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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL ADMINISTRADA EM RELAÇÃO À PRESCRITA EM PACIENTES INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE PACIENTES GRAVES DE UM HOSPITAL PÚBLICO MATERNO-INFANTIL Renata Schneider Viaro Rio de Janeiro Março de 2009

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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher

AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL ADMINISTRADA EM RELAÇÃO À PRESCRITA EM PACIENTES INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE PACIENTES GRAVES DE UM HOSPITAL PÚBLICO MATERNO-INFANTIL

Renata Schneider Viaro

Rio de Janeiro Março de 2009

Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher

AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL ADMINISTRADA EM RELAÇÃO À PRESCRITA EM PACIENTES INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE PACIENTES GRAVES DE UM HOSPITAL PÚBLICO MATERNO-INFANTIL

Renata Schneider Viaro

Dissertação apresentada à Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde

Orientadora: Vania de Matos Fonseca Co-orientadora: Célia Regina Moutinho de Miranda Chaves

Rio de Janeiro MARÇO DE 2009

DEDICATÓRIA

À minha mãe, Nádia, e ao meu pai, Nilton (in memorium), pela vida, a

energia, o espírito de luta, pelos ensinamentos, os cuidados, o carinho. Agradeço,

especialmente, por acreditarem em mim.

Aos meus irmãos Maurício, Felipe e Miguel, que me permitiram, nas

brigas, nas conversas, nas brincadeiras, nas alegrias e dificuldades, trocar

experiências e, assim, crescer e me tornar uma pessoa inteira. Tudo o que

vivemos serviu de alicerce para mim.

AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho só foi possível graças à colaboração direta ou

indireta de várias pessoas. Manifesto minha gratidão a todas elas e de forma

particular:

– à Dra. Vania de Matos Fonseca, por ter me orientado com tanta

dedicação;

– à Dra. Célia Chaves, minha co-orientadora, por sua dedicação e

paciência;

– ao Dr. Tom Meirelles, pelo acolhimento no Departamento de Pediatria;

– à Dra. Zina de Azevedo, por ter permitido e auxiliado na realização deste

trabalho na Unidade de Pacientes Graves;

– à Daniela Amaral, por todo apoio, todas as idéias e toda amizade nesses

anos no hospital e nessa fase;

– a Valentim Magalhães, meu estagiário, que me acompanhou

minuciosamente na coleta dos dados para este trabalho e nunca mediu esforços,

tanto para o trabalho experimental, como para a organização deste material;

– à Dra. Letícia Guida, minha chefe, pela amizade e pelo espaço para

concluir este trabalho;

– às minhas amigas do mestrado, pelo bom relacionamento e apoio que

mantivemos e trocamos nesses anos; em especial, à colega Mariana Barros, pelas

trocas e descobertas também além da sala de aula;

– ao Setor de Informática, em especial ao Zadoque, por todo empenho e

dedicação na elaboração do sistema informatizado que serviu como base para

todos os registros dos dados que culminaram no desenvolvimento deste trabalho;

– à Faperj, pela bolsa que permitiu o auxílio do meu estagiário, Valentim.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AI – Adequate Intake

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

DEP – Desnutrição Energético-Protéica

DRI – Dietary Reference Intakes

EAR – Estimated Average Requirement

E/I – Estatura para Idade

EMTN – Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional

FBN – Food and Nutricion Board

IBRANUTRI – Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional

IFF – Instituto Fernandes Figueira

NE – Nutrição Enteral

NP – Nutrição Parenteral

NPT – Nutrição Parenteral Total

OMS – Organização Mundial de Saúde

RDA – Recommended Dietary Allowances

SBNPE – Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral

TNE – Terapia de Nutrição Enteral

UL – Tolareble Upper Intake Level

UPG – Unidade de Pacientes Graves

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

RESUMO

Objetivo: Analisar as diferenças entre a nutrição enteral prescrita e administrada

para pacientes pediátricos internados na Unidade de Pacientes Graves do Instituto

Fernandes Figueira.

Métodos: Avaliou-se 369 fórmulas enterais ofertadas a onze pacientes pediátricos

internados na Unidade de Pacientes Graves. Foram testadas as diferenças entre

as médias das calorias e nutrientes entre as fórmulas prescritas e aquelas

administradas identificando-se os motivos associados a não administração.

Resultados: Houve diferença estatisticamente significante entre as médias de

calorias e proteínas prescritas e aquelas administradas nas fórmulas enterais (p-

valor<0.0001). As principais intercorrências que levaram a interrupção da

administração da terapia nutricional enteral foram: realização de procedimentos

cirúrgicos (58%), seguido de procedimentos clínicos (19%), jejum para exames

(11%), problema operacional (8%) e procedimento de enfermagem (4%).

Conclusão: Houve diferença entre a prescrição e a administração da terapia de

nutrição enteral causada, principalmente, devido a interrupção para realização de

procedimentos. O aporte nutricional foi prejudicado, na maioria, devido a fatores

não relacionados diretamente ao quadro clínico dos pacientes.

ABSTRACT

Objectives: To analyze the differences between the prescribed and the

administered enteral nutrition delivered to pediatric patients hospitalized in the

Seriously-ill Patients Unit of Fernandes Figueira Institute.

Methods: Assessment of 369 enteral formulas delivered to eleven pediatric

patients hospitalized in the Seriously-ill Patients Unit. The differences between the

averages of calories and nutrients of prescribed formulas and the administered

ones were tested, identifying the reasons associated to the inexistence of

administration.

Results: There was a statiscally significant difference between the averages of

calories, proteins and iron prescribed and administered in enteral formulas (p-

value<0.0001). The main inter-occurrences that led to the interruption of nutritional

therapy administration were: realization of surgical procedures (58%) followed by

clinical procedures (19%), fasting for examinations (11%), operational problem

(8%) and nursing procedure (4%).

Conclusion: There was a difference between the prescription and the

administration of the enteral nutrition therapy, and it was caused, mainly, due to

interruption for procedures realization. The nutritional contribution was jeopardized,

mostly because of factors not directly related to the patients' clinical picture.

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Página

Artigo

Tabela 1 – Características das fórmulas de nutrição enteral ofertadas aos

pacientes internados na Unidade de Pacientes Graves, entre outubro e novembro

de 2008, no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro.........................44

Tabela 2 – Comparação entre o valor preconizado e a prescrição de nutrição

enteral para os pacientes internados na Unidade de Pacientes Graves, entre

outubro e novembro de 2008, no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de

Janeiro....................................................................................................................45

Tabela 3 – Características dos pacientes usuários das fórmulas de nutrição enteral

internados na Unidade de Pacientes Graves, entre outubro e novembro de 2008,

no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro........................................46

Tabela 4 – Índices antropométricos dos pacientes internados na Unidade de

Pacientes Graves, entre outubro e novembro de 2008, no Instituto Fernandes

Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro.............................................................................47

Quadro 1 – Literatura sobre administração da terapia de nutrição enteral.............48

Figura 1 – Volume total de nutrição enteral............................................................49

Figura 2 – Intercorrências que levaram a interrupção da NE.................................49

Figura 3 – Comparação entre o valor calórico prescrito e o preconizado.............50

Figura 4 – Comparação entre o valor protéico prescrito e o preconizado.............50

SUMÁRIO

Página

Resumo...................................................................................................................vii

Abstract...................................................................................................................viii

Apresentação............................................................................................................1

1. Introdução.............................................................................................................2

2. Justificativa...........................................................................................................5

3. Revisão da literatura.............................................................................................6

3.1. Terapia nutricional...................................................................................6

3.2. Necessidades nutricionais.....................................................................17

3.3. Desnutrição...........................................................................................20

3.4. Avaliação antropométrica do estado nutricional....................................21

4. Objetivos.............................................................................................................23

4.1. Gerais....................................................................................................23

4.2. Específicos............................................................................................23

5. Artigo...................................................................................................................24

6. Conclusões.........................................................................................................51

Referências bibliográficas.......................................................................................52

APRESENTAÇÃO

Neste trabalho, foi estudada a adequação da administração da nutrição

enteral em relação à prescrição e às necessidades nutricionais preconizadas para

crianças e adolescentes internados na Unidade de Pacientes Graves do Instituto

Fernandes Figueira. A apresentação será feita sob a forma de um artigo, escrito

em língua portuguesa, precedido pela introdução, justificativa do trabalho e pela

descrição detalhada sobre a terapia de nutrição enteral seguido de necessidades

nutricionais, do panorama da desnutrição hospitalar, e avaliação antropométrica

(Revisão da Literatura). A seguir, serão apresentados os objetivos do estudo, o

artigo que será encaminhado para revista e, no último capítulo, apresentar-se as

conclusões.

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

No ambiente hospitalar, a desnutrição é descrita mais adequadamente

como processo contínuo, desencadeada por ingestão inadequada de nutrientes

em relação às necessidades do paciente e progride com uma seqüência de

alterações funcionais que precedem as alterações na composição corporal

(Barbosa-Silva e Barros, 2002).

A Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) realizou o

estudo Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBRANUTRI), que revelou

uma taxa de 48,1% de desnutrição nos doentes adultos internados, dos quais

12,6% eram desnutridos graves (Waitzberg et al., 2001).

Diante dessa constatação, fica claro que a prevalência da desnutrição intra-

hospitalar é alta e sua prevenção representa um grande impacto na redução dos

índices de morbimortalidade. Para tal, é fundamental identificar os pacientes de

risco, a fim de estabelecer a terapia nutricional mais apropriada precocemente

(Zamberlan et al., 2002).

A terapia nutricional se refere a um conjunto de procedimentos que visa à

manutenção ou recuperação do estado nutricional do indivíduo por meio da

Nutrição Parenteral (NP) e/ou Enteral (NE) (COFEN, 2003).

A nutrição enteral apresenta diversos benefícios fisiológicos, metabólicos,

de segurança microbiológica e de custo/benefício em relação à nutrição parenteral

total (NPT), pois proporciona ganho ponderal adequado, melhor oferta calórica,

manutenção do trofismo da mucosa intestinal, custo reduzido, menor risco de

infecções e de chances de lesões hepáticas (Zamberlan et al., 2002).

Diante dessas vantagens, a equipe multidisciplinar deve viabilizar a

prescrição médica, administrando a nutrição enteral em doses plenas, a fim de

alcançar os benefícios por ela proporcionados (Poltronieri, 2006).

Para o sucesso da terapia de nutrição enteral, dois aspectos devem ser

avaliados: a via de acesso e o tipo de fórmula. A terapia nutricional mais

apropriada é aquela que se adapta às características do paciente, de acordo com

sua doença e condições clínicas de digestão e absorção (Zamberlan et al., 2002).

Desse modo, para a escolha de uma formulação, é imprescindível o

conhecimento das necessidades específicas do paciente, bem como da

composição exata da fórmula (Zamberlan et al., 2002). Uma vez bem definidos

esses aspectos, a administração plena do volume prescrito garante o sucesso do

procedimento (Poltronieri, 2006).

A não administração plena da terapia nutricional pode decorrer de

intercorrências que, além de levar a conseqüências clínicas para o paciente,

resulta em ônus financeiro para a instituição (Brito, 2002). Segundo a literatura, as

intercorrências mais freqüentes são: diarréia, vômito, náusea, estase gástrica,

jejum, retirada da sonda, flatulência, obstipação, dor abdominal, entre outros

(Schieferdecker, 2005).

Uma das formas de prevenir a desnutrição em pacientes internados é

garantir-lhes uma ingestão dietética apropriada. Para isso, a monitorização do

consumo diário por meio da mensuração do volume total de nutrição enteral,

parenteral e/ou oral recebidos é fundamental (Campos et al., 2006).

A administração plena da nutrição enteral prescrita é de grande importância

para recuperação e manutenção do estado clínico e nutricional de pacientes

graves.

2. JUSTIFICATIVA

Diante do reconhecimento dos benefícios da terapia de nutrição enteral,

tanto na prevenção da desnutrição hospitalar e de suas complicações, como na

melhora da resposta do paciente crítico ao tratamento instituído, fica evidente a

importância da atenção a ser dispensada pelos profissionais à assistência

nutricional voltada a esses pacientes (Poltronieri, 2006).

O volume de nutrição enteral administrado nem sempre corresponde ao

prescrito, fazendo com que, em alguns casos, os pacientes não recebam

plenamente as suas necessidades nutricionais. Isso se deve às intercorrências,

freqüentemente associadas a suspensão da administração da nutrição enteral

atribuídas, em sua maioria, aos problemas intestinais e a interrupção da

alimentação para procedimentos clínicos e/ou cirúrgicos (Couto et al., 2002).

O acompanhamento nutricional e o conhecimento dessas intercorrências

permitem a adoção de procedimentos operacionais de administração da terapia de

nutrição enteral, visando garantir o aporte protéico-calórico apropriado aos

pacientes (Couto et al., 2002).

O Instituto Fernandes Figueira (IFF) fundamenta suas atividades no

atendimento a crianças graves, muitas vezes, com doenças crônicas e síndromes

genéticas, que requerem atendimento nutricional criterioso que vise a recuperação

e/ou manutenção do seu estado nutricional.

O presente estudo pretende identificar se ocorrem perdas nutricionais

relacionadas à administração da nutrição enteral na Unidade de Pacientes Graves

do Instituto Fernandes Figueira a fim de minimizá-las.

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Terapia Nutricional

Terapia Nutricional é definida pela Resolução RDC nº. 63, de 6 de julho de

2000, como “um conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou

recuperação do estado nutricional do paciente por meio da Nutrição Parenteral ou

Enteral” (ANVISA, 2000).

O estabelecimento da terapêutica adequada para o paciente desnutrido

abrange o tratamento da doença de base e a recuperação do déficit nutricional

(Falbo e Alves, 2002).

A conduta adotada compreende a correção dos distúrbios metabólicos,

hidroeletrolíticos e a adequação da oferta de macro e micronutrientes. A terapia

nutricional precoce, nas primeiras 72 horas de internação, após a estabilização

hemodinâmica nos pacientes gravemente doentes, reduz as complicações

clínicas. A administração por via enteral e/ou parenteral deve ser avaliada

individualmente (Shulman e Phillips, 2003).

3.1.1. Terapia de Nutrição Enteral (TNE)

Terapia de nutrição enteral é um conjunto de procedimentos terapêuticos

utilizados para manter ou recuperar o estado nutricional através de nutrição

enteral (Vasconcelos, 2002).

Nas situações em que o trato gastrintestinal se encontra funcionalmente

preservado, a nutrição enteral é a terapia indicada. Por meio dela é realizado o

fornecimento, pela luz do trato gastrintestinal, de formulações nutricionais,

introduzidas pela boca ou pelas sondas nasogástricas ou sondas nasoenterais ou

ainda, pelas ostomias (Campos et al., 2006).

A introdução precoce da nutrição enteral tem sido cada vez mais

empregada, com base nos conceitos de que o jejum prolongado causa atrofia da

mucosa intestinal, rompendo a integridade imunológica do trato gastrintestinal e

aumentando o risco de translocação bacteriana (Zamberlan et al., 2002).

Atualmente, encontra-se disponível, no mercado nacional, um grande

número de fórmulas enterais, o que não só facilita a indicação pelos profissionais,

como também garante maior segurança bromatológica e microbiológica destas

quando comparadas às dietas do tipo artesanal (Schieferdecker, 2005).

A. Legislação sobre Terapia de Nutrição Enteral (ANVISA, 2000)

A Resolução RDC nº. 63, de 06 de julho de 2000, foi criada pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para fixar os requisitos mínimos

exigidos para a Terapia de Nutrição Enteral. Destacam-se, a seguir, algumas

definições:

a) Equipe multiprofissional de terapia nutricional (EMTN): grupo constituído

de pelo menos um profissional de cada categoria: médico, nutricionista, enfermeiro

e farmacêutico, podendo ainda incluir profissional de outras categorias, habilitados

e com treinamento específico para a prática da Terapia Nutricional;

b) Prescrição dietética da nutrição enteral: determinação ou composição de

nutrientes da nutrição enteral mais adequada às necessidades específicas do

paciente, de acordo com a prescrição médica;

c) Prescrição médica da terapia de nutrição enteral: determinação das

diretrizes, prescrição e condutas necessárias para a prática da terapia de nutrição

enteral, baseadas no estado clínico nutricional do paciente.

B. Indicações para o uso da Terapia de Nutrição Enteral (Zamberlan et al,

2002)

As condições clínicas que levam à indicação de nutrição enteral,

freqüentemente, estão associadas à anorexia, às doenças que comprometem a

deglutição, às afecções localizadas no tubo digestivo proximal ou, ainda, ao uso

de dietas especiais não palatáveis (Riella, 1993).

As principais indicações de alimentação enteral para a criança são:

a) Trato gastrintestinal íntegro: prematuridade, insuficiência respiratória,

doenças catabólicas (câncer, sepse, grandes queimaduras), doenças neurológicas

(anorexia, incoordenação da deglutição, desmielinização);

b) Alterações do trato gastrintestinal: diarréia crônica e desnutrição, fibrose

cística, doenças inflamatórias intestinais, insuficiência pancreática e biliar,

condições cirúrgicas (intestino curto, fístulas e preparo para cirurgias);

c) Condições clínicas especiais: doenças metabólicas congênitas.

C. Classificação das fórmulas utilizadas na Terapia de Nutrição Enteral

As fórmulas utilizadas na terapia de nutrição enteral podem ser

classificadas em nutricionalmente completas, que são aquelas que não

necessitam de adição de outros componentes, por isso podem ser utilizadas como

alimentação exclusiva; e nutricionalmente incompletas, que são nutrientes que não

podem ser ofertados isoladamente.

a) Nutricionalmente completas

Políméricas: aquelas em que os macronutrientes, especialmente a

proteína, apresentam-se na sua forma intacta;

Semi-elementares ou oligoméricas: São compostas de nutrientes

pré-digeridos, com as proteínas em sua forma parcialmente hidrolisada, os

oligopeptídeos;

Elementares ou monoméricas: são aquelas em que a proteína se

apresenta na sua forma totalmente hidrolisada (aminoácidos). Essas fórmulas são

consideradas elementares somente no que se refere à fonte protéica, já que as

gorduras e os carboidratos, apesar de serem de fácil digestibilidade, podem não

estar completamente elementares.

As fórmulas poliméricas são indicadas para pacientes com

capacidade normal de digestão e absorção, uma vez que os nutrientes se

encontram na forma intacta. Já as fórmulas oligoméricas e monoméricas, por suas

características de alta digestibilidade e hipoalergenicidade, são indicadas em

diversas condições patológicas, nas quais há comprometimento do trato

gastrintestinal, como doenças inflamatórias intestinais, síndromes de má

absorção, alergias e intolerâncias alimentares (Zamberlan et al., 2002).

b) Nutricionalmente incompletas

Para fins específicos: erros inatos do metabolismo, aditivos do leite

humano (Zamberlan et al., 2002).

Módulos de nutrientes: são soluções nutricionalmente incompletas,

sendo utilizadas em associação de dois ou mais módulos de macronutrientes,

segundo as necessidades do paciente. Estão disponíveis no mercado: módulos de

gordura, proteína, carboidrato, fibras, eletrólitos, vitaminas e minerais (Baxter et

al., 1995).

D. Vias de acesso da Terapia de Nutrição Enteral

A escolha da melhor via de acesso para administração da nutrição enteral

depende do tempo pelo qual esta será necessária. Quando de curto prazo, será

oferecida por sondas nasogástricas ou nasoenterais e, quando de longo prazo

(superior a seis semanas), por ostomias (gástricas ou jejunal), a fim de evitar

complicações, como lesões de mucosas, infecções do trato respiratório superior e

estenose esofágica. Após a opção por sonda nasogástrica ou nasoenteral ou

ostomia, o próximo passo é determinar qual o posicionamento será mais

adequado, se estômago, duodeno ou jejuno (Zamberlan et al., 2002).

No paciente grave a via gástrica não deve ser utilizada, pois, mesmo sendo

a mais simples, é a que tem maior risco de complicações respiratórias, dentre as

quais destaca-se a aspiração pulmonar.

E. Técnica de Administração

A nutrição enteral pode ser administrada de forma intermitente ou contínua.

A forma intermitente, também chamada “em bolo”, é mais empregada na

alimentação gástrica. Já o método de infusão contínua é utilizado em crianças

com alimentação gástrica que demonstram intolerância à administração

intermitente e naquelas alimentadas por via duodenal ou jejunal. Nestes casos, os

melhores resultados são obtidos com o uso de bombas que mantêm o volume de

infusão constante (Riella, 1993).

F. Complicações da Terapia de Nutrição Enteral

As complicações associadas à nutrição enteral são classificadas em:

anormalidades gastrintestinais, mecânicas, metabólicas, infecciosas, respiratórias

e psicológicas (Coppini e Waitzberg, 1995).

As complicações gastrintestinais, como cólicas, distensão abdominal,

náuseas, vômitos e diarréia, são relativamente freqüentes e associadas,

geralmente, ao emprego da administração intermitente e a utilização das fórmulas

hiperosmolares. A diarréia é a complicação mais comum e pode ter origem em

uma série de fatores, tais como: administração de volume e concentração

inadequados, migração inadvertida de uma sonda gástrica para o intestino,

alteração da flora bacteriana intestinal, deficiências enzimáticas e, até mesmo,

pela escolha imprópria ou contaminação da dieta. A hipoalbuminemia, freqüente

nas situações de desnutrição, pode levar ao edema visceral, má-absorção e

diarréia (Riella, 1993).

As complicações mecânicas compreendem obstrução da sonda por

administração de medicamentos ou lavagem inadequada após administração da

fórmula, sinusite, esofagite e necrose de asa do nariz pelo uso prolongado,

deslocamento da sonda por vômitos, broncoaspiração e perfuração gastrintestinal

(Garófolo, 2005).

Dentre as alterações metabólicas, citam-se: a hiperglicemia, desidratação,

aumento nas taxas de uréia e alterações hidroeletrolíticas (Riella, 1993).

As principais complicações infecciosas são as gastroenterocolites, por

contaminação microbiana no preparo, utensílios e administração da nutrição

enteral. As fórmulas enterais são um meio de crescimento ideal para os

microorganismos. A colonização do trato gastrintestinal pode causar infecção ou

sepse, afetando a evolução clínica do paciente, podendo exigir maior tempo de

permanência hospitalar, e aumentar o risco de mortalidade. O controle de

qualidade físico-química e microbiológica na preparação da nutrição enteral deve

ser rigoroso, a fim de impedir possíveis toxinfecções alimentares (Schieferdecker,

2005).

Dentre as complicações respiratórias, merece destaque a pneumonia de

aspiração, que é considerada a complicação de maior gravidade na terapia de

nutrição enteral. A aspiração pulmonar pode acontecer em conseqüência de oferta

excessiva de fórmula, do retardo do esvaziamento gástrico e íleo paralítico,

sobretudo, em pacientes com afecção neurológica (Coppini e Waitzberg, 1995).

As complicações psicológicas podem ocorrer devido ao desconforto da

presença da sonda enteral (Coppini e Waitzberg, 1995).

G. Adequação do uso da Terapia de Nutrição Enteral

Em razão da elevada prevalência de desnutrição, a adequação da terapia

nutricional torna-se indispensável, uma vez que esta pode reverter ou mesmo

prevenir a instalação do quadro de desnutrição, propiciando ao paciente uma

melhoria na qualidade de vida e na condição clínica para enfrentar as

intercorrências decorrentes da doença associada (Campos et al., 2006).

No Brasil, Iglesias (2004) avaliou a adequação entre prescrição,

necessidades energéticas e o que é efetivamente ofertado à crianças graves.

Seus resultados mostraram que a mediana da administração do valor calórico foi

de 60% da necessidade preconizada e 85% das calorias prescritas, sendo que a

principal intercorrência que levou à interrupção da nutrição enteral foi o jejum para

realização de procedimentos.

Poltronieri (2006) avaliou pacientes adultos internados em Unidade de

Terapia Intensiva (UTI) e verificou que 72,1% dos avaliados não receberam o

volume da nutrição enteral conforme a prescrição médica. Porém foi possível

observar que, do total de volume prescrito aos pacientes, 88,9% foram

efetivamente administrados. A intercorrência de maior prevalência foi o cálculo

incorreto da velocidade de administração da fórmula de nutrição enteral.

Engel et al. (2003) realizaram estudo com uma amostra de 60 pacientes

adultos e verificaram que 80% não receberam, em um período de dez dias de

avaliação, o volume de nutrição enteral conforme a prescrição, que alcançou 71%

das necessidades preconizadas, Isto se deu principalmente devido a

complicações gastrintestinais que levaram a interrupção da administração da

nutrição enteral.

Outra investigação européia em cinco UTIs britânicas, com uma amostra de

193 pacientes adultos e 1.410 acompanhamentos, indicou que apenas 76,4% do

volume prescrito foi administrado. A prescrição da nutrição enteral alcançou 87%

das necessidades calculadas e as principais intercorrências aconteceram devido a

complicações gastrintestinais (Adam e Batson, 1997).

Couto et al. (2002) avaliaram a porcentagem de calorias efetivamente

administradas a pacientes adultos em terapia intensiva e identificaram as

principais intercorrências limitantes à administração da nutrição enteral. Observou-

se que o aporte efetivamente administrado alcançou 53% das necessidades

calóricas calculadas e a prescrição alcançou 71%. As principais intercorrências

foram as interrupções devido a jejum para procedimentos, cuidados de

enfermagem e de fisioterapia respiratória, além de estase gástrica, piora clínica, e

obstrução ou deslocamento da sonda nasoentérica.

Schieferdecker (2005) verificou a relação entre as necessidades

nutricionais, a prescrição dietética, a nutrição enteral consumida e a energia total

recebida em adultos internados nas clínicas médicas, cirúrgicas (aparelho

digestivo e geral), neurológicas, de urologia e otorrinolaringologia. A prescrição

calórica alcançou 92% das necessidades calculadas e a administração da nutrição

enteral atingiu 85% do prescrito, sendo a diarréia a intercorrência mais comum

que levou à suspensão da dieta.

Campos et al. (2006) estudaram dois grupos de pacientes que faziam uso

de TNE. Um grupo foi avaliado antes da implementação do protocolo de avaliação

nutricional e de prescrição dietética, enquanto o outro grupo foi analisado após

esta implementação. Os autores observaram que no primeiro grupo a prescrição

alcançou 79% do preconizado e a administração atingiu 82% do prescrito. Já no

segundo grupo a prescrição calórica foi de 91% das necessidades preconizadas,

sendo administrados destes 81% do valor prescrito. Não foram analisadas as

intercorrências que levaram a interrupção da nutrição enteral.

Brito (2002) comparou o valor calórico da terapia nutricional prescrita com a

administrada e ambas com o gasto energético total calculado para 107 pacientes,

internados em UTI e enfermarias cirúrgicas, com idade mediana de 45 anos, dos

quais 79 faziam uso exclusivo de terapia de nutrição enteral. O estudo evidenciou

que eles receberam cerca de 65% do prescrito, e a prescrição alcançou 84% do

preconizado. A intercorrência mais freqüente que levou à suspensão da terapia

nutricional foi o jejum (78,5%).

Campanella et al. (2008) analisaram a quantidade de fórmulas enterais

efetivamente administrada para um grupo de 42 pacientes, internados em diversas

enfermarias, com idades entre 64,02 ± 19,22 anos, e constataram um reduzido

número de dias em uso de terapia enteral, e apenas 31% dos pacientes

alcançaram suas necessidades nutricionais. A prescrição alcançou 89% das

necessidades nutricionais preconizadas e foram administrados 82% do valor

calórico prescrito. A principal intercorrência foi o atraso na administração da

fórmula enteral, o que os fez concluir que houve um inadequado consumo da

nutrição prescrita para os pacientes em terapia enteral.

Dreyer et al. (2003) verificaram a adequação da terapia nutricional realizada

em pacientes em unidade de terapia intensiva. Dos 28 pacientes em nutrição

enteral exclusiva, o aporte calórico médio correspondeu a 78% do prescrito. Não

foi estudada a relação as necessidades preconizadas. As causas mais freqüentes

da administração inadequada da nutrição enteral foram: jejum para procedimentos

(33%), intolerância (29%) e falhas na prescrição informatizada e administração

(17%). Assim, concluíram que o aporte calórico-protéico foi inadequado, muitas

vezes, devido a fatores não relacionados diretamente ao quadro clínico dos

pacientes.

Diante dessas comprovações e ao reconhecimento evidenciado dos

benefícios da terapia de nutrição enteral, tanto na prevenção da desnutrição

hospitalar e de complicações como na melhora da resposta do paciente crítico ao

tratamento instituído, fica evidente a importância da atenção a ser dispensada

pelos profissionais à assistência nutricional voltada a esses pacientes (Poltronieri,

2006). Nesse sentido, as publicações reforçam a necessidade de prescrever e

administrar a nutrição enteral adequadamente.

3.2. Necessidades Nutricionais

As necessidades nutricionais individuais são complexas de determinar,

especialmente em pacientes pediátricos graves com doenças distintas e gasto

energético variável (Iglesias, 2004).

Para o cálculo preciso das necessidades nutricionais é recomendado o

emprego da calorimetria indireta, devido à complexidade e custo deste método,

usualmente são utilizadas as recomendações nutricionais preconizadas nos

protocolos dos comitês de alimentação e nutrição (Iglesias, 2004).

Porém, em algumas circunstâncias, quando aplicadas a este tipo de

pacientes podem causar hipo ou hiperalimentação. A necessidade de

ressuscitação inicial, o suporte ventilatório, a administração de analgésicos,

sedativos ou bloqueadores neuromusculares, e a desnutrição são fatores que

levam ao hipometabolismo (Iglesias, 2004).

Já no caso dos pacientes críticos em hipercatabolismo a necessidade da

ingestão protéica pode chegar ao dobro das recomendações para os indivíduos

saudáveis, assim é necessária a utilização de formulações hiperprotéicas em

pacientes críticos. Isso ocorre, pois em situações de estresse metabólico o

organismo consome os estoques protéicos esqueléticos e viscerais para viabilizar

a síntese de proteínas de fase aguda (Campos et al., 2006).

As recomendações nutricionais baseiam-se em evidências científicas,

estudos de consumo populacional, observações epidemiológicas, estimativas

bioquímicas de restrição e saturação de nutrientes. Essas recomendações

compreendem as quantidades de energia e de nutrientes que os alimentos

consumidos necessitam conter para satisfazerem as necessidades nutricionais

dos indivíduos de uma população sadia, sendo importantes instrumentos para

elaboração e avaliação de dietas (Feltrin et al., 2003).

Os padrões de referência nutricional procuram identificar quantidades de

nutrientes que os indivíduos precisam ingerir através da alimentação, pois, se esta

não supre as necessidades do organismo, podem ocorrer desnutrição e doenças

associadas (Feltrin et al., 2003).

Em 1940, foi formado o Comitê de Alimentação e Nutrição (Food and

Nutricion Board – FBN), que estabeleceu recomendações nutricionais, revisando a

literatura científica, as Recommended Dietary Allowances (RDA) (Feltrin et al.,

2003).

Segundo a FBN, a RDA de 1989 estabelece o “nível de ingestão essencial

de nutrientes”. As recomendações para crianças consideram um grau de ingestão

que conserve a taxa satisfatória de crescimento e desenvolvimento. Em relação à

energia, visa a um balanço de gasto energético, acrescido de energia para

reposição de tecidos, já que, nesse grupo, o metabolismo dos órgãos está

aumentado (Devincenzi et al., 2005).

A proteína é um macronutriente fundamental para o crescimento, pois

fornece aminoácidos essenciais e nitrogênio para a síntese de enzimas,

hormônios, neurotransmissores, proteínas corporais e manutenção dos tecidos. As

recomendações de proteínas levam em consideração que, no primeiro ano de

vida, a quantidade de proteína corporal passa de 11 para 15% (Devincenzi et al.,

2005).

Em 1995, foi formado o Comitê da Dietary Reference Intake (DRI),

objetivando desenvolver padrões de referência para alimentação (Feltrin et al.,

2003). A DRI é um conjunto de quatro valores de referência de ingestão de

nutrientes, estabelecidos e utilizados para o planejamento e avaliação das dietas

do indivíduo ou grupos de indivíduos saudáveis, conforme estágio de vida e

gênero (Marchioni et al., 2004). Esses valores incorporam as recomendações

dietéticas da 10ª edição da RDA como metas de consumo para indivíduos e mais

três valores adicionais: Estimated Average Requirement (EAR), Adequate IntakeI

(AI) e Tolareble Upper Intake Level (UL) (Padovani et al., 2006).

3.3. Desnutrição

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define desnutrição energético-

protéica (DEP) como “uma gama de condições patológicas que aparecem por

deficiência de aporte, transporte ou utilização de nutrientes pelas células do

organismo” (Buzza e Campos, 2005).

A desnutrição, quanto à sua procedência, pode ser primária ou secundária.

Quando primária, emana de um desajuste no consumo alimentar, sem que tenha

outro fator interveniente, enquanto, na desnutrição secundária, existe, no sujeito,

fatores que interferem na utilização natural dos nutrientes, mesmo com consumo

dietético apropriado (Ferreira e França, 2002).

A desnutrição na infância, indicada pelo comprometimento do crescimento

linear e/ou pelo emagrecimento da criança, constitui um grande problema de

saúde pública, devido a sua elevada freqüência e amplo espectro de danos

associados (Motta e Silva, 2001).

O conhecimento do estado nutricional de crianças hospitalizadas está

relacionado com a situação da morbidade apresentada e pode influir na resposta à

terapêutica apresentada e no tempo de internação. Crianças doentes têm

alterações nos hábitos alimentares, decorrentes da queda do estado geral,

podendo ocorrer diminuição do apetite ou mesmo dificuldade para ingerir

alimentos devido à dor, desconforto respiratório ou lesões orofaringeanas (Abreu

et al., 2004).

3.4. Avaliação antropométrica do estado nutricional

A avaliação do estado nutricional é de fundamental importância para

conhecer o estado de saúde e risco nutricional (Araújo, 2007a).

A antropometria é o procedimento mais empregado para avaliação,

classificação e monitoramento do estado nutricional, devido à facilidade de

execução, baixo custo, inocuidade e, sobretudo, pelo seu emprego universal,

preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (WHO, 1995; Soares e

Parente, 2001).

As variáveis antropométricas comumente empregadas para avaliar o estado

nutricional de crianças e adolescentes são peso e estatura, que devem ser

analisados segundo o sexo e a idade (Sigulem et al., 2000).

Utilizando-se as medidas de peso e estatura correlacionadas com idade e

sexo, podem ser calculados os três índices antropométricos mais freqüentemente

utilizados e indicados para classificar o estado nutricional de crianças pela OMS:

estatura/idade (E/I), peso/idade (P/I) e peso/estatura (P/E). O índice P/E

proporciona informações tanto de déficit quanto de excesso de peso em relação à

estatura (Araújo, 2007b; WHO, 1995).

Em 2006, foram lançadas, pela OMS, as novas curvas de crescimento para

crianças, desde o nascimento até os cinco anos. Essas curvas se fundamentam

no conhecimento atual sobre nutrição infantil, para determinar o que seria um

crescimento ideal para crianças pequenas, tanto em termos de alimentação, como

de ausência de restrições econômicas ou ambientais ao potencial genético de

crescimento (Araújo, 2007b). Em 2007, a OMS lançou, para crianças com cinco

anos ou mais, as novas curvas, que são adequações matemáticas das curvas do

NCHS/1977 (Feltrin et al., 2003).

Para os adolescentes, recomenda-se o emprego do Índice de Massa

Corporal (IMC) associado à avaliação do índice de estatura para idade (E/I) e

maturação sexual (Feltrin et al., 2003).

CAPÍTULO 2 - OBJETIVOS

4. OBJETIVOS

4.1. Geral

• Analisar as diferenças entre a nutrição enteral prescrita e administrada para

pacientes pediátricos internados na Unidade de Pacientes Graves do

Instituto Fernandes Figueira.

4.2. Específicos

• Comparar o volume, a quantidade calórica e protéica da nutrição enteral

prescrita com a administrada e a preconizada;

• Estudar a adequação entre a prescrição de nutrição enteral e a

necessidade diária preconizada para crianças e adolescentes da mesma

idade e sexo;

• Descrever as intercorrências que impeçam a administração plena da

nutrição enteral prescrita.

CAPÍTULO 3 – ARTIGO

5. Título: AVALIAÇÃO DAS DIFERENÇAS ENTRE A NUTRIÇÃO ENTERAL PRESCRITA E A ADMINISTRADA EM CRIANÇAS GRAVES

RESUMO

Objetivo: Analisar as diferenças entre a nutrição enteral prescrita e administrada

para pacientes pediátricos internados na Unidade de Pacientes Graves do Instituto

Fernandes Figueira.

Métodos: Avaliou-se 369 fórmulas enterais ofertadas a onze pacientes pediátricos

internados na Unidade de Pacientes Graves. Foram testadas as diferenças entre

as médias das calorias e nutrientes entre as fórmulas prescritas e aquelas

administradas identificando-se os motivos associados a não administração.

Resultados: Houve diferença estatisticamente significante entre as médias de

calorias e proteínas prescritas e aquelas administradas nas fórmulas enterais (p-

valor<0.0001). As principais intercorrências que levaram a interrupção da

administração da terapia nutricional enteral foram: realização de procedimentos

cirúrgicos (58%), seguido de procedimentos clínicos (19%), jejum para exames

(11%), problema operacional (8%) e procedimento de enfermagem (4%).

Conclusão: Houve diferença entre a prescrição e a administração da terapia de

nutrição enteral causada, principalmente, devido a interrupção para realização de

procedimentos. O aporte nutricional foi prejudicado, na maioria, devido a fatores

não relacionados diretamente ao quadro clínico dos pacientes.

ABSTRACT

Objectives: To analyze the differences between the prescribed and the

administered enteral nutrition delivered to pediatric patients hospitalized in the

Seriously-ill Patients Unit of Fernandes Figueira Institute.

Methods: Assessment of 369 enteral formulas delivered to eleven pediatric

patients hospitalized in the Seriously-ill Patients Unit. The differences between the

averages of calories and nutrients of prescribed formulas and the administered

ones were tested, identifying the reasons associated to the inexistence of

administration.

Results: There was a statiscally significant difference between the averages of

calories, proteins and iron prescribed and administered in enteral formulas (p-

value<0.0001). The main inter-occurrences that led to the interruption of nutritional

therapy administration were: realization of surgical procedures (58%) followed by

clinical procedures (19%), fasting for examinations (11%), operational problem

(8%) and nursing procedure (4%).

Conclusion: There was a difference between the prescription and the

administration of the enteral nutrition therapy, and it was caused, mainly, due to

interruption for procedures realization. The nutritional contribution was jeopardized,

mostly because of factors not directly related to the patients' clinical picture.

Introdução

A terapia nutricional se refere a um conjunto de procedimentos que visa à

manutenção ou recuperação do estado nutricional do indivíduo por meio da

Nutrição Parenteral (NP) e/ou Enteral (NE) (COFEN, 2003). A nutrição enteral

apresenta diversos benefícios fisiológicos, metabólicos, de segurança e de

custo/benefício em relação à nutrição parenteral total (NPT), pois proporciona um

ganho ponderal mais adequado, possibilidade de melhor oferta calórica,

manutenção do trofismo da mucosa intestinal, custo reduzido, menor risco de

infecções e diminuídas chances de lesões hepáticas (Zamberlan et al., 2002).

Para a escolha da terapia nutricional mais adequada, é imprescindível o

conhecimento das necessidades nutricionais específicas do paciente, bem como

da composição exata da fórmula (Zamberlan et al., 2002). Bem definidos esses

aspectos, a administração plena do volume prescrito garante o sucesso do

procedimento (Poltronieri, 2006).

O volume de nutrição enteral administrado nem sempre corresponde ao

prescrito, mostrando que os pacientes não recebem plenamente as suas

necessidades calóricas. Isso se deve às intercorrências freqüentemente

associadas com a suspensão da administração da nutrição enteral, que são

atribuídas, em sua maioria, à interrupção da alimentação para procedimentos

(Couto et al., 2002).

Diante disso, desenvolveu-se o presente estudo com a finalidade de

conhecer a quantidade de nutrição enteral efetivamente administrada aos

pacientes pediátricos, em relação à prescrição dietética e às necessidades

estimadas. Objetivou-se também identificar os fatores que prejudicaram a

administração da nutrição enteral, no sentido de contribuir para a adoção de

medidas que visem à oferta nutricional plena.

Materiais e Métodos

Este estudo foi do tipo transversal, onde foram avaliadas as fórmulas

enterais ofertadas para as crianças e adolescentes internados que utilizavam

apenas terapia de nutrição enteral entre outubro e novembro de 2008 na Unidade

de Pacientes Graves (UPG) do Instituto Fernandes Figueira – IFF/Fiocruz, Rio de

Janeiro, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa desta mesma

unidade. Adotou-se como critério de inclusão todas as fórmulas enterais ofertadas

aos pacientes que estivessem fazendo uso exclusivo de terapia de nutrição

enteral. Foram excluídas as fórmulas usadas na alimentação via oral como

suplemento. Não houve interferência na prescrição, manipulação e/ou

administração das fórmulas por parte dos autores deste trabalho.

Para o cálculo do tamanho amostral, foi desenvolvido um estudo piloto na

enfermaria Unidade de Pacientes Graves (UPG) na semana de 23/09/2008 até

30/09/2008 em períodos de 12 horas, onde foram coletadas informações sobre as

fórmulas, como prescrição dietética e volume administrado, para os cálculos da

diferença entre o volume médio prescrito e o administrado a serem utilizados. No

cálculo do tamanho amostral, foi utilizada a equação para amostra com população

infinita, pois esta diferença era desconhecida, descrita na Fórmula 1 (Armitage et

al., 2002).

Fórmula 1:

Onde:

Z = limite de confiança (1,96)

S = desvio padrão (242,15 mL)

d = margem de erro aceitável (10%) x diferença média entre o volume prescrito e o

administrado (247 mL)

O tamanho amostral, considerando um erro tolerável de 0,10 e nível de

confiança de 90%, foi de 369 fórmulas.

Foram coletadas do prontuário as seguintes informações: dados

demográficos (sexo e idade), clínicos (diagnóstico médico), nutricionais (peso e

estatura), e referentes à terapia nutricional prescrita e administrada (tipo de terapia

prescrita, data de início e término da terapia de nutrição enteral, volume,

quantidade de calorias e proteínas prescritos, volume não administrado,

intercorrências que levaram à interrupção da terapia nutricional). As informações

referentes ao paciente foram obtidas no início do acompanhamento.

As fórmulas enterais ofertadas aos pacientes foram classificadas quanto a

sua composição como: poliméricas, onde os macronutrientes apresentam-se na

sua forma intacta, e oligoméricas, compostas de nutrientes pré-digeridos.

O estado nutricional foi avaliado na admissão dos pacientes através dos

escores z dos índices peso/estatura, peso/idade e estatura/idade, para crianças, e

Índice de Massa Corporal, para adolescentes, segundo a referência da

Organização Mundial da Saúde (WHO, 2006). O estado nutricional foi calculado

por meio do software WHO Antho 2005, versão beta 2006.

A classificação, adotada aqui, foi a definida pela Organização Mundial da

Saúde (2006), onde são considerados desnutridos pacientes com índices

antropométricos que apresentam escore Z abaixo de -2.

A adolescência compreende o período da vida que se estende dos 10 aos

19 anos, segundo critério aceito pela OMS. Para avaliação nutricional desta faixa

etária optamos pelo uso do IMC, que mesmo apresentando limitações, pois não

distingue a massa de gordura da massa magra, é o sugerido pelo software

adotado (Sigulem, 2000).

As necessidades calóricas dos pacientes pediátricos graves não são bem

conhecidas (Iglesias, 2004), por essa razão optou-se por calcular as necessidades

dos pacientes com base nas recomendações para pacientes saudáveis propostas

pela Organização Mundial da Saúde (FAO/OMS/UNU, 2001).

Estimou-se a prescrição nutricional diária mediante o somatório do volume

de fórmulas enterais prescritas no sistema informatizado utilizado pela equipe

responsável. O volume diário foi transformado em quilocalorias, por meio das

informações nutricionais de cada produto prescrito, e calculada a quantidade em

gramas de proteínas, para posterior comparação entre o aporte calórico

preconizado pela FAO/OMS/UNU (2001) e a quantidade de proteína por meio da

Dietary References Intakes (DRI, 2004). O percentual de cobertura de nutrientes

prescritos em relação ao preconizado foi calculado com base na observação

individual, de acordo com a faixa etária, e posterior a média dessas freqüências.

Para o cálculo das diferenças entre as fórmulas enterais ofertadas “intra”

pacientes (para um mesmo paciente) e “entre” pacientes (para pacientes

diferentes), foi feita a Análise de Variância (Armitage et al., 2002) e aplicado o

teste F, para verificar a significância estatística.

A construção e as análises do banco de dados foram feitas no programa

EPIINFO 2000 (CDC). Para o teste t pareado para amostras dependentes usado

para a comparação dos dados entre a fórmula prescrita e a administrada, e para a

análise de variância, utilizou-se o programa SPSS para Windows, versão 15. O

nível de significância estatística adotada nas análises foi p < 0,05.

Resultados

Foram avaliadas 369 fórmulas administradas em 11 crianças e

adolescentes internados na Unidade de Pacientes Graves (UPG). Destas, 25 (7%)

foram desprezadas integralmente devido à realização de procedimentos

programados e de rotina e apenas uma (0,3%) foi interrompida durante a

administração. No total, foram prescritos 39,34 litros de fórmulas e administrados

35,94 litros, sendo desprezados 3,35 litros (8%) (Figura 1). O valor médio do

volume prescrito foi de 106,62 ± 52,18 ml, enquanto o administrado foi de 97,74 ±

57,16 ml (Tabela 1), sendo a diferença de 9,08 ± 4,98 ml (9%) significante.

A média diária de volume prescrito para cada paciente foi de 770,63 ±

347,04 ml, o administrado correspondeu a 724,81 ± 313,40 ml, enquanto o

desperdiçado foi de 129,23 ± 43,71 ml.

As fórmulas analisadas comprovam que a densidade calórica e as proteínas

obtiveram diferenças estatisticamente significantes do prescrito em relação ao

administrado (Tabela 1).

Quando se avaliou individualmente, a densidade calórica média por dia de

estudo, prescrita em comparação ao preconizado, observou-se que esta atingiu

82%, sendo que sete dos 11 pacientes (63,6%) receberam valores inferiores a

70% (Figura 3).

A prescrição das fórmulas de nutrição enteral alcançou, em média, 97% das

recomendações protéicas preconizadas para os pacientes por faixa etária (Figura

4). Apenas quatro (36%) pacientes apresentaram uma prescrição protéica inferior

a 80% do preconizado (Tabela 2).

As características dos pacientes incluídos no estudo estão apresentadas na

Tabela 3, na qual destaca que a maioria deles (45%) eram lactentes do sexo

feminino (64%). A classificação do estado nutricional das crianças mostrou que,

segundo os indicadores peso/estatura e estatura/idade, três (27%) dos pacientes

apresentaram déficit, sendo que apenas um (9%) destes apresentou déficit para

os dois indicadores (Tabela 4).

Entre as vias de administração dietética, a mais utilizada foi a da sonda

nasojejunal, em nove (82%) dos pacientes. Apenas um (9%) recebeu alimentação

via nasogástrica e um (9%) por gastrostomia. Todos os pacientes receberam

alimentação enteral de forma contínua, por bomba infusora. Sete (64%) pacientes

receberam fórmula oligomérica e quatro (36%) polimérica.

Três (27%) pacientes, que recebiam 63 (17%) fórmulas enterais, ainda

estavam, no momento de inclusão do estudo, em progressão do volume para

adaptação das necessidades nutricionais prescritas. O tempo médio de

progressão do volume foi de 2,22 ± 1,48 dias.

Quanto às intercorrências relacionadas à interrupção da administração da

terapia nutricional, verificou-se que estiveram presentes em quatro (36%) dos

pacientes estudados, em que a intercorrência mais freqüente foi a realização de

procedimentos cirúrgicos (58%), como revisão de derivação ventricular externa e

gastrostomia, seguida de procedimentos médicos (19%), jejum para exames

(11%), problema operacional (8%) e procedimento de enfermagem (4%) (Figura

2).

Para testar se a interrupção na administração da nutrição enteral ocorreu

devido a intercorrências associadas ao tipo de diagnóstico clínico do paciente

(“entre” pacientes) ou a eventos de várias naturezas independentemente do

mesmo (“intra” pacientes), foi realizada uma análise de variância (ANOVA) onde

foi demonstrado que apenas 9% das interrupções das fórmulas enterais estavam

associadas ao tipo de diagnóstico clínico do paciente, logo 91% da variação

independe do mesmo. A significância (p < 0,0001) mostrou que as intercorrências

observadas não estão associadas ao diagnóstico clínico do paciente e sim a

eventos adversos ao mesmo.

Discussão

Devido à elevada prevalência de desnutrição intra-hospitalar, a adequação

da terapia nutricional torna-se indispensável, uma vez que ela pode reverter ou

mesmo prevenir a instalação deste quadro nutricional. Mas, para garantir o

sucesso da terapia de nutrição enteral é necessária atenção ao paciente, na

avaliação do estado nutricional e na garantia ao acesso enteral, e à fórmula a ser

administrada, através do recebimento, conservação e administração da mesma

(Zamberlan et al., 2002).

Entretanto, apesar da relevância do tema, na última década, apenas um

trabalho realizado por Iglesias (2004) comparou a terapia de nutrição enteral

prescrita com a administrada para pacientes pediátricos graves. Por isso a

dificuldade da comparação dos dados obtidos neste estudo com outros trabalhos

da literatura (Quadro 1).

Na presente pesquisa, 91% do volume prescrito foi administrado ao

paciente, este resultado foi semelhante ao de Poltronieri (2006) que embora

avaliando pacientes adultos internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

encontrou 89% do volume prescrito efetivamente administrado. Entretanto, os

demais estudos encontrados na literatura, realizados também em pacientes

adultos, tiveram uma taxa de administração do volume prescrito de 53 a 85%

(Couto et al., 2002; Schieferdecker, 2005), sendo que a maioria apresentou

valores inferiores a 78% (Engel et al., 2003; Adam e Batson, 1997; Brito, 2002;

Dreyer et al., 2003).

Uma hipótese para a diferença encontrada entre estes resultados e o

presente estudo se deve possivelmente a um melhor preparo da equipe

responsável no Instituto Fernandes Figueira pela terapia de nutrição enteral, com

diminuição das perdas por pronta atenção.

Entretanto, apesar da baixa prevalência (9%) do volume não administrado,

observou-se diferenças estatisticamente significantes entre as médias de proteína

e do valor calórico prescrito e efetivamente administrado (Tabela 1).

Com relação ao valor calórico, observou-se que foram prescritos, em

média, 82% das necessidades calóricas preconizadas. Na literatura a prescrição

calórica da nutrição enteral em comparação com as necessidades preconizadas é

avaliada por diversos autores, onde se destaca o valor encontrado por

Schieferdecker (2005), onde a prescrição calórica foi de 92% do preconizado. Já a

menor taxa encontrada foi no estudo em pediatria realizado por Iglesias (2004)

onde foram prescritos apenas 60% das necessidades preconizadas. Três

trabalhos realizados em adultos internados em UTI encontraram resultado

semelhante ao presente estudo, entre 79 e 87% (Adam e Batson, 1997; Campos

et al., 2006; Brito, 2002).

A diferença entre o valor calórico das fórmulas enterais prescritas e das

preconizadas, observada no presente estudo, pode ter ocorrido devido alguns

pacientes (36%) estarem na fase inicial da terapia nutricional, e outros (27%) que

tiveram a nutrição enteral suspensa. Ao se reiniciar a nutrição enteral o volume

prescrito é menor do que aquele no momento da interrupção. O tempo médio de

progressão do volume prescrito foi de 2,22 ± 1,48 dias para os três pacientes que

se encontravam neste período.

Na UPG, a prescrição da nutrição enteral não é realizada utilizando os

valores preconizados e fator injúria. Esta é feita com base na avaliação individual

de acordo com a doença e a gravidade de cada paciente. Assim, devido as

dificuldades de mensuração das necessidades nutricionais do paciente grave,

qualquer comparação da prescrição com os valores preconizados podem super ou

subestimar as necessidades do mesmo.

Quando se observa o percentual de cobertura de nutrientes prescritos em

relação ao preconizado, encontrados no presente trabalho, destaca-se que a

prescrição das fórmulas de nutrição enteral alcançou, em média, 97% das

recomendações protéicas para os pacientes por faixa etária.

Na infância, esta inadequação resulta na diminuição do aporte de

nutrientes, acarretando prejuízo, tanto na recuperação clínica como no

crescimento principalmente para os lactentes que foram a maioria dos pacientes

estudados (45%).

Neste estudo as intercorrências relacionadas à interrupção da nutrição

enteral mais freqüentes foram o jejum para a realização de procedimentos

cirúrgicos (58%), seguida de procedimentos clínicos (19%). Na literatura a

principal intercorrência observada também foi o jejum para realização de

procedimentos, tanto em pediatria quanto em adultos (Iglesias, 2004; Couto et al.,

2002; Brito, 2002; Dreyer et al., 2003). Também foram observados, em adultos,

como principal causa da interrupção da NE as complicações gastrintestinais

(Engel et al., 2003; Adam e Batson, 1997; Schieferdecker, 2005) e os problemas

operacionais (Poltronieri, 2006; Campanella et al., 2008). Assim, esses autores

concluíram que a interrupção do aporte calórico-protéico, muitas vezes, ocorre

devido a fatores não relacionados diretamente ao quadro clínico dos pacientes.

Porém, no presente trabalho, como a diferença encontrada entre as

fórmulas enterais prescritas e administradas resultou da avaliação de pacientes

com diagnósticos diversos, foi utilizada a análise de variância para testar esta

associação. Ficou comprovado que as perdas das fórmulas enterais foram

associadas a eventos adversos ao tipo de diagnóstico do paciente, mais do que a

interrupções relacionadas a doença do mesmo. Este resultado foi confirmado por

meio do estudo da análise de variância que avaliou as 25 fórmulas desprezadas

integralmente devido à realização de procedimentos programados de rotina e uma

interrompida durante a administração. Assim a análise mostrou que apenas 9%

das interrupções aconteceram “entre” pacientes, sendo 91%, portanto, se deu

pelas diferenças “intra” pacientes.

Embora este estudo não tenha sido desenhado para testar a associação

entre estado nutricional dos pacientes e a oferta de nutrição enteral, a avaliação

do estado nutricional mostrou que 36% dos pacientes apresentavam diagnóstico

de déficit nutricional.

Este resultado foi bem inferior ao relatado por Iglesias (2004), que verificou

que 71% dos pacientes pediátricos estavam desnutridos e pelo estudo realizado

em adultos pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE), o

Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBRANUTRI) que apesar de não

relacionar a gravidade clínica dos pacientes revelou uma taxa de 48% de

desnutrição nos doentes internados (Waitzberg et al., 2001).

Entretanto cabe ressaltar que, os métodos antropométricos que incluem

medidas da altura, peso, prega cutânea do tríceps e circunferência do braço, tem

sérias limitações no grupo de doentes em questão, em função da distribuição

alterada de água nos diversos compartimentos do corpo, freqüentemente em

excesso no compartimento extra-celular. O peso costuma apresentar variações

consideráveis que agudamente significam apenas ganho ou perda de água. Por

isso este resultado pode ter sido subestimado.

Diante dessa constatação, fica claro que a prevalência da desnutrição

intra-hospitalar é alta tanto em adultos como em crianças e sua prevenção

representa um grande impacto na redução dos índices de morbimortalidade.

Entretanto este fato é mais, preocupante, em crianças por estarem em franco

estágio de crescimento, e a terapia nutricional administrada ser a sua única fonte

de nutrientes para recuperação do estado clínico e nutricional.

No presente estudo, possivelmente devido a gravidade dos pacientes, a via

de administração nutricional mais utilizada foi a sonda nasojejunal, esta foi

escolhida porque não só o pH intraluminar, mas também o volume gástrico é

considerado um fator de risco para aspiração e conseqüente pneumonia. O

suporte nutricional enteral, quando por via gástrica, atua elevando o volume

gástrico, contribuindo para a ocorrência de pneumonias por aspiração.

Todos os pacientes receberam alimentação enteral de forma contínua, por

bomba infusora. A administração contínua de nutrição por via jejunal em geral

aumenta a tolerância, não se relaciona com elevação do pH gástrico e deve ser a

norma, sempre que se opta por essa via, lançando-se mão de preferência de

bomba de infusão.

A prescrição da terapia de nutrição enteral, especialmente para pacientes

graves, depende de diversos fatores clínicos, que vão além dos valores

preconizados considerados neste trabalho. No entanto, as diferenças encontradas

entre a nutrição enteral prescrita e a administrada, são marcantes.

Considerando que o estudo do IBRANUTRI, em relação ao custo benefício

da terapia nutricional na assistência integral à saúde, demonstraram que para

cada R$ 1,00 (um real) investido em terapia nutricional gera R$ 4,13 (quatro reais

e treze centavos) de economia total, a não administração plena da terapia

nutricional além de levar a conseqüências clínicas para o paciente, certamente

resulta em ônus para a instituição (Waitzberg et al., 2001).

Diante dessas comprovações e ao reconhecimento evidenciado dos

benefícios da terapia de nutrição enteral, tanto na prevenção da desnutrição

hospitalar e de complicações como na melhora da resposta do paciente crítico ao

tratamento instituído, fica evidente a importância da atenção a ser dispensada

pelos profissionais e de um estudo mais extensivo, em relação às intercorrências

que levam à não administração da nutrição enteral adequadamente no paciente

pediátrico grave.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1 – Características das fórmulas de nutrição enteral ofertadas aos pacientes internados na Unidade de Pacientes Graves, entre outubro e novembro de 2008, no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro.

Fórmulas enterais (N = 369)

Prescrito (N = 369)

(Média ± Ep)**

Administrado (N = 369)

(Média ± Ep)**

p-valor*

Volume (mL) 106,62 ± 52,18 97,74 ± 57,16 <0,0001

Densidade calórica (Kcal)

84,30 ± 39,70 77,49 ± 43,34 <0,0001

Proteína (g) 2,07 ± 1,13 1,90 ± 1,20 <0,0001

* p-valores associados ao teste T pareado;

** As médias foram calculadas por fórmula enteral.

Tabela 2 – Comparação entre o valor preconizado e a prescrição de nutrição enteral para os pacientes internados na Unidade de Pacientes Graves, entre outubro e novembro de 2008, no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro.

Preconizado Prescrito (Média ± Ep)

Idade (meses)

Dias de acompanhamento

Nº Fórmulas prescritas Calorias¹

(kcal/dia) Proteínas²

(g/dia) Calorias (kcal/dia)

Proteínas

(g/dia) 1 6 45 307,84 9,10 420,07 ± 162,42 7,72 ± 1,76

1 8 61 505,00 9,10 247,09 ± 102,32³ 6,60 ± 2,72³

4 3 24 226,80 9,10 405,36 ± 80,57 10,81 ± 2,15

7 1 6 468,00 11,00 184,41³ 4,94³

10 5 30 434,50 11,00 472,11 ± 54,40 12,04 ± 2,50

19 18 143 568,56 13,00 874,38 ± 69,52 19,48 ± 1,81

20 1 6 961,20 13,00 627,98³ 16,75

41 3 18 1224,00 13,00 575,77 ± 331,04³ 15,79 ± 9,08

103 3 18 1914,00 19,00 714,66 ± 154,72³ 22,86 ± 4,95

110 1 6 1702,40 34,00 536,00³ 17,15³

172 2 12 1807,00 52,00 1038,50³ 33,23³

¹ As necessidades calóricas preconizadas foram calculadas com base nas recomendações da FAO/OMS/UNU (2001), por kg de peso, de acordo com o sexo do paciente; ² As necessidades de proteínas foram obtidas com base no preconizado pela DRI (2002); ³ Valores considerados inferiores em relação ao preconizado: kcal < 70% e PTN < 80%.

Tabela 3 – Características dos pacientes usuários das fórmulas de nutrição enteral internados na Unidade de Pacientes Graves, entre outubro e novembro de 2008, no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro. Nº absoluto Percentual (%) Pacientes 11 100 Sexo Masculino 4 36 Feminino 7 64 Idade 1 – 2 anos 7 64 > 2 – 6 anos 1 9 > 6 – 10 anos 2 18 > 10 – 19 anos 1 9 Estado Nutricional Escore Z < -2 4 37 -2 < Escore Z < +2 6 54 Escore Z > +2 1 9 Diagnóstico na alta Doença do Aparelho Digestivo 2 18 Diabetes Mellitus 1 9 Doença Renal 1 9 Doença do Aparelho Respiratório 4 36 Sepse 1 9 Doença do Sistema Nervoso Central 2 18

Tabela 4 – Índices antropométricos dos pacientes internados na Unidade de Pacientes Graves, entre outubro e novembro de 2008, no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro.

Dados antropométricos Índices antropométricos*

Idade (meses) Peso (kg) Estatura (cm) P/E P/I E/I IMC/I IMC

1 2,96 50,00 -1,86 -4,34 -3,61 -3,75

1 5,00 56,00 -0,01 0,32 0,43 0,1

4 2,80 48,00 -1,06 -6,84 -8,04 -4,51

7 6,00 67,00 -2,85 -2,05 0,12 -2,92

10 5,50 73,00 -5,32 -3,79 0,43 -5,44

19 6,90 72,00 -3,37 -4,18 -3,95 -2,76

20 12,00 89,00 -0,37 0,92 2,25 -0,51

41 16,00 106,00 -0,74 0,52 1,76 0,84

103 30,00 124,00 19,5

110 28,00 132,50 15,9

172 32,50 149,00 14,6

*Todos os indicadores foram calculados através do software WHO Antho 2005, versão beta 2006.

Quadro 1 – Literatura sobre administração da terapia de nutrição enteral

Autor (ano) Paciente Enfermaria Prescrito x Preconizado (%)

Administrado x Prescrito (%)

Principal Intercorrência

Iglesias (2004) Criança UTI 60 85 Jejum para procedimentos

Poltronieri (2006) Adulto UTI 72 89 Problemas operacionais

Entel et al. (2003) Adulto UTI não avaliado 71 Complicações gastrintestinais

Adam e Batson (1997) Adulto UTI 87 76 Complicações gastrintestinais

Couto et al. (2002) Adulto UTI 71 53 Jejum para procedimentos

Schieferdecker (2005) Adulto enfermarias diversas 92 85 Complicações

gastrintestinais

Campos et al. (2006) Adulto sem protocolo UTI 79 82 não avaliado

Campos et al. (2006) Adulto com protocolo UTI 91 81 não avaliado

Brito (2002) Adulto UTI +

enfermarias cirúrgicas

84 65 Jejum para procedimentos

Campanella et al. (2008) Adulto enfermarias diversas 89 82 Problemas

operacionais

Dreyer et al. (2003) Adulto UTI não avaliado 78 Jejum para procedimentos

Figura 1 – Volume total de nutrição enteral

Volume total de NE

0 10 20 30 40 5

Prescrito

Administrado

Desprezado

0

Volume (litros)

Figura 2 – Intercorrências que levaram a interrupção da NE

Intercorrências

58%19%

11%

8% 4% ProcedimentoscirúrgicosProcedimentos clínicos

Jejum para exames

Problemas operacionais

Procedimento deenfermagem

Figura 3 – Comparação entre o valor calórico prescrito e o preconizado

Comparação entre o valor calórico prescrito e o preconizado

11

7

82%

47%

Valor calórico prescritox preconizadoNº Pacientes

Figura 4 – Comparação entre o valor protéico prescrito e o preconizado

Comparação entre o valor protéico prescrito e o preconizado

11

4

97%

58%

Valor protéico prescritox preconizadoNº Pacientes

CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES

6. Conclusões

Com base no estudo realizado, concluiu-se que:

- A prescrição dietética de calorias correspondeu, na média, a 82% do

preconizado para crianças e adolescentes para mesma idade e sexo.

- Houve uma diferença estatisticamente significante entre volume,

quantidade calórica e protéica prescritos e o efetivamente administrado.

- Os principais fatores que determinaram a interrupção da

administração da nutrição enteral foram: a realização de procedimentos

médicos e o jejum para exames.

- No início do acompanhamento, 36% dos pacientes apresentaram

déficit nutricional.

- Dos pacientes que usaram terapia de nutrição enteral, 36%

apresentaram, como principal diagnóstico, doenças respiratórias.

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