geografia e prÁtica investigativa: diagnÓstico
TRANSCRIPT
GEOGRAFIA E PRÁTICA INVESTIGATIVA: DIAGNÓSTICO
SOCIOAMBIENTAL DA COMUNIDADE QUILOMBOLA PONTAL DA BARRA
Gilda Santana Passos1
Heberty Ruan da Conceição Silva2
Genésio José dos Santos3
GT 10 – Práticas investigativas na Educação Superior
RESUMO Esse trabalho é resultado das ações de investigação desenvolvidas a partir do Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC. Com esse artigo, visamos construir um diagnóstico
socioambiental da comunidade de origem quilombola Pontal da Barra, localizada no município de
Barra dos Coqueiros/SE. Para isso, algumas metodologias foram priorizadas, como revisão
bibliográfica, pesquisas de campo, observação semiestruturada, coleta de relatos informais e registro
fotográfico. Sendo assim, alguns resultados foram alcançados como o levantamento das
características locacionais, físicas, econômicas e sociais. Neste sentido, o diagnóstico
socioambiental construído nos oferece as bases para o reconhecimento e desenvolvimento de outras
análises previstas no projeto. Além disso, esperamos contribuir para discursões e debates
relacionadas a prática investigativa relacionada ao contexto quilombola.
Palavras-chave: Comunidade de origem quilombola. Diagnóstico socioambiental.
Povoado Pontal da Barra. Prática Investigativa.
RESUMEN Este trabajo es el resultado de las acciones de investigación llevadas a cabo desde el Programa
Institucional de Becas de Iniciación Científica - PIBIC. Con este artículo, nuestro objetivo es
construir un diagnóstico socio-ambiental de la comunidad de origen quilombo Pontal da Barra,
situada en el municipio de Barra dos Coqueiros / SE. Para esto, algunos métodos Fueron adoptados
como revisión de la literatura, la investigación de campo, la observación semiestructurada, colección
de informes anecdóticos y registro fotográfico. Algunos resultados se lograron como el
levantamiento de las características de ubicación, físicas, económicas y sociales. En este sentido, el
diagnóstico ambiental integrada nos da la base para el reconocimiento y el desarrollo de otros
análisis previstos en el proyecto. Además, esperamos contribuir a discursões y discusiones
relacionadas con la práctica de investigación relacionados con el contexto quilombo
Palavras clave: Origen quilombola comunidad. Diagnóstico socio-ambiental. Comunidad
Pontal da Barra. La práctica de investigación.
1 Professora de Geografia. Bacharelanda em Geografia na Universidade Federal de Sergipe. Pesquisadora do
Grupo de Pesquisa Território, Cultura e Representação. E-mail: <[email protected] >. 2 Graduando em Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Sergipe, Pesquisador do Grupo de
Pesquisa Território, Cultura e Representação. E-mail: <[email protected]>. 3 Doutor em Geografia. Professor titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Sergipe.
Líder do Grupo de Pesquisa Território, Cultura e Representação. Vice-chefe do DGE/UFS. E-mail:
< [email protected] >.
1 INTRODUÇÃO
A prática investigativa é uma ação muito comum no mundo científico, sobretudo
no ensino superior. Muito dessas práticas de investigação está diretamente associada com o
processo de formação dos discentes envolvidos, sobretudo no curso de geografia, onde o
aluno precisa desenvolver o seu olhar criterioso sobre os fenômenos do espaço geográfico.
Neste sentido, os programas e projetos que suscitam o desenvolvimento de
investigação e pesquisa exercem um papel singular no amadurecimento científico dos
envolvidos, a partir do aprendizado e experiência que esses proporcionam.
Enquanto parte integrante e fruto das práticas investigativas desenvolvidas no
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC, a partir do projeto:
Território e Territorialidades da Cultura Afro-brasileira: Caracteres Identitários, Percepção
de Pertencimento e Relação com o Meio Ambiente - Comunidade Pontal da Barra/SE, este
trabalho justifica-se pela necessidade de ampliação de estudos relacionados ao território da
comunidade de origem quilombola Pontal da Barra, localizado no município de Barra dos
Coqueiros/SE, e, sobretudo, ligado a problemática da carência quantitativa de estudos e
trabalhos publicados sobre a referida comunidade.
Diante do exposto, esse trabalho possui como objetivo central a construção de
um diagnóstico socioambiental da Comunidade Remanescente Quilombola estudada,
destacando principalmente a relação dos comunitários com o seu meio ambiente físico e
social.
Neste sentido, para se alcançar o objetivo proposto, algumas metodologias foram
priorizadas, como pesquisa e levantamento bibliográfico, principalmente sobre conceitos
relacionados a temática. Reuniões pré-campo para definir as ações e práticas metodológicas
a serem desenvolvidas na pesquisa de campo. Para levantamento de dados primários foram
desenvolvidas em torno de duas pesquisas de campo, constituídas de observação
semiestruturadas, coleta de relatos informais e levantamento e registro fotográfico.
Considerando o exposto, o referido artigo está estruturado em duas principais
partes, o referencial teórico, que está constituído de uma breve reflexão sobre geografia e a
prática investigativa e na segunda parte com a apresentação do diagnóstico socioambiental
da comunidade Pontal da Barra.
2 GEOGRAFIA E A PRÁTICA INVESTIGATIVA: breve contextualização
A prática investigativa não é um fenômeno novo quando analisamos a história
da humanidade. O homem é curioso por natureza e sempre buscou entender sobre o sentido
e funcionamento da realidade do mundo. Na medida em que fomos evoluindo, as nossas
práticas investigativas foram se intensificando e começou a surgir a necessidade de análises
cada vez mais rigorosas e responsáveis.
A partir da necessidade de obter conhecimentos mais científicos do que
aqueles oriundos do senso comum, desenvolveu-se a ciência. Esta surgiu
para proporcionar respostas mais seguras aos problemas levantados,
demonstrar a verdade dos fatos e possibilitar sua aplicação prática. Entre os
pesquisadores, mesmo procurando entender a ciência por ângulos
diferentes, há um consenso de que a pesquisa científica caminha para um
objetivo comum que é chegar à verdade dos fatos. (PESSÔA, 2012, p. 3).
Neste contexto, analisamos que o surgimento da ciência se relaciona diretamente
com a necessidade de respostas mais complexas e precisas sobre as mais variadas situações e
fenômenos do nosso planeta. Contudo, cabe destacar que na medida em que a humanidade
demanda de uma complexidade maior nas explicações de fenômenos, as práticas
investigativas tornam-se mais rigorosas e importantes, pois são elas que vão nos dar os
caminhos que devem ser tomados no ato da investigação.
Contudo, cabe destacar que apesar da ciência ser única, o mundo cada vez mais
complexo, proporcionou a divisão dela em vários ramos, no sentido de especificar as
análises, respostas e práticas investigativas. É neste sentido, que ciência a geográfica surge e
passa a ser institucionalizada no século XIX.
A geografia nasceu para descrever a terra e mostrar sua diversidade. No
final do século XVIII, sob a influencia de um filósofo, Herder, os que a
praticam buscam responder a uma nova questão: em que medida o destino
dos povos está ligado ao país em que vivem? Existe influência do lugar
sobre os homens? Ou há uma harmonia sutil entre a ordem natural e ordem
social? (CLAVAL, 2014. p. 27).
A partir dessa perspectiva, analisamos que a geografia nasce permeada e
direcionada a responder esses três principais questionamentos apontados na citação anterior.
Contudo, como a sociedade e a ciência são elementos extremamente dinâmicos, vários
outros questionamentos foram sendo incorporados até ser definida a preocupação central da
ciência geográfica.
De acordo com Claval (2014, p. 27), “[...] afirma-se a ideia de dar atenção
especial às relações entre os grupos humanos e o meio [...] As relações sociedade/meio
tornam-se centrais para a disciplina.” Ideias que resistiram ao tempo e a dinamicidade das
relações humanas, e permeiam até os dias atuais, definidas enquanto essência desta ciência.
Contudo, quando analisamos o percurso teórico, epistemológico, metodológico e
investigativo da geografia percebemos que, mesmo sendo uma ciência jovem, os geógrafos
têm construído um grande corpo teórico/investigativo (LIMBEGER, 2006). Mas, não é
nossa intenção aqui aprofundar tais fatos e sim apresentar um pouco do trabalho de pesquisa
e investigação que vem se desenvolvendo na comunidade de origem quilombola Pontal da
Barra, no município de Barra dos Coqueiros - SE.
3 O PROJETO DE PESQUISA
O desenvolvimento de projetos de pesquisa com comunidades de origem
quilombola pode ser considerado uma ação relevante na contribuição do processo de
fortalecimento das referidas comunidades, considerando que os escritos podem representar e
se tornar símbolos a serem utilizados como instrumento de luta, e cobrança de melhorias
sociais, culturais, políticas, econômicas e ambientais a depender da temática do projeto.
Neste sentido, é necessário que os pesquisadores tenham uma elevada responsabilidade
social com as pessoas que vivem na comunidade.
É com esse compromisso e responsabilidade social que o projeto de pesquisa:
Território e Territorialidades da Cultura Afro-brasileira: Características Indenitárias,
Percepção de Pertencimento e Relação com o Meio Ambiente – Comunidade Pontal da
Barra/ Sergipe, está sendo desenvolvido. Esse tem como objetivo principal de Investigar
como a Comunidade Quilombola Pontal da Barra, instituiu seu território com suas
respectivas territorialidades, com seus caracteres indenitários a partir do sentimento de
pertencimento, assim como, a relação estabelecida com o meio ambiente.
Nos primeiros dois meses de investigação, tivemos a oportunidade de apresentar
o projeto à comunidade. Na oportunidade, a comunidade aprovou o projeto e estamos
desenvolvendo com o prazo de um ano para conclusão. Neste sentido, pretendemos
apresentar a partir do item a seguir, parte dos resultados já alcançados durante a execução do
projeto. Buscando, desta maneira, contextualizar a comunidade e seus aspectos
socioambientais.
4 DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL DO POVOADO PONTAL DA BARRA
No contexto geográfico, a construção de um diagnóstico socioambiental é uma
prática inicial adotada por muitos pesquisadores, pois é necessário fazer o reconhecimento
da comunidade, saber o contexto em que a mesma está inserida para poder investigar com
maior eficácia, outros questionamentos levantados. Sendo assim, o diagnóstico apresentado
reflete os primeiros resultados da investigação desenvolvida pelo projeto de pesquisa
anteriormente mencionado.
O povoado Pontal da Barra é uma comunidade de origem quilombola que se
localiza no extremo nordeste do município de Barra dos Coqueiros, as margens da rodovia
SE-100 Norte. A rodovia citada é a única via de acesso à comunidade. Como podemos
observar no mapa 1.
Mapa 1 – Localização do povoado Pontal da Barra
Fonte: Atlas SRH 2012.9 organizado por Conceição Silva (2017).
Podemos destacar ainda outro fator relevante em suas características de
localização, que é a proximidade maior com a sede do município de Pirambu em relação à
própria sede do município em que a comunidade está inserida. Neste sentido, a partir de
relatos informais e de observação in loco, podemos destacar que a comunidade mantém
relações mais solidificadas com a sede de Pirambu à própria Barra dos Coqueiros.
Contudo, a partir das atividades de campo realizadas no mês de novembro do
ano passado, além de analisar as características e disposições locacionais da comunidade
Pontal da Barra, observamos também as suas características ambientais. Ação indispensável
para compreendermos a dinâmica de vida dos moradores da localidade.
4.1 Disposições Físicas e Ambientais
Um dos objetivos específicos de nossa pesquisa é descrever e classificar as
formas de relacionamento da comunidade com seu meio ambiente. Nesta perspectiva torna-
se pertinente desenvolver um reconhecimento inicial do meio ambiente em que a
comunidade está consolidada.
Conforme observação in loco, o povoado Pontal da Ilha está localizado numa
área de planície costeira, num ambiente que podemos classificar como flúvio-marinho. pela
forte interferência das dinâmicas hidrográficas fluviais e oceânicas. Neste sentido, podemos
destacar que existem dois principais tipos de solo na comunidade, o argiloso e arenoso.
O solo arenoso é típico de ambientes da planície costeira, e consequentemente a
comunidade está totalmente construída em torno desse tipo de solo, conforme podemos
observar na figura 1.
Figura 1 – Barracos construídos em solo arenoso.
Fonte: Silva (2016).
Outra característica importante do solo arenoso é a sua baixa fertilidade, o que
pode interferir em práticas de cultivo e plantações de produtos agriculturáveis (GUERRA,
1993). O solo argiloso é encontrado, sobretudo na margem do rio que banha a comunidade,
no ambiente onde podemos identificar o ecossistema manguezal.
No que se refere aos aspectos hidrográficos, o povoado Pontal da Ilha, hoje
Comunidade Quilombola Pontal da Barra, é banhado pelo baixo curso do rio Japaratuba já
em seu ambiente estuarino. Sobre os aspectos referentes aos tipos de vegetação identificada,
destacamos principalmente a forte presença do mangue e de vegetações rasteiras.
A partir da observação da figura 2, podemos desenvolver uma noção maior do
ambiente em que a comunidade está inserida, a partir dos principais elementos ambientais
identificados no seu entorno. O espaço construído da comunidade (identificado pelo número
1), o rio Japaratuba (pelo número 2), o manguezal (pelo número 3) e oceano (pelo número
4). Essa foto foi registrada de cima da ponte que liga Barra dos Coqueiros à Pirambu.
Figura 2 – Comunidade Pontal da Barra e o seu Ambiente em Torno.
Fonte: Silva (2016).
As características físicas e ambientais identificadas na comunidade e elencadas
no decorrer desse relatório possuem um papel muito relevante na vida social e econômica
dos moradores do povoado analisado. Neste sentido, torna-se pertinente destacar, como os
elementos do meio ambiente contribuem para a reprodução da vida desses sujeitos.
4.2 Disposições Econômicas
Após o reconhecimento das características físicas e ambientais é pertinente
apresentar quais as formas de uso dos recursos e elementos da natureza, como instrumentos
de trabalho e estratégia de reprodução social. “As formas de uso da terra e dos recursos do
território têm mostrado que o acesso à terra apresenta demandas historicamente construídas
nas quais a questão do trabalho e as estratégias de sobrevivência vêm se colocando como
aspectos de crucial importância” (CARRIL, p. 158).
Levando em consideração as estratégias de sobrevivência do povoado Pontal da
Ilha, foi possível observar que a comunidade possui poucos estabelecimentos comerciais,
que se restringem a bares e pequenas vendas de produtos básicos em alguns barracos.
Contudo essa não foi a atividade econômica mais expressiva.
A partir de relatos informais e observação in loco, foi perceptível que as
principais atividades econômicas identificadas foram à pesca artesanal e a mariscagem. Tais
práticas tradicionais têm forte relação com o meio ambiente local e o contexto social que a
comunidade está inserida. Na figura 3, podemos identificar pescadores preparando os seus
barcos para mais uma jornada de trabalho. Além de considerarmos a importância social do
rio Japaratuba.
Figura 3 – Atividade Pesqueira no Rio Japaratuba
Fonte: Silva (2016).
Na comunidade, a pesca artesanal é uma atividade quase que exclusivamente
masculina, em contrapartida, as mulheres são maioria no trabalho de beneficiamento do
marisco. As marisqueiras têm uma dinâmica de trabalho relacionada à sede do município de
Pirambu, para onde se deslocam até o terminal pesqueiro na busca do camarão em alto mar.
O beneficiamento ocorre na própria comunidade, e em péssimas condições de
trabalho. Na figura 4, podemos observar o beneficiamento do camarão sendo desenvolvidos
embaixo de barracas improvisadas e com posições corporais nem um pouco confortáveis por
longas jornadas de trabalho.
Figura 4 – Condições de Trabalho no Beneficiamento do Camarão
Fonte: Silva (2016).
Não foram identificadas nesse primeiro momento atividades ligada a terra, que
pode ser explicado pela baixa fertilidade dos solos arenosos da planície costeira e também
por não ser uma prática cultural da comunidade. As atividades econômicas descritas
contribuem para que possamos entender a vulnerabilidade social que os moradores estão
inseridos. Assunto que iremos abordar no próximo item.
4.3 Disposições Sociais
Em relação às características sociais, podemos afirmar que a Comunidade
Quilombola Pontal da Barra possui condições sociais muito delicadas. A pobreza e a
carência de serviços básicos para a sobrevivência e dignidade humana, são ausentes desde
que a comunidade foi estabelecida na década de 1980.
Tais problemáticas são facilmente visíveis no espaço construído do povoado,
onde a maioria das habitações eram barracos feitos de madeira retirada da restinga e palha
de coqueiro. Na figura 5, podemos visualizar as condições das habitações e saneamento.
Figura 5 – Condições de habitação e saneamento
Fonte: Silva (2016).
Parte da comunidade vive com a ausência total de saneamento básico, as ruas
são completamente arenosas e de difícil acesso. É importante destacar também, a falta de
postos de saúde e escolas. Segundo relatos informais, tais serviços são utilizados na sede
municipal de Pirambu. Desta maneira, podemos perceber a forte dependência social ao
município de Pirambu.
Contudo, está sendo construído na comunidade um conjunto habitacional que
promete a retirada e transferência de todas as famílias para habitações de alvenaria. Serão
beneficiadas 155 famílias através de um investimento de R$ 3.185.529,39. (GOVERNO DE
SERGIPE, 2016). Ainda segundo a mesma fonte, todas as casas terão saneamento básico,
rede de esgoto, filtro de tratamento de esgoto, abastecimento de água, energia e iluminação
publica. Na figura 6, podemos analisar a construção do conjunto habitacional que promete
dar um pouco mais de dignidade as famílias do povoado pontal da Barra.
Figura 6 – Construção do Conjunto Habitacional Pontal da Barra
Fonte: Silva (2016).
A partir dos relatos de moradores, é perceptível a felicidade e ansiedade dos
comunitários para receber suas habitações. Partes dessas habitações já foram entregues a
algumas famílias que consequentemente abandonaram seus barracos. Ainda segundo as
lideranças locais, assim que todos receberem as casas, a antiga povoação será demolida por
maquinas e tratores, contribuindo para que os moradores mantenham outra relação com o
antigo ambiente.
4.4 Problemas Socioambientais Identificados
Durante a primeira pesquisa de campo realizada em 14 de Novembro do ano
passado, foi notório que a comunidade se relacionava de forma harmônica com o seu
ambiente. Não identificamos a presença de resíduos sólidos nem nas ruas e nem no entorno
do Pontal da Ilha, o que nos deixou contentes com a situação encontrada.
Contudo, no dia 19 do mesmo mês encontramos um cenário completamente
diferente em relação a essa situação inicial. Os resíduos sólidos estavam espalhados por toda
parte, dentro da comunidade e no entorno, evidenciando assim, problemas relacionados com
a educação ambiental dos moradores. Segundo as lideranças locais, a situação tem ocorrido
pelo fato de que os todos serão transferidos para o conjunto habitacional e não tem mais
zelado pelo seu ambiente atual que será demolido muito em breve.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O diagnóstico socioambiental aqui apresentado é importante para que possamos
obter o auto reconhecimento do território quilombola estudado. Neste sentido, ele oferece as
bases iniciais para que possamos investigar com mais segurança os outros aspectos
relacionados ao projeto.
A partir do diagnóstico, podemos perceber a importância dos elementos naturais
para a vida e reprodução social dos sujeitos da Comunidade Pontal da Barra, pois é o Rio
Japaratuba, o mangue, e o mar que vão oferecer as condições materiais necessárias para a
sobrevivência dos comunitários.
Ainda considerando os resultados obtidos, concluímos que comunidade vive em
condições de vulnerabilidade social muito alta, a pobreza e miséria é materializada e
facilmente identificada em seu território. Realidade muito comum entre as comunidades
tradicionais brasileiras, em especial as de origem quilombola.
Por fim, espera-se que essa análise possa contribuir com as discussões e
pesquisas relacionadas às praticas investigativas que tem sido desenvolvida, sobretudo, com
as comunidades de origem quilombola no estado de Sergipe, especialmente ao povoado
Pontal da Ilha.
REFERÊNCIAS
CLAVAL, Paul. A Geografia Cultural. 4. ed. Ver. – Florianópolis: Ed. da UFSC, 2014.
CARRIL, Lourdes de Fátima Bezerra. Agrária, São Paulo, Nº 3, pp. 156-171, 2006.
Disponível em: < http://www.periodicos.usp.br/agraria/article/view/92/91>, Acesso em
fevereiro de 2017.
GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE. Casas do Pontal da Barra estão em ritmo
avançado. Disponível em: < http://www.agencia.se.gov.br/noticias/infraestrutura/casas-do-
pontal-da-barra-estao-em-ritmo-avancado> Acesso em Fevereiro/2017.
GUERRA, Antônio Teixeira. Dicionário geológico geomorfológico. Rio de Janeiro: 1993.
LIMBERGER, L. Abordagem sistêmica e complexidade na geografia. Geografia, v. 15, n.
2, jul./dez. 2006. Disponível em http://www.uel.br/revistas/geografia
PESSÔA, Vera Lúcia Salazar. Geografia e pesquisa qualitativa: um olhar sobre o processo
investigativo. Geo UERJ - Ano 14, nº. 23, v. 1, 2012, p. 4-18.