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ÀPRECIÀÇÃO OBRA DE lOÃO BATTSTÀ DE LÀCERDÀ Luz E*avcDro DE Mrrro Ftt Ho M.N. Não foi foÃo BeusrÀ DE Lacrnoe um sistemata. Revendo os seus trabalhos, encontramos mesmo certo desinterêsse pela apre:entação gráfica dos nomes cientíÍicos das plantas estudadas, o que logo trae formação cuitural edificada longe. da rigidez nomenclatural das escolas sistemáticas. Per- lustrando a extensa bibliografia dêsse infatigável trabalhador, hesitamos em admirar primeiro se a quantidade de estudos, se a capacidade multiforme de realizít-los em terrenos tão distanciados, abrangendo a antropologia, a fisiologia, a higiene, a patologia, a história e a microbiologia, ao mesmo tempo em gue se desincumbla de pesadas tarefas administrativas. Isto sem falar das atividades que desenvolveu no terreno prático, descobrindo vacinas e Íormulando preparados antiofídicos jtrntamente com a manutenção de vo!u- mosa correspondência e o desempenho dos encargos de chefe de numerosa família. Procuramos atingir, através cia leitura de suas obras e demais documentos a nosso dispor, uma reconstituição dos traços fundamentais da personalidade de JoÃo Bansta or, Laceroe. Iogo ressalta o pendor Íilosófico e especula- tivo. Sabemo-lo fisiólogo. Não fisiOlogo vulgar no sentido de mero refis- trador de prctocolos de experiências ou simples repetidor dos feitos de x ou de z. Não, A imaginação feStil e a originalidade com que a natureza o dotara imprimiam cunho pessoal a tôdas as suas contribuições. Ao seu espí- rito contemplativo influenciaram poderosamente as realidades do meio e foi sôbre êsse meio, como material de estudo, que êle investigou fartamente. Senão vejamos, dos 49 trabalhos registrados no folheto <<Sinopse das publicações científicas do Dr. |oão Batista de Lacerda - 1913», 16 ligam-se diretamente às condições de saúde do país, tratando das doenças tropicais e suas causas, 9 prendem-se à antropologia regional, 5 cuidam das propriedades Iisiológicas das plantas, algumas exóticas, a maioria indígenas, 7 dos nosscs anirnais venenosos e peçonhentos, 2 de assuntos relacionados com a vida do lfiuseu Nacional, B de temas Civerscs e 2, marcadamcrite do início de sua carreira, demonstram a influência européia atravês da Faculdade d.e Medicina. Êsses dois últimos são respectivamente o primeiro da relação, a tese de doutoramento <<Da ação physiologica e terapeutica de Digitalis - 1870» e o terceiro, a tese de concurso <<Os centros motores enceohalicos - 1ô76».

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ÀPRECIÀÇÃO DÀ OBRA DE lOÃO BATTSTÀDE LÀCERDÀ

Luz E*avcDro DE Mrrro Ftt Ho

M.N.

Não foi foÃo BeusrÀ DE Lacrnoe um sistemata. Revendo os seus

trabalhos, encontramos mesmo certo desinterêsse pela apre:entação gráficados nomes cientíÍicos das plantas estudadas, o que logo trae formação cuituraledificada longe. da rigidez nomenclatural das escolas sistemáticas. Per-lustrando a extensa bibliografia dêsse infatigável trabalhador, hesitamos em

admirar primeiro se a quantidade de estudos, se a capacidade multiformede realizít-los em terrenos tão distanciados, abrangendo a antropologia,a fisiologia, a higiene, a patologia, a história e a microbiologia, ao mesmotempo em gue se desincumbla de pesadas tarefas administrativas. Isto sem

falar das atividades que desenvolveu no terreno prático, descobrindo vacinase Íormulando preparados antiofídicos jtrntamente com a manutenção de vo!u-mosa correspondência e o desempenho dos encargos de chefe de numerosafamília.

Procuramos atingir, através cia leitura de suas obras e demais documentosa nosso dispor, uma reconstituição dos traços fundamentais da personalidadede JoÃo Bansta or, Laceroe. Iogo ressalta o pendor Íilosófico e especula-

tivo. Sabemo-lo fisiólogo. Não fisiOlogo vulgar no sentido de mero refis-trador de prctocolos de experiências ou simples repetidor dos feitos de x

ou de z. Não, A imaginação feStil e a originalidade com que a natureza odotara imprimiam cunho pessoal a tôdas as suas contribuições. Ao seu espí-rito contemplativo influenciaram poderosamente as realidades do meio e foisôbre êsse meio, como material de estudo, que êle investigou fartamente. Senãovejamos, dos 49 trabalhos registrados no folheto <<Sinopse das publicaçõescientíficas do Dr. |oão Batista de Lacerda

- 1913», 16 ligam-se diretamente

às condições de saúde do país, tratando das doenças tropicais e suas causas,

9 prendem-se à antropologia regional, 5 cuidam das propriedades Iisiológicasdas plantas, algumas exóticas, a maioria indígenas, 7 dos nosscs anirnaisvenenosos e peçonhentos, 2 de assuntos relacionados com a vida do lfiuseuNacional, B de temas Civerscs e 2, marcadamcrite do início de sua carreira,demonstram a influência européia atravês da Faculdade d.e Medicina. Êsses

dois últimos são respectivamente o primeiro da relação, a tese de doutoramento<<Da ação physiologica e terapeutica de Digitalis

- 1870» e o terceiro, a

tese de concurso <<Os centros motores enceohalicos - 1ô76».

-73|ulgamos ser dos seus maiores méritos o de se ter voltado para os pro-

blemas do ambiente numa época em gue as melhores cabeças se deixavamfascinar pelo prestígio das grandezas do Velho Mundo, diminuindo-lhes ovalor e o interêsse pelas coisas que tinham ante os olhos.

Afigura-se-me ter sido JoÃo Barsra oe Lacr,nna um dêsses pujantesautodidatas, de cultura cornparável à obra ciclópica em que cada pedra colo-cada sôbre as anteriores, à custa de ingentes esforços, vale como diplomade tenacidade e labor. O processo autodidáticc, ao tempo em que forma abagagem cultural, vincula certos traços de caráÍer que pensamos ter perce-bido na personalidade de Lacrnne. Independência intelectual, insubor-dinação a escolas, grupos, círcuios ou outras quaisquer figuras da formaçãouniversitária, não excluindo o respeito pelos mestres de cujos conhecimentoslhe adveio r:iuito do saber adguirido, como no seu caso particular Pasreun,DenwrN, Cr. Bs,nxeno, VurpurN e Wrncnow; se:r.so de universalidade, le-vando-o a interessar-se por todos os problemas gue se lhe apresentavam,são bem dêsses traços. Se por vêzes lhe falta uma técnica perfeita, cir-cunstâncias inteiramente desculpável pelas limitações inerentes à escassatradição científica do país, aos recursos de que dispunha e ao seu próprioautodidatismo, é fôrça reconhecer-lhe honestidade científica a tôda prova eum decidido encanto pela pesguisa.

Diga-se para sua honra gue, guando de sua partida para o Velho Mundo,iâ Í&a precedido por não poucas notas e comunicações inseridas nos <<Comptes

Rendus» e tinha uome firmado como pesquisador entre os colegas europeus.Disso dá testemunho o arquivo de sua correspondência.

A originalidade e o mérito da obra de |oÃo Barrsra DE LÀcERDÀ en-caiaCos sob o ponto de vista de sua contribuição à Botânica, em particularà Botânica aplicada, estão em ter êle aplicado o método experimental aoestudo das propriedades cle rnuitas de nossas plirntas tóxicas e medicinais.Os trabalhos anteriores aos seus ressentem-se de enorm_es ialhas e dos pre-juÍzos próprios da época. Até então os trabalhcs brasileiros no assunto,ünham mais ou menos os seguintes feitios:

- «dizem os hsbitantes de dada

região que de certa planta se letira un: preparadcr útil corrtra tal ou qualespécie de doença»

- 1asfi1p6 o farmacêutico X que as sementes do vegetal Y

têm gualidades eméticas ou purgativas quando misturadas sob a forma de...»

- «relata o Sr. M., fazendeiro na província de..., gue um escravo atacadohá muitos anos de uma moléstia semelhante à Iepra curou-s€ com a ingestãodo cozimento de fôlhas de...>> etc., ou outros dêsse jaez

- em sintese, em-pirismo desordenado o apêlo a fontes não fidedignas. De quando em vez,êsse mero registro de observações vulgares era enriquecido pela verificaçãode um ou outro caso. Representam, por isso, as memórias de Llceno.l apassagem a um novo e mais avançado estágio da evolução das ciênciasbiológicas no pais.

Podemos, assim, reconhecer duas fases nessa evolução, um periodo pré-científico ou pré-Lacerdiano e um período científico ou Lacerdiano, que se

continua até hoje.

:rosa

seus

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-71 -Desejamos comentar sobretudo os cinco principais trsbalhos dedicados

por Lacenne às propriedades fisiológicas dos ".'igetais, do ponto de vista botâ-nico, dispensando-nos de tratar sua tese de doutolrmento sôbre a Digitalispor ser mais uma peça de interêsse médico que cierrtiÍico..

Inicia LaceRDÀ sua obra de estudo das propriedades fisiológicas dosvegetais com a publicação, no ano de 1881, de dois opúsculos denominadosrespectivamente: <<Investigações experimentais sôbre os efeitos tóxicos dosuco da mandioca>> e <<Investigações e;{peritnentais sSi,re a açã:o frsioló3icado cloridrato de pereirina», tendo recebido em ambos a valiosa colaboraçãode Courv, que soube enaltecer por tôda a vida. Apreciando-lhes o valor,cabe dizer que embora se encontre nêles o que retifiear, essa consideração não

lhes é demeritória, pois que, ainda hoje, decori:idos 65 anos, despertern

interêsse e se prestam a curioso confronto col:i os trabalhos mais recentes.

Nove anos mais tarde, em 1890, vem a luare pequena memória sob otítulo de <<Experiências fisiológicas com algumas plantas tóxicas do Brasil>>,

cujos originais confessou terem descansado por sete anos .empre na espe-rança de poder realizar estudos mais completos. Em sua introdução tratada fundação clo primeiro laboratório de fisiolcgia experimental no Brasil,anexo ao Museu Nacional, por csÍorços seus e cie Courv, da diretriz quenorteava as pesquisas: <<estudar as propriedades fisiológicas de várias plantaspertencentes à riquíssima flora do país», da coioboração de Courv e porflm da dicotomização que o trabalho soÍreu, ficando apenas Lecsnoa fiel à

norma traçada, Ces.riando-se Coury para estuclos especiais de fisiologla dosistema nervoso. Nela trata das <<abutas» (abutuas, grafa LecrRDÀ), rela-cionando Cocc-ulus platyphylla St. Hil. (no estado atual da nomenclatum :- Chondrodendron platyphyllum (St. Hil.) Miers), Cocculus filipendulaMart. (hoie Ungulipetalum filipendulum (illart.) Moldenke) , Sychnose-palum paraênse Eicirl. (hoje Sciadotenia paraênsis (Eichl.) Diels) e Cocculusamazonum Mart. ou Anomospermum grandifolit:m Elchl. (atualmente C. ama-zonum - Abuta imene (Mart.) Eichl. e A. grandifolium - Elissarrhenagrandifolia (Eichl.) Diels. Verifica a morte por paralisia respiratória com oextrato de C/r. platyphyllum. Estuda depois o conambi (lchthyothere CunabiMart.), e o cururú, plantas itiotóxicas e o mulungú (Erythrina sp.) apresen-tando os resultados de algumas de suas erperiências e as conclusões a que

chegou. Procu-ça guase sempre dar referências fiadoras da autenticidadedo material experimentado. Êsse trabalho é como que uma preparaçãc paraa sua obra <<princeps>> o <<De variis plantis veneniferis florae brasiliensis>>.

O particular interêsse que lhe clespertou o <<curare>> levou-o a prrblicarurna série de trabalhos em gue avairçava sernpre aigc sôbre sua origem e

constituintes botânicas; são êles uma memória .inserida nos <<Archives dePhysiologie Normale et Pathologique» (1881), notas e coinueicações à Àca-demia de Ciências de Paris, publicadas nos <<Comptes Rendus>> (l88l-1382),e ligeiros tópicos no <<fournal de Pharmacie et Chiurie» (1880).

Decorridos 11 anos, por ocasião do Segundo Congresso Científico La-tino-Americano, reunido em Monte'ridéu, em 1901, já no comêço do século

I

-75-em curso, apresenta uma comunicação redigida em francês. intitulada «Curarepréparé au moyen d'une seule plante de la famille des menispermées (Ano-tnosperínun grandifolium Eichler)», incluída no vol. XI dos Arquivos doMuseu Nacional, págs. 159-173, na qual salienta as propriedades ctrrarizantesde certas Menispermaceae, Íato plenamente confirmado por investigaçóesposteriores.

No trabalho em causa, preocupa-se com o Anomospermum grandifoliumEichler, o 'Él:ú» dos índios, tendo conseguido material procedente do Ama-zonas e identificado por Scnw.ecKE, gue observara essa planta no habitat,em sua viagem a regiáo amazônica.

Como dado da maior atualidade, temos a introdução em terapêutica,humana e veterinária, de preparações curarizantes a base seja de alcaióidesisolados e metilados, seja de simples extratos purificados, obtidos a partirde espécies do gênero Chondodendron, o gue representa, sem <iúvida, umdesenvolvimento da orientação traçada por L.lceeoe.

Chegamos assim à sua penúltima e maior produção neste campo, o jácitado «De variis plantis veneniferis florae brasiliensis», publicado nos<<Arquivos do Museu Nacional» vol. XV, pâgs. l-137,1909 e seguido sõmentepor uma pequena comunicação feita ao Instituto Iúarey, em junho de 1911,sob a denominação de «Les plantes toxiques du curare>>, com acentuado cunhode resumo de seus trabalhos na matéria e uma exposição da hipótese que

emitira sôbre a ação coagulante do curare nas terminações nervosas. Delediz o próprio autor <<se não me engano, ê esta a primeira contribuição siste-mática gue ao conhecimento das plantas tóxicas do Brasil presta a ciência".E com inteira razáo.

Testemunho de sua criteriosidad e ê a asserção contida no prefácio(«Praefato opus est>) - o próprio título e todos os capítulos são legendaslatinas) -

«Tôdas as plantas que Íoram objeto de meus estudos fisiológicosestão classiÍicadas por Botânicos de reconhecida competência e muitos estão

representados por belos espécimes no Hervário do Laboratório de Biologia».Infelizmente não foi possível encontrar o herbário aqui referido gue talvezse tenha extraviado ao ser extinto o Laboratório de Fisiologia.

Inicia-se o livro por uma vista geral da matéria («Matéria generaliterconspecta» ) em que encara a distribuição geográfica e sistemática das plantas

tóxicas, a composição quimica dos princípios ativos e o seu modo de absorção

e de ação, os botânicos que contribuíram para o levantaraento cientiÍico daflora brasileira, seguindo-se uma apreciação da conduta do verdadeiro homem

de ciência, encarnado nas personalidades de Danwin, Pesreun, Cl. BenNeno

e Wtncnow, e análises da tendência do espírito da raça latina para a síntese,

do que seja a ciência e da lei do determinismo. A cada momento surge ofllósofo onde era de supor estivesse apenas o pesquisador.

Das duas partes de que se compõe a obra, a primeira abrange as gene-

ralidades mencionadas, estudos sôbre o curare, em 45 páginas, uma memóriasôbre plantas ictiocidas e uma refutação a Bansose Roonlcues. No estudosôbre o curare, trata da etimologia, da composição e preparação, das refe-

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-76-rências e descrições dos antigos viajantes, das contribuições de |onnnr, que

defende vigorosamente contra seus detratores, da apresentação e dos outrosvenenos sagitários, descrevendo as armas e utensilios usados pelas tribosque o empregam, existentes na coleção do Museu Nacional, que afirma serdos mais ricos do munCo; refere os experirnentos em anirnais, feitos pordiversos experimentadores e as tentativas para iutroduzi'lo em terapêutica(cita dois casos. de Vella apiicando-,: .:o tétano com bons resultados) e a

recomendação de Clauos BenNano sôbre seu emprêgo como meio de con-tenção. Não podemos deixar de recordar neste momento em que se ensaiao curare como medicamento dos estados de Íúria, as palavras de Lecgnoaà pág. 40

- "Que ficariam sendo os arremessos da mais violenta cólera

humana, subjugados pela ação paralisante do curare ?>>

Prosseguindo, expõe a teoria da coagulação, que hoje se reveste apenasde interêsse histórico, empreende o estudo fisiológico dos componentes me-nispermáceos e estrícnicos dos curares (representados pelo Anomospermumgrandifolium e Strychnos toxifera respectivamente), estabelecendo em defi-nitivo sua atividade e relacionando experiências que comprovam uma possívelação sinérgica, presente nos curares indianos, trata das diferenças encontra-diças entre as diversas amostras de curares amazônicos, exaltando a quali-dade do dos Ticunas que descreve como tendo.ação típica; volta ao estudodas Strgchnos brasileiras e relata as experiências gue [êz com extratos deduas plantas australianas que lhe foram remetidas pelo Sr. BeNcnorr, deMelbourne, o Sarcopeúalum Harueyanum Fr, Muell. e uma Crytocarià cujaespécie não conhecia com segurança, mas gue por omissão graÍa Crytocargaaustralis, para depois discutir experiências de VotslN e Ltouvu-I-B «in animanobile» e a questão dos antidotos propostos para o curare, terminando porestabelecer 9 «propositiones curari» das guais apenas a sétima se pode, hoie,considerar merecedora de restrição.

A segunda parte da obra dedica-se eo estudo fisiológico de um sem

número de plantas, relatando as experiências feiras e grupando-as segundosuas afinidades do ponto de vista fisi,)lógico. Entre elas vale a abuta, oconambi, a Anamirta Cocculus Wight., a Theuef.ia nedifolia ]uss., o oficialdas salas, a erva moura, a Psychotria Marcgcauii Spteng, uma das muitaservas de rato, .a coca, a sensitiva etc.

Refere-se lacenon, textualmente, à existência em cultivo, no HôrtoBotânico do Museu Nacional, de duas das plantas que estudou, a AnamirtaCocculus e a Theuetia neriifolia, que pudemos comprovar ali persistirem.

A Anamirta forma um belíssimo caramanchão fronteiro à estufa, e a Theuetia

se encontra distribuída nas duas porçóes do Hôrto com diversos pés. Va-lendo como reminiscências Lacerdianas encontramos tambérn, vegetando nessa

dependência da Divisão de Botânica do Muscu Nacional, outras plantas ci-tadas no <<De variis...», como sejam o assac:I, a coca, a sensitiva, váriaseritrinas etc.

Resta-nos lamentar que não haja LecenDÀ conseguido formar escola.

Às propriedades das nossas plantas continua:q ignoradas e à espera de

;

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estudos sérios de quírnica e farmacologia. Suas qualidades medicinais sãomais do conhecirnento empírico do povo que do dos doutores, presos à

rotina terapêutica que nos vem de fora.Num ponto foram Lacenoe e Coury mais felizes que os seus contem-

porâneos e êsse foi o de encontraem melhor compreensão da importânciado trabalho científico por parte de administraCores de sua época, que sólouvores merecem pela criação do Laboratório de Fisiologia, anexo ao MuseuNacional.

Concluindo, direi gue Lacenoe foi, no Brasil, um pioneiro da ciênciaexperimental, um dêsses pioneiros gue avançam e se perdem sem gue osencontrem os seus seguidores, em que é tão fértil a nossa curta e atribuladahistória.

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