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FUNCIONAMENTO DA LÍNGUAFUNCIONAMENTO DA LÍNGUA PORTUGUESAPORTUGUESA
FORMAÇÃO DE PALAVRASFORMAÇÃO DE PALAVRAS
UA 2006
FORMAÇÃO DE PALAVRASFORMAÇÃO DE PALAVRAS
• «Chama-se FORMAÇÃO DE PALAVRAS o conjunto de processos morfológicos que permitem a criação de unidades novas com base em morfemas morfemas lexicais. Utilizam-se assim, para formar as palavras, os afixos de derivação ou os procedimentos de composição»
(Jean Dubois, Dictionnaire de Linguistique, apud Celso Cunha & Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, 1984, p. 85)
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MORFEMA
• O conceito de palavra não coincide com o conceito de morfema
• O morfema é a unidade mínima significativa, isto é, uma unidade que não pode ser dividida sem que se lhe destrua ou altere o significado. Todas as palavras de todas as línguas são formadas por um ou mais morfemas.
• As palavras monomorfemáticas são constituídas por um único morfema, comportam apenas uma unidade mínima significativa (como pai, .feliz)
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• As palavras polimorfemáticas são palavras constituídas por mais do que um morfema, comportam duas ou mais unidades mínimas significativas dispostas sucessivamente (pais, infelizmente).
• Analisar a estrutura interna das palavras equivale a descrever os morfemas que as constituem.
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TIPOS DE MORFEMAS
A
Segundo um critério semântico, isto é, ao nível do seu significado, podemos distinguir morfemas de significação lexical e morfemas de significação gramatical.
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Morfemas de significação lexical
• remetem para a realidade extralinguística, para uma significação externa ao discurso, enfim, para pessoas, seres, objectos, ideias, estados de coisas, qualidades, etc. Estes morfemas pertencem a inventários abertos.
O aparecimento das palavras que os designam comprova que os morfemas que permitem representar o mundo que nos rodeia pertencem a um conjunto não fechado.
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Morfemas de significação gramatical
• remetem para uma significação interna ao discurso, para as relações entre as unidades das frases e para as funções dessas unidades nas frases. Estes morfemas pertencem a inventários fechados.
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• Morfemas livres são aqueles que podem ocorrer isoladamente (como mãe)
• Morfemas presos são aqueles que só ocorrem agregados a outros morfemas (o morfema de plural presente em mães, por exemplo).
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• A palavra monomorfemática feliz pode ocorrer isoladamente; o morfema que a constitui é, então, um morfema livre. Mas o prefixo in-, que lhe podemos agregar, só pode ocorrer juntamente com outro(s) morfema(s); logo, trata-se de um morfema preso.
• Todos os prefixos e sufixos são, por definição, morfemas presos, uma vez que não podem ocorrer senão agregados a outro(s) morfema(s).
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constituintes de palavras
• Radical é o segmento do significante que permanece comum
numa família de palavras. Afixos são as unidades que se agregam ao radical. Analisemos a seguinte família de palavras (ou palavras cognatas, isto é, um conjunto de palavras que se formaram em tomo de um mesmo radical).
Barco barquinho embarcar embarcação
Barca barqueiro desembarcar reembarcar
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• AfixosIncluem o que a gramática tradicional designava por: prefixos,
infixos e sufixos (isto é, morfemas derivacionais). mas também as desinências verbais, as desinências nominais e a vogal temática (ou seja, morfemas flexionais).
• Base distingue-se do radical pelo seguinte: ela é o segmento do
significante da palavra que é susceptível de receber afixos. Trata-se de um conceito mais abrangente porque uma base pode ser constituída apenas por um radical, mas também por um radical e um ou mais afixas. A partir de embarcar formaram-se as palavras desembarcar e reemharcar. Logo, embarcar é uma base (que inclui um radical e vários afixos).
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• tema.
A vogal temática é a vogal que se agrega ao radical dando origem ao tema (tema do verbo, por ex.)
O tema é constituído pelo radical e pela vogal temática. Nos verbos regulares, o radical é o segmento do significante que permanece comum a todas as formas verbais flexionadas.
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Estrutura das palavrasEstrutura das palavras
Palavras simples• Graç- Graç- aa ris - o formform – aPalavras complexas
• gracgrac-inha ris – onh - o formaforma - ador• GracGrac-ios- idade ris – ada form – al• GracGrac-ios --ios -oo ris – ível form –form –alal - - mentemente
PALAVRAPALAVRA
SIGNO LINGUÍSTICOSIGNO LINGUÍSTICO
Significante +significado
MORFOLOGIAMORFOLOGIA
SINTAXE
SEMÂNTICA
MORFEMASUnidades significativas mínimas, com significado e forma fónica
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Palavras e seus constituintes Palavras e seus constituintes morfológicosmorfológicos
Constituintes morfológicos da PALAVRAPALAVRA
• Radical Radical é o elemento principal da palavra, a base de seu significado, e é comum às palavras da mesma família etimológica.
• TemaTema radical + constituinte temático
• Afixos Afixos são os elementos significativos secundários que se juntam ao radical para formar palavras novas. Quando o afixo vem antes do radical, chama-se prefixo, e quando vem depois, sufixo.
[Ris]radicalnominalsimples
[ris-o]RN +
tema em -o
[Ris] – ada – ível
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Palavras e seus constituintes Palavras e seus constituintes morfológicosmorfológicos
• PALAVRAS SIMPLES – uma forma indecomponível
Ex. [class]radical
[sent] radical
[activ] radical
• PALAVRAS COMPLEXAS – integram dois ou mais constituintes morfológicos, sendo um dos quais, obrigatoriamente, um radical simples.
Ex. [[class] RN [e] IT] Tema Nominal TN
[ [sent+ar] RV [a] VT ] TemaVerbal TV[parentetização]
[ [activ] RADJ [a] IT ] Tema Adjectival TA
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Palavras e seus constituintes Palavras e seus constituintes morfológicosmorfológicos
Diagrama em árvoreLevemente
leve TA -mentesufixo
Lev- radical -eIT
Parentetização
[[lev-+-e]+-mente]ADV
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Palavras e seus constituintes Palavras e seus constituintes morfológicosmorfológicos
Os CONSTITUINTES MORFOLÓGICOS são unidades que se associam entre si, de acordo com as suas propriedades inerentes e com os princípios gerais da morfologia, e pertencem a categorias morfológicas, como radical, sufixo e prefixo.
Não é o RADICAL que atribui a categoria sintáctica à palavra:
Casa NCasado ADJCasar VCasamento N
O radical cas- não obriga a que as palavras de que ele faz parte tenham uma categoria fixa.
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RADICAL• O radical é portador de uma informação categorial;
deve indicar que se trata de um radical de um nome, de um adjectivo, de um verbo, etc...
CarteirRN / Carteira
LindRADJ / Lindo
EstudRV / Estudar
• Os radicais são, porém, constituintes passivos. lindaRADJ mente
*Lindamente (o sufixo –mente selecciona adjectivos flexionados no feminino)
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ESTRUTURA MORFOLÓGICAESTRUTURA MORFOLÓGICA
•Os VERBOS, os NOMES e os ADJECTIVOS distribuem-se por diferentes CLASSES
TEMÁTICAS.Constituintes temáticos VERBOS - Vogal temática
1ª Conj. 2º Conj. 3ª Conj.IFINITIVO amar morrer fugir
NOMES e ADJECTIVOS ÍNDICE TEMÁTICO (IT) - tema em –a; tema em –e, tema em –o
e formas atemáticasGÉNERO - formas variáveisvariáveis e formas invariáveis invariáveis
- formas masculinas e femininas
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ESTRUTURA MORFOLÓGICAESTRUTURA MORFOLÓGICA
PALAVRA(estudantes / estudamos)
TEMA Flexão Morfológica
ConstituinteRADICAL Temático NOMES/ADJECTIVOS
estud*RADJ -ante*A
(número) -splural
estud*RV -a*VT
VERBOS
(Tempo, modo, aspecto, pessoa e número) -mo-s1ª pessoa
plural
Mo
rfemas d
esinen
ciais
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MORFOLOGIA DERIVACIONAL
• No âmbito da morfologia derivacional, procede-se
ao estudo dos mecanismos que permitem a formação
de novas palavras a partir das já existentes no léxico
de uma língua. Três tipos de operações permitem a
formação de novas palavras: I - operações aditivas,
II - operações subtractivas e III - operações
modificativas.
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I. Operações aditivas
a) Derivação (ou Afixação)• A derivação é o processo mais enriquecedor
do léxico. Consiste na junção de afixos a uma base. A afixação pode dar-se:
• por prefixação (quando o afixo precede o radical: fazer> refazer, contente> descontente)
• por sufixação (quando o afixo está em posição posterior em relação ao radical: fácil > facilitar, ambiente> ambientar)
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• por circunfixação (ou parassíntese) (quando há, simultânea e obrigatoriamente, a junção de um prefixo e de um sufixo a uma base: manhã> amanhecer, louco> enlouquecer).
Nota - Este processo verifica-se fundamentalmente na verbalização denominal e deadjectival (verbos formados a partir de substantivos e de adjectivos). Como excepção refira-se o adjectivo denominal desalmado, formado a partir de alma.
A palavra infelizmente não constitui um caso de derivação parassintética. Não houve a junção simultânea e obrigatória do prefixo e do sufixo à palavra primitiva, o que é comprovado pela existência das palavras infeliz e felizmente.
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b) Composição • Consiste a composição na junção de duas ou mais bases.
• -por justaposição (quando as bases mantêm a sua integridade silábica e acentual: segunda-feira, luso-brasileiro)
• -por aglutinação (quando as bases perdem a sua integridade silábica e acentual: aguardente. pernalta)
Nota - A composição por aglutinação revela casos de amálgama (quando não é possível segmentar o significante de cada um dos morfemas constituintes de uma palavra). Sublinhe-se que não nos devemos deixar enganar pela ortografia: passatempo e girassol são palavras compostas por justaposição, apesar de não terem hífen a separar as duas bases e de em girassol se ter acrescentado uma consoante gráfica <s>. Na oralidade, as bases são perfeitamente reconhecíveis, mantendo a sua integridade silábica e acentual.
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• c) Reduplicação (repetição de um ou vários sons da palavra primitiva; pode até ser repetida toda a palavra primitiva: Lurdes > Lulu, avó> vovó, dói> dói-dói)
Nota - Este processo de criação lexical manifesta-se sobretudo na linguagem infantil e familiar.
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II Operações subtractivas
• a) Derivação regressiva (ou regressão) (processo de formação de palavras em que a vogal temática e o morfema de infinitivo são substituídos por uma marca de género; verifica-se a supressão dos sufixos flexionais verbais e o acrescentamento de um sufixo flexional de género: caçar> caça, chorar> choro, tocar> toque; a derivação regressiva é, portanto, um processo de nominalização deverbal)
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• Para se concluir que estamos em presença de um processo de derivação regressiva, é necessário efectuar uma investigação de carácter diacrónico, no sentido de verificar qual a forma que surgiu em primeiro lugar. Só no caso de o substantivo ter sido criado a partir do verbo é que se verificou derivação regressiva.
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b) Siglação (ou lexicalização de siglas) (siglas são palavras formadas com recurso às letras iniciais de outras palavras: Polícia de Segurança Pública> PSP)
É um processo que permite simplificar sequências linguísticas extensas.
c) Acronímía (acrónimos são palavras formadas com recurso às letras ou sílabas iniciais de outras palavras: Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa> PALOP, síndrome de imuno-deficiência adquirida> SIDA)
Não há diferenças no processo de formação das siglas e dos acrónimos. A distinção reside no resultado fónico obtido: as siglas lêem-se letra a letra, os acrónimos lêem-se silabicamente.
d) Abreviação (ou truncamento) (supressão de uma parte da palavra primitiva, na maior parte dos casos a parte final: exposição> expo, otorrinolaringologista > otorrino. José> Zé)
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III . Outros processos de enriquecimento do léxico
a) Derivação imprópria (ou conversão) (mudança de classe gramatical da palavra sem alteração formal)
• Não envolve modificações ao nível do significante mas apenas ao nível da categoria gramatical. Ou seja, não envolve alterações formais mas funcionais. Deste modo, é mais um processo de natureza sintáctica do que de natureza morfológica, pois não há modificações na estrutura interna da palavra.
• (20) O carro azul é meu. (adjectivo)
• (21) O azul daquele carro é bonito. (substantivo)
• (22) Hoje ,vou jantar feijoada (verbo)
• (23) O jantar caiu-me mal (substantivo)
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b) Empréstimo (processo de importação de uma palavra de uma língua para outra e de posterior integração -fonética, morfológica e gráfica -na língua-alvo: futebol, croissant, cicerone, qficionado) O processo é designado por empréstimo; a palavra importada por estrangeirismo.
• Resta-nos apontar as razões que estão subjacentes à criação de novas palavras; elas são essencialmente duas:
• a) a necessidade de designar novas realidades, de nomear novos referentes (uma inovação tecnológica ou uma nova doença, por exemplo, propiciam o surgimento de novas palavras, como sucedeu com computador e sida);
• b) por simples fruição estética (assim se explica o aparecimento de palavras como Lusíadas, neologismo de Camões, ou o verbo outrar-se - isto é, "tornar-se outro" - usado por Fernando Pessoa).
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UNIDADES LEXICAIS
• FAMÍLIA DE PALAVRASConjunto de unidades lexicais que partilham o
mesmo RADICAL e que se ligam ao mesmo conceito, mesmo pertencendo a classes de palavras diferentes UNIDADES LEXICAIS
graça graçadesgraçadesgraçarengraçarengraçadinhodesgraçadinhodesgraçadadesgraçadagraçola
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UNIDADES LEXICAIS• As unidades lexicais podem agrupar-se por
aspectos semânticos comuns, em torno de um conceito-chave (graça) e, nesse caso, constituem um CAMPO SEMÂNTICO.
CAMPO SEMÂNTICO UNIDADES LEXICAIS
graça gargalhadarir humorpiadapalhaçogozaranedotasironia/irónicosorriso
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UNIDADES LEXICAIS• As unidades lexicais podem agrupar-se
pelas relações semânticas que se verificam entre si para referir um conceito lexical e, nesse caso, partilham uma área de significação/referência comum, o que constitui um CAMPO LEXICAL.CAMPO LEXICAL UNIDADES LEXICAIS
graçaengraçarengraçadinho gozargraçola Rir gargalhada ironia/irónicopalhaço anedotashumor sorriso