funções da linguagem

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  • Colgio Lcia Vasconcelos - Concursos Pblicos e Vestibulares Fone: (62) 3093-1415

    FUNES DA LINGUAGEM 1 Acesse os materiais extras no site: www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

    FUNES DA LINGUAGEM 01 - (PUC SP) Vidas Secas, apesar da objetividade de lingua-gem e secura de estilo, reveste-se, com frequncia, de fina poesia e revela sensvel lirismo. Assim, indique, dos trechos abaixo, o que apresenta a funo dominantemente potica, como resultado do processo de seleo e de combinao das palavras e gerador de efeito esttico. a) Fabiano, meu filho, tem coragem. Tem vergonha, Fabi-ano. Mata o soldado amarelo. Os soldados amarelos so uns des-graados que precisam morrer. Mata o soldado amarelo e os que mandam nele. b) As contas do patro eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patro queria engan-lo. Enganava. Que remdio? c) Como era que sinh Vitria tinha dito? A frase dela tor-nou ao esprito de Fabiano e logo a significao apareceu. As ar-ribaes bebiam a gua. Bem. O gado curtia sede e morria. Mui-to bem. As arribaes matavam o gado. Estava certo. Matutando, a gente via que era assim, mas sinh Vitria largava tiradas em-baraosas. Agora Fabiano percebia o que ela queria dizer. d) De repente, um risco no cu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar des-truio. Ele j andava meio desconfiado vendo as fontes mingua-rem. E olhava com desgosto a brancura das manhs e a verme-lhido sinistra das tardes. e) Os trs pares de alpercatas batiam na lama rachada, seca e branca por cima, preta e mole por baixo. A lama da beira do ri-o, calada pelas alpercatas, balanava. 02 - (UNIFOR CE)

    No quadrinho acima, observamos um problema de comunicao entre os personagens. Assinale a alternativa que apresenta o ele-mento da comunicao que levou a esse problema. a) Canal. b) Cdigo. c) Referente. d) Mensagem. e) Emissor. 03 - (ENEM) A biosfera, que rene todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e at um lago. Um ecossistema tem mltiplos mecanismos que regulam o nmero de organismos dentro dele, controlando sua reproduo, crescimento e migraes.

    DUARTE, M. O guia dos curiosos. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. Predomina no texto a funo da linguagem

    a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em re-lao ecologia. b) ftica, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicao. c) potica, porque o texto chama a ateno para os recur-sos de linguagem. d) conativa, porque o texto procura orientar comportamen-tos do leitor. e) referencial, porque o texto trata de noes e informa-es conceituais. 04 - (UFOP MG) A metalinguagem est presente nestes ver-sos de A Educao pela Pedra, de Joo Cabral de Melo Neto, exceto em: a) Certo poema imaginou que a daria a ver

    (sua pessoa, fora da dana) com o fogo. Porm o fogo, prisioneiro da fogueira, tem de esgotar o incndio, o fogo todo; e o dela, ela o apaga (se e quando quer) ou o mete vivo no corpo: ento, ao dobro.

    (MELO NETO, J. C. de. Dois P.S. a um poema. In: A educao pela pedra. Rio de

    Janeiro: Alfaguara, 2008, p. 218) b) Catar feijo se limita com escrever:

    jogam-se os gros na gua do alguidar e as palavras na da folha de papel; e depois joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiar no papel, gua congelada, por chumbo seu verbo: pois, para catar esse feijo, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

    (MELO NETO, J. C. de. Catar feijo. In: A educao pela pedra. Rio de Janeiro:

    Alfaguara, 2008, p. 222) c) Durante as secas do Serto, o urubu,

    de urubu livre, passa a funcionrio. O urubu no retira, pois prevendo cedo que lhe mobilizaro a tcnica e o tacto, cala os servios prestados e diplomas, que o enquadrariam num melhor salrio, e vai acolitar os empreiteiros da seca, veterano, mas ainda com zelos de novato: aviando com eutansia o morto incerto, ele, que no civil quer o morto claro.

    (MELO NETO, J. C. de. O urubu mobilizado. In: A educao pela pedra. Rio

    de Janeiro: Alfaguara, 2008, p. 209) d) Quando um rio corta, corta-se de vez

    o discurso-rio de gua que ele fazia; cortado, a gua se quebra em pedaos, em poos de gua, em gua paraltica. Em situao de poo, a gua equivale a uma palavra em situao dicionria: isolada, estanque no poo dela mesma; e porque assim estanque, estancada; e mais: porque assim estancada, muda, e muda porque com nenhuma comunica, porque cortou-se a sintaxe desse rio, o fio de gua por que ele discorria.

    (MELO NETO, J. C. de. Rios sem discurso. In: A educao pela pedra. Rio de

    Janeiro: Alfaguara, 2008, p. 229-230) 05 - (ESPM SP) Leia: Sim, mas no esquecer que para escrever no-importa-o-qu o meu material bsico a palavra. Assim que esta histria ser

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    feita de palavras que se agrupam em frases e destas se evola um sentido secreto que ultrapassa palavras e frases.

    (Clarice Lispector) Nesse trecho o texto se volta para o prprio texto, incluindo-se a o questionamento sobre a criao literria, por isso pode-se afir-mar que est presente a funo da linguagem: a) emotiva b) conativa c) ftica d) referencial e) metalingstica 06 - (UEMG) A utilizao da funo metalingstica da lin-guagem um recurso comum s obras Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna e Meus poemas preferidos, de Manuel Bandei-ra, sabendo-se que tal recurso ocorre dentro dos respectivos g-neros literrios. Marque, a seguir, a alternativa cujo fragmento textual NO comprova a afirmao acima: a) O comentrio musical da paisagem s podia ser o sus-surro sinfnico da vida civil. No entanto o que ouo neste momento um silvo agudo sagim : (...) b) PALHAO preciso mudar o cenrio, para a cena do julgamento de vocs. Tragam o trono de Nosso Senhor! Agora a igreja vai servir de entrada para o cu e para o purgatrio.(...) c) Estou farto do lirismo que pra e vai averiguar no di-cionrio [ o cunho vernculo de um vocbulo Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais (...) d) Vede como primo Em comer hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. 07 - (ENEM Simulado) Sentimental 1 Ponho-me a escrever teu nome Com letras de macarro. No prato, a sopa esfria, cheia de escamas 4 e debruados na mesa todos contemplam esse romntico trabalho. Desgraadamente falta uma letra, 7 uma letra somente para acabar teu nome! Est sonhando? Olhe que a sopa esfria! 10 Eu estava sonhando... E h em todas as conscincias este cartaz amarelo: Neste pas proibido sonhar.

    ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995. Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predomi-nncia das funes da linguagem no texto de Drummond, pode-se afirmar que a) por meio dos versos Ponho-me a escrever teu nome (v. 1) e esse romntico trabalho (v. 5), o poeta faz referncias ao seu prprio ofcio: o gesto de escrever poemas lricos. b) a linguagem essencialmente potica que constitui os versos No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruados na mesa todos contemplam (v. 3 e 4) confere ao poema uma

    atmosfera irreal e impede o leitor de reconhecer no texto dados constitutivos de uma cena realista. c) na primeira estrofe, o poeta constri uma linguagem centrada na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele deixa de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente. d) em Eu estava sonhando... (v. 10), o poeta demonstra que est mais preocupado em responder pergunta feita anteri-ormente e, assim, dar continuidade ao dilogo com seus interlo-cutores do que em expressar algo sobre si mesmo. e) no verso Neste pas proibido sonhar. (v. 12), o poeta abandona a linguagem potica para fazer uso da funo referen-cial, informando sobre o contedo do cartaz amarelo (v. 11) presente no local. 08 - (ENEM Simulado) Em uma famosa discusso entre pro-fissionais das cincias biolgicas, em 1959, C. P. Snow lanou uma frase definitiva: No sei como era a vida antes do cloro-frmio. De modo parecido, hoje podemos dizer que no sabe-mos como era a vida antes do computador. Hoje no mais pos-svel visualizar um bilogo em atividade com apenas um mi-croscpio diante de si; todos trabalham com o auxlio de compu-tadores. Lembramo-nos, obviamente, como era a vida sem com-putador pessoal. Mas no sabemos como ela seria se ele no ti-vesse sido inventado.

    PIZA, D. Como era a vida antes do computador? OceanAir em Revista, n- 1, 2007 (adaptado).

    Neste texto, a funo da linguagem predominante a) emotiva, porque o texto escrito em primeira pessoa do plural. b) referencial, porque o texto trata das cincias biolgicas, em que elementos como o clorofrmio e o computador impulsi-onaram o fazer cientfico. c) metalingustica, porque h uma analogia entre dois mundos distintos: o das cincias biolgicas e o da tecnologia. d) potica, porque o autor do texto tenta convencer seu lei-tor de que o clorofrmio to importante para as cincias mdi-cas quanto o computador para as exatas. e) apelativa, porque, mesmo sem ser uma propaganda, o redator est tentando convencer o leitor de que impossvel tra-balhar sem computador, atualmente. 09 - (UFLA MG) No livro Nove Noites, de Bernardo Carva-lho, observa-se uma forma peculiar da escrita, denunciada pelos recursos estilsticos empregados, em que a funo emotiva da linguagem mistura-se funo referencial, pois a) busca mobilizar a ateno do receptor, produzindo um apelo, o que revela uma realidade nem sempre compreendida pe-lo leitor. b) tem em vista produzir um efeito esttico, mediante des-vios da norma e de inovaes da linguagem. c) junta habilmente realidade e fico combinao de memria e imaginao. d) visa explorao do discurso, j que vrios mistrios so interligados, com o objetivo de descrever os altos e baixos da integrao cultural. 10 - (UEMS) As funes de linguagem que predominam nos perodos abaixo so, respectivamente: No interrompa o tratamento sem o conhecimento de seu mdi-co. Seu mdico sabe o momento ideal para suspender o tratamento. a) referencial e potica b) metalingstica e referencial c) emotiva e ftica d) conativa e referencial e) referencial e conativa

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    11 - (UEPB) A professora do Boco est corrigindo o dever de casa. A, balana a cabea, olha para o Boco e diz: No sei como uma pessoa s, consegue cometer tantos erros. E o Boco explica: No foi uma pessoa s, professora. Papai me ajudou.

    (ZIRALDO, Alves Pinto. Rolando de rir. O livro das gargalhadas do Menino Maluquinho. So Paulo: Melhoramentos, 2001. p. 20)

    Em relao ao texto acima, pode-se concluir que I. h predominncia da funo metalingstica. II. as falas dos interlocutores se sucedem sem a presena do narrador. III. a comicidade do texto se d em razo da interpretao literal de Boco. Analise as proposies e marque a alternativa conveniente. a) Apenas II e III esto corretas. b) Apenas I e II esto corretas. c) Apenas I e III esto corretas. d) Apenas III est correta. e) I, II e III esto corretas. 12 - (UFRRJ) Texto IV Procura da Poesia (fragmento) [...] Penetra surdamente no reino das palavras. L esto os poemas que esperam ser escritos. Esto paralisados, mas no h desespero, h calma e frescura na superfcie intata. Ei-los ss e mudos, em estado de dicionrio. Convive com teus poemas, antes de escrev-los. Tem pacincia, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silncio. [...]

    (ANDRADE, Carlos Drummond de. Nova reunio: 19 livros de poesia. 2. ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1985.)

    Nesse fragmento, Drummond d nfase a que componente da comunicao: emissor, receptor, mensagem, cdigo, canal ou re-ferente? Considerando o elemento em destaque, informe qual das seis funes da linguagem predomina no texto? 13 - (UFGD MS) Leia o poema de Mrio Quintana e responda questo O poema Um poema como um gole dgua bebido no escuro. Como um pobre animal palpitando ferido. Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna. Um poema sejm outra angstia que a sua misteriosa condio de poema. Triste. Solitrio. nico. Ferido de mortal beleza. curioso que o texto tem por ttulo O poema, revelando a pre-sena de um das funes da linguagem predominante na inten-o do poeta, a saber:

    a) funo emotiva; b) funo referencial; c) funo metalingustica; d) funo ftica; e) funo conativa. 14 - (UFG GO) Uma propaganda a respeito das facilidades o-ferecidas por um estabelecimento bancrio traz a seguinte reco-mendao: Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas no se esquea: vrgulas signi-ficam pausas.

    VEJA. n. 1918. So Paulo, 17 ago. 2005, p. 17. Nesse texto, observa-se um exerccio de natureza metalingsti-ca. Explique como esse recurso auxilia a construo do sentido pretendido para persuadir o leitor. 15 - (UCS RS) Leia O poema, de Mrio Quintana Um poema como um gole dgua bebido no escuro. Como um pobre animal palpitando ferido. Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna. Um poema sem outra angstia que a sua misteriosa condio de poema. Triste. Solitrio. nico. Ferido de mortal beleza.

    (QUINTANA, Mrio. 80 anos de poesia. So Paulo: Globo, 2003, p. 84.) Em relao ao poema transcrito, correto afirmar que a) o sujeito potico descreve sua angstia diante da impos-sibilidade de escrever um poema. b) foi construdo a partir de imagens as quais, gradativa-mente, indicam um processo de autoconscincia do eu-lrico. c) se evidencia o conflito do eu-lrico, atravs do emprego de imagens caricaturais. d) o eu-lrico define poema, pela comparao e pelo uso de uma linguagem simblica. e) tem um tom irnico, o qual resulta numa crtica a de-terminado modo de escrever. 16 - (UFMS) Assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01. A predominncia de verbos no presente do indicativo mostra um locutor engajado, que se compromete com aquilo que enuncia. 02. O uso de voc para se dirigir ao cliente uma estrat-gia utilizada pelo banco para indicar proximidade, intimidade. 04. Apesar de se tratar de um dilogo, o Sudameris aparece como 3a pessoa (ele) e no como 1a (eu), como seria de esperar. 08. O ns, que aparece no final do anncio, refere-se tan-to ao locutor (equipe de profissionais do banco) quanto ao inter-locutor (cliente). 16. O uso do imperativo (sinta-se, ligue) confere ao texto um tom de obrigatoriedade que destoa da linguagem se-dutora, prpria de anncios publicitrios. 17 - (UNAERP SP) Assinale a opo cuja funo de lingua-gem no est corretamente analisada. a) "O poema que segue o mais popular de Alphonsus de Guimares. O texto situa-se na parte de sua obra que se inclina a buscar algumas sugestes de forma e contedo na tradio poti-ca medieval." (potica) b) "Anda em mim, soturnamente, Uma tristeza ociosa,

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    Sem objetivo, latente, Vaga, indecisa, medrosa" (emotiva) c) "No ande com o celular pendurado na cala. Fica feio, guarde-o na mochila. D pra escut-lo do mesmo jeito." (conati-va) d) "Ah! Jamais ter necessidade de pronunciar essa interjei-o" (metalingstica) e) "Neandertais comiam neandertais." As referncias so fortes. Os nossos primos neandertais extintos h uns 30.000 a-nos, comiam seus semelhantes. (referencial) 18 - (UNIMES SP) A americana no entendia. 'Pois sim' que-ria dizer no e 'Pois no' queria dizer sim? Tentaram lhe expli-car. 'Pois sim' tinha o sentido de 'imagine se algum diria sim pa-ra isso', e 'pois no' o sentido contrrio. Ento o que queria dizer a palavra 'pois'? Era complicado. E a americana ficou ainda mais impaciente quando, em vez de lhe darem uma resposta, disseram 'Pois ... ' At que tambm perderam a pacincia com a america-na e algum sugeriu: 'Perguntem a ela sobre a guerra no Iraque.'

    Lus Fernando Verssimo. O Estado de S.Paulo. 14/08/2005, p. D14. Nos trechos em que se tenta explicar para a americana os senti-dos de construes tpicas da lngua portuguesa, predomina a funo a) referencial da linguagem. b) conativa da linguagem. c) ftica da linguagem. d) metalingstica da linguagem. e) emotiva da linguagem. 19 - (PUC MG) Leia atentamente o poema a seguir. XIII Estou atravessando um perodo de rvore. O cho tem gula de meu olho por motivo que [meu olho tem escrias de rvore. (...) O cho deseja meu olho por motivo que meu olho [possui um coisrio de nadeiras O cho tem gula de meu olho pelo mesmo motivo [que ele tem gula por pregos por latas por folhas A gula do cho vai comer meu olho. No meu morrer tem uma dor de rvore. Sobre ele, INCORRETO afirmar que: a) privilegia as coisa nfimas, os restos, o lixo como ima-gens recorrentes. b) utiliza a repetio como recurso construtivo. c) faz uso de metalinguagem e intertextualidade. d) afirma a identificao do sujeito potico com as coisas. 20 - (UFAL) Graciliano Ramos, em So Bernardo, fala vrias vezes, por meio da personagem Paulo Honrio, sobre a arte de escrever romance _ o que se pode observar na seguinte passa-gem: _ V para o inferno, Gondim. Est pernstico, est safado, est idiota. H l ningum que fala dessa forma. (...) Foi assim que sempre se fez. A literatura a literatura, Seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negcios, naturalmente, mas arranjar palavras com tinta outra coisa. Se eu fosse escre-ver como falo, ningum me lia. Identifique a funo predominante da linguagem exemplificada no texto. Justifique sua resposta.

    21 - (UFAL)

    a) Explique os recursos persuasivos da mensagem publici-tria acima, identificando a funo predominante da linguagem. b) Ocorre no cartaz um caso de desrespeito norma culta da lngua. I. Identifique-o. II. Reescreva o texto, de acordo com essa norma. 22 - (MACK SP) I Como so belos os dias Do despontar da existncia! Respira a alma inocncia Como perfumes a flor; O mundo um sonho dourado, A vida um hino damor! Casimiro de Abreu II Lembramo-nos (...), com saudade hipcrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, no nos houvesse perseguido outrora e no viesse de muito lon-ge a enfiada de decepes que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade a mesma em todas as datas. Raul Pompia Com relao ao texto I, correto afirmar que: a) a mtrica regular, as rimas alternadas e a temtica buc-lica so traos tpicos do lirismo setecentista do autor. b) o tom exclamativo, associado ao tema do mito do pri-meiro amor, comprova seu estilo parnasiano. c) o predomnio de oraes subordinadas na recriao da infncia perdida revela que o texto renascentista.

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    d) o tom irreverente dos dois primeiros versos e a lingua-gem formal comprovam seu estilo modernista. e) a idealizao do passado e a linguagem emotiva so n-dices do estilo romntico. 23 - (PUC SP) Observe a seguinte afirmao feita pelo autor: Em nossa civilizao apressada, o bom dia, o boa tarde j no funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto ser-vindo, fala-se do tempo ou de futebol. Ela faz referncia fun-o da linguagem cuja meta quebrar o gelo. Indique a alternativa que explicita essa funo. a) Funo emotiva b) Funo referencial c) Funo ftica d) Funo conativa e) Funo potica 24 - (PUC MG) Todas as afirmaes, sobre o enredo do ro-mance Jorge, um brasileiro, esto corretas, EXCETO: a) As idas de Jorge casa de D. Olga ocorrem quando da construo da estrada Braslia-Acre. b) O conserto dos caminhes concreteiros, trabalho reali-zado a duras penas por Jorge, ocorre depois que seu patro, o Sr. Mrio, se desfaz da oficina de Volkswagen. c) O encontro com dona Helena ocorre depois que Jorge volta da viagem a Caratinga. d) Logo no incio da viagem de retorno para Belo Hori-zonte, Jorge enfrenta um contratempo: a carreta que era dirigida por ele atropela um homem. e) Na viagem de ida para Caratinga, o nibus em que Jor-ge estava choca- se com um caminho-tanque, e Jorge d teste-munho favorvel ao caminhoneiro na delegacia local. 25 - (ITA SP) Assinale a opo que apresenta a funo da lin-guagem predominante nos fragmentos abaixo: ( I ) Mana Rosa quase que aceitava, de uma vez, para resolver a situao, tal o embarao em que se achavam. Estiveram um momento calados. Gosta de versos? Gosto... Ah! Pousou os olhos numa oleografia. brinde de farmcia? . Bonita... Acha? Acho... Boa reproduo...

    (Orgenes Lessa, O feijo e o sonho) (II) Sentavam-se no que de graa: banco de praa pblica. E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Pa-ra a grande glria de Deus. Ele: - Pois . Ela: - Pois o qu? Ele: - Eu s disse pois ! Ela: - Mas pois o qu? Ele: - melhor mudar de conversa porque voc no me en-tende. Ela: - Entender o qu? Ele: - Santa Virgem, Macaba, vamos mudar de assunto j.

    (Clarice Lispector, A hora da estrela)

    a) Potica. b) Ftica. c) Referencial. d) Emotiva. e) Conativa. 26 - (UNIRIO RJ) INTERROGAES 1 "Certa vez estranhei a ausncia de espelhos nos sonhos. 2 Talvez porque neles no nos podemos ver, como no ve-lho conto do homem que perdeu a sombra. 3 Pelo contrrio, seremos to ns mesmos a ponto de dis-pensar o testemunho dos reflexos? 4 Ou ser to outra a nossa verdadeira imagem - e aqui comea um arrepio de medo - que seramos incapazes de a reco-nhecer naquilo que de repente nos olhasse do fundo de um espe-lho? 5 Em todo caso, l deve ter suas razes o misterioso cena-rista dos sonhos..."

    (Mario Quintana) "... seremos to ns mesmos a ponto de dispensar o testemunho dos reflexos?" (par.3) A passagem anterior apresenta, predominantemente, as funes: a) conativa e emotiva. b) emotiva e potica. c) referencial e apelativa. d) ftica e metalingstica. e) metalingstica e conativa. 27 - (UFRJ) Terra em chamas Com seu privilgio territorial, o Brasil jamais deveria ter o cam-po conflagrado. Existem 371 milhes de hectares prontos para a agricultura no pas, uma rea enorme, que equivale aos territ-rios de Argentina, Frana, Alemanha e Uruguai somados. Mas apenas 14% dessa terra, igual Alemanha, tem algum tipo de plantao. Outros 48%, rea quase igual do Mxico, destinam-se criao de gado. O que sobra, uma frica do Sul inteira, o que os especialistas chamam de terra ociosa. Nela no se produz 1 litro de leite, uma saca de soja, 1 quilo de batata ou um cacho de uva. Por trs de tanta terra -toa esconde-se outro problema agrrio brasileiro. Quase metade da terra cultivvel est nas mos de 1 % dos fazendeiros, enquanto uma parcela nfima, me-nos de 3%, pertence a 3,1 milhes de produtores rurais. como se a populao da cidade de Resende, no interior do Estado do Rio de Janeiro, fosse dona de trs Franas, enquanto a populao da Nova Zelndia tivesse apenas um Estado de Santa Catarina. (...) Juntando tanta terra na mo de poucos e vastas extenses impro-dutivas, o Brasil montou o cenrio prprio para atear fogo ao campo. a que nascem os conflitos, que nos ltimos quinze a-nos, s em chacinas, fizeram 11 5 mortos. Da surge a massa de sem-terra, formada tanto por quem perdeu seu pedao para plan-tar como pela multido de excludos, desempregados ou biscatei-ros da periferia das grandes cidades, que so, de uma forma ou de outra, gente tambm ligada questo da terra - porque perdeu a propriedade, porque no choveu, porque o pai vendeu a fazen-da, porque ela foi inundada por uma represa.

    (VEJA. "Sangue em Eldorado". SP Editora Abril, Edio 1441/Ano29/N 17.24/04/96. p.40.)

    Ateno - vocabulrio: conflagrado (1 perodo) - em agitao, em convulso Um dos aspectos do problema tematizado em "Terra em chamas" est discutido no seguinte trecho:

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    "O que sobra, uma frica do Sul inteira, o que os especialistas chamam de TERRA OCIOSA. Nela no se produz 1 litro de lei-te, uma saca de soja, 1 quilo de batata ou um cacho de uva. Por trs de tanta TERRA -TOA esconde-se outro problema agrrio brasileiro." a) Aponte a diferena de sentido entre "terra OCIOSA" e "terra -TOA", no trecho destacado. b) O emprego da expresso "terra -TOA", em confronto com a expresso "terra ociosa", manifesta a funo emotiva (ou expressiva) da linguagem. Explique por qu. 28 - (MACK SP) Assinale a alternativa em que se evidencia a presena de metalinguagem. a) Meus amigos foram s ilhas.

    Ilhas perdem o homem. Entretanto alguns se salvaram e trouxeram a notcia de que o mundo, o grande mundo est crescendo todos os dias, entre o fogo e o amor.

    b) Gastei uma hora pensando num verso

    que a pena no quer escrever. No entanto ele est c dentro inquieto, vivo. Ele est c dentro e no quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira.

    c) Este pintor

    sabe o corpo feminino e seus possveis de linha e de volume reinventados. Sabe a melodia do corpo em variaes entrecruzadas. L o cdigo do corpo, de A ao infinito dos signos e das curvas que do vontade de morrer de santo orgasmo e de beleza.

    d) E no gostavas de festa...

    velho, que festa grande hoje te faria a gente. E teus filhos que no bebem e o que gosta de beber, em torno da mesa larga, largavam as tristes dietas, esqueciam seus fricotes, e tudo era farra honesta acabando em confidncia.

    e) Um grito pula no ar como foguete.

    Vem da paisagem de barro mido, calia e andaime hir-tos. O sol cai sobre as coisas em placa fervendo. O sorveteiro corta a rua. E o vento brinca nos bigodes do construtor

    29 - (UNIRIO RJ) APELO Amanh faz um ms que a Senhora est longe de casa. Primeiros dias, pra dizer a verdade, no senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. No foi ausncia por uma semana: o batom ainda no leno, o prato na mesa por enga-no, a imagem de relance no espelho.

    Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A no-tcia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no cho, ningum os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um cor-redor deserto, e at o canrio ficou mudo. Para no dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite e eles se iam e eu ficava s, sem o perdo de sua presena a to-das as aflies do dia, com a ltima luz na varanda. E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada o meu jeito de querer bem. Acaso saudade. Senhora? s suas violetas, na janela, no lhes poupei gua e elas murcham. No tenho boto na camisa, calo a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de ns sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

    DALTON TREVISAN, Apelo, em O Conto Brasileiro Contemporneo (seleo de textos, introduo e notas bibliogrficas por Alfredo Bosi) 2 ed., So

    Paulo, Cultrix, 1977, p.190. A ecloso do apelo, no terceiro pargrafo, vai-se construindo por meio de uma funo da linguagem nele predominante e que se denomina funo: a) potica. b) ftica. c) apelativa. d) emotiva. e) referencial. 30 - (UNIFICADO RJ) Texto Dolores era um desses tipos que o Brasil importa a mi e o pai pra bancar que tambm d moa linda. Direitinho certas inds-trias de So Paulo... Da terra e da nossa raa no tinha nada, po-rm se pode afirmar que tinha o demais porque no havia nin-gum mais brasileiro que ela. Falassem mal do Brasil perto dela pra ver o que sucedia! Desbaratava logo com o amaldioado que vem comer o po da gente, agora! Praqu no ficou l na sua ter-ra morrendo de fome! V saindo...! Ah! Perto de mim voc no fala do Brasil no porque eu dou pra trs, sabe! Eu sei bem que a Itlia mais bonita, mais bonita o qu... Uma porcariada de ca-sas velhas, isso sim, e gente ruim, s calabrs que se v!... A-qui tem cada amor de bangalzinho... e a estao da Luz, ento! Voc nunca, aposto, que j entrou no Teatro Municipal! Si en-trou, foi pro galinheiro, no viu o fuaier Itlia... A nossa cate-dral... Aquilo gtico, sabe! No est acabada mas falaram pra mim que vai ter as torres mais compridas do mundo! E Dolores ficava muito bonita na irritao, com cada olho enor-me l no fundo relumeando que nem esmeralda. Era uma belezi-nha.

    (ANDRADE, Mrio de. "menina de olho fundo", in Os Contos de Belezarte.) Sobre o trecho de Mrio de Andrade, s NO podemos dizer que: a) O narrador onisciente, atravs de um processo compra-tivo, faz crtica irnica ao sistema econmico ento vigente. b) O dinamismo na narrao fundamentado em um entre-laamento entre as falas do narrador e do personagem. c) A presena de tipos de estrutura metomnica e hiperb-lica percebida como um recurso estilstico utilizado pelo autor. d) A caracterizao de Dolores na narrativa feita em um tom de afetividade. e) As funes referencial e conativa predominam no texto como forma de enfocar o contexto e provocar o leitor. 31 - (GAMA FILHO RJ) Texto Sempre existem novas formas de chegar a um mesmo resultado. Muitas vezes, melhor. A comunicao eficaz consis-

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    tem sempre numa forma original de dizer mais ou menos as mesmas coisas. Porque no fundo, vamos ser honestos, o que tem de ser dito varia pouco. Qual a pasta de dentes que no deixa os dentes mais bran-cos? A margarina que no mais gostosa? O seguro que no protege sua famlia? O perfume que no provoca romances? Giuseppe Glacosa, que escreveu o libreto da pera La Bo-hme para Puccini, afirmou certa vez que em toda a literatura produzida pela humanidade desde os gregos s existiam 148 si-tuaes dramticas possveis. Em "marketing" igual. As situa-es que um produto enfrenta num mercado no so infinitas. Elas se repetem. O que varia a forma como se abordam essas situaes. As pessoas em geral no esto interessadas nos produtos em si. Esto interessadas no benefcio que podem tirar desses produ-tos. Um Rolex torna a pessoa distinta. Um carro esporte torna o dono mais jovem. Um creme de beleza engana a morte. Quais as chances de voc ser percebido? Tem de usar talen-to. Mais um tipo especfico de talento: o talento de comunicar.

    Jlio Ribeiro In Revista Exame, 14/09/94), pp. 110-111 (adaptao) As funes da linguagem predominantes no primeiro e no ltimo pargrafos do texto so, respectivamente: a) emotiva e ftica. b) conativa e metalingustica. c) emotiva e referencial. d) referencial e conativa. e) ftica e metalingustica. TEXTO: 1 - Comum questo: 32 CIDADE DE DEUS Barracos de caixas de tomate, madeiras de lei, carnaba, pinho-de-riga, caibros cobertos, em geral, por telhas de zinco ou folhas de compensados. Fogueiras servindo de fogo para fazer o mo-cot, a feijoada, o cozido, o vatap, mas, na maioria das vezes, para fazer aquele arroz de terceira grudado, angu duro ou muito ralo, aqueles carurus catados no mato, mal lavados, ou simples-mente nada. Apenas olhares carcomidos pela fome, em frente aos barracos, num desespero absoluto e que por ser absoluto calado. Sem fogueira para esquentar ou iluminar como o sol, que se estendia por caminhos muitas vezes sem sentido algum para os que no soltavam pipas, no brincavam de pique-pega e no se escondiam num pique-esconde. Os abismos tm vrias faces e encantam, atraem para o seu seio como as histrias em quadrinhos que chegavam ao morro com-pradas nas feiras da Maia Lacerda e do Rio Comprido, baratas como a tripa de porco que sobrava na casa do compadre maneiro que nem sempre era compadre de batismo. Era apenas o adjeti-vo, usado como substantivo, sinnimo de uma boa amizade, de um relacionamento que era tecido por favores, emprstimos im-pagveis e considerao at na hora da morte. So as pessoas nesse desespero absoluto que a polcia procura, espanca com seus cassetetes possveis e sua razo impossvel, fazendo com que elas, com seus olhares carcomidos pela fome, achem plausveis os feitos e os passos de Pequeno e de sua qua-drilha pelos becos que, por terem s uma entrada, se tornam be-cos sem sadas, e achem, tambm, corriqueira essa viso de meia cara na quina do ltimo barraco de cada beco de crianas negras ou filhas de nordestinos, de peito sem proteo, p no cho, shorts rasgados e olhar j cabreiro at para o prprio amigo, que,

    por sua vez, se tornava inimigo na disputa de um pedao de sebo de boi achado no lixo e que aumentaria o volume da sopa, de um sanduche quase perfeito nas imediaes de uma lanchonete, de uma pipa voada, ou de um ganso dado numa partida de bola de gude. L ia Pequeno, senhor de seu desejo, tratando bem a quem o tra-tava bem, tratando mal a quem o tratava mal e tratar mal era dar tiros de oito na cabea para estuporar os miolos. Os exterminadores pararam na tendinha do Z Gordo para tomar uma Antarctica bem gelada, porque esta era a cerveja de malan-dro beber. Pequeno aproveitou para perguntar pelos amigos que fizera no morro, pelas tias que faziam um mocot saboroso nos sbados tarde, pelos compositores da escola. - Qual, Z Gordo, se eu te der um dinheiro, tua mulher faz um mocot a pra gente? - Ento, meu cumpdi! Pequeno deu a quantia determinada pela esposa de Z Gordo, em seguida retornaram patrulha que faziam.

    (LINS, Paulo. Cidade de Deus. So Paulo: Companhia das Letras, 1997.) 32 - (UERJ) No segundo pargrafo do texto Cidade de Deus, h um comentrio sobre os sentidos e as possveis classificaes gramaticais da palavra compadre. Nesse trecho, o narrador recorreu funo da linguagem deno-minada: a) potica b) conativa c) referencial d) metalingstica TEXTO: 2 - Comum questo: 33 Para responder s questes adiante, leia os textos a seguir. "Psicografia", de Ana Cristina Cesar. Tambm eu saio revelia e procuro uma sntese nas demoras cato obsesses com fria tmpera e digo do corao: no soube e digo da palavra: no digo (no posso ainda acreditar na vida) e demito o verso como quem acena e vivo como quem despede a raiva de ter visto "Autopsicografia", de Fernando Pessoa. O poeta um fingidor. Finge to completamente Que chega a fingir que dor A dor que deveras sente. E os que lem o que escreve, Na dor lida sentem bem, No as duas que ele teve, Mas s as que eles no tm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razo, Esse comboio de corda Que se chama o corao. Vocabulrio: comboio: trem de ferro. calhas de roda: trilhos sobre os quais corre o trem de ferro.

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    33 - (UFSCar SP) Compare os poemas de Fernando Pessoa e de Ana Cristina Cesar e responda: a) Por que se pode dizer que em ambos os poemas est presente a funo metalingstica? b) Explique a ambigidade presente no poema de Fernan-do Pessoa, revelada pelo ttulo e pelo adjetivo "fingidor", em contraste com o poema de Ana Cristina Cesar. TEXTO: 3 - Comum questo: 34 L. F. Verssimo Importados 1 - Nunca entendi por que, com a abertura da nossa eco-nomia, no aproveitaram para importar outro povo. 2 - Outro povo, Mirtes? 3 - Para substituir o nacional. O estrangeiro muito mais bem-feito do que o que se encontra por aqui. 4 - Ouvi dizer que h um problema para conseguir pe-as... 5 - Bobagem. Hoje, pela Internet, se compra de tudo. 6 - Sabe que voc pode ter razo, Mirtes? O material do povo que se v no estrangeiro muito melhor, o acabamento superior... 7 - E o desempenho nem se fala. Vai ver se nos Estados Unidos tem gente parada. 8 - Eles so mais higinicos, tm mais e melhores den-tes... 9 - E quase no precisam de manuteno. Ao contrrio do brasileiro, que est sempre na fila do SUS para consertos e por qualquer coisinha empaca. 10 - Alm do mais, os estrangeiros tm como equipamento standard o que aqui opcional, ou inexistente. Calorias, boa e-ducao primria... 11 - E duram muito mais. 12 - Haveria, claro, um problema de adaptao... 13 - Mnimo! Lngua, corrente eltrica, nada que no se pudesse resolver em pouco tempo. E trazer povo de fora ajudaria a produo nacional, pois seria um incentivo para melhorar a qualidade de gente feita aqui. Nada como a competio, querida. 14 - E os preos no assustam? 15 - Nada. Vi um catlogo na Amazon com uns dinamar-queses bem acessveis. 34 - (UFSM RS) Se o dilogo do texto simulasse a fala in-formal, algumas palavras teriam sua grafia alterada para repro-duzir, o mais fielmente possvel, a pronncia dos falantes: "opcional" (par. 10) opicionau "pouco" (par. 13) poco "melhorar" (par. 13) melhor A nica alterao que NO se encontra nas transformaes a) queda de fonema consonantal no final do vocbulo. b) acrscimo de vogal para separar um encontro consonan-tal. c) acrscimo de vogal provocando a formao de um di-tongo crescente. d) substituio de consoante final por semivogal, provo-cando a formao de um ditongo decrescente. e) simplificao de ditongo decrescente em vogal simples.

    TEXTO: 4 - Comum questo: 35 O marinheiro sueco, um loiro de quase dois metros, entrou no bar, soltou um bafo pesado de lcool na cara de Nacib e apontou com o dedo as garrafas de "Cana de Ilhus". Um olhar suplican-te, umas palavras em lngua impossvel. J cumprira Nacib, na vspera, seu dever de cidado, servira cachaa de graa aos ma-rinheiros. Passou o dedo indicador no polegar, a perguntar pelo dinheiro. Vasculhou os bolsos o loiro sueco, nem sinal de dinhei-ro. Mas descobriu um broche engraado, uma sereia dourada. No balco colocou a nrdica me-d'gua, Yemanj de Estocolmo. Os olhos do rabe fitavam Gabriela a dobrar a esquina por detrs da Igreja. Mirou a sereia, seu rabo de peixe. Assim era a anca de Gabriela. Mulher to de fogo no mundo no havia, com aquele calor, aquela ternura, aqueles suspiros, aquele langor. Quanto mais dormia com ela, mais tinha vontade. Parecia feita de canto e dana, de sol e luar, era de cravo e canela. Nunca mais lhe dera um presente, uma tolice de feira. Tomou da garrafa de cachaa, encheu um copo grosso de vidro, o marinheiro suspendeu o bra-o, saudou em sueco, emborcou em dois tragos, cuspiu. Nacib guardou no bolso a sereia dourada, sorrindo. Gabriela riria con-tente, diria a gemer: "precisava no, moo bonito ..." E aqui ter-mina a histria de Nacib e Gabriela, quando renasce a chama do amor de uma brasa dormida nas cinzas do peito. 35 - (UFSCar SP) Assinale a alternativa que contm um tre-cho em que o autor apresenta as informaes numa linguagem altamente conotativa. a) ... soltou um bafo pesado de lcool na cara de Nacib... b) Os olhos do rabe fitavam Gabriela a dobrar a esquina... c) J cumprira Nacib, na vspera, seu dever de cidado... d) Mas descobriu um broche engraado, uma sereia doura-da. e) Parecia feita de canto e dana, de sol e luar, era de cra-vo e canela. TEXTO: 5 - Comum questo: 36 Observe a tira da personagem Mafalda, publicada por Quino em 1965.

    36 - (MACK SP) No primeiro quadrinho, a forma verbal Sabe

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    a) tem a orao A semana que vem vou viajar de frias como complemento do tipo objeto direto. b) ocorrncia tpica do portugus culto e formal, verifi-cado, por exemplo, no incio de documentos oficiais escritos. c) empregada para estabelecer o contato inicial com o in-terlocutor, como al em uma conversa telefnica. d) destaca que o interlocutor possui conhecimento prvio do assunto. e) introduz conselho dirigido ao interlocutor. TEXTO: 6 - Comum questo: 37 CARTA A UM JOVEM QUE FOI ASSALTADO Foste assaltado. Bem, a primeira coisa a dizer que isso no chega a ser um fato excepcional. Excepcional ganhar um bom salrio, acertar a loto: mas ser 3assaltado uma experincia que faz parte do cotidiano de qualquer cidado brasileiro. Os assal-tantes so democrticos: no discriminam idade, nem sexo, nem cor, nem mesmo classe social - grande parte das vtimas das vi-las 6populares. claro que na hora no pensaste nisso. Ficaste chocado com a fria brutalidade com que o delinqente te ordenou que lhe entre-gasse a bicicleta (podia ser o 9tnis, a mochila, qualquer coisa). Entregaste e fizeste bem: outros pagaram com a vida a impaci-ncia, a coragem ou at mesmo o medo - no poucos foram ba-leados pelas costas. 12Indignao foi o sentimento que te assaltou depois. Afinal, era o fruto do trabalho que o homem estava levando. No fruto do teu trabalho - at poderia ser - mas o fruto do trabalho do teu pai, o que talvez te doeu mais. 15Ficaste imaginando o homem passando a bicicleta para o re-ceptador, os dois satisfeitos com o bom negcio realizado. possvel que o assaltante tenha dito, nunca ganhei dinheiro to fcil. E, pensando nisso, a amargura te invade o 18corao. Onde est o exrcito? Por que no prendem essa gente? Deixa-me dizer-te, antes de mais nada, que a tua indignao absolutamente justa. No h nada que justifique o crime, nem mesmo a pobreza. 21H muito pobre que trabalha, que luta por salrios maiores, que faz o que pode para melhorar a sua vida e a vida de sua famlia - sem recorrer ao roubo ou ao assalto. Mas tudo que eles levam, os ladres e assaltantes, so coisas materiais. 24E enquanto estive-rem levando coisas materiais, o prejuzo, ainda que grande, ser s material. Mas no deves deixar que te levem o mais importante. E o mais importante a 27tua capacidade de pensar, de entender, de racio-cinar. Sim, preciso se proteger contra os criminosos, mas no preciso viver sob a gide do medo. Deve-se botar trancas e alarmes nas portas, no em nossa mente. Deve-se 30repudiar o que fazem os bandidos, mas deve-se evitar o banditismo. Eles te roubaram. muito ruim, isso. Mas que te roubem s a-quilo que podes substituir. Que no te roubem o corao."

    SCLIAR, Moacyr. Moacyr Scliar (seleo e prefcio de Lus Augusto Fischer). So Paulo: Global, 2004. p. 267-268. (Coleo Melhores Crnicas)

    Glossrio: gide: escudo. 37 - (UFRN) Predominam, na crnica, as seguintes funes da linguagem: a) emotiva e referencial, uma vez que o remetente da carta, alm de externar um ponto de vista particular sobre o assunto tratado, sustenta esse ponto de vista em dados consistentes sobre a realidade.

    b) emotiva e metalingstica, uma vez que o remetente da carta, alm de externar um ponto de vista particular sobre o as-sunto tratado, estabelece diferenciaes semnticas entre os tipos de roubo. c) conativa e referencial, uma vez que o remetente da car-ta, alm de centralizar o alvo da comunicao no destinatrio, expe, de forma imparcial, informaes verdadeiras sobre a rea-lidade. d) conativa e emotiva, uma vez que o remetente da carta, alm de centralizar o alvo da comunicao no destinatrio, ex-terna um ponto de vista particular sobre o assunto tratado. TEXTO: 7 - Comum questo: 38 Este inferno de amar Este inferno de amar como eu amo! Quem mo ps aqui nalma... quem foi? Esta chama que alenta e consome, Que a vida e que a vida destri Como que se veio a atear, Quando ai quando se h-de ela apagar? Almeida Garrett 38 - (UNIFESP SP) Nos versos de Garrett, predomina a funo a) metalingstica da linguagem, com extrema valorizao da subjetividade no jogo entre o espiritual e o profano. b) apelativa da linguagem, num jogo de sentido pelo qual o poeta transmite uma forma idealizada de amor. c) referencial da linguagem, privilegiando-se a expresso de forma racional. d) emotiva da linguagem, marcada pela no conteno dos sentimentos, dando vazo ao subjetivismo. e) ftica da linguagem, utilizada para expressar as idias de forma evasiva, como sugestes. TEXTO: 8 - Comum questo: 39 TEXTO 2 Fragmento A MAJOR CHICO MANGA (Discursando). Foi um heri, minha gente. Um heri de verdade. Graas a ele, as tropas brasileiras na Itlia conquistaram seu tri-unfo. Graas a seu gesto magnfico, lanando-se de peito aberto contra a metralha, aquele batalho, encorajado pelo seu exemplo, levou de roldo as terrveis hordas nazistas. Esta glria, que h de ficar para sempre gravada nas pginas da Histria, tambm nossa, porque foi este o solo que lhe serviu de bero. PREFEITO Isso mesmo. MAJOR Mas foi preciso que se derramasse o sangue de um heri e es-se sangue era quase meu, como todos sabem, casado que sou com a tia dele para que as autoridades federais tomassem co-nhecimento deste lugar, at ento esquecido de Deus e dos ho-mens. O feito herico de Cabo Jorge atraiu para esta cidade jor-nalistas, cinegrafistas e turista de toda parte. No entanto, preci-so que se saiba tambm, meus patrcios, meu povo, que nada dis-so teria acontecido se este amigo de vocs no tivesse, na Cma-ra Federal, lutado como lutou para trazer at aqui o progresso, as conquistas da civilizao crist.

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    PREFEITO Muito bem. Aplausos. Dois populares levantam uma faixa: PELO PROGRESSO DE CABO JORGE, VOTE NO MAJOR CHICO MANGA. (p.22-23) Fragmento B CORO Sai do meio do placo, avana at o proscnio e canta. No so os heris que fazem a Histria, a Histria Quem faz os heris, Porm no caso do nosso cabo Jorge, Foi a Histria Ou fomos ns? Este ponto ficar esclarecido No decorrer de nossa histria; o que importa no momento esclarecer que sem ele, sem sua glria, este lugar no teria conhecido as maravilhas e as conquistas da civilizao crist e ocidental e ocidental e ocidental. (p. 25) Fragmento C CABO JORGE Sabem o que eu acho? Que o tempo dos heris j passou. Hoje o mundo outro. Tudo est suspenso por um boto. O boto que vai disparar o primeiro foguete atmico. Este que o verdadei-ro heri. O verdadeiro Deus. O deus-boto. Pensem bem: o fim do mundo depende do fgado de um homem. (Ri) E vocs ficam aqui cultuando a memria de um heri absurdo. Absurdo sim, porque imaginam com qualidades que no pode ter. Coragem, carter, dignidade humana... no vem que tudo isso absurdo? Quando o mundo pode acabar neste minuto. E isso no depende de mim, nem dos senhores, nem de nenhum heri. (Pausa. Son-da os rostos impassveis do General e do Prefeito.) A glria da cidade precisa ser mantida. A honra do Exrcito precisa ser man-tida. A honra do Exrcito precisa ser mantida. Entra Major, seguido de Matilde.

    GOMES, Dias. O bero do heri. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p. 153 39 - (UCG GO) Tomando por base a teoria das funes da linguagem e relacionando-as com os fragmentos de O bero do heri, podemos esquematiz-las, efetuando a correspondncia: . Funo ftica: Foi um heri, minha gente. Um heri de verda-de. Graas a ele, as tropas brasileiras na Itlia conquistaram seu triunfo. . Funo potica: No so os heris que fazem a histria, a histria quem faz os heris. . Funo conativa: Pelo progresso de cabo Jorge, vote no major Chico Manga. ... preciso que se saiba tambm, meus patrcios, meu povo, que nada disso teria acontecido. ...

    TEXTO: 9 - Comum questo: 40 DEIXEM JESON EM PAZ Andr Petry Sou a favor da legislao da eutansia. uma louvvel alternati-va que o homem encontrou para morrer com dignidade, para evi-tar o suplcio das dores vs. Mesmo assim, mesmo defendendo que a eutansia seja um direito disciplinado na lei brasileira, eu precisaria ser louco para apontar o dedo, atirar uma pedra ou es-crever uma linha que fosse contra a atitude de Rosemara dos Santos Souza, a me de Jhck Breener de Oliveira, que luta para impedir que seu filho seja submetido eutansia. O pequeno Jhck, 4 anos, est num leito de UTI, vtima de uma doena de-generativa irreversvel. J perdeu a fala, a viso, o movimento dos braos e pernas, alimentase por meio de sonda e respira com ajuda de aparelhos. A luta de Rosemara merece respeito e, onde quer que ela aparea, assim tem sido. A luta de Jeson de Oliveira, o pai de Jhck, tambm deveria ser respeitada. Mas nesse ponto que a histria se complica. Jeson queria pedir Justia que seu filho fosse submetido eu-tansia. Ele no suporta ver o seu filho preso a uma cama, iner-te, morto para a vida, sem andar de bicicleta, tomar um sorvete, apontar pra Lua, desenhar um elefante, bater palmas, sorrir. E o que se fez com esse pobre homem? No lhe deram uma lasca de respeito. Jeson foi hostilizado, xingado, difamado. Foi acusado de assassino, de querer matar o prprio filho! Jeson pensou at em se mudar de Franca, a cidade paulista onde mora e onde seu filho est internado, porque j no podia caminhar na rua em paz. Ceifaramlhe o direito de ir Justia. Questionaramlhe at a sanidade mental, sugerindo que procurasse tratamento psi-quitrico forma maliciosa de sugerir que a eutansia coisa de gente mentalmente perturbada. Jeson, afinal, desistiu de tentar a eutansia do filho. Desisto oficial e definitivamente. Quero dar chances me e estou entregando meu filho a Deus, disse ele, numa entrevista, na vspera do feriado de 7 de setembro. O pai de Jhck, claro, tem todo o direito de mudar de idia (e, pessoalmente, sado que tenha conseguido dominar seu sofrimento para ceder vontade da me de Jhck). O dado repugnante a intolerncia da qual foi vtima. Jeson vi-rou a Geni da Franca, s faltou ser apedrejado nas ruas. Os ad-versrios da eutansia religiosos dogmticos, em geral no lhe deram o direito sequer de pensar em voz alta. coisa pr-pria das mentalidades entrevadas, dos que se sentem ungidos por foras superiores, dos que cevam suas idias como se fossem bens supremos, perfeitos, inatacveis. Aos religiosos dogmticos e intolerantes em geral, aos que sacra-lizam suas idias e acham que sabem tudo na vida e do sofrimen-to, aqui vai um apelo: deixem o Jeson em paz! Ele j sofre o bas-tante com um filho que perdeu a liberdade de viver para tor-narse um prisioneiro da vida. A eutansia, caros intolerantes, pode ser, sim, um ato de amor.

    Revista Veja, 140905 40 - (UNIMONTES MG) um exemplo da funo metalin-gstica no texto: a) Desisto oficial e definitivamente. b) ...sado que tenha conseguido dominar seu sofrimen-to... c) Jeson queria pedir justia que seu filho fosse subme-tido eutansia. d) uma louvvel alternativa que o homem encontrou para morrer com dignidade...

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    TEXTO: 10 - Comum s questes: 41, 42 Texto 2 CARTILHA DO HIPERTENSO O que ? O que presso alta? 1 A hipertenso, ou presso alta, existe quando a presso, me-dida vrias vezes em consultrio mdico, igual a 14 por 9 ou maior. Isso acontece porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem e fazem com que a presso do sangue se eleve. Para entendermos melhor, podemos comparar o corao e os vasos a uma torneira aberta ligada a vrios esguichos. Ao fecharmos a ponta dos esguichos, a presso ir subir. Da mesma maneira, quando o corao bombeia o sangue e os vasos esto estreitados, a presso dentro dos vasos aumenta. Quais so as conseqncias da presso alta? 2 A presso alta ataca os vasos. Todos eles so recobertos in-ternamente por uma camada muito fina e delicada, que machu-cada quando o sangue est circulando com presso muito alta. Com isso, os vasos se tornam endurecidos e estreitados e podem, com o passar dos anos, entupir ou romper-se. Quando isso acon-tece no corao, o entupimento de um vaso leva angina e pode ocasionar infarto. No crebro, o entupimento ou rompimento de um vaso leva ao "derrame cerebral" ou AVC. Nos rins tambm pode ocorrer entupimento, levando paralisao dos rins. Todas essas situaes so muito graves e podem ser evitadas com o controle da presso alta. Quem tem presso alta? 3 A presso alta, ou hipertenso, uma doena muito comum, que acomete uma em cada cinco pessoas. Entre os idosos, ela chega a atacar uma em cada duas pessoas. Tambm as crianas podem ter presso alta. Costumamos dizer que a presso alta uma doena "democrtica", porque ataca homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres, idosos e crianas, gordos e ma-gros, pessoas calmas e nervosas. Que cuidados devo ter com meus filhos se tenho presso al-ta? 4 Quem tem presso alta deve orientar seus filhos a medir a presso a cada seis meses ou no mximo a cada ano, para que o diagnstico da doena seja feito pouco tempo depois do seu apa-recimento. Por que as pessoas tm presso alta? 5 Na maioria das pessoas que tm presso alta, esta aparece porque herdada dos pais. Sabese que os que tm o pai, a me ou ambos com presso alta tm maior chance de adquirir a doen-a. Hbitos de vida inadequados tambm so importantes: a o-besidade, a ingesto excessiva de sal ou de bebida alcolica e a inatividade fsica podem contribuir para o aparecimento da pres-so alta. Presso alta tem cura? 6 A presso alta uma doena crnica e dura a vida toda. Ela pode ser controlada, mas no curada. Na maioria das vezes, no se conhece o que causa a presso alta nem como cur-la, mas possvel controlar a doena, evitando que a pessoa tenha a vida encurtada. O tratamento para presso alta tambm evita o infarto do corao, o derrame cerebral e a paralisao dos rins. Como tratar a presso alta? 7 O tratamento para presso alta dura a vida toda. Deve ser fei-to com remdios que ajudam a controlar a presso e com hbitos

    de vida saudveis, como diminuir a ingesto de sal e bebidas al-colicas, controlar o peso, fazer exerccios fsicos, evitar o fumo e controlar o estresse. Importncia do exerccio fsico Como o exerccio fsico ajuda no controle da presso alta? 8 O exerccio fsico ajuda a baixar a presso. Muitas vezes, quem tem presso alta e comea a fazer exerccios pode diminuir a dose dos medicamentos, ou mesmo ter a presso arterial con-trolada sem o uso de remdios. O exerccio fsico adequado no apresenta efeitos colaterais e traz vrios benefcios para a sade, tais como ajudar a controlar o peso e a presso arterial, diminuir as taxas de gordura e acar no sangue, elevar o bom coleste-rol, diminuir a tenso emocional e aumentar a auto-estima. Para realizar exerccios fsicos adequadamente, siga as seguintes di-cas. Dicas para realizar atividades fsicas 9 No obrigue o corpo a grandes e insuportveis esforos. Quem no est acostumado a fazer exerccios e resolve ficar em forma de uma hora para outra prejudica a sade. V com calma. 10 Pergunte ao mdico se sua presso est controlada e se voc pode comear a se exercitar. 11 Faa um teste ergomtrico (caminhar na esteira ou pedalar bicicleta, medindo a presso ar-terial e a freqncia cardaca). O mdico ou um professor de e-ducao fsica pode orientar sobre a melhor forma de fazer exer-ccio. 12 Os exerccios dinmicos, como andar, pedalar, nadar e dan-ar, so os mais indicados para quem tem presso alta. Devem ser feitos de forma constante, sob superviso peridica e com aumento gradual das atividades. 13 A intensidade dos exerccios deve ser de leve a moderada, pelo menos 30 minutos por dia, trs vezes por semana. Se puder, caminhe diariamente. Se no puder cumprir todo o tempo do e-xerccio em um s turno, faa-o em dois turnos. 14 Os exerccios estticos, como levantamento de peso ou mus-culao, devem ser evitados, porque provocam aumento muito grande e repentino da presso. 15 Ao realizar exerccios, contente-se com um progresso fsico lento, sem precipitaes e com acompanhamento mdico. Procu-re realiz-los com prazer.

    (Disponvel em: . Acesso em: 20 jun. 2006. Adaptado.)

    41 - (EFOA MG) Assinale a alternativa que NO apresenta caractersticas do gnero do texto em questo: a) Utilizao principalmente de verbos no imperativo, contendo ordens, conselhos e instrues. b) Incitao do leitor a agir diante do que est sendo in-formado. c) Emprego com freqncia dos verbos auxiliares poder e dever, conferindo aos verbos principais idias de possibili-dade e ordem. d) Uso muitas vezes de verbos no presente para dar um sentido afirmativo e categrico s instrues. e) Emprego com freqncia de expresses circunstanciais de tempo e espao para descrever os relatos dos pacientes.

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    42 - (EFOA MG) Assinale a alternativa que NO apresenta caractersticas do gnero do texto em questo: a) Prescries ao pblico. b) Descrio das caractersticas da doena. c) Depoimentos de pacientes narrando sobre a situao da doen-a. d) Instrues sobre a importncia do exerccio fsico no controle da presso alta. e) Informaes sobre as causas e conseqncias da doena. TEXTO: 11 - Comum questo: 43 Ribeiro Preto, SP Uma quadrilha assaltou o Banco Nossa Caixa de So Simo, na regio de Ribeiro Preto, 314 quilme-tros ao norte de So Paulo, na manh desta quinta-feira. [...] Funcionrios e seguranas foram rendidos e trancados, e dois assaltantes pegaram o dinheiro do cofre, valor no divulgado. A PM foi avisada s 10h30. No h pistas do bando.

    (O Estado de S. Paulo, 23 jan. 2003.) 43 - (UFAC) Identifique a funo da linguagem que predomi-na no seguinte texto: a) emotiva b) potica c) conativa d) referencial e) metalingstica TEXTO: 12 - Comum questo: 44 Olho as minhas mos Olho as minhas mos: elas s no so estranhas Porque so minhas. Mas to esquisito distend-las Assim, lentamente, como essas anmonas do fundo do mar... Fech-las, de repente, 5Os dedos como ptalas carnvoras! S apanho, porm, com elas, esse alimento impalpvel do tempo, Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento Como tecem as teias as aranhas. A que mundo 10Perteno? No mundo h pedras, baobs1 , panteras, guas cantarolantes, o vento ventando E no alto as nuvens improvisando sem cessar. Mas nada, disso tudo, diz: existo. 15Porque apenas existem... Enquanto isto, O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses E, cheios de esperana e medo, Oficiamos rituais, inventamos 20Palavras mgicas, Fazemos Poemas, pobres poemas Que o vento Mistura, confunde e dispersa no ar... 25Nem na estrela do cu nem na estrela do mar Foi este o fim da Criao! Mas, ento, Quem urde eternamente a trama de to velhos sonhos? Quem faz em mim esta interrogao?

    (QUINTANA, Mrio. Apontamentos de histria sobrenatural. Porto Alegre: Globo, 1984.)

    44 - (UERJ) A metalinguagem pode ser percebida quando, em uma mensagem, a linguagem passa a ser o prprio objeto do discurso. A metalinguagem no est presente na seguinte alternativa: a) A que mundo / Perteno? (v. 9 - 10) b) Fazemos / Poemas, pobres poemas (v. 21 - 22) c) Foi este o fim da Criao! (v. 26) d) Quem faz em mim esta interrogao? (v. 29) TEXTO: 13 - Comum questo: 45 TEXTO 2 BALADA DAS TRS MULHERES DO SABONETE ARAX Manuel Bandeira As trs mulheres do sabonete Arax me invocam, me bouleversam, me hipnotizam. Oh, as trs mulheres do sabonete Arax s 4 horas da tarde! O meu reino pelas trs mulheres do sabonete Arax. Que outros, no eu, a pedra cortem Para brutais vos adorarem, brancaranas azedas, Mulatas cor da lua vm saindo cor de prata Ou celestes africanas: Que eu vivo, padeo e morro s pelas trs mulheres do sabonete Arax! So amigas, so irms, so amantes as trs mulheres do sabonete Arax? So prostitutas, so declamadoras, so acrobatas? So as trs Marias? Meu Deus, sero as trs Marias? A mais nua doirada borboleta. Se a segunda casasse, eu ficava safado da vida, dava pra beber e nunca mais telefonava. Mas se a terceira morresse... Oh, ento, nunca mais a minha vida outrora teria sido um festim! Se me perguntassem: Queres ser estrela? Queres ser rei? Queres uma ilha no Pacfico? um bangal em Copacabana? Eu responderia: No quero nada disso tetrarca. Eu s quero as trs mulheres do sabonete Arax: O meu reino pelas trs mulheres do sabonete Arax! 45 - (FEPECS DF) A funo de linguagem, alm da funo potica, que predomina no poema : a) emotiva; b) ftica; c) metalingstica; d) conativa; e) referencial. TEXTO: 14 - Comum questo: 46 TEXTO II O NAVIO NEGREIRO Castro Alves (fragmento)

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    FUNES DA LINGUAGEM 13 Acesse os materiais extras no site: www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

    Negras mulheres, suspendendo s tetas Magras crianas, cujas bocas pretas Rega o sangue das mes: Outras moas, mas nuas e espantadas, No turbilho de espectros arrastadas, Em nsia e mgoa vs! E ri-se a orquestra irnica, estridente... E da ronda fantstica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no cho resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma s cadeia, A multido faminta cambaleia, E chora e dana ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martrios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capito manda a manobra, E aps fitando o cu que se desdobra, To puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais danar!..." 46 - (IBMEC) Alm da funo potica, qual outra funo da linguagem prevalece no poema de Castro Alves? a) metalingstica b) referencial c) apelativa d) ftica e) emotiva TEXTO: 15 - Comum questo: 47 TEXTO II Os sonhos tambm envelhecem Os sonhos! Esses companheiros que movem a vida, que vm de mos dadas existncia! Sonhos que se realizam, sonhos possveis, impossveis sonhos, fceis e difceis, alavanca de cada dia. 5Sonhos dormidos, sonhos bem acordados. Li em algum lugar que os sonhos so os primeiros passos para as realizaes. Verdade, porque se realiza o que se pensa, se pensa o que se sonha. Engatinhamos em pensamento, damos os primeiros passos, andamos 10rumo vitria, pelo menos deveria ser assim. Estava pensando que os sonhos, assim como tudo, ficam velhos. Feio isso, no ? Sonhos velhos, velhos sonhos, que se cansaram de sonhar, que enrugaram a cara, a esperana, a vontade. 15Pergunto-me se os sonhos ficam velhos ou se erramos nas projees de realizao. Seguimos com tantos sonhos e vejo que alguns passam do sonho ao desafio a si mesmo. Muitas vezes, quando se chega ao p do sonho, 20quando o temos nas mos, no mais importante, apenas vencemos um desafio, no alcanamos o sonho bonito, digladiamos com a fora de fa-zer, quer se queira ainda ou no. A dialtica da vida, essa pressa de mudar tudo, faz 25as ticas mudarem tambm. Muitas vezes no percebemos e continuamos a trilhar na mesma estrada, como se as rvores que a enfeitam

    no fossem outras, medida que se evolui... Como se o tempo no passasse pela metamorfose de dia e noite, de chuva e sol. 30Continuamos as mesmas velhas pessoas, com os mesmos so-nhos. Os sonhos tambm envelhecem, mas podem passar pela plstica da viso ampla e serem novos, novos sonhos, com cara de meni-no, com cara de vida, na nossa 35cara de vencedor... Importante se faz tirar o vu que cobre a jovialidade do sonho, identificar sua velhice, v-lo deitado e cansado de ser sonhado, interromper o desafio, fazer renascer, melhor, moderno e poss-vel...

    LAGARES, Jane (adaptado). Disponvel em: http://prosaepoesia.com.br/cronicas/

    sonhos_envelhecem.asp. Acesso em: 12 nov. 2006.

    47 - (UNIFICADO RJ) Em Feio isso, no ? (l. 12), a fun-o da linguagem existente no segmento destacado : a) emotiva. b) conativa. c) metalingstica. d) potica. e) ftica. TEXTO: 16 - Comum questo: 48

    48 - (MACK SP) Considere as seguintes afirmaes: I. Encontra-se na tira expresso que representa a funo ftica da linguagem, aquela que pe em evidncia o contato lin-gstico. II. Os sinais de exclamao (1 quadrinho) expressam es-tados emotivos distintos. III. As respostas da garota (2 e 3 quadrinhos) podem ser consideradas exemplos de oraes classificadas pela gramtica como reduzidas. Assinale: a) se apenas as afirmaes I e II estiverem corretas. b) se apenas as afirmaes I e III estiverem corretas. c) se apenas as afirmaes II e III estiverem corretas. d) se apenas a afirmao III estiver correta. e) se todas as afirmaes estiverem corretas.

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    TEXTO: 17 - Comum questo: 49 No romance A caverna, narra-se a histria de um arteso que passa a ter sua produo rejeitada pelo megacentro econmico que monopoliza o comrcio da cidade. A anulao do trabalho manual pela tecnologia, bem como a explorao destrutiva do homem e da natureza pelo capitalismo, so temas que permeiam a narrativa. Neste fragmento, voc vai acompanhar a cena em que o protagonista volta para casa, no campo, depois de viver na cidade, em busca de trabalho. TEXTO I A caverna Enfim, a cidade ficou para trs, os bairros da periferia j l vo, daqui a pouco aparecero as barracas, em trs semanas tero chegado estrada, no, ainda lhes faltam uns trinta metros, e lo-go est a Cintura Industrial, quase tudo parado, s umas poucas fbricas que parecem fazer da laborao contnua a sua religio, e agora a triste Cintura Verde, as estufas pardas, cinzentas, lvi-das, por isso que os morangos 05devem ter perdido a cor, no falta muito para que sejam brancos por fora como j o vo sendo por dentro e tenham o sabor de qualquer coisa que no saiba a nada. Viremos agora esquerda, l ao longe, onde se vem aque-las rvores, sim, aquelas que esto juntas como se fossem um ramalhete, h uma importante estao arqueolgica ainda por explorar, sei-o de fonte limpa, no todos os dias que se tem a sorte de receber directamente1 uma informao destas da boca do prprio fabricante. Cipriano Algor j perguntou 10a si mesmo como foi possvel que se tivesse deixado encerrar durante trs semanas sem ver o sol e as estrelas, a no ser, torcendo o pesco-o, de um trigsimo quarto andar com janelas que no se podiam abrir, quando tinha aqui este rio, certo que malcheiroso e min-guado, esta ponte, certo que velha e mal amanhada2, e estas ru-nas que foram casas de gente, e a aldeia onde tinha nascido, crescido e trabalhado, com a sua estrada ao meio e a praa des-banda3 (...) A praa ficou para trs, de repente, sem avisar, 15apertou-se-lhe o corao a Cipriano Algor, ele sabe da vida, ambos o sabem, que nenhuma doura de hoje ser capaz de mi-norar o amargor de amanh, que a gua desta fonte no poder matar-te a sede naquele deserto, No tenho trabalho, no tenho trabalho, murmurou, e essa era a resposta que deveria ter dado, sem mais adornos nem subterfgios, quando Marta lhe pergun-tou de que iria viver, No tenho trabalho. Nesta mesma estrada, neste mesmo lugar, como no dia em que vinha do Centro com a notcia 20de que no lhe comprariam mais loua (...). O motor da furgoneta4 cantou a cano do regresso ao lar, o condutor j via as frondes5 mais altas da amoreira, e de repente, como um re-lmpago negro, o Achado veio l de cima, a ladrar, a correr pela ladeira abaixo como se estivesse enlouquecido (...). Abriu a por-ta da furgoneta, de um salto o co subia-lhe aos braos, sempre era certo que seria ele o primeiro, e lambia-lhe a cara e no o deixava ver o caminho (...).

    (SARAMAGO, J. A caverna. So Paulo: Cia. das Letras, 2003.) Vocabulrio: 1 directamente grafia portuguesa para diretamente 2 amanhada arranjada, adornada 3 desbanda ao lado 4 furgoneta veculo de passageiros e pequena carga 5 frondes copas das rvores 49 - (UERJ) No texto, o modo de organizao discursiva se al-tera para expressar diferentes intenes comunicativas do narra-dor: informar, descrever ou narrar; expressar emoes, julga-

    mentos ou opinies pessoais; aconselhar, ordenar ou interrogar, etc. Transcreva duas passagens nas quais se faa referncia degra-dao do meio ambiente: uma que apresente a funo referencial prpria das descries e outra que apresente a funo expres-siva por meio da qual se emitem opinies pessoais. TEXTO: 18 - Comum questo: 50 Da Bahia para o Sul, pouca gente saber o que vitalina e o que carit. Carit a pequena prateleira no alto da parede, ou nicho nas casas de taipa, onde as mulheres escondem, fora do alcance das crianas, o carretel de linha, o pente, o pedao de fumo, o cachimbo. Vitalina, conforme popularizou a cantiga, a solteirona, a moa-velha que se enfeita bota p e tira p mas no encontra marido. E assim, a vitalina que ficou no carit como quem diz que ficou na prateleira, sem uso, esquecida, guardada intacta. As cidades grandes j hoje quase desconhecem essa relquia da civilizao crist, que a solteirona, a donzela profissional. Porque se hoje, como sempre, continuam a existir as mulheres que no casam, elas agora vo para toda parte, menos para o carit. Para as reparties e os escritrios e os balces de loja, para as bancas de professora e, at mesmo, Deus que me perdo-e, para esses amores melanclicos e irregulares com um homem que tem outros compromissos, e que no lhes pode dar seno al-gumas poucas horas, de espao a espao, e assim mesmo fugiti-vas e escondidas. De qualquer forma, elas j no se sentem nem so consideradas um refugo, uma excrescncia, aquelas a quem ningum quis e que no tm um lugar seu em parte nenhuma. Pela provncia, contudo, diferente. Na provncia os preconcei-tos ainda so poderosos, ainda mantm presa a mulher que no tem homem de seu (o homem do uso, como se chama s vezes ao marido...) e assim, na provncia, a instituio da titia ainda funciona com bastante esplendor. E o curioso que raramente so as moas feias, as imprestveis, as geniosas, que ficam no carit. s vezes elas so bonitas e prendadas, e at mesmo arranjadas, com alguma renda ou propriedade, e contudo o elusivo marido no apareceu. Talvez porque elas se revelaram menos agressi-vas, ou mais ineptas, ou menos ajudadas da famlia na caada matrimonial? [...] Falta de homem? Bem, um dos motivos. Na provncia, os ho-mens emigram muito. E para onde emigram, casam. Depois, tambm contribui para a existncia das solteironas a recluso mourisca que muito pai ainda costuma impor s filhas moas. Cobra que no anda no engole sapo. Ai, por estas provncias alm ainda existe muito pai carrana que s deixa a filha sair para ver a Deus ou aos parentes, e assim mesmo muito bem a-companhada. Reclusas, as meninas vo ficando tmidas e dentro em pouco j so elas prprias que se escondem com cerimnia dos estra-nhos. Depois - parece incrvel mas o egosmo das mes tambm con-tribui. Uma filha moa, no interior, no , como na China, uma praga dos deuses. , ao contrrio, uma auxiliar barata e precio-sa, a ama-seca dos irmos menores, a professora, a costureira, o descanso da me. E ento as mes, para no perderem a ajudante insubstituvel, se associam aos pais no zelo exagerado, traindo a solidariedade do sexo por outra mais imperiosa, a so-lidariedade na explorao. [...]

    (Rachel de Queiroz. Obra Reunida. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1989, v. 4. p.23-25)

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    FUNES DA LINGUAGEM 15 Acesse os materiais extras no site: www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

    50 - (UNIFOR CE) A linguagem utilizada no pargrafo tem funo, predominantemente, a) esttica e conativa. b) conativa e referencial. c) referencial e metalingstica. d) metalingstica e emotiva. e) ftica e esttica. TEXTO: 19 - Comum questo: 51 AS TRS TELAS Jogado num universo habitado por computadores, celulares e TVs, o homem contemporneo, de acordo com reflexo do ro-mancista italiano talo Calvino, autor da obra Se um viajante numa noite de inverno., tem muito a aprender com o livro. O futuro passa pela interligao das trs telas, j quase onipre-sentes na vida do homem contemporneo. Juntos, o celular, a TV e o computador dominam o espetculo do cotidiano e mono-polizam o olhar. Nas suas telas, em cenrios de duas ou trs di-menses, desenvolvemse as histrias, as conversaes e as e-moes de nosso tempo. Tudo isso ocorre em mundos reais ou virtuais, nos quais os limites entre um e outro j no interessam tanto. Nesse panorama, surgem adjetivos que tentam exprimir o sentido dos novos engenhos e suas complexas relaes: imateri-al, intemporal, instantneo, ubquo, mbil, excessivo, nolinear e mltiplo. Todos buscam circunscrever o desconhecido, cujos impactos sobre o homem so ainda uma neblina. A literatura cria tramas e personagens que podem perscrutar o desconheci-do, oferecendo pistas para a compreenso da simbiose entre o homem e as redes de comunicao e informao. As trs telas da modernidade tecnolgica formam uma rede glo-bal, na qual o homem vive o seu tempo em fragmentos: olhar a TV, conversar pelo celular, ouvir rdio pela Internet; telefonar pelo computador; ver um clipe no celular; acompanhar na TV o episdio da novela previamente gravado pelo computador; ver no celular cenas ao vivo do futebol; assistir na TV em tempo re-al ao cotidiano do planeta, enviar emails pelo celular e ver fil-mes no computador. Nesse cenrio articulado pela tecnologia digital, informaes fluem invisivelmente entre as trs telas, sob a forma de vdeo, foto, voz, texto ou dados. O tempo moderno, alm de fugidio, tornouse tambm frag-mentado. Hoje em dia, escrever romances longos contrasen-so: a dimenso do tempo foi estilhaada, no conseguimos viver nem pensar, seno em fragmentos de tempo que se afastam, se-guindo cada qual sua prpria trajetria, e logo desaparecem. A continuidade do tempo s pode ser reencontrada nos romances da poca em que o tempo, conquanto no parecesse imvel, ain-da no se estilhaava, refletiu o narrador do romance. Nas trs telas, a linha do tempo segue cursos diferentes. No mais as horas marcadas pelos eventos da natureza, da Lua ou do Sol. Mas horas cadenciadas pelo ritmo dos microprocessado-res e do software, que esto subjacentes s trs telas. A ubiqi-dade e mobilidade das pequenas telas dos celulares, interligados em rede TV e aos computadores, criam novos modelos de per-cepo do tempoespao, pelos quais vivemos a aventura huma-na. As trs telas multiplicam as dvidas quanto funcionalidade dos modernos artefatos eletrnicos. O que o qu? O celular ape-nas um telefone? Ou um computador com uma tela pequena? O computador e o celular passaram a ser tambm televiso? A televiso se tornou uma grande tela para acesso Internet? A multiplicidade de funes e usos decorre da acelerada evoluo das tecnologias da informao e comunicao. Os dispositivos eletrnicos, sejam eles televisores, celulares ou PCs, sero ape-

    nas uma porta comum para entrada ao mundoemrede, uma porta de acesso ao universo de informaes. Os dispositivos eletrnicos passam a ser apenas acessrios para se chegar s mltiplas modalidades de informao. O objeto dos novos tempos a informao. Alguns nmeros do idia da dimenso do universo das redes. So mais de 2,5 bilhes de celulares, 500 milhes de computa-dores na Internet, mais de 1,1 bilho de usurios e algo por vol-ta de 25 bilhes de pginas indexadas na Internet. A quantidade de informao tende a crescer aceleradamente, com a entrada na Internet de contedos de vdeo e udio gerados pelas grandes redes de TV e pelas pessoas, que individualmente produzem seu prprio contedo. Com a popularidade crescente das cmeras digitais e das embu-tidas nos celulares, capturase todo e qualquer tipo de imagem. Mas do ponto de vista individual, permanecem perguntas sim-ples, porm cruciais: o que escolher? Qual notcia? Qual produ-to?Qual site? Qual filme? Qual servio? Em ltima instncia, qual a informao relevante? Numa poca em que o avano tecnolgico e cientfico redesenha as possibilidades do homem, com oportunidades e incertezas, questionase: Leitor, hora de sua agitada navegao encon-trar um ancoradouro. Que porto pode acolhlo com maior se-gurana que uma grande biblioteca?.

    Virglio Fernandes Almeida Professor titular do Departamento de Cincia da Computao da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Vocabulrio: Simbiose: interao Ubquo: relativo ao fato de estar ou existir ao mesmo tempo e em todos os lugares 51 - (UFLA MG) De acordo com aspectos lingsticos e esti-lsticos do trecho: Leitor, hora de sua agitada navegao en-contrar um ancoradouro. Que porto pode acolhlo com maior segurana que uma grande biblioteca?, julgue as proposies seguintes como falsas (F) ou verdadeiras (V) e, a seguir, marque a alternativa que contm a seqncia CORRETA. ( ) A linguagem figurativa tem como tema a navegao e o navegante, associando a agitada aventura no mar utilizao da alta tecnologia; j a garantia de segurana, representada por an-coradouro e porto, referese ao livro. ( ) Quanto ao processo da comunicao, a funo apelativa da linguagem marcada pela presena do vocativo leitor que o receptor da mensagem. ( ) No final, a pergunta feita ao leitor expressa dvida por parte do autor com relao ao que se afirmou no incio do trecho. ( ) O substantivo ancoradouro tem como um dos ele-mentos de formao o sufixo douro, que indica lugar, portanto, local apropriado e seguro para ancoragem de embarcaes. a) VVFV b) VFFV c) VVVV d) FVFV

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    TEXTO: 20 - Comum questo: 52

    52 - (UFRN) No slogan CELULAR: No Fale no Trnsito, uma caracterstica da funo conativa da linguagem a) a objetividade da informao transmitida. b) a manuteno da sintonia entre a STTU e o pblico-alvo. c) o esclarecimento da linguagem pela prpria linguagem. d) o emprego do verbo no modo imperativo. TEXTO: 21 - Comum questo: 53 DESAFIO GLOBAL

    O Globo, 24-11-2008 No momento em que os brasileiros acabam de eleger seus prefei-tos e prefeitas, o Brasil sediar o mais importante evento do mundo sobre o combate explorao sexual de crianas e ado-lescentes. A coincidncia de agendas no foi intencional, mas existe uma forte conexo entre as eleies e o tema que ser dis-cutido por autoridades e especialistas de 150 pases durante o III Congresso Mundial de Enfrentamento da Explorao Sexual de Crianas e Adolescentes, que acontece entre os dias 25 e 28 de novembro no Rio de Janeiro. Apesar dos avanos obtidos nessa rea por governos, ONGs e sociedade civil, evidncias confirmam que a explorao sexual de crianas se alastra e atravessa fronteiras geogrficas. Mais de uma dcada aps o I Congresso Mundial contra a Explorao Sexual de Crianas, realizado em Estocolmo, a situao de crescente preocupao. O Congresso Mundial vai debater exa-tamente esses desafios globais, mas importante lembrar que as aes devem ser colocadas em prtica. Mas, afinal, o que a pre-feita e o prefeito eleitos podem fazer?

    Alm de programas e aes de combate ao problema, funda-mental que o municpio adote um plano municipal de enfrenta-mento da explorao sexual de crianas e adolescentes, baseado no dilogo entre os principais atores do Sistema de Garantia dos Direitos: conselho dos direitos, conselho tutelar; secretarias mu-nicipais, delegacia de proteo criana; juzes e promotores da infncia. Nesse processo, as lideranas comunitrias, os adoles-centes e suas famlias so atores fundamentais. Ainda que essa etapa de articulao seja essencial, essa iniciativa deve ter oramento prprio, dedicado a programas de atendimen-to s crianas, s redes de proteo famlia e a um servio de denncia. Dessa forma, o poder pblico municipal ter condi-es de cumprir seu papel de prevenir novos casos de explora-o, proteger a criana que sofreu violncia e punir os agressores de forma mais gil e eficiente. Enfrentar a explorao sexual de crianas e adolescentes requer persistncia. Estamos diante de um problema complexo. Mesmo que esse crime tenha como causa a pobreza e a misria, impor-tante ressaltar que a maior incidncia de casos registrada entre meninas e mulheres afro-descendentes e indgenas, com baixa escolaridade e que vivem com suas famlias de baixa renda nas periferias das grandes metrpoles ou municpios de baixo desen-volvimento socioeconmico. A partir de 1o de janeiro os novos prefeitos e prefeitas sero a-gentes fundamentais. No entanto, cada um de ns tambm tem um papel nesses esforos: propor e exigir solues, alm de de-nunciar os casos de violao. Podemos, juntos, colocar um fim a essa prtica criminosa e cruel, que marca para sempre a mente de quem sofre a violao. Em seus novos mandatos, os representan-tes polticos nos municpios tero uma oportunidade de mudar de uma vez essa realidade.

    (Marie-Pierre Poirier representante da Unicef no Brasil) 53 - (FEPECS DF) Considerando o texto como um todo, a funo de linguagem que nele predomina : a) referencial; b) conativa; c) ftica; d) metalingstica; e) emotiva. TEXTO: 22 - Comum questo: 54 Palavras que ferem, palavras que salvam "Posso ajudar?" Eis duas palavrinhas que nos soam mais que familiares. Entra-se numa loja e l vem: "Posso aju-dar?". Est desencadeado um processo durante o qual no mais conseguiremos nos livrar da prestimosa oferta. Ao entrar numa loja, o ser humano necessita de um tempo de contemplao. Pre-cisa se acostumar ao novo ambiente, testar a nova luminosidade, respirar com calma o novo ar. Sobretudo, necessita de solido para, por meio de um dilogo consigo mesmo, distinguir entre os objetos expostos aquele que mais de perto fala sua necessida-de, ao seu gosto ou ao seu desejo. A turma do "posso ajudar" no deixa. Mesmo que se diga "No, obrigado; primeiro quero exa-minar o que h na loja", ela s aparentemente entregar os pon-tos. Ficar por perto, olhando de esguelha, como policial descon-fiado. Onde a situao atinge proporo mais dramtica nas livrarias. Livraria por excelncia lugar que convida ao exame solitrio das mesas e das prateleiras. lugar para passar lenta-mente os olhos sobre as capas, apanhar e sentir nas mos um ou outro volume, abrir um ou outro para testar um pargrafo. Um jornal certa vez avaliou como critrio de qualidade das livrarias a rapidez com que o atendente se apresentava ao fregus. Clamo-

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    FUNES DA LINGUAGEM 17 Acesse os materiais extras no site: www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

    roso equvoco. Boa a livraria em que o atendente s se apre-senta quando o fregus o convoca. As melhores, sabiamente, dispensam o "posso ajudar". As mais mal administradas, desco-nhecedoras da natureza de seu ramo de negcio, insistem nele. Ainda se fossem outras as palavrinhas "Posso servi-lo? Precisa de alguma informao?" No; o escolhido o "posso ajudar", traduzido direto do jargo dos atendentes americanos ("May I help you?"). A m traduo das expresses comerciais americanas j cometeu uma devastao no idioma ao propagar o doentio surto de gerndios ("Vou estar providenciando", "Posso estar examinando") que, do telemarketing, contaminou outros se-tores da linguagem corrente. O "posso ajudar" caso parecido. Tal qual soa em portugus, mais merecia respostas como: "Pode, sim. Meu carro est com o pneu furado. Voc pode troc-lo?". Ou: "Est quase na hora de buscar meu filho na escola. Voc faz isso por mim? Assim me dedico s compras com mais sossego". Pode haver algo mais irritante do que o "posso ajudar"? Pode. o " s aguardar". Este prprio dos lugares em que se obrigado a esperar para ser atendido o banco, o INSS, o hospi-tal, o cartrio, o Detran, a delegacia da Polcia Federal em que se vai buscar o passaporte. Ou bem h uma mocinha distribuindo senhas ou um mocinho organizando a fila. Chega-se, a mocinha d a senha, o mocinho aponta o lugar na fila, e tanto a mocinha quanto o mocinho diro em seguida: "Agora s aguardar". S? S mesmo? O que vocs esto dizendo que o mais difcil, que foi apanhar essa senha ou ouvir a instruo so-bre em qual fila entrar aes que no me custaram mais que alguns segundos , j passou? Agora s gozar as delcias desta sala de espera, mais apinhada do que a Faixa de Gaza? Ou apre-ciar as maravilhas desta fila, comprida como a Muralha da Chi-na? Um trao caracterstico da turma do " s aguardar" que ela nunca cometer a descortesia de dizer " s esperar". Seus chefes lhes ensinaram que mais delicado, menos penoso, "a-guardar" do que "esperar". um pouco como quando se diz que fulano "faleceu", em vez de dizer que "morreu". A crena geral que quem falece morre menos do que quem morre. No mnimo, morre de modo menos drstico e acachapante. H outras ocasies em que o uso inbil da lngua vem em nosso socorro. Exemplos: "Foi movido contra voc um processo n 01239/2009 por danos morais, conforme a Lei n 9.099, na segunda vara pe-nal. Caso no comparea no lugar especificado no arquivo em anexo poder implicar em chamada de segunda instncia e/ou recolhimento da sociedade". "Todos os clientes MasterCard, devem recadastrar o seu carto em 72 horas. Este procedimento est sendo ocorrido mun-dialmente. Caso nosso sistema no reconhecer o recadastramen-to, ele bloqueia o carto, isto , ficando impossibilitado de novas compras. Clique no link abaixo e recadastre". Quem frequenta a internet sabe do que se trata: e-mails de golpistas, ladres de senhas. Quando no oferecem outros in-dcios, eles se denunciam pelo incontornvel costume de estropi-ar o idioma. Que bom que a escola brasileira to ruim.

    (Roberto Pompeu de Toledo. Veja, 25 de maro de 2009) 54 - (IBMEC) Considerando seus conhecimentos sobre fun-es de linguagem, avalie as afirmaes a seguir. I. A expresso Posso ajudar?, empregada por atendentes de lojas, exemplifica a funo ftica, cuja meta estabelecer contato com o receptor. II. Para compreender o enunciado Agora s gozar as de-lcias desta sala de espera, mais apinhada do que a Faixa de Ga-za?, necessrio ecorrer a informaes extralingusticas, que a principal caracterstica da funo referencial de linguagem.

    III. O fato de a linguagem estar sendo usada como assunto da prpria linguagem permite dizer que, nesse artigo, a funo metalingustica predominante. Est(o) correta(s) a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) Apenas I e III. TEXTO: 23 - Comum questo: 55 Carioca da gema 1Carioca, carioca da gema seria aquele 2que sabe rir de si mes-mo. Tambm por isso, 3aparenta ser o mais desinibido e alegre dos 4brasileiros. Que, sabendo rir de si e de um 5tudo, homem capaz de se sentar no meio 6fio e chorar diante de uma tragdia. 7O resto carimbo. 8Minha memria no me permite 9esquecer. O tio mais alto, o meu tio-av 10Rubens, mulherengo de tope, bigode frajola, 11carioca, pobre, porm caprichoso nas roupas, 12empaletozado como na poca, empertigado, 13namorador impenitente e alegre e, pioneiro, a 14me ensinar nos bondes a olhar as pernas 15nuas das mulheres e, aps, lhes oferecer o 16lugar. Que havia saias e pernas nuas nos 17meus tempos de menino. 18Folgado, finrio, malandreco, vive de 19frias. No pode ver mulher bonita, 20perdulrio, superficial e festivo at as 21vsceras. Adjetivao vazia... E s idia 22genrica, balela, no passa de carimbo. 23Gosto de lembrar aos sabidos, 24perdedores de tempo e que jo-gam conversa 25fora, que o lugar mais alegre do Rio a 26favela. onde mais se canta no Rio. E, a, o 27carioca desconcertante. Dos favelados 28nasce e se organiza, como um milagre, um 29dos maiores espetculos de festa popular do 30mundo, o Carnaval. 31O carimbo pretensioso e generalizador 32se esquece de que o carioca no apenas o 33homem da Zona Sul badalada de 34Copacabana ao Leblon. Setenta e cinco por 35cento da popula-o carioca moram na Zona 36Centro e Norte, no Rio esquecido. E l, sim, o 37Rio fica mais Rio, a partir das caras no 38cosmopolitas e se o carioca coubesse no 39carimbo que lhe im-putam no se teriam 40produzido obras pungentes, inovadoras e 41universais como a de Noel Rosa, a de Geraldo 42Pereira, a de Nlson Rodrigues, a de Nlson 43Cavaquinho... Muito do sorriso carioca 44picardia fina, modo atilado de se driblarem os 45percalos. 46Tenho para mim que no Rio as ruas 47so faculdades; os bote-quins, universidades. 48Algumas frases apanhadas l nessas bi-gornas 49da vida, em situaes diversas, como 50aparentes tipos-a-esmo: 51Est ruim pra malandro o 52advrbio at est oculto. 53Quem tem olho grande no entra na 54China. 55A galinha come com o bico no 56cho. 57Tudo de mais veneno. 58Negcio o seguinte: dezenove no 59 vinte. 60Se ginga fosse malandragem, pato 61no acabava na panela. 62No leve uma raposa a um 63galinheiro. 64Se a farinha pouca o meu piro 65primeiro. 66H duas coisas em que no se pode 67confiar. Quando algum diz deixe comigo ou 68este cachorro no morde. 69Amigo