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Francisco José Ferreira Mota Suporte à decisão clínica de Enfermagem Tese de Mestrado Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação Trabalho efetuado sob a orientação do(s) Professor Doutor Manuel Filipe Vieira Torres dos Santos (Professor Associado do DSI) Professor Doutor José Manuel Ferreira Machado (Professor Associado do DI) Fevereiro, 2018

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Francisco José Ferreira Mota

Suporte à decisão clínica de Enfermagem

Tese de Mestrado

Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão de Sistemas

de Informação

Trabalho efetuado sob a orientação do(s)

Professor Doutor Manuel Filipe Vieira Torres dos Santos

(Professor Associado do DSI)

Professor Doutor José Manuel Ferreira Machado

(Professor Associado do DI)

Fevereiro, 2018

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I

RESUMO

Este projeto de dissertação encontra-se inserido no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia e

Gestão de Sistemas de Informação na Universidade do Minho, tendo em conta o tema “Suporte à Decisão

Clínica de Enfermagem”. Os profissionais de saúde, mais concretamente os enfermeiros defrontam-se

diariamente com situações que perante a sua decisão poderão afetar diretamente ou indiretamente o utente.

Na área da saúde, as situações, por vezes, são tão complicadas que as práticas, memórias e conhecimentos

dos enfermeiros não são suficientes para fundamentar uma decisão eficaz, precisa num curto espaço de

tempo. Devido a isso é necessário adicionar a essa decisão um elevado número de informações clínicas

relevantes, que segundo Herbert Simon, o ser humano não tem a capacidade física para processar toda essa

informação nem aplicar todo o conhecimento. Perante essa necessidade, as instituições de saúde têm vindo

a investir na implementação de sistemas de informação que auxiliem nesse processo de tomada de decisão,

na comunicação, na qualidade do tratamento, entre outros. Esses sistemas, designados de Sistemas de

Apoio à Decisão (SAD), têm sido projetados para dar suporte de forma interativa às fases do processo de

tomada de decisão, todavia, nesta área de mercado, este processo é bastante complexo e estes sistemas

apresentam grandes dificuldades quando tentam abordar o processo de tomada de decisão preconizado por

Simon, mais concretamente em avançar da primeira fase (Inteligência) para a segunda fase (Conceção)

contribuindo para que estes não possam ser utilizados da maneira mais eficaz.

Neste presente projeto pretende-se analisar todo o processo de tomada de decisão, os sistemas de

apoio à decisão Clinica (SADC) e outros aspetos com o objetivo de identificar quais as dificuldades que estes

sistemas enfrentam com base em factos reais presentes no Hospital Santo António do Porto. A partir dessa

identificação serão formuladas soluções que possibilitem ultrapassar esses obstáculos e assim serem

utilizados como alicerces na construção de futuros SADC. Esta dissertação é composta por três atividades

principais: elaboração do projeto de dissertação, dissertação e artigo cientifico. Para que o projeto possa ser

desenvolvido da maneira mais correta, serão seguidas duas abordagens metodológicas, o “Design Science

Research” e o “Case Study”.

.

Palavras-Chave: Sistemas de Apoio à Decisão, Sistemas de Apoio à Decisão Clínica, Processo de tomada

de decisão de Simon, Registo Clínico Orientado ao Problema

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II

ABSTRACT

This dissertation project is part of the Integrated Master's Degree in Engineering and Management of

Information Systems at the University of Minho, considering the subject “Support to Nursing Clinic Decision".

Health professionals, more specifically nurses, are faced daily with situations that directly or indirectly can

affect the patient. In the health area, situations are sometimes so complicated that practices, memories and

knowledge of the nurses are not sufficient to support an effective and precise decision in a short space of

time. Because of this it is necessary add to that decision many relevant clinical information, which according

to Herbert Simon, the human being does not have the physical capacity to process all this information nor

apply all the knowledge. Faced with this need, health institutions have been investing in the implementation

of information systems that assist this process of decision-making, communication, quality of treatment,

among others. These systems, called Decision Support Systems, have been designed to provide interactive

support for the phases of the decision-making process. However, in this market area, this process is very

complex and these systems present excessive difficulties when attempting to address the decision-making

process advocated by Simon, more concretely in moving from the first phase (Intelligence) to the second

phase (Concept), causing them to not be used in the most effective way. In this project we intend to analyze

the entire decision-making process, the Clinical Decision Support Systems (CDSS) and other aspects with the

objective of identifying the difficulties that these systems face based on real facts present in the Hospital St.

Antonio of Oporto. From this identification will be formulated solutions that allow overcoming these obstacles

and thus be used as foundations in the construction of future CDSS.

This dissertation is composed of three main activities: elaboration of the dissertation project,

dissertation and a scientific article. So that the project can developed in the most correct way, two

methodological approaches will be followed: the "Design Science Research" and the "Case Study".

KEYWORDS: Decision Support Systems, Clinical Decision Support Systems, Simon's decision-making

process, Problem-Oriented Clinical Record

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III

ÍNDICE

Resumo ..................................................................................................................................................... I

Abstract .................................................................................................................................................... II

1. Contextualização .............................................................................................................................. 1

1.1 Introdução ................................................................................................................................. 1

1.2 Enquadramento......................................................................................................................... 2

1.3 Motivação ................................................................................................................................. 3

1.4 Objetivos e Resultados Esperados .............................................................................................. 4

1.5 Estrutura do documento ............................................................................................................ 5

2. Estado de Arte .................................................................................................................................. 7

2.1 Estratégia de Pesquisa Bibliográfica ........................................................................................... 7

2.2 Enfermagem e os Sistemas de Apoio à Decisão ......................................................................... 8

2.2.1 Sistemas de Apoio à Decisão ............................................................................................. 8

2.2.2 Sistemas de Apoio à Decisão Clínica ................................................................................ 14

2.3 Processo de Tomada de Decisão ............................................................................................. 16

2.3.1 Modelo Racional clássico vs Modelo da Racionalidade Limitada ........................................ 16

2.3.2 Fases do Modelo de Simon .............................................................................................. 18

2.4 Registo Clínico Orientado ao Problema..................................................................................... 25

2.5 Casos de Estudo relacionados ................................................................................................. 29

2.5.1 INTCare ........................................................................................................................... 29

2.5.2 National Comprehensive Cancer Network ......................................................................... 31

3. Abordagem Metodológica ............................................................................................................... 35

3.1 Design Science Research Methodology .................................................................................... 35

3.2 Case Study Methodology ......................................................................................................... 38

4. Plano de Trabalho .......................................................................................................................... 41

4.1 Planeamento das Atividades do Projeto .................................................................................... 41

4.1.1 Atividades desenvolvidas no projeto.................................................................................. 41

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IV

4.1.2 Atividades a desenvolver no projeto .................................................................................. 41

4.2 Lista de Riscos ........................................................................................................................ 41

4.3 Calendarização ........................................................................................................................ 44

5. Considerações Finais...................................................................................................................... 47

Referências Bibliográficas ....................................................................................................................... 49

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V

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução dos Sistemas de Apoio à Decisão .............................................................................. 10

Figura 2 - Características e Capacidades dos Sistemas Apoio à Decisão .................................................. 11

Figura 3 - Modelo Racional clássico ......................................................................................................... 17

Figura 4 - Modelo da Racionalidade Limitada de Simon ........................................................................... 18

Figura 5 - Modelo do Processo de tomada de decisão ............................................................................. 19

Figura 6 - Sistema INTCare ..................................................................................................................... 30

Figura 7 - Fase da Inteligência relativamente à dor .................................................................................. 32

Figura 8 - Fase da Escolha e os possíveis cenários de tratamento à dor ................................................... 33

Figura 9 – Metodologia Design Science Research .................................................................................... 36

Figura 10 - Componentes do Estudo de Caso .......................................................................................... 39

Figura 11 - Representação do planeamento das tarefas ........................................................................... 45

Figura 12 - Diagrama de Gantt ................................................................................................................ 46

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VI

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Fases do Processo de Tomada de Decisão e Tecnologias ......................................................... 24

Tabela 2- Lista de Riscos ........................................................................................................................ 42

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VII

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

BD – Base de Dados

CHP – Centro Hospitalar do Porto

CS – Case Study

DSR – Design Science Research

HSA – Hospital Santo António

PTD – Processo de Tomada Decisão

RCOP – Registo Clínico Orientado ao Problema

SAD – Sistema de Apoio à Decisão

SADC – Sistema de Apoio à Decisão Clínica

SI – Sistemas de Informação

SGBG – Sistema de Gestão de Base de Dados

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Neste capítulo será realizada uma contextualização do projeto que vai ser desenvolvido. Esta

contextualização inclui uma breve introdução do tema que será o centro deste projeto, o enquadramento, a

motivação que levaram à sua elaboração, os objetivos e resultados esperados e por último uma pequena

descrição de como o projeto se encontra estruturado.

1.1 Introdução

O setor da saúde tem vindo a assumir grandes responsabilidades ao longo dos anos, pois é este que

está encarregue de prestar cuidados a todos os cidadãos e de promover a saúde de cada indivíduo.

Para que a visão deste setor possa ser alcançada é necessário que, perante as situações que os

profissionais de saúde enfrentam no seu dia-a-dia, estes devem tomar as decisões da forma mais correta,

assertiva e precisa no momento crítico, resultando assim numa melhoria do estado do utente. Todavia, este

processo de tomada de decisão tem caminhado para uma maior complexidade, pois o número de

informações clínicas (imagens, registos médicos, diagnósticos entre outros) têm aumentado e sendo o ser

humano, um ser com capacidade limitada não é possível tirar partido de toda essa informação clínica de

qualidade para melhorar a sua eficiência financeira, operacional dos serviços de saúde. Exposto isto, Vercellis

(2009) afirma que o processo de tomada de decisão é bastante complexo para ser apenas uma abordagem

intuitiva (experiência, intuição) e que requer antes, uma atitude rigorosa baseada em metodologias analíticas

e modelos matemáticos.

As organizações face a esta necessidade investem cada vez mais em sistemas de informação, mais

concretamente nos Sistemas de Apoio à Decisão Clínica (SADC) que para além de auxiliarem os profissionais

de saúde no armazenamento da informação recolhida e na interpretação da informação permitem também

fornecer algumas sugestões sobre o problema em análise possibilitando que o processo de tomada de

decisão possa ser o mais agilizado e correto possível. Estes sistemas em conjunto com o espirito crítico dos

profissionais permitem obter uma melhor qualidade no tratamento, um aumento do desempenho dos

profissionais, uma melhor comunicação entre os profissionais levando a que as necessidades dos utentes

sejam facilmente compreendidas entre todos, otimização do tempo de resposta entre muitos outros

benefícios. Porém, as implementações destes sistemas de apoio à decisão na área da saúde são bastantes

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reduzidas. Existem vários fatores que impedem estes sistemas de suportarem a decisão quando tentam

abordar as fases do processo de tomada de decisão (exemplo: não conseguem avançar da primeira fase

para o resto das fases), impossibilitando que estes sistemas possam ser utilizados da maneira mais eficaz

possível.

Este trabalho de dissertação tem como objetivo identificar quais as dificuldades/fatores que têm

impossibilitando esse suporte, identificar as soluções que caso sejam implementadas possam eliminar ou

atenuar esses obstáculos. Como resultado é expectável que quando se proceder à construção de um SADC

se tenha em mente as dificuldades e as respetivas soluções, para que se possa desenvolver um sistema

compatível com as fases de processo de tomada de decisão, melhorando drasticamente os serviços

prestados diariamente aos utentes.

1.2 Enquadramento

A Enfermagem é imprescindível para a saúde pois tem como missão cuidar das pessoas, saudáveis

ou doentes, sendo que cada uma é detentora da sua individualidade que tem que ser tida em conta aquando

da prestação de cuidados (Florin, 2007). O Centro Hospitalar do Porto (CHP), mais concretamente o Hospital

Santo António (HSA) é uma unidade clínica e escolar que visa a excelência em todas as suas atividades,

numa perspetiva global e integrada da saúde (Centro Hospitalar do Porto, 2016). O HSA tem como principal

foco prestar cuidados que melhorem a saúde dos utentes e da população, em atividades de elevada

diferenciação destacando-se boas práticas clínicas e de gestão. Esta instituição trata diariamente de milhares

de pessoas, gerando diariamente grandes quantidades de informação (diagnósticos, imagens, registos entre

outros) e para que seja alcançado melhoramentos na qualidade do serviço, qualidade do tratamento dos

utentes, a organização promove o desenvolvimento de sistemas de informação da saúde e a sua aplicação

no seu quotidiano.

Sistemas de Apoio à Decisão Clínica (SADC) são sistemas de informação que no contexto da saúde

tem como finalidade suportar diretamente o processo da tomada de decisão. Estes sistemas, através de um

conjunto de processos e métodos computacionais permitem transformar dados clínicos em conhecimento,

ajudando assim os profissionais na superação das suas limitações cognitivas, no melhoramento do processo

clínico, no aumento da rapidez da tomada de decisão e, consequentemente, reduzir o número de fatalidades,

prevenir futuras doenças e aumento tempo de cuidados diretos ao utente. Todavia, a aplicação destes

sistemas na saúde tem apresentado bastantes dificuldades. Atualmente, os SADC têm vindo a apresentar

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dificuldades quando tentam abordar o processo de tomada de decisão preconizado por Simon adaptado à

área da saúde, mais concretamente em ultrapassar/avançar da primeira fase (Inteligência) para a segunda

fase (Conceção), impedindo que a tomada de decisão possa ser portadora de eficácia, eficiência num curto

espaço de tempo.

Este projeto de dissertação tem a finalidade identificar quais os obstáculos que estes sistemas estão

a enfrentar para não conseguirem avançar nas fases do processo de tomada de decisão preconizado por

Simon inserido no CHP e ilustrar um conjunto de soluções para que estes sejam evitados.

1.3 Motivação

O projeto a ser desenvolvido é considerado de longo prazo, uma vez que tem duração de um ano.

Para que a minha escolha incidisse num projeto desafiante, cativante tive sempre em mente dois tipos de

questões: “Qual a contribuição que este projeto fornece?” e “Com a escolha deste projeto serei capaz de

produzir um projeto eficaz e atempadamente?”.

Em relação à primeira questão, os hospitais, cada vez mais, tentam implementar os melhores

sistemas, com o intuito de auxiliar os seus profissionais de saúde na tomada de decisão e torná-los mais

capacitados de realizar certas atividades, todavia estes sistemas têm vindo a apresentar várias dificuldades

em o fazer, o que os torna de uma certa forma incapacitados. Os enfermeiros(as), que serão os profissionais

em estudo, surgiram durante a evolução das práticas da saúde e são estes que diariamente se encontram

em contacto vinte e quatro horas com os utentes e respetivos familiares. Porém, independentemente desta

proximidade, os enfermeiros muita das vezes não são convidados para participar no processo de tomada de

decisão, mesmo sendo profissionais que diariamente se defrontam com situações que envolvem decisões

que afetam de uma forma direta e indireta o utente.

Com a implementação destes sistemas, estas questões de diferenciação, conflitos de interesses

entre médicos e enfermeiros terminará pois cada um terá um papel fulcral na decisão. Estes sistemas

também permitem que a decisão possa ser efetuada no menor tempo possível, eficaz e eficiente melhorando

assim a qualidade dos cuidados do utente, resultando assim na satisfação por parte do mesmo.

Devido ao desafio de entender como funcionam os Sistemas de Apoio à Decisão Clínica e quais as

dificuldades que eles estão a apresentar e a impedir as organizações de obter a seu potencial máximo, foram

fundamentais para que a minha escolha incidisse este tema. A tudo isto junta-se o interesse pessoal, pois

tenho um familiar nesta área de trabalho e por vezes, consigo observar o quão difícil é agir nesta área (as

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decisões complicadas que enfrentam num reduzido espaço de tempo) afetando a sua autoestima no seu

quotidiano.

1.4 Objetivos e Resultados Esperados

Os Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) têm vindo a ser bastante implementados pelas várias

organizações existentes, contudo estes sistemas a nível da saúde, mais concretamente na área da

enfermagem têm sido mais reduzidos devido ao facto de estes apresentarem bastantes complicações no

suporte da decisão quando tentam abordar as fases do processo de tomada de decisão preconizado por

Simon.

Este projeto, de acordo com a organização envolvida, tem então como objetivo elaborar um

levantamento das dificuldades que estes sistemas têm enfrentado quando são confrontadas com essas fases

do processo da tomada de decisão (por exemplo quais as dificuldades que têm tornado quase impossível os

sistemas de avançarem da primeira fase (Inteligência) para a segunda fase (Conceção)). Após as dificuldades

terem sido identificadas, serão apontadas soluções que poderão permitir atenuar ou até mesmo eliminar

estes obstáculos levando a que o processo de decisão possa ser auxiliado no geral, possibilitando assim aos

profissionais de saúde usufruir destes sistemas e obter uma decisão eficiente, eficaz num curto espaço de

tempo.

Exposto isto, conseguimos formular questões de investigação, que serão o centro de todo o

desenvolvimento deste projeto dissertação. Essas questões são as seguintes:

• Quais as dificuldades que estes sistemas enfrentam para que os mesmos não consigam auxiliar no

processo de tomada de decisão?

• Quais as ações/soluções que deverão ser implementadas para que as dificuldades que os sistemas

enfrentam deixem de existir, podendo o processo de tomada de decisão ser auxiliado em geral?

• Qual o impacto que os sistemas e processos de tomada de decisão têm sobre as instituições da

saúde?

Com o desenvolvimento desta dissertação espero como resultado: adquirir um conhecimento mais

aprofundado sobre os sistemas de apoio à decisão; Conhecimento sobre as fases do processo de tomada

de decisão; Entender realmente os benefícios que os profissionais de saúde poderão obter com a utilização

dos sistemas de apoio à decisão clinica; Quais os cuidados a ter quando se pretender construir um sistema

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de apoio à decisão na área da saúde; Obter umas ideias claras sobre práticas clínicas e de gestão por parte

das organizações que atuam na área da saúde.

1.5 Estrutura do documento

Este documento encontra-se organizado em cinco capítulos. Relativamente ao primeiro capítulo, este

tem como função contextualizar os leitores sobre o tema do projeto, os motivos que levaram à escolha da

sua realização, os objetivos e os resultados esperados permitindo que assim expor o ponto de situação e a

sua relevância no mundo de hoje.

O segundo capítulo representa o estado de arte, é aqui que será realizado um enquadramento

conceptual de todos os conceitos - SAD, SADC, RCOP, PTD - e áreas que são fulcrais para fundamentar o

estudo na área em que o projeto está inserido. Para além desta contextualização serão apresentados casos

de estudo semelhantes ao projeto a desenvolver. Antes de iniciar a descrição dos conceitos foi delineada

uma estratégia de pesquisa bibliográfica.

Em relação ao terceiro capítulo, encontram-se as metodologias que foram adotadas neste projeto de

dissertação e as suas respetivas descrições. Estas duas metodologias, “Design Science Research” e “Case

Study”, permitiram que o desenvolvimento do projeto fosse executado o mais corretamente possível.

O quarto capítulo recairá sobre a gestão de projeto, onde será fornecida uma calendarização das

tarefas realizadas e as que ainda se vão realizar para a execução do mesmo. Para além disto será também

ilustrado os principais riscos que poderão surgir durante a execução deste projeto e os respetivos planos de

ação para precaver estes possíveis acontecimentos e que os mesmos possam ser atenuados ou eliminados.

Por último, no quinto capítulo são elaboradas algumas considerações finais que têm como base

conclusões que foram levantadas à medida que o estado de arte estava a ser realizado. Para além desta

sistematização do estado de arte, também será elaborada uma breve introdução sobre o trabalho futuro que

será o foco daqui para a frente. Finalizando com a apresentação de todas as referências bibliográficas úteis

que foram utilizadas para a realização deste projeto de dissertação.

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2. ESTADO DE ARTE

Para a elaboração deste projeto é necessário realizar um levantamento do estado de arte. O estado

de arte tem como principal objetivo clarificar a área em estudo deste projeto, os seus conceitos e âmbitos

que são úteis para o fundamentar. Antes de iniciar qualquer enquadramento foi necessário esboçar uma

estratégia de pesquisa, permitindo assim que a informação fosse recolhida da forma mais correta e indicada,

contribuindo para uma melhor definição do trabalho futuro.

2.1 Estratégia de Pesquisa Bibliográfica

Neste capítulo, para obter um documento com clareza, transparência e de fácil captação, ou seja,

transmitir informação que possa ser transformada em conhecimento por parte de quem o lê, foi necessário

recorrer a vários motores de pesquisa e bases de dados informacionais que englobavam artigos científicos,

livros, jornais, dissertações entre outos.

Estas foram as plataformas mais utilizados durante a realização deste projeto:

• Repositório da Universidade do Minho (https://repositorium.sdum.uminho.pt);

• Mendeley (https://www.mendeley.com);

• B-On (http://www.b-on.pt);

• Repositório fornecido pelo Professor Carlos Filipe Portela.

As plataformas acima apontadas, apresentação uma vasta diversidade de artigos, livros entre outros.

De modo, a filtrar toda a informação relevante foi necessário definir algumas palavras-chaves, palavras essas,

que são a razão da elaboração desta dissertação. A pesquisa dividiu-se em duas partes: a parte da

Enfermagem, da área da saúde, e a parte dos Sistemas de Informação. Na primeira parte temos como

palavras-chaves: “Nursing”, “Enfermagem”, “Nursing practice”, “Problem-Oriented Medical Record

(POMR)”, “Registo Clínico Orientado ao Problema”. Quanto às palavras relacionadas com os Sistemas de

Informação foram selecionadas como mais importantes as seguintes: “Data Mining”, “Clinical Decision

Support System”, “Decision Support System”, “Decisio-Making”, “Decision Making Systems”, “Simon’s

model of Decision Making”, “INTCare” e “National Comprehensive Cancer”.

O operador “And”/”e” foi utlizado para conjugar as palavras-chaves de várias formas nas plataformas

utlizadas (por exemplo: “Enfermagem” AND “Sistemas de apoio à decisão”) o que permitiu encontra

melhores artigos com um conteúdo relevante.

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Mesmo recorrendo às palavras-chaves e à combinação das mesmas, os resultados (artigos)

continuavam a ser imensos, e de modo a reduzir a pesquisa, foi necessário criar um critério de seleção. O

critério baseia-se na leitura do abstract, ou seja, caso este fosse conciso, preciso e adequado ao tema em

estudo era selecionado como útil. Para além, deste critério, o número de vezes que o artigo foi citado por

outros autores, o historial de cada autor, feedbacks dados pelos leitores e a qualidade da informação presente

no artigo também foram tidos em conta.

2.2 Enfermagem e os Sistemas de Apoio à Decisão

2.2.1 Sistemas de Apoio à Decisão

Os agentes com o poder de tomar uma decisão nas organizações, têm vivido um cenário intensivo,

em que a exigência e a eficácia da tomada de decisão é colocada à prova sistematicamente, visto que cada

decisão poderá afetar o estado da organização na sua sobrevivência, expansão ou estagnação. Uma das

áreas em que se tem vivido este constante ambiente intensivo é nas instituições da área da saúde, em que

a decisão de um gestor, médico ou enfermeiro poderá influenciar, diretamente ou indiretamente, na vida dos

utentes e suas famílias.

Estes profissionais de saúde, como todos os outros agentes responsáveis pela tomada de decisão

enfrentam diariamente problemas que podem ser classificados em três categorias: problemas estruturados,

problemas não estruturados e problemas semiestruturados (Turban, E. Aronson, & Liang, 2007).

Segundo Turban et al. (2007) os problemas estruturados/programados, que dão origem às decisões

estruturadas/programadas, são problemas que são bem compreendidos e o seu processo de tomada de

decisão para a obtenção de uma solução positiva são conhecidos ou semelhantes a outros problemas

anteriores, sendo muitas vezes denominados por problemas rotineiros ou repetitivos. Já os problemas não

estruturados/não programados são aqueles que carecem da estruturação, a sua relação com a informação

não é bem conhecida e têm uma caraterística particular que é o facto de serem únicos. Moritz & Pereiras

(2006) afirma que neste tipo de problemas, a racionalidade total por parte do agente responsável pelo

processo de tomada de decisão é impossível, e para não estar apenas envolvido neste processo a intuição,

habilidade e criatividade é necessário que as organizações investam no desenvolvimento de sistemas de

informação que auxiliem no processamento de mais informação ajudando assim a que a complexidade do

problema em questão possa ser diluída ou quebrada, possibilitando a obtenção de uma solução.

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Exposto isto, damos início ao conceito dos Sistemas de Apoio à Decisão (SAD), um exemplo de um

SI, que muito tem auxiliado as várias organizações neste tipo de dificuldades, no que concerne a tomar

decisões mais céleres e acertadamente desde o século XX. Estes sistemas possibilitam que a decisão correta

seja tomada no momento crítico conduzindo as organizações a uma maior rentabilidade e uma maior

satisfação por parte do cliente (Sheps, 2008).

DSS, enquanto conceito, surgiu inicialmente por Peter Keen na Academia britânica em 1970 e que

desde então, tem vindo ao longo dos anos a assumir várias interpretações pelos mais variados investigadores.

Estas diferentes interpretações devem-se não só ao progresso das tecnologias ser cada vez maior, de ano

para ano, dando origem a novos modos e meios de tomada de decisão auxiliadas por sistemas informáticos

(Averweg, 2012), mas também a crescente competitividade entre as empresas possibilitando um maior

esforço para um avanço rápido (Junior, 2005).

No início de 1970, os SAD apresentavam um elevado custo e as bases de dados (BD) eram bastantes

limitadas não sendo assim possível uma realização de pesquisas, e consequentemente a realização de

relatórios e análise de dados não era possível. Nesta altura, os SAD tinham como finalidade fornecer suporte

computacional para o desenvolvimento rápido de aplicações e não como processos que permitissem a

decisão. Entretanto com o avançar dos anos, chegamos aos anos 80 em que os primeiros Sistemas de

Gestão de Base de Dados (SGBD) surgiram tornado a realização de relatórios e análises sofisticadas dos

dados possível. Keen & Scott Morton (1978) descreveram então os SAD como sistemas informáticos que

combinam os recursos intelectuais dos indivíduos com as capacidades tecnológicas do computador obtendo

assim um melhoramento na qualidade das decisões. Por outras palavras, é um sistema de suporte baseado

em computador que permite aos agentes responsáveis pela tomada de decisão lidarem com problemas

classificados como não estruturados ou semiestruturados (Keen & Scott Morton, 1978). A partir deste ano,

os SAD começam a emergir em todas as áreas de mercado, fornecendo apoio à decisão dos gestores de

topo e executivos. Polloni (2000) é da opinião que SAD é como “um sistema que trata de assuntos

específicos, estatísticas, projeções e comparações de dados referentes ao desempenho da organização,

estabelecendo parâmetros para novas ações dentro do negocio da empresa”.

A decisão obtida neste processo não é só devida as capacidades tecnológicas envolvidas, nem a

intelectualidade dos indivíduos, mas também devido ao tipo de informação que nele esta envolvida. A

informação, mais concretamente o valor da informação está proporcionalmente relacionada com a decisão,

isto é, quanto mais precisa, completa e apropriada ela for, melhor será a decisão tomada pelo agente

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responsável. Posto isto, Sauter (1997) observou que SAD são sistemas baseados em computadores que

possibilitam ao agente cruzar informações de diferentes fontes de dados e compilar informações significativas

e úteis sobre uma situação especifica.

Em suma, existem várias definições sobre “O que é o SAD?” e quais as suas finalidades, tendo todas

como base apoiar os agentes responsáveis pela tomada de decisão a lidar com os problemas considerados

como não estruturados ou semiestruturados. É extremamente importante realçar que todos os autores na

definição de SAD, fazem referência ao envolvimento intensivo que os indivíduos apresentam neste processo

não só porque a sua intelectualidade é fundamental, mas também porque estes sistemas não pretendem de

todo substituir o julgamento nem oprimir o espirito crítico que o ser humano apresenta quando surge este

tipo de decisões.

Em síntese, estes sistemas pretendem auxiliar, apoiar e agilizar a tomada de decisão dos autores

responsáveis pela mesma.

O autor Luís Lima (2010), presenciando as evoluções e as tecnologias que foram contribuindo ao

longo dos tempos para atingir o que hoje podemos chamar de SAD, criou uma imagem, Figura 1, em que

esta contém uma cronologia e as respetivas evoluções e tecnologias.

Figura 1 - Evolução dos Sistemas de Apoio à Decisão (Retirado de (Lima,2010))

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Características e Capacidades do Sistemas Apoio à Decisão

Como foi apresentado no ponto acima, não existe um consenso sobre o que é um SAD levando a

que sejam apontadas várias características e capacidades padrão dos SAD (Turban et al., 2007).

Na figura 2, encontram ilustradas algumas dessas capacidades, muitas delas já foram citadas nas

definições do SAD, bem como outras que fundamentam melhor esse conceito que tanta contextualização

apresenta.

De acordo com (Turban et al., 2007), as características e capacidades do SAD são:

1. Auxilia os agentes responsáveis pela tomada de decisão em problemas de origem não

estruturada e semiestruturada. Estes problemas devem ser resolvidos com a junção destes

sistemas e o julgamento humano (existem problemas que não podem ser resolvidos sem o ato

humano estar envolvido).

2. Estes sistemas fornecem auxílio a todos os níveis da empresa (desde os gestores de topo até

aos trabalhadores da linha de produção).

3. Auxilia não só em problemas individuais como também em problemas em que a colaboração de

outros departamento, organizações é necessário. O SAD facilita a comunicação entre eles.

4. Apoio as decisões interdependentes ou sequenciais.

Figura 2 - Características e Capacidades dos Sistemas Apoio à Decisão (Retirado de (Turban net al., 2007))

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5. Suporta todas as fases do processo de tomada de decisão de Simon.

6. Suporta a decisão em vários processos e estilos.

7. O SAD deve ser capaz de se adaptar às repentinas mudanças que o agente responsável pela

tomada de decisão se depara. A esta adaptabilidade deve estar associada a flexibilidade, pois

estas mudanças podem levar a que seja necessário adicionar, excluir, alterar elementos básicos.

8. Sistemas devem ser user-friendly, ou seja, gráficos apelativos, interface de fácil iteração e de uso

fácil. Isto permite aumentar consideravelmente a eficácia do SAD.

9. Eficácia em vez de eficiência. É preferível os sistemas apresentarem mais qualidade, precisão e

pontualidade (eficácia) do que eficiência (ser rápido a gerar uma decisão).

10. O agente é total responsável pela decisão que é tomada. O SAD apenas vem auxiliar e nunca

substituir o responsável pela decisão.

11. Permite que possam ser adicionados novos sistemas, que em conjunto permitem que os SAD

se tornem mais completos e com mais precisão.

12. A capacidade de modelar diferentes modelos permitirá que se possa obter diferentes estratégias

e diferentes maneiras de ação.

13. O acesso dos dados é fornecido a uma grande fonte de dados, formatos e tipos;

14. Pode ser integrado com diferentes objetivos: utilizado como uma ferramenta autônoma por um

responsável pela decisão individual em um local ou numa organização.

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Vantagens dos Sistemas de Apoio à Decisão

Para (Turban et al., 2007), os SAD já podem ser aplicados na maior parte das organizações

independentemente dos mercados em que se encontram. Estes sistemas fornecem um conjunto de ações

que possibilitam aos profissionais das organizações uma tomada de decisão de forma rápida e precisa.

Neste seguimento serão enumeradas algumas ações vantajosas que estes sistemas disponibilizam

a quem os utiliza:

• Rápido Processamento: Estes sistemas fornecem aos agentes responsáveis pela decisão a

possibilidade de realizar cálculos rápidos a um baixo custo. Isto permite ainda ás organizações, que

enfrentam decisões extremamente difíceis, possam tomá-las mais atempadamente mesmo que haja

uma grande quantidade de informação a averiguar.

Exemplo: Ajudar um médico numa sala de emergência; Auxiliar os gestores na compra de

ações; Auxiliar os profissionais no ato de apostar.

• Supera os limites cognitivos em relação ao processamento e armazenamento: Como será

demonstrado no ponto, “Processo de tomada de decisão”, Simon (1977) afirma que o ser humano

não tem a capacidade para processar uma vasta gama de informações e conhecimentos diversos,

para obter como um output uma decisão rápida e simultaneamente eficaz. Porém, com o

aparecimento destes sistemas e com a usa aplicação, os agentes responsáveis pela tomada de

decisão já possuem um auxiliar que os ajuda a aceder e a processar mais rapidamente grandes

quantidades de informação num curto espaço de tempo, tornando a que a decisão possa ocorrer

eficientemente e eficazmente simultaneamente.

• Suporte na qualidade no valor da informação: O valor da informação está proporcionalmente

relacionado com a decisão, isto é, quanto mais precisa ela for e quanto mais qualidade ela tiver,

melhor será a decisão tomada pelo agente responsável. A informação para dar suporte no processo

de tomada decisão é fundamental que esta possua três características: que seja precisa, completa

e apropriada. Os sistemas em conjunto com essa informação, consegue fornecer uma maior

variedade de cenários possíveis e avaliar impactos diversos.

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• Controlar os gastos: A lucratividade pode ser controlada com o uso destes sistemas. Estes

sistemas fornecem cenários que auxiliam os responsáveis a não tomarem decisões desnecessárias,

consequentemente não havendo gastos desnecessários.

Exemplo: Nos hospitais, o agente caso não recorra a estes sistemas poderá estar a realizar

exames médicos (gastos), exames esses que podem não ajudar a identificar as causas do estado do

utente e por sua vez vão onerar os gastos.

• Melhorar a comunicação: Estes sistemas também podem ser vistos como facilitadores da

comunicação entre os colaboradores internos e os colaboradores externos. Esta comunicação

permite reduzir o tempo de espera entre os dados fisiológicos do utente, levando a que o tratamento

se inicie mais cedo.

Exemplo: Nos hospitais, estes sistemas permitem que os profissionais possam registar o

status do utente em formato digital, possibilitando que qualquer profissional, de qualquer ala do

hospital possa aceder a esses registos não sendo necessário esperar pelos registos do profissional

que fez a análise do utente.

2.2.2 Sistemas de Apoio à Decisão Clínica

Como os Sistemas de Apoio à Decisão possuem bastantes características benéficas para as

organizações e se encontram presentes em quase todas as áreas do mercado, a área da saúde não quis

ficar para trás, sendo assim, criado os Sistemas de Apoio à Decisão Clínica (SADC). Os SADC são sistemas

que auxiliam, diariamente, os profissionais de saúde na perceção e no valor da qualidade da informação

agilizando a tomada de decisões clínicas. De uma forma sucinta, Wyatt & Spiegelhalter (1991) definem os

SADC como um sistema de conhecimento ativo que utiliza dois ou mais itens de dados de um utente com a

finalidade de gerar conselhos específicos para os casos. Estes sistemas têm vindo a evoluir, surgindo novas

definições como a Lichtenstein, Tavares, Pisa, & Sigulem (2011) que diz: “sistema que fornece aos médicos,

pacientes ou indivíduos conhecimentos e informações de determinada pessoa ou população, filtrados de

forma inteligente ou apresentados em momentos oportunos, de forma a promover processos de melhoria do

estado de saúde, do cuidado do paciente individual e da saúde da população”.

Para entender melhor este conceito, (Vasconcelos, 2004) criou um cenário em que esboça como é

que os SADC têm a capacidade de converter um problema genérico, “Qual é o problema de saúde do utente

P?”, num conjunto de problemas mais específicos, tais como “O utente P tem a doença X?”,”O utente P tem

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a doença Y?”. Mesmo que os SADC possuem mecanismos de colaboração entre diferentes profissionais de

saúde e mecanismos de orientação às competências clínicas, responsabilidades e coordenação são

fundamentais neste processo de tomada de decisão.

As quatro tipos de funções principais que os SADC têm disponibilizado para ajudar os profissionais

de saúde a tomar decisões clínicas (Perreault & Metzger, 1993) são:

✓ Administrativa: Dão suporte à codificação clinica e documentação; Autorização de procedimentos

e encaminhamento de utentes entre outras atividades;

✓ Gestão de complexidade clínica e detalhes: Armazenamento de dados de utentes; Gestão de

chamadas médicas e Gestão de encaminhamento de utentes;

✓ Controlo de custos: Monitorização de medicamentos; Prevenir que não sejam realizados testes

duplicados e desnecessários;

✓ Suporte à decisão: Fornecem avaliações ou procedimentos customizados conforme o diagnóstico

clínico de um utente; Promover as melhores técnicas que devem estar envolvidas; Fornecimento de

guias específicos conforme as condições do utente.

De acordo com Holland (2009), com a utilização do SADC as entidades de saúde conseguem obter

as seguintes vantagens:

• Qualidade de tratamento;

• Qualidade no atendimento do utente;

• Desempenho dos profissionais de saúde e eficiência operacional;

• Compreensão das necessidades do utente e eliminação dos atrasos desse processo;

• Reserva e acesso a recursos clínicos;

• Satisfação do utente;

• Segurança do utente e mitigação dos riscos;

• Avaliação e gestão dos padrões do utente;

• Cumprimento das normas de processo e relatórios exigidos, pelas entidades credoras;

• Redução de custos.

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2.3 Processo de Tomada de Decisão

“Nada é mais difícil e, portanto, mais precioso do que a habilidade de decidir”. Esta citação proferida

por Napoleão Bonaparte, o famoso líder político e militar da revolução francesa, dá-nos a visão de que o

processo de tomada de decisão (PTD) já é algo que se encontra inserido na nossa sociedade há bastantes

gerações.

Sendo o PTD bastante crucial não só para as organizações como para quem vive das suas decisões,

este processo começou, desde muito cedo, a ser estudado por vários investigadores, visto que eles

acreditavam que quando encontrassem algum caminho que permitisse agilizar a complexidade deste

processo, muitas organizações conseguiriam não só obter as decisões satisfatórias, mas também optar pelas

melhores decisões conforme os seus objetivos (Gontijo, Santos, & Maia, 2004). No decorrer desse estudo

foram preconizadas diferentes racionalidades e comportamentos, diferentes tipos de problemas, diferentes

tipos de decisão, diferentes modelos que interpretam o processo de tomada de decisão de diferentes

perspetivas.

Herbert Simon, “pai” do estudo do PTD, afirmou que o mesmo é um processo de análise e escolha

entre as várias alternativas disponíveis no decorrer da ação que a pessoa está a seguir com a finalidade de

alcançar um objetivo ou mais objetivos (Turban et al., 2007), sendo por isso visto como um processo

cognitivo. A esta definição, Chiavenato (2003) acrescentou que o processo de tomada de decisão é mais do

que um processo de escolha sobre um problema em estudo é também uma forma de tomar providências

para que o mesmo se desenrole da maneira mais eficaz.

Discorrendo sobre a natureza da tomada de decisão, será correto então afirmar que o processo de

tomada de decisão é igual para todos? Os investigadores enfatizaram que o PTD pode ser delineado segundo

vários modelos como, por exemplo, o modelo de Simon, o modelo político, o modelo de processo, o modelo

do contentor e o modelo de McGrath (Marreiros, 2007).

2.3.1 Modelo Racional clássico vs Modelo da Racionalidade Limitada

O modelo racional clássico afirma que o ser humano tem a capacidade de aceder, obter e processar

todas as informações relevantes para a tomada de decisão, de forma objetiva, independentemente da

complexidade do sistema em que se encontra inserido. Afirmam, também, que o agente responsável pela

tomada de decisão tem um conhecimento aprofundado de todas as alternativas possíveis de ação, levando

a que as incertezas inerentes e ambiguidades no processo sejam ignoradas (Moritz & Pereiras, 2006).

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Estas ideologias descritas anteriormente permitiram concluir que os agentes responsáveis pela

tomada de decisão conseguem definir, optar pela melhor opção e implementá-la, sendo assim associado à

expressão de Taylor “one best way” (Towler & Keast, 2009).

Para contrapor este modelo, Herbert Simon em 1945, publica um Livro “Administrative Behavior: a

study of decsion making processes in administrative behavior” onde apresenta o seu próprio modelo, o

modelo comportamental da racionalidade limitada ou modelo Carnegie.

(Simon, 1977) afirma que o ato de decidir é essencialmente uma ação humana e comportamental

em que está inerente uma seleção, consciente ou inconsciente, de determinadas ações entre aquelas que

são fisicamente possíveis quer para o agente responsável pela decisão quer para as pessoas sobre as quais

ele exerce influência e autoridade. Com isto, Simon expõe que este processo é um procedimento

eminentemente humano e que para ele, o ser humano não tem capacidade física para processar todas as

informações relevantes para a tomada de decisão e de aplicar todo o conhecimento, comportamentos,

valores e habilidades à decisão. E devido a essa impossibilidade, o ser humano contenta-se em adquirir um

número limitado de informação que a sua mente consegue processar, sendo assim impossível para qualquer

organização/pessoa obter a melhor decisão, ficando-se pela decisão satisfatória (decisões que atendem aos

requisitos mínimos) (Simon, 1977). Outro aspeto bastante importante a qual Simon deu bastante ênfase, foi

o facto de o modelo económico clássico afirmar que o resultado das ações humanas consegue ser antecipado

por completo, não existindo riscos, incertezas e ambiguidades associadas às decisões. Para criticar tal

ideologia, Simon explicou que a ação humana é algo dinâmico, pois as ações humanas variam conforme as

condições do momento da escolha, da ocasião, dos fatores psicológicos e emocionais (motivação, ambições,

efetividade entre outros) e os jogos de poder presentes no momento da tomada de decisão (Simon, 1977).

Para solidificar ainda mais a sua crítica, Simon (1977) afirma que o impacto associado à decisão tomada

nem sempre está imediatamente após a mesma, ou seja, a decisão que hoje é tomada só irá observar-se o

impacto das suas consequências e riscos no futuro permitindo assim afirmar que o ser humano não tem a

Figura 3 - Modelo Racional clássico (Retirado de (Moritz & Pereiras, 2006))

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capacidade de antecipar eficazmente todas as ações humanas, pois caso o fizesse poderíamos afirmar que

o ser humano conseguia prever o futuro.

O desenvolvimento deste projeto de dissertação ir-se-á focar no processo de tomada de decisão que

os profissionais de saúde, mais concretamente os enfermeiros, enfrentam diariamente com decisões em que

o seu aspeto cognitivo, ética, afetividades e valores estão presentes (Perroca & Preto, 1997). Exposto isto e

após uma reflexão, este projeto guiar-se-á pelo modelo da racionalidade limitada ou modelo de Carnegie,

preconizado por Herbert Simon, pois é um modelo que se adequa ao tema que é abordado neste projeto de

dissertação.

2.3.2 Fases do Modelo de Simon

Sendo o processo de tomada de decisão (PTD) delicado, vários modelos tentaram explicar como é

realmente o processo pode ser conduzido, concluindo que este deve seguir um processo sistemático. Um

dos modelos mais concisos e completos para a sociedade de hoje e que é estudado nesta literatura é o

modelo PTD preconizado por Herbert Simon.

Simon elabora um modelo PTD sistemático que é composto por três fases iniciais: Inteligência,

Conceção e Escolha (Simon, 1977). Posteriormente, este modelo teve uma extensão em que lhe foi

adicionada uma quarta fase, a implementação. Esta nova fase foi proposta por (Sprague Jr & Carlson, 1982).

Para tornar este processo mais completo e adequado aos SADC, Turban tentou completar este

processo de decisão com a consideração de uma quinta fase, Monitorização. Contudo o autor considera que

Figura 4 - Modelo da Racionalidade Limitada de Simon (Retirado de (Moritz & Pereiras, 2006))

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a monitorização se encontra em todas as outras fases anteriores através do constante feedback (feedback

que é de extrema importância para a tomada de decisão) (Turban et al., 2007).

No final deste modelo é possível verificar que se trata de um processo parcialmente iterativo, na

medida em que as fases podem ser realizadas simultaneamente e podem retornar a uma fase anterior,

apesar disso e mesmo sendo possível esta sobreposição de fases é fundamental citar que este processo tem

a caraterística de ser sequencial em que o "Conceção" requer da "Inteligência", "Conceção" que precisa do

"Conceção" e "Implementação", após a "Escolha" (Burstein et al., 2006).

A fase Inteligência, Conceção, Escolha e Implementação e monitorização vêm facilitar a interpretação

e aplicação dos modelos num contexto real (Portela, 2009).

Na figura 5, é possível observar como é que as respetivas fases do PTD interagem entre si e qual o

seu papel neste processo. Imediatamente à figura serão detalhadas com mais pormenor cada uma dessas

fases.

Figura 5 - Modelo do Processo de tomada de decisão (Retirado de (Lima,2010))

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Fase da Inteligência

A fase da inteligência é a primeira fase do processo e é também uma das fases mais difíceis de

obter. Turban et al. (2007) considera extremamente importante iniciá-la por uma análise à organização

(identificar quais os seus objetivos e metas) e um levantamento de dados pois estes são a base para a

observação da situação geral da organização, possibilitando que seja verificado se existem questões

preocupantes/problemáticas. Na existência desse tipo de questões é fundamental que seja realizado um

reconhecimento preciso do problema, ou seja, classificar o problema quanto tipo de estrutura, quais os

sintomas que estão associados ao problema em questão, qual a sua magnitude e testar o seu relacionamento

causa-efeito criando assim uma formulação clarificada do problema (Turban et al., 2007).

Esta fase pode não só proporcionar a identificação do problema, pois segundo Verschaffel a

identificação de um problema exige uma análise ao ambiente interno e externo da organização, podendo

surgir não só novos problemas como também novas visões de negócio. Visões essas que poderão resultar

em oportunidades de mudança (Verschaffel, De Corte, De Jong, & Elen, 2010).

Em suma, no final desta fase conseguimos obter como output, se existe uma insatisfação com o

status quo (problema) ou não, e se sim, onde se encontra localizado e o quão significativo ele é para a

organização (Turban et al., 2007). É a partir desta fase que todo o processo de tomada de decisão será

conduzido, sendo necessário uma compreensão clara do que está em jogo, por parte de todos os elementos

(L. Lima, 2010).

Teoricamente esta fase parece ser muito simples, todavia quando se quer verificar se existe ou não

uma questão problemática, recorre-se à recolha dos dados, que muitas vezes, se tornam difíceis de

concretizar, pois poderão surgir problemas como (Turban et al., 2007):

• Os dados podem não ser precisos ou precisos o suficiente;

• Pode haver excesso de dados, o que tornará difícil de admitir qualquer observação;

• Dados podem ser inseguros;

• Os resultados podem ocorrer durante um período prolongado, podendo assim o problema ser

identificado noutra altura não sendo na situação crítica.

Outro fator predominante é que a identificação desses problemas, do mundo real, geralmente

apresenta complicações. Estas complicações devem ao facto de ser inter-relacional, o que torna difícil

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distinguir entre os sintomas e o problema real. Esta compreensão do problema permitirá que se faça uma

boa definição do problema obtendo assim uma maior qualidade da decisão (Kepner & Tregoe, 1965).

Fase da Conceção

A fase da Conceção é a segunda fase e tem como finalidade incluir todas as tarefas necessárias para

gerar diferentes soluções para o problema identificado na primeira fase (Lima, 2010). Inicialmente é realizado

a identificação das alternativas de ação, a seguir analisadas potenciais soluções para essas alternativas

(Portela, 2009). Posto isto, é elaborada uma formulação de modelos que devem ser construídos, alinhados

estrategicamente e validados.

Estes modelos, quando são criados, são compostos por alternativas diversificadas, isto é, alternativas

que não são semelhantes entre si, sendo necessário a criação de um critério de escolha que auxiliará quando

a questão: “O que será uma boa escolha?” surgir durante o processo (Lunenburg, 2010). Este critério permite

que o agente responsável pela tomada de decisão não seja confrontado com uma sobrecarga de alternativas,

visto que excesso de alternativas pode ser bastante prejudicial para o PTD (Turban et al., 2007) sendo apenas

confrontados com alternativas que se regem pelos critérios que são criados e implementados nos modelos.

Para que seja criado um critério de escolha eficaz é necessário que seja estabelecido:

• Objetivos para a decisão do problema;

• Criação de um processo de avaliação em que consiste no levantamento das consequências/riscos

associados na sua potencial implementação (quantitativamente e qualitativamente);

• Calcular o grau de aceitação;

• Identificar todas as variáveis que possam influenciar a decisão descrevendo as ligações existentes

entre elas.

Esta fase é importante pois permite construir modelos que permitirá avaliar as diferentes alternativas

perante um problema (Lima, 2010). Esta fase possuiu certos aspetos, mais concretamente a construção de

modelos e a definição de um critério de escolha, que caso eles sejam realizados o mais corretamente

possível, possibilitará que a fase três, a fase da escolha, possa ser uma fase do processo mais agilizada para

as organizações, visto que se trata de uma fase em que será selecionada uma das alternativas oriundas

desta fase.

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Esta fase utiliza modelos simplificados e de menor custo pois estes facilitam a manipulação e a

obtenção de uma solução mais rapidamente, no entanto estes modelos são apoiados em simplificações da

realidade, através de um conjunto de pressupostos, o que fará com que a solução seja menos representativa

em relação ao problema real podendo assim reproduzir resultados imprecisos (Turban et al., 2007). Esta

fase permite obter um processo de escolha entre a simplificação e a correta representação da realidade

(Portela, 2009).

Fase da Escolha

A fase da escolha é a terceira fase do processo de tomada de decisão e é nesta fase onde existe um

ato crítico, ou seja, será feita uma tomada de decisão. Contudo, é importante realçar que mesmo que na

segunda fase se tenha feito um levantamento dos riscos associados a cada cenário, aqui também será

realizado uma avaliação às alternativas com o objetivo de tentar reduzir ainda mais o número de alternativas

que resultam da segunda fase. Para Grant esta avaliação deve ter em conta três questões (Grant, 2010):

• “A alternativa é fiável?” (se a alternativa for em contra algo estabelecido anteriormente esta

alternativa torna-se não viável).

• “É uma alternativa satisfatória?”.

• “Que impacto terá nas pessoas?”.

Estas três perguntas pretendem classificar os cenários tendo em conta o bom e o mau. Aqui nesta fase

também serão realizadas pequenas simulações para cada um dos cenários alternativos (mais um exemplo

que mostra que este processo é iterativo) tudo para que a proposta escolhida seja a proposta que vá resolver

o problema em questão.

Esta fase, muita das vezes, quando não envolve análises matemáticas sofisticadas, apresenta um

carater dinâmico, ou seja, a alternativa escolhida para seguir para a fase da implementação varia de pessoa

para pessoa. Cada agente tem o seu próprio julgamento, espirito crítico, intuição e a diferentes perspetivas

de observar o problema

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Fase da Implementação

A fase da implementação é a última fase deste processo de tomada de decisão e a ela está associada

um processo bastante longo e demoroso. É nesta fase que teremos como output uma verificação se a solução

escolhida na fase anterior, tomou um rumo com sucesso ou fracasso colocando a solução a funcionar

(Turban et al., 2007).

À fase da implementação está associada novas mudanças, pois é aqui que as organizações

implementam uma solução com a finalidade de ver os seus problemas reais e respetivos sintomas a serem

resolvidos, e caso haja sucesso nessa tentativa, podemos observar novas mudanças e até novos problemas

para tratar.

Esta fase para além de enfrentar o possível insucesso da resolução do problema, poderá enfrentar

possíveis complicações, mais concretamente alguma resistência à mudança por parte dos envolvidos que

poderá ser necessário regressar a uma fase anterior para ser necessária outra perspetiva.

Ahmed et al. (2014) sugere sugestões, as quais devem estar presentes quando a fase da

implementação se está a desenrolar. Essas sugestões são as seguintes:

• A alternativa escolhida deve estar bem compreendida por todos;

• Os agentes responsáveis pela decisão devem incentivar a aceitação da alternativa como uma ação

necessária;

• A implementação deve ocorrer na hora certa com os recursos suficientes para que a alternativa seja

bem-sucedida;

• Controlar a implementação (monitorizar variáveis de decisão).

Monitorização

A monitorização pode ser encontrada em todas as fases do PTD de uma forma contínua. Esta

consiste no acompanhamento de todas as fases, observando se as mesmas estão a ser processadas

conforme o estipulado inicialmente pela organização assegurando que o grau de fiabilidade seja alto.

Na seguinte tabela será analisado a necessidade do apoio informatizado entre cada uma destas fases

apresentadas anteriormente. Aqui está relacionado os sistemas de suporte com as respetivas fases.

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Tabela 1- Fases do Processo de Tomada de Decisão e Tecnologias (Turban et al., 2007)

Fases Razão para o uso da

tecnologia para apoio Tecnologias

Inteligência

Com a utilização destas

tecnologias tornar-se-á possível

monitorizar fontes de informação,

externas e internas, facilitando na

identificação de problemas ou

oportunidades. Algumas

tecnologias permitem ainda

identificar relações entre

atividades.

Data Mining; Online Analytical

Processing (OLAP); Management

Information Systems (MIS);

Enterprise Resource Planning

(ERP); Enterprise Information

System (EIS); Artificial Neural

Network (ANN)

Conceção

Estas tecnologias poderão

disponibilizar modelos padrão

que permitirá aos problemas

estruturados obter as suas

alternativas de ação mais

facilmente. Estas tecnologias

fornecem modelos que podem

testar os pressupostos e cenários

Global security solutions (GSS);

Enterprise Information System

(EIS); Supply Chain Management

(SCM); Customer Relationship

Management (CRM); Enterprise

Resource Planning (ERP);

Knowledge Management

Systems (KMS); Management

Science; Artificial Neural Network

(ANN)

Escolha

Com a utilização das tecnologias

a identificação da melhor

alternativa ou satisfatória será

mais fácil. Existem sistemas de

gestão de conhecimento que

conseguem identificar

experiências semelhantes

anteriores. Os sistemas CRM,

Global security solutions (GSS);

Enterprise Information System

(EIS); supply chain management

(SCM); Customer Relationship

Management (CRM); Enterprise

Resource Planning (ERP);

Knowledge Management

Systems (KMS); Management

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ERP e SCM permitem testar as

decisões e verificar os impactos

levando a uma escolha

inteligente. Estas tecnologias

poderão recomendar uma

solução adequada.

Science; artificial neural network

(ANN)

Implementação

Esta tecnologias permitem que

possa ser possível verificar o

desempenho da implementação.

Estas tecnologias poderão

terminar com complicações,

estabelecendo assim uma

implementação

Global security solutions (GSS);

Enterprise Resource Planning

(ERP); Enterprise Information

System (EIS); Knowledge

Management Systems (KMS)

Com esta tabela é possível verificar o quão uma organização poderá beneficiar com a capacidade

que os sistemas de apoio à decisão fornecem. Estes sistemas possibilitam que o agente responsável pela

decisão possa aceder às informações, realizar e configurar as análises relativamente às necessidades de

cada um e de cada problema num curto espaço de tempo (Portela, 2009).

2.4 Registo Clínico Orientado ao Problema

Desde dos primórdios, que as organizações relacionadas com a área da saúde têm se apoiado na

documentação de registo médico de um utente ou familiar.

O registo clínico não é mais do que um conjunto de documentos que contêm dados recolhidos sobre

um utente e os respetivos registos feitos pelos profissionais de saúde, ou seja, é um sistema de

armazenamento de informação clínica que serve de base à prestação de cuidados de saúde (Shinn, n.d.).

Esse registo, caso seja conciso, completo e preciso permitirá otimizar o atendimento prestado ao

utente (Jacobs, 2009), cativar os profissionais de saúde a realizar anotação contínuas e avaliações frequentes

e por último um aspeto importante que é permitir ao profissional de saúde, que à medida que efetua o registo

possa fazer uma reflexão sobre o seu conhecimento e experiência (Shinn, n.d.). Atualmente existem três

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tipos de registo clínicos: Registo Clínico Orientado para o tempo (RCOT), Registo Clínico Orientado para a

Origem (RCOO) e o Registo Clínico Orientado para o Problema (RCOP).

Neste projeto de dissertação será abordar o RCOP, que só surgiu nos anos 60 por Dr. Larry Weed,

que consiste em fornecer aos profissionais de saúde uma estrutura que permita registar as informações

clínicas dos utentes num sistema de resolução de problema e que conseguia facilmente interpretar as notas

que lá se encontram (Salmon, et al., 1996). (Hospital, et al., n.d.) decidiu dividir todo este processo de registo

das informações clínicas em cinco áreas fundamentais: Base de Dados, Lista Completa de Problemas, Planos

Iniciais, Notas de Evolução e Ficha de Acompanhamento.

Base de Dados

A Base de dados (BD) é recolhida antes de ser iniciado o processo de identificação do problema de

qualquer utente. Esta inclui todas as informações relevantes, histórico clínico e pessoal, exames físicos

(Operações ao corpo) e complementares (Radiografia de Tórax, Análise de Urina) e os respetivos resultados.

Para tornar mais completa a mesma inclui os antecedentes familiares (doenças hereditárias, incidências

familiares) e informações sobre o seu estado enviadas por outros serviços.

No decorrer do processo de tratamento e à medida que é estabelecido o contacto com o utente

poderão surgir novas informações, as quais devem ser adicionadas à BD.

Lista de problemas clínicos

O médico Lawrence Weed define o problema clínico como “tudo aquilo que requeira um diagnóstico

e manejo posterior, ou aquilo que interfira com a qualidade de vida, de acordo com a perceção da própria

pessoa.”.

Aqui será elaborada uma lista dos acontecimentos significativos da vida de um utente após a reunião

de informações a partir da entrevista entre o utente e o profissional de saúde e da consulta da base de dados

sobre o mesmo. Durante a construção desta lista, os profissionais de saúde devem ter em mente dois tipos

de pergunta que facilitam a elaboração da lista: “O que o utente tem de errado?” e “Quais são os problemas

deste utente?” resultando assim como output, todo o tipo de problema possível, e perante isso foram criados

dois tipos de problemas: os problemas ativos e os problemas passivos. No primeiro tipo estão os problemas

que persistem ou já foram identificados desde o início da anotação do utente e que requerem gestão e

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diagnósticos posteriores. Já os problemas passivos não afetam o utente, todavia podem ser reativados, e são

importantes de serem lembrados.

Deve ser evitado a elaboração de uma lista de problemas extensa e caso isso aconteça deve-se eleger

o mais relevante, o mais priorizado.

Plano Inicial

Nesta etapa o profissional inicia um plano com vista a responder à lista dos problemas construídos

no processo anterior, ou seja, surge a questão: “O que há de errado?” e o “O que fazer sobre o que está

errado?”.

A cada problema associado ao utente deverá estar uma nota SOAP registada. O SOAP foi

desenvolvido com o intuito de garantir a comunicação e coordenação do cuidado, a integridade, raciocínio

clínico e conhecimento técnico. O SOAP possui quatro componente principais: S (Subjetivo), O (Objetivo), A

(Avaliação) e P (Plano), que vão ser descrito de imediato.

• Subjetivo: É essencial que haja uma grande capacidade de comunicação, pois é neste ponto que

existe um diálogo/entrevista clinica entre o utente e o profissional. Nesta entrevista serão obtidos

quais os problemas que a pessoa enfrenta, os motivos da consulta, os sentimentos e expectativas.

Exemplo: Dores de peito; Falta de apetite; Dor de Cabeça

• Objetivo: Este componente ocorre após a entrevista clinica, em que o conhecimento e habilidades

clínicas são colocadas à prova. O profissional de saúde realiza um diagnóstico sobre o estado geral

do utente e adicionando os exames físicos e complementares ele consegue obter os dados positivos

e negativos sobre o utente.

Exemplo: Pulsação 72; Cor da Pele; Vómitos Constantes

• Avaliação: A avaliação surge quando as duas fases anteriores estejam completas (recolha e registo

dos dados). O profissional de saúde encarregue pelo utente deve ter a capacidade de sintetizar,

priorizar e raciocinar com vista a que o problema consiga ser bem definido (Interpretação, avaliação

diagnóstica, explicação e aspetos prognóstico).

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• Plano: Aqui será apresentado o melhor plano de tratamento para combater a doença ou problema.

O Plano deve incluir quatro agrupamentos diferentes: Planos Diagnósticos, Planos Terapêuticos,

Planos de Seguimento e Plano de Educação em Saúde.

▪ Plano Diagnóstico: Inclui todos os exames diagnósticos que o profissional de saúde achou

essenciais para a explicação do problema;

▪ Plano Terapêutico: Deve conter todas as terapias iniciadas e suas razões;

▪ Plano de Seguimento: Plano em que se encontra detalhado quais as estratégias de

seguimento e continuo do utente e do problema em questão;

▪ Planos de Educação em Saúde: Planos sobre como educar o utente sobre qual o seu

problema e como o problema será encarado dali para a frente. Estes planos serão

“negociados” com o utente.

Notas de Evolução

As notas de evolução ocorrem quando é realizado um relatório e se verifica que apresenta melhores

resultados que a nota do relatório anterior, ou seja, houve um progresso. O RCOP promove que estás notas

sejam claras, diretas e completas. As notas de evolução podem não ocorrer e devido a isso não é necessário

realizar uma nova nota, caso o problema não apresente alterações.

Fichas de Acompanhamento

Esta nota inclui todos os problemas que ainda não foram resolvidos. Cada um desses problemas

será realizado um plano inicial para cada um deles (SOAP).

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2.5 Casos de Estudo relacionados

Os SADC têm vindo tornar-se acessíveis a qualquer organização e aos profissional relacionados com

a área da saúde. Neste capítulo serão apresentados dois casos de estudo: o sistema INTCare e NCCN.

Em cada seção será explicado detalhadamente cada um desses casos, terminado cada seção com

o enquadramento do processo de tomada de decisão tendo em conta o modelo de Simon.

2.5.1 INTCare

O INTCare, elaborado por (Portela, 2009), foi desenvolvido com a finalidade de auxiliar no apoio da

tomada de decisão em situações delicadas, como por exemplo ajuda no tratamento da falha dos órgãos, no

suporte à vida, previsão de eventos clínicos (Portela, 2009). Este sistema encontra-se atualmente

implementado na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto.

O INTCare tem vindo a apresentar melhorias tendo sido necessário redefinir os objetivos.

Inicialmente, o objetivo passava pelo desenvolvimento de um sistema inteligente que fosse capaz de prever

eventos clínicos em qualquer lugar e a qualquer momento. Hoje em dia, este sistema para além de ser

inteligente é também um sistema de apoio à decisão para os cuidados intensivos, na medida em que é capaz

de atuar automaticamente e imediatamente dando informações novas que possam auxiliar os profissionais

de saúde (Portela, 2009). Este SIADC é constituído por um conjunto de características – Modelos de Previsão

e Decisão, Adaptabilidade, Otimização, Aprendizagem Automática, Segurança, Interoperabilidade,

Ubiquidade e Agentes Inteligentes (Portela, 2009) – que permitem executar todas as tarefas satisfazendo os

objetivos traçados, garantindo assim a funcionalidade do sistema (Jennings, 2000).

Para facilitar o entendimento do sistema INTCare, este foi dividido em quatro subsistemas: Aquisição

de Dados; Gestão de Conhecimento; Inferência e Interface (Manuel Filipe Santos, Portela, & Vilas-boas,

2011).

O primeiro subsistema está destinado à captação dos dados clínicos pelos profissionais de saúde,

dados esses que serão armazenados na base de dados com o maior calibre possível. Ainda neste subsistema

existe o estabelecimento correto da ligação de todos os elementos, permitindo assim a criação de um registo

válido para o utente onde este é guardado num Data Warehouse (M. F. Santos, et al., 2006).

Já no segundo subsistema ocorre o preenchimento da base do conhecimento (Gago et al., 2005) e

a criação de novos modelos através da aplicação de algoritmos de inteligência artificial. Os modelos obtidos

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serão guardados na Base do Conhecimento, através do Predictive Model Markup Language (PMML) (M. F.

Santos et al., 2006).

No subsistema inferência temos dois acontecimentos: um que é recuperar as informações solicitadas

pelo agente interface (Gago et al., 2005) e a outra é procurar responder às questões com base nos modelos

guardados na base do conhecimento e com os dados armazenados na Data Warehouse. Este último exige

que seja necessário haver uma avaliação dos cenários de respostas, visto que são gerados vários. Por último,

temos a interface que permite que haja uma interação entre o sistema e os profissionais de saúde, tornando

a requisição e recolha de prognósticos e avaliação de cenários mais acessível (M. F. Santos et al., 2006).

Na figura 6, está ilustrado de como o sistema INTCare funciona e o que envolvem os quatro

subsistemas dele.

Após a explicação de como o sistema INTCare funciona e de entender quais os procedimentos que

se deve ter em conta para alcançar o objetivo, será descrito o processo de tomada de decisão na Unidade

Cuidados Intensivos tendo em conta as quatro fases do Modelo de Simon (Gago et al., 2005).

Figura 6 - Sistema INTCare (Adaptado de (Gago, et al., 2005))

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Inteligência: Esta fase está destinada a que os profissionais de saúde façam o levantamento dos dados

fisiológicos do utente. Esta recolha permite que os profissionais possam: avaliar a situação do utente, qual o

tratamento que deve ser aplicado, qual a importância e qual o grau de priorização para a sua realização.

Conceção: Os enfermeiros após a avaliação da situação dos utentes, começam pela criação de possíveis

cenários de ação, ou seja, cenários terapêuticos. Estes cenários podem assumir duas vertentes: atuação

imediata ou atuação após a reunião com o grupo. Em relação à primeira é quando o profissional de saúde

toma a decisão por si, pois o estado do utente o obriga a uma imediata intervenção (exemplo: reanimação).

Já a segunda vertente é após a decisão do grupo, em casos em que a decisão que for tomada tem envolvida

bastantes responsabilidades e por vezes costumam ser definitivas (exemplo: desligar o sistema de suporte à

vida).

Escolha: Aqui será escolhida uma das hipóteses anteriormente formuladas, tendo em conta os fatores de

decisão. A decisão escolhida é a decisão que será colocada em prática.

Implementação: Iniciado o procedimento terapêutico, resultado do cenário terapêutico associado à escolha

anterior.

2.5.2 National Comprehensive Cancer Network

A National Comprehensive Cancer Network (NCCN) é uma organização sem fins lucrativos que une

vinte e sete centros de cancro e que tem como missão diagnosticar, tratar e produzir as melhores opções de

tratamento para todo o tipo de cancro (NCCN, 2018). Para além dos focos anteriormente referidos, a NCCN

desenvolve várias diretrizes de prática clinica na Oncologia disponibilizando aos profissionais de saúde um

conjunto de recomendações que auxiliam no diagnóstico, tratamento e na gestão dos cuidados do cancro,

ou seja, proporciona qualidade, eficácia e eficiência melhorando a vida dos utentes que enfrentam este

processo (NCCN, 2018). Estas diretrizes já foram aprovadas e têm sido utilizadas pelos vários profissionais,

mais concretamente pelos enfermeiros, pois são eles que frequentemente aliviam a dor, avaliam a resposta

terapêutica e a ocorrência de efeitos colaterais.

Neste caso de estudo iremos analisar as diretrizes que os profissionais de saúde se deparam quando

surge um utente com dor proveniente do cancro e qual o processo de tomada decisão tendo em conta as

quatro fases do Modelo de Simon.

Antes de iniciar a explicação de como este processo funciona é necessário que o profissional de

saúde encarregue pelo utente consiga identificar se a dor que o utente indica ter, existe ou não, ou seja, é

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necessário entender se apresenta uma sensação desagradável, sensorial e emocional que está associada ao

dano real no tecido ou potencial dano (IASP, 2018). É também importante realçar que a permanência da

dor, aumenta o avanço da doença em causa, sendo necessário uma intervenção estratégica funcional. Estudo

feito pelo INCA/Ministério da Saúde (2001) indica que a dor pode ser completamente aliviada em 80% a 90%

dos utentes e os restantes pode ser alcançado um certo alivio.

Qualquer ação de alivio (decisão) só deve ser executada após o processo de tomada de decisão estar

bem definido e ter sido bem discutido entre toda a equipa de trabalho, pois é fundamental que seja

compreendido e implementado no todo e numa só direção (INCA/Ministério da Saúde, 2001).

Os seguintes pontos serão baseados numa das diretrizes desenvolvidas pela NCCN

Inteligência: Esta fase está destinada ao entendimento do problema por parte de toda a equipa. Aqui será

averiguado se essa dor existe, e caso exista, é necessário fazer um levantamento detalhado sobre os dados

fisiológicos, avaliação extrema à dor (causas da dor, padrões e tipos de dor, tipo de dor neuropática, conhecer

a história e características da dor, qual a sua classificação) e qual o seu grau de priorização (se é uma dor

que exige uma intervenção imediata ou se com tratamentos ela desaparece).

Figura 7 - Fase da Inteligência relativamente à dor (Retirado (IASP, 2018))

Conceção: Os enfermeiros após a avaliação da situação dos utentes, começam pela criação de possíveis

cenários de ação, ou seja, cenários terapêuticos. Estes cenários podem ser associados a duas situações: o

utente apresenta dores em que é necessária uma intervenção cirúrgica imediata (exemplo: cirurgia) ou

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cenários associada a um tipo de dor em que através de medicamentos, intervenções múltiplas, doses de

resgate, prescrições regulares é possível garantir a superação dessa dor. Vejamos os vários cenários caso o

utente apresente Dor Moderada para o Grave.

Figura 8 - Fase da Escolha e os possíveis cenários de tratamento à dor (Retirado (IASP, 2018))

Cenário1

O utente inicia o tratamento através de um analgésico oral, mais concretamente uma dose de 5-15

mg de Sulfato de morfina oral de curta ação. Depois através desse analgésico o utente poderá reagir de

várias formas: Dor permaneceu ou aumentou; Dor diminui, mas não está controlada; Dor melhorou e está

controlada. Perante cada uma destas situações possíveis, os enfermeiros devem proceder da melhor forma

para reagir a essas situações. Estas situações são procedidas com aumento da dose, mesma dose e

monitorização do utente.

Cenário2

O utente inicia o tratamento através da administração de medicação endovenosa/ intramuscular no

utente, mais concretamente uma dose 2-5 mg de Sulfato de morfina. Após a administração, o utente poderá

reagir de várias formas, formas essas que são iguais à do cenário 1.

Escolha: Aqui será escolhida uma das hipóteses anteriormente formuladas, tendo em conta os fatores de

decisão. A decisão escolhida é a decisão que será colocada em prática.

Implementação: Iniciado o procedimento terapêutico, resultado do cenário terapêutico associado à escolha

anterior.

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3. ABORDAGEM METODOLÓGICA

A abordagem metodológica é essencial, pois permite que o desenvolvimento da dissertação possa

ser o mais fundamentado possível e o mais correto sobre um âmbito especifico (obter melhores respostas

para as questões estabelecidas no início do projeto de dissertação). No decorrer de todo este projeto serão

utlizadas duas metodologias, nomeadamente, Design Science Research Methodology (DSRM) e o Case Study

Methodology (CSM).

Este capítulo encontra-se divido em duas seções, sendo que em cada uma delas está destinada à

explicação detalhada de cada uma das metodologias. No final de cada explicação será elaborado um

cruzamento das diretrizes da metodologia com o respetivo projeto de dissertação.

3.1 Design Science Research Methodology

O DCRM no âmbito de Sistemas de Informação (SI) disponibiliza várias técnicas e perspetivas para

avaliação e iteração de projetos de investigação. Segundo Hevner et al. (2004), esta metodologia apoia-se

no conhecimento cientifico com a finalidade de desenhar e criar artefactos úteis que podem ser aplicados

por outros profissionais de SI.

Posteriormente, Peffers et al. (2007) afirma que com esta abordagem metodológica é possível que

seja efetuado uma monitorização em todo o processo de desenvolvimento do artefacto, avaliar e comunicar

os resultados obtidos. Como é ilustrado na figura oito, Peffers et al. (2007) divide o processo de investigação

em seis fases.

As duas primeiras fases abordam a identificação do problema e os objetivos da solução. Na terceira

fase, conceção e o desenvolvimento, serão criados os artefactos que são colocados em prova através da

demonstração e avaliação. Caso a solução seja validada, isto é, apresente resultados, estes terão que ser

comunicados aos públicos-alvo através de publicações. Apesar da metodologia apresentar uma estrutura

sequencial, esta assume uma caraterística flexível pois permite que o início do processo possa ocorrer em

diferentes fases, como retroceder a fases anteriores em caso de necessidade.

De seguida, será explanado de uma forma sucinta todo o processo de iteração do DSSM.

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Figura 9 – Metodologia Design Science Research (Adaptado de (Peffers et al., 2007)

• Identificação do Problema e Motivo: Consiste na identificação da questão de investigação e na

identificação dos aspetos que permitem definir o valor da solução. Para a realização destes dois

pontos é necessário recorrer a alguns recursos, mais concretamente, enquadrar o problema

conceptualmente obtendo assim a sua complexidade e a importância da justificação do valor da

solução.

Relativamente à presente dissertação, podemos afirmar que os SADC ainda se encontram bastantes

limitados comparados com os SAD noutras áreas de mercado. Essas limitações devem ser identificadas,

ultrapassadas pois vai permitir que o processo de tomada de decisão possa ocorrer mais naturalmente e

mais rápido sem que falhe nos momentos críticos. O problema que se encontra presente neste projeto passa

por entender as dificuldades que os SADC apresentam no processo de tomada de decisão (a razão para não

conseguirem ultrapassar da primeira fase para as restantes fases).

• Definição dos Objetivos de uma Solução: A partir da definição da questão de investigação

procede-se à identificação dos objetivos, os quais podem ser classificados como quantitativos ou

qualitativos, permitindo assim ajudar na resolução dessa mesma questão. Para identificar estes

objetivos é necessário conhecer o problema, averiguar se existem soluções atuais ou não, e se sim,

qual a sua eficácia.

Relativamente à presente dissertação, esta fase permite que o ponto dos objetivos e resultados esperados

possa ser documentado. O objetivo principal passa pela identificação das dificuldades que os SADC

apresentam no processo de tomada de decisão (a razão para não conseguirem ultrapassar da primeira fase

para as restantes fases). Para atingir os objetivos deste projeto, foi necessário elaborar um enquadramento

conceptual do tema (entender o processo de tomada de decisão da instituição de saúde, estudar todos os

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envolventes nesse processo), descrever casos de estudo que estejam relacionados com o projeto e manter

conversas com os profissionais de saúde e o orientador deste projeto.

• Conceção e Desenvolvimento: Aqui serão criados os artefactos, os quais poderão assumir a

forma de um construtor, modelos, métodos ou instâncias. Para obter a criação de um artefacto real

é necessário definir primordialmente a sua arquitetura e quais as funcionalidades que ele deve

apresentar durante o seu desenvolvimento.

A este projeto, será necessário desenvolver uma revisão de literatura em que esta envolve uma pesquisa

sobre os conceitos necessários, compreende esses mesmos conceitos ajudando na construção do artefacto.

Esse artefacto terá as dificuldades que foram encontradas para que os SAD não auxiliem o processo de

tomada de decisão e quais as possíveis soluções que podem ajudar na eliminação dessas dificuldades.

• Demonstração: Consiste em utilizar o artefacto, através de simulações, casos de estudo, testes

que foram criados com a finalidade de ver resolvidos algumas instâncias do problema. Esta fase será

responsabilizada pela realização de testes e validação do funcionamento total do sistema, desde a

recolha dos dados à apresentação da informação ao utilizador final.

Relativamente a este projeto, aqui será averiguado se as soluções que foram identificadas como sendo

potenciais atenuadores das dificuldades que os SADC têm vindo a apresentar, podem ser eliminadas ou se

essas mesmas soluções não surgiram efeito.

• Avaliação: Consiste em analisar as conclusões obtidas do trabalhado desenvolvido. Esta fase

envolve a comparação entre os objetivos de uma solução existente com os resultados reais

observados com o uso do artefacto anteriormente validado. É necessário ter bem delineado as

métricas e as técnicas de análise, pois, a avaliação poderá assumir várias formas.

Relativamente a este projeto será feita uma reflexão sobre os resultados apresentados na fase da

demonstração. Esta reflexão será de extrema importância pois é uma das etapas finais do projeto. Perante

os resultados obtidos podem ser retiradas conclusões que poderão ajudar as instituições da saúde a vencer

este problema (exemplo: caso os resultados sejam positivos, as dificuldades comecem a desaparecer, poderá

começar a ser desenvolvida uma diretriz que terá como objetivo guiar próximas construções de sistemas

desta natureza.

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• Comunicação: Procura apresentar e divulgar o problema identificado, bem como a importância do

artefacto e os resultados obtidos para investigadores e públicos-alvo relevantes. A comunicação é

considerada uma estrutura comum para trabalhos empíricos de pesquisa, onde a comunicação

requer conhecimento da cultura disciplinar.

A presente dissertação será apresentada através da elaboração de um relatório detalhado sobre todo o

processo, bem como a realização de uma apresentação com um público-alvo e com a escrita de artigos

científicos.

3.2 Case Study Methodology

O Case Study ou Estudo de Caso é uma metodologia de investigação que se destaca pelo facto de

se concentrar no estudo pormenorizado e aprofundado de uma entidade bem definida, o “caso” (De

Investigação & Educação, 2006). O “caso” pode assumir várias formas: um indivíduo, uma organização, um

processo, um acontecimento imprevisto entre outros.

É uma metodologia de investigação que tem vindo a assumir várias interpretações ao longo dos

tempos. Imediatamente, podemos ver algumas dessas interpretações:

• “O Estudo de Caso é uma investigação empírica que investiga um fenómeno no seu ambiente

natural, quando as fronteiras entre o fenómeno e o contexto não são bem definidas (...) em que

múltiplas fontes de evidência são usadas” (Yin, 2003);

• “É a estratégia de investigação mais adequada quando queremos saber o “como” e o “porquê” de

acontecimentos atuais (contemporary) sobre os quais o investigador tem pouco ou nenhum

controlo.” (Yin, 2003);

• “O Estudo de Caso é a exploração de um “sistema limitado”, no tempo e em profundidade, através

de uma recolha de dados profunda envolvendo fontes múltiplas de informação ricas no contexto”

(Creswell, 2014).

Em síntese, podemos dizer que o estudo de caso é uma investigação empírica que depende

fortemente do trabalho de campo e que se baseia em fontes de dados múltiplas e variadas.

Na figura nove, podemos observar quais os conceitos que se encontram associados quando falamos

no estudo de caso. Estes conceitos serão analisados e esclarecidos tendo em conta o estudo de caso

realizado no âmbito do projeto de dissertação.

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Figura 10 - Componentes do Estudo de Caso (Adaptado de (De Investigação & Educação,2006))

Definição de Estudo de Caso: Relativamente à presente dissertação, esta aborda as dificuldades que as

organizações de saúde enfrentam no processo de tomada de decisão. O caso de estudo será desenvolvido

na área de enfermagem do Hospital de Santo António do Porto, permitindo assim entender o processo de

tomada de decisão clínica e a sua gestão no seu ambiente natural, tendo sempre presente as modificações,

aprendizagem e resultados obtidos.

Objetivos do Estudo de Caso: Relativamente à presente dissertação, esta assume uma perspetiva

descritiva, explicativa e exploratória, pois o foco principal passa não só pela observação, registo e análise dos

fenómenos que provêm dos factos do mundo físico, mas também pela interpretação e identificação dos

fatores que contribuem para a ocorrência dos fenómenos que afetam o processo (explica o porquê das

coisas). Ao que foi dito anteriormente, podemos ainda acrescentar a tentativa de definir hipóteses ou

proposições para futuras investigações, visto que se trata de um projeto em que o fenómeno ocorre em um

campo de investigação em que ainda não é bem entendido.

Tipos de Estudos de Caso: A presente dissertação pode ser classificada como instrumental, pois

proporciona conhecimento não só sobre os conceitos relacionados com o problema em causa (processo de

tomada de decisão, dos sistemas de apoio à decisão entre outros), mas também transmite conhecimento

sobre as metodologias, funcionamento da instituição em estudo entre outros aspetos.

Preparação e Condução do Estudo de Caso: Para a realização da presente dissertação foi prestada

bastante atenção quanto às fontes de evidência: análise documental, reuniões com orientador, conversas

informais, artefactos físicos, observações entre outras.

Credibilidade do Estudo de Caso: Para a presente dissertação, foi necessário definir alguns critérios

para ajudar na credibilidade deste projeto (regras de qualidade). Foi estabelecido um pensamento simples,

Estudo de Caso

Definição de Estudo de Caso

Objetivos do Estudo de Caso

Tipos de Estudos de Caso

Preparação e Condução do Estudo de Caso

Credibilitade do Estudo de Caso

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que permitiu estabelecer um conjunto de conceitos que que precisam de ser estudados. Após isso, foram

delineados alguns procedimentos para que a dissertação cumprisse com os requisitos. Esses requisitos

podem assumir dois tipos de validade: validade interna e externa, tais como: construção de um estudo

explicativo para verificar se os resultados podem ser aceites com base na investigação que está a ser tida

em conta ou testar esses resultados noutros programas/ações para verificar se existe uma replicação dos

mesmos ou diferenciação.

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4. PLANO DE TRABALHO

4.1 Planeamento das Atividades do Projeto

4.1.1 Atividades desenvolvidas no projeto

De uma forma sucinta serão apresentadas as principais atividades desenvolvidas até ao momento

para o projeto de dissertação:

✓ Recolha e análise da bibliografia (Estado de Arte):

• Pesquisa bibliográfica sobre os Sistemas de Apoio à Decisão;

• Pesquisa bibliográfica sobre os Sistemas de Apoio à Decisão Clínica;

• Pesquisa bibliográfica sobre o Modelo de Processo de Tomada de Decisão;

• Pesquisa Bibliográfica sobre o Registo Clínico Orientado ao Problema;

• Aplicação aos casos de estudo.

4.1.2 Atividades a desenvolver no projeto

Aqui serão apresentadas as tarefas que ainda serão realizadas até ao mês de outubro de 2018:

• Publicação de um artigo cientifico numa revista internacional;

• Levantamento de requisitos do negócio (Hospital de Santo António);

• Identificar quais as dificuldades;

• Quais as possíveis soluções para eliminar ou atenuar essas dificuldades;

• Construir uma diretriz (caso os resultados sejam positivos).

4.2 Lista de Riscos

Neste ponto são retratados os riscos nucleares que poderão surgir durante a elaboração deste

projeto. Esses riscos, caso ocorram será necessário que seja aplicada de imediato uma ação que resulte na

atenuação ou até mesmo na eliminação dele, pois caso isso não aconteça, todo o desenvolvimento poderá

estar comprometido sendo posteriormente refletido nos resultados obtidos.

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Na tabela abaixo encontram-se identificados os riscos nucleares, respetivas probabilidades de ocorrer

e impacto, terminando com a estratégia de mitigação e plano de contingência. A estratégia de mitigação é

um conjunto de ações a executar, para que o risco seja prevenido. Já o plano de contingência consiste num

conjunto de medidas atenuantes, a pôr em prática caso um determinado risco previsto ocorra efetivamente.

Cada um desses aspetos está disposto por ordem decrescente de seriedade (S) que resulta do valor

do impacto (I) multiplicado pela probabilidade (P). Tanto o impacto como a probabilidade foram atribuídos

numa escala de 1 a 5, sendo 1 equivalente a muito baixo e 5 correspondente a muito alto.

Tabela 2- Lista de Riscos

Risco P I S Estratégia de Mitigação Plano de

contingência

Atraso no

desenvolvimento

das tarefas do

projeto

4 5 20 Seguir com exatidão a calendarização das tarefas

elaborada no início do projeto.

Reunir com o orientador e explicar a situação e replanear as tarefas.

Falta de

informação

necessária para

fomentar a

compreensão do

projeto

4 4 16 Realizar uma vasta pesquisa sobre o tema

(pesquisa através das palavras chaves do projeto)

Reunir com o orientar e pedir apoio na procura de novas informações

Complexidade

elevada do

projeto

3 5 15 Consultar documentos, artigos, projetos que

ajudem no enquadramento do projeto em questão.

Reunir com o orientador para esclarecer as duvidas.

Má comunicação com o orientador

3 5 15 Estabelecer um meio de comunicação com o

orientador para questões relacionadas com o

projeto

Tentar estabelecer um novo meio de comunicação

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Risco P I S Estratégia de Mitigação Plano de

contingência

Falha no alcance dos resultados e objetivos esperado

2 5 10 Marcar reuniões continuas com o orientador e fazer

reflexões semanais com a finalidade de verificar se

o projeto está a ser desenvolvido conforme os

objetivos.

Reunir com o orientador e realizar um adiamento da entrega do projeto

Utilização inadequada das metodologias do projeto

2 4 8 Analisar as várias metodologias que poderão fazer

parte do projeto, todavia só as que se enquadram

é que vão ser escolhidas.

Reunir com o orientador e entender melhor as metodologias que deviam estar a ser utilizadas

Perda de Informação

2 4 8 Realizar backup’s com regularidade. Identificar qual a informação que foi perdida e tentar recuperá-las e procurar novas informações.

Má qualidade na estruturação e conteúdo do projeto

2 4 8 Ter sempre o aspeto da qualidade presente à

medida que o projeto é desenvolvido, pois erros

ortográficos, inconsistências e incoerências são

propícios a que a qualidade do projeto seja baixa

podendo contribuir para uma má compreensão.

Realizar uma análise bastante rigorosa e pedir a um especialista para identificar erros, incoerências e inconsistências

Avaria da infraestrutura física de trabalho

2 3 6 Utilizar a infraestrutura o melhor possível. Arranjar outra

infraestrutura e

através dele

continuar o

projeto.

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Risco P I S Estratégia de Mitigação Plano de

contingência

Alteração dos Objetivos e Resultados Esperados

1 4 4 Manter contacto assíduo com o orientador. Reajustar o plano de trabalho e a consulta do enquadramento no projeto.

Dificuldade em gerir o desenvolvimento do projeto com as outras atividades

1 4 4 Sempre que haja tempo disponível o principal foco

deve ser aumentar o desenvolvimento do projeto.

Recorrer a uma reflexão e tentar priorizar as atividades, excluindo aquelas que não são importantes naquele momento

4.3 Calendarização

Eventos Importantes:

O desenvolvimento da dissertação está associado a 45 ECTS. Como 1 ECTS corresponde a 28 horas,

podes afirmar que o total de horas necessárias para a sua realização é de 1260 horas. Com base nestas

nestes aspetos, a direção de curso disponibilizou o seguinte calendário:

1. Escolha do tema pelos alunos e aceitação pelos docentes – 1 a 11 de Setembro de 2017;

2. Entrega/Submissão do Plano de Trabalho – Até dia 29 de Novembro de 2017;

3. Entrega do Projeto de Dissertação – Até 19 de Fevereiro de 2018;

4. Entrega do Relatório de Dissertação – Até 22 de Outubro de 2018;

5. Provas Públicas – Até 21 de Dezembro de 2018;

6. Entrega da Versão Definitiva do Relatório de Dissertação – Até 28 de Dezembro de 2018.

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Figura 11 - Representação do planeamento das tarefas

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Imediatamente a segui à elaboração do planeamento das tarefas concebido através da ferramenta

MSProject, esta produz um relatório sobre o diagrama de Gantt (sobre o trabalho desenvolvido e o que ainda

se irá desenvolver ao longo desta dissertação. O Diagrama de Gantt pode ser visualizado na figura 12.

Figura 12 - Diagrama de Gantt

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto tem como objetivo procurar responder às questões de investigação definidas no início

do projeto. Para facilitar a sua compreensão e expor os conceitos envolvidos nesta área de estudo foi

necessário, inicialmente, proceder a uma seleção e elaboração para a realização da revisão da literatura.

Com base nessa literatura e na descrição de alguns casos de estudo foi possível verificar que o processo de

tomada de decisão na área da saúde é um processo extremamente delicado e que à medida que as

quantidades das informações clínicas vão aumentando, mais incapacitadas as organizações se tornam para

aproveitar toda essa informação levando a que a obtenção de uma decisão precisa e melhor seja difícil. Para

colmatar esta necessidade, surgiram os Sistemas de Apoio à Decisão Clinica que trouxeram novas

perspetivas e auxílios para as organizações, não só na possibilidade de obter decisões precisas, eficazes,

mas também no melhoramento da comunicação e aumento da aprendizagem de conhecimento dos seus

profissionais. Todavia, este setor tem tirado pouco proveito destas potencialidades e características que os

sistemas fornecem, pois isso devesse ao facto de o processo de tomada de decisão na área da saúde ser

algo bastante complexo dificultando que os sistemas possam auxiliar cada fase do processo de tomada de

decisão, sendo crucial identificar quais os fatores que têm impedido esta coligação.

Para a elaboração inicial recorreu-se à utilização de duas metodologias, nomeadamente, Design

Science Research e o Case Study.

Em suma, este projeto de dissertação permitiu identificar os conceitos, sistemas, tecnologias,

metodologias e requisitos que são necessários para elaborar este projeto da forma mais correta e completa

possível.

Como trabalho futuro, irá ser realizado um levantamento completo e preciso de quais as dificuldades

que estes sistemas têm enfrentado e quais as soluções que devem ser implementadas para que estes

possam ser resolvidos e tornar os sistemas totalmente eficazes para as organizações. O Hospital de Santo

António do Porto será a organização em estudo. Nesse sentido, é esperado que seja realizado um

levantamento do conjunto de indicadores que apoiam o processo de decisão da unidade de saúde para

posteriormente facilitar a integração dos sistemas no processo.

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