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2009 LÍNGUA INGLESA II Fundamentos do texto em Clarissa Menezes Jordão Juliana Zeggio Martinez Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br

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2009

LÍNGUA INGLESA IIFundamentos do texto em

Clarissa Menezes JordãoJuliana Zeggio Martinez

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IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

J82 Jordão, Clarissa Menezes. Martinez, Juliana Zeggio. / Funda-mentos do Texto em Língua Inglesa II. / Clarissa Menezes

Jordão. Juliana Zeggio Martinez. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2009.296 p.

ISBN: 978-85-387-0797-4

1. Língua inglesa – Leitura e vocabulário. 2. Língua inglesa – Estudo e Ensino. I.Título.

CDD 428.6

Capa: IESDE Brasil S.A.

Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

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Pós-doutora em Globalização e Estudos Culturais na Universidade de Manitoba, Canadá; doutora em Letras pela Universidade de São Paulo; mestre em Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade Federal do Paraná e licenciada em Letras Inglês e Português pela Universidade Federal do Paraná.

Clarissa Menezes Jordão

Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Paraná; especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Inglesa pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão e licenciada em Letras Inglês e Português pela Universidade Federal do Paraná.

Juliana Zeggio Martinez

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Sumário

Os textos acadêmicos e outros textos (escritos) ........... 13

Textos acadêmicos e outros textos ..................................................................................... 13

A recepção de textos acadêmicos – o autor e o leitor .......................................... 43

Os textos acadêmicos e o mundo escolar ........................................................................ 43

Público-alvo: o “leitor ideal” de textos acadêmicos....................................................... 47

Autoria: a “voz do autor” em textos acadêmicos ............................................................ 50

A linguagem virtual e a comunicação presencial ......... 59

Mudanças nos procedimentos sociais de comunicação entre as pessoas ........... 59

Formatos de comunicação virtual ....................................................................................... 60

O impacto das novas formas de comunicação nos procedimentos sociais de construção do conhecimento .................................. 67

A linguagem virtual e tipos de texto digital construídos colaborativamente .......................................... 79

A linguagem virtual e tipos de texto digital construídos colaborativamente .................................................................. 79

O valor social da escrita colaborativa ................................................................................. 88

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O discurso jornalístico ............................................................ 99

O discurso jornalístico – sua função e características .................................................. 99

O texto jornalístico impresso e digital .............................................................................100

A objetividade do texto jornalístico .................................................................................104

O impacto do discurso jornalístico e a recepção de notícias ..................................105

Resenhas acadêmicas e comerciais .................................119

Estruturas de resenhas acadêmicas e comerciais ........................................................119

Resenhas comerciais ..............................................................................................................120

Resenhas acadêmicas ............................................................................................................127

Resenhas em blogs ..................................................................................................................132

Sugestões para a elaboração de resenhas acadêmicas .............................................132

Perspectivas epistemológicas no pós-estruturalismo – a pesquisa acadêmica e a construção de conhecimento ...................................................................147

Objetividade e subjetividade no conhecimento científico ......................................147

O questionamento trazido pela pós-modernidade: tudo é subjetivo... ...................148

Comunidades interpretativas e seus procedimentos de legitimação .................154

Características da pesquisa acadêmica enquanto gênero textual científico ....157

Relatos de pesquisa – monografias, dissertações e teses ....................................167

Relatos de pesquisa – a função de monografias, dissertações e teses ................167

Características gerais de monografias, dissertações e teses ...................................170

Características estruturais de monografias, dissertações e teses ..........................172

Contribuições de monografias, dissertações e teses para o conhecimento científico e para a vida cotidiana ............................176

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Relatos de pesquisa – resumos (abstracts) e artigos acadêmicos .....................185

Relatos de pesquisa ................................................................................................................185

Formato e características de resumos (abstracts) ........................................................186

Formato e características de artigos acadêmicos ........................................................192

O discurso literário .................................................................209

A natureza do conhecimento em textos literários e acadêmicos ..........................209

A função social do texto literário .......................................................................................211

Gêneros literários ...................................................................227

Os gêneros na literatura ........................................................................................................227

Os gêneros literários na Antiguidade Clássica ..............................................................230

Língua como código e língua como discurso: concepções de “texto” ..........................................................247

O processo de comunicação e construção de sentidos ............................................247

Língua como código ..............................................................................................................250

Língua como discurso............................................................................................................253

Implicações da língua como discurso na leitura e produção de textos: a “palavra-mundo” ..................................................256

Gabarito .....................................................................................271

Referências ................................................................................287

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Apresentação

O livro Fundamentos do Texto em Língua Inglesa II tem como objetivo apresentar e discutir questões que caracterizam determinados tipos de texto e suas implica-ções para a comunicação, entendida como uma prática social de construção de sentidos. Essa atividade envolve análise de textos autênticos em língua inglesa observando a formalidade, a organização textual e seus aspectos léxico-grama-ticais. Em alguns casos, propomos a produção de pequenos textos a partir dos exemplos estudados. Para isso, o conteúdo programático do material está orga-nizado em 12 capítulos em ordem aleatória – nossa preocupação foi de não es-truturar os capítulos numa ordem pré-estabelecida de leitura: deixamos ao leitor um papel mais participativo, cabendo a ele escolher a ordem em que pretende se debruçar sobre os diferentes aspectos da construção discursiva do conhecimento tratados em cada capítulo. Por isso é importante conhecer de antemão os conte-údos abordados em cada parte deste livro.Os capítulos 1 e 2 tratam das diferenças estruturais de textos acadêmicos em relação a outros textos, bem como da legitimidade dos letramentos escolares em relação a outros letramentos. Os capítulos 3 e 4 enfocam questões ligadas à linguagem virtual, tanto em relação à comunicação presencial como à escrita colaborativa, enfocando o impacto das novas formas de comunicação nos pro-cedimentos sociais de construção do conhecimento e o valor social da escrita colaborativa. O quinto capítulo trata do discurso jornalístico em textos impres-sos e digitais, analisando suas características e o impacto destas características na recepção de notícias. Enfocamos aqui também a questão da objetividade e subjetividade na escrita, relacionando-as ao discurso científico. No capítulo 6, tra-tamos mais diretamente de uma forma de escrita acadêmica bastante popular no mundo da ciência: as resenhas. Definimos algumas das características estruturais e a função da resenha no contexto acadêmico e no contexto comercial. O capítulo seguinte trata das perspectivas epistemológicas no pós-estruturalismo, discutindo concepções em relação à pesquisa acadêmica e à construção discur-siva de conhecimento. Tratamos de questões sobre universalidade, significação, subjetividade e conhecimento, seguidas de uma discussão sobre as comunidades interpretativas e seus procedimentos de legitimação em relação às características da pesquisa acadêmica enquanto gênero textual científico. Após abordar a legi-timação do conhecimento acadêmico, os capítulos 8 e 9 tratam de exemplificar alguns dos relatos de pesquisa acadêmica, como monografias, dissertações, teses, resumos (abstracts) e artigos acadêmicos. O objetivo desses capítulos é identificar elementos gerais desses relatos e examinar suas estruturas, entendendo seu fun-cionamento como prática social. Os dois capítulos seguintes tratam do discurso literário. Discutimos a natureza do conhecimento em textos literários e seus elementos característicos. Para tal, problematizamos a função social e as características do texto literário em compa-ração com textos acadêmicos. Por fim, o último capítulo aborda as diferentes con-

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cepções de língua, diferenciando principalmente a língua como código da língua como discurso. Nosso objetivo foi definir “texto” a partir da concepção de língua como discurso e analisar o impacto dessa concepção nas práticas de construção de sentido cotidianas. Esperamos que vocês aproveitem suas leituras e que de alguma forma este livro possa contribuir com novas perspectivas em sua formação inicial.Um grande abraço.

Clarissa e Juliana

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Esta aula tratará de evidenciar a função de algumas das principais ca-racterísticas do discurso jornalístico. Apresentamos uma reflexão sobre algumas das mudanças desencadeadas nos textos jornalísticos com o ad-vento das novas tecnologias, em que o texto impresso divide espaço com o texto digital. Ressaltamos também a questão da objetividade do texto jornalístico e finalizamos com uma discussão sobre o impacto do discurso jornalístico e a recepção de notícias.

O discurso jornalístico – sua função e características

A atividade desenvolvida por jornalistas sempre foi reconhecida como a que consiste em informar, divulgar, esclarecer, elucidar os acontecimen-tos do mundo. É compreendida como envolvendo as ações de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais, ou seja, uma atividade de comunicação de notícias. Os veículos utilizados para se atin-gir as pessoas com essas notícias são os mais variados. Há veículos como jornais e revistas, que podem ser impressos e digitais; há veículos que se utilizam da linguagem oral, como o rádio, a televisão; e há, ainda, os advin-dos dos recursos tecnológicos, como a internet e os blogs.

Apesar de, muitas vezes, se subdividirem em categorias específicas – como o jornalismo internacional, o ambiental, o esportivo, o cultural, ou ainda o econômico – as funções exercidas por jornalistas estão classificadas a partir de três atividades fundamentais: a coleta (reportagem), a redação e a edição da informação. Nesses processos de elaboração da notícia, até que ela chegue às mãos de seus leitores, ocorre a complexa construção do texto, impresso ou falado, a partir das normas daquilo que definimos como discurso jornalístico. A construção do texto jornalístico é sempre constituí-da por um fato ocorrido em um determinado local e momento. A coleta, a seleção e a organização desses fatores, transformados em texto verbal ou visual ou numa combinação dos dois, é que dá existência à notícia.

O discurso jornalístico

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Assim como qualquer outro tipo de texto, a materialidade dos textos jorna-lísticos pode se dar tanto em forma verbal quanto visual, tanto em linguagem escrita e impressa quanto em linguagem oral e falada. De qualquer maneira, os textos dentro deste tipo de discurso partilham determinadas características construídas de dentro do gênero em que se inserem, o jornalístico. Esse gênero pressupõe uma situação de produção que envolve basicamente dois elementos: um perfil de leitor pretendido (o público do jornal) e as características do pró-prio jornal em que o texto vem publicado, desde traços físicos como o tipo de diagramação e tamanho destinados a cada notícia ou texto dentro do jornal, até a maneira de entender o mundo, a perspectiva ideológica que constitui a iden-tidade política do jornal.

Nesta aula, vamos enfocar prioritariamente os textos jornalísticos escritos e veiculados tanto de forma impressa quanto de forma digital.

O texto jornalístico impresso e digitalA tecnologia modificou muito a maneira de nos relacionarmos com a infor-

mação, e estes novos formatos de comunicação pressionaram a velocidade da informação. Isso quer dizer que o texto jornalístico também passou a ter existên-cia de outras formas. Para que um fato seja considerado “real” no mundo jornalís-tico, atualmente, não é suficiente ser só bem escrito e reconhecido pelo público como legítimo, é preciso também que ele seja “veloz”. Assim como tantas outras coisas na vida contemporânea tornaram-se instantâneas, a informação parece ter se transformado em algo instantâneo, uma vez que julgamos como ineficien-te um veículo jornalístico que não nos fornece informações “em tempo real”, ou seja, tão logo elas aconteçam. Esta é uma maneira pela qual os jornais digitais on-line, a TV e o rádio se diferenciam dos veículos impressos: na rapidez com que reportam acontecimentos. Desta forma, a velocidade parece ter se tornado muito mais importante do que a própria notícia. Essa percepção da aceleração do tempo e dos novos formatos da linguagem são características presentes nas mudanças que ocorreram entre o texto jornalístico impresso e o digital.

Podemos considerar que os textos impressos na época em que começaram a ser produzidos também modificaram a maneira na qual as pessoas até então se re-lacionavam com a notícia (e com a linguagem). Com a entrada da prensa no mundo da notícia, o conhecimento e a informação passaram a ser produzidos em grande escala, ou como costumamos dizer, em série. De maneira diferente da produção de livros anteriormente à prensa, quando cada traço e cada folha de papel costuma-

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vam ser feitos à mão, por monges dedicados reclusos em monastérios, uma nova maneira de se produzir informação também surgiu com a invenção e popularização da prensa tipográfica, alterando nossas formas de nos relacionarmos com o texto, a linguagem, a notícia, ou seja, alterando nossa maneira de nos relacionarmos so-cialmente. Com uma escala maior de produção de notícias disponível, e com elas também anúncios, tanto de produtos comerciais quanto de utilidade pública, uma parcela maior da população precisou ser alfabetizada, por exemplo.

No mundo em que vivemos hoje, as novas tecnologias também modificam nossa maneira de viver, de nos relacionarmos com a informação, com a lingua-gem e até socialmente, uns com os outros. Dentro de um contexto virtual, novas palavras foram surgindo, outras maneiras de dizer as coisas passaram a existir e novos letramentos passaram a ser necessários. A quantidade de notícias dis-poníveis hoje e agregadas à rapidez da publicação de uma notícia e ao uso das novas tecnologias acarretaram novamente tanto mudanças sociais quanto mu-danças no mundo do jornalismo.

Há de se considerar que, em um primeiro momento, o texto jornalístico digi-tal apenas replicava o que já se fazia com o texto jornalístico impresso, a única al-teração parecia ser seu formato virtual. Não se pensou em discutir as implicações que tais mudanças estavam trazendo para nossa vida, era apenas uma adapta-ção de meios, pois a preocupação com o discurso jornalístico em textos impres-sos se mantinha. Hoje, percebe-se que a comunicação visual e as ferramentas de comunicação também se modificaram. Não há como fazer apenas uma trans-posição de formatos de textos, é necessário repensar as implicações sociais que essas mudanças trazem em nossos relacionamentos, bem como as modificações nos modos de seleção, elaboração, divulgação e recepção das notícias.

A linguagem virtual trouxe, por exemplo, o que chamamos de hipertexto. O advento do hipertexto modificou a maneira do leitor se relacionar com o texto e a própria noção de autor também passou a ser questionada: não se lê mais um texto único, mas hipertextos constituídos por vários textos. Um leitor de jornal digital tem ao alcance de suas mãos uma fonte interminável de consulta – desde as enciclopédias e dicionários on-line, até web sites de empresas e de or-ganizações governamentais e não-governamentais, ou mesmo blogs do próprio autor da matéria que o leitor está lendo, todos distantes um clique da matéria do jornal. O leitor de um jornal digital, hoje, é um leitor multimeios, assim como o jornalista de hoje passou a ser um jornalista multimidiático, pois trabalha com várias mídias, ou seja, para lidar com a informação no cyberspace, o jornalista faz uso de formas diferentes de linguagem.

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Considerando as possibilidades do hipertexto, por exemplo, o jornalismo atual é capaz de utilizar imagens, som, texto escrito, gráficos, fotos, ou seja, di-ferentes recursos que estão disponíveis e servem de certa forma para facilitar a navegação do leitor que entra e sai dos links sugeridos, ou cria os seus próprios links. O desafio para o jornalismo está na maneira de contribuir com essa nova forma de linguagem no mundo virtual, mantendo o seu público integrado ao jornal, ao invés de perdido no cyberspace. Um anúncio, por exemplo, que antes aparecia em um texto impresso era construído de forma a saltar aos olhos do leitor, com manchetes grandes, chamativas, e com letras em formatos espe-ciais. O texto digital, por outro lado, precisa agregar conteúdo, pois mais do que chamar a atenção do leitor com letras garrafais, os textos digitais jornalísticos precisam manter o leitor interessado em continuar a leitura sem se perder em meio aos recursos disponíveis na rede; o leitor de textos on-line parece construir o caminho de seus hipertextos pelo conteúdo do texto e não pela forma gráfica em que aparecem as letras dispostas na página.

Veja abaixo, por exemplo, as diferenças visuais presentes entre a imagem de um texto jornalístico impresso na figura 1 e um modelo de texto jornalístico di-gital na figura 2.

Div

ulga

ção.

Figura 1 – Texto jornalístico impresso.

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Div

ulga

ção.

Figura 2 – Texto jornalístico digital.

Pelos exemplos, podemos perceber algumas das diferenças e semelhanças existentes entre esses formatos de apresentação de textos jornalísticos impres-sos e digitais. O texto impresso apresenta um cuidado maior com a diagrama-ção e espaço da página; a parte escrita acaba sendo praticamente toda publi-cada em preto e branco, utilizando-se cores diferentes apenas nas imagens, e isso apenas em alguns casos, pois grande parte dos jornais impressos é feita em preto e branco. O texto digital, entretanto, pode usufruir de um espaço maior, de cores e imagens mais definidas, e também do recurso do hipertexto, permitindo que o leitor encontre mais rapidamente o que deseja ler ao em vez de virar as páginas grandes de papel impresso.

No entanto, ambos os formatos utilizam a primeira página como atrativo para o leitor. Tanto na internet como na banca de jornal, por exemplo, o leitor precisa se sentir atraído e interessado pelas manchetes para realizar a leitura das no-tícias. Por esta razão, mesmo com os jornais digitais, as manchetes continuam ainda sendo uma forma de chamar a atenção do leitor. É claro que com os recur-sos audiovisuais disponíveis no computador e na internet, os textos jornalísti-cos digitais podem oferecer a seus leitores uma combinação de textos escritos e orais, os mais comuns hoje em dia em formato de podcast, com narrativas orais ou notícias lidas em voz alta, em estilos variados e em diferentes graus de forma-lidade conforme o público que pretendem atingir.

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A objetividade do texto jornalísticoO jornalismo parece viver o mito da imparcialidade para garantir seu lugar de

autoridade. Recebidos socialmente como espaços de “comunicação” de notícias, os jornais costumam ser o lugar culturalmente privilegiado para o “acesso” à “in-formação”, e os jornalistas recebem a função social de “informar” com “objetivi-dade” a população. É assim que se espera de um texto jornalístico, assim como de textos acadêmicos, o apagamento da voz do autor – o jornalista não costuma reportar uma notícia utilizando a primeira pessoa do singular, “eu”: isso tornaria o texto, e a notícia que ele “veicula”, um texto e uma notícia “subjetivos”, expres-sões de interpretações da realidade. Supõe-se que notícias sejam “reportadas” simplesmente, sem a interferência daquele que a “transmite”.

O discurso jornalístico tem, como o seu grande traço, a objetividade: quanto mais objetivo for considerado um jornal, mais crédito ele terá junto a seus lei-tores, uma vez que em geral diz-se que é justamente a objetividade que os lei-tores de jornal buscam em suas leituras. Entretanto, talvez a situação não seja bem essa em que se costumou acreditar: talvez nenhum jornal seja tão objetivo assim, e talvez nem os leitores busquem de fato esta objetividade. Pensemos por exemplo nos jornais sensacionalistas que trazem informações detalhadas sobre crimes bárbaros e assassinatos. Esses jornais podem ser considerados bastante objetivos, se entendermos “objetividade” como sinônimo de “deta-lhamento” e “descrição” – eles descrevem o sangue e a posição da vítima, foto-grafam as imagens “como elas aconteceram”, sem maquiagem ou atenuações. Existe uma grande parcela da população que aprecia tal “maneira” de “infor-mar” os acontecimentos, e se mantém fiel a este tipo de “reportagem”.

Agora retome a leitura dos dois parágrafos anteriores, e releia as palavras entre aspas como se você suspeitasse do sentido delas, como se você acreditas-se que a realidade das notícias é sempre “interpretada”, é sempre vista a partir de determinadas perspectivas e da utilização de procedimentos interpretativos es-pecíficos. Dentro desse ponto de vista, o discurso jornalístico não é considerado mais “objetivo” do que outros tipos de discurso – ele apenas utiliza “marcas textu-ais discursivas” que constroem em seus leitores essa “impressão de objetividade”. Tais marcas podem ser evidenciadas na raridade com que o autor do texto utiliza a primeira pessoa (quase nunca temos os pronomes “eu” ou “nós” evidenciando a voz do jornalista neste tipo de discurso), na utilização de recursos visuais e ver-bais que convencem o leitor da imparcialidade do jornalista, como por exemplo, recorrer a outras fontes para corroborar sua interpretação do fato (a questão de

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O discurso jornalístico

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que várias pessoas interpretam algo de maneira semelhante não é evidência de sua “veracidade”, apenas da popularidade que tem este modo de interpretar).

O jornalismo está sempre buscando maneiras de provar aquilo que diz, vê ou escreve, e nesse processo de busca pela legitimação, evidenciado no uso de vários recursos desde layout até referências extratextuais, o discurso jornalístico nos convence da “objetividade” do jornalista, levando-nos a acreditar e pres supor que em um texto jornalístico não estão presentes questões de ordem pessoal do autor do texto, nem da cultura em que ele se insere, nem de sua maneira de ver o mundo, como se fosse possível separar o acontecimento do olhar do observa-dor. Esse entendimento de realidade parece esquecer que jornalistas também estão inseridos no discurso simbólico da vida, nas relações de poder e afetivas, nas ideologias locais de onde elaboram seus textos.

Nossa sociedade reforça essa busca pela objetividade, isto é, quanto mais perto do fato nos parece que o jornalista chega, mais perto da verdade ele terá levado seu público e portanto mais legítima será a notícia que ele aborda. No mundo jornalístico, algo parece tornar-se verdadeiro quando é recebido pelo público como se fosse “real”. Isso nos faz questionar nossa capacidade de “ver o real”: só conseguimos perceber as coisas do mundo ao interpretá-las, quer dizer, estamos sempre conferindo sentido às coisas exatamente ao mesmo tempo em que percebemos sua existência. Em outras palavras, não temos acesso ao “real” absoluto, à objetividade de um olhar sem interpretações; sempre que alguma coisa adquire existência para nós, ela vem “interpretada”, carregada de sentidos e portanto de subjetividade. Aquilo a que chamados de “real” tem, portanto, sua existência materializada na linguagem, em diferentes modos de entender um acontecimento, por exemplo, que se torna real no discurso. Desta forma, enten-demos que não estamos falando do fato em si, mas do discurso utilizado para tornar aquele acontecimento em algo real.

O impacto do discurso jornalístico e a recepção de notícias

O público é sem dúvida a grande preocupação do discurso jornalístico, uma vez que sua função primeira é “informá-lo” do que o cerca. O discurso jornalístico tem sido entendido e construído como a forma mais concreta utilizada para informar as pessoas, através da mídia eletrônica e impressa, dos acontecimentos locais e globais, e por isso não há como negar o impacto que tais mídias causam em nossas vidas.

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Fundamentos do Texto em Língua Inglesa II

Nossa percepção entre o que entendemos como sendo local ou global também é moldada pelo discurso jornalístico. Quando recebemos uma notícia, por exemplo, de um acontecimento em uma comunidade distante da nossa, que às vezes nem sabíamos que existia, nossa perspectiva em relação àquela comu-nidade e às interpretações da notícia são construídas de acordo com os recursos utilizados pela mídia para que a notícia chegasse até nós. Essa questão precisa ser analisada de duas formas.

Por um lado, a notícia veiculada pela mídia é a maneira de estarmos conec-tados com o mundo, e não podemos negar que os recursos tecnológicos dimi-nuíram muito as distâncias entre nossos locais e globais, portanto, o discurso jornalístico é um dos principais meios de nos relacionarmos com o mundo nas sociedades modernas. Por outro lado, entretanto, não podemos desconsiderar que é também através da notícia que não só estabelecemos laços com o mundo, mas também é no discurso jornalístico que encontramos inúmeras oportunida-des para modificarmos nossas maneiras de pensar e compreender os aconteci-mentos da vida.

O discurso jornalístico não só nos “informa”, mas também “forma” nossa iden-tidade, ou seja, influencia nossa maneira de ser, de nos relacionarmos, nossos valores, hábitos, comportamentos sociais e culturais. A construção do discurso jornalístico direciona muitas vezes nossa interpretação e molda formas de en-tendimento de problemas sociais, econômicos, culturais. O texto jornalístico na maioria das vezes, por exemplo, não abre espaço para discussão dos impactos causados nas relações entre as pessoas como consequência das informações que divulga.

Um papel para educação, por exemplo, é o de procurar questionar os discursos jornalísticos para poder transformá-los em outras possibilidades de entendimento e talvez contribuir para formação de nossas identidades, construindo sujeitos que não aceitem passivamente serem moldados em suas formas de ver o mundo, mas que atuem criticamente nesse processo, enten-dendo que nenhum olhar, por mais bem intencionado que seja, é imparcial ou livre de subjetividade.

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O discurso jornalístico

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Texto complementar

Do jornal impresso ao digital: novas funções comunicacionais

(ARNT, 2009)

Resumo

Perspectivas do jornalismo impresso e do jornalismo digital. As novas tec-nologias como extensão da escrita. O surgimento da mídia digital reorganiza os mecanismos comunicacionais e favorece novas articulações sociais. Quando se fala de novas tecnologias, fala-se em novas interações entre informação e cultura. O advento do jornalismo digital redefine funções do jornal impresso que tende a se afirmar como o espaço da reflexão, da contextualização e do aprofundamento dos acontecimentos da sociedade. A facilidade de acesso às edições recentes e antigas digitalizadas confere aos jornais a função de avalia-ção e validação dos eventos sociais, reafirmando exigências de ordem éticas.

Com o aparecimento e o aumento gradativo da influência de novos meios de comunicação, ao longo do século XX, primeiro pelo rádio, depois pela televisão e na última década, pela tecnologia digital, o jornal foi per-dendo o lugar de fonte exclusiva de informação. Se o jornal não se adaptou totalmente à concorrência dos meios audiovisuais – este é o pensamento de J. M. Charon – a apropriação dos novos meios tecnológicos, com fins de comunicação, foi liderada pelos órgãos de imprensa. No primeiro momen-to, as novas tecnologias serviram tão somente para modernizar o processo industrial e dinamizar as redações (pela substituição de velhas máquinas de escrever por computadores), numa segunda etapa, a tecnologia vai facilitar a comunicação interna, entre os diversos setores do jornal. Quando os jornais começaram a fazer edições on-line não sabiam para onde iam, nem por que

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o faziam, mas tinham a intuição de que se não fizessem acabariam por de-saparecer. Hoje, pode-se falar de um jornalismo digital, que amplia, redobra, multiplica o potencial do jornalismo impresso. A análise do impacto da tec-nologia sobre as formas tradicionais da escrita implica o vastíssimo campo do jornalismo e da literatura. O acesso a obras, informações e produções cul-turais, de todos os tempos, é a grande inovação na área da comunicação. Esta função muda a relação com a leitura, com a informação, com a história.

A passagem, dos computadores, de máquinas de operações lógicas para a função de edição de texto, marca uma nova etapa de aperfeiçoamento da escrita – do manuscrito ao impresso, chegando ao eletrônico. No atual es-tágio de desenvolvimento da informática e da internet sua principal carac-terística aparece como sendo uma extensão da escrita. A escrita nada mais é do que um código que transcreve os sons produzidos pelo sistema vocal humano, nas línguas fonéticas, e ideias nos ideogramas das línguas orientais. A informática percorreu um longo caminho, até adquirir a função de escri-ta. Os programas de edição de texto representaram, na verdade, um salto qualitativo da informática e os estudos da linguística foram fundamentais no aperfeiçoamento da linguagem dos computadores. Pode-se dizer, e as- sumimos a ousadia da afirmação, que a informática só poderia ter sido viabi-lizada numa cultura de código da escrita fonética. Os milhões de livros que se acumulam nas bibliotecas do Ocidente, nada mais são do que a combinação ad infinitum das 26 letras do alfabeto. A tradução do pensamento na forma da escrita alfabética é o grande paradigma do Ocidente. Todas as línguas ocidentais são redutíveis a um conjunto combinatório de 26 letras.

Entre 1960 e 1985 o progresso da informática foi prodigioso, permitindo o aumento da capacidade de armazenamento de informação e de “inteligên-cia” dos computadores. Os avanços da telemática – a combinação da infor-mática com as telecomunicações –, entre os anos 1990 e 2000, permitiram o uso dos computadores no campo da comunicação. É a partir desse momento que começa a nossa intervenção, quando o computador assume uma nova função – como mídia, quer dizer instrumento de mediação dos processos comunicacionais. A partir de então, começa a se configurar uma nova lingua-gem e novas articulações entre informação e conteúdos socioculturais.

[...]

A tecnologia digital torna-se, nessa última etapa de desenvolvimento téc-nico, uma mídia. Para o sociólogo Jean-Marie Charon, sempre que surge uma

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nova mídia ocorre, no primeiro momento, um mimetismo com os meios já existentes, até que ela encontre a sua própria linguagem, ao mesmo tempo ocorre uma reacomodação das mídias mais antigas. A tendência da mídia digital, até o momento, é a reprodução da especialização dos meios impres-sos e eletrônicos e a complementaridade entre as mídias tradicionais e suas versões on-line. “No momento, mesmo entre os editores norte-americanos, que são os mais adiantados nesta área, continua-se praticando uma forma editorial clássica que reproduz o que já existe” (SCIENCES HUMAINES, p. 21). Para o autor, não se configura, ainda, uma nova linguagem jornalística no meio digital. Uma nova linguagem exigiria um novo profissional polivalente que dominasse ao mesmo tempo o escrito o audiovisual e a edição/diagra-mação. Não é isto que tem ocorrido. No entanto novos formatos estão se desenhando: “Estamos na fase de maturação editorial, ao correr da qual se delinearão novas fronteiras” (ibid.).

O sistema digital de informação, colocado em funcionamento através da internet, deve ser analisado em sua dupla perspectiva: como fonte primá-ria de informação – condição de acessibilidade aos dados – e como sistema de ordenação e transmissão de notícias. Segundo o pesquisador na área do jornalismo digital, J. M. Charon, a tendência, nos diversos países tem sido a integração das redações do jornal impresso e on-line.

Os jornais on-line nascem, de maneira incipiente, desde o primeiro momen-to da internet. Começam com algumas poucas notícias, depois com as versões integrais dos jornais e, finalmente, com a disponibilização das edições anti-gas dos jornais impressos. Só recentemente, com os sistemas avançados de bancos de dados aliados ao aperfeiçoamento dos sistemas de busca e indexa-ção, os jornais viabilizaram a pesquisa temática, nas edições antigas. Em 1997, acontece uma verdadeira explosão do jornalismo on-line, com os grandes jor-nais mundiais criando versões digitais mas, também, com o aparecimento de jornais independentes, de opinião. Neste momento, intensifica-se a tendên-cia de portais e provedores se especializarem em notícias. A efervescência do jornalismo na internet comprova a apropriação do meio com a finalidade de informação, apontando para a necessidade social da comunicação. Hoje, proli-feram as criações na área do telejornalismo on-line. Os jornais essencialmente digitais desenvolvem características próprias, utilizando todo o potencial do novo meio. Em relação às notícias internacionais, eles vêm competindo com os meios audiovisuais quanto à velocidade em noticiar. As notícias fornecidas por alguns sites ligados a portais são interessantes, não só pela possibilidade

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de atualização dos acontecimentos de grande repercussão de forma ágil, mas pelo uso de recursos de multimídia.

As versões digitais dos jornais impressos vêm se adaptando ao novo meio. A apuração de notícias – com a valorização dos fatos locais –, o tratamento jornalístico e a análise crítica têm sido o diferencial favorável aos jornais de origem impressa. Apesar da facilidade que a internet trouxe para a apuração e investigação de notícias, não estão excluídos os métodos “clássicos, que consistem em encontrar os indivíduos ou órgãos, e verificar diretamente as informações que procuram” (CHARON, 2001, p. 21). As informações colhidas diretamente na rede colocam o problema da confirmação e validação das notícias. A questão de credibilidade das informações é um problema maior para o jornalismo sob a égide do jornalismo digital. “É bem verdade que até o momento esse problema está longe de estar regulado; eu diria que esse é o principal ponto de interrogação sobre os novos usos, ligado à deontologia da profissão” (ibid.).

Os jornais digitais dos grandes órgãos de imprensa, tendo ou não redação separada e um formato próprio, guardam as características do jornalismo im-presso. Novos formatos têm surgido, exclusivamente no suporte digital, essa tendência tende a se afirmar para o jornalismo de opinião, algumas áreas especializadas e nas formas híbridas de jornais com imagem em movimen-to e textos. Os últimos avanços da informática abrem um novo campo para o telejornalismo on-line. Se ainda é precipitado falar de uma nova lingua-gem informativa, alguns aspectos introduzidos pela rede configuram novas funções – uma delas é o caráter não-perecível dos produtos da informação – quer dizer seu potencial de arquivo e de acesso à história recente, da so-ciedade. Tudo, uma vez colocado na rede, fica disponibilizado. Uma prova evidente desta função é o fato dos únicos serviços cobrados com uma certa eficiência, são os serviços de busca em edições antigas dos jornais. O acesso aos textos das edições recentes e antigas dos jornais cria novas conexões de comunicação, cujo impacto ainda não é possível avaliar.

Os maiores jornais do mundo estão digitalizando seu acervo. O acesso à his-tória factual das sociedades do passado, guardadas nas milhares de páginas an-tigas dos jornais, só foi possível pela apropriação do novo meio pela mídia escri-ta, criando-se uma verdadeira sinergia entre o jornal impresso e o jornal digital.

Essa função de documentação e pesquisa aproxima de forma efetiva, pela primeira vez, a informação e a ciência da informação – e sua função de

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sistema e métodos de armazenamento e de recuperação da informação. Às funções de informar, divertir e educar acrescenta-se mais uma ao jornalis-mo, a de documentação e de preservação da memória dos relatos cotidia-nos e “insignificantes” da sociedade. Essa nova função tende a interferir na concepção do jornal impresso. O caráter de perenidade, de preservação dos relatos sobre os acontecimentos e eventos, o papel de verdadeira memória viva da sociedade, levará o jornal, cada vez mais, a assumir uma postura ética diante da informação.

[...]

No atual estágio da tecnologia, todas as mídias e os suportes de escrita perduram e subsistem e a sociedade vem se apropriando, de forma inventi-va, da mídia digital, com o objetivo precípuo de se comunicar, se informar e se divertir. O número de revistas especializadas em informática e internet é a própria evidência desse dinamismo, que mostra a complementaridade entre mídia digital e impressa. Esse fato não reflete somente a impossibilidade, da rede, em gerar um sistema autógeno de informação, mas evidencia o intrin-cado fluxo de informação na sociedade contemporânea, o que reafirma, na prática, a articulação complexa e indissociável entre técnica-cultura e os me-canismos sociais.

O efeito das novas tecnologias vem acelerando a tendência à especiali-zação entre as diferentes mídias e a fragmentação infinita de títulos, aten-dendo às demandas de setores, segmentos e grupos. Mas o jornal impresso conserva a sua formatação original em “mosaico”, abrigando a pluralidade de assuntos, temas, enfoques que refletem os diversos segmentos em que se fragmenta a sociedade. Os outros produtos impressos, ao contrário, passam por um processo de segmentação em relação direta com a ten-dência da sociedade contemporânea a se organizar por grupos de afinida-des – os novos meios digitais deram um imenso impulso a esse aspecto. A “sociedade em redes” não é uma metáfora, o meio tecnológico reproduz e reafirma essa característica. O extraordinário desenvolvimento das revistas especializadas é um indício disto: a informação passa a ser de conhecimen-tos específicos; o lazer liga-se aos hobbies, cuja natureza é a especialização, em consequência multiplicam-se os títulos de revistas; a própria literatura perde seu caráter de construção de identidade e de atribuição se sentido e tende a ser uma especialização a mais dentro do imenso leque de assuntos oferecidos para leitura.

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Essa tendência indica que o jornal reafirma seu campo de atuação na sua função de informação, validação e de reflexão crítica sobre os aconteci-mentos. Apesar da velocidade da informação transmitida pelo rádio e pela televisão, a imprensa escrita continuou a exercer sua função informativa, afirmando-se como mídia reflexiva. A reflexão, a que me refiro, não é neces-sariamente a expressa pelo jornal, mas elaborada pelo próprio leitor a partir das múltiplas abordagens dadas aos fatos. Essa função de permitir a cons-trução de um sistema próprio de avaliação escapa às possibilidades comu-nicativas do rádio e da televisão – por maior que seja o esforço do repórter ele não poderá senão oferecer uma visão fragmentária, elíptica e seletiva, enquanto acompanha os acontecimentos.

A afirmação do jornal no cotejo com a mídia digital se faz, justamente, no sentido oposto do que ocorre em relação à mídia audiovisual. O excesso de informação, a fragmentação ad infinitum de dados oferecidos pela rede, impossibilitam a síntese, fragmentam a leitura, colocando em dúvida a ve-racidade dos acontecimentos. Com as novas configurações, decorrentes da entrada das mídias digitais, o jornal impresso se define por algumas das ca-racterísticas que lhe eram implícitas, mas que só agora se afirmam de manei-ra positiva: a de seleção dos acontecimentos e de escolha dos conhecimen-tos científicos, teóricos e culturais a serem reportados.

[...]

Quanto à função de informação, a internet oferece a exposição de todos os acontecimentos ocorridos no mundo, em tempo real ou no tempo do leitor/navegador. Mas a leitura particularizada, o olhar através do filtro local – ao mesmo tempo plural e particular – continua sendo possível somente através da imprensa. O recorte de realidade oferecido pelos jornais diários; aleatórios, muitas vezes; unilaterais necessariamente; ideológico, quase sempre; é o que de melhor se inventou, até hoje, para transmitir à popu-lação a pluralidade de informações necessárias ao gerenciamento da vida cotidiana. Chegamos aqui ao ponto chave que queríamos demonstrar, nesse encontro: a comunicação como um processo em que se articulam técnica, cultura, conhecimentos abstratos como fundamento da informação.

Os meios tecnológicos digitais representam uma nova etapa do jornalis-mo, um novo meio, um novo suporte, mas não uma ruptura na maneira de criar e comunicar os conteúdos do pensamento. A possibilidade de acesso aos jornais recentes e antigos, bem como a arquivos primários de informa-

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ção, modifica o patamar da comunicação cuja característica passa a ser a acessibilidade aos conhecimentos e aponta para o potencial de informação sobre sociedade.

A partir das infinitas possibilidades de cruzamentos entre os textos de jornais e os textos literários, científicos, documentais e de conhecimentos abstratos é possível fazer novas conexões, novas leituras. A mídia digital abre infinitas possibilidades de recontextualização dos fatos de cultura. Uma nova linguagem, tecnologia e cultura estão em andamento, capazes de descons-truir as hipóteses sobre comunicação, exigindo novos ensaios que deem conta da complexidade que o objeto inspira.

Bibliografia

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BALPE, Jean-Pierre. Techniques avancées pourr l’hypertexte, Paris: Hermès, co-leção Informatique, 1998.

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DARNTON, R. O beijo de Lamourette. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

DIZARD, W. A nova mídia. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

DOMINGUES, Diana (Org.). A arte no século XXI: a humanização das tecnolo-gias. São Paulo: UNESP, 1997.

FERRAND, Nathalie. Banques de données et hipertexte pour l’étude du roman. Paris: Puf, 1997.

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Dicas de estudoO jornalismo faz parte de uma área conhecida como Ciências da Comunica-

ção. Nossa dica de estudo para esta aula é que você faça uma visita virtual ao site da Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação através do link: <www.bocc.ubi.pt>. Nesse espaço, você poderá encontrar leituras complementares e curio-sidades sobre os tipos de comunicação e o trabalho jornalístico.

Outra dica, para aqueles que desejam pensar sobre as questões discutidas nesta aula, relacionando-as com a educação, é a leitura do artigo “Letramento e inclusão digital: a leitura do texto impresso e virtual” de Laura Márcia Luiza Ferreira. O texto está disponível no link: <www.letras.ufmg.br/atelaeotexto/pes-quisa_laura.html>.

Atividades1. Quais são as principais características do discurso jornalístico?

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2. Comente sobre algumas das mudanças ocorridas do texto jornalístico im-presso para o digital.

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3. Qual sua opinião sobre a responsabilidade da educação em relação ao im-pacto causado pelo texto jornalístico em nossa sociedade?

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O discurso jornalístico1. O discurso jornalístico é constituído pelas funções de coleta, organi-

zação e edição de materiais que possam vir a torna-se uma notícia. Dentro desse processo, o discurso jornalístico procura sua legitimida-de nas provas dos fatos ocorridos e portanto busca construir a ilusão de objetividade, não permitindo que a subjetividade do jornalista faça parte explícita da notícia. Com a contemporaneidade, o discurso jor-nalístico tem sido apresentado em formatos impressos e digitais.

2. Resposta pessoal.

Sugestão: O texto jornalístico digital modificou muito nossa maneira de nos relacionarmos com o texto, com a informação, com a velocida-de da informação. O recurso do hipertexto, por exemplo, alterou nossa maneira de ler e de escolher aquilo que desejamos ler. A quantidade notícias divulgadas também foi alterada, hoje temos mais acesso à in-formação. A velocidade da informação também se modificou, aconte-ce de forma muito mais rápida.

3. Resposta pessoal.

Sugestão: O texto jornalístico além de nos trazer informações e de nos conectar com o mundo, também exerce influência na formação de nossa identidade. Acreditamos na importante função da educação nesse processo de contribuir com o questionamento de narrativas constituídas ao nosso redor como naturais ou verdadeiras. Trabalhar com o discurso jornalístico na escola pode ser uma excelente oportu-nidade para que estudantes tenham mais consciência da importância de aprender a ler as relações de poder presentes não só nos discursos jornalísticos, mas em todas as formas de relacionamentos existentes entre as pessoas.

Gabarito

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