fundamentos para metodologia de uso dos espaÇos nÃo formais no ensino de ciÊncias
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A educação científica não está restrita a escola, atualmente a escola tem a possibilidade de utilizar a colaboração de outros espaços educativos, formais e não formais. Porém, muitos educadores escolares também tem a possibilidade de realizar isso em ambientes não institucionalizados em que precisa fazer um planejamento coeso e fundamento da sua prática educativa. Neste trabalho buscou-se construir uma reflexão apoiada na Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) e na Metodologia Dialética de Ensino (MDE) para análise de uma proposta de metodológica do uso do espaço não formal para educadores, em especial os professores de ciências de ensino formal. Isto com três partes de reflexão e constituído de nove passos em que oferece o momento para refletir na escolha de temas, estratégia didática em relação ao ambiente até a autocritica da ação docente. A proposta aproxima-se da tendência do construtivismo, contudo podendo ser flexionada a partir do referencial pedagógico assumido.TRANSCRIPT
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FUNDAMENTOS PARA METODOLOGIA DE USO DOS ESPAÇOS NÃO
FORMAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS1
Saulo Cézar SEIFFERT SANTOS1
1 Departamento de Biologia, Instituto de Ciências Biológicas, Setor Sul, Universidade Federal do
Amazonas. Av. Cel. Rodrigo Octávio, 6200, Coroado I, Manaus-AM. E-mail:
RESUMO
A educação científica não está restrita a escola, atualmente a escola tem a possibilidade de utilizar a
colaboração de outros espaços educativos, formais e não formais. Porém, muitos educadores escolares também
tem a possibilidade de realizar isso em ambientes não institucionalizados em que precisa fazer um
planejamento coeso e fundamento da sua prática educativa. Neste trabalho buscou-se construir uma reflexão
apoiada na Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) e na Metodologia Dialética de Ensino (MDE) para
análise de uma proposta de metodológica do uso do espaço não formal para educadores, em especial os
professores de ciências de ensino formal. Isto com três partes de reflexão e constituído de nove passos em que
oferece o momento para refletir na escolha de temas, estratégia didática em relação ao ambiente até a
autocritica da ação docente. A proposta aproxima-se da tendência do construtivismo, contudo podendo ser
flexionada a partir do referencial pedagógico assumido.
PALAVRA-CHAVE: Espaço não formal. Teorias. Metodologia.
GROUNDS FOR METHODOLOGY SPACES OF NON FORMAL IN SCIENCE TEACHING
ABSTRACT
Science education is not restricted to school; the school currently has the possibility of using the collaboration
of other education, both formal and informal spaces. However, many school educators also have the
opportunity to do this in non-institutionalized environments in which to do a cohesive planning and foundation
of their educational practice. In the study we sought to construct, a reflection supported the Theory of
Meaningful Learning (TML) the Dialectic and Methodology of Education (DME) for analysis of a
methodological proposal for the use of space for non-formal educators, particularly teachers of educational
sciences formal. This three-part reflection and consists of nine steps in offering the time to reflect on the
choice of themes , teaching strategy in relation to the environment until the self-criticism of the teaching
activity . The proposal approaches the tendency of constructivism, however can be flexed from the
pedagogical framework assumed.
1 Trabalho apresentado no IV Encontro Internacional de Ensino e Pesquisa de Ciências na Amazônia,
15-19/12/2014, Tabatinga-AM.
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KEY WORD: Non formal space. Theories. Methods.
INTRODUÇÃO
A escola tem enfrentado dilemas de defrontar com muitos temas controversos e o corpo de
profissionais têm tido dificuldades de interagir num contexto onde a informação circula muito rápido,
e não poucas vezes essa informação é confundida com conhecimento sobre fatos (abortos,
homossexualismo, drogas, desmatamento, mudanças climáticas, obesidade, entre outros). Essa
superficialidade no entendimento das coisas presente no dia-a-dia é conhecida como “presenteismo”
(CHASSOT, 2006), em que o tempo só presente é importante, ignorando o passado e o futuro. Este
fenômeno é um dos efeitos do mundo contemporâneo.
Neste contexto tem ascendido à possibilidade de trabalhar realidade do aluno em espaços fora
da escola, contudo com diversas designações, tais como: uso de aulas práticas extraclasses, espaços
socioambientais, educação não formal, espaço não formal, entre outros termos. O que muito se
designa é o termo “não formal” em oposição ao formal (controle e estrutura de dada instituição
educacional), e não igualando ao informal (sem controle estabelecido).
Essas nomenclaturas têm sua origem nos trabalhos de educação não formal de cooperativas e
organizações comunitária de ensino profissional na Europa (COLLEY et al., 2002), e no Brasil
ganhou espaço com a tendência pedagógica popular como a alfabetização de adultos, como atividade
realizadas por Paulo Freire (GOHN, 2006). Em relação ao Ensino de Ciências mais especificamente
relacionado à educação formal está à educação não formal da divulgação científica em museus
(MARANDINO, 2009).
Entretanto, nos últimos anos, o termo educação não formal tem gerado outra tendência, o
espaço não formal, com utilidade para o Ensino de Ciências e outras áreas do conhecimento, não
necessariamente museus ou centros culturais/ciências, mas se podem procurar espaços próximos à
realidade dos estudantes (florestas, área urbana, espaços naturais, praças, etc.). Assim, ocorre uma
busca por propostas/modelos adequados para as preocupações pedagógicas do ponto de vista escolar
sobre como propor e tratar estratégia de uso espaços não formais em locais comuns.
Neste trabalho, busca-se apresentar alternativas para o Ensino de Ciências através do uso de
espaços não formais na prática de ensino2 na escola básica por meio de ação pedagógica3
2 O termo “Práticas de Ensino” relaciona-se as ações que o professor utiliza ou se serve na
prática docente nas suas aulas (tipos de aulas e estratégias), pode ser chamada de didática, ou didática
específica (GATTI, 2012; PIMENTA & LIMA, 2012).
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fundamentada. Neste sentido nos apoiou-se em duas teorias, a Teoria da Aprendizagem Significativa
(TAS) e a Metodologia Dialética de Ensino (MDE), para analisar uma metodologia que permita a
utilização de espaços não formais para o ensino de Ciências de forma inovadora.
O termo inovação está relacionado a concepção humanista moderna de Educação, em que se
opõem a essencialidade do homem (concepção humanista tradicional) para a preeminência na
existência, assim aceitando o dinamismo no processo educacional. Compreendendo a inovação no
desenvolvimento do ser humano como o “pronto desde o nascimento e inacabado até morrer, no
intelecto, no conhecimento” (SAVIANI, 1989, p. 18), ou seja, “a educação é vida, vida é
desenvolvimento, e a finalidade do desenvolvimento é mais desenvolvimento” (DEWEY apud
SAVIANI, 1989, p. 19). Neste entendimento, o inovador está na escola, contudo se opõem ao
tradicional diretivismo magistral, instrucionismo (DEMO, 2009), e entende-se o processo de
desenvolvimento real deve-se está centrado no estudante, assim subordinando os fins aos meios. O
inovador nesta vertente em detrimento do tradicional está em estratégias centradas no aluno
promovendo o desenvolvimento do ser humano pleno (social, cognitivo, cidadão e crítico).
Sobre as estratégias em si, as mesmas em relação ao docente de Ciências podem estar
relacionadas à ação pedagógica diretiva, não diretiva e relacional (LODER, 2001), sendo que o
primeiro está ligado a ações que conduzem à apreensão de verdades ou conteúdos para o aprendente;
o segundo assume o entendimento que o estudante aprende por descobertas, precisando ser orientado;
e o último entende ações de interação entre docente e aprendente para o processo de desestabilização
cognitiva por meio de novidades e por processos endógenos, o aprendente constrói o conhecimento.
Neste caso, a inovação pode estar nas últimas duas relações, sendo que para ações desenvolvidas é
necessário a condução do professor, mas não como determinador do certo e errado, mas promovedor
de aprendizagem interagindo com o estudante e construindo com o mesmo.
Sendo que definimos o Espaço Não Formal (ENF, lê-se desta forma em diante) sendo o local
externo e não pertencente ao estabelecimento de ensino em que o aluno estar cursando. Podendo ser:
a) institucionalizado, pois pertence a uma pessoa jurídica como instituição privada ou pública, como
Centros de Divulgação Científica, Reservas, Empresas, entre outros; b) não institucionalizado,
porque não pertence a qualquer organização (pessoa jurídica) que o tenha estruturado para tal
3 Ação pedagógica são processos que realizando as relações do homem com o mundo, satisfaz
uma necessidade especial correspondente a ele (PIMENTA & LIMA, 2012). Em que o sujeito age de
acordo com seu conhecimento, esquemas, teorias, modos de ensinar, relações com os estudantes,
planejamento e desenvolvimento.
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finalidade e normalmente abertos ao público, como parques, fragmentos florestais, praças, entre
outros (SEIFFERT-SANTOS; FACHÍN-TERÁN, 2013).
Assim o uso de ENF não pode ser entendido como uma teoria em inovação, mas se aproxima
de um conceito, o espaço externo sendo utilizado inteligentemente, está relacionado com o
procedimento, com a natureza metodológica baseado em uma epistemologia do desenvolvimento
discente. Desta forma, para se analisar a fertilidade deste conceito pode-se discutir somente sobre
propostas, e estas entendendo-se a sua relação de ação pedagógica e prática de ensino e o uso de
espaços.
METODOLOGIA DE ENSINO EM ESPAÇO NÃO FORMAL (MEENF)
O objeto de análise é a proposta de Metodologia de Ensino em Espaço Não Formal (MEENF)
de Seiffert-Santos e Fachín-Terán (2013).
Para estes a utilização dos ENF na educação formal colabora com os objetivos de integrar
uma visão holística de conteúdos, além de abrir possibilidades de investigação em ensino de temas
junto aos alunos em ambientes adequados para isso. Para colaborar com o desenvolvimento de
práticas pedagógicas em ENF, a Metodologia de Ensino em Espaços Não Formais (MEENF) que
apresenta em três partes4:
Parte I - Pré Visita (cinco situações pedagógicas) – o planejamento. Aqui se verifica a
necessidade de buscar e construir um plano não focado em conteúdos conceituais somente, porém
numa construção de processo de conhecimento:
1. Área do conhecimento: escolha da área do conhecimento ou áreas que serão trabalhadas na ação didática.
Nesta fase, é importante decidir se haverá uma abordagem disciplinar ou interdisciplinar (de preferência
integrado com tema(s) de forma transversal) para que se possa delimitar o conteúdo, tendo-se em vista que, no
Ensino Formal, se estrutura a atividade em capacidade, competências e habilidades (BRASIL, 1998).
2. Conteúdo: escolha de temáticas e conteúdos específicos relacionados a serem abordados durante a ação
didática no ENF. Tais conteúdos precisam acordar com a maturação do desenvolvimento cognitivo, do
currículo escolar e o conhecimento do local (ponto 5, feito em conjunto). Não se pode estudar tudo acerca de
tema ou conteúdo num ambiente não formal, pois mesmo que tenha uma teorização sobre as temáticas
4 A construção da MEENF não é uma estrutura fechada que corresponda aos pressupostos
epistemológicos da TAS e MDE, porém há o espaço em cada parte para a construção e reconstrução
da visita visando o contexto escolar ser enriquecido na atividade em ENF com a flexibilidade de
fundamentar nas duas teorias, pois o mesmo é uma proposta metodológica. Segundo Saviani (1989)
comenta que uma prática em si não é inovadora, só apresentando rótulos e variações diferentes, mas a
mudança está relacionada a ressignificação da prática com concepções diferentes. Neste caso busca
romper com a concepção tradicional diretivista ligada reprodução de informações e conhecimentos.
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presentes, precisa do tempo de apresentação dos objetos presentes no ambiente para analisá-los de acordo com
o prisma de uma temática ou teoria científica, por isso deve ter clareza de quais itens serão trabalhados
(conceitos, relações, problemas, etc.).
3. Público: a escolha do público a ser levado ao ENF está vinculada à escolha do conteúdo (passo 2), o tipo de
ENF (mais informações no item 4) e os recursos possíveis de serem utilizados. O público escolar, por
exemplo, pode ser de estudantes da educação infantil, ensino fundamental, médio e superior. Cada público tem
características próprias de trabalho em ambientes externos. Aqui, deve-se analisar o perfil do público, ou seja,
classe social, faixa etária, escolaridade, condições de translado, relação com outros compromissos e sua
negociação (alunos com aula com outros professores no período de uso do ENF e autorizações dos
responsáveis).
4. Escolha do espaço não formal: seleção geral com uma listagem de possíveis ambientes a partir das
características do espaço visando a integração do conteúdo com ação didática, sendo o espaço
institucionalizado, ou não; deve estar adequado ao público que se trabalhará, às condições físicas e psíquicas
dos estudantes, principalmente à estrutura física do ambiente (trilha, banheiro, bebedouro, lanchonete,
auditório, etc.) e observar se o espaço possui sazonalidades que não possibilitem sua utilização em virtude de
problemas da estrutura ou de autorizações de autoridade competente. Veja mais detalhes em Araújo et al.
(2011).
5. Conhecimento do local escolhido: após o levantamento dos possíveis locais, escolhe-se aquele que será
visitado com antecedência para observar se as potencialidades que oferecem aos momentos didáticos, seus
recursos e sua estrutura para as visitas, sobretudo se existem guias e sistema de informação nos locais. Deve-se
selecionar os objetos de apresentação, ambiente para interações e produção de conhecimento, saber como se
deslocar e como realizar as interações com os estudantes, e os objetos de apresentação (verificar se é possível
mostrar a um aluno por vez, se há como fazer ampliações para todos observarem, e calcular o tempo para todo
o percurso).
Parte II - Visita Propriamente Dita (uma situação) – a execução da atividade depende da
estratégia escolhida, normalmente é acompanhada de uma aula na escola anterior a visita:
6. Estratégia didática: O professor planeja e seleciona a estratégia didática de acordo com a quantidade dos
estudantes, os objetivos, o tempo, as atividades de observação, de exposição e explanação, de produção de
conhecimento, de avaliação (construção do plano de aprendizagem ou ensinagem). Normalmente, a aula
inicia-se em sala de aula e a visita é uma prática, continuação ou ação de complementação para alcançar os
objetivos previstos. Neste ponto é necessário que a estratégia seja focada no aluno para que possa interagir de
forma ativa, não contemplativa, em que o mesmo possa buscar associar informações ou problematizar os
objetos observados no ambiente não formal. Araújo et al. (2011) recomendam que haja uma pesquisa prévia
do ENF, registrando-se em anotações e meio digital (vídeo, foto, áudio), coletando-se material (se for
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possível). Recomenda-se fazer um roteiro com os objetivos e atividades a serem realizadas na visita, no
entanto, não pode engessá-la com muitas atividades, pois é importante que haja flexibilidade para a
curiosidade e situações não previstas. Verifica-se possíveis conhecimentos prévios dos estudantes antes da
visita, mas também durante a mesma, não omitindo o espaço para analisar as ideias aprendidas.
Parte III - Pós Visita (duas situações) – reflexão da experiência para a construção do
conhecimento:
7. Análise e discussão do grupo: a partir de orientações preliminares, os estudantes devem saber o que vão
observar, como vão encontrar e quais são as características e implicações do que se está estudando e foi
observado in locu. Assim, os estudantes vão interagir e verificar o que compreenderam das observações feitas.
Este momento pode ser feito na sala de aula, com seus registros e anotações. Com base na teorização inicial,
podem-se discutir as problemáticas presentes nas temáticas abordadas nos objetos observados. Assim, é
possível realizar o refinamento das ideias elaboradas e ressignificá-las com a possibilidade de novos
comentários e informações. Essa análise deve ser feita ainda no ambiente não formal ou em momento
posterior, como na sala de aula. Uma possibilidade é que seja feito isto em grupos, devido a quantidade de
observações dos discentes e a falta de tempo no espaço não formal, assim formulado seus apontamentos sobre
os objetos observados e temas trabalhados.
8. Crítica e autocrítica da aula: deve-se avaliar se houve rendimento e alcance dos objetivos propostos (a partir
do roteiro de visita ao ENF), e se os estudantes o alcançaram ou não, por quais motivos isso ocorreu. Analisar
os problemas enfrentados no processo de aprendizagem e verificar os avanços do estudante e do grupo; refletir
sobre o que pode mudar, melhorar ou deixar de realizar. Tudo deve ser registrado para a melhoria das
próximas aulas. Isto pode ser feito em questionário avaliativo ou nos comentários dos estudantes.
9. Produção de conhecimento: o estudante deve realizar uma atividade de elaboração do que aprendeu e estar
presente em todo o processo de aprendizagem, fazendo registros, anotações, perguntas, etc. Ele deve, ainda,
realizar uma síntese dos conhecimentos elaborada para verificar ocasionais memorizações literais e arbitrárias
indesejadas, sem significado.
Esta proposta pode ser realizada em ENF institucional ou não institucional, está baseada na
relação professor/aluno, sendo que deve estar de acordo com sua proposta de PPP, auxiliando,
construindo e enriquecendo seu desenvolvimento docente de ensino e pesquisa.
APROXIMAÇÃO ENTRE O USO DE MEENF E A TEORIA DA APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA (TAS)
Nesta perspectiva é estruturalista cognitivista por meio da tendência do construtivismo.
Os ENF pressupõem uma intenção educativa em um ambiente diferenciado do habitual
ambiente formal. Desta forma, oferece-se usualmente uma proposta de educação não formal por outra
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instituição em parceria ou realiza-se o uso do ENF em dentro do contexto do ensino formal. Mas,
independentemente disto, deve-se delimitar uma estrutura e concepção pedagógica para orientação de
suas ações pedagógicas.
Desta forma, no exercício pedagógico pela Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) para
o uso do ENF, destaca-se:
a) Verificação dos possíveis subsunçores (conhecimentos prévios específicos) possam se ancorar em algum
objeto do ENF que seja em parte ou total objeto de aprendizagem escolar, é uma fonte potencial;
b) Objetos de observação do ENF para assimilação podem ser de representações (objetos físicos), conceitos
(processos) ou proposições (relações), ou seja, desde de objetos concretos de estímulo sensorial-material e/ou
de relação social, esse objeto de ancoragem denominamos de “caráter específico do ENF” ou “objeto de
ancoragem” por subsunção, superordenada ou combinatória;
c) Reflexão das ideias prévias (subsunçores) em relação a nova ideia a partir do uso do ENF, objeto de
ancoragem, se dá por meio da interação para assimilação, desta forma o educador deve dominar o
subsunçor(es) e/ou (pseudo)organizador prévio para o ambiente específico, assim poder ser potencialmente
significativo,
d) A assimilação do objeto de aprendizagem é desenvolvida por meio do enriquecimento do objeto inicial por
meio de levantamento/elaboração de relações possíveis com os objetos de ancoragem (objetos observados no
ENF) promovendo detalhamento e caracterizações dos mesmos, assim observando variações dos objetos
iniciais dos itens observados (gerando as diferenciações e reconciliações com ideias gerais),
e) Depois disto, se for realmente significativo, haverá a retenção de conteúdo ou sua possível obliteração, mas
preservando subsunçor alterados.
Em primeiro lugar, o uso de ENF a partir da Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) de
Ausubel (2003) para análise da proposta metodológica se contextualiza na aprendizagem formal,
normalmente se dá por recepção e não por descoberta quando se analisa assimilação de conceito
(AUSUBEL, 2003). Há uma crença de que o uso do ENF ocorrerá por meio de descobertas, mas, no
caso do objetivo formal de aprendizagem conceitual e proposicional, isto não seria o frequente.
O ENF não oferece em si conceitos e proposições para a assimilação sem a existência de
subsunçor(es) ou (pseudo)organizador prévio, no qual não se pode reduzir simples representações dos
espaços à fixação de conceitos e proposições (abstrações e modelos mentais mais elaborados), tal
como necessita no Ensino de Ciências. Então, há a necessidade de verificar o que existe no ambiente
não formal que possa ser potencialmente significativo para ancoragem de conceitos aprendidos ou
realizar isto na sala de aula, com a organização de aprendizagem mecânica, ou construção de
organizador ou pseudorganizador prévio (MOREIRA, 2008).
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De toda forma, deve-se, antes de utilizar o ENF, propor algo para interagir para justificar o
uso do ambiente. Primeiramente, no Ensino Formal, há vários conhecimentos escolares inseridos para
desenvolvimento do estudante sobre a sociedade ou o mundo natural realizado em aulas expositivas
em sala de aula ou ensino por pesquisa, pois, a aprendizagem por recepção não é necessariamente
passiva, pelo contrário, o aprendiz pode ser conduzido há um esforço para atribuir significado e não
resultar em ideia obliterada ou sem sentido (MOREIRA, 2008).
Por isso, o uso de ENF antes de tudo pode ser visto como uma ocasião de interação de
conhecimentos escolares com objetos de observação em que se busca a construção de um novo
conhecimento com foco na realidade cultural e crítica vista de forma mais próxima. Isto é, que passe
do nível de imagens concreta (representacional) para o conceitual (processo), e posteriormente se
interage para aprendizagem proposicional (relações). Esse tipo de proposta não é algo simples, pois
pode ser verificado em uma simples visita-passeio, pois ter-se-á selecionar objetivos de observação
no ENF e elaborar o plano de aprendizagem por tipo de aprendizagem em subsunção, combinatória
ou superordenada (AUSUBEL, 2003). Esse esforço de atribuição de significado é centrado no aluno
de forma ativa.
No caso da interação dos conhecimentos escolares como “objetos de observação”5 em ENF
são possivelmente significativo para planejar uma aprendizagem que pode ser do tipo superordenada
ou combinatória, pois a subsunção exigiria um tempo de identificação de características específicas
de ancoragem, contudo para superordenada, por exemplo, num espaço estimulante o indivíduo realiza
um esforço de dar significado consultando a sua estrutura cognitiva com vários estímulos não
controlados vindos do ambientes, isto pode propiciar uma reorganização sua estrutura cognitiva em
questões de resignificar/enriquece conceitos, proposições e valores por meio de atribuição de
significado como o uso da lógica em relação a temas (de forma transversal), ou utilizar um grau mais
alto de abstração, como o emprego raciocínio ecológico, evolucionista darwiniano ou até mesmo em
educação ambiental; em relação a aprendizagem combinatória, de forma semelhante sobre os vários
estímulos não controlados, mas não modifica a estrutura dos conceitos, mas pode interagir com os
mesmo.
5 Objeto de observação é a expressão escolhida para explicar que se devem selecionar a
informação como objeto para a construção cognitiva no ENF, se tornará o objeto de ancoragem no
subsunçor ou equivalente, sejam cognição de representação (visual, ou outro sentido), conceitual ou
proposicional. Está relacionado a natureza dos conhecimentos prévios.
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Esses objetos de observação no ENF passam pelo que se pode denominar “coisificação” do
objeto, pois pode ser algo concreto ou abstrato e de toda forma pode ser apreendido pelos sentidos e
processar a informação por meio da reflexão ou discussão. No caso do uso do ENF, espera-se o
encontro com este objeto. Isso pode precisar de matérias de observação (instrumentos), como
matérias de leitura no local do objeto (placas), instrumento de apuração de sentidos (para visão e
outros sentidos) ou instrumentos de realização de relações para possíveis percepções do objeto de
observação (como lupa para visualização). Tudo isto deve ser analisado de acordo com o estágio do
desenvolvimento cognitivo do aprendiz.
Após apreender o objeto de observação, há a necessidade de analisá-lo e promover à relação
com as ideias prévias. Aqui residem possíveis problemas de relações erradas com conceitos
científicos ou culturais na formação de modelos mentais. Para isso, é necessário que a intervenção
didática ocorra antes da visita, por estratégias de aprendizagem, pesquisas prévias ou ambientes
selecionados para delimitar possíveis fugas do contexto de ensino pretendido. No caso seria o
processo de construção do contexto. Isto pode ser feito pela relação com tema de estudo e suas
interações com níveis de aprendizagens.
Se ocorre assimilação errônea de informação ao subsunçor, após interação e assimilação de
um erro conceitual ou de relação errônea, é difícil substituí-lo ou reconstruí-lo, se houver relação
significativa, formando concepção alternativa. Desta forma, é importante o tempo para a análise das
ideias prévias ou prepará-las por meio de ações pedagógicas anteriores. Aqui entra o ponto tão
importante quanto a própria visita, a seleção das ideias prévias, isso justifica tanta preparação da
primeira parte do MEENF.
Na TAS, é importante o desenvolvimento da interação educativa do subsunçor com o novo
conhecimento para que possa realizar relações de diferenciações progressivas e reconciliações
integrantes com conceitos gerais. Assim, nestes ambientes é necessário o momento de elaborações e
identificações dos constructos para realizar essas diferenciações, seus níveis e suas relações mais
simples de serem observadas. Logo, não pode somente visualizar objetos de observação (apreendê-
los instantaneamente), mas pode pensar sobre eles (construir-reconstruir-construir novamente do
concreto para o abstrato, do abstrato para maiores níveis de abstração) e socializar com outros
(colegas, professores e guias) para melhor compreendê-los e assim enriquecer essas ideias ligando
isto a uma situação problema (relacionado com ensino por investigação ou ensino por problema). Isto
é interessante ser ligado na elaboração da segunda parte.
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Isto é, o processo de reflexão individual e compartilhada no uso do ENF pode ser feito com a
técnica de pergunta-resposta (por exemplo), discussão, socialização de ideias, revisão das ideias
aprendidas. Esse processo não está fechado na visita em si, pode perdurar no processo de estudar e
refletir na experiência vivida. Isto pode ser relacionada ao desenvolvimento da terceira parte.
Após a assimilação, ocorre a retenção dos conhecimentos, momento que pode precisar de
mais esforço cognitivo. Entende-se que é necessária uma reflexão e elaboração do conhecimento por
meio de atividades para verificar o que se reteve. Neste caso, podem-se utilizar os mapas conceituais,
o Vê de Gowin (MOREIRA, 2011), as redações, os questionários, etc. que, de toda forma, são as
avaliações que verificam a retenção.
Sugere-se algumas orientações sintetizadas a partir da TAS para uso de ENF:
a. atividade didática anterior a visita para reconhecimento ou preparação de subsunçores ou
equivalentes, recomendando uso de temas como orientação de relação dos conteúdos escolares e objetos de
ancoragem;
b. seleção de objetos de observação no ENF para interagir os subsunçores e informações novas;
c. o processo de aprendizagem deve ser planejado relacionando o tempo ao nível de aprendizagem
(no caso de visita curtas pode ser aprendizagem do tipo superordenada ou combinatória, visitas mais
detalhadas do tipo subordinada);
d. deve trabalhar as implicações dos objetos de observação para fazer a diferenciação progressiva e a
reconciliação integradora com os temas de forma transversal ao conteúdo escolar, isto é pode ser feito por
discussão ou estratégias de reflexão das experiências vividas.
Na MEENF, parte I, pode-se compreender a presença dos tópicos a e b da TAS pressupondo
uma aula prévia antes da visita ao ENF (conjugado com o ponto 6), que pode ocorre para formulação
de conceito por aprendizagem mecânica ou por assimilação por (pseudo)organização prévio, em que
os conceitos trabalhado neste momento serão possivelmente os subsunçores.
Na parte 2 da proposta em discussão ocorre o tópico c da TAS utilizando os temas e mais
inclusivo para assimilação de conceitos por aprendizagem superordenada ou combinatório em visita
de tempo curto, ou subordinada quando houver tempo para realizar situação didática mais elaborada.
Na última parte, observa-se a presença dos tópicos d da TAS reconhece-se com a assimilação
dos conceitos gerais e mais inclusivos pode fazer a diferenciação progressiva e a reconciliação
integrante de conceitos derivados e mais específicos dos conceitos iniciais por meio da discussão e
elaboração de produção pessoal ou coletiva de forma ativa e relacional.
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O uso de ambientes fora da escola não é exatamente uma novidade, contudo o uso de
ambiente externos é normalmente apoiado em espaços institucionais de educação não formal
(museus, centro de ciências, entre outros), a proposta pode não nascer no professor, mas em outra
instituição, tendo que o professor se adaptar ao contexto institucional não formal, não
necessariamente produzindo os diálogos integrantes entre conteúdo escolar e objeto de observação.
Neste caso, pode ocorre aprendizagem significativa para além contexto escolar, isto deve ser
valorizado.
Nesta parte pode-se considerar que a inovação está em não reproduzir os conteúdos, mas na
construção dos mesmos pelo sujeito por meio da ancoragem de subsunçores aos objetos de
observação, para além da contemplação das aulas-passeios. Não sendo uma transferência, ou uma
verificação da verdade pronta e acabada, mas a contextualização de um ambiente (ENF), ideias e
conteúdos produzindo impressões que podem ser analisadas e relidas a partir do objeto de ancoragem
transformando-se em objeto de aprendizagem pela interação do objeto de observação e sua
estruturação conceitual hierárquica. Assim o professor possui um trabalho de planejamento para
aprendizagem efetiva.
A inovação nesta leitura teórica da TAS está na reflexão do professor relacionar o ambiente
de forma substantiva, não arbitrária e com significado ao estudante, construção idiossincrática, não
ocorre a mera imposição do ponto de vista do professor, é o estudante que assimila. Sendo realizado
isto dentro de ação relacional, mas tende a ser relacional, contudo o professor é visto como um
organizador do conteúdo escolar e do subsunçor em relação objeto de aprendizagem e objeto de
observação.
APROXIMAÇÃO DO USO DE ENF E A METODOLOGIA DIALÉTICA DE ENSINO
Nesta perspectiva teórica relaciona com a dialética materialista na tendência construtivista.
Dentro deste posicionamento teórico, há a Metodologia Dialética de Ensino (MDE) de
Anastasiou e Alves (2009), em que qualquer estratégia didática se inicia com “a mobilização de
conhecimentos”, depois com a “construção do conhecimento” e por fim com a “elaboração da síntese
do conhecimento”. Outra forma semelhante tem sido proposta para com enfoque dialéticas no Ensino
de Ciências são os “Três Momentos Pedagógico” (TMP) (MUENCHEN; DELIZOICOV, 2012), em
que consta: problematização inicial, organização de conhecimentos e aplicação do conhecimento.
Enfocando o MDE, busca-se realizar junto aos pilares da educação (aprender a aprender,
aprender a fazer, aprender a viver junto, aprender a ser) que o processo de ensino é uma prática social
complexa e efetiva entre sujeitos (professor/aluno) englobando tanto a ação de ensinar quanto a de
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aprender, em processo contratual, de parceria deliberada e consciente para enfrentamento na
construção do conhecimento escolar, decorrente de ações efetivas na sala de aula e fora dela
(ANASTASIOU; ALVES, 2009).
Entendendo que o sabor do conhecimento (sapere – ter gosto, saber), e este saber referente a
saber-o-quê, um saber-como, um saber-por-quê e um saber-para-quê, assim integrar as relações dos
conteúdos, e desenvolver o processo de pensar.
Busca-se forjar uma unidade dialética processual: a) mobilização de processos para a
construção e elaboração da síntese do conhecimento; b) estabelecer o contrato didático (estratégias);
avançar da visão sincrética para a visão sintética; construção mental pela ação (a práxis)
(ANASTASIOU; ALVES, 2009; VASCONCELLOS, 1994).
No MDE utiliza-se não o termo ensino, mas ensinagem, ou seja, a ação de ensinar é definida
na relação com a ação de aprender, pois, para além da meta que revela a intencionalidade, o ensino
desencadeia necessariamente a ação de aprender (ANASTASIOU; ALVES, 2009).
O ensino e aprendizagem constituem unidade dialética no processo, caracterizada pelo papel
condutor do professor e pela auto-atividade do aluno, em que o ensino existe para provocar a
aprendizagem mediante tarefas contínuas dos sujeitos do processo. Pois, a aprendizagem exige a
compreensão do conteúdo pelo aluno. Comprehendere, por sua vez, significa aprender em conjunto
(PIMENTA; ANASTASIOU, 2002).
Isso exige a descoberta ou construção de uma rede de relações, de um sistema, em que cada
novo conhecimento é inserido pelo aluno, ampliando ou modificando o sistema inicial, a fim de, a
cada contato, alcança melhor apreensão. Para dar conta desse "enredamento", há que superar por
incorporação a simples memorização. O desafio aí está em superar um modelo centrado na fala do
professor em que: se toma o dizer do conteúdo como ato predominante do ensino e a repetição do
aluno como ato de aprendizagem; busca-se direção a uma nova construção da sala de aula, em que
coabitem tanto o dizer da ciência por meio ou não do dizer do professor; quanto à leitura da realidade
(e a ação sobre ela), da qual o aluno, como cidadão do presente, procura dar conta.
Assim o uso de ENF pressupõe uma contextualização ou uma problematização que servirá
como ponte para o primeiro passo, sobre a mobilização do conhecimento, em que deve conhecer o
espaço incialmente, um exemplo de ambiente não formal não institucionalizado como uma área verde
pode verificar nesta etapa:
Quais os elementos que servem de problemática social: há situações como poluição? Há locais de exploração
econômica de uso regulamentado ou informal? Há interferência de comunitários na paisagem de forma
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predatória ou não? Qual o tipo de produto que podem está sendo explorado (como palmeiras de açaí, murici,
pupunha, etc.);
Fazer o levantamento de informações do espaço: o espaço é administrado por qual instituição? Quem é o
administrador responsável por este espaço? Há um histórico formal desse espaço? Existe alguma associação
resiste próxima ou no local com informações históricas sobre este ambiente? Há moradores que possam
colaborar sobre o histórico local? Quais são os elementos possíveis de estudo em ensino de ciências podem
ser explorados dentro da problemática proposta no estudo (relações biológicas, espécimes de organismos,
fenômenos químicos, fenômenos físicos, relações de geociências, relações astronômicas, entre outras)?
Nesta etapa pode ser acompanhado com uma visita ao espaço com estudantes antes ou depois
desta mobilização, porém a visita anterior pode ser um motivador e um instigador para significar as
impressões causadas pelos elementos encontrados. Mas de qualquer forma a seleção de objetos para
observação pode ser escolhido pelo professor de forma diretiva ou deixar os estudantes explorarem
de forma não diretiva ou relacional, mas de qualquer forma a proposta sempre tenderá a uma
abordagem interdisciplinar (FAZENDA, 1991).
A segunda etapa sobre a construção do conhecimento deve ser articulada na pesquisa e estudo
do material levantado na etapa anterior, por meio de estratégias. As mesmas têm a função de
organizar e promover a reflexão do conteúdo relacionada na temática, não podendo se contentar com
a memorização de fatos. Algumas sugestões seriam: seminário, estudo de meio, solução de
problemas, estudo de caso, júri simulado, painel, entre outras (ANASTASIOU; ALVES, 2009).
A última etapa seria a síntese do conhecimento pode ser feito de forma articulado com as
etapas anteriores com organização, em que demostre as impressões iniciais e o desenvolvimento do
saber do estudante de forma sistemática e científica, em que desenvolva método, implicando em
capacidade de organizar informações, os analisar e construir suas conclusões. Assim, podendo sugerir
o uso do memorial da atividade, relatório, mapa conceitual, entre outras formas de sintetizar o
conhecimento e superar a tendência natural de sincretizar as informações.
Algumas orientações sintetizadas a partir da MDE para uso de ENF podem ser:
i. a mobilização do conhecimento é recomendada ser feita a partir de problemas do contexto do
estudante ou da situação;
ii. fazer um levantamento das informações do espaço estudado a partir de meio eletrônico,
associações, setores públicos de atendimento ou contato com moradores;
iii. a etapa de construção do conhecimento está relacionada a estratégia de tratamento dos dados
para reflexão da realidade;
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iv. a etapa da síntese de conhecimento relaciona a estratégia de produção de material que sintetiza as
experiências e aprendizagem pessoal em meio escrito ou outro canal.
Na proposta MEENF, parte I, pode-se relacionar no MDE em caso de aula prévia a visita,
pode compreender a execução do tópico i e ii com a problematização do espaço e seu levantamento
de informações para tratar a conscientização da realidade socioambiental do espaço, ou realizar isto
depois da visita, utilizando como fonte de observação para conflito e registo para ser pesquisado e
discutido em sala de aula.
A parte 2, em caso de aula prévia a visita, a execução do tópico iii em que no ambiente, com
as informações do local pode realizar atividades de reconhecimento para problematização totalizante
como entrevistas com moradores ou frequentadores, fazer registro do ambiente tudo de acordo com a
problematização inicial, ou se for a visita a fonte para realiza a problematização sem executar os
tópicos i e ii, deverá ter momento articulador para verificar as concepções dos estudantes para a partir
destas, realizar o estudo.
Por último, na parte 3, o tópico iv com estratégia de síntese de conhecimento que podem ser
realizados com discussão da atividade com o outro (professor e colega de turma), buscando a
criticidade para posicionamento cidadão e depois a construção do material de síntese, como relatório
ou atividade de seminário.
No ponto de vista da MDE enfrenta tensão com o MEENF, pois concentra na produção da
problematização a partir do olhar do estudante sobre a realidade, neste ponto o encontro com o ENF
pode ser um motivador e “potencializador” de temas e situações para levantamento e discussões da
realidade. Contudo a própria questão do professor selecionar o espaço pode ou não ser positivo, pois
a escolha do ENF sugere uma construção a priori. Mas também pode ser visto como inovador pela
postura de incentivar ao estudante se aprofundar e refletir nas relações que constroem aquela
realidade a partir do contato com as situações concretas, sua socialização e síntese por meio da
sistematização e construção do conhecimento produzido.
Nesta leitura teórica do MDE está a inovação do professor ser o mediador da organização da
ensinagem, mas o sistematizador e construtor do conhecimento está no estudante. Desta forma, é
indispensável uma abordagem mista em diretivo e não diretivo, ou somente ações pedagógicas não
diretivas para que o aprendiz seja responsável pela elaboração e comunicação do novo saber.
CONSIDERAÇÕES
Compreende-se que o professor na prática do uso do ENF tem com o objetivo alcançar a
aprendizagem dos alunos, e não mais a mera transmissão (memorização e conteudismo
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descontextualizado) dos temas científicos. Isto é, pode-se auxiliar aos estudantes a conhecer melhor
os elementos científicos próximos, e evoluir a concepção da docência de ter como missão a
reprodução das informações, para produção de conhecimentos contextualizada.
A utilização do ambiente não formal a partir do MEENF pode auxiliar o professor sobre os
pontos necessários para planejar e realizar uma prática pedagógica, de forma crítica com os alunos (e
não só), sobre os conteúdos e sobre o seu próprio trabalho. Sendo isto em ENF institucionalizado ou
não, trazendo autonomia profissional ao docente.
As análises teorias são de estruturas diferentes em que há pontos em comum que colaboram para a
reflexão do processo de ensino-aprendizagem: o estudante deve realiza o esforço de aprender; o professor é
responsável pela condução do processo de aprendizagem/ensinagem; as concepções e conhecimento prévios
devem ser considerados; não basta ter acesso à informação, deve-se reflete sobre os mesmos. De tal forma
que a TAS e MDE podem colaborar para o uso dos ENF com os fundamentos de um pensamento pedagógico
cognitivo ou materialista do aproveitamento pedagógico do planejamento, desenvolvimento e avaliação da
construção do conhecimento com a interação com os ENF.
A relação de inovação em relação a concepção das teorias são humanistas modernas, contudo
com enforques diferentes, um tende ao professor e outro ao estudante no sentindo ação pedagógica da
prática de ensino. Não se satisfazem em somente apresentar conteúdos, e em termos essencialistas de
contentar que os mesmos vão aprender, mas há um esforço de interagir com os estudantes tratando
em práticas relacionais de ensino.
A proposta analisada MEENF cria sentindo num movimento dialético entre as duas teorias
postas para analisá-la, mostrando-se que Saviani (1989) comenta que não é o método que diz a
inovação ou avanço pedagógico, mas os estatutos e seus fundamentos que indicam o emprego do
método de forma adequada aos objetivos. Desta forma, pode ser empregado numa tendência
construtivista, inovadora e contextual na realidade do estudante com uso de planejamentos ligados ao
situações e temas relacionado ao cotidiano escolar, comunitário ou até científicas.
Os ENF não são um fim em si mesmo. Eles precisam de um procedimento pedagógico
coerente e responsável, que esteja de acordo com as necessidades pedagógicas que os conteúdos
requerem e que o grupo de aprendizes necessita em ambientes fora da sala de aula da instituição
formal.
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as estratégias de trabalhos em aula. 8. ed. Juinville: Univille, 2009.
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