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Desenvolvendo uma agenda para ensinar coaching psychology Anthony M. Grant Apesquisaepráticadecoachingpsychologysedesenvolveuconsideravelmenteaolongo dos últimos 10 anos. No entanto, se ela deve continuar a crescer e sedesenvolver,umaestruturaeducacionaledeensinoprecisaserestabelecida.Poucaatençãotemsidodadaàliteraturapublicadaaoensinodocoachingpsychology.Oobjetivodesteartigoéestimularadiscussãosobreoensinodocoachingpsychologye iniciar o processo de desenvolvimento de uma agenda de ensino, incluindodelinearalgunsconceitos,teoriasehabilidadesquepodemservistascomoonúcleodo coaching psychology. Com base na Australian Psychological Society e nasdefiniçõesdaBritishPsychologicalSociety,propõe‐sequeasseguintesáreasdevemformar o núcleo de uma educação em coaching psychology: uma abordagem dapráticabaseadaemevidências;princípioséticos;modelosprofissionaisdeprática;questões relacionadas à problemas de saúde mentais; teoria cognitivo‐comportamental aplicada ao coaching; teoria dos objetivos; teoria damudança;teoria sistêmicaaplicadaao coaching (incluindoprocessosdegrupoeaplicaçõesorganizacionais); habilidades básicas de coaching aplicado e sua aplicação paratreinamento de habilidades, desempenho, desenvolvimento e reabilitação; eaplicaçõesde coachingpsychologyparaáreas especializadas tais como coachingexecutivo,coachingno localdetrabalho,coachingdesaúdeebemestar,coachingde vida e coaching de performance, além de áreas como psicologia positivaaplicada, abordagens focadas em soluções, em desenvolvimento cognitivo,narrativo,psicodinâmicoeGestalt.Coachingpsychologycomouma sub‐disciplinapsicológica está no caminho para o desenvolvimento de uma área coerente depesquisa e prática. Agora é preciso desenvolver e formalizar um corpo deconhecimento que possa sustentar e avançar nesta nova área da ciênciacomportamental.Palavras‐chave:coachingpsychology;ensinodecoachingpsychology;treinamentodecoaching;treinamentobaseadoemevidências.

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Asubdisciplinaacadêmicadecoachingpsychologycomoumapsicologiapositivaaplicadatemsedesenvolvidodesdequefoiensinadopelaprimeiravezemnívelde pós‐graduação em 2000 na Universidade de Sydney. O Grupo Especial dePsicologia (SGCP) da Sociedade Britânica de Psicologia (BPS) foi formado emdezembro de 2004, após a formação do Grupo de Interesse em CoachingPsychology (IGCP) da Sociedade Australiana de Psicologia (APS) em agosto de2002, e agora há diversos grupos de coaching psychology no mundo todo,incluindo aqueles na Dinamarca, Irlanda, Israel, Nova Zelândia, África do Sul eSuécia.Amaioriadestesestáassociadacomasuasociedadepsicológicanacionalprofissional(paradetalhesdosantecedentesparaaformaçãodoBPSSGCPvejaPalmer&Whybrow,2006).Noentanto,seocoachingpsychologydevecontinuaracresceresedesenvolver,algum tipo de estrutura educacional e de ensino acabará precisando serestabelecida,eessetemaaindanãofoiamplamentediscutidonaliteratura.Esteartigo apresenta algumas ideias baseadas nomeu envolvimento na concepção,estabelecimento e ensino em programas de pós‐graduação em coachingpsychologyaoníveldemestradodesde1999.Oobjetivodesteartigoéestimulara discussão sobre o ensino de coaching psychology e iniciar o processo dedesenvolvimentodeumensino,incluindodelinearalgunsdosconceitoseteoriasquepodemservistascomoestandonocernedocoachingpsychology.Deve‐senotarqueas ideiasapresentadasnesteartigosãoasvisõespessoaisdoautorenãodevemserconsideradascomo indíciosdaspolíticasouopiniõesdaAPSIGCPoudaBPSSGCP,nemdevemserusadaspararepresentaraspolíticasouopiniões da universidade onde o autor trabalha. Também deve ser observadoque, embora exista uma clara sobreposição entre o ensino de coaching e decoaching psychology, este artigo aborda exclusivamente as questões de ensinorelacionadasaocoachingpsychology.

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Visão geral da literatura de coaching psychology A pesquisa e prática de coaching psychology tem se desenvolvidoconsideravelmenteao longodosúltimos10anos.Umavisãogeralda literaturacitada emPsycINFO realizadaemdezembrode2010usando aspalavras‐chave'coaching psychology' encontrou um total de 290 citações. Entre 1927 e 1996,haviaapenasoitocitaçõeslistadas.Aprimeiracitaçãousandoaspalavras‐chavefoi a revisão de Miller (1927) do livro de Coleman Griffith (1926) sobre apsicologia do coaching esportivo. Não é até 1951 que a próxima citação estálistada ‐ outro livro sobre a psicologia do coaching esportivo (Lawther, 1951).Nenhuma citação adicional está listada até o editorial de Leonard (1995) noConsulting Psychology Journal, que anuncia a edição especial de 1996 sobrecoaching executivo, em que o termo coaching psychology é usado como umapalavra‐chave, mas não mencionado no próprio texto, como o foi o caso emoutraspublicações.DeacordocomascitaçõesemPsycINFO,aliteraturasobrecoachingpsychologyvem à tona em 2003 (Grant, 2003), e é neste momento em que podemos verartigosque focamprincipalmentenocoachingpsychologysendopublicadosemnúmeros crescentes. Podemos dizer que este período é o verdadeiro início daliteraturaacadêmicapsicológicaassociadaaomovimentodecoachingpsychologycontemporâneo. Entre 2003 e 2005, houve 14 citações, com nove citações em2006, 54 citações em 2007, 87 citações em 2008, 85 citações em 2009 e 34citaçõesem2010.(Nota:háumatrasofrequenteentreapublicaçãodejornalealistadecitaçõesemPsycINFOeomesmopodebemexplicaronúmeromaisbaixodascitaçõesem2010;porexemplo,artigosnaediçãodedezembrode2010dapublicação do BPS SGCP, The Coaching Psychologist, não estão listadas; notetambém que esta breve visão geral não inclui a quantidade substancial deliteratura publicada sobre o coaching que não é especificamente relacionada àpsicologia que poderia, no entanto, contribuir para o ensino de coachingpsychology.)Evidentemente,quantidadenãoénecessariamentequalidade,e algumasdessas

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citaçõessereferemaartigoscurtos,avisosemrelaçãoàsociedadesprofissionais,comentáriossociaisesimilares,aoinvésdepesquisaacadêmica,artigosteóricos,opiniãoprofissionalacadêmicaouartigossobreaprática.Noentanto,éclaroqueum corpo de literatura específica de coaching psychology está emergindo. Aomesmo tempo,onúmerodepraticantesdecoachingpsychologyemsociedadespsicológicas nacionais estabelecidas tem crescido consideravelmente. Porexemplo,oAPSIGCPtem590membros,aproximadamente3,5porcentodototaldeadesõesdoAPS, eoBPSSGCP tem2332membros, cercade5por centodototaldeadesõesdoAPS.O desenvolvimento do coaching psychology tem sido um esforço internacionalcom entrelaçamento global de ideias e ações. Sem dúvida, um dos principaismotores práticos do movimento de coaching psychology tem sido odesenvolvimento de grupos de interesse em um número de sociedadespsicológicas nacionais estabelecidas e a publicação conjunta de revistas decoaching psychology revisadas por pares associadas à tais sociedades. Aadministração de pessoas dedicadas, como o Prof. Michael Cavanagh e o Prof.StephenPalmer, eo trabalhodemuitaspessoasdiferentes temsidovitalnestesentido.Essetrabalhopioneiroforneceumabasesólidaparaanovadisciplinadecoaching psychology. Mas, para estender esse trabalho, para garantir que ocoaching psychology continue a crescer, precisamos oferecer treinamento eeducaçãoparaaquelesquevêmatrásdenós.Precisamossercapazesdeensinarcoachingpsychologydeformarigorosa,coerenteeprofissional.

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Ensinando coaching psychology: O próximo passo de desenvolvimento

Apesar do crescimento mencionando anteriormente na literatura e na prática,pouca atenção tem sido dada à literatura publicada ao ensino de coachingpsychology.Existempoucoslivrospublicadosenfocandoexplicitamentecoachingpsychology(aoinvésdecoachingporsisó)quepodemserusadoscomolivrosdetextoparaensinarcoachingpsychology(porexemplo,Palmer&Whybrow,2007,Peltier, 2010) e apenas um pequeno número de artigos discute questõesrelacionadascomoensinorealdecoachingpsychology.O artigo de Palmer (2008) defendeu a inclusão do coaching psychology noscursosdegraduaçãoempsicologia,ealgumasuniversidadesestãoagora,defato,incluindodisciplinasoucursosdecurtaduraçãosobrecoachingpsychologyemseuscurrículosdegraduação‐umdesenvolvimentobem‐vindo.SpateneHansen(2009) apresentaram detalhes dos benefícios de incorporar um programa decoachingpsychologyemumprogramadepós‐graduaçãoempsicologiaemumauniversidade dinamarquesa. Passmore (2010) sugeriu que o treinamento emcoaching e em coaching psychology deveriam se concentrar tanto nodesenvolvimento comportamental (habilidades) quanto no desenvolvimento deatributos e qualidades pessoais, e seu trabalho com McGoldrick (Passmore &McGoldrick,2009)enfatizouanecessidadedemodelosdesupervisãoparaseremincorporadosnoensinodecoachingpsychology.Em relação a modelos relacionados à prática, que naturalmente formam oensinamentoetreinodepraticantes,CorrieeLane(2009)discutiramumasériede interpretações do modelo cientista‐praticante, concluindo que precisamosaproveitar seus pontos fortes: pensamento rigoroso; a capacidade de absorverdadosdefontesdiferentesemumaconceituaçãodecasocoerente;acapacidadedeconcebereimplementarestratégiasdeintervençõesespecíficascasoacaso;eashabilidadesparaavaliarecriticarnossotrabalho‐enquantodescartandosuafraqueza. Estes incluem o excesso de confiança em pesquisas previamente

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conduzidas e a aplicação prática rígida de tais pesquisas, que pode não serapropriada para a natureza emergente de coaching, particularmente nestemomentoemqueháaindapoucapesquisafocadaemcoaching.Asquestões relacionadasà educaçãoe formaçãodepsicólogos‐coachestambémforamdiscutidasemumexcelenteeabrangenteDocumentodeDiscussãodaBPSsobreBenchmarksparaCoachingPsychology (BPS,2006a),umdocumentoqueincorporoumuitosdospontosmencionadosacima.ODocumentodeDiscussãodaBPS focou especificamente na educação e formação de psicólogos‐coaches ediscutiupossíveispontosdereferênciaseducacionaisparaodesenvolvimentodeumaáreadepráticaespecializadaquepossaservirdemodelo.Fazsentidoensinarcoachingpsychologyparanão‐psicólogos?Embora um documento detalhado, que pode servir como ummodelo útil paraoutras sociedadespsicológicas,oDocumentodeDiscussãodaBPSnãoabordouuma questão chave: o ensino de coaching psychology deve ser restrito agraduados em psicologia? Esta é uma questão importante que toca em pontosrelacionadas à regulamentação profissional e tem implicações claras para odesenvolvimentodeumaagendaparaoensinodecoachingpsychology.Euargumentoqueoestudodecoachingpsychologyempós‐graduaçãodeveseraberto a todos os que temhabilidade, atributos e intelecto para completar taisestudos com sucesso. Isto não é para diminuir o valor do psicólogo ou doexercício da profissão. Atuar como psicólogo no Reino Unido e na Austráliaimplicaumdiplomadegraduaçãoempsicologiae,emseguida,umpós‐graduaçãoabrangendoumlongoesofisticadotreinamentonomodelocientista‐praticanteeestágios supervisionados, embora seja interessante notar que a entrada emmuitoscursosdepós‐graduaçãoempsicologianosEUAnãorequerumdiplomadegraduaçãoempsicologia.Na verdade, eu pessoalmente acredito que devemos desenvolver o CoachingPsychologycomoumaáreaespecializadadapsicologia.Esteartigonãoabordaráquestõesrelacionadascomaacreditaçãodecursosdecoachingpsychology‐esseé um tópico complexo digno de uma discussão separada e focada (veja Carr,2005;Grant&O'Hara,2006).

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Noentanto,deve‐senotarqueasquestõesdapráticaprofissionaloferecidaumpsicólogo‐coach e o ensino de coaching psychology são questões logicamenteindependentes: é possível aprender coaching psychology sem se tornar umpsicólogo.Assim,umaagendaparaoensinodo coachingpsychologydeve lidarcomoprocessodeensino,de certificaçãoedoprocessodapráticaprofissionalcomoquestõesseparadas.Alémdisso,devereconhecer‐sequeocoachingéumaáreainterdisciplinarcrescentedepráticaprofissional.Muitosexcelentescoachesnãotêmumdiplomadegraduaçãoempsicologia,enãotêmotempooudesejodepassar 5 anos estudando para se graduar em psicologia. Eles não querem setornar psicólogos. Mas eles verdadeiramente desejam aprender sobre apsicologiaquesustentaumprocessodecoaching.Háumasedesignificativaporconhecimento, por parte dos coaches não‐psicólogos, para obter informaçõessobre formas empiricamente validadas de trabalhar comas pessoas e de comoajudá‐lasaestabelecerealcançarmetasemsuasvidaspessoaise empresariais(paradiscussão,vejaGrant&Cavanagh,2007).Asuniversidadeseoscursosdepsicologiahámuitotemponãoseenvolvemcomasedeeodesejodosquenãosãopsicólogospor tal conhecimento,deixandoaporta aberta para outras pessoas, semdúvida algumamenosqualificadas, paraatenderasdemandasdessemercado.Porfim,valelembrarqueoscursosdepós‐graduação existentes em coaching psychology mundo afora já admitem comoalunos pessoas que não são psicólogos. Assim, ao invés de tentar bloquear talentrada(denãopsicólogosfazeremformaçãoemcoaching),devemospensaremcomoprojetarmelhoresformaçõesemcoaching(paragarantirumnívelmelhordeformação).

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Definições importantes de serem discutidas antes de se estabelecerem agendas de ensino Noentanto,antesquepossamoscomeçaraprojetaredesenvolverumaagendasignificativaparaoensinodecoachingpsychology,precisamosdeumadefiniçãoclaradoqueécoachingpsychologyeoqueelepretendefazer‐édifícilensinaroque não está definido. Isto é particularmente importante dado que não‐psicólogos também estudam coaching psychology, e muitos desses alunos nãoterãoumabasesólidadeconhecimentossobresaúdemental.Várias definições de coaching psychology emergiram desde as delineaçõesoriginais(Grant,1999,2000).Otrabalhoinicialnoestabelecimentodecoachingpsychologyfoidestinadoaajudaradesenvolvê‐locomoumapsicologiaaplicadaquesedistinguiaespecificamentedosfocosobservadosnoaconselhamentoenapsicologiaclínica(porexemplo,Grant,2000).Aiunda que o aconselhamento, a psicologia clínica e o coaching sejam todosfocadosemajudaraspessoasafazeremmudançascompropósito,quefaçamumsentido para as pessoas, eles diferem no sentido em que o foco primário doaconselhamentoedapsicologiaclínicaédefinidapelaAPScomoamelhoriadaangústia para "gerenciar o estresse e conflito em casa e no trabalho, perda etrauma,esuperarsentimentosdeansiedadeemedo"(definiçãobaseadanofocoda psicologia do aconselhamento, APS, 2007a), ou a "avaliação, diagnóstico etratamentodeproblemaspsicológicosedoençasmentais"(definiçãobaseadanofocodapsicologiaclínica,APS,2007b).Claramente,aindaqueoaconselhamentoeapsicologiaclínicasejamdisciplinasimportantesevaliosas,seufocoprimárioestáemremediaradisfunçãoouangústia.

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A definição de Coaching Psychology da Sociedade Australiana de Psicologia (APS): Questões relacionadas à saúde mental Foi em função da importância de distinguir o coaching psychology doaconselhamento e do trabalho clínico, que as definições iniciais de coachingpsychology da APS incluíram referências a populações não‐clínicas (daqui nafrente, no presente texto, “população não‐clínica” se referirá a pessoas semcomprometimento de sua saúde mental, pessoas com “comportamentofuncional”). Por exemplo, a definição de coaching psychology do IGCP de 2002enfatizou que o mesmo estava focado em populações não‐clínicas e o '[...]namelhoria da experiência de vida, do desempenho no trabalho e bem‐estar deindivíduos, grupos e organizações que não têm problemas de saúde mentalclinicamentesignificativosouníveisanormaisdeangústia.' (itálico acrescentado,PICG,2002).Emcontrapartida,adefiniçãooriginaldecoachingpsychologydaBPSdenãofazreferênciaexplícitaàquestões relacionadasàdoençasmentais eodefinedestemodo:"Coachingpsychologyéparamelhorarobem‐estaredesempenhonavidapessoalenotrabalho,apoiadopormodelosdecoachingbaseadosemabordagenspsicológicas" (adaptado de Grant & Palmer, 2005, e citado em Palmer &Whybrow, 2006). No entanto, a natureza não‐clínica do coaching psychology éexplicitadonoDocumentodeDiscussãodoBPSSGCPsobrePontosdeReferênciadoAssuntoparaCoachingPsychology(2006:nota:veroartigodediscussãodaBPS para obter mais informações sobre a posição do SGCP no tratamento dedoençasmentaisecoachingpsychology).Noentanto,háagoraevidênciascrescentesdequemuitosclientesdecoachingde

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fatotêmproblemasclinicamentesignificativosdesaúdementaleníveisanormaisdeangústia.Asprimeiraspesquisassobreestaquestãodescobriramqueentre25e50porcentodosindivíduosqueseapresentamparaocoachingdevidatinhamníveis clínicos depsicopatologia (Green,Oades&Grant, 2006; Spence&Grant,2005),eníveismaiselevadosdoqueosnormaisdedoençasmentais, incluindotranstornosdepersonalidade, foramrecentemente relatadosempopulaçõesdecoachingexecutivo(Kemp&Green,2010).No entanto, a literatura de coaching afirma repetidamente que o coaching nãovisa o tratamento de problemas psicológicos (por exemplo, Whitmore, 2009;Williams&Thomas,2004).Háumalacunaimportanteaquientrearealidadedaprática e a retórica da teoria e precisamos abordar essa tensão se quisermosdesenvolverumaagendadeensinoparaocoachingpsychologyqueclaramenteodiferenciedoaconselhamentooudapsicologiaclínica,cujofocoéprincipalmentesobreotratamentodosofrimento.Uma maneira de fazer isso é usar definições de coaching psychology quereconheçam: (a) o foco primário do coaching psychology (como sendo sobre afacilitação da realização de metas, desenvolvimento pessoal ou profissional emelhoria do bem‐estar, no lugar do tratamento de doenças mentais); E (b) anoçãodeque,emboraalgunsclientesdecoachingpossamdefatoterproblemasdesaúdemental(e,nessesentido,muitosnãopertencemaumapopulação"não‐clínica"),ocoachingpsychologynãotemcomoobjetivotratardiretamenteessesproblemas.Éclaroquetaisproblemaspodemsermelhoradoscomoresultadodocoaching;abuscaeoalcancedemetaspessoaissãofrequentementeassociadosaoaumentodobem‐estar (Sheldonetal.,2004).Alémdisso,muitospsicólogos‐coachesquetambémsãoadequadamentequalificadosparalidarcomdoençasmentaispodemconduzir intervenções psicoterapêuticas com seus clientes e explicitamentetratardequestõescomodepressão,transtornosdeansiedadeeafins.Masessasintervenções não são intervenções de coaching ‐ elas são mais precisamentedelineadas como aconselhamento ou trabalho clínico e não devem serapresentadascomo"coaching".Defato,tantooBPS(2006b)comooscódigosdeéticarelacionadosàpráticadaAPS(APS,2007)advertemexplicitamentecontraafalsarepresentaçãodeserviçospsicológicos.

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UmadefiniçãodecoachingpsychologyquesebaseiaemdefiniçõespassadasdaAPSeBPSetornaessasdistinçõesclaraséaseguinte:Coachingpsychology éum ramo dapsicologiaque se preocupa comaaplicaçãosistemática da ciência comportamental da psicologia para a melhoria daexperiênciadevida,desempenhono trabalhoebem‐estarde indivíduos,gruposeorganizações.Coachingpsychologyconcentra‐seemfacilitararealizaçãodemetasenamelhoriadocrescimentopessoaleprofissionaledesenvolvimentodeclientesna vida pessoal e no trabalho. Não se destina a tratar diretamente problemasclinicamentesignificativosdedoençasmentaisouníveisanormaisdesofrimentoeangústia.A inclusãode umabreve frase nadefiniçãode coachingpsychology acima, queexclui explicitamente o tratamento de doenças mentais ou níveis anormais deangústia, distingue claramente o papel primordial do coaching psychology doaconselhamento e da psicologia clínica e fornece uma plataforma útil paraexplorarumaagendaparaoensinodecoachingpsychology,eéestaaquestãoemqueagorafocaremos.

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Uma agenda para o ensino de coaching psychology Conforme detalha o documento de discussão da BPS (2006a), coachingpsychology enfatiza o compromisso com a definição de metas e a busca deresultados especificamente definidos, conforme acordado com os clientes.Tambémsepreocupacomaexploraçãodosignificadodeeventoseexperiências,as representações mentais de eventos, a identificação de fatores internos eexternosdeinfluênciaeosignificadoparticulardestespararelacionamentoscomosprópriosclientesdecoachingecomosoutros.Talcompreensãodocoachingpsychology é compatível com uma ampla gama de tradições filosóficas,psicológicas e teóricas, incluindo a cognitivo‐comportamental, humanista eperspectivassistêmicas,entreoutros(BPS,2006a).No entanto, enquanto uma ampla perspectiva de fundamentos teóricos nocoaching psychology pode servir para enriquecer o campo, é essencial que oensino de coaching psychology promova as habilidades de pensamento críticonecessárias para graduados avaliarem criticamente várias tradições filosóficas,psicológicase teóricasparaconstruíremmodeloscoerentesconceitualmentedeteoriaeprática.Assim,oensinodecoachingpsychologydevesermuitomaisdoqueumprogramade"formaçãoemcoaching"baseadoemumametodologiadecoaching específica ‐ devemos ter como objetivo produzir profissionaisinformados que são capazes de promulgar os objetivos‐chave do coachingpsychology.Com base na discussão acima, os objetivos do coaching psychology incluem:fornecerapoioindividualouemgrupoparafacilitaraspessoasnarealizaçãodesuasmetasdevidae/outrabalho;facilitararealizaçãodeobjetivosdegrupos;reconhecere fornecerumdirecionamentoadequadoemrelaçãoaosproblemasde saúde mental do cliente, fazendo inclusive encaminhamento a outrosprofissionais para tratamento adequado; apoiar o desenvolvimento deprogramas eficazes de coaching nas organizações; utilizar os melhoresconhecimentos disponíveis na concepção, implementação e avaliação deintervençõesdecoaching;investigaçãosobreaeficáciadocoaching;sercapazde

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utilizarumreferencialpsicológicoparaa teoria,práticaepesquisadecoachingprofissional de forma ética e profissional, enquanto aproveitando edesenvolvendo a teoria psicológica existente e conhecimento para uso emcontextos de coaching (para discusões sobre esses pontos veja, por exemplo,Palmer&Whybrow, 2006, Stober&Grant, 2006). São estas questões que umaagendaparaoensinodecoachingpsychologyprecisaabordar.

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Principais áreas de estudo Tendo em conta os pontos acima, sugiro que o ensino de coaching psychologydeveincluirasseguintesáreascentraisdeestudo.(Alémdessasáreasdeestudopropostas abaixo, o ensino de coaching psychology também deve incluir umasérie de outras áreas não essenciais que podem variar de acordo com osinteressesdosalunosouespecialidadedainstituiçãodeensino,vejaTabela1.)

1. Fundamentosparaumaabordagemdepráticabaseadaemevidências.2. Princípioséticos.3. Modelosprofissionaisdeprática.4. Questõesrelacionadasàsaúdementalnocoaching.5. Teoriacognitivo‐comportamentalaplicadaaocoaching.6. Teoriadasmetas.7. Teoriadamudança.8. Teoria sistêmica aplicada ao coaching (incluindo processos de grupo e

intervençõesnasorganizações).9. Principaishabilidadesdecoachingesuasutilizações.10. Aplicações de coaching psychology a áreas especializadas de prática,

incluindo(masnão limitadoa);Coachingexecutivo,coachingno localdetrabalho, coaching de saúde, coaching de vida e coaching de altaperformance.

Deve‐senotarqueacomposiçãoexatadetodooprogramadepós‐graduaçãoemcoachingpsychologyserá,obviamente,determinadapelaspreferênciasteóricasevalores do diretor do curso, da faculdade e da instituição em que o curso éoferecido.Aslistasacimaestãoemsintoniacomoqueeuconsiderariaseremasáreascentraisparaumprogramadepós‐graduaçãoemcoachingpsychologyquereflete os pontos‐chave de conhecimento psicológico relacionado ao coachingcomopreviamentedefinidonesteartigo.Háumagrandevariedadedeoutrasáreasdeestudoque tambémpoderiamserincluídas (verTabela1).As áreasde estudoacima sedividemem três grandescategorias. As áreas de um a quatro abrangem questões profissionais e éticasfundamentais;asáreascincoaoitoenglobamoconhecimentopsicológicocentral

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aplicadoaocoaching;easáreasnoveedezreferem‐seàcompetênciasaplicadase à práticade coaching. Cadaumadestas áreas poderia ser ensinada comoumassunto independente,oucombinadacomoutrasáreaspara fazerumaunidadecoerentedeestudo(oumódulo).Porexemplo,asáreasdeumaatrêscombinadasfariamumaunidadedeestudocoerente,assimcomoasáreascinco,seisesete.Tabela 1: Exemplos de áreas de estudo que também poderiam ser incluídas noensinodecoachingpsychology1.Psicologiapositivaecoaching2.Abordagenscognitivas‐desenvolvimentaisdeadultosparaocoaching3.Abordagenspsicodinâmicasdocoaching4.Abordagensnarrativasparaocoaching5.AbordagensdaGestaltparacoaching6.Abordagensfocadasemsoluçõesparaocoaching7.Constructossócio‐cognitivopscomointeligênciaemocionaleatençãoplena(mindfulness)8.Motivação,incluindoateoriadaauto‐regulação9.Medição no coaching, incluindo questões relacionadas ao feedback de váriosavaliadores10.Aplicaçãodemodelosdeaprendizagemdeadultosaocoaching11.Liderançaetópicosdegestão12.Questõesrelacionadascomasaúdeeobem‐estar13.Métodosdeinvestigaçãonocoaching

1. FundamentosparaumaabordagembaseadaemevidênciasEsta área de estudo deve visar a transmitir os conhecimentos e habilidadesnecessárias para uma abordagem baseada em evidências para a prática decoaching,queestáfundamentadonaciênciacomportamentaldapsicologia.Nessecontexto, o termo "baseado em evidências" significa muito mais do quesimplesmente produzir evidências de que uma intervenção de coachingespecífica e eficaz, ou descontar quaisquer dados que não sejam extraídos deensaios clínicos duplo‐cegos randomizados. Já que coaching não se refere àintervenções médicas que seguem regimes de tratamento prescritos, coachingnãoseprestaàavaliaçãodentrodeummodelomédico.Defato,dadoocontexto

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não‐clínicoenão‐médicodocoaching,omodelomédicopodeserumaestruturatotalmente inadequada para entender, ensinar e avaliar o coaching (Stober &Grant,2006).Assim, esta área de estudo deve promover uma visãomais ampla do coachingbaseadoemevidências,umavisãoquevalorizetantoosdadosqualitativoscomoosquantitativos,equefiqueconfortáveltantocomoestudodecasoquantocompesquisascontroladaserandomizadas,reconhecendoportantoaimportânciaeovalordeambas.Opontochaveaquiéqueoalunodevesercapazdedeterminarqualmetodologiaéamaisapropriadaparaasituaçãoespecíficaqueelevivencia,e saber para onde ir (por exemplo, bases de dados eletrônicas, publicações decoaching específicas e literatura relacionada) para encontrar o conhecimento eevidência que ele precisa para conduzir o coaching de uma forma ética eprofissional.

2. PrincípioséticosOs princípios éticos são a base da prática profissional. O ensino de princípioséticosesuaaplicaçãoécentralparatodasasáreasdapráticaprofissional,desdeoDireito,aMedicina,atéaPsicologia.Háumasériededesafiosnoensinodeéticaemcursosdecoachingpsychology.Emprimeirolugar,emfunçãocoachingporsisóserumesforçointerdisciplinar,ecomissoosalunosacabaremtendohistóricoseantecedentesbastantesdiversos,muitosdelesnãoterãosidoeducadosnosprincípiosbásicoséticosquepermeiamos cursos de graduação em psicologia. Como esses quadros referenciais emrelaçãoàéticasão fundamentaisparaaatuaçãoprofissionaldopsicólogo,podeser mais difícil para os estudantes mais velhos que não tenham tido umaexposição anterior a uma estrutura ética específica da psicologia de repenteadotareincorporarumnovoquadroético.Emsegundolugar,oscódigoséticosapropriadosparaumpsicólogo‐coachpodemmuito bem diferir dos códigos éticos que são apropriados para um coach não‐psicólogo,eissopoderiaexigiroensinodedoisoumaiscódigoséticosespecíficosdentrodeumcurso.Preocupações centraisquevêmàmente incluemquestõeséticas relacionadas à utilização de testes psicológicos (de exclusividade dopsicólogo),questõesrelacionadasàsupervisãoobrigatóriaeaodesenvolvimento

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profissionalcontínuo,eresponsabilidadesrelativasàquestõesdesaúdemental.Emterceirolugar,ofatodecadaescoladecoachingterseupróprioquadroéticotorna difícil determinar qual código de ética adotar como referencial.Naturalmente, nenhum desses problemas é intransponível. No entanto, elesprecisam ser abordados na medida em que uma agenda para o ensino decoachingpsychologysedesenvolve.

3. ModelosprofissionaisdepráticaNoquedizrespeitoaosmodelosdepráticaprofissional,aSociedadePsicológicaAustralianaeBritânicaestãocomprometidascomomodelocientista‐praticante(Kennedy&Llewelyn,2001;Provostetal.,2010).Emboraanoçãodesetornarum cientista‐praticante pode ser intimidante para aqueles que não forampreviamente educados em uma disciplina científica (Cruz & Hervey, 2001), osprincípiosbásicossubjacentesaomodelocientista‐praticantesãobemsimples.Em resumo, existem três características‐chave do modelo cientista‐praticante:Emprimeirolugar,ocientista‐praticantetemocompromissodepromoverasuacompreensão profissional através da investigação, seja através de um contextoacadêmicotradicional,ouatravésdoexameecomunicaçãodedadosobtidosemsua prática profissional; Em segundo lugar, o cientista‐praticante é umconsumidor ativo de pesquisas e utiliza essa investigação paramelhorar a suaprática;Eemterceiro lugar,ocientista‐praticanteéumavaliadorativodesuaspráticas,programaseintervenções(Jones&Mehr,2007).Omodelocientista‐praticantetematraídoumaamplagamadecríticasdesdesuaformulação em 1949, incluindo dificuldades na formação de profissionais paraseremcientistas(O'Gorman,2001),alémdo fatodequemuitospraticantesnãotêm o tempo ou a inclinação para conduzir pesquisas científicas rigorosas(Martin,1989)edodesgostoemalgunscírculospelomodelomédicoassumidoporalgunsparasustentaraabordagemcientista‐praticanteempsicologia(paraumadiscussão sobre estes e outros assuntos relacionados aomodelo cientista‐praticante, ver Lane & Corrie , 2006). No entanto, os três pontos centrais domodelocientista‐praticantepodemfornecerumabaseimportanteparaapráticade coaching psychology profissional, embora algumas adaptações para uso noensinodomesmosãonecessárias.

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Uma abordagem do tipo "praticante‐informado" pode ser uma postura maisapropriadaparaoensinodocoachingpsychology.ConformediscutidoporStobereGrant (2006),aabordagemde “praticante‐informado”ébaseadanosmodelosde “praticante‐reflexivo”e “praticante‐cientista”.Noentanto,não seesperaqueos“praticantes‐informados”sejamprodutoressignificativosdepesquisa(Parker&Detterman,1988).Emvezdisso,elessãoposicionadoscomoconsumidoresdepesquisasquepodemmelhorarsuaspráticas‐umaabordagemmaisrealistadoquetentartransformarestudantes de coaching psychology em cientistas. É interessante notar quemodelos semelhantes estão sendo propostos para uso em programas detreinamento de terapia conjugal e familiar (Karam& Sprenkle, 2010), e váriaspessoas pediram maior flexibilidade na compreensão do modelo “praticante‐cientista” aplicado ao coaching psychology (Corrie & Lane, 2009). Assim, ummodelo de “praticante‐cientista” que se baseie em uma abordagem de“praticantes‐informados”podeserummodeloútilparaapráticaprofissionalquepode abarcar as necessidades de uma gama diversificada de estudantes decoachingpsychology.

4. QuestõesrelacionadasàsaúdementalnocoachingDadoquealgunsclientesdecoachingterãoníveisclinicamentesignificativosdepsicopatologiaequeessasquestõestêmopotencialmuitorealdecomprometeroprocessodecoaching(Berglas,2002),é importantequeasquestõesdesaúdeedoença mental no coaching sejam uma área central do estudo do coachingpsychology. Naturalmente, muitos estudantes que já são psicólogos podem tertido treinoprévio em reconhecer e lidar comproblemasde saúdemental.Masmuitos estudantesde coachingpsychologynão terão tido exposição àquestõesrelacionadasàsaúdemental.Eu argumentoque é importante incluir informações sobreproblemasde saúdemental em um programa de coaching psychology, mesmo para aqueles alunosque tenham previamente treino extensivo em saúde mental, porque aapresentaçãodeproblemasdesaúdementalemprocessosdecoachingémuitasvezesbastantediferentedoqueocorreempsicoterapiaouaconselhamento.Nosetting clínico ou de aconselhamento, o problema de saúde mental éfrequentemente manifesto, e é a própria razão pela qual o cliente está lá –

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sabemosqueodiagnósticoeaidentificaçãodoproblemasópodeocorrerduranteouapósaconsulta,masnormalmenteoclientecontactaoclínicoouoconselheiroporqueeleestáangustiadoejásabequealgonãoestábem.Noscontextosdecoaching,osproblemasdesaúdementalsãomuitasvezesmaisdifíceis de identificar. A demanda num processo de coaching poderia ser umanecessidadede termaisengajamentono localde trabalho,oudesenvolvimentodeliderançaenvolvendoumamudançadeumestilodegestãoecontroleparaumestilo mais humanista, encorajador, ou uma necessidade de aumentar odesempenho de vendas, no lugar de um problema nitidamente relacionado àsaúde mental. Na verdade, pode ser que os coaches precisem de melhoreshabilidadesdediagnósticodoqueclínicos/psicoterapeutasouconselheiros.Paraalgunsclientes,problemasdesaúdementalcomodepressão,ansiedadeoudistúrbios pessoais serão barreiras significativas à mudança. Algumas dashabilidades básicas que um coach precisa aqui incluem a capacidade dereconhecerproblemasde saúdemental comuns, a capacidadedediscutir essasquestões empaticamente com o cliente, a capacidade de fazer umencaminhamentoaumprofissionaldesaúdementalqualificado ‐nãoéopapeldocoachdiagnosticaroufornecertratamento.Esta área levanta uma série de questões difíceis e complexas queprecisam serabordadasnoprogramade coachingpsychology. Isso inclui seocoachdeveounãocontinuaroferecendooprocessodecoachingnoscasosemqueoclienteoptaporbuscarajudacomumprofissionaldesaúdemental;seocoachquetambémépsicólogo deve ou não cuidar da doença mental, enquanto simultaneamenteprestaoserviçodecoaching;comomantercontatocomumprofissionaldesaúdemental; seo coachdeveounão terminaroprocessode coachingnos casos emqueoclientenãoprocuraajudaemfunçãodasquestõesdesaúdemental;ecomolidarcomquestõesdeconfidencialidade‐particularmenteemsituaçõesnasquaisaorganizaçãoestápagandopelosserviçosdecoaching,eessasquestõesprecisamser levadas para a supervisão nos programas de pós‐graduação em coachingpsychology. Estas são questões desafiadoras que devem ser abordadas em umprogramadepós‐graduação.

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5. TeoriacomportamentalcognitivaaplicadaaocoachingATeoriaCognitivoComportamental (TCC) é aperspectiva teóricamais comumque sustenta a prática de coaching em geral, e também a mais validadaempiricamente(Grantetal.,2010).AssimaTCCdeveformarumaáreacentraldeestudoemumprogramadepós‐graduaçãoemcoachingpsychology.A TCC baseia‐se na noção de que as emoções e os comportamentos resultam(principalmente,masnãointeiramente)dosprocessoscognitivosequeépossívelaos seres humanosmodificar propositalmente tais processos a fim de alcançardiferentes modos de sentir e se comportar. A TCC não se concentraexclusivamente nas cognições, é uma teoria abrangente do comportamentohumano que propõe uma explicação "biopsicossocial" sobre como os sereshumanos passam a sentir e agir das forma como o fazem, ou seja, umacombinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais envolvidos (paradiscussão sobre estes pontos, ver Froggatt, 2006). Nesse sentido, a TCC é umtermo genérico que engloba um grande número de abordagens e aplicações,incluindoaplicaçõespsicoterapêuticas,comoaTerapiaComportamentalRacionalEmotiva(TERC)eaTerapiaCognitiva(TC).As aplicaçõesdaTCCmudaramao longodo tempo.Originalmenteusadaquaseexclusivamenteparatratarproblemasdesaúdemental(Rachman,1997),aTCCfoi adaptada e empiricamente validada para uso em uma variedade de áreas,incluindo psicologia do esporte e desempenho, psicologia organizacional,psicologia da saúde e coaching psychology. Cada uma dessas diferentesaplicaçõesrequerumaadaptaçãoespecialdaTCCparausoótimoemdiferentespopulações que têm diferentes nuances linguísticas, quadros de referência ediferentes objetivos. Assim como a linguagem de um psicólogo organizacionalcognitivo‐comportamental pode não fazer sentido para o cliente socialmentefóbico, a linguagem do clínico cognitivo‐comportamental ou o trabalho deaconselhamentopodenãofazersentidoparaoclientedecoachingepodemuitobemaliená‐los.Embora haja uma abundância de literatura associada com a terapia cognitivo‐comportamental no tratamento da ansiedade, estresse ou depressão, maistrabalho precisa ser feito no desenvolvimento de adaptações específicas nalinguagemadotadanaTCCpara seu uso no coaching. Parte da literatura sobre

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coaching cognitivo‐comportamental (CBC)baseia‐se fortementeemabordagenscognitivo‐comportamentaisdeaconselhamentoparaoestresse,perfeccionismoepara melhorar padrões de pensamento disfuncional, fazendo uso de umalinguagem mais semelhante ao aconselhamento do que ao coaching (porexemplo, Neenan & Dryden, 2002) ‐ no lugar de utilizar a orientação não‐patológicae a linguagemde realizaçãodemetase coaching. (Paraum trabalhomais recente que incorpora uma abordagemmais positiva do uso do CBC, verNeenan, 2006, para um exemplo interessante da aplicação do REBT paracoaching executivo, verGrieger& Fralick, 2007, e para uma visão geral útil deCBC,verWilliams,Edgerton&Palmer,2010.)Emboraa literaturadaCBCatéomomento tenha sidoum importante começo neste domínio, vamos precisar deumamaiorprofundidadenestaliteraturaenquantoumaagendaparaoensinodecoachingpsychologysedesenvolve.

6. TeoriadoobjetivoUm compromisso com a definição de metas e a busca por resultadosespecificamente definidos, conforme acordado com os clientes, é o cerne docoachingpsychology (BPS, 2006).Assim, o estudoda teoria dosobjetivos deveserumapartecentraldoensinodomesmo.Ateoriadoobjetivoérepresentadaemumgrandeediversocorpodeliteratura(Locke&Latham,2002),muitasdasquaistêmrelevânciadiretaparaoensinodocoachingpsychology.A maioria das empresas de formação em coaching ensina pouco a “teoria doobjetivo”, muitas vezes simplesmente focando na necessidade de definir oschamados “objetivos SMART”. No entanto, existem bemmais de 20 categoriasdiferentesdeobjetivosquepodemserusadasnocoaching,incluindoobjetivosdeaprendizagem, objetivosdedesempenho, objetivosdistais e auto‐concordantes,comindicaçõesecontra‐indicaçõesbemdocumentadasnaliteraturarelacionadaa objetivos (para discussão da teoria de objetivos e aplicações em Coachingexecutivo, ver Grant, 2006). Além disso, a literatura de objetivos psicológicosinclui discussões aprofundadas sobre uma série de controvérsias noestabelecimentodeobjetivos (por exemplo, Locke&Latham,2009;Ordóñez etal.,2009), cujoconhecimentodeveserumaparteessencialdeumprogramadecoachingpsychologydepós‐graduação.

7. Teoriadamudança

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Coachingtemavercomacriaçãodeumamudançapropositalepositiva,enessesentido a teoria da mudança tem um lugar vital no ensino de coachingpsychology.Há uma literatura de teoria damudança substancial que vai desdemodelosqueseconcentramquaseexclusivamentenoindivíduo(intrapessoal),àsteoriasrelacional (interpessoal)esistêmicadamudança,eháumaamplagamade técnicas validadas extraídas desses modelos (Abraham & Michie, 2008). Amaioriadasteoriasdemudançanãoforamdesenvolvidasparafinsdecoaching,mas sim desenvolvidas em relação à adoção de comportamentos saudáveis,mudançaorganizacionaloupsicoterapia,eatéomomentohouvepoucotrabalhofeito adaptandomodelosdemudançaparausono contextodo coaching (Grant2010).Alguns dos modelos de mudança que podem, de forma útil, contribuir com oensino de coaching psychology incluem o Modelo Transteórico de Mudança(Prochaska & DiClemente, 1982), Teoria da Mudança Intencional (Boyatzis,2006), Modelos de Transição da mudança (por exemplo, Bridges, 1999),Aprendizado Social/Teoria Cognitiva Social (Bandura, 1977), Teorias da AçãoRacionaleComportamentoPlanejado(egAjzen&Fishbein,1980)eumagamadeabordagens de mudanças organizacionais, incluindo Kotter (1996) e Lewin(1947),alémdemodelosdemudançabaseadosnaaceitaçãoouparadoxais(porexemplo,Quinn,Spreitzer&Brown,2000).

8. TeoriasistêmicaaplicadaaocoachingEmboramuitodocoachingocorraemrelaçãoaumúnicoindivíduo(Ward,2008),ateoriasistêmicatemsidoinfluentehámuitotemponapráticadecoaching(porexemplo,Kilburg,1996b,O'Neil,2000).Naverdade,quersetratedeumasituaçãode trabalho, contextoorganizacional ou estrutura familiar, clientes de coachingsão sempre parte de um sistema. Os sistemas em que esses clientes vivem etrabalham têmum impacto significativo sobrea sua capacidadedeatingir seusobjetivos.Ignorar os problemas sistêmicos no coaching é ignorar os fatores que afetamsignificativamente as chances de sucesso dos clientes (para uma visãoabrangentesobreateoriadesistemasnocoaching,verCavanagh,2006).

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Alémdisso,háuminteressecrescenteemusarcoachingemgrupoemambientesorganizacionaisparaajudaraaumentarofluxodeinformaçõesnecessáriaspararesolver problemas complexos e completar tarefas complexas nas situações deambigüidadeeincertezasquecaracterizamavidaorganizacionalcontemporânea(Anderson,Anderson&Mayo,2008,Arrow&Henry,2010;Clutterbuck,2007),ea teoria sistêmicapode,de formaútil, contribuir comosprocessosdecoachingem grupo. Assim, uma compreensão teórica das principais teorias sistêmicas éumcomponentevitaldeumprogramadecoachingpsychologycompleto.A inclusão de abordagens tais como a teoria geral de sistemas (eg VonBertalanffy, 1968) e a teoria da complexidade (Waldrop, 1992) ajudarão osestudantesdecoachingpsychologyadesenvolveremsuacompreensãodegruposesistemashumanoscomplexos,particularmenteemrelaçãoàdinâmicadegrupoedeequipe(Tuckman&Jensen,1977).Tambémsãoparticularmenterelevantespara o coaching questões sistêmicas relacionadas a organizações deaprendizagem (Senge, 1990), auto‐organização, liderança e controle (Wheatley,1999) e envolvimento com a mudança em sistemas adaptativos complexos(Stacey,2000).

9. CompetênciascentraisdecoachingEmbora"nãohajanadatãopráticoquantoumaboateoria"(Lewin,1952,p.169),o coachingpsychology é essencialmenteumadisciplina aplicadae, portanto, ashabilidades de coaching aplicadas devem ser uma parte essencial de umprogramadecoachingpsychology.Asquestõesderelevânciaaquiincluemescutaativa e habilidades de atendimento clínico; fazer perguntas e se comunicareficazmente;facilitaraaprendizagematravésdaajudaaosclientesaconceberemações que os ajudem a atingir objetivos de coaching pré‐estabelecidos;contratação;processodegestãoeresponsabilização;edesafiaradequadamenteosclientesparamantê‐losfocados.

Ashabilidadesaplicadassãoimportantes,masapráticanãodeveserisoladadateoria. Uma parte importante de uma educação de coaching psychology é avinculaçãoexplícitadapráticade coachingaosquadros teóricos atravésdeumprocesso formulaçãode caso ‐ e a formulaçãode casodeve estarno cernedashabilidades de coaching aplicadas dentro de um programa de coachingpsychology. & Corrie, 2009). Além disso, como parte de sua educação em

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coachingpsychology,osalunosdevemaprenderumavariedadedemetodologiaspara estruturar sessões de coaching e ter oportunidades de desenvolver suashabilidades aplicadas através de jogos de papéis supervisionados e estudos decaso.Idealmente,osalunosaprenderãoatravésdopapelqueumbomsupervisorpode desempenhar, promovendo a percepção pessoal e profissional, e aimportânciadeseenvolveremumprocessodesupervisãodeveserenfatizadoaolongodoprograma.

10. AplicaçõesdocoachingpsychologyemáreasespecíficasCoaching é essencialmente umametodologia para facilitar amudança positiva.Essamudançatemumfocoespecífico, incluindo(masnão limitadoa):coachingexecutivo,coachingnolocaldetrabalho,coachingdesaúde,coachingdevendas,coachingdevidaecoachingdealtaperformance,emuitasdessasaplicaçõesdecoachingrequeremalgumconhecimentoespecializado.Alémdisso,ocoachingéutilizadocomoumametodologiademudançaemumaamplagamadecontextoscomerciais, profissionais e organizacionais. Muitos deles terão conhecimentosespecíficos e um linguajar próprio importante do do coach ter conhecimento edomínio‐porexemplo,oferecerprocessosdecoachingparaadvogadossemestarciente da terminologia usada para descrever as diferentes funções que elesadotam pode prejudicar significativamente a credibilidade de seus serviços decoaching.Portanto, um programa de pós‐graduação em coaching psychology deveidealmente preparar os alunos, fornecendo todo o conhecimento especializadonecessárioparatrabalharemáreasespecíficas.

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Uma agenda de pesquisa para o ensino de coaching psychology Atéagora,esteartigodiscutiuquestõesgeraisrelacionadasaodesenvolvimentode uma agenda para o ensino de coaching psychology. Mas a auto‐reflexãotambémdeveserpartedaagendaparaesseensino‐aprendizagemtambémdeveserumaparteimportantedaagenda.Aindanãohouvemuitotrabalhonestaárea.Questõesdepesquisaquepoderiaminformartalaprendizagempoderiamincluir:Quaissãoosmétodosmaiseficazesparaensinarcoachingpsychology?Existemdiferençasentreosalunosquechegamparaosestudosdecoachingpsychologycom formação em psicologia em comparação com aqueles sem graduação empsicologia em termos de desempenho acadêmico e desempenho como coach?Comoaaprendizagemdecoachingpsychologymudaoudesenvolveestudantes?Dadoqueocoachingpodeserumametodologiaeficazparaamudançapessoal,eestudar a psicologia pode facilitar a percepção pessoal, o estudo de coachingpsychologymelhoraouaceleraodesenvolvimentopessoaldosalunos?Seassimfor,dequemaneira?Alimitadapesquisanestaáreasugerequeestudarestaáreapodedefatoterumimpactopositivonodesempenhoacadêmicodosalunosenapercepçãopessoal(Grant,2008).Outraspesquisasnessasáreasserãobenéficastantoparaoensinoquantoparaapráticaprofissionaldecoachingpsychology.

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Resumo Embora a pesquisa e prática de coaching psychology tem se desenvolvidoconsideravelmente ao longo dos últimos 10 anos, um quadro formal para oensinodelaaindanãofoiamplamentediscutidonaliteratura.AlgumasdasáreasprincipaisnoensinodecoachingpsychologyqueestãoemalinhamentoclarocomAPSexistentesedefiniçõesdaBPSedeveformaronúcleodeumaeducaçãonestaárea incluem: uma abordagem da prática baseada em evidências; princípioséticos;modelosprofissionaisdeprática;problemasrelacionadosàsaúdementalno coaching; teoria cognitivo‐comportamental aplicada ao coaching; teoria dosobjetivos;teoriadamudança;teoriasistêmica;habilidadesdecoachingaplicadasbásicas e sua utilização para treinamento de habilidades, desempenho,desenvolvimentoe reabilitação;eaplicaçõesdecoachingpsychologyemnichosespecíficos. Estas devem ocorrer em concomitância com áreas tais comopsicologia positiva aplicada, abordagens centradas em soluções, narrativa,psicodinâmica e Gestalt. Coaching psychology como uma sub‐disciplinapsicológica está no caminho para o desenvolvimento de uma área coerente depesquisa e prática. Ela precisa agora desenvolver e formalizar um corpo deconhecimento que possa sustentar e promover esta nova e vibrante área daciênciacomportamental.CorrespondênciaAnthonyM.GrantUnidadedePsicologiadeCoaching,EscoladePsicologia,UniversidadedeSydney,NSW2006,Austrália.E‐mail:[email protected]