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  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 55

    AFINAL, O QUE TERCEIRIZAO? EM BUSCA DE FERRAMENTAS

    DE ANLISE E DE AO POLTICA

    Paula Marcelino1

    Resumo: O texto que segue uma reflexo sobre a definio de terceirizao a partir do debate e das leituras realizadas em trs reas do conhecimento: Direito, Administrao e as chamadas Cincias Sociais. A definio que propomos tambm tem como pano de fundo a observao da realidade da terceirizao feita por diversos estudiosos e sindicalistas no servio pblico e nas empresas estatais e privadas. A partir desses elementos, podemos dizer que terceirizao todo processo de contratao de trabalhadores por empresa interposta. Esse artigo parte de um trabalho de doutorado ainda em andamento. Palavra chave: terceirizao, trabalho, contratao.

    1 Doutoranda em Cincias Sociais pelo IFCH-Unicamp. Professora do Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa (IPEP) Campinas (SP). Email: [email protected]

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 56

    SO, WHATS OUTSOURCING OF SERVICES? LOOKING FOR ANALYTICAL

    AND POLITICAL TOOLS

    Abstract: The text that follows is a reflection on the definition of outsourcing from the discussion and readings accomplished in three areas of knowledge: law, administration and the social sciences. The definition that we also propose, has the background observation of the reality of outsourcing done by different scholars and trade unionists in public service and state and private companies. From these elements, we can say that outsourcing is all process of contracting workers by a third party company. This article is part of a doctorate thesis that still in progress. Key words: terceirizao, work, act of contract.

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 57

    a terceirizao [...] nos ltimos vinte anos da histria do pas, ela se tornou o mais importante recurso estratgico das empresas

    para gesto (e reduo) dos custos com a fora de trabalho.

    Introduo:

    H duas tendncias visveis na

    bibliografia sobre terceirizao no que diz

    respeito definio do que ela venha a ser:

    a reduo ou a ampliao do alcance do

    conceito. Na Frana, por exemplo, d-se o

    nome de terceirizao (sous-traitance) a um

    processo bem especfico: chamada

    terceirizao apenas a

    situao em que h

    uma empresa

    subcontratada

    trabalhando dentro da

    empresa principal; se

    o trabalho for

    realizado fora, passa-se a chamar o

    processo de externalizao (externalizacion).

    (Essa distino no feita no Brasil,

    normalmente, para distinguir dois

    processos diferentes, mas apenas para

    marcar duas formas distintas de

    terceirizao.). Naquele pas, tem-se uma

    tipologia muito clara de todas as formas de

    trabalho consideradas precrias, o que

    permite uma delimitao bem precisa e

    especfica do que venha a ser a

    terceirizao.

    Embora haja diferenas importantes

    nas definies dos diversos autores de

    todas as reas, no Brasil, de maneira geral, a

    palavra terceirizao tem um significado

    mais abrangente que o dado pelos

    franceses. Na nossa compreenso, essa

    diferena se d por um motivo

    fundamental: a terceirizao nos parece ter

    no Brasil um outro lugar na estrutura do

    mercado de trabalho,

    pois, nos ltimos vinte

    anos da histria do pas,

    ela se tornou o mais

    importante recurso

    estratgico das empresas

    para gesto (e reduo)

    dos custos com a fora de trabalho.

    Assim, para sermos rigorosos com a

    amplitude da utilizao da terceirizao e

    por reconhecer a importncia poltica que

    ela tem na organizao dos trabalhadores,

    optamos por uma definio abrangente:

    terceirizao todo processo de

    contratao de trabalhadores por empresa

    interposta. Ou seja, a relao onde o

    trabalho realizado para uma empresa, mas

    contratado de maneira imediata por outra.

    esta definio ampla que defenderemos

    ao longo deste item.

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 58

    Nesta definio de terceirizao que

    propomos h uma clara opo por

    privilegiar a relao empregatcia

    estabelecida por essa forma de gesto da

    fora de trabalho. O fato da terceirizao se

    dar atravs de uma empresa privada ou uma

    empresa estatal ou de uma fundao

    pblica de direito privado, no altera o

    cerne da definio. Isto porque, se no h

    um retorno imediato em lucros, como

    parece ser o caso de fundaes pblicas, h

    uma economia geral de gastos com fora de

    trabalho pelo Estado2. Nossa opo por

    privilegiar as relaes empregatcias na

    definio do que terceirizao se d

    tambm por que procuramos analis-la do

    ponto de vista do trabalho, mas,

    principalmente, porque na natureza dos

    contratos firmados entre as

    empresas/fundaes e os trabalhadores que

    encontramos o que h de mais estvel

    dessas relaes. Todo o resto fluido: a

    definio de atividade-fim e atividade-meio,

    a real capacidade tcnica das empresas

    subcontratadas, a noo de parceria, a idia

    2 Quando o Sistema nico de Sade deixa de colocar servidores concursados dentro dos hospitais universitrios, por exemplo, e o faz atravs da contratao de trabalhadores via fundaes, o que est em jogo uma economia com os custos da fora de trabalho atravs de um processo de subcontratao.

    de que a terceirizao garante qualidade. E

    quando falamos de relao empregatcia

    no estamos nos referindo ao tipo de

    contrato que o trabalhador estabelece

    (temporrio ou por tempo indeterminado)

    nem s condies de remunerao e

    proteo desse trabalho (presena de mais

    ou menos direitos trabalhistas, maior ou

    menor salrio). Referimo-nos sim, ao fato

    de que, entre o trabalhador e a atividade

    que ele desenvolve para benefcio da

    produo ou do servio de uma empresa,

    h outra empresa, cujos recursos provm da

    primeira (mesmo que, como h vrios

    casos, a terceira seja contratada por mais de

    uma tomadora) e cujos lucros so auferidos

    a partir da intermediao de fora de

    trabalho. Nessa relao importa pouco,

    portanto, se a empresa terceirizada tem ou

    no maior capacidade tcnica que a

    contratante.

    De maneira geral, as definies de

    terceirizao oferecidas pelas reas de

    direito e administrao de empresas

    privilegiam o aspecto da organizao do

    trabalho com nfase na natureza das

    atividades terceirizadas. Com exceo de

    alguns autores da rea do direito (Carelli,

    2002 e 2003, por exemplo), usa-se como

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 59

    uma boa parte das empresas de terceirizao do pas surgiram

    fundadas por antigos trabalhadores das empresas

    principais, em processos individuais ou coletivos

    suporte fundamental da definio de

    terceirizao os conceitos ambguos de

    atividade-fim e atividade-meio, ou seja, no

    tipo de atividade que repassada. Quando

    esse no o aspecto central da definio,

    faz-se aluso s relaes interempresariais

    recorrendo-se noo de parceria e

    opo por uma empresa que detenha maior

    capacidade tcnica para executar

    determinada atividade. Nesta ltima

    referncia ainda h o

    agravante da falta de

    historicidade do

    processo no Brasil:

    uma boa parte das

    empresas de

    terceirizao do pas

    surgiram fundadas por antigos

    trabalhadores das empresas principais, em

    processos individuais ou coletivo (as

    cooperativas, por exemplo). Outras tantas

    surgem meteoricamente por ocasies de

    editais pblicos e desaparecem na mesma

    velocidade (vide o caso das gatas nas

    refinarias brasileiras). Em outras palavras,

    uma definio de terceirizao no pode

    basear-se na especializao da terceira.

    Certamente isso no o fator determinante

    para se subcontratar trabalhadores no

    Brasil.

    Num outro flanco de anlise,

    tambm nos parece impossvel concordar

    com Martins (2005: 25) que a terceirizao

    se caracterizaria apenas quando h uma

    relao duradoura entre duas empresas, de

    contanto constante entre o funcionrio da

    subcontratada e a contratante. Para esse

    autor, a terceirizao

    no se confunde com a

    subcontratao; o que as

    diferiria seria o fato de

    que na terceirizao o

    contrato seria

    permanente e no

    ocasional, em picos de

    aumento de demanda ou de produo. O

    contrato duradouro entre uma contratante e

    uma subcontratada , na nossa

    compreenso, apenas um dos tipos de

    terceirizao possvel. Talvez ele seja

    menos precrio do ponto de vista do

    trabalhador, pois tem mais chances de

    propiciar vnculos trabalhistas mais slidos

    (com os direitos que um contrato por

    tempo indeterminado garante) e de maior

    organizao no local de trabalho. Mas,

    definir terceirizao pela longevidade da

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 60

    relao entre duas empresas seria ignorar

    uma gama imensa de relaes

    interempresariais no contexto brasileiro;

    inclusive as numerosas subcontrataes

    realizadas pelas refinarias brasileiras para

    sua ampliao e manuteno.

    De acordo com a definio que

    propomos, subcontratao e terceirizao

    so sinnimos. O que interessa reter aqui

    o que vrios autores (Morin, 2004; Carelli,

    2002 e 2003, entre outros) apontaram como

    externalizao da contratao de

    trabalhadores. Toda vez que uma empresa

    resolve subcontratar, o que ela faz

    transferir para outra os riscos e parte dos

    custos com a contratao da fora de

    trabalho (os trabalhadores, os terceiros).

    Isso porque o contrato deixa de ser

    trabalhista (empresa x trabalhador) e passa

    a ser comercial ou civil (empresa x

    empresa). Tal acontece se a empresa

    subcontratada ou no especialista na

    funo, se o contrato dela com seus

    trabalhadores ou no por tempo

    indeterminado, se a relao entre

    contratante e subcontratada ou no

    duradoura.

    A opo pelo uso da palavra

    terceirizao, ao invs de subcontratao,

    se d por vrios motivos: a) esse o termo

    consagrado no Brasil; b) sobre ele que se

    constri as aes pblicas e se organiza

    trabalhadores e empresrios em suas

    entidades classistas; c) toda a bibliografia

    sobre o tema est assentada nesse termo; d)

    ltimo e mais importante, ele expressa com

    exatido a nfase que demos em nossa

    definio: a condio de terceiro do

    trabalhador no contratado entre duas

    empresas.3

    Diante da definio de terceirizao

    a que chegamos, no h como deixar de

    considerar o trabalho temporrio, tal como

    regulamentado pela Lei no. 6.019 de 3-1-

    1974, como uma forma de terceirizao.

    Trabalho temporrio4, numa parte

    expressiva dos casos, contratao de

    trabalhadores por empresa interposta. Nele

    o vnculo do trabalhador com uma

    empresa e quem paga seu salrio

    indiretamente outra, mesmo que o

    contrato de trabalho seja diferente dos

    3 As empresas subcontratadas tambm so chamadas, normalmente, no Brasil de terceiras. Aqui, pode-se entender que ela terceira relao entre a empresa contratante e seus prprios trabalhadores. 4 Em 1973 um nmero estimado de 50 mil trabalhadores estava sob regime de locao de fora de trabalho. Ou seja, quando surge a primeira norma sobre o tema (em 3/1/1974), o trabalho temporrio j era largamente utilizado (Martins, 2005).

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 61

    chamados terceirizados estveis. Nas

    palavras de Belkacem (2000: 140):

    A forma do elo contratual uma relao triangular, onde intervm trs atores: um trabalhador, uma empresa de trabalho temporrio e uma empresa utilizadora. O trabalhador (aqui temporrio) aluga a sua fora de trabalho para uma empresa de trabalho temporrio, que, por sua vez, aluga a fora de trabalho do trabalhador para uma empresa terceira.

    Ou seja, no trabalho temporrio, a

    nfase da terceirizao no que Carelli

    (2002 e 2003) define como intermediao

    de fora de trabalho5, mais que em outras

    formas de terceirizao. Se do ponto de

    vista legal o estatuto desse tipo de contrato

    de trabalho diferente do que se reconhece

    como terceirizao pois contrato com

    tempo determinado e que pode ser

    utilizado, a princpio, somente em situaes

    bastante especficas , do ponto de vista

    prtico, as relaes que se estabelecem

    entre as duas empresas e o trabalhador

    contratado so da mesma natureza que 5 Para esse autor, h terceirizao lcita e terceirizao ilcita; somente nessa ltima caberia ao do Direito o Trabalho. A ilcita seria aquela onde o principal elemento a intermediao da fora de trabalho, sem que a empresa terceirizada tenha know-how especfico, pessoal permanente, material de trabalho prprio, entre outros fatores. De fato, na nossa compreenso, no h como separar terceirizao de intermediao de fora de trabalho no Brasil. Estudos de Pochmann (2007) apontam que um trabalhador terceirizado ganha, em mdia, a metade que um no-terceirizado.

    aquelas dos trabalhadores interpostos entre

    cooperativas, subcontratadas fixas ou no e

    contratantes. A importncia da

    subcontratao atravs do contrato de

    trabalho temporrio pode ser observada

    por meio do nmero elevado de empresas

    desse tipo: cinco mil em todo o Brasil no

    incio dos anos 2000.

    A gama do que pode ser chamado de

    terceirizao ampla e variada. Sem querer

    esgotar todas as relaes possveis entre

    duas empresas e trabalhadores

    subcontratados, cremos que uma lista do

    que e do que no terceirizao pode

    clarear a definio dada, pode exemplific-

    la e explic-la. O primeiro passo

    compreender o que significam os termos

    acompanhados do sufixo em ingls

    sourcing. Normalmente esses termos so

    usados por consultorias empresariais e pela

    literatura da rea de administrao para

    classificar e hierarquizar as formas de

    terceirizao.

    comum encontrar-se nos textos

    brasileiros a palavra terceirizao como

    sinnimo do termo em ingls outsourcing.

    Entretanto, segundo Oliveira (1994: 28), a

    palavra significa a prestao de servios por

    terceiros a alguma entidade cuja atividade

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 62

    principal no aquela. Ou seja,

    terceirizao de atividades centrais, tal

    como acontece em vrias empresas

    brasileiras, no poderiam ser chamadas de

    outsourcing. H variaes das palavras,

    neologismos retirando-se o out, para

    qualificar outros processos: dumbsourcing:

    terceirizao de servios que no so

    finalidade da empresa: limpeza, vigilncia,

    etc.; multisourcing: o departamento da

    empresa terceirizado aos pedaos, para

    vrias subcontratadas; co-sourcing: uma

    forma de parceria na qual a terceirizao

    abrange no apenas a prestao de servios

    especficos, mas vai desde a definio de

    projetos, consultoria e desenvolvimento de

    sistemas, at a definio de estratgias para

    o uso da tecnologia da informao;

    smartsourcing: terceirizao praticada atravs

    da formao de alianas, visando a atuao

    no mercado com os melhores produtos,

    aplicada em atividades importantes de

    negcio; global sourcing: o mais importante

    deles, fornecimento global, diretamente

    relacionado com a internacionalizao dos

    mercados. O global sourcing foi bastante

    facilitado pela diminuio dos custos de

    importao nos governos neoliberais (de

    Collor Lula). O mercado fornecedor da

    empresa passa a ser, virtualmente, todas as

    empresas do mundo. Ocorre a

    especializao dentro de uma mesma

    empresa: uma se torna fornecedora das

    outra.

    Seguindo nossa definio, as

    principais formas de terceirizao hoje, no

    Brasil, so:

    a) Cooperativas de trabalhadores que

    prestam servio para uma empresa

    contratante. Normalmente so ex-

    trabalhadores demitidos e incentivados a

    montar uma cooperativa. A cooperativa

    contratada pela empresa principal, os seus

    trabalhadores passam a receber por

    produo.

    b) Empresas externas que pertencem a

    uma rede de fornecedores para uma

    empresa principal (exemplo: fornecedores

    de autopeas para as montadoras).

    Possivelmente a forma de subcontratao

    mais organizada, menos precria e que

    sofre menos presses contrrias sua

    existncia. constituda por empresas de

    tamanho variado, no caso das maiores, com

    participao de capitais multinacionais.

    Essa uma forma de terceirizao mais

    difcil de ser caracterizada como tal;

    principalmente pela importncia que as

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 63

    empresas de autopeas tm no mercado de

    trabalho brasileiro. Mas trata-se, numa

    cadeia ampla de trabalho subcontratado

    convergindo para o produto final de uma

    ou mais empresas principais. No caso do

    setor automotivo, principal nicho desse

    tipo de terceirizao, houve um processo

    posterior de transferncia e/ou

    externalizao de setores da produo; mas,

    em larga medida, ele j nasceu estruturado

    em redes de subcontratao. Aqui a

    terceirizao em cascata freqente.

    c) Empresas externas(s)

    contratante(s), subcontratadas para tarefas

    especficas, tais como as centrais de

    atendimento.

    d) Empresas de prestao de servios

    internos contratante: limpeza,

    manuteno, montagem, jardinagem,

    segurana, logstica, recursos humanos, etc.

    Essa a forma, digamos, clssica de

    terceirizao; sobre a qual no pairam

    dvidas da natureza das relaes

    estabelecidas. So empresas contratadas de

    maneira exclusiva ou no, permanente ou

    no para desenvolvimento de atividades

    dentro da contratante. Esse tipo de

    terceirizao acontece no setor produtivo e

    no de servios e pode estar presente tanto

    nas atividades consideradas secundrias

    quanto nas principais. Tambm bem

    comum na iniciativa privada e nos servios

    pblicos.

    e) As chamas Personalidades Jurdicas

    (PJs): so empreendimentos sem

    empregados, que passaram a realizar

    atividades que eram desenvolvidas por

    trabalhadores assalariados formais. Trata-se

    de uma forma de terceirizao que tem

    ganhado importncia no cenrio brasileiro.

    Embora seja constituda por um

    trabalhador apenas, h uma empresa

    interposta (a dele), o que faz diminuir

    sensivelmente os custos com a fora de

    trabalho (a sua prpria) e a carga tributria

    que recai sobre as contratantes.6

    f) Quarteirizao ou quartizao ou

    terceirizao delegada ou terceirizao em

    cascata. Muitos autores dizem que h um 6 Mudar as formas de contratao altera significativamente os custos com a fora de trabalho no Brasil. Como aponta Pochmann, contratar um autnomo ou uma cooperativa bem mais barato que gerar um emprego interno. Na comparao com o emprego assalariado formal (pblico ou privado), o peso da cunha fiscal o contrato PJ (empresa) chega a ser 56,5% inferior e o do autnomo de 11,7% inferior. No foi por outro motivo que a exploso da abertura de novos negcios no Brasil se deu, em grande parte, devido ao surgimento das empresas sem a presena de empregados, modificando significativamente a natureza e composio dos custos de contratao dos trabalhadores. (Pochmann, 2007: 15).

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 64

    processo de quarteirizao somente quando

    existe uma empresa que gerencia os

    contratos da principal com as

    subcontratadas. Na nossa opinio, o termo

    terceirizao em cascata define melhor o

    processo e abarca vrias possibilidades de

    subcontratao por empresa j

    subcontratadas. Tal processo comum nas

    redes de subcontratao e, como vermos no

    item seguinte, nos processos de

    terceirizao dentro das refinarias. Se o

    objetivo da subcontratao sempre

    diminuio dos custos com a fora de

    trabalho, fcil imaginar as conseqncias

    da terceirizao em cascata na precarizao

    das condies de utilizao e remunerao

    dela.

    Conforme j apontado ao longo do

    texto, uma das principais caractersticas da

    terceirizao, que a torna um poderoso

    instrumento de reduo dos custos com a

    fora de trabalho, o fato de que os

    contratos deixam de ter natureza trabalhista

    e passam a serem civis ou mercantis. As

    formas de terceirizao apontadas acima

    enquadram-se em contratos de uma ou

    outra natureza. Segundo Martins (2005: 53-

    54), os principais contratos de natureza

    civil empregados na terceirizao so a

    empreitada e a subempreitada, a prestao

    de servios e a parceria. A empreitada ou

    locao da obra distingue-se da locao

    de servios pelo fato de na primeira

    contratar-se um resultado, e na segunda,

    uma atividade, embora em ambas haja, a

    princpio, independncia e autonomia na

    prestao de servios. Na empreitada o

    empreiteiro pode ser pessoa fsica ou

    jurdica, mas o empregado s pode ser

    pessoa fsica (art. 3o da CLT). No contrato

    de trabalho desse empregado no consta o

    resultado, mas a atividade; o empreiteiro

    autnomo para gerenciar esse trabalho.

    Ainda segundo Martins, h a

    terceirizao por contratos mercantis, por

    exemplo: 1) engineering: o objetivo desse tipo

    de terceirizao a obteno de uma

    indstria construda, instalada e em

    funcionamento; 2) contrato de

    fornecimento: ambas as partes pactuam a

    entrega de alguma coisa, sendo que

    contrato cessa no momento dessa entrega;

    3) concesso mercantil: onde a montadora

    procura terceiros para ajud-la na

    comercializao de veculos e na prestao

    de servios de assistncia tcnica ao

    adquirente do veculo; 4) consrcio:

    pactuao de consrcio para a produo de

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 65

    bens ou servios; 5) assistncia tcnica:

    terceirizao, pois uma empresa treina

    outra para o fornecimento de assistncia

    tcnica de manuteno e conservao de

    seus produtos; 6) representao comercial

    autnoma: o autnomo nunca pode ser

    pessoa jurdica; ele nunca subordinado

    direo do empregador.

    Martins acredita que o franchising

    que foi traduzido para o portugus como

    franquia uma forma de se contratar

    terceiros para a prestao de servios. O

    franchising faz parte de um conjunto de

    contratos mercantis que no possuem

    legislao especfica. Em tese, o franqueado

    independente e autnomo em relao ao

    franqueador, com pessoal e administrao

    prprios. Na prtica, as franqueadoras

    exercem um grande poder sobre os

    franqueados, delimitando sua forma de

    organizao, ingerindo sobre administrao

    e controle de pessoal. Como para Martins

    h formas corretas de terceirizao e outras

    condenveis, ele v que a grande questo

    no franchising saber se o seu contrato no

    de trabalho; ou seja, preciso verificar se

    a franquia realmente lcita ou se no

    representa uma forma de mascaramento da

    relao de emprego. A fixao de preo e

    estimativa de lucros das mercadorias

    vendidas, determinadas pela franqueadora,

    podem evidenciar a ocorrncia de uma

    relao de emprego.

    Segundo Krein (2007: 154), na

    terceirizao atravs de PJs, a relao de

    trabalho tambm pautada por um

    contrato de natureza mercantil (ou

    comercial). Os custos da empresa

    contratante limitam-se ao pagamento e

    gesto de um contrato comercial. Por esse

    expediente, as empresas economizam em

    torno de 60%, considerando as

    contribuies sociais e os direitos

    trabalhistas (incluindo o salrio indireto e

    deferido).

    No esforo de compreender as

    formas que a terceirizao assume no nosso

    pas, devemos tambm dizer que tipo de

    relao entre trabalhador e empresa(s) no

    terceirizao. Aqui, de maneira ainda mais

    concreta, o critrio de se h ou no uma

    empresa interposta na relao entre o

    trabalhador e a contratante, fundamental.

    Nesse sentido, no constitui caso de

    terceirizao:

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 66

    a terceirizao se constituiu na principal forma de

    flexibilizao da contratao, a partir dos

    anos 90, no Brasil

    a) Trabalho domiciliar. Se no h uma

    empresa ou uma cooperativa interpostas

    entre os trabalhadores e a contratante, no

    h como definir o trabalho domiciliar como

    terceirizao. Pode-se entend-lo como

    uma forma de precarizao do trabalho

    bastante acentuada, em especial nos casos

    de trabalhadores do setor txtil e de

    calados, pagos de acordo com a produo.

    Mas, no h uma relao de dupla

    subordinao (ordens e orientaes da

    empresa subcontratada e

    financeira da contratante)

    que caracteriza a relao de

    terceirizao.

    b) Trabalhador

    autnomo: essa a

    condio de muitos trabalhadores de

    domiclio, mas de vrios outros que podem

    tambm prestar servios internos s

    empresas. Pode-se consider-lo uma forma

    de assalariamento disfarada, mas no

    terceirizao. Os rendimentos desses

    trabalhadores podem ser baixos, mas so

    pagos diretamente pela empresa

    contratante. A no ser que o trabalhador

    autnomo preste servios para uma

    empresa que subcontratada de outra, no

    possvel caracteriz-lo como terceirizado.

    c) Joint ventures tambm no so

    terceirizao, pois duas ou mais empresas

    se envolvem em igualdade de condies,

    partilhando interesses similares na operao

    que empreendem. Elas so scias; uma no

    subordinada a outra (Oliveira, 1994: 68).

    d) No devem ser confundidos com

    terceirizao tambm os processos de

    fornecimento de insumos e matrias-primas

    de uma empresa para outras. Aqui no h

    contratao de trabalhadores por empresa

    interposta, mas sim h

    um processo de

    produo cuja base de

    funcionamento a

    diviso capitalista do

    trabalho entre

    empresas.

    Fazer uma classificao dessa

    natureza no uma coisa simples, mesmo

    porque h um hibridismo nas relaes entre

    empresas e trabalhadores que tornam as

    fronteiras dos contratos de trabalho, por

    vezes, pouco claras. Por exemplo:

    caracterizar um trabalhador dono e nico

    na sua prpria empresa (PJ) como

    terceirizado e um autnomo como no

    terceirizado quase uma questo

    puramente formal o que faz bastante

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 67

    diferena nas conseqncias legais, mas

    pouca no que se refere s condies de

    trabalho. Parece-nos que esse motivo pelo

    qual na Frana h um esforo muito maior

    em mapear o que o trabalho precrio de

    maneira geral do que em lutar contra essa

    ou aquela forma de contratao especfica

    (terceirizao, trabalho temporrio,

    contratos subsidiados). Definir qual o

    valor do salrio e as condies de trabalho

    minimamente dignas numa determinada

    formao social e brigar por elas bem

    mais simples do que categorizar as relaes

    de trabalho e t-las como objeto de ataque.

    Nos parece importante salientar,

    ainda uma vez, o fato de que a terceirizao

    , no Brasil, um elemento fundamental na

    definio dos rumos do mercado de

    trabalho, mas no o nico leo contra

    qual h que se brigar. Alis, se as relaes

    de terceirizao funcionassem com os

    objetivos e as conseqncias que a

    literatura da rea de administrao de

    empresas diz que funciona, no haveria,

    nessa relao de trabalho, problemas

    maiores que em qualquer outra forma de

    assalariamento em si, sempre precria,

    pois fruto da explorao de uns sobre

    outros.

    Mas, porque dizemos que a

    terceirizao um elemento definidor dos

    rumos do mercado e das relaes de

    trabalho hoje no Brasil? Desde a pesquisa

    de mestrado (Marcelino, 2004)

    apontvamos para a importncia desse

    mecanismo de gesto da fora de trabalho

    pela amplitude que ele vinha tomando no

    pas e pela sua eficincia em contornar os

    dois problemas que se impunham tambm

    para as empresas brasileiras: a diminuio

    das suas taxas de lucros bastante afetadas

    pelas crises econmicas da dcada de 1980

    e a necessidade de recomposio do

    domnio sobre as classes trabalhadoras.

    Krein (2007: 180) aponta que, apesar das

    dificuldades em mensur-la com as

    pesquisas disponveis e de sua crescente

    complexidade, possvel afirmar que a

    terceirizao se constituiu na principal

    forma de flexibilizao da contratao, a

    partir dos anos 90, no Brasil.7

    7 Na regio metropolitana de Campinas, o trabalho terceirizado cresceu 30,7% em cinco anos. Hoje essa modalidade de contrato representa 1/3 dos 667 mil postos no mercado formal de trabalho. A mdia anual de crescimento de 5%, mais que a dos outros setores que viram em torno de 3% ao ano. Dados da ACIC (Associao Comercial e Industrial de Campinas apontam que, em 2006, na Regio Metropolitana de Campinas, havia 219, 5 mil trabalhadores terceirizados. Em 2001 esse nmero era de 167,9 mil (Correio Popular, 19/03/2007).

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 68

    Na pesquisa j mencionada ao longo

    deste captulo, Pochmann chega a mesma

    concluso a respeito e explica os fatores

    com os quais concordamos que

    convergem para tornar a terceirizao um

    fenmeno crucial na definio das relaes

    de trabalho no Brasil8:

    O movimento de terceirizao da mo-de-obra est impondo uma nova dinmica no interior do mercado de trabalho brasileiro. Embora venha sendo implementada no perodo relativamente recente no pas, seus efeitos so expressivos e de rpida generalizao nos contratos de trabalho, o que permite equivaler fora de uma verdadeira reforma trabalhista e sindical. Isso porque o tipo de terceirizao da mo-de-obra que se expande no pas implica constituir um novo padro de emprego para o conjunto dos trabalhadores. Em sntese, o sentido da difuso do emprego de tipo asitico, simplificado no contrato de trabalho de elevada rotatividade, contida remunerao e longa jornada de trabalho. No obstante o conjunto de avanos da escolaridade dos trabalhadores ocupados e desempregados, os nveis de remunerao permanecem extremamente contidos. Mesmo que a terceirizao tenha se alastrado para alm da atividade-meio, compreendendo cada vez mais a atividade fim do processo produtivo, acentua-se a precarizao dos empregos (Pochmann, 2007: 28).

    8 Em virtude da taxa de crescimento elevada da terceirizao, pesquisa da Global Outsourcing Report, revela que em 2015 o Brasil saltar da 15a para a 4a posio dessa atividade no mundo. No grupo CPFL (Companhia Paulista de Fora e Luz), por exemplo, 36% dos seus colaboradores, 9.142 ao total, so terceirizados (Correio Popular, 19/03/2007).

    Segundo Pochmann, o avano da

    terceirizao no Brasil se deu j na dcada

    de 1990, depois do Plano Real e encontra-

    se intimamente associada com o ambiente

    de semi-estagnao da economia, de baixos

    investimentos e incorporao de novas

    tecnologias e pela abertura comercial e

    financeira dos mercados nacionais. Nesse

    sentido, a terceirizao se consolida como

    estratgia de minimizao de custos e

    define ajustes no padro de emprego

    formal.

    A terceirizao no se configurou

    como estratgia de reduo de custos,

    entretanto, apenas no setor privado. Para

    Pochmann (2007) e Krein (2007), a

    chamada Lei de Responsabilidade Fiscal9,

    contribuiu enormemente para a expanso

    da terceirizao no servio pblico. Como

    parte do ajuste fiscal imposto pelo Fundo

    Monetrio Internacional (FMI),

    [...] ela coloca limites para as despesas com pessoal e impede que aumentos de gastos sejam feitos sem que se aponte a origem dos novos recursos, com comprovao de que a despesa criada ter seus efeitos compensados por aumento permanente de receita. A lgica fazer o supervit primrio para viabilizar o pagamento da dvida. Ela tem duas conseqncias nas formas de contratao. Em primeiro lugar, inibe

    9 Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000.

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 69

    a realizao de concurso pblico, pois o funcionrio contratado torna-se uma despesa permanente. Com isso, estimula a contratao temporria, emergencial, de comissionados etc. Em segundo lugar, estimula a terceirizao, pois a contratao de outra empresa no considerada despesa de pessoal (Krein, 2007: 120).

    Para Krein (2007: 182), o

    crescimento da terceirizao no setor

    pblico est ligado a trs fatores: a) uma

    forma de driblar a Lei de Responsabilidade

    Fiscal para manter os servios pblicos; b)

    a existncia de uma certa mentalidade onde

    acredita-se que a o setor privado mais

    eficiente e, portanto, deve ser imitado,

    ignorando-se a especificidade do setor

    pblico; c) h um uso poltico da fora de

    trabalho terceirizada no sentido de

    aproveitar-se de contrataes e demisses

    visando os pleitos eleitorais.

    Embora a terceirizao seja, mais do

    que qualquer outro mecanismo de gesto

    empresarial, amplamente difundida em

    todos os setores econmicos, desde a

    produo at os servios, sua definio no

    to evidente quanto possa parecer e tem,

    sem dvida alguma, implicaes polticas

    importantes para a organizao dos

    trabalhadores. Isto porque, no s define

    um enquadramento sindical especfico, mas

    tambm porque cria ou quebra identidades

    de luta.

    Dizemos isso pelo seguinte motivo:

    no se identificar como terceirizado,

    mesmo o sendo, evita determinados

    problemas para as empresas

    subcontratante10 e subcontrada, tais como,

    a percepo pelo trabalhador da condio

    de explorado em maior escala, a luta por

    isonomia salarial nas mesmas funes, a

    possibilidade de reivindicaes conjuntas

    com as categorias preponderantes11. Se o

    trabalhador assume que, simplesmente,

    trabalha numa outra empresa com polticas

    diferentes e que essa empresa no uma

    terceirizada, seus vnculos com a

    subcontratante e a possibilidade de

    10 Tambm chamada de empresa contratante ou tomadora ou principal. 11 A noo de categoria preponderante diz respeito atividade principal da empresa. Por exemplo, na indstria automobilstica, a categoria preponderante a metalrgica; mesmo que haja secretrias, desenhistas, engenheiros, etc. e independentemente de sua forma de contratao, isto , sejam eles terceirizados ou no. Ento, a empresa geralmente negocia com o sindicato da categoria preponderante e aplica o mesmo ndice de reajuste salarial para os demais sindicatos. Os trabalhadores das categorias diferenciadas at podem se filiar ao sindicato da categoria preponderante, mas suas contribuies compulsrias so obrigatoriamente descontadas em favor do sindicato da categoria que lhe correspondente e que lhe representa legalmente.

  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 70

    mobilizaes amplas se tornam muito mais

    dbeis.

    A situao descrita acima no

    hipottica. Esse caso dos trabalhadores da

    Funcamp (Fundao de Desenvolvimento

    da Unicamp), por exemplo, cuja confuso

    em torno da condio de terceirizados os

    impede de sequer pensar em ter os mesmos

    direitos que um trabalhador concursado da

    Unicamp, mesmo realizando, boa parte das

    vezes, as mesmas funes que eles.

    Evidentemente, a representao sindical

    desses trabalhadores tem algum papel nisso,

    visto que ela no se v como representante

    de trabalhadores terceirizados. Mas, essa

    viso se apia de maneira evidente na

    indefinio que impera no contexto

    brasileiro em torno do conceito de

    terceirizao

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  • Pegada vol. 8 n. 2 Dezembro 2007 71