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Mina do Lousal (Faixa Piritosa Ibérica) - Percurso geológico e mineiro pelas cortas e galerias da antiga mina João Xavier Matos () 1 e Vitor Oliveira (1) Palavras-chave: Museu Mineiro do Lousal, património geológico e mineiro, sulfuretos maciços. Como complemento à visita ao Museu Mineiro do Lousal - Fundação Frederic Velge (SAPEC/Câmara Municipal de Grândola), os autores propõem um percurso geológico pelos sectores NW e S da corta principal da Mina de Lousal, com destaque para a observação dos seguintes temas: poços mineiros nº1, nº2, Miguel e Valdemar; estação de moagem de minério; corta da Massa Central; nascente de águas ácidas sulfurosas; galeria de acesso ao Paiol e Poço Valdemar e gossans das massas Sul e Extremo Sul, situados junto à ribeira de Corona. Ao longo do trajecto são abordadas a vulcanologia, a metalogenia e a geologia estrutural da região do Lousal, incluindo referências ao seu enquadramento na Faixa Piritosa Ibérica. São também focadas a arquitectura mineira, a recuperação social em curso e o diagnóstico do impacte ambiental da antiga mina. Key words: Lousal Mining Museum, mining and geologic heritage, massive sulphides. As complement to the visit to the Mining Museum of Lousal - Frederic Velge Foundation (SAPEC/Câmara Municipal de Grândola), the authors propose a geologic field trip for the Lousal Mine open pits, with special reference to the following subjects: mining shafts nº1, nº2, Miguel and Valdemar; mill factory; Massa Central open pit, sulphurous acid water spring; Valdemar gallery and Sul and Extremo Sul gossans, localized near the Corona stream. Several geologic themes of the Lousal region are considered like the volcanology, metallogeny and structural geology of this region of the Iberian Pyrite Belt. The mining architecture, social recovery in course and environmental impact of the old mine are also referred. Palabras llave: Museo Minero de Lousal, patrimonio geológico y minero, sulfuros masivos. Como complemento a la visita al Museo Minero de Lousal - Fundação Frederic Velge (SAPEC/Câmara Municipal de Grândola), los autores proponen un recorrido geológico por los sectores NW y S de la corta principal de la Mina de Lousal, con enfoque para los siguientes temas: pozos mineros nº1, nº2, Miguel y Valdemar; estación de trituración de minérios; corta de la Massa Central; manantial de aguas ácidas sulfureas; galería de acceso al Pozo Valdemar y los gossans de las masas Sul y Extremo Sul, localizados junto a la ribera de Corona. Al redore del trayecto son abordadas la vulcanología, la metalogenia y la geología estructural de la región de Lousal de la Faja Pirítica Ibérica. Se enfoca también la arquitectura minera, recuperación y valorización social en curso y la problemática del impacte ambiental de la antigua mina. Introdução No âmbito dos trabalhos de cartografia geológica e de geoquímica que o IGM tem vindo a efectuar na Faixa Piritosa, o Instituto propõe a valorização do património geológico e mineiro da mina de sulfuretos maciços do Lousal através de um percurso geológico. O trajecto desenvolve- 1 Instituto Geológico e Mineiro (Portugal) – Beja, [email protected] Matos, J.X.; Oliveira, V. (2003) - Mina do Lousal (Faixa Piritosa Ibérica) - Percurso geológico e mineiro pelas cortas e galerias da antiga mina. IGME, Pub. Museo Geominero, nº2, Espanha, pp. 117-128. 1

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Mina do Lousal (Faixa Piritosa Ibérica) - Percurso geológico e mineiro pelas cortas e galerias da antiga mina

João Xavier Matos ( )1 e Vitor Oliveira (1)

Palavras-chave: Museu Mineiro do Lousal, património geológico e mineiro, sulfuretos maciços. Como complemento à visita ao Museu Mineiro do Lousal - Fundação Frederic Velge (SAPEC/Câmara Municipal de Grândola), os autores propõem um percurso geológico pelos sectores NW e S da corta principal da Mina de Lousal, com destaque para a observação dos seguintes temas: poços mineiros nº1, nº2, Miguel e Valdemar; estação de moagem de minério; corta da Massa Central; nascente de águas ácidas sulfurosas; galeria de acesso ao Paiol e Poço Valdemar e gossans das massas Sul e Extremo Sul, situados junto à ribeira de Corona. Ao longo do trajecto são abordadas a vulcanologia, a metalogenia e a geologia estrutural da região do Lousal, incluindo referências ao seu enquadramento na Faixa Piritosa Ibérica. São também focadas a arquitectura mineira, a recuperação social em curso e o diagnóstico do impacte ambiental da antiga mina.

Key words: Lousal Mining Museum, mining and geologic heritage, massive sulphides.

As complement to the visit to the Mining Museum of Lousal - Frederic Velge Foundation (SAPEC/Câmara Municipal de Grândola), the authors propose a geologic field trip for the Lousal Mine open pits, with special reference to the following subjects: mining shafts nº1, nº2, Miguel and Valdemar; mill factory; Massa Central open pit, sulphurous acid water spring; Valdemar gallery and Sul and Extremo Sul gossans, localized near the Corona stream. Several geologic themes of the Lousal region are considered like the volcanology, metallogeny and structural geology of this region of the Iberian Pyrite Belt. The mining architecture, social recovery in course and environmental impact of the old mine are also referred.

Palabras llave: Museo Minero de Lousal, patrimonio geológico y minero, sulfuros masivos.

Como complemento a la visita al Museo Minero de Lousal - Fundação Frederic Velge (SAPEC/Câmara Municipal de Grândola), los autores proponen un recorrido geológico por los sectores NW y S de la corta principal de la Mina de Lousal, con enfoque para los siguientes temas: pozos mineros nº1, nº2, Miguel y Valdemar; estación de trituración de minérios; corta de la Massa Central; manantial de aguas ácidas sulfureas; galería de acceso al Pozo Valdemar y los gossans de las masas Sul y Extremo Sul, localizados junto a la ribera de Corona. Al redore del trayecto son abordadas la vulcanología, la metalogenia y la geología estructural de la región de Lousal de la Faja Pirítica Ibérica. Se enfoca también la arquitectura minera, recuperación y valorización social en curso y la problemática del impacte ambiental de la antigua mina.

Introdução No âmbito dos trabalhos de cartografia geológica e de geoquímica que o IGM tem vindo a efectuar na Faixa Piritosa, o Instituto propõe a valorização do património geológico e mineiro da mina de sulfuretos maciços do Lousal através de um percurso geológico. O trajecto desenvolve-

1 Instituto Geológico e Mineiro (Portugal) – Beja, [email protected]

Matos, J.X.; Oliveira, V. (2003) - Mina do Lousal (Faixa Piritosa Ibérica) - Percurso geológico e mineiro pelas cortas e galerias da antiga mina. IGME, Pub. Museo Geominero, nº2, Espanha, pp. 117-128.

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se pelos sectores NW e S da corta, com destaque para a observação dos antigos Poços Mineiros nº1, nº2 e Miguel, a corta inundada da Massa Central, a galeria de acesso ao Paiol e Poço Valdemar e o Chapéu de Ferro junto à ribeira de Corona. A field trip sugerida neste trabalho foi idealizada como um complemento à visita ao Museu Mineiro do Lousal, gerido pela Fundação Frederic Velge (SAPEC/Câmara Municipal de Grândola). O modo como esta entidade tem vindo a dinamizar a aldeia do Lousal constitui um bom exemplo para outras localidades mineiras que pretendem valorizar o seu património e manter vivos os saberes e viveres das suas gentes.

Fig. 1 – Enquadramento da Mina do Lousal no contexto geológico do sector português da Faixa Piritosa Ibérica (ad. de Matos e Rosa 2001, geologia ad. SGP 1992).

1 - Enquadramento Geológico da Mina do Lousal A mina de sulfuretos maciços polimetálicos de Lousal (ver Figs. 1-3), situa-se em aldeia de igual toponímica e localiza-se no Baixo Alentejo, cerca de 3km a N de Ermidas Sado e 5km a SSE de Azinheira de Barros. A área mineira do Lousal é limitada a norte pela ribeira Espinhaço de Cão e a sul pela ribeira Corona, ambas afluentes do rio Sado. A geomorfologia da região do Lousal é condicionada a NW pela presença do soco paleozóico da Zona Sul Portuguesa e a SE pelas coberturas sedimentares da Bacia Terciária do Alto Sado (Matzke 1971, Schermerhorn et al. 1987, Oliveira et al. 1998 e 2001). O modelado topográfico do Lousal alterna entre o relevo aplanado da cobertura terciária, largamente aflorante na margem direita da ribeira de Corona e colinas onduladas por vezes com declives acentuados em consequência do encaixe moderado deste curso de água e da ribeira Espinhaço de Cão em formações mais antigas de idade paleozóica (Matos e Rosa 2001). O sector de Lousal inclui-se na região NW da Faixa Piritosa Ibérica (FPI), num alinhamento do Complexo Vulcano-Sedimentar (CVS) desta província, situado a NNW de Ermidas Sado, que inclui também a antiga mina de pirite da Caveira. O eixo CVS Lousal-Caveira encontra-se limitado a norte pela Falha de Grândola e por sedimentos da Bacia Terciária do Baixo Sado, a SE também pela mesma bacia no seu sector denominado Alto Sado (BTAS) e a W por turbiditos da Fm. de Mértola (Gr. do Flysch do Baixo Alentejo), ver Fig. 2. O alinhamento Lousal-Caveira prolonga-se para SE, sob formações da BTAS da região de Alvalade, até ao eixo vulcânico aflorante Estação de Ourique – Neves Corvo. No sector de Salgueiral, situado no bloco norte da

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falha de Grândola e cerca de 4 km a norte da mina da Caveira, foram intersectadas em sondagem formações vulcânicas que se admite corresponderem ao prolongamento N do alinhamento CVS Lousal-Caveira (Oliveira et al. 2001). Na região de Lousal as formações geológicas do soco paleozóico apresentam uma direcção geral NW-SE e uma vergência para SW. A Mina do Lousal situa-se no flanco SW de um anticlinal controlado por falhas tardias de orientação predominante N-S e NE-SW. Na região Lousal-Caveira estão representadas as seguintes unidades geológicas, referenciadas da base para o topo (Strauss 1970, Oliveira et al. 1984, Schermeron et al. 1987): Gr. Filito-Quartzítico (Fameniano Méd.-Sup.) – Fm. de Corona – filitos de composição siltosa e carbonosa , siltitos e quartzitos; Comp. Vulcano-Sedimentar (Fameniano Sup.-Viseano Inf.) - xistos argilosos, x. siliciosos, x. negros por vezes grafitosos, metavulcanitos vulcanoclásticos e lavas de composição ácida, espilitos e diabases, jaspes e chertes; Fm. de Mértola (Viseano Sup.) - turbiditos; grauvaques, siltitos, xistos e conglomerados. Na região de Lousal são consideradas duas unidades sedimentares locais, possivelmente com equivalência lateral entre si, a Fm. de Xistos e Grauvaques de Outeiro do Viso e a Fm. dos Grauvaques de Partilha das Porcas.

Fig. 2 – Mapa e corte geológico da Mina do Lousal (ad. Matzke 1971).

Na Mina do Lousal definem-se as seguintes unidades litológicas do CVS, ver Fig. 2 (Silva 1968, Strauss 1970 e Matzke 1971): Série do Quartzo-keratófiro – lavas e metavulcanitos ácidos vulcanoclásticos; Série do Manganês ou Série dos Xistos Siliciosos - xistos argilosos e siliciosos com intercalações de lavas (espilitos) e rochas subvulcânicas básicas (diabases), jaspes e níveis estratiformes de Mn; Série do Quartzo-porfirítico – lavas e metavulcanitos com fenocristais de quartzo; Série da Pirite – várias massas lenticulares de pirite associadas a xistos negros grafitosos com intercalações de metavulcanitos vulcanoclásticos, lavas básicas e ácidas. A passagem do CVS ao Gr. Filito-Quartzítico (GFQ) efectua-se no sector do Lousal por contacto normal, expresso pela transição dos filitos do GFQ aos xistos siliciosos ou aos metavulcanitos do CVS (Oliveira et al. 1984). A Série do Manganês apresenta afinidades com a Fm. do Paraíso (Aljustrel), no entanto, evidência uma maior predominância de xistos carbonosos e manganesíferos sendo os xistos borra-de-vinho raros (Oliveira et al. 1984). Salienta-se ainda o facto desta série apresentar várias intercalações de diabases e metavulcanitos básicos. O vulcanismo básico é importante na região do Lousal sendo globalmente tardio na sequência local do CVS, tendo-se iniciado depois da actividade vulcânica ácida ter largamente diminuído, e

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acompanhando-a quase até ao fim (Oliveira et al. 1984, Schermerhorn et al. 1987). Trabalhos de cartografia recentes efectuados pelo IGM (observação pessoal V. Oliveira, J.T. Oliveira e J.X. Matos) na antiga concessão de Arneirões, situada a NE do Lousal (ver Quadro I), evidenciaram estruturas tipo peperitos resultantes da intrusão de rochas sub-vulcânicas básicas em sedimentos marinhos representados por xistos negros piritosos. Da interacção entre as rochas vulcânicas e os sedimentos húmidos resultou a silicificação destes, manifestada pela presença de horizontes chérticos de cor cinzenta a negra, de espessura métrica e, por vezes, com fácies brechóide. 2 – Actividade extractiva e de prospecção na Mina do Lousal A Mina do Lousal foi explorada entre 1900 e 1988 fundamentalmente para pirites, quer à superfície, quer em profundidade até cerca de 500m (Poço nº1). A descoberta do jazigo do Lousal foi reivindicada por António Manuel em 1882, que terá identificado o gossan correspondente à alteração meteórica das massas Sul e Extremo Sul, situado na margem esquerda da ribeira de Corona, ver Paragem 7 do Percurso Geológico. Em 1901 encontravam-se em exploração os poços Miguel (massa Oeste), Mendonça, Santa Barbara, Guilherme (massa Central), Rui, Valdemar e Luís (massas Sul e Extremo Sul), indicados de NW para SE, extraindo-se então minérios de cobre dos três gossans principais e das respectivas zonas de enriquecimento supergénico (Orey 1901). Os direitos de exploração das pirites do Lousal estiveram na posse de vários concessionários até 1936, ano em que a empresa Mines et Industries S.A. de capitais maioritariamente belgas iniciou o período de exploração moderna da mina, ver Quadro I (Orey? 1919, Zilhão 1939, Silva 1996, Santos e Tinoco 1997, APAI 1998):

Quadro I – Concessões e concessionários da Mina do Lousal 1885-1899 – Concessão A. Manuel e mais tarde Alfredo Masson. 1900 – Louzal (conc. nº 312) - Guilherme Ferreira Pinto Basto e Waldemar d’Orey. 1904 – Louzal Novo (conc. nº 368). 1910 - Empresa Minas dos Barros. 1915 - Henrique Burnay & Companhia. 1922 - Louzal nº 2 (conc. nº 1084), Louzal nº 3 (conc. nº 1085). Outras concessões da mesma empresa situadas

na região E e NE do Lousal: Sítio do Montado (conc. nº 1086) e Cerro dos Arneirões (conc. nº 1107). 1934 – Société Anonyme Belge des Mines d’Aljustrel. 1936-1988 – Mines et Industries S.A., Grupo SAPEC.

A exploração das minas do Lousal decorreu de forma mais intensa a partir dos anos trinta, década em que se verificou um interesse económico significativo pelo uso das pirites como matéria prima para o fabrico de ácido sulfúrico. No ano de 1928 a SAPEC, empresa do grupo detentor da concessão mineira, inicia a produção de superfosfatos na sua unidade fabril do Barreiro, sendo a par da CUF um dos clientes das pirites do Lousal. O minério aqui extraído era também exportado sendo então transportado por via férrea para o porto de Setúbal, onde aquela empresa possui terminal próprio, junto à linha Barreiro-Faro. No final da década de 50 e início da de 60 a administração da mina, liderada pelo belga Frédéric Velge, dá início à fase de mecanização da mesma sendo adoptado o uso de pás carregadoras pneumáticas autotransportadas para o transporte de minério e de camiões pneumáticos para a movimentação de entulhos, ver Fig. 4 (Silva 1968). O processo de mecanização, concluído em 1962, é acompanhado pela construção do terminal ferroviário. Durante este período decorre também um investimento significativo na melhoria das condições de vida da população, datando dessa época a construção de habitações para o pessoal técnico e operário (ver Fig. 3), casa de saúde, farmácia, posto médico, instalações comerciais e salão de festas.

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O método de exploração baseava-se em cortes horizontais ascendentes com enchimento posterior, sendo as frentes mineiras contínuas e a sua progressão do tipo degrau invertido simples (Silva 1968). A sustentação do tecto das galerias era feita através de pilares artificiais construídos por travessas de madeira, ver Fig. 4. O enchimento das galerias efectuava-se com escombros de xistos argilosos e espilitos extraídos em pedreiras situadas na actual corta da mina, utilizando-se na sua movimentação chaminés de entulhos. No processo de desmonte, transporte e despejo de entulho eram utilizados martelos com injecção de água, disparo eléctrico, pás carregadoras e dumpers. O minério extraído era escoado pelo Poço nº 1 e sujeito numa unidade de tratamento situada nas suas imediações e projectada entre 1962 e 1964. Neste local as pirites eram sujeitas a um processo de escolha manual, trituração, granulação e crivagem, ver Fig. 5. A oficina de preparação mecânica tinha uma capacidade de produção máxima de 1000t de pirite calibrada a 0-8mm num período de 10horas. Entre 1946 e 1953 a extracção de pirites no Lousal atinge um volume de 1580462t, valor situado entre as produções das minas de Aljustrel e S. Domingos para este período temporal (ver Quadro II). Durante a década de 60 e início dos anos 70 a produção anual foi de 230000 - 250000t, tendo o minério cerca de 45% de S e 0,7% de Cu (Matzke 1971). Tadeu (1989), in Leistel et al. (1998), estimou para os sulfuretos maciços da Mina do Lousal uma tonelagem total de 50Mt, com 0,7% Cu, 0,8%Pb e 1,4%Zn. A pirite, sulfureto largamente predominante no Lousal, é acompanhada de calcopirite, galena, esfalerite, pirrotite, marcassite, bournonite, tetraedrite, cobaltite, saflorite e ouro nativo (Strauss 1970). Matzke (1971) apresenta os seguintes teores médios para as pirites do Lousal: Fe 39%; Cu 0,7%; Pb 0,8%; Zn 1,4%; Co 0,08%; Ni 0,01%, S 45%, As 0,4%; Sb 0,03%; Mn

0,05%; Sn 0,2%; Cr 0,01%; SiO2 8,5%; Al2O3 1,5%; CaO 0,1%; MgO 0,5%; BaO 0,02%, Se 35g/t; Au 1g/t; Ag 20g/t.

Quadro II – Produção de pirites na Mina do Lousal (Gomes e Silva 1955):

Minas Produção entre 1946 e 1953 Produção em 1953 Lousal 1580462 243240

Aljustrel 1780521 248068 S. Domingos 1286040 159428

Na Mina do Lousal encontram-se definidas cerca de 18 massas de sulfuretos maciços polimetálicos de pequena dimensão, possuindo a principal (massa S. José) cerca de 40m de possança. A morfologia dos corpos de sulfuretos apresenta segundo Strauss 1970 as cacterísticas indicadas no Quadro III. As massas Sul, Extremo Sul, Central, Oeste, Miguel e Norte foram exploradas de forma intensa até aos anos 20, em virtude dos elevados teores em Cu observados na zona de enriquecimento supergénico destes corpos aflorantes e sub-aflorantes. Posteriormente, os trabalhos mineiros foram dirigidos para as lentículas José e Fernando passando a ser a pirite (FeS2) o principal produto da actividade extractiva.

Globalmente as massas de sulfuretos têm um carácter lentícular com várias pontes entre si, observando-se frequentemente intercalações das rochas encaixantes da mineralização nomeadamente xistos negros, diabases, espilitos, metavulcanitos ácidos, xistos negros silicificados pelo processo de alteração hidrotermal e ainda alguns níveis de carbonatados (siderite, anquerite e dolomite). No centro mineiro do Lousal podem ser considerados dois horizontes principais de sulfuretos maciços com atitude geral N45ºW, 80ºSW, que seguidamente se indicam de SE para NW: Grupo W: massas Extremo Sul, Sul e Oeste (corpos mais superficiais); Grupo E (principal): massas Central e Miguel (corpos mais superficiais), José Sul, José, Fernando, Norte, Norte-Leste, António (corpos mais profundos).

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Fig. 4 – Métodos de extracção de minério na Mina do Lousal (ad. Silva 1968): 1 – Perfuração para colocação de explosivos de gelamonite, 2 – Carrego de minério com pá carregadora pneumática para poço/conduta de distribuição (A) e transporte de minério para o poço de extracção em vagonetas puxadas por locomotiva de acumuladores (B). P – pilar de suporte feito com toros de madeira.

A morfologia das massas de sulfuretos do Lousal é claramente controlada por falhas tardias por vezes com rejeito significativo. O sistema principal tem direcção N-S e movimentação direita e é tipificado pela Falha de Corona, de atitude N7ºE, sub-vertical e movimento dextro com abatimento do bloco W onde se situa o complexo mineiro. Outro sistema importante tem uma direcção NE-SW e é representado pela falha que limita a massa Miguel a sul. O modo de ocorrência dos sulfuretos maciços do Lousal é caracterizado pela sua proximidade com sedimentos marinhos representados por xistos negros com pirite disseminada e pela ocorrência de texturas primárias bandadas com maior ou menor variação do grão. O enquadramento paleogeográfico do jazigo do Lousal é semelhante a outros depósitos de sulfuretos da FPI associados a xistos negros como Montinho (Portugal) e Tharsis e Sotiel (Espanha), Barriga et al. 1997, Tornos et al. 2000. A presença de texturas bandadas observadas nos minérios do Lousal levou alguns autores a considerar este jazigo como um depósito alóctone ou de redeposição (Barriga e Carvalho 1983). A existência de stockworks piritosos no Lousal coloca a possibilidade de o jazigo ter sido formado numa bacia de tipo graben comparável ao modelo de brine pool sugerido por Tornos et al. 1998 para Tharsis. Entre este jazigo e o Lousal existem outras semelhanças como carbonatos na matriz dos sulfuretos, a sua paragénese e a presença de minerais de cobalto. A possibilidade de ocorrerem novas massas de sulfuretos junto aos jazigos conhecidos no sector mais NW da FPI (Lousal e Caveira) suscitou o interesse de várias entidades para a prospecção desta região da Faixa, a qual foi investigada pelo ex.-Serviço de Fomento Mineiro (SFM) e pelas companhias Soc. Mineira de Santiago, Mines et Industries, Consórcio SPE/SEREM/EDMA (Alves et al. 1985) e Soc. Mineira Rio Artezia. A empresa concessionária do Lousal, Mines et Industries; realizou também actividades de prospecção no couto mineiro com o objectivo de ampliar as reservas existentes. Os primeiros trabalhos de geofísica datam do início dos anos 50 tendo aquí sido realizadas campanhas de polarização espontânea e resistividade pelo Prof. De Magnée (Silva 1968). Mais tarde a Compagnie Générale de Geophysique efectuou os primeiros levantamentos gravimétricos. Posteriormente, entre 1951 e 1952, o SFM aplica no Lousal o

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método Turam sem grande êxito devido à presença de xistos negros que se reflectem em anomalias de elevada intensidade, que mascaram as originadas por sulfuretos maciços. Em 1963 a empresa canadiana Mac Phar realiza levantamentos de polarização induzida, tendo identificado vários condutores em parte associados a sulfuretos maciços, em parte a xistos negros com pirite disseminada. Nos anos de 1967-68 o SFM realizou uma intensa campanha de gravimetria em malha de 100mx100m, localmente 50mx50m, complementada com levantamentos em galeria nos pisos 260m e 300m da mina, que possibilitou a identificação da anomalia de Bouguer associada à presença dos sulfuretos maciços do Lousal (Gomes 1964, Matzke 1971). No seguimento do contrato de prospecção da região do Lousal, datado de 1972 e da responsabilidade da empresa Mines et Industries, o SFM efectua novos levantamentos no piso 460m da mina, demonstrando a continuidade do nível de sulfuretos em profundidade2 (Queiroz et al. 1989).

Quadro III – Principais massas de sulfuretos maciços da Mina do Lousal

Massa Comprimento máximo (m)

Possança máxima

(m)

Forma Observações

Sul 100 – 55 14 - 10 Lenticular Explorada até ao nível 45m (Poço Luís) Extremo Sul 100 – 55 14 - 10 Lenticular Explorada até ao nível 30m (P. Valdemar)

Central 140 25 Lenticular Explorada a céu aberto até 45m de profundidade, terminando em cunha a cerca de 15m mais abaixo.

Oeste 70 12 Lenticular Explorada desde a superfície até ao nível 60m (corta e poços Miguel e Corta Nova).

Miguel 30 8 Cilíndrica3 Explorada entre os níveis 45m e 160m (poços Miguel e Corta Nova).

José 280 40 Lenticular e planar

Explorada entre os níveis 85m e 460m (poços I e II).

José Sul 70 16 Cilíndrica1 Reconhecida entre os níveis 85m e 380m (Poço II). Fernando 420 26 Planar Explorada entre os níveis 60m e 460m (poços I e II), em

profundidade forma duas lentículas: 1ª Veia e 2ª Veia. Mina Nova 80 20 Reconhecida entre os níveis 190m e 300m, corresponde ao

muro da massa Fernando. Veia Nova 110 10 Planar Reconhecida entre os níveis 260m e 380m.

Norte 170 22 Cilíndrica1 Explorada entre a superfície e o nível 380m (poços I e II). Norte-Leste 40 10 Reconhecida entre os níveis 220m e 260m.

Norte Fundo 130 12 Reconhecida no nível 380m. António 150 10 Reconhecida no nível 260m.

3 – Impacte ambiental da Mina do Lousal A mina do Lousal apresenta actualmente um grau de perigosidade ambiental relativamente elevado, à semelhança do que ocorre na generalidade dos projectos mineiros de exploração de

2 A tese de que os sulfuretos maciços do Lousal se prolongam em profundidade, contrária às ideias da empresa então concessionária, é suportada também por observações efectuadas nos pisos mais profundos, durante os últimos anos da exploração mineira, por geólogos e pessoal técnico (comunicação pessoal dos Drs. Vitor Oliveira e Alfredo Ferreira e do Sr. Manuel João, ver também Alves et al. 1985). 3 A forma destas massas é na realidade lenticular, sendo a sua geometria claramente controlada por falhas tardias sub-verticais de direcção geral N-S, sendo algumas observáveis em afloramentos situados junto ao Poço Miguel (ver Paragem 3). A intersecção dos corpos de sulfuretos com estes planos tectónicos produz uma falsa forma cilíndrica referida por Strauss.

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sulfuretos maciços iniciados na FPI durante a segunda metade do séc. XIX e princípios do séc. XX (Matos e Rosa 2001, Santos Oliveira et al. 2000 e in press). O impacte mais negativo verifica-se ao nível da rede hidrográfica e dos solos próximais situados junto às escombreiras da antiga mina, observando-se valores anómalos nos seguintes meios amostrais (Henriques e Fernandes 1991, Santos Oliveira 1997, Fonseca e Silva 2000, Matos e Rosa 2001, Santos Oliveira et al. in press):

o Solos – Pb, Zn, Cu, Sb, As, Cr, Ag, Au (Co e Cd). o Sedimentos fluviais – Pb, Zn, Cu, Sb, As, Cr, Ag, Au (Co e Cd). o Escombreiras - Cu, Pb, Zn, As, Sb, Ag, Au, Co, Bi, Mo, Hg e Tl. o Águas de mina - Cu, Zn, Mo, Cd, Se, Fe.

Parte dos problemas ambientais existentes na área mineira do Lousal têm origem na herança de um projecto mineiro realizado sem qualquer preocupação com o meio envolvente, fruto da inexistência de políticas legislativas restritivas e de medidas legisladoras que obrigassem a empresa concessionária a executar trabalhos de minimização dos impactes ambientais provocados pela actividade extractiva. Outras fontes de poluição não menos importantes são os resíduos urbanos e lixeiras clandestinas que se observam um pouco por toda a área mineira incluindo poços, cortas e barragens. A actividade de campo que o IGM tem vindo a realizar no Lousal e o diagnóstico ambiental desta área mineira, realizado para o Instituto pela Universidade de Aveiro no âmbito do Projecto de Diagnóstico de Minas Abandonadas (Fonseca e Silva 2000, Matos e Rosa 2001, Santos Oliveira et al. in press), permitiram identificar os seguintes pontos negros:

O antigo parque de minérios situado junto à antiga estação ferroviária (ver Fig. 3) encontra-se sem qualquer protecção, drenando os seus efluentes directamente para a ribeira de Corona, afluente do rio Sado. Este problema foi recentemente agravado pelo facto dos empreiteiros que estão a proceder ao alargamento da via férrea Pinhal Novo – Algarve (obra da responsabilidade da REFER), terem transformado em aterro o antigo parque de minérios. O impacte deste local ao nível da rede hidrográfica é significativo e, comparativamente, superior ao provocado pela corta principal da mina;

••

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• A escombreira/aterro situada a jusante da corta, que tem por principal função impedir o contacto entre as águas ácidas efluentes da mina e as águas da ribeira de Corona em época de cheias, encontra-se em adiantado estado de erosão fluvial, fruto da sua localização, numa parte côncava da margem esquerda daquele curso de água;

• A maioria das cortas mineiras não têm protecção apesar de evidenciarem desníveis acentuados e se situarem próximo de núcleos habitacionais;

• As barragens com águas de mina situadas na margem esquerda da ribeira de Corona, a NE do Museu, encontram-se inoperacionais, ver Fig. 7. Estas represas estão muito assoreadas e preenchidas parcialmente com escombros, materiais decantados da lavaria e lixo; A ribeira de Corona encontra-se afectada pelos efluentes ácidos da mina em vários quilómetros.

4 – Mina do Lousal – valorização de um centro mineiro numa perspectiva de desenvolvimento sustentado A origem e desenvolvimento da aldeia Mina do Lousal está intimamente associada à exploração de sulfuretos maciços, à semelhança de outras localidades da FPI como a Mina de S. Domingos situada no concelho de Mértola (Custódio 1996). Oitenta e oito anos de actividade extractiva no Lousal reflectem-se necessariamente na arquitectura urbana marcada pela ampla corta, pelos poços mineiros, pelos equipamentos industriais e pela tipologia dos bairros que reflectem a

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rigidez dos vários níveis sociais existentes na empresa: administração, quadros técnicos e pessoal operário (ver Fig. 3 e 8). Os gossans, as escombreiras, as cortas inundadas de águas ácidas e os afloramentos de rochas afectadas por processos de alteração meteórica e hidrotermal tingem a paisagem do Lousal de tons castanhos, vermelhos, amarelos e brancos que contrastam com o verde do coberto vegetal dos vales das ribeiras de Espinhaço de Cão e Corona, e ainda, com as paredes brancas e azuis das habitações e equipamentos sociais da antiga mina.

Fig. 8 – Habitações do pessoal operário no Bairro dos Quartéis (ad. Abreu et al. 2001).

O traçado urbano do Lousal caracteriza-se, segundo Abreu et al. 2001, por uma clara centralidade das instalações ligadas à actividade mineira, pela dispersão da ocupação edificada, pela ausência de espaços de circulação que permita ligações entre os diferentes bairros residenciais, pela falta de espaços públicos tratados (praças, largos ou jardins) e pela uniformidade das volumetrias das construções habitacionais dada por edificações com apenas um piso, exceptuando-se a esta tipologia a Casa da Direcção e a Escola Primária. Salientam-se entre o património habitacional do Lousal os seguintes edifícios (ver Figs. 3 e 8):

o As construções mineiras: torres de extracção (malacates), poços de arejamento, armazéns e estabelecimentos fabris de selecção da pirite, a central eléctrica (actual museu), os serviços administrativos (actual centro de artesanato), os laboratórios, etc.

o Os equipamentos complementares: a enfermaria, as escolas, a igreja, o mercado, o campo de futebol, a associação, etc.

o Os edifícios de habitação: a casa do director, as casas dos técnicos e as casas dos operários da mina.

O património arquitectónico, industrial e geológico-mineiro do Lousal conferem-lhe um estatuto de verdadeiro centro mineiro da Faixa Piritosa Ibérica com uma população residente ainda muito ligada à exploração da mina (Matos et al. 2001), tal como acontece em outras localidades mineiras portuguesas (S. Domingos e Aljustrel) e espanholas (Rio Tinto, Nerva e Tharsis). Com o término da actividade mineira em 1988 e posterior processo de encerramento da mina4, o tecido social e económico da localidade sofrem uma rápida desarticulação, dando origem a uma desertificação humana e consequente envelhecimento da população5. No início da década de 90 a

4 A concessão mineira do Lousal findou em 1992. 5 A população do Lousal sofreu entre 1981 e 1994 um decréscimo de 35%, sendo neste ano de 600 habitantes, fonte Projecto Relousal (Abreu et al. 2001).

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degradação social acentua-se numa população pessimista quanto ao seu futuro, marcada por um elevado desemprego e significativo número de pessoas com problemas de alcoolismo e toxicodependência6 (Santos e Tinoco 1997, Abreu et al. 2001). Por forma a contrariar o processo de declínio consequente do encerramento da mina são executados em 1994 vários projectos de dinamização económico-social que promovem a valorização e musealização do património mineiro, o incremento de oficinas de artesanato, a manutenção de pequenas industrias de metalomecânica e a dinamização da gastronomia local. Neste contexto nasce a Fundação Frederic Velge, gerida pela SAPEC (empresa do grupo da companhia concessionária) e pela Câmara Municipal de Grândola. Como corolário deste esforço é inaugurado em 2001 o Museu Mineiro do Lousal, situado na antiga central eléctrica, o auditório e o centro de recepção (SAPEC 1994, Santos e Tinoco 1997, APAI 1998, Tinoco et al. 1998, 2001). O futuro da aldeia mineira passa agora pela valorização do seu património mineiro/geológico, arquitectónico e ambiental, numa óptica de desenvolvimento sustentado centrado essencialmente no turismo temático (geoturismo). Muito há ainda para fazer nomeadamente a musealização da galeria de acesso ao Poço Valdemar (ver Paragem 6) e da própria corta. O percurso geológico proposto neste trabalho é um contributo para a valorização do actual Museu Mineiro do Lousal, sendo um complemento à sua visita. O interesse actual na preservação do património mineiro e geológico está na origem de numerosos projectos europeus de turismo temático associado à actividade mineira. Na Faixa Piritosa Ibérica é possível actualmente visitar os seguintes núcleos museológicos:

o Museu Mineiro do Lousal – Fundação Frederic Velge, inaugurado em 2001; o Parque Mineiro da Cova dos Mouros - parque temático inaugurado em 1998 situado na

antiga mina de cobre de Ferrarias (Martinlongo) com percursos geológicos identificados e caracterizados pelo IGM (Matos e Rosa 1999, Matos et al. 1999, 2001);

o Museu Municipal de Aljustrel – exposição temática “2000 anos de mineração em Aljustrel”.

o Parque e Museu Mineiro de Rio Tinto – principal referência museológica da FPI, percursos pela Corta Atalaia e caminho de ferro mineiro (Jara, J.M., in press).

8 – Percurso geológico Paragem 1 – Poço de extracção nº 1 e unidade de escolha e moagem de minério. O malacate nº1 e a unidade de processamento de minérios formam os ex-libris da Mina do Lousal, constituindo verdadeiros ícones da arquitectura industrial mineira de meados do séc. XX. Na sala norte podem ser observados alguns quadros eléctricos em adiantado estado de deterioração e as estruturas dos equipamentos de moagem, feitas em concreto. No sector sul do edifício figuram três silos construídos em betão e uma antiga locomotiva de mina, movida por meio de baterias eléctricas. Na base das comportas dos silos ocorrem estalactites e estalagmites de sulfatos de ferro e de cobre formadas pela escorrência de águas pluviais que circulam entre os fragmentos de minério ainda armazenados nestas estruturas. No exterior do edifício destaca-se uma chaminé de escoamento e filtragem de poeiras. Junto à estação de tratamento ergue-se o

6 “Trata-se de uma localidade pequena, que evoluiu ao sabor do crescimento da mina. A paragem da produção constituiu um profundo choque, que se materializou num surto muito grande de reformados (mais que a população activa a exercer), sobretudo de mineiros (68% do total), tendo mais de um terço idade inferior aos 65 anos.” Extracto de conclusões do Projecto Relousal, in Abreu et al. 2001.

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malacate do Poço nº1, com uma profundidade superior a 500m e servia fundamentalmente para escoamento de minério e de material estéril6. À saída dos seus portais encontra-se um sistema de carris com várias agulhas de distribuição para ramais de acesso às escombreiras e aos silos. Por cima destes figura o terminal de descarregamento de vagonetes através de volteio das mesmas7.

Fig. 9 – Percurso geológico (carta topográfica ad. Abreu et al. 2001).

Fig. 10 – Paragem 1 - Poço Malacate nº1, locomotiva a vapor e estação de moagem de minério. Foto menor - equipamento do guincho do Poço nº 1 (ad. Silva 1968).

6 Os mineiros raramente utilizavam o Poço nº1 como meio de transporte. O movimento de operários era feito pelo Poço nº2, ver Fig. 3. 7 As vagonetes de minério eram viradas 180º, ficando em posição invertida, podendo esta operação ocorrer com seis carruagens em simultâneo.

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No corpo principal de escombreiras encontram-se maioritariamente blocos de minério maciço e de metalotecto (xistos cinzento escuros e negros). Os sulfuretos maciços apresentam frequentemente um bandado primário muito acentuado, com diferentes classes de granulometria. Alguns espécimes de minério evidenciam níveis de sílica, e outros, intercalações de sedimentos encaixantes da mineralização, frequentemente silicificados pelo processo de alteração hidrotermal (ver Fig. 11). A pirite é o sulfureto predominante no minério do Lousal, sendo acompanhada de calcopirite, preferencialmente associada a sílica, galena, esfalerite, arsenopirite e sulfossais. Paragem 2 – Discordância angular entre a cobertura terciária e o soco paleozóico. Pontão sobre o caminho situado a NE da estação de tratamento de minério. Nas trincheiras do caminho observa-se a discordância angular entre os sedimentos terciários e o soco paleozóico, que aqui se encontra representado por metavulcanitos muito alterados e xistificados, com uma clivagem sub-vertical de direcção N45ºW (ver Fig. 12). Este plano discordante corresponde a um hiato temporal de milhões de anos, durante o qual o soco paleozóico da Zona Sul Portuguesa foi fortemente erodido. Nos sedimentos terciários, de natureza gresosa a microconglomerática e matriz silto-arenosa de cor vermelha-amarelada, podem identificar-se planos de estratificação sublinhados por clastos centimétricos sub-rolados de quartzo leitoso. No nível superior identificam-se pisólitos de óxidos de ferro. Paragem 3 – Gossan da massa Miguel. Estrada municipal, cerca de 100m a WSW do Centro de Artesanato.

Nas cortas do Poço Miguel, destinado ao arejamento do sector NW da mina, observam-se xistos e metavulcanitos muito alterados e níveis de sulfuretos totalmente oxidados. Nas formações xistentas identificam-se em superfícies de clivagem halos de oxidação-redução (bandas de liese gang) controlados por planos de diaclase. As rochas encaixantes da mineralização apresentam uma clivagem N45ºW, sub-vertical. A massa de sulfuretos é limitada por uma falha tardia de atitude NS, 75ºW, provavelmente do tipo desligamento. Junto deste acidente tectónico ocorre forte caulinização e uma acentuada perturbação da clivagem das rochas (localmente com direcção sub-paralela à daquela falha). Para W do Poço Miguel aflora junto à estrada um gossan de pequenas dimensões que foi trabalhado, possivelmente, durante a época romana (foto). Estes trabalhos mineiros situam-se junto a um horizonte de chertes de espessura métrica, que se salienta entre o gossan constituído maioritariamente por óxidos e hridóxidos de ferro, respectivamente hematite e limonite. Paragem 4 – Corta inundada situada a SSE da estrada municipal. No sector norte da antiga exploração a céu aberto da massa Central, é possível observar uma intensa caulinização associada à alteração de sulfuretos maciços, que é condicionada por falhas tardias de atitude N-S e NE-SW. Utilizando um espectrómetro portátil PIMA II (equipamento do CREMINER/Faculdade de Ciências de Lisboa) foi possível constatar a presença de haloisite, caulinite e muscovite em litótipos afectados por este tipo de alteração. Para W deste local surgem metavulcanitos básicos e xistos afectados por dobramento e falhas de tipo cavalgante e de desligamento. No extremo oriental do banco da corta ocorre um nível de metavulcanitos intermédios com textura porfirítica (feldspato e raro quartzo), provavelmente de natureza

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vulcanoclástica e composição dacítica. No sector SW da corta inundada afloram espilitos localmente muito xistificados e com abundantes carbonatos em planos de fractura.

Paragem 5 – Nascente de águas ácidas - sector sul da corta. No sector meridional da corta do Lousal ocorre uma nascente de águas ácidas sulfurosas associada a uma fractura de orientação N35ºW, que apresenta um ângulo oblíquo relativamente ao horizonte de sulfuretos maciços. Medições de campo realizadas neste manancial revelaram uma temperatura de 22º e um pH de 3,8 (dados referentes a Janeiro de 2000, in Matos e Rosa 2001). O caudal emanado da nascente, variável ao longo do ano, inunda a base da corta entre este local e o aterro situado junto à margem da ribeira de Corona. A alteração meteórica associada à presença de sulfuretos maciços (aqui totalmente oxidados) reflecte-se numa caulinização extrema das rochas encaixantes da mineralização nomeadamente xistos negros e metavulcanitos. O horizonte de sulfuretos é controlado por falhas de orientação geral N-S sub-paralelas à Falha de Corona que aflora a poucas dezenas de metros a SE da nascente. Nas proximidades desta, as barreiras e fundo da corta encontram-se atapetadas de minerais de neoformação, por vezes sob a forma de cristais, de tons verdes, brancos e amarelos, de sulfatos de Fe e Cu, tendo sido identificada melanterite (sulfato de ferro hidratado, Fonseca e Silva 2000), e prováveis calcantite e jarosite. São também identificáveis óxidos e hidróxidos de Fe (hematite e limonite) e malaquite. Para SW da nascente os hasteais da corta evidenciam uma cor avermelhada devido à alteração meteórica de espilitos, que transitam por falha a xistos acastanhados alterados (sector SW da pedreira). Paragem 6 – Galeria de acesso aos paióis e Poço Valdemar - sector SE da barragem de águas ácidas. Nesta paragem pretende-se mostrar o tipo de entivação utilizado nos labores mineiros antigos. O tramo visitável da galeria de acesso ao poços Valdemar e Luís (ver Paragem 7) atravessa litologias do Complexo Vulcano-Sedimentar nomeadamente xistos e metavulcanitos alterados e fortemente xistificados. A alteração meteórica destas rochas (note-se que se trata de uma galeria de flanco de encosta situada a poucos metros da superfície), levou a que alguns troços do túnel fossem entivados com toros de madeira e outros, por serem mais inseguros, betonados, como é o caso das quatro salas (paióis) situadas no lado sul da galeria8. No centro desta encontra-se um carril que permitia o transporte por vagoneta até ao Poço Valdemar, aberto até à superfície e situado no extremo do percurso visitável. Paragem 7 – Gossan do Lousal, galeria e Poço Luís – margem esquerda da ribeira de Corona, cerca de 150m a oriente do Bairro dos Quartéis. Na margem esquerda da ribeira de Corona é possível efectuar um corte geológico de NE para SW que permite identificar as seguintes formações: Fm de Corona – xistos avermelhados com abundantes óxidos de Fe em planos de diaclase. Esta unidade contacta por falha (F. de Corona) com o Complexo Vulcano-Sedimentar, observando-se evidências que indicam um levantamento do bloco E deste acidente. Comp. Vulcano-Sedimentar: Xistos negros e metavulcanitos gossanizados; Gossan hematítico de aspecto terroso e cavernoso, localmente limonítico e com

8 Os quatro paióis apresentam-se com as paredes caiadas e com vasos de cerâmica com fragmentos de cal. Através deste processo era controlada a humidade das salas, preservando-se assim a qualidade dos explosivos.

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níveis siliciosos; Metavulcanitos e lavas básicas. Na galeria de acesso ao Poço Luís identifica-se uma falha de direcção N-S, sub-paralela à de Corona, que corta o horizonte da mineralização de sulfuretos (Massa Extremo Sul), aqui representado por rochas afectadas por um clivagem de direcção NW-SE e por planos de diaclasamento tardios sub-horizontais ou com fraca inclinação para NNE. Nos hasteais e tecto da galeria observam-se níveis de sulfuretos parcialmente oxidados, de xistos negros e de chertes de cor cinzenta a negra. Em planos tardios ocorrem minerais de neoformação como sulfatos de Cu (calcantite) e de Fe, enxofre nativo,... Referências bibliográficas Abreu, A.; Pontes,J.; Costa, L.; Nunes, J.; Pereira, C. (2001) – Lousal. Câm. Mun. Grândola, 56pp.. Alves, P.; Joubert, M., Leca, X. (1985) – Notice explicative du levé géologique au 1/25000. Rel.

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