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Fazer memória , celebrar e projetar eis o lema que nos propusemos, nós as Servas do Apostolado, neste ano em que ocorrem 60 anos de aprovação do Instituto que ganhou espaço na vida da Igreja Católica, na base da Constituição Apostólica “Provida Mater Ecclesia” publicada pelo Papa Pio XII em 1947. E, como todos os Institutos Seculares, também este surgiu com um intuito bem preciso: realizar de uma forma mais viva e eficaz, na consagração dos seus membros, aquele diálogo Igreja-Mundo que o Concílio Vaticano II viria a assumir na Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, como um desafio fundamental a assumir pela Igreja. O carisma do ISA prende-se com um dinamismo de serviço. A sua existência e identidade ganham a sua consistência na base dos dinamismos da entrega, da doação e da atenção aos que estão fora. À imagem do Mestre existe para servir e não para ser servido. É um serviço centrado preferencialmente na formação de outros leigos. Parafraseando a GS nº 3, podemos afirmar: “Nenhuma ambição terrena move o Instituto, mas unicamente este objetivo: continuar, sob a direção do Espírito Santo, a obra de Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para julgar, para servir e não para ser servido”. Fernando Pessoa escreveu: Nós somos da altura do que vemos. Então atrevo-me a dizer que não somos apenas aquilo que os olhos veem: um grupo pequeno, envelhecido… Somos do tamanho do sonho que aprovou os Institutos Seculares em geral e este em particular: Maria Isabel Matias e o bispo Ernesto Sena de Oliveira. Somos animadas pelo dinamismo de realizar de uma forma viva e eficaz, o diálogo Igreja- Mundo. Breve itinerário fundacional: Mª Isabel e um pequeno grupo de jovens, primeiro abriram um Lar para estudantes em Viseu. Vieram depois para Coimbra onde criaram Lares para estudantes liceais e universitárias, a escola de Educadoras de Educação Familiar Rural, a primeira escola de Educadoras de Infância, em Coimbra, um curso liceal noturno, escolas para infantil e primária, creche para apoio a famílias mais carenciadas, colaborou-se com o Governo Civil e o Instituto da Família e Ação Social (IFAS). As múltiplas necessidades sociais levaram Mª Isabel a abrir caminho em vários campos. Estava sempre pronta a dar resposta. A formação humana e cristã era fundamental em toda esta atividade. Estas mulheres começaram por fazer uma caminhada no sentido de uma consagração a Deus. Maria Isabel parecia ter uma consciência clara de não constituir o grupo que com ela trabalhava numa congregação religiosa, embora dentro do próprio grupo houvesse quem o desejasse, mas ela respondia sempre: “Se essa for a vontade de Deus”. Dom Ernesto Sena de Oliveira acompanhava-a espiritualmente desde as primeiras experiências de procura da vontade de Deus. Um Instituto Secular estava nos seus horizontes, era o seu anseio. Embora aparecendo desde o início a manifestação do desejo da secularidade, só em 1967 Maria Isabel apresenta novas Constituições, que caracterizam o Instituto como Secular e Missionário. Em 1989, foi o Senhor Dom João Alves quem formalizou a aprovação do Instituto como: Instituto Secular Missionário Ser- vas do Apostolado e as respetivas Constituições, onde o Carisma, Espiritualidade e Missão aparecem mais claramente definidos. Damos graças a Deus pelo caminho feito; foi uma caminhada lenta mas profícua, assim acreditamos e esperamos. Tal como a Igreja, e nós com ela e nela, se encontra a repensar, a reler e a assimilar as orientações do Con- cílio, nós, passados sessenta anos, queremos, redescobrir-nos e reler a nossa identidade, carisma, espiri- tualidade e missão para continuarmos a estar ao serviço do Apostolado na fé e no amor. Ser laboratório experimental, como nos definiu Paulo VI, é realizar um grande e frutuoso serviço de van- guarda como possibilidade para o enraizamento da Boa Nova da Salvação no coração de muitos irmãos e isso não se faz sem gente animada pelo espírito de serviço apostólico e missionário. Permitam-me ainda que evoque a memória de todos aqueles que deram vida e a vida neste projeto, pedindo a Deus que os acolha no seu colo de Pai. As servas falecidas, mas também todos os amigos que ao longo destes 60 anos nos estimularam e animaram, nomeadamente D. Albino Cleto, recentemente faleci- do, o P. António Pedro dos Santos e o inestimável amigo Mons. António Duarte de Almeida. Rosário, Coimbra, 21 de outubro de 2012 Publicação Especial dezembro 2012 - nº 145 Foi o lema escolhido para a celebração dos 60 anos de aprovação do Instituto. Palavras proferidas pela Coordenadora do Instituto, Maria do Rosário da Cruz Virgílio, no início de Cele- bração Solene do aniversá- rio do Instituto. Na última página Um dos pensamentos mais conhecidos de Maria Isabel, fundadora do Instituto e que melhor expressa a sua identidade. Vocação do ISA

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Page 1: Foi o lema escolhido para a celebração dos Especial 145.pdf · outros, pois Deus continua a chamar. E, como foi dito pelo Padre Virgílio Miranda Neves, mesmo no Inverno, em que

Fazer memória, celebrar e projetar eis o lema que nos propusemos, nós as Servas do Apostolado, neste ano em que ocorrem 60 anos de aprovação do Instituto que ganhou espaço na vida da Igreja Católica, na base da Constituição Apostólica “Provida Mater Ecclesia” publicada pelo Papa Pio XII em 1947. E, como todos os Institutos Seculares, também este surgiu com um intuito bem preciso: realizar de uma forma mais viva e eficaz, na consagração dos seus membros, aquele diálogo Igreja-Mundo que o Concílio Vaticano II viria a assumir na Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, como um desafio fundamental a assumir pela Igreja.

O carisma do ISA prende-se com um dinamismo de serviço. A sua existência e identidade ganham a sua consistência na base dos dinamismos da entrega, da doação e da atenção aos que estão fora. À imagem do Mestre existe para servir e não para ser servido. É um serviço centrado preferencialmente na formação de outros leigos. Parafraseando a GS nº 3, podemos afirmar: “Nenhuma ambição terrena move o Instituto, mas unicamente este objetivo: continuar, sob a direção do Espírito Santo, a obra de Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para julgar, para servir e não para ser servido”.

Fernando Pessoa escreveu: Nós somos da altura do que vemos. Então atrevo-me a dizer que não somos apenas aquilo que os olhos veem: um grupo pequeno, envelhecido… Somos do tamanho do sonho que aprovou os Institutos Seculares em geral e este em particular: Maria Isabel Matias e o bispo Ernesto Sena de Oliveira. Somos animadas pelo dinamismo de realizar de uma forma viva e eficaz, o diálogo Igreja-Mundo.

Breve itinerário fundacional:

Mª Isabel e um pequeno grupo de jovens, primeiro abriram um Lar para estudantes em Viseu. Vieram depois para Coimbra onde criaram Lares para estudantes liceais e universitárias, a escola de Educadoras de Educação Familiar Rural, a primeira escola de Educadoras de Infância, em Coimbra, um curso liceal noturno, escolas para infantil e primária, creche para apoio a famílias mais carenciadas, colaborou-se com o Governo Civil e o Instituto da Família e Ação Social (IFAS). As múltiplas necessidades sociais levaram Mª Isabel a abrir caminho em vários campos. Estava sempre pronta a dar resposta. A formação humana e cristã era fundamental em toda esta atividade. Estas mulheres começaram por fazer uma caminhada no sentido de uma consagração a Deus. Maria Isabel parecia ter uma consciência clara de não constituir o grupo que com ela trabalhava numa congregação religiosa, embora dentro do próprio grupo houvesse quem o desejasse, mas ela respondia sempre: “Se essa for a vontade de Deus”. Dom Ernesto Sena de Oliveira acompanhava-a espiritualmente desde as primeiras experiências de procura da vontade de Deus.

Um Instituto Secular estava nos seus horizontes, era o seu anseio.

Embora aparecendo desde o início a manifestação do desejo da secularidade, só em 1967 Maria Isabel apresenta novas Constituições, que caracterizam o Instituto como Secular e Missionário. Em 1989, foi o Senhor Dom João Alves quem formalizou a aprovação do Instituto como: Instituto Secular Missionário Ser-vas do Apostolado e as respetivas Constituições, onde o Carisma, Espiritualidade e Missão aparecem mais claramente definidos.

Damos graças a Deus pelo caminho feito; foi uma caminhada lenta mas profícua, assim acreditamos e esperamos.

Tal como a Igreja, e nós com ela e nela, se encontra a repensar, a reler e a assimilar as orientações do Con-cílio, nós, passados sessenta anos, queremos, redescobrir-nos e reler a nossa identidade, carisma, espiri-tualidade e missão para continuarmos a estar ao serviço do Apostolado na fé e no amor.

Ser laboratório experimental, como nos definiu Paulo VI, é realizar um grande e frutuoso serviço de van-guarda como possibilidade para o enraizamento da Boa Nova da Salvação no coração de muitos irmãos e isso não se faz sem gente animada pelo espírito de serviço apostólico e missionário.

Permitam-me ainda que evoque a memória de todos aqueles que deram vida e a vida neste projeto, pedindo a Deus que os acolha no seu colo de Pai. As servas falecidas, mas também todos os amigos que ao longo destes 60 anos nos estimularam e animaram, nomeadamente D. Albino Cleto, recentemente faleci-do, o P. António Pedro dos Santos e o inestimável amigo Mons. António Duarte de Almeida.

Rosário, Coimbra, 21 de outubro de 2012

Publicação Especial dezembro 2012 - nº 145

Foi o lema escolhido

para a celebração dos

60 anos de aprovação

do Instituto.

Palavras proferidas pela

Coordenadora do Instituto,

Maria do Rosário da Cruz

Virgílio, no início de Cele-

bração Solene do aniversá-

rio do Instituto.

Na última página

Um dos pensamentos mais conhecidos de Maria

Isabel, fundadora do Instituto e que melhor

expressa a sua identidade. Vocação do ISA

Page 2: Foi o lema escolhido para a celebração dos Especial 145.pdf · outros, pois Deus continua a chamar. E, como foi dito pelo Padre Virgílio Miranda Neves, mesmo no Inverno, em que

“Preparai o caminho do Senhor!” É o forte apelo

de João Batista, neste início de Advento a todos

nós cristãos, que temos por missão testemunhar

a presença de Deus no meio de nós. Ele quer

fazer parte da nossa história, para isso incarnou

assumindo a nossa natureza… tal é o seu amor

por cada um de nós! Que saibamos acolher esta

exortação e ao mesmo tempo, contribuir para

que o Senhor, Deus da história, possa estar mais

presente em todas as realidades do mundo neste

tempo em que vivemos.

Nós, as Servas do Apostolado vivemos este

ano jubilar com alguns momentos intensos e

significativos que naturalmente fomos parti-

lhando com muitos de vós, amigos. Porém, e

para quem não teve a possibilidade de nos

acompanhar, neste número especial, quere-

mos salientar especialmente o dia 21 de

outubro, em que celebrámos festivamente os

60 anos de aprovação do Instituto. Escolhe-

mos como lema: fazer memória, celebrar e

projetar. Três aspetos imbuídos de vida com

sentido, uma vida que em Igreja se propõe

caminhar com esperança, nas circunstâncias

comuns dos homens e mulheres do tempo

atual, onde cada Serva se encontra, enviada a

colaborar com Deus na construção de um

mundo melhor…

Queremos viver em atitude de gratidão, à

semelhança de Maria e cantar o cântico novo

da esperança! Não só pelo caminho percorri-

do, mas “rasgando novos horizontes”!

Na memória e na celebração experimentámos

a vontade de romper com a rotina e o desafio

para sermos protagonistas de uma nova his-

tória… Deolinda

CONTACTOS:

Instituto Secular Missionário

Servas do Apostolado

Quinta de S. António—Almégue

3040-007 COIMBRA

Telef. 239 440 221 Telem. 962 247 454

E-mail: [email protected]

E-mail: [email protected]

Um livro escrito e apresentado pelo Senhor

Padre Virgílio Miranda Neves, surgiu da

necessidade que o Instituto tem vindo a

sentir de se dizer hoje, na sua identidade,

carisma, espiritualidade e missão.

Está à venda nas livrarias ou pode ser

pedido ao Instituto...

"Um Menino nasceu para nós, um Filho nos foi dado"!

Esta é a grande notícia que jamais alguém poderá calar;

Esta é a Boa-Nova que havemos de proclamar!...

Esta é a verdade mais fecunda e mais bela:

Deus vem habitar entre nós!

A todos vós, o nosso desejo sincero de uma vida plena

dos bens de Deus, feito Menino!

A festa dos 60 anos do ISA decorreu em ação de graças, em

simplicidade e alegria, e com a presença de muitos amigos,

mesmo dos que nos acompanharam em horas difíceis. Neste

ambiente de calorosa amizade, o ISA procurou mergulhar nas

suas raízes, celebrando a bondade de Deus para connosco, no

chamamento que nos fez e nas graças que derramou sobre

nós ao longo dos anos, e pedindo novas graças para rasgar

novos horizontes segundo o que Deus mostrar, na hora pre-

sente.

Sentimos o desafio da esperança. Que é hora de apostar na

dinamização vocacional, quer internamente, quer junto dos

outros, pois Deus continua a chamar. E, como foi dito pelo

Padre Virgílio Miranda Neves, mesmo no Inverno, em que

tudo parece parado, a semente prepara-se para germinar. E

frutificará a seu tempo. Importa, pois, semear a Palavra de

Deus que chama e desafia para o serviço do seu Reino.

Sentimos que, além de termos celebrado um marco importan-

te da vida do Instituto, precisamos de aprofundar a redesco-

berta da nossa identidade e carisma na atualidade: a entrega

total a Deus, como leigas consagradas, unidas à entrega de

Jesus sacerdote, neste tempo concreto.

Sentimos o desafio da fidelidade a Deus, na atenção e releitu-

ra dos sinais do nosso tempo, para uma adequada resposta:

Se são menos os que se dizem cristãos: como saber acolhê-

los e ajudá-los? Se são muitos os que se dizem não crentes:

como abrirmo-nos a eles? Se muitas famílias dão menos tem-

po aos seus educandos: como responder a esta necessidade?

Na oração, no trabalho ou no repouso, eis-nos aqui, Senhor,

com a nossa riqueza e a nossa pobreza. Queremos atuar no

mundo, mergulhadas em Deus, Trindade.

Vem, Senhor, com a Tua salvação, a todas as realidades do

nosso mundo. Sabemos que o amas muito. Envia mais men-

sageiros cheios do Teu Amor!

Josefa

Consagradas para servir

Um grande grupo de jovens prepara a Celebração da Eucaristia

Durante a celebração da Eucaristia

presidida pelo bispo da diocese,

Dom Virgílio Antunes

“A Eucaristia que é para nós uma fonte da nossa vida espiritual procurando, como afirmava a nossa fundadora, fazer das nossas vidas uma missa contínua e isto pelas ações, obras, ale-grias, dores, humilhações, tornando-nos maté-ria de sacrifício oferecidas com Cristo Sacerdote Eterno.”