histrica da Empresa TAM ............................................................. 35

    4.2 Crises na Empresa TAM ................................................................................... 38

    4.2.1 Gerenciamento das crises.........................................................................39

    4.3 Empresa TAM Ps-crise...................................................................................46

    5. CONSIDERAES FINAIS ................................................................................. 49

    REFERNCIAS .......................................................................................................... 51

  • 12

    1 INTRODUO

    Os primeiros relatos da histria sobre crise empresarial de acordo com Ferreira

    (2002) surgem a partir dos estudos feitos por Taylor em 1915, revelando que os gerentes

    nesta poca desconheciam o trabalho dos operrios e por isso, aceitavam os nveis de

    produo que esses apresentavam. Algumas adoes de solues para os problemas de

    gerncia despreparada, de trabalhadores desqualificados, de controle e incentivos faziam

    com que as organizaes se tornassem desestruturadas, alm de no saberem de que forma

    iriam administrar os problemas que iam surgindo com o tempo.

    Na histria das crises empresariais, a indstria farmacutica chamou ateno por

    problemas enfrentados, A Johnson & Johnson, por exemplo, passou maus momentos, nos

    anos 80, durante a famosa crise do Tylenol, produto que, poca, respondia por 20% do

    faturamento e 30% dos lucros da corporao. O medicamento, acusado de provocar mortes,

    agitou os Estados Unidos. O Tylenol outro produto que teve concorrncia acirrada com a

    aspirina na liderana do mercado dos analgsicos.

    So vrias as empresas que passaram por crises. Ainda teve um caso de grande

    repercusso, da talidomida, droga que, nos anos 60, propagandeada como a plula de

    dormir do sculo, trouxe ao mundo milhares de crianas sem braos, pernas, olhos,

    orelhas e outras deformaes.

    Sabe-se que em crises empresariais no existem vitoriosos, todos saem perdendo.

    Entretanto, somente a fora da imagem empresarial, que foi construda pacientemente por

    anos e anos, garante a sobrevivncia da empresa apesar dos enormes prejuzos.

    Estudar e analisar os pontos onde a empresa mais vulnervel importante. Um

    instituto norte-americano que se pe a estudar os casos de crise empresariais, o Institute for

    Crisis Management, retratou em seu Relatrio Anual de Crises de 2004 a ocorrncia de

    6.330 crises mundiais. H indicaes de que 71% das crises teriam sido resultados de

    processos lentos. Apenas 29% so crises repentinas. Com tal informao, possvel chegar

    concluso da existncia de alguma previsibilidade dos eventos, que acarretam numa crise.

    Em mbito conceitual, no existe uma nica frmula para que uma organizao lide com

    uma possvel crise. Percebe-se junto aos grandes especialistas sobre o tema que

    necessrio que a empresa esteja sempre preparada, que esteja constantemente se

    preparando, se reciclando, e acima de tudo, aprendendo com os erros. Torna-se fator de

  • 13

    sobrevivncia para as empresas possurem um planejamento preventivo de crise, ou

    melhor, um Plano de Gerenciamento de Crise. (ADMINISTRADORES, 2007)

    Segundo FORNI (2003, p. 373) a crise empresarial pode ser conceituada como

    acontecimentos que, pelo seu grande potencial inesperado, desestabiliza organizaes e

    governos e, cria situaes envolvendo ambientes negativos para a empresa ou

    organizao.

    Atualmente algumas organizaes, j se preparam, com equipes que realizam o

    desenvolvimento de planos, treinamentos, avaliao de riscos, preveno, modificao de

    produtos, processos ou estruturas, visando enfrentar esses momentos.

    fundamental que dentro das organizaes cada colaborador entenda seu papel,

    que haja uma equipe que planeje as contingncias em vrias situaes e, que treine a

    exausto, para domin-lo no momento de necessidade.

    Fortes aliados tornam-se eficazes nesse aprendizado, so experincias anteriores, a

    opinio de seus colaboradores, os documentos gerados e analisados, alm de imagens de

    situaes, ou eventos em outras empresas que ajudaro uma empresa a gerenciar crises.

    Gerenciamento de crises um evento com potencial de provocar prejuzo significativo a

    uma organizao, podendo envolver produtos, empregados, condies financeiras, servios

    e reputao. (ROSA, 2003)

    Crise empresarial tambm pode ser conceituada como uma situao inesperada que

    desestabiliza organizaes e governos e suscita pauta negativa. So acidentes, denncias,

    violao de produto, assaltos, crime envolvendo a empresa ou seus empregados, processo

    judicial, concordata ou crise financeira, reclamao grave de cliente ou fatos semelhantes.

    Muitas organizaes atualmente, j se preparam, com equipes que realizam o

    desenvolvimento de planos, treinamentos, avaliao de riscos, preveno, modificao de

    produtos, processos ou estruturas, visando enfrentar esses momentos. fundamental que

    dentro das organizaes cada colaborador entenda seu papel, que haja uma equipe que

    planeje as contingncias em vrias situaes e, que treine a exausto, para domin-lo no

    momento de necessidade.

  • 14

    1.1 Crises j acontecidas

    Ainda no Brasil, as crises que mais cresceram na dcada de 90 foram: violncia no

    local de trabalho (142%), danos ambientais (11%), discriminao (92%), produtos

    defeituosos/recall (103%) e problemas com consumidores (153%), neste panorama ainda

    apresentava a seguinte concentrao de crises: violncia no local de trabalho (18%),

    disputas trabalhistas (16%), problemas com consumidores (15%), acidentes com mortes

    (13%), crimes de colarinho branco (11%), catstrofes (8%), m administrao (8%) e

    outras categorias (11%) conforme apontamento do (IDIA COMUNICAO, 1996).

    Dois casos de crise empresarial no Brasil chamaram bastante a ateno:

    O Caso Tylenol: empresa Johnson & Johnson. Em 28 de setembro de 1982, a

    Johnson & Johnson possua 35% do mercado de analgsicos nos Estados Unidos, com

    vendas anuais de 400 milhes de dlares. Entre 29 de setembro e 1 de outubro daquele

    mesmo ano, sete pessoas morreram envenenadas aps ingerir Tylenol contaminado com

    cianeto. As vendas do remdio caram de 33 milhes de dlares para 4 milhes de dlares

    por ms.

    A Johnson &Johnson agiu com prontido: 22 milhes de frascos do medicamento

    foram retirados do mercado e destrudos, a um custo de 100 milhes de dlares. Um

    sistema de comunicaes foi montado para informar os diversos pblicos interessados. A

    empresa recebeu por volta de 2.500 solicitaes de informaes da imprensa, o que

    resultou em cerca de 125.000 recortes de noticias na mdia ao redor do mundo. Um acordo,

    cujo valor jamais veio a pblico, foi feito com as famlias das sete vtimas. Outros 100

    milhes de dlares foram gastos com a parte fiscal da devoluo dos medicamentos.

    No total, estima-se que o caso Tylenol custou J&J, at hoje, cerca de 1,5 bilho de

    dlares. Mas poderia ser ainda pior: poderia ter derrubado completamente a empresa.

    O eficiente trabalho de comunicao e gerenciamento de crise no caso Tylenol

    serviu de modelo para a criao de programas de gerenciamento de crise em empresas de

    todos os setores em todo o mundo.

    O Caso Microvlar: empresa Schering do Brasil O ano de 1923 marcou a chegada da

    Schering no Brasil, a partir da inaugurao de uma sede no Rio de Janeiro, uma das

    primeiras subsidirias da Schering AG fora da Europa. O grande salto aconteceu em 1954,

    com a deciso de transferir sua sede para So Paulo e de iniciar a produo local de

    medicamentos.

  • 15

    O principal produto da Schering a plula anticoncepcional Microvlar, a terceira

    droga mais vendida no Brasil (14 milhes de unidades), perdendo apenas para o Cataflan e

    a Novalgina. , de longe, o anticoncepcional mais consumido no pas. Produzido base de

    hormnios femininos (Estrgeno e Progesterona), o Microvlar foi lanado no mercado em

    1985. Passou a ser adotado pela classe mdica como o contraceptivo mais popular para a

    maioria das mulheres brasileiras. Em cinco anos, ultrapassou os mais vendidos at ento,

    Ginera e Triquilar, e atravessou toda a dcada de 90 em primeiro lugar nas vendas.

    Porm, no ano de 1998, a Schering sofreu uma denncia contra o Microvlar,

    abalando significativamente a sua imagem, tendo conseqncias desastrosas em suas

    vendas. Em 20 de maio de 1998, a Schering recebeu uma carta annima e uma cartela de

    Microvlar, com a advertncia de que a composio da plula estava adulterada. A carta

    tinha tom amigvel e informava que a droga havia sido comprada numa farmcia em Mau,

    na periferia de So Paulo. Sete dias depois, a Schering sabia que as plulas continham

    farinha. Em termos mais precisos: no continham hormnios, mas s a massa neutra que d

    forma drgea. A empresa permaneceu calada.

    O presidente da Schering, Rainer Bitzer, sonegou informaes rede de defesa da

    sade pblica. Pior: em nenhum momento mobilizou a empresa para prestar assistncia s

    mulheres que engravidaram.

    Somente um ms depois da carta annima e um dia aps a denncia veiculada no

    Jornal Nacional, o laboratrio resolveu sair do silncio. Prestou aos consumidores as

    informaes que devia, atravs de um comunicado intitulado "Ocorrncias com Microvlar".

    O comunicado informava os nmeros das embalagens que no deveriam ter sido

    comercializadas.

    O caso Microvlar acabou parando na Justia. Vrias sentenas se multiplicaram na

    justia brasileira. Tinham o objetivo desestimular e exemplificar empresas multinacionais

    de porte da Schering e de suas subsidiarias a no cometerem a negligncia e a

    irresponsabilidade, que nunca cometeriam em suas sedes ou em pases de primeiro mundo.

    1.1.2 Crises atuais

    Crise significa deciso para Neves (2000). o momento no qual, surgem as

    incertezas. O que se depreende que o conceito de crise, em sua origem, direciona no

    sentido da tomada de deciso. Inversamente, dos dias atuais, crise corresponde quela

  • 16

    situao que saiu do controle e sobre a qual no se sabe como decidir. Um dos desafios

    atuais mais intrigantes que o conceito de crise apresenta diz respeito estrutura lgica a

    partir da qual os fatos so entendidos.

    As crises empresariais so previsveis, o que existe de fato a quantidade de

    profissionais preparados. Todos que de alguma forma interagem com a empresa fazem

    parte do seu negcio. E jamais haver crise sem esta mexer ou abalar a estrutura dos

    negcios da empresa.

    Enquanto a cultura da crise for considerada privilgio de alguns, tida como "luxo"

    para outros, saberemos que a teoria estar mais presente do que nunca, martelando a

    conscincia imatura do empresariado que mesmo tendo-a como um problema, incapaz de

    enxergar que mais vale o preparo de quem nunca passou por isso, do que o choque de que

    j o momento de se tomar uma atitude aps sofrer as conseqncias do despreparo.

    Poucos entendem que mesmo no tendo "sentido na pele" a desventura das crises, no

    sinal de imunidade e muito menos motivo de comemorao. Se a atividade envolve

    pessoas, em qualquer momento algo repentino ou uma srie de eventos, seja provocado

    pela esfera organizacional ou por algo externo a ela, pode acarretar numa crise empresarial.

    (NEVES, 2000)

    Observa-se que muitos empresrios sabem dos riscos que correm, mas preferem ou

    acreditar que o pior no bater a sua porta, e sim, na do vizinho, ou simplesmente tem a

    certeza de que se preparar talvez estar ciente das crises s quais est sujeito e com sorte

    contar com um manual de crise. Ainda segundo o mesmo autor, importante para as

    empresas realizar auditorias de vulnerabilidade, possuir um manual de preveno aliado a

    prticas de simulados e treinamentos no s com equipes internas, possuir um comit e/ou

    sala de crise. Tanto no Brasil como no mundo as organizaes atualmente precisam estar

    de fato preparadas para o pior.

    Falar sobre crises, afirmar a importncia de um planejamento, provar de todas as

    formas que para gerenci-la deve-se ter em mente a consolidao da cultura pr-crise e no

    apenas contra crises - a partir do instante em que se visualizam os perigos como momentos

    de oportunidade, seja de virada de jogo ou puro aprendizado -, no basta. Quem sabe

    observando os erros da concorrncia (e os prprios), considerando as perdas de mercado

    para lderes que jamais tiveram a viso de estar colocando em xeque seu negcio, possa

    servir de lio para futuros gestores. Talvez por meio de inmeras falhas as organizaes

  • 17

    percebam o que falta para se prepararem para momentos crticos e no s pensem que o

    momento favorvel garante, por si s, que a mar nunca seguir contra. (NEVES, 2000)

    1.1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

    Este trabalho tem relevncia para as reas de administrao e setor empresarial,

    principalmente pela escassez de bibliografia brasileira sobre o assunto. O referencial

    terico desenvolvido neste estudo traz uma compilao de alguns autores que discorreram

    sobre o assunto, como o Robert Irvine (1996), Guilherme Guimares Santana (2000),

    Margarida Maria Kunsch (1997), Roberto De Castro Neves (2002), Waltemir Melo (2004)

    E Mrio Rosa (2003).

    Alm disso, o trabalho servir de referencial para futuros estudos e, principalmente,

    para os profissionais da rea empresarial.

    Esta pesquisa consta de cinco partes. No Captulo 1, so apresentadas a introduo,

    a estrutura do trabalho, problemtica da pesquisa, a justificativa, os objetivos para a

    realizao deste estudo e delimitao do estudo.

    A metodologia de pesquisa est contida no Captulo 2, so apresentadas as

    informaes de como a pesquisa foi realizada, o tipo de mtodo de pesquisa usada, as

    fontes primrias e secundrias e finalmente, as estratgias de coleta de dados.

    Em seguida, no Captulo 3, est o referencial terico que d o suporte necessrio

    para o estudo desenvolvido. Inicialmente, so apresentadas definies para o tema crises

    empresariais a partir de diferentes autores. Os tipos de crises empresariais. Em seguida,

    administrao de crises e por fim fala-se da ps-crise. O Captulo 4 O captulo se mostra

    um estudo de caso da empresa TAM, nos momento anteriores, no momento da crise e de

    que forma gerenciou e superou tal situao.No Captulo 5 as consideraes finais sobre o

    estudo realizado, a discusso sobre a importncia dos resultados obtidos, as limitaes

    tericas e sugestes para estudos futuros.

    1.2 PROBLEMTICA

    De acordo com ROSA (2001) a crise, em uma organizao, no diz respeito

    somente empresa, como deveria, pois, com a globalizao e as novas tecnologias, as

  • 18

    crises tomam, no sculo XXI, uma proporo tambm global e estrutural, e no apenas

    regional como em anos anteriores.

    Hoje em dia existem vrios tipos de crises que podem ser com consumidores, com

    pblico interno, com investidores, com a comunidade e com o poder pblico, e podem ser

    causados pela falta de um bom planejamento, falta de preveno antecipadamente e entre

    os demais, que por sua vez acaba abrangendo tanto a parte interna quanto a parte externa da

    empresa que provoca prejuzo a uma organizao, ela pode envolver, os produtos,

    empregados, a parte financeira ou bem econmica e servios prestados pela prpria

    organizao, uma empresa mal gerenciada, no demora no mercado, assim como um corpo

    mal gerenciando nunca fica saudvel e entre as demais situaes, com tudo isso sempre

    necessrio bom gerenciamento, pois caso contrrio haver sempre uma conseqncia.

    A melhor forma de se lidar com as crises fazer uma avaliao de todas as

    possveis crises, para poder eventualmente enfrent-las.

    Diante destas informaes surge o seguinte questionamento: O que a empresa TAM

    tem adotado como estratgias para o gerenciamento de crise?

    1.3 JUSTIFICATIVA

    A escolha do tema partiu de um interesse especial pelo gerenciamento de crises

    empresariais uma das diversas reas da profisso de administrador. Tambm pela

    curiosidade em saber o porque das empresas chegarem a ponto de fechar, por no

    conseguir conter as crises, mesmo sabendo que possvel.

    Visto que hoje em dia existem empresas que no atuam no mercado nem se quer

    por trs anos no mximo, porque no conseguiu gerenciar suas crises, tanto financeiras

    quantas as outras existentes, acabam por fechar por vrios motivos. Diante disto torna-se

    importante um estudo sobre esta temtica, no que diz respeito a essas causas, ver, o porque,

    e como aconteceu ate chegaram a esse ponto e como gerenciar esses problemas.

    Estudar as possibilidades de gerenciamento de crises empresariais representa uma

    oportunidade de se aproximar da realidade das atividades corriqueiras de uma organizao,

    de forma a desenvolver condies de aplicar os conhecimentos tericos adquiridos na

    academia na prtica administrativa cotidiana, ao deparar-se com problemas que exigem

    rpida e segura soluo. A realizao da pesquisa justifica-se, ainda, pelo fato de

  • 19

    possibilitar condies de contribuir para melhoria das atividades de gerenciamento de

    crises nas empresas tanto nas publicas como nas privadas.

    1.4 OBJETIVOS

    1.4.1 Objetivo Geral

    Analisar as estratgias de gesto utilizadas pela TAM para o gerenciamento de suas

    crises.

    1.4.2 Objetivos Especficos

    Traar um histrico da atuao da empresa TAM;

    Identificar instrumentos estratgicos utilizados pela TAM no gerenciamento da crise;

    Verificar como a TAM tem operado no momento atual aps as crises;

    1.5 DELIMITAAO DO ESTUDO

    Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram adotadas as tcnicas da pesquisa

    qualitativa, geralmente utilizada em estudos complexos, de natureza social e no tende

    quantificao.

    De acordo com MINAYO & DESLANES, a pesquisa qualitativa:

    Responde a questes muito particulares. Preocupa-se nas cincias sociais,

    com o nvel de realidade que no pode ser quantificado. Ou seja, ela

    trabalha com o universo de significados, motivos, aspiraes, crenas,

    valores e atitudes, o que corresponde a um espao mais profundo das

    relaes, dos processos e dos fenmenos que no podem ser reduzidos

    operacionalizao de variveis. (MINAYO & DESLANES 1994, p. 21)

    As principais caractersticas desse tipo de pesquisa so as descries detalhadas de

    comportamentos empresariais, as citaes de autores sobre as suas experincias, trechos de

    artigos e entrevistas pertinentes ao assunto. preciso observar e analisar os dados

  • 20

    coletados com objetivo de interpretar a realidade. O estudo em questo tem como objetivo

    relatar a crise ocorrida na empresa TAM e quais as estratgias utilizadas para o

    gerenciamento dessa situao.

    Pode-se dizer que poucas so as empresas que esto preparadas para vivenciar um

    momento como esse, ou que j tm elaborado um plano para o gerenciamento de crise e

    medidas com o objetivo de minimizar o impacto das conseqncias dessas situaes

    corporativas. H um despreparo muito grande por parte das empresas e se conclu que no

    est sendo dada a devida ateno aos problemas que tm o potencial de arranhar sua

    imagem ou reputao. Esta pesquisa busca avaliar as estratgias de gerenciamento de crise

    adotadas pela TAM, uma empresa de grande porte que vivenciou crises e que atualmente

    busca trabalhar com o propsito de preservar sua imagem institucional junto aos seus

    principais stakeholders.

  • 21

    2 METODOLOGIA

    2.1 O Mtodo

    Como metodologia, foi utilizado o levantamento bibliogrfico, ou seja, uma

    reformulao coerente das idias de autores consagrados que escreveram sobre o tema.

    Este trabalho no tem inteno de apresentar resultados, mas expor o exemplo de empresas

    brasileiras que enfrentaram crises e que souberam gerenci-las e se mantm no mercado

    como lio de superao. O grande desafio esclarecer o assunto, decifrando-o de forma

    clara.

    Crise uma situao que surge quando algo feito pela organizao ou deixado de

    fazer ou ainda de sua responsabilidade afeta, afetou ou poder afetar interesses de

    pblicos relacionados empresa e o acontecimento tem repercusso negativa junto

    opinio pblica, como afirma NEVES.(2000).

    A conscientizao das empresas em relao administrao de crises tem sido

    crescente, refletindo a alta exigncia das pessoas em reao a conduta de uma organizao.

    Sendo assim, as empresas buscam se precaver s crises, j que nem sempre possvel

    evit-las.

    Como tcnicas foram escolhidas: o levantamento bibliogrfico, a anlise de

    contedo e o estudo de caso. A primeira tem o objetivo de reunir os principais autores e

    pensamentos sobre o tema para fundamentar o desenvolvimento da anlise crtica, a

    segunda busca, por meio da apreciao de veculos de informao como internet, artigos

    relacionados ao tema, levantando as informaes necessrias para a anlise do episdio de

    cada acidente areo estudado; e por ltimo o estudo de caso, que busca compreender a

    fundo os casos escolhidos.

    Para contextualizar historicamente a empresa TAM, foi necessrio um estudo

    bibliogrfico auxiliados com dados da empresa; para a identificao das estratgias

    utilizadas para gerenciamento da crise, foi importante a utilizao do plano de

    gerenciamento de crise segundo ROOS 1

    , para verificar como a TAM tem operado no

    momento atual ps a crise, utilizou-se como indicadores Lucro liquido e Receita liquida.

    Esta pesquisa tem como objetivo compreender quais as estratgias utilizadas e que

    foram fundamentais nos processos de gerenciamento de crise e o porqu dessa atuao. O

    Roos 2008 p. 34

  • 22

    caso utilizado aqui refere-se a TAM que enfrentou vrios momentos de crise, mas que

    atualmente serve como exemplo de aes no gerenciamento de crise.

    2.1.1 Fontes utilizadas

    Os dados foram coletados por meio de consulta s obras dos principais autores que

    versam sobre o tema proposto, englobando livros, peridicos e internet.

    Segundo Barros e LEHFELD (2000, p. 70) pesquisa bibliogrfica a que se efetua

    tentando-se resolver um problema ou adquirir conhecimento a partir do emprego

    predominante de informaes advindas de material grfico, sonoro e informatizado.

    A utilizao de mltiplas fontes de pesquisa possibilitou a coleta de informaes

    relevantes e evidncias necessrias para que se pudesse verificar aproximada relao do

    caso com o referencial terico, assim como traar a histria da empresa.

    2.1.2 A Coleta de Dados

    A coleta de dados a fase da pesquisa em que h a aproximao do pesquisador

    com o objeto pesquisado. Segundo Barros e LEHFELD (2000, p. 89), a coleta de dados

    significa a fase da pesquisa em que se indaga e se obtm dados da realidade pela aplicao

    de tcnicas.

    A coleta de dados e as tcnicas utilizadas, no estudo em questo, foram feitas

    atravs de uma viso completa e imparcial, sobre as empresas pesquisadas, na qual a

    cronologia dos fatos fosse estruturada a partir da coleta das informaes de todos os

    envolvidos, antes que fosse analisado o gerenciamento da crise em foco.

    A partir das informaes concedidas, foi possvel esboar o histrico da empresa,

    um momento antes da crise, o momento da crise e o gerenciamento das crises.

    As fontes de pesquisa utilizadas para este estudo foram:

    Artigos;

    Jornais;

    Site da TAM.

    A crise no setor areo brasileiro, diz respeito a uma srie de colapsos no transporte

    areo que foram deflagrados aps um acidente ocorrido em outubro de 2006. Dez anos

    aps o primeiro incidente ocorrido na TAM, outro acidente com grandes propores ocorre

  • 23

    no Brasil, causando a morte de 154 pessoas, recebendo o ttulo de maior tragdia da

    aviao brasileira. A iseno da culpa da TAM ajudou a companhia a preservar sua

    imagem, assim como a execuo exemplar do planejamento preventivo de crise que a

    empresa possua. Este episdio reforou a importncia de um plano de crise e do preparo

    das equipes, j que a companhia area superou a crise sem danos sua imagem e aos seus

    negcios.

    Aps o levantamento das informaes foi feita uma anlise desde o momento da

    criao da empresa citada, e de que forma essa organizao conseguiu gerenciar as crises

    enfrentadas.

  • 24

    3 REFERENCIAL TERICO

    3.1 Crises Empresariais

    Para dar maior sustentao ao estudo sobre gerenciamento de crises empresarias,

    foram consultado vrios autores como segue.

    Crise uma situao que surge quando algo feito pela organizao ou

    deixado de fazer ou ainda de sua responsabilidade afeta, afetou ou poder

    afetar interesses de pblicos relacionados empresa e o acontecimento tem

    repercusso negativa junto opinio pblica, como conceitua NEVES

    (2000).

    Para ARGENTI (2006). O conceito de crise pode ser definido como:

    [...] do grego krisis - que significa deciso, do verbo krinein, decidir. Hoje

    em dia, conhecemos o termo em momentos decisivos de instabilidade nos

    quais a liderana e as tomadas de decises podem determinar o resultado

    final da situao para melhor ou pior. Como visto s vezes as empresas

    emergem mais respeitadas aps uma crise bem administrada. (ARGENTI,

    2006, p. 288)

    E de acordo com FERREIRA (1975) o significado de crise uma situao grave

    em que os acontecimentos da vida social, rompendo padres tradicionais, perturbam a

    organizao de alguns ou de todos os grupos integrados na sociedade.

    MITROFF, PEARSON & HARRINGTON (1996) esclarecem que a crise afeta a

    existncia organizacional, seu desempenho financeiro e pode alijar consumidores,

    empregados, comunidade e o meio-ambiente.

    Quando ocorrem as crises conveniente que as empresas diagnostiquem com

    rapidez a magnitude e o impacto que a mesma possa trazer para a sobrevivncia da

    empresa.

    SANTANA (2000) traz a seguinte afirmao sobre crises empresariais:

    As crises raramente respeitam limites geogrficos e no incomum

    gerarem srias conseqncias polticas para uma nao. Se a crise chegar a

    esse ponto, a empresa precisa ter planos de contingncia em comunicao

    aptos a serem acionados e com pessoal treinado para lidar com cada um

    dos mltiplos stakeholders. A crise, nesse nvel, deixa de pertencer

    empresa para ser domnio da coletividade. (SANTANA (2000, p 37)

  • 25

    Diante deste contexto, a definio de FEARN-BANKS (1996) para stakeholders

    o grupo de indivduos que tm interesses comuns e so afetados direta ou indiretamente

    pelas empresas, como o governo, as comunidades e os empregados. Esta definio se

    depura ainda mais com KUNSCH (1997), ao apresentar o potencial dos stakeholders para

    influir, contribuir ou obstruir os objetivos da organizao, sejam eles internos ou externos

    empresa.

    BIRCH (1993, p. 10) distingue crise de problema. "A crise um evento

    imprevisvel que, potencialmente, provoca prejuzos significativos a uma organizao ou

    empresa e, logicamente, a seus empregados, produtos, condies financeiras, servios e

    sua reputao".

    Segundo ROSA (2001), crise constitui um conjunto de eventos que pode atingir o

    patrimnio mais importante de qualquer entidade ou personalidade que mantenha laos

    estreitos com o pblico: a credibilidade, a confiana, a reputao.

    GONALVES (2005, p. 23) ressalta que:

    Mais do que transcrever os diferentes conceitos para a palavra crise,

    oportuno perceber, a partir dos significados propostos pelos diversos

    autores, a evoluo dessa terminologia ao longo do tempo. At pouco

    tempo atrs, as pessoas se preocupavam em cuidar de seus problemas sem

    se interessar pelas questes dos outros. A sociedade vivia em guetos de

    classe, cultura, religio e, at mesmo, territoriais.

    A maioria das empresas entende que as crises de grande magnitude tm baixa

    probabilidade de ocorrncia, e muitos executivos no consideram relevante um plano de

    gesto de crise ou mecanismos de precauo. Essa viso, no entanto, nem sempre

    compartilhada por empresas que possuem capital aberto, e que precisam de uma reputao

    ilibada sob pena de perecer com simples boatos ou ocorrncias que afetem sua imagem.

    (SEGET, 2008)

    Coincidncia ou no, todas as declaraes listadas e muitas outras que no foram

    aqui mencionadas possuem um elemento em comum: o fato de acontecerem

    bruscamente, alm de representarem enfraquecimento, momento perigoso, algo

    embaraoso. Nas organizaes, a doena demonstra praticamente os mesmos sintomas:

    manifestao violenta em plena sade aparente, tenso, conflito etc. Tanto no tratamento de

    enfermidades quanto no gerenciamento corporativo ainda vlido o bom e velho ditado

  • 26

    melhor prevenir do que remediar. A fim de melhor entender as caractersticas e sugestes

    de profissionais de comunicao institucional para a administrao de crises empresariais,

    so apresentadas abaixo alguns tipos de crise.

    3.1.2 Tipos de Crises Empresariais

    Conforme a literatura cientfica demonstra existem vrios tipos de crises

    empresariais. Irvine (1996), classifica as crises empresarias de acordo com a natureza, j

    outros buscam nos stakeholders a base da diferenciao, como o caso de NEVES (2002),

    que tem nos diferentes pblicos a referncia de sua classificao dos tipos de crise:

    1. Crises com consumidores, clientes e usurios:Crises relacionadas a produtos fabricados

    e/ou comercializados pela empresa e/ou a servio prestado por ela. As mais comuns tm

    como fatos geradores:

    produtos e/ou servios;

    violaes contratuais;

    violaes lei de defesa do consumidor;

    problemas de relacionamento com esses pblicos (qualidade de atendimento).

    2. Crises com o pblico interno:Crises relacionadas aos interesses dos empregados e de

    seus familiares. Na maioria das vezes, eles so vtimas, mas tambm podem ser agentes:

    acidentes de trabalho;

    demisses em massa;

    violaes da legislao trabalhista;

    discriminao;

    3. Crises com os investidores: Crises relacionadas aos interesses dos acionistas.

    Normalmente, esses interesses esto associados ao valor da ao e remunerao do

    investimento (dividendos). So as mais comuns:

    Resultado abaixo da expectativa;

    Fuses e aquisies;

    Tomada hostil de controle;

    Problemas de relacionamento com esses pblicos, como brigas de poder;

    Perda de clientes;

  • 27

    Perdas patrimoniais significativas por roubo, furto, desapropriao, m

    administrao, fraudes, perda de aes judiciais, multas e indenizaes;

    Fraudes contbeis;

    Morte ou sada inesperada de altos executivos;

    Envolvimento da empresa em corrupo, crimes do colarinho branco, sonegao

    fiscal, crimes ambientais;

    Solicitao de concordatas ou pedidos de falncia.

    4. Crises com a comunidade: Crises relacionadas aos interesses de comunidades especficas

    ou da comunidade em geral. As mais comuns so:

    relativas ao meio ambiente (vazamentos, destruio da camada de oznio,

    contaminaes, tratamento inadequado do lixo, poluio sonora e visual, desmatamentos,

    desvio de rios, alagamentos, aterros, caa e pesca predadoras, agresso ao patrimnio

    histrico);

    conflitos com a comunidade/segmentos (mdia, minorias, mulheres, religies,

    nacionais/etnias, partidos polticos, comunidades geogrficas, comunidades acadmicas e

    cientficas, sindicatos e ONGs).

    5. Crises com o poder pblico: Crises relacionadas com a ordem jurdica e institucional,

    como:

    violao de leis, regulamentos, posturas municipais (legislao fiscal, lei de defesa

    do consumidor, leis ambientais, corrupo, crimes de colarinho branco, concorrncia desleal,

    publicidade abusiva, encerramentos de operaes, fechamento de fbricas, descontinuao de

    servios ou de produtos).

    Segundo LERBINGER, citado por OLIVEIRA (1996), divide a crise em sete tipos

    diferentes que abrangem de trs categorias: crises do mundo fsico (crises naturais e crises

    tecnolgicas), crises de clima humano (crises de confronto, crises de malevolncia e crises

    de distoro de valores administrativos) e crises de falha administrativa (crises de decepo

    e crises de m administrao), so elas:

    1. Crises naturais So fenmenos da natureza, ou seja, a vontade de Deus se

    manifestando e no h culpa humana. So aceitas como uma fatalidade. Como, por

    exemplo, furaco, tornado, terremoto, inundaes etc;

    2. Crises tecnolgicas So crises causadas pelo homem, uma vez que resultado da

    manipulao dos recursos presentes em seus ambientes. Existem vrias discusses sobre o

    avano da tecnologia j que pode representar um risco que no existia, por exemplo, as

  • 28

    usinas nucleares, os implantes de silicone. Nesses casos, necessrio fazer um exame de

    custo-benefcio, ou seja, essa nova tecnologia pode at gerar um risco a mais, entretanto,

    trar benefcios para a sociedade. As empresas podem ser culpadas e responsabilizadas por

    esse tipo de crise;

    3. Crises de confronto So crises que envolvem a atuao de grupos civis, organizaes

    no governamentais, movimentos ambientalistas e de consumidores, enfim, grupos

    organizados que se renem para lutar pelos interesses que defendem. Dentre suas aes

    est a vigilncia das empresas. Quando esses grupos encontram alguma atividade que no

    lhes agrada em uma empresa, eles a pressionam a agir como julgam adequado. Tal presso

    se d por meio da imprensa, uma vez que essa a forma mais rpida e eficaz para

    mobilizar a opinio pblica. Alm do mais, esses grupos aproveitam dessas oportunidades

    de espao na imprensa para se promoverem;

    4. Crises de malevolncia Ocorrem quando grupos, indivduos e, at mesmo,

    concorrentes usam de atividades ilcitas ou de pura maldade para causar danos imagem de

    uma empresa. Terrorismo, atentado, falsificao, boatos, mentiras e rumores so alguns

    tipos de ataques nesse tipo de crise;

    5. Crises de distoro de valores administrativos Ocorrem quando a empresa se

    preocupa com o interesse de um de seus pblicos em detrimento dos demais. Todos sabem

    que cada pblico tem o seu interesse em particular e, muitas vezes, o que bom para um

    ruim para o outro. Por exemplo, acionistas que querem aumentar o lucro, mesmo causando

    a demisso de vrios empregados e corte de benefcios. Nesse caso, enquanto a

    administrao satisfaz a vontade de um dos pblicos, causa grande insatisfao a outro e,

    com isso, gera uma crise interna que pode ganhar repercusso externa;

    6. Crises de decepo Tm origem quando h uma diferena entre o produto ou servio

    que a empresa anuncia e o que ele realmente . No se pode criar uma expectativa no

    pblico que no seja suprida pela empresa. Os casos mais graves so aqueles que causam

    danos sade do pblico;

    7. Crises de m administrao So caracterizadas pelos atos ilegais ou imorais feitos

    pelos indivduos que tm a funo de administrar a empresa. Ocorrem quando os diretores

    da empresa vem seus nomes envolvidos em fraudes, subornos, roubos etc.

    Irvine (1996) define as crises empresariais em dois principais tipos diferentes:

  • 29

    Repentina: so aquelas que pegam a empresa de surpresa, como, por exemplo, a

    exploso de uma fbrica, contaminao em produtos alimentcios etc. Representam 35% das

    crises;

    Latente: situaes que tm potencial de gerar uma crise e cuja data de incio a

    empresa conhece previamente. Na maioria das vezes, ela prpria que gera este conflito.

    Representam 65% das crises.

    3.1.3 Administraes de Crises

    Os planos de gerenciamento de crises no so uma absoluta novidade. Eles

    nasceram com o nome de planos de contingncia, que procuravam prever todas as aes

    logsticas que as organizaes de grande porte (governo, indstrias que lidam com matria-

    prima perigosas, etc) precisariam realizar no caso de uma calamidade (ROSA, 2003).

    A eficcia do plano de crise envolve alguns componentes como expostos no artigo

    de ROOS (2008):

    Uma equipe de comunicao de crises: essa equipe que ir elaborar o plano de

    crise, que deve ser feito antes de qualquer problema de maneira que tudo seja executado

    como planejado. O momento de uma crise no o perodo certo para se comear um plano.

    As funes devem ser bem definidas e especficas, como reunir informaes para os

    funcionrios e mdia e definio de um porta-voz;

    Um plano de comunicao interna: A equipe de comunicao deve escolher um

    diretor de comunicaes internas que trabalhar na proteo aos funcionrios e pblico

    interno da empresa. ele que na fase de planejamento vai levantar informaes e formar

    um cadastro com contatos rpidos. Num momento de crise, as informaes sero passadas

    a esse pblico de forma rpida e verdadeira;

    Uma estratgia de mdia: o relacionamento com a mdia deve sempre ser aberto,

    amigvel e de respeito mtuo. Dentro de um plano de gerenciamento de crises, pelo menos

    um membro deve estar em constante contato com os meios de comunicao, de preferncia

    o assessor de imprensa, que j deve possuir esse relacionamento com os veculos. Isso

    durante o fervor da crise ser de grande proveito em funo de ter abertura para a

    divulgao do que est se passando na empresa;

    Uma lista de potenciais fraquezas e de planos para lidar com elas: atravs de

    uma auto-avaliao da empresa pode ser observado alguns pontos fracos a serem

    trabalhadas e surgem hipteses de aes a serem designadas durante uma crise;

  • 30

    Informaes atualizadas sobre a empresa e seus programas: manter fichas

    informativas atualizadas sobre a empresa e seus programas para que no momento de crise a

    mdia e conseqentemente a populao tomem conhecimento de seu funcionamento.

    Esse tipo de plano continua sendo desenvolvido, mas, recentemente, os

    profissionais da rea de comunicao tomaram emprestado essa expresso para aplicar no

    que se chama hoje, por alguns autores, de Plano de Gerenciamento de Crise (PGC), planos

    de contingncia, ou ainda Sistema de Gerncia de Crise (SGC). Para este estudo, optou-se

    por utilizar o termo PGC. (GONALVES, 2005)

    Melo (2004) afirma que o PGC um trabalho de gesto empresarial com impactos

    do presidente ao porteiro. " um trabalho preventivo, uma vez que crise no se evita,

    visando sair da crise o mais rpido possvel com os menores arranhes na sua imagem e, se

    possvel, com um bom aprendizado". (MELO, 2004, p. 15).

    ROSA (2003) acredita que possvel prever os desdobramentos de uma crise e

    fazer um planejamento para situaes extremas. Foi essa foi a lgica que comeou a definir

    os contornos do gerenciamento de crise: as crises tm um padro. "Se existe um padro,

    logo h determinados impasses e dilemas que se repetem de uma forma regular e,

    conseqentemente, o melhor momento para encontrar as formas mais adequadas de lidar

    com essas dificuldades antes que elas eclodem". (ROSA, 2003, p. 70)

    Um diagnstico de IRVINE (1996) revela ainda outras questes importantes que

    merecem reflexo:

    A maioria das situaes de crise pode ser prevista e prevenida; aquelas que no

    podem ser evitadas podem ser minimizadas;

    Graves problemas empresariais no se transformam em crises at que o pblico

    descubra via imprensa;

    Quanto mais longa as crises, maiores os danos sobre as vendas, ganhos, preos e

    posio competitiva;

    A recusa da administrao em admitir a realidade o maior obstculo para o efetivo

    gerenciamento da crise;

  • 31

    A maior preocupao no gerenciamento da crise o Tribunal de Justia, quando

    deveria ser o tribunal da opinio pblica. (IRVINE, 1996).

    MELO (2004) acrescenta que uma crise bem gerenciada pode, e deve, trazer

    significativas vantagens para a empresa como difundir os propsitos sociais e empresariais

    como a misso e viso; disseminar valores e mensagens institucionais; alcanar o

    comprometimento e conquistar a adeso verdadeira dos pblicos envolvidos; aprimorar o

    relacionamento com os stakeholders, j que ser preciso se aproximar deles durante e,

    principalmente, depois da crise para reconquistar a confiana e alcanar a sinergia entre

    reas e pessoas da empresa j que elas se unem para se solidarizar com a empresa. "O

    importante ter em mente que a crise apresenta enorme possibilidade de desgaste, mas

    oferece oportunidade para a demonstrao cabal de competncia". (ROSA, 2003, p. 176).

    Diversos so os posicionamentos possveis a serem adotados por uma empresa no

    momento de uma crise. Wilcox, apud Klinke (2000), apresenta uma lista de estratgias que

    podem variar em durao, como defensivas (ataque ao acusador, negao, desculpa,

    justificativa) e as de acomodao (agrado, ao corretiva, pedido completo de desculpas).

    Segundo GONALVES (2005) um Plano de Gerenciamento de Crise pode ser

    sintetizado de acordo como mostra o quadro abaixo:

  • 32

    Quadro 1: Plano de Gerenciamento de Crise

    Elementos Caractersticas

    Avaliao das crises mais provveis

    importante mapear as provveis crises com

    maior probabilidade de ocorrer em uma empresa

    e/ou profissional. Nessa etapa, aplicado um

    questionrio em diversos setores da empresa

    visando detectar as fragilidades da organizao.

    O comando das situaes de crise e comit da crise

    Antes da crise, importante identificar quem so

    os lderes responsveis por criar a cultura de crise

    dentro da empresa e estabelecer como que uma

    possvel crise ser enfrentada.

    A doutrina da crise

    o ponto forte de um PGC: definir como a

    empresa ir se comportar em cada situao e

    momento da crise e quais as aes que devero ser

    adotadas.

    A base de dados

    Informaes que podem ser importantes no

    gerenciamento da crise, de forma a garantir que a

    mensagem correta chegue ao lugar certo e pessoa

    correta.

    Identificao dos stakeholders e processos de

    comunicao

    Identificao de todos os pblicos que se

    relacionam com a empresa e dos melhores

    instrumentos de comunicao para se atingir cada

    um dos stakeholders

    Definio do porta-voz

    Escolha prvia do profissional que ir assumir a

    conduo da crise, assim como os procedimentos

    que devero ser adotados.

    Fonte: Adaptado de Gonalves, 2005

  • 33

    3.1.4 Ps-crise

    De acordo com OLIVEIRA (1996) aps o perodo de crise indicada a realizao

    de uma pesquisa com stakeholders de maior interesse para saber o quanto foi afetada sua

    imagem e reputao. As empresas que forem capazes de assumir suas falhas, consertar

    seus erros e surpreender seus pblicos gozaro de um respeito maior, pois sero tambm

    reconhecidas como responsveis nos momentos adversos. (ROSA, 2003).

    Paralelamente a um trabalho de pesquisa realizado com os stakeholders, a empresa

    pode fazer uma avaliao analtica de como crise foi administrada, avaliando as aes

    tomadas e analisando o que realmente deu resultado, quais aes foram benficas e quais

    no foram, o que ocorreu conforme o esperado e o que fugiu ao controle da empresa. Com

    esses dados, o plano de gerenciamento de crises deve ser revisto e atualizado. (OLIVEIRA,

    1996).

    De acordo com GONALVES (2005) apud Irvine (1996), um caminho buscar

    uma avaliao com pessoas que analisaram a situao do ponto de vista externo e, com

    isso, contribuir ainda mais para o aprimoramento dessa rea. Fazendo os seguintes

    questionamentos para o gerenciamento da crise:

    Como a crise poderia ter sido evitada ou minimizada?

    O que funcionou bem durante a resposta inicial crise, quais foram as surpresas

    desagradveis ou os desapontamentos?

    Quais foram as pequenas coisas que realmente fizeram a diferena, ou teriam feito

    diferena se estivessem disponveis?

    Como poderamos ter economizado dinheiro ao responder a essa crise?

    Como funcionaram nossos planos de emergncia existentes? O que mais foi

    necessrio?

    Qual a avaliao da cobertura jornalstica e seu efeito sobre a empresa? Como

    poderamos ter nos conduzido mais eficientemente? Quem se destacou na empresa em sua

    opinio positiva e negativamente em termos de contribuio para a resposta crise?

    Que lies tirar para se voc tivesse que fazer tudo outra vez

  • 34

    4 ESTUDO DE CASO: TAM

    4.1 A Formao Histrica da Empresa TAM

    A Txi Areo Marlia (TAM) surgiu em 1961, a partir da unio de dez jovens

    pilotos de monomotores. Na poca, eles faziam o transporte de cargas e de passageiros

    entre o Paran e os Estados de So Paulo e do Mato Grosso. Aps seis anos, o grupo

    comprado pelo empresrio Orlando Ometto, tem a sua sede mudada para So Paulo e

    tambm muda o seu perfil ao comear a transportar apenas malotes.

    Em 1971, o comandante Rolim Amaro, que j havia trabalhado na companhia em

    seus primeiros anos de funcionamento, convidado por Orlando Ometto para ser scio

    minoritrio da empresa, com 33% das aes. No ano seguinte, o piloto adquire metade das

    aes da TAM e assume a direo da empresa.

    O ano de 1976 marca o surgimento da TAM - Transportes Areos Regionais, que d

    origem empresa conhecida hoje como TAM Linhas Areas. Rolim detm 67% do capital

    da nova empresa, com atendimento voltado para o interior de So Paulo, Paran e Mato

    Grosso.

    A dcada de 80 marca um perodo de crescimento. A mudana comea com a

    chegada do Fokker-27, substituindo os avies bimotores. Em 1981, a TAM comemora a

    marca de um milho de passageiros transportados. O primeiro grande salto da malha da

    empresa vem em 1986, com a aquisio da companhia area Votec. Com a medida, a TAM

    estende as suas atividades para as regies Centro-Oeste e Norte do pas. A partir de 1989, a

    presena do comandante na porta das aeronaves para recepcionar os passageiros e o

    inconfundvel tapete vermelho no acesso para a escada de embarque passam a fazer parte

    do tratamento diferenciado oferecido pela TAM.

    A empresa ganha mais visibilidade com a chegada dos Fokker-100, inaugurando

    uma nova era na aviao regional. Em 1993, a TAM lana com pioneirismo o Programa

    Fidelidade, que se destaca por no prever limitao de assentos para as passagens gratuitas.

    O ano de 1996 marca o incio das operaes da TAM em todo o territrio nacional. A TAM

    adquire a companhia Lapsa do governo paraguaio e cria a TAM Mercosul.

    Em conjunto com um consrcio formado pela Lan Chile e Taca, a TAM lidera a

    negociao para compra das aeronaves Airbus. O resultado a compra de 150 aeronaves

    para as trs empresas junto ao consrcio europeu.

  • 35

    Outra iniciativa estratgica a compra de uma rea de 185 alqueires (447 hectares)

    na regio de So Carlos, no interior de So Paulo, que hoje a sede do Centro Tecnolgico

    da TAM. Em 1998, chegam TAM seus primeiros Airbus A330 e a empresa faz o seu

    primeiro vo internacional na rota So Paulo-Miami. No ano seguinte, a vez do primeiro

    destino para a Europa (Paris), em parceria com a Air France.

    Apostando na tecnologia como meio para atender melhor os seus passageiros, a

    TAM lana novamente com pioneirismo no Brasil um moderno sistema de bilhetes

    eletrnicos, batizado com o nome de e - ticket.

    A TAM comea em 2000 uma ofensiva fase de crescimento, mas o ano de 2001

    marcado por grandes acontecimentos. O comandante Rolim morre tragicamente no dia 8 de

    julho em um acidente de helicptero. Dois meses depois, a aviao internacional sofre um

    srio abalo e entra em um ciclo de retrao em decorrncia dos atentados de 11 de

    setembro.

    Assim como em outras partes do mundo, o mercado brasileiro sofre os efeitos da retrao

    econmica. No entanto, a TAM cresce 31% nesse perodo, transportando mais de 13

    milhes de passageiros e elevando o faturamento para praticamente R$ 3 bilhes no ano.

    Em 2001, a empresa incorpora mais 15 aeronaves Airbus A 320 e dois Airbus A 330.

    Mesmo com as adversidades, a TAM transporta quase 14 milhes de passageiros em 2002.

    A TAM remaneja sua malha area, reestrutura-se internamente e d incio ao

    compartilhamento de vos com a Varig. A empresa lana o e-TAM Auto-Atendimento nos

    principais aeroportos do pas, um equipamento que permite aos passageiros fazer o seu

    check-in em apenas 10 segundos. A companhia fecha o ano com lucro de R$ 174 milhes,

    o maior de sua histria. Depois de uma carreira de 30 anos na empresa, Daniel Mandelli

    Martin deixa a presidncia da TAM.

    Marco Antonio Bologna, que havia ocupado a vice-presidncia Financeira, assume

    a presidncia no dia 19 de 2001. So criados os vos noturnos, com tarifas reduzidas,

    conhecidos como "corujes". A TAM tambm investe em conforto e lana a poltrona da

    Nova Classe Executiva dos vos internacionais para Europa (Paris) e EUA (Miami). A

    reclinao das poltronas passa de 145 para 180.

    Com o reaquecimento da economia, a companhia volta a operar os vos diurnos

    para Miami e passa a operar mais trs vos semanais para Paris. Com isso, o nmero de

    freqncias para os EUA sobe para 14. Para a Europa, a TAM passa a oferecer 10 vos

    semanais. Alm disso, a empresa inicia uma estratgia de crescimento para a Amrica

  • 36

    Latina e comea a voar diariamente para Santiago do Chile no incio de dezembro.

    Para adequar a frota ao aumento de demanda no mercado domstico e internacional, a

    TAM confirma a chegada do seu dcimo Airbus A330 at outubro de 2005, que ser usado

    nas viagens internacionais. A empresa tambm acertou junto Airbus um cronograma para

    a entrega de mais 10 aeronaves A320 nos prximos quatro anos. Alm dessas entregas

    firmes estaro garantidas tambm 20 opes para o mesmo tipo de aeronave, sujeitas

    apenas a confirmao pela TAM.

    No mercado domstico, a TAM fecha uma srie de acordos com companhias areas

    regionais para aumentar a sua cobertura no territrio nacional e oferecer novas

    possibilidades de conexo e de freqncias para seus passageiros. Ao todo, so 25 novos

    destinos nacionais, responsveis pelo transporte de 38 mil passageiros a mais em 2004. Os

    acordos envolvem cinco empresas: Passaredo, Ocean. Air, Total, Trip e Pantanal. Com

    isso, a TAM passa a cobrir uma malha com 66 cidades no territrio nacional (sendo 41

    destinos prprios).

    A TAM fecha o ms de dezembro de 2004 com a liderana no mercado domstico

    pelo 18 ms consecutivo e um recorde histrico no ms de dezembro: 41,17% de market

    share. No acumulado do ano, a TAM fica com uma participao de 35,79% no setor

    nacional e de 14,48% no internacional. A ocupao das aeronaves acumulada no ano

    tambm atinge bons resultados: 64% no mercado domstico e 72% no internacional.

    A TAM mantm a liderana do mercado domstico de aviao com mdia de 43,5%

    de market share, crescimento de 7,7 p.p. ante o ano anterior. No internacional, a evoluo

    foi de 4,4 p.p., fechando o perodo com 18,9% de participao no mercado.

    Novas freqncias para Paris (duas por dia), Buenos Aires (cinco dirias) e o lanamento

    do vo para Nova York, em novembro, contribuem para aumentar a fatia desse segmento.

    Alm disso, a Companhia consolida seus vos para Miami (dois por dia), Santiago do Chile

    (um dirio) e refora sua integrao com a malha da subsidiria TAM Mercosur, sediada

    em Assuno, no Paraguai, e que vai a Pedro Juan Caballero, Montevidu, Punta Del Leste,

    Ciudad Del Este, Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba. No Brasil, a TAM chega a 46

    destinos e, com os acordos comerciais com companhias regionais, atinge 73 localidades no

    pas.

    No ano de 2005, 19,6 milhes de passageiros so transportados, nmero 44,7%

    superior ao registrado em 2004. A evoluo da operao fez a companhia aumentar seu

  • 37

    quadro de colaboradores em 15,4% (1.290 novos funcionrios diretos) comparado a 2004,

    totalizando 9.669.

    No primeiro semestre, refora vos a partir de So Paulo, Rio e Braslia,

    principalmente para capitais do Nordeste. Em julho, passa a voar para Boa Vista (Roraima)

    e inicia freqncias diretas para Manaus a partir de So Paulo. A partir de 2 de outubro,

    comea a operar vo dirio para Rio Branco (Acre) a partir de Goinia, com escala em

    Braslia, e passa a voar para todas as 26 capitais brasileiras, alm do Distrito Federal.

    No mercado internacional, completa as sete freqncias semanais para Nova York com

    vos no horrio noturno, inicia terceiro vo dirio para Miami a partir de Manaus e, com a

    TAM Mercosul, refora Buenos Aires a partir do Galeo. Para Santiago (Chile), aumenta a

    capacidade com a operao do Airbus A330. Em outubro, inicia o vo para Londres e

    passa a oferecer a seus passageiros mais dois novos destinos na Europa: Zurique e

    Genebra, na Sua, por meio de vos em code-share com a Air France, encerra o ano com

    lucro de R$ 556,0 milhes. Nos mercados domstico e internacional, a empresa transportou

    27,9% mais passageiros em relao ao ano anterior, totalizando 25 milhes de pessoas. Em

    dezembro, alcana 49,1% de participao no mercado domstico e 60,6% no segmento

    internacional.

    Inicia as novas rotas para Milo (Itlia) e Crdoba (Argentina), passa a oferecer

    uma freqncia direta entre Salvador e Paris, alm dos vos ligando Fortaleza e Salvador a

    Buenos Aires. Lana a segunda freqncia diria para Santiago do Chile e passa a operar o

    terceiro vo dirio para Paris (Frana), desta vez com partida do Aeroporto Internacional

    Antonio Carlos Jobim (Galeo), no Rio de Janeiro. Como parte de sua poltica para o

    segmento internacional, a TAM estabelece parcerias estratgicas por meio da assinatura de

    Memorandos de Entendimento com a portuguesa TAP, a sul-americana LAN, a americana

    United Airlines, alm da alem Lufthansa.

    Em julho de 2006, recebe autorizao oficial da ANAC (Agncia Nacional de

    Aviao Civil) para iniciar operao regular de trs freqncias semanais para Frankfurt

    (Alemanha) e de sete para Madrid (Espanha). Para operar o segmento internacional, a

    TAM anuncia a ampliao de seu planejamento de frota, com a aquisio de 22 Airbus

    A350 XWB (Xtra Wide Body) com mais 10 opes, para serem entregues entre 2013 e

    2018. Alm desses, a empresa confirmou o recebimento de mais dois A330 em 2010 e

    outros dois em 2011. Anteriormente, a empresa j havia anunciado a contratao de quatro

    Boeing 777-300ER, aumentando para oito o nmero de aeronaves desse modelo que sero

  • 38

    entregues a partir de 2008. Com isso, a TAM planeja encerrar 2007 com 18 avies de

    grande porte para viagens de longo curso e, at 2010, sero 26 aeronaves destinadas

    exclusivamente aos vos internacionais.

    No ms de julho, a TAM registra participao de mercado nos vos domsticos de

    50,6%, consolidando a liderana alcanada desde julho de 2003. No segmento das linhas

    internacionais operadas pelas companhias areas brasileiras, a TAM atinge market share de

    64,3%, mantendo liderana conquistada em julho de 20062.

    4.2 Crises na Empresa TAM

    A crise no setor areo brasileiro, diz respeito a uma srie de colapsos no transporte

    areo que foram deflagrados aps o acidente do vo Gol 1907, em outubro de 2006. De

    acordo com a reportagem da Folha Online, (2006), a primeira falha de equipamento

    noticiada que ocorreu na crise foi em 20 de outubro de 2006 quando uma pane no centro de

    processamento de dados obrigou o Cindacta 2 a desligar o sistema de radar no Sul do pas,

    o que provocou atrasos.

    Vos atrasados, passagens mais caras, falta de controladores de vo, fizeram com

    que os passageiros vivessem algo indito na histria area brasileira, evidenciando o

    despreparo das companhias e do governo frente ao contexto de acidentes areos e at

    mesmo da administrao de segmento. Os primeiros sinais de crise neste setor foram

    expostos com a queda do Boeing 737- 800 da GOL, e seu pice ocorreria em julho de 2007

    com o acidente da TAM no aeroporto de Congonhas.

    No dia anterior, o centro de processamento de dados do Cindacta 2 j tinha

    apresentado problemas. Particularmente no caso da TAM a empresa sofreu trs grandes

    crises nos ltimos 11 anos.

    Primeira Crise: outubro de 1996

    Em outubro de 1996 ocorre a primeira tragdia, causada por uma falha mecnica de

    uma pea fabricada por uma empresa estrangeira, levou a bito 99 pessoas entre

    passageiros, tripulao e moradores do bairro atingido. O jato que saa de So Paulo com

    destino ao Rio de Janeiro, perdeu fora ao decolar caindo sobre o bairro Jabaquara da

    capital paulista.

    2 Fonte: www.tam.com.br

  • 39

    O comandante Rolim, proprietrio da TAM soube conduzir de forma positiva e

    amenizar os danos advindos da crise, evitando maiores prejuzos imagem da empresa.

    Outro fator que contribuiu de forma relevante para a imagem da TAM foi o fato de a pea

    defeituosa ser de uma fabricante estrangeiro no ligada empresa area, sendo a mesma

    declarada responsvel pela justia e respondeu s indenizaes para os parentes das

    vtimas.

    Segunda Crise: julho de 2001

    J no ano de 2001 ocorre algo inesperado, o proprietrio da TAM, comandante

    Rolim morre tragicamente no dia 8 de julho em um acidente de helicptero.

    Terceira Crise: Julho de 2007

    Uma aeronave, Airbus A320 encontrou dificuldades na aterrisagem no aeroporto de

    Congonhas, e colidiu com um prdio da TAM, resultando na morte de 187 pessoas

    (passageiros, tripulao e funcionrios da empresa TAM Express). Este episdio marcou a

    situao de crise que o sistema areo brasileiro vivia. Seu agravante foi a falta de

    manuteno do aeroporto, que no possua as condies necessrias para um pouso seguro

    em dias chuvosos. A existncia de um plano de preveno de situaes adversas, no foi

    suficiente para a superao do ocorrido, afetando a imagem da companhia area e tambm

    do setor em questo.

    4.2.1 Gerenciamento das Crises

    Este captulo analisa o gerenciamento de crise utilizando como base os acidentes

    areos ocorridos entre 1996 e 2007 assim como o desaparecimento do Rolim. Buscou-se

    verificar em quais momentos estratgias para o gerenciamento de crise foram aplicadas e

    onde poderiam ter auxiliado para minimizar os danos causados pela crise.

    Gerenciamento da Crise de 1996

    Na crise de 1996 a crise foi gerenciada pelo Comandante Rolim, pois no foi s a

    empresa responsvel pela tragdia rea, como eles no tinham um plano de administrao

    de crise e utilizou-se de um plano de comunicao e estratgia de mdia. Para o

    gerenciamento da crise, a empresa buscou agir com rapidez, tratou de buscar as causas da

  • 40

    tragdia e as divulgou sem censura. Mas houve demora na comunicao dos direitos de

    indenizao aos familiares.

    Gerenciamento da Crise de 2001

    Com a morte do comandante Rolim em 2001, a TAM volta enfrentar outro

    momento de crise. Assumindo a presidncia o executivo David Barioni recebeu uma dura

    incumbncia: trazer de volta a imagem de uma companhia inovadora e preocupada com a

    qualidade de atendimento ao cliente, caractersticas marcantes da gesto do comandante

    Rolim Amaro. Como fundador da empresa, piloto de formao e um dos responsveis pela

    meterica ascenso da Gol, na qual ocupava a vice-presidncia operacional antes de ir para

    a TAM, Barioni era tido no setor de aviao como a escolha mais bvia para ocupar o

    posto.

    Durante quase dois anos ele seguiu a tarefa risca. Passou a recepcionar os

    passageiros nos aeroportos, respondia pessoalmente s mensagens de clientes descontentes

    e, no raro, pilotava as aeronaves. No ano de 2003, porm, essa etapa do processo de

    "rolinizao" da companhia foi abruptamente interrompida. Barioni saiu do comando da

    TAM sem dar explicaes, deixando a maior companhia area do pas sem presidente pela

    terceira vez em oito anos, o posto foi assumido interinamente pelo vice-presidente

    financeiro, Lbano Barroso.

    Assim como Barioni, Mandelli, que assumiu a presidncia da TAM logo aps a

    morte de Rolim, em 2001, enfrentou resistncias dos controladores na hora de executar um

    duro programa de corte de custos, justamente no perodo em que a companhia sangrava

    dinheiro. Apesar de bem-sucedida, a estratgia lhe custou o posto. Bologna, seu sucessor,

    no escapou sina. frente da TAM em duas das piores crises de sua histria, o caos

    areo no Natal de 2006 e o acidente no aeroporto de Congonhas, em So Paulo, em 2007,

    Bologna no resistiu ao desgaste de imagem e antecipou em um ano e meio sua sada

    Alm da volatilidade dos preos do petrleo, a companhia precisou conciliar

    variveis como oscilaes na demanda, concorrncia crescente e margens de lucro cada vez

    mais apertadas. O problema que, no caso especfico da TAM, o presidente ainda tem de

    equilibrar outro problema: a constante ingerncia da famlia Amaro no dia a dia dos

    negcios.

    Gerenciamento da Crise de 2007

  • 41

    No dia seguinte ao acidente, o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, disse

    em entrevista coletiva que o Airbus e a pista de Congonhas estavam em "perfeitas

    condies". No dia seguinte, as afirmaes foram colocadas sob suspeita. Primeiro, a

    empresa admitiu que um dos reversores, pea utilizada no pouso para ajudar a frear a

    aeronave, estava travado. Surgiu, assim, a grande questo: o avio, de fato, estava em

    perfeitas condies? Logo em seguida, um piloto da TAM, com autorizao da companhia,

    afirmou que pousar em Congonhas em dias de chuva arriscado3.

    Segundo NAIDITCH (2008) a reao da TAM mostra que seus executivos

    aproveitaram pouco a dramtica experincia vivida com o acidente de outubro de 1996,

    quando um Fokker 100 da empresa caiu sobre casas vizinhas ao Aeroporto de Congonhas,

    matando 99 pessoas. As circunstncias so morbidamente semelhantes nos dois casos. A

    empresa, o lugar e a pea do avio hoje em suspeita (o reverso da turbina, travado no

    Airbus e que foi responsvel pela queda do Fokker) so os mesmos.

    Para levar a situao ao paroxismo, a prpria TAM cancelou boa parte de seus vos

    em Congonhas no dia 24 de julho. O motivo alegado foi justamente a chuva, o que colocou

    a coletiva de Bologna e sua atitude posterior num conflito lgico. Se a pista no tinha

    problemas antes do acidente, por que evit-la depois? So questes que, segundo os

    especialistas em gesto de crise, no podem ser levantadas aps declaraes dos

    representantes da empresa4.

    Alm do discurso opaco, a TAM feriu a clusula ptrea dos manuais de reao a

    acidentes areos: a obrigao de tratar com cuidado absoluto a famlia das vtimas. O

    responsvel pela gesto de crise da empresa em Porto Alegre estava no vo 3054, e a

    companhia no tinha um plano B preparado. Os parentes que chegaram ao Aeroporto

    Salgado Filho acabaram submetidos exposio pblica. Para tentar amenizar a situao, a

    TAM enviou a Porto Alegre executivos num jatinho. O avio deixou So Paulo logo aps o

    acidente, mas no conseguiu pousar no Salgado Filho e foi para Curitiba. O resultado que

    o time de gesto de crise da TAM s chegou a um dos principais palcos da tragdia cerca

    de 10 horas aps seu incio.

    Os erros da TAM no episdio dividem-se em dois grupos. O primeiro diz respeito

    ao discurso da companhia, considerado pouco transparente por familiares e por

    3 NAIDITCH, 2008

    4 Ibid. p. 67

  • 42

    especialistas em gesto de crise. Algo, alis, que j tinha acontecido na crise do apago

    areo que praticamente parou a empresa, no fim do ano passado.

    A crise ocorrida no ano de 2007 e a existncia de um plano de preveno de

    situaes adversas, no foi suficiente para a superao do ocorrido, afetando a imagem da

    companhia area e tambm do setor em questo. Pode-se observar que apesar de

    realizarem as atividades de inerentes aos parentes das vtimas translados, alimentao e

    hospedagem, a falta de um lder que conduzisse a situao foi sentida, especialmente

    se comparado ao acidente ocorrido com a mesma empresa em 1996. A reao da TAM

    mostra que seus executivos aproveitaram pouco a dramtica experincia vivida com o

    acidente de outubro de 1996,

    De acordo com NAIDITCH (2008), estudos feitos por um banco de investimentos

    apontam que, aps as mudanas ocorridas com a crise na TAM, o seu lucro lquido caiu

    pelo menos 15% em 2007 e 2008. Alm disso, o receio geral que surge aps um desastre

    areo como o do vo 3054 diminui qualquer chance de recuperao das margens de lucro

    da companhia. " difcil aumentar preos se as pessoas tm medo de voar", diz Stephen

    Trent, analista de aviao do Citigroup. "Mas o potencial de crescimento do setor no pas

    ainda um dos maiores do mundo". Um fato irnico diante da dimenso catica da

    companhia area.

    H 11 anos, a TAM nem sequer tinha um plano de gesto de crise em caso de

    acidente e o resultado foi uma reao intuitiva, calcada na figura do fundador da

    companhia, Rolim Amaro. O baque inicial foi estupendo, uma queda de 22% nas aes da

    empresa. Mas os ndices no tardaram a voltar ao patamar anterior. Apesar do relativo

    sucesso, Rolim decidiu pr fim ao amadorismo. Copiou, ento, o manual de gerenciamento

    de crise da American Airlines para que, caso houvesse uma nova tragdia, a companhia

    estivesse preparada para reagir de acordo. Mais um desastre aconteceu. E a empresa no

    mostrou o poder de reao planejado. (NAIDITCH, 2008)

    notvel a crise de imagem ocorrida na TAM, que a mesma sofreu aps os

    acidentes. Muitas pessoas ficaram com medo de voar aps os acidentes, ficaram com medo

    de perder seus entes queridos em possveis novas tragdias.

    Para o gerenciamento da crise houve uma grande mudana no posicionamento da

    TAM diante do tratamento imprensa, logo nos primeiros instantes aps o acidente do ano

    passado. Mas apesar do 2 acidente ter tido desdobramentos maiores, acredita-se que se a

    empresa tivesse tido mais agilidade no trabalho de identificao das vtimas, pois a

  • 43

    confirmao do nome das vtimas demorou mais do que o esperado, visto que, a empresa j

    havia passado por aquela situao e, portanto, poderia ter demonstrado maior agilidade

    neste procedimento.

    Em contrapartida no acidente de 2007, a comunicao foi mais gil. Na tragdia de

    1996 as coletivas de imprensa tentavam suprir os questionamentos dos jornalistas e

    conseqentemente da populao, no segundo caso fica explcita a estratgia da

    comunicao rpida por meio de notas oficiais divulgadas pela assessoria de imprensa da

    companhia.

    Com avano nos meios de comunicao entre os anos de 1996 e 2007, permitiu que

    o mesmo contedo que poderia ser divulgado em uma coletiva, chegasse aos rgos de

    imprensa. Possibilitando a prpria TAM o ganho de tempo para tentar esclarecer as causas

    do acidente ocorrido, viabilizando a melhor preparao do porta-voz da empresa, pois, j

    eram previstos pela assessoria de imprensa, o contedo questionado e a posio cobrada

    pela sociedade sobre as responsabilidades da companhia.

    Contudo tal atitude, ao mesmo tempo, que agilizou a transmisso de informaes,

    trouxe prejuzos a imagem da TAM. Tal atitude, alm de instigar a imprensa a levantar

    todas as possveis causas do acidente, gerando inmeros boatos, transmitiu uma imagem

    engessada do seguimento das normas do manual de gerenciamento de crises, abandonando

    a imagem humana e sensibilizada que a empresa abraou e que conseguira transmitir em

    1996, mesmo sem ter em mos um passo a passo do que deveria ter sido feito nos

    primeiros momentos da tragdia.

    Esta conduta reflete diretamente na imagem e reputao que necessitam de um

    trabalho contnuo que legitime sua atuao perante a opinio pblica, que tem poder para

    influenciar os negcios da empresa, e seus pblicos de interesse. Durante uma crise, estes

    aspectos so muito prejudicados, uma vez que neste momento a organizao fica mais

    vulnervel e exposta.

    Sabe-se que mesmo indesejadas algumas crises so inevitveis, por isso

    negligenciar a tentativa de se preparar um risco. Desta forma, o conhecimento do gestor

    da empresa e a aplicao de estratgias aplicadas na precauo de crises uma grande

    contribuio para o crescimento e desenvolvimento das empresas.

    As tragdias ocorridas com os vos da TAM expuseram uma nova realidade que se

    mantinha mascarada pelos timos nmeros da empresa. Nesta anlise ficou claro que a

    TAM, entre outras empresas podem cometer erros. evidente que um acidente com

  • 44

    grandes propores como os ocorridos com a empresa um golpe para qualquer

    organizao. Mas tambm fato que uma companhia area tem de conviver com a

    possibilidade cruel de que isso possa ocorrer independentemente de quem sejam os

    responsveis.

    A reao da TAM diante desta situao mostrou que seus executivos aproveitaram

    pouco a dramtica experincia vivida com o acidente de outubro de 1996, quando um

    Fokker 100 da empresa caiu sobre casas vizinhas ao Aeroporto de Congonhas, matando 99

    pessoas. As circunstncias so morbidamente semelhantes nos dois casos.

    Mesmo a TAM sendo uma empresa slida no mercado, h alguns anos atrs no

    possua sequer um plano de gesto de crise em caso de tragdias. O primeiro passo foi agir

    de forma intuitiva, fundamentada na imagem do fundador da companhia. De incio a

    companhia j teve uma queda de 22% nas aes da empresa.

    A TAM por no possuir um modelo prprio de gerenciamento de crises copiou, o

    manual de gerenciamento de crise da American Airlines para que, caso houvesse uma nova

    tragdia, a companhia estivesse preparada para reagir de acordo, porm a empresa no

    esperava que um novo desastre pudesse ocorrer to rapidamente.

    A reao da empresa no foi como o planejado. Em seu primeiro pronunciamento, a

    TAM feriu uma das clusulas principais dos seus manuais, que seria a assistncia

    prioritria as famlias das vtimas. O responsvel pela gesto de crise da empresa em Porto

    Alegre estava no vo 3054, e a companhia no tinha um plano B preparado. Os parentes

    que chegaram ao Aeroporto Salgado Filho acabaram submetidos exposio pblica. Para

    tentar amenizar a situao, a TAM enviou a Porto Alegre executivos num jatinho. O avio

    deixou So Paulo logo aps o acidente, mas no conseguiu pousar no Salgado Filho e foi

    para Curitiba. O resultado que o time de gesto de crise da TAM s chegou a um dos

    principais palcos da tragdia cerca de 10 horas aps seu incio. Como agravante, a empresa

    mostrou-se confusa na comunicao com as famlias.

    Com esses fatos a empresa voltou a ter a sua rentabilidade atingida, foi uma queda

    de 32% em suas aes e clientes. Alguns erros ficaram visveis:

    1. Discurso pouco transparente: o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, disse que o

    Airbus estava em perfeitas condies, mesmo sabendo que um dos reversores do avio

    estava desativado quatro dias antes do acidente;

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    2. Comunicao errtica: trs dias depois de Bologna afirmar que a pista estava em boas

    condies, um piloto da companhia, com autorizao da prpria TAM, disse que pousar em

    Congonhas perigoso em dias de chuva;

    3. Equipe despreparada para a crise: o funcionrio da TAM responsvel pela gesto de

    crise no Sul estava no vo e no havia ningum para substitu-lo no Aeroporto Salgado

    Filho. Os parentes foram submetidos exposio pblica;

    4. Descaso com os parentes das vtimas: as famlias dos passageiros foram acomodadas

    num hotel repleto de equipes de TV e fotgrafos. Para piorar, foram informadas sobre o

    nome dos passageiros por meio de um rdio

    5. Letargia: a TAM demorou dias para entrar em contato com familiares de algumas

    vtimas. Uma mulher s recebeu o telefonema da companhia aps o enterro de seu marido

    em Porto Alegre.

    Para tentar reverter a situao da companhia, foram feitas algumas mudanas, entre

    elas foi criada uma vice-presidncia operacional, que passou a coordenar todas as

    atividades das operaes de vo da companhia exercidas pelas tripulaes: tcnica (pilotos

    e co-pilotos) e comercial (comissrios de bordo), alm das equipes dos departamentos de

    engenharia de operaes, despacho de vo, escala de tripulantes, qualidade de vo e

    treinamento operacional.

    Outra estratgia adotada foi um vdeo institucional que mostrava um novo logotipo

    e posicionamento da marca TAM. Este vdeo foi exibido para dezenas de jornalistas

    trazidos de todos os cantos do Pas. Com isto a empresa assumiu o compromisso de que a

    partir desse momento tudo mudaria tanto para a companhia, seus investidores e clientes.

    O ltimo fato ocorrido para a melhoria da TAM foi fuso das empresas

    TAP/TAAG/TAM. O Grupo Ita avanou com alguns valores sobre quanto valeria a nova

    empresa caso a fuso se concretizasse. Se em 2008 esta nova transportadora teria registado

    um prejuzo de 530,7 milhes de euros - valor real tendo por base os resultados de cada

    uma das empresas, j em 2009 o banco previa que a nova empresa fecharia o ano com

    lucros de 403,5 milhes de euros. Com as sinergias que adviriam da fuso, o Ita calculou

    que os lucros da TAP/TAM/TAAG estariam entre os 221 milhes e os 51 milhes de euros

    no perodo entre 2010 e 2013. J nas receitas, em 2008 esta companhia teria fechado as

    contas com 4,06 mil milhes de euros em vendas, valor este, que com a crise, cairia para os

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    3,89 mil milhes. Nos anos seguintes a empresa voltaria a superar os quatro mil milhes

    em receitas, superando em 2013 os cinco mil milhes. Em comparao, note-se que a TAP

    registou em 2008 proveitos de 2,1 mil milhes e que, em termos de lucro, o melhor que

    conseguiu foi 32,8 milhes em 2007.

    4.3 EMPRESA TAM PS-CRISE

    De acordo com informaes coletadas5 a TAM Linhas Areas informou por meio de

    sua assessoria de imprensa que fechou o terceiro trimestre de 2009 com lucro lquido de R$

    348 milhes, revertendo um prejuzo de R$ 663,6 milhes de reais em igual perodo do ano

    de 2008. Entre julho e setembro, a receita lquida obtida pela maior companhia area

    brasileira foi de R$ 2,419 bilhes, uma queda de 16,5% em relao aos 2,896 bilhes de

    reais auferidos em igual intervalo de 2008.

    1 - Reforma Administrativa

    Segundo o site 6 a companhia area TAM, informou que os resultados do perodo

    mostram uma tendncia de recuperao dos efeitos da crise global, o que se traduziu no

    aumento da demanda no mercado domstico, que cresceu 26% comparado com o mesmo

    perodo de 2008.

    O seu resultado foi favorecido pela queda anualizada de 14,8% das despesas

    operacionais no trimestre, para R$ 2,318 bilhes, movimento produzido sobretudo pelo

    declnio de 36,5% nos gastos com combustveis. A TAM obteve no ltimo trimestre um

    lucro lquido de R$ 213,2 milhes, antes prejuzo de R$ 465,4 milhes no mesmo perodo

    de 2008. A TAM vem se preparando para ingressar ao grupo de empresas da Star Alliance

    e manter um bom nvel cultural, servio e atendimento de sua tripulao.

    No ano de 2007 Barioni, na poca o atual presidente da companhia afirmou que a

    empresa teve altos e baixos. Tiveram que ser feitas mudanas na rea de pessoal e o

    descontentamento de parte dos funcionrios acabou culminando na disseminao de um e-

    mail com dados falsos sobre sua gesto. A mensagem virou caso de polcia. "Ele pode ter

    algumas limitaes na rea de recursos humanos e financeira, m