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M@tplus Funções a duas variáveis Página 1 de 21 O que é uma função? Até agora estudamos funções a uma variável, aplicando esse mesmo estudo a problemas da realidade, enquanto regras que transformam de forma única, um determinado valor de entrada num valor de saída. O valor mensal da prestação de um crédito por 25 anos é função do valor do crédito; O tempo que se demora numa viagem de 200km é função da velocidade a que se circula. Contudo, frequentemente, as funções representam um fenómeno dependente de várias grandezas. O valor mensal da prestação de um crédito é função do valor do crédito e do número de anos de contrato; O tempo que se demora numa viagem é função da velocidade a que se circula e da distância que se percorre. Relembrando… Função real de variável real Entendemos por função real a uma variável real uma correspondência unívoca, entre dois conjuntos ܣe ܤ, que a cada elemento de ܣ(denominado objecto), faz corresponder um e um só elemento de ܤ(imagem). Os conjuntos ܣe ܤsão subconjuntos de Թ. Em linguagem matemática, temos : ܣ՜ ܤ, em que para cada ܣאݔexiste um e um ܤאݕtal que ݔሻൌ ݕ. Representamos : ܣ՜ ܤ ݔ՜ ሺݔA ܣchamamos o domínio da função ,ea ܤo conjunto de chegada, sendo ܣe ܤsubconjuntos de Թ. ܣ ܤFunções reais a duas variáveis reais Parte I

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

Página 1 de 21  

 O que é uma função? 

Até  agora  estudamos  funções  a  uma  variável,  aplicando  esse  mesmo  estudo  a problemas da realidade, enquanto regras que transformam de forma única, um determinado valor de entrada num valor de saída.  

O valor mensal da prestação de um crédito por 25 anos é função do valor do crédito; 

O  tempo que  se demora numa  viagem de 200km  é  função da  velocidade  a que  se circula. 

Contudo,  frequentemente,  as  funções  representam  um  fenómeno  dependente  de várias grandezas. 

O valor mensal da prestação de um crédito é função do valor do crédito e do número de anos de contrato; 

O  tempo que se demora numa viagem é  função da velocidade a que se circula e da distância que se percorre. 

Relembrando… 

Função real de variável real 

Entendemos por função real a uma variável real uma correspondência unívoca, entre dois conjuntos   e  , que a cada elemento de   (denominado objecto), faz corresponder um e um só elemento de   (imagem). Os conjuntos   e   são subconjuntos de  . 

 

Em linguagem matemática, temos  : , em que para cada   existe um e um só   tal que  . Representamos 

:                      

A   chamamos o domínio da função   , e a   o conjunto de chegada, sendo   e   subconjuntos de  . 

 

Funções reais a duas variáveis reais

Parte I

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

Página 2 de 21  

  Vejamos um exemplo aplicado. 

Numa determinada empresa o  lucro anual  , em milhares de euros, é dependente do custo do trabalho realizado  , em milhares de euros, segundo a função  20 √5 . 

  

Se desejarmos determinar o  lucro que esta empresa obteve no último ano, sabendo que o trabalho custou 5 milhares de euros devemos: 

1. Tomar  5; 2. Calcular  5 20 √5 5 15. 

 Temos então que a empresa, no último ano, teve um lucro de 15 milhares de euros.    

 Estamos perante uma função real a uma variável real, ou seja, cada objecto   (variável 

independente)  é  representado  por  um  número  real,  e  cada  imagem    (variável dependente) é também um número real.  

O gráfico de uma  função  real a uma  variável  real é um  conjunto de pontos do  tipo ,  no plano, em que   representa o objecto, e   a respectiva imagem. 

 

  

 Até  agora  foram  estudadas  apenas  funções  reais  a  uma  variável  real    sendo,  portanto,  o domínio  um  subconjunto  de    .  Passaremos  a  estudar  funções  reais  a  duas  variáveis  reais , , sendo, por isso, o domínio um subconjunto de  . No caso de funções reais a 

três variáveis reais, o domínio será um subconjunto de  , a quatro variáveis o domínio será um subconjunto de  , e assim sucessivamente. 

 

Neste guião, sempre que possível, faremos uma analogia entre funções a uma e a duas variáveis. 

NOTA:        

Qualquer  variável,  pertencente  a   ,    (ou  em  geral  a      ,    ),  é  representada usualmente por letras minúsculas quaisquer. 

Recorde:    

Um conjunto de pontos no plano representa o gráfico de uma  função se qualquer recta vertical o  intersecta, no máximo, num ponto. Isto porque, numa função, a cada objecto corresponde uma e uma só imagem. 

15

Fig.1 

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

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16 

5

17

Funções reais a duas variáveis reais

 

Retomando o problema anterior, verificamos que o lucro anual da mesma empresa não é  dependente  apenas  do  custo  do  trabalho  ,  mas  também  do  capital  y  da  mesma, considerado também em milhares de euros. Seja  , 20 √5  a função que nos dá  o  lucro  anual  da  empresa.  Estamos  perante  uma  situação  em  que  o  nosso  objecto  é composto  por  um  par  de  variáveis  , ,  que  representam,  respectivamente,  o  custo  do trabalho e o capital, do qual resultará o lucro anual  , . 

  

Se  desejarmos  determinar  o  lucro  que  esta empresa obteve no último ano, sabendo que o  trabalho custou 5 milhares de euros, e que o seu capital é de 16 milhares de euros, devemos: 

1. Tomar  5  e  tomar  16,  ou  seja, , 5,16 ; 

2. Calcular  5,16 20 √5 5√16 17; 

 Temos então que a empresa, no último ano, teve um lucro de 17 milhares de euros.    

Estamos então perante uma função real a duas variáveis reais, ou seja, cada objecto ,   (par  de  variáveis  independentes)  é  representado  por  um  par  ordenado  de  números 

reais, e cada imagem  ,  (variável dependente) é um número real. 

Função real a duas variáveis reais    Uma função real   a duas variáveis   e  , reais, é uma correspondência unívoca que associa a cada par ordenado  , , um único número real  , .   Representamos     :      

                          , ,   O domínio,  , é um subconjunto de    e o conjunto de chegada é  .       

 

Fig.2

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

Página 4 de 21  

  

I. Domínio e gráfico de uma função real a duas variáveis reais  

Como calcular o domínio de uma função a duas variáveis   

O domínio de uma  função  real a duas variáveis  reais é determinado pelas mesmas restrições que o domínio de uma  função a uma variável. É  claro que este domínio  será um subconjunto de  ,  ao passo que o domínio de uma  função  real  a uma  variável  real é um subconjunto de  .     O gráfico de uma função real a duas variáveis reais  , é um conjunto de pontos do tipo  , ,  no espaço, em que   e   representam o objecto e  ,  a respectiva imagem.  

   

Representemos graficamente o domínio e a própria função, para cada uma das funções do exemplo dado: 

  Função real a uma variável real  

20 √5   Calculando o seu domínio, temos que  

: 5 0 . Ou seja, 

: 0 .  

 Função real a duas variáveis reais  

, 20 √5   Calculando o seu domínio, temos que  

, : 5 0 0 . Ou seja, 

, : 0 0 .  

 

Atenção:    

Um conjunto de pontos no espaço não é sempre gráfico de uma função. Para  que  seja  gráfico  de  uma  função  é  necessário  que,  qualquer  recta perpendicular  ao  plano    intersecte‐o,  no máximo,  num  ponto.  Isto porque,  numa  função,  a  cada  objecto  (neste  caso  par  ordenado  , ) corresponde uma e uma só imagem (cota  ). 

Repare que:           

Função a uma variável

Objecto → número real 

Imagem → número real 

Função a duas variáveis 

Objecto → Par ordenado de números reais 

Imagem → número real 

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

Página 5 de 21  

 Representação gráfica do domínio    

     Representação gráfica da função   

   

Função 2D

 Representação gráfica do domínio            Representação gráfica da função   

   

Função 3D

   Exercícios: 

  Na resolução dos exercícios deste guião pode recorrer aos softwares matemáticos Winplot, WinFunc e Nucalc. Pode fazer o download de alguns destes softwares na página http://elearning.ipvc.pt/estg2007/. 

 1. Represente, graficamente, as seguintes funções: 

2 ,   , 2 ,   , 3 ,   √2  e  , 2 . 

 

Que conclusões?   

Quais destas funções se representam no plano, ou seja, a duas dimensões, e quais delas se representam no espaço, ou seja, a três dimensões? 

Como poderemos  fazer a distinção? 

   0  o 

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

Página 6 de 21  

Nota:   

Se visualizar o gráfico de uma função real a duas variáveis reais “de cima”, consegue notar o domínio da função, uma vez que este é a projecção do gráfico no plano  . 

Recorde:   

Que lugares geométricos representam, por exemplo, as equações  

4 0    4 0   9 0? 

Se não os consegue identificar, recorra aos anexos!!! 

2. Considere a função real de variável real  ln 3 .  

a. Represente graficamente a função  . b. Determine, se possível,  4 ,  10  e  2 . c. Represente geometricamente o domínio da função. 

  

3. Considere agora a função real de variáveis reais  , definida por 

, . 

a. Represente graficamente, com a ajuda de um software adequado, a função  . 

b. Determine, se possível,  4,2 ,  0,1  e  1,0 . c. Dê exemplo de dois pontos que não pertençam ao domínio. d. Represente geometricamente o domínio da função. 

 

  

4. Considere as seguintes funções reais de variáveis reais.   

, 3 4; , ; 

, ; 

, 4 ; 

, 4; , ln 2 3 4; 

, 2 ; 

, .  

a. Calcule, para cada uma das funções, se possível, a imagem dos pares  2,2 , 1,2 ,  1,0  e  0,0 .  

b. Calcule e represente graficamente o domínio de cada uma das funções.   

5. O valor futuro   de um  investimento que rende 2,5% capitalizados continuamente, é uma  função  dependente  do  investimento  inicial    (em  euros)  e  do  tempo   que  se 

mantém o investimento (em semestres), e é definida por  , , . 

Que conclusões?   

Depois de resolver os primeiros exercícios, conclua sobre o que se deve ter em conta no cálculo do domínio de uma função. 

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

Página 7 de 21  

 a. Determine  1000,1  e  1000, 2  e interprete a sua resposta, no contexto 

do problema.  

b.  Qual o domínio da função acima descrita se não se considerar o contexto do problema? E se se considerar?   

6. Os alpinistas Alfa, Beta e Delta encontram‐se numa montanha cuja superfície pode ser 

aproximada pela função  , , onde   e   são as coordenadas oeste‐

este e sul‐norte no mapa e   é a altura acima do nível do mar (em km). Relativamente 

às coordenadas   e  , os alpinistas  localizam‐se nos pontos  1,2 ,  1 ,2√2  e  4,6 , respectivamente.  

a. A que altura se encontram os alpinistas Alfa, Beta e Delta?  

b. Dê um exemplo de coordenadas da posição de um alpinista, de modo a que a sua altura, acima do nível do mar, seja de 1400 m. 

 c. As coordenadas de posição obtidas na alínea anterior são únicas? 

      

 

Até agora… 

• Calcular o domínio de uma função a duas variáveis  

• Calcular a imagem   de um dado objecto  ,  

• Como calcular, dada uma imagem, os objectos aos quais esta corresponde  

 

   

Sugestão:

Fixe uma das coordenadas, por exemplo a coordenada oeste‐este, igual a 3. 

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

Página 8 de 21  

  Será que o lucro da empresa é de 10 milhares de euros apenas para um valor de custo de trabalho e um valor de capital, ou seja, para um 

único par  , ? 

II. Curvas de nível Na grande maioria dos casos não é fácil representar e interpretar o gráfico de uma função real a duas variáveis reais; portanto recorremos à representação das curvas de nível, que a seguir definimos. 

Curvas de Nível 

A curva de nível de uma função real a duas variáveis reais  , de nível  , é o conjunto de pares ordenados  ,  do domínio, que têm a mesma imagem  . 

 

Voltando  ao  nosso  exemplo inicial,  queremos  determinar  para  que  valores de  custo  de  trabalho    e  de  capital  , o  lucro anual é de 10 milhares de euros!!! 

  Se  calcularmos,  por  exemplo,  , 20 √5   para  os  pares  ordenados 

45,625  e  20,0 , temos que  45,625 10 e que  20,0 10, ou seja, a curva de nível associada ao nível 10 da função   contém estes pontos.  

 

 

 

Estão representados acima o gráfico da função  , e duas formas de representação das curvas de nível de  . Cada uma das linhas é um lugar geométrico que contém pontos que, por , têm a mesma  imagem. No terceiro gráfico  interpretamos ainda qual o nível de cada  linha, 

utilizando  a  graduação  de  cor,  sendo  a  cor mais  clara  utilizada  para  níveis mais  elevados (maiores imagens). 

Fig.3 

Fig.4 Fig.5

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

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-2-1

01

2

-2-1

0

12

-4

-2

0

2

4

eixo

Z

eixo Xeixo Y

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Vejamos um outro exemplo. 

Consideremos  a  função  real  a  duas  variáveis  reais  , 4.  O domínio desta função é o conjunto  . Na figura 6 podemos ver o gráfico de  . 

 

  Queremos as soluções da equação  , 3, ou seja, determinar quais os objectos ,   cuja  imagem  é  três.  Geometricamente,  comecemos  por  identificar  a  intersecção  do 

gráfico de   com o plano de equação  3, como se  ilustra na figura 7. Na figura 8 temos a intersecção com o plano  1. 

 

 

 

 

 

 

Assim, as curvas de nível são projecções, do resultado de cada  intersecção no plano, como se mostra na figura 10. 

 

 

-2 -1 0 1 2-2

02

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

eixo X

z=-x2-y2+4

eixo Y

eixo

Z

-2-1

01

2

-2-1

0

12

-4

-2

0

2

4

eixo

Z

eixo Xeixo Y

0 5 10 15 20 25

010

2030

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

eixo Xeixo Y

eixo

Z

Fig.6

Fig.7Fig.8

Fig.10Fig.9

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M@tp 

 

Exer

1.

2.

3.

4.

Im

Que

plus 

rcícios: 

. Considere

a. Cb. D

c. Qp

d. Dq

e. R 

. Considere

a. Db. Rc. F

 

. Dada  a  f

graficamea. ab. a

Pela obser

 

. Os meteoDestas  obassinaladamesma  pcorrespon

portante 

e semelhanças 

A cada um des

 

emos a funçã

Calcule o domDetermine o 

Que  lugar gepara as imageDetermine a que cada curv

Represente g

e a função re

Determine e Represente gFaça um esbo

função  real

nte: a função; as curvas de n

rvação deste

orologistas mbservações,  eas as curvas pressão  atmnde a um pon

   

nota entre a re

sses lugares geom

Que con

 

ão real a dua

mínio da funçconjunto de

eométrico reens 0 e 2? curva de níva represent

graficamente

al a duas var

represente ggraficamenteoço das curva

l  a  duas  v

nível da funç

es gráficos, in

medem  a  preeles  criam misobáricas  (osférica).  Qnto com pres

 

epresentação do

Será coincid

métricos chamam

nclusões pode tir

 

s variáveis re

ção  .  objectos qu

presenta o c

ível associadta. 

e a função   

riáveis reais 

graficamentee a função. as de nível d

variáveis  rea

ção. 

ndique o dom

essão  atmosmapas  de  clcurvas cujos

Que  ponto  assão máxima

 

o domínio da fu

dência????? 

mos curva de níve

ar acerca do cont

eais  ),( yxf

ue têm image

conjunto det

da ao nível k

e as respecti

yxhz = ),(

e o domínio 

da função. 

ais  (= xgz

mínio da fun

sférica  em mima  nos  quas pontos estassinalado  na? E mínima?

 

unção e das cur

el associada ao nív

tradomínio da fu

   Funç

22 += yx

em 0, imagem

 terminado n

k.  Indique o 

ivas curvas d

yxyx

+−

= . 

da função. 

ln(), = xyyx

ção. Verifiqu

milibares. ais  estão tão  sob a no  mapa ? 

rvas de nível? 

vel k, em que k é

nção?

ões a duas va

Página 10

42 − . 

m 2 e image

na alínea ant

lugar geom

de nível. 

)1−y ,  repre

ue calculando

 

é imagem dada. 

riáveis 

0 de 21 

m ‐2. 

terior, 

étrico 

 

esente 

o‐o. 

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M@tplus       Funções a duas variáveis    

Página 11 de 21  

5. Tente agora  resolver o exercício 6. b. da primeira parte do guião, encontrando agora não um exemplo, mas todas as soluções.  

6. Faça uma correspondência entre as seguintes figuras, de forma a ter o gráfico de uma função e as respectivas curvas de nível. 

1

1

ln 

ln 2 3 2 4

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y

III. Limites e continuidade

Limite [ELL] 

  Nas  funções  reais  a  uma  variável  real, calcular  o  limite  de  uma  função    num ponto  de  abcissa  ,  significa  estudar  o comportamento das imagens de elementos do domínio próximos de  .    A  facilidade  em  determinar  este  limite reside no  facto de, na recta real, existirem apenas  duas  formas  de  aproximação  da abcissa  ,  pela  sua  direita  ou  pela  sua esquerda.  Portanto  há,  no máximo,  duas aproximações a analisar.  

  

  

  

               

 Se  pelos  dois  caminhos  de  aproximação  à abcissa  , o  limite  for o mesmo valor  , dizemos que existe limite e que   

lim  

   

  Nas funções reais a duas variáveis reais, o limite é determinado pelo mesmo  raciocínio, ou  seja, calcular o limite de uma função   num ponto de coordenadas  , ,  significa  estudar  o comportamento  das  imagens  de  elementos  do domínio próximos de  , .   A diferença neste cálculo de limite está no facto de,  no  plano,  não  existirem  duas  formas, mas sim  infinitas  formas  de  aproximação  do  ponto de  coordenadas  , .  Portanto,  há  infinitas aproximações a analisar.  

           

  Se  por  todos  os  caminhos  possíveis  de aproximação  ao  ponto  , ,  contidos  no domínio,  o  limite  for  o  mesmo  valor  , dizemos que existe limite e que 

 lim

, ,,  

  

a

b

a  x

x

z

a

b

x

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Dizemos  que  não  existe  limite  de  uma função real a uma variável se: 

• por  caminhos  distintos  de aproximação  à  abcissa  ,  as respectivas imagens tenderem para valores diferentes 

OU • este for infinito por algum caminho 

de aproximação.   

Este  é  um  exemplo  em  que  não  existe limite, no ponto de abcissa 1. 

 Dizemos  que  não  existe  limite  de  uma  função real a duas variáveis num ponto  ,  se: 

 • por  caminhos distintos de  aproximação 

a  , ,  as  respectivas  imagens tenderem para valores diferentes; 

OU • este  for  infinito  por  algum  caminho  de 

aproximação.   Este é um exemplo em que não existe limite, no ponto de coordenadas  0,0 .   

  

 

 

IMPORTANTE 

Para mostrarmos  que  não  existe  limite,  basta  que,  pela  aproximação  a  ,   por  dois caminhos  distintos,  as  imagens  tendam  para  valores  distintos,  ou  que  um  limite,  por qualquer aproximação a  ,  seja infinito. 

Para mostrarmos que existe limite: 

• Substituimos na expressão da função  ,  por  ,  e se o resultado for um valor , este é o limite. 

o Se o resultado for uma indeterminação, apenas conseguiremos mostrar a existência do limite pela definição, que simbolicamente se expressa do seguinte modo. 

kyxfbayx

=→

),(lim),(),(

 

εδδε <−⇒<−+−<∈>∃>∀⇔ kyxfbyaxDyx f ),()()(0 e ),( :0 0 22 . 

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Exemplos: 

1. Consideremos  uma  outra  função  ,   , 

representada ao lado.   

Veremos  o  limite  da  função  no  ponto  (1,0). Intuitivamente, podemos dizer que  à medida que nos aproximamos  do  ponto  de  coordenadas  1,0 ,  por qualquer  caminho,  contido  no  domínio,  as  imagens aproximam‐se da imagem 1, ou seja, 

lim, ,

1 11

 

Veremos  o  limite  da  função  no  ponto  0,1 .  Podemos  dizer  que  à medida  que  nos aproximamos do ponto de coordenadas  0,1 , por qualquer caminho contido no semi‐plano 

0  ,  as  imagens  tendem  para  ∞.  No  entanto,  se  nos  aproximamos  por  um  caminho contido no semi‐plano  0, as imagens tendem para +∞. Neste caso, dizemos que não existe limite de   no ponto de coordenadas  0,1 . 

  Pela  representação das  curvas de nível da  função  ,  concluiríamos a  inexistência de limite nos pontos do tipo  0, ,  . 

 

 

 

 

2. Consideremos agora a função   definida por  , . O domínio da função 

 é o conjunto  0,0 . Como calcular o limite  lim , , , ? 

 Substituindo na função, chegamos a uma indeterminação, 

Fig.12 

Fig.11

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lim, ,

,10 0 0

2 0 3 000 

Representando graficamente a função, e as respectivas curvas de nível,  intuímos que não existirá tal limite. 

Como provar? 

 

   

Devemos  encontrar  dois  caminhos    e    do  domínio,  que  se  aproximem  do  ponto  de coordenadas  0,0 ,  tais que as  imagens desses pontos, por  ,  se aproximem de valores diferentes. Isso parece acontecer com as rectas bissectrizes do plano, logo, tomando 

:   e   : , e calculando os limites  

lim, ,

, lim, ,

, lim10

2 3 lim2 2 

 

lim, ,

, lim, ,

, lim10

2 3 lim 2 2 

Temos dois limites diferentes, o que basta para provar que a função não possui limite nesse ponto. 

 

   

Importante                 

Calcular e representar as curvas de nível de uma determinada função real a duas variáveis reais, torna‐se imprescindível para a compreensão do comportamento desta, que nos é difícil, por vezes, visualizar. 

Fig.13 Fig.14

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Exercícios: 

1. Calcule os seguintes limites.  

a. lim , ,    x y  

 

b. lim , ,  

  

c. lim , , 

 

 

d. lim , ,  

  

2. Calcule o limite, se existir. No caso de não existir limite, justifique.  

a. lim , ,  

 

b. lim , ,  

 

c. lim , ,  

  

d. lim , ,  

 

 

 

 

   

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NOTA :      

Nas funções reais a duas variáveis, são válidos todos  os  resultados  que  se  consideram  para funções  a  uma  variável,  relativamente  à continuidade, ou seja: 

• Qualquer  função  polinomial, racional ou  irracional é  contínua no seu domínio; 

• Qualquer  função  trigonométrica  é contínua no seu domínio; 

• Quaisquer  funções  exponenciais  ou logarítmicas  são  contínuas  no  seu domínio. 

E… 

A  soma  de  duas  funções  contínuas num dado ponto é contínua nesse ponto; 

O produto de duas funções contínuas num dado ponto é contínua nesse ponto; 

O  quociente  de  duas  funções  contínuas 

num  dado  ponto,  no  qual  a  função denominador não  se  anula, é  contínua nesse ponto; 

A composição de duas funções, f e g, é contínua  num  ponto  se  g  for  contínua  nesse ponto e f for contínua na imagem, por g, desse ponto. 

Continuidade 

Depois  de  explorarmos  a  noção  de  limite,  torna‐se  fácil  explorar  o  conceito  de continuidade de uma função real a duas variáveis. 

 Em  funções a uma variável, dizemos que uma função   é  contínua num ponto de abcissa   do seu domínio se se verificarem as seguintes condições:  

• lim ;  

• lim .  Uma função diz‐se contínua se for contínua em todos os elementos   do seu domínio. 

 

 Em  funções a duas variáveis, dizemos que uma  função    é  contínua  num  ponto  de coordenadas  ,  do  seu domínio  se  se verificarem as seguintes condições:  

• lim , , , ;  

• lim , , , , .  Uma função diz‐se contínua se for contínua em  todos  os  elementos  ,   do  seu domínio.  

 

 

 

 

 

 

Analisando  a  função  definida  por 

, 20 √5 ,  vemos  que  a 

função  é  a  soma  de  funções  polinomiais  e irracionais,  logo  concluimos  que  a  função  é contínua no seu domínio. 

 

 

 

 

 

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Exemplos: 

1. Consideremos a função real a duas variáveis reais  , definida por  

,     , 0,0

2         , 0,0. 

  

O domínio da função é  , em que os pontos do domínio  , 0,0  têm imagem definida por uma expressão e o ponto  , 0,0  tem imagem 2. 

 

 

 

 

 

 

 

A função é contínua para todos os pares de objectos  , \ 0,0 , pois   é 

uma função racional. 

Falta averiguar a continuidade para o par  0,0 . 

Calcula‐se  

I. lim , ,   0; 

 II. 0,0 2; 

 

Como lim , , , 0,0 , a função não é contínua no ponto  0,0 . 

 

 

Repare:                

Para que uma função seja contínua num ponto, é obrigatório que exista limite nesse ponto e que este, por sua vez, seja igual à imagem desse ponto. 

Se  no  cálculo  de  limite  se  determinar  que  este  não  existe,  conclui‐se  logo  que  a função não é contínua no ponto.

 

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4

4

‐4

4

4

‐4

2. Dada a função   definida por  , 16          160                               16

, temos que: 

o domínio da função é o conjunto 

  , : 16 , : 16 , :16  (ou seja, o interior, o exterior e a circunferência de centro  0,0  e de raio 4, que 

se  discrimina  pois  a  função  muda  de  expressão  nos  pontos  que  estão  sobre  esta circunferência);  

• a função é contínua para todos os pontos do conjunto  , : 16  por se obter  por  uma  expressão  polinomial  nesses pontos;       

• a  função  contínua  para  todos  os  pontos  do conjunto    , : 16   por  ser constante, igual a zero, nesses pontos;   

 

 

 

• falta mostrar a continuidade para os pontos do conjunto  , : 16 .     

 

Como a circunferência é constituída por uma infinidade de pontos, não poderemos mostrar um a um; no entanto sabemos que verificam a igualdade  16, logo, tomando  , , : 16 , temos que 

por caminhos interiores à circunferência,  

lim, ,

, lim, ,

16  

16 16 16 16 0, 

e por caminhos exteriores à circunferência, 

lim , , , lim , , 0 0. 

4

4

‐4

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Logo, também nos pontos da circunferência, a função  é contínua, ou seja, a função é contínua no seu 

domínio. 

 

 

 

3. Consideremos agora a função   definida por: 

, 16            161                                16

Neste caso, a função não é contínua sobre os pontos da circunferência de centro  0,0  e de raio 4, porque 

por caminhos interiores à circunferência,  

lim, ,

, lim, ,

16 16

16 16 16 0 

  por caminhos exteriores à circunferência, 

lim , , , lim , , 1 1 

  Exercícios: 

1. Considere as seguintes funções: 

,   ,     ,   , ln   

a. Determine o domínio e discuta a continuidade de cada uma delas.  

b. Determine o limite, se possível, das funções  ,   e   no ponto de coordenadas 0,0 . 

 

2. Discuta, recorrendo às representações gráficas das funções e respectivas curvas de nível, a continuidade de   e de  , dadas por: 

a. , ln  4 1         , 0,00                                    , 0,0         

 

, ln  4 1         , 0,01                                     , 0,0  

 

b. , 4 36      4 36 3                                 4 36 

    

 

, 4 36    4 36 0                              4 36 

 

Fig.15

Fig.16

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3. Verifique se as seguintes funções são contínuas na origem. 

a. ,  

 b. , ln 1  

 

c. ,                         2ln  2              2  

  

4. Seja   ,                      , 0,0

0                              , 0,0.  

 

a. Calcule o domínio de  .  

b. Determine o limite da função, na origem.  

c. Estude a continuidade de  .         

Bibliografia  [LH] Larson, R., Hostetler, R. e Edwards, B., Cálculo, Mc Graw Hill, 2006  [BHJ] Bortolossi, H .J., Cálculo Diferencial a Várias Variáveis, Edições Loyola, S. Paulo, 2002. 

[ELL] Lima, L. E.; Curso de Análise, Vol.1, Projecto Euclides, Nona Edição, 1999.