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PRAIA GRANDE/SP • 24 A 26 DE JULHO DE 2013 TEMAS PARA O DEBATE 7. º CONGRESSO FORÇA SINDICAL GARANTIR CONQUISTAS, MAIS EMPREGOS, DIREITOS E CIDADANIA! TEMAS PARA O DEBATE

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PRAIA GRANDE/SP • 24 A 26 DE JULHO DE 2013

TEMAS PARAO DEBATE

7.º CONGRESSOFORÇA SINDICAL

GARANTIR CONQUISTAS, MAISEMPREGOS, DIREITOS E CIDADANIA!

TEMAS PARAO DEBATE

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Crise econômica internacional eo colapso do neoliberalismo 3

Economias emergentes, dinamismoeconômico e multipolaridade 4

O debate estratégico sobre osrumos do desenvolvimento brasileiro 5

Lutar para mudar apolítica econômica 8

Desindustrialização e dificuldadespara o crescimento robusto da economia 10

Concluir a transição parauma nova política econômica 11

Governos Lula e Dilma eo diálogo social: um balanço 14

Recuperar o protagonismo doMinistério do Trabalho e Emprego 17

O combate às práticas antissindicais 19

A batalha pela Pauta Trabalhista 21

A Agenda do Trabalho Decente 22

A unidade dos trabalhadores é um elemento positivo e que deve avançar 23

Força Sindical, balanço organizativo e político 26

Sumário

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Crise econômica internacional eo colapso do neoliberalismo1. A cada dia é mais evidente a dicotomia estabelecida na eco-

nomia mundial: o centro do capitalismo (EUA, Europa eJapão) enfrenta a maior turbulência desde a grande depressãode 1929, trajetória que não é compartilhada por parcela jásignificativa da economia mundial – a dos chamados paísesemergentes –, que tem demonstrado capacidade de manteríndices positivos de crescimento mesmo num quadro mundialde desaquecimento da atividade econômica.

2. Entretanto, o capitalismo enfrenta uma crise de largoespectro. À crise americana de 2008, conhecida como a crisedos subprimes, soma-se a atual crise da dívida soberanaconjugada com uma grave crise bancária em países da UniãoEuropeia. A crise financeira se converteu em crise fiscal –inevitavelmente se iniciam com a insolvência do setorprivado, se convertem em déficit, dívida pública e crise dosetor público – e, nessa qualidade, com a recessão, vemconsumindo empregos e proteção social, aumentando apobreza e a desigualdade e gerando insegurança.

3. A crise nas economias centrais explicita o colapso dosparadigmas econômico-financeiros propagados à exaustãonas últimas décadas, atrelados à concepção de que omercado havia se transformado no princípio dominante deorganização da economia, forçando a retração da função doEstado, o chamado neoliberalismo.

4. Porém, o fato é que, na crise que se estende desde 2008,sem a ação do Estado para acudir os bancos, direcionandouma verdadeira enxurrada de trilhões de dólares públicospara garantir liquidez aos mercados, o sistema financeiroamericano e europeu teria praticamente desaparecido.

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5. O fracasso das reformas neoliberais (desestatização, privati-zações, ampla liberdade de movimentação de capitais, privi-légios ao capital especulativo, flexibilização da legislaçãotrabalhista e precarização das relações de trabalho, desmontedas redes de proteção social, a ideologia do “Estado mínimo”)ficou evidente na medida em que os países que as adotaram –especialmente da América Latina, os que mais se submeteramao Consenso de Washington – apresentaram baixas taxas decrescimento, aumento da vulnerabilidade externa, maiorconcentração de renda e riqueza e centralização dos capitais embenefício do setor financeiro.

Economias emergentes, dinamismoeconômico e multipolaridade6. Não é por acaso que os países emergentes que obtiveram

maior êxito nas suas estratégias de desenvolvimento econô-mico e social foram aqueles que abandonaram o receituárioneoliberal e afirmaram políticas macroeconômicas alterna-tivas, vide a relativa facilidade com que alguns deles, comoo Brasil, contornaram a primeira grande onda de choque dacrise financeira, em 2008.

7. A crise nos países capitalistas centrais não dá sinais de reversãono curto prazo e promete ser longa. Após meia década de crisefinanceira os governos não avançaram na implementação demedidas de controle e supervisão (controles de capitais e/ou detaxação dos fluxos financeiros, dentre outras) visando inibir osexcessos especulativos e a hipertrofia dos sistemas financeirosde forma a impedir a repetição de surtos destrutivos comaltíssimos custos sociais e econômicos. Ao contrário, ficarammantidos ou quase inalterados os mecanismos da especulaçãofinanceira e fortalecidos os agentes financeiros pelos própriosprogramas de apoio e políticas de salvamento patrocinadaspelos Estados nacionais.

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8. É evidente que, numa economia mundializada, o prolonga-mento da crise no centro do capitalismo terminará contagi-ando, como já ocorre, as economias dos países emergentes.A liquidez do dólar e do euro, utilizada como estratégia paradar mais competitividade aos seus produtos de exportação etentar resolver os problemas de crescimento das economias,valoriza as demais moedas. Há, ainda, o impacto natural dadesaceleração do comércio e da volatilidade dos fluxos finan-ceiros internacionais.

9. O desaquecimento da economia mundial reduz o preço dascommodities, o que, combinado à superoferta de bens manu-faturados, especialmente da China, restringe a capacidade deeconomias, como a brasileira, de alcançar índices de cresci-mento mais robustos e sustentáveis.

10. Parece claro que a crise atual consolida o caráter multipolar daeconomia mundial: as economias centrais (EUA, Europa eJapão) já não conseguem impor sua liderança; a China e osdemais países emergentes, que assumiram importante papel depolo de dinamismo econômico, ainda estão distantes de exercerum papel de maior coordenação no plano internacional.

11. A multipolaridade, associada à prevalência de ações unila-terais das economias centrais para o enfrentamento da criseeconômico-financeira internacional, o protecionismo e aimprobabilidade de construção de um acordo global anticriseno âmbito do FMI e do G-20, indicam a necessidade impe-riosa de o Brasil, assim como os demais países em desenvol-vimento, recuperar o papel do Estado enquanto indutor daspolíticas de desenvolvimento econômico e social.

O debate estratégico sobre os rumosdo desenvolvimento brasileiro12. Nos últimos anos, o movimento sindical tem empreendido

um esforço unitário e democrático no sentido de tratar, com

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a devida importância, do debate estratégico sobre os rumosdo desenvolvimento brasileiro e da construção de umaagenda pelo desenvolvimento, cuja iniciativa mais marcantefoi a realização, em 2010, da Conferência Nacional da ClasseTrabalhadora (Estádio do Pacaembu, São Paulo-SP), queaprovou a Agenda para um Projeto Nacional de Desenvol-vimento com Soberania, Democracia e Valorização do Traba-lho, por meio da qual os trabalhadores apresentaram àsociedade, aos partidos e aos candidatos a presidente daRepública, suas propostas visando interferir no debate polí-tico e eleitoral.

13. O movimento busca reforçar a concepção de que, face aosavanços registrados nos indicadores econômicos e sociais doPaís, é possível e necessário combinar, cada vez mais,crescimento econômico com desenvolvimento social, objetivoque demanda a construção de uma ampla frente de atoressociais e políticos capaz de suplantar a atual políticaeconômica, fortemente atrelada aos interesses poderosos dosistema financeiro e dos rentistas.

14. Para se ter a dimensão real do vulto desta tarefa basta refletirsobre a informação oficial de que o governo federal, em2012, gastou 155 bilhões de reais com o pagamento de jurosda dívida interna, 3,2% do PIB brasileiro do período, umaverdadeira montanha de dinheiro que é desviado do investi-mento produtivo para os bancos, quantia correspondente aodobro dos gastos com saúde pública e ao triplo dos gastoscom educação.

15. Aos bilhões da conta de juros de 2012 somam-se muitosoutros bilhões dos anos anteriores, pois, afinal, o objetivocentral da política econômica brasileira, consubstanciada no“tripé” câmbio flutuante, meta de inflação e superávitprimário, permanece inalterado desde, pelo menos, meados

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da década de 90 do século passado, apesar das reiteradasmanifestações populares favoráveis a mudanças na orien-tação da economia em favor da distribuição da renda, docombate à pobreza, da viabilização da infraestrutura necessá-ria ao desenvolvimento nacional e social, da geração de em-pregos de qualidade para todos. Ou seja, nem mesmo avitória de Lula em duas eleições presidenciais, seguida daeleição da presidenta Dilma e o realinhamento político emtorno do PT, foram capazes de desarticular os interesses e asposições do rentismo e do financismo no Estado brasileiro.

16. A vigência do “tripé” expõe o mecanismo concentrador daatual política econômica. Para fazer frente às despesas comjuros elevados é necessário, por um lado, ampliar a arre-cadação de impostos e, por outro, comprimir as despesascom custeio da máquina estatal, com pagamento defuncionários públicos, com educação, saúde, outras políticassociais e investimentos em infraestrutura, penalizando dupla-mente os mais pobres e os trabalhadores.

17. Durante muitos anos, a manutenção das taxas básicas de jurosem patamares elevados condicionou, de forma importante, odesempenho econômico pela via das restrições ao crédito paraconsumidores e empresas e pelo impacto na dívida pública, eno câmbio, que permanece valorizado por conta da pressãoexercida pela entrada de dólares de investidores do exterior, oque complica as exportações de manufaturados brasileiros eviabiliza a invasão do mercado interno por uma ampla gamade manufaturados importados, caldo de cultura altamentenocivo à indústria e ao emprego nacionais.

18. É fundamental recuperar plenamente o papel do Estadocomo indutor de um novo ciclo de desenvolvimento do País,com capacidade de mobilizar os recursos econômicos, polí-ticos e sociais para a retomada do investimento produtivo,

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superar os gargalos na infraestrutura, explorar as possibi-lidades de ampliação do mercado interno pela indústrianacional e intensificar a produção de recursos naturais e agrí-colas, caminho adequado para conferir autonomia e dina-mismo à economia brasileira, manter o emprego elevado,ampliar a geração e melhorar a distribuição da renda, destinarmais recursos como forma de superar a negligência históricada oferta de serviços públicos essenciais de qualidade (saúde,educação, saneamento, habitação popular, urbanização etc),dar mais efetividade às políticas sociais (assistência social erenda mínima, dentre outros), assim como para alavancar oprocesso de inovação tecnológica vital para a competitividadedo produto nacional.

Lutar para mudar a política econômica19. A verdade é que o maior crescimento econômico e as conquis-

tas no campo da distribuição de renda verificadas a partir daeleição do presidente Lula atenuaram – mas não suplantaram– a perversa lógica concentradora, o que exige do movimentosindical uma renovada disposição de seguir lutando por umanova política econômica orientada ao crescimento sustentávele ao desenvolvimento social com valorização do trabalho.

20. No segundo semestre de 2011, com a agudização da criseinternacional, marcada pela crise da dívida na Zona do Euro,pela redução do ritmo da atividade econômica na China,pelos claros sinais de desaquecimento da atividade e pelaredução da participação da indústria no produto nacional, ogoverno federal adotou uma série de medidas visandoincentivar a produção e o consumo internos.

21. A partir de agosto de 2011 o Copom operou a primeira deuma série de reduções da taxa de juros básica, a Selic, medidaacompanhada da determinação aos bancos oficiais federais

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(Banco do Brasil, CEF, Banco do Nordeste etc.) para cortarsuas taxas de juros e ampliar a oferta de crédito, no âmbitode uma estratégia de, por meio da concorrência interban-cária, promover uma redução generalizada dos elevadosspreads praticados pelos bancos privados nacionais.

22. Na sequência, e já na perspectiva de uma redução maisacentuada na taxa básica de juros, vieram as mudanças naremuneração das cadernetas de poupança, o anúncio deincentivos à indústria (desoneração da folha de pagamentos,corte dos impostos, taxas e contribuições federais, a reduçãodas tarifas de energia elétrica, que se somaram à redução doIPI para automóveis produzidos no Brasil e de produtos da“linha branca” adotadas anos atrás) e as propostas para umanova política industrial, tecnológica e de comércio exterior,o Plano Brasil Maior, todas apoiadas pelos Sindicatos namedida em que apontam para a retomada do crescimento daeconomia e a valorização do parque produtivo e do empregonacional.

23. Não demorou para que o inconformismo dos bancos e dorentismo se manifestasse. Como sempre, a agitação concentra-se no perigo de uma escalada inflacionária e do endividamentoe a inadimplência das famílias face à redução dos juros e àsfacilidades de acesso ao crédito. Em outra frente, é cada diamais incisivo o movimento promovido pelo rentismo, emaliança a certos interesses empresariais do setor industrial, deassociar a baixa capacidade de competição internacional daindústria brasileira aos custos crescentes com saláriosreajustados acima da inflação e a necessidade de uma reformatrabalhista orientada ao corte de direitos dos trabalhadores,retomando a agenda regressiva do chamado “Custo Brasil”,hoje claramente capitaneada pela Confederação Nacional daIndústria e suas “101 propostas de modernização na legislaçãotrabalhista”.

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Desindustrialização e dificuldadespara o crescimento robusto da economia24. Após certa passividade frente à perigosa redução da taxa de

crescimento e ao fenômeno da desindustrialização, o governodecidiu agir com base num programa que atende parcial-mente as demandas dos trabalhadores e do empresariado. Ataxa de juros básica (Selic) caiu de 12,25% para 7,25% aoano, e o juro real (descontada a inflação) é de aproxima-damente 1,75%, a menor taxa da história.

25. Aqui cabe um parêntese: desde o ano de 2011, com arealização do seminário Brasil do Diálogo, da Produção e doEmprego, a Força Sindical, a CUT e a Fiesp têm atuado nosentindo de construir consensos em torno de temas relacio-nados à política de desenvolvimento e política industrial.Desta ação pioneira, que gerou uma série de propostas quepermanecem contemporâneas e necessárias, avançamos paraa realização dos grandes atos públicos do movimento “Gritode Alerta”, no primeiro semestre de 2012, estendendo aunidade de ação às demais Centrais Sindicais reconhecidas ea outras organizações do patronato, como é o caso daAbimaq e Federações das Indústrias de outros Estados daFederação. O grande mérito deste movimento foi colocar naordem do dia a questão da desindustrialização e instar ogoverno a adotar medidas para combatê-la, o que, de umaforma ou de outra, acabou ocorrendo.

26. Porém, as medidas de incentivo aprovadas pelo governo nãotêm surtido o efeito esperado. Muitos analistas sugerem queseu alcance têm servido principalmente ao propósito deevitar um desaquecimento mais acentuado da economia,com impactos restritos na retomada mais consistente docrescimento e na recuperação da participação da indústriano produto nacional. Em 2012 a produção industrial retraiu2,7%, e nada indica que irá recuperar-se no início de 2013.

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Se o incremento PIB de 2011 foi chamado de “pibinho” aocravar os 2,7%, o que dizer do de 2012, que baixou para0,9%?

27. Para os trabalhadores, a redução da taxa de juros, o estabele-cimento de uma taxa de câmbio apropriada à competi-tividade do produto nacional, a ampliação da oferta decrédito e o aprofundamento das medidas de política indus-trial são medidas que devem ser encaradas como uma janelade oportunidade para que o País caminhe no rumo da mu-dança do modelo econômico, de forma a garantir cresci-mento significativo e sustentável no médio e longo prazos,cenário apropriado, devido à proximidade do pleno emprego,para dar maior efetividade à luta sindical, incorporar osbenefícios do desenvolvimento e ampliar o rol de conquistastrabalhistas.

28. A experiência da trajetória brasileira nas últimas três décadas,que combinou momentos de crise e de baixo crescimento,indica que não é mais possível insistir nos modelos baseadosna concentração brutal da renda, no arrocho salarial, nadesregulamentação e precarização do mercado de trabalho,na informalidade, na rotatividade da mão de obra e nareduzida participação dos salários na renda nacional.Tampouco é sustentável a manutenção dos atuais patamaresde remessa de poupança interna para o exterior a título depagamento dos manufaturados importados.

Concluir a transição para uma nova política econômica29. É interesse dos trabalhadores que o País conclua a transição

para uma nova política econômica orientada ao desenvol-vimento, tarefa obstaculizada pela oposição do rentismo edo financismo, que contam com posições importantes nasociedade, no governo e na sua base aliada. A disputa sobre

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a orientação da política econômica é um elemento que gerainstabilidade e atua diretamente na decisão de investimentodo setor produtivo privado, sem a qual a recuperaçãoeconômica continuará patinando.

30. Há espaço, e a conjuntura é favorável à continuidade do pro-cesso de corte nas taxas de juros básicas (Selic) para buscarconvergência com as taxas internacionais, e uma desvalo-rização competitiva do câmbio. Para tanto, é vital desmo-bilizar o circuito da especulação financeira, incentivar apoupança interna e reduzir as provisões para o pagamento dadívida pública, o que implica em reduzir as metas de supe-rávit primário.

31. Pari passu às medidas acima descritas, destacamos provi-dências fundamentais que devem ser adotadas para viabilizaruma política desenvolvimentista:

• As políticas fiscal e monetária devem estar subordinadasao objetivo do pleno emprego. Ou seja: além da meta deinflação, o Banco Central deverá ter metas de crescimentoeconômico e taxa de emprego;

• Democratizar o Conselho Monetário Nacional e o Comitêde Política Monetária, garantindo a participação de repre-sentação dos trabalhadores nas instâncias de deliberaçãosobre política econômica;

• Condicionar a ampliação dos aportes ao BNDES aoredirecionamento de suas ações de fomento ao inves-timento e recuperação da capacidade produtiva domés-tica, aos grandes projetos de infraestrutura e à ampliaçãoda participação da indústria no produto nacional. É deconhecimento geral que o BNDES foi largamente utilizadocomo financiador do processo de privatização e, maisrecentemente, dos processos de fusões e aquisições visandoconsolidar grandes grupos de capital, papéis estranhos às

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funções de banco de fomento ao desenvolvimento econô-mico e social. É fundamental ampliar o financiamento doBNDES e dos demais bancos públicos às empresas depequeno e médio portes, medida fundamental à demo-cratização da economia e à geração de empregos;

• A reforma tributária orientada à promoção do crescimentoe distribuição da renda. Com base no princípio da progressi-vidade (quem tem/ganha mais paga mais), deverá incidirespecialmente sobre a propriedade, lucros e ganhos decapital, grandes fortunas e heranças. Atualização perma-nente da tabela do IRPF, aumentando a faixa de isenção.Diminuir o número de impostos e sua complexidade, epromover a isonomia fiscal entre setores, Estados, regiões eprodutos nacionais e importados. Com o objetivo de revi-talizar o investimento produtivo interno, utilizar o IPI comoinstrumento de política industrial, aprimorar a tributaçãosobre a remessa de lucros ao exterior e os mecanismos tribu-tários de controle de circulação do capital. Completar adesoneração total dos impostos sobre os produtos da cestabásica, como no caso do ICMS.

• Aprofundar o processo de diversificação das parceriascomerciais do Brasil no exterior, o processo de integraçãoregional pela via do Mercosul e a aliança estratégica comos Brics.

32. A extensão das desonerações à contribuição patronal para aPrevidência Social é motivo de crescente preocupação. Comoé do conhecimento geral, a contribuição de 20% sobre ossalários foi substituída por um novo tributo, a incidir sobreo faturamento das empresas, cujo objetivo é reduzir o valordo pagamento da contribuição previdenciária. Aí entra aquestão: até dias atrás estávamos submetidos à verdadeirahisteria de setores políticos, empresariais e governamentais

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sobre os riscos de quebra da Previdência frente aos sucessivosdéficits. A solução encontrada para evitar tal situação foi acriação, no governo FHC, do Fator Previdenciário, para, porintermédio da redução sistemática de benefícios, manter oequilíbrio das contas da Previdência Social, política mantidanos governos Lula e Dilma (Lula, inclusive, vetou a extinçãodo Fator aprovada pelo Congresso Nacional em 2010). Ora, seé possível reduzir a contribuição patronal, por que não éviável extinguir o Fator Previdenciário?

Governos Lula e Dilma eo diálogo social: um balanço33. É inegável que, nos últimos dez anos, ocorreram mudanças

positivas que levaram à melhoria das condições econômicasdo País, com a redução do desemprego e melhores salários,com o aumento da formalização dos contratos de trabalho,com a extensão dos programas e da assistência social doEstado a camadas mais amplas do povo, especialmente aosmais pobres, e uma ainda pequena, porém importante,redistribuição da renda, fruto por um lado da eficiência dosprogramas de renda mínima e, por outro, da luta dos traba-lhadores, dos seus Sindicatos e das Centrais Sindicais, queconquistaram uma política de recuperação do salário mínimoe Convenções e Acordos Coletivos que garantiram aumentosreais dos salários, o que incrementou a massa salarial.

34. Nos dois mandatos do presidente Lula impulsionou-se deforma apropriada e consistente o diálogo social no âmbitodas relações de trabalho: as Centrais Sindicais foram reconhe-cidas e instalou-se um amplo e democrático processo deconsultas e negociações com os trabalhadores em torno deum extenso rol de reivindicações sindicais, que ficouconhecida como Pauta Trabalhista. A participação direta do

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presidente da República nas negociações, para além dequestões de estilo de governança, demonstrou a importânciadada pelo mais alto mandatário do País em assentar asdecisões relativas ao mundo do trabalho em negociaçõesabertas e democráticas.

35. Porém, é necessário que se diga que avançamos pouco nainstitucionalização de novas conquistas para os trabalhadores.Ao olharmos a legislação do trabalho, instituída lá nos anos 40do século passado perguntamos: frente à intensificação daprecarização das condições de trabalho verificadas nas últimasdécadas, quais as medidas de ampliação dos direitos egarantias aos trabalhadores e à organização sindical que foramincorporadas à CLT nos dez anos de governo Lula e Dilma?Excetuando-se as recentes alterações na legislação específicado trabalho doméstico, a resposta é nenhuma! Há, portanto,um enorme passivo relacionado aos direitos dos trabalhadoresque se acumula há décadas no Brasil, e que tem sidonegligenciado no âmbito do governo, mas também no âmbitodo parlamento que, dada a sua composição social e de classe,tem se mostrado refratário às demandas dos trabalhadores,como é o caso da Pauta Trabalhista.

36. Avaliamos que, com a presidenta Dilma, não foram dadospassos significativos no sentido da ampliação do diálogosocial com o movimento sindical. De fato, a presidente temum perfil distinto do de Lula: passados dois anos de seugoverno, foram poucas as oportunidades de negociaçãodireta com os trabalhadores, por meio das Centrais Sindicaisreconhecidas, o que contrasta com o tratamento diferenciadodedicado às lideranças do empresariado nas negociações dasmedidas pontuais, desonerações principalmente, orientadas,segundo o governo, a reaquecer a atividade econômica.

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37. Descartados caprichos e melindres, tal crítica não se circuns-creve à demanda por mais formalidades palacianas e audi-ências. Refere-se antes de tudo à demanda já histórica edemocrática de que qualquer política governamental, espe-cialmente no campo da economia e das relações de trabalho,como as atuais medidas de incentivo a setores econômicos,leve em conta a dimensão e esteja alicerçada em contra-partidas sociais e trabalhistas (manutenção, ampliação eformalização do emprego, melhorias nas condições detrabalho, respeito à legislação obreira, ambiental etc.). Hátempos temos exigido transparência e a inclusão de cláusulassociais e trabalhistas nos empréstimos do BNDES, noscontratos da Petrobrás e nas demais ações governamentais,como no PAC, dentre outros. Não é possível, por exemplo,aceitar empréstimos vultosos, incentivos e/ou contratação deempresas por entes públicos que são contumazes descum-pridoras da legislação do trabalho, com elevados índices deacidentes laborais, que adotem práticas discriminatórias aooferecer salários diferentes para as mesmas funções, pena-lizando especialmente as mulheres trabalhadoras, que utili-zam mão de obra infantil e/ou escrava, que não negociam enão respeitam o sindicato e a organização dos trabalhadores.

38. Neste sentido, reafirmamos a necessidade de promover aindamais a participação social nas instâncias de decisão depolíticas públicas. Promover o diálogo social significa presti-giar e empoderar a participação social – destacadamente arepresentação dos trabalhadores – nas instâncias de decisãode políticas públicas como forma democrática de gestão. Háuma série de fóruns, conselhos, comissões criados para tratar,de forma compartimentada, dos assuntos de interesse dostrabalhadores e da sociedade, todos, ou quase todos, combaixa capacidade de interferir na definição das políticas

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públicas e cuja ação redunda em poucos ou quase nenhumresultado prático.

Recuperar o protagonismo doMinistério do Trabalho e Emprego39. A recuperação do protagonismo do Ministério do Trabalho e

Emprego é tarefa que colabora com os objetivos de avançaro diálogo social com o governo. É fato que o MTE vem sendosucateado há tempos: faltam auditores fiscais, estruturaadministrativa e recursos para cumprir suas obrigações legais,o que colaborou, em muito, com o processo de canibalizaçãodas relações de trabalho no nível das empresas, com aprevalência de inúmeras formas de precarização, do trabalhosem registro, com o aumento explosivo dos acidentes detrabalho, especialmente naqueles setores desprovidos deapropriada cobertura sindical. A Fundacentro, frente ao papelque já desempenhou na área de saúde e segurança dotrabalho, hoje está reduzida a um espectro.

40. Além disso, o MTE tem perdido prerrogativas importantes,com destaque a:• Ainda no governo Fernando Henrique, o Conselho de FAT

(vinculado ao MTE) perdeu o poder de determinar seuorçamento, passando a submetê-lo ao Ministério doPlanejamento. Tal medida se fez sentir com o tempo, videos seguidos cortes promovidos nos orçamentos aprovados,já nos governos Lula e Dilma, nas áreas da intermediaçãode mão de obra e qualificação profissional, hoje reduzidosa parcela ínfima do que já foram no passado;

• Mais recentemente, e também relacionado à política dequalificação profissional, o MTE, assim como o conjuntodo movimento sindical, teve reduzida participação naformulação do Pronatec (Programa Nacional de Acesso aoEnsino Técnico e Emprego), hoje alocado no Ministérioda Educação. Chamamos a atenção ao fato de que não

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está garantido o tripartismo nos conselhos e instâncias doPronatec, demanda já apresentada pelas Centrais Sindicaisao governo, até agora sem definições;

• Há, ainda, a tentativa de transferência do registro sindicaldo setor público, assim como a regulamentação da Con-venção 151 (sobre direito à negociação coletiva dos funcio-nários públicos) para o Ministério do Planejamento eGestão, frustrada mais pela grita das Centrais Sindicais doque pela força do MTE em manter tais prerrogativas;

• Temos o caso da coordenação, pela Secretaria-Geral daPresidência da República, das negociações tipicamentetrabalhistas da Mesa Nacional da Construção.

41. A Força Sindical defende que o MTE deve receber atençãoespecial da Presidência da República, ser fortalecido do pontode vista orçamentário e institucional, o que significa dotar-lhe dos recursos necessários para o desempenho de suasfunções, dentre elas e principalmente a inspeção do trabalho,com a realização de concursos públicos para preencher eampliar os cargos de inspetor e outros necessários, assimcomo restabelecer sua soberania sobre as questões de suaresponsabilidade institucional, no âmbito das relações dotrabalho, da saúde e segurança, do registro sindical etc.

42. Cumpre papel destacado, neste sentido, o fortalecimento doConselho de Relações do Trabalho e das Câmaras Bipartites,os quais devem assumir maiores responsabilidades na gestãodas políticas relacionadas à democratização das relações dotrabalho no País, especialmente no que diz respeito àatualização da legislação sindical e trabalhista, ao registrosindical e no combate à indústria de sindicatos, ao fomentoà negociação coletiva, à autocomposição de conflitos na áreado trabalho, à criação de um ambiente favorável à geração deemprego e de trabalho decente, por meio do diálogo e danegociação entre governo, empregadores e trabalhadores.

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O combate às práticas antissindicais43. Na contramão do ambiente de democracia e de ampla liber-

dade que vive o País, convivemos com graves obstáculosimpostos ao pleno exercício da liberdade e autonomiasindicais previstas na Constituição Federal de 2008. Atual-mente, a principal ameaça à organização dos trabalhadoresé a interferência de setores do Ministério Público e do Judi-ciário contra o direito de greve, a sustentação financeira dosSindicatos e a interferência nas eleições sindicais.

44. São crescentes e abusivas as iniciativas de judicialização dosconflitos trabalhistas e de outras esferas da atividade sindicaldos trabalhadores. Proliferam os casos de cerceamento aodireito de greve, especialmente no âmbito dos serviçosessenciais, com a imposição de cota de trabalho obrigatório,de multas abusivas contra os sindicatos nos casos dedescumprimento, da disseminação do instituto do InterditoProibitório, que impede a presença dos dirigentes sindicais oua realização de assembleias e piquetes nas proximidades doslocais de trabalho, dentre outras anomalias.

45. Ainda é generalizada a resistência patronal em aceitar o plenofuncionamento no âmbito dos locais de trabalho da repre-sentação sindical com garantia de estabilidade no emprego,estabilidade que, inclusive, vem sendo contestada a diri-gentes que não são membros das Executivas e aos membrosdos Conselhos Fiscais dos Sindicatos. É, também, cada diamais comum a interferência abusiva e ilegal do Judiciário naadministração das entidades sindicais e em seus processoseleitorais, em geral ao arrepio do disposto nos estatutos dasentidades e da soberania das assembléias.

46. Porém, a ação antissindical mais grave é aquela que visaatingir a organização dos trabalhadores pela via do corte dassuas fontes de financiamento. A partir da edição da Súmula666 e do Precedente 119 pelo TST (a Contribuição Assis-

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tencial é devida apenas para os filiados à entidade sindical,não alcançando os trabalhadores não sindicalizados), há umaarticulada e agressiva ação do MPT visando anular ascláusulas referentes às Contribuições Assistencial/Confe-derativa/Negocial das Convenções Coletivas de Trabalho(CCT), o que tem praticamente inviabilizado o funciona-mento e levado à insolvência muitos Sindicatos.

47. A Força Sindical tem atuado de forma firme e permanenteem defesa das fontes de financiamento dos Sindicatos.Temos atuado junto ao TST e ao Ministério Público doTrabalho visando a revogação da Súmula 666 e do Prece-dente 119, e a consolidação de um novo enfoque da questãodo financiamento sindical baseado nos princípios dasoberania das assembleias dos Sindicatos e de que todos ostrabalhadores devem contribuir para sua manutenção, pois osdireitos e garantias estabelecidos nas CCTs são extensivospara toda a categoria profissional, e não somente aos sóciosdo Sindicato. Em termos de regulamentação, propomos: • As assembleias para deliberação da Contribuição devem

ser precedidas de ampla divulgação e representativas; • Devem ser abertas a sócios e não sócios dos Sindicatos; • O valor da Contribuição deve ser adotado com base no

princípio da razoabilidade; • Deve ser garantido o direito à oposição ao desconto da

Contribuição, desde que manifestado pelo trabalhador naprópria assembleia.

48. Tais princípios e propostas são a base da orientação da ForçaSindical no debate sobre a uma solução legislativa para aquestão do financiamento sindical, seja no sentido de seregulamentar a Contribuição Confederativa prevista no Artigo8º da Constituição Federal, seja na elaboração de uma novalei de financiamento sindical que institua a ContribuiçãoNegocial em substituição às atuais Contribuições Sindical,

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Assistencial e Confederativa, caso que exige redobrada aten-ção a respeito da segurança jurídica, pois a estrutura sindicalnão pode correr riscos de extinguir as Contribuições atuais esubstituí-las por outra que possa ser objeto de veto futuro noJudiciário.

A batalha pela Pauta Trabalhista49. É importante destacar que qualquer projeto de desenvol-

vimento democrático do País deve incorporar as demandas dosdireitos trabalhistas e sindicais. Neste sentido, é atual e degrande valia à luta dos trabalhadores a Agenda para umProjeto Nacional de Desenvolvimento com Soberania, Demo-cracia e Valorização do Trabalho, aprovada na Conclat de 2010,que é fruto do trabalho coletivo e unitário construído pelas asCentrais Sindicais ao longo dos últimos anos, e cujo conteúdoorganiza e articula as principais bandeiras unitárias dosindicalismo na luta por um novo desenvolvimentismo.

50. Extraído da Agenda da Conclat de 2012 temos destacado osseguintes itens, que chamamos de Pauta Trabalhista:• Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais

sem redução dos salários; • Fim do Fator Previdenciário;• Valorização permanente das aposentadorias e pensões,

especialmente para aqueles que recebem benefícios acimado salário mínimo;

• Pela correção permanente da tabela do Imposto de Rendaretido na fonte;

• Ratificação da Convenção 158 da OIT, que trata da demis-são imotivada;

• Regulamentação da Convenção 151, que garante a nego-ciação coletiva dos trabalhadores do setor público, járatificada há anos e sem medidas concretas de aplicação;

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• Regulamentação da terceirização e combate a todas asformas de precarização do trabalho;

• Contra a discriminação das mulheres, negros e jovens nomercado de trabalho – salário igual para trabalho igual;

• Reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar.

51. A luta pela Pauta Trabalhista deu à Força Sindical um prota-gonismo importante na medida em que soubemos articulara luta de massas à pressão sobre o governo e o CongressoNacional. Como já salientamos acima, são grandes os obstá-culos à tramitação e aprovação de projetos legislativosrelacionados à Pauta Trabalhista, o que não deve esmoreceras iniciativas futuras da Central e de seus Sindicatos, Fede-rações e Confederações de pressionar os poderes constituídospela sua aprovação.

52. Sabemos, entretanto, que não haverá conquistas fáceis, e elassomente virão como resultado da luta cotidiana dosSindicatos, Federações e Confederações, e da mobilização dostrabalhadores. Se por um lado a incorporação dos itens daPauta Trabalhista ao rol dos direitos dos trabalhadoresdepende de aprovação de matérias legislativas etc, por outro,demandas como a redução da jornada, a conquista de salárioigual para trabalho igual, o combate à terceirização preca-rizante, à rotatividade da mão de obra e a outras formas deprecarização, assim como a questão fundamental da insti-tuição da representação sindical nos locais de trabalho,podem e devem ser encaminhadas ao nível da luta dosSindicatos para transformá-las em garantias inseridas nasConvenções e Acordos Coletivos de Trabalho.

A Agenda do Trabalho Decente53. Outra frente de trabalho importante é o desenvolvimento das

ações relativas à Agenda do Trabalho Decente. Apesar de

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lançada pela OIT há mais de uma década, suas premissaspermanecem atuais, a saber: • A criação de emprego de qualidade para homens e mu-

lheres;• A extensão da proteção social;• A promoção e o fortalecimento do diálogo social;• O respeito aos princípios e direitos fundamentais no trabalho

(liberdade de organização sindical e o reconhecimento efe-tivo do direito de negociação coletiva, eliminação de todasas formas de trabalho forçado ou obrigatório, aboliçãoefetiva do trabalho infantil e eliminação da discriminaçãoem matéria de emprego e ocupação).

54. Para tanto, devemos exigir maior ação do governo federal noencaminhamento e promoção da Agenda Nacional do Traba-lho Decente, compromisso firmado em 2003 entre opresidente Lula e o então diretor-geral da OIT baseado emquatro áreas prioritárias: • Geração de emprego;• Microfinanças e capacitação de recursos humanos com

ênfase na empregabilidade dos jovens; • Viabilização e ampliação do sistema de seguridade social; • Fortalecimento do tripartismo e do diálogo social;• Combate ao trabalho infantil e à exploração sexual de

crianças e adolescentes, ao trabalho forçado e à discri-minação no emprego.

A unidade dos trabalhadores é umelemento positivo e que deve avançar55. Um dos elementos mais positivos da atual conjuntura é o

patamar de unidade conquistado pelo movimento dos traba-lhadores, que se manifesta especialmente na unidade de ação

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das Centrais Sindicais, construída num processo de consultae negociação permanente e de respeito ao marco de diversi-dade política, partidária e ideológica existente.

56. A experiência brasileira de unidade de ação das CentraisSindicais, talvez única em todo o mundo, foi fundamentalpara afirmar o protagonismo dos trabalhadores na atualconjuntura e para garantir o sucesso das principais iniciativasorganizadas pelos trabalhadores ou que contaram com aparticipação da representação das Centrais Sindicais nosúltimos anos, dentre as quais destacamos:• As Marchas a Brasília, que se transformaram num evento

anual obrigatório para apresentação à sociedade, ao parla-mento, ao Poder Judiciário e ao governo das bandeirasde lutas dos trabalhadores. A 7ª Marcha, realizada no mêsde março, foi uma vigorosa demonstração da unidade dostrabalhadores e uma indicação das imensas possibilidiadesde ação comum das Centrais Sindicais para os próximosanos;

• A Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – assem-bleia, de junho de 2010, que aprovou a Agenda para umProjeto Nacional de Desenvolvimento com Soberania,Democracia e Valorização do Trabalho –, foi uma experi-ência que deve ser repetida com o objetivo de atualizar oprograma dos trabalhadores visando interferir de formapropositiva e democrática no debate eleitoral de 2013;

• A participação na Conferência Nacional do Emprego eTrabalho decente, de 2012, que, embora tenha sidomarcada negativamente pela retirada da representaçãopatronal, estabeleceu consensos importantes em torno dotema da valorização do trabalho;

• As negociações no âmbito da Mesa Nacional da Construçãoe o estabelecimento do Compromisso Nacional para Aper-feiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Cons-

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trução, um instrumento avançado, de caráter nacional, queestabelece condições mínimas de trabalho, saúde, segu-rança e representação sindical nas obras, mas que padecede alcance restrito, pois só vigora por adesão das partes(empreiteiras e Sindicatos) por obra, conjunto de obra oufrente de trabalho, e não tem prerrogativas de um Acordoou Convenção Coletiva de Trabalho. A Mesa da Construçãofoi constituída a partir dos levantes de trabalhadores nasgrandes obras do PAC contra as péssimas condições detrabalho, de alojamento, de contratação e de transporte aque são submetidos. Conta com a participação derepresentantes de todas as Centrais, inclusive algumas nãoreconhecidas, e das Federações e Confederações detrabalhadores da construção civil e pesada organizados naBancada dos Trabalhadores da Mesa da Construção, queatualmente negociam com a representação patronal oestabelecimento de um Acordo Coletivo Nacional do setor;

• A participação em diversos conselhos, grupos de trabalhoe órgãos de representação tripartite, muitos dos quaiscontam com bancadas dos trabalhadores ativas, o quetem obrigado e contribuído substancialmente à formu-lação de políticas específicas dos trabalhadores para oFAT, FGTS, BNDES, Plano Brasil Maior e INSS, dentreoutros, que devem ser objeto de maior apoio e organi-zação por parte das Centrais;

57. Porém reconhecemos as dificuldades para replicar a unidadeconstruída de forma mais geral nas mobilizações ao nível dascategorias profissionais e regionalmente. Todo um esforçodeve ser realizado no sentido de superar esta debilidade domovimento e avançar com a experiência da unidade de ação,especialmente no que diz respeito à organização de campa-nhas salariais e os atos unificados do 1º de Maio, à solida-riedade aos trabalhadores em luta, como no recente caso dosportuários etc.

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Força Sindical, balanço organizativo e político58. A Força Sindical cresceu substancialmente a partir do 6º

Congresso (2009). Segundo dados do Cadastro Nacional deEntidades Sindicais do MTE (CNES/MTE), em agosto de 2009contávamos com 1.109 sindicatos filiados, número quesaltou para 1.696 em janeiro de 2013, um acréscimo de 53%.Este crescimento é o resultado de uma série de esforçosdesprendidos pela Central, a partir da direção nacional e dediversas direções estaduais, para transformar em crescimentoorgânico o protagonismo político e sindical alcançado pelaForça Sindical nos últimos anos.

59. O crescimento permanente da Central e sua consolidaçãodeveu-se a diversos fatores, dentre os quais destacamos:• A participação ativa, permanente, propositiva e demo-

crática da Força Sindical nas lutas, mobilizações e ativi-dades relevantes do movimento sindical e dos trabalha-dores, nas negociações com os diversos níveis de governoe com o patronato;

• A presença marcante no Congresso Nacional, seja pormeio da atividade do presidente da Força Sindical edeputado federal Paulo Pereira da Silva, seja pela iniciativados representantes das categorias profissionais filiadas;

• A promoção da política de unidade de ação com as demaisCentrais Sindicais;

• A luta em defesa da estrutura sindical e das suas fontesde financiamento vítimas de ataques constantes noâmbito da Justiça especializada e do Ministério Públicodo Trabalho;

• A afirmação da Força Sindical enquanto Central democrá-tica, pluripartidária e aberta à ampla filiação;

• A reestruturação ainda insuficiente do aparato da DireçãoNacional, as melhorias nas condições de trabalho possi-bilitadas pela nova sede;

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• A organização e funcionamento das assessorias da DireçãoNacional, com impactos positivos na assistência às Esta-duais, na área das relações sindicais e internacionais;

• A melhoria na periodicidade da realização das reuniõesdos organismos deliberativos estatutários, a saber: a Ple-nária Nacional, a Direção Nacional, a Executiva Nacionale a Comissão Operativa;

• Os avanços na comunicação com os Sindicatos, Fede-rações e Confederações pela via da edição periódica doJornal da Força Sindical, do boletim eletrônico Força Maile pela página da Central na Internet;

• O papel desempenhado pelas Direções Estaduais naregularização, consolidação e fortalecimento do trabalhonos Estados e na filiação, resultado de uma presença maispermanente e orientadora e da assistência mais efetiva daDireção Nacional às Estaduais;

• Os avanços conquistados na regularização das atividades dediversas secretarias nacionais e secretariados profissionais;

60. O crescimento orgânico demonstrado pelos números do CNESnão pode mascarar o fato de que a Força Sindical constitui-senuma Central cujo poder e organização concentra-se noSudeste do País, em São Paulo especialmente, e que conti-nuamos representando basicamente os trabalhadores do setorindustrial e privado da economia, apesar do nosso crescimentono sindicalismo do setor público municipal e na forte presençano comércio.

61. Por outro lado, o aumento do número de Sindicatos filiadosnão foi uniforme se levarmos em conta sua distribuiçãoestadual, fato que exige um maior comprometimento dasDireções Estaduais com o trabalho de filiação e o estabele-cimento de um planejamento adotado coletivamente com asEstaduais que estipule metas de filiação por Estado.

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62. Tal constatação é fundamental para, doravante, a calibragemdo trabalho de filiação. Para construir uma Central represen-tativa do mundo do trabalho temos que avançar complanejamento e políticas específicas para nossa implantaçãonas categorias, ramos e setores estratégicos da economia e domovimento onde encontramos debilidades históricas deimplantação. A reorganização dos Secretariados Profissionaisda Força Sindical será um elemento decisivo para a inserçãovertical da Central nas categorias onde nossa presença éreduzida.

63. É necessário levar em consideração que cerca de 30% dosSindicatos de trabalhadores existentes no Brasil não sãofiliados a nenhuma Central Sindical. Em 2009 este percentualera de 45%. Apesar de as ações desenvolvidas em direção aeste contingente terem sido importantes no último período,é fundamental revigorar nossa política com os chamados“Sindicatos independentes” e também com as federaçõesestaduais e regionais existentes, que mantêm-se, em grandenúmero, alijadas das Centrais Sindicais.

64. Outro aspecto importante é necessidade da Força Sindicalpromover, junto aos seus Sindicatos filiados, a sindicalizaçãodos trabalhadores. Apesar dos dados sobre sindicalização noBrasil serem controversos, avalia-se que a taxa de sindica-lização no País gire em torno dos 18%, 20% dos trabalha-dores. O nível de sindicalização é, certamente, o indicadormais efetivo da representatividade dos Sindicatos e daefetividade das ações das direções sindicais. Neste sentido, éincompreensível que, numa conjuntura marcada pelo cresci-mento anual da massa salarial, no qual a negociação coletivaincorpora aumentos salariais acima da inflação (segundo oDieese 94,6% das Convenções e Acordos Coletivos de 2012conquistaram aumentos reais médios de 1,96% acima dainflação), não tenhamos verificado um aumento expressivo

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da taxa de sindicalização. O aumento da sindicalização, alémdos efeitos positivos na ampliação da representatividade dosSindicatos, é, também, vital para o aumento do índice desindicalização da Força Sindical apurado pelo MTE anual-mente e também para o crescimento da representatividade daCentral junto aos trabalhadores.

65. Apesar do balanço, em geral positivo, não podemos subes-timar as enormes deficiências que perduram no trabalhopolítico e organizativo da Central. Abaixo, relacionamosmedidas fundamentais de reestruturação do trabalho polí-tico-administrativo para o próximo período:

• É objetivo permanente o estabelecimento de novosmétodos de funcionamento baseados na ampliação dademocracia interna, na vigência do princípio da direçãocoletiva, na divisão das responsabilidades, na maior dedi-cação dos dirigentes para as funções para as quais forameleitos e na descentralização das responsabilidades;

• Implantar políticas de planejamento e controle das ativi-dades dos diferentes níveis de direção e organizaçãovisando ampliar a eficiência do trabalho político e organi-zativo;

• Zelar e ampliar os controles para o funcionamento regulare periódico das reuniões dos organismos de direção e emtodos os níveis;

• Reforçar a organização vertical da Central, as Estaduais, osSecretariados por ramo econômico, dotando-lhes deinfraestrutura mínima para atuar com a autonomianecessária a fim de dar cabo às tarefas da implantaçãoregional e nacional;

• Reestruturar os Secretariados profissionais inativos, porintermédio da convocação pela Executiva Nacional, deencontros por ramo econômico;

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• Implementar um amplo programa de formação sindical,de âmbito nacional, com módulos específicos para asdireções e ativistas sindicais de base, para Federações,Confederações e Secretariados por ramo econômico, paradirigentes estaduais e nacionais. Capacitar e preparar osquadros para a negociação coletiva em todos os ramos esetores econômicos e em todos os níveis, inclusive o inter-nacional, assim como para a representação e participaçãonos fóruns, colegiados de órgãos públicos e demaisespaços de diálogo social nos quais estejam em discussãoassuntos de interesse geral dos trabalhadores.

• Reestruturar as Secretarias da Executiva Nacional com aimplantação de sistema de planejamento anual das ativi-dades;

• Ampliar a sinergia entre a Executiva Nacional, as Estaduais,os Secretariados profissionais, os Sindicatos, Federações eConfederações filiados, melhorando a comunicação interna,a imprensa sindical, ampliando a utilização da TV, do rádioe da Internet para comunicação e para fins organizativos epolíticos;

• Ampliar, dar maior organicidade e responsabilidades especí-ficas às assessorias técnicas e políticas;

• Instituir programa de capacitação e formação política, sindi-cal e administrativa de todos os envolvidos no trabalhocotidiano (dirigentes, assessores e pessoal administrativo);

• Em todos os níveis de direção implantar sistema padro-nizado de previsão orçamentária e de prestação de contase incentivar e garantir o pleno exercício e o desempenhodas funções dos Conselhos Fiscais;

• Avançar na unificação da estrutura nacional da ForçaSindical sob um único CNPJ, conforme estipulado peloEstatuto e regulamentado pela Resolução adotada pelaExecutiva Nacional em 15/3/2010.

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Temas para o Debate é uma publicação da Força SindicalRua Rocha Pombo, 94, Liberdade, CEP 01525-010,

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SECRETÁRIO-GERAL: João Carlos Gonçalves (Juruna)TESOUREIRO: Luiz Carlos Motta

DIRETOR RESPONSÁVEL: João Carlos Gonçalves (Juruna)EDIÇÃO DE ARTE: Ary Normanha e Jun Ilyt Takata Normanha

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Eunice Cabral, Francisco Dal Prá, Geraldino dos Santos Silva, Idelmar da MotaLima, João Batista Inocentini, Francisco de Assis Pacheco Torres, José Pereira,

Levi Fernandes Pinto, Luiz Carlos Pedreira, Manoel de Souza, Mara ValériaGiangiullio, Maria Auxiliadora, Miguel Eduardo Torres, Miguel Padilha,

Nair Goulart, Nilton Souza Silva (Neco), Osvaldo Olavio Mafra, Paulo Ferrari,Rogério Fernandes, Ruth Coelho Monteiro, Sérgio Butka, Sérgio L. Leite,

Teresinho Martins, Valclécia Trindade, Willian R. Cardoso Arditti

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