fora com o erasmus - reportagem

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1 Atelier de Jornalismo – Reportagem – 1ª entrega – Carmen Almeida nº 110236002 Fora com o ERASMUS O Norte da Suécia, em pleno inverno, foi o local escolhido por uma aluna do programa de mobilidade que não fazia a mínima ideia do que a esperava. Ao chegar… apanhou o maior choque da sua vida. A Universidade escolhida pela aluna situava-se numa pequena cidade, onde não existia sol, em que as temperaturas eram negativas e as estradas estavam totalmente bloqueadas com a neve, o que a levou a chorar durante dias. Mas foi tão bem acolhida e tirou tão bom partido de tudo o que a cidade e a instituição lhe ofereciam que passado pouco tempo já não queria voltar. Voltou, mas apenas para concluir os estudos após os quais regressou para onde tinha ficado. Contudo, nem todas as experiências Erasmus são tão radicais como a supra citada pelo Professor George Camacho, que afirma que regra geral os alunos escolhem cidades como «Valência, Madrid, Liège», onde existe sol e as temperaturas são positivas. O professor, homem de 53 anos, de estatura magra e alta, olhos castanhos, cabelo curto grisalho e de ar afável assume o cargo de Provedor do Aluno da Escola Superior de Educação de Santarém (ESES). A aluna de Gestão de Empresas Verónica Dias, de 23 anos, escolheu a Polónia como destino durante um período de cinco meses. Ficou na University Economics of Poznan e afirma que o programa lhe permitiu «o conhecimento de outras culturas, o que abre horizontes; aprender outras línguas; conhecer outras pessoas e a possibilidades de emprego aumenta», o que se verificou logo com a sua escolha para um estágio numa empresa. A adaptação ao novo meio foi o mais difícil devido à distância e ao clima, no entanto chegou a não querer voltar. Relativamente à bolsa do programa indica que, apesar de ter tido um valor de 1039€, não foi suficiente para o nível de vida imposto. Os alunos do Instituto Politécnico de Santarém (IPS) fizeram de Espanha o seu destino de eleição Erasmus. Isto deve-se ao custo de vida inferior em relação ao do centro da Europa pois muitas bolsas são excessivamente baixas e nem todos os alunos as conseguem. Outro factor importante é a proximidade física, pois os alunos podem visitar ou ser visitados pela família e amigos. Também a considerar a proximidade de mentalidades, valores e atitudes. Por fim temos a língua pois, apesar de na maioria das vezes os alunos não dominarem o espanhol, falam o «portinhol», que funciona e que lhes confere confiança.

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Reportagem sobre o programa Erasmus no Instituto Politécnico de Santarém.

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Page 1: Fora com o Erasmus - Reportagem

1 Atelier de Jornalismo – Reportagem – 1ª entrega – Carmen Almeida nº 110236002

Fora com o ERASMUS

O Norte da Suécia, em pleno inverno, foi o local escolhido por uma aluna do programa de mobilidade que não fazia a mínima ideia do que a esperava. Ao chegar… apanhou o maior choque da sua vida.

A Universidade escolhida pela aluna situava-se numa pequena cidade, onde não existia sol, em que as temperaturas eram negativas e as estradas estavam totalmente bloqueadas com a neve, o que a levou a chorar durante dias. Mas foi tão bem acolhida e tirou tão bom partido de tudo o que a cidade e a instituição lhe ofereciam que passado pouco tempo já não queria voltar. Voltou, mas apenas para concluir os estudos após os quais regressou para onde tinha ficado.

Contudo, nem todas as experiências Erasmus são tão radicais como a supra citada pelo Professor George Camacho, que afirma que regra geral os alunos escolhem cidades como «Valência, Madrid,

Liège», onde existe sol e as temperaturas são positivas. O professor, homem de 53 anos, de estatura magra e alta, olhos castanhos, cabelo curto grisalho e de ar afável assume o cargo de Provedor do Aluno da Escola Superior de Educação de Santarém (ESES).

A aluna de Gestão de Empresas Verónica Dias, de 23 anos, escolheu a Polónia como destino durante um período de cinco meses. Ficou na University Economics of Poznan e afirma que o programa lhe permitiu «o conhecimento de outras culturas, o que abre horizontes; aprender outras línguas; conhecer outras pessoas e a possibilidades de emprego aumenta», o que se verificou logo com a sua escolha para um estágio numa empresa. A adaptação ao novo meio foi o mais difícil devido à distância e ao clima, no entanto chegou a não querer voltar. Relativamente à bolsa do programa indica que, apesar de ter tido um valor de 1039€, não foi suficiente para o nível de vida imposto.

Os alunos do Instituto Politécnico de Santarém (IPS) fizeram de Espanha o seu destino de eleição Erasmus. Isto deve-se ao custo de vida inferior em relação ao do centro da Europa pois muitas bolsas são excessivamente baixas e nem todos os alunos as conseguem. Outro factor importante é a proximidade física, pois os alunos podem visitar ou ser visitados pela família e amigos. Também a considerar a proximidade de mentalidades, valores e atitudes. Por fim temos a língua pois, apesar de na maioria das vezes os alunos não dominarem o espanhol, falam o «portinhol», que funciona e que lhes confere confiança.

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O Erasmus trouxe a internacionalização das instituições e deu aos alunos a possibilidade de um percurso em instituições que têm metodologias e perspectivas que são complementares às da sua instituição de origem. No entanto não existe uma padronização de ensino como se pode verificar, por exemplo com a implementação do processo de Bolonha, que veio harmonizar a estrutura dos cursos conferindo-lhes a mesma duração e carga horária sem impor um plano de estudos. Este vai depender da tradição de cada país e da perspectiva que o país tem para aquela formação.

Ao longo dos anos o número de alunos a integrar o Erasmus tem oscilado devido a dois factores: o baixo número de bolsas que são atribuídas e a situação económica do país. De salientar que não existe só o programa de longa duração. Existem também os programas intensivos Erasmus em que os alunos têm praticamente todas as despesas pagas. Isto deve-se ao facto da sua duração ser curta, entre os 15 dias e as três semanas.

Para o professor George Camacho o programa tem «sempre mais ganhos do que perdas». Como perdas o aluno pode não se adaptar ao meio e/ou à instituição o que pode baixar a sua média. Mas só o facto de ficar fora cinco, seis meses ou um ano, fê-lo adquirir uma experiência de vida extraordinária. No entanto a maioria dos alunos volta sem perdas e com uma média superior àquela que teria se não tivesse ido.

Estatísticas de “exportação” de alunos no Erasmus

Segundo o Jornal Público do dia 9 de Maio de 2012, desde 1987 mais de 2,5 milhões de estudantes foram estudar para o estrangeiro ao abrigo do programa e alargaram as suas oportunidades de emprego. Só na última década foram enviados para fora 48.911 estudantes e no ano lectivo de 2010/2011, a Comissão Europeia gastou 460 milhões de euros em bolsas.

Hoje em dia o Erasmus é uma vantagem para o currículo do aluno, pois as empresas preferem trabalhadores que tenham participado em alguma experiência internacional. Pois cada vez mais é indispensável que o jovem trabalhador tenha espírito de aventura e vontade de participar em novas experiências. Citando o professor George Camacho: «o facto dos alunos participarem nestes programas de mobilidade faz com que sejam muito mais receptivos à diferença, sejam menos preconceituosos, sejam mais motivados para missões fora…Cada vez mais as empresas precisam de pessoas que estejam disponíveis para ir ao estrangeiro ou missões longas, que dominem mais do que uma língua, que já tenham vivido fora ou que já tenham participado em algum programa internacional cá dentro, mas que tenham tido contacto com pessoas de outras culturas e com outras mentalidades». Portanto existe cada vez mais a necessidade do aluno canalizar a sua energia e força para a participação num projecto internacional pois, essa experiência, trar-lhe-á uma maior bagagem e possibilidades acrescidas no mercado de trabalho.

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Links úteis:

- Direcção Geral do Ensino Superior (DGES):

Contem informação útil e esclarecedora sobre o programa ERASMUS.

http://www.dges.mctes.pt/DGES/pt/Reconhecimento/Mobilidade/Erasmus/

- Portal da Juventude:

Faz uma abordagem sucinta do que é o programa e da sua história e apresenta os contactos da Agência nacional para a Gestão do Programa Aprendizagem ao Longo da Vida.

http://juventude.gov.pt/EDUCACAOFORMACAO/AGIREUROPA/ERASMUS/Pagina

s/default.aspx

- Erasmus Student Network:

Organização de estudantes internacionais, sem fins lucrativo, que tem como objectivo a

representação de estudantes internacionais.

http://www.esn.org/