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DIRECTOR: António Sousa Pereira N.º 78, Dezembro de 2007 GD Fabril Barreiro - Kickboxing Marisa Alexandra Pires Campeã Europeia . Agora…o Campeonato do Mundo! Jorge Amaral, treinador do Grupo Desportivo Fabril “As pessoas que estão à frente do clube têm vontade de crescer, de levar este clube para outros patamares, e eu também estou inserido nessa vontade”

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Page 1: GD Fabril Barreiro - Kickboxing - rostos.pt · onde cresceu e tornou-se jogador profissional aos 17 anos. A sua carrei-ra levou-o a vestir a camisola de dois dos chamados “grandes

DIRECTOR: António Sousa PereiraN.º 78, Dezembro de 2007

GD Fabril Barreiro - KickboxingMarisa Alexandra Pires Campeã Europeia

. Agora…o Campeonato do Mundo!

Jorge Amaral, treinador do Grupo Desportivo Fabril

“As pessoas que estão à frente do clube têm vontade de crescer, de levar este clube para outros patamares,e eu também estou inserido nessa vontade”

Page 2: GD Fabril Barreiro - Kickboxing - rostos.pt · onde cresceu e tornou-se jogador profissional aos 17 anos. A sua carrei-ra levou-o a vestir a camisola de dois dos chamados “grandes

Jorge Amaral, treinador do Grupo Desportivo Fabril“As pessoas que estão à frente do clube têmvontade de crescer... estou inserido nessa vontade”Jorge Amaral começou a jogar futebol em pequeno nos bairros em Almada, onde cresceu e tornou-se jogador profissional aos 17 anos. A sua carrei-ra levou-o a vestir a camisola de dois dos chamados “grandes do futebol”, o Sporting e o Benfica, mas as lesões e um acidente de viação, que teve aos 18 anos, acabaram por o “empurrar” mais cedo para fora dos relvados. Aos 34 anos iniciou a sua carreira de trei-nador no Seixal e hoje, com 37 anos, é treinador da equipa sénior de fute-bol do Grupo Desportivo Fabril, uma equipa que apelida de família. E por-que diz ser ambicioso e persistente dá como meta a subida da equipa aos seis primeiros lugares da III Divisão Série F, para poder disputar a subida de divisão.

Como descreve a sua passagem,

enquanto jogador, pelo Sporting e mais tarde, pelo Benfica, os chama-dos “grandes do futebol”?

É um marco muito significativo. O so-nho de qualquer jogador é jogar no Sporting ou no Benfica e eu tive esse privilégio, de poder pertencer a dois grandes clubes portugueses. Inclusi-vamente comecei a minha formação no Sporting, nas camadas jovens.

Uma vez que os seus primeiros “passos” enquanto jogador foram dados no Sporting, foi esse o clube mais marcante na sua carreira en-quanto jogador de futebol?

Sem dúvida. A minha saída para o Benfica, em 94, onde estive uma épo-ca, não foi agradável, esteve relacio-nada com uma determinada situação.

Na altura o Sporting tinha algumas pessoas na direcção que acabaram por deixar um pouco a desejar na sua liderança. E eu também tive uma cer-ta culpa, porque era irreverente e quis sair, não quis continuar no Sporting com aquele presidente.

Como é que explica essa irreverên-cia?

Era irreverente, não só enquanto jo-gador mas também a nível pessoal, agora já estou melhor, como é eviden-te, porque vamos começando a ser mais compreensivos. Mas continuo a seguir os meus princípios. Não deixo de ser assim, nem vou deixar de o ser. E de acreditar que posso ser alguém especial no futebol.

Qual é o balanço que traça em rela-ção à sua carreira, enquanto joga-dor de futebol?

Eu sou optimista e, acima de tudo, ambicioso e penso que poderia ter fei-to muito mais e tinha essa obrigação de ter feito mais do que aquilo que fiz na minha carreira. Infelizmente, e é inevitável, também me posso quei-xar das lesões que tive. Fui operado sete vezes ao joelho, tive um acidente de automóvel aos 18 anos, depois do Campeonato do Mundo, que me ia deixando incapacitado. E custou-me bastante a recuperação, estive muito tempo afastado dos treinos, e penso que não consegui ser nunca mais o mesmo, mesmo depois de ter recupe-rado totalmente.

Enquanto treinador, iniciou a sua carreira no Seixal, na época de 2004/2005, como foi essa primeira experiência enquanto orientador de uma equipa?

Foi uma experiência muito enrique-cedora. Inicialmente fui convidado pelo Seixal para ser jogador mas não aceitei. A última operação tinha de-morado muito tempo a recuperar e tinha receio de continuar a jogar e de poder vir a ter mais alguma lesão gra-ve. Achei que era tempo de parar e de optar por outro caminho e como já tinha o segundo nível de treinador na altura, perguntaram-me se queria ir enquanto treinador e aceitei. Fui para um clube que estava praticamente acabado, mas para mim, para além de ser a primeira experiência enquan-to treinador, foi bom para ter o co-

nhecimento daquilo pelo qual nunca tinha passado, uma realidade que me deu força e a aprendizagem para lidar com pessoas e clubes que têm gran-des dificuldades financeiras, que é a grande maioria dos clubes de futebol em Portugal, principalmente na classe amadora.

Até que ponto é que considera im-portante para um treinador de fu-tebol, já ter estado no outro lado da equipa, enquanto jogador?

Eu não tenho dúvidas nenhumas de que para se ser um bom treinador, tem de se ter sido jogador e isto não é “puxar a brasa à minha sardinha”. É muito importante ser um bom líder, saber falar com os jogadores e sensi-bilizá-los para aquilo que se pretende. Na realidade, o ter vivido no balneá-rio enquanto jogador torna mais fácil perceber o “feedback” dos jogadores, porque como já estivemos no outro lado, sentimos a malandrice ou aqui-lo que é o cansaço dos jogadores. E como treinador de uma equipa ama-dora tenho também de ser sensível e perceber que os jogadores, nos seus empregos, também têm o seu des-gaste, e o meu treino tem de ser sem-pre a pensar neles e naquilo que eles fazem e, às vezes, um bom treino é não treinar.

Disse numa entrevista que os prin-cípios de “organização, disciplina e motivação” são essenciais para se chegar às vitórias. Como é que es-ses princípios têm tido eco na equi-pa do Grupo Desportivo Fabril?

A equipa do Fabril cedo percebeu que é impossível ter sucesso, se não hou-ver organização e se não formos, aci-ma de tudo, competentes e é preciso que consigamos encontrar um meio-termo entre o amadorismo e o pro-fissionalismo, porque apesar de ama-dores, trato os meus jogadores como profissionais. E este meio-termo é ir ao encontro das capacidades dos jo-gadores, daquilo que eles têm para dar à equipa e tentar aproveitar o seu melhor para que a equipa, no seu con-junto, seja uma equipa na verdadeira acepção da palavra. Porque estamos a falar de um desporto colectivo, onde é muito importante o grupo, a amiza-de, a entreajuda, porque na realidade acabam por passar mais tempo uns com os outros, do que com a família. E dentro disto tudo o importante é o

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grupo, é serem uma família e só po-demos ter sucesso assim.É assim que caracteriza a equipa do Fabril, como uma família?

Sim. O Fabril tem um excelente grupo de trabalho, tem jogadores com mui-to carácter, que são amigos uns dos outros, e isso têm-no demonstrado dentro do campo. Os últimos três re-sultados acabaram por ser limitados por erros individuais, que a equipa tem sabido superar, e isso é muito importante para um treinador, saber que os jogadores estão a conseguir superar isso. E independentemente de termos tido três empates, eu estou bastante satisfeito com a prestação da equipa.

Qual é o projecto que traz para o clube?

Como disse há pouco, sou ambicioso e a minha vida tem sido mais ganhar do que perder e assim vou continuar, a atentar que o seja. E tenho esperan-ça de que esta equipa tome um rumo certo em relação aos resultados. Se dermos continuidade ao bom traba-lho, continuando a ser exigente, per-sistente e continuando a acreditar nas nossas capacidades, penso que vamos conseguir chegar aos seis primeiros.E esse é o actual objectivo, chegar

aos seis primeiros da III Divisão Sé-rie F?Sim, depois de estarmos nos seis pri-meiros, tudo pode acontecer e penso que temos capacidades para chegar aos lugares de cima.

O Fabril tem vindo a superar as suas expectativas?

Quando cheguei cá, conhecia mui-to pouco o Fabril. Mas os jogadores surpreenderam-me, o modelo de jogo foi fácil de se desenvolver porque os jogadores acataram muito bem a for-ma de jogar.E o que considera que falta à equi-pa, que ocupa actualmente o 12º lugar?

O que tem faltado à equipa, nos úl-timos tempos, tem sido um pouco a “estrelinha”. É o sofrer um golo aos 95 minutos, que ninguém gosta de sofrer, depois de termos controlado a equipa adversária durante todo o jogo, é o sofrer um golo do meio cam-po. Todas essas coisas são normais de acontecer no futebol, e a nós têm-nos vindo a acontecer, mas vai chegar a altura em que nós também vamos fa-zer golos sem querer. Penso que, ten-do em conta a forma como a equipa encarou esta fase de mudança, vai ser muito complicado ganharem-nos.

E este é um projecto que pretende ficar ligado por muito tempo?

As pessoas que estão à frente do clu-be têm vontade de crescer, de levar este clube para outros patamares e eu também estou inserido nessa vonta-de. E como acredito em mim e nas ca-pacidades desta equipa, acredito que somos capazes de acompanhar essa vontade, para que o Fabril cresça. É evidente que isto não pode passar só por palavras, temos primeiro de ter os resultados, para dar também esta-bilidade à equipa e para que depois esses mesmos resultados possam dar alguma ajuda à Direcção, na recolha de mais patrocínios e apoios. O clube

acaba por estar ligado àquilo que vai ser o crescimento desta equipa e aos resultados que a equipa possa conse-guir no futuro.

E falando no futuro, quais são as suas ambições e aspirações, en-quanto treinador?

A minha ambição leva-me a crer que vou chegar ao patamar mais alto do futebol português, mas neste momen-to estou preocupado em conseguir que o Fabril consiga alcançar os seus objectivos e muito sinceramente, da-quilo que a equipa tem demonstrado

domingo a domingo, temos pratica-do um futebol bonito. Não temos ga-nho mas também não temos perdido e é preciso também olhar um pouco para o que é o futebol na III Divisão. Ainda não encontrei nenhuma equipa de futebol, a não ser o Campinense Clube, que se preocupe em jogar num ataque continuado, com a formação das suas jogadas a vir de trás. Pen-so que com alguma justiça, pois não têm sido justos os últimos resultados, dentro em breve o Fabril irá para os seis primeiros lugares e para disputar a subida de divisão. E é isso que tenho dito aos jogadores, que acreditem, como eu acredito neles. Não deixando nunca de salientar que o resultado é

que conta e que nem sempre é como nós queremos. O futebol traz destas coisas, há as expulsões, as lesões, o mau momento de alguns jogadores. Tudo isto sabemos que acontece du-rante uma época e temos de ter essa noção e de estar preparados para rea-gir a esses momentos menos bons.

Andreia Catarina Lopes

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GD Fabril Barreiro - KickboxingMarisa Alexandra Pires Campeã Europeia. Agora…o Campeonato do Mundo!

No Ginásio do Grupo Desportivo Fa-bril, os mais de 30 atletas que inte-gram a Secção de Kickboxing, lidera-da por Paulo Pires e Paula Pires, com familiares e dirigentes do clube, reu-niram-se para aplaudir e conviver com os três atletas que em representação da Selecção Nacional, participaram no Campeonato Europeu, obtendo resultados poistivos.Nesta prova os atletas do Grupo Des-portivo Fabril, obtiveram um título Europeu – Marisa Alexandra Pires, que trouxe o ouro para o Barreiro e tam-bém um 3º lugar ( Valter Monteiro) e um 4º lugar( Horácio Pires) , classifica-ções que dignificam a Secção de Kick-boxing do Grupo Desportivo Fabril e a cidade do Barreiro.

Quatro títulos nacionaise um Europeu

Marisa Alexandra Pires, 16 anos, na-

tural do Barreiro, atleta da Secção de Kickboxing do Grupo Desportivo Fa-bril sagrou-se Campeã Europeia.Iniciou a sua actividade no Kickboxing com dez anos, no Futebol Clube Bar-reirense, sendo atleta do Grupo Des-portivo Fabril há quatro anos.“Cheguei a este título europeu com a ajuda dos meus Mestres e dos meus colegas que sempre me apoiaram, a

minha família também sempre me ajudou” – sublinha Marisa Pires.

Fiquei um pouco assustadacom a atleta russa

“A prova correu bem. Fiquei um pou-co assustada quando soube que o meu primeiro combate era com uma atleta russa, pois sei que naquele país existe uma grande escola de Kickbo-xing. Mas no final o combate correu-me bem e obtive um bom resultado” – comenta a Campeã Europeia.Marisa Alexandra Pires, esta época sa-grou-se pela quarta vez Campeã Na-cional, título que já tinha conquistado em 2001,2002 e 2003.Marisa Pires integrou este ano, pela primeira vez, a Selecção Nacional de Kickboxing e foi com as cores nacio-nais que, no Algarve, com a partici-pação de algumas dezenas de atletas da Rússia, Croácia e muitos outros pa-

íses, trouxe o ouro para o Barreiro.

Próximo objectivo é o mundial

“Os meus próximos objectivos são trabalhar para alcançar um bom re-sultado no Campeonato do Mundo, que vai decorrer, segundo dizem, nos Estados Unidos, no próximo ano” – sublinha Marisa Alexandra Pires.

A cereja em cima do bolo

Faustino Mestre, Presidente da Direc-ção do Grupo Desportivo Fabril, refere que a conquista deste título europeu, por uma atleta do Grupo Desportivo Fabril – “É a cereja em cima do bolo, dentro do trabalho que esta Secção tem vindo a fazer e dentro daquilo que o clube pretende implementar

nesta casa. Trabalho, trabalho, traba-lho, porque quem trabalha acaba por conseguir sempre alguns resultados. Esta medalha de ouro foi o máximo. Mas digo, se nós não conseguirmos resultados desportivos, pelos menos os resultados sociais estão garantidos. Por isso estamos todos de parabéns”.

Nos Campeonatos Europeus de Kickboxing, a decorrer no Algarve, Marisa Alexandra Pires, atleta júnior, do Grupo Desportivo Fabril do Barreiro sagrou-se Campeã Europeia.“Os meus próximos objectivos são trabalhar para alcançar um bom resultado no Campeonato do Mundo, que vai decorrer, segundo dizem, nos Estados Unidos, no próximo ano” – sublinha Marisa Alexandra Pires.

GIMNOfitAcademia de Ginástica,

Dança & FitnessComplexo Desportivo Alfredo da Silva

Pavilhão Gimnodesportivodo Grupo Desportivo Fabril

Lavradio - BarreiroTel.: 965 261 204

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DIRECTOR: António Sousa PereiraN.º 78, Dezembro de 2007

Manuel Lopes, presidente da Direcção do Futebol Clube Barreirense

Academia de Futebol é o primeiro grande passo para desenvolver a sustentabilidade do clube

Valter Costa, treinador defutebol do “Futebol Clube Barreirense”

A esperança na subida de divisão

IMAGENS DO PROJECTO CEDIDAS POR MATOS ARQUITECTOSwww.freewebs.com/matosarquitectos

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Manuel Lopes, presidente da Direcção do Futebol Clube Barreirense

Academia de Futebol – o primeiro grande passo para desenvolver a sustentabilidade do clube

No decorrer da nossa conversa com Ma-nuel Lopes, sentimos a sua força de von-tade e energia que coloca no desenvolvi-mento de projectos que gerem condições para que a equipa alvirubra mantenha a sua dinâmica e se afirme no futuro.

Os clubes estão desequilibrados

Como está a actual situação do Futebol Clube Barreirense?“O Barreirense está numa situação difícil. É uma situação que vem a atravessar des-de há cinco anos. O problema do Barrei-rense e da generalidade dos clubes, é um problema de insustentabilidade do dia a dia, ou seja, a estrutura dos clubes e da-quilo que os clubes fazem, neste momen-to, é mais que aquilo que têm capacidade para fazer. Financeiramente os clubes perderam re-ceitas (o Barreirense, o Galitos, o Luso, o Fabril), porque a cidade perdeu poder económico. A Câmara Municipal apoia menos, as em-presas apoiam menos, e, de facto, os clu-bes continuam a fazer o mesmo trabalho, a manter o mesmo número de pratican-tes, à conta de balões de oxigénio. No caso do Barreirense foi à custa da ven-da de património, no caso do Fabril foi a bomba de gasolina e as receitas que terá recebido do Barreirense. Mas, tudo isto, são apenas balões de oxi-génio, que, mais cedo ou mais tarde, aca-bam por terminar.O que é certo, é que os clubes no dia a dia

estão desequilibrados. Haverá decisões que, mais cedo ou mais tarde, terão que ser tomadas, passando pelo completo amadorismo, no mínimo, o completo amadorismo das modalidades seniores, para que não se comprometa, até, a própria existência futura dos clu-bes.Este é o principal drama do Barreirense e de outros clubes.”

Equipa com custos mais reduzidos

Que significa o desequilíbrio do Barrei-rense anualmente?“Os resultados estão nos balanços do clu-be. Quando estivemos na Divisão de Hon-ra foi um desequilíbrio na ordem dos 600 mil euros anuais. A época desportiva pas-sada foi na ordem dos 300 mil euros.Esta época, apesar da redução drástica, mesmo drástica, relativamente aos custos do futebol, nós na Assembleia Geral assu-mimos que o desequilíbrio deveria rondar os 100 mil euros. Infelizmente, apesar de, na área de fute-bol, termos feito um orçamento inferior ao que apresentámos aos sócios, a nível dos custos da equipa, fazendo uma equi-pa mais barata ( que alguns sócios colo-cam em dúvida, fazermos uma equipa com os custos que existem), a verdade é que fizemos uma equipa com custos mais reduzidos. Uma equipa que está, agora, a demons-trar o seu valor. Mas, ainda assim, as receitas estão a ser

inferiores àquelas que projectámos, por essa razão, o deficit vai ser superior, dada a quebra de receitas que sentimos desde Agosto para cá ( no Bingo), que é sentida por todos os agentes económicos, porque as dificuldades são acrescidas, quer para os comerciantes, quer para os agentes da construção civil.O Bingo já não é a principal fonte de recei-ta do clube, como já foi, quando significa-va 50 % das receitas. Hoje significa muito menos, porque entrámos na fronteira do prejuízo. Por isso já estamos a negociar a rescisão de contratos.Esperamos que Janeiro possa ser um mês mais equilibrado. Estamos com receios, e, talvez, lá para Fevereiro ou Março, não sei, se não teremos que tomar decisões, para tentarmos o equilíbrio”.

Criação de infra-estruturas

Que medidas estão a ser tomadas para encontrar um caminho de gestão equi-librada?“As medidas que estão a ser tomadas são

ao nível da criação de infra-estruturas, porque pensamos que existem alguns as-pectos relacionados com as infra-estrutu-ras que nos poderão dar receitas.O clube não fabrica dinheiro e tem os seus custos fixos para manter as equipas em competição, no futebol e basquete-bol, apesar dos custos de hoje, ao nível do apoio à formação, serem inferiores ao que eram há doze anos. Hoje, os treinadores do futebol de for-mação ganham menos que ganhavam há doze anos, ainda assim, são custos para os quais o clube não tem suporte.Por isso, temos que tentar que, com a

venda do nosso património, criar infra-estruturas que possam vir a gerar recei-tas, algumas delas no imediato, como é o caso das infra-estruturas que estamos a construir na Telha, na freguesia de Santo André.Já iniciámos a construção, há cerca de uma semana, uma obra que está em gran-de ritmo. Os pisos estão em construção, estamos a fazer drenagens. Estamos a fazer a ve-dação, porque o espaço vai ficar comple-tamente compartimentado, com acesso restrito.”

Uma Academia de Futebol

Que vai nascer na Telha?“Vamos fazer dois campos de futebol de 7, mais dois mini-campos, que servem para dar formação, para jovens da mais tenra idade.Estes campos poderão ser alugados a gru-pos de amigos que queiram fazer os seus peladinhas de bola.Vai ser um espaço com muito boas condi-

ções, que permite dar a formação a jovens dos 4 anos aos 12 anos.Um espaço que vai permitir desenvolver as Escolas de Futebol. As Escolas de com-petição terão ali o seu espaço. Vamos ter balneários para as equipas, para arbitra-gem e treinadores.O espaço vai ficar maravilhoso. Vamos ter espaços de apoio : salas de estudo, espaço internet, uma sala de espera para os pais. Tudo com excelentes condições.”

Terreno cedido pela Câmara

“O terreno foi-nos cedido pela Câmara

. Os clubes no dia a dia estão financeiramente desequilibrados

Manuel Lopes, presidente da Direcção do Futebol Clube Barreirense está a viver de forma emocionada e apaixonada o nascer de um sonho que alimentou durante alguns anos, ou seja, a criação da Academia de Futebol do Barreirense.Numa entrevista ao “Rostos” Manuel Lopes, traça a panorâmica actual do clube, divulga os projectos que estão em desenvol-vimento e expressa as suas preocupações sobre o futuro do clube.

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Municipal do Barreiro, para já em como-dato, no futuro, poderá vir a ser transfor-mado em direito de superfície.Vai nascer naquele espaço uma verdadeira Academia de Futebol, onde vamos formar jovens a partir dos 3 ou 4 anos.Temos em projecto motivar as escolas do Ensino Básico e os ATL’s para utilizarem esta Academia de Futebol, porque nós, na realidade, não iremos ocupar o espaço em pleno horário, dado que as nossas escolas irão funcionar após o período escolar.A nossa aposta é que as escolas, durante a semana, ocupem aquele espaço, que tem muita qualidade: os campos vão ser todos relvados sintético e natural.No nosso projecto, esperamos realizar, ali, Torneios, não só no período em que não há competições e formação, mas, ao lon-go da época desportiva. Nesse sentido, vamos organizar torneios inter-empresas, do Barreiro e arredores, como já organizámos no Estádio Manuel de Melo, com grande êxito e como gran-des fontes de receitas para o clube.Será possível promover encontros de es-colas do concelho, do distrito, por essa razão, pensamos que, com o aluguer do espaço, com as actividades que vamos promover, esta Academia será uma infra-estrutura muito importante, para além de permitir desenvolver uma formação des-portiva e humana, com boas condições.Esta é uma infra-estrutura para o clube mas, também, pode ser disponibilizada à comunidade, que todos possam dela usufruir, proporcionando àqueles que, actualmente, vão para o Pinhal Novo ou Sarilhos, puderem utilizar esta infra-estru-

tura, que a partir de agora vai existir no concelho do Barreiro.A verdade, é que, até agora, não existe nada no concelho do Barreiro, que possa ser utilizado desta forma.Ali, por exemplo, podem ser realizadas festas das empresas, porque há um espa-ço que permite, que após a prática do fu-tebol, possam realizar-se convívios e uma zona que permite ao pessoal petiscar.Não sei se, no país, neste momento, há algum clube com estas condições, com um espaço com esta dinâmica e compar-timentação, permitindo a formação dos jovens dos 3 aos 13 anos. Não esquecendo que este é um espaço inserido no núcleo urbano do concelho, com transportes públicos e com escolas na proximidade.”

Em Janeiro já estamos a arrancar

Quando se prevê o arranque desta Aca-demia de Futebol?“Penso que durante o mês de Dezembro, já teremos os campos para iniciar activida-des, mas, em Janeiro, já teremos os balne-ários e estará tudo concluído. O prazo máximo de construção serão dois meses.Em Janeiro já estamos a arrancar com a formação na Academia de Futebol do Bar-reirense.Estamos a trabalhar intensamente, e, por nossa vontade esta obra já estava feita, mas houve a necessidade de aprovar pro-jectos. Acho que aprovamos todos os projectos em tempo record, a Câmara deu todo o

contributo, com um grande empenho de toda a gente. Toda a gente colaborou, por exemplo, os projectistas que trabalharam praticamen-te à borla.A construção envolveu diversos projectos, desde água, esgotos, iluminação, arqui-tectura, acessibilidades, segurança, foram todos concretizados em tempo record, deve ser caso único.Este, penso, é o primeiro grande passo para desenvolver a sustentabilidade do clube.”

Obra ronda os 350 mil euros

Manuel Lopes, salientou que para desen-volver o projecto anda numa “roda viva” a estabelecer contactos com empresas, so-licitando apoios para as obras, dado que os custos da nova Academia de Futebol deverá rondar os 350 mil euros.“Todos os dias temos uma ou duas reu-niões com empresas, para obter apoios. Ainda não houve uma única onde fosse-mos que tivesse recusado dar o seu apoio. Até agora toda a gente deu a sua colabo-ração.Esperamos com estes apoios reduzir os custos que o clube tem que suportar. O nosso objectivo é atingir apoios na ordem dos 100 a 140 mil euros.” – referiu Ma-nuel Lopes.

Na próxima época na Verderena

“Na Verderena estamos um pouco na ex-pectativa na resolução de alguns proble-mas. Alguns aspectos não dependem de nós, porque estão relacionados com o al-vará de loteamento, donde irá sair o lote para a construção do Estádio.Para já vai arrancar o Estádio. Há um es-paço que poderá fazer surgir o Pavilhão, no entanto, há possibilidades de procurar outro espaço para o Pavilhão de forma que, aquela zona, fique mais amplo.O Pavilhão é um projecto que o clube terá algum dinheiro disponível mas deve ser objecto de uma candidatura, com apoios do município e do Governo.Penso, que lá para os finais de Janeiro ou Fevereiro o alvará poderá ser emitido. Após a conclusão das obras da Academia de Futebol iremos pegar no projecto da Verderena, para estarmos preparados, logo que seja emitido o alvará.Penso que, sendo pessimista, o arranque da obra do Estádio da Verderena, será possível em Abril.Se tudo correr bem, na próxima época já estamos na Verderena. Esse é o nosso ob-jectivo.” – referiu o presidente da Direcção do Futebol Clube Barreirense.

Uma área de 2 milhões e euros

Com todos estes projectos que vão criar condições ao desenvolvimento do clube, no século XXI. Como encara o futuro próximo do Futebol Clube Bar-reirense?“O clube passa a ter excelentes infra-es-truturas, mas continua a ter insuficientes meios financeiros. Esse é que é o grande drama do clube.Nós estamos a tentar precaver essa situ-ação, desde o início quando vendemos o nosso património, dado que ficámos com uma área construída. Em termos contra-

tuais ficámos com uma área de 2 milhões e euros, em área construída, na zona que vai nascer no futuro, do actual Estádio Manuel de Melo.O Barreirense vai ficar nessa área, com escritórios, espaço comercial e garagens para aluguer, que poderão gerar receitas para o clube, na ordem dos 100 ou 120 mil euros de receitas por ano. Mas, estas, são receitas que poderão manter o clube face ás despesas que tem actualmente, não será mais do que isso. O meu receio é que o Bingo passe a dar zero. Estou muito apreensivo. Se o Bingo se mantiver, nos valores do começo deste ano, existem condições para que o clube viva equilibrado, mas, no patamar de des-pesa actual e com os apoios que recebe, da autarquia e empresários.A Academia de Futebol pode criar condi-ções para que o futebol de formação seja autosustentável.As receitas das equipas seniores são quase nulas, as receitas dos jogos nem pagam as despesas.Apoios municipais, na área do futebol, também não temos.Estamos, também, dependentes das di-nâmicas económicas da cidade, porque os clubes são um reflexo das riquezas das cidades.Sinceramente, vejo o futuro com muita apreensão, porque os indicadores que te-mos, dos últimos cinco anos, são de que-bra contínua, daí algumas opções radicais que já tomámos este ano e, para o ano que em, seja quem for que esteja no Bar-reirense, terá que tomar outras opções, avaliando a situação.”

O meu ciclo termina

Não vai candidatar-se no próximo ano?“Penso que o meu ciclo termina com a conclusão destas infra-estruturas. Foram doze anos e meio de entrega ao clube, de abdicar de uma vida pessoal, de abando-nar as empresas de que sou sócio. Penso que dei o meu contributo ao clube, dei o meu contributo para a sociedade em ge-ral, porque este clube é uma instituição da cidade, que presta um serviço aos cida-dãos do Barreiro.O que me custa um bocado é que aquilo que foi conseguido em dois anos, de cons-trução destas infra-estruturas, arrastou-se por seis ou sete anos e vai demorar-se mais tempo a atingir o objectivo de uma gestão equilibrada.Todos sabemos que o país entrou em quebra há cinco seis anos para cá e isso trouxe dificuldades acrescidas, porque retirou-nos capacidade para resolvermos os nossos problemas.”

700 praticantes desportivos

De sublinhar que no Futebol Clube Barrei-rense, actualmente, são 700 os pratican-tes de desporto, em diversas modalidades – Futebol, Basquetebol, Ginástica, Kock-boxing e Xadrez.Segundo Manuel Lopes a criação da Aca-demia de Futebol irá contribuir para um aumento de mais cerca de 200 novos pra-ticantes. O FCB conta com cerca de 3800 associados.

António Sousa Pereira

IMAGENS DO PROJECTO CEDIDAS POR MATOS ARQUITECTOSwww.freewebs.com/matosarquitectos

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Foi “sentindo a camisola” alvi-rubra que Val-ter Costa assumiu o comando da equipa do “Futebol Clube Barreirense” a 10 jogos do fi-nal do campeonato, na época passada. Ex-jo-gador do Barreirense, sublinha a importância de se estar preparado para assumir a equipa em qualquer momento que esta atravesse, seja ele bom ou mau. Quando chegou para orientar o Barreirense trouxe ao plantel uma esperança, a tal que não finda. E hoje aponta como objectivo a subida à II Divisão.

- O presidente Manuel Lopes, considerou-o como um “técnico rigoroso e disciplina-do”, tendo o plantel do Barreirense uma média de idades de 22 anos, é difícil impor essa disciplina?

Não, é mais difícil em termos de trabalho, porque são jogadores menos experientes e que, por vezes, lhes custa mais a entender o que queremos para a equipa, em termos tác-ticos e de estratégia, especialmente neste ano em que há muitos jogadores no seu primeiro ano de seniores. Mas em termos de discipli-na, impõe-se tanto nos mais novos, como nos mais velhos. Normalmente tenho sempre uma facilidade em impor-me nesse aspecto da disciplina, sou rigoroso e disciplinador mas sempre na base do diálogo e da compreensão e sempre criando bom ambiente entre os jo-gadores.

Quais as características que considera es-senciais para que uma equipa possa vencer os objectivos a que se propõe?

A primeira é ter bons jogadores, depois tem

de ter boas condições de trabalho e ser uma equipa aplicada e rigorosa que respeite tudo o que é transmitido durante a semana, para que no domingo as coisas possam surtir efei-to.

- Recentemente foi punido pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol com um mês de suspensão. Sofre-se mais assistindo aos jogos da bancada?

Sofremos tanto na bancada como no banco, só que é mais complicado porque estamos mais longe dos jogadores, temos menos pri-vacidade e a comunicação torna-se mais difí-cil. E esta equipa do Barreirense, que é uma equipa muito jovem, necessita, naturalmente, do seu treinador mais perto. O grande problema para mim no castigo, e penso que para todos os treinadores que se contêm muito e evitam por vezes falar quan-do têm razão, é precisamente por terem de

estar fora do banco, onde há mais dificulda-des em comunicar e, numa equipa como a nossa, o clube pode ser prejudicado por isso.

- A equipa acabou de ser eliminada da Taça de Portugal, o que é que acha que explica a derrota, terá sido a mudança de estratégia ou foi uma situação de jogo?

Foi uma situação de jogo, natural. Nós não alterámos o nosso sistema, mantivemo-lo, só com a alteração de dois jogadores, do Filipe Muendo pelo André Silva e o que aconteceu foi que sofremos três golos muito cedo. Se tivéssemos conseguido marcar nos primeiros quinze minutos e segurássemos o resultado, as coisas teriam sido muito mais complicadas para o Desportivo das Aves. Tivemos uma boa reacção na segunda parte, chegámos aos 3 a 2 mas depois realmente não tivemos capacidade para dar a volta ao resultado e o nosso adversário, com uma equipa, neste momento, melhor do que a do Barreirense, com jogadores mais experientes, acabou por matar o jogo com o 4 a 2. Mas penso que foi uma boa experiência para a nossa equipa e penso que com mais um bocadinho de con-centração talvez tivéssemos dificultado mais a eliminatória.

- Com esse afastamento como ficou o espí-rito da equipa?

Repare, já estávamos na terceira eliminatória, já tínhamos eliminado duas equipas e este jogo era para que estes jogadores, que são

novos, pudessem ter a experiência de jogar com uma equipa mais competitiva e mais ex-periente. E apesar de, em termos de resulta-do, as coisas não terem corrido bem, tivemos períodos de jogo em que demonstrámos real-mente a nossa capacidade, jogámos de igual para igual, de “peito aberto” e, nesse aspec-to, a equipa mantém-se como tem estado no campeonato, num acrescento de forma. Penso que podemos aparecer no campeonato mais fortes, já na próxima jornada.

- O Barreirense ocupa o sexto lugar do Campeonato da III Divisão Série F, como faz o balanço desta prestação?

É positiva. O Barreirense como clube, nesta terceira divisão em que está incluído, é de longe o melhor clube, com o melhor currícu-lo e historial. Mas este ano o clube fez uma aposta na contenção, vamos ficar sem o nos-so local de treinos, vamos fazer um espaço novo para o Barreirense poder, no futuro, evoluir. E apostámos em muita gente jovem, o que tem dado algum trabalho na constru-ção dessa equipa, mas penso que o Barreiren-se desde o primeiro jogo do campeonato tem demonstrado alguma supremacia em relação aos seus adversários. Não tem tido muita sor-te nos resultados mas, nas últimas jornadas, a equipa “encarreirou” em termos de finaliza-ção e tem vindo numa senda de bons resul-tados. E considero que poderá efectivamente entrar nos seis primeiros lugares e discutir a

subida à II Divisão.

- Os objectivos para esta época passam en-tão por essa subida?

Apesar de o “Barreirense” estar a pensar o seu futuro, fazendo uma contenção de termo, nós temos de pensar sempre positivamente. Tínhamos um plantel muito curto e com al-guns desequilíbrios mas pelas indicações que a equipa me tem dado não tenho dúvidas de que vamos tentar ser uma equipa candidata à subida de divisão.

- Qual é a mensagem que deixa para os adeptos?

A direcção do Barreirense teve o cuidado de explicar qual era o caminho a seguir e por isso os adeptos do Barreirense estão conscientes da realidade do clube mas têm sempre uma esperança muito grande no seu grupo de tra-balho. Tenho sentido o apoio incondicional dos sócios. Naturalmente que no domingo es-tavam com uma grande expectativa e ficaram um pouco decepcionados mas, de qualquer maneira, vão acreditar no que se está a fazer e vão continuar a dar o seu apoio e penso que com o apoio dos sócios vamos conseguir alcançar os nossos objectivos, que é efectiva-mente tentar a subida de divisão.

Andreia Catarina Lopes

RegistosDezembro 2007 [4]

Valter Costa, treinador de futeboldo “Futebol Clube Barreirense”A esperança na subida de divisão

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