formação de conselheiros fiscais em cooperativas

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  • 8/17/2019 Formação de Conselheiros Fiscais Em Cooperativas

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    Formação deConselheiros Fiscaisde Cooperativas

    - MÓDULO AVANÇADO -

    Hélio Silva PontesDaniel Mendes Pinto

    SANTARÉM / PAOutubro de 2009

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    Ficha Técnica

    Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

    Ministro do Meio AmbienteCarlos Minc

    Secretária-ExecutivaIzabella Teixeira

    Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro Antonio Carlos Hummel

    Conselho Diretor do Serviço Florestal Brasileiro Antonio Carlos HummelCláudia de Barros e Azevedo-Ramos José Natalino M. SilvaLuiz Carlos de Miranda JoelsThaís Linhares Juvenal

    Realização

    Gerência Executiva de Florestas ComunitáriasMárcia Muchagata – Gerente Executiva

     AutoresHélio Silva PontesDaniel Mendes Pinto

     Apoio

    Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal – CenaflorCristina Galvão – ChefeCecília Jorge – Assessora de Comunicação

    Brasília, outubro/2009

     Desenvolvendo capacidades para o uso da floresta em benefício das gerações presentes e futuras.

     

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    Sumário

     Apresentação

    Capítulo 1 | Cooperativismo

    CooperaçãoEntão o que é cooperar?Cooperativismo A primeira cooperativa do mundo

     Valores do cooperativismoPrincípios do cooperativismo

    1  Adesão voluntária e livre2  Gestão democrática e livre3  Participação econômica4  Autonomia e independência5  Educação, formação e informação6  Intercooperação7  Interesse pela comunidade

     A cooperativaPrincipais características que definem uma cooperativa

    Outras características das sociedades cooperativas contidas na Lei nº 5.764/71Características contidas no novo Código Civil, Título II, Subtítulo II, Capítulo VIIO ato cooperativoDiferenças entre sociedade cooperativa e sociedade mercantil e associaçãoSegmentos do cooperativismo brasileiroCooperativas no Manejo Florestal Comunitário

    O sistema de representação AutogestãoEstrutura e funcionamento de cooperativas

     A cooperativa como sistema socialGerentes e colaboradoresEstrutura de poder nas cooperativasRelação da cooperativa com os associadosParticipação, deveres e direitos dos associados

    Deveres dos associadosDireitos dos associados

    Generalidades dos Conselhos de Administração e FiscalRelação entre o conselho de administração e o conselho fiscal

    Capítulo 2 | Aspectos Legais Referentes ao Conselho Fiscal

    2.1 Legislação Referente ao Conselho Fiscal de Cooperativas:2.2 O Estatuto da COOMFLONA e os Conselhos Fiscais

    Capítulo 3  | Avaliação da Eficiência Financeira e Social das Cooperativas Apresentação3. Diferença de Contabilidade e Finanças

    3.1 Análise de Balanços Contábeis3.2 Capital de Giro

    3.3 Índices de Desempenho

    Capítulo 4 | Reuniões do Conselho

    4. Reuniões do Conselho4.1 Organização da Reunião

    4.1.1 Definição da Pauta4.1.2 Agendamento e Programação da Reunião4.1.3 Gerenciamento dos Participantes4.1.4 Ambiente Propício

    4.2 Orientações aos Participantes4.2.1 Pontualidade4.2.2 Respeito ao Próximo4.2.3 Preparação4.2.4 Espírito Crítico4.2.5 Foco

    5. Exemplos de Instrumentos Contábeis6. Ética

    Referência Bibliográfica

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     APRESENTAÇÃO

    Este material didático tem como objetivo geral servir de base teórica do curso “Formação

    de conselheiros fiscais – Módulo Avançado”, um trabalho executado pelo Serviço Florestal

    Brasileiro que visa capacitar e sensibilizar as comunidades tradicionais e agricultores familiares

    que manejam, ou pretendem manejar florestas públicas, em princípios, constituição, teoria e

    práticas de gestão de associações e cooperativas.

    Conforme o artigo 55, inciso II, da Lei nº 11.284/06, Lei de Gestão de Florestas Públicas, é

    competência do Serviço Florestal Brasileiro o apoio a criação de programas de treinamento,

    capacitação, pesquisa e assistência técnica para a implementação de atividades florestais,

    incluindo manejo florestal, processamento de produtos florestais e exploração de serviçosflorestais em florestas públicas. Tal apoio, especialmente voltado às comunidades locais, é frisado,

    por sua vez, pelo artigo 17 do Decreto nº 6.063/07, que regulamenta a Lei de Gestão de Florestas

    Públicas, assim dizendo: ”O Serviço Florestal Brasileiro, no âmbito da competência prevista no art.

    55 da Lei nº 11.284, de 2006, apoiará a pesquisa e a assistência técnica para o desenvolvimento

    das atividades florestais pelas comunidades locais, inclusive por meio do Fundo Nacional de

     Desenvolvimento Florestal – FNDF.”

     As cooperativas são as organizações mais complexas, dentre os demais empreendimentos

    associativos do Manejo Florestal Comunitário, e requer conhecimentos avançados em tomadas dedecisões que utilizam dados com linguagem altamente técnica na área das ciências contábeis.

    Seu conteúdo aborda de forma geral, prática e direta os temas associativismo,

    cooperativismo e administração financeira, voltados para os conselheiros fiscais de cooperativas,

    que, juntamente com metodologias de dinâmicas de grupo, recursos visuais e exercícios práticos,

    pretende transferir conhecimentos básicos e necessários para um bom funcionamento do conselho

    fiscal de cooperativas. Tendo como missão o desenvolvimento de empreendimentos comunitários

    autonomos, independentes, profissionalmente geridos e capazes de usar os recursos florestais de

    forma sustentável.

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    Capítulo 1 | Cooperativismo

    Este é o emblema do cooperativismo: um círculoabraçando dois pinheiros, que indicar a união domovimento, a imortalidade de seus princípios, afecundidade de seus ideais, a vitalidade de seusadeptos. Tudo isto marcado pela trajetória ascendentedos pinheiros que se projetam para o alto, procurandosubir cada vez mais.

    COOPERAÇÃO 

    Para poder falar sobre cooperativismo e o funcionamento de cooperativas é importante

    refletir, inicialmente, porque as pessoas cooperam ou não cooperam. A organização social dequalquer comunidade ou sociedade reflete exatamente o equilíbrio que se processa entre essas osdiversos comportamentos que nós temos perante as pessoas que nos relacionamos, essecomportameto vamos chamar de “processo social”. Estão presentes, em nossas vidas, tanto forçasunificadoras como forças divisoras. São elas:

    a)  COOPERAÇÃO – Quando os indivíduos trabalham juntos, tendo em vista um objetivocomum.

    b)  OPOSIÇÃO – Quando lutam um contra o outro, vontade contrária, conflito.

    c)   ACOMODAÇÃO – É uma forma de ajustamento decorrente de situações de conflito nãoresolvidos. Falta de ambição, de aspiração. 

    d)  COMPETIÇÃO – É a busca de vantagem, disputa, desafio. É o oposto da cooperação.

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    ENTÃO O QUE É COOPERAR?

    É trabalhar junto, é ajudar o outro e ser ajudado para o êxito de um mesmo propósito. Nãoé um ato irracional, produzido por instinto (como as formigas e as abelhas), mas uma respostaintelectual e criativa do ser humano frente a natureza. Resposta que não veio pronta, mas que estásendo construída e aprendida através da história.

    COOPERATIVISMO

    Foi com passar do tempo e a evolução da sociedade que surgiu o cooperativismo como umprocesso associativo pelo qual indivíduos ou grupos juntam forças de produção, trabalho,capacidade de consumo, poupanças, etc. Para se desenvolverem econômica e socialmente,elevando seu padrão de vida.

    Para entender o que é o cooperativismo, sua doutrina e funcionamento é necessárioentender como surgiu a primeira cooperativa, que se tornou um modelo universal.

     A PRIMEIRA COOPERATIVA DO MUNDO 

    O surgimento do processo de industrialização na Europa (Revolução Industrial), fez comque os artesãos e trabalhadores rurais migrassem para as grandes cidades, atraídos pelas fábricasem busca de melhores condições de vida. A migração desordenada provocou excesso de oferta demão-de-obra nos centros urbanos e, conseqüentemente, resultou na exploração do trabalhador deforma abusiva e desumana.

     A vida não era fácil para aqueles cujo o trabalho contribuiu para o processo daindustrialização. A grande maioria dos operários eram trabalhadores agrícolas recém-chegados àscidades, expulsos da terra. Nas fábricas, encontrava-se trabalho facilmente mas a jornada era de15, ou até 17 horas/dia. O ritmo das máquinas, a rotina e as condições perigosas, tornavam otrabalho uma opressão. As fábricas eram escuras, quentes e pouco arejadas. A expectativa de vidada população era de 21 anos.

    Se as condições de trabalho eram péssimas, as de moradia não ficavam atrás. Os operáriosmoravam em habitações super lotadas e sujas. Os solteiros deixavam suas famílias no campo e viviam em barracões com outros membros do outro sexo. Se perdiam o emprego, também perdiam

    o abrigo. Como o sistema do transporte público era praticamente inexistente, o trabalhador ficavarestrito a morar, por piores que fossem as condições, a um raio de distância que possibilitasse ir apé ao trabalho. Londres, Manchester ou Lancashire, não comportavam o acúmulo de gente que

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    para lá se deslocava em busca de trabalho. O abastecimento de água era precário, faltavamsistemas de esgoto e aquecimento.

    Rochdale era uma cidade de tecelãos auto-educados, orgulhosos de suas tradições econfiantes no seu valor, buscaram, através da educação, a ferramenta para romper sistemaindustrial de relação do trabalho. Assim, com maior capacidade de entender e questionar o mundoem sua volta, e influenciados por experiências já realizadas naquela época por teóricos dosocialismo e grupos alternativos que tentaram se organizar em comunidades autogestionadas,

    tiveram a atitude de se mobilizar e constituir uma sociedade de consumo, baseada na ajuda mútua,em 21 de dezembro de 1844, fundaram a “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”,composta por 28 trabalhadores, onde cada um cooperado investiu uma libra que foi levantadadurante um ano.

    Em 1848, já possuía 140 membros. E, em 1849, com a falência do principal banco daregião, passou a ter 390 enquanto o capital da cooperativa subiu de 30 libras para 1.194 livras. Noprimeiro ano, o total de retiradas foi de 710 libras. Em 1860, com 3.450 sócios, o capital era de152.000 libras.

    Seus objetivos iniciais iam além da simples criação de uma empresa de consumo. Almejavam abrir a loja, construir casas para seus sócios e fábricas para dar trabalhos aos

    desempregados. Conseguiram fazer tudo isso. Mas, seus terrenos e a construtora tiveramproblemas porque os inquilinos não puderam arcar com as prestações e as empresas, queadotavam princípios de autogestão e de divisão de lucros, foram compradas por outros acionistas.O insucesso do projeto fez com que posteriormente os pioneiros se restringissem a incentivar ascooperativas de consumo.

     Assim nasceu a primeira cooperativa de consumo da história. Idealizada para oferecer aosseus associados artigos de primeira necessidade, a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdaletransformou-se na semente do movimento cooperativista.

    Os tecelões aperfeiçoaram o sistema e desenvolveram um conjunto de princípios,conhecidos mais tarde como “Princípios Básicos do Cooperativismo”. Tais princípios foramadotados posteriormente por cooperativas surgidas em diversos paises do mundo, definidosatravés dos seguintes pricípios básicos:

    1.  CONTROLE DEMOCRÁTICO, UM SÓCIO, UM VOTO.

    2.   ADESÃO ABERTA DE NOVOS MEMBROS NO MESMO PÉ DE IGUALDADE DOS ANTIGOS.

    3.   JUROS LIMITADOS OU FIXADOS SOBRE O CAPITAL SUBSCRITO.

    4.  DISTRIBUIÇAÕ DE PARTE DO EXCEDENTE PROPORCIONAL ÀS COMPRAS.

    5.   VENDAS À VISTA, SEM CREDIÁRIO.

    6.   VENDAS SÓ DE PRODUTOS PUROS, NÃO ADULTEEADOS.

    7.  NEUTRALIDADE POLÍTICA RELIGIOSA.

     As primeiras cooperativas constituídas no Brasil foram de consumo:

      Ouro Preto/MG, em 1889 – Sociedade Econômica Cooperativa dos funcionáriosPúblicos de Minas Gerais.

      Limeira/SP, em 1891 – Funcionários da Companhia Telefônica.

      Rio de Janeiro/RJ, em 1894 – Dos militares.

    Em seguida surgiram as de crédito, em 1902, em Nova Petrópolis/RS (Caixa Rural do tipoRaiffeisen); e as de produção agropecuária, também no Rio Grande do Sul em 1906.

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     Valores do Cooperativismo As cooperativas se baseiam em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia,

    igualdade, equidade e solidariedade. Na tradição dos seus fundadores. Os membros dascooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social epreocupação pelo seu semelhante.

    PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO

    Os princípios cooperativos são as linhas orientadoras através das quais as cooperativaslevam os seus valores à prática. Após os “Pioneiros de Rochdale” terem firmado as primeirasregras para o funcionamento de sua cooperativa, o modelo se espalhou por todo o mundo. Com acriação da Aliança Cooperativa Internacional – ACI, foram realizados várias discussões queresultaram no aperfeiçoamento dos fatores que definem o modelo universal de uma cooperativa,até que em 1995, em Londres, Inglaterra, foram revistos e estabelecidos os seguintes princípios, eque até hoje norteiam o a doutrina, legislação e a prático do cooperativismo, são eles:

    8   Adesão voluntária e livre 

     As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar osseus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo,sociais, raciais, políticas e religiosas. Alguns pontos importantes a serem interpretados:

      O caráter voluntário corresponde ao ideal de os membros envolvidos estejamdispostos a participar por livre e espontânea vontade;

       A adesão acarreta responsabilidades ao cooperado, que deve conhecer a doutrina,

    filosofia, princípios cooperativistas, os objetivos da organização e, principalmente, oestatuto onde se encontra os direitos e deveres do cooperado;

       As cooperativas devem agir de maneira adequada perante a diversidade social ondeestá inserida.

    9  Gestão democrática e livre 

     As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, queparticipam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Oshomens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis

    perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto(um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas demaneira democrática.

    10 Participação Econômica

    Os membros contribuem eqüitativamente para a formação do capital dascooperativas, que é controlado democraticamente. Parte desse capital é,normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem,habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado,

    decorrente de sua participação. Os membros destinam os excedentes a uma oumais das seguintes finalidades, de acordo com a decisão democrática nas

     Assembléias Gerais:

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      Desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação dereservas, parte das quais, pelo menos, será indivisível.

      Beneficio aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa;

       Apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.

    11  Autonomia e independência 

     As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seusmembros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituiçõespúblicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que asseguremo controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.

    12 Educação, formação e informação 

     As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dosrepresentantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir,eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em

    geral, particularmente os jovens, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

    6  Intercooperação

     As cooperativas servem de forma mais eficaz os seus membros e dão mais força aomovimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais,regionais, nacionais e internacionais. Os empreendimentos conjuntos podemimpulsionar os resultados a serem alcançados e fortalecer as bases de distribuição debenefícios que as cooperativas se propõem a realizar.

    7  Interesse pela comunidade

     As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidadesatravés de políticas aprovadas pelos membros. A responsabilidade social e ambientalestá no centro política de funcionamento de uma cooperativa, desde os “Pioneiros deRochdale”.

    “O Cooperativismo é a esperança dos que sabem que há

    sempre um problema a resolver e uma revolução a evitar”.Charles Gide

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     A COOPERATIVA

     Após estudar os princípios do cooperativismo fica mais fácil entender o que é uma

    cooperativa definido pela Aliança Cooperativa Internacional. Tendo o seguinte conceito:

    “Uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, parasatisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio deum empreendimento de propriedade coletiva e democraticamente gerido. ACI/Manchester/1995”.

     A cooperativa é ao mesmo tempo, uma associação de pessoas (projeto social) e umempreendimento econômico (projeto econômico). Por isso se diz que ela tem dupla naturezasendo considerada uma das formas mais avançadas e modernas de organizações da sociedade.

    Para a Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB: Cooperativa é umaorganização de, pelo menos, vinte pessoas físicas unidas pela cooperação e ajuda mútua, gerida deforma democrática e participativa, com objetivos econômicos e sociais comuns, cujos aspectoslegais e doutrinários são distintos de outras sociedades. Fundamenta-se na economia solidária e sepropõe a obter um desempenho econômico eficiente, através da qualidade e da confiabilidade dosserviços que presta aos próprios associados e aos usuários - X CBC/Brasília/1988.

     A Constituição Brasileira, promulgada em 5 de Outubro de 1988, diz em seu Artigo 5 – item XVIII:“ A criação de associações e, na forma da Lei, a de cooperativas, independem de

    autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento”.Principais Características que definem uma cooperativa:

      Sociedade de pessoas e não de capital: o objetivo é prestar serviços aos seusassociados, e a cooperativa representa os interesses comuns de quem as integram enão o simples capital que eles investiram; 

       Autogestão: a cooperativa é gerida democratiamente pelos seus associados; 

      Dupla natureza: a cooperativa tem uma natureza social e economica. O cooperadoé ao mesmo tempo dono da cooperativa e usuário dos serviços; 

      Propriedade comum: significa que a cooperativa é de propriedade conjunta detodos os associados, seus bens e recursos financeiros e materiais, e que aceitamassumir de forma igualitária os benefícios e riscos do empreendimento.

     A Lei Cooperativista no. 5. 764 de 16.12.71, assim define as cooperativas:

     Art. 4º “ É uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica própria, denatureza civil, não sujeita a falência, constituída para prestar serviços aosassociados”.

     Art. 3º “Os associados são as pessoas que celebram contrato de sociedadecooperativa e reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços parao exercício de uma atividade econômica, de proveito comum sem objetivo delucro”.

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    Outras Características das Sociedades Cooperativas contidas na Lei nº 5.764/71:

       Adesão Voluntária, com número limitado de associados...

       Variabilidade do Capital Social, representado por quotas-partes..

      Limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado (menos de 1/3do capital total da cooperativa)...

      Inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranho à sociedadecooperativa;

      Singularidade do voto (cada associado um voto);

      Número mínimo de pessoas (Quorum) para funcionamento e deliberação da Assembléia Geral, fundado no número de sócios presentes à reunião;

      Retorno das Sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operaçõesrealizadas pelo associado com a cooperativa...

      Indivisibilidade dos fundos obrigatórios em caso de sobras (Fundo de Reserva eFundo de Assistência Técnica, Educacional e Social - FATES).

      Neutralidade política e indiscriminação religiosa , racial e social.

      Prestação de assistência aos associados e, quando prevista nos estatutos, aosempregados da cooperativa.

       Área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle,operações e prestação de serviços.

      Os direitos e deveres de todos os associados são os mesmos (nas decisões, noscompromissos e nos serviços prestados pela cooperativa).

       Aumentam os rendimentos dos associados.

      O associado participa da administração.  Possibilita melhorias sociais e econômicas a associados e comunidade.

       Afasta ou disciplina a ação dos intermediários.

      Pode prestar Assistência Técnica, educacional e social aos associados e familiares.

      Defende o preço justo dos produtos e serviços no mercado.

    Características contidas no novo Código Civil, Título II, Subtítulo II, Capítulo VII:

       Viriabilidade, ou dispensa do capital social;

      Concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração dasociedade, sem limitação de número máximo;

      Limitação do valor da soma de quotas-parte que cada sócio poderá tomar;

      Intransferibilidade das quotas-partes a terceiros estranhos à sociedade, ainda quepor herança;

      Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso dedissolução da sociedade.

    O ato cooperativo

    É fundamental o entendimento do ato cooperativo e seus reflexos no tratamento que acooperativa recebi da entidades oficiais de ficalização, controle e tributação.

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      A Lei nº 5.764/71, em seu art. 79, define ato cooperativo:

    “Denominam-se atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados,entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associadas, para a consecuçãodos objetivos sociais”.

    Parágrafo único:

    “O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem comtrato de compra e vendade produto ou mercadoria”.

    O resultado econômicos deses atos cooperativos resultam em sobras ou perdas. No caso dacooperativa realizar eperações economicas com terceiros ou transações que que não sãonecessárias para a realização dos atos cooperativos ou que não estão presvisto nos objetivossociais, configuran-se como ato não cooperativo, que resultará em lucro ou prejuízo e tratadocomo se trata em quelquer empresa mercantil, inclusive com insidencia de diversos impostos quesobrecaem nos lucros, como o imposto de renda pessoa jurídica.

    Exemplo:

     Ato cooperativo: Quando uma cooperativa de manejadores florestais da comunidade XYZcompra 100 litros de óleo de copaíba de seu associado.

     Ato não cooperativo: A cooperativa de manejadores florestais da comunidade XYZ alugaseu próprio barco para o Serviço Florestal Brasileiro visitar uma outra comunidade fora da área deação da cooperativa.

    Diferenças entre Sociedade Cooperativa e Sociedade Mercantil e Associação

    O que determina de forma clara as diferenças da cooperativas com outros tipos desociedade é a legislação brasileira. Cada forma de organização possui sua legislação específica

    que na prática são extremanente distintas.O Ministério do Trabalho aponta 5 elementos que diferenciam as cooperativas das demaissociedades, são eles:

    1) Formação do Quadro Social: Toda sociedade, por definição, deverá ser constituída porum número determinado de sócios participantes. As sociedades limitadas, por exemplo,devem ser constituidas por no mínimo 2 sócios. Já as cooperativas, quando singulares,devem ser constituídas por no mínimo, 20 pessoas físicas, podendo haver pessoas jurídicas, desde que suas atividades sejam correlatas às da cooperativa, a adesão é livre e voluntária e não existe número máximo de associados, desde que a cooperativa comporte aparticipação e a prestação de serviço a todos os sócios.

    2) Capital Social: O capital social total da cooperativa aumenta ou diminue na proporção do

    número de associados, sendo desnecessário a alteração do Estatuto Social.3) Representatividade:  As tomadas de decisão nas cooperativas são tomadas de forma

    democrática durantes as Assembléias Gerais, onde se reunem todos os cooperados comdireito a um voto cada, independente do capital investido. Já nas sociedades mercantis, adecisão cabe a quem possuir o maior parte do capital investido. 

    4) Sobras Líquidas Resultantes das Operações Comerciais com Cooperados:  A sobralíquida é a diferença entre os ingressos (que corresponde as receitas em uma sociedademercantil) e os dispêndios (que corresponde às despesas em uma sociedade mercantil).Como a cooperativas não possue objetivo de lucro, e sim prestar serviços econômicos aosassociados, essa sobra retorna para o cooperado de forma proporcional ao que elecontribuiu.

    5) Objetivo Social: A cooperativa possui como missão maior a prestação direta de serviçosaos associados e, para tanto, poderá desempenhar qualquer gênero de serviço, operaçãoou atividade que viabilize, da melhor forma possível, a atuação profissional de seusassociados.

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     A seguir segue um quadro resumo que demonstra as principais diferenças entre cooperativas,associação e sociedade mercantil:

    Sociedade Cooperativa Associação Sociedade Mercantil

      É uma sociedade de pessoas ♦  É uma sociedade de pessoas ◊  É uma sociedade de capital

      Objetivo principal é aprestação de serviçoseconômicos ou financeiros

    ♦  Objetivo principal é realizaratividades assistenciais,culturais, esportivas etc.

    ◊  Objetivo principal é o lucro

      Número ilimitado decooperados

    ♦  Número ilimitado deassociados

    ◊  Número ilimitado de acionistas

      Controle democrático = umapessoa tem apenas um voto

      Cada pessoa tem um voto◊

      Cada ação representa um voto

       Assembléias: quorum ébaseado no número decooperados

    ♦   Assembléias: quorum ébaseado no número deassociados

    ◊   Assembléias: quorum ébaseado no capital

      Não é permitida atransferência das quotas-partes a terceiros, estranhos àsociedade

    ♦  Não tem quotas-partes ◊  Transferência das ações aterceiros

      Retorno dos excedentesproporcional ao valor das

    operações.

    ♦  Não gera excedentes ◊  Lucro proporcional ao númerode ações.

    Segmentos do Cooperativismo Brasileiro

     A Lei nº 5.764/71, em seu art. 5º, diz que as cooperativas poderão adotar como objetoqualquer gênero de serviço, operação ou atividade, sendo que em todos os casos, asatividades respeitem as legislações do setor.

     A Organização das Cooperativas Brasileiras reconhece a criou de 13 ramos decooperativas, pelas peculiaridades e destaque perante o setor que atuam, são eles:

     Agropecuário - Este segmento tem como principal objetivo principal comercializar os produtosagrícolas de seus cooperados e fornecer insumos para a atividade agropecuária, cujos meios deprodução pertençam ao associado, ou seja, o associado produz na sua propriedade ou fornece oproduto a ser comercializado, de forma individual e a cooperativas disponibiliza os serviçosnecessários para que produtor seja melhor remunerado. Este ramo, também, busca diminuir ocusto de produção e melhorar a produtividade de seus associados usando estruturas mistas queincluem serviços de consumo, crédito e assistência técnica.

    Produção - Este segmento se caracteriza pela transformação que o cooperado impõe à matéria-prima, sendo que os meios de produção (Ex: área de produção, utensílio, máquinas e

    equipamentos) são de propriedade coletiva, e que, depois de ser beneficiada, o grupo decooperados coloca o produto à disposição da administração da cooperativa, para que seja ofertadoos serviços de transporte, armazenagem e comercialização.

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    Trabalho - Este tipo de segmento de cooperativismo é o que mais cresce hoje no Brasil e vemassumindo uma importância muito grande, devido ao crescente número de cooperativasconstituídas de trabalhadores de diversos ofícios e profissões. A característica principal destesegmento é a união de profissionais do mesmo ramo ou que em seu conjunto prestam serviçosprofissionais, e oferecem ao mercado.

    Crédito - O cooperativismo de crédito se desenvolve na base de uma contribuição de um valormensal fixado em assembléia, com a finalidade de se formarem um fundo comum, para que no

    futuro cada um deles possa ter acesso via empréstimos a este fundo, com reduzida parcela de juros. Este segmento muitas vezes é responsável pela expansão de diversas atividadesempresariais de seus associados e em alguns países este segmento comanda um significativomovimento financeiro, chegando a emprestar dinheiro para outras atividades empresariais fora dosegmento cooperativo.

    Consumo - A primeira cooperativa de consumo foi concebida pelos Pioneiros de Rochdale. Afinalidade deste tipo de cooperativa é a prestação de serviços ao seu quadro social através dacompra em comum, para eliminar atravessadores e conseguir desconto através da compras emgrande quantidade, e até mesmo, reduzir custo de transporte e armazenagem, com objetivo defornecer melhores preços.

    Habitacional - Este tipo de segmento é destinado a construção, manutenção e administração deconjuntos habitacionais para o conjunto de seus cooperados a um preço justo.

    Mineração – O ramo mineração se caracteriza pela extração, manufatura e comercialização deminérios e exploração de jazidas que pertença a cooperativa.

    Educação – Composto por cooperativas de professores, por cooperativas de alunos de escolaagrícola, por pais de alunos para solucionar problemas de qualidade e custo na educação formal.

    Especial - Este segmento do cooperativismo identifica as cooperativas, cujo quadro social éformada por pessoas portadoras de deficiência, por menores ou de pessoas ou de grupos de

    pessoas que necessitem de tutela.Saúde - Este novo tipo de segmento do cooperativismo é integrado por todos os profissionais daárea de saúde tais como médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, etc.

    Infra-Estrutura: abrange as cooperativas que ofertam serviços de infra-estrutura ao seu quadrosocial. As mais expressivas são as de eletrificação rural e telefonia rural.

    Turismo e lazer: composto por cooperativas que prestam serviços turísticos, artísticos, deentretenimento, de esportes e de hotelaria, onde os cooperados trabalham nas estruturas depropriedade coletiva e fornece os serviços à terceiros.

    Transporte: pertence as cooperativas que atuam no transporte de cargas e passageiros. Ocooperado possui seu transporte e a cooperativa fornece serviços de comercialização para ofertados serviços ao mercado, manutenção dos veículos, fornecimento de combustível (consumo) a atémesmo dos próprios veículos.

    Cooperativas no Manejo Florestal Comunitário

     Após estudar todos os ramos acima, é importante pararmos para refletir como as atividadesque envolvem o Manejo Florestal Comunitário podem influenciar na definição da missão, objetivose funcionamento da cooperativa.

     A atividade florestal executada de forma coletiva por comunidades (conjunto demanejadores florestais) pode ser resumida em duas formas de trabalho que podem se adequa aosseguintes ramos:

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    O produtor trabalha de forma individual, utilizaseus próprios meios deprodução e utiliza osserviços de transporte, armazenamentoecomercialização da cooperativa.

    Cooperativa Agropecuária, onde seutiliza o nome Agroextrativista.

    O produtor executa a atividade de forma coletiva,ocupa um posto de trabalho no processo deprodução, os meios de produção são depropriedade coletiva e elege uma diretoria queirá comercializar a produção e ofertar outrosserviços necessários para o desenvolvimeto daatividade e demais necessidades do quadrosocial.

    Cooperativa de Produção (definição daOCB) ou Cooperativa autogestionadan(definição da Economia Solidária).

    O SISTEMA DE REPRESENTAÇÃO 

    Para que o sistema cooperativista mantenha uma referencia para sua evolução,aprimoramento e promoção, foi organizado o seguinte sistema de representação:

      Nos cinco continentes: ACI – Aliança Cooperativa Internacional;

      No âmbito do continente americano: OCA – Organização das Cooperativas das Américas;

    No âmbito Brasileiro:

    - OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, conforme a Lei 5764/71.

    Constituída no dia 02 de Dezembro de 1969, durante o IV Congresso Brasileiro deCooperativismo, sediado em Belo Horizonte, Minas Gerais.

    Está sediada em Brasília-DF, e congrega todas as unidades da federação através dasorganizações das cooperativas estaduais e uma de suas competências é atuar como órgão técnico-consultivo do cooperativismo.

    O cooperativismo brasileiro vive atualmente uma divisão ideológica entre duas vertentes. Apartir da década de 1990, começa a se configurar uma nova vertente – a da Economia Solidária -que traz a reivindicação da urgente democratização das relações de trabalho. Com esse postulado,contrapõe-se ao sistema da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), fundado em 1970,que defende uma concepção de cooperativismo focada na eficiência econômica. O embateencontra também sua tradução no plano associativo no qual o monopólio de representação da OCBé contestado de facto pelo surgimento de entidades de representação de cooperativas solidáriascomo a União e Solidariedade das Cooperativas e Empreendimentos de Economia Socialdo Brasil (UNISOL/Brasil), da Economia Solidária, e a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária - UNICAFES, constituída no Primeiro Congressoda União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária, realizado nos

    dias 20, 21 e 22 de junho de 2005, na cidade de Luziânia - Goiás com o objetivo de representarnacionalmente e desenvolver ações de apoio, às cooperativas e organizações a ela associadas.Sistema Brasileiro de Organização das Cooperativas:

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      Pela Lei 5.764/71, vinte ou mais pessoas podem constituir uma cooperativa singular,em qualquer ramo da atividade humana, sendo considerada uma cooperativa deprimeiro grau.

      Três ou mais cooperativas singulares podem formar uma central ou uma federaçãode cooperativas, considerada de segundo grau.

      Três ou mais centrais ou federações podem constituir uma confederação,considerada de terceiro grau.

     AUTOGESTÃO

     A Constituição Brasileira, promulgada em 5 de Outubro de 1988, definiu uma importanteconquista do movimento cooperativista – a autogestão. Até essa data a constituição decooperativas era vinculada à autorização governamental (INCRA). Atualmente, o Estado não podemais interferir no sistema cooperativista, exceto para prestar apoio técnico e/ou financeiro.

    ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE COOPERATIVAS

     A Cooperativa como Sistema Social

     A Cooperativa é um sistema de organização inserido na sociedade, que com ela interage eestabelece relações de trocas sociais, políticas, legais, tecnológicas, econômicas, etc,influenciando e sofrendo influências.

    O sistema de organização interno da cooperativa subdivide-se em três outros subsistemas:

       Associados...

      Dirigentes...

      colaboradores (empregados)...

     A Lei 5.764/71 determina, para a constituição e funcionamento de uma cooperativa, aexistência dos seguintes órgãos sociais:

       Assembléia Geral dos Associados;

      Conselho Fiscal;

      Conselho de Administração/Diretoria Executiva/Demais Conselhos a necessários àadministração.

    O Estatuto Social da Cooperativa, por sua vez, deve dispor sobre a estrutura e ofuncionamento dos órgãos de Administração e eventuais conselhos de apoio, núcleos de associadosetc. Finalmente, o Conselho de Administração e/ou Diretoria, devem definir os setores edepartamentos técnico-administrativos da cooperativa.

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      A estrutura de uma Cooperativa pode ser visualizada através de seu organograma.

    Estrutura da Cooperativa

    ConselhoFiscal

    Departaamentos

    ou setores

    Departamentos

    ou Setores

    Conselho de

    Administração

    ........................

    Diretoria

    Assembléia

    Geral

     

     Assembléia Geral

    É o órgão supremo da Cooperativa, a instância maior de decisão. É a reunião de todos osassociados, com poderes para decidir os negócios relativos ao objetivo da sociedade e tomar asresoluções convenientes ao funcionamento, ao desenvolvimento e a defesa da sociedade.

    É comumente convocada e presidida pelo Diretor Presidente da Cooperativa, podendo

    ainda ser convocada:

    a)  por deliberação do Conselho de Administração;b)  pelo Conselho Fiscalc)  por 1/5 (um quinto) dos associados em pleno gozo dos seus direitos sociais, após solicitação

    não atendida.

     A AG é convocada com antecedência mínima de 10 (dez) dias, para a primeira convocaçãoe de 1 (uma) hora após esta para a segunda e terceira convocações, através de “Edital deConvocação”.

    Dos Editais de Convocação Devem Constar:a)  a denominação da cooperativa;b)  o tipo de Assembléia (ordinária ou extraordinária);c)  a hora e a data da reunião, bem como o local onde será realizada;d)  os assuntos a serem tratados (ordem do dia);e)  o número de associados com direito a voto, na data da convocação;f)  data do edital e assinatura do responsável pela convocação.

    Para que a Assembléia Geral seja instalada em 1a (primeira) convocação, é necessário quehaja “quorum”, ou seja, é necessária a presença de, pelo menos 2/3 dos associados. Caso a Assembléia não seja realizada em primeira convocação, pode ser realizada em 2a e 3ª convocação,

    no mesmo dia da primeira, com intervalo de no mínimo 1 (uma) hora, desde que conste no editalde convocação.

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    Para ser instalada em 2a (segunda) convocação é necessária a presença de metade mais um(50%+ 1) dos associados e, em 3a  (terceira) convocação, com no mínimo, 10 (dez) associados.

    Tipos de Assembléias:

       ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA - (AGO)Deve ser realizada anualmente nos três primeiros meses após o termino do exercício social(fechamento das contas). Tendo como principais objetivos a prestação de contas da

    diretoria, destinação das sobras apuradas, eleição dos orgãos da adiministração e ConselhoFiscal.

       ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA - (AGE)Realizada sempre que necessário, poderá delibelar sobre qualquer assunto de interesse dacooperativa, desde que informados no Edital de Convocação. Os assuntos tratadosexclusivamente pela AGE são:  reforma do estatuto; fusão, incorporação oudesmenbramento; mudança de objetivo da sociedade; dissolução da cooperativa.

    Conselho Fiscal

    Órgão fiscalizador supremo da cooperativa, independente e subordinadounicamente à Assembléia Geral, cujas atribuições são definidas no Estatuto Socialcomo determina a Lei 5.764/71.

    É composto por 6 (seis) associados, sendo três efetivos e três suplentes,eleitos anualmente, onde, apenas dois podem ser reeleitos. Sua fiscalização érealizada examinando os livros e documentos, reunindo-se com dirigentes, com oscolaboradores e com os associados.

    O conselho fiscal é um órgão que tem como principal objetivo fiscalizar osatos da administração, opinar sobre determinadas questões e dar informações aos associados.Este grupo de cooperados deve deliberar sobre uma agenda de trabalho relacionada com o

    exercício das atividades financeiras, com no mínimo uma reunião ordinária mensal.É fundamental que o conselho fiscal possua um regimento interno que dê liberdade deexercer suas legítimas funções estatutárias.

    O Que É e o Que Faz um Conselho Fiscal ?

    De acordo com o PORTAL DO COOPERATIVISMO (2010), é de competência do conselhofiscal realizar

    Revisões periódicas no caixa; alertar quanto a resoluções, medidas ou acordos feitos peloConselho de administração que contrariem aspectos legais ou firam a doutrina cooperativista;fazer cumprir as exigências legais; planejar o trabalho do próprio Conselho Fiscal; apurar

    irregularidades formais; avaliar a eficiência dos serviços prestados pela cooperativa.

    Para que suas responsabilidades sejam cumprindas o conselho fiscal deve saber elaborar oseu próprio plano de trabalho, as atas de todas as suas reuniões, relatórios parciais e anuais deatividades realizadas e pareceres para a apresentação em assembléia geral e recomendaçõespráticas para melhorar o desempenho da cooperativa e deixá-la mais eficiente.

    Os instrumentos mais utilizados pelo coselho fiscal para a execução de seus trabalhos defiscalização são os registros contábeis, papéis, documentos, fichas, arquivos e anotações quecomprovem a veracidade, legitimidade e ética dos atos da administração. (PORTAL DOCOOPERATIVISMO, 2010).

    São funções básicas do Conselho Fiscal: 

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       Verificar se existem reclamações dos associados nos diversos assuntos dacooperativa;

      Examinar livros e documentos;

      Examinar balanços e balancetes;

      Convocar gerente e o contador para esclarecimentos;

      Convocar o Conselho de Administração (ou Diretoria), quando necessário;

      Examinar e dar parecer sobre a prestação de contas da Administração;   Verificar o cumprimento da legislação cooperativista, trabalhista e fiscal;

      Participar ativa e efetivamente dos trabalhos da cooperativa.

    Conselho de Administração/Diretoria Executiva

    Órgão superior na administração da cooperativa, eleito em  AG, para ummandato nunca superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a renovação

    de no mínimo, 1/3 (um terço) dos seus componentes ao final de cadamandato.

    É de sua competência:

      Planejar e traçar normas para as operações e serviços da cooperativa;

      Controlar os resultados;

      Decidir sobre qualquer assunto de interesse da cooperativa;

       Acatar determinações da Assembléia Geral;

      Dar continuidade às decisões tomadas na AG;  Prestar contas e informar sobre as propostas e as limitações existentes;

      Zelar pelo equilíbrio da cooperativa;

      Contratar administradores fora do quadro social

    Comitês, Conselhos ou Grupos de Trabalho Especiais

    Com o principal objetivo de estimular a participação ativa dos cooperados na vida dacooperativa, a sociedade poderá constituir grupos de cooperados organizados por atividade, temaou área geográfica, para assessorar a assembléia, diretoria e conselho fiscal. Esses grupos de

    cooperados possuem a capacidade de promover uma comunicação mais eficiente entre as decisõestomadas nas reuniões dos orgãos diretivos e quadro social.

     A organização do quedro social é fundamental para que a cooperativa atenda asnecesidades dos associados de forma ágil e adequada, pois, através da reunião de cooperados emgrupos, discutem-se expectativas, bem como a forma prática de atingi-las.

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    GERENTES E COLABORADORES

     A operacionalização das atividades de uma cooperativa deve ser executada por um quadro

    de Gerentes contratados e Colaboradores (empregados). A este quadro técnico-profissional cabe atarefa de gerenciar, coordenar e executar as tarefas e atividades que possibilitem a realização daspolíticas e das decisões da AG, do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva.

    É necessário ressaltar que, além de conhecer o contexto ambiental no qual a cooperativaatua, os dirigentes devem estar conscientes de que precisam conhecer a si próprios para poderenfrentar com sucesso os desafios que têm pela frente.

    ESTRUTURA DE PODER NAS COOPERATIVAS

     A) Nível Estratégico Funções

    -  Define objetivos e metas

    -  Estabelece políticas

    -  Escolhe estratégicas

    -  Destina recursos

    -  Exerce controles

    -  Planejar

    -  Organizar

    -  Controlar

    B) Nível Tático Funções -  Estabelece as Táticas

    -  Delega Autoridade

    -  Distribui Tarefas

    -  Orienta e controla a execução das tarefas

    -  Coordenar

    -  Dirigir

    -  Supervisionar

    C) Nível Operacional Funções

    - Executa as Tarefas - Executar

     Assim, temos:

    a)  Nível Estratégico:

       Assembléia Geral

      Conselho de Administração/Diretoria Executiva

      Conselho Fiscal

      Comitê Educativo

    b)  Nível Tático

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      Gerente(s) e Assessorias

    c)  Nível Operacional

      Todos os demais colaboradores/empregados, de todos setores da cooperativa.

     A sociedade cooperativa existe para servir de instrumento para a solução de problemas denatureza econômica comuns às pessoas que constituem e a integram...

     A cooperativa, enquanto associação, é regida por princípios democráticos em que aparticipação do associado como usuário é privilegiada frente a sua condição de detentor docapital, pela regra do voto singular e unipessoal.

    Enquanto empreendimento, a cooperativa é um conjunto de recursos – capital, tecnologiae conhecimento – aplicados à consecução dos objetivos da associação, perseguindo a máximaeficiência no manejo destes recursos.

    Portanto, a administração de uma cooperativa tem suas peculiaridades. Além de seguirtodos os ditames da ciência da administração, como em qualquer outra empresa, ela precisa, nomínimo:

      Criar transparência entre a cooperativa e o quadro social, pois é condiçãonecessária para que haja plena confiança, ajuda mútua e participação;

      Servir da melhor forma possível ao seu lado social, que são os donos e usuários;

       Viabilizar a maior participação possível dos associados nos negócios da cooperativa,pois disso depende sua eficiência e eficácia empresarial.

    RELAÇÃO DA COOPERATIVA COM OS ASSOCIADOS

    Os empreendimentos cooperativos possuem algumas peculiaridades que os diferenciam dasempresas de capital aberto, mas, em geral, estão sujeitos a uma permanente avaliação por partede seus públicos relevantes (internos e externos) por padrões que não respeitam essadiferenciação.

    Em primeiro lugar, as cooperativas são sociedades depessoas e não sociedade de capitais. O capital é meio e nãofinalidade.

     Avaliar uma cooperativa somente através darentabilidade e produtividade de capital não é o suficientepara definir a sua eficiência econômica.

    Em segundo lugar, as cooperativas sãoempreendimentos onde o dono não deve ter um comportamento capitalista puro, visando tãosomente a remuneração de seu investimento.

    Portanto, as estratégias de investimento e crescimento da cooperativa não se norteiamsomente pelo determinismo de mercado. Há também que se nortear pela necessidade desobrevivência e crescimento dos associados enquanto unidades produtivas e, a remuneração de

    seu trabalho.

    Poucos se dão contade que a eficiência dacooperativa está dire-

    tamente ligada aosucesso individual dosassociados.

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    Doutrinariamente as cooperativas brasileiras têm, em sua essência, seguido os preceitossos pioneiros de Rochdale cujas idéias estão presentes na atual legislação.

    PARTICIPAÇÃO, DEVERES E DIREITOS DOS ASSOCIADOS

     A participação é um dos pilares de sustentação de qualquer cooperativa, o objetivo dosdirigentes mais conscientes, pois se torna o meio para se constituir e manter uma cooperativa.

    O envolvimento do associado deve ir além da utilização dos serviços oferecidos e de suafreqüência em reuniões e Assembléias Gerais.

    Para que haja participação, é necessário que o associado sinta que ele faz parte, toma partee tenha parte na cooperativa, ou seja:

      fazer parte: sentimento que as pessoas têm de pertencer a um grupo, a uma cooperativa.

      tomar parte: ação de construir algo, decidir caminhos, estar presente nas reuniões eassembléias, nos momentos importantes da vida da cooperativa.

      ter parte: sentimento de realização pessoal decorrente do aproveitamento de contribuiçãoindividual em benefício da cooperativa. Nem sempre significa vantagem material, maspreenche a necessidade de reconhecimento.

    O envolvimento grupal, então, garante um compromisso com os resultados, significaçãopara o empreendimento e o cumprimento mais fiel das decisões.

    O equilíbrio entre distribuição e acumulação de sobras, entre estrutura

     voltada pra o mercado ou para o quadro social e entre decisõesgerenciais e profissionais ou democráticas e, em suma, o conceito deeficiência básico que deve nortear uma cooperativa.

    PLANO RÁPIDO

     José Alberto Gueiroz Jornal do Brasil – 01/05/85 

    Esta é uma pequena estória que explica muitas coisas grandes.

    São 4 (quatro) os personagens da estorieta: TODO MUNDO,ALGUÉM, QUALQUERUM e NINGUÉM.

    O conto é brevíssimo:“Havia um importante serviço a ser feito e todo mundo, estava certo de que alguém o

    faria. Qualquer um poderia te-lo feito mas, ninguém pensou nesta hipótese.  Alguém reclamouporque o serviço era de todo mundo, mas todo mundo estava certo de que qualquer um o faria.Só que ninguém podia imaginar que todo mundo iria tirar o corpo fora. Por fim, todo mundoterminou culpando alguém porque ninguém fez o que qualquer um poderia ter feito”.

    Observação: Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. 

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     Deveres dos Associados

      Participar das assembléias gerais, colaborando no planejamento, funcionamento,avaliação e fiscalização das atividades de sua cooperativa.

      Debater idéias e decidir pelo voto os objetivos e matas de interesse, acatando adecisão da maioria.

      Denunciar, sempre, os procedimentos indevidos, zelando pelo patrimônio moral ematerial da cooperativa.

      Pagar sua parte, caso ocorram prejuízos financeiros (perdas) na cooperativa.

      Operar com a sua cooperativa, respeitando as decisões votadas nas AssembléiasGerais que representam a vontade da maioria.

      Pagar o compromisso da quota de capital fixada pra constituir ou ingressar nacooperativa.

      Zelar pelo interesse comum e autonomia da sociedade.

      Estimular a integração da cooperativa com o movimento cooperativista.

      Buscar capacitação profissional para o desempenho de suas atividades.

    Direitos dos Associados

      Freqüentar as Assembléias Gerais, decidindo pelo voto os assuntos de interesse dasociedade.

       Votar e ser votado para cargos administrativos,fiscais ou outras funções.

      Participar das atividades econômicas, sociais e educativas da cooperativa.

      Receber retorno proporcional as operações realizadas com a cooperativa, caso venham ocorrer sobras, salvo deliberação contraria das Assembléias Gerais.

      Examinar os livros e documentos da cooperativa e solicitar esclarecimentos aosdirigentes, conselheiros e colaboradores (empregados).

      Opinar e defender suas idéias, propondo a Assembléia Geral. Ao Conselho de Administração ou Diretoria Executiva, medidas de interesse da cooperativa.

      Convocar AG, caso se faca necessário, conforme estabelecido no estatuto.

      Obter, antes da realização das  AG, informações, balanços financeiros,demonstrativos e relatórios.

      Desligar-se da cooperativa quando lhe convier, retirando seu capital, de acordo com

    o estabelecido no estatuto.

    Generalidades dos Conselhos de Administração e Fiscal

    Perfil ideal dos Conselheiros

      Disponibilidade de tempo:  A importância deste valor varia conforme o cargo aassumir. Aos cargos de conselheiros de administração (vogais) ou conselheirosfiscais suplentes, praticamente não existe esta preocupação em função de sua

    necessidade apenas nos dias de reunião. Já para os cargos da diretoria executiva econselheiros fiscais efetivos essa disponibilidade deve ser maior em função dasatividades e obrigações exigidas pelos cargos.

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      Noções Básicas sobre o funcionamento de uma cooperativa e sobrecooperativismo. Os conselheiros devem conhecer os aspectos que distinguem umacooperativa de outros tipos de empresa. Devem ter consciência e acreditar na validade teórica e prática do cooperativismo e da cooperação. O fato de umassociado desconhecer estes aspectos é, sem dúvida, um problema, mas, aosconselheiros de administração e fiscal, isso é inconcebível.

      Noções, se possível, experiências na área de administração, economia econtabilidade. É importante que os conselheiros de administração e fiscal possam

    se familiarizar rapidamente com os procedimentos simples da administração efiscalização. Saibam os objetivos de um planejamento, de um balancete, de umrelatório de gestão.

      Experiência em Cooperativas. Esta condição está relacionada, principalmente, àcapacidade de liderança dos conselheiros; a habilidade de se mover nas questõespolíticas da sociedade; de prever as implicações políticas de medidasadministrativas junto aos associados; de administrar, com eficiência, os problemassurgidos, em benefício dos associados e da cooperativa.

    Requisitos às Ações dos Conselheiros

     A missão dos membros dos Conselhos de Administração e Fiscal envolve várias atitudesdesde a ponderação, o equilíbrio, a minuciosidade e prudência, até o sacrifício.

      Ponderação e Equilíbrio: Quando dos tratamentos dos problemas surgidos nacooperativa, dos mais simples aos mais complexos, quer quando do entendimentoentre os próprios conselheiros e conselhos, quer no relacionamento com associados,gerentes, contador e demais colaboradores.

      Descrição: Evitando que os fatos administrados e/ou fiscalizados gerem falsosalarmes.

      Minuciosidade: Que levará o exame de todos os pormenores que possam interessar

    ao esclarecimento dos fatos, junto aos associados e Assembléia Geral.  Prudência: Evitando que se formulem acusações infundadas, sem a devida

    comprovação.

      Sacrifício: Porque o associado, desde que aceitou o cargo tem que dispor de tempocapacidade de dedicação que implica, muitas vezes, em renúncia às suas própriasatividades, procurando cumprir o seu mandato de maneira correta e responsável.

    RELAÇÃO ENTRE O CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E O CONSELHO FISCAL:

    1.   Autoridade: A autoridade de ambos emana da Assembléia Geral e ambos são responsáveisperante ela.

    2.  Mandato:  O mandato do Conselho da Administração é de 3 (três) anos, enquanto omandato do Conselho Fiscal é de somente 1 (um) ano.

    3.  Reeleição: No Conselho Fiscal não é permitido a reeleição de mais de 1/3 (um terço) dosseus componentes, enquanto que no Conselho de Administração podem permanecer até, nomáximo, 2/3 (dois terços) dos componentes.

    4.  Supervisão Mútua: a)  O Conselho de administração deverá cuidar para que se cumpram os estatutos e as

    decisões emanadas da Assembléia Geral e, nesse particular, cuidará para que oConselho Fiscal realize o que lhe corresponde;

    b)  O Conselho Fiscal é o único órgão controlador das ações do Conselho de Administração/Diretoria Executiva, fiscalizando-o para que realize suas funções e

    atribuições.c)  No caso de surgirem divergências entre um e outro, deverá ser convocada Assembléia Geral para esclarecer as divergências.

    5.  Coordenação das funções:

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    a)  Deve-se empenhar esforços para que as ações de ambos os órgãos se desenvolvam deforma coordenada;

    b)  O Conselho Fiscal deve informar, mensalmente, ao Conselho de Administração de suasconstatações, advertindo-o no que se fizer necessário e dando-lhe tempo para que corrija asfalhas encontradas.

    Condição dos Candidatos para a Elegibilidade:

    De acordo com a Lei Cooperativista em seus artigos 51 e 56 e seus parágrafos, não podemser eleitos como conselheiros de administração ou fiscal:

      O associado que já faça parte do conselho de administração não pode ser eleito parao conselho fiscal e vice-versa.

       Aqueles que possuem grau de parentesco até o 2º grau em linha reta ou colateral.

    Entende-se por parentesco até o 2º grau em linha reta ou colateral (consangüíneos ouafins):

    Parentes do 1º grau: pais e filhos (naturais ou adotivos), padrastos (ou madrastas) e enteados;

    sogros e genros (ou noras); esposas e esposos (ligados por casamento civil, religioso ou “de fato”).

    Parente do 2º grau: irmãos (naturais ou adotivos); avós e netos e cunhados.

       As pessoas impedidas por lei, os condenados a pena que vede, ainda quetemporariamente o acesso a cargos públicos e, ainda, quem responda por crimefalimentar, de prevaricação, concussão, suborno, peculato ou contra a economiapopular, a fé pública ou a propriedade.

    Entende-se por estas situações:

    Prevaricação: falta de cumprimento do dever, a que está obrigado em razão de ofício, cargo oufunção de interesses público, por improbidade ou má-fé.

    Peita ou suborno: acordo ou ajuste, de caráter ilícito, em virtude do qual, mediante paga oupromessa de pagamento, uma pessoa induz a outra a praticar ato oposto à justiça ou à moral em violação aos deveres que lhe são impostos.

    Concussão: extorsão ou exigência abusiva do funcionário público ou autoridade pública, que,encarregada de arrecadar dinheiro público, oriundo de impostos, direta ou indiretamente,mediante imposição, coação ou ameaça, exorbita de seus deveres, em seu proveito ou de outrem,fazendo com que os contribuintes paguem mais do que realmente devem pagar.

    Peculato: apropriação, subtração, consumo, ou desvio de valores ou bens móveis pertencentes àFazenda Pública ou que se encontrem em poder do estado, por funcionário público, que os tenhasob sua a guarda ou responsabilidade, em razão do cargo, da função ou do ofício seja em proveitopróprio ou alheio.

    Falimentar: Culpado por praticar falência.

    Crime contra a economia popular: atos ilícitos praticados por pessoas inescrupulosas e que decerto modo causam prejuízo ao patrimônio popular, isto é, diminuição de bens de pessoaspertencentes ao povo.

    Crime contra a fé pública: falsificação de modo geral.

    Crime contra a propriedade. Furtos de modo geral.

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    OBSERVAÇÃO: Quem tiver esse tipo de procedimento numa cooperativa, deve serafastado de imediato, pois inviabiliza qualquer cooperativa. Na cooperativa só deveentrar e nela permanecer a pessoa que se comprometer a dela participarefetivamente.

    DEZ PROCEDIMENTOS PARA INVIABILIZAR A COOPERATIVA

    1.  Não freqüente a sede da cooperativa, e quando for lá, procure algo parareclamar.

    2.   Ao participar de qualquer atividade, encontre apenas falhas no trabalho

    de quem está lutando para acertar.3.  Nunca aceite uma incumbência, pois é muito mais fácil criticar do que

    fazer.

    4.  Quando a Diretoria solicitar sua opinião, diga que não tem nada parafalar, e depois fale tudo o que lhe vem na cabeça para outras pessoas.

    5.  Faça apenas o absolutamente necessário e quando outros fizerem algo amais, diga que a cooperativa é dominada por um grupinho.

    6.  Não leia as comunicações da cooperativa, alegando que elas não trazemnada de interessante ou diga que não as recebeu.

    7.  Caso seja convidado para algum cargo eletivo, diga que não tem tempo edepois afirme que têm pessoas que não querem largar o poder.

    8.  Quando houver qualquer divergência na Diretoria, opte logo por umafacção e crie toda ordem de fofocas.

    9.  Sugira, insista e cobre a realização de eventos pela cooperativa, mas nãoparticipe deles. Depois diga que tinha pouca gente.

    10.  Não preencha qualquer questionário da cooperativa, quando ela solicitarsugestões. Caso a Diretoria não adivinhar as suas expectativas, chame-ade ignorante.

    Quando a cooperativa fracassar “com essa cooperação fantástica”, estufeo peito e conclua com o orgulho de quem sempre tem razão: “Eu nãodisse?” 

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    Capítulo 2  |   Aspectos Legais Referentes ao Conselho Fiscal

    2.1 Legislação Referente ao Conselho Fiscal de Cooperativas:

    LEI No 5.764, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1971 - Define a Política Nacional de Cooperativismo,institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências....

    CAPÍTULO IVDa Constituição das Sociedades Cooperativas

    ... Art. 14. A sociedade cooperativa constitui-se por deliberação da Assembléia Geral dos fundadores,constantes da respectiva ata ou por instrumento público.

    ...IV - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos associados eleitos para osórgãos de administração, fiscalização e outros....

    SEÇÃO II

    Do Estatuto Social

     Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao disposto no artigo 4o, deverá indicar:... V - o modo de administração e fiscalização, estabelecendo os respectivos órgãos, com definição desuas atribuições, poderes e funcionamento, a representação ativa e passiva da sociedade em juízoou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo de substituição dos administradores e

    conselheiros fiscais;

    CAPÍTULO VDos Livros

     Art. 22. A sociedade cooperativa deverá possuir os seguintes livros:...IV - de Atas do Conselho Fiscal;...

    CAPÍTULO IXDos Órgãos Sociais

    SEÇÃO IDas Assembléias Gerais

    ...§ 2° A convocação será feita pelo Presidente, ou por qualquer dos órgãos de administração, peloConselho Fiscal, ou após solicitação não atendida, por 1/5 (um quinto) dos associados em plenogôzo dos seus direitos.... Art. 39. É da competência das Assembléias Gerais, ordinárias ou extraordinárias, a destituição dosmembros dos órgãos de administração ou fiscalização.

    Parágrafo único. Ocorrendo destituição que possa afetar a regularidade da administração ou

    fiscalização da entidade, poderá a Assembléia designar administradores e conselheirosprovisórios, até a posse dos novos, cuja eleição se efetuará no prazo máximo de 30 (trinta) dias.

    SEÇÃO II

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    Das Assembléias Gerais Ordinárias

     Art. 44. A Assembléia Geral Ordinária, que se realizará anualmente nos 3 (três) primeiros mesesapós o término do exercício social, deliberará sobre os seguintes assuntos que deverão constar daordem do dia:

    I - prestação de contas dos órgãos de administração acompanhada de parecer do Conselho Fiscal,compreendendo:

    a) relatório da gestão;

    b) balanço;

    c) demonstrativo das sobras apuradas ou das perdas decorrentes da insuficiência dascontribuições para cobertura das despesas da sociedade e o parecer do Conselho Fiscal....III - eleição dos componentes dos órgãos de administração, do Conselho Fiscal e de outros, quandofor o caso;

    IV - quando previsto, a fixação do valor dos honorários, gratificações e cédula de presença dos

    membros do Conselho de Administração ou da Diretoria e do Conselho Fiscal;...§ 1° Os membros dos órgãos de administração e fiscalização não poderão participar da votaçãodas matérias referidas nos itens I e IV deste artigo.…

    SEÇÃO IVDos Órgãos de Administração

    ... Art. 53. Os componentes da Administração e do Conselho fiscal, bem como os liquidantes,equiparam-se aos administradores das sociedades anônimas para efeito de responsabilidadecriminal....

    SEÇÃO VDo Conselho Fiscal

     Art. 56. A administração da sociedade será fiscalizada, assídua e minuciosamente, por umConselho Fiscal, constituído de 3 (três) membros efetivos e 3 (três) suplentes, todos associadoseleitos anualmente pela Assembléia Geral, sendo permitida apenas a reeleição de 1/3 (um terço)dos seus componentes.

    § 1° Não podem fazer parte do Conselho Fiscal, além dos inelegíveis enumerados no artigo 51*, osparentes dos diretores até o 2° (segundo) grau, em linha reta ou colateral, bem como os parentesentre si até esse grau.

    § 2° O associado não pode exercer cumulativamente cargos nos órgãos de administração e defiscalização.

    CAPÍTULO XIDa Dissolução e Liquidação

    ... Art. 65. Quando a dissolução for deliberada pela Assembléia Geral, esta nomeará um liquidante oumais, e um Conselho Fiscal de 3 (três) membros para proceder à sua liquidação....§ 2° A Assembléia Geral, nos limites de suas atribuições, poderá, em qualquer época, destituir osliquidantes e os membros do Conselho Fiscal, designando os seus substitutos....

    CAPÍTULO XIIIDa Fiscalização e Controle

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     Art. 92. A fiscalização e o controle das sociedades cooperativas, nos termos desta lei e dispositivoslegais específicos, serão exercidos, de acordo com o objeto de funcionamento, da seguinte forma:

    I - as de crédito e as seções de crédito das agrícolas mistas pelo Banco Central do Brasil;

    II - as de habitação pelo Banco Nacional de Habitação;

    III - as demais pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

    ...§ 2° As sociedades cooperativas permitirão quaisquer verificações determinadas pelos respectivosórgãos de controle, prestando os esclarecimentos que lhes forem solicitados, além de seremobrigadas a remeter-lhes anualmente a relação dos associados admitidos, demitidos, eliminados eexcluídos no período, cópias de atas, de balanços e dos relatórios do exercício social e parecer doConselho Fiscal.

     Art. 93. O Poder Público, por intermédio da administração central dos órgãos executivos federaiscompetentes, por iniciativa própria ou solicitação da Assembléia Geral ou do Conselho Fiscal,intervirá nas cooperativas quando ocorrer um dos seguintes casos:

    I - violação contumaz das disposições legais;

    II - ameaça de insolvência em virtude de má administração da sociedade;

    III - paralisação das atividades sociais por mais de 120 (cento e vinte) dias consecutivos;

    IV - inobservância do artigo 56, § 2o.

    Parágrafo único. Aplica-se, no que couber, às cooperativas habitacionais, o disposto neste artigo.

     Art. 94. Observar-se-á, no processo de intervenção, a disposição constante do § 2o do artigo 75**.

    *Art. 51. São inelegíveis, além das pessoas impedidas por lei, os condenados a pena que vede,ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação,peita ou suborno, concussão, peculato, ou contra a economia popular, a fé pública ou apropriedade.

    **Art. 75. A liquidação extrajudicial das cooperativas poderá ser promovida por iniciativa dorespectivo órgão executivo federal, que designará o liquidante, e será processada de acordo com alegislação específica e demais disposições regulamentares, desde que a sociedade deixe deoferecer condições operacionais, principalmente por constatada insolvência.

    § 1° A liquidação extrajudicial, tanto quanto possível, deverá ser precedida de intervenção nasociedade.

    § 2° Ao interventor, além dos poderes expressamente concedidos no ato de intervenção, sãoatribuídas funções, prerrogativas e obrigações dos órgãos de administração.

    2.2 O Estatuto da COOMFLONA e os Conselhos Fiscais

    ...TITULO III

    CAPITULO IDOS ASSOCIADOS

    SEÇÃO I ADMISSÃO, DIREITO, DEVERES E RESPONSABILIDADES

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    ... Art.8° - São direitos dos associados:...IV - propor ao Conselho de Administração, ao Conselho Fiscal, ou as Assembléias Gerais medidasde interesse da cooperativa.... Art.9° - São deveres dos associados:...

     VII - levar ao conhecimento do Conselho de Ética, se houver, ou ao Conselho de Administraçãoe/ou Conselho Fiscal a existência de qualquer irregularidade que atente contra a lei, o estatuto e,se houver, o código de ética e o Regimento Interno....

    CAPITULO IDA ASSEMBLEIA GERAL

    SEÇÃO IDEFINIÇÃO E FUNCIONAMENTO

    ... Art.21° - A Assembléia Geral será habitualmente convocada e dirigida pelo Presidente

    § 1° - Poderá também ser convocada pelo Conselho Fiscal, se ocorrerem motivos graves eurgentes ou, ainda, após solicitação não atendida, por 1/5 (um quinto) dos associados em plenogozo de seus direitos sociais.... Art.26° - É da competência das Assembléias Gerais, Ordinárias ou Extraordinárias a destituiçãodos membros do Conselho de Administração ou do Conselho Fiscal

    Parágrafo Único - Ocorrendo destituição que possa comprometer a regularidade da administraçãoou fiscalização da cooperativa, poderá a Assembléia Geral designar administradores e conselheirosfiscais provisórios, até a posse dos novos, cuja eleição se realizará no prazo máximo de 30 (trinta)dias.

     Art 27° - Os trabalhos das Assembléias Gerais serão dirigidos pelo Presidente, auxiliado pelossecretários da cooperativa, ou por um outro por ele nomeado paro o ato, podendo ser convidados aparticipar da mesa os ocupantes de cargos de direção e fiscalização.... Art. 28° - Os ocupantes de cargos de direção e fiscalização, como quaisquer outros associados, nãopoderão votar nas decisões sobre assuntos que a eles se refiram direta ou indiretamente, entre osquais os de prestação de contas, mas não ficarão privados de tomar parte nos respectivos debates.

     Art. 29° - Nas Assembléias Gerais em que forem discutidos os balanços das contas, o Presidente dacooperativa, logo após a leitura do Relatório do Conselho de Administração, das peças contábeis edo parecer do Conselho Fiscal, solicitará ao plenário que indique um associado para coordenar os

    debates e a votação da matéria.

    § 1° - Transmitida a direção dos trabalhos, o Presidente e demais conselheiros de administração efiscal, deixarão a mesa, permanecendo no recinto, à disposição da Assembléia Geral para osesclarecimentos que lhes forem solicitados... Art 31° - O que ocorrer na Assmbléia Geral deverá constar de ata circunstanciada, lavrada no livropróprio, aprovado e assinado ao final dos trabalhos pelos administradores e fiscais presentes....

    SEÇÃO III ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA

     Art. 37° - A Assembléia Geral Ordinária, que se realizará obrigatoriamente uma vez por ano, nodecorrer dos 3 (três) primeiros meses após o término do exercício social, deliberará sobre osseguintes assuntos, que deverão constar da Ordem do Dia:...

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    II - prestação de contas dos Órgãos de Administração, acompanhada do Parecer do ConselhoFiscal, compreendendo:

    a) Relatório da Gestão;

    b) Balanço Geral;

    c) Demonstrativo das sobras apuradas, ou das perdas, e Parecer do Conselho Fiuscal;

    d) Plano de atividade da cooperativa para o exercício seguinte.... V - eleição e posse dos componentes do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e de outrosconselhos, quando for o caso;

     VI - fixação dos honorários, gratificações e da cédula de presença para os compontentes doConselho de Administração e do Conselho Fiscal, se for o caso;...§ 1° - Os membros dos órgãos de administração e fiscalização não poderão participar da votaçãodas matérias referidas nos incisos "II" e "VI" deste artigo....

    SEÇÃO VPROCESSO ELEITORAL

     Art 40° - Sempre que for prevista a ocorrência de eleições em Assmebléia Geral, o ConselhoFiscal, com antecedência, pelo menos, idêntica ao respectivo prazo da convocação*, criará umaComissão Especial composta de três membros, todos não candidatos a cargos eletivos nacooperativa, para coordenar os trabalhos em geral, relativos à eleição dos membros dos Conselhosde Administração, Fiscal e, dos que mais houver.

    * 10 (dez) dias úteis.

    Parágrafo único: O conselho poderá convocar esta comissão, até mesmo, fora do quadro deassociados, se julgar necessário.... Art 42° - O Presidente da Assembléia Geral suspenderá o trabalho desta para que o Coordenadorda Comissão dirija o processo das eleições e a proclamação dos eleitos....§ 2° - Os eleitos para suprirem vacância nos Conselhos de Administração ou Fiscal exercerão oscargos somente até o final do mandato dos respectivos antecessores.... Art. 43° - Não se efetivando nas épocas devidas a eleição de sucessores, por motivo de forçamaior, os prazos dos mandatos dos administradores e fiscais em exercício consideram-seautomaticamente prorrogados pelo tempo necessário até que se efetive a sucessão, nunca além de

    90 (noventa) dias....CAPITULO II

    DA ADMINISTRAÇÃO

    SEÇÃO ICONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

    ... Art 48° - O Conselho de Administração rege-se pelas seguintes normas:

    I - reúne-se ordinariamente uma ve por mês e extraordinariamente sempre que necessário, porconvocação do Presidente, da maioria do próprio Conselho, ou, ainda, por solicitaçÃo do ConselhoFiscal;... Art 49° - Cabem ao Conselho de Administração, dentro dos limites da lei e deste estatuto, asseguintes atribuições:

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    ...XI - indicar juntamente com o Conselho Fiscal, membros para a Diretoria executiva, podendoinclusive acumular funções, desde que aprovada em assembléia ou em consenso com o ConselhoFiscal.... Art 56° - os administradores, eleitos ou contratados, não serão pessoalmente responsáveis pelasobrigações que contraírem em nome da cooperativa, mas responderão solidariamente pelosprejuízos resultantes de desídia e omissão ou se agiram com culpa, dolo, má fé, ou contrariarem

    normas legais ou estatutárias....§ 3° Os componentes do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal ou outros, assim como osliquidantes, equiparam-se aos administradores das sociedades anônimas para efeito deresponsabilidade criminal....

    SEÇÃO IIDIRETORIA EXECUTIVA

     Art 58° - As funções da Administração Executiva dos negócios sociais poderão ser exercidas pormembros, escolhidos pelo Conselho de Administração juntamente com o Conselho Fiscal, podendoos conselheiros Administrativos fazer parte da diretoria executiva, segundo a estrutura que for

    estabelecida pelo Conselho de Administração.

    Parágrafo Único - o detalhamento da gestão administrativa, assim como sua estruturaorganizacional, serão definidos pelo Regimento Interno, elaborado pelo Conselho de Administração, revisado pelo Conselho Fiscal e apresentado para conhecimento e/ou sugestões na Assembléia Geral Ordinária.

    CAPÍTULO IIIDO CONSELHO FISCAL

     Art 59° - Os negócios e atividades da cooperativa serão fiscalizados assídua e minuciosamente peloConselho Fiscal, constituído de 3 (três) membros efetivos e 3 (três) suplentes, todos cooperados,eleitos anualmente pela Assembléia Geral, sendo permitida a reeleição de apenas 1/3 (um terço)dos seus componentes, e tal reeleição será permitida uma única vez.

    § 1° - Não podem fazer parte do Conselho Fiscal, além dos inelegíveis enumerados no artigo 44**deste estatuto, os parentes dos diretores até 2o (segundo) grau, em linha reta ou colateral, bemcomo os parentes entre si até esse grau.

    ** Art 44° - São inelegíveis, além das pessoas impedidas por lei, os condenados a pena que vedeainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, ou por crime falimentar, prevaricação,suborno, concussão, peculato ou contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade.

    § 2° - Os associados não podem exercer cumulativamente cargos nos Conselhos de Administraçào,Fiscal e, nos demais que houver.

    § 3° - O Conselho Fiscal terá necessariamente seus componentes escolhidos dentre as associaçõesIntercomunitárias (AITA, APRUSANTA E ASMIPRUT), um efetivo e um suplente por associação.

     Art 60° - O Conselho Fiscal reúne-se, ordinariamente, mensalmente e, extraordinariamente,sempre que necessário, com a participação de 3 (três) dos seus membros.

    § 1° - Em sua primeira reunião, os conselheiros escolherão, entre si, um secretário para alavratura de atas e um coordenador, este incumbido de convocar e dirigiar as reuniões;

    § 2° - As reuniões do Conselho Fiscal poderão ser convocadas, ainda, por qualquer de seusmembros, por solicitação do Conselho de Administração ou da Assembléia Geral.

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    § 3° - Na ausência do Coordenador será escolhido um substituto, na ocasião, para dirigir ostrabalhos.

    § 4° - As deliberações serão tomadas por maioria simples de votos e constarão de ata, lavrada emlivro próprio, lida, aprovada e assinada ao final dos trabalhos de cada reunião, por 3 (três)conselheiros presentes.

     Art 61° - Ocorrendo três ou mais vagas no Conselho Fiscal ou no Conselho de Ética, quando

    houver, o Conselho de Administração determinará a convocação da Assembléia Geral para elegersubstitutos.

     Art 62° - Compete ao Conselho Fiscal exercer assídua fiscalização sobre as operações, atividadese serviços da cooperativa, examinando livros, contas e documentos, cabendo-lhes entre outras, asseguintes atribuições:

    I - conferir, o saldo do numerário existente em caixa, verificando, inclusive, se o mesmo estádentro dos limites estabelecidos pelo Conselho de Administração;

    II - verificar se os extratos de contas bancárias conferem com a escrituração;

    III - examinar se o montante das despesas e inversões realizadas estão em conformidade com osplanos e decisões do Conselho de Administração;

    IV - verificar se as operações realizadas e serviços prestados correspondem em volume, qualidadee valor às conveniências econômico-financeiras da cooperativa;

     V - certificar-se se o Conselho de Administração vem se reunindo regularmente e se existemcargos vagos na sua composição;

     VI - averiguar se existem reclamações dos associados quanto aos serviços prestados;

     VII - interirar-se se o recebimento dos créditos é feito com regularidade e se os compromissossociais são atendidos com pontualidade;

     VIII - averiguar se há problemas com empregados;

    IX - certificar-se se há exigências ou deveres a cumprir junto a a utoridades fiscais, trabalhistas ouamdinistrativas;

    X - averiguar se os estoques de materiais, equipamentos e outros estão corretos, bem como se osinvetários periódicos ou anuais são feitos com observância das regras próprias;

    XI - examinar os balancetes e outros demonstrativos mensais, o balanço e o relatório anual do

    Conselho de Administração, emitindo parecer sobre estes para a Assembléia Geral;

    XII - dar conhecimento ao Conselho de Administração das conclusões dos seus trabalhos,denunciando a este e a Assembléia Geral, as irregularidades constatadas e convocar AssembléiaGeral, se ocorrerem motivos graves e urgentes;

    XIII - convocar Assembléia Geral, quando houver motivos graves e o Conselho de Administração senegar a convocá-las;

    XIV - fiscalizar o processo eleitoral, observando a aplicação das normas estatutárias específicas;

    XV - fiscalizar o cumprimento do estatuto, Regimento Interno, Resoluções, Decisões de AssmbléiaGeral e do Conselho de Administração;

    XVI - escolher juntamente com o Conselho de Administração, a Diretoria Executiva;

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    § 1° - Para o desempenho de suas funções, terá o Conselho Fiscal acesso a quaisquer livros, contase documentos, a empregados, a associados e outros, independente de autorização prévia doConselho de Administração.

    § 2° - Poderá o Conselho Fiscal ainda, com anuência do Conselho de Administração contratar onecessário assessoramente técnico especializado, correndo as despesas por conta da cooperativa....

    TÍTULO V

    DOS LIVROS E DA CONTABILIDADE Art 65° - A cooperativa deverá, além de outros, ter os seguintes livros:

    I - Com termos de abertura e encerramento subscritos pelo Presidente:...e) Livro de atas do Conselho Fiscal.…

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    Capítulo 3  |   Avaliação da Eficiência Financeira e Social dasCooperativas

     Apresentação

    Esse capítulo tem como objetivo orientar o conselho fiscal na avaliação da eficiênciafinanceira e Social da Cooperativa, de forma a capacitar, de forma prática, os cooperados deempreendimentos cooperativos que atuam em atividades de Manejo Florestal Comunitário, emflorestas públicas.

     A adaptação de teorias usuais da Administração muitas vezes provoca mais dificuldadesque facilidades, pois que as cooperativas consideram não apenas a gestão empresarial docapital e das diversas funções administrativas, mas consideram, sobretudo, as peculiaridadessociais, políticas e econômicas pertinentes a este segmento.

    Para ocorrer o adequado funcionamento das cooperativas, seguindo os princípios do

    cooperativismo, legislação e sustentabilidade de empreendimentos que atua no ManejoFlorestal Comunitário, a participação plena dos cooperados manejadores nas atividades deadministração financeira é um dos pilares do sucesso de um modelo de trabalho.

    3. Diferença de Contabilidade e Finanças

    Existem duas diferenças básicas entre contabilidade e finanças: contabilidade lida com ogerenciamento dos dados financeiros da empresa e em regime de competência, ou seja, toda a venda é registrada como se o dinheiro já estivesse sido dado, independente do comprador ter pagoa vista, parcelado ou se ainda não pagou, isso é feito para efeitos de pagamentos de tributos eimpostos. Já finanças, lida com o planejamento financeiro da organização e em regime de caixa, o

    que significa que a venda é registrada pelo valor real que entra e sai do caixa, ou seja, quando odinheiro realmente muda de mãos (HAYES, 2004).

    3.1 Análise de Balanços Contábeis

    Em um balanço contábil encontra-se geralmente duas colunas: Ativos em uma coluna, ePassivos e Patrimônio Líquido em outra. Os ativos são os bens e direitos em que a organizaçãoinvestiu para poder conduzir seus negócios, como, por exemplo, imóveis, equipamentos, máquinas,marcas, estoques de matéria-prima e produtos acabados. Os passivos são todas as obrigaçõescomo dívidas, e financiamentos, que foram originados para se adquirir os ativos, ou seja, é odinheiro devido para pagar àqueles que a organização comprou ou pediu emprestado. E opatrimônio líquido representa a diferença entre o ativo e o passivo, ou seja, as sobras ou perdas, eas reservas financeiras.

     A seguir um exemplo de balanço patrimonial.

     ATIVO PASSIVO

     Ativo circulante Passivo Circulante

    DisponívelClientesCréditos com Associados  Perdas e Prejuízo a Receber

       Adiantamentos  Fornecimento de Bens  Financiamentos

    Outros Créditos

    FornecedoresEmpréstimos e FinanciamentosObrigações com Associados  Sobras a Distribuir

       Juros sobre Capital Social a pagar  Remuneração/Produção a Pagar   Adiantamento  Pró-Labore a pagar

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    Investimentos TemporáriosEstoques  Operações com Associados  Operações com Terceiros  Produtos I