galeria intercultural magliani: perspectivas de ......político e cultural que passa a contribuir...

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Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as – ABPN Consócio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-brasileiros – CONEABs Universidade Federal de Uberlândia – (UFU) GALERIA INTERCULTURAL MAGLIANI: PERSPECTIVAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL LOCAL. Francisco da Trindade Costa Junior 1 Bruna Rodrigues Silva 2 Giane Vargas Escobar 3 Jady Marcela Correia Pereira 4 Palavras-Chave: Maria Lídia Magliani, Mulher Negra, Galeria de Arte, Preservação, Patrimônio. Resumo: Dialogar com a comunidade externa fazendo com que o espaço deixe de ser apenas contemplativo contribuindo para o desenvolvimento local sem dúvidas é um grande desafio. Buscamos neste trabalho uma reflexão entorno da Galeria Intercultural Magliani (GIM) abordando as ações adotados quem venham a contribuir a preservação e difusão do patrimônio cultural local para que possa ser executada de maneira efetiva, analisando seu histórico de atividades desenvolvidas e/ou executadas, ressaltando a importância da representatividade negra, analisando ações, buscando entender aspectos referente ao caráter educativo presente nas diferentes funções desse espaço (preservação, comunicação, pesquisa) e a importância de se perceber a galeria como um todo e como ferramenta de relação do indivíduo com o patrimônio cultural auxiliando no processo de desenvolvimento no que tange o ser humano segundo (Figurelli, Gabriela 2011) a consciência histórica e noção de temporalidade, diálogo, criticidade, noção de pertencimento, identidade e diversidade cultural. INTRODUÇÃO Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) Campus Jaguarão é considerada como um território acadêmico de mobilidade e de transitoriedade de indivíduos advindos de diversos lugares do Brasil. Neste sentido, concebe-se a necessidade de implementar a Galeria Intercultural, que facilite o diálogo com os estudantes através das artes plásticas e visuais, promovendo maior integração cultural entre a comunidade acadêmica e a comunidade externa (RODRIGUES, 2017), assim nasce a Galeria Intercultural Magliani (GIM) que integra um Programa de Extensão 5 . Projeto inicialmente pensado e 1 Graduando no bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão Rio Grande do Sul, Técnico em Museologia pelo Centro Paula Souza e Monitor voluntário da Galeria Intercultural Magliani (GIM). E-mail: [email protected] 2 Graduanda no bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão Rio Grande do Sul e Bolsista PDA do Projeto de Extensão Galeria Intercultural Magliani (GIM). E-mail: [email protected] 3 Graduanda no bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão Rio Grande do Sul, Monitora voluntária da Galeria Intercultural Magliani (GIM) e Bolsista PDA do Projeto de Extensão Pipas no Cerro. E-mail: [email protected] 4 Orientadora. Mestre em Patrimônio Cultural pela UFSM, Doutora em Comunicação pelo POSCOM/UFSM, Professora do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão. Coordenadora do NEABI Mocinha (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas). 5 Programa de extensão registrado no Sistema de Informação de Projetos de Pesquisa, Ensino e Extensão (SIPPEE) sob número 06.016.17, com período de execução de 31 de julho de 2017 à 31 de julho de 2020.

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Page 1: GALERIA INTERCULTURAL MAGLIANI: PERSPECTIVAS DE ......político e cultural que passa a contribuir para a preservação do patrimônio cultural local. Desde sua inauguração que ocorreu

Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as – ABPN Consócio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-brasileiros – CONEABs Universidade Federal de Uberlândia – (UFU)

GALERIA INTERCULTURAL MAGLIANI: PERSPECTIVAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL LOCAL. Francisco da Trindade Costa Junior1 Bruna Rodrigues Silva2 Giane Vargas Escobar3 Jady Marcela Correia Pereira4

Palavras-Chave: Maria Lídia Magliani, Mulher Negra, Galeria de Arte, Preservação, Patrimônio. Resumo: Dialogar com a comunidade externa fazendo com que o espaço deixe de ser apenas contemplativo contribuindo para o desenvolvimento local sem dúvidas é um grande desafio. Buscamos neste trabalho uma reflexão entorno da Galeria Intercultural Magliani (GIM) abordando as ações adotados quem venham a contribuir a preservação e difusão do patrimônio cultural local para que possa ser executada de maneira efetiva, analisando seu histórico de atividades desenvolvidas e/ou executadas, ressaltando a importância da representatividade negra, analisando ações, buscando entender aspectos referente ao caráter educativo presente nas diferentes funções desse espaço (preservação, comunicação, pesquisa) e a importância de se perceber a galeria como um todo e como ferramenta de relação do indivíduo com o patrimônio cultural auxiliando no processo de desenvolvimento no que tange o ser humano segundo (Figurelli, Gabriela 2011) a consciência histórica e noção de temporalidade, diálogo, criticidade, noção de pertencimento, identidade e diversidade cultural.

INTRODUÇÃO

Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) Campus Jaguarão é considerada como um território acadêmico de mobilidade e de transitoriedade de indivíduos advindos de diversos lugares do Brasil. Neste sentido, concebe-se a necessidade de implementar a Galeria Intercultural, que facilite o diálogo com os estudantes através das artes plásticas e visuais, promovendo maior integração cultural entre a comunidade acadêmica e a comunidade externa (RODRIGUES, 2017), assim nasce a Galeria Intercultural Magliani (GIM) que integra um Programa de Extensão5. Projeto inicialmente pensado e

1 Graduando no bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão – Rio Grande do Sul, Técnico em Museologia pelo Centro Paula Souza e Monitor voluntário da Galeria Intercultural Magliani (GIM). E-mail: [email protected] 2 Graduanda no bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão – Rio Grande do Sul e Bolsista PDA do Projeto de Extensão Galeria Intercultural Magliani (GIM). E-mail: [email protected] 3 Graduanda no bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão – Rio Grande do Sul, Monitora voluntária da Galeria Intercultural Magliani (GIM) e Bolsista PDA do Projeto de Extensão Pipas no Cerro. E-mail: [email protected] 4 Orientadora. Mestre em Patrimônio Cultural pela UFSM, Doutora em Comunicação pelo POSCOM/UFSM, Professora do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão. Coordenadora do NEABI Mocinha (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas). 5 Programa de extensão registrado no Sistema de Informação de Projetos de Pesquisa, Ensino e Extensão (SIPPEE) sob número 06.016.17, com período de execução de 31 de julho de 2017 à 31 de julho de 2020.

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implementado a partir do protagonismo de discentes criando-se um instrumento de desenvolvimento cultural através do apoderamento dos espaços universitários como ferramenta de aproximação da comunidade acadêmica assim como a externa. Com o processo de implementação da galeria em andamento começa-se uma pesquisa de nomes e personalidades feminina que pudesse representar a importância, força e resistência do projeto, sendo Maria Lídia Magliani a escolhida a ser homenageada, cuja trajetória também é de resistência e luta, e que merece ser reverenciada e lembrada.

Considerando a GIM como instrumento de desenvolvimento cultural, que visa alcançar e atingir os mais diversos públicos, desde pessoas de dentro da instituição (discentes, docentes, técnicos, terceirizados e outros), como a comunidade do entorno, é importante ressaltar que as exposições são um ponto de partida para estabelecer esse contato. Através delas, nota-se uma integração com os demais cursos e com a população externa. Neste caso a GIM apesar de ser um programa de extensão, pode abarcar os três pilares fundamentais para a educação superior: ensino, pesquisa e extensão.

O papel de preservar, pesquisar e difundir, trazendo um viés museológico, está intrinsecamente relacionado à produção e execução de exposições da galeria (O´DOHERTY, 2002) e, consequentemente, na valorização da memória da comunidade acadêmica assim como a comunidade externa. Sendo de extrema importância que a comunidade se sinta acolhida, representada e se reconheça nesses espaços, considerando que, a partir do que ela atribui valor e sentido, na perspectiva do conceito de patrimônio local e comunitário (VARINE, 2012), é o que tem de ser preservado, pesquisado e difundido por instituições como a galeria e assim podendo contribuindo com o enriquecimento da população, no que tange a diversidade e desenvolvimento cultural. Desde sua inauguração, a galeria vem produzindo e/ou executando ações que reafirmam esses conceitos e contribuem para a sociabilização e integração da comunidade.

MARIA LÍDIA MAGLIANI: PROTAGONISMO E REPRESENTATIVIDADE

Maria Lídia dos Santos Magliani, nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1946, foi a primeira mulher negra a ser formada pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Suas produções foram diversificadas, desde cenários e figurinos para teatro a ilustrações para livros, revistas e jornais. Suas obras estão presentes em acervos de grandes museus, como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (MARGS), Museu de Arte Moderna (MAM) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Através de sua arte, geralmente caracterizada pelas temáticas de apoderamento do corpo e da mulher, conseguiu driblar o preconceito da época e assumir papel de destaque na sociedade. Reafirmando quanto a importância da representatividade negra dentro das grandes instituições, como também em todos âmbitos na sociedade atual, e que a invisibilidade é constante, ainda que aparentemente apresentam uma suposta melhora, há um longo caminho a ser percorrido para

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alcançarmos a igualdade racial. Vale pontuar que a conquista de uma galeria de arte dentro de uma universidade pública, que leva o nome de Magliani, mulher, negra e artista é um marco de extrema necessidade e importância para a construção de ações afirmativas e representatividade que nos falta, simbolizando resistência.

AÇÕES DA GALERIA: NOVEMBRO DE 2017 A JULHO DE 2018

A implementação da Galeria Intercultural Magliani pode ser considerada um ato político e cultural que passa a contribuir para a preservação do patrimônio cultural local. Desde sua inauguração que ocorreu no dia 20 de novembro de 2017, dia nacional da consciência negra e zumbi dos palmares, o espaço vem atuando no processo de produção e execução de projetos predominantemente expográficos. Atualmente, a equipe é composta por Coordenação6, Co-coordenação7, uma monitora bolsista8 e sete monitores voluntários9, que trabalham de forma horizontal no processo de difusão, organização, conservação, pesquisa e comunicação dos projetos em que galeria passa a produzir e executar as exposições.

1º AÇÃO: MAGLIANI – CARTAS E IMPRESSÕES

20 de novembro de 2017, dia nacional da consciência negra e zumbi dos palmares, a exposição que marca a inauguração da GIM e abertura da semana em comemoração à consciência negra na cidade de Jaguarão/RS foi a exposição intitulada “cartas e impressões”, coleção de xilogravura de Magliani que foram escolhidas sob curadoria de Júlio Castro, coordenador do Estúdio dezenove e do Núcleo Magliani ambos localizados no Rio de Janeiro, detentor dos direitos autorais de Magliani Júlio e Dona Maria da Graça, irmã de Magliani sem dúvidas foram parceiros de grande importância e peças fundamentais os mesmos doaram ao acervo da galeria 14 obras das 16 que compunham a exposição. A parceria com o NEABI Mocinha assim como o contato com o Clube 24 de Agosto (Clube negro da cidade de Jaguarão) também foi sem dúvidas de grande importância para que tudo acontecesse dentro do proposto.

6 Professora Doutora Patrícia Schneider Severo, docente do curso superior em Tecnologia em Gestão do Turismo e do curso em bacharelado de Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa – Campus Jaguarão. 7 Professora Doutora Giane Vargas Escobar, docente do curso superior licenciatura em História da Universidade Federal do Pampa – Campus Jaguarão. 8 Bruna Rodrigues Silva, graduanda do curso bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa – Campus Jaguarão. 9 Francisco da Trindade Costa Junior, Gilberto Dallagranna, Guilherme Andrade, Jady Marpê, Kassia Lopez e Luciano Marques graduandos do curso bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa – Campus Jaguarão.

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Figura 1: Cartaz divulgação da exposição "Magliani: cartas e impressões"

Fonte: Acervo Galeria Intercultural Magliani, 2017.

2ª AÇÃO: PROJETO FUNGA ALÁFIA

O “Projeto Funga Alafia” marcou a segunda exposição fotográfica produzida pela galeria. Contou com oficina de teatro, dividida em três dias, ministrada pela professora de teatro Dedy Ricardo, e tinha como principal objetivo integrar os discentes calouros cotistas com a comunidade acadêmica. Tivemos como parceiros a professora de teatro Dedy Ricardo, o professor e fotógrafo Carlos Pereira, prefeitura da cidade de São Carlos/RS, NEABI mocinha, Atinukes, ILê Axé e UNIPAMPA.

Figura 2: Cartaz divulgação do projeto "Funga Aláfia - Seja bem-vindo/a"

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Fonte: Acervo Galeria Intercultural Magliani, 2018.

3ª AÇÃO: 1ª SEMANA INTERCULTURAL INTEGRADA

A 1ª Semana Intercultural Integrada alusiva aos 10 anos da lei de criação da UNIPAMPA, concebeu a terceira exposição. Em parceria com o PET-PPC o projeto “Poéticas Visuais” integra um dos projetos do programa que visa abraçar a fotografia através do olhar de sujeitos diversos, sejam eles discentes da UNIPAMPA ou pessoas de seus arredores, difundindo a ideia de democratização da fotografia. Acreditando que a fotografia é um campo poderoso de expressão informacional, social e também poética, de leituras sensíveis do mundo. Nessa ação a proposta foi a de fomento a Produção Fotográfica com temas abertos: registros poéticos da cidade, da universidade, de recortes das realidades de todas e todos que se interessarem em participar. Propondo um recorte curatorial que data momentos, situações e personagens importantíssimos para a história desta jovem instituição, localizada no extremo sul do Rio Grande do Sul, em fronteira com Río Branco no Uruguai. Momentos eternizados por olhares singulares de artistas-não-artistas, fotógrafos-não-fotógrafos, profissionais-não-profissionais, pessoas-sujeitos. Pela ótica de pessoas que também fazem parte desta universidade diretamente ou indiretamente. Memórias, olhares e sentimentos de pessoas perpetuados por meio de imagens fotográficas. Imagens poéticas, políticas, sentimentais, singulares.

Figura 3: Cartaz divulgação e cartaz texto curatorial da exposição "10 anos Unipampa"

Fonte: Acervo Galeria Intercultural Magliani, 2018

4ª AÇÃO: EDUCANTUR

O programa “Educantur – educando para o turismo” parte do diálogo com o Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo da UNIPAMPA campus Jaguarão, que

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vem com a proposta da nossa quarta exposição. O projeto justifica-se, de forma geral, por proporcionar por meio de diversos projetos e metodologias, ações de educação para o turismo com alunos da educação infantil, educação básica, do ensino fundamental, ensino médio e da educação para jovens e adultos (EJA), de forma divertida, participativa e prazerosa. Através da sensibilidade, organização e descontração, em torno de um interesse coletivo, as ações alinhadas a esse interesse tornam-se mais eficientes, e a consequência são os benefícios mais facilmente distribuídos entre todos. logo, educar crianças, jovens e adultos para o turismo, no sentido de estimular um (re) olhar para nossa cidade, nossos potenciais fará com que o desenvolvimento do turismo e da cultura no município tenha o entendimento e apoio da comunidade, fator este fundamental para seu sucesso. “Educantur – educando para o turismo”, com alunos da educação para jovens e adultos (EJA), por meio da metodologia photovoice e narrativas, pois em um mundo cada vez mais imagético, onde o texto escrito disputa arduamente espaço com a figura e o vídeo, pensar em adaptação e inovação das técnicas e metodologias de pesquisa científica se tornou um imperativo para o avanço do conhecimento e de seus processos comunicacionais. o presente projeto utilizou a fotografia, que foi produzida pelos sujeitos ou participantes, de modo que aquela visão de mundo, única e impossível de ser reproduzida, fosse convertida em imagem, ou seja, em um discurso fotográfico.

Figura 4: Cartaz divulgação da exposição "Educantur: educando para o Turismo"

Fonte: Acervo Galeria Intercultural Magliani, 2018

5ª AÇÃO: METAMORFOSE – “A ARTE QUE TRANSFORMA”

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A quinta exposição, intitulada “Metamorfose – A Arte que Transforma”, com curadoria do Programa de Educação Tutorial – Produção e Política Cultural (PET-PPC), a partir de parceria com o Centro de Assistência Psicossocial (CAPS) da cidade de Jaguarão/RS, com o intuito de despertar a importância da arte como terapia e instrumento de inserção social. Trabalho desenvolvido nas oficinas ministradas pelo arteterapeuta Gilberto Isquierdo, no qual é aplicada diversas técnicas nas obras produzidas. Projeto inicialmente idealizado por uma discente do curso de bacharelado em Produção e Política Cultural sob orientação da professora Dra° e tutora do PET-PPC, Carla Rabelo.

A exibição se torna possível através da parceria com a equipe GIM, na abertura contamos com a presença dos artistas das obras expostas, a equipe de profissionais do CAPS assim como todos os envolvidos nesse grande projeto, com produção e execução da Galeria Intercultural Magliani.

A GIM traz um forte simbolismo devido aos atores e protagonistas sociais envolvidos nesse projeto serem pessoas consideradas à margem da sociedade, entretanto ali, devidamente apresentadas como artistas, expondo suas obras em uma galeria voltada para as artes plásticas e visuais dentro de uma instituição pública. O resultado adquirido dessa vivência trouxe alegria e brilho nos olhos dos artistas-expositores, sem caráter assistencial e sim reafirmando a importância de valorização desses indivíduos, aproximando-os de um espaço público que lhes é de direito e pouco conhecido por eles.

Figura 5: Cartaz divulgação e cartaz texto curatorial da exposição "Metamorfose: Arte que

Transforma"

Fonte: Acervo Galeria Intercultural Magliani, 2018

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6ª AÇÃO: INSTALAÇÃO DIVERSIDADE É LUTA

Parte da programação da 2° Semana LGBTQ+10 da UNIPAMPA campus Jaguarão, a Instalação ‘’Diversidade é Luta’’ surge com a proposta de uma exibição de uma triste narrativa e evoca a memória daqueles que tiveram suas vidas, seus corpos e suas mentes dilaceradas por uma sociedade homofóbica, misógina, sexista e patriarcal que, perante valores morais retrógrados e marginalizados , onde se enxerga no direito de normatizar comportamentos, naturalizar abusos e deixar seguir na impunidade assassinos cruéis. doze nomes e imagens exibidas representam o risco de existir enquanto uma pessoa lésbica, gay, bissexual, transexual, travesti e demais denominações. Representam que a humanidade ainda possui um longo caminho a percorrer para alcançar a compreensão e aceitação de que são as diferenças que nos enriquecem enquanto espécie e sociedade complexa. Os doze nomes representam os 445 homicídios do último ano (2017), assim como os outros milhares entre os anos anteriores, mas de maneira nenhuma, eles demonstram apenas mortes ou derrotas, significam também luta, onde o campo da diversidade cultural encontra-se lugar de resistência.

Figura 6: Cartaz divulgação da 2ª Semana LGBTQ+ e Cartaz texto curatorial da instalação

"Diversidade é Luta", promovido pelo PET-PPC, Unipampa/Jaguarão.

Fonte: Acervo PET-PPC, 2018

7ª AÇÃO: PATRIMÔNIOS DO SENSÍVEL

10 A 2ª Semana LGBTQ+ é um dos projetos promovidos pelo Programa de Educação Tutorial - Produção

e Política Cultural (PET-PPC) - MEC.

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Intitulada “Patrimônios do Sensível” a sétima exposição realizada pela GIM projeta-se através da disciplina de Patrimônio Cultural, ofertada aos discentes do quinto semestre do curso de bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa, ministrada pela Prof.ª Dr.ª Hilda Jaqueline de Fraga. A partir do estudo dos conceitos de patrimônio, diretamente relacionado à memória e identidade, tanto pelo aspecto material e imaterial, propôs a idealização da exposição, com curadoria coletiva, onde os discentes frequentadores dessa disciplina, apresentaram suas memórias afetivas transformadas em objetos. Considerando o objeto-memória como parte do patrimônio imaterial individual, constituiu-se algumas instalações plásticas que transportou os visitantes a impressões sensoriais. Neste sentido, considera-se a GIM como equipamento viabilizador onde discentes podem concretizar práticas e experienciar outras formas de conhecimento.

Figura 7: Cartaz divulgação exposição "Patrimônios do Sensível"

Fonte: Acervo Galeria Intercultural Magliani, 2018

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho se propôs, como objetivo geral, elaborar um conjunto de elementos para a representação da Galeria Intercultural Magliani, que permitisse a disseminação e a socialização dos conhecimentos contidos nos registros artísticos desde sua inauguração aos tempos atuais. Podendo chegar a registros, como o público das ações serem extremamente diversificados, em escolaridade e profissão, como também os acervos apresentados em cada exposição, em conteúdos e modelos.

A equipe de gestão das exposições foi entendida como o conjunto de decisões sobre desenvolvimento, fato e operação de uma determinada ação, sendo assim, é

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necessário que todos os participantes das ações, seja os docentes a frente, os discentes bolsista e voluntários estejam por dentro dos conteúdos a serem expostos, sempre, para que uma exposição não seja apenas mais uma exposição em si que precisa ser montada e desmontada em certo momento.

Contudo, pela riqueza imensa dessas obras, trata-se de um patrimônio não só da universidade, mas da cidade, que para não se perder pelo esquecimento, nem pelo desconhecimento, é preciso que sejam divulgadas, disseminadas, socializada.

Nesse sentido, salienta-se que a relação entre o conhecimento na academia, o conhecimento da comunidade local e propagação do mesmo, por meio do contexto mencionado neste trabalho, apresentam uma influência mútua receptiva dotada de probabilidades, advertidos por diversos artistas, mas integrados por uma mesma finalidade: a de serem acolhidos pela sociedade e pela academia, para que tenham a oportunidade de se ampliar de maneira fluída.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, Rodrigues Bruna; Patricia Schneider Severo; ÁVILA, Helora Ataydes Dilelio; CALDEIRA, Alef Franco; ESCOBAR, Giane Vargas; BRITO, Breno de Primo Melo de Araújo. Galeria Intercultural Magliani: implementação de um espaço multiuso e de apoderamento de culturas diversas. In: Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão - SIEPE, 9, 2017, Santana do Livramento. Anais... v.9, n.7, 2017. O´DOHERTY, Brian. Notas sobre o espaço da galeria. No interior do cubo branco: A ideologia do espaço da arte. Editora Martins Fontes, São Paulo, cap.I, p. 1-29, 2002.

VARINE, Hugues de. As raízes do futuro: o patrimônio a serviço do desenvolvimento local. Hugues de Varine; trad. Maria de Lourdes Parreira Horta. Porto Alegre: Medianiz, 2012. 256 p.

Gabriela Ramos Figurelli - O público interno dos museus: reflexões sobre os funcionários de museus enquanto público-alvo das ações educativas museológicas 2013