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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DE PACIENTES COM SUSPEITA DE IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA DO RIO DE JANEIRO Aniela Bonorino Xexéo Castelo Branco Rio de Janeiro Agosto de 2008

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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira

Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DE PACIENTES COM SUSPEITA DE

IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA DO RIO DE JANEIRO

Aniela Bonorino Xexéo Castelo Branco

Rio de Janeiro Agosto de 2008

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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher

PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DE PACIENTES COM SUSPEITA DE

IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA DO RIO DE JANEIRO

Aniela Bonorino Xexéo Castelo Branco

Dissertação apresentada à Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde

Maria Ignez Capella Gaspar Elsas José Marcos Telles da Cunha

Rio de Janeiro

Agosto de 2008

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FICHA CATALOGRÁFICA NA FONTE INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM SAÚDE BIBLIOTECA DA SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA

C348 Castelo Branco, Aniela Bonorino Xexéo Perfil clínico e laboratorial de pacientes com suspeita de imunodeficiência primária atendidos em um serviço de referência do Rio de Janeiro. / Aniela Bonorino Xexéo Castelo Branco. – 2008. 150 f. Dissertação ( Mestrado em Saúde da Criança e da Mulher ) - Instituto Fernandes Figueira , Rio de Janeiro , RJ , 2008 . Orientador : Maria Ignez Cepella Gaspar Elsas Co-orientador: José Marcos Telles da Cunha Bibliografia: f. 107 -111 1. Síndromes de Imunodeficiência. 2. Pediatria. 3. Alergia e Imunologia. 4. Infecção. 5. Saúde Pública. Título. CDD - 22ª ed. 616.979

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Dedico ao meu marido Henderson e

à minha filha Amanda.

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AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Fernandes Figueira, ao Instituto de Puericultura e Pediatria da UFRJ e aos seus respectivos corpos docente e técnico-administrativo, que viabilizaram a obtenção dos dados para esta dissertação de Mestrado.

Aos meus orientadores José Marcos e Maria Ignez pela dedicação,

paciência ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

Aos professores e coordenadores da Pós-Graduação em Saúde da Mulher e da Criança do IFF/Fiocruz, pelos ensinamentos prestados.

Aos membros da banca examinadora pela disponibilidade e

contribuições para a melhoria de nosso trabalho. Aos colegas do Serviço de Pediatria e Alergia do HSE-RJ, pela

colaboração indispensável durante a realização deste estudo.

Aos meus pais Xexéo e Luana pelo amor e carinho com que me criaram e por tudo que me ensinaram e continuam ensinando todos esses anos. Aos meus amigos e colegas do mestrado, em especial à minha amiga e sócia Fernanda pela ajuda na coleta de dados. Ao meu irmão Geraldo pela ajuda com a análise dos dados e à minha irmã Valéria pela ajuda cuidando da minha filha. Aos meus sogros Castelo e Maria do Carmo pela ajuda cuidando da minha filha. Ao meu marido Henderson pela grande ajuda com a análise dos dados e pelo apoio durante todo o período do mestrado

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RESUMO

Objetivos: descrever o perfil clínico e laboratorial dos pacientes com suspeita de imunodeficiência primária (IDP) atendidos no serviço de alergia e imunologia pediátrica do IPPMG , verificar se o formulário de consulta de primeira vez utilizado no serviço acelera a definição do diagnóstico e propor um novo formato de formulário para a coleta de dados na consulta de primeira vez e no acompanhamento dos pacientes no serviço. Metodologia: estudo transversal descritivo retrospectivo de todas as crianças atendidas no ambulatório de alergia e imunologia do IPPMG/UFRJ, no período de janeiro de 2006 a junho de 2008. A coleta de dados foi realizada através de revisão de prontuário e do formulário de primeira vez do serviço. Foram excluídos pacientes cujos prontuários ou formulários de primeira vez não puderam ser acessados. Resultados: foram incluídos 181 pacientes, 81 pacientes (44,8%) do sexo feminino e 100 pacientes (55,2%) do sexo masculino. Cinco pacientes (3%) relataram consangüinidade e 28% tinham história familiar de IDP positiva. A idade dos primeiros sintomas variou do nascimento a 132 meses com média de 21,8 (+ 30) e mediana de 8 meses. A idade na primeira visita variou de 0,2 a 203,51 meses com média de 67,52 (+49,43) e mediana de 59,21 meses. A ocorrência infecções de repetição foi o principal motivo de encaminhamento com 135 casos (75%). O principal sítio de infecção encontrado foi pneumonia, com 119 casos (66%). Relataram internações 122 pacientes (67%), com média de número de internações de 3.25 (+3.03) e mediana de 2 internações. A média de dias internado foi de 12.65 (+12.37) com mediana de 9,5. Ao todo foram solicitados 978 exames. Destes, 272 (28%) não foram realizados ou o resultado não foi encontrado. A maioria dos diagnósticos pertenceu ao grupo de imunodeficiências predominantemente de anticorpos com 15 casos (19%), seguido de defeitos congênitos de fagócitos com 6 casos (8%), outras síndromes bem definidas com 4 casos (5%), doenças de desregulação imune e imunodeficiências combinadas, ambas com 2 casos (3%) e deficiências de complemento com 1 caso (1%) . O grupo outros totalizou 9 casos (11%) e 3 casos (4%) tiveram diagnóstico de imunodeficiência secundária. A análise comparativa do tempo decorrido desde a primeira visita até o diagnóstico a partir do emprego ou não do formulário de primeira vez não foi estatisticamente significativa (p > 0,93). A antibioticoterapia profilática foi indicada para 58 casos (32%), a conduta foi expectante em 61 casos (34%) e gamaglobulina humana (IVIG) foi indicada para 14 pacientes (8%). Três pacientes fizeram transplante de células-tronco hematopoiéticas. A maioria dos pacientes manteve o seguimento (54%), quatro pacientes (2%) foram à óbito e 15% dos casos não havia registro de consulta de seguimento ou óbito, sendo caracterizado como abandono de acompanhamento. Palavras-chave: síndromes de imunodeficiência, pediatria, alergia e imunologia, infecção, saúde pública.

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ABSTRACT

Objectives: to describe clinical and laboratorial features of patients with suspected primary immunodeficiency disease (PID) attended at the Allergy and Immunology outpatient clinic at IPPMG, to assess if the first evaluation form used at the service accelerates the definition of the diagnosis and propose a new form for data collection at both first-time consultation and follow-up visits of patients at the service. Methodology: Retrospective analysis of all children who have attended the Allergy and Immunology clinic at IPPMG, from January 2006 to June 2008. The study was performed through review of conventional medical records and the form used at the first consultation. Patients whose records or forms could not be reached were excluded. Results: 181 patients were included, 81 patients (44.8%) females and 100 patients (55.2%) males. Five patients (3%) reported consanguinity and 28% had a positive family history of PID. The age of first symptoms ranged from birth 132 months with an average of 21.8 (30) and a median of 8 months. The age at first visit ranged from 0.2 to 203.51 months with an average of 67.52 (49.43) and a median of 59.21 months. The occurrence of repeated infections was the main reason for referral with 135 cases (75%). The primary site of infection was pneumonia, with 119 cases (66%). Admissions were reported for 122 patients (67%), with a mean number of admissions of 3.25 (+3.03) and median of 2 admissions. The average number of hospitalization days was 12.65 (+12.37) with a median of 9.5. Altogether 978 laboratory tests were requested. Among these, 272 (28%) were not performed or the result was not found. Most diagnoses belonged to the group of predominantly antibodies deficiencies with 15 cases (19%), followed by congenital defects of phagocytes with 6 cases (8%), other well-defined immunodeficiency syndromes with 4 cases (5%), diseases of immune dysregulation and combined T-cell and B-cell immunodeficiencies, with 2 cases (3%) each, and complement deficiencies with 1 case (1%). The group “other” comprised nine cases (11%) and 3 cases (4%) had diagnosis of secondary immunodeficiency. The comparative analysis of the time from the first visit to the definition of the diagnosis between patients with or without the fulfilling of first time evaluation form was not statistically significant (p> 0.93). The antibiotic prophylaxis was given to 58 cases (32%), the management was expectant in 61 cases (34%) and human gammaglobulin (IVIG) was given to 14 patients (8%). Hematopoietic stem cell transplantation was performed in three patients. Most patients maintained regular follow-up (54%), four patients (2%) died and in 15% of cases there was no record of either follow-up consultation or death. The latter group was considered as lost to follow-up.

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LISTA DE SIGLAS AD – Herança autossômica dominante

ADA - Adenosina deaminase

ALPS - Síndrome Linfoproliferativa Autoimune

AR – Herança autossômica recessiva

ATM - Ataxia-Telangiectasia Mutado

BCG – Bacilo Galmette-Guèrin

BAFFr - Receptor de fator ativador de célula B

BRAGID – Grupo Brasileiro de Imunodeficiência

Btk -Tirosina cinase de Bruton

C1INH- Inibidor de C1-esterase

CASP - Caspase

CD – Cluster de diferenciação

CDC – Centro de Controle de Doenças

CH- Complemento hemolítico

CINCA - Síndrome Neurológica, Cutânea e Articular Crônica Infantil

CVID - Imunodeficiência Comum Variável

DTH – Hipersensibilidade do tipo tardio (Delayed Type Hypersensitivity)

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EAS – Exame de urina (uroanálise)

EDA-ID - displasia ectodérmica hipoidrótica com imunodeficiência

ESID - Sociedade Européia de Imunodeficiências (European Society for

Immunodeficiencies)

FCAS - Síndrome autoinflamatória ao frio familiar

FCUS - Urticária ao frio familiar

FMF - Febre Familiar do Mediterrâneo

G-CSF - Fator estimulador de colônia de neutrófilos

HIDS - Hiperimunoglobulinemia D e síndrome de febre periódica

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

HPN - Hemoglobinúria paroxística noturna

HPV- Vírus Papiloma Humano

ICOS – Molécula co-estimulatória induzível

IDP – Imunodeficiência Primária

IFF – Instituto Fernandes Figueira

IFN - Interferon

Ig- Imunoglobulina

IKBA - Potenciador do inibidor de cadeia leve kappa em células B

IL- Interleucina

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IPPMG – Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira

IRAK4 - Cinase associada ao receptor IL-1

IVIG – Imunoglobulina intravenosa

JAK- Cinase da família Janus

LAD – Deficiência de adesão leucocitária

LAGID – Grupo Latino Americano Para o Estudo das Imunodeficiências

Primárias (Latin American Group for the Study of Primary Immune Deficiencies)

LES- Lúpus Eritematoso Sistêmico

MAC - Complexo de ataque a membrana

MHC – Complexo principal de histocompatibilidade

MWS - Síndrome de Muckle-Wells

NBT- nitrobluetetrazolium

NEMO - Modulador essencial de NF-κB

NF-Κb - Fator nuclear κB

NK - Natural killer

NOMID -Doença Inflamatória Multisistêmica de Início Neonatal

PFAPA – Síndrome de Febre Periódica, Adenite Cervical, Faringite e Aftas

PPD – derivado proteico purificado

RAG - Gene ativador de recombinaseRNA –Ácido ribonucléico

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RMRP- RNA de endoribonuclease processadora de RNA mitocondrial

SCID – Imunodeficiência Combinada Grave (Severe Combined Immune

Deficiency)

SHU - Síndrome hemolítico-urêmica

SUS – Sistema Único de Saúde

TACI- transmembrane activator and CAML interactor

TC – tomografia computadorizada

TCTH – Transplante de células-tronco hematopoiética

TLR - Receptor toll-like

TNF - Fator de necrose tumoral

TRAPS - Síndrome periódica associada ao receptor de fator de necrose

tumoral

VA- Via alternativa

VL - Via das lectinas

VP - Via clássica (classical pathway)

XL – herança ligada ao X

WASP - proteína da Síndrome de Wiskott-Aldrich

WHIM - síndrome de verrugas, hipogamaglobulinemia, infecções e

mielocatexia

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 14

CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO 16

2.1 . Conceito e historico 16

2.2. Epidemiologia 17

2.3. Classificação 19

2.4 Diagnostico 35

CAPÍTULO 3 - JUSTIFICATIVA 42

CAPÍTULO 4 - OBJETIVOS 45

CAPÍTULO 5 - MATERIAL E MÉTODOS 48

5.1. Desenho do estudo 48

5.2. Amostra 48

5.3. Local do estudo 48

5.4. Variáveis 49

5.5. Processamento dos dados 51

5.6. Análise dos dados 51

CAPITULO 6 - ASPECTOS ÉTICOS 52

CAPÍTULO 7 - RESULTADOS 53

7.1. Casuística 53

7.2 . Distribuição por gênero 53

7.3 . Distribuição por raça 55

7.4 . Origem 55

7.5 . Consangüinidade e história familiar 55

7.6 . Idade nos primeiros sintomas 55

7.7 . Idade na primeira visita 57

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7.8. Motivo de encaminhamento e

origem de encaminhamento 57

7.9. Sítios de infecções 60

7.10 Sinais de alerta 64

7.11 Culturas 66

7.12 Internações 66

7.13 Hemotransfusões 69

7.14 Alterações do desenvolvimento psicomotor 69

7.15 Histórico de reações vacinais 69

7.16 Cicatriz de BCG 69

7.17 Histórico do parto 70

7.18 História alimentar 72

7.19 Hipóteses diagnósticas 72

7.20 Exames solicitados X exames realizados 75

7.21 Diagnóstico final 77

7.22 Meses entre primeiros sintomas e diagnóstico 79

7.23 Meses entre primeira consulta e diagnóstico 79

7.24 Análise comparativa do tempo decorrido até

o diagnóstico a partir do emprego ou não do

formulário de primeira vez 81

7.25 Seqüelas 85

7.26 Conduta terapêutica 85

7.27 Uso de gamaglobulina 87

7.28 Uso de antibiótico profilático 89

7.29 Uso de citocina terapêutica 91

7.30 Indicação de transplante de células-tronco

hematopoiéticas 91

7.31 Desfecho 91

CAPÍTULO 8 - DISCUSSÃO 92

CAPÍTULO 9 - CONCLUSÕES 105

CAPÍTULO 10 - REFERÊNCIAS 107

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CAPÍTULO 11 - ANEXOS 112

CAPÍTULO 12 - APÊNDICES 134

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Crianças com infecções de repetição representam um problema de

saúde pública no Brasil. Em um país no qual, além da epidemia de Síndrome

de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), ainda persistem diversos fatores

associados a causas secundárias de imunodeficiência, como desnutrição, más

condições de higiene, moradia e saneamento, o grupo de agravos a saúde

classificados como imunodeficiências primárias ainda não conquistou seu

espaço entre as políticas de saúde públicas.

Entretanto, internacionalmente, o impacto que essas desordens

representam sobre o sistema de saúde já foi reconhecido (Lindegren et al,

2004; Espanõl, 2005). Com essa preocupação, países de todo o mundo já

organizaram políticas de saúde voltadas para o acompanhamento desses

pacientes (Lindegren et al, 2004; Zelazco et al, 1998;

http://www.imunopediatria.org).

No Rio de Janeiro, hospitais terciários como o Instituto de Pediatria e

Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG) ou o Instituto Fernandes Figueira

(IFF), com programas consolidados de treinamento em imunologia clínica,

ainda têm pouco a oferecer a essas famílias.

A proposta desta dissertação iniciou-se a partir da publicação de uma

portaria da Secretaria de Atenção a Saúde em dezembro de 2005,

estabelecendo o Instituto Fernandes Figueira como Centro de Referência em

imunodeficiências primárias, entre outras competências já consolidadas.

O objeto de estudo deste trabalho é a descrição do perfil clínico e

laboratorial dos pacientes que foram encaminhados para o serviço de alergia e

imunologia do Instituto de Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ), entre

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janeiro de 2006 e junho de 2008, com suspeita de imunodeficiência primária, e

de como está sendo realizado o acompanhamento e o diagnóstico desses

pacientes.

O ambulatório de alergia e imunologia do IPPMG é um serviço terciário

de referência no estado do Rio de Janeiro para o atendimento de pacientes

com imunodeficiência primária e, portanto, capaz de reunir pacientes com

condições ambientais e sócio-econômicas semelhantes, permitindo, dessa

forma, uma análise representativa do comportamento dessas desordens em

crianças brasileiras.

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CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. CONCEITO E HISTÓRICO

As imunodeficiências primárias (IDP) são desordens do sistema imune

caracterizadas por aumento da susceptibilidade à infecções, autoimunidade e

neoplasias malignas (Fischer, 2004; Stiehm et al, 2004). Defeitos genéticos e

hereditários em um ou mais componentes do sistema imunológico alteram o

funcionamento do mesmo, tornando o indivíduo vulnerável à infecções por

bactérias, vírus, fungos ou protozoários, com variados graus de gravidade

(Rosen et al, 1999).

Casos isolados de IDP foram relatados ao final da década de 20 (Stiehm

et al, 2004). Na década de 40, com o advento dos antibióticos tornando

possível a cura de infecções em indivíduos com o sistema imune preservado,

mais casos de imunodeficiências foram reconhecidos (Stiehm et al, 2004). Em

1952, Bruton descreveu um caso de um paciente com agamaglobulinemia que

se beneficiou do uso contínuo de gamaglobulina, mas somente na década de

80 a gamaglobulina venosa foi instituída como tratamento para as IDP (Stiehm

et al, 2004).

Nos últimos 50 anos, um enorme progresso ocorreu nesse campo, com

descobertas de novas imunodeficiências e instituição de tratamentos

promissores como transplante de medula óssea e terapia gênica (Good e

Verjee, 2001; Gaspar et al 2004). Os avanços da genética molecular e o

mapeamento do genoma humano permitiram a descrição de mais de 120 tipos

de IDP (Shearer et al, 2004; Geha et al, 2007;).

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2.2. EPIDEMIOLOGIA

Os dados epidemiológicos sobre as IDP ainda são imprecisos devido à falta

de um sistema adequado de coleta de dados e registros na maior parte dos

países (Lindegren et al, 2004). A freqüência estimada é de 1:10.000 até

1:2.000 nascidos vivos (Bonilla e Geha, 2003; Bonilla et al, 2005). Na infância,

há uma predileção pelos meninos de 5:1, devido às síndromes ligadas ao X.

Quando o diagnóstico é feito em adultos a freqüência parece ser a mesma

em homens e mulheres (Knerr e Grimbacher, 2007).

Todos esses dados são, provavelmente, subestimados e imprecisos, em

função de, pelo menos, cinco fatores: a) falta de reconhecimento clínico, b)

falta de registro ou registro inadequado, c) superrepresentação de alguns

centros de referência, d) falta de padronização de definição de caso, e) morte

antes do diagnóstico (Lindegren et al, 2004).

Diversos países já desenvolveram seus sistemas de registros em nível

nacional, com objetivo de adquirir maior conhecimento sobre as IDP e melhorar

a qualidade do atendimento aos pacientes (Knerr e Grimbacher, 2007). No

Brasil existiram tentativas de implantar um sistema de registros próprio, já que

nosso país é um dos membros do LAGID (Latin American Group for the Study

of Primary Immune Deficiencies), grupo formado por 14 países, que possui um

sistema de registros já com 3321 pacientes (Knerr e Grimbacher, 2007).

Porém, esse número não reflete a prevalência atual, devido à capacidade

diagnóstica limitada dos países participantes e pelo fato dos dados terem sido

obtidos em algumas poucas cidades dos países envolvidos na pesquisa (Knerr

e Grimbacher, 2007).

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A maioria dos países está implementando um sistema on line de registros,

semelhante ao utilizado pela Sociedade Européia para Imunodeficiências

(ESID-European Society for Immunodeficiencies) (Knerr e Grimbacher, 2007).

Em todos os países, as imunodeficiências predominantemente de

anticorpos aparecem como as formas mais freqüentes de IDP, com mais de

50% dos casos (Stiehm et al, 2004; Pérez et al, 2007; Knerr e Grimbacher,

2007). Dados do ESID de 2008 mostram as imunodeficiências

predominantemente de anticorpos com 55,25% dos casos, seguido de outras

imunodeficiências bem definidas (17,75%), deficiência de fagócitos (12,63%),

deficiências de células T (7,75%), defeitos do complemento (1,94%), doenças

de desregulação autoimune (1,15%) e doenças autoinflamatórias (1,08%)

(http://www.esid.org).

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2.3. CLASSIFICAÇÃO

Por conta do acelerado reconhecimento de novos defeitos genéticos,

desde 1970, um comitê de especialistas se reúne a cada dois anos para

atualizar a classificação das IDP, baseada nos principais mecanismos

imunológicos implicados (Bonilla et al, 2005). A última atualização (anexo 3),

publicada em outubro de 2007 divide as imunodeficiências em oito grupos: a)

imunodeficiências combinadas T e B, b) deficiências predominantemente de

anticorpos, c) outras síndromes bem definidas, d) doenças de desregulação

imune, e) defeitos congênitos do número e/ou função de fagócitos, f) defeitos

na imunidade inata, g) doenças autoinflamatórias, h) deficiências de

complemento (Geha et al, 2007).

2.3.1. IMUNODEFICIÊNCIAS COMBINADAS DE CÉLULAS T E B.

Seus principais e mais graves representantes são as imunodeficiências

combinadas graves (SCID).

Pacientes com SCID apresentam grande comprometimento ou mesmo

completa ausência de imunidade específica, sendo susceptíveis à maioria dos

patógenos, inclusive patógenos oportunistas (Gaspar et al, 2001; Bonilla et al,

2005). Os sintomas iniciais aparecem nos primeiros meses de vida com

infecções graves e recorrentes e desenvolvimento inadequado (Gaspar et al,

2001). Sem a reconstituição imunológica proporcionada pelo transplante de

medula, leva ao óbito na infância (Chan e Puck, 2005). Tratamentos

envolvendo terapia gênica estão em desenvolvimento e se mostram

promissores (Gaspar et al, 2004).

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Diversas mutações genéticas já foram implicadas na patogenia das

diferentes formas de SCID (tabela 1).

Tabela 1: Mutações genéticas descritas na patogenia das SCID

Doença Defeitos genéticos/patogenia Herança SCID T- B+ defeito de cadeia γ de receptores para IL-2, -4,

-7, -9, -15, -21 XL

defeito em JAK 3 AR defeito na cadeia α de receptor de IL-7 AR defeito em CD 45 AR defeito de receptor de antígeno de célula T AR SCID T- B- defeito completo de RAG 1 ou 2 AR

defeito de proteína recombinase DNA-reparo de Artemis

AR

ausência de ADA, metabólitos linfotóxicos elevados

AR

maturação defeituosa de células T, B e células mielóides

AR

Legenda:JAK cinase da família janus; RAG gene ativador de recombinase; ADA adenosina deaminase. Adaptado de Geha et al, 2007. Mutações missense1 dos genes RAG 1, 2, Artemis, IL-7Rα ou RNA de

endorribonuclease processadora de RNA mitocondrial (RMRP) são

encontradas na Síndrome de Omenn, que cursa com diarréia protraída,

eritrodermia exsudativa, eosinofilia, adenopatia e hepatoesplenomegalia

(Roifman et al, 2006; Geha et al, 2007).

Deficiência de ZAP-70, MHC classe I e II, deficiência de canais de cálcio

entre outras, já foram descritas (Geha et al, 2007).

1.Mutação missense- mutação genética pontual, envolvendo a alteração de um único

nucleotídeo, podendo haver uma atividade residual do gene.

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2.3.2. IMUNODEFICIÊNCIA PREDOMINANTEMENTE DE

ANTICORPOS

As imunodeficiências predominantemente de anticorpos (ou humorais)

formam um grupo bastante heterogêneo, com um espectro clínico que abrange

desde pacientes assintomáticos, até pacientes com graves manifestações de

imunodeficiências (Ballow, 2002). As doenças deste grupo resultam da

produção inadequada ou na função defeituosa de anticorpos devido à números

baixos de linfócitos B ou, ainda, da existência de células B com produção

inadequada de anticorpos (Lindegren et al, 2004).

Neste grupo de desordens, os pacientes apresentam infecções

sinopulmonares por bactérias encapsuladas como Streptococcus pneumoniae

ou Haemophilus influenzae tipo b (Ballow, 2002). Dependendo do tipo de

defeito, outros germes podem ser mais frequentemente envolvidos, como os

enterovírus, encontrados em pacientes com Agamaglobulinemia ligada ao X

(Webster, 1994; Ballow, 2002; Shiroma et al, 2004; Stiehm et al, 2004;) e

protozoários como a Giardia lamblia, em pacientes com deficiência seletiva de

IgA (Ballow, 2002). Os primeiros sintomas se iniciam normalmente após os

primeros seis meses a um ano de vida, quando ocorre a produção de

imunoglobulina endógena (IgG) em paralelo com a diminuição dos níveis de

imunoglobulina (IgG) maternos (Bonilla e Geha, 2003).

É o tipo mais comum de imunodeficiência primária, sendo responsável

por mais da metade dos casos registrados (Stiehm et al, 2004).

Mutações genéticas em moléculas envolvidas na diferenciação e

proliferação de células B estão sendo relacionadas como causas da

imunodeficiência primária sintomática mais comumente diagnosticada, a

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imunodeficiência comum variável (CVID). Defeitos em cinco genes diferentes já

foram descritos: coestimulador induzível em células T(ICOS), TACI, CD19,

BAFF-r e MSH5; mas grande parte dos pacientes com CVID ainda não possui

defeito genético identificado ( Yong et al, 2008).

Pacientes com CVID apresentam infecções sinopulmonares de repetição

e maior tendência a manifestações autoimunes, neoplasias, doença

granulomatosa e linfoproliferação (Cunningham-Rundles e Bodian, 1999). O

principal marcador diagnóstico é hipogamaglobulinemia (Weller e Bankers-

Fulbright, 2005).

A deficiência seletiva de IgA pode ser encontrada em indivíduos

saudáveis, assintomáticos. Porém, está associada a uma série de desordens

como: infecções sinopulmonares e gastrointestinais (giardíase de repetição),

autoimunidade e atopia (Cunninghan-Rundles, 2001). Alguns pacientes com

diagnóstico inicial de deficiência seletiva de IgA podem evoluir para CVID,

sugerindo uma causa comum para as duas doenças, pelo menos nesses casos

(Castigli e Geha, 2006).

A mutação no gene tirosina cinase de Bruton (Btk) é responsável pela

Agamaglobulinemia de Bruton ou deficiência de Btk, síndrome de herança

ligada ao X, em que o nível sérico de todos os isotipos de imunoglobulinas e

também o número de linfócitos B se encontram profundamente diminuídos

(Geha et al, 2007).

O tratamento dos defeitos humorais é baseado na administração regular

de gamaglobulina, por via intravenosa ou subcutânea, e antibioticoprofilaxia. O

uso da gamaglobulina aumenta a expectativa de vida e reduz a freqüência e a

gravidade das infecções (Wood et al, 2007).

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2.3.3. OUTRAS SÍNDROMES DE IMUNODEFICIÊNCIA BEM

DEFINIDAS

Este grupo passou a ser usado para englobar uma série de síndromes

bem caracterizadas clinicamente, nem todas com defeito gênico identificado, e

que não puderam ser enquadradas nos outros grupos já citados.

A síndrome de Wiskott-Aldrich é uma imunodeficiência ligada ao X cujo

fenótipo inclui trombocitopenia com plaquetas pequenas, eczema, infecções

recorrentes e maior incidência de manifestações autoimunes e malignidades

(Bonilla et al, 2005; Ochs e Thrasher, 2006). Ocorre por mutações do gene da

proteína da Síndrome de Wiskott-Aldrich (WASP). Otites médias recorrentes,

infecções sinopulomonares bacterianas e infecções virais são freqüentes,

assim como infecções oportunistas como pneumonia por Pneumocystis jiroveci

(Bonilla et al, 2005).

O sinal clínico mais característico é a trombocitopenia com plaquetas

pequenas. O paciente pode apresentar petéquias e sangramentos desde os

primeiros meses de vida (Ochs e Thrasher, 2006).

As respostas imunológicas dependentes de células B e T estão

afetadas, com diminuição de Imunoglobulinas G e M (IgA e IgE podem se

encontrar elevadas), defeito de resposta para antígenos polissacarídeos e

comprometimento progressivo de linfócitos T (Bonilla et al, 2005; Ochs e

Thresher, 2006). Atividade de células NK também se encontra diminuída

(Bonilla et al, 2005).

Ataxia-Telangiectasia é uma desordem decorrente de uma mutação no

gene Ataxia-Telangiectasia Mutado (ATM), localizado no cromossomo 11, de

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herança autossômica recessiva, que cursa com alterações neurológicas

degenerativas, telangiectasias cutâneas e oculares, retardo de crescimento e

imunodeficiência (Nowak-Wegrzyn et al, 2004; Bonilla et al, 2005).

As síndromes de Hiper-IgE também fazem parte desse grupo, sendo

caracterizadas por IgE elevada no soro, dermatite e infecções recorrentes de

pele e pulmonares (Freeman e Holland, 2008). Pode ser autossômica

dominante (Síndrome de Job), por deficiência de STAT3, ou recessiva, por

mutação em TYK2 ou, ainda, por outras mutações ainda desconhecidas (Geha

et al, 2007).

São incluídas ainda neste grupo: anomalia de DiGeorge, displasias

imuno-ósseas, candidíase mucocutânea crônica, doença veno-oclusiva

hepática com imunodeficiência e Síndrome de Hoyerall-Hreidarsson (Geha et

al, 2007).

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2.3.4.DOENÇAS DE DESREGULAÇÃO IMUNE

O fenômeno de apoptose2 é importante para o equilíbrio da resposta

imune. Por conta dele, ocorre eliminação de células T autorreativas e limitação

de magnitude e duração de resposta à antigenos externos (Su e Lenardo,

2008). Defeitos em genes responsáveis pela regulação da apoptose de

linfócitos causam a Síndrome Linfoproliferativa Autoimune (ALPS)(Bleesing,

2002; Su e Lenardo, 2008).

A desregulação da homeostase dos linfócitos gera três conseqüências

principais: acúmulo anormal de linfócitos, autoimunidade pela falha de remoção

de linfócitos autorreativos e aumento na ocorrência de linfomas pela

sobrevivência inapropriada de linfócitos transformados (Bleesing, 2002). As

manifestações clínicas são: linfadenomegalias, esplenomegalia, citopenias

autoimunes, glomerulonefrite e linfomas (Bleesing, 2002). O achado laboratorial

característico é a presença de um número aumentado de linfócitos T (TCR

αβ+) duplo negativos (que não expressam CD4 ou CD8) no sangue periférico

(Bleesing, 2002).

A tabela 2 correlaciona a doença com o defeito genético.

2. Apoptose- morte celular programanda

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Tabela 2: Defeitos genéticos descritos nas Síndromes Linfoproliferativas Autoimunes (ALPS)

Doença Defeito genético ALPS tipo 1a TNFRSF6 Defeito de CD95(Fas) ALPS tipo 1b Defeito de CD95l (FasL) TNFSF6 ALPS tipo 2a Defeito de caspase 10 CASP10 ALPS tipo 2b Defeito de caspase 8 CASP8 ALPS N-Ras Defeito de ativador de N-Ras NRAS

Legenda:Casp- caspase; TNF – fator de necrose tumoral Adaptado de Geha et al, 2007.

As síndromes de imunodeficiência com hipopigmentação também são

classificadas como doenças de desregulação imune. São decorrentes do

defeito no gene LYST, no caso da Síndrome de Chediak-Higashi, defeito de

RAB27A na Síndrome de Griscelli tipo 2 e defeito de AP3B1 na Síndrome de

Hermansky-Pudlak tipo 2 (Geha et al, 2007). Cursam com albinismo parcial e

baixa atividade de linfócitos T citotóxicos e células NK (Geha et al, 2007).

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2.3.5. DEFEITO CONGÊNITOS DO NÚMERO E/ OU FUNÇÃO DE FAGÓCITOS

Grupo caracterizado por apresentar infecções específicas para cada

defeito genético, como abscesso hepático na Doença Granulomatosa Crônica e

susceptibilidade à infecções por Mycobacterium sp. e Salmonella sp. nos

defeitos de interferon γ−interleucina 12 (IFNγ/IL-12/23). Esta doença não

costuma estar associada às infecções freqüentes nas outras formas de IDP,

particularmente aquelas vistas nos pacientes com imunodeficiência

predominantemente de anticorpos (Rosenzweig e Holland, 2004).

Defeitos no complexo enzimático responsável pela geração de

superóxido, necessário para auxiliar no processo de eliminação de bactérias

por fagocitose são a causa da Doença Granulomatosa Crônica (Rosenzweig e

Holland, 2004). O principal gene afetado é o gp91phox, de herança recessiva

ligada ao X, mas outros três genes autossômicos de herança recessiva podem

sofrer mutações, causando a doença (Rosenzweig e Holland, 2004; Seger,

2008).

Os principais germes isolados causadores de infecções nesses

pacientes são: Staphylococcus aureus, Burkholderia cepacia, Serratia

marcescens, Nocardia sp., and Aspergillus sp.; e os sítios de infecção mais

frequentes envolvem pulmões, pele, linfonodo e fígado (Rosenzweig e Holland,

2004). Ocorre formação de granulomas, abscessos de pele, abscesso

hepático, BCGíte, processo de cicatrização ruim, com eventual formação de

fístulas e pneumonia por fungos (Seger, 2008).

Deficiências de adesão leucocitária foram descritas e estão resumidas

na tabela 3.

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Tabela 3: Deficiências de Adesão Leucocitária

Doença Células afetadas Características clínicas

LAD 1 N+M+L+NK retardo na queda do cordão umbilical, úlceras de pele, periodontite e leucocitose

LAD 2 N+M retardo na queda do cordão umbilical, úlceras de pele,

periodontite e leucocitose, grupo sanguíneo hh e retardo mental

LAD 3 L+NK retardo na queda do cordão umbilical, úlceras de pele,

periodontite e leucocitose com tendência a sangramento

Deficiência de Rac 2 N leucocitose e má cicatrização de feridas

Legenda:N- neutrófilos, M- monócitos e macrófagos, L- linfócitos, NK- natural killer, LAD- deficiência de adesão leucocitária. Adaptado de Geha et al, 2007.

As neutropenias também fazem parte desse grupo. Podem ser graves como

a síndrome de Kostmann, que costuma ser fatal nos primeiros meses de vida,

ou mais brandas como a neutropenia cíclica (Dror e Sung, 2004).

Infecções de repetição são as principais manifestações clínicas, além de

gengivite crônica na neutropenia cíclica (Dror e Sung, 2004). O tratamento com

fator estimulador de colônia de neutrófilos (G-CSF) e, em casos específicos, o

transplante de medula óssea, melhoram a qualidade de vida desses pacientes

(Dror e Sung, 2004).

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2.3.6. DEFEITOS DA IMUNIDADE INATA

A identificação dos receptores da família Toll (toll-like receptors – TLR)

permitiu a associação de algumas desordens dermatológicas a esse grupo de

imunodeficiências primárias (Kang et al, 2006). Os receptores TLR e as

moléculas envolvidas na transdução dos sinais gerados pelo engajamento

destes receptores são importantes componentes da imunidade inata. É através

desses receptores que a imunidade inata controla com precisão a ativação da

resposta adaptativa ( Kang et al, 2006). A tabela 4 sumariza os tipos de

imunodeficiências classificadas como defeitos da imunidade inata com os

defeitos genéticos descritos e as principais manifestações clínicas.

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Tabela 4: Defeitos de imunidade inata

Doença Defeito genético Manifestações clínicas

EDA-ID

mutações de NEMO (modulador de ativação de NF-

κb

displasia ectodérmica hipoidrótica+ deficiência de

anticorpos específicos + infecções

EDA-ID

mutação de IκBA resultando em

ativação inadequada de

NF−κB

displasia ectodérmica hipoidrótica+ deficiência de

célula T + infecções

Deficiência de IRAK4

mutação de IRAK4 (um componente

da via de sinalização de

TLR)

infecções piogênicas

WHIM mutação de

CXCR4 (receptor para CXCL12)

hipogamaglobulilnemia+níveis de célula B reduzidos+

neutropenia+ verrugas/infecção pelo HPV

Epidermodisplasia verruciforme

mutação de EVER1 e EVER2

infecções pelo HPV e câncer de pele

Encefalite pelo Herpes simplex

mutação de UNC93B1

meningite e encefalite pelo herpes simplex 1

Encefalite pelo Herpes simplex mutação de TLR3

meningite e encefalite pelo herpes simplex 1

Legenda:EDA- ID- displasia ectodermica hipoidrótica com imunodeficiência; NEMO- modulador essencial de NF−κB ; NF−κB- fator nuclear κB; IκBA- potenciador do inibidor de cadeia leve kappa em células B; IRAK- cinase associada ao receptor IL-1; TLR- receptor toll-like; WHIM – síndrome de verrugas, hipogamaglobulinemia, infecções e mielocatexia. HPV- vírus papiloma humano. Adaptado de Geha et al, 2007.

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2.3.7. DESORDENS AUTOINFLAMATÓRIAS

Grupo de desordens que não cursa com infecções de repetição, mas com

processos inflamatórios espontâneos, sem que haja títulos aumentados de

auto-anticorpos para justificar uma doença autoimune. Nove síndromes

autoinflamatórias hereditárias já foram identificadas (Padeh e Berkun, 2007).

• Febre Familiar do Mediterrâneo (FMF)

• Síndrome periódica associada ao receptor de fator de necrose tumoral

(TRAPS)

• Hiperimunoglobulinemia D e síndrome de febre periódica (HIDS)

• Síndrome autoinflamatória ao frio familiar (FCAS)/ urticária ao frio

familiar (FCUS)

• Síndrome de Muckle-Wells (MWS)

• Doença Inflamatória Multisistêmica de Início Neonatal(NOMID)/Síndrome

Neurológica, Cutânea e Articular Crônica Infantil (CINCA)

• Síndrome Blau

• Síndrome PAPA( artrite estéril piogênica, pioderma gangrenoso e acne)

• Síndrome de Mageed (osteomielite multifocal recorrente crônica)

O principal sinal é a febre recorrente, exceto na Síndrome de Muckle-

Wells, cujos sintomas são urticária, perda auditiva e amiloidose (Geha et al,

2007). A maioria dos pacientes apresenta mutações em genes da família

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da pirina ou da superfamília do fator de necrose tumoral (TNF) (Padeh e

Berkun, 2007).

Sintomas da FMF incluem: episódios de febre alta, acompanhados de

peritonite, sinovite e pleurite. A dor abdominal pode confundir com apendicite

aguda e, às vezes, se associada a vômitos e diarréia. Manifestações

cutâneas, mialgia e dor articular também podem estar presentes (Padeh e

Berkun, 2007).

A síndrome PFAPA, caracterizada por crises episódicas de febre alta,

estomatite aftosa, faringite e adenite cervical, ainda não faz parte da

classificação de Geha e colaboradores, 2007, mas é considerada uma doença

autoinflamatória (Padeh e Berkun, 2007).

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2.3.8. DEFEITOS DO COMPLEMENTO

Os defeitos do sistema Complemento compreendem um conjunto de

deficiências bastante raras, associadas as doenças autoimunes como o Lúpus

Eritematoso Sistêmico (LES) (Wen et al, 2004). Infecções recorrentes por

Neisseria gonorrhoeae ou N. meningitidis devem levantar a suspeita de

defeitos do complemento, mas infecções piogênicas também podem ocorrer

(Wen et al, 2004).

A deficiência de inibidor de C1-esterase (C1INH), um regulador da

cascata do complemento, resulta no Angioedema Hereditário, doença de

herança autossômica dominante que se caracteriza por crises recorrentes de

edema subcutâneo e submucoso em qualquer parte da pele ou dos tratos

respiratório e gastrointestinal (Gompels et al, 2005). O edema é indolor,

circunscrito e não pruriginoso, sem associação com urticária. Surge

espontâneamente ou após traumatismos e involui espontâneamente em 48 a

72 horas (Wen et al, 2004 e Gospels et al, 2005).

Outras deficiências e as síndromes associadas estão listadas na tabela

5.

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Tabela 5: Deficiências de complemento

Síndrome Componentes Via Herança Correlação clínica

Infecções C1q, C1r, C1s, C4, C2

VC Autossômica LES, infecções recurrentes bacterianas

C3 VC, VA,VL Autossômica glomerulonefrite infecções piogênicas graves

C5, C6, C7, C8, C9

Todas (MAC) Autossômica infecções por Neisseria

fator H, fator I VA (inibidores) Autossômica infecções piogênicas, Glomerulonefrite SHU

Properdina VA (estabilizador)

ligado ao X infecções por Neisseria

MLB VL Autossômica infecções piogênicas e sepse em crianças e neonatos, LES

CR3 Receptor Autossômica LAD Desordens reumáticas

C1, C2, C4 VC Autossômica LES

MBL VL Autossômica LES Dano renal C3 VC, VA,VL Autossômica glomerulonefrite

membranoprolife rativa e infecções

fator H VA (inibidor) Autossômica SHU atípico, glomerulonefrite

CD46 inibidor de VA Autossômica SHU atípico HPN fator acelerador

de decaimento, CD59

inibidor de VA e MAC

mutação somática do crom X

hemólise e trombose

Legenda: VA - via clássica, LES - lupus eritematoso sistêmico, VA - via alternativa, VL - via das lectinas (MBL), MAC - complexo de ataque a membrana, LAD - defeito de adesão leucocitária, SHU - síndrome hemolítico-urêmica, HPN – hemoglobinúria paroxística noturna. Adaptado de Wen et al, 2004.

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2.4. DIAGNÓSTICO

A abordagem do paciente com suspeita de imunodeficiência primária se

inicia com a obtenção de história clínica e exame físico (Ballow e O’Neil, 2003)

A suspeita de uma imunodeficiência deve ser levada em consideração

frente a um paciente com infecções de repetição (Bonilla e Geha, 2003; Bonilla

et al, 2005; Stiehm et al, 2004; Rosen et al, 1999). A Fundação Jeffrey Modell,

junto com a Cruz Vermelha Norte Americana desenvolveram dez critérios

(anexo 1) que indicam a investigação de IDP (http://www.jmfworld.org). Esses

critérios já foram adaptados para nosso meio e podem ser verificados na figura

1.

Figura 1: Sinais de Alerta para investigação de IDP

Os 10 Sinais de Alerta para Imunodeficiência Primária na Criança adaptados para o nosso meio são:

1. Duas ou mais Pneumonias no último ano

2. Quatro ou mais novas Otites no último ano

3. Estomatites de repetição ou Monilíase por mais de dois meses

4. Abscessos de repetição ou ectima

5. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite,

septicemia)

6. Infecções intestinais de repetição / diarréia crônica

7. Asma grave, Doença do colágeno ou Doença auto-imune

8. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por Micobactéria

9. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a Imunodeficiência

10. História familiar de imunodeficiência

Adaptado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI) e Grupo Brasileiro de Estudos de Imunodeficiências Primárias (BRAGID) da fundação Jeffrey Modell e Cruz Vermelha Americana. (http://www.imunopediatria.org.br)

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Algumas infecções são mais relacionadas com determinados tipos de

IDP, o que pode ajudar a guiar os testes iniciais (Bonilla e Geha, 2003). Os

defeitos de anticorpos cursam com infecções sinopulmonares causadas por

bactérias encapsuladas, giardíase de repetição e enteroviroses (Bonilla e

Geha, 2003; Verbski et al, 2006). Defeitos combinados de célula T e B podem

apresentar qualquer tipo de infecção, inclusive por patógenos oportunistas

como P. jiroveci, enquanto que, nos defeitos de complemento, o patógeno mais

isolado é a Neisseria sp. (Bonilla e Geha, 2003; Verbski et al, 2006). A tabela 6

sumariza os principais patógenos associados aos principais defeitos

imunológicos.

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Tabela 6: Patógenos associados aos principais defeitos imunológicos

Organismo Defeitos de anticorpos

Deficiência combinada (T e B)

Defeitos de fagócitos

Defeitos de complemento

Vírus ENTEROVIRUS VÁRIOS INCOMUM INCOMUM

Bactéria S pneumoniae, H influenzae, S aureus, Pseudomonas aeruginosa, Clostridium fetus, N meninigitidis, Mycoplasma hominis, Ureaplasma ureolyticum

Mesmos do defeito de anticorpo + Listeria monocytogenes, Salmonella typhi, microbiota entérica

S aureus, microbiota entérica, P aeruginosa, S typhi, Nocardia asteroides

Mesmos dos defeito de anticorpo, especialmente N meninigitidis

Micobactéria INCOMUM Micobactérias ambientais, incluindo BCG

Micobactérias ambientais, incluindo BCG

NÃO

Fungo NÃO Candida albicans, Histoplasma capsulatum, Aspergillus fumigatus, Coccidioides immitis

A fumigatus, C albicans

NÃO

Protozoário Giardia lamblia P jiroveci, Toxoplasma gondii

P jiroveci NÃO

Legenda:BCG- Bacilo de Calmette Guérin.Adaptado de Bonilla e Geha, 2003.

A idade de início dos sintomas também pode ajudar. Quanto mais cedo

surgem os sintomas, mais grave deve ser o defeito (Ballow e O’Neil, 2003). As

deficiências combinadas se desenvolvem nos primeiros meses de vida,

enquanto que a Imunodeficiência Comum Variável pode surgir na vida adulta.

A história familiar pode ser sugestiva, já que muitas IDP são de herança

autossômica recessiva ou ligada ao X. Histórias de aborto recorrente,

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consangüinidade, óbitos na infância por infecções graves ou diagnósticos de

imunodeficiência em parentes devem ser valorizadas (Ballow e O’Neil, 2003).

O exame físico deve ser completo, com parâmetros de crescimento,

procura de linfonodos palpáveis, tonsilas, dismorfismos, lesões de pele como

candidíase, úlceras, petéquias, eczema, cicatriz de abscessos, impetigo, entre

outras (Ballow e O’Neil, 2003).

Em 1999, Conley e colaboradores publicaram critérios para o

diagnóstico das principais imunodeficiências primárias (figura 2). São critérios

divididos em três categorias: definitivo, provável e possível. Pacientes com

critérios de diagnóstico definitivo possuem 98% de probabilidade de ainda ter o

mesmo diagnóstico em 20 anos. São os pacientes com a alteração genética

documentada. Pacientes sem o diagnóstico genético, mas com os exames

laboratoriais e clínicos compatíveis com a síndrome, têm o diagnóstico provável

e 85% de chance de manter o diagnóstico em 20 anos. Sem todas as

características clínicas e laboratoriais compatíveis com a imunodeficiência, o

diagnóstico é considerado possível.

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Figura 2: Síndromes com critérios diagnósticos estabelecidos IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL

DEFICIÊNCIA DE IgA

IMUNODEFICIÊNCIA COMBINADA GRAVE

SÍNDROME DE DiGEORGE

DEFICIÊNCIA DE MHC CLASSE II

DEFEITOS DE ADESÃO LEUCOCITÁRIA

DOENÇA GRANULOMATOSA CRÔNICA

IMUNODEFICIÊNCIA COMBINADA GRAVE LIGADA AO X

AGAMAGLOBULINEMIA LIGADA AO X

SÍNDROME HIPER IgM LIGADA AO X

ATAXIA TELANGIECTASIA

SÍNDROME DE WISKOTT-ALDRICH

SÍNDROME LINFOPROLIFERATIVA LIGADA AO X

Conley et al, 1999

Os testes diagnósticos de triagem dos principais tipos de

imunodeficiência podem ser divididos em quatro grupos, a seguir (Folds e

Schmitz, 2003; Verbsky et al, 2006; Azar e Ballas, 2007):

Suspeita de defeito combinado ou de células T:

• Leucograma com diferencial de leucócitos

• Subtipos de linfócitos (citometria de fluxo)-CD3, CD4, CD8,

CD19, CD56

• Sorologias para antígenos vacinais: tétano, difteria e

pneumococo ( se negativos, revacinar e checar novamente

em 3-4 semanas)

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• Imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM, IgE)

• Testes de linfoproliferação

• Considerar testes de hipersensibilidade tardia (testes

intradérmicos para candidina, tricofitina, streptoquinase,

PPD)

Suspeita de defeitos humorais:

• Sorologias para antígenos vacinais : tétano, difteria e

pneumococo ( se negativos, revacinar e checar novamente

em 3-4 semanas)

• Imunoglobulinas (IgA, IgG, IgE, IgM)

• Considerar teste do suor para excluir fibrose cística e

tomografia computadorizada de tórax e/ou seios da face

• Avaliação de subtipos de células B por citometria de fluxo-

CD19, CD20, CD27

• Subclasses de IgG

• Ensaio de proliferação de células B

• Avaliação de depuração muco-ciliar (excluir Síndrome dos

cílios imóveis)

Suspeita de defeitos de fagócitos:

• Contagem global e diferencial de leucócitos

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• Teste de nitroblue tetrazolium (NBT) ou diidro-rodamina

(citomertria de fluxo)

• Ensaio de fagocitose ou ensaio de quimiotaxia

Suspeita de defeitos de complemento:

• C3, C4

• CH50

• C1INH

Causas de imunodeficiência secundária como HIV, desnutrição e

neoplasias devem ser excluídas. Abaixo, a figura 3 lista os principais exames.

Figura 3: Testes de triagem iniciais para excluir causas secundárias de imunodeficiência

• Leucócitos com diferencial

• Bioquímica (creatinina, uréia, provas de função hepática, glicemia)

• EAS

• Proteínas totais e frações

• Sorologia anti-HIV

• Exames de imagem (radiografia de tórax, tomografia computadorizada de tórax, radiografia de seios da face)

• Culturas apropriadas, se indicado

Adaptado de Azar e Ballas, 2007

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CAPÍTULO 3 - JUSTIFICATIVA

A descoberta de mais de 120 tipos de defeitos do sistema imune, devido

ao crescimento das pesquisas genéticas (Fleisher e Oliveira, 2004), chamou a

atenção de especialistas em todo o mundo, que passaram a considerar essas

desordens como um problema de saúde pública (Lindegren et al, 2004).

Mesmo raras, as IDP são potencialmente graves, levam a seqüelas debilitantes

e a uma maior propensão a neoplasias malignas, gerando um custo elevado de

tratamento e acompanhamento (Espanõl et al, 2005).

Essa preocupação fez com que diversos países se reunissem em grupos

de estudo com os objetivos de conhecer melhor os dados epidemiológicos

dessas desordens, difundir conhecimento e proporcionar uma melhor qualidade

de vida para esses pacientes, organizando centros especializados para

diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos mesmos. O LAGID ( Latin

American Group for the study of Primary Immune Deficiencies) realizou sua

primeira reunião em 1993 contando com poucos países como Brasil, Chile,

Argentina e Colômbia e, já em 2006, contava com a participação de treze

países (http://www.imunopediatria.org.br ).

Em 2001, baseando-se na premissa de que “as características que

definem as imunodeficiências primárias as tornam candidatas para uma

abordagem de intervenção de saúde pública” (Lindegren et al, 2004), o Centro

de Controle de Doenças (CDC) organizou um encontro entre especialistas em

diversas áreas relacionadas à imunodeficiência primária e saúde pública. O

resultado foi publicado em 2004 com recomendações para aplicação de

estratégias de saúde pública para o melhor atendimento dos pacientes com

imunodeficiência primária.

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No Brasil, as IDP representam um alto custo para o Sistema Único de

Saúde (SUS) devido ao grande número de internações, muitas vezes

prolongadas ou em unidades de cuidados intensivos; dificuldades diagnósticas

com utilização de exames solicitados sem critérios adequados; uso de

antibioticoterapia de largo espectro e/ou por tempos prolongados;

complicações da própria doença; alto custo do tratamento e risco maior de

desenvolvimento de autoimunidade e neoplasias.

Durante minha pós-graduação em Alergia e Imunologia, no Instituto de

Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG), pude vivenciar as

dificuldades do acompanhamento de pacientes com suspeita de

imunodeficiência. Os pacientes chegam ao ambulatório tardiamente, já com

seqüelas de difícil recuperação, não têm acesso a todos os exames para o

diagnóstico e o tratamento é difícil e oneroso.

Diante desse quadro, em 2002, profissionais de saúde envolvidos com

esse tema organizaram o Grupo Brasileiro para o Estudo de Imunodeficiências

Primárias (BRAGID) com objetivos de ( http://www.imunopediatria.org.br ):

1. Educação de médicos sobre diagnóstico e tratamento das

Imunodeficiências Primárias no Brasil

2. Desenvolvimento de uma rede de laboratório por todo o país

3. Estabelecimento de uma rede de comunicação entre os centros de

referências para diagnóstico e tratamento de Imunodeficiências

Primárias

Em 22 de dezembro de 2005, a Secretaria de Atenção à Saúde resolveu,

através da Portaria número 745, estabelecer o Instituto Fernandes Figueira

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como Referência Nacional para o Ministério da Saúde na Área de Saúde da

Mulher, Criança e Adolescente para o desenvolvimento de ações de

articulação e assessoria à rede nacional para o cuidado dos pacientes de

imunodeficiência primária.

O estudo do perfil clínico e laboratorial dos pacientes com suspeita de

imunodeficiência primária permitirá um melhor conhecimento sobre o

comportamento dessas desordens em uma população brasileira e poderá

contribuir com novos estudos epidemiológicos necessários para se alcançar os

objetivos almejados pelo centro de referência.

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CAPÍTULO 4 - OBJETIVOS

4.1. GERAL:

Descrever o perfil clínico e laboratorial dos pacientes com suspeita de

imunodeficiência primária atendidos no ambulatório de alergia e imunologia

pediátrica do IPPMG.

4.2. ESPECÍFICOS:

4.2.1. Identificar e classificar os pacientes com diagnóstico de IDP e

verificar, sempre que aplicável:

a) Gênero

b) Raça

c) Origem

d) Consangüinidade

e) História familiar de IDP

f) A idade de manifestações dos primeiros sintomas

g) Idade na primeira visita

h) Motivo de encaminhamento

i) Quem está encaminhando

j) Quais as principais manifestações clínicas apresentadas pelos

pacientes

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k) Principais patógenos identificados

l) Número de internações em enfermarias e/ou unidades fechadas

m) Histórico de hemotransfusões

n) Alterações de desenvolvimento psicomotor

o) Reações vacinais

p) Histórico do parto

q) História alimentar

r) Hipóteses diagnósticas

s) Quais os exames que estão sendo realizados para o diagnóstico

t) Quais os principais diagnósticos

u) O tempo decorrido entre os primeiros sintomas e o diagnóstico

v) O tempo decorrido entre a primeira visita e o diagnóstico

w) Principais seqüelas

x) Quais os tratamentos que estão sendo instituídos para os

pacientes

y) Desfecho do paciente

4.2.2. Verificar se o formulário de primeira vez utilizado no serviço acelera a

definição do diagnóstico.

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4.2.3 Propor um novo formato de formulário para a coleta de dados na consulta de primeira vez e no acompanhamento dos pacientes no serviço.

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CAPÍTULO 5 - MATERIAL E MÉTODOS

5.1. DESENHO DO ESTUDO

Foi realizado um estudo do tipo transversal descritivo retrospectivo

através de revisão de prontuários e formulário de primeiro atendimento no

serviço.

5.2. AMOSTRA

Foram incluídas no estudo todas as crianças com diagnóstico e/ou

suspeita de imunodeficiência primária atendidas no ambulatório de

Imunodeficiências Primárias do Serviço de Alergia e Imunologia do

IPPMG/UFRJ no período de Janeiro de 2006 a Junho de 2008. Os pacientes

que permanecem em acompanhamento tiveram a coleta de dados censurada a

partir de junho de 2008 ou a partir da data de última consulta.

Os criterios de exclusão foram pacientes cujos prontuários ou fichas de

primeira vez não puderam ser acessados.

5.3. LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado no ambulatório de Imunodeficiências Primárias do

Serviço de Alergia e Imunologia do Instituto de Pediatria e Puericultura

Martagão Gesteira (IPPMG), na Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ).

O IPPMG/UFRJ é um hospital pediátrico universitário , terciário, serviço

de referência em pediatria no Rio de Janeiro, que realiza cerca de 48.000

atendimentos ambulatoriais/ano, com 1.500 admissões de novos pacientes/ano

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(dados do serviço do Arquivo Médico do IPPMG). Possui ambulatórios de

diversas especialidades que atende crianças com desordens de alta

complexidade. O Serviço de Alergia e Imunologia recebe semanalmente

pacientes novos, referendados de todo o estado do Rio de Janeiro, e

eventualmente de outros estados, para consulta e avaliação alergoimunológica,

além de acompanhar regularmente pacientes com diagnóstico comprovado de

imunodeficiência primária. Em média são vistos 10 pacientes por semana, em

2 turnos: segunda-feira (tarde) e quarta-feira (manhã), incluindo as avaliaçãoes

de primeira vez, as consultas de seguimento e as infusões de gamaglobulina

intravenosa.

Os pacientes com suspeita de imunodeficiência primária respondem a

um formulário de primeiro atendimento criado pelo serviço ( anexo 2 ).

5.4. VARIÁVEIS

As informações dos prontuários e dos formulários de primeira vez foram

obtidas através de um instrumento de coleta de dados preenchido pelo

pesquisador (apêndice 1).

Os dados e as variáveis foram as seguintes:

• Identificação do paciente

• Registro da instituição

• Data de nascimento

• Data da primeira consulta

• Data do início dos sintomas

• Gênero

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• Raça

• Município ou estado de origem

• Motivo do encaminhamento ao serviço

• Origem do encaminhamento

• Consangüinidade

• História familliar de imunodeficiência, sendo considerada positiva

quando algum membro da família tiver o diagnóstico de imunodeficiência

primária ou apresentar infecções frequentes, tendo ou não levado a

óbito do mesmo

• Histórico de infecções com patógenos isolados

• História do parto e neonatal com peso de nascimento, comprimento,

perímetro cefálico, apgar e intercorrências

• Alterações de desenvolvimento neuropsicomotor

• Internações em enfermaria e/ou unidades fechadas com tempo médio de

internação

• Reações vacinais, incluindo reações à BCG e necessidade de

tratamento

• História de hemotransfusões e possíveis reações

• Diagnóstico de doença do refluxo gastroesofágico

• Principais exames solicitados

• Conduta terapêutica

• Acompanhamento do uso de gamaglobulina com dose prescrita,

intervalo de doses, regularidade do uso, reações adversas

• Acompanhamento do uso de antibiótico profilático com tipo de antibiótico

prescrito, regularidade do uso, reações adversas

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• Hipóteses diagnósticas prováveis

• Diagnóstico final

• Destino do paciente. Podendo ter alta, óbito ou seguimento

5.5. PROCESSAMENTO DOS DADOS

Os dados foram codificados, e transferidos para um banco de dados

utilizando o programa Excel®3 e processados utilizando os programas Excel® e

Statistica®4.

5.6. ANÁLISE DOS DADOS

As variáveis foram descritas através de freqüências absolutas e

percentuais para dados qualitativos e, através de médias, desvio padrão e

medianas para dados quantitativos.

Para testar a hipótese que o formulário de primeira vez utilizado no

serviço acelera o processo de definição diagnóstica, foi utilizado o teste não

paramétrico de Mann Whitney. A amostra foi dividida em três grupos:

Grupo A- pacientes com prontuário revisado

Grupo B- pacientes com prontuário e formulário de primeira vez revisados

Grupo C – pacientes com formulário de primeira vez revisados

3. Excel é um programa da Microsoft Office para Windows. Foi utilizada a versão para Windows 2007 4. Statistica é um programa da Starsoft , Inc. Foi utilizada a versão 7.0

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Os grupos A e B foram comparados em relação ao tempo em meses

entre a primeira visita e o diagnóstico. Foi consideredo significativamente

estatístico o resultado com valor de p < 0.05.

A exploração gráfica foi feita através dos programas Excel® e

Statistica®.

CAPÍTULO 6 - ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa foi feita em consonância com o estabelecido na Resolução

no. 196/96 do CONEP/ Ministério da Saúde e suas complementares e com o

Código de Ética Médica de 1988. O projeto de pesquisa foi aprovado (Projeto

26/06) pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Pediatria e

Puericultura Martagão Gesteira/ UFRJ.

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CAPÍTULO 7 - RESULTADOS:

7.1. Casuística

Foram encontrados registros de atendimento de 206 pacientes com

suspeita de imunodeficiência primária no ambulatório de Alergia e Imunologia

no período de janeiro de 2006 a junho de 2008, nas agendas de marcação do

serviço, nos formulários de primeira vez preenchidos e no arquivo nosológico

do serviço. Destes, 25 não puderam ser analisados em tempo hábil por

estarem passando por um processo de digitalização em uma firma tercerizada

ou não terem sido encontrados, e foram excluídos.

Foram incluídos 181 pacientes atendidos e que estavam de acordo com

os critérios de inclusão estabelecidos.

7.2. Distribuição por gênero

Dos 181 pacientes incluídos, 81(44,8%) eram do gênero feminino e 100

(55,2%) masculino, com um predomínio do sexo masculino de 1,23/1 (figura 4).

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Figura 4: Distribuição percentual de pacientes de acordo com o gênero.

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7.3. Distribuição por raça

Dados sobre a raça não foram informados em 87% dos pacientes e,

dessa forma, não foram analisados.

7.4. Origem

A maioria dos pacientes residia no município do Rio de Janeiro,

contabilizando 101 casos (55,8%). Havia dois pacientes (1,1%) de fora do

estado do Rio de Janeiro e oito pacientes (4,4%) sem a informação sobre o

endereço de residência. Dos 70 pacientes (38,7%) de outros municípios dentro

do estado do Rio de Janeiro, o município de Duque de Caxias foi a principal

origem relatada, com 11casos (6%).

7.5. Consanguinidade e história familiar

Apenas cinco pacientes (3%) apresentavam história de consanguinidade

e, em 63 casos (35%), o dado não foi coletado. A história familiar de IPD foi

positiva em 50 casos(28%) e 18 casos (10%) não continham o dado.

7.6. Idade nos primeiros sintomas

A idade de apresentação dos sintomas variou do nascimento a 132

meses, com média de 21,8 + 30 meses e mediana de 8 meses.

A figura 5 demonstra o número de ocorrências pelas idades.

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Figura 5: Distribuição de pacientes pela idade dos primeiros sintomas.

O eixo horizontal (abscissas) corresponde às idades em meses e o eixo vertical (ordenadas) ao número de pacientes. NA- dado não analisado

Idade (meses)

Núm

ero

de o

corr

ênci

as

0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 NA

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7.7. Idade na primeira visita

A idade na primeira visita variou de 0,2 a 203,51 meses com média de

67,52 +49,43 e mediana de 59,21meses. A curva de idade na primeira visita

apresentou dois picos: o primeiro nos primeiros 60 meses de vida e o segundo,

um pouco menor, dos 72 aos 120 meses (figura 6). A figura 7 divide os

pacientes por faixa etária mostrando a maioria dos pacientes com idade de

primeira visita nos primeiros 10 anos de vida.

7.8. Motivo de encaminhamento e origem de encaminhamento

A ocorrência de infecções freqüentes foi o motivo de encaminhamento

em 135 pacientes (75%) dos casos. Porém, foi impossível analisar se os

pacientes se enquadravam entre os sinais de alerta por falta de informações

suficientes.

O local que mais encaminhou pacientes foi o IPPMG, com 60 pacientes

(33%) encaminhados. Os ambulatórios de Pediatria Geral e Hematologia foram

os principais serviços que encaminharam com 12 pacientes (6,6%) e 11

pacientes (6%) respectivamente. Em 94 casos (52%), os dados relativos a

origem do encaminhamento não puderam ser obtidos. Serviços da rede SUS

encaminharam 14 pacientes (8%).

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Figura 6: Distribuição de pacientes pela idade na primeira visita. O eixo

das ordenadas corresponde ao número de pacientes e o eixo das abscissas

corresponde à idade em meses. Estão destacados pelas linhas em laranja os

picos de idade de encaminhamento ao Serviço de Referência.

Idade (meses)

Núm

ero

de p

acie

ntes

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Figura 7: Distribuição de pacientes pela idade na primeira visita

separados por faixa etária. O eixo das ordenadas corresponde ao número de

pacientes e os valores dispostos abaixo de cada coluna correspondem à faixa

etária.

Faixa etária (meses)

Núm

ero

de p

acie

ntes

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7.9. Sítios de infecções

A principal infecção encontrada foi Pneumonia5, com 119 casos(66%),

totalizando 18% do total de infecções. Noventa e dois pacientes (51%)

apresentaram diarréia, 80 pacientes (44%) apresentaram amigdalite, 66

pacientes (36%) apresentaram sinusite, 61 pacientes (34%) apresentaram

estomatite, 58 pacientes (32%) apresentaram infecções cutâneas, 53

pacientes (29%) apresentaram candidíase oral e/ou perineal/genital, 50

pacientes (28%) apresentaram otite média, 17 pacientes (9%) apresentaram

sepse, 11 pacientes (6%) apresentaram meningite, 3 pacientes (2%)

apresentaram osteomielite (tabela 7 )

A figura 8 mostra a distribuição dos sítios de infecções pelo número de

pacientes.

Em relação ao número de sítios de infecções por paciente, 7 pacientes

não apresentaram infecções e 1 paciente apresentou infecções em 9 sítios

diferentes. A figura 9 mostra a distribuição de sítios de infecções por pacientes.

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Figura 8: Distribuição de número de eventos infecciosos por sítio.

Núm

ero

de e

vent

os in

fecc

ioso

s

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Tabela 7: Distribuição absoluta e percentual de infecções por sítio

Infecções Total % Pneumonia 119 66%

Diarréia 92 51%

Amigdalite 80 44%

Sinusite 66 36%

Estomatite 61 34%

Outros 60 33%

Infecções cutâneas 58 32%

Candidíase 53 29%

Otite média 50 28%

Sepse 17 9%

Meningite 11 6%

Osteomielite 3 2%

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Figura 9: Distribuição de sítios de infecção por paciente. O eixo vertical

corresponde ao número de pacientes e o eixo horizontal ao número de sítios de

infecção.

Núm

ero

de p

acie

ntes

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7.10. Sinais de alerta

Os sinais de alerta referentes ao número de infecções apresentadas no

último ano não puderam ser analisadas porque os dados coletados não foram

considerados satisfatórios para análise.

Os sinais de alerta encontrados podem ser verificados na tabela 8. Asma

grave e doenças autoimunes estavam presentes em 4 pacientes

respectivamente, efeito adverso ao BCG foi relatado por 3 pacientes, fenótipo

sugestivo de síndrome associada a imunodeficiência foi visto em 5 pacientes,

infecção por micobactéria em 2 pacientes. Juntos, somam 10% dos casos. Pelo

menos 1 episódio de infecção grave foi visto em 28 pacientes (15,5%).

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Tabela 8: Distribuição absoluta e percentual dos sinais de alerta

encontrados

Sinais de alerta No de pacientes %

Asma grave 4 0.02%

Doença autoimune 4 0.02%

Efeito adverso ao BCG 3 0.02%

Fenótipo sugestivo de síndrome associada a imunodeficiência 5 0.03%

Infecção por micobactéria 2 0.01%

1 episódio de infecção grave (sepse, meningite, osteoartrite) 28 15,5%

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7.11. Culturas

Apenas 26 resultados de exames microbiológicos foram encontrados. Os

resultados podem ser vistos na tabela 9.

7.12. Internações

Dos 181 casos, 122 (67%) relataram internações. Em 21% dos casos

não havia informações sobre o número de internações e, em 68% dos casos

não havia relato da quantidade de dias internado.

Em relação à unidades fechadas (UTI), 34 casos (19%) relataram

internação. Em 2% dos casos não havia informação sobre o número de

internações e, em 35% dos casos não havia informação sobre a quantidade de

dias internado.

Em 15% e 41% dos casos não havia informação alguma referente à

internações e internações em unidades fechadas, respectivamente.

Os resultados de média, desvio padrão e mediana de internações em

enfermaria e unidades fechadas podem ser vistos na tabela 10 e os resultados

de média, desvio padrão e mediana de dias internados em enfermaria e

unidade fechada podem ser vistos na tabela 11.

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Tabela 9: Patógenos identificados

Patógeno Identificado Total

Acinetobacter 2

Bacilo de Koch 2

Campylobacter jejuni 1

Candida Albicans 1

E. Coli 1

Giardia lamblia 2

Herpes simples 2

Micobacteria atípica 1

Neisseria meningitidis 1

Proteus mirabilis 3

Pseudomonas aeruginosa 1

Rotavirus 1

Salmonella sp 2

Serratia 1

Staphylococcus aureus 1

Staphylococcus coagulase - 2

Staphylococcus α hemolítico 2

Total 26

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Tabela 10: Número de internações (média, mediana e desvio

padrão) em enfermaria ou unidade fechada por paciente.

UTI – unidade de tratamento intensivo, DP- desvio padrão

Tabela 11: Duração (média, mediana e desvio padrão) em dias das

internações em enfermaria ou unidade fechada

UTI – unidade de tratamento intensivo, DP- desvio padrão

Internações Média (DP) Mediana

Enfermaria 3.25 (+3.03) 2

UTI 1.34 (+0.70) 1

Internações Dias internados média (+DP) mediana

Enfermaria 12.65 (+12.37) 9.5

UTI 19.81 (+15.47) 15

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7.13. Hemotransfusões

Havia relato de hemotransfusões em 26 casos (14%). Destes, 2

apresentaram reações. Não havia informação a respeito de reação em 4 casos.

Não havia relato de hemotransfusões em 26 casos (14%) e o restante (71%)

negou hemotransfusão.

7.14. Alterações de desenvolvimento psicomotor

Havia relato de desenvolvimento psicomotor alterado em 32 casos

(18%). Não havia essa informação em 11 casos (6%).

7.15. Histórico de reações vacinais

Houve relato de reações vacinais em 13 pacientes (7%). Em 10

pacientes a reação foi à vacina de BCG e, destes, 5 não necessitaram de

tratamento e 1 dado não foi encontrado.

7.16. Cicatriz de BCG

Dos 181 pacientes, não havia relato sobre cicatriz de BCG em 171 casos

(94%). Três casos (2%) não apresentavam cicatriz e 7 casos (4%)

apresentavam.

7.17. Histórico do parto

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Os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com peso de

nascimento.

• Grupo de pacientes cujos dados não foram obtidos

• Grupo pacientes com peso de nascimento < 2,5 Kg

• Grupo de pacientes com peso de nascimento > 2,5 Kg

A maioria dos pacientes (73%) apresentava peso normal de nascimento,

acima de 2,5 Kg. Os resultados se encontram na tabela 12.

As médias, desvios padrões e medianas referentes ao peso de

nascimento, comprimento de nascimento e perímetro cefálico se encontram na

tabela 13.

A média de dias de queda do coto umbilical foi de 8,24 (+ 4,6) e mediana

de 7 dias. O número de dias variou de 3 a 30 dias. Em 37 (20,4%) casos não

havia essa informação.

As medidas de Apgar não foram obtidas em 123 casos 68%), sendo

insuficiente para análise.

O parto ocorreu sem intercorrências em 109 casos (60%) e 21 casos

(12%) não apresentavam esse dado.

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Tabela 12: Distribuição de pacientes pelo peso de nascimento

Tabela 13: Dados antropométricos (médias, medianas e desvio

padrão) mensurados ao nascimento

Dados de nascimento Média (+ DP) Mediana

Peso (Kg) 3,133 (+ 0,576) 3.23

Comprimento (cm) 48,9 (+ 3,1) 49

Perímetro cefálico (cm) 33,91 (+ 2,24) 34

Kg- quilograma; cm- centímetros; DP- desvio padrão

Peso (Kg) Pacientes %

<2,500 22 12

>2,500 133 73

Dado não obtido 26 14

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7.18. História alimentar

Os dados obtidos sobre a história alimentar e os resultados estão

resumidos na tabela 14.

7.19. Hipóteses diagnósticas

As hipóteses diagnósticas foram agrupadas de acordo com a

classificação de IDP publicada por Geha et al 2007 (anexo 3).

As imunodeficiências predominantemente de anticorpos foram as

principais hipóteses encontradas, com 47 casos (21%), seguidas por defeitos

congênitos de fagócitos com 32 casos (15%), outras síndromes de

imunodeficiência bem definidas com 17 casos (8%), desordens

autoinflamatórias com 15 casos (7%), imunodeficiências combinadas com 10

casos (5%), doenças de desregulação imune com 7 casos (3%), defeitos do

complemento com 3 casos (1%) e defeitos de imunidade inata com 2 casos

(1%). Hipótese diagnóstica de afecção não pertencente ao grupo das IDP (não

imunodeficiência) foi encontrada em 27 casos (12%) e outras hipóteses

diagnósticas bem definidas em 11 casos (5%). Em 3 casos (1%) foram

encontradas hipóteses de imunodeficiências secundárias e em 46 casos (21%),

esse dado não foi obtido.

A figura 10 ilustra os resultados acima citados.

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Tabela 14: distribuição de pacientes pela história alimentar

(aleitamento materno exclusivo por 6 meses, reação à proteína

heteróloga e refluxo gastroesofágico

Dados Sim (%) Não (%) ND (%)

AME 43 (24) 115 (64) 23 (13)

Reação à ptn heteróloga 18 (10) 141 (78) 22 (12)

RGE* 16 (9) 104 (57) 60 (33)

* Um paciente apresentou o dado de RGE possível; AME- aleitamento materno exclusivo; RGE- refluxo gastroesofágico ND- não divulgado

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Figura 10: Distribuição percentual de hipóteses diagnósticas dos

pacientes encaminhados ao serviço, no momento da chegada, por grupo

de Imunodeficiência

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7.20. Exames solicitados X exames realizados

Ao todo foram solicitados 978 exames. Destes 272 (28%) não foram

realizados ou o resultado não foi encontrado. A tabela 15 relaciona os exames

e a freqüência com que foram solicitados e realizados.

Os hemogramas, imunoglobulinas, autoanticorpos, teste de Coombs,

sorologia anti-HIV, e teste cutâneo de leitura imediata (puntura) foram

realizados em mais de 80% dos casos. Testes intradérmicos para avaliação de

hipersensibilidade tardia (DTH), teste do suor, tomografia computadorizada

(TC) de tórax, foram realizados em 70 a 75% dos casos. Subclasses de IgG,

Diidro-rodamina (DHR), imunofenotipagem (contagem de células T, B e NK),

avaliação do complemento (C3, C4 e complemento hemolítico total), pesquisa

de deficiência de G-6PD, dosagem de iso-hemaglutininas, mielograma ou

biópsia de medula óssea, radiografia de tórax e radiografia de cavum foram

realizados em menos de 70% dos casos. A avaliação da resposta imune contra

antígenos polissacarídicos através da dosagem de anticorpos específicos após

vacina anti-pneumocóccica não-conjugada (23-valente) não foi realizada em

mais da metade dos casos em que foram solicitadas (59%).

Não foi encontrado relato de solicitação de teste de imunoproliferação.

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Tabela 15: Ocorrências de exames solicitados e realizados por tipo de

exame

Exames Solicitados Realizados (%)

Hemograma 178 147 (83%)

Imunoglobulinas 179 146 (82%)

Sub-classes de IgG 49 25 (51%)

DHR 37 25 (68%)

Imunofenotipagem 93 48 (52%)

Avaliação de complemtento 104 66 (63%)

G-6PD 21 12 (57%)

Autoanticorpos 14 12 (86%)

Iso-hemaglutininas 25 17 (68%)

Mielograma/BMO 8 5 (63%)

Resposta à vacina anti-pneumocóccica 22 9 (41%)

Teste de Coombs 3 3 (100%)

Teste de linfoproliferação 0 0

Teste do suor 32 24 (75%)

Teste ID 33 23 (70%)

Sorologia anti-HIV 73 67 (92%)

Teste de puntura 23 20 (87%)

Radiografia de tórax 38 25 (66%)

TC de tórax 20 14 (70%)

Radiografia de cavum 26 17 (65%) IgG- Imunoglobulina G; DHR- diidrorodamina; G6PD- glicose 6 fosfato desidrogenase; BMO- biópsia de medula óssea; ID- intradérmico; HIV- vírus da imunodeficiência humana; TC- tomografia computadorizada

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7.21. Diagnóstico final

O diagnóstico foi definido em 78 (43,1%) casos, sendo 36 (46%) não

imunodeficiências. Os diagnósticos foram distribuídos conforme o grupo da

classificação publicada por Geha et al em 2007.

A maioria dos diagnósticos pertenceu ao grupo de imunodeficiências

predominantemente de anticorpos com 15 casos (19%), seguido de defeitos

congênitos de fagócitos com 6 casos (8%), outras síndromes bem definidas

com 4 casos (5%), doenças de desregulação imune e imunodeficiências

combinadas, ambas com 2 casos (3%) e deficiências de complemento com 1

caso (1%) . O grupo outros totalizou 9 casos (11%) e 3 casos (4%) tiveram

diagnóstico de imunodeficiência secundária.

A figura 11 ilustra os percentuais de diagnósticos de imunodeficiência,

excluindo os casos de não imunodeficiência e imunodeficiência secundária.

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Figura 11: distribuição percentual de diagnósticos definidos excluindo

casos de não imunodeficiência e imunodeficiência secundária

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7.22. Meses entre primeiros sintomas e diagnóstico

A média de meses entre os primeiros sintomas e o diagnóstico foi de 41,17

(+40,74), variando de 0,43 a 192,17 meses, com mediana de 27,33.

7.23. Meses entre primeira consulta e diagnóstico

Para análise dessa variavél a amostra foi dividida em três grupos:

• Grupo A – pacientes com prontuário revisado

• Grupo B – pacientes com prontuário e formulário de primeira vez

preenchido

• Grupo C- pacientes com formulário de primeira vez preenchido

No grupo A o tempo variou de 5,98 antes de chegar ao ambulatório

(pacientes que já foram encaminhados com diagnóstico) a 112,31 meses, com

média de 15,04 (+ 33,25) e mediana de 4,47.

No grupo B o tempo variou de 7,5 meses antes de chegar ao ambulatório a

78,02 meses com média de 8,31 (+ 14,92) e mediana de 3,72.

No grupo C o tempo variou de 0 a 16,87 meses, com média de 4,98 (+

6,65) e mediana de 0,46.

No total o tempo variou de 7,5 meses antes de chegar ao ambulatório a

112,31 meses, com média de 9,22 (+ 19,11) e mediana de 3,72 (tabela 16).

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Tabela 16: Duração em meses (média, mediana, desvio padrão,

mínimo e máximo) entre primeira consulta e diagnóstico

Grupos Média (DP) Mínimo Máximo Mediana

Grupo A 15,04 (+33,25) (5,98) 11,.31 4,47

Grupo B 8,31 (+14,92) (7,50) 78,02 3,72

Grupo C 4,98 (+6,65) 0 16,87 0,46

Total 9,22 (+19,11) (7,50) 112,31 3,72

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7.24. Análise comparativa do tempo decorrido até o diagnóstico à

partir do emprego ou não do formulário de primeira vez

Para saber se o formulário de primeira vez ajuda a acelerar o

diagnóstico foi utilizada a variável meses entre primeira consulta e diagnóstico

e comparados os grupos A e B. A fim de tornar a amostra mais homogênea

foram excluídos os casos com valores dois desvios padrão acima da média e

os pacientes que já chegaram ao ambulatório com diagnóstico. A tabela 17

demonstra os valores mínimos, máximos, médias, desvios padrão e medianas

dos grupos após a exclusão dos pacientes. O método utilizado para a análise

foi de Mann Whitney para variáveis não paramétricas e o resultado de p valor

foi de 0.93, não significativo.

Na figura 12 pode-se observar um gráfico em p-plot com os valores de

cada caso por grupo

No histograma apresentado na figura 13 podem ser observados os

números de observações pelos meses dos dois grupos sobrepostos.

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Tabela 17: Duração em meses (mínimo, máximo, média, desvio padrão e

mediana) do tempo entre primeira consulta e diagnóstico, excluindo os

casos com valores dois desvios padrão acima da média e os pacientes

que já chegaram ao ambulatório com diagnóstico

Grupos Mínimo Máximo Média (+ DP) Mediana

Grupo A 0 22.26 6.57 ( + 7.97) 4.47

Grupo B 0 39.06 7.62 (+ 9.32) 4.14

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Figura 12: Distribuição de casos pelo tempo em meses entre a primeira

consulta e o diagnóstico e o desvio padrão dos grupos A e B. Os pontos

em branco são referentes aos casos do grupo A e os pontos em vermelho são

referentes aos casos do grupo B. O eixo horizontal corresponde ao tempo em

meses e o eixo vertical ao desvio padrão.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Value

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Exp

ect

ed

No

rma

l Va

lue

Tempo (meses)

Des

vio-

padr

ão

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Figura 13: Distribuição de casos pelo tempo entre a primeira consulta e o

diagnóstico dos grupos A e B. O grupo A está representado pela cor

vermelha e o grupo B pela cor azul. O eixo vertical corresponde ao número de

observações e o eixo horizontal corresponde ao tempo em meses.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40

Tempo (meses)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

me

ro d

e o

bsr

eva

çõe

s

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7.25. Seqüelas

Seqüelas foram relatadas em 14 casos (8%), sendo 11 pulmonares, 2

múltiplas e 1 neurológica.

7.26. Conduta terapêutica

A antibióticoterapia profilática foi indicada para 58 casos (32%), um

paciente (1%) fez tratamento com antibiótico, a conduta foi expectante em 61

casos (34%) e gamaglobulina humana (IVIG) foi indicada para 14 pacientes

(8%). Em 45 casos (25%) foram instituídas outras condutas e, em 24 casos

(13%), o dado não foi informado. (tabela 18).

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Tabela 18: Distribuição absoluta e percentual por conduta terapêutica

Conduta terapêutica Total %

Antibioticoterapia profilática 58 32%

Antibioticoterapia tratamento 1 1%

IVIG 14 8%

Expectante 61 34%

Dado não obtido 24 13%

Outros 45 25%

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7.27. Uso de gamaglobulina

Todos os pacientes com indicação de gamaglobulina iniciaram o

tratamento. Dos 14 pacientes em uso de IVIG, 8 pacientes (57%) tiveram o

tratamento suspenso por conta de desabastecimento da gamaglobulina

humana no SUS e 4 pacientes (29%) fizeram o tratamento regular. Não havia

o dado informado em 2 casos (14%) (tabela 19).

Foram relatadas reações adversas em 3 pacientes (21,4%), não havia

informação em 5 casos (35,7%) e 6 casos (42,9%) não apresentaram reações

(tabela 19).

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Tabela 19: Distribuição absoluta e percentual de irregularidade do uso de

gamaglobulina e reações adversas

Uso de IVIG Sim (%) Não(%) ND(%)

Irregularidade do tratamento 8 (57) 4(29) 2(14)

Reação adversa 3(21,4) 6(42,9) 5(35,7) IVIG- imunoglobulina venosa; ND- não divulgado

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7.28. Uso de antibiótico profilático

Dos 58 pacientes em uso de antibiótico profilático, usaram regularmente

31 pacientes (53%), o uso irregular foi relatado em 9 casos (16%) e 18 casos

(31%) não informaram. Apenas 1 relatou reação adversa. A tabela 20 mostra

os resultados relacionados ao uso de antibiótico profilático.

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Tabela 20: Distribuição absoluta e percentual de uso de

antibioticoprofilaxia por tipo de antibiótico

SMX-TMP- sulfametoxazol + trimetropim. *SMX-TMP + amoxicilina- rodízio entre antibióticos

Tipo de ATB Total %

Amoxicilina 27 47%

SMX-TMP 13 22%

SMX-TMP + amoxicilina* 6 10%

Associações 5 9%

Macrolídeo 1 2%

Outros 3 5%

Dado não obtido 3 5%

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7.29. Uso de citocina terapêutica

Apenas 2 pacientes tinham indicação de citocina terapêutica. Os 2 fizeram uso

regular de G-CSF e 1 paciente apresentou reação.

7.30. Indicação de Transplante de células-tronco hematopoiéticas

(TCTH)

A indicação de TCTH foi relatada em 10 pacientes. Três pacientes fizeram o

transplante fora do Rio de Janeiro. O TCTH realizado em 2 pacientes foi com

progenitores obtidos de sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP). O

outro paciente submetido a TCTH não apresentou esse dado registrado em

prontuário.

7.31. Desfecho

A maioria dos pacientes manteve o seguimento, com 54% dos casos (97

pacientes). Tiveram alta 28 pacientes (15%), e, em 28 casos, não foi

encontrado registro de consulta de seguimento ou óbito, sendo estes casos

caracterizados como abandono de acompanhamento (15%). Quatro pacientes

(2%) foram à óbito. O dado do desfecho não foi divulgado em 22 casos (12%)

e 2 pacientes (1%) foram encaminhados para outra especialidade por se

tratarem de casos de imunodeficiência secundária (HIV positivos).

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CAPÍTULO 8 - DISCUSSÃO

Este trabalho apresenta um retrato dos aspectos clínicos e laboratoriais

de pacientes atendidos com suspeita de imunodeficiência primária em um

serviço de referência no Rio de Janeiro.

Outros trabalhos que apresentam aspectos semelhantes na literatura

são específicos para um tipo de diagnóstico (Kokron et al, 2004; Cunningham-

Rundles e Bodian, 1999).

Rodrigues, em 1981, mostra um estudo retrospectivo de 11 pacientes

com suspeita de imunodeficiência primária e Grumach e colaboradores, em

1997 publicaram um artigo mostrando 15 anos de follow up de 166 casos de

imunodeficiência primária. A Fundação de Imunodeficiência Norte Americana

(Immune Deficiency Foundation) publicou, em 1995, um estudo observacional

sobre imunodeficiências primárias em todo o território norte-americano, mas

apenas para pacientes com o diagnóstico definido para imunodeficiência

primária (http://www.primaryimmune.org). Não foram encontrados artigos mais

recentes de perfil clínico de pacientes com suspeita de imunodeficiência

primária.

A fonte dos casos escolhida foi o Ambulatório de Imunodeficiência do

IPPMG, iniciado em janeiro de 2006 como uma extensão do ambulatório de

Alergia, que atendia e acompanhava pacientes com suspeita e/ou diagnóstico

de imunodeficiência primária. Com o aumento da demanda e a necessidade de

organizar melhor o serviço, foi criado um ambulatório específico para esses

casos, a partir de janeiro de 2006. O serviço atende pacientes de todo o estado

do Rio de Janeiro, como visto no estudo, e de outros estados do Brasil.

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A coleta de dados foi censurada em junho de 2008 e, por isso, pacientes

ainda sem diagnóstico nesse período foram classificados como “sem

diagnóstico fechado”, pela data da última consulta.

Em relação a amostra estudada, a distribuição entre homens e mulheres

se mostrou bem semelhante, de 1,3:1, com um leve predomínio do gênero

masculino, como descrito por Stiehm e colaboradores, 2004; porém um pouco

menor do que o descrito por Knerr e Grimbacher, 2007, de 5:1.

A história familiar positiva para IDP foi de 28%, semelhante à encontrada

na literatura (Stiehm, 2004) e deve ser levada em consideração durante a

investigação (Lindegren et al, 2004). Consangüinidade dos pais não foi muito

freqüente na amostra estudada.

Em relação à idade dos primeiros sintomas, na amostra estudada foi

encontrada uma grande variação, do nascimento aos 132 meses. Stiehm, em

2004, refere que a idade dos primeiros sintomas varia de síndrome para

síndrome, o que pode ser a causa da variação encontrada no estudo. Apesar

da grande variação, a maioria dos pacientes da amostra iniciou os sintomas

nos primeiros meses de vida, conforme descrito por Stiehm, em 2004.

A idade na primeira visita apresentou dois picos, o primeiro nos

primeiros 60 meses de vida, quando é feito a maioria dos diagnósticos (Stiehm,

2004) e o segundo dos 72 aos 120 meses. Esse segundo pico, que vai até 10

anos de idade mostra um atraso no encaminhamento dos pacientes,

provavelmente por falta de conhecimento sobre as imunodeficiências (Costa-

Carvalho et al, 2005).

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Vale ressaltar que o hospital é pediátrico e sua rotina permite a entrada

de pacientes novos até 12 anos e o acompanhamento de crianças até os 18

anos de idade, e as imunodeficiências primárias não podem mais ser

consideradas doenças apenas da infância (http://www.primaryimmune.org)).

A principal causa de encaminhamento encontrada na amostra estudada

foram as infecções de repetição. Segundo recomendações de Lindegren e

colaboradores, em 2004, o primeiro indício para o diagnóstico de IDP são as

infecções de repetição, persistentes, recorrentes e de difícil tratamento. Os

sítios de infecção encontrados seguiram o padrão descrito internacionalmente

(Ballow e O’Neil, 2003).

Em relação ao foco de infecção, foi impossível uma análise mais

detalhada dos casos do estudo, e uma correlação com os sinais de alerta já

descritos no capítulo de referencial teórico (http://www.imunopediatria.org). A

amostra estudada não continha dados sobre as infecções no último ano, com

foco, organismo identificado e resposta ao tratamento, como orientado por

Bonilla e colaboradores, em 2005.

A freqüência de cada sítio de infecção relatado pode ser analisada.

Pneumonia foi o principal sítio, com 66% dos casos. A sinusite, com 36% de

casos, foi observada com uma freqüência maior que a otite média aguda, com

28% dos casos. A sinusite não faz parte dos dez sinais de alerta adaptados

para o nosso meio (http://www.imunopediatria.org), mas está entre os sinais

originais, da Fundação Jeffrey Modell e a Cruz Vermelha Norte Americana

(anexo 1) (http://www.jmfworld.org).

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Outras infecções vistas com freqüência e que não são associadas a

imunodeficiência primária são as infecções urinárias (no resultado do estudo

entrou como outras) e as amigdalites (44%), também relatadas por Kokron et

al, em 2004, nos casos de imunodeficiência comum variável.

Outros sinais de alerta como doença autoimune, fenótipo sugestivo de

imunodeficiência e efeito adverso ao BCG foram encontrados com uma

frequência baixa na amostra estudada (10%). Um episódio de infecção

sistêmica grave foi encontrado em 15,5% dos casos.

Em relação aos patógenos identificados, a amostra foi pequena, não

havendo registro suficiente para análise.

Em relação às internações, um número considerável de casos havia o

relato de internação (67%), com resultado semelhante ao encontrado pela

Fundação de Imunodeficiência Norte Americana, que foi de 70%

(http://www.primaryimmune.org). A média de internações por caso foi de 3, 25

internações, um caso apresentou 15 internações. A média de dias internado

também foi alta (12,65 dias) comparando com a média de permanência em

internações hospitalares em pediatria do SUS no Rio de Janeiro no período de

janeiro de 2006 a dezembro de 2007, que foi de 9,4 (http://w3.datasus.gov.br).

As internações em unidades fechadas foram relatadas em 19% dos casos com

uma média de dias internado de 19,81 dias.

O custo dessas internações múltiplas para a saúde pública é enorme, o

valor médio de uma internação hospitalar em pediatria nos anos de 2006 e

2007 no município do Rio de janeiro foi de R$596,50 (http://w3.datasus.gov.br)

e o gasto total em internações em pediatria nesse mesmo período foi de

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R$26.961.286,10. O impacto do diagnóstico precoce desses pacientes para os

recursos do SUS é significativo.

Em relação a hemotransfusões, alterações do desenvolvimento

psicomotor e reações vacinais a freqüência de pacientes com relato positivo foi

baixa. Vale ressaltar que, dos 13 pacientes que relataram reações vacinais, 10

(77%) foram relacionadas à BCG. Um paciente com agamaglobulinemia ligada

ao X apresentou quadro compatível com pólio associado ao vírus vacinal,

reação relatada em pacientes com defeitos de anticorpos (Ballow e O’Neil,

2003). Na amostra estudada apenas um paciente, com diagnóstico de

osteopetrose, referiu reação transfusional. As reações transfusionais estão

associadas a defeitos de célula B, por exemplo as reações anafiláticas em

pacientes com deficiência de IgA, ou defeitos combinados B e T nos quais

pode acontecer doença enxerto-contra-hospedeiro (Ballow e O’Neil, 2003).

Dados antropométricos e avaliação do grau de desnutrição não foram

suficientes para análise. O formulário de primeira vez possui um espaço para

peso e altura da criança, porém não são realizadas medidas sistemáticas e

anotadas em um gráfico. Um bom exame físico é essencial para iniciar uma

investigação diagnóstica (Ballow e O’Neil, 2003). Os dados antropométricos e

grau de nutrição não só são necessários para toda e qualquer criança que

esteja sendo avaliada, visto que algumas dessas crianças deixam de ir às

consultas de pediatria geral, como também fazem parte dos sinais de alerta já

citados anteriormente (anexo 1) (http://www.jmfworld.org). Além disso, a

desnutrição pode ser uma causa de imunodeficiência secundária, fazendo

parte do diagnóstico diferencial (Stiehm et al, 2004).

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Quanto à presença de cicatriz de BCG, um dado de exame físico

importante para avaliar resposta à vacinação, quase a totalidade dos casos não

tinha registro desta informação (94%).

O histórico do parto não apresentou alterações significativas. A maioria

dos pacientes nasceu com peso normal (73%) e apenas 28% dos casos

apresentou alguma intercorrência neonatal. A queda do coto umbilical tardia (6

a 8 semanas) é um sinal visto em pacientes com defeitos de adesão de

leucócitos.( Ballow e O’Neil, 2003). Na amostra estudada a média informada de

dias de queda foi normal (8,24 dias).

Em relação as hipóteses diagnósticas, a maior freqüência foi de

deficiência de anticorpos (21%). Em segundo lugar ficaram os defeitos de

fagócitos (15%), seguido de outras síndromes bem definidas com 8%.

Entretanto, 56,9% de pacientes ainda não têm diagnóstico definido. As causas

da indefinição dos diagnósticos podem ser:

1. Pacientes novos no ambulatório, com apenas uma ou poucas

consultas no serviço

2. Testes diagnósticos indisponíveis no próprio Serviço ou em outra

unidade da rede do SUS

3. Dificuldade diagnóstica inerente às próprias doenças (IDPs)

Após a criação de um ambulatório específico para imunodeficiências, a

demanda aumentou e muitos pacientes iniciaram seu acompanhamento

recentemente. Desde o início do ano de 2008, 34(18,8%) pacientes iniciaram

acompanhamento e desde 2007, 99 (54,7%) pacientes procuraram o serviço.

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Os testes de triagem mais simples como hemograma com diferencial de

leucócitos estão disponíveis facilmente, entretanto, exames considerados

essenciais para uma investigação inicial, muitas vezes não são encontrados no

SUS. Os testes de imunoglobulinas e imunofenotipagem de linfócitos são

extremamente irregulares, muitas vezes se encontrando em falta; subclasses

de imunoglobulinas e testes para anticorpos específicos contra pneumococos

não são disponíveis no Rio de Janeiro, exceto em laboratórios privados. O

teste de oxidação da diidrorodamina 123, para o diagnóstico de defeito de

fagócitos está sendo regularmente realizado pelo Laboratório de Fisiopatologia

Humana do IFF/Fiocruz desde o segundo semestre de 2007.

Outros exames de maior complexidade, como testes genéticos e

moleculares ainda não estão disponíveis no Brasil ou somente à titulo de

pesquisa em alguns centros. As causas de muitas imunodeficiências ainda não

foram descobertas e, portanto, não existem protocolos.

Na amostra estudada, foram solicitados 978 exames, dos quais 28% não

foram realizados ou não foram encontrados resultados em prontuário. Como

discutido acima, os exames necesários para diagnóstico muitas vezes não

estão disponíveis. Dessa forma, duas situações podem ocorrer: o médico

assistente pode não solicitar o exame que já sabe que não poderá ser feito,

como no caso dos testes de linfoproliferação; ou, quando o exame é feito de

maneira irregular, o médico assistente solicita e nem sempre é realizado como

é o caso da resposta à vacina antipneumocóccica, com apenas 41% dos testes

realizados, nem sempre nos prazos adequados ao diagnóstico. Dos 20 exames

analisados, só o teste de Coombs teve retorno de resultados em 100% dos

casos em que houve solicitação.

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Lindegren e colaboradores, em 2004, sugerem ferramentas para o

desenvolvimento de políticas públicas de saúde. As ferramentas são:

• estudos observacionais para coleta, análise e interpretação de

dados relacionados às IDP;

• pesquisa epidemiológica com o estudo de distribuição das

doenças, relações entre fenótipo-genótipo e estudos que

contribuam com o conhecimento mais aprofundado do curso

clínico e história natural dessas desordens;

• ciência e capacitação laboratorial em conjunto com as

ferramentas acima para diagnóstico, caracterização fenotípica,

elaboração de testes de triagem e testes diagnósticos.

A capacitação laboratorial da rede de Saúde Pública parece ser um dos

pontos principais para a melhoria da assistência à esses pacientes.

Dentre os diagnósticos definidos, excluindo os casos de não

imunodeficiência, a freqüência maior foi de defeitos de anticorpos, compatível

com a literatura. Dados do ESID (http://www.esid.org) demonstram uma

freqüência de 54,36% de pacientes com diagnóstico de deficiência de

anticorpos. Na amostra estudada a freqüência foi menor (39%). Em segundo

lugar, ainda de acordo com os dados do ESID, estão as outras

imunodeficiências bem definidas com 17,68%. Na amostra estudada esse

diagnóstico representou 10% dos casos, ficando em quarto lugar. Desordens

de fagócitos têm uma freqüência pelo ESID de 12,57% e na amostra estudada

a freqüência foi de 15%. As deficiências de célula T apresentam freqüência de

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8,35% enquanto que, na amostra estudada, foi de 5%. Deficiências do

complemento apresentam freqüência de 2,07% no ESID e 3% na amostra.

Doenças de desrregulação imune apresentam freqüência de 1,31% no ESID e

5% na amostra. Doenças autoinflamatórias aparecem com 1,06% no ESID e

não aparecem na amostra, apesar de a amostra ter um diagnóstico de PFAPA,

que é considerado uma desordem autoinflamatória, mas ainda não está na

classificação mais recente disponível na literatura, sendo incluída como outros

diagnósticos. Outras imunodeficiências não classificadas apresenta freqüência

de 2,6% enquanto que na amostra estudada são responsáveis por 23% dos

casos.

Essas diferenças encontradas podem se dever ao fato de a amostra ser

pequena e do ambulatório acompanhar alguns pacientes com diagnósticos de

doenças tradicionalmente vistas por algumas outras especialidades, como o

serviço de Hematologia, que concentra casos de Osteopetrose, síndrome de

Wiskott-Aldrich e síndrome de Chediak-Higashi.

O tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico, medido em meses,

apresentou uma grande variação, de 0,43 a 192,17 meses, com média de

41,17 e mediana de 27,33 meses. Essa variação provavelmente se deve ao

fato de que os pacientes podem ser encaminhados com muito atraso para o

serviço, passando antes por diversas especialidades e diversas internações

antes de chegarem ao ambulatório, gerando muitos custos desnecessários

para a Saúde Pública. O segundo pico de idade da primeira visita verificado na

figura 6 pode demonstrar esse atraso na chegada do paciente. Segundo

Stiehm, 2004, 40% dos diagnósticos são feitos no primeiro ano de vida e 40%

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nos primeiros 5 anos de vida. A curva tem o seu segundo pico dos 6 aos 10

anos de vida.

Mesmo depois de encaminhados, esses pacientes ainda podem demorar

a fazer o diagnóstico como pode ser visto no tempo entre primeira visita e

diagnóstico. A variação foi de 0 (excluindo-se os pacientes que já chegaram

com diagnóstico) a 112,31 meses, com média de 9,22 e mediana de 3,72. A

diferença entre a média e a mediana e o desvio padrão alto encontrado deve-

se ao fato da amostra ser bastante heterogênea.

O Ambulatório de Imunodeficiências Primárias utiliza um formulário de

primeira vez (anexo 2) para tentar padronizar uma coleta de dados dos

pacientes que acelere o processo de diagnóstico. Esse formulário, em conjunto

com o prontuário, foram as fontes de informação do presente estudo.

A análise estatística feita para verificar a hipótese de que o formulário de

primeira vez utilizado acelera o processo do diagnóstico não mostrou

significado estatístico, ou seja, não parece ajudar. A variável utilizada foi o

tempo entre a primeira visita e o diagnóstico em meses. Para tornar as

amostras mais homogêneas foram excluídos os resultados dois desvios

padrões acima da média e os pacientes que já iniciaram o acompanhamento

com o diagnóstico definido. Quando dispostas nas figuras 12 e 13

demonstrados no capítulo de resultados, as amostras analisadas se

sobrepõem, mostrando sua semelhança. As possíveis causas desse resultado

são:

1. amostra pequena, não tendo dados suficientes para um resultado

significativo;

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2. o formulário de primeira vez não atende ao objetivo proposto, não há

campos para informações mais detalhadas sobre infecções no último

ano, internações, outros sinais de alerta associados, hipóteses

diagnósticas;

3. coleta de dados imprecisa pelo atendente no momento da coleta,

resultando em dados insuficientes para análise;

Dessa forma, o presente estudo se propõe a sugerir um novo formulário

de primeira vez, com campos mais detalhados para informações já presentes

no formulário antigo e campos novos para as perguntas não contidas

previamente. (apêndice 2) Também é sugerido um formulário de seguimento do

paciente para padronizar as consultas e melhorar a coleta de dados durante a

assistência (apêndice 2).

Outra variável dificilmente encontrada na revisão dos casos foi em

relação às seqüelas. A maioria não tinha essa informação. Foram encontradas

seqüelas em 14 (8%) pacientes, a maioria sendo pulmonares.

Em relação ao tratamento, o serviço tem como rotina iniciar

antibioticoprofilaxia para todos os pacientes com evidências fortes de

imunodeficiência e infecções de repetição antes do diagnóstico definitivo. Os

principais antibióticos prescritos são a amoxicilina e o sulfametoxazol-

trimetropim. É de consenso geral que a profilaxia com antibiótico para

determinadas imunodeficiências é benéfica (Stiehm, 2004; Wood et al, 2007).

O uso de gamaglobulina humana (IVIG) foi indicado para 14 pacientes e

iniciado por todos eles. Entretanto, não houve regularidade no tratamento de 8

(57%) pacientes devido à falta do medicamento no SUS. A IVIG é o tratamento

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de escolha para pacientes com defeitos de anticorpo e infecções de repetição.

Comprovadamente, a IVIG diminui o número e a gravidade das infecções,

melhorando a qualidade de vida e o prognóstico do paciente (Wood et al,

2007).

O uso de citocina terapêutica foi indicado para dois pacientes , um com

neutropenia crônica associada a glicogenose do tipo 1b e outro com

neutropenia cíclica, sem maiores intercorrências.

Em 10 casos houve indicação de transplante de células-tronco

hematopoiéticas (TCTH) e 5 realizaram o procedimento, dois pacientes foram à

óbito pós transplante e os outros 3 estão em seguimento e em bom estado de

saúde. Houve 1 caso de perda do seguimento e 3 óbitos antes do transplante.

Ainda em seguimento estão 2 pacientes aguardando transplante. Esses dados

diferem dos apresentados na seção de resultados pois refletem informações

recebidas das instituições nas quais os transplantes foram realizados, porém

não constam dos prontuários, que cessam de registrar as consultas a partir da

data de encaminhamento ao centro de transplante.

A freqüência de perda de seguimento foi de 15%, talvez um outro fator

que impeça mais diagnósticos. A demora no diagnóstico e o baixo poder

aquisitivo da amostra podem ser causas da taxa de abandono. Os dois

pacientes encaminhados para outro serviço tiveram diagnóstico sorológico de

infecção pelo HIV e encaminhados para o serviço de Infectologia do hospital.

Os quatro pacientes que foram à óbito, já referidos acima, dois tinham

diagnóstico de imunodeficiência combinada grave, um apresentava doença

granulomatosa crônica e o outro apresentava osteopetrose.

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CAPÍTULO 9 - CONCLUSÕES

9.1. O estudo presente fez uma descrição do perfil clínico e laboratorial de

pacientes com suspeita ou diagnóstico de imunodeficiência primária

acompanhados em um serviço de referência de Rio de Janeiro e

encontrou um total de 39 pacientes com diagnóstico confirmado

dentro de um universo de 181 pacientes avaliados. Os diagnósticos

observados, a distribuição dos casos de acordo com o mecanismo

imunitário comprometido e os protocolos de investigação empregados

no serviço de referência foram semelhantes aos observados em

outras séries de pacientes descritas na literatura.

9.2. A inexistência de alguns exames complementares ou a irregularidade de

sua oferta na rede do SUS foi observada para a maioria dos pacientes

atendidos e teve impacto negativo sobre a agilidade do diagnóstico,

com consequente prejuízo na qualidade da assistência prestada.

9.3. O tratamento dos pacientes com diagnóstico firmado de IDP ou suspeita

de IDP foi conduzido de acordo de acordo com as diretrizes

internacionais e as especificidades de cada caso, e consistiu

majoritariamente de: antibioticoterapia profilática, imunoglobulina

intravenosa e indicação de transplante de células-tronco

hematopoiéticas.

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9.4. O formulário de consulta de primeira vez em uso no Serviço de

Referência (anexo 2) não se mostrou superior ao registro

convencional em prontuário médico em termos de acelerar o

diagnóstico dos casos encaminhados com suspeita de IDP, embora a

imprecisão no preenchimento ou a ausência de dados registrados

possa ter interferido na análise desta hipótese.

9.5. Os dados obtidos neste estudo permitem a proposição de um novo

instrumento de avaliação clínica, para registro de anamnese, exame

físico e resultados de exames complementares, tanto de consulta de

primeira vez quanto de consultas de seguimento (apêndice 2). É

recomendável que este novo instrumento seja validado em escala

piloto, como estratégia de aprimoramento.

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CAPÍTULO 10 - REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 11- ANEXOS

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ANEXO 1 SINAIS DE ALERTA DA FUNDAÇÃO JEFFREY MODELL

ANEXO 2

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FORMULÁRIO DE PRIMEIRA VEZ UTILIZADO NO AMBULATÓRIO DE ALERGIA E IMUNOLOGIA DO IPPMG

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ANEXO 3 CLASSIFICAÇÃO DE GEHA ET AL, 2007.

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CAPÍTULO 12 - APÊNDICES

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APÊNDICE 1

FERRAMENTA DE COLETA I. Instrumento de coleta de dados:

PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DE CRIANÇAS COM SUSPEITA DE IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA ATENDIDAS EM UM serviço DE REFERÊNCIA DO RIO DE JANEIRO Nome:________________________________________________ Registro:________________ Número:________ Data de nascimento: ___/___/___ GÊNERO ( ) FEM ( ) MASC Data de admissão no ambulatório de imunodeficiência: ___/___/___ Data dos primeiros sintomas:___/___/___ (ou idade_________) Origem: ( ) RJ – Capital ( ) RJ – Município _______________ ( ) Outro Estado – Qual? ________ ( ) Outro País – Especificar ________________________________ Motivo do encaminhamento:_____________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Origem do encaminhamento: ( ) interno - IPPMG- especialidade_______________________ ( ) ambulatório ( ) Enfermaria ( ) externo (rede SUS) Especificar___________________________________ ( ) externo (Hospital Privado) ( ) externo (Consultório Privado) ( )outros Pais Consangüíneos : ( ) sim ( ) não ( ) desconhecido História familiar de imunodeficiência, óbitos prematuros ou familiares com infeções de repetição: ( )sim ( ) não

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HPP: 1. Infecções:

Tipo Número de vezes Patógeno Pneumonia Sinusite Otite Média Diarréia Meningite Sepse Osteomielite Outros:

2. Internações: ( )sim ( )não quantas:____________ Duração Média________

3. Internações em CTI : ( )sim ( )não quantas:_______Duração Média ________

4. Reação à vacinação BCG: ( )sim ( )não qual:__________

5. Necessidade de tratamento específico após reação adversa ao BCG? ( )sim ( )não

6. Cicatriz de BCG: ( ) presente ( ) ausente ( ) não verificado/não registrado

HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS A) ________________________________________________________

B) ________________________________________________________

C) ________________________________________________________

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CONDUTA DIAGNÓSTICA (INICIAL) Hemograma CH50 Sorologia Anti-HIV IgA C1INH Teste de Puntura IgG G6PD Raio-X de Tórax IgE ADA TC de Tórax IgM ANA Raio-X de Cavum

Sub-classes de IgG FR

DHR Isohemaglutininas CD4 Mielograma/BMO

CD8 Res. à vacina anti-pneumococo

CD19 Teste de Coombs CD56 Teste de Linfoproliferação C3 Teste do Suor C4 Teste ID REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO – ( ) sim ( ) não ( ) possível CONDUTA TERAPÊUTICA INICIAL

Qual______________________ * quais:_________________________________

ACOMPANHAMENTO

1. USO DE IVIG:

• Dose Prescrita: _________________________________________

• Intervalo de Administração Prescrito:_______semanas

• Regularidade ( ) sim ( ) não causa___________________________

• Reações adversas ( )sim TIPO________________________ ( ) não

IVIG ATB profilático Expectante Outros*

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• Infecções após início de IVIG

TIPO patógenos isolados

Pneumonia

Otite Média

Sinusite

Diarréia

Sepse

Meningite

• Internações ( ) sim ( ) não quantas:________ Duração Média________

• Internações em CTI ( ) sim ( ) não quantas:________ Duração Média________

2. ATB profilático:

• Regularidade ( ) sim ( ) não causa _____________________________

• Efeito Adverso ( ) sim qual?_____________________ (não)

• Infecções após início de ATB

TIPO patógenos isolados

Pneumonia

Otite

Sinusite

Diarréia

Sepse

Meningite

• Internações ( ) sim ( ) não quantas:________ Duração Média________

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• Internações em CTI ( ) sim ( ) não quantas:________ Duração Média________

3. PRINCIPAIS RESULTADOS DE EXAMES:

Exame Resultado (Data/Idade) Exame Resultado (Data/Idade) Hemácias IgG4 Hemoglobina CD4 (abs) Hematócrito CD4 (%) Leucócitos CD8 (abs) Neutrófilos CD8 (%) Linfócitos CD4/CD8 Plaquetas CD19 (abs) IgA CD19 (%) IgG CD56 (abs) IgE CD56 (%) IgM C3 IgG1 C4 IgG2 CH50 IgG3 C1INH

Exame NO AN NR Isohemaglotinina Mielograma/BMO Resp. à vacina anti-pneumococo Teste de Linfoproliferação Raio-X de Tórax TC de Tórax Raio-X de Cavum NO - Normal AN - Anormal NR - Não realizado

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Exame POS NEG NR G6PD ADA ANA FR Teste de Coombs Teste do Suor Sorologia Anti-HIV Teste ID Teste de Puntura POS - Positivo NEG - Negativo NR - Não realizado

4. SEQUELAS:

Pulmonares

Desnutrição

neurológicas

Ósseas

5. Indicação de citocina terapêutica ( ) sim ( ) não

qual __________________________ 6. Uso de citocina terapêutica ( ) sim ( ) não qual

__________________________

7. Motivo de Impossilibidade/Irregularidade de uso de citocina/fator de crescimento prescrito :

( ) alto custo ( )efeito adverso grave ( ) indisponível no Brasil ( ) Outro

8. TMO

• Indicação ( ) sim ( ) não

• Realizou ( ) sim ( ) não

• Tipo _________________________________

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DIAGNÓSTICO FINAL:

DATA DO DIAGNÓSTICO: ____/_____/______

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APÊNDICE 2 FORMULÁRIO DE PRIMEIRA VEZ PROPOSTO

DATA:

NOME: REGISTRO: ENDEREÇO: CIDADE: TELEFONE: DATA DE NASCIMENTO: IDADE: SETOR DE ENCAMINHAMENTO: � conta própria �IPPMG (enfermaria) �IPPMG (amb) ___________________ �rede SUS ___________________ �consultório privado �hospital privado __________ MOTIVO DE ENCAMINHAMENTO: IDADE DO INÍCIO DOS SINTOMAS:

• HDA:

• INFECÇÕES NO ULTIMO ANO:

TIPO NUMERO DE VEZES

PATÓGENO ISOLADO

TRATAMENTO

Pneumonia ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Sinusite ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Otite média aguda ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Meningite bacteriana ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Meningite viral (encefalite) ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Osteomielite ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Artrite séptica ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Tuberculose ( )sim ( )não

( )sim ( )não

ITU ( )sim ( )não

( )sim ( )não

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Amigdalite ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Estomatite ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Monilíase ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Abscessos ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Celulites ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Outras infecções cutâneas ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Diarréia viral ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Diarréia parasitária ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Diarréia bacteriana ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Sepse ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Outras infecções virais ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Outras infecções ( )sim ( )não

( )sim ( )não

• OUTROS SINTOMAS: (febre, artrites, artralgias, vomitos, sintomas neurológicos, ...)

• HPP:

1. Comorbidades(doenças diagnosticadas previamente ou em investigação):

- doença autoimune : ( ) sim ( ) não Qual ______________

- neoplasia: ( )sim ( )não Qual: _______________________ -doenças genéticas: ( ) sim ( )não Qual:________________________________________

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- outras: ( )sim ( )não Quais: _______________________________________________________

2. Infecções anteriores:

TIPO NUMERO DE VEZES

PATÓGENO ISOLADO

TRATAMENTO

Pneumonia ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Sinusite ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Otite média aguda ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Meningite bacteriana ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Meningite viral (encefalite) ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Osteomielite ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Artrite séptica ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Tuberculose ( )sim ( )não

( )sim ( )não

ITU ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Amigdalite ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Monilíase ( )sim ( )não

( )sim ( )não

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Abscessos ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Celulites ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Outras infecções cutâneas ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Diarréia viral ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Diarréia parasitária ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Diarréia bacteriana ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Sepse ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Outras infecções virais ( )sim ( )não

( )sim ( )não

Outras infecções ( )sim ( )não

( )sim ( )não

3. Internações:

( )sim ( )não quantas: internação em CTI: ( )sim ( )não Histórico de internações (tempo de internação, motivo e tratamento):

4. Hemotransfusão: ( )sim ( )não reação transfusional: ( )sim ( )não

Hemoderivado ____________________________ ( ) irradiado ( )filtrado (

)deleucotizado ( ) outros

5. Alergia respiratória:

( )sim ( )não qual: Classificação: 6. Dermatite atópica:

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( )sim ( )não classificação:

• HG/HP:

G___ P___A___ Gestação ( ) sem intercorrências ( )com intercorrências – quais _____________________________________________________________________________ Parto ( ) normal ( )cesáreo /( )a termo ( )pre-termo ( ) pós-termo/ Apgar

__/__ ( )sem intercorrências ( )com intercorrências – quais ___________________________ ________________________________ ________________________________

PESO DE NASCIMENTO: COMPRIMENTO: PERÍMETRO CEFÁLICO:

• HF:

Consanguinidade ( )confirmada ( )não ( )suspeita ( )desconhecido

História sugestiva de imunodeficiência ( )sim ( )não

Outras :

• HA:

Aleitamento materno exclusivo até 6 meses : ( )sim ( )não

Reação à ptn heteróloga: ( )sim ( )não

Alimentação no momento:

Desnutrição: ( )sim ( )não Grau: _____________________________

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• HD:

Adequado ( )sim ( )não _________________________________________

_________________________________________ _________________________________________

• HV:

Cartão em dia: ( )sim ( )não- faltam- __________________________________________

Vacinas especiais: ( )não ( )sim- quais-

_______________________________________

Reações vacinais: ( )não ( )sim – quais- ______________________________________

EXAME FÍSICO: PESO: percentil CP: CICATRIZ DE BCG: ( )PRESENTE ( )AUSENTE Quantas : ECTOSCOPIA: PELE E FÂNEROS: ACV: AR: ABDOMEN: MEMBROS/OSTEOARTICULAR: URO-GENITAL: NEUROLÓGICO: LINFONODOS: OROFARINGE (dentição, tonsilas, mucosa oral e jugal): OTOSCOPIA: EXAMES TRAZIDOS PREVIAMENTE (especificar tipo, data e resultados):

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IMPRESSÃO DIAGNÓSTICA: cid 10-

CONDUTA (diagnóstica e terapêutica): RETORNO: REVISÃO DE SINAIS DE ALERTA:

Duas ou mais pneumonias no último ano quatro ou mais otites no último ano estomatites de repetição ou minilíase por mais de 2 meses abscessos de repetição ou ectima 1 episódio de infecção sistêmica grave infecções intestinais de repetição/diarréia crônica asma grave, doença do colágeno oudoença autoimune efeito adverso ao BCG e/ou infecçao por micobactéria

fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a imunodeficiência

história familiar de imunodeficiência 2 ou mais sinusites graves no último ano dois ou mais meses de uso de antibióticos sem efeito desenvolvimento pondero estatural inadequado necessidade de antibióticoterapia venosa para cura de infecções

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SEGUIMENTO

DATA: REGISTRO: NOME: IDADE: HIPÓTESE DIAGNÓSTICA EM INVESTIGAÇÃO: cid 10-

MEDICAÇÕES EM USO (quais e regularidade do uso): INTERCORRÊNCIAS (infecções, tratamentos, internações): EXAMES REALIZADOS COM RESULTADOS:

EXAME FÍSICO: Peso- Comp- Percentil- Desnutrição: ( )sim ( )não Grau: IMPRESSÃO DIAGNÓSTICA: CONDUTA: RETORNO