ge-1 como motivar sua equipe

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    Motivao, Incentivo e Crescimento

    COLEO

    GESTOEMPRESARIALEficincia e Sucesso para seus Negcios

    Como motivar sua equipe

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    SUMRIO

    Apresentao...............................................................................4

    Captulo 1

    Motivao: todos tm ..................................................................6

    Captulo 2

    Quem faz a diferena.................................................................16

    Captulo 3

    A equipe faz a diferena.............................................................34

    Captulo 4Procura-se um lder....................................................................60

    Captulo 5

    Comunicar preciso ..................................................................72

    Captulo 6

    E agora, Jos?...........................................................................88

    Sobre o autor.............................................................................94

    Referncias ................................................................................95

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    Coleo Gesto EmpresarialComo motivar sua equipe Publicado

    Como garantir a eficincia Prximo

    Como deixar as contas em dia A publicar

    Como cuidar de seu dinheiroA publicar

    Como gerenciar pessoas A publicar

    Como vender seu peixe A publicar

    Como planejar o prximo passo A publicar

    Como entender o mercado A publicar

    Como usar a matemtica financeira A publicar

    Como ser um empreendedor de sucesso A publicar

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    APRESENTAO

    A motivao profissional tema essencial para o dia-a-dia de

    qualquer empresa. As pessoas precisam estar motivadas para

    trabalharem mais felizes e alcanarem seu potencial pleno.

    Como motivar sua equipe Motivao, Incentivo e

    Crescimento mostra estratgias que funcionam e exemplos

    do que deve ser evitado por uma empresa.

    Aborda o papel do lder e a importncia do trabalho em equipe

    para atingir o mximo de motivao. Tudo de uma forma clara,com uma linguagem simples e, ao mesmo tempo, envolvente.

    AColeo Gesto Empresarial foi especialmente desenvolvida

    para auxili-lo a aprimorar a gesto de seus negcios. Elaborados

    e supervisionados por especialistas, os livros visam proporcionar

    conhecimento em Finanas, Contabilidade, Marketing, Recursos

    Humanos, Planejamento Estratgico e em muitos outros temasfundamentais para a administrao eficaz do negcio prprio.

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    Todos os dias, pelo Brasil afora,

    antes mesmo de o sol raiar, milha-

    res de pessoas se acotovelam em

    nibus, metrs, trens, vans e

    outros meios de transporte super-

    lotados, viajando diligentemente

    rumo a seus postos de trabalho.

    Um outro tanto no menos dili-

    gente, um pouco mais tarde e com

    mais conforto segue o mesmo

    rumo. No final da tarde, em movi-

    mento inverso, voltam todos para

    suas casas, aps a jornada que

    garante ou que, em tese, deveria

    garantir seu sustento, a satisfa-

    o de suas necessidades.

    O que leva tantas pessoas a

    enfrentar dificuldades, superar dis-

    tncias, sobrepujar o cansao e

    MOTIVAO: TODOS TMOnde est a felicidade? O que

    motiva algum a superar as

    dificuldades e vencer na vida?

    Ser apenas a garantia de

    sua sobrevivncia?

    1

    6

    repetir dia a dia a mesma rotina?

    Que impulso as impele? Que

    razes as empurram? O que as

    motiva para a ao? Ser somente

    a garantia de sua sobrevivncia?

    Porque umas, por mais que supe-

    rem diariamente as dificuldades,

    encaram-nas como um fardo, como

    um peso nas costas. Outras, por

    sua vez, estampam um orgulhoso

    sorriso nos lbios, independente-

    mente da complexidade de seu

    trabalho. Como faz Juscelino.

    Juscelino, que Juscelino?

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    E l estava Juscelino,pilotando seu carrinhopara ganhar uns trocados.O garoto tambm eraengraxate, daqueles queraramente se vem, coma caixinha debaixo do brao.

    Isso foi s o incio.Pode-se dizer que Juscelinofez um pouco de tudo.

    Menino do morro

    Provavelmente, voc j ouviu falar

    da favela do Morro do Cantagalo,

    em Ipanema, no Rio de Janeiro.

    Mais provvel ainda, que tenha

    ouvido notcias nada alvissareiras

    sobre trfico de drogas, tiroteios e

    violncia. Pois foi nessa favela que,

    em 1957, nasceu uma pessoa que

    se tornou um exemplo: Juscelino.

    A origem do nome no poderia ser

    outra: uma homenagem ao ento

    presidente da Repblica Juscelino

    Kubitschek. Mais do que isso: como

    foi um parto de trigmeos Sara e

    Marcia dividiram o espao na bar-

    riga da me , as boas-vindas cou-

    beram ao prprio JK. Isso mesmo!

    Como trigmeos eram uma rarida-

    de na poca em que no havia fer-

    tilizao in vitro, os recm-nascidos

    foram batizados pelo presidente

    da Repblica.

    Exemplo de superao

    Como tantos outros brasileiros, o

    pequeno Juscelino comeou a tra-

    balhar cedo. Aos 7 anos j empur-

    rava carrinhos de feira. Para quem

    no sabe, esses carrinhos eram fei-

    tos pelos meninos do morro com

    rodinhas de rolim e at direo.

    Uma madeira de caixa de bacalhau

    formava o ba, dentro do qual se

    colocavam as compras das clientes.

    E l estava Juscelino, pilotando

    seu carrinho para ganhar uns tro-

    cados. O garoto tambm era

    engraxate, daqueles que raramen-

    te se vem, com a caixinha debaixo

    do brao. Isso foi s o incio.

    Pode-se dizer que Juscelino fez um

    pouco de tudo. Trabalhou como

    estoquista, aougueiro, ajudante

    de cabeleireiro... Sempre trabalhou

    muito e bem.

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    Para o que der e vier

    Por uma poca, um pouco mais de

    vinte anos atrs, era comum ver

    Juscelino, de madrugada, como

    gari, varrendo as ruas de Ipanema;

    ao amanhecer, ele se transformava

    em entregador de jornais; depois,

    virava faxineiro; e, nos fins de

    semana, vendia refrigerante e cer-

    veja na praia, atividade que man-

    tm at hoje. Quando aparecia

    uma festa, ento, l estava ele

    como garom.

    Com um sorriso sempre estampa-

    do nos lbios, Juscelino o tipo

    de pessoa que logo conclumos:

    esse cara pau para toda obra.

    O que a trajetria dele tem a ver

    com este livro? Tudo!

    De pessoa para pessoa

    So exemplos como esse que mos-

    tram que existe algo alm de tra-

    balhar para viver. Este exatamen-

    te o propsito aqui: discutir a moti-

    vao das pessoas, ilustrando com

    histrias de personagens muitas

    vezes incomuns, mas que levam a

    vida como a maioria de ns e que,

    ainda assim, so felizes com o

    que fazem.

    A grande pergunta a ser respondi-

    da a seguinte: normal ser feliz

    no trabalho? Apostamos que sim,

    mesmo que para isso seja necess-

    rio um empurrozinho, uma

    pequena ajuda.

    Ao final do livro, esperamos que

    voc saiba como encontrar esta to

    falada motivao e que tambm

    esteja disposto (ou disposta!) a dar

    uma mo queles que ainda no

    descobriram o caminho da felicida-

    de no trabalho.

    Motivao prova

    A natureza humana um bom

    comeo para falar sobre motivao.

    Seramos ns, seres humanos, uma

    A grande pergunta a serrespondida a seguinte: normal ser feliz notrabalho? Apostamosque sim, mesmo que paraisso seja necessrio umempurrozinho, umapequena ajuda.

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    foco da questo. O importante

    que essa uma concluso

    mais razovel.

    E, se faz sentido para ns, huma-

    nos, tambm pode ter a ver

    quando o assunto so nossos

    amigos inseparveis, os ces

    de estimao.

    Do poodleao pit bull

    Sim, eles mesmos, os ces. Pode

    parecer esquisito falar deles aqui,

    mas voc vai logo entender essa

    relao e vai se surpreender!

    As raas domesticadas so uma

    criao humana ao longo de vrias

    geraes. Partindo dos lobos que

    so os ancestrais selvagens dos

    cachorros , foram realizados suces-

    sivos cruzamentos num processo

    chamado seleo artificial.

    Do lado oposto ao dos behavoris-

    tas, alinharam-se as pessoas que

    acreditavam na pr-programao

    ao nascer, para as quais no have-

    ria por que perder tempo com

    estmulos para mudar o imutvel

    ou moldar o que j estaria natu-

    ralmente moldado. Seria um

    esforo intil, uma vez que os

    comportamentos j estariam

    geneticamente determinados

    em outras palavras, o velho

    ditado do pau que nasce torto

    nunca se endireita.

    Dois pesos, duas medidasFelizmente, hoje em dia, a discus-

    so entre bilogos, psiclogos e

    antroplogos evolucionistas se

    concentra no equilbrio entre as

    caractersticas hereditrias e a

    influncia do meio. Ou seja, para

    eles, somos tanto moldados quan-

    to pr-programados.

    Qual a proporo disso, se 50%

    para cada lado, se a balana

    pende um pouco mais para um

    lado a influncia do meio ou as

    caractersticas herdadas , no o

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    Com os cruzamentos, seleciona-

    ram-se determinadas caractersticas

    como inteligncia, docilidade ou

    agressividade, porte, aparncia fsi-

    ca e outras tantas que, ao longo

    do tempo, resultaram nas diversas

    raas que conhecemos.

    Do pinscherao dobermann, do

    poodleao dinamarqus, todos

    esses candeos so conseqncia de

    um processo de seleo artificial

    diga-se de passagem, isso ocorreu

    de forma muito mais acelerada do

    que a seleo natural, pela qual

    sobrevive a espcie mais bem-

    adaptada ao meio.

    No processo desenvolvido pelo

    homem, surgiram raas como a do

    polmico pit bull, que vamos usar

    como uma alegoria para com-

    preender um pouco melhor o sig-

    nificado do debate criao huma-

    na versusnatureza.

    Cada vez que noticiado um ata-

    que de pit bulla uma pessoa, vem

    tona a discusso sobre a raa ser

    agressiva, violenta e incontrolvel.

    Alguns criadores argumentam que

    o comportamento do pit bull,

    assim como o de qualquer outro

    co, fruto exclusivamente do tra-

    tamento que recebe de seus

    donos. Como behavioristas cani-

    nos e aproveitando para para-

    frasear J.B. Watson , eles concor-

    dariam, pelo menos em tese, com

    a provocao abaixo:

    Dem-me uma dzia de ces,

    bem-nascidos, bem formados, que

    garanto escolher qualquer um ao

    acaso e transform-lo em co de

    guarda, de caa, guia de cegos...

    Independentemente da raa de

    seus ancestrais. Resumindo: dem-

    me um poodleque eu o transfor-

    mo em um pit bulle vice-versa!

    No processo desenvolvidopelo homem, surgiramraas como a do polmicopit bull, que vamos usarcomo uma alegoria paracompreender um poucomelhor o significado do

    debate criao humanaversusnatureza.

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    Boto liga-desliga

    J para o coro daqueles que pode-

    ramos classificar como determinis-

    tas genticos, defensores de medi-

    das extremas, como a esterilizao

    dos pit bulls, no h boa criao

    capaz de neutralizar o instinto

    assassino. A raa violenta e

    ponto final.

    No meio termo, h quem diga que

    esses ces tm inteligncia e com-

    pleio fsica superiores e demons-

    tram extrema lealdade ao dono.

    Agressivos, sim, mas apenas em

    relao a outros animais afinal,

    foram criados para serem ces de

    combate, oras!

    Argumentam que, embora no

    seja de sua natureza partir para

    cima de humanos, a compulso

    natural para o ataque pode aflo-

    rar quando o animal submetido

    a um processo de criao em

    ambiente hostil.

    Segundo essa anlise, poderamos

    afirmar que os pit bullstm, sim,

    uma carga gentica que lhes con-

    fere uma propenso agressivida-

    de, e esse instinto latente nunca

    ir abandon-lo.

    Dependendo da maneira como for

    criado, essa propenso capaz de

    funcionar como uma chave liga-

    desliga. Estar desligada se ele for

    tratado com carinho e ateno.

    Estar ligada quando for tratado

    com hostilidade. Como na discus-

    so a respeito da natureza huma-

    na, a proporo entre a heredita-

    riedade e o ambiente permanece

    uma incgnita entre os pit bulls

    mas, a julgar pelos ataques a pes-

    soas, o boto da agressividade

    parece bastante sensvel e pode ser

    ligado com certa facilidade.

    Algo em comum

    Muito bem, falamos de natureza

    humana e canina, de criao e

    Falamos de natureza humanae canina, de criao ehereditariedade, mas o quetudo isso tem a ver com asua, a nossa motivao?E como isso pode ajudar amotivar outras pessoas?

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    hereditariedade, mas o que tudo

    isso tem a ver com a sua, a nossa

    motivao? E como isso pode aju-

    dar a motivar outras pessoas?

    Ser que, como os pit bulls,

    no guardamos dentro de ns,

    em maior ou menor escala,

    algumas caractersticas em

    comum? Segundo o jornalista

    Robert Wright, sim.

    Os antroplogos darwinistas de

    hoje, ao estudarem os povos do

    mundo, focalizam menos as dife-

    renas superficiais entre as cultu-

    ras do que as unidades profundas.

    Sob a colcha de retalhos mundial

    de rituais e costumes, eles identifi-

    cam padres recorrentes na estru-

    tura da famlia, da amizade, de

    poltica, moralidade e corte.

    Acreditam que o traado evolutivo

    dos seres humanos explica tais

    padres: por que as pessoas de

    todas as culturas se preocupam

    com o statussocial (freqente-

    mente mais do que se do conta);

    por que as pessoas de todas as cul-

    turas no somente mexericam,

    como mexericam sobre as mesmas

    coisas; por que, em todas as cultu-

    ras, homens e mulheres aparente-

    mente diferem em alguns pontos

    bsicos; por que as pessoas em

    todo o mundo se sentem culpadas,

    e em circunstncias geralmente

    previsveis; por que as pessoas em

    todo o mundo tm um profundo

    senso de justia, a tal ponto que

    as mximas O bem com o bem se

    paga e Olho por olho, dente por

    dente moldam a vida em todos os

    lugares deste planeta (...).

    Tomamos como certos elementos

    da vida tais como gratido,

    vergonha, remorso, orgulho,

    honra, retribuio, empatia, amor

    e assim por diante, da mesma

    forma que tomamos como certo o

    ar que respiramos.2

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    Juntando os pontos

    Vamos amarrar os pontos vistos

    at agora. Ao relacionar o par-

    grafo anterior ao dia-a-dia das

    empresas, podemos nos perguntar:

    no seria correto dizer que em

    todas as empresas, em qualquer

    parte do mundo, as pessoas se

    preocupam com o statussocial,

    mexericam (ser que existe alguma

    empresa em que no haja fofo-

    ca?), sentem-se culpadas ou cul-

    pam os outros, retribuem o bem

    com o bem e o mal com o mal,

    apresentam certas caractersticas

    em comum, mas que diferem umas

    das outras em funo de sua

    herana gentica e do meio em

    que foram criadas? Parece que sim.

    E, apimentando um pouco o

    debate, nem tudo so flores em

    nossa natureza.

    O altrusmo, a compaixo, a

    empatia, a conscincia, o senso de

    justia tudo isso que mantm a

    sociedade coesa, que permite

    nossa espcie pensar to bem de si

    mesma , agora, podemos afirmar,

    confiantes, que possuem uma sli-

    da base gentica. Essa a boa

    notcia. A m notcia que (...)

    vemos agora, com maior clareza

    que nunca, como (e precisamente

    por que) os sentimentos morais so

    usados com total flexibilidade,

    ligados e desligados de acordo

    com interesses pessoais (...). Os

    seres humanos so uma esplndida

    espcie em sua variedade de equi-

    pamento moral, trgica em sua

    propenso de us-lo mal, e patti-

    ca em sua ignorncia constitucio-

    nal desse mau uso.3

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    Um desafio e tanto

    Nem pense em ficar desanimado

    com o final do pargrafo anterior.

    Para motivarmos os outros,

    necessrio, em primeiro lugar,

    conhecer um pouco da natureza

    humana, suas virtudes e seus defei-

    tos. Afinal, s para lembrar: no

    somos todos totalmente bonzi-

    nhos. Claro que sabemos disso,

    mas, s vezes, difcil admitir.

    Nosso grande desafio daqui para

    frente ser descobrir o melhor

    modo de desenvolver um ambien-

    te profissional que estimule o lado

    cooperativo, leal, justo e conscien-

    te da natureza humana. Tudo em

    consonncia com um sistema que,

    respeitando as diferenas existen-

    tes em cada um, identifique e sin-

    tonize corretamente os botes

    de cada indivduo, de acordo com

    suas caractersticas, expectativas

    e necessidades.

    Uma empreitada nada fcil, que

    vai exigir que conheamos muito

    bem nosso eleitorado nosso pes-

    soal , como veremos nos captulos

    a seguir.

    O que voc viu no captulo 1

    > A influncia externa e os fatores pre-determinados para a formao da pessoa.1

    > O despertar da motivao a partir deum ambiente de trabalho estimulante.2

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    O Mercado Municipal de So Paulo

    um verdadeiro paraso para os

    apaixonados por culinria. So

    dezenas de bancas que vendem

    uma imensa variedade de queijos,

    azeites, pescados, carnes, frutas,legumes e especiarias impecavel-

    mente bem-dispostas, com uma

    tima relao custo-benefcio, dis-

    putando palmo a palmo, pedido a

    pedido, a preferncia dos milhares

    de visitantes dirios. O Mercado,

    como conhecido, tem fama tam-bm pelos enormes sanduches de

    mortadela e pelos saborosssimos

    pastis de bacalhau. Ali a competi-

    o ferrenha, e cada banca, sua

    maneira, busca incansavelmente a

    conquista e manuteno de clientes.

    QUEM FAZ A DIFERENA

    Como fazer as pessoas

    atingirem um alto grau de

    motivao? Existe uma frmula

    para que todos encontrem

    prazer no trabalho?

    16

    Vendedor famoso

    Faz algum tempo que este autor

    tem como banca preferida a Levi

    Queijos. Seu Levi um dos cones

    do Mercado com seus quase qua-

    renta anos de dedicao.

    Em sua banca, fundada h cerca de

    dez anos, notvel a boa vontade,

    a prontido e a cortesia dos funcio-

    nrios. Desde a primeira compra, fui

    atendido por Alosio, um vendedor

    extremamente simptico, falante,

    que conhece todo mundo e que,como me contou, atende apenas

    entre quarenta a cinqenta clientes

    por dia. Tudo para servi-los bem.

    Sou testemunha de que ele cumpre

    com o que diz.

    Com o passar do tempo, descobri

    que aquele vendedor to atenciosoera tambm um dos mais famosos

    do Mercado. Alosio j havia dado

    entrevistas a jornais, revistas e at

    aparecido em programas de televi-

    so. Os clientes, literalmente, fazem

    fila para serem atendidos por ele.

    2

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    Tudo indica que seu Leviencontrou o balano ideal

    para a motivao de seus

    funcionrios ao criar uma

    atmosfera de confiana,

    na qual o tratamento

    dispensado aos funcionrios

    se reflete no atendimento aocliente, ao mesmo tempo

    que encontra o que os

    motiva individualmente.

    Liberdade de ao

    Um dia, perguntei o que o motivava

    a ser como era e a trabalhar com

    tamanha disposio.

    A resposta dele:

    Liberdade total! Aqui eu sou ven-

    dedor, comprador, sou eu que arru-

    mo a banca, posso dar descontos,

    fazer promoes... Eu posso fazer o

    que quiser. Estou com seu Levi faz

    nove anos. Ele confia em mim, e eu

    trabalho como se a banca fosse

    minha. Ah, o salrio tambm

    muito bom.

    Para quem tiver a oportunidade de

    visitar o Mercado, vale a pena

    conhecer essa banca, porque, como

    diz seu Levi, nem s de po vive

    o homem.

    Olho por olhoLembrando o captulo anterior, tudo

    indica que seu Levi encontrou o

    balano ideal para a motivao de

    seus funcionrios ao criar uma

    atmosfera de confiana, na qual o

    tratamento dispensado aos funcio-

    nrios se reflete no atendimento ao

    cliente, ao mesmo tempo que

    encontra o que os motiva individual-mente. Confiana retribuda com

    confiana, liberdade retribuda com

    responsabilidade, valorizao retri-

    buda com orgulho, literalmente

    olho por olho, dente por dente, no

    melhor sentido da expresso.

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    No seja ingnuo

    Liberdade total era tudo o que o

    vendedor Alosio queria para tra-

    balhar, e ele a encontrou. No

    vamos, no entanto, dar uma de

    Poliana, ser ingnuos e pensar que

    basta confiar e conceder liberdade

    s pessoas que elas sempre retri-

    buiro altura. Estaramos pen-

    dendo demais para o behavioris-

    mo, apostando todas nossas fichas

    no ambiente da empresa.

    claro que nem todos retribuiro

    da mesma forma. Afinal, motiva-

    o no receita de bolo. Haver

    decepes, pessoas que no sero

    dignas de confiana e diferentes

    nveis de contribuio, porque, por

    mais que tenhamos muito em

    comum uns com os outros, nossas

    caractersticas individuais muitas

    vezes falam mais alto.

    O que fazer, ento, para que pes-

    soas como Juscelino e Alosio tra-

    balhem conosco? Como desenvol-

    ver outros Juscelinos e Alosios?

    Motivao coletiva

    Em primeiro lugar, vamos abordar

    o aspecto coletivo da motivao,

    recorrendo hierarquia das neces-

    sidades e ao ciclo motivacional.Assim, mais tarde, poderemos dar

    ateno sintonia fina da motiva-

    o individual.

    Uma das teorias motivacionais

    mais conhecidas, a Hierarquia das

    Necessidades, foi desenvolvida

    por Abraham Maslow. As necessi-dades humanas, de acordo com

    esse autor, so dispostas como

    numa pirmide, na qual as mais

    baixas formam sua base, enquanto

    no topo situam-se as mais sofistica-

    das e intelectualizadas.

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    Auto-realizao

    Trabalho criativo

    e estimulante.

    Autononia e participao

    nas decises.

    A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES

    DE MASLOW4

    Estima

    Reconhecimento e orgulho.

    Responsabilidade. Oportunidade.

    Sociais

    Amizade dos colegas. Esprito de equipe.

    Ambiente amigvel.

    Segurana

    Condies seguras no trabalho.

    Remunerao e benefcios. Estabilidade no emprego.

    Fisiolgicas

    Intervalos para descanso.

    Conforto. Horrio.

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    ger-se de qualquer perigo real ou

    imaginrio. Como as necessidades

    fisiolgicas, as de segurana tam-

    bm esto intimamente ligadas a

    nossos instintos de sobrevivncia.

    No ambiente organizacional, dada

    a dependncia do indivduo com a

    empresa, as necessidades de segu-

    rana assumem uma grande impor-

    tncia. Decises arbitrrias, incoe-

    rentes ou inconsistentes podem

    levar as pessoas a se sentirem inse-

    guras quanto sua permanncia

    ou no na empresa.

    Nesse sentido, todo cuidado

    pouco com os modismos empresa-riais, com o cardpio do dia das

    prticas adotadas. Novas idias,

    claro, so sempre bem-vindas, mas

    h que se ter coerncia, consistn-

    cia. Mais importante ainda em

    relao coerncia o que os

    ingleses chamam de Walk on YouTalk(andar sobre suas palavras).

    Guarde muito bem essa expresso

    e a pratique seguidamente, por-

    que no d para falar em empo-

    wermentou meritocracia em um

    ambiente marcado, ou percebido,

    Agora, vamos analisar cada um dos

    nveis da pirmide, a partir da base

    at o topo.

    Necessidades fisiolgicas

    So as necessidades biolgicas ou

    bsicas, que exigem satisfao ccli-

    ca e incessante para garantir a

    sobrevivncia do indivduo.

    Embora comuns a todas as pessoas,

    necessidades como alimentao,

    sono e repouso, abrigo e sexo exi-

    gem nveis diferentes de satisfa-

    es individuais.

    A principal caracterstica das neces-

    sidades elementares sua premn-cia, sua dominncia sobre as outras

    necessidades. Uma pessoa com

    fome, por exemplo, no ter outra

    preocupao a no ser alimentar-

    se. Contudo, uma vez satisfeitas,

    essas necessidades deixam de

    ditar o comportamento humano,deixam de ser um fator motivacio-

    nal importante.

    Necessidades de segurana

    No segundo nvel das necessidades

    humanas, as pessoas buscam prote-

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    pelo favoritivismo, pela discrimina-

    o. Incoerncia gera insegurana,

    e a insegurana pode desligar

    aquele boto da cooperao e

    ligar o da individualidade ou,

    trocando em midos, morreu,

    morreu, antes ele do que eu.

    A associao com outraspessoas faz parte de nossa

    natureza de animais sociais.

    Assim, necessitamos, alm

    da interao com o grupo,

    de aceitao por parte

    dos colegas, de laos de

    amizade, de afeto, de amor.

    Necessidades sociais

    A associao com outras pessoas

    faz parte de nossa natureza de

    animais sociais. Assim, necessita-mos, alm da interao com o

    grupo, de aceitao por parte dos

    colegas, de laos de amizade, de

    afeto, de amor. Necessidades

    sociais insatisfeitas ativam, por

    assim dizer, resistncia, hostilidade

    e relaes antagnicas, que con-

    duzem geralmente frustrao.

    Isso no quer dizer que as empre-

    sas devam ser como um clube de

    campo, onde vamos para encon-

    trar os amigos, bater papo e forta-lecer os laos de amizade. Nem

    tanto ao cu nem tanto terra.

    Entretanto, aqueles que pensam

    que a empresa no lugar para

    amizade certamente e, infelizmen-

    te, tero poucas chances de criar

    um ambiente no qual as necessi-dades sociais estejam satisfeitas.

    Pode-se pensar que as necessida-

    des fisiolgicas e de segurana j

    sejam o bastante, mas o caminho

    para a motivao um pouco

    mais longo.

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    Necessidades de estima

    So aquelas relacionadas ao reco-

    nhecimento, aprovao social, ao

    statusdo indivduo dentro de um

    grupo. A satisfao das necessida-

    des de estima, que envolve auto-

    confiana e auto-estima, conduz a

    sentimentos de valor, prestgio,

    poder, responsabilidade e capaci-

    dade de realizao.

    Por outro lado, a no-satisfao

    dessas necessidades implica frustra-

    o, prostrao, sentimento de

    inferioridade e desnimo com

    reflexos imediatos na produtivida-

    de individual.Assim, devemos estar sempre aler-

    tas com nossas atitudes e tambm

    com a mania de certos chefes ou

    superiores de dar broncas em

    pblico, de baixar o sarrafo na

    frente de todo mundo.

    Elogios, sim, mas as crticas, princi-palmente as mais severas, ou

    duras, devem ser feitas individual-

    mente. Ningum gosta de se sentir

    diminudo na frente dos outros e,

    muito menos, perante o grupo de

    que faz parte.

    Necessidades de

    auto-realizao

    No topo da pirmide de Maslow,

    esto situadas as necessidades mais

    elevadas do ser humano, aquelas

    que impulsionam as pessoas a rea-

    lizar todo seu potencial, a se

    desenvolver continuamente ao

    longo de sua vida.

    So aquelas necessidades que sem-

    pre nos levam a buscar o melhor e

    a superar limites, impulsionadas

    por uma insatisfao latente que

    impede o comodismo e nos faz

    almejar incansavelmente a plenitu-

    de de nosso desenvolvimento, denosso talento.

    Devemos estar sempre

    alertas com a mania de

    certos chefes ou superiores

    de dar broncas em pblico,

    de baixar o sarrafo na

    frente de todo mundo.

    Elogios, sim, mas as crticas,

    principalmente as mais

    severas, ou duras, devem

    ser feitas individualmente.

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    Constataes

    De acordo com Maslow,5 e toman-

    do por base a pirmide das neces-

    sidades, as seguintes premissas se

    tornam vlidas:

    As necessidades bsicas se mani-

    festam em primeiro lugar, e as pes-

    soas procuram satisfaz-las antes

    de se preocupar com as de nvel

    mais elevado.

    Uma necessidade de uma catego-

    ria qualquer precisa ser atendida

    antes que a necessidade da cate-

    goria seguinte se manifeste.

    Uma vez que atendida, a

    necessidade perde sua fora moti-

    vadora, e a pessoa passa a ser

    motivada pela ordem seguinte

    das necessidades.

    Quanto mais elevado o nvel

    das necessidades, mais saudvel

    a pessoa .

    O comportamento irresponsvel

    sintoma de privao de necessi-

    dades sociais e de estima. O com-

    portamento negativo sintoma de

    m administrao.

    H tcnicas de administrao

    que satisfazem s necessidades

    fisiolgicas, de segurana e sociais.Os gerentes podem trabalhar no

    sentido de possibilitar que as

    necessidades de estima e auto-

    realizao (de ciclo mais longo,

    como veremos) sejam satisfatoria-

    mente atendidas.

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    Teoria dos Dois Fatores

    Em uma classificao um pouco

    diferente da utilizada por Maslow

    mas, basicamente, com a mesma

    coerncia, Frederick Herzberg

    desenvolveu a Teoria dos Dois

    Fatores. So eles: fatores higini-

    cos e fatores motivacionais.6

    Fatores higinicos

    So todos os fatores que se refe-

    rem s condies de trabalho e ao

    ambiente profissional, incluindo

    salrio, benefcios, gerenciamento

    do grupo, condies fsicas e

    ambientais para o desempenho daatividade e todo o conjunto de

    normas e diretrizes da empresa.

    Uma vez que os fatores listados

    so de responsabilidade da orga-

    nizao, os indivduos no tm

    controle sobre eles.

    Tradicionalmente, apenas os fato-

    res higinicos eram levados em

    considerao pela empresa como

    intrumentos de motivao.

    Acreditava-se que salrios e

    benefcios maiores ou, ao

    contrrio, a perspectiva de

    perda do salrio e dos benefcios

    estimulavam, por motivao

    positiva ou negativa, respectiva-

    mente, as pessoas a

    contriburem mais oumenos com a empresa

    em questo.

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    Entretanto, a grande caractersti-

    ca dos fatores higinicos que,

    quando eles se situam em nveis

    bons ou timos, apenas evitam a

    insatisfao. Ou seja, no so

    capazes de criar a satisfao.O contrrio de insatisfao no-

    insatisfao, que diferente de

    satisfao. Herzberg chamou

    esses fatores de higinicos exata-

    mente pelo carter de preveno,

    de no gerar algo negativo.

    Fatores motivacionais

    Diferentemente dos higinicos, os

    fatores motivacionais tm relao

    com o contedo, a natureza do

    trabalho executado. Esto, portan-

    to, sob o controle de quem o exe-cuta, ligados a confiana, reconhe-

    cimento, auto-realizao e possibi-

    lidade de crescimento.

    Em suma, na Hierarquia das

    Necessidades, estariam bem pr-

    ximos ao topo da pirmide.

    Onde se passou no vem ao caso, mas a

    empresa existe e, para se ter uma idia do

    ambiente, um amigo demorou seis meses

    at resolver deixar a escova de dentes na

    gaveta de sua mesa, porque achava que no

    voltaria ao trabalho no dia seguinte. Ele ficou

    alguns anos l e presenciou duas das piores

    prticas que j ouvi falar.

    A primeira foi quando o chefe do departa-

    mento passou uma listinha para que todos

    os funcionrios contribussem para a compra

    dos livros universitrios de seu filho.

    Extorso em primeiro grau, valendo-se da

    insegurana de cada um nota zero para os

    fatores higinicos.

    A outra, pior ainda, foi a instituio de um

    reconhecimento para o pior vendedor do

    ms, o Prmio Penico de Ouro.

    A humilhante premiao era feita nas reu-

    nies de venda na frente de todos os funcio-

    nrios do departamento. D para imaginar o

    que acontecia com a auto-estima dos agra-

    ciados com o trofu? Sim, existia um trofu!

    E o ambiente no grupo? E a insegurana de

    cada um? Qualquer semelhana com crian-

    as com chapu de burro na escola

    mera coincidncia? Que tipo de produtivida-

    de pode haver em um ambiente assim?

    Merece nota zero tambm para os

    fatores motivacionais.

    Uma triste histria real

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    Tudo a seu tempo

    Cada uma das necessidades, sejam

    elas higinicas ou motivacionais,

    apresenta um ciclo equivalente

    distncia entre a necessidade e sua

    satisfao diferente de tempo.

    O ciclo motivacional tem incio

    com a tenso pela necessidade no

    atendida. Essa tenso gera um

    comportamento ou uma ao pela

    busca da satisfao, at que a

    necessidade seja finalmente satis-

    feita e tudo comece outra vez ou

    seja, o ciclo se reinicie.

    Necessidade imediata

    Necessidades como as fisiolgicas

    caracterizam-se por um ciclo bas-

    tante rpido. A fome, por exem-

    plo, gera um estado de tenso, um

    mal-estar, que induz a um compor-

    tamento de busca imediata pela

    comida se no fosse premente

    nos alimentarmos, no estaramos

    sequer vivos. Uma vez concluda a

    refeio, a necessidade satisfeita,

    o que nos mantm em um estado

    de equilbrio dinmico at que a

    fome se manifeste outra vez.

    Sonho de uma vidaOutras necessidades, como as de

    auto-realizao, podem durar uma

    vida inteira para se concretizar.

    Algumas talvez nem cheguem a

    ser atendidas. Ainda assim, conti-

    nuam a nos mover por meio de

    sonhos e ideais.Imagine uma necessidade de auto-

    realizao. Numa analogia com a

    pirmide de Maslow, pensemos no

    desejo de um alpinista.

    Eu quero chegar ao topo daquela

    montanha (tenso).

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    Eu vou me preparar fsica e psico-

    logicamente como nunca, por

    meses a fio, para conseguir che-

    gar l (comportamento). Estou

    morrendo de cansao, minhas

    pernas esto bambas, sinto falta

    de ar, mas estou quase chegandol (comportamento). Consegui,

    finalmente alcancei o topo!

    (auto-realizao).

    Provavelmente, l em cima outro

    ciclo j tem incio: Agora eu quero

    chegar ao topo da montanha

    mais alta da Amrica do Sul, e

    assim sucessivamente.

    Para atletas de alta performance, o

    ciclo pode envolver o intervalo de

    tempo entre duas competies

    importantes, entre duas

    Olimpadas ou o tempo at a prxi-ma maratona. Durante todo o ciclo,

    o comportamento de dedicao

    integral aos treinamentos e, como

    no exemplo da histria descrita no

    quadro acima, somos capazes de

    tudo para buscar a auto-realizao.

    Nas Olimpadas de 1984, em Los Angeles,

    na prova de maratona feminina, o mundo viu

    a norte-americana Joan Benoit superar a

    rival e favorita norueguesa Grete Waitz, que,

    por sua vez, a havia superado em 10 das

    ltimas 11 provas.

    Entretanto, para muitos, a imagem maisduradoura da prova, por seu exemplo de

    perseverana e resignao, atribuda

    sua Gabrielle Andersen-Scheiss que, nesse

    mesmo dia, se arrastou cambaleante pelos

    400 metros finais da prova, por intermin-

    veis 7 minutos, totalmente prostrada.

    Incentivada pelos gritos da multido, sem

    aceitar ajuda, Gabrielle cruzou a linha de

    chegada de forma dramtica, trpega e com

    dores quase insuportveis, movida apenas

    pelo desejo de concluir a prova. Seu corpo

    quase no respondia mais.

    Gabrielle chegou ao final da prova completa-mente castigada pelos efeitos do intenso

    calor daquele dia. Foi o 37o lugar mais

    aplaudido da histria das Olimpadas. At

    hoje, muita gente, dentre as quais eu me

    incluo, arrepia-se ao assistir ao vdeo ou ao

    ver uma foto da atleta.

    A busca insacivel da auto-realizao

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    Haja motivao!

    muito importante observar o

    ciclo de cada necessidade na cons-

    tante tarefa de motivar os outros.

    A insegurana ou a necessidade de

    segurana pode aparecer de uma

    hora para outra, fruto de atitudes

    como a do exemplo do penico de

    ouro (veja pg. 25). Isso pode

    jogar por gua abaixo, apagar

    toda uma histria, todo um cami-

    nho de confiana estabelecido ao

    longo do tempo.

    Expectativa frustrada

    Por outro lado, h satisfaes denecessidades que sero frustradas.

    Nem todos tero sempre suas

    necessidades satisfeitas, simples-

    mente porque no existe espao

    para promover todo mundo.

    Em casos especficos, como a

    expectativa frustrada de uma pro-moo ou de um incremento sala-

    rial, deve-se explicar muito bem o

    motivo da no-realizao. Assim,

    cria-se a oportunidade para que a

    frustrao de hoje se transforme

    na motivao de amanh.

    Ciclo motivacional

    Reconhecer, recompensar, explicar,

    mostrar caminhos alternativos so

    atitudes que fazem com que o

    ciclo da motivao esteja sempre

    girando em sintonia com os objeti-

    vos empresariais.

    Se hoje voc no chegou ao topode sua montanha pessoal, que tal

    se preparar melhor, realizando

    isso, aquilo e aquilo outro, para a

    prxima escalada? Eu estou aqui

    para ajud-lo.

    Isso no seria uma atitude mante-

    nedora da motivao mesmo apsuma frustrao?

    Da prxima vez em que voc pen-

    sar em meios para motivar seus

    funcionrios, preste ateno nos

    quadros da pgina seguinte elabo-

    rados por Maslow.7

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    Ou seja, se quiser desmotivar

    algum no sei por que faria

    isso, mas tem gente que gosta ,

    faa a pessoa se sentir como na

    tabela acima. J, se quiser investir

    seu tempo no que categoricamen-

    te os seres humanos esto buscan-

    do, procure inspirao abaixo.

    Ser nada (prefere ser alguma coisa)

    No ser apreciado

    Ser dominado, manipulado

    Ser pressionado, ser determinado por outros

    Ser mal compreendido

    Ser ridicularizado

    Ser uma figura ridcula dominada por outros (ser tratado como objeto e no como pessoa; ser

    citado como exemplar e no como singular)

    Ser mandado, forado

    No ser respeitado

    No ser temido, ser usado, explorado, controlado

    Ser indefeso, obediente, subserviente, ser um homem intercambivel, uma coisa

    O que o ser humano evita pontos para abaixar a auto-estima

    Ser desbravador (autodeterminao)

    Ter controle sobre o prprio destino (determinar os prprios movimentos) Ser capaz de planejar, realizar e obter xito (esperar sucesso)

    Gostar de responsabilidade ou assumir qualquer nvel de responsabilidade com boa vontade

    (vivenciar a si mesmo como algum que toma as prprias decises)

    Ser ativo e no passivo (ser uma pessoa e no uma coisa)

    Ter autonomia (iniciativa)

    Ser realizador (fazer com que as pessoas reconheam suas capacidades de forma justa)

    O que o ser humano busca pontos para elevar a auto-estima

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    De volta banca de queijos

    Voltando banca de queijos de

    seu Levi, que concluses pode-

    mos tirar sobre o vendedor Alosio,

    aps conhecer os fatores que

    levam motivao ou frustrao

    das pessoas?

    Tomando como base a pirmide de

    Maslow, temos os seguintes nveis

    a analisar:

    Nvel 1

    Como Alosio comentou que o

    salrio dele era bom, possvel

    intuir que suas necessidades fisio-

    lgicas, a base da pirmide deMaslow, esto satisfeitas.

    Nvel 2

    O fato de o vendedor trabalhar no

    mesmo lugar h quase dez anos

    est diretamente relacionado

    estabilidade no emprego.Portanto, deve significar que, no

    quesito segurana, Alosio est

    muito bem servido, obrigado.

    Nvel 3

    Ao trabalhar com um grupo de

    colegas razoavelmente constante,

    ser aceito pelos companheiros e

    ter o apoio e a confiana de seu

    Levi parecem indicar que as neces-

    sidades sociais de Alosio tambm

    esto satisfeitas.

    Nvel 4

    Com relao s necessidades de

    estima, parece no haver dvida: o

    reconhecimento dos clientes, dos

    colegas e de seu Levi deixam

    Alosio com uma alta dose de

    autoconfiana e com uma tremen-

    da capacidade de realizao.

    Nvel 5

    E, quanto s necessidades de auto-

    realizao, o mais elevado nvel da

    pirmide? Lembra-se do que o

    vendedor falou? Liberdade total!!

    Autonomia, iniciativa, ser ativo,

    autodeterminao esto bem deacordo com o que os seres huma-

    nos buscam segundo Maslow. Em

    uma pardia ao anncio do carto

    de crdito, ser reconhecido como

    o melhor vendedor do Mercado

    no tem preo....

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    Aconteceu comigo em um supermercado de

    So Paulo. Num dia que fizemos compras,

    estvamos sem carro e pedimos que entre-

    gassem em casa. Ficamos esperando.

    O tempo foi passando, e comeamos a nos

    preocupar com os laticnios, as carnes e

    outros perecveis que havamos comprado.Telefonamos para o supermercado.

    Dali a pouco, vi pela janela dois funcionrios

    saindo de um txi com as nossas compras.

    Logo que chegaram, a funcionria Edileide

    me explicou que eu no precisava me preo-

    cupar com os perecveis, porque ela havia

    guardado todos no refrigerador to logo per-

    cebeu que o veculo de entrega no estava no

    local isso se chama iniciativa. Ela me con-

    tou tambm que, assim que ligamos, se diri-

    giu ao gerente e lhe disse que, se havia sido

    combinada a entrega, o servio no podia

    esperar. Ento, a funcionria sugeriu que

    a entrega fosse realizada por txi. O

    gerente concordou.

    Iniciativas como essa s funcionam em um

    ambiente que as estimulam, que as respal-

    dam e em que as pessoas sejam incentiva-das, motivadas a assumir responsabilidades

    e, quando as assumem como fez Edileide

    , recebem o apoio e o comprometimento

    da chefia.

    Iniciativas assim fazem a diferena. Para que

    sua empresa tambm faa a diferena, esti-

    mule, desenvolva, apie as Edileides

    que esto presentes dentro de cada um de

    seus funcionrios.

    O fator Edileide um poderoso diferencial

    competitivo. Palavra de cliente.

    O fator Edileide

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    O vendedor de Ipanema

    E quanto a Juscelino, o vendedor

    de Ipanema? Por certo, a luta para

    satisfazer as necessidades bsicas

    bastante dura, mas ele j est

    acostumado a super-las constan-

    temente. Para fazer frente s

    necessidades de segurana, ele

    adotou a estratgia do pau pra

    toda obra: tornar-se faxineiro

    quando no d praia, trabalhar

    como gari de madrugada e, j que

    est acordado mesmo, por que

    no aproveitar para entregar jor-

    nais no raiar do dia?

    Ser conhecido como um cara boa-praa tanto no morro quanto no

    asfalto tambm contribui para que

    o vendedor continue com o mesmo

    entusiasmo e assim que ele

    reconhecido por todos.

    O fato de seu nome e sua imagem

    j terem aparecido nos meios decomunicao, alm da admirao

    que desperta nas pessoas, deve

    contribuir para elevar ainda mais a

    auto-estima, que j deve estar

    num patamar bem elevado, dada

    sua incrvel capacidade de concreti-

    zar suas metas. Com relao

    auto-realizao, pelo que este

    autor tem conhecimento, deve vir

    mais boas notcias ainda mais

    porque agora Juscelino tem mais

    um motivo para continuar sua

    batalha de sorrisos: seu neto.

    Convite reflexo

    Para finalizar este captulo 2, fao

    um convite para mais um momen-to de reflexo com as palavras do

    prprio Maslow.

    O gerenciamento adequado da

    vida dos seres humanos no traba-

    lho, da maneira como eles

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    O que voc viu no captulo 2

    > Hierarquia das Necessidades: fisio-lgicas, de segurana, sociais, de estima ede auto-realizao.

    1

    > Teoria dos Dois Fatores: fatoreshiginicos e motivacionais.2

    > Ciclos motivacionais.3

    > Pontos que elevam e que abaixama auto-estima.4

    ganham sua vida, pode melhor-

    los e melhorar o mundo, e, neste

    sentido, pode ser uma tcnica

    utpica ou revolucionria.

    A maioria das pessoas, porm,

    argumenta que acreditamos no

    potencial das pessoas e que elas

    so nossos bens organizacionais

    mais valiosos.

    Se isso verdadeiro, por que fre-

    qentemente projetamos organi-

    zaes para satisfazer nossa

    necessidade de controle e no

    para maximizar as contribuies

    das pessoas?

    Aprendizagem, criatividade,imparcialidade, responsabilidade...

    Elas vm naturalmente at s pes-

    soas. Por que, normalmente, pro-

    jetamos as organizaes como se

    as pessoas fossem naturalmente

    negligenciar a responsabilidade,

    fazer apenas o que lhes for exigi-do, resistir aprendizagem ou

    como se as pessoas no fossem

    capazes de assumir responsabilida-

    de pela realizao da coisa certa

    (...)? Por sculos, a natureza

    humana foi subvalorizada.8

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    Como milhes de brasileiros, eu

    gosto muito de futebol mas, feliz-

    mente, vrios anos atrs, em um

    momento memorvel do esporte

    nacional, tive a chance de presen-

    ciar o princpio da transio do pasdo futebol para o pas tambm do

    voleibol. Foi numa noite em meados

    da dcada de 1980, no ginsio do

    Maracanzinho, no Rio de Janeiro,

    quando a seleo brasileira masculi-

    na, formada por Bernard, William,

    Montanaro, Renan e outros craques,imps um dramtico trs sets a dois

    na ento imbatvel e no menos

    sensacional seleo sovitica. Foi um

    jogo inesquecvel, com direito a

    saque Jornada nas Estrelas, em

    que a bola quase alcanava o teto

    A EQUIPE FAZ A DIFERENA

    Por que melhor trabalhar com

    uma boa equipe em vez de um

    bando de estrelas? O que

    importante saber para exercer

    um cargo de liderana?

    34

    1do ginsio, e defesas e ataques

    maravilhosos de ambas as partes.

    Presenciei tambm um outro

    embate, desta vez no estdio do

    Maracan transformado em palco

    para voleibol. Naquela noite chu-

    vosa, as duas selees se juntaram,

    sob calorosos aplausos, para secar

    a quadra molhada e brindar o

    pblico com mais um espetculo.

    Muito engraado foi que, como

    um grande amigo que estava pre-

    sente recordou, meu pai vaticinoudo alto de sua sabedoria esportiva:

    Depois deste time, o Brasil nunca

    mais vai ganhar nada no vlei.

    Gerao de ouro

    Dito e no feito. Aquele time foi

    vice-campeo olmpico, em 1984, elanou as bases para a febre do

    esporte no Pas. Para quem no

    sabe, o endiabrado, talentoso

    e vencedor tcnico da seleo

    masculina, Bernardinho, era reser-

    va de William.

    3

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    Hoje, anos depois da gerao de

    prata, a equipe liderada por

    Bernardinho j ganhou todos os

    torneios mais importantes do

    mundo e se tornou quase imbat-

    vel. Nessa seleo no se distin-

    guem os titulares dos reservas, no

    h uma estrela que brilhe mais do

    que a outra, e todos, sem exceo,

    se submetem a uma rotina exte-

    nuante de treinamentos, muitas

    vezes longe de suas famlias.

    O que cada um deles busca? Sem

    dvida, a auto-realizao. Afinal,

    existe apenas uma seleo brasilei-

    ra, e somente uma seleo dentretodas pode ganhar uma Copa do

    Mundo ou uma medalha de ouro

    nos Jogos Olmpicos.

    Sucesso em conjunto

    Acontece que no sempre que

    um grupo de grandes jogadores setransforma numa grande equipe.

    Vez por outra, alis, torna-se um

    grande fiasco. Analisar as possveis

    causas do sucesso dos grupos que

    formam equipes e do fracasso dos

    grupos que no passam de um

    amontoado de atletas o objetivo

    deste captulo.

    Em uma verdadeira equipe, o todo

    maior do que a soma das partes.

    O talento total da equipe maior

    do que a soma dos talentos indivi-

    duais. Habilidades conjuntas so

    mais fortes do que as habilidades

    em separado.

    Usando como comparao o corpo

    humano, o corao no nada

    sem o par de pulmes, o estma-

    go, o fgado, alm dos vrios

    outros rgos e do crebro. No

    corpo humano, como no de qual-

    quer outro animal, o ser resultante infinitamente superior soma

    dos rgos que o compem.

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    Estrelas sem grupo

    Nos grupos que no se transfor-

    mam em equipes, acontece exata-

    mente o inverso. O todo menor

    do que a soma das partes. Os

    talentos individuais, por mais

    extraordinrios que sejam, quando

    em conjunto, parece que pioram,

    como se um atrapalhasse o outro.

    Para os amantes do futebol, o

    milionrio e galctico time do Real

    Madrid um exemplo marcante.

    Poucas vezes foram reunidos tan-

    tos talentos individuais em um

    mesmo time de futebol. Porm, os

    resultados so, no mnimo, pfiosquando comparados ao potencial

    de cada um. Por qu?

    Comportamento ancestral

    Os seres humanos so dotados de

    um incrvel instinto competitivo.

    Nem poderia ser diferente, afinal,

    nossos ancestrais tiveram de lutar

    muito para sobreviver, e os que

    sobreviveram por mais tempo con-

    seguiram se reproduzir mais e

    transmitir para mais descendentes

    suas caractersticas, incluindo o

    esprito guerreiro.

    Do mesmo jeito, ns tambm apre-

    sentamos uma tendncia inata

    para a cooperao. De novo, no

    poderia ser diferente. Nos peque-

    nos grupos em que nossos ances-trais viviam, juntar foras para

    abater uma caa maior ou dividir o

    fruto da caa com aquele que no

    obteve sucesso foram diferenciais

    importantssimos para a sobrevi-

    vncia da espcie humana.

    Toma-l-d-c

    Um ditado dos esquims diz que o

    melhor lugar para se guardar

    comida na barriga de outra pes-

    soa. Eles esto certos, desde que a

    outra pessoa retribua.

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    por isso que ficamos to irados

    quando algum no retribui um

    favor, quando somos ludibriados,

    trapaceados. Se a no-retribuio

    envolver uma necessidade bsica

    como a alimentao, pior ainda.

    Sendo competio e cooperao

    caractersticas comuns a todos ns,

    podemos intuir que a falta de

    equilbrio entre esses dois aspectos

    de nossa natureza deve influenciar

    a performance dos grupos

    seja nos esportes seja nas empre-

    sas. Vejamos.

    Fogueira das vaidadesUm grupo no qual cada um quer

    brilhar mais do que o outro, em

    que os participantes competem

    entre si para ser o melhor, o mais

    reconhecido, o mais badalado, o

    rei da cocada preta a chamada

    fogueira das vaidades , muitoprovavelmente no alcanar

    resultados expressivos.

    claro que existe competio den-

    tro dos grupos. Todos gostariam de

    ter uma posio de destaque, mas

    acontece que, para o grupo se des-

    tacar, cada um deve abrir mo de

    parte de seu destaque individual.Porm, h quem acredite que se

    deva explorar ao extremo a com-

    petitividade de cada um para

    gerar uma saudvel atmosfera

    competitiva e vencedora dentro

    de uma empresa.

    Uma reportagem de revista mostrou que em

    uma grande empresa a hipercompetio era

    a palavra mgica. Exibia pessoas jogando

    tomates de tecido em um apresentador que

    julgavam estar falando besteira. Excluindo

    a exposio e execrao pblica, quem

    sou eu para afirmar que algum est

    falando besteira!

    Em um ambiente assim, constantemente se

    comparavam performances individuais, e

    todos eram estimulados a superar uns aos

    outros, objetivando atraentes bnus em

    dinheiro e posies hierrquicas. Que vena

    o melhor! No acredito que qualquer tipo de

    cooperao possa emergir em uma atmos-

    fera assim. No mesmo. Consigo ver apenas

    pessoas se digladiando em busca das

    melhores posies, aflorando o lado nada

    cor-de-rosa da natureza humana.

    Hipercompetio

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    maior, deixaram a luta por uma

    vaga em segundo plano. claro

    que eles no abandonaram o

    sonho de jogar entre os titulares.

    Para isso, continuam se esforando

    e aproveitando ao mximo as

    oportunidades. Mas nenhum deles

    se coloca acima do grupo nem faz

    da disputa pela camisa titular seu

    maior desafio.

    Possuem mecanismos para

    expelir os que no colaboram

    A regra : ou voc faz parte do

    grupo, compartilha o objetivo

    comum e se dedica na mesma

    Troca e cooperao

    Por outro lado, existem grupos que

    brilham mais do que seus compo-

    nentes. Neles possvel detectar

    algumas caractersticas marcantes,

    entre elas:

    Compartilham um objetivo comum

    O objetivo do grupo deve ser mais

    importante do que as metas indivi-

    duais. No tenho dvida de que

    todos os jogadores da seleo bra-

    sileira masculina de vlei gosta-

    riam de ser titulares da equipe.

    Entretanto, ao abraarem a causa

    da medalha olmpica, uma misso

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    intensidade ou voc est fora.

    Nesse sentido, apesar do aspecto

    positivo de se promover a homo-

    geneidade de interesses no grupo,

    h que se tomar cuidado para que

    no se transforme em uma pane-

    linha. Um grupo fechado pode

    ser um grupo no sujeito a mudan-

    as, em que uns acobertam os

    erros dos outros e acaba existindo

    uma superproteo mtua. Coeso

    do grupo no pode significar coer-

    o de participantes.

    Compatilham valores e prticas

    O grupo mostra respeito s dife-renas individuais, e valores como

    lealdade, honestidade, amizade,

    justia, comprometimento so

    amplamente difundidos e aceitos.

    Existe diversidade

    Para que haja um conjunto dehabilidades trabalhando em har-

    monia, necessrio que existam

    habilidades distintas dentro do

    grupo. Dos mais criativos aos car-

    regadores de piano, de disposio

    mais braal, dos mais jovens aos

    mais experientes, dos mais aos

    menos brilhantes, todos so impor-

    tantes e complementares.

    Cooperao, cooperao e

    cooperao

    Os participantes de um grupo

    entendem que, sozinhos, nunca

    alcanaro o brilho obtido conjun-

    tamente. Ser o melhor jogador do

    torneio de uma equipe eliminada

    na semifinal logo ser esquecido

    por todos. Enquanto ser parte do

    grupo que conquistou a medalha

    de ouro entra para a histria.

    H que se tomar cuidado

    para que no se transforme

    em uma panelinha.

    Um grupo fechado pode

    ser um grupo no sujeito

    a mudanas, em que uns

    acobertam os erros dos

    outros e acaba existindo

    uma superproteo mtua.

    Coeso do grupo no

    pode significar coero

    de participantes.

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    Morcegos solidrios

    J que estamos falando em coope-

    rao, voltemos mais uma vez ao

    reino animal. Existe uma espcie

    de morcego-vampiro, aquele

    pequeno drcula, que vive em

    cavernas e ala vo durante

    noite para, literalmente, chupar o

    sangue de outros animais.

    Acontece que nem todos os morce-

    gos conseguem ser bem-sucedidos

    em suas caadas para encontrar

    alimento. Certo dia, um deles se

    sai melhor do que o outro, depois,

    a vez do outro se dar melhor.

    Como o metabolismo bem acele-rado, um morcego sem alimento

    pode morrer em poucos dias. A

    que entra a cooperao.

    Dando o sangue

    At parece que os morcegos-vam-

    piros aprenderam com os esquims

    sei l como, afinal, pelo que me

    consta, no existem morcegos no

    plo Norte. Bem, de volta caver-

    na, pelo hbito de catar piolhos na

    barriga do outro, os morcegos

    sabem quem se alimentou (os de

    barriga cheia) e quem no se ali-

    mentou (os de barriga vazia).

    Ento, os bem alimentados regur-

    gitam parte de sua refeio para

    aqueles que no comeram. Voc

    pode estar se perguntando o que

    aconteceria com um chupa-san-gue no sentido de espertinho

    que simplesmente esperasse ser

    alimentado pelos outros.

    Resposta: o folgado morreria em

    poucos dias. Nas cavernas, cada

    morcego tem seu lugar marcado,

    posicionando-se ao lado dos mes-mos companheiros e a barriga de

    um morcego que nunca consegue

    arranjar comida definitivamente

    no um bom lugar para se guar-

    dar alimento. Da mesma forma,

    catar piolhos uma maneira de

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    Para manter o esprito de

    cooperao, todo grupo

    deve dispor de instrumentos

    para se livrar dos

    chupa-sangues termo

    empregado no sentido

    figurado em referncia aos

    famosos espertinhos que

    marcam presena em

    qualquer organizao.

    um grupo de torcedores. Estes, por

    sua vez, pertencem a determina-

    dos grupos sociais e religiosos,

    entre outros, com os quais no

    temos nenhuma ligao e que, em

    outras situaes, poderiam ser

    at antagnicos.

    ver se o companheiro est retri-

    buindo a ceia da noite anterior.

    Para manter o esprito de coopera-

    o, todo grupo deve dispor de

    instrumentos para se livrar dos

    chupa-sangues termo empre-

    gado no sentido figurado em refe-

    rncia aos famosos espertinhos

    que marcam presena em

    qualquer organizao.

    Vida em grupo

    Nossa capacidade de associao

    com outras pessoas praticamente

    infinita. Fazemos parte de um sem-

    nmero de grupos e, conforme asituao, unimo-nos at mesmo a

    grupos antes antagnicos para

    enfrentar um outro de antagonis-

    mo ainda maior.

    Pertencemos a grupos como a

    famlia, o crculo de amizades, a

    igreja para quem tem religio ,a classe da escola, o time de fute-

    bol, a cidade, o pas, e de uma por-

    o de outras associaes, institui-

    es, agremiaes etc., de acordo

    com a vida de cada um.

    No estdio de futebol, integramos

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    Sem distino

    Deixando de lado as lamentveis

    brigas entre torcidas organizadas,

    a rivalidade levada s ltimas

    conseqncias, um estdio de

    futebol pode se transformar num

    programa to agradvel quanto

    ir praia.

    Ali um timo lugar para

    ampliar nossa percepo de

    grupo. Do mesmo modo que na

    areia no h diferena entre os

    banhistas, nas arquibancadas no

    existe distino entre os torcedo-

    res, o que timo.

    Unio de grupos

    O mais espetacular que, em que

    pese a rivalidade das torcidas,

    todas podem se juntar em deter-

    minadas ocasies para lutar por

    um bem comum.

    Vez por outra, por exemplo, elasformam um s grupo, seja na luta

    por um direito poltico, seja em

    uma manifestao contra a cor-

    rupo; na busca por algo que

    seja bom ou contra algo que seja

    ruim a todos os grupos. uma

    situao semelhante a grupos

    ainda maiores que se juntam em

    guerras ou para ajudar a outros

    grupos em casos de calamidades.

    E assim vamos, pulando de grupoem grupo, agrupando-nos e

    fazendo valer nossa incrvel capa-

    cidade de associao.

    Fogo cruzado

    Nas empresas o processo bastan-

    te similar: existe um grande grupoconstitudo por vrios subgrupos,

    formados por cada departamento

    ou seo.

    a que mora o perigo. Nossa vida

    nas empresas est muito mais liga-

    da ao subgrupo.

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    muito comum vermos relaes

    antagnicas entre os subgrupos

    por intermdio de mensagens e

    dilogos como esse pessoal de

    vendas s gasta dinheiro, dito por

    um assistente de contabilidade, ao

    verificar um relatrio de despesas.

    J um vendedor, ao constatar a

    falta de um produto, pode fazer

    uma observao como o pessoal

    de produo vive pisando na

    bola. Por fim, um analista de

    marketing, descontente com o

    desempenho da equipe de vendas,

    capaz de soltar algo como

    com esses preos e prazos, ateu vendia.

    Note que as crticas so sobre os

    outros grupos e que o antagonis-

    mo pode aflorar, muitas vezes,

    pela existncia de mensagens con-

    flitantes ou pela total falta de

    mensagens unificadoras por parteda liderana.

    Tomemos o exemplo de uma

    empresa com, digamos, trs depar-

    tamentos principais, que formam

    os subgrupos: vendas, administra-

    o e produo.

    Vejamos como seriam as mensa-

    gens conflitantes e unificadoras, a

    comear pela primeira.

    Mensagens conflitantes

    Em uma reunio com os vendedo-

    res, o lder da empresa determina:

    Vamos tocar o pau nas vendas,

    vender o mximo possvel. Para esti-

    mul-los, a partir de agora, todos

    tero x% de comisso sobre suas

    vendas no ms pago no princpio do

    ms seguinte.

    Ovao geral, com vivas ao lder! Os

    vendedores saem da reunio como

    ces de caa.Em uma outra reunio, o mesmo

    lder d o seguinte aviso ao pessoal

    da administrao: Quero que

    tomem muito cuidado com os

    prazos de pagamento, com a ina-

    dimplncia e com a margem de

    nossos produtos. O bnus do depar-tamento vai depender da margem e

    da reduo dos dias de crdito.

    E, como num passe de mgica,

    o pessoal da administrao se

    transforma em um grupo de ces

    de guarda financeiros.

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    Ainda no satisfeito, o lder rene-

    se com a equipe de produo e

    taxativo: A qualidade inegoci-

    vel. No abro mo das melhores

    matrias-primas e dos melhores

    equipamentos, custe o que custar.

    O bnus do departamento est

    atrelado conformidade com os

    critrios de qualidade estabeleci-

    dos. Sem dvida, uma tima

    medida, desde que a qualidade

    seja percebida pelo cliente.

    E o pessoal da produo deixa a

    reunio como ces-guia, nortean-

    do a empresa pelos critrios

    de qualidade.

    D para imaginar o que fatalmen-

    te vai acontecer com essa empresa

    a partir das determinaes do lder

    para suas trs equipes?

    Profissionais indomveis

    Vamos analisar o comportamento

    de cada equipe:

    Ces de caa

    A equipe de vendas quer vender a

    qualquer prazo e preo para cada

    um ganhar o mximo de comisso

    possvel e satisfazer ordem do

    chefe de tocar o pau nas vendas.

    Ces de guarda

    pessoal da administrao, por

    sua vez, pretende bloquear pedi-

    dos de vendas por prazos muito

    altos que pioram os dias de crdi-

    to ou em funo dos preos

    incompatveis com os custos queafetam a margem de lucro.

    Ces-guia

    A produo tem como objetivo

    confeccionar produtos de extrema

    qualidade, porm, provavelmente,

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    com custos no suportveis pelo

    nvel de preos praticado.

    Sigam o lder

    A situao, como deu para perce-

    ber, no deve ter um desfecho

    feliz. O pior de tudo que as trs

    equipes esto simplesmente cum-

    prindo as ordens do lder. Elas

    seguiram corretamente as orienta-

    es que receberam, e todos esto

    lutando pelo bem da empresa.

    Assim, enquanto os profissionais

    de cada departamento tm a cer-

    teza de que esto fazendo o que

    deve ser feito, no final das contascada grupo est remando em uma

    direo prpria e, s vezes, oposta.

    Lenta e inexoravelmente, a empre-

    sa encaminha-se para o precipcio

    por falta de uma mensagem que

    transformasse os trs grupos em

    um s, por falta de uma mensa-gem unificadora. Qual, ento,

    poderia ser essa mensagem?

    Mensagem unificadora

    A mensagem do lder poderia ser:

    Vamos vender com qualidade,

    mostrando a nossos clientes o valor

    que nossos produtos adicionam a

    seu negcio. Uma vez aumentada

    a percepo de valor dos clientes,

    teremos maiores nveis de preos e

    estaremos saindo da guerra de

    preos com fornecedores de menor

    qualidade. Venda com qualidade

    implica bons produtos vendidos a

    bons preos, entregues na hora

    combinada com prazos razoveis

    para ambas as partes e pagamento

    em dia.

    Com a mensagem unificadora per-

    meando a organizao, os depar-

    tamentos passam a trabalhar namesma direo: a produo aju-

    dando a equipe de vendas a mos-

    trar o impacto da qualidade do

    produto nos negcios dos clientes;

    e a administrao explicando a

    vendas os clculos de margem e

    rentabilidade dos produtos, almde manter os vendedores informa-

    dos sobre contas a receber, e assim

    por diante. Assim, teremos os trs

    grupos unidos por uma mesma

    mensagem, por um mesmo ideal,

    por uma mesma motivao.

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    Trs experincias

    Em trs oportunidades, participei

    de projetos que continham no

    mago um propsito unificador.

    Como bons exemplos, no neces-

    srio omitir o nome das empresas.

    Muito pelo contrrio. Ento,

    vamos a elas.

    Apresentao do trabalho

    A primeira experincia foi no

    tempo em que eu trabalhava na

    AGA, meu primeiro emprego aps

    formado. Ingressei no departa-

    mento de contabilidade para cui-

    dar de oramento e custos. Na

    poca, incomodava-me bastante o

    fato de a contabilidade ser consi-

    derada meio incompreensvel, algo

    como uma caixa-preta. A imagem

    que muitos tinham e tm desse

    departamento que ali fica uma

    poro de burocratas atolados em

    dbitos e crditos.

    Numa conversa com meus colegas,

    sugeri que deveramos preparar

    uma apresentao da contabilida-

    de, cada um de ns falando de sua

    rea. Montada a apresentao,

    marcaramos reunies com outrasreas da empresa. Esses encontros

    no seriam apenas para mostrar

    nosso trabalho como tambm para

    discutir o que poderia ser melhora-

    do e explicar que tipo de contri-

    buio tnhamos condies de

    prestar a outros departamentos, ecomo o trabalho de outras reas

    impactava na contabilidade.

    Em princpio, todos ficaram um

    pouco cabreiros de falar em

    pblico, mas gostaram da idia do

    Prazer em Conhecer. Somos

    Em princpio, todos ficaram

    um pouco cabreiros

    de falar em pblico, mas

    gostaram da idia do Prazer

    em Conhecer. Somos da

    Contabilidade. Felizmente,

    nosso gerente comprou

    a idia na verdade, ele

    a aceitou to bem que,

    depois de constatado o

    sucesso das apresentaes,

    se autoproclamou o

    dono dela.

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    da Contabilidade.

    Felizmente, nosso gerente

    comprou a idia na verdade,

    ele a aceitou to bem que,

    depois de constatado o sucesso

    das apresentaes, se autoprocla-

    mou o dono dela.

    Tudo bem. O importante foi que

    realmente as apresentaes mos-

    traram a cara da contabilidade

    para os outros departamentos da

    empresa. Assim, todos puderam

    conhecer o incrvel potencial de

    gerao de informaes para os

    negcios que podamos oferecer,

    alm de deixar os funcionrios dacontabilidade bastante orgulhosos

    de seu trabalho e com a receptivi-

    dade que tiveram. Coisa simples,

    mas que funcionou muito bem

    para integrar grupos diferentes

    dentro de uma mesma empresa.

    Equipe de vendas

    Os outros dois projetos acontece-

    ram numa das organizaes mais

    fantsticas em que trabalhei, a

    Zeneca, onde fui contratado como

    controller-marketeiro, ou seja,

    mais ou menos um controllercon-

    sultor da equipe de vendas.

    Em nossa diviso Colours, de espe-

    cialidades qumicas, as equipes de

    vendas eram compostas de trs

    profissionais: um vendedor, um

    tcnico txtil e um vendedor inter-

    no. O grupo, claro, tinha metas de

    vendas, assim como a diviso tinhametas de vendas e resultados a

    serem alcanados.

    No havia comisso sobre vendas,

    porm a avaliao formal de cada

    funcionrio inclua seu desempe-

    nho em relao s metas.

    Precisvamos garantir que os obje-tivos gerais da diviso fossem

    alcanados, como rentabilidade,

    giro de estoque, dias de crdito e

    volume do ativo fixo, entre outros.

    Tudo deveria ser absolutamente

    detalhado e mensurado.

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    Pequenas grandes empresas

    Em hiptese alguma, poderamos

    adotar a poltica do toca o pau

    nas vendas para alcanar ou supe-

    rar as metas. Tnhamos conscincia

    de que as vendas representavam

    apenas uma parte muitssimo

    importante, por sinal de tudo o

    que deveria ser feito.

    Nosso questionamento primordial

    era como conseguir transmitir para

    toda a organizao, a comear

    pela equipe de vendas, a mesma

    mensagem. Foi quando criamos as

    Pequenas Grandes Empresas.

    Assim, cada equipe de vendas pas-

    sou a gerir os prprios negcios da

    mesma maneira que a diviso

    inteira. Cada equipe possua um

    demonstrativo de suas vendas,

    margem dos produtos, custos fixos

    prprios, custos fixos rateados (os

    custos da diviso eram rateados

    seguindo uma metodologia con-

    cordada por todas as pequenas

    empresas), performance de cobran-

    a, alocao de estoque (rateio de

    estoques feito com base na acura-

    cidade das previses de venda). Em

    suma, cada uma usava os mesmos

    demonstrativos pelos quais a divi-so inteira era avaliada.

    Todos na mesma direo

    No havia nenhum tipo de compe-

    tio entre as pequenas grandes

    empresas, e as metas eram discuti-

    das com cada grupo. O resultadoda diviso constitua a somatria

    do desempenho de cada uma

    das empresas.

    As equipes de vendas se tornaram

    rapidamente gestores de pequenas

    empresas. Era comum que buscas-

    As metas da diviso eram

    facilmente desdobradas,

    discutidas e concordadas

    como metas de cada uma

    das pequenas grandes

    empresas. As avaliaes

    mensais, com eventuais

    correes de rumo, eram a

    garantia de que estvamos

    no caminho certo, afinal,

    todos remavam na

    mesma direo.

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    sem apoio de profissionais de

    outras reas da diviso para ajud-

    las na melhoria da qualidade de

    seus negcios.

    As metas da diviso eram facilmen-

    te desdobradas, discutidas e con-

    cordadas como metas de cada uma

    das pequenas grandes empresas.

    As avaliaes mensais, com even-

    tuais correes de rumo, eram a

    garantia de que estvamos no

    caminho certo, afinal, todos rema-

    vam na mesma direo.

    A qualidade dos negcios, que j

    era boa, melhorou consideravel-

    mente, motivando-nos para o pr-ximo projeto: Participao nos

    Lucros e Resultados.

    Lucros e resultados

    Pense numa diviso com mais de

    500 pessoas, com boa parte delas

    trabalhando na produo. Agora,

    imagine a necessidade de implan-

    tar junto a esse grupo uma meto-

    dologia de participao nos lucros

    e resultados de fcil entendimen-

    to para todos.

    Do mais simples ao mais gradua-

    do dos funcionrios, todos deve-

    riam ter direito a um prmio em

    dinheiro, correspondente a um

    percentual de seu salrio, de acor-

    do com os resultados alcanados.

    Como fazer isso sem criar umaenorme caixa-preta? Como desen-

    volver algo simples e inteligvel

    que abrangesse toda a complexi-

    dade do negcio?

    No era possvel elaborar

    demonstrativos financeiros e ten-

    tar explic-los, porque haveriasempre o risco de que o no

    entendimento perfeito gerasse

    desinformao e, conseqente-

    mente, desconfiana e insatisfa-

    o dos funcionrios.

    Esse era nosso prximo desafio!

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    Um por todos, todos por um

    Mais uma vez, a idia era manter

    todos os grupos as pequenas

    grandes empresas cooperando

    entre si para garantir a boa perfor-

    mance da diviso.

    Um dos grandes erros dos planos

    de incentivo e de participao nos

    lucros que so implementados por

    a dividir demais, criar apenas

    metas especficas para cada depar-

    tamento, esquecendo-se da impor-

    tncia das metas gerais.

    No h dvida de que cada depar-

    tamento contribui de forma dife-

    rente para o desempenho global,de acordo com suas funes.

    Porm, ao enfatizar apenas a con-

    tribuio de cada departamento

    isoladamente, cria-se o ambiente

    do eu fiz a minha parte e pron-

    to, do cada um por si, cada

    um com seus problemas, cada

    um com suas metas.

    Participao nos resultados

    Com certeza, a postura do cada

    um faz a sua parte no era a que

    queramos implantar.

    O primeiro passo foi decidir assu-

    mir o risco de substituir lucro por

    resultados. A razo era simples.

    Lucro traz consigo uma srie de

    fatores sobre os quais a grande

    maioria dos funcionrios pratica-mente no tem poder de influen-

    ciar. Por exemplo, o incremento de

    uma proviso para desvalorizao

    do estoque ou para devedores

    duvidosos poderia ser o divisor de

    guas entre o lucro e o prejuzo

    ou, ento, a diferena responsvelpor no se chegar meta de lucra-

    tividade da diviso.

    Pontuao de produtos

    Decidimos, ento, montar o plano

    de participao no resultado de

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    vendas. Com isso, precisaramos

    nos assegurar de que, uma vez

    alcanados, os resultados de ven-

    das aproximar-se-iam das metas

    de lucratividade estabelecidas.Para chegar a essa estimativa, pro-

    videnciamos uma anlise de renta-

    bilidade de cada produto da divi-

    so nos ltimos anos, tomando

    como base o mais rentvel deles.

    Em seguida, atribumos pontos aos

    demais produtos, que somavamcerca de 300 itens.

    Se o mais rentvel dentre os pro-

    dutos tivesse valor estipulado em

    dez pontos, um outro valia nove,

    outro oito, e assim por diante. De

    posse das metas de vendas do

    oramento anual, dividimos pelos

    pontos do produto mais rentvel.

    Pronto! Tnhamos em mos os

    nmeros de pontos a serem alcan-

    ados no ano. Mantendo os custos

    em ordem e no havendo qual-

    quer variao absurda em custos

    de matrias-primas ou preos ,

    estvamos com o instrumento

    ideal para aplicar o plano.

    Simples assim

    Montamos a tabela de pontuao

    de produtos e, mensalmente, mos-

    trvamos o acompanhamento aos

    demais funcionrios. Na prtica, faci-litava bastante realizar os clculos.

    Por exemplo, era indiferente vender

    um produto equivalente a dez pon-

    tos ou dois de cinco ou quatro de

    2,5. O resultado era o mesmo.

    O plano funcionou muito bem e,

    mais uma vez, demonstramos queestvamos todos no mesmo barco.

    Um dos aspectos mais importantes

    para o sucesso desse projeto foi a

    simplicidade na comunicao, tpico

    do prximo captulo, que veremos

    mais adiante.

    O plano funcionou muitobem e, mais uma vez,

    demonstramos que

    estvamos todos no mesmo

    barco. Um dos aspectos

    mais importantes para o

    sucesso desse projeto

    foi a simplicidadena comunicao.

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    Pai adotivo de idias

    Sobre os trs projetos descritos

    Prazer em Conhecer. Somos da

    Contabilidade, Pequenas Grandes

    Empresas e Participao nos

    Resultados , posso afirmar, sem

    falsa modstia, que fui o criador

    de cada um deles e me orgulho

    muito disso.

    Acontece que as idias, por mais

    que sejam a cara do dono, no

    admitem teste de DNA, sendo

    muito fcil que um novo papai

    saia correndo para assumir a pater-

    nidade delas, principalmente as

    bem implementadas.Minha av chamava isso de fazer

    reverncia com o chapu alheio.

    Das trs idias apenas uma, a tercei-

    ra, no teve a paternidade cari-

    nhosamente assumida por outra

    pessoa. No por ser ruim, muito

    pelo contrrio, afinal ela foi muitobem-aceita. O provvel motivo

    que, por trs da simplicidade da

    atribuio de pontos aos produtos,

    havia um arcabouo estatstico um

    tanto quanto complexo para um

    novo pai desavisado explicar.

    Essas atitudes comprovam que os

    chupa-sangues existem mesmo

    nas melhores empresas.

    Tudo bem. Como j sou escolado,

    aprendi a eu mesmo dar tapinhas

    de felicitao nas minhas costas.

    Entretanto, vale como um alerta.

    Reconhecer a paternidade original

    de uma contribuio valorizar a

    auto-estima de quem dispendeu

    tempo e esforo para realizar algo

    especial. Esquecer-se ou apoderar-

    se de idia alheia ou, ainda, permi-

    tir que o faam, uma deciso

    altamente desmotivadora.

    Boas-vindas aos novatos

    Retomando o tema dos grupos de

    trabalho, importante dar uma

    mozinha integrao das pes-

    soas. Essa contribuio ser sempre

    bem-vinda.

    Para comear, possvel criar umprocesso formal digo formal no

    sentido de ser formalizado de

    integrao de novos funcionrios,

    que, por um determinado tempo,

    podem dispor de um mentor, uma

    pessoa com mais experincia, com

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    a funo de apresentar a empresa

    e as pessoas.

    Os novos funcionrios tambm

    podem passar por um rpido pro-

    cesso de aprendizado sobre os

    valores, as prticas, o jeito da

    empresa e das pessoas, para que se

    ambientem com mais facilidade.

    So providncias simples para evi-

    tar que o novo empregado se sinta

    um estranho no ninho.

    Caf com o presidente

    Para manter a unio da equipe,

    reunies, convenes, eventos,

    happy hoursdesempenham umpapel importante.

    Existem empresas que costumam

    organizar o chamado caf-da-

    manh com o presidente. uma

    boa idia, se voc resolver levar um

    bom papo com os funcionrios. S

    tome cuidado para no fazer comque os felizardos precisem acor-

    dar mais cedo ainda para encontr-

    lo. Horrio um fator higinico que

    pode gerar insatisfao, principal-

    mente, se os funcionrios tiverem a

    percepo de que apenas eles esto

    sacrificando suas horas de sono

    para conversar com o presidente.

    Da mesma forma, procure preservar

    os fins de semana como dias de des-

    canso para os empregados. H

    empresas que usam e abusam do

    tempo do funcionrio, como se ele

    no tivesse famlia nem vida fora da

    organizao. Assim, evite marcar

    convenes e eventos que comeam

    no sbado apenas para no

    perder dias de trabalho. Isso d a

    impresso de que o tempo de des-

    canso no importante para a

    empresa e ainda passa a imagem

    de mesquinharia.

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    Vontade do grupo

    Situaes de descontrao, como

    happy hourse churrascos, podem

    se transformar em timos momen-

    tos para ouvir o que os funcion-

    rios tm a falar e tambm para

    notar o quanto esto integrados.

    Entretanto, o grande segredo para

    o sucesso dessas atividades extra-

    expediente reside na no obrigato-

    riedade de participao. Ou seja,

    no tem carto de ponto nem

    qualquer retaliao a quem no

    puder ou no quiser comparecer.

    preciso respeitar o momento de

    vida de cada um dentro da equipe.Alguns se mostram mais dispostos

    a se dedicar integralmente a todas

    as atividades dentro e fora da

    empresa; outros preferem priorizar

    programas que no envolvam a

    empresa; ainda tem aqueles que

    estudam, que moram longe ouque no gostam de cerveja ou

    so vegetarianos.

    Assim, se o comparecimento for

    obrigatrio, perde-se totalmente a

    espontaneidade. Por isso, at

    melhor deixar que os grupos orga-

    nizem suas atividades, sem interfe-

    rncia direta da liderana.

    J ouvi um lder afirmar categori-

    camente que determinado funcio-

    nrio no esteve na Festa de So

    Joo promovida pela empresa por-

    que no queria se integrar. Pode

    ser verdade, mas a afirmao foi,

    no mnimo, leviana.

    Quem tem conhecimento de causa

    para avaliar se uma pessoa est ou

    no integrada so os prprios cole-

    gas de grupo.

    Respeito e valorizao

    Para fortalecer a equipe, absolu-tamente fundamental que se res-

    peite e valorize o indivduo. Isso

    uma responsabilidade que precisa

    ser compartilhada por todos. Deve-

    se buscar o fortalecimento das

    relaes dentro das equipes e

    entre as equipes, respeitando aindividualidade de cada um.

    As boas relaes entre os empre-

    gados estimulam a cooperao,

    palavra-chave que, no final das

    contas, diferencia um simples

    bando de uma grande equipe.

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    Equipe x bando

    Pouco a pouco, medida que os

    exemplos se sucedem, tornam-semais claras as diferenas entre

    grupos que formam equipes e

    grupos que formam bandos.

    Que me perdoem Robinho,

    Ronaldo, Zidane, alguns dos cra-

    ques deste Real Madrid do incio

    do sculo XXI, mas o time notem passado de um bando de

    estrelas em campo. Eles vm mos-

    trando to pouca eficincia, que,

    juntos, j comearam a ofuscar o

    brilho e o talento individual. Os

    comentaristas podem argumentar

    que, comparad