gerenciamento de conflitos completo

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Gerenciamento de Conflitos Completo

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  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO

    SISTEMA PRISIONAL

    UFMG

    CAED

    Universidade Federal de Minas GeraisEducao a Distncia2014

    NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL

    Caio Augusto Souza LaraLuis Mauro

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  • CAIO AUGUSTO SOUZA LARALUIS MAURO

    CAED - UFMG

    Belo Horizonte, MG2014

    NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO

    SISTEMA PRISIONAL

  • REPBLICA FEDERATIVA DO BRASILPresidenta da Repblica Federativa do Brasil

    Dilma Vana RousseffMINISTRIO DA JUSTIA

    Ministro de Estado da JustiaJos Eduardo Cardozo

    DEPARTAMENTO PENITENCIRIO NACIONALDiretor-Geral do Departamento Penitencirio Nacional

    Augusto Eduardo de Souza RossiniDIRETORIA DE POLTICAS PENITENCIRIAS

    Diretor de Polticas PenitenciriasLuiz Fabrcio Vieira Neto

    ESCOLA NACIONAL DE SERVIOS PENAISDiretora da Escola Nacional de Servios Penais

    Mara Fregapani Barreto

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISReitor

    Prof. Jaime Arturo RamirezVice-Reitoria

    Prof. Sandra Regina Goulart AlmeidaPr Reitor de Graduao

    Prof. Ricardo Hiroshi Caldeira TakahashiPr Reitor Adjunto de Graduao

    Prof. Walmir Matos Caminhas Pr-Reitora de Extenso

    Prof. Benigna Maria de OliveiraPr-Reitora Adjunta de Extenso

    Prof. Cludia Andrea Mayorga Borges

    EQUIPE CASSP / UFMGCoordenao geral

    Prof. Fernando Selmar Rocha FidalgoCoordenao pedaggica

    Prof. Eucidio Pimenta ArrudaCoordenao tecnolgica

    Prof. Wagner Jos Corradi BarbosaCoordenao de produo audiovisual

    Prof. Evandro Jos Lemos da CunhaCoordenao administrativa

    Thatiana Marques dos Santos

    CENTRO DE APOIO DE EDUCAO A DISTNCIADiretor de Educao a Distncia

    Prof. Wagner Jos Corradi Barbosa Coordenador da Univesidade Aberta do Brasil - UAB/UFMG

    Prof. Eucdio Pimenta Arruda

    EDITORA CAED-UFMGEditor

    Prof. Fernando Selmar Rocha Fidalgo Produo Editorial

    Marcos Vincius TarquinioAutoria

    Caio Augusto Souza LaraLuis Mauro

    ColaboraoEucdio ArrudaGisela Colao GeraldiPatrcia SommerSara Coutinho

    Design EducacionalDurcelina Ereni Pimenta Arruda

    Reviso de TextoJussara Frizzera

    Projeto GrficoDepartamento de Design/Caed

    FormataoSrgio Luz

    CONSELHO EDITORIAL Prof. Andr Mrcio Picano Favacho Prof ngela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben Prof. Dan Avritzer Prof Eliane Novato Silva Prof. Eucdio Pimenta ArrudaProf. Hormindo Pereira de SouzaProf Paulina Maria Maia BarbosaProf Simone de Ftima Barbosa Tfani Prof Vilma Lcia Macagnan CarvalhoProf. Vito Modesto de Bellis Prof. Wagner Jos Corradi Barbosa

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Centro de Apoio Educao a Distncia

    Av. Pres. Antnio Carlos, 6.627 - Pampulha (Campus UFMG) Unidade Administrativa III - Trreo - Sala 115 - Belo Horizonte Minas Gerais CEP: 30.270-901

    Telefax: (31) 3409-5526 - e-mail: [email protected]

  • NOTA DO EDITOR

    A Universidade Federal de Minas Gerais atua em diversos projetos de Educao a Distncia que incluem atividades de ensino, pesquisa e extenso. Dentre elas, destacam-se as aes vincu-ladas ao Centro de Apoio Educao a Distncia (CAED), que iniciou suas atividades em 2003, credenciando a UFMG junto ao Ministrio da Educao para a oferta de cursos a distncia.

    O CAED-UFMG, Unidade Administrativa da Pr-Reitoria de Graduao, tem por objetivo admi-nistrar, coordenar e assessorar o desenvolvimento de cursos de graduao, de ps-graduao e de extenso na modalidade a distncia, desenvolver estudos e pesquisas sobre educao a distncia, promover a articulao da UFMG com os polos de apoio presencial, como tambm produzir e editar livros acadmicos e/ou didticos, impressos e digitais, bem como a produo de outros materiais pedaggicos sobre Educao a Distncia - EAD.

    A Editora CAED-UFMG tem a honra de publicar esta obra que foi demandada pela Escola de Servios Penais do DEPEN-MJ que ser utilizada para a Capacitao de Servidores do Sistema Prisional. Esperamos que todos possam aproveitar bastante o que, neste momento, tornamos disponvel para sua leitura, comentrios e sugestes.

    Fernando Selmar Rocha FidalgoEditor

  • SUMRIO

    SOBRE OS AUTORES 8

    TABELA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 9

    APRESENTAO 10

    UNIDADE 1: A CRISE E O SEU GERENCIAMENTO 13

    1.1. Caractersticas de uma crise 14

    1.2. Doutrina de gerenciamento de crises 15

    1.3. Gerenciamento de crises versus gerenciamento de situaes crticas 15

    1.4. fases do gerenciamento de crises 17

    1.5. motivaes para crises no sistema prisional 21

    1.6. Conceitos de rebelio e motim 21

    UNIDADE 2: CRITRIOS DE AO EM UMA CRISE 27

    2.1. Critrios de ao em uma crise 28

    2.2. Providncias imediatas conter, isolar, resolver e negociar 30

    2.3. elementos operacionais essenciais 32

    UNIDADE 3: REFM, VTIMA E SNDROME DE ESTOLCOMO 37

    3.1. Vtima e Refm: caractersticas bsicas e distines essenciais 38

    3.2. Comportamento do refm 42

    3.3. sndrome de estocolmo 43

    UNIDADE 4: ASPECTOS DOS CONFLITOS E DA VIOLNCIA 49

    4.1. Conflitos e violncia - A populao carcerria e a violncia 50

    4.2. A Teoria do Conflito: significados, processos construtivos e destrutivos de resoluo e as espirais de conflitos 54

    4.3. meios de resoluo pacfica de conflitos 57

    ESTUDOS DE CASO 71

    Exerccio de fixao I 71

    Exerccio de fixao II 72

    Exerccio de fixao III 73

    Consideraes finais 73

    REFERNCIAS 75

  • SOBRE OS AUTORES

    CAIO AUGUSTO SOUZA LARA

    Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2013). Graduado em Direito tambm pela UFMG (2009). Presidente da FEPODI - Federao Nacional dos Ps-Graduandos em Direito para o binio 2013-2015. Representante discente na Diretoria do Conselho Nacional de Pesquisa e Ps-graduao em Direito - CONPEDI. Professor de Teoria Geral do Estado, Sociologia Jurdica e Seminrio Temtico de Introduo Justia Restaurativa da Graduao em Direito da Escola Superior Dom Helder Cmara (MG). Pesquisador Associado ao Programa RECAJ-UFMG - Resoluo de Conflitos e Acesso Justia. Atuou

    como Assistente Jurdico do Programa Novos Rumos do Tribunal de Justia de Minas Gerais na Execuo Criminal (2011-2013).

    LUIS MAURO

    Inserir minicurriculo

  • 9TABELA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ACUDA Associao Cultural de Desenvolvimento do Apenado e Egresso

    ADPF Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental

    CAHMP Centro de Atendimento Hospitalar Mulher Presa

    CF Constituio Federal

    CIMI Conselho Indigenista Missionrio

    CNCD/LGBT Conselho Nacional de Combate Discriminao

    CNJ Conselho Nacional de Justia

    CNPCP Conselho Nacional de Poltica Criminal e Penitenciria

    CREAS Centros de Referncia Especializados de Assistncia Social

    DEPEN Departamento Penitencirio Nacional

    DST Doenas Sexualmente Transmitidas

    FUNAI Fundao Nacional do ndio

    HIV/AIDS Sndrome da Imunodeficincia Adquirida

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    InfoPen Sistema de Informaes Penitencirias

    LEP Lei de Execuo Penal

    LGBT Lsbicas, Gays, Bissexuais e Transgneros

    LGBTTT Lsbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, Travestis e Transgneros

    NBR Normas Brasileiras de Normatizao

    OEA Organizao dos Estados Americanos

    OIT Organizao Internacional do Trabalho

    OMS Organizao Mundial de Sade

    ONU Organizao das Naes Unidas

    PNAISP Poltica Nacional de Ateno Integral Sade da Pessoa Privada de Liberdade no Sistema Prisional

    PNAMPE Poltica Nacional de Ateno s Mulheres em Situao de Privao de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional

    PNGATI Poltica Nacional de Gesto Territorial e Ambiental de Terras Indgenas

    RAPS Rede de Ateno Psicossocial

    SIC Servio de Informao ao Cidado

    SPI Servio de Proteo aos ndios

    SUS Sistema nico de Sade

    USP Universidade de So Paulo

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL10

    APRESENTAO

    Ol,

    Seja bem-vindo ao curso Noes de Gerenciamento de Crises e de Conflitos no Sistema Prisional

    So grandes as dificuldades para a administrao e conteno de motins e rebelies pela soma de vrios fatores, principalmente os seguintes: falta de um planejamento anterior situao crtica; ingerncias polticas; falta de uma poltica nacional de combate a tais situaes e, principalmente, falta de equipamento e treinamento adequados ao ambiente prisional.

    Nesse curso buscaremos expor ferramentas teis para o gerenciamento eficaz de crises nos sistemas prisionais.

    A premissa bsica desse curso envolve a compreenso das situaes que envolvem cri-ses e conflitos no sistema prisional, ou seja, em seu ambiente de trabalho. Dessa forma, discutiremos em nosso curso os aspectos polticos, psicolgicos e profissionais direta e indiretamente relacionados aos conflitos vivenciados no ambiente de trabalho do sistema prisional. Espera-se que as discusses possam contribuir para a construo de um per-fil profissional que consiga compreender, dialogar e propor solues para os problemas enfrentados no sistema prisional.

    OBJETIVOS

    Ao final desse curso, espera-se que voc, seja capaz de:Reconhecer as caractersticas da rebelio e motim e sua caracterizao jurdica;

    Identificar quais so os critrios de ao em uma crise;

    Distinguir, diante de uma situao de crise, se a pessoa em poder de um detento em uma crise uma vtima ou um refm;

    Perceber as caractersticas da Sndrome de Estocolmo no comportamento e no discurso dos refns e saber lidar com o fenmeno;

    Entender o contexto da violncia no Brasil, seus reflexos para o universo carcerrio e o modo do desenvolvimento dos conflitos a partir do estudo da teoria do conflito;

    Compreender e utilizar as tcnicas de resoluo de conflitos a partir do paradigma da Justia Restaurativa;

    Definir crise no contexto do sistema prisional;

    Estabelecer conceitos bsicos de gerenciamento de crise prisional;

    Compreender as fases do gerenciamento de crise;

    Reconhecer os motivos que desencadeiam a crise no sistema prisional;

    Perceber os critrios de ao em evento crtico;

  • UNIDADE 1 11

    Definir o comportamento de um refm;

    Identificar o perfil do causador de um evento crtico;

    h) Descrever as providncias imediatas a uma crise;

    Identificar os elementos operacionais essenciais no gerenciamento de crises.

    O material didtico do curso Noes de Gerenciamento de Crises e de Conflitos no Sistema Prisional est estruturado em quatro unidades de modo a favorecer um amplo debate e a construo do saber de forma coletiva:

    Unidade 1: A crise e o seu gerenciamento: nesta unidade, vamos discutir a questo crise e situao crtica e suas caractersticas de maneira a obter e aplicar recursos necessrios a antecipao, preveno e resoluo de uma crise.

    Unidade 2: Critrios de ao em uma crise: critrios que devem ser levados em conta na tomada da ao. A necessidade, a validade do risco e a aceitabilidade so trabalhadas a partir da doutrina de gary noesner (FBI).

    Unidade 3: Refm, vtima e sndrome de Estolcomo: sensibilizao dos participantes do curso quanto s diferenas entre refm e vtima em situao de conflitos e violncia, inicialmente a partir das diferenas etimolgicas e, posteriormente, no tocante ao sen-tido especfico das pessoas capturadas em uma crise. Anlise e compreenso do trans-torno psicolgico caracterstico de pessoas que passam por uma situao de cativeiro, denominado Sndrome de Estolcomo.

    Unidade 4: aspectos do conflito e da violncia. principais nmeros da violncia no Brasil e seus reflexos no sistema prisional, bem como as contribuies da teoria do conflito para a compreenso e combate ao fenmeno. Modelo da justia restaurativa e a construo de prticas que se destinam pacificao dos conflitos prprios da condio de segrega-o social.

  • UNIDADE1 A CRISE E O SEU GERENCIAMENTO

  • UNIDADE 1 13

    UNIDADE 1: A CRISE E O SEU GERENCIAMENTO

    Caro estudante,

    Uma crise sempre implica em dificuldades agudas e perigos que requerem decises comu-mente difceis por parte dos seus administradores.

    Para o Federal Bureau of Investigation FBI , crise o evento ou situao crucial que exige uma resposta especial da polcia, a fim de assegurar uma soluo aceitvel.

    Alguns especialistas no tema fazem uma diferenciao entre crise e situao crtica, sendo aquela originada por esta. Assim, um fato envolvendo refns caracteriza uma situao crtica, e a ruptura do equilbrio social decorrente, caracteriza a crise.

    FIQUE ATENTO

    CONTEDO PROGRAMTICO

    1.1. Caractersticas de uma crise

    1.2. Doutrina de Gerenciamento de Crises

    1.3. Gerenciamento de Crises versus Gerenciamento de Situaes Crticas

    1.4. Fases do gerenciamento de crises

    1.5. Motivaes para crises no sistema prisional

    1.6. Conceito de rebelio e motim

    OBJETIVO

    Esperamos que voc, ao final do estudo desta unidade, seja capaz de:

    Compreender as caractersticas de uma crise

    Identificar situaes de crise no sistema penitencirio

    Analisar os motivos que levam a uma crise no sistema prisional

    Analisar as fases de gerenciamento de crises

    Para o desenvolvimento desse curso faremos uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle e suas ferramentas de interao, as quais nos permitem momentos de interao sncrono e assncrono.

    Alm disso, ser disponibilizado no AVA, outros referenciais tericos que abordam essa temtica. Por fim, ao final da unidade ser solicitado a voc que realize atividades avalia-tivas neste ambiente.

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL14

    AGENDA

    A agenda um instrumento importante para voc planejar melhor sua participao em nosso curso, pois apresenta a sequncia de atividades previstas para a unidade. Marque com um X as datas em que pretende realizar as atividades descritas, bem como as ati-vidades j concludas.

    Perodo Atividade Seg Ter Qua Qui Sex

    Conc

    lud

    a

    Semana

    De ___/___

    a ___/___

    1 Leitura da Unidade 1 do Guia de Estudos.

    2 Visualizao da Vdeoaula Noes de RebelioeMotim

    3 Leitura do texto 01 disponvel no AVA

    4 AtividadedeReflexo

    5 AtividadeAvaliativanoAVA

    6 Visualizao dos videos 1, 2 e 3

    MULTIMIDIA

    Video 1: Gerenciamento de Crises

    1.1. CARACTERSTICAS DE UMA CRISE

    Uma crise identificada por caractersticas peculiares que individualizam sua definio. So elas:

    Compresso de tempo (urgncia)

    Ameaa vida e/ou ao patrimnio

    Necessidade de:

    Postura organizacional no rotineira

    Planejamento analtico especial ou capacidade de implementao

    Consideraes legais especiais

    Incerteza de resultados

  • UNIDADE 1 15

    1.2. DOUTRINA DE GERENCIAMENTO DE CRISES

    Para o FBI, gerenciamento de crises o processo de identificar, obter e aplicar recursos necessrios a antecipao, preveno e resoluo de uma crise.

    Podemos compreender a antecipao como uma medida especfica voltada para o impe-dimento de ocorrncia de uma situao previamente identificada.

    Como exemplo, podemos apontar a deteco de um plano de fuga ou de captura de refns por um determinado grupo de detentos de uma penitenciria. Nesse caso, a administra-o adotar providncias para que o fato no ocorra, transferindo os possveis arquitetos do plano para outras acomodaes, revistando as celas em busca de armas etc.

    J a preveno consiste na medida genrica, voltada a no ocorrncia de situaes previ-sveis, como a entrada de armas e drogas nas unidades prisionais. Como exemplo pode-mos citar a revista peridica das dependncias carcerrias, revista dos visitantes etc.

    1.3. GERENCIAMENTO DE CRISES VERSUS GERENCIAMENTO DE SITUAES CRTICAS

    O gerenciamento de situaes crticas papel das foras especializadas; j o gerenciamento das crises papel dos polticos. Assim, a resoluo de uma situao crtica caracterizada por uma rebelio prisional seria de responsabilidade exclusiva das foras especializadas responsveis, enquanto a soluo para a crise decorrente desta situao seria incumbn-cia dos entes polticos do Estado.

    POLICIAPOLICIA POLICIA POLICIA

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL16

    Objetivos do gerenciamento de situaes crticas

    Preservar vidasPreservar o patrimnioRestaurar a ordemAplicar a lei

    Tipologia das situaes crticas

    Provocadas por aes humanasDerivadas de eventos naturais

    Distino entre motim e rebelio

    Dentro da tipologia das situaes crticas provocadas pelo homem, podemos destacar o motim e a rebelio como os principais causadores de danos integridade fsica e ao patri-mnio, sendo oportuno diferenciarmos os seus conceitos.

    Motim segundo o art. 354 do Cdigo Penal, o motim ocorre quando amotinaremse presos, perturbando a ordem ou disciplina da priso. Trata-se de ao atentatria ordem do estabelecimento penal provocada por uma parcela da populao carcerria com vistas a causar danos patrimoniais, descumprir ordens e/ou atentar contra a vida de terceiros.

    Por no envolver toda a massa de internos, os motins, em regra, podem ser debela-dos atravs da ao rpida e enrgica das foras especializadas, como por exemplo: custodiados de uma cela se recusam a entrar para a conferncia.

    Rebelio situao crtica que envolve toda a populao carcerria, tendo como objetivo a destituio do poder do Estado na administrao da unidade prisional, bem como a demonstrao de fora dos internos perante aos agentes penitencirios.

    A rebelio, por ser um evento de grandes propores e em caso de falha na sua represso, certamente se tornar uma crise, necessitando de medidas especiais por parte do Estado para uma soluo aceitvel, como por exemplo: a populao carcerria de uma unidade prisional aproveita o horrio de sada para o banho de sol para tomar um agente penitencirio como refm, exigir a abertura de todas as celas e iniciar uma fuga em massa; frustrada a ao, os rebelados iniciam a destrui-o do patrimnio.

    ATIVIDADE DE FIXAO

    Atividade 1

    Ento vamos, a uma primeira atividade prtica. Verifique ai no seu local de trabalho, algum caso de Motim e/ou Rebelio. Tome nota em seu caderno, sobre o que voc encontrou. Oriente-se pela seguinte questo. Qual foi o Motim e/ou Rebelio? Em que local ocorreu? Como se deu o gerenciamento da crise?

  • UNIDADE 1 17

    1.4. FASES DO GERENCIAMENTO DE CRISES

    O processo de gerenciamento de crises requer planejamento e coordenao antes da ocorrncia de uma situao crtica, bem como a aplicao da fora mnima necessria para a administrao do evento. O planejamento eficaz a chave para resoluo de qual-quer incidente.

    A doutrina de gerenciamento de crises proporciona uma metodologia eficiente ao diri-gente responsvel para o emprego de seus recursos numa confrontao. Permite um sis-tema padronizado de preparao e resoluo bem sucedida dos problemas que ocorrem durante um evento crtico.

    O gerenciamento de crises desenvolve-se cronologicamente em quatro fases e no h linhas distintas de separao entre estas. Com efeito, dependendo da situao especfica, podem sobrepor-se umas s outras. So elas: pr-confrontao; ao imediata; escala do uso da fora; planejamento; anlise da situao; avaliao do risco; estratgia de desen-volvimento; desenvolvimento de planos; interveno e resoluo; assalto direto; motiva-es para crises no sistema prisional.

    Pr-confrontao

    Esta fase abrange todas as atividades e preparativos feitos antes de ocorrer uma crise. Inclui, geralmente, treinamento, elaborao do plano de operao padronizado e plano de contingncia.

    a) Treinamento

    O treinamento contnuo essencial para que haja uma expectativa razovel de sucesso. O treinamento no deve ser confinado unidade ttica e, sim, a todo o mecanismo de ao de uma fora especializada.

    b) Plano de Operao Padronizado (POP)

    Visa proporcionar frmulas padronizadas de reaes aplicadas aos problemas encontra-dos ou previstos frequentemente. O valor dos procedimentos padronizados de operao est, de fato, em todos saberem precisamente o que se espera quando ocorre um evento crtico. No mnimo, os POPs devem abranger:

    Hierarquia de comandoNotificao e reunio do pessoalComunicaesAtribuio de deveres e responsabilidadesLevantamento inicial dos elementos essenciais de informaoProcedimento do centro de operaesTticas padronizadasCuidados com os suspeitos e os refnsRelao com a imprensa (s o pessoal autorizado pelo Gabinete de Gerenciamento

    de Crises Penitencirias GGCP)

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL18

    c) Plano de Contingncia

    O plano de contingncia visa solucionar eventos de provvel apario e desenvolvimento que ocorrem como desdobramento da situao original. Podem tambm surgir situaes provocadas pelos prprios internos, como, por exemplo: o confronto entre faces em rebelies com refns. So flexveis devendo se adequar a cada situao apresentada.

    d) Ao Imediata

    As medidas a serem adotadas imediatamente aps o incio de um incidente devem ser distribudas entre todos os membros da fora especializada e claramente entendida por todos. O policial de rua ou o servidor do sistema prisional geralmente ser o primeiro a se defrontar com o problema. Isso requer o estabelecimento de diretrizes e de procedi-mentos padronizados de operao para todos os agentes aplicadores da lei. Estes proce-dimentos devem especificar todas as aes imediatas. Elas incluem:

    Medidas iniciaisDeveres dos que primeiro reagem criseConteno e isolamento do evento crticoEvacuaoNegociaoControle

    e) Escala do uso da fora

    No gerenciamento de situaes crticas, como nas demais aes especializadas, o uso de foras desnecessrias, principalmente a fora letal, deve ser evitado ao mximo. Deve-se observar que, acima de qualquer outro objetivo, a doutrina de gerenciamento de crises visa preservao da vida e, para tanto, adota um roteiro procedimental a ser seguido pelos administradores do evento, da forma que se segue:

    Presena do agente de seguranaControle verbal Controle de contato Uso da fora no letal:

    Tcnicas de imobilizaes Uso de escudos, tonfas e bastes Uso de agentes qumicos de menor letalidade Uso de munies anti-motim

    Uso de fora letal

    f) Planejamento

    A situao deve ser totalmente analisada, incluindo a avaliao da ameaa e os riscos existentes, a fim de serem estabelecidas as bases para definio da estratgia e tticas recomendadas. Ao avaliar a situao, faz-se necessria, dentre outras medidas, a anlise das seguintes variveis:

  • UNIDADE 1 19

    1. Local do evento crtico:ObservaoTipo de construoCampos de fogoMedidas de cobertura e de encobrimento da fora e obstculosRotas de aproximao e de entrada

    2. Suspeitos:NmeroCaractersticas pessoaisMotivaesPropenso violnciaAntecedentes

    3. Armas:NmeroTipoNvel de sofisticao

    4. Refns:NmeroCaractersticas pessoaisLocalizaoEstado de sadeImportncia

    g) Avaliao do risco

    Aps a anlise da situao, possvel determinar o nvel do risco. Em geral, os nveis podem ser:

    Nvel 1 baixo risco: suspeito sozinho Nvel 2 mdio risco: dois ou mais suspeitos armados Nvel 3 alto risco: suspeitos mltiplos armados e com refns Nvel 4 risco extraordinrio: ameaa de destruio em massa ou grande nmero de

    baixa. Para cada nvel de risco haver uma resposta compatvel no necessariamente do mesmo nvel.

    h) Estratgia de Desenvolvimento

    A determinao da estratgia o prximo passo no processo, sendo funo do gerente da crise. A estratgia, nesse contexto, refere-se ao planejamento de uma abordagem geral para o problema. A escolha da estratgia deve levar em conta os seguintes fatores:

    As normas legais

    A poltica adotada

    Os recursos disponveis

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL20

    As instrues do grupo de administrao de crises (recomenda-se a criao de um Gabinete de Gerenciamento de Crises Penitencirias GGCP)

    A comunidade local

    A repercusso da situao crtica

    i) Desenvolvimento de Planos

    Depois da escolha da melhor estratgia, inicia-se o planejamento voltado implementa-o das alternativas tticas. O prximo passo finalizar os planos necessrios. Eles devem ser constantemente adaptados, na medida em que a situao evoluir e em que forem recebidas informaes adicionais. No mnimo, so recomendveis os seguintes planos:

    Plano de negociaes

    Plano de assalto

    Assalto de emergncia (provocado pelos criminosos)

    Assalto deliberado (aprovado e iniciado pelo governo)

    Plano de contingncia mvel.

    j) Interveno e Resoluo

    Se necessria, a interveno da unidade responsvel pelo assalto deliberado dar-se- nessa fase. As duas alternativas tticas mais comuns so a neutralizao por disparo de longa distncia e o assalto direto.

    k) Assalto Direto

    No assalto direto a equipe utilizar recursos no letais, isto , munies e equipamentos tais como elastmero, granadas de efeito moral, spray de pimenta, gs lacrimogneo, basto PR-24 (tonfa) etc.

    H quatro princpios essenciais que devem ser observados e aplicados em todas as situa-es de interveno. So eles:

    Surpresa

    Velocidade

    Ao agressiva

    Desvio das atenes

  • UNIDADE 1 21

    1.5. MOTIVAES PARA CRISES NO SISTEMA PRISIONAL

    O sistema penitencirio brasileiro sofre, em sua maioria, com problemas semelhantes e, por conta disso, as motivaes para as crises prisionais so lineares em todos os estados da federao, sendo as mais comuns:

    SuperlotaoFalta de infraestruturas bsicas (gua, sade, higiene etc) Guerra de faces criminosasMaus tratos (espancamento dos presos)Fugas frustradas Disputas por lideranas internas Atraso na prestao jurisdicional

    ATIVIDADE DE FIXAO

    Atividade 2

    Refletiu sobre a fases de gerenciamento de crise? Est claro que ela requer planeja-mento e coordenao antes da ocorrncia de uma situao crtica?

    Ento, escreva em seu caderno, o que voc entendeu por gerenciamento de crises.

    1.6. CONCEITOS DE REBELIO E MOTIM

    Vamos retomar os conceitos de rebelio e motim devido sua impor-tncia no contexto deste curso. Rebelio e motim, palavras em muitos contextos sinnimas, significam basicamente uma insurreio contra autoridade instituda, caracterizada por atos explcitos de desobedi-ncia, de no cumprimento de deveres, de desordem e de grande tumulto, geralmente acompanhada de levante de armas.

    Em regra, trazem o sentido de ato coletivo e se revelam pela violncia, pela fora bruta ou pela fora viva com a qual os rebelados (amoti-nados) se opem ou resistem ordem/ato emanado da autoridade constituda ou ao cumprimento e execuo da lei (HOUAISS, 2009; SILVA, 2013).

    No contexto prisional, geralmente se diz que quando o movimento se restringe a um nmero restrito de presos, tem-se o motim. De forma mais ampliada, quando a grande maioria dos encarcerados ou a tota-lidade deles est envolvida, tem-se a rebelio.

    No Cdigo Penal Brasileiro em vigor (Decreto Lei n 2848/40), o motim de presos previsto como um crime autnomo. O artigo 354 da norma prev uma pena de deteno de seis meses a dois anos, alm da pena correspondente violncia para a conduta de amotinarem-se presos,

    SAIBA MAIS

    A palavra rebelio origina-se do latim rebellio, do verbo rebellare (rebelar-se, revoltar-se, sublevar-se). Na etimo-logia, que a parte da gramtica que trata da origem e formao das pala-vras, compe-se do prefixo re, repe-tio, e bellum, que significa guerra. Sendo assim, a palavra exprime a nova guerra ou a nova resistncia armada. No entanto, na linguagem comum, a palavra perdeu o sentido de novo ou novamente que lhe atribua o prefixo, para significar corretamente a resistn-cia pela fora ou oposio com violn-cia ou pelas vias de fato.

    J a palavra motim origina-se do fran-cs mutin, significando inicialmente insubmisso, rebelde e depois sedio, rebelio, revolta. O autor De Plcido e Silva ainda diz que a palavra motim tem ligaes com a expresso latina motus, cujo significado de tumulto, movi-mento (HOUAISS, 2009; SILVA, 2013).

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL22

    perturbando a ordem ou a disciplina da priso (BRASIL, 1940). Se algum preso, por exem-plo, causar um dano ao estabelecimento prisional durante um motim, ele responder tanto pelo artigo 354, como pelo artigo 163 crime de dano qualificado.

    O bem jurdico protegido pelo Cdigo, ao prever o crime de motim de presos, em um primeiro plano, preserva a prpria administrao da justia, uma vez que as situaes de conflito, tumulto e disciplina generalizadas produzidas pelo motim criam nos estabeleci-mentos penais um ambiente desfavorvel ao cumprimento da sano penal. Em segundo plano, busca-se proteger, com a criminalizao da conduta, a integridade fsica dos fun-cionrios do presdio, as visitas e as pessoas que cumprem pena no sistema penitencirio, alm do prprio patrimnio pblico, j que a violncia pode ser direcionada contra pessoa ou coisa (PRADO, 2006).

    MULTIMIDIA

    Veja o histrico de duas rebelies:

    http://globotv.globo.com/rede-globo/mgtv-2a-edicao/v/rebeliao-na-peniten-ciaria-nelson-hungria-termina-apos--mais-de-30-horas/2422553/

    http://globotv.globo.com/tv-sergipe/bom-dia-sergipe/v/refens-e-familiares--sao-liberados-e-rebeliao-acaba--apos-26-horas-em-se/3354468/

    Os agentes do delito de motim de presos so (como o nome indica) os prprios presos e necessrio que atuem conjuntamente, de maneira a perturbar a ordem ou disciplina da priso, com o recurso da violncia contra pessoa ou bem da priso. Entendem-se, diver-samente sobre o nmero mnimo de presos rebelados para que seja possvel a configura-o do motim, haja vista a falta de determinao legal. No entanto, compreende-se que bastam trs presos amotinados, praticando a perturbao efetiva, estar consumado o delito.

    Sobre as caractersticas do crime em estudo, conforme afirma Regis Prado:

  • UNIDADE 1 23

    O vocbulo presos, empregado pelo texto legal, refere-se no apenas aos condenados pena privativa de liberdade (recluso, deteno e prisosimples), mas abarca igualmente aqueles presos em carter provisrio (priso decorrentedesentenadepronncia,deflagrantedelito,temporria,prisoextrapenal). Em todo caso, indispensvel a legalidade formal da medida privativadeliberdadeaplicada.(PRADO,2006,p.720)

    preciso um especial cuidado para caracterizar determinados comportamentos como motim ou rebelio. Como afirma Nelson Hungria (1959, p. 522), no se pode confundir atitudes coletivas de irreverncia ou desobedincia ghndica [termo que remete a Mahatma Gandhi, pacifista indiano] com o motim propriamente dito, que no se confi-gura se no assume o carter militante de violncias contra os funcionrios internos ou de depredaes contra o respectivo edifcio ou instalaes, com grave perturbao da ordem ou disciplina da priso.

    Os tribunais j decidiram, por exemplo, que configura o delito de motim de presos a con-duta de encarcerados que mantm refns vrios funcionrios do presdio, ameaando-os de morte, com o objetivo de obter transferncia para outro estabelecimento prisional (TACRIMSP Ap. 1438315/9 5. C. Rel. Penteado Navarro julgamento em 18.10.2004); ou mesmo a conduta dos presos que, rebeldemente, tumultuam a ordem e a disciplina da priso, negam-se a entrar nas celas, quebrando a fechadura das portas para a liberao de outros presos, destruindo o patrimnio pblico e causando grande prejuzo ao Estado (TACRIMSP Ap. 1417257/4 2. C. Rel. Oliveira Passos julgamento em 05.08.2004).

    De outro lado, j se decidiu que simples briga entre os presos sem intuito de ir contra a ordem e a disciplina da priso ou contra os guardas e os funcionrios no caracteriza o motim (TAMG, RT 615/341) (PRADO, 2006; DELMANTO, 2010).

    Na verdade, a vontade livre e consciente (chamada na cincia jurdica de dolo) de os presos amotinarem-se para perturbar a ordem ou a disciplina da priso o determinante para a ocorrncia do crime, pouco importando se o motivo alegado para o motim seja justo ou no. Cumpre ressaltar tambm que inexiste a previso para a modalidade de natureza culposa e a tentativa, muito embora admitida pelos penalistas, de difcil configurao.

    Vale lembrar ainda que a Lei de Execuo Penal (LEP) estabelece, no inciso IV do artigo 39, que constitui um dever do condenado ter conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subverso ordem ou disciplina. J no artigo 50, inciso I, est previsto que comete falta grave o condenado pena privativa de liberdade que incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina, estando o sujeito a regime disciplinar diferenciado, sem prejuzo da sano penal (art. 52) (BRASIL, 1984).

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL24

    ATIVIDADE DE FIXAO

    Atividade 3

    Conhecidas as caractersticas da rebelio e do motim, prope-se a seguinte atividade reflexiva:

    No frum virtual, discuta as situaes enfrentadas em seu local de trabalho no que se refere ao relacionamento com o encarcerado. Na sua unidade, como so trata-das as demandas dos presos? So comuns as situaes de enfrentamento? Qual a orientao da direo da unidade para tais situaes? J houve motim ou rebelio? Qual o desfecho do caso?

    SAIBA MAIS

    Sugesto de Leitura

    O mdico e escritor Druzio Varella possui longa trajetria de trabalho voluntrio em estabeleci-mentos prisionais e escreveu duas obras essen-ciais para quem trabalha no sistema carcerrio. Em Estao Carandiru (1999), o autor relata sua experincia como mdico voluntrio na Casa de Deteno de So Paulo, popularmente conhe-cida como Carandiru por localizar-se no bairro homnimo da cidade de So Paulo. Ele conta o que ouviu dos presos e o que presenciou da rotina da instituio, alm de detalhes da rebelio ocorrida em outubro de 1992, que resultou na morte de 111 presos. Treze anos depois do lanamento do primeiro livro, o autor publica Carcereiros (2012), em que relata episdios do dia a dia de quem era encarregado de manter a ordem dentro da maior e uma das mais violentas penitencirias da Amrica do Sul.

    MULTIMIDIA

    Vamos estudar um pouco mais sobre o motim e rebelio?

    Assista videoaula Noes de Rebelio e Motim, disponvel no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

  • UNIDADE 1 25

    SNTESE

    Conforme voc percebeu, a crise no sistema prisional possui vrias caractersticas e formas. O gerenciamento destas crises fundamental para a criao de um ambiente de relativa segurana para os sujeitos que compe o sistema prisional, sejam seus agentes, seja o apenado.

    Voc aprendeu ainda sobre as diferentes fases de planejamento e gerenciamento de uma crise. Viu ainda os motivos que geram as crises no sistema prisional e as estrat-gias para minimizarem as situaes motivadoras da crise. Vamos agora nos aprofun-dar a respeito dos conceitos de rebeliao e motim, principais aes desestabilizadoras do cotidiano do sistema prisional.

    Por fim, procurou-se mostrar as caractersticas dos fenmenos da rebelio e do motim que podero ocorrer durante o exerccio da profisso de agente peniten-cirio. A partir do estudo dos significados dos termos, das disposies legais, da sabedoria dos autores clssicos e da viso dos tribunais sobre o assunto, verificou--se que a rebelio e o motim compe-se de condutas afrontosas ordem prisional que, quando praticadas, constituem crime previsto na legislao. tambm dever do preso opor-se ao movimento e constitui falta grave a incitao ou participao no movimento de subverso da ordem.

  • UNIDADE2 CRITRIOS DE AOEM UMA CRISE

  • UNIDADE 1 27

    UNIDADE 2: CRITRIOS DE AO EM UMA CRISE

    Caro estudante,

    Em um ambiente de crise no sistema prisional, os tomadores de deciso devem analisar rigorosamente os elementos do caso antes de realizar as escolhas para a ao. Isto importante, uma vez que eventuais falhas estaro sujeitas s crticas da opinio pblica e podero ser levadas aos tribunais competentes para responsabilizao dos envolvidos.

    FIQUE ATENTO

    CONTEDO PROGRAMTICO

    Na tentativa de organizar a discusso, essa unidade consiste no item 1

    Critrios de ao em uma crise

    OBJETIVO

    Esperamos que voc, ao final do estudo desta unidade, seja capaz de:

    Identificar quais so os critrios de ao em uma crise.

    Entender o significado de cada um desses critrios: necessidade, validade do risco, aceitabilidade.

    Para o desenvolvimento desse curso faremos uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle e suas ferramentas de interao, as quais nos permitem momentos de interao sncrono e assncrono.

    Alm disso, ser disponibilizado no AVA, outros referenciais tericos que abordam essa temtica. Por fim, ao final da unidade ser solicitado a voc que realize atividades avalia-tivas neste ambiente.

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL28

    AGENDA

    A agenda um instrumento importante para voc planejar melhor sua participao em nosso curso, pois apresenta a sequncia de atividades previstas para a unidade. Marque com um X as datas em que pretende realizar as atividades descritas, bem como as ati-vidades j concludas.

    Perodo Atividade Seg Ter Qua Qui Sex

    Conc

    lud

    a

    Semana

    De ___/___

    a ___/___

    1 Leitura da Unidade 04 do Guia de Estudos.

    2 Leitura do texto 04 disponvel no AVA

    3 Visualizao da videoaula Critrios de ao em uma crise

    4 AtividadedeReflexo04

    5 AtividadeAvaliativanoAVA

    2.1. CRITRIOS DE AO EM UMA CRISE

    Para a unidade de polcia do Departamento de Justia dos Estados Unidos, Agncia Federal de Investigao FBI (do ingls Federal Bureau of Investigation) so trs os cri-trios que devem ser levados em conta pelo gerente da crise para a tomada da ao so trs, a saber:

    Necessidade (a ao escolhida necessria?) Validade do risco (vale a pena correr o risco?) Aceitabilidade (a ao aceitvel do ponto de vista legal, moral e tico?)

    A necessidade

    O critrio de necessidade indica que toda e qualquer situao somente deve ser imple-mentada quando for indispensvel. Se no houver necessidade de ser tomar determina-das decises, no se justifica.

    Diante de uma crise, devem ser esgotadas as alternativas menos arriscadas antes da opo pela ao ttica. A interveno ttica deve ser vista como a menos desejvel das alternativas e somente ser utilizada quando no houver outra opo. Os agentes tero de demonstrar pacincia e conteno ao, cuidadosamente, avaliarem e entenderem o comportamento e motivao do sujeito que se sentiram obrigados a utilizar a fora ape-nas para salvar vidas e no somente porque tinham esta capacidade (NOESNER, 1999).

    Sendo assim, aes tticas de alto risco no devem ser tomadas se as ameaas s vtimas/refns forem seguramente baixas. Por outro lado, havendo fundado motivo para a consi-derao da gravidade da situao, as aes tticas sero mais fceis de serem defendidas.

  • UNIDADE 1 29

    A validade do risco

    O critrio da validade do risco estabelece que toda e qualquer ao precisa levar em conta se os riscos dela advindos sero compensados pelos resultados. A pergunta a ser feita : Vale a pena correr esse risco?

    Esse critrio difcil de ser avaliado, pois envolve fatores de ordem subjetiva (pois o que arriscado para um no para outro) e de ordem (o que foi proveitoso em uma crise poder no s-lo em outra). Na anlise deste critrio, fundamental a sensibilidade do tomador da deciso: quanto maior seu grau de instruo e experincia, menores os riscos.

    importante lembrar tambm que durante as aes tticas a chance de perda de vidas so maiores e a situao das vtimas ou refns devem ser cuidadosamente observadas.

    A aceitabilidade (legal, moral e tica)

    A aceitabilidade legal significa que toda deciso deve ser tomada com base nos princpios ditados pelas leis. Uma crise por mais sria que seja no confere organizao policial a prerrogativa de violar leis. Os agentes pblicos devem obedecer estritamente o princpio da legalidade, isto , somente podero agir em conformidade com o ordenamento jur-dico (leis, normas, regulamentos etc.).

    A aceitabilidade moral implica que toda deciso a ser tomada deve levar em considerao aspectos de moralidade e bons costumes. A moral orienta o comportamento do homem diante das normas institudas pela sociedade e est associada aos valores e convenes estabelecidos coletivamente por cada cultura. Em caso de descumprimento deste critrio, a opinio pblica e a mdia certamente condenaro as aes tomadas no gerenciamento da crise.

    A aceitabilidade tica est consubstanciada no princpio de que o responsvel pelo geren-ciamento da crise, ao tomar uma deciso, deve faz-lo lembrando de que o resultado da mesma no pode exigir de seus comandados a prtica de aes que causem constrangi-mentos prpria corporao. Vale dizer, a aceitabilidade tica est relacionada com os valores, princpios, ideais e deveres profissionais que os agentes devem seguir.

    SAIBA MAIS

    Sugesto de Leitura

    Gary Noesner, aposentado do FBI em 2003 e aps uma carreira de trinta anos como investigador, ins-trutor e negociador, escreveu em 1999 o trabalho Conceitos de negociao para os comandantes do FBI (Law Enforcement Bulletin). No artigo, o autor relata em detalhes as tcnicas de negociao utiliza-das pela agncia, incluindo a diferenciao de aes quando se trata de crise com vtima ou com refm.

    Figura 1 - Fonte: garynoesner.com

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL30

    ATIVIDADE DE FIXAO

    Atividade 4

    Ento agora que finalizou a leitura da unidade e compreendeu quais so os critrios de ao em uma crise. Defina em seu caderno os critrios de Necessidade, Validade do risco e Aceitabilidade?

    2.2. PROVIDNCIAS IMEDIATAS CONTER, ISOLAR, RESOLVER E NEGOCIAR

    Administrao de uma crise comea com os primeiros que chegam cena. As medidas tomadas pela primeira unidade que atender o local do incidente influenciaro a eficcia da resposta. Dentre as responsabilidades desta primeira unidade esto as seguintes:

    Reao de forma segura e cautelosaConfirmao da situaoConteno da situaoEvacuao Estabelecimento de um permetro interno e externoColeta de informaes iniciaisIdentificao de uma rea intermediria (rea de estacionamento)Identificao de uma rea para pouso de helicptero

    Reao de forma segura e cautelosa

    Uma reao impensada pode causar problemas adicionais e atrapalhar seriamente o pro-grama da ao. Deve haver um primeiro combate atravs das grades de controle ou do comongol.

    Confirmao da situao

    Deve-se verificar e confirmar a natureza e o local do incidente.

    A mensagem de confirmao deve ser ntida e objetiva. EX.: briga, fuga, rebelio, etc.

    Conteno da situao

    Deve-se tomar medidas para assegurar que a situao seja mantida no local, de forma a ser resolvida num ambiente controlado.

    Todos os meios disponveis devem ser utilizados para garantir a conteno

    Evacuao

    Deve-se priorizar a retirada de quaisquer feridos ou inocentes ameaados, obviamente

  • UNIDADE 1 31

    se isto puder ser feito de forma segura. Tambm devem ser retiradas as pessoas alheias s foras de segurana (advogados, psiclogos, assistentes sociais, mdicos, empresa de alimentao, professores). Esta retirada deve ser dinmica e coordenada.

    Estabelecimento de um permetro interno

    Esta ser uma zona de conteno mais voltil. Os primeiros que reagirem devem fazer o possvel para cobrir-se e esconder-se de possveis disparos de armas de fogo ou arre-messo de projteis. Todas as pessoas no envolvidas devem ser retiradas do permetro interno. Na maioria das estruturas prisionais, o permetro interno ser o bloco em que estiver ocorrendo a crise.

    Estabelecimento de um permetro externo

    Ser uma zona intermediria, na qual apenas os elementos de ligao entraro. Idealmente, todos os membros do pblico sero retirados do permetro externo.

    Na maioria das estruturas prisionais, o permetro externo ser definido pela rea da uni-dade prisional em que ocorre a crise ou no posto de fiscalizao e controle nos casos de unidades dentro de complexos penitencirios.

    Coleta de informaes iniciais

    Todas as informaes colhidas nos estgios iniciais de uma crise so importantes. Se for possvel, as testemunhas devem ser identificadas e entrevistadas. A unidade que primeiro reagiu deve, tambm, tentar conseguir todas as informaes possveis a respeito dos res-ponsveis pela crise, dos refns, das armas existentes e do local em que se encontram.

    Identificao de uma rea intermediria (rea de estacionamento)

    Esta deve ser uma rea situada longe do perigo e fora do ngulo de observao dos res-ponsveis pela crise. Deve ser suficientemente espaosa para acomodar as unidades tti-cas e os seus veculos. Quando o responsvel pela administrao da crise chegar ao local poder adequ-lo ou mud-lo se desejar.

    Identificao de uma rea para pouso de helicptero

    Em situaes crticas, o uso desse tipo de aeronave tem se mostrado bastante vivel em vrios aspectos, como para a observao area do local, desembarque de equipes no local, cobertura das equipes de entrada e resgate, socorro de urgncia e perseguio de eventuais fugitivos.

    a) Conteno e isolamento da ameaa

    Independente do problema, os esforos de reao no sero ideais, a menos que a fora especializada possa estabelecer o controle sobre o ambiente da ameaa.

    Uma ameaa estacionria, independente de sua gravidade, geralmente mais fcil de enfrentar do que uma ameaa que tenha se tornado ou que continue mvel.

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL32

    Em regra geral, a mobilidade deve ser apenas permitida quando realar vantagem ttica para a equipe de interveno ou para negociao.

    Intimamente relacionada com a conteno o isolamento do local do evento crtico. Nesse contexto, o isolamento ter seu mais amplo sentido, abrangendo tanto aspectos fsicos como psicolgicos. Os responsveis devem ser isolados psicologicamente, de forma a impor-lhes o sentimento que esto completamente sozinhos. Se possvel, a nica forma de comunicao exterior dever ser atravs de uma linha direta com a fora especializada, criando, assim, uma relao de dependncia benfica nas negociaes futuras.

    As limitaes fsicas e psicolgicas podem contribuir para o enfraquecimento da vontade de reao por parte dos responsveis pela crise, servindo tambm como elementos que podero ser usados na fase de negociao como forma de barganha. Por exemplo, a fora especializada poder permitir o fornecimento de gua ou alimentos, em troca da libera-o de alguns dos refns.

    A negociao considerada a opo mais desejada na administrao de uma crise. Deve ser estabelecida no incio da confrontao, preferencialmente por servidor especialmente treinado. Muitas situaes crticas so resolvidas na ao imediata, ou seja, consegue-se sua resoluo no momento de conteno e isolamento.

    Caso a conteno e isolamento tenham sido iniciados por servidor sem treinamento, caber a equipe de negociao avaliar seu desempenho a fim de decidir se sua remoo adequada ou no.

    A maior parte dos incidentes resolvida por meio da negociao. As demais alternativas tticas devem apoiar o negociador, mas no depender dele, visto que os preparativos para uma concluso com utilizao de fora no devem ser ignorados.

    O sistema penitencirio tem uma peculiaridade: quanto mais rpido se agir, menor ser o xito nas aes de sublevao da ordem por parte dos presos. Tambm se observa nas unidades onde tem procedimento de segurana com servidores equipados e treinados em aes de conteno, dificilmente os impetrantes conseguiro gerar uma crise de grandes propores, pois a resposta rpida ou pronto emprego retomar o controle da situao em menos de cinco minutos. Assim sendo, as crises sero setorizadas e no generalizadas, facilitando sua resoluo.

    2.3. ELEMENTOS OPERACIONAIS ESSENCIAIS

    Os elementos operacionais costumam receber a denominao geral de Grupo de Ao Direta GAD e enquanto participarem do evento crtico ficam sob a superviso direta do gerente da crise, por dois motivos:

    Suas atividades geralmente tm um impacto imediato, de vida ou morte, no ponto crtico; e

    No interesse de comunicaes mais rpidas e coerentes entre eles e o gerente da crise, evitando-se a existncia de intermedirios de outras autoridades.

  • UNIDADE 1 33

    So elementos operacionais essenciais:

    Grupo de NegociadoresGrupo Ttico EspecialGrupo de Vigilncia TcnicaEquipe de Inteligncia

    O grupo de Negociadores

    Ao chefe do grupo de negociadores incumbe, dentre outras, as seguintes tarefas:

    Ter controle direto sobre todos os negociadores.Determinar as opes viveis de negociao e as recomendar ao gerente da crise.Assegurar o cumprimento, por parte dos negociadores, das estratgias do gerente

    da crise.Formular tticas de negociao especficas e as apresentar ao gerente da crise para

    aprovao.Envidar esforos para que as informaes obtidas por meio da negociao cheguem

    com rapidez e preciso ao pessoal de inteligncia.Assegurar a coordenao de iniciativas tticas com os demais integrantes do GAD.Fazer um levantamento peridico da situao psicolgica dos perpetradores.

    O Grupo Ttico Especial

    Grupo Ttico Especial

    No cenrio de gerenciamento de crises, o comandante do Grupo Ttico Especial pos-sui as seguintes responsabilidades no posto de comando:

    Controle direto sobre todo o pessoal do Grupo Ttico no local da crise.Controle direto sobre a rea do permetro interno, em torno do ponto crtico.Determinao das opes tticas viveis e as recomendaes ao gerente da crise.Formulao dos planos tticos especficos visando apoiar as estratgias concebidas

    pelo gerente da crise.Explicao para o Grupo Ttico da misso a ser executada e do plano a ser

    implementado, de acordo com a orientao do gerente da crise. Superviso do ensaio do plano.Superviso da inspeo do pessoal a ser empregado na ao.Direo pessoal da implementao dos planos tticos autorizados pelo gerente da

    crise.Garantia da rpida difuso das informaes obtidas pelos franco-atiradores (snipers)

    para os encarregados do processamento da inteligncia.Garantia da coordenao de aes tticas com os demais integrantes do GAD.

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL34

    Ordenamento da aplicao do plano de emergncia diante da resposta imediata, antes da chegada de autorizao superior, em casos de extrema necessidade.

    Grupo de Vigilncia Tcnica

    chefia do Grupo de Vigilncia Tcnica competem as seguintes tarefas:

    Determinar as opes de vigilncia tcnica e as recomendar ao gerente da crise.Formular planos especficos de vigilncia tcnica para apoio da estratgia do

    gerente da crise e os apresentar para aprovao.Dirigir e coordenar a instalao de equipamentos de vigilncia tcnica na rea da

    crise.Assegurar a coordenao de iniciativas de vigilncia tcnica com os demais

    integrantes do GAD.Envidar esforos para que as informaes obtidas por meio da vigilncia tcnica

    sejam difundidas aos usurios, especialmente ao pessoal de inteligncia.

    Equipe de Inteligncia

    O chefe da Equipe de Inteligncia, presente no Posto de Comando, possui, dentre outras, as seguintes funes:

    Coletar, processar, analisar e difundir inteligncia atual e oportuna para todos os usurios.

    Desenvolver e assegurar a consecuo de diretrizes investigatrias, com vistas coleta de inteligncia.

    Mantm um quadro atualizado da situao da crise.Prover resumos da situao para o gerente da crise e, quando necessrio, para

    escales superiores.

    MULTIMIDIA

    Vamos estudar um pouco mais sobre os critrios de ao em uma crise?

    Assista videoaula Critrios de ao em uma crise, disponvel no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

  • UNIDADE 1 35

    SNTESE

    Foi objeto de estudo na unidade os trs critrios bsicos utilizados para ao em uma crise, na doutrina de Gary Noesner. Os critrios da necessidade (a ao escolhida necessria?), a validade do risco (vale a pena correr o risco?) e a aceitabilidade (a ao aceitvel do ponto de vista legal, moral e tico?) orientam os profissionais na busca pelo fim satisfatrio da crise.

    As solues devem ser executadas quando necessrias e a opo pela ao ttica deve se vista como a menos desejvel das alternativas e somente deve utilizada em ltima opo. Os riscos das aes devem ser avaliados e os resultados esperados devem compensar o perigo de exposio dos envolvidos. As aes tambm devem estar em conformidade com a lei, com a moralidade e os costumes vigentes, bem como com os deveres tico-profissionais da corporao.

    Por fim, voc percebeu a questo dos elementos operacionais e seus Grupos de Ao Direta GAD e seus elementos operacionais essenciais: Grupo de Negociadores, Grupo Ttico Especial, Grupo de Vigilncia Tcnica, Equipe de Inteligncia.

  • UNIDADE3 REFM, VTIMA E SINDROME DE ESTOLCOMO

  • UNIDADE 1 37

    UNIDADE 3: REFM, VTIMA E SNDROME DE ESTOCOLMO

    Caro estudante,

    A pessoa capturada que no tem valor ou utilidade posterior para o causador do evento crtico e que venha a sofrer violncia deste considerada vtima. Por outro lado, existem trs explicaes para a origem da palavra vtima, todas elas vinculadas ao idioma latim, sendo que tais explicaes no so excludentes entre si. Na primeira, segundo Llio Braga Calhau, a palavra vtima (em latim victima) se origina do vocbulo vincire que significa atar, ligar, referindo-se aos animais destinados ao sacrifcio dos deuses aps a vitria na guerra e que, por isso, ficavam vinculados, ligados, atados a esse ritual, no qual seriam vitimados.

    FIQUE ATENTO

    CONTEDO PROGRAMTICO

    3.1. Vtima e Refm: caractersticas bsicas e distines essenciais

    3.2. Comportamento do refm

    3.3. Sndrome de Estocolmo

    OBJETIVO

    Esperamos que voc, ao final do estudo desta unidade, seja capaz de:

    Distinguir, diante de uma situao de crise, se a pessoa em poder de um detento em uma crise uma vtima ou um refm;

    Entender as diferenas tcnicas dos conceitos de vtima e refm.

    Perceber as caractersticas da Sndrome de Estocolmo no comportamento e no discurso dos refns e saber lidar com o fenmeno;

    Reconhecer a importncia do estudo da sndrome para aumentar as chances de sucesso em uma negociao em ambiente de crise.

    Para o desenvolvimento desse curso faremos uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle e suas ferramentas de interao, as quais nos permitem momentos de interao sncrono e assncrono.

    Alm disso, ser disponibilizado no AVA, outros referenciais tericos que abordam essa temtica. Por fim, ao final da unidade ser solicitado a voc que realize atividades avalia-tivas neste ambiente.

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL38

    AGENDA

    A agenda um instrumento importante para voc planejar melhor sua participao em nosso curso, pois apresenta a sequncia de atividades previstas para a unidade. Marque com um X as datas em que pretende realizar as atividades descritas, bem como as ati-vidades j concludas.

    Perodo Atividade Seg Ter Qua Qui Sex

    Conc

    lud

    a

    Semana

    De ___/___

    a ___/___

    1 Leitura da Unidade 5 do Guia de Estudos.

    2 Leitura do texto 05 disponvel no AVA

    3 VisualizaodavideoaulaDistinoentrerefmevtima

    4 Visualizao da videoaula Apresentao da Sndrome de Estocolmo

    4 AtividadedeReflexonoGuia

    5 AtividadeAvaliativanoAVA

    3.1. VTIMA E REFM: CARACTERSTICAS BSICAS E DISTINES ESSENCIAIS

    A palavra tambm poderia ter surgido do vocbulo vincere que tem o sentido de vencer, ser vencedor, sendo a vtima o vencido, o abatido. Alguns autores falam ainda na possibilidade de ter se originado do vocbulo vigere, que quer dizer vigoroso, forte.

    Segundo o dicionrio Houaiss, dentre os vrios significados atuais da palavra vtima na lngua por-tuguesa consta o de pessoa ferida, violentada, assassinada ou executada por outra, ou ainda o sentido de que vtima quem sujeito opresso, maus tratos, arbitrariedades (como, por exemplo, na expresso vtima do sistema social injusto). Estes seriam exemplos de significados gramaticais da expresso. Figura 2

  • UNIDADE 1 39

    PARA REFLETIR

    Figura 2

    Na charge do cartunista Duke Priso residencial de segurana mxima o bra-sileiro retratado como sujeito da opresso pela violncia urbana, ou seja, vtima de um sistema social violento. Fonte: http://www.tudoemdia.com/portal/?p=16591

    No vocabulrio jurdico e na lio de De Plcido e Silva sobre vtima, geralmente entende-se por vtima toda pessoa que sacrificada em seus interesses, que sofre um dano ou atingida por qualquer mal. E, sem fugir ao sentido do senso comum, na linguagem penal designa o sujeito passivo de um delito ou de uma contraveno. , assim, o ofendido, o ferido, o assassinado, o prejudicado, o burlado.

    Figura 3

    Na charge politicamente incorreta de Dr. Pepper, mostrada uma situao em que o garoto se torna duplamente vtima: pela violncia praticada na escola e pelo prprio pai. [Fonte: www.drpepper.com.br.]

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL40

    Contudo, no contexto da gesto de crises dentro do sistema carcerrio, o reconhecimento de uma vtima ganha novos contornos. Inicialmente, tem-se que em um evento crtico quando uma pessoa capturada ela considerada vtima se contra ela forem destinados atos de violncia, dio, raiva e frustrao do agressor, no possuindo a finalidade de cau-sar algum benefcio prtico. Nesse caso, a captura no uma forma de se garantir sobre-vivncia fsica do causador do evento.

    FIQUE ATENTO

    Imagine um causador de evento crtico, surpreendido em meio a um ritual bizarro, no qual se prepara uma execuo em que o sacrifcio da pessoa apaziguar sua divindade com a qual ele mantm incessantes dilogos. Ele avisa aos policiais que a mera interrupo do ritual provocar tragdias imensas que atingiro toda a huma-nidade e prepara-se para degolar a pessoa. Trata-se de uma situao em que so observadas as caractersticas de vtima no capturado, uma vez que o dominado no apresenta nenhum valor para o causador do evento crtico, exceto o de possibilitar a consecuo de seus objetivos, que incluem necessariamente a sua morte. Nessa situao, o desequilbrio mental do causador do evento evidente e a ao ttica inevitvel (THOM; SALINAG, 2001).

    Por outro lado, se a pessoa capturada tem valor real para o causador do evento crtico, que dela se valer para a obteno de algum tipo de vantagem ou benefcio palpvel claramente expresso e, muitas vezes, quantificvel, estar-se-ia diante no de uma vtima, mas de um refm. Geralmente, o que se pede em troca algo que o causador no tem condies de obter por conta prpria naquele momento. Trata-se de situao com refm, por exemplo, uma ao que visa uma fuga eventual em que a pessoa capturada poder servir de troca por um veculo, dinheiro ou armas (THOM; SALINAG, 2001).

    Tais caractersticas esto ligadas ao prprio significado do termo refm, que segundo o Houaiss, aquele que fica em situaes extremas e contra a sua vontade em poder de outrem, como garantia. O refm (do rabe rihan) tambm pode significar a pessoa que se entrega como penhor de fidelidade de um ajuste ou tratado, situao esta que vista numa troca de refns (SILVA, 2013).

    Sobre as situaes com refns, Gary Noesner (1999, p. 3) diz o seguinte:

    Na verdade, os tomadores de refm compreendem que s atravs de manterem os refns vivos eles esperam atingir os seus objetivos. Eles compreendem que se eles ferirem os refns, eles iro alterar a dinmica do incidente e aumentar a probabilidade de que as autoridades utilizem a fora para resolver o incidente. Por conseguinte, permanece sendo o melhor interesse dos tomadores de refm mant-los vivos e evitar aes que podem provocar uma resposta violenta da polcia.

  • UNIDADE 1 41

    MULTIMIDIA

    nibus 174 um filme documentrio brasileiro, do ano de 2002, dirigido por Jos Padilha. Lanado em outubro daquele ano, o documentrio narra o que aconteceu no dia 12 de junho de 2000, quando Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente da Chacina da Candelria, sequestrou um nibus em plena zona sul do Rio de Janeiro. Dez passageiros foram tomados como refns pelo sequestrador por mais de cinco horas. O sequestro foi um episdio marcante da crnica policial brasileira.

    De maneira a melhor orientar a conduta do negociador na alternativa ttica para a soluo do evento crtico, necessrio identificar com clareza se a pessoa capturada enquadra-se nas caractersticas de vtima ou de refm, uma vez que a chance de ocorrerem perdas de vidas maior no caso de presena de situao com vtima. Isto ocorre porque a vtima possui pouco ou nenhum valor para o agressor.

    Uma negociao de sucesso comea, necessariamente, por esta etapa: a identificao das pessoas capturadas que merecem especial ateno. A definio de quem refm ou vtima proporciona uma clara delimitao do trabalho inicial do negociador (THOM; SALINAG, 2001).

    SAIBA MAIS

    Sugesto de Leitura

    Jonh A. Call, psiclogo forense americano, escreveu o tra-balho Negociao de crises: a evoluo da negociao de crise em refm/barricada (no original Negotiating Crises: the evolution of hostage/barricade crisis negotiation), em que analisa os resultados dos bancos de dados dos Estados Unidos com incidentes com refm/barricada, alm de dis-cutir diferentes tcnicas de negociao para estes casos.

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL42

    MULTIMIDIA

    Vamos estudar um pouco mais sobre o assunto?

    Assista videoaula Distino entre refm e vtima, disponvel no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

    3.2. COMPORTAMENTO DO REFM

    A identificao do subjugado no evento crtico de fundamental importncia para a defi-nio das estratgias de gerenciamento da situao.

    O refm possui valor de troca para o causador, o que no acontece com a vtima, que mui-tas vezes alvo de sentimentos relacionados vingana, dio, paixo etc.

    Assim, uma situao envolvendo refm, em tese, mais simples de ser administrada, pois a sua captura pelo causador indica o desejo pela negociao. O captor que mantm uma pessoa como refm no alimenta, a princpio, qualquer sentimento por ela. O refm uma garantia, uma moeda de troca para que o causador atinja seus objetivos.

    Nesse contexto, de fundamental importncia o alto controle, por parte do refm para no gerar raiva ou comportamento violento contra si, devendo colaborar com as exign-cias dos causadores e em momento algum praticar gestos que representem afronta ou ameaa.

    Perfil do Refm

    No contexto das crises em ambientes prisionais, possvel traar um perfil comum que-les que se tornam refns do evento crtico.

    De regra, o agente penitencirio mais relapso s regras de segurana e que no adota postura de um fiscalizador da ordem e da disciplina interna o alvo mais fcil na ecloso da situao crtica. Esse tipo de profissional, via de regra, se considera gente boa para os presos e acredita que pode circular entre estes tranquilamente sem que haja qualquer risco sua integridade fsica.

    O outro alvo em potencial o agente que se considera temido ou respeitado pela popu-lao carcerria. Em funo de sua postura enrgica e rigorosa no tratamento com os internos, o agente acredita que nunca ser alvo de um atentado e acaba negligenciando a segurana e se expondo demasiadamente.

    Ademais, internos ameaados pela populao carcerria que, normalmente, ficam iso-lados em uma rea de segurana e so comumente denominados como segurados fecham o elenco de provveis refns em uma crise prisional.

    Torna-se imperioso ressaltar que a linha que divide a mudana de tratamento destes personagens elencados da condio de refm para vtima muito tnue. Pois qualquer alterao do ambiente carcerrio ou um ato isolado de um interno pode iniciar uma ao violenta contra os subjugados com consequncias imprevisveis.

  • UNIDADE 1 43

    Perfil do Causador

    Um estudo detalhado do histrico dos eventos crticos em ambientes prisionais possibi-lita traar o perfil do preso responsvel pela liderana das aes executadas pela massa carcerria.

    necessrio afirmar que, apesar de a maioria das situaes crticas em unidades prisionais ser desencadeada por grupos de custodiados, sempre h uma liderana ou uma frente de liderana que ordena as aes. Trata-se de presos com um melhor nvel intelectual ou com respaldo definido pela faco criminosa que representam. Os primeiros coorde-nam em funo de sua melhor articulao ou capacidade de convencimento, enquanto os segundos lideram pela coao e imposio dos ditames definidos pela faco mais forte. Em todos os casos teremos uma massa alienada a disposio da liderana, pronta para agir e seguir seus lderes at as ltimas consequncias.

    Ademais, importante observar o perfil do rebelado que estar liderando a crise, sendo os perfis mais comuns os seguintes:

    o imediatistao ansiosoo vaidoso o covardeo emocionalmente perturbadoo inteligente (Q.I. acima da mdia carcerria)o lidero violentoo habilidoso etc

    3.3. SNDROME DE ESTOCOLMO

    Em situaes de gerenciamento de crises no sistema penitencirio, um fator importante que pode causar problemas, caso no seja reconhecido, a Sndrome de Estocolmo. Por isso, faz-se importante estudar sobre essa sndrome a fim de canalizar e direcionar suas manifestaes para libertao das vtimas ou evitar que essas sofram violncias fsicas ou psicolgicas.

    Conhecer os fundamentos balizadores da Sndrome de Estocolmo e sua manifestao nos fortalece para melhor sabermos lidar com ela. Estabelecer uma breve discusso das diver-sas situaes que ocorrem devido Sndrome, a ser trabalhada a seguir.

    A SNDROME DE ESTOCOLMO

    A Sndrome de Estocolmo, em situaes de gerenciamento de crises no sistema peni-tencirio, constitui fator importante a ser considerado na resoluo dos problemas enfrentados. Desse modo, importante reconhecer as caractersticas de manifestao

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL44

    da sndrome para que os negociadores tenham sua disposio mais elementos para a tomada de deciso.

    De acordo com Joceli Scremin da Rocha (2008, p. 124-125), a Sndrome de Estocolmo pode ser considerada um transtorno psicolgico caracterstico de pessoas que passam por uma situao de cativeiro. Esta sndrome pode ser definida como um estado psicol-gico no qual se desenvolve um elo afetivo entre os sequestradores e suas vtimas.

    SAIBA MAIS

    A Sndrome de Estocolmo recebeu este nome em referncia a um assalto ocor-rido em Estocolmo, capital e maior cidade da Sucia, em 1973. Neste aconte-cimento, uma assaltante, um presidirio e quatro funcionrios conviveram por seis dias dentro de um banco e os refns criaram uma relao afetiva e de cum-plicidade com seus sequestradores. Para saber mais sobre o assunto, con-sulte o endereo eletrnico: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/crime-que-originou-sindrome-de-estocolmo-completa-40-anos?page=1

    Da tica psicolgica, a Sndrome de Estocolmo representa a resposta emocional produ-zida pela indefensibilidade da vtima perante a situao de sequestro ou crcere privado. Esse transtorno pode ser entendido, tambm, como um processo de sobrevivncia no qual a vtima desenvolve laos de afetividade com seus sequestradores como forma de sobrevivncia.

    No Brasil, o sequestro da filha do empresrio Slvio Santos, acontecido em 2001, pode ser considerado um exemplo de manifestao dos sintomas desse transtorno psicolgico, que causou espanto nacional diante da defesa da jovem em relao aos captores, bem como a tentativa de justificar as suas atitudes criminosas.

    MULTIMIDIA

    Veja o Vdeo com a declarao de Patrcia aps a libertao:

    - https://www.youtube.com/watch?v=16V9BaR9oAs

    importante salientar que a Sndrome de Estocolmo s se desenvolve em um cenrio em que no h agresso, violncia e/ou maus-tratos por parte dos sequestradores. Caso con-trrio, a vtima tende a se defender de forma repulsiva, impossibilitando a identificao e desenvolvimento de laos afetivos com seus algozes. De forma geral, as manifestaes dessa sndrome so mais perceptveis aos observadores externos, que muitas vezes no compreendem a cumplicidade das vtimas com seus sequestradores.

    As demonstraes de afeto das vtimas para com seus algozes se prolongam por um determinado tempo, sendo necessrio o acompanhamento e ajuda por profissionais

  • UNIDADE 1 45

    qualificados para retorno s atividades rotineiras e superao do transtorno psicolgico decorrente da Sndrome de Estocolmo.

    Na gesto de uma crise no sistema prisional, deve-se observar com cuidado o discurso dos refns, de modo a identificar se houve o enlace emocional com os infratores. Um estudo sobre sequestros com refns revelou que o desenvolvimento dessa sndrome pela vtima tende a diminuir as possibilidades de agresso ou assassinatos. Alm disso, a Sndrome de Estocolmo revela ser um bom instrumento durante as negociaes para a rendio do criminoso (SANTOS, 2014).

    possvel observar os sintomas da Sndrome de Estocolmo at mesmo no perodo da escravatura, por meio do relacionamento entre o senhor e o escravo. Alm disso, historicamente, ainda possvel afirmar a visualizao de tais sintomas nos campos de concentraes alems, no perodo nazista. Para mais, acredita-se que os sintomas dessa sndrome se manifestam nas relaes de agresso entre casais, nas quais as vtimas conti-nuam amando e admirando o companheiro, ainda que em situao de perigo e sofrimento.

    O caso mais reconhecido do quadro da doena o da americana Patty Hearst, neta de um magnata das comunicaes, que se tornou famosa em 1974 quando foi sequestrada por membros do Exrcito Simbions de Libertao durante um assalto a um banco nos Estados Unidos. Depois de libertada, a vtima juntou-se aos seus raptores e passou a agir como cmplice nos assaltos a bancos.

    Figura 5

    Patty Hearst em assalto a banco Fonte da imagem: http://no.wikipedia.org/wiki/Patty_Hearst

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL46

    Alm disso, na literatura possvel identificarmos exemplos clssicos de sintomas da Sndrome de Estocolmo, tal como no conto francs A Bela e a Fera, de Marie le Prince de Beaumont, no qual uma garota bonita e inteligente vtima de crcere privado por uma fera, mas no fim desenvolve-se um relacionamento afetivo e a Bela se casa com a Fera. A histria foi adaptada ao cinema pela Walt Disney Pictures em 1991.

    Figura 6

    A Bela e a Fera Fonte: commons.wikimedia.org/

    Outro exemplo pode ser visto nas histrias do Batman, nas quais a vil Arlequina, que psiquiatra, faz um atendimento mdico ao Coringa, no Asilo Arkham, e acaba se apaixo-nando pelo vilo. Aps a consulta, a ento mdica psiquiatra ajuda o paciente a fugir do asilo e, a partir da, comeou a realizar crimes ao lado do Coringa (SNDROME..., 2014).

    ATIVIDADE DE FIXAO

    Atividade 5

    Agora que voc j leu sobre a Sndrome de Estocolmo nesta Unidade, acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA - assista o Vdeo complementar, leia o Texto complementar e discuta o assunto com seus colegas no frum.

  • UNIDADE 1 47

    MULTIMIDIA

    Vamos estudar um pouco mais sobre a Sindrome de Estocolmo?

    Assista videoaula Apresentao da sndrome de Estocolmo, disponvel no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

    SNTESE

    Na presente unidade, o cursista teve oportunidade de aprender as diferenas etimo-lgicas e tcnicas dos vocbulos vtima e refm. Foram exploradas as caractersticas bsicas e as distines essenciais. Em sntese, uma pessoa capturada que no tem valor ou utilidade posterior para o causador do evento crtico e que venha a sofrer violncia deste considerada vtima. Por outro lado, se a captura procurar servir como vantagem ou benefcios futuros, como barganha ou facilidade para a fuga, a pessoa tida como um refm.

    Por fim, procurou-se demonstrar a importncia do Estudo da Sndrome de Estocolmo em situaes de gerenciamento de crises. A Sndrome de Estocolmo pode ser enten-dida como um processo de sobrevivncia no qual a vtima desenvolve laos de afetivi-dade com seus sequestradores como forma de sobrevivncia, sendo esse transtorno psicolgico uma manifestao que pode contribuir nas negociaes para a rendio dos envolvidos.

  • UNIDADE4 ASPECTOS DOS CONFLITOS E DA VIOLNCIA

  • UNIDADE 1 49

    UNIDADE 4: ASPECTOS DOS CONFLITOS E DA VIOLNCIA

    Para que seja possvel ao aluno ter a correta dimenso do problema da violncia e os refle-xos que ela gera no universo dos estabelecimentos prisionais, preciso que os principais nmeros relativos a esses temas sejam estudados. O objetivo da Unidade apresentar os nmeros da violncia e da populao carcerria para que o estudante, aps o estudo, possa avaliar e compreender a sua realidade local. Para possibilitar ao agente enfrentar o quadro que se apresenta, num segundo momento desta Unidade, estudar-se- a teoria do conflito em um movimento que culminar, no prximo tpico, no estudo das tcnicas de resoluo de conflitos.

    FIQUE ATENTO

    CONTEDO PROGRAMTICO

    4.1. Conflitos e violncia - A populao carcerria e a violncia

    4.2. A Teoria do Conflito: significados, processos construtivos e destrutivos de reso-luo e as espirais de conflitos

    4.3. meios de resoluo pacfica de conflitos

    OBJETIVO

    Esperamos que voc, ao final do estudo desta unidade, seja capaz de:

    Entender o contexto da violncia no Brasil, seus reflexos para o universo carcerrio e o modo do desenvolvimento dos conflitos a partir do estudo da teoria do conflito;

    Assimilar os nmeros relativos aos conflitos e violncia na sociedade Brasileira;

    Compreender algumas diferenas entre processos construtivos e destrutivos de resoluo de disputas e o fenmeno das espirais de conflitos.

    Compreender e utilizar as tcnicas de resoluo de conflitos a partir do paradigma da Justia Restaurativa.

    Para o desenvolvimento desse curso faremos uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle e suas ferramentas de interao, que nos permitem compartilhar, nossas dvi-das, saberes, expectativas referentes questo da Vtima e Refm e suas caractersticas bsicas e distines essenciais. Alm disso, disponibilizaremos no AVA, outros referenciais tericos que abordam essa temtica. Por fim, ao final da unidade ser solicitado a voc que realize atividades avaliativas neste ambiente.

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL50

    Para o desenvolvimento desse curso faremos uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle e suas ferramentas de interao, as quais nos permitem momentos de interao sncrono e assncrono.

    Alm disso, ser disponibilizado no AVA, outros referenciais tericos que abordam essa temtica. Por fim, ao final da unidade ser solicitado a voc que realize atividades avalia-tivas neste ambiente.

    AGENDA

    A agenda um instrumento importante para voc planejar melhor sua participao em nosso curso, pois apresenta a sequncia de atividades previstas para a unidade. Marque com um X as datas em que pretende realizar as atividades descritas, bem como as ati-vidades j concludas.

    Perodo Atividade Seg Ter Qua Qui Sex

    Conc

    lud

    a

    Semana

    De ___/___

    a ___/___

    1 Leitura da Unidade 10 do Guia de Estudos.

    2 Leitura do texto 10 disponvel no AVA

    3 Visualizao da videoaula Meios de resoluopacficadeconflitos

    3 AtividadedeReflexonoGuia

    4 AtividadeAvaliativanoAVA

    4.1. CONFLITOS E VIOLNCIA - A POPULAO CARCERRIA E A VIOLNCIA

    De acordo com os dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justia em junho de 2014, referentes aos nmeros do ms de maio, a populao carcerria em nosso pas era de 563.526 pessoas, o que equivale a populao inteira de uma cidade do porte de Juiz de Fora, MG, ou ainda dez estdios do tamanho do Mineiro lotados. Segundo o anurio online World Prison Brief da International Centre for Prison Studies, o Brasil possui a quarta maior populao de presos do planeta, atrs apenas dos Estados Unidos (cerca de 2,2 milhes de pessoas encarceradas), da China (aproximadamente 1,6 milhes de presos) e da Rssia (cerca de 680 mil presos). Se forem considerados os presos em regime domi-ciliar, o nmero brasileiro sobe para 711.463 e o Brasil ultrapassa a Rssia no terceiro posto. Numa conta simples, a cada 100.000 brasileiros, aproximadamente 350 esto

  • UNIDADE 1 51

    encarcerados nos diversos regimes de cumprimento de pena (CNJ..., 2014; ENTIRE..., 2013)1.

    Em levantamento realizado a pedido da BBC Brasil pelo especialista Roy Wamsley, diretor do World Prison Brief, nas ltimas duas dcadas o ritmo de crescimento da populao carcerria brasileira s foi superado pelo do Camboja (cujo nmero de presos passou de 1.981 em 1994 para 15.404 em 2011, um aumento de 678% em 17 anos) e est em nvel ligeiramente inferior ao de El Salvador (de 5.348 presos em 1992 para 25.949 em 2011, um aumento de 385% em 19 anos) (NMERO..., 2012).

    Todavia, o dado mais preocupante o referente ao dficit de vagas. O nmero mais recente de presos no Brasil muda o dficit atual no sistema, que de 206 mil, segundo os dados mais recentes do Conselheiro do Conselho Nacional de Justia CCCNJ. Segundo Guilherme Calmon, considerando as prises domiciliares, o dficit passa para 354 mil vagas. Se contarmos o nmero de mandados de priso em aberto, de acordo com o Banco Nacional de Mandados de Priso 373.991 , a nossa populao prisional saltaria para 1,089 milho de pessoas (CNJ..., 2014).

    Nem com todo o encarceramento praticado e a lgica segregacional aplicada, a violncia d sinais que esteja sob controle. De acordo com dados da ONU (Global study on homi-cide) para o ano de 2009, o Brasil o campeo mundial em homicdios em nmeros abso-lutos (43.909) e, com uma taxa de 22,7 homicdios para cada 100 mil habitantes, ocupa o terceiro lugar no ranking da Amrica do Sul, atrs somente da Venezuela (49,0/100 mil hab.) e da Colmbia (33,4/100 mil hab.). No perodo entre 1980 e 2010, no Brasil morre-ram mais de um milho de pessoas em proporo superior a pases com conflitos arma-dos, como aponta Waiselfisz (FIGUEIREDO; NEME; LIMA, 2013; WAISELFISZ, 2011).

    Fonte: almanaque.abril.com.br

    1 Para se ter uma ideia do aumento da populao carcerria brasileira, em 1992 o Brasil tinha um total de 114.377 presos, o equivalente a 74 presos por 100 mil habitantes.

    Taxa de homicdios por 100 mil habitantes, por estado

    2000 2010RR

    RS

    AM

    ACRO

    AP

    PA

    MT

    MS

    MA

    PI

    BA

    DF

    MG

    SPPR

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    CE RNPBPE

    ALSE

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    GO

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    ALSE

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    TO

    GO

    at 15

    de 15 a 30

    de 30 a 45

    de 45 a 60

    mais de 60

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL52

    Como se sabe, o nmero de homicdios o melhor indicativo do grau de violncia de um determinado lugar, visto que todos os outros tipos de crimes so subnotificados. Vale dizer, nem todos que so furtados ou vtimas de outros crimes procuram as autoridades pblicas para registrarem os fatos. Sendo assim e observando-se que o ndice conside-rado suportvel pela Organizao Mundial da Sade OMS de dez homicdios por 100 mil habitantes, bvia a constatao de que o Brasil um dos mais violentos pases do mundo.

    Das cinquenta cidades classificadas no ano de 2014, pela ONG mexicana Conselho Cidado para a Segurana Pblica e Justia Penal como as mais violentas do mundo, dezesseis so brasileiras. Dentre as mais violentas esto Macei, AL, que ocupa o quinto lugar do ranking e tem uma taxa de 79,76 homicdios por 100 mil habitantes. A capital cearense a stima mais violenta: Fortaleza tem uma taxa de homicdios de 72,81. Joo Pessoa, PB, que est na nona colocao, apresenta uma taxa de 66,92 (BRASIL, 2014).

    Cidades Brasileiras entre as 50 mais Violentas do Mundo

    Ranking Cidade Taxa de homicdios

    5 Macei (AL) 79,76

    7 Fortaleza (CE) 72,81

    9 Joo Pessoa (PB) 66,92

    12 Natal (RN) 57,62

    13 Salvador (BA) 57,61

    14 Vitria (ES) 57,51

    15 So Lus (MA) 57,39

    23 Belm (PA) 48,23

    25 Campina Grande (PB) 46,00

    28 Goinia (GO) 44,56

    29 Cuiab (MT) 43,95

    31 Manaus (AM) 42,53

    39 Recife (PE) 36,82

    40 Macap (AP) 36,59

    44 Belo Horizonte (MG) 34,73

    46 Aracaju (SE) 33,36

  • UNIDADE 1 53

    Diversos fatores colaboram para aumentar a violncia, tais como a urbanizao acele-rada, que aumenta o nmero de pessoas nas reas urbanas e, assim, contribui para um crescimento desordenado e desorganizado das cidades. De acordo com Orson Camargo (2014), colaboram tambm para o aumento da violncia as fortes aspiraes de consumo, em parte frustradas pelas dificuldades de insero no mercado de trabalho.

    As causas da violncia so associadas, em parte, a problemas sociais como misria, fome, desemprego, muito embora nem todos os tipos de criminalidade derivem das condies econmicas. preciso lembrar tambm que parte da violncia deriva do abuso de auto-ridade policial e que a ineficincia de polticas pblicas e a corrupo tambm agravam o problema. A violncia um fenmeno complexo e se apresenta nas mais diversas confi-guraes, podendo ser observada contra a mulher, a criana e o idoso, de carter sexual, poltico, psicolgico, fsico, verbal, dentre outras.

    Figura 7

    MULTIMIDIA

    Vdeo Profisso Reprter: um programa da TV Globo que retratou, no ano de 2012, o drama da violncia urbana em uma de suas edies. Assista:

    Parte 1 http://globotv.globo.com/rede-globo/profissao-reporter/v/violencia-urbana-parte-1/2145402/

    Parte 2 http://globotv.globo.com/rede-globo/profissao-reporter/v/violencia-urbana-parte-2/2145401/

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL54

    No Brasil, a Constituio da Repblica de 1988 estabelece cinco instituies policiais dife-rentes para cuidar da segurana pblica, garantindo o cumprimento da lei e reprimindo a violncia: Polcia Federal, Polcia Rodoviria Federal, Polcia Ferroviria Federal (no ins-tituda integralmente), Polcia Militar e Polcia Civil dos Estados. Destas, as trs primeiras so filiadas s autoridades federais e as duas ltimas subordinadas aos governos estadu-ais. Todas as instituies policiais fazem parte do poder executivo, quer seja o federal ou dos estados.

    SAIBA MAIS

    Sugesto de Leitura

    MORTES MATADAS POR ARMAS DE FOGO MAPA DA VIOLNCIA 2013Julio Jacobo Waiselfisz

    http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/MapaViolencia2013_armas.pdf

    ATIVIDADE DE FIXAO

    Atividade 6

    Aps a leitura do relatrio do mapa da violncia, responda no frum virtual: Seu estado dos mais violentos do Brasil? Como esto os nmeros de seu estado com relao aos outros? Quais as suas impresses sobre os nmeros da violncia no Brasil?

    4.2. A TEORIA DO CONFLITO: SIGNIFICADOS, PROCESSOS CONSTRUTIVOS E DESTRUTIVOS DE RESOLUO E AS ESPIRAIS DE CONFLITOS

    A palavra conflito, como vrias outras da lngua portuguesa, possui vrios significados. Esta diversidade de sentidos traduz a complexidade do fenmeno social associado ao termo. Segundo o dicionrio Houaiss, conflito pode significar profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes, choque, enfrentamento, discusso acalorada ou divergncia. Tambm pode significar a ocorrncia concomitante de exigncias, impulsos ou tendncias antagnicos e mutuamente excludentes e at mesmo um choque de interesses.

    Para que seja possvel perceber a existncia de um conflito, basta comparar alguns aspec-tos nele contidos com o seu contrrio. Por exemplo: quando se fala em conflito, uma situao se parece mais com uma guerra que com a paz; est mais para a briga que para o entendimento; podem ocorrer mais insultos que numa comunicao no violenta.

  • UNIDADE 1 55

    Figura 8

    Da mesma maneira se pode descrever as reaes das pessoas envolvidas em um conflito e notar muitas vezes a reao fisiolgica de transpirao, a raiva e a hostilidade como alte-raes emocionais, alm de uma postura verbalmente descuidada. Tais caractersticas so opostas nas pessoas em estado de paz, isto , nelas se observam a moderao, a ateno, a racionalizao, a objetividade e a postura verbalmente consciente.

    As dualidades do conflito ainda permanecem quando as pessoas se veem diante de um procedimento de resoluo de disputas. Umas atribuem culpa, outras buscam solues; umas julgam, outras buscam solues; umas reprimem comportamentos, outras compre-endem. Da mesma forma, h aqueles que analisam somente os fatos passados e aqueles que do maior valor s intenes. Uns polarizam, outros unificam.

    Nos processos de resoluo de disputas, existem caractersticas que so construtivas e outras destrutivas na busca do consenso e do entendimento. Para Morton Deutsch (2004), nos processos construtivos elas so as seguintes:

    Capacidade de estimular as partes a desenvolverem solues criativas que permitam a compatibilizao de interesses aparentemente contrapostos.

    Capacidade das partes ou do condutor do processo de motivar todos os envolvidos para que prospectivamente resolvam as questes sem atribuio de culpa.

    Disposio das partes ou do condutor do processo de abordar alm de questes juridicamente tuteladas, todas e quaisquer questes que estejam influenciando a relao das partes.

    Por outro lado, so caractersticas de processos destrutivos de resoluo de conflitos:

    Polarizao da relao social.Ausncia de tcnica de resoluo de disputas (em regra, substituda por

    procedimentos ou intuitividade/improviso).Ausncia de objetividade na conduo dos procedimentos de resoluo de disputas.

  • NOES DE GERENCIAMENTO DE CRISES E DE CONFLITOS NO SISTEMA PRISIONAL56

    A Teoria do Conflito compreende os estudos sobre a natureza do conflito, as causas de sua ocorrncia e as reaes que temos em face de situaes conflituosas. Para que seja poss-vel o fortalecimento de uma cultura institucional do sistema penitencirio voltada para a paz, na qual o dilogo e o entendimento so a tnica da soluo de conflitos, preciso que se estimulem os processos construtivos de soluo de conflitos e que as caractersticas dos processos destrutivos sejam abandonadas.

    O conflito, se abordado de forma apropriada, com tcnicas adequadas, pode ser um importante meio de conhecimento, amadurecimento e aproximao de seres humanos. Ao mesmo tempo, o conflito quando conduzido corretamente pode impulsionar altera-es quanto tica e responsabilidade do indivduo.

    Outro fenmeno descrito pelos autores da chamada Teoria do Conflito so as espirais de conflitos. Andr Gomma de Azevedo (2012, p. 32) lembra que h uma progressiva escalada, em relaes conflituosas, resultante de um crculo vicioso de ao e reao. Segundo esta ideia, cada reao torna-se mais severa do que a ao que a precedeu e cria uma nova questo ou ponto de disputa.

    Figura 9

    Esse modelo, denominado de espirais de conflito, sugere que com o crescimento (ou esca-lada) do conflito, as suas causas originrias progressivamente tornam-se secundrias a partir do momento em que os envolvidos mostram-se mais preocupados em responder a uma ao que imediatamente antecedeu sua reao.

    PARA REFLETIR

    Exemplificativamente, em um dia de congestionamento, determinado motorista sente-se ofendido ao ser cortado por outro motorista. Sua resposta inicial consiste em pressionar intensamente a buzina do seu veculo. O outro motorista responde tambm buzinando e com algum gesto descorts. O primeiro motorista continua a buzinar e responde ao gesto com um ainda mais agressivo. O segundo, por sua vez, abaixa a janela e insulta o primeiro. Este, gritando, responde que o outro motorista deveria parar o carro e agir como um homem. Este, por sua vez, joga uma garrafa de gua no outro veculo. Ao pararem os carros em um semforo, o motorista cujo veculo foi atingido pela garrafa de gua sai de seu carro e chuta a carroceria do outro automvel. Nota-se que o conflito desenvolveu-se em uma espiral de agrava-mento progressivo das condutas conflituosas (AZEVEDO, 2012).

  • UNIDADE 1 57

    No exemplo citado, se houvesse um policial militar perto do ltimo ato, este poderia ense-jar um procedimento de juizado especial criminal. Em audincia, possivelmente o autor do fato indicaria que seria, de fato, a vtima e, de certa forma, estaria falando a