formato - roteirização

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Como formatar o seu roteiro

Como formatar o seu roteiro

de Hugo Moss

English version Um pequeno guia de Master Scenes

Introduo

Uma crtica geral que surgiu durante o workshop Laboratrio Sundance de 1996 foi a falta de uniformidade na formatao. Somente dois dos oito roteiros poderiam ser considerados aceitveis para os padres norte-americanos. Se nos Estados Unidos a ateno dada formatao exagerada, aqui no Brasil reina uma atitude de "cada um por si". De certa forma a padronizao de roteiros restringe o escritor, primeiro porque este tem que aprender novas regras, e tambm porque a formatao padro para roteiros de especulao - o chamado Master Scenes - priva o escritor de alguns recursos (como, por exemplo, ngulos de cmera, cortes de cenas, etc.). Porm as vantagens compensam em dobro estas pequenas desvantagens:

* so pouqussimas regras

* o leitor comea ler o roteiro num campo visual que familiar, e no se dispersa levando 5 a 10 pginas para se acostumar a um novo estilo individual.

* a nica maneira de facilmente ter uma idia do tamanho do filme (uma pgina em Master Scenes corresponde, em mdia, a 1 minuto de filme), que fundamental tanto para o leitor quanto para o escritor terem uma idia do ritmo.

* a adeso a essas regras fora o roteirista a dedicar-se trama do filme. Consideraes sobre o ponto de vista da cmera, quando no so absolutamente indispensveis para a narrativa, s servem para distrair o autor da principal funo dele: contar uma histria.

* ajuda a evitar um outro erro comum nos roteiros apresentados para o Sundance: o de incluir fatos invisveis nos textos de descrio. Por exemplo:

"Um carro desce uma estrada em direo ao Rio de Janeiro. Dentro,

um grupo de msicos, cujo cantor um homem escuro com cabelos

curtos, como um punk do Terceiro Mundo. Jorge Salgado que est

chegando ao Rio para fazer dois shows gratuitos na praia de

Ipanema."

Dificilmente o espectador, s vendo um carro andando numa estrada, vai conseguir

capturar a descrio e o comentrio da segunda frase, ou a informao da terceira.

Escrever em Master Scenes fora o autor a procurar maneiras de mostrar estas

informaes, se que so fundamentais para a histria - e se no forem, de descart- las.

O pior furo deste tipo que encontrei at agora foi a seguinte frase, que vem de um

roteiro que traduzi recentemente (mudei o nome da personagem):

"Geraldo bota o chapu, faz um movimento imperceptvel com a

cabea e sai..."

Seguindo a sugesto de um dos convidados para o Sundance, apresento ento um pequeno guia

sobre Master Scenes.

Antes de comear - Preparando a pgina

Uma maneira de se assegurar de que voc no precisa pensar na formatao o tempo inteiro, e de se liberar para se concentrar na parte exclusivamente criativa, criar tabs, macros e templates para tomar conta dessa tarefa. Ou ento, comprar um dos softwares no mercado (o meu favorito Movie Magic Screenwriter). Existem tambm shareware templates como ScriptRighter para MSWord 6.0.

Fonte Courier 12 point 10 pitch. Em MSWord para Windows esta fonte se chama

"Courier New". Nunca se usa itlicos. Nunca se usa negrito.

Tamanho do Papel

Carta (27.94cm x 21.59cm)

Numerao

Em cima, direita, geralmente seguida por um ponto.

Margens

Vertical - Em cima 2.5cm / Em baixo 2.5cm-3cm

Ao/Cabealhos - Esquerda 3cm / Direita 4cm

Nomes - 9cm da esquerda

Dilogo - 6.5cm da esquerda / 7cm da direita

Direes para o ator - 8cm da esquerda

Justificao

Dilogo e ao para a esquerda.

Colocando o seu Roteiro na Pgina

1. Capa

3/8 da pgina, centralizado:

"O TTULO"

Um Roteiro

de

O Seu Nome

Em baixo:

Copyright 199X by Seu Nome

Todos os direitos reservados

Endereo (seu/seu agente)

(000) 000-0000

2. A primeira pgina

Voc deve comear a primeira pgina do seu roteiro da seguinte maneira:

D cinco Enters e na sexta linha, centralizado na pgina, entre aspas e em maisculas, escreva "O

TTULO" do seu filme.

Na dcima linha, no lado esquerdo da pgina as palavras: FADE IN:

Mais dois Enters e, na dcima-segunda linha escreve o primeiro cabealho.

POR EXEMPLO:

"DENISE PRA DE FUMAR"

FADE IN:

INT. CASA DE DENISE - DIA

(...)

3. Os Elementos do Roteiro

Cabealhos - em ingls, sluglines ou scene headers. So escritos em maisculas e do trs

informaes: (1) Onde; (2) precisamente onde, e (3) quando. (2) e (3) so separados por dois

espaos, um tracinho, e outros dois espaos.

(1) pode ser INT. (interior) ou EXT. (exterior); (2) uma identificao curta do lugar; e (3) pode

ser DIA ou NOITE.

Por exemplo:

INT. CASA DE DENISE - DIA

permitido usar mais de um sujeito.

Por exemplo:

EXT. CASA DE DENISE - TERRAO - DIA - FINAL DA TARDE

Um novo cabealho necessrio cada vez que muda o lugar, e/ou muda o tempo. Porm no

precisamos de um cabealho completo cada vez que um personagem entra e sai, por exemplo, da

uma sala para a cozinha. Neste caso, usual escrever somente o nome da dependncia para qual a

personagem vai.

Por exemplo:

Denise se levanta do sof e vai em direo cozinha.

COZINHA

Denise abre a geladeira e pega uma cerveja.

Ou ento:

Denise se levanta do sof e vai para a...

COZINHA, onde abre a geladeira e pega uma cerveja.

Ateno:

se Denise sai do INT. SALA para EXT. TERRAO, usamos um novo cabealho

completo porque muda de lugar INT./EXT.

se cortamos a cena para trs horas depois, e Denise continua na sala assistindo TV, usamos

um novo cabealho porque mudou o tempo.

Ao - a parte visual do roteiro, onde se relata o que se passa na tela. Descries dos personagens,

o que eles esto fazendo, os lugares, e tudo que os espectadores vo conseguir capturar

visualmente. E nada mais!

Alguns elementos da ao costumam ser escritos em maisculas:

PERSONAGENS, a primeira vez que aparecem no roteiro, ou ento a primeira vez que

aparecem em cada cena

as palavras ENTRA e SAI

SONS

POR EXEMPLO:

"DENISE PRA DE FUMAR"

FADE IN:

INT. CASA DE DENISE - SALA - DIA

A pequena sala tem uma varanda mnima com janelas abertas.

De fora surge o barulho de TRNSITO da rua. Numa mesa de

jantar de vidro, na mesa de centro e em todos os lugares da

sala esto espalhados cinzeiros cheios, garrafas vazias e

restos de comida.

DENISE DE CARVALHO, uma mulher morena de 34 anos, com

cabelos grandes meio cados em cima do rosto, aparece no

corredor. Ela est acordando e usa uma camisa gigante.

Denise ENTRA na sala e, cobrindo os olhos para no ver a luz

e a baguna, procura com uma mo um mao de cigarros na

mesa.

DENISE

Meus Deus! Tenho que parar com

isto!

Ela encontra o mao, tira um cigarro e volta correndo pelo

corredor para o...

QUARTO, onde ela acende o cigarro e deita na cama fumando e

olhando para o teto.

(...)

Mantenha os pargrafos pequenos. Conte a sua histria visualmente, com o mnimo de dados para

manter o seu leitor interessado e informado.

Nomes - o nome do personagem para introduzir dilogo, sempre em maisculas. Podem ser

seguidos por:

(V.O.), voice off, quando o personagem ou um narrador fala em off.

(O.S.), off screen, quando o ator no esta visvel.

(cont.) ou (contd), quando o mesmo personagem continuando a sua fala

interrompida por uma ao. Isto tambm pode ser feito como uma direo para o ator (ver

prximo item): (continuando).

POR EXEMPLO:

(...)

Ela encontra o mao, tira um cigarro e volta correndo pelo

corredor para o...

QUARTO, onde ela acende o cigarro e deita na cama fumando e

olhando para o teto. De repente o telefone TOCA na sala.

Denise no se mexe.

Pausa.

O telefone continua TOCANDO. Denise se levanta e SAI do

quarto.

DENISE (O.S.)

Al?

SHEILA (V.O.)

J sei. Te acordei.

DENISE (O.S.)

Quase, quase.

Denise volta para o quarto, carregando um telefone sem fio.

DENISE (cont.)

Mas eu j tinha levantado.

(...)

Ou ento:

DENISE

(continuando)

Mas eu j tinha levantado.

Direes para o ator - escritos em parnteses numa linha entre o nome da personagem e o

dilogo. Devem ser usados muito, muito pouco, por dois motivos principais. Primeiro, nenhum ator

gosta de ser insistentemente instrudo a como deve dizer suas falas. Em segundo lugar, se voc v

que precisa de muitas instrues como (gritando), (chorando), (para o garon), etc., provavelmente um sinal de que o dilogo no suficientemente ntido em geral.

quase sempre possvel evitar o uso destas direes, limitando-os aos poucos momentos em que o

tom ou o sentido da fala seria realmente ambguo.

Dilogo - O dilogo do personagem. Se uma fala quebrada por uma diviso de pgina,

escreve-se (MAIS) centralizado numa linha em baixo do dilogo no final da pgina anterior, e

inicia-se a outra com o nome seguido por (cont.) ou (cont'd).

Espaamento

Espao simples para: nomes/direes para o ator/dilogo; ao;

Espao duplo entre: cabealho e ao; ao e nomes; dilogo e ao; FADE IN e o primeiro

cabealho; a ltima linha e FADE OUT

Espao triplo entre: ao ou dilogo e cabealho.

Depois de terminar - a ltima pgina.

Depois da ltima linha do roteiro, dois Enters e as palavras FADE OUT.

Mais dois Enters, e FIM, ou O Fim, centralizado na pgina.

PARABNS!

Uma palavra final.

Como j mencionei, as polmicas e argumentos sobre formatao que surgem nos Estados Unidos

so interminveis. Estas regras apresentadas aqui no pretendem ser definitivas, e muito menos a

nica verdade - que no existe. Escritores sempre vo ter suas preferncias e pequenas variaes

particulares.

O que pretendo fazer aqui mostrar como escrever o seu roteiro em Master Scenes, para que ele

seja imediatamente reconhecvel como roteiro. Que, sendo um roteiro de cinema, seja escrito e lido

na maneira mais visual possvel.