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1 Futuro Não esperamos o futuro acontecer! A cidade do futuro Conectada, silenciosa e com emissões zero – visões da metrópole do amanhã — Página 28 Cinco nações, uma visão? Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – os BRICS vistos de dentro — Página 48 Energia – à frente do tempo Inovações inteligentes para futuras gerações — Página 33 Edição 01, 2013 magazine voestalpine www.voestalpine.com

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FuturoNão esperamos o futuro acontecer!

A cidade do futuroConectada, silenciosa e com emissões zero – visões da metrópole do amanhã — Página 28

Cinco nações, uma visão?Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – os BRICS vistos de dentro — Página 48

Energia – à frente do tempoInovações inteligentes para futuras gerações — Página 33

Edição 01, 2013

magazine voestalpine

www.voestalpine.com

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informação voestalpine

Sob o mote "Não esperamos o futuro acon-tecer", nossa nova campanha institucional 2012 ilustra o que nos diferencia: nós, as fun-cionárias e os funcionários da voestalpine, com os pontos fortes de cada um! Nosso em-penho diário, nosso amor pelo detalhe e nos-so prazer em enfrentar um desafio, seja na vida profissional ou pessoal, são o que nos torna tão versáteis.

Conheça mais de perto os "protagonistas" da nossa campanha e participe por um momento das suas vidas através do DVD em anexo, contendo todos os 12 filmes em 12 línguas. Compartilhe conosco momentos autênticos e tocantes do nosso dia-a-dia, e descubra temas surpreendentes e inespera-dos do nosso Grupo.

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Cara leitora, caro leitor!

O autor William Gibson uma vez disse: "O futuro já está aqui – só não está distribuído de maneira muito uniforme". Gibson estava certo, mas essa é apenas metade da verdade. O futuro não está em outra parte – como Japão, ou Vale do Silício – ele está em todo lugar, em fluxo e refluxo contínuo. Avanços estão ocorrendo constantemente em todo o planeta, das potências emergentes como os BRICS às economias avançadas do Ocidente.Verdadeira inovação acontece quando pesso-as e empresas fazem mais do que só monitorar essas mudanças: são suas autoras. Reunindo 500 empresas do Grupo em mais de 50 países em 5 continentes, a voestalpine contribui para im-pulsionar o progresso em todo o mundo. Nossos projetos vão do sutil ao dramático, de humildes desvios para a indústria ferroviária à carcaça do motor de arranque para propulsores de foguetes do Programa Espacial Europeu. Seja qual for seu tamanho, soluções como essas mostram que, por vezes, possibilidades inovadoras se escondem nas mais simples ideias. Embora não sejam ob-viamente espetaculares, esses desvios são uma pedra angular do transporte mundial. Sem eles, a logística global ficaria literalmente paralisada.Ainda que se trate de peças mecânicas, elas pertencem a um sistema humano. Porque foram inventadas, e são continuamente aperfeiçoadas, por pessoas. Cada indivíduo, do projetista ao fa-bricante até ao usuário, é imprescindível para o seu êxito. Atacamos problemas pela raiz como equipe, e desenvolver novos padrões é apenas uma pequena parte disso. A importância de detalhes e a capacitação de indivíduos é algo que está acontecendo também na sociedade mais ampla. Esta revista contém histórias e relatos de todo o mundo sobre as ex-traordinárias mudanças que estão ocorrendo. Do estudante no Cazaquistão que cursa genética on-line à professora holandesa de música que des-cobriu uma nuvem de gás, pessoas estão criando redes para benefício mútuo. À medida que a glo-balização aproxima comunidades distantes, elas descobrem que têm muito em comum, apesar das

diferenças culturais. A avó brasileira e a crian-ça chinesa com quem falamos vêm de diferentes contextos e histórias, mas suas metas de vida são extraordinariamente parecidas.Perceber e responder a essas diferenças faz parte do desafio para a voestalpine. Energia, mobilida-de e força podem ter significados muito diversos em um mercado planetário. Com trabalho em equipe, comprometimento e mente aberta, trans-formamos essa variedade em inspiração para mudanças. Nossas soluções emergem por causa da diversidade, e não apesar dela. Esse prazer em vencer desafios nos diferencia, e nos permite contribuir para moldar o futuro. Nem sempre é fácil, mas acreditamos que vale a pena lutar por soluções sustentáveis.Seja o que for que o futuro traga, estamos prepa-rados. É esta força tranquila, este amor pelo de-talhe que nos une e nos permite definir sempre os novos limites do possível. Não temos tempo de descansar sobre nossas conquistas, porque já estamos com a cabeça cheia de ideias para novos desenvolvimentos – é assim que ficamos sempre um passo à frente. Esperamos que goste do que vai ler sobre essa evolução e seus extraordinários reflexos em todo o planeta.

Cordialmente,

"Não esperamos o futuro acontecer."

Wolfgang Eder, CEO voestalpine AG

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Nosso futuroO que funcionários da voestalpine esperam do amanhã

O que nos moveO poder do indivíduo

Ciência cidadãComo todos nós podemos ser cientistas

Quem teria pensado?Quatro pessoas, seus sonhos de carreira e o que elas se tornaram

Tai-Chi faz bem à cabeça O neurocientista Norman Doidge diz como mantém a mente em forma

Redesenhando o cérebroEntrevista com Norman Doidge

Estar sempre presenteÍndice

Como viveremos

no futuro? Novas

visões da cidade de

amanhã. (p. 28)

Os cursos on-line

significam o fim

da universidade

tradicional? (p. 56)

Inovações sutis

que facilitam nossa

vida! (p. 70)

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Edição 1/2013

Nossos colaboradoresOs escritores e fotógrafos que fizeram esta revista

Expediente

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Antecipar o futuro

A cidade do futuroConectada, silenciosa e com emissões zero – visões da metrópole do amanhã

Energia – à frente do tempoInovações inteligentes para futuras gerações

O ciclo do açoUm material com mais vidas do que você pensa

Nos trilhos do amanhãTrens – uma coisa do passado ou o futuro da mobilidade?

Cinco nações, uma visão?Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – os BRICS vistos de dentro

A revolução da educaçãoComo a internet vai democratizar a educação numa escala global

Nunca perder a

curiosidade

Invenções que não vingaram... e por que. O diabo está nos detalhes!

Tendências em efeitos visuaisO Cavaleiro das Trevas, Avatar e companhia

Pequenos detalhes, grande impacto Inovações sutis que facilitam nossa vida

A humanização de novo espaçoComo um novo traje torna possível o turismo espacial

Expo 2015As Expos realmente prenunciam o futuro?

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Expediente

ANdREA FENNEscritor, Xangai/China

Nascido na Itália, Andrea Fenn é jornalista e fotó-grafo. Estudou e trabalha na China desde 2005, onde vive na cidade de Xangai. Fenn é fluente em mandarim e nas horas vagas se dedica a escrever seu primeiro romance em chinês. Junto com Richard

Macauley, ele examina o futuro das ferrovias.— PÁGINA 40 —

JOhANNA BlOOmFIEldConsultora de design, Nova York/EUA

Johanna Bloomfield tem mais de dez anos de ex-periência como especialista em performance wear e tecidos de alta tecnologia. Ela está envolvida em projetos de conceitos avançados, incluindo o desen-volvimento de trajes para viagens comerciais ao es-

paço, tema de seu artigo nesta edição de Futuro.— PÁGINA 72 —

PROPRIETÁRIO E TITUlAR dA mÍdIA:

voestalpine AGvoestalpine-Straße 1

4020 Linz

EdITOR:

Gerhard Kürner

ChEFE dE REdAÇÃO:

Maria ReibenbergerT. +43/50304/15-5432

[email protected]

CONCEPÇÃO, EdIÇÃO E dESIGN:

Commandante Berlin GmbHProprietário: Toni Kappesz

Schröderstraße 1110115 Berlin

TRAdUÇÃO:

Audi Akademie GmbH, Ingolstadt

ImPRESSÃO:

Kontext Druckerei GmbH, Linz

Expediente

Os jornalistas por

detrás de Futuro

Seja o que for que o futuro traga – ele será dife-rente para todos nós. Nesta revista, gostaríamos de mostrar-lhes não só como nós da voestalpine vemos o mundo e seu futuro. Vamos levá-los para uma viagem do Brasil à Índia e de Nova York a Johanesburgo. Encontramos alguns dos melhores jornalistas do planeta para contar-lhes suas histórias, compartilhar seus pontos de vista

e sonhos.

Nestas duas páginas, vamos apresentar-lhes al-guns dos nossos colaboradores. Porém, há ainda muitos outros, como Ksenia Stroganova, que nos conta da vida na Rússia (pág. 54), o alemão Dr. Niklas Schaffmeister e sua esposa chinesa, Zhe Wang, que nos falam das mudanças na China (pág. 52), ou Anne Kammerzelt e André Uhl, que vivem em Berlim e escrevem sobre como imagi-

nam que será a cidade do futuro (pág. 28).

Nossos colaboradores

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Colaboradores

PAUl SUllIvANEscritor, Berlim/Alemanha

Paul Sullivan é um escritor, autor, redator e fotógrafo radicado em Berlim, cujos trabalhos versam predo-minantemente sobre música, viagens e cultura. Seus artigos e fotografias já foram reproduzidos em publi-cações como The Guardian, National Geographic, The Independent e também na BBC. Para Futuro,

ele investiga a Expo 2015 Milão.— PÁGINA 74 —

REmO BITzIEscritor e editor, Lucerna/Suíça

Remo Bitzi nasceu na Suíça, onde atualmente vive em Lucerna. Começou como banqueiro, mas en-veredou pela carreira literária e hoje publica sua própria revista, zweikommasieben (doisvírgulasete), que enfoca assuntos da atualidade. Nesta edição de Futuro, ele nos conta como todos nós podemos ser

cientistas.— PÁGINA 15 —

ANA CAROlINA mINOzzOJornalista, Londres/Reino Unido e Porto Alegre/Brasil

Ana Carolina Minozzo nasceu em Porto Alegre/Bra-sil. Desde 2007, viaja constantemente entre seu país natal e Londres. Jornalista especializada em artes e moda, atualmente está estudando para se tornar psi-canalista. Ana nos relata suas impressões pessoais

sobre a vida no Brasil como nação dos BRICS. — PÁGINA 51 —

JUdITh REkEREscritora, Johanesburgo/África do Sul

Judith Reker nasceu na Alemanha e vive em Joha-nesburgo desde 2007. Antes disso, morou no Quênia e no Congo. É escritora freelance e escreve sobre tópicos culturais e assuntos econômicos para pu-blicações como Architectural Digest ou Financial Times. Para nós, ela examina o que significa para a

África do Sul ser um país BRICS. — PÁGINA 55 —

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Nosso futuroO que funcionários da voestalpine

esperam do amanhã

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O que nos moveO poder do indivíduo

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Ciência cidadãComo todos nós podemos ser cientistas

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Quem teria pensadoQuatro pessoas, seus sonhos de

carreira e o que elas se tornaram

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Tai-Chi faz bem à cabeçaO neurocientista Norman Doidge diz como

mantém a mente em forma

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Redesenhando o cérebroEntrevista com Norman Doidge

Estar sempre presentedar firmeza e segurança.

Nossa estrutura descentralizada nos permite agir e reagir mais depressa. Assim, estamos sempre presentes para todos os nossos stakeholders e

buscamos atender suas necessidades com um máximo de flexibilidade e dinâmica. Atacamos problemas pela raiz e não desistimos, porque vale a pena

lutar pelo futuro.

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Estar sempre presente

BOO RUNdQvIST (57)

Diretor de Comunicação

Uddeholms AB

Hagfors, Suécia

“Viver

conscientemente

no presente”

1. Tornar-me avô de novo em março, e manter minha saúde em boa forma. 2. Ninguém sabe o que o futuro vai trazer. É por isso que é tão importante viver conscientemente no momento presente. 3. Se você quer dizer só amanhã ou na próxima semana, a resposta é sim. A vida precisa de muito planejamento e estrutura, isso basta. No meu tempo livre gosto de ser apenas isso, livre. 4. Claro que foram coisas como casar, ter filhos, e assim por diante. Profissionalmen-te, foi um grande passo ter deixado o jornalismo para tra-balhar na Uddenholm. 5. Tudo! Porque se você parar de acreditar nisso, uma parte de você também vai parar de viver. 6. Poder estar no campo, fazer caminhadas e esquiar. E minha saúde, ela é a chave para uma vida rica e variada. 7. Uma câmera para documentar tudo!

YI GAO (4)

Aluno de jardim-de-infância

Wujiang, Suzhou, China

“Eu quero

saber o que

vai acontecer”

1. Ser médico. 2. Sim, eu quero saber o que vai acontecer. 3. Sei sim, vou lá fora brincar com papai e mamãe. 4. Que mamãe me trouxe para essa família feliz e carinhosa. 5. Vou ficar adulto e mais alto. 6. O amor que meus pais têm por mim. 7. Pirulito, é claro.

Nosso futuroFOTOS Rony Zakaria, Andrea Fenn, Daniel Ha, Claus Sjödin, Rafael Bastos

O que funcionários da voestalpine esperam do

amanhã

1. O que você espera do futuro?2. Você gostaria de saber agora o que exatamente é que o que o futuro reserva para você?3. Você já sabe o que vai fazer amanhã?4. Olhando para trás, que acontecimentos na sua vida foram decisivos para o seu futuro?5. O que você acha que vai ser melhor na sua vida no futuro?6. O que não deveria mudar no futuro?7. O que você levaria consigo, se pudesse viajar para o futuro numa máquina do tempo?

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Estar sempre presente

JC ABBOTT (15)

Estudante

Surrey, Canadá

ANGElA dE mARTINO CASANOvA (77)

Dona-de-casa

Campinas, Brasil

“O futuro

nunca é certo”

“Espero um

mundo melhor”

NEllY SImAmORA (35)

Chefe de compras

Cikarang, Bekasi, Indonésia

“Sou eu

quem cria

meu futuro”

1. Ser bem sucedida na minha vida pessoal e profissional. 2. Sim, e eu acho que já sei, porque quem faz e cria meu futuro sou eu e mais ninguém. 3. Em termos de trabalho, eu sei, porque lido com ele todo dia, mas quanto a todo o resto, depende das circunstâncias. 4. Minha experiên-cia nos meus dois últimos empregos me ajudou a adquirir uma atitude, espírito e mentalidade de trabalho melhores. 5. Minha vida pessoal – família, situação financeira e espe-cialmente minha forma de pensar sobre o futuro. 6. Tudo deveria mudar, acho eu. Se uma coisa está boa, podemos melhorá-la. Se está melhor, porque não fazer dela a melhor de todas, já que não há limites para mudanças? 7. Minha mãe.

1. Espero que sejam tempos melhores, sem violência e com bastante saúde. 2. Se for certeza, está bem. Caso contrá-rio, é melhor deixar as coisas acontecerem como Deus qui-ser. 3. Hoje eu sei de amanhã, mas mais longe eu não sei. 4. Vim para o Brasil com meu marido. Durante muito tempo, ele trabalhou e eu cuidei da casa. Agora sou viúva, meus filhos são casados, estou longe da minha família na Itália e cuido da casa sozinha. 5. Boa saúde para mim, meus filhos, netos e bisnetos. 6. A única coisa que não podemos mudar é a morte, porque agindo no presente podemos mudar o fu-turo em todas as outras coisas. 7. Eu levaria minha família, na esperança de um mundo melhor, sem corrupção, sem violência e com mais civilidade e respeito.

1. Tornar-me completamente independente e viver em no-vas cidades. 2. Eu não gostaria de saber o que o futuro vai trazer. 3. Tenho uma boa ideia do que vou fazer amanhã, mas o futuro nunca é certo. 4. Coisas como entrar no meu time de football, ir para Quebec como aluno de intercâm-bio e vencer o concurso municipal de recitação no 5o ano moldaram muito minha vida, personalidade e preferên-cias. 5. Acredito que no futuro vou ser mais independente e melhor em situações sociais. 6. Meu relacionamento com meus amigos e minha autossegurança perante um público são coisas que não deveriam mudar 7. Se eu pudesse via-jar para o futuro, levaria um bloco de apontamentos e uma caneta, para poder anotar o que eu visse.

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O que nos move

TExTO Natalie Holmes FOTOS Christoph Dammast

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Em 1955, em um ônibus no Ala-bama, Rosa Parks recusou-se a ceder a um passageiro bran-

co seu assento na parte destinada aos passageiros "de cor". Seu ato de desa-fio tornou-se um símbolo do movimen-to americano pelos direitos civis e um momento-chave na luta contra a segre-gação racial nos Estados Unidos. "As pessoas sempre dizem que não cedi meu assento porque estava cansada, mas isto não é verdade", relembrou ela mais tarde. "A única coisa que eu esta-va cansada de fazer era ceder."O desejo de se levantar (ou, no caso de Rosa Park, sentar-se) por uma causa em que acreditamos é parte do que nos faz humanos, e a história está repleta de histórias de pessoas comuns forjando mudanças permanentes e positivas. A recente ascensão de novas tecnologias de mídia derrubou muitas barreiras tra-dicionais, tornando mais fácil do que nunca às pessoas seguir sua bússola moral e viver uma vida mais plena e gratificante.Ainda esta manhã, recebi um e-mail que alegrou meu dia. Era de uma or-ganização chamada Change.org. Fui

uma de mais de 30.000 pessoas que assinaram uma petição on-line contra a privatização e o fechamento de um dos mais belos jardins comunitários da cida-

de em que vivo, um projeto de três anos que transformou um terreno baldio no centro da cidade em uma produtiva horta orgânica. Graças a mim e a uma miríade de cossignatários, o oásis urba-no veio para ficar.

Levantar-se

por algo em que

acreditamos é parte

do que nos faz

humanos

É claro que existe uma diferença enor-me entre assinar uma petição e os gra-ves riscos que pessoas como Rosa Parks assumem para fazer do mundo um lugar melhor. Hoje, porém, estamos todos co-nectados por redes que nos dão acesso à internet e permitem ao indivíduo fazer uma verdadeira diferença com um sim-ples clique do mouse. À primeira vista, pode às vezes parecer que a web nos isola, porque cada um de nós interage

independentemente com dispositivos pessoais. Mas onde antes éramos sepa-rados, agora somos sustentados por uma rede de segurança que pode motivar in-

divíduos a iniciar projetos sociais altru-ístas, estendendo uma mão virtual. São os laços únicos entre nós que nos dão a esperança, inspiração e impulso para fazer o bem, e são também esses laços, reforçados e ampliados pela tecnologia, que nos tornam possível fazê-lo.Hoje em dia, qualquer pessoa com uma ideia bem apresentada pode potencial-mente realizar seu sonho angariando a ajuda de outros indivíduos, cujas contri-buições, muitas vezes pequenas, aca-bam somando um investimento subs-tancial. É imenso o número de histórias de sucesso de iniciativas de financia-mento colaborativo, e não só para pro-dutos comerciais. Projetos caritativos e socialmente valiosos são igualmente, se não mais, populares. Em 2008, a diretora de cinema britânica Franny Armstrong conseguiu levantar quase £ 700.000 para produzir e distribuir o estupendo filme sobre a mudança cli-mática A Era da Estupidez. Na segunda metade de 2012, com a ajuda da plata-forma líder em financiamento coletivo Kickstarter, um time interdisciplinar chefiado por Phil Bosua ultrapassou em muito sua meta de 100.000 dólares, ar-recadando sensacionais US$ 1.3 milhões para seu projeto de uma lâmpada con-trolada por smartphone, via Wi-Fi.Mas hoje, como sempre, as pessoas são movidas por muito mais do que mero

Estar sempre presente

Soma angariada Em dólarES via KiCKStatEr para o projEto dE uma lâmpada

Controlada via Wi-Fi

1,3mi

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dinheiro. Financiamento coletivo pode reunir e utilizar capital cultural valioso, permitindo aos indivíduos que se jun-tem e desempenhem um papel crucial na geração de mudanças sociais posi-tivas, seja para salvar um projeto local como meu jardim comunitário favorito, ou para fazer uma diferença em um ce-nário de importância internacional, par-ticipando de campanhas dinâmicas on-line. Franny Armstrong, por exemplo, é movida por uma devoção a campanhas para a conscientização sobre mudanças climáticas, trabalho que lhe deu um profundo senso de autovalor. "Pertenço à geração MTV, que cresceu ouvindo que o sentido da vida é consumir e jo-gar jogos de computador", confiou ao jornal Guardian. "Fiquei surpresa ao descobrir que minha vida tem muito mais sentido do que eu pensava."

As pessoas são

movidas por muito

mais do que mero

dinheiro

Embora a humanidade prossiga em sua busca incessante por sentido, muitos concordam que atos individuais de co-

ragem e compaixão são um bom ponto de partida. Há cerca de um século, Al-bert Einstein disse, com sua sagacidade característica: "Tudo que é valioso na sociedade humana depende da opor-tunidade de desenvolvimento que se dá ao indivíduo." Nunca tivemos mais oportunidades de desenvolvimento, nem fomos mais valiosos socialmente como indivíduos, do que em 2013.Apesar de todos os nossos problemas do século XXI (que, admitidamente, são muitos e graves), estamos preparados de uma forma sem precedentes, tanto como indivíduos, quanto como conjunto de so-ciedades humanas mais desenvolvidas, para fazer frente a qualquer desafio, seja ele local ou global, com mudanças dura-douras e eficazes. Novas tecnologias – ou melhor, a forma como as usamos – geram novas oportunidades de aprender, solu-cionar problemas, tomar decisões e in-teragir pessoalmente. Em um tempo de incerteza financeira para muitos, e fra-gilidade ecológica para todos, esta nova forma de conectar-se e de viver fornece o pano de fundo para um otimismo que se propaga apesar das dificuldades. O fu-turo chegou, e coloca novas e excitantes

chances de mudar o mundo ao alcance dos nossos dedos. Resta só uma pergun-ta: o que você vai fazer?

Estar sempre presente

fatos voestalpine

por mais variado que o mundo seja, por mais depressa que ele se mova e mude, nós temos de decidir hoje como será o amanhã. por isso, nós da voestalpine nos empenhamos – todos os dias, em todas partes do mundo – com a nossa experiência e capacidade de antecipar futuros desenvolvimentos, mas sobretudo com a nossa fascinação pelo aço. porque reconhecemos já hoje o que será tendência no mundo inteiro amanhã.

damos firmeza e segurança às pessoas, fornecemos energia, criamos movimento e transformamos suas ideias em realidade.

tudo isso é parte de um desenvolvimento sustentável, porque o aço é 100 por cento reciclável, e ainda oferece inúmeras possibilidades para o futuro. assim, pesquisamos e desenvolvemos sem parar, para preservar recursos naturais e poupar sempre o nosso meio ambiente.

É com o aço que nós mudamos de forma duradoura o mundo em que vivemos. É esse amor pelo detalhe, esse prazer em enfrentar um desafio que nos diferencia. nós não esperamos o futuro acontecer.

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A té o século XVIII, um cida-dão sem qualquer formação acadêmica podia assumir à

vontade o papel de pesquisador, e mui-tos avanços notáveis se devem a esses chamados cientistas-cidadãos. Com a crescente especialização das ciências no início do século XIX, os acadêmi-cos começaram a reivindicar para si a soberania absoluta sobre a pesquisa. Nos últimos anos, porém, nota-se uma tendência de volta à ciência cidadã, ou seja, equipes de pesquisa de todo o mundo estão utilizando o apoio da população em geral. Nos anos recen-tes, foram criados numerosos sites para cientistas-cidadãos, onde usuários en-contram ferramentas e instruções para pesquisas que podem fazer em casa, em seus monitores. Não há praticamente li-mites, quer em termos de conteúdo ou de complexidade, porque é o usuário quem decide se ele quer coletar ou ana-lisar dados.

Observando estrelas

Todos são realmente bem-vindos, e isso é perfeitamente ilustrado pelo Vo-orwerp de Hanny, uma nuvem de gás iluminada por um quasar. Esse fenôme-no não foi descoberto pelo telescópio de um astrônomo, e sim por uma professora holandesa de música chamada Hanny van Arkel, em seu computador domés-tico. Para satisfazer sua curiosidade astrológica, Hanny tinha se registrado

no site de ciência cidadã Galaxyzoo, e começou a classificar fotografias do espaço cósmico. Encontrou um objeto verde brilhante na constelação de Leão Menor. Este objeto, que passou a ser conhecido como "Voowerp de Hanny" (voorwerp significa "objeto" em ho-landês) foi vigorosamente discutido no fórum do Galaxyzoo tanto por leigos como por pesquisadores experientes. Hanny van Arkel não é a única usuá-ria à procura de entidades astrais estra-nhas no Galaxyzoo. Em seu primeiro

ano de operação, o site já tinha mais de 150.000 ajudantes da comunidade on-line. Isto foi em 2007, e de lá para cá a plataforma tornou-se uma das mais vi-

sitadas de sua categoria, com mais de 110.000 cliques por mês!

Mãe Terra

Existem, também, oportunidades de pesquisa para todos aqueles que pre-ferem estudar nosso próprio planeta a investigar a poeira de estrelas de galá-xias distantes. O site alemão Naturgu-cker, por exemplo, incentiva cientistas naturais amadores a observar pássaros, mamíferos, insetos, plantas e outros or-

ganismos no meio ambiente. Suas ob-servações podem ser compartilhadas on-line com outros usuários, e analisa-das com outros membros da comunida-

Ciência cidadãTExTO Remo Bitzi FOTOS Christoph Dammast, galaxyzoo.org, Image by NASA/ESA

Pesquisa é para todos!

Estar sempre presente

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de. Até hoje, foram reportadas e discuti-das mais de 3,2 milhões de observações, em mais de 52.000 áreas do conheci-mento. Outro projeto que gira em torno da flora e da fauna chama-se Snapshot Serengeti. Durante mais de 45 anos, membros de várias universidades es-tudaram leões em seu hábitat natural no Parque Nacional de Serengueti, na Tanzânia, com base em observações fei-

tas no próprio local. Hoje, 225 câmeras são utilizadas como parte do projeto. Graças a elas, o estudo tornou-se muito mais eficiente e eficaz. Para analisar as imagens, porém, é necessária uma co-munidade de cientistas-cidadãos. Chris Lintott, da Universidade de Oxford e um dos líderes do projeto, explica: "Não há como analisarmos, nós mesmos, 3.000.000 de instantâneos de férias".

Vamos falar sobre o tempo

Lintott é uma figura ativa na cena da ciência cidadã. Ele também confia na ajuda de seus concidadãos para outros estudos, como, por exemplo, o projeto Old Weather. Pesquisadores-cidadãos são incumbidos de examinar os diá-rios de bordo (de há 150 anos atrás) de marinheiros americanos. Historiadores

esperam extrair conclusões dos apon-tamentos feitos pelos marinheiros em seus diários sobre a vida a bordo e ro-tas de navegação. Esses apontamentos também interessam os climatologistas, porque os diários documentam, com precisão, condições meteorológicas que ajudam na previsão de futuros cenários climáticos.Pesquisadores de várias instituições em

São Francisco, Califórnia, e arredores, também consideram vitais os dados climáticos atuais, tanto para o indiví-duo como para a ciência. Com o projeto Urban Atmospheres, cientistas pergun-tam porque as pessoas haveriam de se contentar com uma temperatura média para uma cidade inteira, se ela pode variar significativamente conforme a localização do usuário? O elemento cru-cial é o primeiro instrumento de massa de alta performance: o smartphone. A primeira meta do grupo de pesquisa é equipar a população com um aplicativo que permite obter e analisar dados. No caso de a maioria da população urba-na usar esse aplicativo, a qualidade da informação seria excepcional. Além do processamento de novos paradigmas de comunicação, o objetivo central do pro-jeto é fomentar uma mudança positiva

na sociedade, através de uma percep-ção mais profunda do nosso clima e do nosso meio ambiente.

Novo senso de comunidade

Fazer do mundo um lugar melhor é um tema onipresente em todos os projetos de ciência cidadã. E a meta é, quase sempre, a melhora do nosso meio am-biente direto e indireto. Ou seja, nós só temos a ganhar. Por um lado, os cien-tistas-cidadãos são uma enorme ajuda para os cientistas profissionais, quan-do se trata de coletar dados. Por outro lado, os amadores têm oportunidade de participar do discurso acadêmico e de adquirir conhecimentos pessoais. Isto contribui para reduzir um pouco a dife-rença entre a elite acadêmica e os cida-dãos comuns, e proporciona ao público em geral acesso a dados especializados. O resultado é não só um novo senso de comunidade, mas também uma amplia-ção do conhecimento. Cada indivíduo conta, seja ele um doutor em ciências ou um cientista amador – porque o futu-ro está nas mãos de todos nós.

Estar sempre presente

fatos voestalpine

Com 132 milhões de euros para pesquisa e desenvolvimento e mais de 500 cientistas, temos uma atividade de pesquisa muito intensa. prova disso são inúmeras novas patentes e aplicações de alta tecnologia premiadas. pesquisamos e desenvolvemos com amor pelo detalhe e em colaboração com mais de 100 instituições científicas em todo o planeta. para nós, p & d significa cooperação entre todas as áreas do grupo!

observando estrelas no galaxy Zoo, © galaxyzoo.org, image by naSa/ESa

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Quem teria pensado

TExTO Remo Bitzi FOTOS Christoph Dammast, Daniel Lucchiesi, Alex James, Caribou

Antigamente, era simples: uma vez decidido o que

fazer na vida, o percurso até a aposentadoria era

bastante linear – mais de uma carreira era simplesmente

inimaginável. Hoje, o futuro profissional de uma pessoa

é tudo, menos previsível. Os exemplos a seguir nos

mostram o que pode acontecer

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Estar sempre presente

de piloto de caça a dublê de carro – Ben CollinsQuando era criança, Ben Collins queria ser piloto de caça. "Mas uma consulta no oftalmologista acabou com esse sonho", conta o inglês. Inspirado por seu pai, envolveu-se com carros de corrida. Foi bem-sucedido, porém mais uma vez sua vida profissional deu uma volta inesperada: tornou-se um dublê de carros. "Entrei para o cinema literalmente por acidente. Ao participar de uma corrida na Romênia, bati num outro carro e quebrei quatro costelas. Quando saí do hospital, o telefone tocou e me ofereceram um trabalho em um filme de Nicholas Cage. Como eu não podia participar de corridas, aceitei."

Desde então, Ben tem trabalhado em vários filmes, incluindo os de James Bond e Batman.

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Estar sempre presente

de relações públicas de moda a chef – rachel Khoo O que faz com que alguém deixe a indústria da moda para se tornar confeiteira? Rachel Khoo, que fez precisamente isso, revela: "Eu sentia falta de desafios no meu trabalho de RP/marketing de moda. Senti vontade de mudar para outro país, aprender outra língua e fazer algo de novo. Achei que aprender a fazer pâtisserie iria ser bom para minha vida profissional e pessoal". Hoje, Rachel não só é responsável por alguns dos mais deliciosos doces de Paris, como também escreve livros de culinária e tem um show na TV. A relações-públicas-que-virou-chef resume: "A vida é curta demais para fazer um

trabalho que não te satisfaz".

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Estar sempre presente

da matemática à música eletrônica – dan SnaithOs rapazes bons em matemática raramente eram os garotos cool, na adolescência. Em parte, porque suas trajetórias profissionais pareciam bem pouco excitantes – frequentar a universidade, formar-se professor, lecionar numa universidade até a aposentadoria, fim da história. A trajetória de Dan Snaith foi diferente. Mesmo tendo doutorado em matemática pela Imperial College em Londres, em 2005, o canadense hoje é um disc-jóquei cobiçado e produz música eletrônica sob os pseudônimos Caribou e Daphni. Com seis álbuns oficiais e shows em todo o globo, Snaith conquistou pelo menos tanto

respeito no mundo da música como no acadêmico.

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Estar sempre presente

de cirurgião cardíaco a caminhoneiro – markus StuderMarkus Studer é especialista em cirurgias do coração, um dos melhores da Suíça – seus clientes e colegas confirmariam sem hesitar. Mas o coração desse cardiologista não bate pela cirurgia, bate por caminhões. Por isso, Studer tirou a carteira de habilitação para caminhões em 2000 e deixou a carreira médica para trás dois anos mais tarde. Hoje, viaja pela Europa transportando óleo de cozinha, suco de fruta e manteiga de cacau para diversos clientes da indústria de alimentos em seu

caminhão de 7,5 toneladas.

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Estar sempre presente

Em 2007, o psicanalista e neuro-cientista integrativo canaden-se Norman Doidge publicou

o sucesso de livraria O Cérebro que se Transforma. O livro não só lhe ren-deu inúmeros elogios e distinções por parte da comunidade médica, como também ajudou a mudar a visão que a medicina ocidental tem do cérebro.

Neurônios que

disparam juntos

se conectam

O livro trouxe à luz muitos casos de pacientes que se tinham recuperado milagrosamente do que uma vez se pensava serem condições permanen-temente debilitantes do cérebro, como um derrame ou graves dificuldades de aprendizagem, provocando a pergun-ta: poderíamos potencialmente usar nosso cérebro para transformarmos radicalmente a nós mesmos?

Um dos conceitos-chave da neuro-plasticidade é "neurônios que dispa-ram juntos se conectam", ou seja, todo pensamento, ação ou hábito cria uma conexão que fica registrada no cére-bro. O potencial para reverter esses efeitos negativos é um tema central no trabalho de Doidge.Doidge vive em Toronto, Canadá, e é um homem muito ocupado, que divi-de seu tempo entre pacientes num pe-queno consultório no centro da cidade e a finalização do seu próximo livro, que deverá ser publicado ainda este ano. Antes de falarmos em detalhe sobre suas descobertas, perguntamos a Doidge o que faz no dia-a-dia para treinar seu cérebro.

Sua agenda diária inclui sempre um regime vigoroso de exercícios cardio-vasculares. Cinco vezes por semana, faz "exercícios num aparelho de gi-nástica (elíptico), o que inclui algum tipo de treinamento intervalado du-rante 15 minutos, seguido de um sim-ples relaxamento ouvindo algum pod-cast". Como insiste em dizer, "nosso cérebro é apenas tão bom como o nos-so sistema cardiovascular".Como a mente está sempre em primei-ro plano no seu cotidiano, estávamos curiosos por saber o quê, exatamente, Doidge prefere para se manter relaxa-do e saudável. Sua resposta foi uma surpresa: "Tai Chi, é gostoso de fazer, aumenta o volume do cérebro e é uma atividade de certa forma meditativa".

Norman Doidge

doidge ganhou o prêmio E.j. pratt de poesia aos 19 anos. Cursou literatura

clássica e filosofia antes de se graduar em medicina pela universidade de

toronto. Em seguida, fez residência em psiquiatria e formou-se em psicanálise

na universidade de Columbia, nova York. doidge vive em toronto, Canadá.

Tai-Chi faz bem à cabeça

TExTO Ari Stein FOTO Malcolm Taylor

Neurocientista Norman Doidge diz

como mantém a mente em forma

norman doidge: "o cérebro é apenas tão bom como o sistema cardiovascular."

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Estar sempre presente

Estamos no meio de uma revo-lução neurocientífica provoca-da, em grande medida, pelo

novo entendimento de que nosso cé-rebro é neuroplástico. Isto significa, basicamente, que o nosso cérebro é potencialmente moldável ou capaz de modificar sua estrutura. Estive-mos com uma das figuras-chave des-te novo e excitante campo do conhe-cimento, Norman Doidge, para uma conversa mais aprofundada sobre os seus momentos de eureca, suas fontes de inspiração, e para perguntar se a neuroplasticidade pode ser realmente abraçada pela medicina ocidental.

Em 2010, meu pai me deu uma cópia do seu livro, e ele mudou a forma como eu pensava sobre o cérebro. Foi o início de uma jornada pessoal que me dá muito prazer até hoje.

Bom, a revolução neuroplástica mal começou, e acabamos de produzir a segunda geração de neuroplastas. Mas o livro também trata de mim e da minha busca por soluções para uma série de problemas no campo da neuroplasticidade. Já provamos que experiência mental e prática mental

podem modificar a estrutura do cére-bro, mas ainda restam mistérios sobre como isso acontece.

Em sua opinião, a indústria tradicional de saúde, na sua forma atual, está aber-ta às inovações da neuroplasticidade?

Sim e não. Os cientistas que traba-lham na área da neuroplasticidade vêm recebendo gradativamente mais atenção.

As áreas que estão crescendo depres-sa são as diretamente ligadas à rea-bilitação. Mas estamos começando a observar um crescimento no que se refere a crianças com transtornos do espectro autista ou de aprendizagem, porque os pais estão votando com os pés e fazendo uso de intervenções neuroplásticas.Nos serviços prestados fora dos hos-pitais, vemos algum crescimento – aliás, um filantropo canadense mara-

Redesenhando o cérebro

TExTO Ari Stein FOTO Vince Talotta / GetStock.com

Entrevista com Norman Doidge

norman doidge: "a revolução neuroplástica mal começou."

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Estar sempre presente

vilhoso, Jim Temerty, leu O Cérebro que se Transforma e, inspirado pela leitura, doou $ 7,4 milhões para a im-plantação de um centro de simulação e pesquisas em neuroplasticidade aqui em Toronto.

A tecnologia possibilita um avanço maior no campo da neuroplasticida-de?

De uma forma geral eu diria que sim, porque um dos motivos que nos impe-dia de entender a neuroplasticidade era o fato de que se trata de um pro-cesso microscópico no cérebro. Para documentar a modificação plástica, é preciso fazer um filme microscópi-co. Agora, dispomos de meia dúzia a uma dúzia de tecnologias diferentes capazes de fazer isto. E algumas de-las, como a imagiologia de ressonân-cia magnética funcional e os microe-letrodos, estão se tornando rotineiras.Foi graças ao desenvolvimento dos microeletrodos que pudemos come-çar a documentar essas pequeníssi-mas mudanças em microscópios ex-tremamente potentes.

E quanto aos efeitos da tecnologia sobre o cérebro?

Eu penso que a tecnologia é a causa de quantidades maciças de ansieda-de, porque na condição mais natural, antes da invenção da lâmpada elé-trica, o mundo inteiro sossegava à noite, tudo parava, e agora estamos todos conectados globalmente o tem-po todo.As pessoas carregam smartphones por toda parte dia e noite, estão sem-pre às ordens do seu chefe, ou acon-tece um tiroteio nos Estados Unidos e todo mundo sabe. O sistema nervoso parassimpático não consegue resta-belecer a condição normal de relaxa-mento, e as pessoas chegam em casa e vão navegar na internet, estão sem-pre à procura de algo, numa espécie de estado de hiperalerta.

Do ponto de vista do nosso sistema nervoso, o fato de estarmos conectados 24/7 é uma mudança tremenda-mente idiota em nossas vidas. O sistema nervoso precisa de pausas, parte do interesse da nossa geração por práticas orientais é de-vido ao fato de não saber-mos como nos desligar.

O senhor já teve um mo-mento de eureca relacio-nado com seu trabalho na área da neuroplastici-dade?

Tive muitos pequenos mo-mentos de eureca, não foi propriamente um momen-to – mas havia muito tempo que eu estava insatisfeito com o modelo mecanicista que implica que o eu é uma pequena máquina. Ele sem-pre me pareceu incompleto, mas eu não quis formar uma opinião definitiva até sentir que dominava os modelos que a mo-derna biologia celular mecanicista estava usando. Mas quanto mais eu sabia sobre o modelo, mais me dava conta de que existe uma porção de coisas que ele não explica.Lembro-me que li um trabalho cien-tífico quando estava decidindo onde fazer minha residência em psiquia-tria e psicanálise e o diretor do Ins-tituto de Psicanálise da Universidade de Columbia estava tentando me re-crutar, então ele me mandou um tra-balho de Eric Kandel e disse, esse é o tipo de coisa que fazemos. Quando li o trabalho, soube na hora que era o que eu tinha estado procurando. No total, tive vários momentos de com-preensão súbita ou de eureca, mas quer saber de uma coisa? Ainda estou esperando pelo meu verdadeiro mo-mento de eureca, num certo sentido.

dois exemplos de pacientes que se reconectaram, extraídos de o Cérebro que se transforma:

1. michelle mack nasceu com apenas uma metade do cére-bro, mas esse seu único hemis-fério cerebral se reorganizou para compensar a falta do ou-tro. agora, michelle leva uma vida completamente normal.

2. o médico michael Bernstein sofreu um derrame que deixou o lado esquerdo do seu corpo paralisado. através de um pro-grama especial de retreinamen-to, aprendeu a revigorar os ma-pas neuronais que tinham sido considerados não funcionantes. Sua recuperação lhe trouxe uma vida praticamente normal.

"the Brain that Changes itself"(james H. Silberman Books), de norman doidge

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Be there

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Antecipar o futuro

criar movimento e fornecer energia.

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A cidade do futuroConectada, silenciosa e com emissões zero –

visões da metrópole do amanhã

33

Energia – à frente do tempoInovações inteligentes para futuras gerações

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O ciclo do açoUm material com mais vidas do que você pensa

40

Nos trilhos do amanhãTrens – uma coisa do passado ou

o futuro da mobilidade?

48

Cinco nações, uma visão?Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –

os BRICS vistos de dentro

56

A revolução da educaçãoComo a internet vai democratizar a

educação numa escala global

Nós promovemos mudanças – abertos para o novo e com a curiosidade do pesquisador, pensamos de forma visionária e muito além do presente. Riqueza de ideias caracteriza tanto nossos produtos e processos como o

relacionamento com nossos semelhantes. Porque nada é tão bom que não possa ser melhorado.

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A cidade do futuro

TExTO Anne Kammerzelt, André Uhl IlUSTRAÇÕES Mathis Rekowski

Conectada, silenciosa e com emissões zero –

visões da metrópole do amanhã

antecipar o futuro

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Arranha-céus imensos revesti-dos de painéis solares, carros voadores zunindo pelos ares,

robôs fazendo compras e serviço de rua para seus proprietários. É assim que será a cidade do futuro?

As mudanças

mais marcantes

na paisagem

urbana se devem

a mudanças da

forma como nos

locomovemos

Ao menos quanto aos carros voado-res, o prognóstico do doutor em físi-ca Karlheinz Steinmüller, autor de romances de ficção científica e um dos mais renomados futurólogos da Alemanha, soa desapontador: "Em termos de consumo de energia, carros voadores são tecnicamente concebí-veis, mas eles só ganharão aceitação se desenvolvermos até a perfeição a direção automatizada. Em pleno ar, a menor colisão poderia ser catastrófi-ca. É bem provável que o transporte aéreo individual fracasse por ques-tões de seguro".

Todavia, as mudanças mais marcan-tes na paisagem urbana de uma me-trópole se devem a uma mudança da forma como nos locomovemos. E uma mudança claramente visível aconte-cerá, mesmo sem carros voadores. O chamado microcarro provavelmente será corriqueiro nas cidades dentro dos próximos vinte anos. Numerosos veículos de zero a quatro rodas povo-arão as ruas, a maioria deles elétricos e cabendo em qualquer vaga. "Mui-tos deles poderão até ser combinados e acoplados para funcionar como um trem," diz Steinmüller.Um sistema de transporte leva-e-traz para possibilitar um ambiente sem automóveis poderia ajudar as cidades a se tornarem livres de emis-sões. O chamado Sistema de Trânsi-to Pessoal Rápido, com veículos sem motorista, que transportam automa-ticamente cada passageiro até o des-tino que este selecionar, seria com-plementado por uma compacta rede de transportes públicos. Enquanto somos automaticamente transpor-tados através da cidade, poderemos comprar mantimentos a partir de fo-tografias semelhantes a prateleiras de supermercado, em estações de metrô, com um scanner de códigos ou um smartphone. Esta prática, já agora corriqueira em Seul, pode em breve tornar-se habitual também em outras cidades.

Um estudo do Instituto Fraunhofer prognostica o que numerosos pes-quisadores especialistas em cidades mundiais e globalização já acredi-tam: a cidade do futuro será verde, silenciosa e sobretudo estreitamente interconectada, incluindo DustBots, robôs responsáveis pela eliminação do lixo.Essa metrópole será, em grande par-te, neutra em emissões de CO2 e li-vre de dejetos, graças a tecnologias inovadoras e a uma rigorosa recicla-gem. As tecnologias incluem plantas de dessalinização de água do mar, movidas a energia solar, e placas instaladas no chão, que convertem a energia cinética de pedestres em

antecipar o futuro

WattS/Hora quE uma úniCa plaCa na

Calçada podE gErar

2,1

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antecipar o futuro

eletricidade. Projetos-piloto já foram testados em Tóquio e Londres. Uma única placa instalada na calçada pode gerar até 2,1 watts por hora. Cinco dessas placas bastariam para ilumi-nar um ponto de ônibus.Não é inconcebível que cidades pos-sam ser tornar enclaves independen-tes. "Se olharmos para daqui a vinte anos, talvez já vejamos as primeiras cidades ou bairros-modelo, completa-mente autossuficientes em termos de energia e gerando seus próprios re-cursos do dia-a-dia", pondera Dieter Spath, chefe do Instituto Fraunhofer de Engenharia e Organização Indus-trial. Fachadas de membrana inteli-gente poderiam otimizar energetica-mente os arranha-céus e distribuir a energia armazenada conforme a ne-cessidade, de forma que, ao chegar em casa, os moradores encontrassem café recém-preparado e a sala de estar agradavelmente climatizada. Muitos cientistas acreditam que, nas próximas décadas, as cidades serão caracterizadas por um florescimen-

to da agricultura urbana, incluindo hortas de vários andares e vinhedos verticais. Frequentemente, as ino-vações particularmente engenhosas acontecem nas pequenas coisas do cotidiano, talvez porque o tempo seja precioso demais para ser desperdiça-do lavando louça e limpando a casa. Existem pesquisadores que perse-guem com persistência a ideia de pequenos robôs para limpar nossas casas. Karlheinz Steinmüller imagina "uma nave-mãe, da qual partem vá-rios pequenos robôs que saem pela casa aspirando todo tipo de sujeira, e depois voltam para o robô principal para despejar a sujeira e recarregar suas baterias".Rodney Brooks, diretor da área de Inteligência Artificial do Massachus-sets Institute of Technology, também prevê comunidades robóticas domés-ticas. "Seria ainda mais prático se os fios dos tapetes transportassem a su-jeira para um ponto de coleta, onde ela seria removida". "E, se dependes-se dos nanotecnologistas, os tapetes seriam concebidos de forma que a sujeira nem sequer pudesse se depo-sitar neles", completa Steinmüller.Um desenvolvimento semelhante ao ocorrido na calefação é de se esperar

também na iluminação de interiores, ou seja, de focos individuais para uma distribuição uniforme. Onde antes tínhamos lâmpadas de quero-sene, candelabros e outras fontes de luz, hoje a tendência é para papel de parede luminoso, que gera uma luz uniforme e ao mesmo tempo serve de tela. Já existe o chamado "papel de parede OLED", com LEDs orgâni-cos. No futuro, poderemos escolher o panorama que queremos ver no café da manhã. O temor de que robôs ve-nham a substituir a maioria dos tra-balhadores humanos é infundado, afirma Karlheinz Steinmüller: "Os ro-bôs serão uma ajuda cada vez maior para as pessoas, mas na maioria das tarefas o ser humano não pode ser completamente substituído por uma máquina." O bom conselho de um co-lega ou um simples sorriso, portanto, continuarão a tornar mais fácil e leve o nosso dia.É impossível prever como será, exa-tamente, a Cidade do Futuro, mas os seus contornos são moldados pelo presente. Nosso futuro está em nos-sas mãos – cada detalhe, e cada um de nós, conta para fazer com que a metrópole do amanhã seja um lugar digno de ser amado e bom de se viver.

fatos voestalpine

Estratégia 2020: investigamos o futuro. Como força motriz e inovadora, reconhecemos já hoje o que será tendência no mundo inteiro amanhã. "vamos continuar a desenvolver e lançar no mercado sempre mais peças, componentes e também elementos pré-fabricados para as mais altas exigências, sobretudo nos setores de energia e mobilidade, mas também em outros segmentos industriais", acredita Wolfgang Eder, CEo voestalpine ag.

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antecipar o futuro

Omundo está se tornando menor – também quando se trata de encontrar soluções

para problemas globais como a mu-dança climática. A pesquisa em ener-gia potencial renovável ainda está na infância, mas se os pesquisadores con-tinuarem a ter boas ideias, a energia que consumiremos no futuro poderá ser gerada por tecnologias de baixo ou nenhum carbono. Cientistas, en-genheiros e técnicos no mundo inteiro aceitaram o desafio, com resultados impressionantes.Uma inovação vem da cidade no-rueguesa de Sunndalsøra, onde está sendo testada uma nova tecnologia que poderia tornar a cidade famosa: a "energia de gradiente salino". O primeiro protótipo do planeta deverá entrar em operação em Tingvollfjord, em 2015, com uma capacidade de dois megawatts. Parece pouco, mas quan-do o sistema estiver totalmente de-senvolvido, todos os 4 mil habitantes e a região em redor serão abastecidos com energia produzida por diferença de salinidade. O prefeito Ståle Refstie está convencido: "Vamos entrar para a história". Esse protótipo de hidrelé-trica marinha utiliza um fenômeno na-tural – a osmose. Quando água doce se mistura com água salgada, isto gera pressão, porque na água salgada há mais íons do que na água doce, e

a Natureza sempre busca o equilíbrio. Com a ajuda de milhares de tubos de pressão e de uma membrana, essa pressão se torna tão alta que é capaz de acionar uma turbina. O resulta-do: energia de gradiente salino. A empresa norueguesa de eletricidade Statkraft estima que o potencial mun-dial para usinas a água salgada é de

1.700 terawatts/hora, cerca da metade do consumo anual de energia elétrica da Europa.Além de carvão, óleo e energia nucle-

ar, existem infinitas formas de gerar energia. Energia de ondas é apenas uma delas. Ao largo da costa das Ilhas Orkney, Escócia, uma usina-piloto chamada "Oyster" entrou em funcio-namento em 2009. Essa mini-hidre-létrica é uma espécie de tanque de juntas articuladas que flutua no mar e está conectado com pistões hidráu-

licos localizados a 10 m de profun-didade. O movimento das ondas faz com que o tanque oscile, acionando os pistões, que então bombeiam a água,

Energia – à frente do tempo

TExTO Charlotte Schumann, Anne Kammerzelt FOTOS statkraft, Steve Morgan Photography,

Fraunhofer ISE, Markel Redondo Photography, ANDRITZ HYDRO Hammerfest

Inovações inteligentes para desafiar as mudanças climáticas

usina por osmose da Statkraft em tofte, noruega © statkraft

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Be there

Conversor de energia das ondas pelamis, © Steve morgan photography

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antecipar o futuro

gerando uma pressão que é transfor-mada em eletricidade por turbinas.O protótipo testado nas Ilhas Ork-ney tem uma potência de apenas 315 kilowatts, fornecendo eletricida-de a cerca de 450 lares, mas a prova de que funciona provocou interesse. Agora, estão planejadas usinas mo-vidas a ondas com uma potência de 19 megawatts ao largo da costa do es-tado de Victoria, na Austrália, e o país

anunciou outros dez projetos, com uma capacidade total de 1.200 mega-watts. A energia de correntes marinhas, tam-bém chamada de energia das marés, parece destinada a um sucesso seme-lhante. Por exemplo: turbinas submari-nas a uma profundidade de 22 metros, no parque natural marinho da Co-reia do Sul, geram energia a partir do desnível de 8 m da maré. Locali-

zada a cerca de 40 km a sudeste de Seoul, a usina gera 254 megawatts, o equivalente de um pequeno reator nuclear. Estima-se que cerca de 15% da demanda mundial de energia elé-trica poderia ser gerada através da energia das marés, ondas e correntes oceânicas. Em países como a Norue-ga, Canadá e Brasil, recursos hídricos já desempenham um papel significa-tivo na produção de energia de fontes renováveis.A par da energia hídrica, eólica, geo-térmica e de biomassa, a energia solar parece ser uma das fontes mais pro-váveis de energia renovável. "Nossa região é mimada pelo sol. Isto faz dele uma fonte ideal de energia renová-vel", diz Tidu Maini, diretor do Par-que de Ciência e Tecnologia do Catar.

Infelizmente, calor e poeira e baixa umidade tornam extremamente difí-cil o uso da energia solar no mundo árabe, onde temperaturas de 50 graus não são incomuns; mas a equipe de Maini está pesquisando uma célula solar especial para o deserto.

Cientistas,

engenheiros

e técnicos no

mundo inteiro

aceitaram o desafio,

com resultados

impressionantes

O rendimento das células solares no "cinturão de sol" terrestre é teorica-mente o dobro das regiões tempera-das, o que reduz os custos pela meta-de. É por isso que o Catar tem grandes planos. "Até 2020, queremos construir um parque solar com uma capacidade de 800 megawatts", anunciou o por-ta-voz do governo, Fahad Al-Attiya. É um tanto irônico que eles se desti-nem principalmente à refrigeração. Em 2022, o Catar hospedará a Copa Mundial da FIFA, e Fahad Al-Attiya garante que "a temperatura nos está-dios não ultrapassará 27 graus".Engenheiros no Marrocos estão bem mais adiantados com seu projeto. Em Ouarzazate, a 200 km ao leste de Aga-dir, está sendo construída uma usina solar de 500 megawatts. Mas a técnica, aqui, é diferente da utilizada no Catar: captadores parabólicos. Espelhos cur-vos concentram os raios do sol, enca-minhando-os para um tubo de absor-ção onde circula óleo, que é aquecido para 400o C. Assim como nas usinas convencionais, isto aquece água, pro-duzindo vapor que por sua vez aciona turbinas para gerar eletricidade. Como

fatos voestalpine

impulsionamos a virada energética com componentes de alto desempenho, como peças de pás para turbinas. asseguramos a expansão da rede global de distribuição com chapas grossas de alto desempenho, que aperfeiçoamos continuamente. E trabalhamos em conjunto com parceiros internacionais em soluções para a otimização da geração de energia.

projeto de energia das marés em islay © andritZ HYdro Hammerfest

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antecipar o futuro

uma parte do calor gerado pelo óleo circulante é armazenada em enormes tanques durante a noite, os geradores

nunca param e as usinas de captadores parabólicos podem produzir eletricida-de 24 horas por dia: "Queremos estar entre os países líderes nesta tecno-logia", explica Said Mouline, diretor executivo do Centro de Desenvolvi-mento de Energia Renovável do Mar-rocos. A primeira parte da usina vai ser conectada à rede este ano.O mais recente barato na Alemanha tem 1 m de altura e 60 cm de largura, a acreditar em Andreas Hinsch, físico do Instituto Fraunhofer para Sistemas

Solares ISE que desenvolveu um novo módulo solar sensibilizado por corante orgânico. Combinado com nanopartí-

culas, ele converte a luz do sol em ele-tricidade, pelo método de fotossíntese usado pelas plantas. As nanopartícu-las tornam os painéis solares trans-parentes; é possível ver através dos painéis solares de Hinsch. Isto abre possibilidades de uso completamen-te novas, porque não é mais preciso montar as células sobre um telhado. Elas podem, por exemplo, ser inte-gradas em fachadas de vidro, usadas como proteção antirruído e cabines telefônicas, paradas de ônibus e até mesmo janelas.Diferentemente de sua irmã à base de silicone, presente em muitos telhados, a célula solar sensibilizada por coran-te é barata, não prejudicial ao meio ambiente e fácil de produzir, uma vez que os circuitos são impressos no vidro por um processo serigráfico – podem até mesmo ser impressos em calçadas, porque a célula é flexível. A ideia de Hinsch ainda não está completamen-te madura, e os protótipos atuais têm uma taxa de eficiência de apenas 7%. Em comparação, a de usinas solares

padrão, que atualmente geram 5% da eletricidade da Alemanha, é de 15 a 20%. O físico alemão, no entanto, está convencido que suas células vão acontecer. "Graças ao processo de pro-dução simples, elas são incrivelmente baratas", afirma.

Um futuro comum

para além do

carvão, óleo ou

energia nuclear

pode virar realidade

Existem inovações significativas tam-bém na energia eólica. Nos Estados Unidos, cientistas estão trabalhan-do em uma turbina eólica capaz de gerar eletricidade mesmo quando não há vento. Em vez de ser simples-mente desperdiçado, o calor gerado pela fricção das pás em movimento é armazenado num líquido. O calor faz ferver outros líquidos, como água, e o vapor aciona turbinas que produzem eletricidade. Note-se que nem uma única grande empresa de eletricidade está trabalhando nessa ideia – só feras em tecnologia. A Apple, cujo criador Steve Jobs era famoso pelo seu "E mais uma coisa...", está desenvolvendo o "moinho de vento sem vento". É mais uma coisa que fala do futuro, e há esperança de que sejam muitas mais.Atualmente, a maior parte da ener-gia consumida no planeta ainda vem de combustíveis fósseis, que liberam grandes quantidades de dióxido de carbono e contribuem para o aqueci-mento global. Mas se cientistas, en-genheiros e técnicos em todo o globo continuarem trabalhando em inova-ções que usam os recursos disponíveis em seus países, a visão de um futuro comum para além do carvão, óleo ou energia nuclear pode virar realidade.

pErCEntagEm da dEmanda mundial dE EnErgia quE

podEria SEr CoBErta apEnaS por marÉS, ondaS E CorrEntES

oCEâniCaS:

15%

módulo solar sensibilizado por corante (protótipo) © Fraunhofer iSE

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Be there

a usina de energia solar concentrada gemasolar produz 15mW © markel redondo photography

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antecipar o futuro

O ciclo do açoIlUSTRAÇÃO Rafael Varona

O aço é cem por cento reciclável. Por isso, esse

material não tem apenas uma vida, e sim muitas...

fatos voestalpine

investimos cerca de 300 milhões de euros por ano para que nossos filhos também possam viver em um meio ambiente intacto. Em reciclagem, no fomento de energias renováveis e no autoabastecimento das nossas unidades de produção, por exemplo. por isso, não só estamos um passo à frente na preservação ambiental, como somos o líder do setor. o aço é o nosso maior argumento para a preservação do meio ambiente – da produção à reciclagem. 7

8

9

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antecipar o futuro

1 Aciaria: aço

Aproximadamente 250 kg de sucata são

usados na produção de uma tonelada de

aço bruto

2 Aciaria: aço especial

Em uma corrida de aço, são produzidas

60 toneladas de aço-ferramenta

3 Bobinas de aço

4 Bloco de aço especial: aço-ferramenta

São necessárias 1.500 ferramentas dife-

rentes para produzir um novo modelo de

carro

5 Estamparia

Para uma tampa traseira, precisamos de

cerca de 30 kg de aço plano

6 Tampa traseira

Uma tampa traseira é composta de cerca

de 10 diferentes peças estampadas

7 Peça de reposição: tampa traseira

Produzimos tanto componentes para

os últimos modelos de carros como pe-

ças de reposição para os próximos 10 a

15 anos

8 Reciclagem/trituração: aço-ferramenta

Estas máquinas têm entre 50 e 100 fa-

cas especiais de aço, dependendo do

produto

9 Cubo de sucata

12

4

5

6

3

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trem de alta velocidade em pequim, China © qin Zong

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Nos trilhos

do amanhãTExTO Andrea Fenn, Richard Macauley FOTOS Qin Zong, iStockphoto.com/pop_jop,

iStockphoto.com/PhotoTalk, Mike Danneman, Bob Snyder, iStockphoto.com/WillSelarep

Trens – uma coisa do passado ou o futuro da

mobilidade?

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antecipar o futuro

"C omecei a viajar para o tra-balho em Xangai em 2001, quando não existia cone-

xão de trem de alta velocidade", con-ta Zhu Geqi, 34 anos, consultor de gestão empresarial. O Sr. Zhu vive em Hangzhou, uma cidade a 177 km a sudoeste de Xangai, com uma popu-lação comparável a Londres."Eu costumava levar três horas de car-ro", diz. "Desde 2010, em geral pego o TAV, e agora gasto 45 minutos".A China está implantando linhas de TAV de passageiros a toque de caixa. Em cerca de oito anos, o país instalou mais trilhos de trens de alta velocida-de do que a Europa e o Japão juntos nos últimos 50 anos. Até o final desta década, a China inteira estará conec-tada por 16.000 km de linhas de trem-bala, ligando o norte gelado ao sudes-te subtropical, e o oeste árido à costa leste, onde estão as metrópoles que são os motores econômicos do país.A meta do novo serviço de passagei-ros é assegurar que grandes cidades na China oriental atraiam e distribu-am crescimento para cidades-satélites e cidadezinhas próximas. É na costa leste que estão as cidades mais desen-volvidas da China. Cidades que foram as primeiras a enriquecer durante as reformas econômicas introduzidas há

30 anos, e que agora estão se transfor-mando num emaranhado urbano sem-pre mais interligado, onde trens de

alta velocidade têm um papel crucial.Na província de Guangdong, o cora-ção industrial da China, existem pla-nos de fundir nove cidades numa só megametrópole de mais de 40 milhões de habitantes. Com a implantação de mais 5.000 km de linhas interurbanas de alta velocidade na área – um co-losso urbano 26 vezes maior do que a área metropolitana de Londres – ne-nhuma viagem entre centros de cida-des levará mais do que uma hora.A China pretende aumentar a massa econômica de suas cidades através de serviços ferroviários de alta velocida-de para passageiros. Se mais empre-sas puderem interagir com um nú-mero maior de parceiros, instituições de ensino e outras atividades econô-micas, toda a área se beneficiará de um crescimento econômico maior. Em nota recente, o Banco Mundial frisa que a implantação de linhas de alta velocidade conectando cidades "be-neficia empresas e indivíduos, mesmo onde eles próprios não viagem".Mas a expansão da malha de trans-porte de alta velocidade de passagei-

ros também se deve à necessidade de encontrar mais espaço para trens de carga nas linhas convencionais. Nú-

meros oficiais indicam que, após a implantação de conexões de alta ve-locidade, a carga transportada pelos serviços convencionais aumentou em cerca de 20 mil toneladas por ano, em cada segmento entre cidades.O transporte de passageiros e a diver-sificação entre linhas de passageiros e de cargas são as duas principais dire-ções em que as ferrovias da China es-tão seguindo, e elas podem indicar o caminho para o futuro desenvolvimento ferroviário no mundo ocidental. Na Eu-ropa, a participação atual das ferrovias no transporte de carga é 75% menor do que a do transporte rodoviário – tendo, inclusive, diminuído entre 2000 e 2010 -, apesar de o transporte por ferrovia ser consideravelmente menos poluente do que por rodovia. A diversificação entre linhas de passageiros e de cargas po-deria oferecer uma opção mais susten-tável para o transporte de mercadorias. E os Estados Unidos também poderiam aprender da China; expandindo a ma-lha atual de TAV de passageiros, de apenas 2.581 km, criariam novas cone-xões entre centros urbanos.

fatos voestalpine

Com nossos desvios para trens de alta velocidade e trens de carga pesados, o transporte está cada vez mais veloz, no mundo inteiro. Com componentes especiais para a indústria automobilística, conjugamos construção leve e segurança. Com o desenvolvimento de novos materiais, impelimos a indústria aeronáutica, permitindo maior alcance e menor consumo de combustível.

mapa da China

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Be there

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Be there

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Be there

trem passando a cidade de Clay, no Colorado, Eua © mike danneman

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Be there

trem em Filadélfia, Eua © Bob Snyder

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antecipar o futuro

No entanto, a distância é crucial para definir se desenvolver o transporte fer-roviário de passageiros é uma opção viável e rentável, tanto na China como em outros países. Professor Zhao Jian, da Universidade de Jiaotong, em Pe-quim, sustenta que os trens de alta ve-locidade só são mais competitivos do que o transporte aéreo em distâncias inferiores a 500 km. Em viagens mais longas, é simplesmente mais conve-niente pegar um avião.Por exemplo: para o Sr. Zhu, viajar os 160 km entre Xangai e Hangzhou no trem-bala é confortável, mas as vanta-gens de ir de trem de Pequim até Xan-gai, um percurso de mais de 1.000 km e cinco horas de duração, são menos óbvias do que as de um vôo que dura menos de duas horas.As diferenças entre os sistemas da Eu-ropa Ocidental e Oriental e as distân-cias de costa a costa nos Estados Uni-dos inviabilizam o desenvolvimento de um sistema competitivo de trans-porte ferroviário de passageiros, mas uma infraestrutura mais forte de trens-bala entre cidades interligadas criaria uma melhor comunicação e aumen-taria o número de pessoas e recursos aos quais as empresas teriam acesso.

Na Europa, um exemplo em peque-na escala é a implantação da linha de alta velocidade entre Turim e Lyon, que encurtará o tempo da viagem de 220 km através dos Alpes em 40%.Segundo Gary Click, diretor técnico da Nortrak, subsidiária da voestalpine nos Estados Unidos, apesar de trans-porte ferroviário de passageiros no país ser uma esquisitice, existem algu-mas exceções. A Northeast Corridor, que liga cidades como Washington DC, Filadélfia e Boston, une centros urbanos em tempos de viagem capa-zes de competir com aviões. A ponte aérea entre Washington DC e Filadél-fia – durante décadas, a opção prefe-rida pelos viajantes a negócios – pra-ticamente deixou de existir, graças ao desenvolvimento de uma rede ferrovi-ária confiável.

Rotas como Los Angeles – São Fran-cisco ou St. Louis – Chicago também poderiam beneficiar muito do desen-volvimento da malha ferroviária de alta velocidade. O alto investimento necessário e o preço persistentemen-te baixo do combustível mantêm as linhas de passageiros embaixo na lista de prioridades dos responsáveis pelas políticas públicas nos E.U.A., e, no en-

tanto, a China é exemplo notável dos benefícios trazidos por uma rede fer-roviária de alta velocidade.Para o Sr. Zhu, mais uma das vanta-gens do TAV é a maior quantidade de trabalho que ele consegue fazer. "Desde a implantação do trem de alta velocidade, vou a Xangai muito mais vezes", conta. "Agora, faço pratica-mente o dobro de viagens à cidade".À semelhança do Sr. Zhu de Han-gzhou, que ganha a vida em Xangai, Mr. Jones de St. Louis poderia ter sua viagem para Chicago bastante encur-tada, e sua produtividade bastante aumentada, graças ao trem de alta velocidade. Há nem tanto tempo, ainda pensáva-mos que o futuro dos transportes es-tava no ar, porém a China nos mostra que pode ser o contrário. Até mesmo

os Estados Unidos, com sua obsessão pelo transporte aéreo, estão entrando na onda do trem-bala. Os desenvolvi-mentos nesses diferentes continentes permitem vislumbrar como o futuro da mobilidade está sendo modificado pela tecnologia.

fatos voestalpine

Com seus produtos de aço plano de altíssima qualidade, a voestalpine é um dos parceiros líderes das indústrias automobilística, energética, de eletrodomésticos e de bens de consumo na Europa. além disso, é líder mundial de mercado em tecnologia de desvios para a indústria ferroviária, aço para ferramentas e perfis especiais, e a número 1 da Europa em trilhos especiais.

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Costa da Cidade do Cabo, África do Sul

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antecipar o futuro

Mais do que qualquer outra coisa, o conceito dos paí-ses BRICS simbolizou a

mudança na estrutura global do po-der econômico. BRICS é um acrôni-mo para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os que o usam acredi-tam, assim como muitos economistas, que estas cinco nações moldarão de forma decisiva o século XXI com suas estruturas populacionais, recursos naturais e orientações estratégicas.Enquanto especialistas já falam dos "Próximos 11" ou "N-11", onze países que deverão apresentar uma conside-rável expansão econômica no futuro previsível, os BRICS já conquistaram seu lugar entre as dez maiores econo-

mias globais. Mas o que isto significa na vida da população desses países, e qual é o seu impacto na promoção de um futuro compartilhado?Cinco jornalistas que vivem que cada um desses países fizeram para a voestalpine um relato pessoal sobre as mudanças e oportunidades que elas trazem para seus habitantes. Eles fa-lam com Sewela, uma estudante de direito de Johanesburgo; encontram imigrantes europeus em São Paulo; acompanham o dia-a-dia de Sameer, empregado de uma loja num shopping em Mumbai; participam da vida da gerente de logística Maria em Moscou; e explicam a transformação de metró-poles econômicas como Pequim.

pErCEntagEm da populaçÃo mundial quE

vivE Em paÍSES BriCS

40%

Cinco nações, uma visão?

TExTO Ana Carolina Minozzo, Judith Reker, Dr. Niklas Schaffmeister, Ksenia Stroganova, Ronita Torcato,

André Uhl, Zhe Wang FOTOS Christoph Dammast, Michael Jung, Maureen Barlin, Nickolay Vinokurov,

iStockphoto.com/Izabela Habur

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –

os BRICS vistos de dentro

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antecipar o futuro

A o lado de uma importante arté-ria rodoviária de Mumbai, mar-

geada por uma favela habitada por migrantes, um pequeno grupo de ho-mens de camiseta constrói carrinhos de mão do lado de fora de um con-domínio residencial com o estaciona-mento abarrotado de carros de luxo. Nem os moradores da favela, nem os construtores de carrinhos de mão já ouviram falar em BRICS, o acrônimo para economias nacionais emergentes – e no entanto, seu país está mudando de uma forma radical.Sameer trabalha na praça de alimen-tação de um shopping de luxo, um dos novos templos da Índia moderna e rica em recursos. Mas a comida é "muito cara, cara demais" para Sameer, que se alimenta de daal chawal (arroz com curry de grão-de-bico) ou subzi roti (vegetais e pão indiano) caseiros.Novas e sofisticadas lanchonetes,

como o American Coffee Shop, exi-bem longas filas. Ali, uma xícara de café pode custar mais de 100 rúpias – para a nova classe média emergente indiana, uma ninharia. Muitos india-nos como Sameer, porém, ganham apenas uma fração das gordas somas embolsadas pelos que trabalham nas vicejantes indústrias de entreteni-mento e tecnologia da informação, no ramo imobiliário e na política. Em ou-tras palavras, na Índia a distribuição de renda e riqueza está irremediavel-mente distorcida.Mesmo sendo membro do BRICS, no caminho para cima nem tudo está sendo um passeio para a Índia. Ulti-mamente, o país tem registrado uma desaceleração significativa do cresci-mento. Ao passo que são necessários, no mínimo, 7% de crescimento para gerar empregos, em 2012 o PIB real despencou para 4,9% (em 2011, foi de 6,8%); no mesmo período, a inflação média foi de 8%, aumentando o preço de combustíveis como gasolina, die-sel e querosene, e o custo da comida para os pobres. O Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) cortou a pre-visão de crescimento para a Índia para 5,4 por cento no ano de 2012-13, pou-

co depois de ter projetado uma taxa de crescimento de 5,6 por cento para a terceira maior economia da Ásia.Apesar de a perspectiva para a Índia ter sido baixada de estável para nega-tiva, e da consequente redução, pelo Fundo Monetário Internacional, da estimativa de crescimento, o desem-penho da economia indiana foi melhor do que o esperado. Mas muitos não vêm nisto nenhum motivo de consolo, em face da ausência de verdadeiras reformas e de desenvolvimentos da infraestrutura e, sobretudo, da persis-tência de corrupção e má governança. A indústria de IT, com centro em Ban-galore, é a única área na qual a Índia lidera claramente, enquanto que a China é o motor incontestado do cres-cimento em todos os demais setores.Embora o Conselho Econômico do Governo da Índia tivesse rebaixa-do sua previsão de crescimento para 6,5 a 7%, em dezembro de 2012 Mor-gan Stanley previu um cenário melhor

Índia— um país de

contrastes

taj mahal, Índia © maureen Barlin

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antecipar o futuro

para o país. Além disso, Goldman Sa-chs prognostica que o PIB somado dos países do G4 (Índia, Brasil, Japão e Alemanha) vai ultrapassar o PIB total atual dos G7 em 2035, e o da China superará o de todos os outros até 2040. Então, a Índia e seus colegas Bra-sil, Rússia, China e África do Sul vão mesmo passar à frente dos G7? Esta é uma possibilidade realista em um país com contrastes e contradições tão grandes como a Índia, onde carros de luxo e carrinhos de mão ainda coexis-tem? Tudo o que podemos dizer é que Sameer – e milhões como ele – estão trabalhando nisso.

Ronita Torcato é jornalista e escre-ve como freelancer para publicações como The Free Press Journal e The Hindu. Nascida em Goa, ela vive e trabalha em Mumbai.

"O Brasil é o futuro", diz meu ami-go, recém-imigrado da Fran-

ça, enquanto passeamos pelo afluente bairro dos Jardins em São Paulo, com suas muitas lojas de luxo. Luxo sem-pre existiu no Brasil, mesmo antes do nome do país se tornar sinônimo de oportunidades. Há seis anos, no entan-to, quando deixei o país, ir embora para a Europa ou para os Estados Unidos era praticamente a regra para quem fosse ambicioso. Agora, o jogo mudou e a vida no Rio não poderia ser mais tenta-dora: além da praia a da bossa – o famo-so jeitinho brasileiro – há oportunidades. É por isso que todo mundo está falando do Brasil? Voltei para conferir.Pode até ser que o número crescente de bilionários atraia toneladas de negócios, mas as verdadeiras protagonistas do

Brasil de hoje são as classes C e D – as que têm uma renda em torno de dois salários mínimos – que agora represen-tam 54% dos brasileiros. Elas viveram mudanças dramáticas nos últimos dez anos, saindo da pobreza para integrar a classe média e turbinar o mercado interno com seu poder de aquisição. O salário mínimo nacional também au-mentou em 70% na última década – atualmente, está em R$ 675 por mês, o que corresponde a aproximadamente US$ 330 (Dieese) – ao passo que o de-semprego baixou, caindo para apenas 5,3% (IBGE)."A vida aqui mudou muito para a classe operária e a classe média", confirma a analista de política industrial Cristie-ni Castilhos. "Muita gente não precisa mais aceitar qualquer tipo de trabalho só para sobreviver, e em vez disso está optando por carreiras mais especializa-das". A empregada doméstica porto-alegrense Janete Souza, 32 anos, per-sonifica essas mudanças. "Meu marido comprou uma casinha perto do mar, vou para a praia", confessa ela, entusiasma-da com a perspectiva de férias e anima-da por estar levando sua nova televisão de tela plana, comprada em doze pres-tações, um hábito muito brasileiro. "É para assistir telenovela e o futebol dos rapazes", explica. Wellington, seu ma-rido, conserta máquinas de lavar roupa; fez um curso de técnico e montou uma pequena empresa com seu irmão. Ele e Janet viram sua renda doméstica quase triplicar na última década.Há um senso geral de felicidade e po-sitividade, embora alguns números se-jam menos encorajadores: após ter se tornado a sexta maior economia do pla-neta, o índice de crescimento previsto para 2012 não foi alcançado, e o país suou para atingir acanhados 1,75% – bem menos do que qualquer outro país BRICS. Por outro lado, o Brasil tem sido a nação mais eficiente entre os BRICS em reduzir a desigualdade social. Di-minuir o antes enorme abismo social tem se mostrado crucial para a criação de um mercado interno mais forte, uma

Brasil— o país da bossa

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antecipar o futuro

sociedade mais instruída, e a redução das taxas de crime.É claro que ainda há muitos desafios a vencer pelo caminho, antes que o Brasil possa se tornar "o país perfeito". Meu amigo francês admite que exis-te um monte de burocracia maçante. "Mas pelo menos estamos no Brasil," pondera, "e enquanto espera, você fica conversando com quem está perto de você na fila, como velhos amigos". Bossa é isso, a capacidade de dar um jeito e de ver beleza em tudo. E o Bra-sil nunca teve tanta bossa como hoje.

Ana Carolina Minozzo nasceu em Por-to Alegre. A jornalista divide seu tem-po entre o Brasil e Londres. Carolina escreve principalmente sobre arte e moda.

V iajei pela primeira vez a Pequim na fria primavera de 1998, a tra-

balho para o jornal alemão Handel-sblatt. Minha esposa, Zhe, nasceu e passou os primeiros anos de sua vida nessa metrópole de 13 milhões de ha-bitantes. Fiquei hospedado num pe-queno hotel no centro de Pequim, a um pulo do fosso do Palácio Imperial. O ar estava carregado de fumaça dos fogareiros a carvão usados para aque-cer as casas nos bairros tradicionais, os hutongs. Hoje, a cidade e a vida aqui estão quase irreconhecíveis. Apenas o Palá-cio Imperial e os antigos bairros que o rodeiam resistiram com sucesso à transformação. O "crescimento e de-senvolvimento" que presenciamos na China nos últimos quinze anos rein-ventaram o país. A China está se li-bertando cada vez mais do seu espar-tilho estreito e autoritário de economia

planificada, e os chineses estão cheios de energia e criatividade. Hoje, 86 por cento dos moradores urbanos na Chi-na afirmam que seu padrão de vida é melhor do que no ano passado.Nos últimos anos, a China bateu um recorde atrás do outro. Primeiro, ul-trapassou a Alemanha como líder em exportações e tornou-se o maior mer-cado automóvel em 2011. Sua produ-ção de veículos supera até a da Euro-pa. Além disso, a China agora exporta mais serviços de pesquisa e desenvol-vimento para a Europa do que impor-ta, e a mão-de-obra qualificada deve-rá aumentar em 58 por cento até 2020, totalizando 180 milhões de indivíduos. Esta transição tão rápida não é sem consequências. Além de danos maci-ços ao meio ambiente e das reviravol-tas súbitas nas áreas urbana e rural, a sociedade está sob enorme pressão.A transformação veloz e a luta repen-tina por ascensão social tem posto à prova muitos valores tradicionais. En-quanto que muitos jovens com uma boa educação fazem bom dinheiro,

outros ainda vivem em condições muito precárias. A taxa de divórcio está em ascensão, e, de repente, mui-tas crianças têm outras metas do que atender às normas tradicionais de ge-rações anteriores.

Assim, não surpreende que 77% dos moradores urbanos na China achem que muitas vezes a modernização co-lide com os valores tradicionais. Onde o ideal confuciano da educação se une

ao poder de compra, crianças de 3 anos já frequentam aulas de matemática e de inglês. Onde pais chegam tarde do trabalho, gostos ocidentais se instalam e chicken wings e pizza do microondas conquistam fatias de mercado.

China— Confúcio unido a

poder de compra

fatos voestalpine

"vamos crescer rapidamente sobretudo no Sudeste da Ásia, incluindo a China, na américa do Sul e, em setores-nicho, também nos Estados unidos e Canadá. na Europa, trata-se antes de cimentar nossa atual posição de mercado. mas já nos próximos cinco, seis anos, as vendas do grupo fora da Europa aumentarão para cerca de 40%“, diz Wolfgang Eder, CEo voestalpine ag.

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Be there

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antecipar o futuro

Desde o início da política de reforma e abertura, observadores ocidentais têm esperado que o crescimento di-minua, ou uma crise financeira des-carrile o país, mas a China desafia o consenso de que não pode seguir crescendo a longo prazo. A lideran-ça política conduziu habilmente a economia do país, conferiu-lhe esta-bilidade e, sobretudo, tornou possí-vel o seu ingresso no rol das maiores economias do mundo. Muita coisa indica que a China continuará a pro-duzir desenvolvimentos, inovações, tendências e modas; e que a hora da China acaba de começar.

Dr. Niklas Schaffmeister viveu de 1998 a 2009 em Xangai, Pequim e Hong Kong, trabalhando como jornalista e consultor antes de fundar sua empre-sa de consultoria globeone. Hoje, ele vive com sua esposa Zhe Wang em Colônia.

Maria tem 28 anos, um diploma universitário e vive em Moscou.

Como muitos de seus conterrâneos, mudou-se para a capital em busca de um emprego melhor. Agora é gerente de logística numa multinacional, e ga-nha três vezes mais do que há quatro anos – 72.000 rublos líquidos por mês. Isto seria um bom salário em Tver, de onde vem e onde provavelmente teria dificuldades em encontrar trabalho. Em Moscou, é apenas suficiente. Ma-ria está pagando as prestações para seu pequeno apartamento, e consegue fazer pequenas viagens de férias al-gumas vezes por ano. Ela sabe "tudo" sobre a existência dos países do BRICS. A primeira coisa que lhe vem à mente

em relação ao crescimento econômico é a "crise econômica generalizada". Depois, pensa um momento e diz: "Por outro lado, há apenas 10 anos, era im-pensável poder comprar todas essas coisas que podemos comprar agora".E ela tem razão. Desde a virada do milênio, a economia russa é uma das que mais rapidamente tem crescido em todo o mundo. Graças ao enorme aumento das receitas de exportação do setor de energia, manteve uma impres-sionante taxa média de crescimento anual de quase 7%. Não foi por acaso que a Rússia já foi considerada por Jim O'Neill, presidente do Goldman Sachs Asset Management, o mais promissor dos países do BRICS.Até que a crise econômica se abateu sobre o globo. E a Rússia foi logo arras-tada, devido a sua dependência exces-siva de mercados financeiros estran-geiros. Pequenas e médias empresas têm passado por tempos difíceis. Vêm lutando com dificuldades financeiras, e muitas delas quebraram. Depois de anos de crescimento contínuo, o PIB despencou em 7,9% no ano de 2009.Este desabamento da taxa de cresci-mento expôs os pontos mais fracos da economia russa: deficiências estrutu-rais nos sistemas econômico e finan-ceiro, e uma ênfase desproporcional

na exportação de recursos naturais, combinada com uma diversificação insuficiente da economia. Se a de-manda por recursos naturais diminui, a prosperidade da população russa di-minui também.O governo está ciente do problema. Pouco a pouco, o pensamento econô-mico russo está se afastando do puro lucro para objetivos estratégicos e de longo prazo, e políticas econômicas com orçamento estruturado.Apesar desses esforços, o Ocidente ainda hesita quando se trata de investir na Rússia. Para que se estabeleça um diálogo econômico construtivo, e para que empresas estrangeiras voltem a investir no país, o governo russo preci-sa agir urgentemente contra a isolação política e econômica do país. A longa-mente esperada associação da Rússia à OMC foi um passo na direção certa. Se esse curso for mantido, o país deve continuar a se transformar e se cons-cientizar do seu enorme potencial."Ah, Moscou", suspira Maria, pensa-tiva, "não há nada que não se possa comprar aqui. Mas a vida é muito mais cara e estressante do que em outros lugares. Em compensação, te-mos o imposto de renda mais baixo do mundo – 13 por cento para todos! Até o ator francês Gerard Depardieu rece-

Rússia— do lucro à

estratégia

arranha-céus do Centro internacional de negócios de moscou

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antecipar o futuro

beu um passaporte russo das próprias mãos de Putin. O imposto estava fican-do alto demais para ele na França".

Ksenis Stroganova nasceu em Moscou. Trabalha como intérprete e divide sua vida entre sua cidade natal e Bonn, Alemanha.

É verão, e a previsão é de 30 graus. Por volta do meio-dia, as pessoas

começam a abrir sombrinhas coloridas, para se proteger do sol que brilha no céu sem nuvens. No bairro de Braam-fontein, em Johanesburgo, a maior ci-dade da África do Sul, há um bulício de cafés recém-abertos e pequenas lo-jas com a pintura ainda fresca. Sewela Moshoma, 21 anos, está num grupo de moças que conversam diante de uma residência universitária. A estudan-te de direito da distante província de Limpopo foi atraída pelo centro eco-nômico sul-africano, à semelhança de

muitos outros que afluem de todas as partes do país. Em 1994 – o ano em que o regime do apartheid cedeu lugar a uma democra-cia parlamentar – apenas 74.000 sul-africanos tinham um grau universitário. Em 2009, esse número havia dobrado. Os pais de Moshoma são professores e têm condições de pagar os estudos da filha, mas a África do Sul tem feito grandes esforços para que estudantes pobres tenham acesso ao ensino su-perior. No ano escolar de 2011/2012, cerca de 150.000 jovens estavam estu-dando graças a empréstimos e bolsas de estudo do governo.A falta de mão-de-obra qualificada e uma taxa oficial de desemprego em torno de 25 por cento continuam sen-do dois dos desafios para a África do Sul. Não obstante, este país com pouco mais de 50 milhões de habitantes é a maior economia do continente africano. Com seus ricos depósitos de ouro, pla-tina, carvão e diamantes, e setores de crescimento como turismo, comércio e bancos, este vasto país entre os ocea-nos Atlântico e Índico atrai parceiros comerciais de todo o planeta.O mesmo vale para o Brasil, Rússia, Índia e China, que, no final de 2010, convidaram a África do Sul a se tornar o quinto membro dos BRICS. O comér-cio entre a África do Sul e esses quatro

países aumentou em 29 por cento em 2011. "No entanto", precisa Dr. Lyal White, "isto se deveu mais à econo-mia global do que à participação nos BRICS". Segundo o diretor do Centro para Mercados Dinâmicos da Univer-sidade de Pretória, a associação da África do Sul é simplesmente recente demais para ser traduzida em números concretos. Mas fazer parte dos BRICS é importante: "O relacionamento cul-tural, econômico e político com esses países é crucial para assegurar que a África do Sul desempenhe um papel nessas novas economias". Grandes companhias não serão as únicas a beneficiar dos bilhões que a África do Sul está investindo em pro-jetos como portos e redes ferroviárias – pessoas comuns como Andy Nko-si também são beneficiadas. De dois anos para cá, ele viaja da township de Soweto para o trabalho em Braam-fontein no novo ônibus expresso Rea Vaya. "Pago a metade do que costu-mava pagar antes, e levo a metade do tempo para chegar", diz o empregado de hotel, de 30 anos.A estudante Sewela Moshoma aguarda o futuro com sentimentos mistos. "Es-tou nervosa", diz, "acho que vai ser duro encontrar um bom emprego". E depois acrescenta, com um sorriso ma-roto, "Mas eu vou conseguir".

Baseada em Johanesburgo desde 2007, Judith Reker escreve sobre tó-picos pan-africanos. Antes de viver na África do Sul, morou no Quênia e na República Democrática do Congo.

Estes exemplos mostram que os fatores que determinam a transformação são muito diversos. A designação BRICS não é, necessariamente, significante para os moradores desses países. Muito mais importante é a forma como o progresso impacta em suas vidas. Por mais diferen-tes que as vidas e os desafios dessas pes-soas possam ser, são elas que moldarão o futuro de uma sociedade global.

África do Sul — a estrela

ascendente

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antecipar o futuro

A revolução da educação

TExTO Carole Cadwalladr FOTOS Christoph Dammast, Luciano De Polo/123rf.com, MelindaChan/get-

tyimages, iStockphoto.com/AndrewRich

Como a internet vai democratizar a educação

numa escala global

Dois anos atrás, sentei no banco traseiro de um Toyo-ta Prius na cobertura de um

estacionamento, e me agarrei ao pu-xador da porta quando o carro par-tiu roncando, disparou em linha reta para a beirada da cobertura e então, no último instante, entrou na curva da rampa sem reduzir a velocidade. No banco do motorista, não havia ninguém. Eu estava sozinha no pro-tótipo do carro autodirigível da Goo-gle, e me senti um pouco como Buck Rogers sendo catapultado para um outro século. Depois, ouvi Sebastian Thrun, um professor de inteligência artificial na Universidade de Stanford nascido na Alemanha, explicar como tinha construído o carro, como este já tinha rodado mais de 320.000 qui-lômetros por toda a Califórnia e que acreditava que, graças a esse veículo, um dia não haveria mais acidentes de trânsito. Alguns meses mais tarde, a New York Times revelava que Thrun era o chefe do supersecreto laboratório experimental Google X, e que estava desenvolvendo, entre outras coisas, o Google Glasses – óculos de realidade aumentada.

Não há dúvida:

especialmente

o ensino

superior está

prestes a ser

revolucionado

Passados mais alguns meses, voltei a encontrar Thrun. O carro sem moto-rista, os óculos, o laboratório Google X, seu prestigioso cargo universitário – tudo pertencia ao passado. Thrun tinha renunciado à sua cadeira de professor titular em Stanford e esta-va trabalhando só um dia por semana na Google. Tinha um novo projeto – ainda que não o chamasse assim. "É minha missão," disse. "Este é o futu-ro. Estou absolutamente convencido disso". O futuro em que Thrun acredita, que o entusiasmou mais do que carros auto-dirigíveis ou dispositivos que parecem ficção científica, é a educação. Mais precisamente, a educação on-line gra-tuita em escala maciça. A indústria musical e a editorial, os transportes,

o varejo – todos eles passaram pela grande disrupção tecnológica. Agora, diz Thurn, chegou a vez da educação. "Ela vai mudar. Não resta dúvida quanto a isso". Segundo ele, especial-mente o ensino superior está prestes a ser revolucionado. Thrun lançou uma universidade vir-tual, a Udacity, e quer proporcionar educação de alta qualidade tanto a estudantes em países em desenvol-vimento, que não têm outra opção, como a estudantes do primeiro mun-do, que têm, mas talvez prefiram não fazer uso dela. Pagar milhares de li-bras esterlinas por ano para estudar?Ou obter uma boa educação via in-ternet, sem pagar nada? É claro que frequentar uma universidade não sig-nifica só ter aulas e prestar exames. Fazer amigos para a vida toda ou en-contrar o futuro marido, aprender a ferver água ou lavar a própria roupa, isto também é, ou ao menos pode ser, parte do pacote. Mas é assim que dis-rupções tendem a funcionar: primeiro elas destroem, e todo o resto se resol-ve com o tempo. Thrun teve sua grande revelação há pouco mais de um ano, na conferência TED onde apresentava o carro auto-dirigível.

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antecipar o futuro

23.000 passaram

no exame final, e

todos os 400 com

as melhores notas

tinham feito o curso

on-line

"Ouvi Salman Khan falar sobre a Khan Academy, e fiquei simples-mente deslumbrado", relata. "E ainda estou". Salman Khan, um ex-analista de fundos hedge de 36 anos e voz suave, é o pai do que está sendo chamado de a revolu-ção da sala de aula, e está sendo festejado por todos, a começar por Bill Gates (que o chamou de "o professor favorito do planeta"). A academia que Khan montou qua-se que por acaso, quando dava au-las aos seus sobrinhos, agora tem 3.400 vídeos-aula, a maioria deles feitos por ele mesmo, e dez milhões de estudantes. "Fiquei fascinado," diz Thrun. "E francamente emba-raçado por estar lecionando para 200 estudantes, enquanto ele ensi-nava milhões". Thrun decidiu abrir seu curso de in-teligência artificial em Stanford, o CS221, a quem quisesse. Todos os interessados poderiam participar, anunciou. Suas lições seriam as mesmas dos es-tudantes matriculados em Stanford, e prestariam o mesmo exame final. O CS221 é um curso exigente e a maté-ria é difícil. No campus, 200 estudan-tes se inscreveram, e Thrun calcula-va que talvez pudesse atrair alguns milhares pela web. Quando o curso começou, os inscritos eram 160 mil. Havia estudantes de todos os países do mundo – excetuando a Coreia do Norte. 23.000 passaram no exame fi-nal. E todos os 400 estudantes com

as melhores notas tinham participa-do do curso on-line. Foi seu momen-to de "país das maravilhas", confes-sa Thrun. Tendo lecionado para uma classe de 160 mil alunos, não tinha como voltar a ficar satisfeito com 200. "É como se houvesse uma pílula vermelha e uma azul", contou numa palestra meses mais tarde. "Tomei a pílula vermelha e vi o País das Maravilhas. Podemos realmen-te mudar o mundo através da edu-cação". Quando me inscrevi para o curso de ciência da computação para principiantes, da Udacity, que en-sina a criar uma máquina de busca, 200 mil estudantes já tinham obtido seu diploma. Se bem que com "diplo-

ma", quero dizer que receberam um certificado por e-mail. Mas parece que os empregadores estão levando esses certificados a sério: um punha-do de empresas, incluindo Google, estão patrocinando cursos da Udacity e selecionam regularmente os melho-res estudantes para oferecer-lhes um contrato de trabalho. Thrun não foi o único nos Estados Unidos a optar pela pílula vermelha.

Dois de seus colegas de ciência da computação em Stanford, Andrew Ng e Daphne Koller, também a to-maram, com resultados igualmente formidáveis. Eles também criaram um website, o Coursera. E enquanto a Udacity está desenvolvendo seus próprios cursos, o Coursera está for-mando parcerias com universidades, para oferecer cursos já existentes – 33 até agora, com 1,8 milhões de estu-dantes. Sejam quais forem as diferen-ças na abordagem, ambos os projetos têm aquela qualidade empresarial di-nâmica de "vamos-mudar-o-mundo" que caracteriza as maiores e mais bem sucedidas empresas de inovação do Vale do Silício.

"Chegamos a um milhão de usuários mais rápido do que o Facebook, mais rápido que o Instagram", relata Kol-ler. "Esta é uma mudança em grande escala do ecossistema educacional". Enquanto isso, no Instituto de Tecno-logia de Massachusetts (MTI), Anant Argarwal, outro professor de ciência da computação, lançou o EdX, com conteúdos do MIT e das universida-des de Harvard, Berkerley e Texas.

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antecipar o futuro

Argarwal não é homem de eufemis-mos: "Isto vai reinventar a educação. Vai transformar as universidades. Vai democratizar a educação numa esca-la global. É a maior inovação ocorrida na educação em 200 anos". Segundo ele, a última grande inovação "prova-velmente foi a invenção do lápis".Em dez anos, ele espera alcançar um bilhão de estudantes em todo globo. "Conseguimos 400 mil em quatro meses, sem nenhum mar-keting, portanto não penso que seja uma cifra irrealista". Mais de 155 mil estudantes participaram do primeiro curso lecionado por ele, in-cluindo os alunos de uma sala de aula inteira, na Mongólia."Este é o ano em que tudo mudou", afirma Argarwal. " Não há mais volta. Este é o ano da disrupção". A Udaci-ty, o Coursera e o EdX são os três big players – todos baseados nos Estados Unidos e contando com os recursos de grandes, prestigiosas e ricas institui-ções e empresas.

É a maior

inovação

ocorrida na

educação em

200 anos

Mas em outras partes há iniciativas mais pé-no-chão, que estão demons-trando o poder da tecnologia aliada à educação. Na África do Sul, por exemplo, Dr Math é uma iniciativa pioneira que tem como objetivo ca-pacitar jovens proporcionando-lhes educação matemática de alta quali-dade à distância. Orientadores voluntários respondem questões e oferecem ajuda via MXit, uma plataforma de mensagens instan-tânea. Mais de 30.000 estudantes sul-africanos do ensino fundamental e mé-

dio aderiram ao curso. O que o destaca é o toque pessoal: apesar de ser uma ferramenta on-line de massa, os estu-

dantes recebem orientação individual. Um mês atrás, inscrevi-me para um dos cursos do Coursera: Introdução à Genética e Evolução, ministrado por Mohamed Noor, professor na Uni-versidade de Duke. Diferentemente da Udacity, os cursos do Coursera começam numa data fixa e seguem um determinado cronograma. Somos só eu, professor Noor e meus 36.000 colegas de classe. Viemos de todas as partes do mundo: Cazaquistão, Manila, Donetsk, Iraque. Até de Mi-ddlesbrough. Assisto aos primeiros vídeos, admiro o entusiasmo sor-ridente de Noor, mas não fico des-lumbrada. Será isso mesmo o futuro da educação? São apenas vídeos de aulas, nada mais. Tenho lições para fazer, mas sou jornalista e refratária a prazos de entrega até que me aco-meta o suor frio da catástrofe iminen-te. Portanto, ignoro os prazos e deixo passar uma semana ou mais antes de entrar de novo no site e checar o fórum de discussões da classe. E é então que tenho meu momento de deslumbramento.

O tráfego é incrível. Há milhares de pessoas perguntando – e responden-do – questões sobre mutações domi-

nantes e recombinação. Há grupos de estudo que se formaram espontanea-mente: um colombiano, um brasileiro e um russo. Há um no Skype, e até mesmo alguns que se encontram em carne e osso. E todos são tão diligentes! Se você é um professor vagamente desiludido, ou conhece um, indique-lhe o Coursera: eis aí um pessoal que quer realmente aprender. Passadas quatro semanas,

númEro dE EStudantES da KHan aCadEmY

10 mi

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antecipar o futuro

Noor anuncia que está organizando um hangout no Google, onde um nú-mero limitado de pessoas pode con-versar via webcam.Richard Herring, um condutor de trem que vive em Sheffield, está lá, anima-do e alerta, dizendo a Noor o quanto está gostando do curso. Em seguida Aline, estudante do ensino médio em El Salvador, entra no papo. Ela conta que se inscreveu no curso porque fre-quenta uma escola católica, onde não ensinam a teoria da evolução. "E você é o melhor professor que já tive!", diz ela a Noor. Ainda há muitos problemas a resolver na educação on-line. Especialmente o fato de não se obter um diploma uni-versitário, ainda que uma universida-de norte-americana tenha acabado de anunciar que atribuirá créditos aos seus estudantes on-line.

Universidades

poderiam oferecer

um misto de

vida real e

ensino on-line

No momento, a maioria das pessoas está fazendo esses cursos simplesmen-te para aprender coisas novas. "E obter um certificado, basicamente um arqui-vo PDF, que diz que seu titular pode ser ou não quem afirma ser", pondera Noor. E embora computadores sejam excelentes quando se trata de corrigir questões de matemática, eles são me-nos capacitados para dar notas a reda-ções sobre literatura inglesa. As matérias técnicas e científicas pre-dominam, mas o número de cursos de humanidades está aumentando com o que Koller afirma serem técnicas "sur-preendentemente bem-sucedidas" de avaliação por pares. E o mais crucial: no momento, os cur-

sos da Udacity, do EdX e do Coursera são todos de graça. Quando pergunto a Koller porque, de um dia para o ou-tro, a educação se tornou o novo bebê-milagre da tecnologia, ela responde, "É como a tempestade perfeita. Como no furacão Sandy, tudo convergiu para o mesmo ponto na mesma hora. Há uma necessidade global enorme de educação superior de alta qualidade. Mas seu preço está ficando cada vez mais inacessível. E ao mesmo tempo, dispomos de avanços tecnológicos que permitem oferecê-la a um custo marginal muito baixo". Há muitos benefícios intangíveis em frequentar uma universidade – fazer amigos para toda a vida, entrar para uma associação, aprender a usar uma máquina de lavar. Mas eles são de graça. A parte cara é a educação.O que a Udacity e o resto estão nos mostrando é que não tem necessaria-mente de ser assim. Uma das últimas universidades a entrar no páreo foi a de Edimburgo, Escócia. Fez um acor-do com o Coursera e a partir de janei-ro vai oferecer seis cursos, que já tem 100.000 estudantes inscritos. Isto é, quatro vezes mais do que os que fre-quentam a universidade atualmente. Resolvo assistir uma aula ao vivo, em vez de on-line, e vou até o velho an-fiteatro de anatomia da Universidade de Edimburgo, um auditório íngreme que está em uso desde o século XIX, quando seu centro era ocupado pela bancada de dissecação. Hoje, só está lá Mayank Dutia, professor de neuro-fisiologia de sistemas, falando sobre o ouvido interno. Ele é um dos primeiros professores contratados para co-ministrar um dos cursos do Coursera com início em janeiro, embora também defenda a versão ao vivo: "Universidades são lugares especiais, onde não se pode fazer o que fazemos on-line. Há algo de muito especial em ter como pro-fessor um líder mundial em sua área de conhecimento. Ou conversar com alguém que se dedicou a vida inteira

a estudar um determinado tema. Não há o que substitua isso".É verdade. Mas o que os novos web sites estão fazendo é levantar questões sobre o que é uma universidade e para que serve. E como pagá-la. Argarwal vê um futuro no qual universidades poderiam oferecer modelos "combinados": um misto de ensino ao vivo e virtual. Es-ses websites existem há poucos meses apenas. Ainda estão dando os primeiros passos. As universidades não vão desa-parecer de um dia para o outro.Mas quem sabe como serão daqui a uma década? Há dez anos, eu achava que os jornais iriam existir para sem-pre. Que nada poderia substituir um livro. E que K.I.T.T., o carro autodiri-gível de David Hasselhoff na série de TV "A Super Máquina", não passava de uma obra de fantasia.

fatos voestalpine

Com quase 1.300 jovens, dos quais cerca de 800 em suas unidades austríacas, a voestalpine é a maior formadora de aprendizes industriais da Áustria. unidades do grupo em outros países, como por exemplo na inglaterra, também já contam com seus próprios centros de formação.

investimos sistematicamente em formação contínua, e para isso também utilizamos ativamente diversas mídias on-line, interconectando nossos 45 mil funcionários em todo o mundo. além disso, oferecemos programas de recursos humanos para desenvolvimento de talentos, assistência familiar, equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, etc.

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Be there

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Be there

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Nunca perder a curiosidadetransformar ideias em realidade.

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Invenções que não vingaram... e por que. O diabo está nos detalhes!

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Tendências em efeitos visuaisO Cavaleiro das Trevas, Avatar e companhia

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Pequenos detalhes, grande impactoInovações sutis que facilitam nossa vida

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A humanização de novo espaçoComo um novo traje torna possível o turismo espacial

74

Expo 2015As Expos realmente prenunciam o futuro?

Como rede global de especialistas independentes, agregamos as cabeças e competências certas para cada projeto e oferecemos um máximo de

experiência e know-how. Dessa forma, promovemos de várias maneiras a evolução e o progresso, e ao mesmo tempo asseguramos o sucesso do nosso

Grupo.

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nunca perder a curiosidade

Arriscada demais – a mochila a jato

Muito antes do cantor R. Kelly acreditar que podia voar, já havia sido inventado um aparelho capaz de transportar as pessoas individualmente pelos ares: a mochila a jato. Mas esse produto nunca decolou de verdade – literalmente. Imagine só como ficaria a cidade em que você vive se todos usassem uma mochila dessas... assustador, não acha? Assim, não surpreende que nenhuma seguradora do mundo estivesse disposta a assumir os riscos envolvidos se qualquer um que quisesse pudesse voar para o trabalho de manhã com sua mochila a jato.

Pesada demais – a bicicleta anfíbia

Falando de transporte individual, que tal uma bici-cleta capaz de andar tanto sobre a água como nas ruas? O primeiro protótipo de uma bicicleta anfí-bia já data dos anos 30 do século passado. Mas até hoje os engenheiros não conseguiram desenvolver um veículo desse tipo que não fosse pesado de-mais. A bicicleta anfíbia criada por dois estudantes de design chineses entrou na Competição Interna-cional de Design de Bicicletas, mas não entrou em produção em massa. Os dispositivos que permitem que a bicicleta flutue a tornam pesada demais para andar em terra, e vice-versa.

Invenções que não vingaram

TExTO Remo Bitzi IlUSTRAÇÕES Benedikt Rugar

É realmente impressionante como as pessoas são inventivas.

Só nos Estados Unidos, mais de 1.000 patentes são registradas

todos os dias. Na China, são três vezes mais. Mas nem toda

ideia engenhosa se transforma em produto fabricado em massa,

e os exemplos a seguir mostram por que algumas invenções

fracassam.

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nunca perder a curiosidade

Insalubre demais – o fluoroscópio de sapatariaA tecnologia dos raios X foi desenvolvida nos anos 20 do século passado, e parecia uma boa ideia adaptá-la para funcionar em lojas de calça-dos. Imagine: você descobre esse par de sapatos lindo... o preço está ok... eles servem direitinho ... mas mesmo assim você não consegue se deci-dir. Basta enfiar o pé no fluoroscópio de sapata-ria para se convencer – que produto genial! Nem tanto. Infelizmente, nos anos 40 os cientistas descobriram os efeitos potencialmente nocivos dos raios X sobre o corpo humano, e por isso os amantes de sapatos continuam a ter de tomar es-sas decisões angustiantes sozinhos.

Cara demais – a melancia quadrada

Nos supermercados, o negócio é empilhar. O que não pode ser empilhado só desperdiça espaço, e portanto dinheiro. Cientistas japoneses de alimen-tos resolveram não esperar até que a evolução cui-dasse desse problema, e assim, no início dos anos 80, criaram uma melancia quadrada. Para cultivar essa versão mais eficiente e ainda por cima mais fácil de descascar, era preciso apenas uma caixa de plástico quadrada, onde as melancias eram força-das a crescer. Ironicamente, isto encareceu demais as melancias, e elas encalharam.

Maçante demais – o moto-contínuo

No século VIII, um astrônomo indiano falava em uma máquina capaz de funcionar indefinida-mente sem qualquer fonte de energia externa – um moto-contínuo. Muitos outros além dele acei-taram o desafio. Apesar do fato de máquinas de movimento perpétuo serem impossíveis do ponto de vista da física, devido à perda por atrito, as universidades eram permanentemente inunda-das por dissertações sobre o assunto. A Acade-mia Francesa de Ciências, por exemplo, passou a ignorar oficialmente quaisquer trabalhos sobre o moto-contínuo a partir de 1775.

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Be there

Foto de cena — "Batmann Begins" © david james/Warner Bros/david james /Bureau l.a. Collection/Corbis

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nunca perder a curiosidade

Dizem que a melhor forma de lembrar-se de um sonho é procurar anotá-lo logo ao

acordar. Essas espetaculares realida-des alternativas parecem ser apenas minúsculos momentos no tempo. No entanto, existem pessoas que trazem esses sonhos para dentro da nossa re-alidade – são os chamados superviso-res de efeitos visuais.O filme de Georges Méliès Viagem à Lua, de 1902, conhecido como tendo sido o primeiro a incluir modelos em miniatura, é basicamente a primei-ra verdadeira obra de efeitos visuais. Méliès colocou o sarrafo bem alto para as gerações depois dele, e se pudesse ver o mundo do cinema agora, ficaria muito orgulhoso.Em 110 anos, os efeitos visuais foram realmente longe. Avatar, A Origem, Batman: O Cavaleiro das Trevas e Hellboy são todos exemplos de cria-ções épicas cortesia da atual tecno-logia de VFX, e perto deles 2001: Odisseia no Espaço parece bastante antiquado. No filme Os Dez Mandamentos, de

1956, há uma cena em que Charlton Heston parte as águas. O diretor Cecil B. DeMille conseguiu essa façanha fil-mando mais de um milhão de litros de água sendo derramados em um tan-que, e depois simplesmente rodando a cena de trás para a frente. Nos anos 70, quando o pioneiro de efeitos visuais John Dykstra e seu time não dispunham da tecnologia para completar seu ambicioso Guerra nas Estrelas, simplesmente a inventaram. Assim nasceu a câmera de stop mo-tion conhecida como "Dysktraflex", que tornou possível filmar vários ele-mentos usando mesmo movimento de câmera.Hoje, a indústria de efeitos visuais é um universo florescente e complexo, povoado por renegados destemidos que trabalham duro e com paixão. Pessoas que desafiam limites, mas sa-bem que estão sujeitas a limitações, como tempo e dinheiro. Sem elas, a maioria dos filmes não seria feita."É preciso ser super-hipercriativo e tão único quanto possível para so-breviver", afirma Paul Butterworth.

Sempre existe cofundador da empresa de efeitos especiais australiana FUEL VFX e supervisor de efeitos visuais em filmes como Prometheus e Thor.Butterworth mudou-se da Grã-Bre-tanha para a Austrália há 20 anos. Quando começou, havia apenas um

Tendências em efeitos visuais

TExTO Ari Stein FOTOS David James/Warner Bros/David James /Bureau L.A. Collection/Corbis,

ScanlineVFX

O Cavaleiro das Trevas, Avatar e companhia

númEro dE litroS uSadoS para

"partir aS ÁguaS"

1 milhão

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nunca perder a curiosidade

punhado de profissionais de efeitos especiais trabalhando no país. Agora, são milhares. Sobre as mudanças nes-sa indústria, Butterworth diz: "Ape-sar de envolver muita tecnologia, continua a ser um trabalho artesanal e exige muita habilidade. Por isso, o maior fator de custo do filme é sempre a mão-de-obra".

É preciso ser

super-hipercriativo

e único para

sobreviver

A tecnologia atual permite aos su-pervisores de efeitos visuais criar o seu equivalente a "partir as águas"? "Ainda são precisos gênios e que tais para desenvolver as ferramentas mais sofisticadas para a nossa indústria", responde Butterworth. "Sempre exis-te a possibilidade de precisarmos de um oceano com ondas que quebrem de uma determinada forma, ou de termos de criar um universo com uma grande simulação de fluído, como em Prometheu". A simulação de fluído é um dos efei-

tos mais espetaculares na tela, porque recria a aparência e a sensação de líquidos, gases e fogo, como o univer-so em Prometheu. Por detrás de todas essas cenas de cair o queixo, porém, há um monte de matemática intrica-da. Um dos efeitos mais difíceis de se obter, devido às suas propriedades fí-sicas únicas, os fluídos exigiram déca-das de modelagem matemática, antes mesmo do uso de computadores, e as primeiras tentativas de simulação por computador não tinham semelhança alguma com a realidade. Foi só nos anos 90, com aumentos enormes da capacidade de processamento dos computadores, que vimos uma simu-

lação semirrealista. De lá para cá, a tecnologia acelerou de tal forma, que hoje é possível comprar pacotes em lojas e plugá-los numa suite de efei-tos – mas ainda é preciso um opera-dor extremamente hábil para extrair o máximo deles. Butterworth relembra: "A primeira vez que David (Michael Fassbender) aperta o botão, ativa o holograma do universo e entra nele é especial. Você vê todas as estrelas, nuvens de gás e nebulosas surgirem, e foi a primeira vez que vimos a lua do sistema Zeta 2

Cronologia

1982

1990

1995

2009

primeira sequência gerada inteiramente por computação gráfica em um longa-metragem (o efeito de gênesis em jornada nas Estrelas ii)

primeira tentativa de usar captura de movimento para um longa-metragem, finalmente substituída pela rotoscopia (o vingador do Futuro)

primeiro longa-metragem totalmente animado por computador (toy Story)

Captura de performance completa (avatar)

Cena de a viagem © ScanlinevFX

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em rotação. Olhamos uns para os ou-tros e exclamamos, "Wow, isso é que é um planetário!”E o que virá no futuro? A tecnologia atual é impressionante, mas a procura pela perfeição continua, com aperfei-çoamentos graduais constantes e uma busca pelo próximo grande salto para a frente.Uma das empresas responsáveis por esses aperfeiçoamentos é a alemã Scaline. Ela tem em seu currículo al-guns dos mais estonteantes efeitos visuais em filmes deste século, como 300, ou 2012 de Roland Emmerich, e Os Vingadores, e é líder em simulação de fluídos.Os especialistas da Scaline não só estão conscientes das mudanças na sua indústria, como também de que efeitos visuais se tornaram imprescin-díveis para todos os filmes. Segundo seu CEO Ismat Zaidi "Não há filme que não use esses efeitos. Alguns têm pouca coisa, e outros um monte, como, por exemplo, Cloud Atlas, no qual também trabalhamos. Fazer um filme como esse há dez ou vinte anos teria sido impossível".É a tecnologia que impulsiona essa in-dústria e a libertou até um certo ponto, mas paradoxalmente ela também dei-xou muita gente coçando a cabeça. A simulação da realidade no cinema não terá limites? Onde irá parar toda essa tecnologia radical de efeitos visuais movida a gênios e que tais?O termo que mais enerva os profissio-nais da indústria de efeitos especiais é "Uncanny Valley" – Vale da Estra-nheza. Uma região onde não há lugar para humanos, onde imagens geradas por computador e ação ao vivo inte-ragem tão bem, que atores digitais substituem os humanos, e que já foi testada até certo ponto em O Curioso Caso de Benjamin Button e O Expres-so Polar. Se algum dia chegarmos lá, não há dúvida que será um lugar es-tranho, mas também é certo que sem-pre precisaremos dos humanos. Para fazer, criar e assistir os filmes.

Para esses criadores de fantasias, o que conta não é a última solução cha-ve-na-mão, ou software para criar a ilusão de fogo ou velocidade – e sim gente de verdade e emoções de ver-dade. Eles são, realmente, os heróis desconhecidos do cinema. Qual foi a última vez que o senhor saiu de um cinema como membro de uma equipe de efeitos visuais em vez de com um ator ou diretor? Dan Glass se recorda: "Um dos momentos mais maravilhosos foi [...] na estreia de Cloud Atlas em Toronto, quando o

público nos aplaudiu em pé durante trinta e sete minutos".Com todo esse papo de atores digi-tais e tecnologia futurista, não é um momento estranho no tempo para se estar? Sempre existem compensa-ções. "Ter Johnny Depp em nossos monitores durante algumas semanas enquanto trabalhávamos no Piratas do Caribe foi muito agradável" lem-bra Zaidi, e sorri. Ao que parece, pelo menos por ora o Vale da Estranheza ainda está longe.

a viagem antes: filmagem diante de um fundo verde © ScanlinevFX

a viagem depois: fundo verde substituído por cenário animado

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A roda de bicicleta

Bicicletas podem parecer banais, e no entanto cada contorno, parafuso e raio tem uma função muito específica. Vejamos as rodas, por exemplo. Elas podem ser parecidas com as rodas antigas de madeira, cujos raios se encontravam sob com-pressão, mas as modernas rodas de suspensão invertem esse sistema, sujeitando todos os raios a uma tensão constante, o que as torna muito mais leves. Numa inversão da lógica comum, o cubo da roda é suspenso pelo topo do aro, en-quanto que a forma da roda é mantida porque os raios puxam o aro na direção do cubo. Com a mudança de apenas um detalhe, a roda foi lite-ralmente reinventada.

Pequenos detalhes, grande impacto

TExTO Lucas Frost FOTOS M.Rummenigge/fussball-raritaeten.de, nikeinc.com, Plotnikov/Dreamstime.com, STEVENS

Bikes, Stöckli, iStockphoto.com/David Morgan, www.guitarvillage.co.uk, www.guitarbitz.com, Washington State Archives,

Puget Sound Branch, Port of Seattle Photograph Collection

Às vezes, as menores coisas acabam fazendo a maior diferença,

mas não raro a sua aparente insignificância ilude, e os seus

efeitos sobre o nosso cotidiano são enormes. Aqui estão cinco

inovações brilhantes, às quais todos nós provavelmente não

damos o devido valor

A chuteira

Desde as suas origens na Inglaterra dos Tudors até os modelos aerodinâmicos de hoje, a chuteira é uma amalgamação de uma infinidade de minús-culas inovações. Nos anos 50, o pesado couro de vaca foi substituído pelo couro de canguru, mais leve. Desde então, a busca por leveza levou a so-las de plástico ou de fibras de carbono. Hoje, cada centímetro da chuteira é otimizado para melhorar funções muito específicas. Nervuras especiais de borracha na superfície dorsal interna, por exem-plo, aumentam o atrito e dão melhor efeito de voo à bola, resultando em maior precisão de chute. A exemplo das travas removíveis, outros desenvolvi-mentos futuros provavelmente tornarão a chuteira ainda mais leve, customizável e segura.

velocípede, França, aprox. 1870

© plotnikov/dreamstime.com

Chuteira adidas modelo "uwe Seeler",

o primeiro par de chuteiras de michael

rummenigge, 1970

© m.rummenigge/fussball-raritaeten.de

mercurial vapor iX da nike, Cristiano ronaldo

© nikeinc.com

Bicicleta da StEvEnS, patrocinadora oficial de Stefan nimke,

campeão mundial de team Sprint 2011 e time trial 2012

© StEvEnS Bikes

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A guitarra elétrica

Nos anos 20 do século passado, os violonistas de jazz tinham um problema. Seu som estava sendo abafado pelos pistonistas e bateristas das bandas populares da época, que estavam tocando cada vez mais alto. Os microfones convencionais, con-tudo, não conseguiam captar todo o espectro de frequências do violão. A solução veio com o cap-tador eletromagnético. Com um ímã enrolado em um fio fino de cobre, é possível transformar o som produzido pela vibração de uma corda de aço em sinal elétrico. Esse sinal elétrico pode então ser amplificado, produzindo um som mais rico e po-tente, e uma variedade de efeitos. Uma pequena peça de metal deu origem à música elétrica.

O esqui

Usado durante séculos como meio de transporte e esporte, o esqui sempre teve a mesma forma básica: longo e estreito. A fixação que prende o esqui à bota do esquiador, contudo, mudou radi-calmente. Visando reduzir o número de lesões, as fixações modernas se abrem e o esqui se despren-de quando um determinado esforço de torção é aplicado pelo esquiador ao cair. A forma do es-qui também foi modificada. O esqui parabólico, com seu "sidecut" pronunciado, cintura estreita e extremidades largas, tem um raio de curva muito mais curto. Ou seja, além de ser mais fácil de con-trolar, ele é mais veloz em pistas de slalom.

O transporte por contêiner

A explosão do comércio no século XX exigiu uma reestruturação completa da logística de transporte. O "contêiner intermodal" pode ser transportado por diferentes meios: hidrovia, fer-rovia e rodovia. Mas isto seria impossível sem um elemento crucial – o twistlock. Este disposi-tivo serve para fixar de forma segura o contêi-ner ao seu meio de transporte, ou uni-lo a outros contêineres, permitindo empilhá-los. Um pino de aço é inserido em aberturas nos quatro cantos do contêiner e girado em noventa graus, de forma a ficar bloqueado nessa posição. Uma solução ex-traordinariamente simples para um desafio ver-dadeiramente global.

Kurt Cobain jaguar, da Fender: inspirada na jaguar

de 1965 utilizada por Cobain no início dos anos 90

© guitarbitz.com

terminais de Smith Cove, porto de Seattle,

aprox. 1919 © Washington State

archives, puget Sound Branch, port of

Seattle photograph Collection

Esquis antigos, madeira e metal,

aprox. 1930

© iStockphoto.com/david morgan

70th anniversary john lennon

j160E museum, da gibson

© guitarvillage.co.uk

navio de contêiners, Holanda 2012©

Christoph dammast

Esquis da Stöckli, patrocinadora oficial de mike

Schmid, campeão olímpico de esqui cross em

vancouver 2010 © Stöckli

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A humanização de novo espaço

TExTO Johanna Bloomfield IlUSTRAÇÃO Benedikt Rugar

Como um novo traje torna possível o turismo

espacial

1 Camada externa resistente ao fogo

e vento

O traje consiste de uma camada de nylon

lacrado a quente, resistente ao fogo e

vento

2 Balão interno

O balão interno infla com oxigênio duran-

te a reentrada ou redução da pressão na

cabine, exercendo pressão sobre abdo-

me e mantendo a circulação sanguínea.

3 Cintas de restrição

As cintas de restrição minimizam a di-

ferença de volume e expansão do traje

sob pressão máxima, permitindo melhor

mobilidade.

4 Unidade de ventilação portátil

Entrada de O2. A unidade de ventilação é

um dispositivo portátil, que fornece oxi-

gênio ao traje espacial e é usado para

refrigerar e recircular oxigênio.

1

2

3

4

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Com a recente divulgação de um cronograma de médio prazo para relocação de humanos da

Terra para colônias extraterrestres na Lua e em Marte, o cidadão comum deve estar se perguntando: "Eu estou vivendo em um romance de ficção científica?" A reali-dade é que a demanda de exploração co-mercial do espaço está sendo suprida por uma nova e abundante fonte de recursos vindos de um grupo crescente de empre-sários. O objetivo desse grupo, conhecido como a "nova indústria espacial", é pro-ver acesso ao espaço exterior através de empresas de capital privado. O foco não está só em proporcionar um playground com gravidade zero para aspirantes a as-tronauta, mas também em implementar o uso de tecnologias aeroespaciais inovado-ras e econômicas. À medida que o orça-mento de agências governamentais como a NASA continua evaporando, a partici-pação de fontes externas tem aumentado de forma dramática, dando origem a uma pequena porém notável comunidade de empresas decididas a levar seres huma-nos às profundezas do espaço cósmico. Antes que possamos imaginar um êxo-do das massas para colônias na Lua, é importante compreender o que essas empresas estão de fato oferecendo. O que chamamos de "espaço" começa, na verdade, a pouco menos de 100 quilô-metros da superfície da Terra. Para que uma nave espacial entre em órbita, ela tem de atingir altitudes entre 160 e 320 quilômetros e uma velocidade mínima de aproximadamente 28.000 km/h, ou Mach 23 (vinte e três vezes a velocidade do som). Um voo suborbital, por sua vez, oferece uma ascensão até a "fronteira do espaço", onde você experimentará au-sência de peso, vistas arrebatadoras da curvatura da Terra e a infinita escuridão do espaço. A questão, portanto, é ... até onde você está disposto a ir?Você pode optar por um vôo "Zero-G", da empresa Space Adventure, e experi-mentar a gravidade zero mesmo sem sair da atmosfera terrestre. Já o cosmonauta mais intrépido sentir-se-á atraído pelo voo suborbital da Virgin Galactic. Composta

de um avião a jato e de uma unidade de transporte propulsada por foguete, a es-paçonave da Virgin transportará seis pas-sageiros e dois pilotos para cinco minutos de deslumbramento no limiar do espaço. A uma inclinação muito maior do que a de aviões convencionais, os passageiros experimentarão uma "aceleração estonte-ante", seguida de um curto e gratificante período de flutuação em gravidade zero. Qual é o galho, então? Além do preço salgado de US$ 200.000, essas jornadas ambiciosas exigem treinamento médico e psicológico. Pode ser difícil aprender a superar o enjoo e a falta de preparo psico-lógico em apenas três dias, considerando-se que os astronautas costumam passar por milhares de horas de treinamento antes de seus voos espaciais!

A questão, portanto,

é... até onde você

está disposto a ir?

Um dos elementos mais cruciais para que os passageiros possam transpor a atmos-fera é o traje espacial pressurizado IVA (Intra Vehicular Activity), um sistema por-tátil de sobrevivência usado dentro da ae-ronave para proteção de emergência em caso de despressurização da cabine. Ele consiste de uma camada externa resis-tente ao fogo e ao vento, um "balão" in-terno, cintas de restrição em tecido e uma unidade móvel de ventilação. A restrição do "balão" neutraliza as forças de acele-ração, e pode ser ajustada por botões do lado externo. As luvas e o capacete estão ligados ao traje por flanges de metal.Duas empresas que estão desenvolvendo trajes IVA avançados são a Final Frontier Design e a Orbital Outfitters. Formada por Ted Southern e Nikolay Moiseev em 2010, a FFD é uma colaboração entre um engenheiro de trajes espaciais russo e um especialista em efeitos especiais e em fi-gurinos. A sua roupa espacial 3G Next Generation integra o "balão" e a restri-ção em um traje pressurizado de camada única, a um preço de US$ 50.000. Seu pri-

meiro cliente é a Zero2Infinity, cujo balão estratosférico inflado com gás hélio está projetado para levar quatro passageiros até uma altitude de 36 quilômetros. Chris Gilman, também ele saído da in-dústria de efeitos especiais, fundou a Or-bital Outfitters em 2006, após trabalhar em Hollywood criando figurinos para o cinema e a televisão. O IS3 (Industrial Su-borbital Space Suit) concebido pela OO é um traje de emergência para tripulantes que, segundo Gilman, "não só tem de ser capaz de salvar a vida de uma pessoa em uma emergência, mas também de fazer com que ela fique bonita e se sinta bem ao mesmo tempo.".O que isto significa para o futuro imedia-to da nova indústria espacial? Enquanto Elan Musk, CEO da Space X, fala em fundar civilizações humanas autossusten-tadas em Marte, podemos começar com a chegada do primeiro veículo comercial não tripulado à Estação Espacial Interna-cional, em maio de 2012. Com projetos sensacionais como hotéis orbitais e ele-vadores espaciais, o futuro das viagens espaciais patrocinadas por empresas privadas é uma realidade inegável. Do envolvimento de Richard Branson até ex-diretores de voos Apollo, a nova indústria espacial promete encontrar alternativas não convencionais, que nos colocarão em uma posição que não só nos permitirá vi-ver nossas fantasias de ficção científica, mas também avançar nossa capacidade de descobrir fontes de energia que po-deriam substituir as existentes na Terra finita que ora habitamos.

vEloCidadE mÍnima para uma navE

ESpaCial Entrar Em órBita

28.000 km/h

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Expo 2015TExTO Paul Sullivan FOTOS Paul Furst, Victoria and Albert Museum / London,

Cheng Min/Xinhua Press/Corbis, Wojtek Gurak, Expo Milan

Enquanto os planos para a Expo Mundial 2015

seguem em andamento em Milão, Paul Sullivan

lança um olhar sobre a evolução de uma das maiores

plataformas globais de diálogo e inovação do planeta

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nunca perder a curiosidade

I magine uma existência na qual as modernas maravilhas do mundo não viessem até você via seu lap-

top, smartphone ou outro dispositivo tecnológico, mas onde você tivesse que ir até elas. Até bastante recentemente, era precisamente este o caso. Começan-do com a primeira Exposição Mundial em 1851, os cidadãos do globo tinham de viajar de trem, barco ou até mesmo a pé, para ver pela primeira vez mara-vilhas tão revolucionárias como waffles belgas, a escova de dentes elétrica ou computadores."Uma aparente confrontação de produ-tos, na realidade uma confrontação de utopias", empolgou-se Victor Hugo na introdução ao catálogo da Exposition Universelle de 1867 em Paris, uma frase que descreve bem a Exposição Mun-

dial, desde a sua inauguração em 1851, no Palácio de Cristal em Hyde Park, Londres.Inspirada pela tradição francesa de mos-tras nacionais (especialmente a Exposi-ção Industrial Francesa de 1844), a Expo Londres foi a primeira de sua espécie em termos de ambição e alcance global. Organizado pelo Príncipe Alberto (mari-do da Rainha Vitória), o evento recebeu o título pomposo de "Grande Exposição

dos Trabalhos de Indústria de Todas as Nações", e atraiu seis milhões de visi-tantes provenientes de 25 nações. Essa mostra foi um real sucesso, no sentido figurativo e literal, e lançou uma base para todas as que se seguiram (Filadél-fia, Sydney, Barcelona, Paris), até suas edições de hoje, distribuídas por países tão diversos como Austrália, Brasil, Ca-nadá, Japão, Coreia do Sul e China.

Uma aparente con-

frontação de pro-

dutos, na realidade

uma confrontação

de utopias

Após a criação do seu órgão regulador, o Bureau Internacional de Exposições (BIE), em 1931, as Expos Mundiais (ou Universais) passaram a acontecer em um ritmo de cinco anos, durando seis meses cada uma. O BIE também apoia as Expos Internacionais, eventos "me-nores" que duram três meses e são realizados no intervalo entre as Expos Universais. O exemplo mais recente é a Expo 2012 de Yeosu (Coreia do Norte).

A mais recente Expo Mundial teve lugar em Xangai (2010) e somou 73 milhões de visitantes – 98% dos quais chineses – de 200 países. Em 2008, os membros do BIE reuniram-se em Paris para esco-lher a sede da Expo 2015: a vencedora, com 86 votos (contra 65 para a principal rival, Izmir, na Turquia), foi Milão, a me-trópole mais setentrional da Itália.

Um Conceito em Evolução

A evolução da Expo Mundial não foi li-vre de percalços. A exposição de 1984 em Nova Orleans, que, além de não exibir nada de particularmente notável, enfrentou forte competição na forma das Olimpíadas de 1984 em Los Ange-les, acabou em bancarrota e teve de ser resgatada pelo governo norte-america-no, desde então notavelmente menos envolvido na cena da Expo Mundial.Mas os êxitos superaram, de longe, quaisquer pontos negativos. Na Europa e nos Estados Unidos, as mostras cria-ram milhares de empregos durante os anos do pós-guerra, com cidades como Seattle tornando-se conhecidas por sua Expo 1962. Sua famosa torre Space Ne-edle, construída para a Expo, aponta para o legado arquitetônico do evento, iniciado com a construção da Torre Eif-fel, em 1889, para a Expo de Paris.Com o correr do tempo, a perspectiva e os enfoques da Expo evoluíram, e ela se desfez de sua aura colonial do século XIX para focar questões de cultura, ima-

númEro dE viSitantES da EXpo 2010

Em Xangai

73mi

palácio de Cristal, grande Exposição de 1851

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gem nacional, e criar diálogos entre na-ções sobre desafios que o mundo atual enfrenta. Desde 1994, o foco oficial tem sido o meio ambiente e desenvolvimen-to sustentável: a Expo 2010 de Xangai, por exemplo, foi concebida em torno do tema "Cidade Melhor, Vida Melhor", e focalizou problemas de urbanização atuais, enquanto que a Expo Yeosu 2012 se dedicou aos "Oceanos e Costas".

Todos os habitantes

do planeta

deveriam ter acesso

a comida e água

saudáveis, seguras

e suficientes

A Expo Milão 2015 tratará do tema mundial "Alimentando o Planeta, Ener-gia para a Vida". Cerca de um bilhão de pessoas sofre de fome, enquanto que um número igual de indivíduos é obeso ou tem sobrepeso. A Expo 2015 objetiva despertar a conscientização sobre esses problemas e fomentar o comprometi-mento para superá-los, buscando enfo-car a nutrição e o conceito de que todos os habitantes do planeta deveriam ter acesso a comida e água saudáveis, se-guras e suficientes.A Itália é o país certo para esse tipo de debate. A indústria alimentícia italiana (a segunda maior do país) inclui nada menos do que 36.000 empresas fami-liares e de médio porte, meio milhão de operários e um faturamento anual superior a 100 bilhões de euros. A Itália é, também, o quartel-general das três agências das Nações Unidas que atuam nas áreas de alimentação, agricultura e fome: a Organização para Agricul-tura e Alimentação (FAO), o Programa Mundial de Alimentos (WFP) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrí-cola (IFAD).

A Expo Milano 2015 representa, sem dúvida, o investimento da Itália no fu-turo. Será o primeiro evento em grande escala realizado no país após uma longa crise econômica mundial. É uma opor-tunidade única de turbinar o sistema financeiro e impelir a economia para o futuro. O governo italiano confirmou re-petidamente seu apoio à Expo 2015, um evento que trará ainda mais moderniza-ção para a região. "A Itália e seu governo, suas autorida-

des locais, seu povo e suas empresas estão plenamente comprometidos com a Expo Milano 2015 com suas reno-madas aptidões organizacionais e sua criatividade", comentou o primeiro-ministro italiano Mario Monti durante a Conferência dos Participantes Inter-nacionais em Outubro de 2012. "Há um compromisso total com o sucesso do evento e com a importância do tema da Expo, que é, basicamente, "não desperdice".

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pavilhão da dinamarca, Expo Xangai 2010 © Wojtek gurak

Cerimônia de abertura da Expo Xangai 2010 © Cheng min/Xinhua press/Corbis

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Um Marco na História da Expo

Até agora, um número recorde de 113 países já declararam que irão participar da Expo 2015, e 18 deles assinaram o contrato de participação, incluindo a China, Rússia, Turquia, Alemanha, Suíça, os Emirados Ára-bes Unidos e a Tailândia. A Alema-nha pretende investir 45 milhões de euros; a China, animada pelo sucesso de Xangai, anuncia que mais de um milhão de chineses visitarão a Expo 2015. A Suíça, que já exibiu seu pa-vilhão, e os Emirados Árabes Unidos, investirão cerca de 100 milhões de dó-lares norte-americanos cada.

O parque da

Expo 2015

será o centro

de uma rede

inovadora de

mobilidade verde

e sustentável

Até agora, conta-se com 20 milhões de visitantes, a maioria deles de países europeus. O projeto do parque da ex-posição, situado a noroeste do centro da cidade, será elaborado em conjun-to com arquitetos famosos como Ste-fano Boeri, Ricky Burdett e Jacques Herzog, e promete ser um marco no campo da sustentabilidade ambiental. 80% dos materiais usados na constru-ção dos pavilhões serão reciclados, e mais de 10.000 espécies de plantas e arbustos serão plantadas no local. O parque terá ligação de trem e de me-trô, e os visitantes serão incentivados a usar carros elétricos e compartilhar carros e bicicletas. E o que é mais, o parque se tornará

o centro de uma rede inovadora de mobilidade verde e sustentável, que o conectará com o centro e os arre-dores de Milão. Esta rede incluirá 35 quilômetros de ciclovias e caminhos para pedestres, parques e canais. Para implementar a mais recente tecnolo-gia de "cidade inteligente", a Expo firmou parcerias com empresas lo-cais, encarregadas de prover a infra-estrutura de redes de telefonia fixa, móvel e TI, viabilizando soluções tec-nológicas de última geração, entre as quais serviços móveis de pagamento e ticketing. O projeto também inclui soluções inteligentes para visitantes e administrações públicas, desenvol-vimento e gerenciamento do website, gestão operacional, manutenção e for-necimento de conectividade e tráfego de voz e dados. Em linha com o seu compromisso de entreter e ao mesmo tempo educar, a Expo contará com um Parque de Bio-diversidade, com 14.000 metros qua-drados, um Teatro ao Ar Livre para 11.000 espectadores, uma Arena do Lago com capacidade adicional para

20.000 pessoas (em pé) para espetácu-los aquáticos, concertos e performances, e um Parque Infantil. Além disso tudo,

haverá diálogos contínuos em forma de workshops, apresentações e debates. A grande questão é se as Expos refle-tem a forma como pensamos sobre o futuro, ou se, antes, prenunciam de-senvolvimentos futuros. Pode-se dizer que elas fazem as duas coisas. Na Expo Xangai 2010, um Pavilhão do Futuro exibiu imagens de vários futuros já ima-ginados por visionários, de Blade Run-ner até Metropolis. Estas podem não ter se materializado, mas muitas outras viraram realidade, desde o telefone, a turbina a vapor de alta pressão e as lâmpadas elétricas até o náilon e o fil-me cinematográfico. E o foco em novas invenções continua tão forte como nas Expos passadas, conforme ilustram os robôs violinistas no pavilhão do Japão, em 2010.As estatísticas de visitantes e o entu-siasmo geral pelas Expos Mundiais de hoje indicam que elas continuam sendo importantes no século XXI. Elas podem nem sempre fornecer as respostas aos problemas que colocam, mas elas repre-sentam um diálogo global do qual uma boa porção do mundo pode participar

fisicamente – uma novidade animadora, e talvez até mesmo de importância es-sencial, na era da interação on-line.

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"Sabemos combinarconfiabilidade com coragem."Joe Gantley, Transport Manager, England

www.voestalpine.com

Como time perfeitamente coordenado, podemos reagir em segundos, sem perder

de vista nossa meta. É essa perseverança, esse prazer em enfrentar um desafio

que nos diferencia. Não esperamos o futuro acontecer.

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